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PROCESSAMENTO DE ROUPAS DE SERVIOS DE SADE: Preveno e Controle de Riscos

ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria 2007

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Elaborao: Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

Coordenao Flvia Freitas de Paula Lopes - Gerente Geral de Tecnologia em Servios de Sade GGTESS/ANVISA Maria ngela Avelar Nogueira - Gerente de Tecnologia da Organizao Servios de Sade/GTOSS - GGTES/ANVISA

Equipe Tcnica verso 2007 Adjane Balbino de Amorim Andr Luiz Lopes Sinoti Christiane Santiago Maia Fabiana Cristina de Sousa Ivone Martine Joo Henrique Campos Sousa Joo Valrio de Souza Maria Dolores Santos da Purificao Nogueira Maria Ramos Soares Mirtes Leichsernring Regina Maria Gonalves Barcellos Raul Santa Helena

Colaboradores - verso 2007: Eliane Blanco Nunes Erni Rosa Aires Fabiana Petrocelli Bezerra Paes Heiko Theresa Santana Isabel Cristina Anastcio Macedo Luiz Carlos da Fonseca e Silva Nice Gabriela Alves Sandro Martins Dolghi

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Equipe Tcnica - verso 2000 Cludia Moraes lvares Emyr Ferreira Mendes Eliane Magalhes Pereira da Silva Eneida Peanha de Vasconcelos Eni Rosa Aires Borba Mesiano Estefnia Chicale Galvan Flvio de Castro Bicalho Gilberto Martins Mendes Joane Maria Queiroz Flix Jos Wilson Brasil Gurjo Keite Suzuki Marcelo Gutierrez Manoel Francisco Lopes da Silva Maria Ramos Soares Nazar de Souza Santos Ottorino Scotto Neto Paulo Roberto Zeppelini Ricardo Tranchesi Teresinha Covas Lisboa

Equipe Tcnica - verso 1986: Antonia da Mota e Silva Aparecida Maria Jesuno de Souza Rendano Emyr Ferreira Mendes Filomena Kotaka Manoel Maria Henrique Nava Junior Helena Martins Gomes Luiz Otvio de Souza Zamarioli Maria Bernadete Porto de Faria Frana Maria Gouveia Ferraz Maria Irene Monteiro Magalhes Maria Lira Cartaxo Martha Margaretha Karim Engel de Souza 3

Sylvia Caldas Ferreira Pinto Wanda de Souza Juarez

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SumrioAPRESENTAO ...............................................................................................................6 INTRODUO.....................................................................................................................7 1 2 3 4 5 6. 7 8 9 PLANEJAMENTO E ORGANIZAO DE UMA UNIDADE DE PROCESSAMENTO PROCESSAMENTO DA ROUPA ...............................................................................21 INFRA-ESTRUTURA FSICA .....................................................................................45 EQUIPAMENTOS.......................................................................................................60 PRODUTOS QUMICOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE ROUPAS ........67 QUALIDADE DA GUA..............................................................................................77 MEDIDAS DE PREVENO E CONTROLE DE INFECO ....................................85 SEGURANA E SADE OCUPACIONAL .................................................................94 RESDUOS PROVENIENTES DOS SERVIOS DE SADE ..................................110 DE ROUPAS......................................................................................................................11

SIGLRIO........................................................................................................................113 GLOSSRIO....................................................................................................................114 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA NA VERSO ANTERIOR (2000) ........................................116

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Apresentao com grande satisfao que apresentamos a reviso do Manual de Lavanderia Hospitalar, agora denominado de Processamento de Roupas de Servios de Sade: Preveno e Controle de Riscos. A alterao da denominao lavanderia hospitalar para unidade de processamento de roupas de servios de sade foi um grande avano, considerando que tanto os hospitais quanto todos os servios que utilizam algum tipo de roupa ou txtil na assistncia sade necessitam submet-las ao processamento em um servio especializado e com profissionais capacitados. O processamento de roupas de servios de sade uma atividade de apoio que influencia grandemente a qualidade da assistncia sade, principalmente no que se refere segurana e conforto do paciente e trabalhador. Apesar das atividades realizadas nesse servio no terem sofrido grandes modificaes nos ltimos anos, houve um amadurecimento em relao aos riscos existentes e necessidade de um maior controle sanitrio das atividades ali realizadas. Diante disso, percebemos a necessidade de revisar as orientaes referentes ao processamento de roupas utilizadas nos servios de sade, enfocando o controle e preveno de riscos associados a essa atividade. Outro fator que nos impulsionou a realizar a reviso desse manual foi a grande demanda de informaes sobre o assunto solicitadas pelos profissionais dos servios de sade e das unidades de processamento de roupas. Portanto, esperamos que essa publicao seja um importante instrumento de apoio a todos os envolvidos nas atividades de processamento de roupas de servios de sade e, principalmente, que fomente a prtica voltada ao controle e preveno de riscos.

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IntroduoA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria ANVISA, como coordenadora do Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria, pretende com esse manual fazer uma orientao referente s atividades envolvidas no processamento de roupas de servios de sade, tendo como foco os riscos associados a essa atividades, uma vez que as aes desse sistema baseiam-se no controle de riscos definido pela Lei n 8.080/90: "Entende-se por vigilncia sanitria um conjunto de aes capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos sade e de intervir nos problemas sanitrios decorrentes do meio ambiente, da produo e circulao de bens e da prestao de servios de interesse da sade, abrangendo: I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a sade, compreendidas todas as etapas e processos, da produo ao consumo; II - o controle da prestao de servios que se relacionam direta ou indiretamente com a sade." Observa-se, portanto, que o conceito de risco o principal referencial terico das aes de vigilncia sanitria e a eliminao de riscos refere-se a uma minimizao de sua manifestao a nveis estatisticamente no significantes (MURAHOVSCHI et al, 2006). A definio de risco engloba uma variedade de medidas de probabilidades incluindo aquelas baseadas em dados estatsticos ou em julgamentos subjetivos (GOLDIM, 2001). De acordo com Costa (2000) risco a probabilidade de ocorrncia de um evento danoso sade, relacionado com objetos concretos sob controle sanitrio. Murahovschi el al (2006) avanam no conceito definindo risco como a probabilidade de ocorrncia de um evento adverso que, no caso dos servios de sade, afeta a integridade do paciente, da equipe de sade ou da comunidade onde o servio est inserido. Segundo eles o risco determinado por dois componentes: O risco inerente aquele que advm do prprio processo ou procedimento em questo, seja por limitaes tecnolgicas ou do "estado da arte" desta atividade, ou por caractersticas prprias do paciente que est sendo submetido a um processo ou procedimento.

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O risco adquirido o risco adicionado, ou seja, uma parcela que no decorrente da natureza do processo, procedimento ou daquele que recebe esta ao. Este risco adquirido pode resultar da falta de qualidade na assistncia sade. A vigilncia sanitria tem trabalhado no sentido de reduzir o risco atribudo s diferentes condies de estrutura e de processo de trabalho (MURAHOVSCHI et al, 2006). Ainda como descrito por Costa (2004), os riscos sade se instalam em qualquer momento do processo produo consumo. Tambm refere que a produo especialmente em determinados ramos de atividade gera riscos sade do trabalhador e ao meio ambiente e que neste percurso, intencionalmente ou por falhas no processo, podem ser adicionados riscos aos objetos de consumo. Refere que isso agravante para as questes de sade, pois no caso de produtos de interesse sanitrio, muitos deles, por si mesmos, j contm certo quantum de riscos. A mesma autora (2004) afirma que na prestao de servios, direta ou indiretamente relacionados com a sade, tambm so gerados riscos, potencialmente multiplicados pelo uso concomitante de diversas tecnologias em ambiente exposto a diversos fatores de riscos. De acordo com Murahovschi et al (2006), a avaliao e o gerenciamento de risco so os elementos fundamentais para as aes da vigilncia sanitria. Segundo Luchese (2001) a Avaliao de Risco, de natureza mais cientfica (estatstica e epidemiolgica), consiste no uso de bases concretas de dados para definir os efeitos de uma exposio (indivduos ou populao) a materiais ou situaes; ou seja conhecer a relao causaefeito e possveis danos ocasionados por um determinado agente e o Gerenciamento de Risco, ao de orientao poltico-administrativa, o processo de ponderar as alternativas de polticas e selecionar a ao regulatria mais apropriada, integrando os resultados da avaliao de risco com as preocupaes sociais, econmicas e polticas para chegar a uma deciso; decide o que fazer com risco avaliado e se ele pode ser aceitvel. Hoje em dia j se pode identificar experincias bem sucedidas na preveno e controle de riscos em servios de sade, em geral acumulando aes de educao, regulamentao, incentivo a sistemas externos de qualidade, estruturao de redes sentinelas, sistemas de informao, notificao e investigao de eventos adversos (GASTAL, ROESSLER, 2006). Para Murahovschi et al (2006) o controle de risco e qualidade so inseparveis e a diminuio da qualidade da assistncia prestada leva ao aumento do risco para 8

usurios e trabalhadores. Na vigilncia sanitria de servios de sade, aos conceitos mais amplos de gerenciamento de risco e qualidade, agrega-se ao marco terico uma abordagem j tradicional da administrao em sade: os conceitos de estrutura, processo e resultados de Donabbedian, absorvidos da teoria de sistemas. (MURAHOVSCHI et al, 2006). A estrutura trata de caractersticas mais estveis, incluindo informaes sobre recursos materiais (como instalaes e equipamentos), humanos (nmero e qualificao) e estrutura organizacional (critrios de operao, sistemas de avaliao, etc.). Quando se trata de processo, visa-se analisar o fazer dos profissionais, na conduo dos cuidados e sua interao com os pacientes. Por fim, o resultado volta-se ao estudo dos efeitos e conseqncias das intervenes, utilizando taxas, indicadores, parmetros de sade e de satisfao da clientela (DONABEDIAN, 1988). A unidade de processamento de roupas realiza diversas atividades que envolvem riscos sade do trabalhador, usurio e meio ambiente e, por isso, alvo da ao de regulao da vigilncia sanitria. De acordo com Prochet (2000), o servio de processamento de roupas uma rea da sade pouco conhecida e estudada, que pode, entretanto, representar um grave problema, principalmente pelas condies e riscos que oferece ao trabalhador desse setor, o qual est sujeito aos riscos fsicos, qumicos, biolgicos, ergonmicos, psicossociais e de acidentes. Dentro dessa classificao destacam-se aqueles relacionados ao uso de produtos qumicos, manipulao e operao dos equipamentos, inadequao da infra-estrutura fsica da unidade e organizao do trabalho. Diante do exposto, conclui-se que a qualidade das atividades da unidade de processamento de roupas em servios de sade est intrinsecamente relacionada ao gerenciamento dos riscos associados, o que requer, cada vez mais, conhecimento e divulgao cientfica sobre a temtica.

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Referncias Bibliogrficas

BRASIL. Lei n 9782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria, cria a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria, e d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 27 de janeiro de 1999. BRASIL. Lei n. 8.080 de 19 de setembro de 1990. Lei Orgnica da Sade. Dispe sobre as condies para a promoo, proteo e recuperao da sade, a organizao e o funcionamento dos servios correspondentes e d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 20 de setembro de 1990. COSTA, E.A. Vigilncia Sanitria: Proteo e Defesa da Sade. 2 ed. So Paulo: Sobravime, 2004. GOLDIM J.R. Risco. Disponvel em . Acesso em 21/05/07. DONABEDIAN, A. Quality assessment an assurance: unity of purpose, diversity of means. Inquiry, v. 25, n. 1, p. 173-192, 1988. GASTAL, F. L.; ROESSLER, I. F. Avaliao e qualidade. Braslia, 2006. (Mdulo 2 do curso on-line: Talsa multiplicadores. Promovido pela Organizao Nacional de Acreditao ). MINISTRIO DA SAUDE. Representao no Brasil da OPAS/OMS e Ministrio da Sade. Manual de Procedimentos para os Servios de Sade: Doenas Relacionadas ao Trabalho. Braslia: ed. Ministrio da sade, 2001. MURAHOVSCHI, C.H.P: LOPES, F.F.P.; ROESSLER , I. F; GASTAL, F. L. Avaliao e qualidade. Braslia, 2006. (Mdulo 3 do curso on-line Talsa multiplicadores. Promovido pela Organizao Nacional de Acreditao). PROCHET,T.C. Lavanderia Hospitalar: condies e riscos para o trabalhador. Nursing. v.3, n 28, p.32-34, set. 2000.

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1 Planejamento e Organizao de uma Unidade de Processamento de Roupas1.1 Introduo A unidade de processamento da roupa de servios de sade considerada um setor de apoio que tem como finalidade coletar, pesar, separar, processar, confeccionar, reparar, e distribuir roupas em condies de uso, higiene, quantidade, qualidade e conservao a todas as unidades do servio de sade (GODOY et al, 2004). Exerce uma atividade especializada, que pode ser prpria ou terceirizada, intra ou extra servio de sade, devendo garantir o atendimento demanda e a continuidade da assistncia. As roupas utilizadas nos servios de sade incluem lenis, fronhas, cobertores, toalhas, colchas, cortinas, roupas de pacientes, fraldas, compressas, campos cirrgicos, mscaras, props, aventais, gorros, dentre outros (KONKEWICZ, s/d; RUTALA; WEBER, 1997). Por meio desses exemplos, percebe-se existe uma grande variedade de sujidades, locais de origem e formas de utilizao dessas roupas nos servios de sade (KONKEWICZ, s/d). As atividades realizadas na unidade de processamento de roupas no se aplicam apenas para roupas provenientes de hospitais, mas tambm de clnicas mdicas e odontolgicas e de outros servios que realizam atividades assistenciais. Ressalta-se que, por serem provenientes de servios de sade, as roupas utilizadas nesses locais devem ser enviadas a uma unidade de processamento com especificidades que sero abordadas nesse manual. Um aspecto que atualmente tem influenciado a prtica do processamento de roupas refere-se tendncia a se terceirizar esse tipo de atividade. Muitos servios de sade tm optado por essa prtica abstendo-se, assim, da preocupao com a sua administrao, alm do ganho de espao fsico para outras atividades relacionadas assistncia direta sade. Nota Importante: Alguns servios de sade, como clnicas odontolgicas ou mdicas e ambulatrios, podem optar por usar roupas descartveis, como campos e aventais cirrgicos, abstendo-se, com isso, da necessidade de construir ou contratar uma unidade de processamento de roupas. 11

1.2

Atividades Realizadas pela Unidade de Processamento de Roupas O processamento da roupa dos servios de sade abrange as seguintes

atividades: Retirada da roupa suja da unidade geradora e o seu acondicionamento

Coleta e transporte da roupa suja at unidade de processamento

Recebimento, pesagem, separao e classificao da roupa suja

Processo de lavagem da roupa suja

Centrifugao

Secagem, calandragem ou prensagem ou passadoria da roupa limpa

Separao, dobra, embalagem da roupa limpa

Armazenamento, transporte e distribuio da roupa limpa A unidade de processamento de roupas tambm pode realizar outras atividades, como o preparo de pacotes de roupas para esterilizao, confeco e reparo de peas. Nota Importante: Alm dessas atividades, tambm so realizadas a higienizao do ambiente e de seus equipamentos, aes voltadas preveno de riscos e sade dos trabalhadores, assim como a manuteno dos equipamentos. 12

1.3

Planejamento O processamento da roupa com qualidade fundamental para o bom

funcionamento do servio de sade (KONKEWICZ, s/d) e deve ser efetuado de forma que a roupa e todas as etapas do seu processamento no representem veculo de contaminao, eventos adversos ou qualquer outro dano aos usurios, trabalhadores e ambiente. O planejamento de uma unidade de processamento de roupas de servios de sade depende de suas funes, da complexidade das aes e instalaes e da sua localizao (BRASIL, 1986). Qualquer que seja a sua dimenso e capacidade, a unidade, quando for intra-servio de sade, deve ser planejada, instalada, organizada e controlada com o rigor dispensado aos demais setores do servio (RICHTER 1979). Para esse planejamento necessria uma equipe multiprofissional, que pode ser composta por arquiteto, engenheiro, enfermeiro, profissionais de controle de infeco e de segurana e sade no trabalho, dentre outros (KOTAKA, 1989). Segundo Mezzomo (1992), o processamento de roupa envolve um elevado nmero de itens a considerar no seu planejamento, quais sejam: a planta fsica da unidade; a disposio dos equipamentos; as instalaes hidrulicas; as tcnicas de lavar, centrifugar, calandrar e secar; a dosagens dos produtos; a manipulao, transporte e estocagem da roupa; o quadro e jornada de trabalho do pessoal e a reduo de custos. Para Kotaka (1989) uma unidade de processamento de roupas bem planejada resultar na eficincia dos processos realizados, na economia dos custos operacionais e de manuteno, na confiabilidade, segurana e conforto dos trabalhadores e usurios. Nota Importante: No planejamento devem ser observados padres e normas de segurana e sade ocupacional, de proteo contra incndio, de controle de infeco, recursos humanos, infra-estrutura fsica, equipamentos, produtos e insumos, dentre outros (BRASIL, 2005 NR 32; BRASIL, 2002).

1.4

Condies para o Funcionamento A unidade de processamento de roupas est sujeita ao controle sanitrio pelo

Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria SNVS, conforme definido na Lei 9.782 de 1999, tendo em vista os riscos sade dos usurios, trabalhadores e meio ambiente relacionados aos materiais, processos, insumos e tecnologias utilizadas (BRASIL,1999).

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A unidade de processamento de roupas, quando terceirizada, no poder funcionar sem o alvar sanitrio/licena de funcionamento emitido pelo rgo de vigilncia sanitria estadual ou municipal. O alvar/licena somente concedida aps a inspeo do servio para verificao das condies de funcionamento e se a execuo do projeto est de acordo com a aprovao prvia da vigilncia. O servio que funcionar sem esse documento estar infringindo a Lei Federal n. 6437/77 (BRASIL, 1977). Vale ressaltar que as unidades que fazem parte de um servio de sade no precisam de um alvar sanitrio especfico, uma vez que o servio ao qual pertence dever possuir tal alvar. Nota Importante: As unidades de processamento de roupas terceirizadas, intra ou extra servios de sade, devem possuir alvar sanitrio prprio. Normalmente esse documento solicitado no ato do incio das atividades; quando houver alteraes de endereo, do ramo de atividade, do processo produtivo ou da razo social; quando tiver ocorrido fuso, ciso e incorporao societria; ou anualmente, conforme definio da vigilncia sanitria local (BRASIL, 2006). A emisso e renovao da licena ou alvar de funcionamento um processo descentralizado, realizado pelos estados e municpios e, portanto, definido de acordo com a legislao local. Cada estado e ou municpio define o trmite legal e documental, assim como a sua validade. Nota Importante: A licena sanitria, tambm chamada de alvar de funcionamento, licena de funcionamento ou alvar sanitrio, o documento expedido pela Vigilncia Sanitria Estadual, Municipal ou do Distrito Federal. Os endereos das Vigilncias Sanitrias podem ser acessados no stio eletrnico da Anvisa: www.anvisa.gov.br. As unidades de processamento de roupas de servios de sade que tambm processam roupas de outros tipos de servios como hotis e motis devem observar as orientaes contidas neste manual. Em seu alvar sanitrio deve constar de forma especfica os tipos de servios que atende e a origem das roupas a serem processadas, como por exemplo: servios de sade, hotis, motis, domiclio, etc. Nota Importante: Unidades de processamento de roupas intra-servio de sade no podem lavar roupas de outros tipos de servios como hotis, motis e domiciliares. 14

Outros requisitos a serem observados: Registros de segurana e sade ocupacional, conforme normalizao do Ministrio do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2005 - NR32); Aprovao e registro nos rgos competentes (meio ambiente, defesa civil, prefeituras, entre outros); e Registro da caldeira, caso o servio possua, no Ministrio do Trabalho e Emprego, conforme disposto na NR13 (BRASIL, 1978 NR 13).

1.5

Organizao do Servio A organizao de um processo de trabalho em equipe, com cooperao e viso

integral do usurio, constitui-se numa tarefa diria de superao de desafios. O que se pretende alcanar os objetivos na construo de uma prtica que vise melhoria contnua da qualidade, sem fragmentao, possibilitando um melhor atendimento ao usurio, conferindo boas condies de trabalho para a equipe e minimizando a exposio aos agentes de risco inerentes s atividades executadas (BRASIL, 2006). A eficiente gesto e operacionalizao da unidade de processamento de roupas, a capacitao de recursos humanos, bem como o cumprimento das normas e orientaes de segurana e sade ocupacional so alguns dos aspectos que devem ser considerados visando reduo dos riscos e garantia da qualidade. A unidade de processamento de roupas deve possuir normas e rotinas padronizadas e atualizadas de todas as atividades desenvolvidas, as quais devem estar registradas e acessveis aos profissionais envolvidos. De acordo com Lisboa (1998), os procedimentos praticados na unidade de processamento de roupas so uniformes e representados sob a forma de regimento, que refere ser um instrumento administrativo de grande valia, contendo objetivos e obrigaes do servio, que devem ser divulgados a todos os funcionrios. A autora ainda refere que neste {...}est contido todo o aspecto normativo que envolve a unidade, apresentando em forma de captulos no tocante a estrutura, finalidades, atribuies orgnicas e funcionais, lotao quantitativa e qualitativa do pessoal, jornada de trabalho, impressos utilizados, normas tcnicas e administrativas (LISBOA, 1998). A unidade de processamento deve desenvolver um trabalho pautado nas orientaes de uma comisso de controle de infeco CCIH. As unidades de 15

processamento de roupas que esto inseridas dentro de um servio de sade podem receber orientaes da Comisso de Controle de Infeco desse servio. J aquelas unidades terceirizadas e que so localizadas extra-servio de sade podem seguir as orientaes da CCIH do servio de sade que atende ou conforme definido pela sua administrao. Nota Importante: A unidade de processamento de roupa terceirizada e o servio de sade que atende devem estabelecer um contrato formal de prestao de servio.

1.6

Equipe de Trabalho da Unidade de Processamento O quantitativo de recursos humanos necessrios ao funcionamento de uma

unidade de processamento de roupas varia de acordo com a complexidade da unidade, demanda, tipo de equipamentos e horrio de funcionamento. Os cargos e funes de pessoal devem estar descritos de forma clara e concisa, bem como a estrutura organizacional e a qualificao dos profissionais. A unidade deve possuir um responsvel tcnico com formao mnima de nvel mdio, capacitao em segurana e sade ocupacional e que responda perante a vigilncia sanitria por pelas aes ali realizadas, nesse ultimo caso, se a unidade de processamento for terceirizada. Segundo Prochet (2000), necessrio manter profissionais devidamente qualificados para que se possa viabilizar a construo de um mapa de risco e instaurar medidas eficazes de cunho preventivo, visando proteo do trabalhador, visto a possibilidade de inmeros acidentes de trabalho e doenas ocupacionais proporcionados nesse ambiente. O trabalhador deve ser capacitado para a execuo das suas atividades no que se refere aos aspectos tcnicos e operacionais, legislao, novas tecnologias, preveno e controle de infeco e a segurana e sade ocupacional. De acordo com Lisboa (1998), o treinamento do trabalhador do servio de processamento de roupas deve conter noes fundamentais sobre a exposio aos agentes qumicos, biolgicos, fsicos, referindo que a conscientizao sobre os riscos associados a esses agentes realizada, normalmente, pela apresentao de slides, filmes, cartazes ou dramatizao .

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1.7

Estimativa da Capacidade da Unidade de Processamento de Roupas A frmula para se fazer uma estimativa da quantidade e peso da roupa a ser

processada diariamente em uma unidade de processamento de roupas ainda hoje aquela presente na verso do Manual de Lavanderia de 1986, uma vez que no existem estudos recentes sobre esse assunto. Portanto, esse tpico ser mantido como na verso de 1986, a fim de nortear os servios na definio dessa estimativa. Vale ressaltar que se deve levar em considerao as novas tecnologias, como uso de roupas descartveis, a caracterstica da clientela, o porte do servio, as caractersticas dos servios que atendem (no caso de terceirizao), dentre outros. A relao kg/paciente pode variar dependendo da especialidade do servio de sade, da freqncia de troca de roupas ou mesmo da utilizao de roupas ou enxoval descartveis, e tambm se o servio prprio ou terceirizado. Um servio de sade voltado assistncia ambulatorial de pacientes com problemas mentais, por exemplo, certamente necessitar lavar menos roupas que um servio de sade que realiza cirurgias. As condies climticas da localidade onde a unidade de processamento de roupas est instalada tambm interferem na quantidade de roupa a ser lavada. Nas regies frias utilizam-se mais cobertores e colchas que nas regies quentes. Esse fator pode acrescentar at 50% massa total da roupa utilizada no servio de sade, interferindo consideravelmente no seu dimensionamento (BRASIL, 1986). Segue na tabela abaixo uma estimativa de carga de roupa de acordo com o tipo de hospital.

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Quadro 1 - Carga de roupa de acordo com o tipo de hospital.TIPO DE HOSPITAL Hospital de longa permanncia, para pacientes crnicos Hospital geral, estimando-se uma troca diria de lenis Hospital geral de maior rotatividade, com unidades de pronto-socorro, obstetrcia, pediatria, e outras Hospital especializado, de alto padro Hospital escolaFonte: Manual de Lavanderia de 1986

CARGA DE ROUPA 2 kg/leito/dia 4 kg/leito/dia 6 kg/leito/dia

8 kg/leito/dia 8 a 15 kg/leito/dia

Para calcular o peso de roupa a ser processada por dia a primeira verso desse manual sugere a seguinte frmula:

N de leitos* x Carga de Roupa (kg/leito/dia) x 7 (dias) ------------------------------------------------------------------------------------ = kg/dia Jornada de Trabalho (dias/semana)* o nmero de leitos pode ser considerado o nmero de leitos do hospital caso seja uma unidade de processamento intra-hospitalar ou o nmero de leitos total de todos os servios atendidos, caso seja uma unidade de processamento terceirizada.

Nota Importante: Essa frmula geralmente usada para as unidades de processamento de roupas que atendem a um nico servio de sade, porm pode ser adaptada s unidades que atendem vrios servios de sade.

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Referncias Bibliogrficas AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA.

Servios

Odontolgicos:

Preveno e Controle de Riscos. Braslia: ed. Anvisa, 2006. 156 p. (Srie A. Normas e Manuais Tcnicos). BRASIL. Lei n 9782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria, cria a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria, e d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 27 de janeiro de 1999. BRASIL. Lei n 6.437, de 20 de agosto de 1977. Configura Infraes legislao sanitria federal, estabelece as sanes respectivas, e d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 24 de agosto de 1977. BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Resoluo RDC n.189, de 18 de julho de 2003. Dispe sobre a regulamentao dos procedimentos de anlise, avaliao e aprovao dos projetos fsicos de estabelecimentos de sade no Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria, altera o Regulamento Tcnico aprovado pela RDC n 50, de 21 de fevereiro de 2002 e d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 21 de julho de 2003. BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Resoluo RDC n. 50, de 21 de fevereiro de 2002. Regulamento tcnico para planejamento, programao, elaborao e avaliao de projetos fsicos de estabelecimentos assistenciais de sade. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 20 de maro de 2002. BRASIL. Ministrio do Trabalho e Emprego. Portaria MTE n. 485, de 11 de Novembro de 2005. Dispe sobre a Norma Regulamentadora 32 - Segurana e Sade no Trabalho em Estabelecimentos de Assistncia Sade. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 16 de novembro de 2005. MINISTRIO DA SADE. Manual de Lavanderia Hospitalar. Braslia: Centro de documentao do Ministrio da sade, 1986. 47 p.

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KONKEWICZ LR. Preveno e controle de infeces relacionado ao processamento das roupas hospitalares. Disponvel em acesso em 01 de maro de 2006. KOTAKA, F. Lavanderia Hospitalar: Sugesto para o planejamento do recurso fsico. Revista Paulista de Hospitais. So Paulo, v. 37, n. 9/12 P.118-125, set-dez 1989. LISBOA, T. C. Lavanderia Hospitalar: Reflexes sobre Fatores Motivacionais. 1998. 138p. Tese (Doutorado). Universidade Mackenzie. So Paulo. 1998. PROCHET,T.C. Lavanderia Hospitalar: condies e riscos para o trabalhador. Rev. Nursing. v.3, n 28, p.32-34, set. 2000. RICHTER, H. B. Moderna lavanderia hospitalar. 2 ed. So Paulo: Sociedade Beneficiente So Camilo, 1979. RUTALA, W.A.; WEBER, D.J. Uses of inorganic hypochlorite (bleach) in health-care facilities. Clin Microbiol Rev, v. 10, p. 597610, 1997.

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2 Processamento da Roupa2.1 Introduo O processamento da roupa consiste em todos os passos requeridos para a coleta, transporte e separao da roupa suja, bem como aqueles relacionados ao processo de lavagem, secagem, calandragem, armazenamento e distribuio (TIETJE; BOSSEMEYER; MCINTOSH, 2003). Segue abaixo a descrio detalhada de todas as etapas do processamento da roupa.

2.2

Remoo da Roupa Suja da Unidade Geradora O processamento da roupa inicia-se com a retirada da roupa suja das reas onde

foram utilizadas (CDC, 2003), tambm chamadas nesse manual de unidade geradora. Na retirada da roupa suja da unidade geradora, deve haver o mnimo de agitao e manuseio, observando-se as precaues padro, independente da sua origem ou do paciente que a usou (HEALTH CANADA, 1998; CDC 2003; GREENE, 1970 apud CDC 2003; WHO, 2004). Isso ajuda a prevenir acidentes e disperso de microrganismos para o ambiente, trabalhadores e pacientes (TIETJE; BOSSEMEYER; MCINTOSH, 2003; GARNER, 1996 apud CDC 2003; WHO, 2004). A roupa suja deve ser imediatamente colocada em saco hamper, onde permanecer at a sua chegada ao servio de processamento (OTERO, 2000). Recomenda-se transport-la dobrada ou enrolada a partir da rea de maior sujidade para a de menor sujidade e colocar no centro do saco aquelas que estiverem molhadas ou mais sujas, evitando o vazamento de lquidos e a contaminao do ambiente, dos funcionrios ou de outros pacientes (OTERO, 2000; HEALTH CANADA, 1998). Grande quantidade de sujeira slida como fezes e cogulos presentes na roupa devem ser removidos com as mos enluvadas e jogados no vaso sanitrio, dando descarga com a tampa fechada (HEALTH CANADA, 1998; WHO, 2007). No indicado remover essas excretas com jato de gua (HEALTH CANADA, 1998). Estudos mostraram que a prtica de usar sacos duplos para a retirada da roupa suja de reas de isolamento desnecessria e apenas aumenta os custos. (MAKI; ALVARADO; HASSEMER 1986; PUGLIESE 1989; WEINSTEIN et al, 1989 apud OTERO 2000). Outros estudos tambm mostraram que no existe diferena entre o nvel de

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contaminao de roupas provenientes de pacientes em isolamento ou de enfermarias comuns (MAKI; ALVARADO; HASSEMER, 1986; PUGLIESE, 1989; WEINSTEIN, et al 1989 apud CDC, 2003). Nota Importante: A equipe de sade da unidade geradora deve ser orientada a evitar que objetos perfurocortantes, instrumentos ou outros artigos que possam causar danos aos trabalhadores e/ou aos equipamentos sejam deixados juntamente com a roupa suja nos sacos de coleta (HEALTH CANADA, 1998; CDC, 2003). Para o acondicionamento da roupa suja recomenda-se saco hamper de plsticos ou de tecido, que tenha qualidade suficiente para resistir ao peso da roupa, de modo a no romper durante a sua manipulao e transporte (OTERO 2000). Os sacos de tecido so adequados para a maioria das roupas e devem ser submetidos ao mesmo processo de lavagem da roupa antes de serem reutilizados (HEALTH CANADA,1998; CDC, 2003). J os sacos plsticos so de uso nico e sugere-se que possuam cor diferente dos sacos de resduos de servios de sade, evitando com isso confuso, troca dos sacos e destino errado dos mesmos. Outros cuidados com o acondicionamento da roupa devem incluir: fechar os sacos adequadamente de forma a impedir a sua abertura durante o transporte, no exceder da sua capacidade (HEALTH CANADA,1998; WAIKATO DISTRICT HEALTH BOARD POLICY, 2006) e armazen-los em local destinado para esse fim que, segundo a RDC 50/02, pode ser a sala de utilidades ( BRASIL, 2002). O local destinado para o armazenamento da roupa suja na unidade geradora deve ser arejado e higienizado, conforme rotina pr-estabelecida, a fim de evitar o aparecimento de insetos e roedores. A coleta deve ser realizada em horrio prestabelecido e a roupa deve permanecer o menor tempo possvel na unidade geradora antes de ser transportada para a unidade de processamento. O tempo em que a roupa suja permanece depositada antes de ser processada est mais relacionado a questes prticas, como remoo de manchas e aspectos estticos, do que o controle de infeco (URUGUAI, 2006). No aconselhado a utilizao de saco solvel, uma vez que esse requer o uso de gua quente, pode causar manchas na roupa ou dificultar a remoo de manchas e no oferece nenhum benefcio relacionado ao controle de infeco, alm de aumentar o custo do processamento da roupa (OTERO, 1999).

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Nota Importante: No necessria a segregao de roupa em funo da unidade geradora, por exemplo: unidade de isolamento, neonatologia, unidade de queimados (CDC, 2003) ou unidade de alimentao e nutrio (UAN).

2.3

Coleta e Transporte da Roupa Suja Para a coleta e transporte da roupa suja, o trabalhador da unidade de

processamento dever seguir as orientaes de manuseio contidas no item anterior e tambm estar adequadamente paramentado, conforme estabelecido no captulo de controle de infeco. Nota Importante: O trabalhador que realiza o transporte de roupa suja deve utilizar equipamento de proteo individual, conforme captulo de controle de infeco, no momento do recolhimento da roupa, porm, ao abrir portas ou apertar boto de elevador deve faz-lo sem luva. A roupa suja deve ser transportada de tal forma que o seu contedo no contamine o ambiente ou o trabalhador que a manuseia. O transporte pode ser efetuado por meio de carro de transporte e por tubo de queda (JOINT COMMITTEE ON HEALTHCARE LAUNDRY GUIDELINES, 1999 apud CDC, 2003; MCDONALD E PUGLIESE, 1999 apud CDC, 2003). O carro utilizado para o transporte de roupa suja dentro do servio de sade deve ser preferencialmente exclusivo para esse fim, leve, de fcil higienizao, possuir dreno para eliminao de lquido e confeccionado de material que permita o uso de produtos qumicos para sua limpeza e desinfeco. Alm disso, precisa estar nitidamente identificado a fim de evitar que seja confundido com o carro de transporte interno de resduos de servios de sade. Nota Importante: desejvel que o transporte da roupa limpa e suja seja efetuado em carros separados, porm, se o servio dispe apenas de uma carro para esse fim, podese optar pela lavagem e desinfeco do mesmo aps o transporte da roupa suja e antes do transporte da roupa limpa. (TIETJE; BOSSEMEYER; MCINTOSH, 2003, OTERO, 2000).

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Se o servio utilizar tubo de queda/chutes necessrio o acondicionamento da roupa de forma segura para no ocorrer o extravasamento e a disperso de aerossis, portanto, ao enviar a roupa por esse sistema, imprescindvel assegurar que os sacos estejam adequadamente fechados (WHYTE; BAIRD; ANNAND, 1969 apud CDC, 2003). O projeto e construo do monta-cargas e do tubo de queda deve seguir a Resoluo RDC/ANVISA n. 50 de fevereiro 2002. Nota Importante: A RDC 50/02 determina que o servio de sade que no possui unidade de processamento de roupas interna deve dispor de uma sala especfica para o armazenamento da roupa suja at a sua coleta pela unidade de processamento externa (Brasil, 2002).

2.4

Transporte de Roupa para a Unidade de Processamento Externa Ao transportar a roupa para a unidade de processamento externa ao servio de

sade, fundamental considerar: A separao entre roupa limpa e suja, deve ser rigorosa, envolvendo, preferencialmente, veculos distintos ou, pelo menos, com reas ou contineres separados (CDC, 2003); O veiculo pode ser dividido fisicamente em dois ambientes com acessos independentes, para separar a roupa limpa da roupa suja (CDC, 2003; HEALTH CANADA, 1998); Se a unidade de processamento possuir apenas um veculo para o transporte de roupa limpa e suja, deve primeiramente distribuir toda a roupa limpa, e posteriormente realizar a coleta da roupa suja; No caso citado anteriormente, o veiculo deve passar pelo processo de higienizao e desinfeco aps a coleta de roupa suja (CDC, 2003).

2.5

Processamento da Roupa na rea Suja Na rea suja da unidade de processamento, a roupa deve ser classificada e

pesada antes de iniciar o processo de lavagem. Nessas etapas mantm-se as recomendaes de realizar o mnimo de agitao e manuseio das roupas (HEALTH CANADA, 1998; CDC 2003).

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Nota Importante: indicado que os trabalhadores da rea suja, ao trmino do trabalho, no saiam do local sem tomar banho e trocar de roupa (LISBOA, 1998).

2.5.1 Pesagem A pesagem da roupa pode ser realizada em duas etapas distintas: no momento do recebimento na unidade de processamento, para fornecer dados para o controle de custos, e aps a separao e classificao, para dimensionar a carga do processo de lavagem de acordo com a capacidade da lavadora.

2.5.2 Separao e Classificao A qualidade da lavagem comea na separao da roupa suja, quando esta classificada de acordo com o grau de sujidade, tipo de tecido e cor (RICHTER, 1979). a fase do processamento que oferece maior risco aos trabalhadores sob o ponto de vista de infeco e sade ocupacional (FERNANDES, 2000; GODOY et al, 2004). Apesar de infreqentes, infeces associadas a essa fase tm sido atribudas inadequao na higienizao e uso de EPI (MACDONALD, 2002 apud TIETJE; BOSSEMEYER; MCINTOSH, 2003). Portanto, essencial observar as orientaes contidas nos captulos de controle de infeco e de sade ocupacional. A separao da roupa suja tem como objetivos: Agrupar as roupas que podem ser lavadas em conjunto, de acordo com o grau de sujidade e as suas caractersticas; Localizar e retirar objetos estranhos que possam estar presentes junto com a roupa. Esses objetos podem, alm de aumentar a exposio ocupacional a injrias e infeco (OTERO, 2000), danificar os equipamentos e tecidos. Nota Importante: Na separao, as peas de roupa devem ser cuidadosamente abertas, puxando-as pelas pontas sem apertar, para a verificao e retirada de objetos estranhos, como instrumentais, artigos perfurocortantes, de uso pessoal, tecidos humanos, entre outros, provenientes da unidade geradora e que foram encaminhados misturados com a roupa suja (CDC, 2003). Alm disso, devem ser manuseadas com o mnimo de agitao.

Parmetros para Classificao da Roupa Suja: a) Grau de sujidade 25

Sujidade pesada roupa com sangue, fezes, vmitos e outras sujidades proticas; Sujidade leve roupa sem presena de fluidos corpreos, sangue e/ou produtos qumicos. b) Colorao da roupa A classificao por cor tem o objetivo de evitar manchas. Sugere-se a seguinte diviso: Roupa branca e cores claras; Roupa de cores firmes; Roupa de cores desbotveis. c) Tipo de Fibra Txtil O processo de lavagem no o mesmo para todos os tipos de tecido, variando conforme sua origem e composio. Portanto deve-se considerar o tipo de tecido ao classificar a roupa. d) Tecido, Formato, Tamanho e/ou Tipo de Pea Esse tipo de classificao, alm de determinar o processo de lavagem a ser escolhido, facilita o trabalho na rea limpa e no setor de acabamento. As roupas podem ser classificadas como: lisas: lenis, fronhas, colchas, etc.; tecidos felpudos: toalhas, roupes, etc.; roupas cirrgicas : campos operatrios, aventais, etc.; uniformes e paramentos : camisas, camisolas, calas, pijamas, etc.; roupas especiais : cobertores, etc.; absorventes: compressas cirrgicas, fraldas, etc. Peas pequenas podem ser colocadas em sacos de lavagem especficos para o processamento. Nota Importante: A freqente higienizao das mos pelo pessoal que manuseia roupa suja essencial para a preveno de infeces.

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2.6

Processo de lavagem Aps pesagem e classificao da roupa suja, a mesma colocada dentro da

lavadora na rea suja e no final do processo de lavagem, retirada por meio da abertura voltada para a rea limpa. O processo de lavagem da roupa tem sofrido algumas modificaes ao longo do tempo pelo surgimento de novos produtos qumicos e dos avanos tecnolgicos que propiciaram lavadoras mais eficientes e com recursos cada vez mais informatizados. O processo de lavagem da roupa consiste na eliminao da sujeira, deixando-a com aspecto e cheiro agradveis, alm do nvel bacteriolgico reduzido ao mnimo. So aspectos importantes dessa etapa: a restituio da maciez e elasticidade dos tecidos e a preservao das fibras e cores, de forma a propiciar conforto para o uso (BRASIL, 1986). De acordo com Barrier (1994), a roupa desinfetada durante o processo de lavagem, tornando-se livre de patgenos vegetativos, mas no torna-se estril. A lavagem consiste numa seqncia de operaes ordenadas, que leva em considerao o tipo e a dosagem dos produtos qumicos, a ao mecnica produzida pelo batimento e esfregao das roupas nas lavadoras, a temperatura e o tempo de contato entre essas variveis. O perfeito balanceamento desses fatores que define o resultado final do processo de lavagem (TORRES, LISBOA, 2001; BARRIER, 1994). Nota Importante: A descontaminao de qualquer tipo de roupa antes do processo de lavagem desnecessria (TIETJE, BOSSEMEYER, MCINTOSH, 2003).

2.6.1 Ciclos e Fases do processo de lavagem No existe um processo nico e ideal para a lavagem de todas as roupas do servio de sade (RITCHER, 1979). As fases de um ciclo completo de lavagem consistem em: umectao, enxges, pr-lavagem, lavagem, alvejamento, enxges, acidulao e amaciamento (BRASIL, 1986; RIGGS; SHERRILL, 1999 apud CDC, 2003). Um ciclo completo de lavagem geralmente aplicado para roupas com sujidade pesada. Para roupas com sujidade leve, dispensam-se as etapas de umectao, primeiros enxges e pr-lavagem, sendo que o ciclo inicia-se na etapa de lavagem (BRASIL, 1986).

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Umectao Consiste no uso de produtos que dilatam as fibras e reduzem a tenso superficial da gua, facilitando a penetrao da soluo e a remoo de sujidades, como sangue, albuminas, dentre outras. Nesta fase a gua deve estar temperatura ambiente, uma vez que a gua aquecida favorece a fixao da matria orgnica ao tecido.

Pr-lavagem A pr-lavagem tem como funo emulsionar as gorduras cidas, dilatar as fibras dos tecidos, preparando-os para as operaes seguintes e, conseqentemente, diminuir o uso de produtos qumicos (BARRIE, 1994). Nesta fase so usados detergentes que tm propriedades de remoo, suspenso e emulso da sujidade (BARRIE, 1994), como descrito abaixo: A remoo da sujidade ocorre pela ao qumica do detergente nas partculas de sujeira e o seu deslocamento por meio da ao mecnica; A suspenso ocorre em conseqncia da ao do detergente sobre a sujidade, deixando-a suspensa na gua; A emulso ocorre pelo poder de umectao do detergente tensoativo, que reage com a sujidade de natureza oleosa. O consumo de produtos qumicos menor usando-se a pr-lavagem, que remove grande parte da sujidade presente na roupa, enquanto que o restante ser eliminado nas demais etapas.

Lavagem Os princpios associados no processo de lavagem so de ordem fsica (mecnica, temperatura e tempo) e qumica (detergncia, alvejamento, desinfeco, acidulao e amaciamento) (BRASIL, 1986). Na fase da lavagem, a combinao das aes mecnica, da temperatura, do tempo e da detergncia tem a finalidade de remover o restante da sujidade (BARRIE, 1994; NICHOLES, 1970 apud CDC, 2003; CDC, 2003).

Ao mecnica A ao mecnica produzida pelo batimento e esfregao das roupas nas lavadoras. Isso ocorre devido rotao do tambor, que exerce a ao mecnica esfregando uma pea de roupa outra, levantando-as com as ps para, logo em seguida, deix-las cair na soluo de lavagem (BRASIL, 1986). 28

Dentre os fatores que interferem na ao mecnica, destacam-se: o excesso de roupa na lavadora, a rotao irregular do motor, a velocidade de rotao do cesto e o nvel da gua (BRASIL, 1986). Portanto deve-se evitar a ocorrncia desses fatores, a fim de garantir uma adequada ao mecnica na lavagem da roupa.

Temperatura A temperatura um fator importante no processo de lavagem, pois diminui a tenso superficial da gua, facilitando a sua penetrao nas fibras do tecido; enfraquece as foras de adeso que unem a sujeira ao tecido; diminui a viscosidade de graxas e leos, facilitando a sua remoo; aumenta a ao dos produtos qumicos e contribui para a desinfeco das roupas (BRASIL, 1986, BARRIE, 1994). Como resultado, melhora a qualidade do processo e colabora com a economia de tempo e de produtos qumicos. Apesar dessas vantagens, a temperatura elevada no fator essencial para o processamento de roupas, uma vez que outros fatores tambm contribuem para a qualidade e segurana do processo. Nota Importante: A utilizao de gua quente (71,1C por 25 minutos) foi demonstrada por Arnold (1938) como efetiva para a eliminao de microrganismos patognicos. Esse estudo foi a base para o processamento de roupas de servios de sade at a dcada de 1980. Em 1981, Battles e Vesley apresentaram um estudo demonstrando que o servio de processamento de roupas responsvel por 10 a 15% da energia consumida num hospital. Alm desses, outros estudos relacionados temperatura da gua foram realizados visando diminuir custos e garantir a segurana no processamento da roupa. Esses estudos evidenciaram que a utilizao de gua entre 22 50C, associada ao uso controlado e monitorado de produtos a base de cloro, poderia ser to efetiva quanto a utilizao de gua quente na eliminao de patgenos (CRISTIAN; MANCHESTER; MELLOR, 1983; BLASSER et al, 1984; DANIDSON, et al 1987;).

Tempo O tempo em que a roupa submetida lavagem tambm interfere na qualidade do processo. Quando o tempo de lavagem est acima do necessrio, gera aumento de custos e de consumo de energia, desgaste da roupa e diminuio da produtividade das lavadoras. Abaixo do necessrio, no promove uma efetiva higienizao da roupa. 29

Nvel da gua : A gua o diluente dos produtos qumicos que formam a soluo de lavagem e o meio para carrear as sujidades em suspenso. Para tanto, necessrio que o nvel da gua esteja adequado para a quantidade de roupa a ser lavada. O nvel de gua no tambor interno da lavadora fator importante para a eficcia da ao mecnica da lavagem. Se o nvel de gua estiver alto demais pode ocorrer: menor ao mecnica, em virtude da diminuio da altura da queda; necessidade de aumento da quantidade de produto de lavagem; maior nus, causado pelo gasto desnecessrio de gua. Por outro lado, se o nvel de gua estiver baixo demais durante os enxges, provocar: maior dificuldade e lentido na remoo da sujeira e produtos; permanncia de resduos de produtos que podem provocar odor desagradvel; Amarelamento da roupa. Nota Importante: Em todas as etapas aps a lavagem, a qualidade da limpeza deve ser avaliada para determinar a necessidade de seu retorno para o incio do processo e a existncia de peas danificadas para posterior reparo ou baixa.

Alvejamento O alvejamento reestabelece a tonalidade natural do tecido e colabora com a reduo da contaminao microbiana (CDC, 2003). Esta uma fase complementar da lavagem e nunca deve substituir a mesma (BRASIL, 1986). Pode ser realizado por alvejantes qumicos, sendo que os mais eficientes so aqueles a base de cloro, ou por meio de branqueador tico (BRASIL, 1986). Alm desses, os mais utilizados so: perxido de hidrognio, perborato de sdio, cido peractico e oznio.

Enxge O enxge uma ao mecnica destinada remoo por diluio da sujidade e dos produtos qumicos presentes nas roupas (BARRIE,1994). O risco de dano ao tecido pode ser minimizado por um adequado enxge e neutralizao (DANIDSON, et al 1987). 30

Nota Importante: necessria cautela no enxge da roupa, principalmente as utilizadas por recm-nascidos, a fim de eliminar resduos qumicos que possam causar irritao da pele.

Neutralizao ou Acidulao As etapas de lavagem so normalmente efetuadas em pH alcalino com o objetivo de favorecer a dilatao das fibras, emulso de gorduras e neutralizao de sujeiras cidas. Se permanecer nos tecidos, a alcalinidade residual pode causar irritaes quando em contato com a pele. O processo de acidulao tem como finalidade a remoo da alcalinidade residual por meio da adio de um produto cido ao ltimo enxge, o que promove a reduo do pH e a neutralizao dos resduos alcalinos da roupa (BRASIL, 1986). Na acidulao, o pH do tecido reduzido de 12 para 5, ou seja, semelhante ao pH da pele (CDC, 2003; TIETJE; BOSSEMEYER; MCINTOSH, 2003). Essa queda de pH tambm contribui para a reduo microbiana (CDC, 2003). A acidulao traz as seguintes vantagens ao processo (BRASIL, 1986): Contribui para a inativao bacteriana; Diminui o nmero de enxges; Evita o amarelamento da roupa durante a secagem e calandragem; Favorece o amaciamento das fibras do tecido; Reduz os danos qumicos por alvejantes roupa (oxicelulose); Propicia economia de gua, tempo e energia eltrica. Nota Importante: A efetiva remoo da alcalinidade residual dos tecidos uma importante medida para reduzir o risco de reao dermatolgica nos pacientes (CDC, 2003).

Amaciamento uma operao que consiste em adicionar, no ltimo enxge, um produto que contm cidos graxos em sua composio para realinhar as fibras, lubrific-las e eliminar a carga esttica. realizado juntamente com a neutralizao.

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O amaciamento melhora a elasticidade das fibras, torna o tecido suave e macio, aromatiza suavemente a roupa, evita o enrugamento do tecido na calandra e melhora o acabamento.

2.7

Processamento da Roupa na rea Limpa Aps a operao de lavagem, a roupa passa por processos de centrifugao,

secagem e/ou calandragem e/ou prensagem, que so efetuados na rea limpa da unidade. Ao retirar a roupa limpa da lavadora, deve-se evitar que as peas caiam no cho e sejam contaminadas. Nota Importante: A circulao do trabalhador entre a rea limpa e a rea suja deve ser evitada. A passagem de um trabalhador da rea suja para a limpa deve ser precedida de banho.

2.7.1 Centrifugao A centrifugao tem o objetivo de remover o excesso de gua presente na roupa (BRASIL, 1986). Esse processo realizado em centrfuga ou em lavadora-extratora. Aps a centrifugao, a roupa deve ser classificada levando-se em considerao o tipo de tecido, pea de roupa e a fase do processo de acabamento que a mesma ser submetida.

2.7.2 Secagem A secagem a operao que visa retirar a umidade das roupas que no podem ser calandradas, como uniformes de centro cirrgico, toalhas, cobertores e roupas de tecido felpudo. Nota Importante: A secadora necessita de vrias limpezas dirias para impedir o acmulo de felpas.

2.7.3

Calandragem A calandragem a operao que seca e passa ao mesmo tempo as peas de

roupa lisa (BRASIL, 1986) como lenis, colchas leves, uniformes, roupas de linhas retas, sem botes ou elstico, temperatura de 120C a 180C.

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Nota Importante: recomendvel a utilizao de estrados e proteo para os ps ou sapatos na rea de alimentao da calandra para evitar que lenis e outras peas grandes entrem em contato com o piso. A dobradura da roupa deve ser feita de acordo com a rotina do servio e a necessidade do cliente. Pode ser realizada manualmente ou por dobradora mecnica acoplada calandra.

2.7.4 Prensagem A prensagem efetuada em uniformes e outras peas que no devem ser processadas na calandra ou que tenham detalhes como pregueados e vincos.

2.7.5 Passadoria a Ferro A passadoria a ferro usada apenas eventualmente ou para melhorar o acabamento de roupa pessoal, como jalecos dos profissionais. Seu uso pouco econmico, sob o ponto de vista de tempo, energia eltrica e recursos humanos (BRASIL, 1986). Nota Importante: Roupas que sero submetidas a esterilizao (campos cirrgicos, capotes, etc) no podero ser submetidos calandragem ou passagem a ferro.

2.7.6.

Embalagem da roupaAps as etapas de calandragem, prensagem ou passadoria, a roupa limpa

dobrada, podendo ser armazenada embalada ou no. Sacos plsticos ou de tecidos podem ser utilizados para embalar roupas separadamente ou em forma de kits (CDC, 2003). Quando h alta rotatividade, o simples empilhamento em um local adequado suficiente. Ao embalar a roupa em saco hamper, este deve estar limpo e ser mantido fechado (CDC, 2003). Se a opo for embalar em material plstico, este deve ser transparente, descartvel e as peas devem estar totalmente secas e temperatura ambiente para evitar umidade e possvel recontaminao. A roupa separada em kits favorece o servio de enfermagem das unidades de atendimento ao paciente, uma vez que otimiza o trabalho de distribuio da mesma.

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Recomenda-se embalar a roupa limpa proveniente de unidade de processamento terceirizada para evitar a sua contaminao durante transporte (CDC, 2003). A roupa embalada tem as seguintes vantagens: Maior segurana ao servio, por estar recebendo roupa realmente limpa; Reduo de risco de contaminao; Maior facilidade de controle da roupa. As roupas de inverno devem ser embaladas individualmente, evitando que fiquem expostas poeira e recontaminao, uma vez que so usadas sazonalmente.

2.7.7.

Estoque e Armazenamento da RoupaA rouparia um elemento da rea fsica, complementar rea limpa, responsvel

pelo armazenamento e distribuio da roupa limpa. A centralizao em um nico local permite controle eficiente da roupa limpa, do estoque e sua distribuio adequada, em qualidade e quantidade, s diversas unidades dos servios de sade. A estocagem de grande quantidade de roupa limpa nas unidades do servio de sade aumenta o risco de contaminao, demanda maior estoque e dificulta o controle da roupa. tempo mximo padronizado para a estocagem da roupa. O local onde as roupas sero armazenadas deve ser limpo, livre de umidade e exclusivo para esse fim. Alm disso, deve-se proibir que funcionrios alimentem-se nesse local. Pode-se utilizar armrio, estante, carro-estante ou outro mobilirio, que devem ser fechados e possuir superfcies passveis de limpeza. Segundo Mezzomo (1993), cada unidade de internao deveria ter carrinho armrio, o que dispensaria a rouparia do setor. De acordo com o CDC (2003), o carro usado para estocar a roupa limpa no setor de internao deve ser fechado durante o transporte e a sua permanncia na mesma, alm disso, no pode ser deixado em local de circulao de pessoas. De acordo com a RDC 50/02, os servios de sade que terceirizam o processamento de roupas devem possuir uma sala de armazenamento geral de roupa limpa (BRASIL, 2002). Nota Importante: A roupa limpa deve ser manuseada somente quando necessrio e com prvia higienizao das mos (TIETJE; BOSSEMEYER; MCINTOSH, 2003; NATIONAL ASSOCIATION OF INSTITUTIONAL LINEN MANAGEMENT, s/d). No h um

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2.8

Transporte e Distribuio da Roupa Limpa O sistema de distribuio e suprimento de roupas nos setores dos servios de

sade depende do seu volume e do tempo de estocagem na rouparia central. A maior parte da troca de roupa nas unidades de internao ocorre nas primeiras horas da manh. Por essa razo, o recebimento pontual da roupa facilita o trabalho da enfermagem e o conforto do cliente. A distribuio de roupa limpa feita pelo pessoal da unidade de processamento de roupas e pode ser realizada em carros de transporte fechados ou, no caso da roupa embalada em sacos de plsticos ou tecido, em carros abertos (OTERO, 2000) e, preferencialmente, exclusivos para esse fim. imprescindvel que sejam verificadas rigorosamente as condies de higiene do carro de transporte de roupa limpa para evitar a contaminao da mesma. Nota Importante: A roupa limpa no deve ser transportada manualmente, pois poder ser contaminada com microrganismos presente nas mos ou roupas dos profissionais. Para o transporte de roupa limpa da unidade externa ao servio de sade, devem-se observar as orientaes contidas no item - Transporte de Roupa para a Unidade de Processamento Externa. Nota Importante: Quando a unidade de processamento for externa ao servio de sade, a roupa dever ser embalada e transportada em ambiente fechado (CDC 2007).

2.9

Particularidades Roupas utilizadas em instituies comunitrias, internao domiciliar e Roupas utilizadas em instituies comunitrias que prestam alguma assistncia ou

2.9.1.

outros cuidados a pessoas com problemas de sade, como casas de apoio e em caso de internao domiciliar (CDC, 2003) e instituies de longa permanncia podem ser processadas em mquinas domsticas. Porm deve-se observar que as roupas de pessoas com incontinncia fecal ou urinria ou que possuem leses de pele secretantes devem se processadas separadas das demais.

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2.9.2.

Servios de Medicina Nuclear, Radioterapia e outros que utilizam O Servio de Medicina Nuclear, de Radioterapia ou outro que utilize material

materiais radioativos. radioativo responsvel pelo gerenciamento de seus rejeitos radioativos, inclusive de roupas utilizadas nesses servios (BRASIL, 2004; BRASIL, 2005). Devido s desintegraes que ocorrem ao longo do tempo, a quantidade de radiao emitida pelos ncleos de uma fonte radioativa vo diminuindo. Em uma situao prtica, isso significa que, caso uma pea de roupa seja contaminada com material radioativo, aps um tempo especfico, a emisso de radiao por essa pea torna-se to insignificante que ela pode ser processada e reutilizada sem oferecer qualquer risco ao usurio ou aos profissionais envolvidos nesse processo. Esse tempo depende do tipo do material contaminante e deve ser verificado pelo servio de sade que contaminou a roupa. A Comisso Nacional de Energia Nuclear (CNEN) dispe de normas especficas sobre procedimentos de radioproteo e descontaminao radioativa de materiais reutilizveis como talheres, rouparia, mveis, dentre outros (BRASIL, 1985, BRASIL,1996; BRASIL, 2005). O monitoramento e a liberao da roupa contaminada para processamento devem ser realizados conforme os requisitos da norma CNEN-NE 6.05 (BRASIL, 1985). Alm dessa, a RDC Anvisa n. 306/04 (BRASIL, 2004), que dispe sobre o Regulamento Tcnico para o gerenciamento de resduos de servios de sade, classifica em um grupo especial os rejeitos radioativos e estabelece requisitos especficos para o gerenciamento desse tipo de material.

2.9.3.

Servio de Quimioterapia No h recomendao especfica para o processo de lavagem de roupas

contaminadas com antineoplsicos, no entanto, fundamental a adoo de precaues padres ao manipular roupa contaminada com esses medicamentos. A Resoluo RDC/ANVISA n. 220/04 determina que as roupas contaminadas com excretas e fluidos corporais de pacientes em quimioterapia precisam ser acondicionadas e identificadas para encaminhamento unidade de processamento de roupas, conforme definido na Norma da ABNT NBR - 7.500 - Smbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e Armazenamento de Material.

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2.9.4.

Roupas provenientes de pacientes em isolamento

No preciso adotar um ciclo de lavagem especial para as roupas provenientes desses pacientes, podendo ser seguido o mesmo processo estabelecido para as roupas em geral. Se as precaues padro forem adequadamente adotadas, no h necessidade de adoo de cuidados adicionais no manuseio de roupas de pacientes em isolamento (CDC, 2003, HEALTH CANADA, 1998). Nota Importante: Devido ao risco de promover partculas em suspenso e contaminao do trabalhador, ao manipular roupa suja proveniente de unidade de isolamento de casos suspeitos ou confirmados de doenas emergentes de transmisso desconhecida, no recomendada a sua separao e classificao, devendo esta ser colocada diretamente na lavadora.

2.9.5.

Roupas provenientes de servio de nutrio e diettica e panos para Tambm no preciso adotar um ciclo de lavagem especial para as roupas

limpeza provenientes dessas reas, podendo ser seguido o mesmo processo estabelecido para as roupas em geral.

2.9.6.

Esterilizao das roupas de servios de sade O processamento normal da roupa no resulta em eliminao total dos

microrganismos (BARRIE, 1994), especialmente em suas formas esporuladas, conseqentemente, as roupas que sero utilizadas em procedimentos cirrgicos ou procedimentos que exijam tcnica assptica devem ser submetidas esterilizao aps a sua lavagem (CDC, 2003). Roupas que sero submetidas a esterilizao (campos cirrgicos, capotes, etc) no podero ser submetidos calandragem ou passadoria a ferro. Nota Importante: No h necessidade de esterilizao das roupas utilizadas por recmnascidos (MEYER et all, 1981).

2.9.7.

Cultura de material txtil No h razo para se realizar cultura de material txtil rotineiramente. (AYLIFFE; TAYLOR, 1982 apud CDC, 37 2003; NATIONAL ASSOCIATION OF

COLLINS;

INSTITUTIONAL LINEM MANAGEMENT, s/d). Tal procedimento somente ser indicado quando existir evidncia epidemiolgica que sugira que a roupa possa ser o veculo de transmisso de patgeno (CDC, 2003).

2. 9. 8

Roupas provenientes domiclios, hotis, motis, dentre outros. Roupas provenientes de domiclios, hotis, motis, entre outras, no podem ser

submetidas ao mesmo ciclo de lavagem das roupas provenientes de servios de sade. No entanto, as unidades de processamento de roupas de servios de sade terceirizadas que tambm processam esse tipo de roupas, podero submet-las a um ciclo de lavagem separado das roupas de servios de sade.

38

Referncias Bibliogrficas

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44

3 Infra-Estrutura Fsica3.1. Introduo

A Anvisa publicou regulamentos tcnicos definindo exigncias bsicas para planejamento, programao e projeto fsico de quaisquer servios de sade, incluindo aquelas para a unidade de processamento de roupas. A RDC/Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002, dispe sobre o Regulamento Tcnico para planejamento, programao, elaborao e avaliao de projetos fsicos de estabelecimentos assistenciais de sade e a RDC/Anvisa n. 189, de 18 de julho de 2003 dispe sobre a regulamentao dos procedimentos de anlise, avaliao e aprovao dos projetos fsicos de estabelecimentos de sade no Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria. Importantes consideraes devem ser observadas para o projeto das instalaes prediais da unidade de processamento de roupas. Este captulo procura detalhar essas consideraes, com suas respectivas justificativas.

3.2. roupas

Condicionantes do projeto fsico da unidade de processamento de

Os principais condicionantes do projeto fsico da unidade de processamento so: barreira fsica, massa ou peso da roupa, equipamentos, instalaes prediais, fluxo da roupa, tcnica de processamento e jornada de trabalho. A anlise desses vrios condicionantes e suas inter-relaes necessria para orientar o fluxo das atividades que sero desenvolvidas na unidade de processamento de roupas.

3.3.

Localizao

A unidade de processamento de roupas de servios de sade deve, preferencialmente, localizar-se no pavimento trreo prxima s centrais de suprimento por razes de economia e com acesso e circulao restritos aos trabalhadores do setor. Os seguintes aspectos devem ser considerados quando da definio da localizao da unidade de processamento de roupas: o transporte e a circulao da roupas; a demanda; o sistema de distribuio de suprimentos e as distncias entre as unidades que demandam roupas. Tambm devem ser considerados: rudos, vibraes, tempo de

45

transporte das roupas, emisso de calor e odores, risco de contaminao, direo dos ventos dentre outros (CARVALHO, 2002).

3.4.

Organizao Fsico-Espacial

Em relao sua organizao fsico-espacial a unidade de processamento de roupas pode ser intra-servio de sade, isto , instalada na prpria edificao ou em prdio anexo mesma, ou extra-servio de sade, ou seja instalada em edificao independente do servio de sade (BRASIL, 2002). Para maior funcionalidade pode ser instalada em um nico pavimento. Ainda na implantao da unidade, deve ser considerada a distncia entre o piso e o teto da edificao (p-direito). Para esta definio devem ser verificados: altura dos equipamentos e acessrios, espao suficiente para dutos do sistema de climatizao, conforto e ergonomia para os trabalhadores, uso de veculos e mecanismos de transporte (BRASIL, 2002).

3.5.

Ambientes de uma unidade de processamento de roupas

Conforme RDC/Anvisa n. 50/2002 para cada atividade existe um ambiente correspondente para a sua execuo. Esses ambientes encontram-se principalmente em duas reas: suja e limpa (AMERICAN NATIONAL STANDARDS INSTITUTE, 2000). Na definio do dimensionamento das reas deve ser considerada a quantidade de trabalhadores e de equipamentos da unidade. A seguir esto relacionados os ambientes necessrios em uma unidade de processamento de roupas de servios de sade:

3.5.1.

Sala suja

Estima-se que essa sala (rea suja) corresponde a 25 % da rea total da unidade e alm de conter uma rea para recebimento, pesagem, classificao da roupa suja, deve dispor de um depsito de material de limpeza e banheiro. Para facilitar o recebimento da roupa suja, pode ser previsto uma abertura especfica para entrada dos carros de transporte. Para a pesagem das roupas deve ser prevista uma rea para instalao da balana e para o estacionamento dos carros de transporte de roupa suja. O depsito de material de limpeza exclusivo para rea suja e deve ser provido de tanque e de um local para guarda e secagem de botas e luvas, alm da guarda dos 46

produtos utilizados no processo de lavagem das roupas e na higienizao da rea. (BRASIL. 2002). O banheiro deve dispor de bacia sanitria, lavatrio, chuveiro e rea para troca e guarda de roupas. exclusivo para uso dos trabalhadores que atuam nesta rea e tambm serve como uma barreira pois constitui-se como nica entrada e sada para essa sala. Nota Importante: Tanto na rea suja, quanto na rea limpa da unidade de processamento, obrigatrio a instalao de lavatrios/pias (BRASIL, 2002).

3.5.2.

Sala limpa

Na sala limpa (rea limpa) devem ser previstas as seguintes reas:

I.

rea para centrifugao

Nesta rea so instaladas centrfugas para extrao do excesso de gua das roupas j lavadas. Caso sejam utilizadas mquinas lavadoras extratoras, essa rea pode ser dispensada.

II.

rea de secagem

As mquinas secadoras devem ser instaladas, preferencialmente, junto parede externa, possibilitando que o motor das mesmas fique fora da rea de trabalho e evitando, desta forma, a propagao de calor gerado pelas secadoras para o ambiente interno. Nota Importante: recomendvel a instalao de sistema de coleta de felpas geradas no processo de secagem, de maneira a evitar o entupimento das instalaes de coleta de efluentes das mquinas. Isto pode ser efetuado por meio da instalao de uma canaleta coletora externa, ligada diretamente a caixas instaladas na base das secadoras.

III.

rea de separao e dobragem

Essa rea deve ser prevista para a disposio de mesas e bancadas ou mquinas de dobragem. Tambm deve ser prevista uma rea para o estacionamento de carros de transporte que levaro a roupa para a rea de armazenagem.

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IV.

rea para armazenagem/distribuio

Essa rea deve ser prevista para o armazenamento e distribuio das peas de roupas limpas.

V.

rea de para calandragem, prensagem, passadoria

Essa rea ser determinada pelo tipo de mquina a ser usada, usualmente so utilizadas calandras ou prensas.

VI.

rea de costura

rea opcional que possui mquinas de costura para reparos das roupas que necessitam de conserto. Devem ser previstos armrios ou estantes para armazenagem das roupas a serem consertadas e daquelas j reparadas.

VII.

Outras reas

Opcionalmente a unidade de processamento de roupas pode possuir sanitrios para funcionrios com distino de sexos e adaptados para pessoas portadoras de deficincia. Estes podem se localizar na prpria unidade ou serem compartilhados com demais setores do servio (exceto na rea suja). De acordo com a RDC/ANVISA n 50/02 a sala administrativa obrigatria quando a demanda for superior a 400 kg de roupa/dia .

VIII.

Situaes especiais

Algumas unidades de processamento de roupas utilizam oznio como insumo na lavagem. Nestes casos devem ser instalados em sala exclusiva geradores de oznio, incluindo seus acessrios e sistemas de comando. Os servios de sade, independente de possurem em suas dependncias uma unidade de processamento, precisam possuir pelo menos um ambiente de rouparia em cada unidade funcional que atenda pacientes. Este ambiente pode ser substitudo por armrios exclusivos ou carros roupeiros. (BRASIL, 2002).

3.6.

Condies Ambientais para o Controle das Infeces

48

3.6.1.

Barreiras fsicas

Barreiras fsicas so solues arquitetnicas representadas por estruturas que devem ser associadas a condutas tcnicas, visando minimizar a entrada e disperso de microorganismos (GREENE, 1970). De acordo com a RDC 50/02 as barreiras fsicas das unidades de processamento de roupas de servios de sade so (BRASIL, 2002): Parede entre a rea limpa e a rea suja com visor e intercomunicador Banheiro com vestirio de barreira para rea suja Nota Importante: A barreira de separao s realmente eficiente se existirem as lavadoras com duas portas de acesso, uma para cada rea, na parede que separa a rea suja da rea limpa.

3.6.2.

Lavatrio

A presena de lavatrios na rea limpa e na rea suja para higienizao das mos dos trabalhadores fundamental. De acordo com a RDC 50/02 este deve possuir torneira ou comando que dispensem o contato das mos quando do fechamento da gua. Prximo aos lavatrios deve existir dispensador de sabonete lquido, suporte com papel toalha e lixeiras com pedal (BRASIL, 2002).

3.6.3.

Depsito de Material de Limpeza

Conforme citado anteriormente, o DML fundamental para a higienizao e guarda dos equipamentos de proteo individual como botas e luvas de borracha.

3.6.4.

rea para lavagem dos carros de transporte

Deve-se prover uma rea para lavagem e secagem dos carros de transporte.

3.7.

Sistema de Transporte de Roupa

3.7.1. Tubo de Queda O tubo de queda uma tubulao com dimetro largo que atravessa todos os pavimentos do edifcio at chegar rea de recepo no pavimento trreo. permitido somente para o transporte de roupa suja.

49

O tubo de queda deve ser protegido por uma antecmara a fim de que somente o pessoal autorizado tenha acesso. Tambm deve possuir mecanismos de lavagem e desinfeco, tubo de ventilao e rea exclusiva de recebimento da roupa suja, com ralo sifonado para captao da gua oriunda da limpeza do mesmo (BRASIL, 2002). Deve ser constitudo de material resistente corroso e lavagem com gua e sabo, ter no mnimo 0,6 m de dimetro e ainda possuir, na sada, mecanismos que amorteam o impacto dos sacos de roupa (BRASIL, 2002).

3.9.2. Monta-cargas O monta-cargas um meio de transporte vertical utilizado apenas para a transferncia de cargas entre os pavimentos da edificao. De acordo com a RDC 50/02 a instalao de monta-cargas deve obedecer ABNT NBR 14712:2001, bem como s seguintes especificaes: As suas portas devem abrir para recintos fechados (antecmaras) e nunca diretamente para corredores ou reas de passagem; Em cada pavimento deve ser instalada uma porta corta-fogo, automtica, do tipo leve; A recepo da roupa na sala de roupa suja precisa ser amortecida por sistema de abrandamento de velocidade, para evitar alto impacto na descarga (BRASIL, 2002).

3.10. Ralos A unidade de processamento deve possuir ralos para escoamento da gua usada em todos os seus ambientes (BRASIL, 2002). Estes ralos devem ter fechos hdricos (sifes) e tampa com fechamento escamotevel. Alm disso, quando a unidade de processamento no possuir lavadoras extratoras, necessrio instalar canaletas com grelhas junto sada das lavadoras. Essas canaletas devem ter inclinao para facilitar o escoamento da carga total das lavadoras e possuir gradil de fcil remoo. Alm disso, devem ser de material que permita sua higienizao e serem interligadas rede de esgoto atravs de ralo sifonado. No permitida a interligao com o esgoto proveniente da rea suja.

50

Nota Importante: A instalao de uma caixa de suspenso com tela indispensvel, a fim de reter os fiapos dos tecidos e impedir o entupimento da rede, uma vez que a felpa e outros resduos acompanham os efluentes. A mesma soluo deve ser adotada na captao dos efluentes de lavagem (BRASIL, 2002).

3.11. Instalaes Prediais As instalaes para a gerao energtica (subestao eltrica, caldeiras, compressores, cilindros de gs, etc.) precisam conter uma reserva de pelo menos 30% (BRASIL, 2002). As tubulaes devem ser preferencialmente aparentes, ou serem adotadas solues que permitam fcil acesso para manuteno. Devem possuir as cores convencionadas e identificadas com os smbolos adequados, segundo normas da ABNT, a fim de facilitar a sua manuteno e aumentar a segurana. As linhas de vapor e gua quente devem ser isoladas, visando proteo do trabalhador, a diminuio dos custos operacionais e a reduo do calor transmitido ao meio ambiente. 3.12. Instalaes Prediais Ordinrias 3.12.3. gua A presso da gua e o dimetro da tubulao devem ser suficientes para abastecer as lavadoras em menos de um minuto (BRASIL, 2002). 3.12.4. Esgoto O sistema de esgoto da unidade de processamento de roupas deve ter capacidade suficiente para receber os efluentes de todas as lavadoras, simultaneamente, no incorrendo no perigo de transbordamento (BRASIL, 2002). A implantao de caixas retentoras de sabo precisa ser prevista a fim de que no haja o transbordamento de espumas. Caso a regio onde a unidade estiver localizada tenha rede coletiva de coleta e tratamento de esgoto, todo o efluente resultante pode ser lanado nessa rede sem tratamento prvio. No havendo rede de coleta e tratamento, todo o efluente deve receber tratamento antes de ser lanado em cursos dgua, eliminando-se, antes, materiais graxos (excesso de gorduras), materiais slidos decorrentes da quebra das fibras e ajustando-se o pH para a faixa estabelecida (usualmente entre 4,5 e 10,5), de acordo com a Resoluo CONAMA 357/2005, que estabelece as condies e padres de lanamento de efluentes.

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3.12.5.

Eltrica

Para determinar a demanda de energia eltrica a ser consumida na unidade de processamento de roupas de servios de sade necessrio o conhecimento das especificaes dos equipamentos a serem instalados. As instalaes eltricas devem ser projetadas, executadas, operadas e mantidas conforme orientaes da ABNT NBR 5410:2005 e ABNT NBR 13534:1995. Os equipamentos eltricos devem ser aterrados conforme orientaes da ABNT NBR 5419:2005. A alimentao eltrica deve ser trifsica, na tenso e freqncia da rede local. Dependendo da demanda, deve ser provida por um sub-alimentador da alimentao geral. O painel de distribuio deve ser de fcil acesso manuteno e provido de fecho. Todos os equipamentos e cabos eltricos devem ser devidamente protegidos. Os pontos de fora da rea suja devem ser blindados. As instalaes eltricas devem ser embutidas ou protegidas por calhas ou canaletas aparentes para que no haja depsito de sujidade em sua extenso (BRASIL, 2002). 3.12.6. Iluminao A iluminao natural deve ser privilegiada por ser mais adequada e confortvel, embora seja necessrio prever condies complementares de iluminao artificial, observando-se o dimensionamento do ambiente que se quer iluminar (CARVALHO, 2006). A intensidade da iluminao depende de cada ambiente (ABNT NBR 5413:1992; NR 15), por exemplo, a rea de costura deve possui requisito de luminosidade diferenciado dos demais ambientes.

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A iluminao artificial deve possibilitar boa visibilidade, sem ofuscamentos ou sombras em todos ambientes. Recomenda-se a utilizao de lmpadas fluorescentes, pois estas, quando bem distribudas, revelam melhor qualquer mancha na roupa. As luminrias devem ser dotadas de refletores para melhor distribuio da luz e aletas que impeam a iluminao direta excessiva e possuam dispositivos antiofuscamento

3.13. Instalaes Prediais Especiais 3.13.1. Sistemas de Climatizao

Os sistemas de climatizao devem proporcionar ambientes de trabalho confortveis, agradveis e seguros, garantindo o conforto dos trabalhadores e impedindo a disseminao de microrganismos entre as diversas reas da unidades de processamento de roupas (TOLEDO, 2006). Os sistemas de climatizao da rea limpa e da rea suja devem ser independentes. O fluxo de ar somente deve ocorrer da rea limpa para a rea suja, por isso deve-se implantar sistema de exausto mecnica na rea suja, onde todo o ar exaurido ser descarregado para o exterior. A descarga de ar do exaustor da sala de recebimento de roupa suja deve ser cuidadosamente estudada, de modo a no possibilitar a contaminao dos prdios ou servios adjacentes e estar posicionada de modo que no prejudique a captao de ar para outros ambientes. Preferencialmente, esta sada deve estar acima aproximadamente 1,0 m da linha de cume do telhado da edificao (BRASIL, 2002). Nota Importante: importante a instalao de exaustor na rea suja Dependendo da posio das unidades de processamento de roupas em relao ao restante do edifcio ou em relao ao seu entorno, no se deve lanar o ar da rea suja diretamente para o exterior, pois h o risco de contaminao para outros ambientes. Nesses casos devem-se utilizar, no mnimo, filtros G3+F1 nas descargas dos exaustores de ar da rea suja. Devem ser previstos anteparos de radiao para as calandras e instaladas coifas com exaustores sobre as mesmas, com altura mxima de 0,6 m acima destas, alm de outros exaustores prximos a lavadoras, secadoras e prensas. Alguns equipamentos possuem exausto prpria, nestes casos a coifa dispensvel. 53

Devem ainda ser consideradas a direo dos ventos dominantes, a configurao do edifcio e o perfil dos fluxos de ar na vizinhana das tomadas de ar (TOLEDO, 2006). A exausto das secadoras pode ser feita por dutos, com no mnimo 0,2 m de dimetro, conectados de tal forma que a exausto de uma secadora no intercepte a da outra, possuindo tambm uma ou mais portas para inspeo e limpeza peridica (BRASIL, 2002). As descargas de ar das secadoras para o exterior do prdio podem possuir algum mecanismo de reteno das felpas que se desprendem das roupas durante a secagem. Caso a unidade de processamento utilize oznio em seu processo de lavagem, necessrio um sistema de exausto de ar na sala do gerador de oznio, alm do exaustor da sala de recebimento de roupa suja, onde esto situadas as lavadoras de roupa (BRASIL, 2002). A manuteno dos equipamentos e instalaes do sistema de climatizao deve ser efetuada sempre observando os critrios da Portaria GM/MS n. 3.523, de 28 de agosto de 1998, e RE/ANVISA n. 9, de 16 de janeiro de 2003.

3.13.2.

Sistemas de Gerao de Vapor

As caldeiras podem ser aquecidas por combusto ou eletricidade. As fontes de energia por combusto mais usuais so o leo de baixo ponto de fulgor (BPF), leo diesel, gs natural (GN) e gs liquefeito de petrleo (GLP) e madeira de reflorestamento. A escolha do tipo de caldeira deve ser realizada considerando-se a disponibilidade dos insumos e viabilidade tcnico-financeira de cada sistema (BRASIL, 2002). O dimensionamento das caldeiras deve ser efetuado levando-se em considerao a presso de operao e a capacidade de gerao de vapor. recomendvel a instalao de caldeiras o mais prximo possvel da unidade de processamento para evitar perdas de carga e disperso de calor ao longo da tubulao. Para cada equipamento deve ser observada a presso de servio adequada. O projeto, a instalao, a operao e a manuteno de caldeiras devem atender a NR 13.

3.13.3.

Ar comprimido

Utilizado para acionamento de equipamentos e de controles automticos. O ar comprimido para a unidade de processamento de roupas pode ser suprido por uma central de ar comprimido. Quando isso no for vivel necessria a instalao de um ou

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mais compressores com secador de ar, separador de leo, condensador e silenciador (BRASIL, 2002).

3.13.4.

Segurana contra Incndio

A unidade de processamento de roupas um ambiente que durante seu funcionamento gera temperaturas elevadas. Esta caracterstica deve ser considerada para prever o sistema de segurana contra incndio. A instalao de sistemas de combate a incndio imprescindvel e deve estar de acordo com as legislaes locais do Corpo