make peace not love

30
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Make peace not love Um defesa racional da paz para o conflito entre Israel e Palestina, partindo do pensamento e discurso de Amos Oz Diego Medrado de Souza - nº 46312 Mestrado em Cultura e Comunicação Docente: Teresa Cadete 1

Upload: johnmoney21

Post on 07-Feb-2016

241 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Amos Oz opinion

TRANSCRIPT

Page 1: Make Peace Not Love

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Make peace not loveUm defesa racional da paz para o conflito entre Israel e Palestina,

partindo do pensamento e discurso de Amos Oz

Diego Medrado de Souza - nº 46312

Mestrado em Cultura e Comunicação

Docente: Teresa Cadete

Lisboa, 13 de janeiro de 2015

1

Page 2: Make Peace Not Love

Índice

Introdução------------------------------------------------------------------------------------

3

Contextualização Histórica---------------------------------------------------------------- 3

Background de Amos Oz----------------------------------------------------------------- 10

Pensamento de Amos Oz----------------------------------------------------------------- 11

Conclusão---------------------------------------------------------------------------------- 14

Bibliografia---------------------------------------------------------------------------------

16

Anexos-------------------------------------------------------------------------------------- 18

Palavras-chave: Conflito, Paz, Israel, Palestina, Amos Oz.

2

Page 3: Make Peace Not Love

Introdução

Este trabalho pretende ser uma defesa racional da paz para o conflito entre Israel e

Palestina, partindo do pensamento e discurso de Amos Oz. Para tal, apresentar-se-á o

background de Amos Oz e um conjunto de fragmentos dos seus discursos,

especialmente em seu livro How to Cure a Fanatic, e também uma contextualização

histórica do conflito.

Contextualização Histórica1

A Palestina pode ser, geograficamente, definida como uma região do Médio

Oriente, entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão, tendo fronteiras com o Sinai do

Egito, a Jordânia, a Síria, o Líbano e a Arábia Saudita. Foi um dos primeiros lugares do

mundo a ter comunidades agrícolas e civilização, foi o berço das religiões abraâmicas e

tem uma história longa e tumultuada, tendo sido dominada por diferentes povos como

os antigos egípcios, os cananeus, os filisteus, os Tjekker, os antigos israelitas, os

assírios, os babilónios, os persas, os gregos, os romanos, os bizantinos, os primeiros

muçulmanos (Umayads, abássidas, Seljuqs, Fatimids), os cruzados, os muçulmanos

posteriores (Ayyubids, Mameluks, otomanos), os britânicos, o Reino Hachemita da

Jordânia (na Cisjordânia) e Egito (em Gaza), e os israelitas e os palestinos.

Importante realçar que do ponto de vista do controlo e domínio desta região, quer

os judeus quer os muçulmanos, ambos representam apenas uma fração de tempo (por

um lado, o domínio judeu, durante os Reinos de Saul, David, Salomão, dos Macabeus e

do atual Estado de Israel e, por outro lado, o domínio muçulmano, a partir do século VII

com o califado de Umar, sucessor de Abu Bakr, sucessor de Maomé). Além disso, é

importante ressaltar que o povo judeu experimentou mais liberdade religiosa sob o

domínio muçulmano do que sob a maioria dos outros domínios, incluindo os assírios, os

babilónios, os gregos, os romanos, os cruzados e os britânicos. A Pérsia de Ciro também

foi tolerante para com os judeus e a moderna Pérsia (Irão) abriga a maior população de

1 - European Union. The Role of the EU in the Israel/Palestine Conflict in Context. QCEA, July 2011. - Palestina: História De Uma Terra. YouTube. FRANCE 3, 25 Oct. 2011. - Riversong, Robert. "An Illustrated History of Palestine." Turning the Tide, 05 Aug. 2014. - Naar, Ismaeel. "Interactive: #GazaUnderAttack." Al Jazeera. n.d.

3

Page 4: Make Peace Not Love

judeus fora de Israel no Médio Oriente, onde existe uma presença judaica há mais de

2700 anos e na altura da criação do Estado de Israel, em 1948, havia cerca de 140 mil

judeus no Irão.

Como foi mencionado, o Estado de Israel foi criado em 1948. Após a Segunda

Guerra Mundial, o mandato britânico na Palestina aproximava-se do fim. A solução

britânica de partilha do país em dois estados independentes - um judeu e outro árabe,

com um Regime Internacional Especial para a cidade de Jerusalém - foi aprovada pela

Assembleia Geral das Nações Unidas em novembro de 1947, o que despoletou conflitos

entre as comunidades judaica e árabe.

A luta continua até hoje. No dia em que a Grã-Bretanha declarou que o seu

mandato terminaria (14 de Maio 1948), o Yishuv2, liderado por David Ben-Gurion,

publicou uma Declaração de Independência, anunciando a criação do Estado de Israel.

No dia seguinte, as tropas britânicas se retiraram e exércitos árabes deslocaram-se para a

Palestina a partir da Transjordânia, do Egito, do Líbano e da Síria, marcando o início da

guerra árabe-israelita de 1948-1949.

Uma Comissão de Conciliação das Nações Unidas para a Palestina foi criada em

11 de dezembro de 1948 e em seu primeiro relatório estimou que cerca de 711 mil

palestinos fugiram ou foram expulsos de suas casas durante a guerra. Em 7 de janeiro de

1949, um armistício foi assinado entre Israel e Egito; Líbano, Jordânia e Síria nos meses

seguintes. Com o armistício, o controlo israelita do território passou a abranger três

quartos do Mandato da Palestina. O resto do território ficou sob o domínio da Jordânia

(Cisjordânia) e Egito (Gaza).

A Crise do Suez de 1956-7 foi o confronto que se seguiu entre os beligerantes da

guerra de 1948. Em 26 de julho de 1956, o presidente egípcio, Nasser, nacionalizou o

Canal do Suez. Israel invadiu o Sinai em outubro, mas um cessar-fogo foi declarado

pelo primeiro-ministro britânico, em 6 de novembro, com o apoio da ONU. Assim,

Israel retirou-se do Sinai em março de 1957.

Em 1967, Israel lançou três ataques preventivos consecutivos sobre os exércitos

do Egito, da Jordânia e da Síria no que ficou conhecido como a Guerra dos Seis Dias, de

5 a 10 de junho. Israel ocupou a Cisjordânia, a Faixa de Gaza, as Colinas de Golan e

Península do Sinai (ver anexo 1). Em 11 de junho, um cessar-fogo foi assinado. As

vítimas árabes superaram os 20 mil, enquanto menos de mil israelitas foram mortos. O 2 Yishuv é uma palavra hebraica que significa literalmente “assentamento". É um termo que se refere aos assentamentos judeus existentes na Terra Santa antes da criação do Estado de Israel e que também é usado para caracterizar, coletivamente, os seus residentes.

4

Page 5: Make Peace Not Love

território sob controlo israelita triplicou, mais de 300 mil palestinos fugiram da

Cisjordânia, cerca de 100 mil sírios deixaram Golan e, em contra partida, no mundo

árabe, muitos judeus foram expulsos.

Em 22 de novembro de 1967, o Conselho de Segurança das Nações Unidas

aprovou a Resolução 242 que procurou estabelecer as bases para uma solução pacífica,

obrigando a retirada de Israel dos territórios ocupados e o reconhecimento da soberania

de cada Estado na região. Como afirmou o Secretário de Estado dos EUA William P.

Rogers, em 9 de dezembro de 1969: “We do not support expansionism. We believe

troops must be withdrawn as the Resolution provides. We support Israel's security and

the security of the Arab States as well. We are for a lasting peace that requires security

for both.” Israel rejeitou a resolução, afirmando que não havia um verdadeiro acordo

para a segurança e paz entre as fronteiras, nenhuma solução para o problema dos

refugiados, nem qualquer obrigação imposta aos Estados Árabes que impedisse as suas

hostilidades.

Confrontados com a rendição incondicional ou a guerra, o Egito e a Síria

começaram os preparativos, no verão 1972, para um ataque com o intuito de recuperar

os territórios ocupados por Israel. A guerra de 1973, ou Yom Kippur War ou Ramadan

War 3 foi travada entre 6 e 25 de outubro. A guerra teve grandes implicações. O mundo

árabe, que havia sido humilhado na Guerra dos Seis Dias, se sentiu psicologicamente

vingado pelos primeiros sucessos deste conflito. Israel, apesar de impressionantes

realizações operacionais no campo de batalha, começou a perceber que não seria sempre

capaz de dominar militarmente os estados árabes.

Essas mudanças levaram aos Acordos de Camp David, em 1978, a partir do qual

Israel fez a paz com o Egito. Entretanto, só finalizou a sua retirada do Sinai em 1982 e

manteve os outros territórios e a sua política de criação de assentamentos/colónias4,

tornando-se uma eterna causa de conflito entre Israel e os palestinos. Por seu lado, desde

os Acordos, o Egito saiu da esfera de influência soviética e "virou-se" para os EUA.

A Primeira Intifada foi uma revolta palestina contra a ocupação israelita, que

decorreu de 1987 até a Conferência de Madrid, em 1991. A revolta explodiu quando um

camião da IDF (Forças de Defesa de Israel - Tzahal) atingiu um carro civil, matando

quatro palestinos. Em resposta houve greves gerais, boicotes, barricadas, ataques com 3 A guerra iniciou-se em Yom Kippur, o Dia da Expiação no judaísmo e também durante o mês sagrado muçulmano do Ramadão.4 Além disso, Israel anexou de facto a parte oriental de Jerusalém, inscrevendo, em 30 de julho de 1980, na sua Lei, "Jerusalém - Capital de Israel".

5

Page 6: Make Peace Not Love

pedras e coquetéis molotov, desobediência civil, recusa de trabalhar em assentamentos

israelitas e de pagar impostos e de dirigir carros com licenças israelitas.

O segundo dos Acordos de Camp David lidou com a questão da criação de um

regime de autonomia na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Isto levou aos acordos de Oslo

entre 1993 e 1995, e o Tratado de Paz Israel-Jordânia, de 1994. No entanto, Israel nunca

deixou de expandir a sua presença na Cisjordânia e em Gaza com a criação de

assentamentos (ver anexo 2 e 3), apesar das várias resoluções do Conselho de Segurança

da ONU que condenavam a postura de Israel5.

Depois de alguns anos de on-and-off negociações, os palestinos começaram uma

revolta contra Israel. Esta ficou conhecida como a Segunda Intifada, Al-Aqsa Intifada.

Começou em setembro de 2000, quando Ariel Sharon fez uma visita ao Monte do

Templo, tendo sido interpretado pelos palestinos como um ato de provocação. Ambas as

partes tiveram muitas vítimas, cerca de três mil palestinos e mil israelitas, bem como 64

estrangeiros. Considera-se a cimeira Sharm el-Sheikh em 8 de fevereiro de 2005, o fim

da Segunda Intifada, quando o presidente Mahmoud Abbas e o primeiro-ministro Ariel

Sharon concordaram em parar os atos de violência e reafirmar o compromisso com o

“Roteiro Para a Paz”. Os eventos foram destaque na mídia mundial devido aos atentados

suicidas palestinos em Israel, que mataram muitos civis, e devido às invasões de áreas

civis levadas a cabo pelas forças de segurança israelitas6.

Após a eclosão da Segunda Intifada, um "Quarteto" foi criado em 2002. Consiste

em quatro grandes atores internacionais que devem ter um papel relevante para a

solução do conflito: os Estados Unidos, a União Europeia, as Nações Unidas e a Rússia.

O Quarteto produziu um "Roteiro" no início de 2003, com o objetivo de ser um guia

para uma solução permanente, de dois Estados, negociando o fim da ocupação que

começara em 1967.

5 A Resolução 446 da ONU afirma que “the Geneva Convention relative to the Protection of Civilian Persons in Time of War of 12 August 1949, is applicable to the Arab territories occupied by Israel since 1967, including Jerusalem and (…) determines that the policy and practices of Israel in establishing settlements in the Palestinian and other Arab territories occupied since 1967 have no legal validity and constitute a serious obstruction to achieving a comprehensive, just and lasting peace in the Middle East”.

6 Em 2002, Israel começou a construir uma barreira de segurança para impedir ataques a partir da Cisjordânia. Em 9 de julho de 2004, o Tribunal Internacional de Justiça emitiu um parecer consultivo intitulado "Consequências Legais da Construção de um Muro no Território Palestino". O Tribunal decidiu, por catorze votos a favor e um contra, que a construção do muro e o seu regime associado são contrários ao direito internacional.

6

Page 7: Make Peace Not Love

Em agosto de 2005, Israel evacuou e destruiu os seus assentamentos em Gaza, e

quatro assentamentos no norte da Cisjordânia, como parte da “Lei de Implementação do

Plano de Retirada”, de Ariel Sharon.

No início, a retirada foi vista como uma vitória da resistência palestina, mas pode

ser interpretada como uma estratégia que visava manter o controlo, evitando que

ataques aéreos israelitas (como a Operation Cast Lead) atingissem judeus. Além disso,

Israel continua a ver a questão dos refugiados como um problema a ser resolvido fora

das suas fronteiras e que não está relacionado com os assentamentos7.

Em 25 de janeiro de 2006, realizaram-se eleições para o Conselho Legislativo da

Palestina, na qual o Hamas reivindicou uma vitória decisiva. Houve uma tentativa de

criação de um governo de unidade entre o Hamas e o Fatah, entretanto, Abbas, do

Fatah, não deixou o poder na Cisjordânia - o que levou ao posterior conflito entre

Hamas e Fatah. Este resultado levou Israel, os Estados Unidos e o Quarteto, a exigirem

que o Hamas reconhecesse a soberania de Israel. O Hamas recusou, e houve mais um

corte às ajudas humanitárias destinadas à Autoridade Palestina.

Depois de um prolongado conflito entre Hamas e Fatah, em junho de 2007 o

presidente Abbas8 demitiu oficialmente o debilitante governo de unidade e o Hamas

assumiu o controlo da Faixa de Gaza, enquanto Abbas permaneceu na Cisjordânia.

Após esta decisão, o Governo de Israel impôs um bloqueio por terra, ar e mar em Gaza,

apoiado pelas autoridades egípcias do lado Rafah. Como resultado, as operações

normais da Missão de Assistência Fronteiriça da UE foram fechadas. Durante o período

subsequente, houve uma troca de ataques de foguetes do Hamas e ataques aéreos da

IDF.

Em 27 de dezembro de 2008, as forças israelitas lançaram uma campanha de

bombardeio sobre Gaza, intitulada Cast Lead. Esta campanha deixou 1400 palestinos

mortos e grandes áreas de Gaza destruída.

Em maio de 2010, uma frota de barcos que transportava ajuda humanitária e

materiais de construção tentou navegar para Gaza para romper o bloqueio. O encontro

foi organizado pelo movimento "Free Gaza" e a ONG turca IHH (Fundação para os

7 Em julho de 2012, cerca de 350 mil colonos judeus viviam nos 121 assentamentos reconhecidos oficialmente na Cisjordânia; 300 mil israelitas viviam em assentamentos em Jerusalém Oriental e mais de 20 mil nas Colinas de Golan.

8 O mandato de Abbas (do partido Fatah) como presidente expirou em 15 janeiro de 2009, desde então Duwaik (do “partido” Hamas) foi reconhecido como presidente pelo governo Haniyeh da Faixa de Gaza, enquanto Abbas é reconhecido como presidente pelo governo Fayyad, na Cisjordânia.

7

Page 8: Make Peace Not Love

Direitos Humanos e Liberdades e Ajuda Humanitária). Em 31 de maio, a marinha

israelita realizou um ataque à esta frota, levando à morte de nove participantes e o

ferimento de dezenas de outros, incluindo sete comandos israelitas. Um clamor

internacional generalizado levou o governo israelita a anunciar uma flexibilização

limitada do bloqueio.

Na Assembleia-Geral das Nações Unidas, uma resolução intitulada "resolução

pacífica da questão da Palestina" foi aprovada todos os anos desde 1993. Esta resolução

exige a retirada israelita dos territórios ocupados em 1967. O padrão de votação sobre

esta resolução mudou pouco ao longo do tempo. Em 2010, o resultado foi de 165 votos

a favor e 7 contra (EUA, Israel, Ilhas Marshall, Micronésia, Palau, Nauru e Austrália),

com 4 abstenções (Camarões, Canadá, Costa do Marfim e Tonga). Em 2012, 163 a

favor e 6 contra (EUA, Israel, Ilhas Marshall, Micronésia, Palau e Canada), com 5

abstenções (Austrália, Camarões, Honduras, Papua Nova Guiné e Tonga).

Em 29 de novembro de 2012, com 138 votos a favor e 9 contra (41 abstenções), a

resolução 67/19 da Assembleia Geral da ONU foi aprovada, atualizando o status da

Palestina para "Estado observador não-membro"9 (o mesmo status da Santa Sé). A partir

de fevereiro de 2013, 131 dos 193 Estados membros reconheceram o Estado da

Palestina (incluindo Portugal).

Um acordo de reconciliação foi assinado no Cairo, em 2011, e foi ratificado pelo

Hamas e pelo Fatah em Doha, em 2012. Entretanto a implementação foi adiada devido a

novas tensões entre os dois partidos, além dos efeitos da Primavera Árabe e da crise na

Síria.

Após o colapso das negociações de paz israelo-palestinianas em 2014, Mahmoud

Abbas decidiu forjar um novo acordo com o Hamas. O Hamas concordou em

reconciliar-se com o Fatah, pois estava numa situação crítica: enfraquecimento da sua

aliança com a Síria e com o Irão; perda de poder da Irmandade Muçulmana no Egito,

depois do coup d'ètat; bem como o impacto económico do encerramento de seus túneis

de Rafah, por Abdel Fattah el-Sisi, em 23 de abril de 2014. Sendo assim, esse governo

de unidade palestino foi “empossado” em 2 de junho de 2014.

Entretanto, Israel culpou o Hamas pelo sequestro, em 12 de junho, de três

israelitas na Cisjordânia. Por isso, em 8 de julho, Israel lançou a operação militar

9 O status de Estado observador na ONU possibilita a participação em organizações internacionais, como a Organização Internacional da Aviação Civil e o Tribunal Penal Internacional. Permite ainda a reivindicação de direitos legais sobre águas territoriais e espaço aéreo e o direito de levar ao Tribunal Internacional de Justiça processos contra atos de invasão territorial.

8

Page 9: Make Peace Not Love

Protective Edge, em Gaza. Sete semanas de bombardeios israelitas e contra-ataques de

foguetes palestinos mataram cerca de 2 mil pessoas. O objectivo da operação israelita

era parar o lançamento de foguetes do Hamas. Em 26 de agosto, um cessar-fogo foi

anunciado. A guerra resultou na morte de dois civis israelitas, um trabalhador tailandês

e 64 soldados da IDF. Em Gaza, houve cerca de 10 mil feridos e 1900 mortos, incluindo

mais de 1600 civis (cerca de 400 crianças). O bombardeio da IDF também danificou ou

destruiu mais de 14 mil casas palestinas, 141 escolas, 26 centros médicos e sete abrigos

da ONU, assim como grande parte da infra-estrutura de esgotos, de eletricidade e de

água.

Desde então, a situação em Gaza e na Cisjordânia é insuportável. Segundo Avi

Issacharoff10, neste mês de janeiro de 2015, “dozens of houses throughout the Gaza

Strip were flooded by rainwater. Three babies froze to death. The humanitarian

conditions continue to be bad, perhaps the worst in the past two decades, due to the

withholding of the salaries of PA and Hamas employees. And yet, amid all the tumult,

Hamas (the same organization that condemned the Charlie Hebdo attack in Paris) found

the time to clash with the Palestinian Authority and Fatah”.

Além disso, a decisão de Israel de congelar a transferência de recursos tributários

para a Autoridade Palestina (em resposta ao movimento de Abbas para aderir ao

Tribunal Penal Internacional) está a impedir o pagamento de salários aos seus

trabalhadores na Cisjordânia e em Gaza. Entre o público palestino, a animosidade contra

Israel está aumentando e a motivação de Abbas em cooperar com as forças de segurança

de Israel está enfraquecendo. Portanto, se as condições de vida deploráveis dos

palestinianos persistirem; se o constante atrito entre Hamas e Fatah continuar11; se o

Hamas deixar de ter capacidade de financiamento; e se a comunidade internacional ficar

de braços cruzados; então, teremos perante nossos olhos a terceira intifada.

10 Avi Issacharoff é o especialista em assuntos do Médio Oriente do The Times of Israel. Até 2012, foi repórter e comentarista de assuntos árabes para o jornal Haaretz. Também ensina história moderna da palestina na Universidade de Tel Aviv. Nasceu em Jerusalém, é fluente em árabe, formou-se em estudos do Médio Oriente e foi o correspondente da rádio pública israelita na cobertura do conflito israelo-palestiniano, entre 2003-2006.

11 Como afirma Hazem Balousha, do Al Monitor, “Lost in the midst of the continued political bickering between Hamas and Fatah, which seem to prioritize party interests, are the Palestinian people, and more specifically, the Gazans who cry in vain for assistance from a political elite that is deaf to their pleas.”

9

Page 10: Make Peace Not Love

Background de Amos Oz

Amos Oz nasceu em Jerusalém, em 1939. É um dos mais importantes escritores

israelitas da atualidade12 e também romancista, jornalista e intelectual. Leciona literatura

na Universidade Ben-Gurion em Beersheba e foi o co-fundador do movimento pacifista

Shalom Achshav (Paz Agora).

Os seus pais13 chegaram na Palestina em 1933, vindos de Vilnius, depois de terem

vivido em Odessa. Apesar de muitos dos membros de sua família serem da direita

revisionista e sionista, os seus pais não eram religiosos. Mesmo assim, Oz frequentou a

escola religiosa Tchachmoni.

A partir de 1960, durante o seu estudo de Literatura e Filosofia na Universidade

Hebraica de Jerusalém, os seus primeiros contos foram publicados. Formou-se em 1963

e começou a trabalhar como professor de literatura e filosofia. Ainda participou na

Guerra dos Seis Dias (1967) e na Guerra do Yom-Kippur (1973).

Desde 1967, tem sido um proeminente defensor de uma solução de dois Estados

para o conflito entre Israel e Palestina e, por esta razão, na década de 1970, foi um dos

fundadores do movimento pacifista Shalom Achshav 14.

Em 1991, foi eleito membro da Academia de Letras Hebraicas. Também recebeu

muitas outras distinções: em 1992, recebeu o Prémio de Frankfurt pela Paz e ganhou o

Prémio Israel, o mais prestigioso do país; em 1998, recebeu o Prémio Femina em

França; em 2002, foi indicado para o Prémio Nobel de Literatura; em 2004, recebeu o

Prémio Internacional Catalunya, ao lado do pacifista palestino Sari Nusseibeh; em 2005,

recebeu o prémio Goethe; e em 2007, recebeu o Prémio Príncipe das Astúrias de letras.

12 Oz já escreveu 38 livros (13 romances, quatro coleções de contos e novelas, nove livros de artigos e ensaios, e livros infantis) e ainda cerca de 450 artigos e ensaios.

13 Os pais de Oz eram multilíngues (seu pai lia em 16 idiomas, enquanto sua mãe em 7), mas nenhum falava bem o hebraico. Entre eles falavam em polonês e em russo, embora o hebraico foi a língua que Oz teve que aprender. Seu pai estudou história e literatura na Polónia, mas trabalhou a maior parte de sua vida na Biblioteca Nacional e Universitária Judaica. Sua mãe estudou história e filosofia na Universidade Charles, em Praga e por sofrer de depressão, cometeu suicídio quando Oz tinha apenas 12 de idade. Oz viria a explorar as repercussões deste evento em seu livro de memórias A Tale of Love and Darkness.

14 Segundo o próprio site da organização, os seus principais objetivos são: “to promote peace and democracy through education of the Israeli public and concerned citizens worldwide [and] to inspire the public to take part in developing initiatives that will both support long-term peace promotion and remove existing obstacles to a politically negotiated two-state solution.”

10

Page 11: Make Peace Not Love

Pensamento de Amos Oz

Em seu ensaio, How to Cure a Fanatic, Oz argumenta que o conflito israelo-

palestiniano não é uma guerra de religião ou de culturas, mas sim uma disputa territorial

que será resolvida não pela compreensão e amor entre as partes, mas por um profundo e

doloroso compromisso de paz. Começa por dizer o seguinte:

“The Israeli-Palestinian conflict is not a Wild West movie. It is not a struggle

between good and evil, rather it is a tragedy in the ancient and most precise sense of

the word: a clash between right and right (…) The Palestinians are in Palestine

because Palestine is the homeland, and the only homeland, of the Palestinian people.

(…) The Israeli Jews are in Israel because there is no other country in the world that

the Jews, as a people, as a nation, could ever call home.”

Além disso, tal como os judeus, os palestinos não foram aceites em outras terras:

“The Palestinians have tried, unwillingly, to live in other Arab countries. They were

rejected, sometimes even humiliated and persecuted by the so-called Arab family.

They were made aware in the most painful way of their “Palestinianness”; (…) The

Jews were kicked out of Europe. Just like the Palestinians were first kicked out of

Palestine and then out of the Arab countries, or almost.”

Devido à sua profundidade e ao seu enraizamento, não podemos comparar este

conflito com qualquer outro, nem procurar soluções com uma visão eurocêntrica:

“This is based on the widespread sentimental European idea that every conflict is

essentially no more than a misunderstanding. A little group therapy, a touch of

family counseling, and everyone will live happily ever after. Well, first, I have bad

news for you: Some conflicts are very real; they are much worse than a mere

misunderstanding. And then I have some sensational news for you: There is no

essential misunderstanding between Palestinian Arab and Israeli Jew. The

Palestinians want the land they call Palestine. They have very strong reasons to want

it. The Israeli Jews want exactly the same land for exactly the same reasons, which

provides for a perfect understanding between the parties, and for a terrible

tragedy.”

11

Page 12: Make Peace Not Love

Por fim, ainda em relação a este livro, podemos verificar a beleza, o humor e a

subtileza da linguagem de Oz ao longo de todo o texto. Cito o seguinte: “(…) I’m all for

it, especially if it is Arabic coffee, which is infinitely better than Israeli coffee. But

drinking coffee cannot do away with the trouble.”

No mesmo sentido, encontramos no seguinte excerto uma observação comum nos

discursos de Oz sobre a maneira de ser dos israelitas:

"Israel isn’t a monolithic state. We have eight million people, which means eight

million prime ministers and eight million saviors and Messiah. It’s almost

impossible to find two Israelis who agree on what needs to be done. That’s no

surprise since it’s even hard to find an Israeli who even agrees with himself. We’re

very pluralistic. We count pacifists and fanatics, extremists and moderates.”15

Oz é visto como um porta-voz eloquente da esquerda sionista16, opondo-se

veemente aos assentamentos israelitas, apoiando as negociações com a Organização

para a Libertação da Palestina e defendendo uma solução de dois Estados, como

verificamos na seguinte frase: “My suggestion is a two-state solution and coexistence

between Israel and the West Bank: two capitals in Jerusalem, a mutually agreed

territorial modification, removal of most of the Jewish settlements from the West

Bank.”17

Segundo Oz, Israel e a comunidade internacional devem ter uma posição firme

contra o programa nuclear iraniano, mas opõe-se a qualquer ataque:

“Iran is run by a fanatical regime that openly seeks to destroy Israel’s statehood, to

literally eliminate it. (…)I personally oppose a preemptive strike because I don’t

see it practicable. The Iranians have the know-how to build nuclear weapons, and

you can’t bomb away knowhow. So this is a problem for the entire international

community, and not just Israel.”15

Ao contrário da atitude cautelosa em relação ao Irão, Oz sempre defendeu que a

comunidade internacional deveria ter uma posição mais efetiva em relação à Síria: “(…)

15 Oz, Amos. "Make Peace Not Love." Interview by Constanze Reuscher. Eastonline, Nov. 2012.

16 O que distingue o sionismo trabalhista de esquerda dos outros não é a política económica, ou a visão sobre o capitalismo ou a perspectiva socialista do mundo, mas, duma forma geral, a sua atitude em relação ao processo de paz no conflito israelo-palestiniano.

17 Gourevitch, Philip. "An Honest Voice in Israel." The New Yorker. 2 Aug. 2014.

12

Page 13: Make Peace Not Love

should it just sit around as the regime of al-Assad spills the blood of citizens each and

every day? When a system starts killing hundreds of people, it’s time for the rest of the

world to take action.”18

Ele não é contra a contínua construção da barreira israelita na Cisjordânia, mas

considera que deveria ser ao longo da Linha Verde, a fronteira pré-1967. Além disso,

defende que Jerusalém deveria ser dividida em numerosas zonas e não apenas em uma

zona judia e outra palestina, mas sim, uma para a ortodoxia oriental, outra para os

hassídicos, uma zona internacional, etc.

Não foi contra a Segunda Guerra do Líbano em 2006, porque para ele não havia

reivindicações territoriais de ambos os lados e porque era uma tentativa israelita de

auto-defesa contra o Hezbollah e não contra os civis libaneses.19

Entretanto, sempre preconiza o uso da não-violência para resolução dos

problemas, como podemos verificar neste trecho:

“For 2000 years, the Jews knew the force of force only in the form of lashes to our

own backs. For several decades now, we have been able to wield force ourselves —

and this power has, again and again, intoxicated us. (…)But ever since the Six-

Day War in 1967, Israel has been fixated on military force. To a man with a big

hammer, says the proverb, every problem looks like a nail.(…) Every attempt to use

force not as a preventive measure, not in self-defense, but instead as a means of

smashing problems and squashing ideas, will lead to more disasters”20

E acredita que para existir paz no Médio Oriente é preciso que o primeiro ministro

de Israel, Netanyahu, procure aliados regionais: “There’s Arab proverb: ‘Never applaud

with one hand.’” 18

Por fim, cito este sublime gesto de Oz que, em março de 2011, enviou uma cópia

de seu livro, A Tale of Love and Darkness, traduzido em árabe, para o preso Marwan

18 Oz, Amos. "Make Peace Not Love." Interview by Constanze Reuscher. Eastonline, Nov. 2012.

19 Inicialmente, Oz expressou o seu apoio inequívoco a um ato militar de auto-defesa, mas depois mudou a sua posição em face da decisão do governo em avançar com novas operações militares no Líbano. O mesmo aconteceu no início do conflito entre Israel e Hamas, em Gaza, entre 2008 e 2009.

20 Oz, Amos. "Israeli Force, Adrift on the Sea." The New York Times, 01 June 2010.

13

Page 14: Make Peace Not Love

Barghouti, ex-líder do Tanzim (um ramo armado do Fatah). No livro estava a seguinte

dedicatória em hebraico:

“This story is our story, I hope you read it and understand us as we understand you,

hoping to see you outside and in peace, yours, Amos Oz” 21

Conclusão

A beleza da argumentação de Oz está no facto de ele procurar uma solução para o

presente, caminhando com os pés bem firmes na terra, mas sem perder de vista o sonho

da paz. Pelo contrário, os seus adversários tendem a fixar-se no passado, apontando o

dedo sem desenvolver soluções aplicáveis, sem uma visão para frente e para as

próximas gerações.

Como foi dito, o Fatah e o Hamas são dois protagonistas essenciais nesta história.

Infelizmente, estão constantemente em discussões secundárias e não têm um projeto

para a posteridade. Como vimos, o Hamas venceu a eleição de 2006, mas Abbas

impediu o Hamas de exercer o seu poder. Então o Hamas expulsou Abu Mazen de

Gaza. Entretanto, Abbas manteve a Cisjordânia.

Sabemos que o mandato de Mahmoud Abbas e o mandato do Hamas expiraram há

quatro anos. Ainda não houve eleições, pois Abu Mazen sabe que o Hamas irá ganhar

novamente e, assim, o seu partido Fatah deixará de ter poder efetivo, perdendo parte

significativa do seu financiamento. No mesmo sentido, o Hamas não vai abrir mão do

controlo das fronteiras de Gaza, porque perderia a fonte do seu financiamento e se

porventura houvesse paz, o Hamas perderia o poder e a sua própria existência seria

posta em causa.

Não há, portanto, governo de unidade na Palestina e não há um esforço conjunto

para encontrar uma solução pacífica para os problemas. Neste contexto, Israel lava as

suas mãos sujas de sangue, enquanto recebe o dinheiro e o suporte americano. Para

corroborar esta ideia, apresento a seguinte frase de Oz:

“(…) Hamas is not just a terrorist organization. Hamas is an idea, a desperate and

fanatical idea that grew out of the desolation and frustration of many Palestinians.

No idea has ever been defeated by force - not by siege, not by bombardment, not 21"Amos Oz Calls for Barghouti's Release in Book Dedication." The Jerusalem Post, 15 Mar. 2011.

14

Page 15: Make Peace Not Love

by being flattened with tank treads and not by marine commandos. To defeat an

idea, you have to offer a better idea, a more attractive and acceptable one.”22

Por fim, podemos concluir que os israelitas e os palestinianos têm razão para se

auto governarem, mas não há nenhuma razão para a guerra. O século XXI deve ser

lembrado como a época da construção de pontes e não de muros. Chegou a altura de

defendermos verdadeiramente a paz, seguindo o exemplo de Amos Oz, porque na

guerra não há vencedores nem vencidos; a guerra é uma derrota da inteligência humana.

22 Oz, Amos. "Israeli Force, Adrift on the Sea." The New York Times, 01 June 2010.

15

Page 16: Make Peace Not Love

Bibliografia

Dowty, Alan. Israel/Palestine. Cambridge, UK: Polity, 2005. Print.

Oz, Amos. How to Cure a Fanatic. Princeton: Princeton University Press, 2006.

Web

Oz, Amos. "Make Peace Not Love." Interview by Constanze Reuscher. Eastonline. East Crossroads Europe, Nov. 2012. Web. 20 Dec. 2014. <http://www.eastonline.eu/attachments/article/62/46-49%20EAST%2044%20-%20Make%20peace%20not%20love_Eng.pdf>.

European Union. The Role of the EU in the Israel/Palestine Conflict in Context. QCEA,

July 2011. Web. 20 Dec. 2014. <http://www.qcea.org/wp-content/uploads/2012/06/bp-

mideast-roleofeu-context-en-jul-2011.pdf>.

Palestina: História De Uma Terra - Completo - Português. YouTube. FRANCE 3, 25 Oct. 2011. Web. 20 Dec. 2014. <https://www.youtube.com/watch?v=1MXBL0Mc6XM>.

Oz, Amos. "Israeli Force, Adrift on the Sea." The New York Times. The New York Times, 01 June 2010. Web. 2 Jan. 2015.<http://www.nytimes.com/2010/06/02/opinion/02oz.html?_r=0>.

Riversong, Robert. "An Illustrated History of Palestine." Turning the Tide. N.p., 05 Aug. 2014. Web. 2 Jan. 2015. <http://riversong.wordpress.com/a-history-of-palestine/>.

Naar, Ismaeel. "Interactive: #GazaUnderAttack." Al Jazeera. Al Jazeera, n.d. Web. 2 Jan. 2015. <http://webapps.aljazeera.net/aje/custom/2014/gazaunderattack/index.html>.

Issacharoff, Avi. "In Gaza, Hamas and the PA Are at Each Other’s Throats Again." The Times of Israel. The Times of Israel, 11 Jan. 2015. Web. 11 Jan. 2015. <http://www.timesofisrael.com/as-palestinian-sparring-intensifies-hamas-creeps-up-to-border/>.

Balousha, Hazem. "Hamas, Fatah Bicker over Gaza Crossings." Al-Monitor. Al-Monitor, 13 Jan. 2015. Web. 13 Jan. 2015. <http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2015/01/hamas-gaza-crossings-control-

16

Page 17: Make Peace Not Love

palestinian-government.html#>. Gourevitch, Philip. “An Honest Voice in Israel” The New Yorker.

Gourevitch, Philip. "An Honest Voice in Israel." The New Yorker. The New Yorker, 2

Aug. 2014. Web. 13 Jan. 2015. <http://www.newyorker.com/news/news-desk/honest-

voice-israel>.

JPOST.COM STAFF. "Amos Oz Calls for Barghouti's Release in Book Dedication."

The Jerusalem Post. The Jerusalem Post, 15 Mar. 2011. Web. 13 Jan. 2015.

<http://www.jpost.com/Breaking-News/Amos-Oz-calls-for-Barghoutis-release-in-book-

dedication>.

"Processo De Paz." Paz Agora. Amigos Brasileiros Do Paz Agora, n.d. Web. 13 Jan.

2015. <http://www.pazagora.org/category/processo-de-paz/>.

"Hamas and Fatah Reach Accord on Unity Cabinet." Aljazeera. Aljazeera, 26 Sept.

2014. Web. 13 Jan. 2015. <http://www.aljazeera.com/news/middleeast/2014/09/hamas-

fatah-reach-accord-unity-cabinet-201492514932563900.html>.

"Palestine to become member of International Criminal Court." Haaretz Daily. Haaretz

Daily, 13 Jan. 2015. Web. 13 Jan. 2015. <http://www.haaretzdaily.com/?s=palestine>.

Imagens em anexo

Tschannen, Rafiq. Israel Angry as EU Blocks Funding in Settlements. Digital image. The

Muslim Times. The Muslim Times, 17 July 2013. Web. 20 Dec. 2014.

<http://www.themuslimtimes.org/2013/07/countries/israel/israel-angry-as-eu-blocks-funding-

in-settlements>.

Occupied Palestinian Territories. Digital image. Wikimedia Commons. Wikimedia Commons,

24 Mar. 2014. Web. 20 Dec. 2014.

<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Occupied_Palestinian_Territories.jpg>.

17

Page 18: Make Peace Not Love

Israel and the Territories Israel Occupied in the Six Day War. Digital image. Wikipedia.

Wikimedia Foundation, 6 Oct. 2011. Web. 20 Dec. 2014. <http://en.wikipedia.org/wiki/Six-

Day_War#mediaviewer/File:Six_Day_War_Territories.svg>.

18

Page 19: Make Peace Not Love

Anexo 1

19

Page 20: Make Peace Not Love

Anexo 2

20

Page 21: Make Peace Not Love

Anexo 3

21