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Manual de Produção Musical - por Dennis Zasnicoff. Guia com os primeiros passos e dicas importantes da atividade de produção musical.

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Page 1: Manual de bolso da Produção Musical - por Dennis Zasnicoff
Page 2: Manual de bolso da Produção Musical - por Dennis Zasnicoff

Índice

Apresentação............................................................................................................3

Como Escolhemos Nossas Músicas Favoritas?.......................................................4

A Influência de Cada Parte no Todo........................................................................5

Apresentando a Escala “Musipontos”......................................................................6

As Etapas (e truques) da Produção Musical ...........................................................7

1.Criação........................................................................................................8

2.Registro Original.......................................................................................10

3.Análises.....................................................................................................11

4.Experimentações.......................................................................................13

5.Gravação-Guia..........................................................................................15

6.Captação da Base......................................................................................16

7.Captação da Cobertura..............................................................................18

8.Overdubs e Rough Mix.............................................................................19

9.Mixagem....................................................................................................21

10.Masterização............................................................................................24

A Produção está Concluída!...................................................................................26

Por Dentro da Escala Musipontos..........................................................................27

Cenário Musical - A Verdade Nua e Crua..............................................................29

Avaliando Músicas com Musipontos.....................................................................31

O Papel da Tecnologia...........................................................................................33

Para se Aprofundar no Assunto..............................................................................34

Glossário................................................................................................................35

© 2008 Dennis Zasnicoff | www.zasnicoff.com | Alguns direitos reservados | p. 2Proibida a comercialização e criação de obras derivadas. Cite o autor quando utilizar o texto. O autor não renuncia aos seus direitos morais.

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Apresentação

Conceber uma música é deixar um rastro de existência. Uma marca no mundo,dizendo quem você é e o que pensa. Para muitos um hobby, para outros umaprofissão. Nossa criatividade não tem limites, mas nem sempre está pronta paratrabalhar, depende de inspiração e estado mental. Costuma aparecer nas crises oupresentear mais uns do que outros. Muitas pessoas que conheço começam a fazermúsica e nunca terminam.

Talvez porque nunca fiquem satisfeitas com o resultado, ou estejam esperando umestalo de criatividade. Esse é um caminho difícil. Tantas outras têm idéiasfantásticas, mas não conseguem transformá-las em música – formatada, clara econsumível.

Já ouvimos que a arte é "1% inspiração e 99% transpiração". Este manual debolso ensina técnicas de produção musical, trazendo à tona o funcionamento domercado e os mecanismos por trás da percepção dos ouvintes.

Nesta leitura, você aprenderá:

● Quais são as variáveis que determinam o impacto de uma música

● Onde devemos concentrar esforços durante a produção musical

● Como avaliar uma música

● As particularidades de cenário atual

● A tecnologia no processo produtivo

● Os “truques” do produtor musical

● Conceitos básicos e avançados

● Termos e linguagem da Produção Musical

Se a inspiração aparecer durante a produção musical, ótimo! Mas não deixe defazer música porque acredita que não tem talento. Talento pode ser alcançado,com estudos, prática e consistência.

Este pocket guide pode ser um grande aliado nos momentos de bloqueio criativo.Recomendo sua leitura integral como ponto de partida para o planejamento da suaprodução. Posteriormente, utilize-o como consulta para tópicos particulares ereforço das técnicas. Estas técnicas são universais e não foram criadas para umestilo musical em particular. Se você deseja fazer música, é amador ouprofissional, esta leitura irá ajudá-lo!

Ao longo do texto, os termos sublinhados estãodefinidos no Glossário das últimas páginas.

© 2008 Dennis Zasnicoff | www.zasnicoff.com | Alguns direitos reservados | p. 3Proibida a comercialização e criação de obras derivadas. Cite o autor quando utilizar o texto. O autor não renuncia aos seus direitos morais.

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Como Escolhemos Nossas MúsicasFavoritas?

Nossa percepção de uma música depende de vários fatores. Sem dúvida, o gostopessoal tem grande influência sobre o que escutamos, compramos erecomendamos - memórias da infância, situações, hábitos, amigos e familiares.

A mídia também exerce um poderoso papel: a exposição constante a determinadasmúsicas e artistas, de certa forma, força a nossa aceitação e cria referências. Opoder dos principais canais de comunicação é tão grande, que pode-se popularizarvirtualmente qualquer conteúdo: programas, histórias, políticos, músicas, filmes,seriados. Com raras exceções, tudo aquilo que é bombardeado pela mídia acadasendo aceito e valorizado.

Há problemas neste cenário. O espaço e o tempo destes canais são limitados – hámuitos outros conteúdos de alta qualidade, que teriam todo o potencial de setornarem populares, mas não conseguem aparecer. “Pop” deixou de ser sinônimode “bom”. Pelo contrário, na música, tenho descoberto muito mais originalidade,canções e artistas interessantes fora do circuito tradicional. Essa discussão mereceum capítulo à parte, e a intenção deste livro é tratar sobre a produção musical.Mas algo me parece verdadeiro: quanto mais elevarmos a qualidade dasproduções, mais elas voltarão a ficar em evidência.

Conforme nos afastamos da euforia da fama efêmera, no longo prazo, as músicasque permanecem na nossa lista particular de favoritas têm algumas característicasem comum, que podem ser identificadas. Características que não dependem demassiva exposição para serem apreciadas. Essas mesmas músicas que sobrevivempor gerações, não saem de moda e sempre nos emocionam, são também as maistocadas nas rádios, as que mais vendem e conquistam o grande público – ano apósano. Elas vieram para ficar e não é por acaso que se destacam da média.

Se uma música é interessante, cansativa ou energética,podemos encontrar quais os fatores que fizeram surgiresta avaliação. Isto é, na verdade, o "segredo" por trás

da Produção Musical.

Às vezes nos lembramos de um filme por causa do final surpreendente. Gostamosde outro que tem uma cena de ação muito bem feita. Ou desistimos no inícioporque ele é "muito parado". O mais comum, no entanto, é simplesmente gostarou não do filme - do conjunto, do todo. É interessante perceber como rapidamentefazemos uma avaliação. Quando nos perguntam o que achamos da estréia deontem, podemos facilmente comparar com outros filmes e inclusive detalhar oscritérios: roteiro, direção, efeitos especiais. Na música, não temos este hábito.

Sim, alguns detalhes podem fazer toda a diferença e consagrar uma obra. Mas istoé a exceção, não a regra! Cada parte tem influência no todo - fotografia, trilhasonora, atuação - e se todas forem produzidas cuidadosamente, as chances desucesso serão bem maiores do que concentrar-se em apenas um elemento,tentando com que ele supere todas as expectativas e ofusque os demais.

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A Influência de Cada Parte no Todo

Como produtor musical, ouvinte e amante da música, sempre senti falta de umaescala de avaliação que auxiliasse músicos e técnicos no processo de produçãomusical. Algo que pudesse avaliar objetivamente uma música, como a escutamos,não somente a composição, ou a interpretação do artista. Que considerasse tanto aqualidade de áudio quanto os outros recursos técnicos e artísticos – gravação,mixagem, masterização. Uma escala que pudesse ser utilizada por diferentesprofissionais, sem a necessidade de se fazer cursos ou especializações.

O mundo do vinho conta com diversas escalas de avaliação. Talvez a maisconhecida e respeitada seja a escala de Robert Parker. Profundo conhecedor devinhos e dotado de uma capacidade gustativa única, Parker é capaz de analisardiversos critérios de um vinho e pontuá-lo com uma nota que varia até 100pontos. Embora sua nota sirva de referência para muitos consumidores,influenciando diretamente no consumo, preço e popularidade de um produto ouprodutor, sempre haverá aqueles que discordam de sua avaliação, alegando que éimpossível se comparar todos os vinhos em uma mesma escala. Que haveriadiferentes produtos para diferentes propósitos – situações, públicos, culturas efaixas de preço (é claro que as reclamações nunca se originam daqueles quereceberam boas notas).

Polêmicas à parte, a maioria da indústria, comércio e imprensa especializadaparece concordar que um vinho bem pontuado é de fato um grande produto,merecedor de tal avaliação. Suas notas são explicitamente divulgadas nas lojas,revistas e websites. Outras escalas similares existem, com menos popularidade.

Na minha opinião, lamento que esse método de avaliação não possa ser utilizadopor outras pessoas, refletindo em uma mesma pontuação. Claro, primeiramenteestas outras pessoas precisariam conhecer todos os critérios e ter a capacidade deavaliar. Mas no fundo, o grande valor da nota é ela ter sido dada pelo próprioRobert Parker.

Na música, seria muito útil aos profissionais e consumidores a possibilidade de seavaliar uma canção de uma maneira mais objetiva. Afinal como dissemos, nolongo prazo, as músicas consideradas como as “melhores” possuem algo emcomum. Seria possível listar e categorizar essas variáveis? Qual o peso de cadaquesito?

Criei a escala musipontos originalmente para meu próprio uso, para facilitar odiálogo com os artistas e evitar que o gosto pessoal, tanto meu quanto deles,pudesse interferir demasiadamente nas decisões. Com tempo e uso, os critérios deavaliação e a influência de cada parte no todo se tornaram mais claros.

Este método avalia uma produção de 0 a 10, notas tradicionais, para facilitarinterpretações e comparações. Naturalmente, a “nota” sempre dependerá de quemestá avaliando, mas a metodologia procura minimizar os julgamentos subjetivos,espelhando-se no comportamento médio da população e em aspectos objetivos,tanto artísticos quanto técnicos. A idéia é que muitas pessoas possam entendê-la eutilizá-la. A escala musipontos não pretende ser infalível e nem referência demercado, mas pode ser uma boa ferramenta para suas produções. Ela éapresentada a seguir e aprofundada em detalhes no final do livro.

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Apresentando a Escala “Musipontos”

Na produção musical, costumo repartir as prioridades da seguinte maneira: detudo que podemos fazer para contribuir no resultado final de uma música:

● 40% provém da Composição

● 30% da Pré-Produção

● 20% da Gravação

● 10% da Mixagem / Masterização

---------

100% Total

De onde tirei esse modelo de proporções? É justamente essa resposta que vocêdeverá encontrar nos capítulos que seguem. Ao final, você deverá concordarcom os critérios ou pelo menos compartilhar da visão, criando seu próprio métodode avaliação que não deverá ser muito diferente. Ele surgiu da análise de músicasdurante anos de trabalho como produtor musical. De maneira alguma representa averdade absoluta, mas tem funcionado muito bem para muitas produções. É,portanto, a base da escala musipontos.

Nesta escala, cada uma das etapas acima pode contribuir com um númerolimitado de pontos, somando o máximo de 10 musipontos. A composição éavaliada de 0 a 4, a pré-produção pode ter de 0 a 3 pontos, gravações recebem até2 musipontos e 1 para a mixagem/masterização.

Tenha em mente que 1 ponto é uma GRANDE melhoria.Cada musiponto adicional requer bastante esforço.

Conseguir melhorar uma composição de 3 para 4 ou uma gravação de 1 para 2,requer investimento, know-how e tempo. Mais adiante, entraremos em detalhessobre a Escala Musipontos e sua relação com o mercado. Por hora, para facilitar oentendimento das etapas da produção musical, podemos utilizar a seguinteclassificação para musipontos:

1. Muito Fraca

2. Fraca

3. Abaixo da Média

4. Razoável (média do mercado)

5. Acima da Média (potencial de rádio)

6. Notável

7. Muito Boa

8. Ótima

9. Clássico

10. Referência

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As Etapas (e truques) da Produção Musical

Cabe ao produtor e ao artista (compositor, intérprete ou banda) entenderem aslimitações de cada etapa e priorizarem os aspectos mais importantes. Primeiro asprimeiras coisas! E o resultado será satisfatório, com bom aproveitamento detempo, energia e recursos.

As 10 fases principais da produção musical estão explicadas em detalhes naseqüência:

Composição

1. Criação

2. Registro Original

Pré-produção

3. Análises

4. Experimentações

5. Gravação Guia

Produção

6. Captação da Base

7. Captação da Cobertura

8. Overdubs e Rough Mix

9. Mixagem

10. Masterização

A terminologia aqui usada pode ser diferente daquela existente em outrasliteraturas. A divisão que faço entre Composição, Pré-Produção e Produção visafacilitar o entendimento de cada etapa, além de reforçar alguns conceitosimportantes de cada fase:

Composição: intimamente ligada ao artista, ao compositor, não dependenecessariamente de outros profissionais e não tem se modificado muito ao longodos anos – escrever uma música, antes de mais nada, significa ordenar notasmusicais e letras. Os estilos de trabalho variam consideravelmente de compositorpara compositor, mas nunca deixaram de ser uma atividade especializada, parapoucos.

Pré-produção: possivelmente a fase menos conhecida e explorada, ao mesmotempo que é essencial para o resultado final de uma música. É o momento deplanejamentos e decisões, que requer técnicas e disciplina. Está normalmenteassociada a um produtor musical e não necessariamente precisa se utilizar deestúdios e instrumentistas profissionais.

Produção: relacionada às interpretações e performances dos músicos. Ocorredentro de estúdios e salas de controle, englobando gravações, mixagens emasterização. Aqui começa o registro definitivo do áudio, a valorização de salas,equipamentos e técnicos.

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1. Criação

Tudo começa com uma boa matéria prima. O fundamento de uma música semprefoi e sempre será o seu conteúdo lírico e musical. Existem inúmeras escolas deensinamento, teorias e cursos superiores de Música, conseqüentemente, sobre aarte de compor, reger, arranjar e interpretar músicas.

Algumas dos conhecimentos essenciais de um bom compositor são:

● Harmonia

● Contraponto

● Ritmo

● Arranjos

● Ouvido absoluto e/ou relativo

● Familiaridade com instrumentos

● Vocabulário

● Rimas

Este manual não entrará em detalhes sobre a arte da composição, mas posicionaráesta etapa como o ponto de partida fundamental de qualquer produção, definindoo seu papel e algumas técnicas utilizadas por compositores. Acho importanteaproveitar este tema para colocar a idéia principal deste texto: esta, e todas asdemais etapas que veremos a seguir, exigem dedicação e uma ampla faixa deconhecimentos e habilidades. Muitas pessoas que conheço imaginam que comporé um dom, algo com que nascemos. De fato, muitos artistas parecem ter o toquedivino que os separam dos demais, mas muito provavelmente esses mesmosartistas possuem experiência e domínio, usaram e abusaram das técnicas decomposição para que um dia pudessem fazer uso de sua inspiração eoriginalidade.

Sempre me lembro do caso de Pablo Picasso. Quando tive o primeiro contato comsuas obras mais famosas, não fiquei convencido das suas qualidades como pintor.“Rabiscos grotescos? Parece coisa de criança!”, pensei. Tenho certeza que muitostambém tiveram esta impressão. Depois soube que Picasso nem sempre pintoucom aquele estilo. Era um estudioso nato e tinha domínio sobre muitas técnicas dapintura, podia retratar com perfeição e caminhou por diversos ramos das artesplásticas até desenvolver seu próprio estilo e genialidade. Qualidades que aindanão consigo apreciar por completo, mas que são inegáveis, haja visto o valor desuas pinturas e o reconhecimento mundial de sua obra.

Compor é um processo técnico e repetitivo. A criatividade é importante e pode serdesenvolvida com exercícios diários. No Brasil, temos dezenas de milhares decompositores. Destes, alguns milhares dedicam boa parte do dia para a atividadede compor. Deste grupo, várias centenas fazem exercícios regulares, estimulandoas regiões do cérebro responsáveis por imagens, analogias e descrições,escrevendo horas a fio. Finalmente, deste pequeno universo, algumas poucasdezenas de compositores consagrados (com composições de 3 ou 4 musipontos)são responsáveis por mais da metade do que ouvimos todos os dias.

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Quando o artista concentra-se na concepção da obra,sem pensar nas fases seguintes, está fazendo o melhor

uso de suas habilidades.

Quero mostrar que compor é um trabalho árduo e especializado. Se este é seuobjetivo, vale a pena estudar as técnicas e se dedicar. Suas composições podemcomeçar a atingir notas 2 ou 3 antes do que você imagina. Não estou merestringindo ao aspecto lírico ou musical da composição, vale para os dois. Sevocê acha que nunca vai atingir 3 ou 4 (nota máxima) na composição e não estásatisfeito com 2 ou 3 musipontos, talvez seja mais interessante procurarcomposições de terceiros e participar da produção como instrumentista,arranjador, produtor ou técnico de som.

As editoras são um bom ponto de partida para buscar compositores ecomposições. Elas são responsáveis pelo registro, divulgação e coleta deremuneração para compositores. Diversas gravadoras e produtores buscamtalentos nas editoras.

Se pretende especializar-se em composição, procure estudar como funciona alegislação de direitos autorais, quais são os editores mais influentes no seumercado e o que fazer para registrar e divulgar o seu trabalho. E escreva muito!Rabisque, apague, recomece. Antes de fazer sucesso com uma canção, umcompositor normalmente já terá escrito centenas.

As melhores composições possuem algo em comum:

● Representam sentimentos ou situações universais, facilmente identificadaspelos ouvintes.

● São específicas, não sendo objetivas. O grande segredo do compositor éconseguir passar uma mensagem clara através de uma descrição única erica.

● Estão centradas sobre uma idéia genuína, um tema.

● Utilizam técnicas musicais e poéticas para ganhar interesse (teoria dainformação, sentidos do corpo humano, surpresa, recompensa, humor)

Procure registrar suas idéias assim que elas acontecem. Muitas vezes, isso ocorrepela manhã, quando nossa cabeça ainda está "vazia" e despreocupada. Tenhasempre à mão lápis e papel, ou um gravador portátil (muitos celulares possuemesta função). Este estalo é quase sempre o ponto de partida de uma grandecomposição.

Como as pessoas se comportam? O que as interessa? Como VOCÊ enxerga umadeterminada situação?

Provavelmente há muitas outras pessoas que se identificam com o seu ponto devista.

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2. Registro Original

A música concebida precisa ser registrada de alguma maneira. Tanto para fins dedireitos autorais quanto para a produção - revisitar, estudar ou comunicar paraoutros profissionais. O registro pode acontecer de várias formas, sendo que asmais comuns são: partituras, tablaturas, cifras, letras ou uma simples gravação doáudio que registra apenas letras, harmonia e/ou melodia.

Em futuras reuniões com o produtor musical, o compositor ou intérprete discutiráobjetivos, expectativas, cronogramas, custos, alternativas, referências e repertório.Além de ser utilizado como ponto de partida para a pré-produção, o registrotambém servirá para comunicar ao produtor e sua equipe a essência da música –sua mensagem, conteúdo lírico e musical. Trata-se, portanto, do primeiro registroobjetivo do compositor.

Quando foi gravado em formato de áudio, possui uma particularidade de extremaimportância – capturou intenções espontâneas e interpretações do artista, que nãodevem ser esquecidas durante as próximas fases.

É costume revisitar o registro original durante aprodução para não se distanciar do objetivo inicial.

Um produtor experiente saberá identificar quais os elementos principais doregistro original que devem ser trabalhados e não o julgará como uma produçãofinal - afinal, ela só está começando.

A gravação original normalmente é composta de voz e violão, voz e piano oualgum instrumento de maior familiaridade para o compositor. Muitos artistaspreocupam-se em gerar um registro com boa qualidade de áudio. Gravam váriasversões, fazem alterações e colocam instrumentação.

Essas etapas deveriam ser deixadas para depois. Na verdade, o resultado pode atéser negativo – o registro perde a intenção original e a essência da composição, queé base para a pré-produção que se inicia agora. O registro original não deve serconfundido com a gravação-guia, que será explicada adiante.

O registro original, para todos os efeitos, é a expressão do compositor.

A avaliação e quantidade de musipontos de uma composição pode ser feita atravésdele.

Curiosidade: como podemos avaliar uma composiçãoisoladamente, quando a música já está produzida?Experimente cantá-la ou tocá-la no violão. Uma boa

composição soará interessante, mesmo sem produção!As composições com 3 ou 4 musipontos são as

primeiras candidatas a remixes e versões acústicas.

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3. Análises

Esta fase inicia a Pré-Produção.

A Pré-Produção tem uma função muito clara noprocesso: otimizar a composição por um ponto de vistaalheio, fazer com que ela tome uma forma musical eesteja pronta para ser produzida (gravada, mixada).

São planejados cronogramas, recursos e alternativas. A princípio, as etapas queseguem a pré-produção não deveriam voltar atrás e trabalhar letras,instrumentação, forma ou estilo. Estes aspectos podem e devem ser decididosagora, na pré-produção, justamente para se evitar erros e frustrações futuras.

Como compositores, é muito fácil termos uma visão bastante particular da nossaobra. É como um filho. Nós o protegemos e não queremos enxergar seus defeitos.Na pré-produção, é altamente recomendado que uma outra pessoa comece aparticipar das decisões.

Um produtor musical normalmente começa a agregar nesta fase. Este profissionalpossui um distanciamento natural da composição e tende a julgar com maiorclareza o possível impacto da música no público.

As análises mais comuns realizadas nesta fase são:

● Identificar qual o "estilo de produção" e concentrar-se nele. Uma músicapode ser mais instrumental, com um elemento repetitivo (Riff), podequerer destacar um ritmo ou levada (Groove), possuir um forte conteúdopoético e narrar uma história (Letras), ou caminhar para um clímaxmusical (Hook).

● A complexidade da produção é estudada para se estimar custos e prazos.

● Eventuais profissionais, técnicos e músicos são escalados e contratados.

● Os elementos principais são analisados quanto à clareza e eficiência(título, tema, forma, início, recompensa).

● Julga-se aspectos psico-acústicos, como equilíbrio, economia, variedade,contraste e foco.

● Equilíbrio tonal: uso do espectro sonoro (instrumentação e arranjo),congestionamento e inteligibilidade.

Planejamento da distribuição espacial e temporal - elementos próximos edistantes, panorama horizontal, "tamanho" de cada instrumento,profundidade, intimismo, punch, naturalidade.

● Tomada de decisões conscientes para que se possa seguir adiante e nãovoltar mais ao assunto. Saber produzir é saber quando parar. O processopode nunca ter fim, sempre haverá dúvidas e possibilidades.

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O papel do produtor é visualizar o resultado final da música, que provavelmentesó estará claro ao término da produção, estimulando decisões que contribuam parao objetivo. Portanto, uma relação de confiança entre artistas e produtor éfundamental para o sucesso das próximas etapas.

Uma ferramenta muito útil durante as análises é o uso de referências. A grandemaioria das composições baseia-se em algum elemento já existente. Épraticamente impossível ser 100% original.

As referências escolhidas pelo artista, intérprete ousugeridas pelo produtor, guiam a produção e ajudam a

manter o foco.

Obviamente, as referências devem ser usadas com cuidado para nãocaracterizarem plágio. São músicas previamente lançadas que possuem algumelemento bastante marcante – um timbre, uma levada, um instrumento, umamaneira de se cantar, um efeito sonoro ou estilo musical.

Muitos produtores que conheço não seguem um padrão durante as análises. Emalguns casos, porque já desenvolveram a habilidade de escutar uma composição epoder visualizar o resultado final de sua produção. Em outros casos, eu diria aténa maioria deles, acreditam que analisar cada detalhe seria uma perda de tempo.

Minha dica: tempo de pré-produção nunca é tempo perdido! Aproveite que o“taxímetro” do estúdio não está rodando, que ainda não há pressão das gravadorase que tudo pode ser modificado com facilidade. Seguir um roteiro de análises étalvez a melhor maneira de se desenvolver o que chamo de “diagnóstico daprimeira audição”.

Pode parecer um paradoxo: pessoas envolvidas na produção levando horas paraanalisar os diferentes aspectos de uma composição, enquanto os ouvintessimplesmente a escutarão sem ouvidos críticos. Isso é talvez a maior resistênciade alguns produtores: “Os ouvintes não pensarão nisso! Não sabem analisar essescritérios.” Ingênuo engano, o público é bastante crítico, embora não penseconscientemente na avaliação. Apreciar ou criticar é fácil – gosto ou não gosto.Como consumidores, desenvolvemos nossos critérios de avaliação durante anos,através de inúmeras experiências, lembranças e referências. Já como criadores,não tivemos a mesma possibilidade. Ainda que trabalhe como produtor musical,durante a maior parte do dia você estará escutando e não produzindo –aprendendo a julgar e não a ser julgado.

Quando faço uma avaliação no meu site, nem sempre sigo o mesmoprocedimento, afinal, trata-se de uma “audição crítica” e não um serviço deprodução musical. Procuro identificar rapidamente os pontos fortes de umamúsica, como faria um ouvinte, mas explicá-los pelo ponto de vista do produtor.Da mesma forma, realçar eventuais deficiências que a maioria dos ouvintesperceberá mas que talvez não saibam explicar ou passaram despercebidas pelosartistas.

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4. Experimentações

Neste momento, as análises estão documentadas e diversas decisões já foramtomadas. Até agora, o processo ocorreu através de reuniões e discussões entreartista e produtor. A próxima fase começa a fazer uso de áudio no estúdio e/outécnica. Versões são gravadas para se testar tonalidade, andamento, complexidadee alternativas.

É uma espécie de ensaio da gravação e da mixagem, para que músicos e técnicospossam experimentar arranjos, formas e variações, retirando qualquer dúvidaainda existente após as análises. Ao mesmo tempo, são feitas gravações que serãoúteis durante o desenrolar do processo.

O registro original da composição (em áudio) pode ser utilizado como base paraas versões experimentais, economizando-se tempo. Por questões de agilidade, opróprio produtor ou outra pessoa da equipe pode tocar instrumentos e cantar nasversões guias. O artista não deve se sentir "traído" de maneira alguma.

Na verdade, se o compositor não é exatamente um bom intérprete, sua músicaseria muito melhor valorizada se interpretada por outros músicos. Outras vezes, aformação original da banda pode ser modificada durante as gravações, para obem da Música - este é o objetivo maior. Existem excelentes músicos de estúdioque não se saem muito bem ao vivo. E vice versa.

Ser um artista é muito mais do que a performance: composição, imagem pública,presença de palco, visual, histórico – aspectos não necessariamente relacionadoscom a produção musical.

As experimentações são uma oportunidade de testar oentrosamento da equipe e a confiabilidade de

equipamentos e processos. Já que a qualidade do áudionão é prioridade, a equipe pode se concentrar na

mensagem musical.

Durante os experimentos, traçar o contorno emocional da música é outro recursomuito valioso. O contorno emocional indica graficamente como as informaçõesmusicais entram e desaparecem ao longo da música. Está bastante conectado aarranjo, Teoria da Informação e Teoria Gestalt. Que emoções e intensidade cadasessão da música oferece? O contorno é estável e cansativo ou apresentavariações, clímax e respiros interessantes?

A quantidade de testes pode se tornar grande rapidamente, assim é muitoimportante documentar as versões: data, equipamentos usados, principaisvariações, duração, andamento, tonalidade, forma, letras, harmonia.

Com os recursos atuais, o áudio pode facilmente ser picotado e misturado comoutros elementos para agilizar os testes. São utilizadas batidas diferentes, estilosmodernos, elementos datados ou timbres originais. Se o artista ainda não possuiuma identidade musical, este é um bom momento de construí-la.

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Quando ouvimos Santana, sabemos que é Santana. The Police, Dire Straits, SteelyDan, Iron Maiden, Elvis Presley, Bach, Jack Johnson e Norah Jones. São todosexemplos de grande personalidade musical que muitas vezes surgiram com oauxílio de experimentações.

Está cada vez mais difícil se criar uma identidade musical. Um melhor caminhopode ser encaixar-se num estilo ou nicho de mercado. Mais uma vez, asreferências podem se tornar grandes aliadas: “gostaria que soasse como U2","adoro a percussão daquela música do Jethro Tull", "queria um ritmo marcantecomo 'Down on The Corner' do Creedence". As referências ajudam produtor eequipe a eliminarem alternativas e entenderem as intenções do artista. No mais,auxiliam o público a se identificar e aceleram a adoção da música.

Durante esta fase, é muito prático e eficaz utilizar programação MIDI, bibliotecasde loops e samples. Os timbres e ritmos rapidamente são alterados e "votados".Convide amigos e desconhecidos para testes de audição e tenha uma boa idéia doque a música está passando, antes que as horas de estúdio sejam agendadas. Amensagem está clara? Parece plágio? É muito alternativo e de difícil digestão?Qual a primeira reação do público?

A primeira reação pesa muito no sucesso de uma músicae infelizmente tende a desaparecer para os envolvidosna produção, cada vez que escutam mais uma vez.

Ao final das experimentações, o produtor deverá ter diagnosticado profundamentealguns critérios como: clareza, simplicidade, ênfase, coerência, especificidade erepetição. Elementos importantes, embora inconscientes, para a percepção (eavaliação) dos ouvintes.

Durante os experimentos, deve-se tomar o cuidado para que o artista nãointerprete as versões-teste como uma produção final. Por diversas vezes, tivedificuldades para explicar ao cliente que aquilo que ele estava ouvindo nãodeveria ser julgado pelo ponto de vista de produção – que ainda estávamos na pré-produção. Os timbres que soam como karaokê, as notas fora de tempo e loops“baratos” somente estão ali para o estudo das possibilidades.

É uma questão de recursos: por que gastar tempo buscando o melhor timbre nasua biblioteca de loops ou quantizando todas notas no groove se provavelmenteaquilo não será reaproveitado? No outro extremo, é preciso um mínimo de“realismo” para que se possa entender a proposta.

Para cada versão, faça um mixdown do áudio e salve a sessão do seu softwarecom um nome diferente. Envie o áudio para o artista (ou produtor) e peça para elecomentar. Ele pode usar o próprio áudio para gravar outro instrumento em cimaou editar sessões e testar vocais.

Em várias situações, utilizei 90% do tempo total de uma produção somente para apré-produção. Essa é a hora de explorar instrumentos e idéias que estãoengavetadas. É muito provável que em algum momento a equipe dirá: “É isso!”.Uma descoberta ou detalhe que parece dar forma à música e torna a visualizaçãodo resultado final bem mais clara. Hora de fazer uma gravação-guia!

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5. Gravação-Guia

Naturalmente, as experimentações caminham para uma gravação, que será aversão final da pré-produção. Às vezes, a gravação-guia consegue atingir umbom resultado, tanto artístico quanto técnico, e passa a fazer parte do CD demo(demonstração) do artista / banda. Principalmente se não há orçamento para seguiradiante com a produção ou existe uma necessidade de rápida divulgação.

O CD demo deverá incluir de 3 a 5 canções e orepertório deve ser cuidadosamente escolhido para

representar o artista da melhor maneira possível – estilo,versatilidade e técnica.

Uma demo é amplamente utilizada na divulgação para rádios, casas de show,editoras, gravadoras e investidores. O problema é que centenas de CDs sãoenviados diariamente para estes caçadores-de-talentos. Frequentemente, acabamesquecidos numa pilha, ou são rapidamente descartados se os primeiros segundosda música principal não se mostram interessantes e muito bem produzidos.

É por isso que hoje em dia, uma demo está mais para uma produção final do quepara uma gravação-guia. Melhor é seguir adiante e acabar a produção de suamúsica. O CD demo certamente irá se destacar!

Com a gravação-guia em mãos, fica mais fácil conseguiropiniões de outras pessoas, profissionais ou amadores,e expor o trabalho para atrair gravadoras. No final dodia, a gravação-guia comunica as intenções do artista eda equipe de produção, permitindo que selos e editoras

tenham uma boa idéia do potencial da canção.

A gravação-guia, e toda a documentação que a acompanha, pode ser utilizada pelocompositor (intérprete ou banda) para gravar, mixar e masterizar num outromomento, em outro estúdio ou cidade. Eventualmente, até com outra equipe deprodução. Se uma gravadora se interessar pela música, ela poderá ofereceradiantamento dos custos de produção e fornecer estúdios e técnicos.

Neste momento, a pré-produção está finalizada e garantirá uma produção semfalhas e frustrações. É hora de seguir para o estúdio. Na fase de captação, artistase técnicos podem se concentrar na performance e muito provavelmente gastarãomenos tempo e dinheiro dentro do estúdio, atingindo resultados surpreendentes.

Utilize a gravação-guia para avaliar a Pré-Produção, todas as decisões einformações musicais devem estar contidas nela. Quanto musipontos você daria?

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6. Captação da Base

Aqui começa a Produção propriamente dita, na forma de gravações no estúdioe/ou programações no computador. Quanto maior o domínio sobre os aspectostécnicos, maior a relevância da interpretação – que é o grande foco das fases decaptação. O intérprete pode fazer toda a diferença em uma produção, como écomum acontecer com cantores que parecem ter o “timbre perfeito” para umadeterminada canção. Lembre-se, a seleção dos intérpretes, os testes e decisõesdevem ter sido feitos durante a pré-produção.

Com exceção de alguns estilos musicais e situações, o processo de gravação é dotipo multi-pista e seqüencial. Cada instrumentista ou grupo de instrumentistasregistra sua parte, que será então usada como fundo musical para a gravação dopróximo e assim por diante. Então quem começa e qual o fundo musical doprimeiro músico?

As bases costumam ser os primeiros elementos gravados.

Muitas vezes, chamadas de "cozinha", constituem oselementos rítmicos, de tempo e marcação, como bateria,

baixo e violão.

A gravação das bases independe dos solistas (vocais e instrumentos melódicos).No entanto, são essenciais para a boa performance dos mesmos, que virá a seguir.Como um vocalista conseguiria gravar sem escutar ritmo e harmonia? Qual omomento exato para a entrada do solo de saxofone? O solista precisa escutar abase da música para poder encaixar sua execução no ritmo e na harmonia.

A base rítmica inicia a fase de gravações, podendo utilizar um click, oumetrônomo, como referência de tempo. Está difícil? Utilize a gravação-guia comobase para a gravação! Mais uma utilidade para ela. Se tudo correu bem na pré-produção, a guia está exatamente no tempo, tonalidade e forma final da produção.

Em diversos estilos musicais, a base precisa ser orgânica. A gravação seqüencialpode soar artificial, portanto é comum que baterista, baixista e demaisinstrumentistas da base gravem juntos, buscando uma maior naturalidade naperformance.

A qualidade acústica da sala e o conhecimento dos técnicos pesam muito. Issovale para todas as captações, incluindo cobertura e overdubs (explicados a seguir).

O estúdio e a sala de controle devem ser encaradoscomo mais um equipamento – a diferença é que ele estáfuncionando o tempo todo, não tem controles e não

pode ser desligado!

O som que escutamos interage diretamente com a sala e pode sofrer grandesalterações.

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O tratamento acústico adequado cria um ambiente propício para uma audiçãoprecisa e crítica, permite maior controle sobre gravações e equilíbrio sonoro. Poroutro lado, uma sala problemática esconderá todo o potencial de suas novascaixas-acústicas ou microfones que não custaram barato.

Melhor gastar tempo dentro do estúdio, testando posições, colocações,instrumentos e equipamentos, do que perder ainda mais tempo na técnica durantea mixagem, com o risco de não se atingir o resultado esperado. As técnicas demicrofonação tem um impacto enorme no resultado da produção.

Faça o teste: caminhe pelo estúdio enquanto está falando. Cada posição gera umsom distinto, as diferenças são tão notáveis que parecem uma equalização.Mudam como se estivéssemos aplicando efeitos durante a mixagem. Antes deexperimentar modelos de microfones ou planejar equipamentos e plugins queserão aplicados ao áudio, escolha cuidadosamente a posição do instrumento e domicrofone. Obviamente, a qualidade acústica da sala determinará aspossibilidades. Já experimentou gravar sua voz no banheiro?

Em outras palavras, a microfonação equivale a utilizarmos diferentesequipamentos nas etapas subseqüentes. Captar o timbre que se deseja nestemomento é a melhor maneira de se evitar adaptações futuras que não serão tãoeficientes quanto uma acústica realista e natural.

Produtor e técnicos devem estar muito familiarizados com o estúdio e seusequipamentos para que possam se concentrar na sonoridade, utilizando o know-how de gravação. No final das contas, os equipamentos têm um peso muito menordo que se imagina, ficando bem atrás da acústica e até mesmo da qualidade deenergia elétrica das instalações.

No Brasil existe um super-valorização de equipamentos e softwares. Não caianesta armadilha! Primeiro vem o conhecimento, depois as instalações (acústica eelétrica), por último, os equipamentos. Você ficará surpreso em saber que muitasdas grandes produções que escutamos foram feitas com equipamentosextremamente simples e em salas menos do que ideais. Porém o know-how dosmúsicos e técnicos falou mais alto.

Você saberá se a base está bem captada quando os outros instrumentistas nãotiverem dificuldades para acompanhá-la, tocando suas partes. A levada écompatível com a intenção da música? Os tambores da bateria foram afinados?(acreditem, é raro que se lembrem disso!) A harmonia é facilmente identificada econhecida por todos? Todas as sessões possuem os acordes cifrados, em umapartitura, tablatura ou qualquer outra forma de representação?

Durante as captações subseqüentes, um novo arranjador poderá participar doprocesso, adicionar ou substituir instrumentos, talvez pela disponibilidade demúsicos ou problemas com algum instrumento. Muitos solistas que nãoparticiparam da pré-produção precisarão de todas as informações musicaisnecessárias para guiar suas performances.

Uma base bem gravada é a fundação da música e irá sustentar as demaisperformances. É normal encontrarmos na literatura especializada que o tripéfundamental da música pop é composto por Caixa-Bumbo-Baixo. Dediqueespecial atenção à captação destes elementos.

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7. Captação da Cobertura

Solistas e instrumentos melódicos podem agora registrar suas partes comnaturalidade e emoção, encaixando-as perfeitamente na base.

Como o esqueleto da música já está gravado, outrosestúdios e até instrumentistas de outras localidadespodem participar das gravações de cobertura, com

maior flexibilidade de horários.

Isso é especialmente verdade para instrumentos mais raros e especializados,orquestração e naipes, que requerem salas especiais e artistas muito solicitados.Vocais podem ser gravados em uma sala enquanto a guitarra registra um solodelicado e demorado em outra.

Elementos menos fundamentais, que trazem "tempero" e personalidade para amúsica, também são registrados nesta fase. Pads de fundo (conhecidos como"cama"), percussão complementar, backing-vocals, violinos, sintetizadores.

Para que possam escutar a base dentro do estúdio e gravar suas linhas, os solistasreceberão um mix de fundo nos seus headphones ou monitores. É essencial queeste mix esteja no volume adequado e destaque os elementos mais importantespara aquele solista. Um percussionista pode querer escutar o bumbo da bateriaclaramente, já o vocalista, ouvir o piano um pouco mais alto. Um erro comum éenviar um mix muito baixo ou muito alto para o vocalista, que tenderá a cantardesafinado. O mesmo acontece quando o músico não consegue escutar a sipróprio (“aumenta o retorno!”). Poucos técnicos gastam o devido tempopreparando mixes que influenciarão diretamente nas performances dos artistas.

Sempre que possível, recomenda-se gravar as coberturas no mesmo estúdio dasbases. Isso irá garantir uma homogeneidade acústica, difícil de ser percebidadurante as gravações, mas bastante óbvia nas próximas etapas.

No mundo ideal, todos os instrumentistas tocariamjuntos e um par de microfones captaria a “mixagem”

natural e final em estéreo. Não precisaríamos dividir asgravações em etapas e nem realizar mixagens.

Na prática porém, esta situação é muito difícil e até impossível para alguns estilosmusicais. Perde-se o controle das partes, exige-se uma performance perfeita dosmúsicos, há problemas de vazamentos entre microfones ou falta de acústicaadequada na sala.

Este estilo de produção “minimalista” ainda é bastante comum em algumasgravações audiófilas de jazz e música erudita, conferindo uma naturalidadeincrível. Vale lembrar que não só os artistas, mas técnicos e produtores, precisamter domínio total sobre o processo para fazer uma gravação audiófila.

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8. Overdubs e Rough Mix

Frequentemente, ajustes precisam ser feitos em algumas das trilhas gravadas.Uma audição detalhada pode revelar pequenas falhas na captação, erros de tempoou notas desafinadas. Talvez o vocalista estivesse resfriado ou pouco inspirado. Apele de um tambor da bateria desafinou ou um cachorro aparece latindo bem nomeio da bridge.

Os overdubs são regravações de passagens queprecisam ser melhoradas. Corrigem erros de captação epermitem a “colagem” de partes para a composição de

uma frase musical perfeita.

Quando a linha melódica é complexa ou rápida demais para ser executada comperfeição em um só take, o processo de overdub permite que um trecho sejagravado repetidas vezes, em loop. Posteriormente, técnico e produtor podemmontar um take perfeito com as melhores partes de cada trecho gravado. Estatécnica é conhecida como comping.

Uma sessão de overdub oferece atenção especial ao solista. Grande parte daequipe está concentrada em uma só performance. Vários takes podem sergravados em loop, enquanto há comunicação em tempo real com o artista -comentários, avaliações, sugestões. Um perigo do overdub é ele soar fora decontexto. Normalmente, os takes são gravados em salas (acústicas) diferentes daoriginal, com grande espaçamento de tempo. O uso de fones de ouvido e aausência de outros instrumentistas na sessão de gravação podem criar um“isolamento” para o músico, dificultando sua performance.

Quanto mais acostumado com o ambiente de estúdio, melhores as chances doartista desenvolver sua gravação sem dificuldades.

O mix que o artista escuta durante o overdub está agora bem completo, com basee cobertura. Mas ainda não se trata da mixagem final, que tomará bastante tempona próxima fase. Assim, este “mix rascunho”, ou rough mix, simula a mixagem ecomo a gravação que está ocorrendo neste momento se encaixa no contexto. Osefeitos aplicados sobre a gravação (como compressão e reverberação) são ouvidospelo músico em tempo real, nos seus headphones, e ajudam a melhorar suainterpretação.

O rough mix, ou “mixagem rascunho”, auxilia nagravação dos overdubs e ainda tem outras utilidades.

Este rough mix é o resultado de uma mixagem rápida, simples e intuitiva, comparticipação de muitos técnicos e artistas. Portanto, registrou o sentimentoespontâneo da equipe durante as gravações. Por este motivo, o rough mix deveráser revisitado regularmente durante a mixagem para que conceitos e idéiasimportantes não sejam perdidos.

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Durante os takes, é essencial que o músico tenha total conhecimento da forma damúsica, entradas e saídas, letras e harmonia, para que o processo não se prolonguee se torne cansativo. A boa comunicação entre técnico e artista agiliza bastante asgravações. Para tanto, são utilizados gestos previamente combinados, microfonesde talkback ou a própria técnica funcionando como estúdio.

Conforto, um ambiente agradável e criativo retiram a pressão sobre artista etécnico, favorecendo a música. Técnicos devem ter especial cuidado para nãointerferir na performance do artista com erros de operação, preocupando-se emtestar e instalar equipamentos com antecedência.

Da mesma forma, artistas devem respeitar as limitações tecnológicas e entregaruma performance ensaiada, de alta qualidade – raramente, “consertar namixagem” é a melhor saída – há um limite do que se pode fazer durante amixagem. Vamos lembrar que a captação tem maior influência no resultado finaldo que as etapas seguintes.

Nem sempre as etapas de captação (base, cobertura e overdubs) precisam serencaradas como processos independentes. Quanto mais complexo o arranjo oumaior a dificuldade de cada frase instrumental, melhores os resultados quandocada uma das gravações é feita isoladamente. O aluguel do estúdio de gravaçãopode ser planejado para cada etapa. Somente os músicos essenciais para cada takeprecisam estar presentes.

Produtor e artistas podem realizar um mixdown das trilhas já gravadas paraescutarem em casa ou no próprio estúdio. Inclusive exportar a sessão do softwarede gravação para o desenvolvimento de rough-mixes fora do tempo de estúdio.

O setup de gravação - conexão de cabos e equipamentos, preparação da sessão nocomputador, microfonação, posicionamento de instrumentos e amplificadores,seleção de microfones – frequentemente toma muito tempo. O ideal seria que umassistente de gravação da banda (ou do próprio estúdio) já conheça asnecessidades de cada take e esteja preparado através de uma reunião prévia com oprodutor. Alguns estúdios oferecem uma tolerância de tempo para a montagem edesmontagem. Outros permitem a realização do setup na noite anterior.

Informe-se com o seu estúdio e certifique-se de que o produtor está a par de todosos detalhes que envolvem a operação – horários de funcionamento, taxas especiaisem horários alternativos, pausas para refeições, políticas de acesso de pessoas,equipamentos disponíveis e seu estado de funcionamento, disponibilidade de umtécnico de gravação, formatos de áudio, vazamento de ruídos, backup de arquivose transferência de dados.

Lembre-se, a música deve soar relativamente bem antes da mixagem final. Todasas trilhas foram analisadas por inteiro? O áudio foi registrado em 24 bits? Háconsistência nos takes, principalmente entre aqueles de um mesmo instrumento ouvoz?

A avaliação das gravações pode ser feita pela audição do rough mix.

Elas merecem 0, 1 ou 2 musipontos?

(quando a música já está produzida, é mais difícil isolar a gravação da mixagem para se fazer umaavaliação, embora seja possível, com treinamento e experiência)

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9. Mixagem

Esta etapa só deveria começar quando todas as captações estiverem concluídas,editadas e compiladas. Mixar, na verdade, nada mais é do que misturar.

Cada gravação foi registrada em uma trilha (dentro docomputador, num gravador de rolo ou fita digital).

Durante a mixagem, todas as trilhas tocam ao mesmotempo e o técnico mistura a proporção (volume) e a

posição no panorama (esquerda-centro-direita) de cadauma delas, juntamente com outros efeitos que ajudam a

criar destaque e clareza.

O interessante da mixagem é que ela não precisa ser estática! Um instrumentopodem variar de intensidade durante a música, mudar de posição, parar de tocarou soar diferente em algumas partes. Essa imensa gama de possibilidades faz comque cada mix seja diferente do outro.

A grande lei da mixagem é que cada elemento precisa ter um propósito bem claro,para se evitar congestionamento de informações. Frequentemente, menos é mais.Nossa tendência é adicionar para enriquecer, enquanto que retirar pode ser omelhor caminho para se criar variedade e interesse.

Durante as gravações, provavelmente técnico e produtor fizeram alguns roughmixes para facilitar a gravação de coberturas e overdubs. Estes mixes possuemum grande valor e podem ser usados como referência durante a mixagem,assegurando que a idéia original não seja desvirtuada. Se o rough mix não estiversuficientemente desenhado para servir de base para a mixagem que se inicia, oprodutor criará um neste momento.

Um excelente indicador da qualidade da pré-produção e das gravações éconseguir fazer um rough mix rapidamente, onde todas as trilhas estejam audíveise claras, sem a necessidade de explorar intensamente recursos como panorama,reverberação, compressão e equalização (explicados a seguir). Se o rough mixestá soando bem, provavelmente as trilhas estão perfeitas para serem mixadas.

Se houver tempo, peça que cada músico da banda faça uma mixagem. Osresultados podem ser surpreendentes! Há diversos casos de produções queacabaram utilizando um rough mix como versão final da mixagem, porque não foipossível criar uma mais interessante posteriormente.

Mixar é um processo tanto artístico como técnico. O engenheiro (técnico) demixagem, juntamente com o produtor, pode levar a produção para caminhostotalmente distintos e até irreconhecíveis. Por isso é importante revisitar detempos em tempos o registro original, gravação-guia, referências fornecidas peloartista e rough mix.

Quatro diferentes domínios são explorados durante a mixagem: Volume, Espectro,Panorama e Profundidade. Qualquer atividade realizada durante o mix,inevitavelmente vai interferir em um ou mais destes domínios.

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A mixagem merece um capítulo à parte e muitas vezes é confundida com agravação, ou até mesmo com a produção musical. Trata-se apenas de uma etapa edeveria ser feita na ordem proposta neste manual. Se a mixagem começar amodificar forma ou instrumentação, estará na verdade fazendo o papel da pré-produção. Aí sim poderá influenciar muito mais no resultado final. Normalmente,de uma maneira negativa.

Um dos aspectos mais importantes da mixagem é a correta monitoração. Técnicoe produtor farão muitas decisões baseadas no que estão ouvindo. Aquilo queescutam deve representar com fidelidade o que está gravado e sendo reproduzido.Pode parecer óbvio, mas é muito freqüente que o sistema de monitoração (sala,amplificadores, monitores, posição de audição) seja menos do que aceitável,refletindo em erros que serão revelados somente na masterização. Umamonitoração deficiente modifica a percepção de timbres, profundidade, panorama,detalhes de fundo, ruídos, entre outros. Mais uma vez, o desempenho acústico dasala é a variável mais importante, juntamente com ouvidos treinados.

O técnico tem papel crucial no fluxo da mixagem. Um profissional experienteconhece as linguagens do meio e pode se comunicar facilmente com artistas eprodutor. A economia de tempo e esforço é grande, ainda mais se há domíniosobre os equipamentos. Sua atenção deve estar voltada para os aspectos técnicosda produção, e não ao funcionamento de hardware e software.

A familiaridade do técnico com a sala e as característicasacústicas da monitoração tem grande peso no resultado,principalmente se existem problemas conhecidos (como

modos ressonantes) que são compensadosintuitivamente.

Há produtores que sempre trabalham com o mesmo técnico, pois reconhecem asvantagens de uma integração total dentro da sala de controle. Além de volumes(níveis) e panorama (esquerda-centro-direita), os processamentos mais comunsdurante a mixagem são:

● Equalização – corretiva e criativa. Modifica o equilíbrio entre asfreqüências (graves, médios, agudos), destacando elementos, corrigindotimbres ou evitando o congestionamento no espectro sonoro. Nossosouvidos têm dificuldades para separar informações e a mixagem tem afunção de auxiliar neste processo.

● Compressão – controle das variações de volume de uma trilha ouconjunto de trilhas. Alguns estilos musicais pedem maior uniformidade,diminuindo as distância entre sons baixos e altos. Daí, o nome“compressão”. Compressores são comumente mal-utilizados e podemacabar com a dinâmica natural da música ou partes dela.

● Reverberação – todos os sons naturais que escutamos é resultado da somado som direto com um campo reverberante, composto das reflexões doambiente. Estas informações psico-acústicas influenciam a nossapercepção de naturalidade, tamanho da sala, distância da fonte sonora, etc.A reverberação artificial pode ajudar a colocar instrumentos no mesmoespaço virtual e melhorar o realismo.

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O mix final é avaliado pelo produtor e artistas numa sessão de audição.Profissionais da gravadora também costumam participar desta sessão. O áudiofinal, normalmente em estéreo, é gravado com alta qualidade em um formatoseguro, de fácil manipulação pelo engenheiro da masterização.

Antigamente, o mixdown ou bounce da mixagem era realizado em tempo real,através de um console de mixagem. As trilhas, já editadas e sincronizadas entre si,eram tocadas simultaneamente enquanto o engenheiro de mixagem, previamenteinstruído pelo produtor, operava os inúmeros controles de volume, panorama,mandadas de efeitos, equalizadores e compressores. Com a evolução dosconsoles, várias destas operações passaram a ser automatizadas. As variações doscontroles durante a música, sobretudo os faders de volume, podiam ser planejadase programadas antes do mixdown. Durante a gravação do mix final, estescontroles moviam-se “sozinhos”, através de motores, facilitando muito o trabalhoe a precisão do mix.

Hoje em dia, não só é possível automatizar virtualmente qualquer controle dentrodo computador, como também não é mais necessário que se utilize um console demixagem grande, caro e dependente de manutenção regular. Há quem aindaprefira fazer a mixagem “out of the box”, ou fora do computador. Nesses casos, ocomputador funciona apenas como um gravador multi-pista (fornecendo as trilhaspara o console) e um gravador estéreo (recebendo o mix de volta).

As razões para se utilizar um console externo podem ser variadas. Muitosengenheiros trabalharam anos e anos com um determinado console e, de fato,tendem a ser muito mais práticos, rápidos e precisos quando utilizam suas mãos,ao invés de mouse e teclado. Outros alegam que a qualidade do áudio éincomparável e recusam-se a mixar digitalmente.

Particularmente, não acredito na diferença de qualidade de áudio. Como ditoanteriormente, outros fatores têm influência muito maior no resultado final do queapenas uma das etapas, ou um equipamento em particular. Minha sugestão é que otécnico utilize o método com o qual se sente mais confortável. Também é possívelutilizar superfícies de controle externas que “simulam” um console de mixagem etrazem os benefícios dos dois mundos.

Este registro da mixagem final, copiado e arquivado, chama-se de “master mix”.No futuro, as eventuais remasterizações para formatos variados, ou que ainda nemexistem, serão feitas através dele. Quanto melhor a qualidade de áudio do mastermix, maiores as possibilidades de masterização para diferentes formatos: CD,SACD, LP etc.

Um dos erros mais comuns na mixagem é adiantar-se e “masterizar” o mix finalna mesma etapa. Assim como não é recomendado cortar o próprio cabelo, amasterização deve ser feita por um outro profissional que esteja menos envolvidono processo de produção e ofereça uma visão externa, mais objetiva e seminfluências.

Não se preocupe se a mixagem não está soando tão alta quando um CD comercial.Evite utilizar compressores e limitadores, sobretudo no barramento master L+R.Às vezes o som está bom no estúdio mas não soa tão bem no carro. Melhor do quetentar corrigir estas deficiências, o que pode tomar muito tempo e até prejudicar oáudio ainda mais, encare-as como algo normal do processo e siga para a próximaetapa.

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10. Masterização

Se a sua produção caminhou bem até este momento, este último musiponto(mixagem+masterização) pode fazer toda a diferença! A masterização é talvezuma das atividades menos compreendidas na produção musical. Algunsacreditam que ela é a principal responsável pela sonoridade final de um CD.Outros imaginam que é uma etapa desnecessária, da qual somente as grandesproduções de beneficiem.

Relacionando-a com a escala musipontos, percebemos que ela não é tãoimportante quanto as etapas anteriores, mas pode ser fundamental para elevar umaprodução de 4 para 5 musipontos, ou de 7 para 8, o que representa um saltoenorme. Em outras palavras, é como se um sofisticado prato da culinária francesafosse servido em um marmitex de alumínio - não faz o menor sentido ecertamente desvaloriza o produto na sua apresentação, interesse, experiência deconsumo e percepção de sabores.

A masterização tem várias funções, algumas das principais são:

● Uniformizar faixas de um disco para que soem como partes de umamesma obra, sem transições abruptas. Ex.: volumes e equilíbrio tonal.

● Aumentar inteligibilidade e punch, sem causar distorções.

● Preparar a mídia master para ser copiada, registrando códigos einformações técnicas.

● Verificar a confiabilidade e compatibilidade da mídia master comequipamentos dos consumidores.

● Testar a “tradução” do áudio em diferentes sistemas de reprodução,simulando a experiência de diversos usuários.

● Corrigir possíveis falhas de mixagem.

● Consertar erros de edição (ruídos, clicks, pops).

● Organizar a seqüência das faixas – contorno emocional do disco.

● Agregar fade-ins e fade-outs nos extremos das músicas.

● Converter o áudio para os formatos necessários com qualidade (CD, LP,MP3, SACD, DVD).

● Criar versões alternativas (rádio, club, Hi-Fi).

Para realizar todas estas tarefas, o engenheiro de masterização precisa de sala eferramentas especializadas, capazes de revelar todos os detalhes do áudio. Nãovamos nos enganar – mesmo que possamos realizar todas as nossas própriasgravações e mixagens, dificilmente seremos capazes de masterizar com qualidade.Repare na quantidade de conhecimentos que o engenheiro precisa dominar. É umaatividade muito especializada, assim como deveria ser a de engenheiro degravação e engenheiro de mixagem. Talvez por isso as produções antigas tivessemuma qualidade média superior.

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Equipamentos próprios para a masterização oferecem aprecisão “cirúrgica” que normalmente não existe nas

salas de mixagem. E principalmente, ouvidos muito bemtreinados, capazes de identificar problemas e encontrar

soluções rapidamente.

A isenção emocional do masterizador vem a calhar e torna-se uma das principaisrazões para se contratar um terceiro. Recomendo que a masterização seja entreguea um especialista. Como ele não esteve envolvido na produção, seus julgamentosserão mais objetivos, refletindo melhor a percepção do consumidor. O produtorpode e deve acompanhar a masterização, para garantir que as decisões técnicasnão comprometam as intenções artísticas do projeto.

De uma maneira simples, a masterização tem a funçãode fazer um CD soar “comercial”. Não no sentido pop da

palavra, mas sim, conseguir uma sonoridade quecostuma dividir os amadores dos profissionais.

Poucos segundos de audição podem revelar se a masterização foi cuidadosa eprecisa. A maneira mais fácil de fazer este julgamento é notar se o som é natural,favorecendo a música, sem interferir. Uma arte “transparente” que não deveria sernotada.

Como dissemos no começo do livro, para nós é muito mais fácil e naturalfazermos julgamentos do que criarmos produtos para serem julgados, tentandoprever a reação do público. A masterização é um ótimo exemplo desse fenômeno.Não precisamos ser especialistas em dinâmica, equilíbrio tonal ou possuir umsistema Hi-Fi para perceber se uma música está soando “profissional” ou não.Mas a grande dificuldade está do outro lado: fazer as modificações necessáriascom rapidez, sem comprometer outros elementos da música de modo que osouvintes apreciem o resultado.

Demorei muito tempo para entender e aceitar esse dilema. E foi só depois deprojetar minha própria sala de masterização, fazer testes, ajustá-la e masterizardiversos trabalhos que percebi a importância dessa etapa.

Há alguns anos aprendi uma técnica que foi provavelmente a mais reveladorasobre a masterização. Nossa audição é extremamente complexa a ponto de algunsfenômenos psico-acústicos ainda não estarem completamente explicados. Masuma coisa parece ser unânime e bastante conhecida sobre o comportamento dosouvintes: preferimos os sons mais altos!

Trata-se de uma ilusão, um truque do cérebro. Após alguns segundos de audição,outros fatores começam a influenciar na percepção e eventuais distorções eproblemas de equilíbrio podem gerar fadiga auditiva e retirar o interesse doouvinte. O que aprendi é: sempre comparar dois trechos de áudio no mesmovolume!

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A Produção está Concluída!

Com o produto em mãos, o artista pode agora divulgar e vender seu trabalho. Asetapas que seguem a Produção (conhecidas como Pós-produção) estãorelacionadas ao marketing e distribuição do produto. Eventualmente, podem sergerenciadas por agências especializadas, departamentos das gravadoras ouprodutores executivos. Lembre-se, seu produto precisa ser divulgado, comcriatividade e consistência.

Antes de mais nada, informe-se sobre os procedimentos de registro do fonograma.Possivelmente, as composições já estão registradas para que não haja debatesfuturos sobre a autoria. Agora estamos lidando com uma nova expressão dacomposição, uma produção específica, com um determinado arranjo einterpretação, onde participaram diversos profissionais, músicos e técnicos. Essamaster pode e deve ser registrada, inclusive recebendo um número único deidentificação, conhecido como ISRC (International Standard Recording Code).

Os créditos precisam estar moralmente e legalmente explícitos. Muitos artistas seesquecem de dar os devidos créditos à equipe de produção, seja no encarte do CD,no site ou requerimento de registro. Legalmente, é importante que asporcentagens de participação das rendas e demais discussões que envolvem osdireitos conexos estejam claras e aprovadas em um contrato entre todas as partes– autor, intérprete, técnico, produtor, gravadora etc. Advogados especializados emdireitos autorais podem ajudar nestas questões, nem sempre claras.

No meu entendimento, mais do que garantir as merecidas rendas para cadaparticipante da produção, a clareza contratual e o incentivo às discussões dedireitos e deveres deixará todos os envolvidos confortáveis com as decisões. Issoé muito importante para trabalhos futuros, confiança e dedicação.

A pós-produção deve se concentrar na exposição do produto. De nada adianta terum CD em mãos, com produções de alto nível de qualidade técnica e artística, sepoucas pessoas terão acesso. Ofereça downloads gratuitos, talvez de uma músicaou trecho de várias. Distribua CDs gratuitos. Faça com que seu produto sejaescutado por pessoas influentes que trabalham em rádios e gravadoras. Ele precisade uma boa apresentação gráfica, um release do artista com mais informações evias claras para contato. O que pode ser adicionado à música para se criardiferenciação? Encartes, fotos, convites para um show? Quais são as revistas,publicações, sites e programas de TV que poderiam se interessar?

A Internet é democrática e precisa ser utilizada com sabedoria. Se por um lado osmeios digitais criaram uma concorrência sem precedentes, bombardeando osconsumidores com todo tipo de informação, produtos e qualidades variadas, poroutro, permitiu que artistas e produções que estão fora do circuito mainstreampudessem expor seus trabalhos e encontrar um público interessado. O grandesegredo está em buscar esse público, conseguir sua atenção e ter uma chance deser escutado.

Na seqüência, mais detalhes sobre a Escala Musipontose o gráfico das músicas atuais.

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Por Dentro da Escala Musipontos

Discutidas as etapas da produção, acredito que seja mais intuitivo entender ospesos de cada fase e sua influência na avaliação final da música. Como vimos, doresultado final:

● 40% provém da Composição

● 30% da Pré-Produção

● 20% da Gravação

● 10% da Mixagem / Masterização

---------

100% Total

Neste ponto, não deve ser difícil entender porque a composição pesa tanto, afinalela é a matéria prima da música.

A pré-produção infelizmente não costuma ser tratada com uma etapa isolada epode acontecer parcialmente durante a composição, gravação ou até mixagem.Como vimos neste manual, sugiro que ela seja encarada como um processo àparte. Os benefícios são imediatos e podem contribuir em peso. Durante a leitura,a importância e o funcionamento da pré-produção deverão ter ficado bastanteclaros.

A fase de gravação pode enriquecer uma produção, através das nuances dainterpretações, qualidade do áudio e procedimentos que focam na performancedos artistas. Naturalmente, o que foi criado (composição) e ajustado (pré-produção) é mais importante do que o registro em si.

O peso da mixagem / masterização pode parecer pequeno. Primeiramente, deve-senotar que a mixagem somente deveria “mixar”, e não realizar atividades queforam esquecidas ou mal feitas nas fases anteriores.

E ainda, veremos que um ponto a mais na avaliação de uma música pode fazertoda a diferença e colocá-la em um grupo seleto de produções. Seguindo a ordemde prioridades, uma boa pré-produção e uma gravação bem feita pesam mais epodem facilitar consideravelmente a execução da mixagem e masterização.

Lembrando, cada etapa tem um peso na avaliação final:

● Composição – 0 a 4 pontos● Pré-Produção – 0 a 3 pontos● Gravação – 0 a 2 pontos● Mixagem / Masterização – 0 ou 1 ponto

________________Máximo: 10 pontos

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O estudo da escala nos faz perceber o seguinte:

● A composição é o elemento de maior peso no resultado final e que maispode contribuir para a avaliação final da música.

● Ao mesmo tempo, depende das próximas etapas para atingir uma somaalta de musipontos. Isoladamente, uma composição não pode passar de 4pontos.

● Cada etapa é menos importante que a anterior, embora seja fundamentalpara a avaliação final.

● A maior quantidade de esforço, tempo e investimento deve ser alocada àsprimeiras fases. Quando estas atingirem seu máximo potencial, é hora deseguir para a próxima, na tentativa de adicionar musipontos.

● Para uma determinada canção, deve-se conhecer o potencial e limite decada etapa, conseguindo o melhor equilíbrio entre esforço e resultado.

● Quanto mais pontos uma etapa tiver, maiores as chances de uma boapontuação na seguinte. Cada etapa influencia a próxima. Em outraspalavras, uma pré-produção dificilmente atingirá 3 musipontos se acomposição vale 1.

Para fins práticos, vamos considerar que não existem notas quebradas. Assim,cada música tem 10 graus de avaliação (1, 2, ...10). Não consigo imaginar umamúsica que tenha 0 (zero) musipontos, embora você deva concordar comigo quealgumas estão bem próximas!

Exemplos:

● Uma composição primordial (4), que não foi pré-produzida (0),relativamente mal gravada (1) e bem mixada (1), somaria apenas4+0+1+1=6 musipontos, o que é um grande desperdício de talento!

● Uma composição razoável (2) e bem produzida (2+2+1) atingirá uma nota2+2+2+1=7, definitivamente se destacando na média de mercado.

● Uma composição fraca (0) pode até receber uma boa produção (4), masnunca será mais do que "mediana".

● Uma canção top (7 ou mais musipontos) requer excelência técnica eartística em todas as etapas, não consegue se sustentar apenas poralgumas.

● Quando uma excelente composição (4) é pré-produzida com alta qualidade(3), o resultado é ótimo (7), mesmo que não esteja muito bem mixada oumasterizada. Porém, um cuidado adicional nestas últimas etapas poderiaconsagrá-la como um clássico eterno.

Aproveite para praticar, fazendo uma experiência agora mesmo. Ligue o rádio nasua estação favorita. Você consegue identificar músicas que se encaixam nosexemplos acima?

Liste alguns exemplos abaixo:

Uma composição primordial: __________________________________

Uma composição razoável que poderia ser melhor produzida: ________________

Uma composição fraca que se destaca pela produção: ______________________

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Cenário Musical - A Verdade Nua e Crua

A escala musipontos foi concebida de maneira que as notas sigam um padrão deDistribuição Normal. Este tipo de distribuição é bastante comum na estatística erepresenta com boa fidelidade diversos fenômenos naturais. Por exemplo, seestudarmos o peso de 1500 pessoas selecionadas ao acaso em uma população,teremos um gráfico parecidocom este:

A maior densidade (ouocorrência) acontece em tornode 70kg, caindo simetricamenteconforme nos afastamos damédia (70kg). Esse tipo decurva ou decaimentocaracteriza uma “distribuiçãonormal”, um dos modelosestatísticos mais comuns enaturais. Uma distribuiçãonormal, como esta, temalgumas particularidades:

● A grande maioria dos valores encontra-se em torno da média (88% daspessoas pesam entre 55 e 85kg).

● Existe uma pequena proporção de valores nos extremos, abaixo de 48kg(1,2%) e acima de 92kg (1%).

● Embora 70kg seja o valor mais comum (média), ele não é exatamente a“média aritmética” da população. Ou seja, o peso das pessoas não varia de0 a 140Kg, há casos acima disso e nenhum abaixo de 20kg.

Paralelamente, no caso da Música, existe uma nota média ao redor da qual agrande maioria das canções se encontra. Há poucas músicas com nota muito altaou muito baixa e quanto mais distante da média, menor é a ocorrência. Qual seriaesta nota média? Como vimos, não é porque as notas variam de 0 a 10 que amédia é necessariamente “5”. Existe um valor que é o mais comum, onde hámaior ocorrência de músicas.

Minha teoria é que a nota média tem baixadoconsistentemente nas últimas décadas. Não seria o

momento de reverter a situação?

Ou seja, a qualidade média das músicas lançadas no mercado está cada vezmenor. Não é difícil entender este fenômeno se nos dermos conta de que a cadadia, existem mais lançamentos, mais pessoas produzindo música e menosespecialização. A conseqüência é que a média diminua, embora obviamente, aindaexistam várias canções excelentes.

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Se voltarmos à época de Mozart, os compositores, instrumentistas, arranjadores,maestros e demais profissionais da Música costumavam estudar muitos anos,dedicando-se integralmente à profissão.

Relativamente, havia poucas pessoas produzindo música, baixo acesso à escolas emestres, dificuldades para se encontrar músicos e instrumentos. A exigência dopúblico era maior e grandes patrocínios e motivações incentivavam a criação deuma obra musical. Mesmo assim, boa parte da obra de Mozart não conseguiudestaque e é praticamente desconhecida até o presente.

Hoje, qualquer pessoa com acesso a um computador pode aprender e criar músicarapidamente, a quantidade de estilos e liberdade criativa é muito maior. Existeminúmeros nichos de mercado e graus de exigência, as músicas podem ser maisdescartáveis e, proporcionalmente, poucos profissionais estudaram as técnicas deprodução musical a fundo. O resultado é uma baixa qualidade média.

Se você pedir para amigos e parentes criarem uma lista de músicas preferidas, émuito provável que a maioria delas seja da década de 60 ou até mais antigas,muitas dos anos 70 e 80, algumas dos anos 90 e poucas do século XXI. Issoexplica também a quantidade de remixes de músicas famosas que estamosvivenciando.

Repare no que é tocado nas festas de casamento e grandes eventos - os clássicossão eternos e dificilmente substituídos por músicas mais modernas. São raras asmúsicas atuais muito bem produzidas, com chances de se tornarem clássicos nofuturo.

Não acredito que este seja um problema particular da Indústria Musical. Sepensarmos em nutrição, provavelmente nos alimentamos com menos qualidade doque há alguns anos atrás. Temos menos tempo para nos dedicarmos a assuntos eprojetos específicos. A cada dez filmes que alugo, recomendaria apenas um parameus amigos.

O momento é de reflexão: continuar este movimento de banalizar as artes e aqualidade de vida (que parece ser cíclico na história da humanidade) ou resgatarvalores e preparar o terreno para uma reviravolta nos próximos anos? Muitasvezes a dificuldade está em se avaliar. Como saber se algo é bom ou ruim quandonão temos referências? Como um jovem de 14 anos pode julgar uma gravação sesuas referências são MP3 tocados em fones de ouvidos baratos? Como avaliaruma composição, seus recursos musicais e poéticos, se as bandas que escutamtocam sempre os mesmos acordes, com o mesmo som e estilo?

Na qualidade de apreciadores da música, temos a responsabilidade (ou mesmo aobrigação) de educar o próximo. Entregar referências e permitir que façam seupróprio julgamento. Certa vez me disseram: “sorte dos ignorantes, que secontentam com pouco e vivem sem aflições”. Talvez seja verdade... Mas paramim, sorte mesmo é ter a oportunidade de conhecer coisas novas, ser impactadopor um livro, música ou perfume que marcou um momento. Porque transformar“vivência” em “sobrevivência”?

Que tal começarmos a avaliar músicas por uma nova ótica, criando nossaspróprias referências, julgamentos e incentivando debate e crescimento domercado? Continue lendo!

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Avaliando Músicas com Musipontos

Considerando-se as músicas existentes e dividindo a linha de tempo entre passadoe presente, a distribuição de musipontos poderia ser aproximada pelos gráficosabaixo.

A curva preta representa adensidade (ou ocorrência) demúsicas com uma determinadanota. Repare, por exemplo: nopassado, 40% das músicastinham nota 6. Hoje em dia,apenas 5% delas atingem estapontuação na escala.

A região destacada como“TOP 20%” é o grupo dasmelhores músicas existentesem uma determinada época.São os hits. Veja que estegrupo engloba todas asmúsicas a partir de umadeterminada nota, até omáximo de 10 musipontos.No gráfico de baixo (épocapresente), pode parecer quenão existem músicas com maisde 7 pontos. Elas existem, masa porcentagem é muito pequena para ser visualizada nesta escala.

As top 20% têm uma particularidade importante: representam a grande maioria doque é exposto ao público, pelas rádios, TVs, lojas etc. São os famosos hits, quehoje em dia costumam durar apenas 2 meses, por não terem uma notasuficientemente alta.

Este fenômeno é conhecido como Lei de Pareto. Esta lei diz, por exemplo, que20% do seu tempo de trabalho gera 80% dos resultados. Ou que 20% dosprodutos de uma loja geram 80% da sua receita. Um fenômeno comum emdiversas áreas da ciência que também funciona para a música. O espaço existentepara exposição e veiculação de canções é limitado. É por isso que as rádios tocamem média 20% do repertório durante 80% do tempo. Este grupo de alta exposiçãoao público está em constante mudança, variando conforme a época.

Estar entre as top 20% aumenta consideravelmente as chances de sucesso, masnão significa que a música é excelente ou que sobreviverá por muito tempo.Repare no gráfico como as top 20% de antigamente possuíam notas melhores. Aomesmo tempo, estar fora do topo não é necessariamente ruim. Muitas cançõesmenos conhecidas encontram seus nichos e geram bastante lucro ereconhecimento para o artista.

Estatisticamente, as canções com 8 ou mais musipontos (região verde do gráfico)tendem a se tornar clássicos, de grande público e tempo de vida. Aquelas com 3ou menos pontos podem ser consideradas fracas.

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Embora a média tenha baixado um pouco nos últimos anos, as conseqüências sãomuito maiores do que parecem:

● No passado, as top 20%, ou 200 em cada 1000 músicas, possuíam 7 oumais musipontos. Atualmente, apenas 0,2% (duas em cada 1000) têm estanota e podem gozar de alta repercussão, atraindo o interesse de gravadorase volume de vendas. Vender mais do que 1 milhão de cópias hoje em dia éraríssimo, uma vez que essa parcela campeã de audiência começa em 5musipontos. Nossa referência, aquilo que escutamos todos os dias, baixoude nível.

● Antes, um clássico (com 8 ou mais musipontos) surgia a cada 200 músicasproduzidas. Hoje são necessárias mais de 335.000 músicas para que umase torne um clássico (0,0003% das produções). Dependendo do mercado,isso pode significar meses e meses de lançamentos até que uma produçãohistórica apareça. Quantas músicas lançadas no último ano estão entre assuas favoritas?

● O ritmo da produção aumentou, mas não dá conta de criar mega-produções com a mesma freqüência de antes. O volume de lançamentosduplicou ou triplicou nos últimos anos. Em 2005, foram 60.000 títulos(álbuns). E destes, quase 50.000 por selos independentes. A venda médiade CDs para cada título era de 18.000 (majors) e 789 (independentes)cópias.

● Apenas 0,5% costumava ser considerado muito fraco. Nos tempos atuais,30% dos lançamentos teriam avaliação 3 ou inferior na escala musipontos.De fato, não é um exagero dizer que 1 em cada 3 músicas atuais é bastantedescartável.

Concluímos que uma pequena queda da nota médiaimplica numa ocorrência MUITO menor de músicas comalta avaliação. Lojas, sites, TVs e rádios contam hoje

com um acervo de qualidade inferior.

Conseguir um ponto a mais pode significar sair de um grupo onde estão 70% dasmúsicas e colocá-la entre as 30% melhores. E ainda, um ponto extra irá posicioná-la no seleto clube das top 5%, com muita exposição, renda e tempo de vida!

Lembre-se:

● 5 musipontos já é um bom resultado! Este deveria ser o objetivo dequalquer produção levada a sério.

● Conseguir avaliar uma música com precisão não é objetivo da escala,sempre haverá um pequeno fator pessoal e contextual. Ainda assim, amargem de dúvida deveria estar em 1 ponto.

● Mesmo que uma faixa de trabalho seja avaliada por você como 5 e por umamigo como 6, a disciplina durante os processos de produção terá umagrande chance de adicionar pelo menos mais um ponto, fazendo umagrande diferença.

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O Papel da Tecnologia

A tecnologia não deveria ajudar na qualidade das músicas? Eu entendo que sim,mas o fato é que ela não tem conseguido realizar essa missão com tantafreqüência. Acredito que muitas pessoas envolvidas na produção musical encarama tecnologia como um substituto para criatividade e trabalho. Este é um grandeengano.

A tecnologia é apenas uma ferramenta, que aceleraprocessos. Os livros não estão melhores porque existem

impressoras a laser ou corretores ortográficos.

Ter acesso à Internet não nos faz especialistas em todos os assuntos. Aindaprecisamos estudar, praticar, desenvolver técnicas e talentos. Algumas gravaçõesde décadas atrás emocionam e soam tão bem quanto se pode esperar. Talvez umdia a tecnologia melhore nossa audição ou seja “inteligente” a ponto de sercriativa, mas ainda não chegamos lá.

Ao invés de comprar, baixar, instalar e experimentar diversos softwares e pluginsde produção musical, procure se especializar naqueles que você já temfamiliaridade. A imensa oferta de tecnologias, microfones, interfaces de áudio eDAWs é tentadora! O problema é o tempo que gastamos para selecionar eaprender cada uma delas.

Procure adquirir software e hardware profissional, que atenda o mínimo dequalidade e funcionalidades, sem dar um passo maior que a perna. Falo porexperiência própria. No passado, comprei algumas coisas que não eramprioridade, me tomaram um bom tempo de aprendizado e acabaram deixadas delado, substituídas por equipamentos ou programas mias intuitivos que tambémoferecem uma boa qualidade.

Um Home Studio deveria possuir um bom par de microfones multi-uso acondensador. Não economize nos cabos, eles devem durar muito tempo, comconectores confiáveis. Armazene-os com cuidado, evitando torcer a trama dosfios. Alguns pedestais, um filtro anti-pop, uma interface com duas entradas MIC eum teclado MIDI pequeno. Este kit básico já permite uma grande variedade detrabalhos, sobretudo na pré-produção. Escolha um pacote DAW e insista nele! Afamiliaridade com seus recursos e atalhos pode ajudar muito na criatividade efluxo de trabalho.

Em algum momento, você sentirá falta de algo a mais e muito provavelmentesaberá o que comprar. A maioria dos seus equipamentos continuará sendo útil.Invista na acústica de sua sala! Este é o principal equipamento e pode custarmenos do que um simples microfone. Controle de ruídos e modos ressonantes,difusão do campo sonoro, absorção de reflexões primárias, ajuste do tempo dereverberação e um bom par de monitores. Um fone de ouvido de boa qualidadepode ser um grande aliado na edição e audição de trilhas, principalmente quando aacústica da sala é muito deficiente.

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Mais do que nunca, as técnicas da Produção Musical devem ser utilizadas para seconseguir destaque e longevidade. O cenário é promissor. Uma boa produção temmaiores chances de aparecer do que antigamente. Resgatar o nível médio significacriar mais espaço para as grandes produções e menos exposição para o conteúdode baixa qualidade que compete por nossa atenção. Você está pronto paraparticipar dessa missão?

*****

Espero que esse Manual tenha sido uma boa leitura!Continue estudando sobre a Produção Musical paradesenvolver cada vez mais as suas habilidades. Para

dúvidas, críticas e sugestões, por favor entre em contatocomigo através do AudicaoCritica.com.br

Para se Aprofundar no Assunto

1. Grave, grave mais e depois grave de novo. Os melhores produtores eartistas que conheço estão sempre fazendo música. Arriscando,experimentando, errando e aprendendo.

2. Acompanhe revistas e sites especializados. Infelizmente não há muitaliteratura nacional, tanto em qualidade quanto em quantidade, embora eutenha reparado em um avanço significativo nos últimos anos.

3. Faça cursos que ofereçam prática e não se prendem a equipamentos ereceitas-de-bolo. Conceitos sólidos permitirão aplicar seu conhecimento aqualquer situação de produção musical.

4. Visite http://AudicaoCritica.com.br para ler mais sobre o assunto e receberinformações sobre os meus Cursos de Áudio e Produção Musical, queoferecem bastante prática, aulas individuais ou para grupos, comflexibilidade de horários.

5. Envie sua música para uma análise gratuita, através do serviço disponívelno meu website. Publicarei um breve artigo com impressões e dicas parasua produção (serviço sujeito à disponibilidade na fila).

6. Conheça os meus serviços acessíveis de projeto acústico e produçãomusical online, com relatório de dicas para ganhar musipontos em todas asetapas da produção.

7. Assine minha Newsletter e acompanhe o Blog de Produção Musical(http://AudicaoCritica.com.br/blog) para ler artigos do meio e adquirirconteúdos exclusivos.

Boas produções e obrigado pela atenção!

Dennis Zasnicoff

Produtor Musical

[email protected]

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Glossário

AndamentoVelocidade de uma música, do seu ritmo. Muitas vezes medida em bpm (batimentospor minuto). Pode modificar profundamente a expressão da canção.

Arranjo

Seleção de instrumentos, forma, andamento, variações melódicas e harmônicas quecompõe uma “roupagem” para uma composição. É planejado de acordo com osinstrumentos e vozes que interpretarão a música, considerando-se suas possibilidadese limitações.

ÁudioInformações sonoras sob variadas formas: elétrica, óptica, digital etc. Quandomanifestado no domínio acústico, gera ondas sonoras e é conhecido como “som”.

AudiófiloApreciador da qualidade das gravações. Valoriza a naturalidade das produções esistema de reprodução, incluindo a sala de audição.

Barramento Master

Ou bus master, são os canais de mixdown de um console de mixagem real ou virtual.Em uma mesa de gravação, é conectado ao gravador estéreo. Em um console de P.A.(show ao vivo), é conectado às caixas de som que “endereçam o público” - PublicAddress – P.A.

BounceTransformar partes de uma música ou trilhas de uma música em um novo arquivo deáudio. Frequentemente sinônimo de mixdown.

Bridge Uma sessão da forma musical. Tem a função de criar contraste e respiro.

CifraCódigo visual que representa um acorde musical. Ex.: A=Lá maior, Bm=Si menor,C#7=Dó sustenido com 7a. maior.

ClássicoUma música famosa que se destaca e tende a agradar diversas gerações. Nãoconfundir com o estilo “Música Clássica”.

ClickMetrônomo, referência de tempo para que a performance não perca sincronismo emantenha a uniformidade. Mutas vezes, um som de “click” para que os músicospossam escutar o tempo da música.

Click (ruído)Neste caso, um som característico originado por falhas no processo de gravação oumixagem. Audível como um rápido estalo.

Club (versão)Uma mixagem alternativa que foi masterizada para ser tocada em boites.Normalmente, realça os extremos graves e agudos e é mais longa, com sessõesinstrumentais.

CompressãoExplicação no capítulo sobre Mixagem. O processo de diminuir as diferenças devolume do áudio, reduzindo sua dinâmica.

ContrapontoTécnica de composição que utiliza distintas frases melódicas que interagem entre si,criando uma relação harmônica que enriquece a música.

DAWDigital Audio Workstation. Refere-se aos pacotes de Software que funcionam comoestúdios virtuais de produção musical.

DinâmicaA diferença entre os sons mais baixos e os mais altos do áudio. Está relacionada coma naturalidade e contorno emocional das músicas. Gravações de música eruditaorquestrada costumam ter muito mais dinâmica do que a música pop.

DistorçãoQualquer alteração introduzida ao áudio original. Pode ocorrer no meio acústico,elétrico ou digital. Uma das distorções mais comuns e audíveis é a saturação, quandoo nível de volume é muito alto para um determinado equipamento e “suja” o som.

Distribuição ;ormalPadrão estatístico de ocorrências que representa diversos fenômenos naturais, como opeso ou a altura de uma população.

EdiçãoAto de recortar, limpar, juntar ou manipular o áudio de uma maneira geral. A maioriadas trilhas é editada antes da mixagem.

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EqualizaçãoExplicação no capítulo sobre Mixagem. Alterar o conteúdo espectral do áudio.Ressaltar regiões (ex.: graves) ou atenuar freqüências com intuito corretivo ouartístico.

Equilíbrio TonalA relação harmônica entre as freqüências sonoras. O balanço correto entre graves,médios e agudos.

Espectro SonoroToda a faixa auditiva, dos extremos graves aos extremos agudos. Variaaproximadamente de 20Hz a 20kHz par ao ser humano.

EstéreoDois canais de áudio (esquerdo e direito) que, quando reproduzidos, criam o palcosonoro virtual.

Fade-In / OutA transição entre silêncio e som que ocorre no início e no final da música. Pode terdiversas durações e formas.

Fader Controle variável, originalmente vertical e deslizante, para ser operado pelos dedos.

Forma Tipos de sessões e suas ligações em uma música (intro, refrão, bridge, etc.).

GrooveRitmo e marcação da música, a levada, batida. Pode ser bastante “quadrado” eestável ou “grooveado”, como no caso do Funk.

HarmoniaSeqüência de acordes que funciona como fundo musical para a melodia. A estruturada música, construída sobre uma tonalidade.

Hi-Fi (versão)Uma mixagem alternativa que foi masterizada para a confecção de mídias de altadefinição, como CDs audiófilos, SACD e DVD-Audio. Costuma ser menosprocessada e com maior dinâmica.

HookO “gancho” da música, o clímax musical ou lírico que normalmente contém amensagem principal e gera o título da canção.

Know-how Conjunto de conhecimentos, técnicas e habilidades de um profissional.

Lei de ParetoEx.: 20% das ações geram 80% dos resultados; 20% dos itens no varejo representam80% do faturamento. Pode ser aplicada em diversas áreas e situações da ciência.

LimitadorOu limiter, é um tipo especial de compressor que oferece uma grande taxa decompressão a partir de um nível limiar. Usado normalmente para se evitar saturaçãode monitores ou gravadores, limitar o nível máximo do áudio.

Loop (de Áudio)Trecho de áudio (como uma batida ou riff de guitarra) que pode ser concatenado erepetido para se criar sessões.

Loop (gravação)A mesma performance é gravada várias vezes em seqüência. Normalmente, o mix defundo, que serve de base para a gravação desta trilha, é repetido em loop, enquantocada take é registrado.

MainstreamA faixa de mercado tradicional, popular, de maior volume de vendas e exposição.Artistas e músicas fora do mainstream são comumente chamados de underground oualternativos.

MajorUma grande gravadora. Normalmente gerencia diversos selos que representamartistas famosos.

MelodiaSeqüência de notas musicais que forma as frases cantadas ou tocadas sobre umaharmonia.

MICAbreviação de microfone. No caso de sinais elétricos, indica que a entrada foiprojetada para receber sinais de um microfone, que serão amplificados por um pré-amplificador integrado.

MIDI (programação)

Informação musical sob a forma eletrônica ou digital. Permite a geração de áudio pormecanismos não-acústicos. Notas, suas intensidades e durações podem sermanipuladas por Software ou Hardware (instrumentos virtuais), muitas vezessimulando os equivalentes reais.

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Mídia Master

A mídia física que contém a produção final e serve de molde para a confecção decópias idênticas. Por exemplo, um disco de metal ou um rolo de fita magnética. Oáudio master pode existir dentro do computador mas será transferido para algumamídia antes da geração das cópias.

Mix ou MixagemA mistura das trilhas gravadas com o objetivo de apresentar todos os elementos deritmo, harmonia e melodia de uma maneira clara e interessante. Normalmente,combina o áudio em um canal estéreo (L+R).

MixdownO ato de mixar ou combinar várias trilhas para um número menor de canais. Oresultado da mixagem em forma de áudio.

Modos RessonantesFenômeno acústico que altera a intensidade das ondas sonoras dentro de uma sala. Émais notável nos graves e em salas pequenas, podendo aumentar ou diminuirconsideravelmente a audição de determinadas freqüências.

MonitorCaixas-acústicas, alto-falantes, fones-de-ouvido – o sistema de monitoração de áudioque permite técnicos e músicos escutarem os sons de performances e gravações.

Multi-pistaGravador ou processo de gravação que registra várias trilhas (ou pistas)independentes ao mesmo tempo. Permite maior controle e versatilidade durante amixagem .

;aipeGrupo de instrumentos com características semelhantes que tocam uma frasemusical, com o objetivo de aumentar o volume e enriquecer o som. Naipe deviolinos, naipe de metais.

Orgânica (gravação) Áudio com realismo e entrosamento, aproxima-se de uma execução ao vivo.

PadSom de fundo, normalmente baixo e suspenso (notas longas que variam pouco),acompanhando a harmonia da música.

PanoramaPosição horizontal de um elemento na música, esquerda / centro / direita e osinúmeros graus intermediários. Configuram o palco sonoro no estéreo. Gravaçõesmono não possuem panorama.

PartituraRepresentação musical gráfica em um pentagrama, com símbolos padronizados queindicam a nota musical, sua duração e maneira de se interpretar.

PluginSoftware utilizado para processar (alterar) o áudio. Muitas vezes, substituiequipamentos reais e físicos. Pode ter inúmeras funcionalidades, como equalização,compressão ou reverberação.

Pop (estilo)Às vezes sinônimo de moda ou descartável, na verdade, é tudo aquilo que não éerudito (complexo, alternativo, particular). Popular.

Pop (ruído)Neste caso um som característico, normalmente originado do uso indevido demicrofones. Ex.: quando o vocalista gera um grande fluxo de ar nas consoantes “p” e“b”.

PunchSom “na cara”, presente, alto e claro. Apropriado para alguns elementos e estilosmusicais. Relaciona-se com o impacto auditivo sentido pelo ouvinte.

QuantizaçãoNa nomenclatura MIDI, significa ajustar a posição e a duração das notas para que seencaixem em um determinado groove, soem corretamente no tempo e em harmoniarítmica com as notas dos outros instrumentos.

Rádio (versão)Uma mixagem alternativa que foi masterizada para ser tocada no rádio. Quando nãoé própria música original, pode conter uma introdução mais rápida, volume mais altoou menor duração.

RemixVersão remixada de uma música pré-lançada. Novo arranjo, duração, interpretação e /ou estilo.

ReverberaçãoExplicação no capítulo sobre Mixagem. O campo sonoro que é constituído pelasinúmeras reflexões de um espaço físico. O “rastro” do som.

Riff Motivo musical que se repete e tende a caracterizar uma música ou sessão dela.

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Sala de ControleSala de gravação e mixagem, local de trabalho dos técnicos de som. Normalmentepossui isolamento acústico e linha de visão para o estúdio

SampleGravação de áudio de uma nota ou acorde tocados por um instrumento real ouvirtual. Pode ser disparado por sinais MIDI, permitindo, por exemplo, que umteclado toque sons de saxofone.

SolistaMúsico especializado que toca um instrumento, normalmente passagens melódicasconhecidas como solo.

TablaturaRepresentação musical alternativa que simboliza a parte do instrumento que deve sertocada (corda e traste, peça da bateria etc.).

Take Uma das diversas gravações de um mesmo trecho.

TalkbackMecanismo de comunicação entre a Técnica e o Estúdio. Um microfone de talkbacké posicionado dentro da Técnica para que os artistas possam escutar orientações dotécnico, quando necessárias.

Técnica (sala) O mesmo que Sala de Controle.

Teoria da InformaçãoExplica como captamos as informações apresentadas. Ex.: um instrumento podeaparecer na mixagem e depois ser abaixado de volume sem que deixemos de notá-lo(liberando espaço para outros).

Teoria GestaltArgumenta que A+B não é igual a A+B, mas sim C, um todo que é maior que a somadas partes. Na música, a soma dos elementos – resultado final – pesa muito mais doque se tentar teorizar a junção deles.

TimbreConjunto de características que determinam um tipo de som: piano, violino, flauta.Eles podem tocar a mesma nota, mas serão bastante distintos, com ataques,decaimentos e conteúdo espectral diferentes.

TonalidadeO tom de uma música, o acorde fundamental da harmonia. Está relacionada àspossibilidades e limitações dos instrumentos e vozes.

TrilhaUma das pistas de uma gravação multi-pista. Normalmente contém apenas uminstrumento ou voz.

VazamentoSons captados por um microfone que, a princípio, deveriam ser captados poroutro(s). Acontece quando há mais de um microfone exposto à mesma fonte sonora.Às vezes, o vazamento é desejável para se criar naturalidade.

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