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Torres Vedras 2005 Luta biológica e polinizadores em horticultura

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Torres Vedras2005

Luta biológica e polinizadores em

horticultura

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Edição: COTHN Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional

Estrada de Leiria - Alcobaça

Design gráfico: Gonçalo Lopes

ISBN: 972-8785-02-X

Depósito Legal:

Impressão:

Co-financiado pelo programa Agro Medida 8.1

Tiragem de 100 exemplares

Abril de 2005

Reservados todos os direitos

Nenhuma parte deste trabalho pode ser reproduzida através de fotocópia, microfilme, base de dados informática, software ou qualquer meio electrónico ou mecânico sem a permissão escrita do editor

Tel. 244 859 900 - LEIRIA

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Luta biológica e polinizadores em horticultura

Polinizadores e Luta Biológica na empresa Olhorta

Apresentação

Polinização

Conclusão

Polinizadores e luta biológica na empresa Hortipor

Apresentação

Polinização

Luta Biológica

Conclusão

Aplicação da luta biológica - experiência da empresa Carmo & Silvério

Apresentação

Casos de sucesso

Conclusão

Limitação natural de pragas no morangueiro

Apresentação

Limitação Natural

Conclusão

A Formação Profissional na área Agro-ambiental

Breve quantificação e caracterização da formação de 2001 a 2004

Enquadramento da formação na área agro-ambiental

As perspectivas para a Formação Agro-ambiental

Pacote de soluções para luta biológica

Koppert Biological Systems, Preserva o Equilibrio

Assistência intensiva e aconselhamento técnico

ÍNDICE

I

1

3

3

3

5

6

6

6

8

9

11

11

11

13

14

14

15

15

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17

18

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20

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Controlo das pragas

Leilões do Oeste Análise económica e mais valias do produto

1. Como funcionam os leilões de hortícolas no Oeste

2. Mais valias de produtos hortícolas produzidos com recurso à luta biológica

Notas

II

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22

23

24

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Luta biológica e polinizadores em horticultura

A intensificação cultural, característica comum dos sistemas de produção hortícola,

exige incorporação de grandes quantidades de factores de produção e, muitas

vezes, utilização de técnicas de forçagem para criar, de forma artificial, condições

climáticas óptimas para a produção (temperatura, humidade e luz). Destas

condições beneficiam também os inimigos das culturas, agentes patogénicos e

pragas que provocam elevadas quebras de produção - prejuízos, as quais exigem

atempadas e eficazes intervenções fitossanitárias.

Neste contexto, o estudo e desenvolvimento de meios de luta alternativos à luta

química, adequados às regiões e sistemas de produção, assumem grande

importância. Deste modo, maiores exigências de qualidade e segurança alimentar,

aumento do uso de Bombus terrestris para melhoria da polinização, diminuição de

soluções de luta química por incapacidade técnica e/ou restrições no mercado

europeu e crescente exigência por parte da sociedade civil em manter a qualidade

ambiental e biodiversidade sustentam a opção por estas alternativas, em particular

a luta biológica.

A luta biológica tem sido utilizada, na protecção das plantas, de forma irregular,

função das alternativas disponíveis. O desenvolvimento deste meio de luta deu-se

no passado recente após a época de oiro dos pesticidas, na sequência da

descoberta das desvantagens do uso indiscriminado de algumas substâncias

activas. A civilização ocidental recuperou e desenvolveu algumas soluções

biológicas, nomeadamente para combate a pragas de culturas hortícolas.

Em Portugal, a partir dos anos 80, um grupo de trabalho do Instituto Superior de

Agronomia, empenhado no desenvolvimento da protecção integrada, iniciou

trabalhos de investigação no sentido de disponibilizar soluções alternativas viáveis

para combate a pragas e doenças em culturas hortícolas protegidas.

A identificação dos problemas fitossanitários mais importantes, na perspectiva do

agricultor, teve como base um inquérito efectuado pelo Professor António Mexia, em

1987. Nesta fase, com a entrada acidental de novas pragas que ocasionaram

elevados prejuízos, os trabalhos foram intensificados, nomeadamente no que se

refere a estudos relacionados com larvas mineiras e tripes. Em sequência, foi

detectada grande riqueza faunística autóctone capaz de limitar alguns inimigos das

culturas, pelo que a luta biológica se assumiu como uma alternativa a eleger do

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Luta biológica e polinizadores em horticultura

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ponto de vista da limitação natural e do tratamento biológico. Várias espécies

auxiliares, predadores e parasitóides, foram identificadas; algumas eram já

comercializadas para tratamento biológico e outras deram origem a novos produtos

comerciais. Os resultados obtidos até ao final dos anos 90 evidenciaram que a

utilização rotineira e indiscriminada de pesticidas não só não resolveu os problemas

como gerou outros com carácter secundário.

Nos últimos dez anos, o aumento do uso de abelhões na melhoria da polinização,

condicionou os agricultores a alterar mais rapidamente as práticas fitossanitárias e

os meios de luta em particular pela necessidade de preservar os abelhões, pelo que

o interesse e domínio da luta biológica se intensificaram.

Nesta perspectiva, face ao incremento do uso destas novas tecnologias, aos casos

de sucesso e a alguns insucessos, surge a necessidade de fomentar troca de

experiências e discussão nesta área de trabalho por forma a re-orientar a

investigação, formação e apoio técnico necessários à melhoria da produção

hortícola nacional. Para isso, foram desafiadas várias instituições e agentes,

públicos e privados, com interesses convergentes de modo a encontrar as melhores

estratégias, técnicas e comerciais, no sentido de uma produção tecnicamente viável

e ambiental e economicamente sustentável.

O programa da reunião reflecte o interesse em auscultar experiências e opiniões de

carácter técnico e económico e promover a necessária discussão.

Esta reunião pretende ser um ponto de partida…

Maria do Céu Godinho

Elisabete Figueiredo

Fernanda Amaro

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1º Encontro

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Polinizadores e Luta Biológica na empresa Olhorta

José A. Firmino

Olhorta, Casal das Pedrosas, 2560 Silveira

Apresentação

Chamo-me José Firmino, sou horticultor desde os 16 anos, já lá vão 26 anos, e

resolvi aceitar o convite para participar no 1º Encontro de Luta Biológica feito pelas

entidades organizadoras, aqui representadas por técnicos e professores que têm

vindo a realizar trabalhos de pesquisa e estágios académicos nas minhas estufas. O

convite consistia em falar sobre abelhões e outros auxiliares e é isso que eu vou

tentar fazer e transmitir alguns conhecimentos, fruto de experiência adquirida ao

longo destes anos.

A empresa Olhorta possui uma área aproximada de 1,3 ha de estufas de estrutura

de madeira e pé direito de 2 m, implantadas, grande parte, na freguesia da Silveira,

concelho de Torres Vedras. Produz em solo, diversas culturas horticolas, sendo as

principais o tomate, pimento, feijão verde, pepino, alface, nabo e nabiças.

Polinização

No que respeita aos abelhões, faz hoje (6 Abril) precisamente 10 anos, que

comprámos as primeiras colmeias, custavam naquela altura quase 20 contos

(18.750$00 + IVA). Este foi o primeiro passo para a redução dos pesticidas nas

hortícolas sob coberto, porque o fabricante das colmeias fornecia uma lista de

produtos compatíveis e não compatíveis, e algumas normas para retirar melhor

proveito da utilização dos abelhões.

Em relação ao manuseamento da colmeia, embora fácil, há que ter alguns cuidados,

como protegê-la da luz directa do sol, procurar colocá-la num local mais arejado

para que os abelhões se mantenham a trabalhar mais tempo fora da colmeia e ter

cuidado com as formigas e com os tratamentos. Já que os abelhões custam dinheiro

temos de reduzir os tratamentos, e actualmente essa tarefa é facilitada, pois as

empresas de agro-químicos começaram a pôr à disposição do agricultor, produtos

selectivos para a fauna auxiliar. Nós, por exemplo, só retiramos as colmeias da

estufa no final da cultura.

Normalmente, quando aparecem as primeiras flores na cultura da Primavera,

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Luta biológica e polinizadores em horticultura

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encomendam-se as colmeias que chegam oito dias depois. Já na cultura de

Verão/Outono encomendam-se as colmeias um pouco mais cedo, porque as flores

ficam 'velhas' mais rapidamente. Tanto numa campanha como na outra, utilizamos

de início 1 colmeia/1000 m², e depois vamos observando as flores, para detectar se

são muito ou pouco visitadas. Desta forma podemos detectar e corrigir alguma

anomalia, ou repor nova colmeia.

Quando os abelhões, que são seres vivos, fazem o trabalho normal, as vantagens

são grandes no que respeita à qualidade dos frutos, ao vingamento de frutos por

cacho e à homogeneidade dos mesmos. Contudo, ao longo destes anos, e

principalmente mais recentemente, temos verificado que as colmeias têm um

período de duração mais curto, pois trazem muitos abelhões e passados oito a 10

dias deixam de laborar. Por esse motivo já há alguns agricultores a “fazer”

vingamento, vibrando as flores com a ajuda do “vento”, mas como temos sempre os

valores da humidade relativa do ar superior a 20-30% os resultados não são

satisfatórios, e os abelhões continuam a ser o melhor método.

Luta Biológica

Quando começámos a utilizar os abelhões, grande parte dos insecticidas foram

retirados das estufas e, consequentemente, começaram a aparecer outros insectos.

As pragas foram as primeiras a surgir, entre elas a mosquinha branca (Trialeurodes

vaporariorum) e o tripes (Frankliniella occidentalis), na nossa opinião as mais

importantes na cultura de tomate e pimento. Foi difícil o controlo, durante dois ou três

anos, mas passado esse tempo começaram a surgir alguns auxiliares “selvagens”

que, de certo modo, eram eficazes na cultura do pimento. Esses auxiliares eram

Orius, predadores de tripes, e ácaros e, uma mosquinha semelhante à mosca

doméstica, predadora de adultos de mosquinha branca e Liriomyza sp. (larvas

mineiras).

Foi a partir do ano de 1998 que fizemos as primeiras largadas de Orius, com a ajuda

do técnico da Associação de Horticultores de Torres Vedras (AHTV), associação da

qual eu era dirigente, e do Prof. Frescata. Mas foram precisos dois anos para saber

qual a melhor altura de fazer as largadas. Presentemente, na cultura de pimento,

são feitas duas largadas: a primeira à abertura das primeiras flores, com 1

insecto/m² e a segunda largada 15 dias depois, com 0,5 insecto/m². Este auxiliar

reproduz-se muito bem, pois mesmo que não haja tripes ele alimenta-se do pólen

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1º Encontro

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das flores.

A cultura do pimento era indesejada junto da cultura do tomate, por ser atractiva para

a tripes, e este ser o vector que transmite o vírus TSWV, mas agora, ao colonizar a

cultura do pimento com Orius laevigatus o efeito é inverso.

A tal mosquinha predadora que apanha em pleno voo a mosquinha branca ou outra

e lhe suga o interior, é um óptimo auxiliar, não custa dinheiro e mantém-se todo o ano

nas estufas, mas em maior quantidade na cultura do pimento e da alface. Esta

mosquinha predadora foi detectada, por nós, pela primeira vez em Portugal, facto

que comunicámos ao Prof. Mexia, sendo mais tarde, em 2002, identificada como

Coenosia attenuata ou mosca tigre.

Mas não aparecem só insectos “bons”, também aparecem alguns insectos “maus”.

Em 2002 surgiu na cultura do pimento o ácaro branco, para o qual pedi o apoio do

ISA, nomeadamente à Prof.ª Elisabete Figueiredo, para a identificação da praga. Da

experiência que havia, na Madeira, apenas o insecticida contendo dicofol +

tetradifão é que era eficaz no combate a esta praga. Contudo esta não era a solução

para quem, como nós, tinha Orius nas estufas. O problema foi resolvido com

Amblyseius cucumeris que são ácaros predadores de tripes e outros ácaros,

aquirindo à empresa Koppert e colocando uma saqueta em cada planta infestada.

Conclusão

Portanto nós, no período de 10 anos, com a introdução dos abelhões passámos da

redução dos produtos químicos para a luta biológica, com o objectivo da eliminação

do recurso aos meios de luta químicos.

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Luta biológica e polinizadores em horticultura

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Polinizadores e luta biológica na empresa Hortipor

Telmo Rodrigues & Rodrigo Silva

Hortipor, Rua do Concelho, nº 27, Pinheiro Manso, Sobreiro Curvo, 2560 A-dos-

Cunhados, [email protected], [email protected]

Apresentação

A HORTIPOR é uma empresa agrícola com cerca de quatro anos, situada na

localidade de Sobreiro Curvo, freguesia de A-dos-Cunhados, concelho de Torres

Vedras. Centra a sua actividade na produção e comercialização de tomate em

horticultura protegida (estufa) e actualmente cultiva uma área de 4ha em sistema

sem solo. Dispõe das mais modernas técnicas de produção como a utilização de

rega gota-a-gota, com gotejadores auto-compensantes e anti-drenantes, dois

sistemas de fertilização computorizados, 3 ha de estufas de estrutura metálica com

4 m de pé direito e abertura zenital a 1/4, controlador de clima computorizado,

utilização da lã de rocha como substrato, reutilização das águas de drenagem,

aplicação de dióxido de carbono (CO ) e um hectare com aquecimento. A Hortipor 2

possui, ainda, 1ha de estufas de madeira com dois metros de pé direito. Em ambos

os casos a polinização é feita com recurso a abelhões e o controlo de pragas e

doenças é feito com insectos auxiliares e produtos biológicos.

A empresa produz tomate cereja, chucha, cacho e redondo e calibra, embala e

comercializa para o Grupo Auchan, sendo uma parte da produção após uma

rigorosa selecção, comercializada com a marca “Vida Auchan”.

Polinização

A Hortipor desde a sua existência sempre utilizou os abelhões como único recurso

para a polinização das flores de tomateiro. A polinização natural com abelhões tem

inúmeras vantagens, entre elas, o aumento do calibre e do número total de frutos e a

maior percentagem de frutos de primeira qualidade. Por outro lado, substitui de uma

forma eficaz outros métodos, como a aplicação de fitorreguladores de vingamento e

restringe o uso de produtos fitofarmacêuticos, o que se traduz numa melhoria

significativa em termos de segurança alimentar para o consumidor, segurança para

os trabalhadores que realizam as aplicações de pesticidas e a preservação do

ambiente.

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1º Encontro

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Este método de polinização tem limitações, que estão ligadas a temperaturas e

humidades extremas verificadas nas estufas. No Inverno, com temperaturas muito

baixas, por não existir pólen, os abelhões tornam-se inúteis. No Verão, podem por

vezes ocorrer temperaturas demasiado altas (acima dos 35ºC), em que os abelhões

cessam a sua actividade polinizadora. Humidades relativas demasiado altas

dificultam, também, a sua actividade. Uma outra limitação, não menos importante, é

a fraca preferência destes insectos pelo pólen do tomateiro. Apesar de não

comprometer a polinização eficaz das flores do tomateiro, parte dos abelhões saem

das estufas em busca de outras plantas com pólen de melhor qualidade e néctar.

À excepção do tomate tipo cereja, em que se utilizam 2 colmeias/1000m², nos

restantes tipos de tomate, utiliza-se 1 colmeia/1000m². As densidades referidas

anteriormente variam em função do estado vegetativo da cultura, ou seja, nos

primeiros estados vegetativos (1º-2º cacho), é colocada 1 colmeia/2000m², esta

densidade vai aumentando à medida que aumenta o número de cachos por planta,

até chegar à densidade referida, de 1 colmeia/1000m².

As colmeias são colocadas nas estufas, sempre que possível, em locais ventilados,

a cerca de 10-20 cm do solo, cobertas com uma caixa de papelão, evitando a

exposição directa do sol. As aberturas das colmeias são sempre orientadas para os

pontos cardiais Sul ou Este. As colmeias são distribuídas uniformemente pela

estufa, de modo a que cada uma ocupe a área pretendida no momento em que é

colocada. Os casos de problemas com formigas são raros e quando isso acontece,

as colmeias são mudadas de lugar. O controlo da eficácia das colmeias é feito, pelo

menos com uma frequência semanal, através da observação das marcas nas flores.

A qualidade das colmeias não é uniforme. Não tendo em conta os factores

desfavoráveis que possam estar presentes nas estufas (e.g. temperaturas

elevadas), surgem-nos por vezes problemas de actividade de algumas colmeias,

numa percentagem média de 10%. As razões que podem levar à ineficácia de

algumas colmeias, poderão ser, entre outras, o longo e “atribulado” percurso desde

a casa comercial até à estufa do agricultor, ou a produção intensiva deste insecto.

Não conhecendo totalmente o ciclo de vida deste insecto, não podemos afirmar que

o seu tempo de vida é curto, embora nos pareça que sim (cerca de um mês). A

substituição das colmeias faz-se quando se começam a observar flores não

picadas.

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Luta biológica e polinizadores em horticultura

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Sempre que são realizados tratamentos fitossanitários, são cumpridas as

recomendações, apesar de existirem dados pouco concretos e com algumas

discrepâncias, relativamente às várias casas produtoras/distribuidores de

abelhões.

De modo geral podemos dizer que o grau de satisfação é elevado.

Luta Biológica

A empresa iniciou a luta biológica há cerca de três anos, inicialmente nas estufas de

estrutura metálica, logo após a sua construção, tendo seis meses mais tarde

estendido este meio de luta à totalidade da área existente na altura. Em todas as

estufas de construção mais recente tem-se optado deste logo por este meio de luta.

O recurso a este meio de luta surgiu devido às dificuldades sentidas em controlar a

mosquinha branca, a principal praga da cultura, às restrições a que estávamos

sujeitos pela utilização dos abelhões, o que conduzia à utilização continuada das

mesmas substâncias activas e, consequentemente, ao surgimento de resistências

da praga e perda de controlo sobre a cultura. Com a construção de novas estufas,

pensamos ter reunidas as condições ideais para se iniciar este meio de luta, pois as

estufas não estão ainda contaminadas com resíduos de pesticidas, nem de pragas.

Nestes três anos de luta biológica as coisas têm decorrido com normalidade, sem

grandes problemas e sem necessidade de recorrer a insecticidas de síntese.

Os principais predadores existentes nas estufas, e que melhor se têm reproduzido,

são os mirídeos. Sendo os meses de Inverno geralmente frios, os níveis de

auxiliares predadores são bastante baixos, podendo ir até valores de densidade de

1 mirídeo/100-200m². Devido ao facto dos níveis de predadores serem tão baixos

nestes meses, o controlo da mosquinha branca é geralmente feito com recurso a

parasitóides, nomeadamente Encarsia formosa, Eretmocerus mundus e

Eretmocerus eremicus. Nesta fase do ano, a importância dos mirídeos traduz-se no

aumento gradual da sua população, para nos meses de Verão fazer face ao

aumento natural de pragas, que é normal ocorrer nessa altura.

Quando termina a primeira campanha de tomate, entre Junho e Julho, o nível de

predadores é já significativo. Ao “deitar para o chão” os restos da cultura e ao plantar

a nova cultura, a mosquinha branca e os mirídeos passam naturalmente para as

plantas novas, podendo em muitos casos observar-se 40-60 mirídeos nas plantas

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1º Encontro

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novas com apenas 6-7 folhas.

A campanha de Verão a Outono decorre com normalidade, com os predadores a

controlarem a praga a níveis bastante aceitáveis.

No final de cada campanha, são deixadas infestantes, tanto nas placas de substrato

como na entrelinha, para que os auxiliares presentes na cultura, após esta ser

retirada, possam ter uma presa alternativa, no caso dos predadores e um “refúgio”

no caso dos parasitóides. Neste momento não existe qualquer selecção ao nível das

infestantes que servem como hospedeiro ou refugio para os auxiliares.

Sendo os mirídeos predadores bastante generalistas, pragas como as lavas

mineiras, tripes, aranhiço vermelho, ácaros, afídeos e lagarta do tomate (ovos) são

também, até certos níveis, controladas por estes, e em caso de necessidade

recorre-se a auxiliares específicos para cada praga.

Quando há necessidade de utilizar algum insecticida, procura-se resolver a situação

com produtos autorizados em agricultura biológica e, se por força maior, houver

necessidade de recorrer a insecticidas de síntese, estes são aplicados de forma

localizada, para não destruir as populações de auxiliares.

Em termos económicos não temos dados comparativos entre a luta biológica e a luta

química, porque a luta biológica começou praticamente com o início da empresa e a

luta química só foi utilizada nas estufas mais antigas de madeira e nunca nas

metálicas. Quando se tem o cuidado de preservar a fauna auxiliar obtêm-se muitos

benefícios em termos económicos, já que essa fauna auxiliar se reproduz

naturalmente sem haver necessidade de realizar re-introduções de auxiliares nas

culturas.

Nas estufas mais baixas as dificuldades em controlar as pragas de forma biológica

são maiores, pois o controlo climático é mais difícil, o que pode favorecer as pragas

em detrimento dos auxiliares, para além disso, as aberturas laterais facilitam a

entrada de pragas de forma descontrolada.

Conclusão

Na nossa opinião, a luta biológica é um meio de luta muito vantajoso em vários

aspectos, como referimos anteriormente, mas que não deixa de ser bastante

exigente em termos de acompanhamento. É muito importante o acompanhamento

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Luta biológica e polinizadores em horticultura

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regular dos níveis populacionais dos auxiliares e das pragas, de forma a reduzir o

risco de estas se descontrolarem, e evitar realizar qualquer tipo de tratamentos

fitossanitários com produtos naturais ou de síntese.

Com a luta biológica é possível melhorar as condições de saúde e de trabalho na

exploração, obter produtos seguros para o consumidor com maior qualidade e

melhorar as condições ambientais dentro e fora da exploração.

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1º Encontro

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Aplicação da luta biológica - experiência da empresa Carmo & Silvério

Ana Carvalho

Carmo & Silvério, Casal do Marco Grande, 2560 A-dos-Cunhados,

[email protected]

Apresentação

A empresa Carmo Silvério, além de executar a comercialização de produtos

hortícolas frescos, tem, também, uma área de produção própria. Esta produção é

feita numa estufa em sistema sem solo com substrato fibra de coco e, nos últimos

três anos, com recurso a luta biológica.

Iniciámos largadas de auxiliares biológicos na cultura de pepino e pimento, e

posteriormente, embora ainda no mesmo ano, na cultura de tomate. Ao longo deste

tempo foram vários os auxiliares introduzidos para controlar as diversas pragas que

afectam as culturas hortícolas em estufa.

Com base nos resultados obtidos na estufa da empresa, optámos por estender a

experiência adquirida aos agricultores, nossos produtores. Iremos descrever três

desses episódios.

Casos de sucesso

O primeiro caso ocorreu, em 2001, com um agricultor que tem a sua exploração em

Casalinhos de Alfaiata, freguesia de Silveira. Foi proposto ao agricultor receber

assistência técnica na sua exploração. Como este se mostrou, inicialmente, um

pouco melindrado com essa situação, optou-se por iniciar o aconselhamento

técnico apenas num sector com cerca de 1 000m².

A referida estufa tinha algumas infestantes, e a minha pretensão inicial seria eliminá-

las. Contudo, após observação mais cuidada, deparámo-nos com a presença de

aranhiço vermelho e de outros aranhiços de cor alaranjada, que se moviam muito

rapidamente, quando se passava com a chama do isqueiro na página inferior da

folha da infestante.

De seguida, alertei o agricultor para que não eliminasse as infestantes, e

garantimos-lhe que no decorrer das visitas iriamos verificar, com atenção, a

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Luta biológica e polinizadores em horticultura

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evolução de toda aquela situação, sem nunca colocar a cultura em causa.

Com as visitas semanais, fomos observando a evolução do pequeno foco,

conjuntamente com a evolução das plantas de tomateiro. Entretanto a meio do

crescimento reparámos que as plantas mais próximas do foco ficaram infestadas

com a praga, mas também com os auxiliares. Desta forma, conseguiu-se chegar ao

fim da cultura sem ter de se efectuar tratamentos com acaricidas para controlar

aquele foco de infestação ou toda a cultura.

A segunda situação ocorreu, em 2002, com um agricultor das Brejenjas, freguesia

de Silveira. Efectuou-se a plantação de tomateiro em início de Julho e começou a

observar-se a presença de mosquinha branca logo em finais de Julho. Contudo, não

se observava uma grande evolução da praga, e consequentemente, não se

justificava a aplicação de produtos fitofarmacêuticos. Como eu sabia que nas

campanhas anteriores esse agricultor tinha sempre alguns problemas com

mosquinha branca, estranhei que até meados de Outubro o agricultor não tivesse

feito nenhum tratamento com insecticida na cultura do tomateiro. Decidi fazer uma

visita ao campo, para verificar como se encontrava a presença de mosquinha

branca na cultura.

O agricultor informou-nos de que não valia a pena ver a cultura, pois embora tivesse

alguma mosquinha branca, não iria tratar, uma vez que a presença desta já tinha

sido superior, tendo baixado sem efectuar tratamento químico. Curiosamente fomos

detectar na cultura, elevada presença de mirídeos. Como é que não estaria a praga

controlada com a presença tão elevada destes pequenos insectos!

O terceiro caso ocorreu, também em 2002, com um agricultor da Póvoa de

Penafirme, freguesia de A-dos-Cunhados. O agricultor detectou na cultura do

pimento um pequeno foco de afideos, junto à entrada de estufa.

Nesse momento, encontrava-me em Espanha com técnicos da empresa Koppert.

Fomos informados por esta empresa que comercializavam um cereal, infestado

com afideos, específicos desse mesmo cereal. Fiquei naturalmente interessada

nessa solução, e instalámos na estufa do agricultor uns vasos do cereal. Foi

explicado, ao surpreendido agricultor, que o cereal trazia afideos, mas que estes

não iriam passar para a cultura de pimento.

Foi engraçado detectar, ao fim de 15 dias, a presença de muitos afídeos mortos e

12

1º Encontro

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muitas larvas de coccinilideos (joaninhas). Na cultura circundante encontravam-se a

controlar a praga de afideos, larvas e adultos de joaninhas que tinham surgido

naturalmente.

Conseguiu-se chegar ao fim da cultura sem nenhum tratamento para os afideos,

pois esse cereal tinha servido para atrair coccinilideos, permitindo que eles se

multiplicassem aí e controlassem os afideos da cultura.

Conclusão

Entretanto, iniciámos na Carmo & Silvério em 2002, a formação dos agricultores,

sendo que numa das unidades se abordou a luta biológica. Surgiu inserida na

formação, a possibilidade de efectuar visitas ao campo para observar as culturas

hortícolas. Têm sido realizadas visitas à nossa exploração e às explorações dos

agricultores, para que todos tomem conhecimento que, evitando a aplicação de

produtos fitofarmacêuticos mais agressivos, estamos a promover o aparecimento e

instalação dos auxiliares biológicos do exterior.

Após a acção de formação, tem-se igualmente vindo a conquistar os agricultores

para que efectuem largadas de auxiliares nas suas explorações. Tendo-se iniciado

as largadas nas culturas de pimento, no passado ano fizeram-se largadas na cultura

do tomateiro com três espécies diferentes de auxiliares: Encarsia formosa,

Eretmocerus californicus e Macrolophus caliginosus.

Este tem sido o nosso trabalho junto dos nossos agricultores e no nosso raio de

acção. Gostaríamos de poder relatar no futuro mais situações como estas, de

sucesso na nossa agricultura. Gostariamos que se aplicasse cada vez menos

produtos fitofarmacêuticos e que o consumidor estivesse mais sensibilizado para

toda esta situação da luta biológica.

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Luta biológica e polinizadores em horticultura

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Limitação natural de pragas no morangueiro

Claúdia Prudêncio¹ & Elsa Valério²

¹ Casa Prudêncio, Quinta de S.Roque, 2080 098 Almeirim,

[email protected]

² Estação Agronómica Nacional, Dep. Protecção das Plantas-Entomologia, Av. da

República, Nova Oeiras, 2784-505 Oeiras, [email protected]

Apresentação

A Casa Prudêncio é uma empresa de capital familiar com origem em 1908 e possui

uma actividade diversificada: floresta, gado extensivo, vinha, cereais, horto-

industriais e hortícolas (morango, meloa e brócolos). No caso do morango, a

produção teve início há 30 anos e, actualmente, a área de produção é de cerca de 20

ha. Os mercados-alvo são os hipermercados nacionais e da Europa e o principal

objectivo é a obtenção de um produto de elevada qualidade.

Introdução

A utilização de substâncias activas pouco selectivas para a fauna auxiliar origina

desequilíbrios no ecossistema agrário, agravando os níveis populacionais da praga

o que consequentemente implica a realização de novos tratamentos fitossanitários.

Tendo em conta as restrições cada vez maiores relativamente às substâncias

activas disponíveis e as exigências por parte dos consumidores e de outros agentes

da fileira para a redução dos níveis de resíduos nos produtos, os produtores vêm-se

obrigados a aderir a sistemas de protecção das plantas alternativos,

nomeadamente à protecção integrada.

Tendo em conta as necessidades demonstradas por produtores de morango, surgiu

o Projecto Agro nº193 “Tecnologias de produção integrada no morangueiro visando

a expansão da cultura e a reconquista do mercado”. No âmbito deste projecto

procedeu-se ao estudo da dinâmica das populações das pragas do morangueiro e

interacções com a fauna auxiliar desde o ano 2001 a 2004, na região do Ribatejo e

Oeste (Almeirim e Caldas da Rainha), tendo-se fomentado fundamentalmente a

limitação natural em detrimento de intervenções químicas e biológicas.

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1º Encontro

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Limitação Natural

Nos ecossistemas agrários em que se insere a cultura de morangueiro, tanto em

Almeirim como nas Caldas da Rainha, constata-se que a fauna auxiliar é muito

diversificada e normalmente contribui para a limitação das populações das pragas,

pelo que deve ser preservada e fomentada nestes ecossistemas. Nalguns casos, é

mesmo desnecessário recorrer a intervenções químicas para a limitação de

algumas pragas.

Com frequência assistimos, neste ecossistema agrário, à presença de inimigos

naturais, nomeadamente, predadores (antocorídeos, aranhas, cecidomiídeos,

coccinelídeos, crisopídeos, fitoseídeos, sirfídeos e tripes predadores) e parasitóides

de afídeos das famílias Aphidiidae e Aphelinidae. A actividade dos inimigos naturais

de afídeos permite-nos afirmar que a fauna auxiliar presente nos ecossistemas da

região pode dar um contributo valioso na limitação natural das pragas desta cultura.

Apesar de a limitação natural de algumas pragas da cultura de morangueiro ter

demonstrado ser bastante eficaz, quando as populações da praga atingem níveis

muito elevados necessitamos de fazer intervenções no ecossistema agrário, não só

através de tratamentos químicos, como também através de largadas de auxiliares.

O sucesso de uma largada depende de diversos factores, pelo que, devem ser muito

bem ponderadas, dando especial atenção à escolha do auxiliar a utilizar para cada

praga específica, à biologia do auxiliar e da praga a limitar e às informações

fornecidas pelas empresas que comercializam estes auxiliares.

Conclusão

Devemos ter sempre presente que a generalização de casos específicos é um erro

que devemos evitar, tendo em conta que os ecossistemas são complexos e muito

diversificados. Assim, devemos fazer o acompanhamento de cada parcela/cultura,

procurando analisar a dinâmica das populações das pragas e as interacções com a

fauna auxiliar autóctone, para podermos tomar uma decisão consciente de intervir

com meios de protecção alternativos à limitação natural.

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Luta biológica e polinizadores em horticultura

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A Formação Profissional na área Agro-ambiental

Fernando Costa

Secretaria Geral. MAPF. Praça do Comércio. 1149-010 Lisboa.

A abordagem que será efectuada na presente comunicação incidirá sobre a

formação profissional na área agro-ambiental realizada nos últimos quatro anos, de

2001 a 2004, bem como sobre as actuais perspectivas para o seu desenvolvimento.

Englobamos nesta área, as acções de formação sobre Protecção Integrada,

Produção Integrada, Agricultura Biológica, Auxiliares Biológicos e Aplicação de

Produtos Fitofarmacêuticos, que são até agora as mais representativas.

Breve quantificação e caracterização da formação realizada no

período de 2001 a 2004

Em primeiro lugar, há que salientar que a formação profissional no domínio das

temáticas agro-ambientais tem sido aquela que tem tido maior incremento e mesmo

maior peso no conjunto de todas as acções realizadas nos últimos anos. Com efeito,

do total de acções para agricultores neste período, 26% foram da área agro-

ambiental, mais concretamente sobre os temas anteriormente indicados.

Considerando apenas aquele tipo de temáticas, verificamos que foram realizadas

1.693 acções de formação para agricultores, envolvendo 25.720 produtores. Para

técnicos realizaram-se 100 acções, envolvendo 1.502 formandos, valores que

reflectem de forma clara, quer a importância dos temas, quer a mudança em curso

neste domínio.

Em segundo lugar, deve-se sublinhar que, se compararmos os valores alcançados

de 2001 a 2004 com os realizados no período de 1994 a 1999, se constata desde já

que a formação realizada triplica em quatro anos.

Em terceiro lugar, se analisarmos o peso de cada uma daquelas acções no conjunto

das acções realizadas para agricultores de 2001 a 2004, podemos verificar que 64%

foram sobre Protecção integrada, 9% sobre Produção integrada, 11% sobre

Agricultura biológica e 15% sobre Aplicação de Produtos fitofarmacêuticos.

Em relação à formação realizada para técnicos, no mesmo período, verificou-se que

48% das acções foram sobre Protecção Integrada, 15% sobre Produção Integrada,

26% sobre Agricultura biológica, 3% sobre Auxiliares Biológicos e 8% sobre

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1º Encontro

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Aplicação de Produtos Fitofarmacêuticos.

Constata-se, pois, o peso dominante da formação em Protecção Integrada,

nomeadamente em viticultura e olivicultura e a reduzida importância da Produção

Integrada e da Agricultura Biológica, ou seja das acções relativas aos modos de

produção mais compatíveis com preservação ambiental e a saúde pública. Todavia

a nível da formação de técnicos verifica-se um maior equilíbrio na proporção entre

as diversas formações, o que permite dispor de competências para enquadrar uma

futura reorientação para aqueles modos de produção. Salienta-se, ainda, a

formação sobre “Auxiliares biológicos”, que indicia uma evolução para o nível de

especialização ao nível da luta biológica.

Por último, tendo em conta apenas o sector da horticultura, regista-se que o número

de acções realizadas nesta área é ainda reduzido, no conjunto das acções agro-

ambientais, correspondendo apenas a 5% do seu total (apenas 92 acções

realizadas de 2001 a 2004). Analisando ao nível das diversas temáticas culturais,

verifica-se que apenas uma pequena parte das acções de formação atrás

mencionadas está directamente relacionada com Horticultura: 6,4% das acções de

formação no caso de Protecção Integrada; 1,7% em Produção Integrada e 10% em

Agricultura Biológica.

Enquadramento da formação na área agro-ambiental

O quadro de aplicação das Medidas Agro-ambientais determina que os agricultores

que pretendem aceder a ajudas naquele âmbito devem frequentar determinadas

acções de formação profissional. De igual forma, os técnicos a contratar pelas

Organizações para serem reconhecidos devem deter formação profissional

específica. Por esta razão, mas também porque se trata de formação de base,

essencial para a aplicação de um determinado tipo de tecnologias, procedeu o

Ministério da Agricultura à regulamentação das acções de formação. O Despacho

nº13.220/2003 (2ª série) definiu as normas para a homologação das acções, bem

como os programas mínimos das acções de sensibilização em Luta Química

Aconselhada, e de formação em Protecção Integrada, em Produção Integrada e em

Agricultura Biológica.

Esta primeira fase de aplicação do Despacho caracterizou-se pela resolução da

contradição entre a necessidade de responder a um grande volume de formação e à

ainda insuficiente capacidade técnica e formativa existente nestas temáticas.

17

Luta biológica e polinizadores em horticultura

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Apesar destes factores, foi possível responder a um volume elevado de formação

quer de agricultores, quer de técnicos e melhorar a qualidade da formação, ainda

que subsistindo algumas limitações, nomeadamente ao nível da formação prática.

Constata-se ainda que a estrutura formativa concebida é algo rígida e dificulta o

desenvolvimento do percurso formativo de quem pretenda evoluir da Protecção

Integrada para a Produção Integrada, ou obter formação em mais do que uma

cultura, dado que obriga a uma formação mais longa e por vezes repetida. No plano

da avaliação das competências adquiridas, constatam-se igualmente insuficiências,

que impedem o conhecimento integral dos resultados ao nível dos formandos, dos

formadores e entidades.

As perspectivas para a Formação Agro-ambiental

Encontra-se em reformulação e actualização a regulamentação das acções de

formação em Agro-ambientais, a qual pretende responder aos seguintes objectivos:

a) Continuar a garantir a formação básica de agricultores e técnicos em todas as

culturas abrangidas pelas Medidas Agro-ambientais;

b) Realizar a formação por blocos de unidades capitalizáveis, que conferindo a

formação pretendida pelo formando, possibilitem a sua creditação para efeito de

outras formações em agro-ambientais e a definição de percursos formativos mais

flexíveis e adaptados às necessidades dos formandos;

c) Aumentar e acentuar a componente da formação prática e a avaliação das

competências adquiridas pelos formandos.

Neste contexto estão concebidos programas de formação para as seguintes

culturas:

- Protecção Integrada prunóideas, pomóideas, vinha, olival, citrinos, hortícolas,

milho, arroz, cereais de Out./Inv., arvenses de regadio Out./Inv., arvenses de

regadio Prim./Verão, figueira e frutos secos, beterraba para indústria, tomate para

indústria, actinídeas, oleaginosas, tabaco;

- Produção integrada prunóideas, pomóideas, vinha, olival, citrinos, hortícolas,

milho, arroz, cereais de Out./Inv., arvenses de regadio Out/Inv., arvenses de regadio

Prim/Verão, figueira e frutos secos, beterraba para indústria, tomate para indústria;

- Modo de produção biológico -vegetais olival, vinha, fruteiras, hortícolas;

18

1º Encontro

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- Modo de produção biológico - animais bovinos, ovinos e caprinos, suínos, aves.

Ao nível da Horticultura dado o número muito elevado de culturas e a forma como

serão reconhecidas as Organizações para efeito das ajudas à Protecção ou

Produção integrada, a organização das acções será efectuada por Família ou

agrupamento de Famílias (Amiláceas, Rosáceas, Asteráceas, Cucurbitáceas,

Brassicáceas, Fabáceas, Liliáceas, Quenopodiáceas e Solanáceas), obtendo-se

um certificado de formação relativo à Família ou Famílias sobre as quais a acção

incidiu.

Para além da formação básica importa ainda responder às necessidades de

actualização e aperfeiçoamento de técnicos e agricultores e às necessidades de

especialização. Este tipo de formação já não é objecto de regulamentação.

No que respeita aos agricultores, a sua resposta pode ser garantida através de uma

articulação dinâmica entre os seus serviços de apoio técnico, os seus serviços de

experimentação e os seus serviços de formação, a qual poderá, em tempo útil e à

“medida”, detectar os problemas, estudar e identificar as soluções e capacitar os

agricultores para a sua aplicação, ou em alternativa através metodologias do tipo

“círculos de inovação”. Ao nível dos técnicos poderá ser assegurado por entidades

que acompanhem a sua actividade, identifiquem as suas necessidades, os

articulem com as actividades de investigação e experimentação e desenvolvam

programas específicos de formação.

Em qualquer dos casos a resposta adequada às necessidades implicará sempre

uma resposta integrada e em parceria: Produtor - Apoio técnico Experimentação

Formação.

19

Luta biológica e polinizadores em horticultura

1994-1999

20012002

20032004 Tot al

Técnicos

Agricultores

Total0

500

1000

1500

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1994 a 992001 a 04

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Pacote de soluções para luta biológica

2Elisabete Lima¹ , Gonzalo Garcia¹ & Nuno Pereira

¹Koppert Biological Systems S.L., [email protected]; [email protected]

2Campoeste, Sítio Alto das Esteveiras, 2560 A-dos-Cunhados

Koppert Biological Systems, Preserva o Equilibrio.

Cada organismo vivo tem os seus inimigos naturais. Isso é a base do equilíbrio da

natureza e das culturas sãs.

Actualmente decresce a aceitação dos produtos fitossanitários químicos por parte

do consumidor e da legislação, cresce o número de agricultores que opta pela

protecção integrada nas suas culturas e que, portanto, poderão combinar luta

biológica com produtos fitossanitários seleccionados.

Há mais de 30 anos que a Koppert cria inimigos naturais para a protecção de

culturas e, desde há 10 anos, Bombus terrestris (abelhões) para polinização natural.

Koppert oferece soluções para as culturas hortícolas, flores, plantas ornamentais

em estufa, na arboricultura, fruticultura, etc.

Assistência intensiva e aconselhamento técnico

O que usar contra quê?

Que efeitos tem a combinação de luta biológica e química?

Como se calcula a quantidade de predadores e a quantidade efectiva de inimigos

naturais?

Técnicos próprios oferecem uma assistência intensiva e aconselhamento à medida.

Controlo das pragas

Serão abordados.

- Medidas Preventivas

- Práticas Culturais

- Luta Mecânica

- Luta Química

20

1º Encontro

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- Luta Biológica

- Alternativa viável, eficácia e segurança frente à luta químicaAlguns aspectos gerais

sobre auxiliares e pragas, suas características e eficácia:

Alguns aspectos gerais sobre auxiliares e pragas, suas características e eficácia:

Pragas / Auxiliares

21

Luta biológica e polinizadores em horticultura

Tripes Amblyseius cucumerisOrius laevigatus

Mosquinha branca Eretmocerus spp.Macrolophus caliginosusEncarsia formosa

Ácaros Phytoseiulus persimilisAmblyseius californicus

Larvas mineiras Diglyphus isaea

Afídeos Adalia bipunctataAphidius colemani

Lagartas FeromonasBacillus thuringiensis

A melhor arma contra os insectos ...

são os insectos

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Leilões do Oeste Análise económica e mais valias do produto

Horácio do Carmo

AIHO Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste, Casal dos Caminhos

Brancos, 2560 404 Silveira, [email protected]

1. Como funcionam os leilões de hortícolas no Oeste

Os mercados de leilão, um novo processo de comercialização há muito aplicado em

outros países europeus, foi implementado pela primeira vez em Portugal para os

produtos hortícolas pela Carmo & Silvério a 3 de Maio de 2004.

Passado aproximadamente um mês, as empresas Hortorres e Os Linos abriram

igualmente os seus leilões, alternando horários entre os três (Quadro1).

O objectivo foi criar maior transparência de mercado, beneficiando produtores e

comerciantes. Os primeiros vêem desta forma a valorização da qualidade do

produto produzido, sabendo diariamente a cotação dos vários produtos hortícolas.

Os produtores podem ter os seus produtos valorizados ao preço justo, dependendo

apenas da procura e da oferta. O comerciante passou a disponibilizar de produto

nacional todos os dias, consoante as suas necessidades evitando o recurso aos

produtos espanhóis.

Regra geral, o leilão decorre do seguinte modo: os agricultores depositam o seu

produto no armazém de uma das empresas leiloeiras na tarde anterior ao leilão ou

hora e meia antes do respectivo leilão iniciar. No armazém é-lhe atribuído um código

de barras que identifica o lote do produto e o produtor. Momentos antes do leilão

iniciar, os comerciantes, observam os diferentes lotes de produto que irão a leilão. O

produto descarregado não sofre qualquer processo de calibração. O leilão decorre

com base num “software” informático que informa sobre o produto a licitar e qual o

valor base de licitação. Esse valor vai diminuindo até que os diferentes lotes em

leilão sejam licitados.

O comerciante que licitou ao preço mais elevado, terá oportunidade de escolher o(s)

lote(s) do produto em causa. Obviamente, também terá oportunidade de escolher

de entre os lotes o produto com maior qualidade. No armazém, o processamento da

facturação é imediato com o apoio de um “pocket” do mesmo “software” que

identifica os lotes, peso, preço licitado, produtor e comerciante.

22

1º Encontro

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Os produtos hortícolas comercializados em leilão são entregues em caixas próprias

consoante o tipo de produto.

A marca “Leilões do Oeste” foi registada em nome da Associação Interprofissional

de Horticultura do Oeste.

Quadro 1. Horário dos Leilões (Fonte: InforHorta n.º 4, Outubro de 2004).

2. Mais valias de produtos hortícolas produzidos com recurso à luta

biológica

O combate às pragas deve ser feito em sistema de luta biológica, para garantirmos

juntos dos consumidores um produto isento de pesticidas, mas para convencer os

produtores a trabalharem desta forma é preciso mais formação e incentivos nos

preços dos produtos. Isso só se consegue em colaboração com as grandes

superfícies; enquanto os supermercados não derem preferência a estes produtos

não é possível fazer nada.

O mercado existe mas é preciso primeiro convencer os supermercados e ao mesmo

tempo divulgar junto dos consumidores a diferença que há em consumir produtos de

alta qualidade.

A AIHO está a criar uma marca comercial para ser utilizada pelos sócios e uma das

regras é exactamente a luta biológica.

Não temos nenhum estudo feito aos consumidores, mas estamos convencidos que

as pessoas não se importam de pagar um pouco mais pelo produto.

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Luta biológica e polinizadores em horticultura

Dias Carmo & Silvério Hortorres Os Linos

Segunda-feira 12h00m 11h00m 9h30m

Terça-feira 9h30m 11h00m 12h00m

Quarta-feira 12h00m 11h00m 9h30m

Quinta-feira 9h30m 11h00m 12h00m

Sexta-feira 12h00m 11h00m 9h30m

Sábado 9h30m 11h00m 12h00m

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NOTAS

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NOTAS

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NOTAS