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ESTUDO DA ESPÉCIE Luffa operculata (BUCHINHA) UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Campus Anísio Teixeira Instituto Multidisciplinar em Saúde Farmacobotânica – IMS - 006

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Page 1: Luffa Operculata

ESTUDO DA ESPÉCIE Luffa operculata (BUCHINHA)

Vitória da Conquista

11 de Julho de 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Campus Anísio Teixeira

Instituto Multidisciplinar em Saúde

Farmacobotânica – IMS - 006

Page 2: Luffa Operculata

Beatriz Carvalho Cunha

Carla Novais Bacelar

Caroline Tianeze de Castro

Thayanny Isla da Silva Malheiro

ESTUDO DA ESPÉCIE Luffa operculata (BUCHINHA)

Vitória da Conquista

11 de Julho de 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Campus Anísio Teixeira

Instituto Multidisciplinar em Saúde

Farmacobotânica – IMS - 006

Relatório n° 02, referente às atividades realizadas na internet e USF, objetivando nota parcial na disciplina Farmacobotânica, 3° semestre do Curso de Farmácia, turno vespertino, sob orientação da Profª. Patrícia Baier.

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Resumo

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Sumário

1. Introdução.........................................................................................

2. Revisão…………................................................................................

3. Objetivos...........................................................................................

4. Materiais e Métodos.........................................................................

5. Resultados.......................................................................................

6. Discussão……………........................................................................

7. Conclusão........................................................................................

8. Referências Bibliográficas…………………………………………………..

9. Anexos………………………………………………………………………...

Page 5: Luffa Operculata

1. Introdução

O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos

de saúde do mundo. Ele abrange desde o simples atendimento ambulatorial

até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito

para toda a população do país. Amparado por um conceito ampliado de saúde,

o SUS foi criado, em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, para ser o

sistema de saúde dos mais de 180 milhões de brasileiros (Ministério da Saúde,

O Programa Saúde da Família (PSF) foi criado em 1994 pelo Ministério

da Saúde como uma proposta de reestruturação dos serviços de saúde para a

promoção de mudanças significativas na continuidade do modelo de

descentralização da saúde. Baseia-se num modelo substitutivo da prática de

saúde existente através da mudança do objeto de atuação, forma de

organização e funcionamento dos serviços de saúde (Brasil, 1998, in VEBER,

Ana Paula, 2005).

O trabalho no PSF tem como foco a família, compreendida a partir do

ambiente em que vive da sua realidade. Isto permite um entendimento

ampliado do processo saúde-doença e também de intervenções com maior

significado social. Busca a identificação, enfrentamento e resolução dos

problemas existentes em cada área através de parcerias com outros setores e

um comprometimento maior dos profissionais e comunidade (VEBER, Ana

Paula, 2005).

Fitoterapia é o método de tratamento de enfermidades que emprega

vegetais frescos, drogas vegetais ou, ainda, extratos vegetais preparados com

esses dois tipos de matérias-primas. Etiologicamente, fitoterapia significa

tratamento por meio das plantas (OLIVEIRA, F.; AKISUE, G., 2005).

As plantas medicinais correspondem, incontestavelmente, às mais

antigas armas empregadas no tratamento de enfermidades humanas e de

animais. Houve época, entretanto, que a fitoterapia parecia estar morrendo

devido à crescente produção dos mais diversos fármacos pela indústria

químico-farmacêutica. Porém, no ano de 1978, a Assembléia Geral da

Organização Mundial de Saúde (OMS) deu início a um programa em que se

dava ênfase ao uso de plantas medicinais, impulsionando o estudo de plantas

medicinais no Brasil (OLIVEIRA, F.; AKISUE, G., 2005).

Page 6: Luffa Operculata

A vinculação das plantas medicinais ao Sistema Único de Saúde foi um

importante passo, visto que dá início ao disciplinamento da fitoterapia de base

científica de plantas colecionadas pela população que as usavam para

tratamento de seus males. Tal vinculação estimula a preparação de

fitoterápicos de qualidade, seguros, eficazes e disseminam seu uso correto e,

assegura o uso em bases científicas (Ministério da Saúde).

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2. Revisão da literatura

A Luffa operculata, que tem como sinonímia vulgar buchinha-do-norte, cabacinha, purga-de-jalapa e purga-dos-paulistas é uma planta originária da América Tropical e cultivada principalmente no Norte e Nordeste do Brasil (BROCK, A. C. K.; DUARTE, M. do R.; NAKASHIMA, T., 2003). É utilizada popularmente no tratamento das rinites e rinossinusites (MENON-MIYAKE, Mônia Aidar et al., 2005), sendo que também é utilizada como purgativo, emenagogo e vermífugo (BROCK, A. C. K.; DUARTE, M. do R.; NAKASHIMA, T., 2003).

É uma dicotiledônea curbitácea, da família Cucurbitaceae, e trepadeira, com folhas longo-pecioladas, codiformes ou reniformes, um tanto áspera ao tato, com flores amarelo-pálidas em forma de campânulas (NIMER, Miguel, 2005). Seus frutos têm epicarpo apresentando tricomas tectores pluricelulares e estômatos anomocíticos, e feixes vasculares percorrendo o mesocarpo e o endocarpo (BROCK, A. C. K.; DUARTE, M. do R.; NAKASHIMA, T., 2003); estes contém um princípio ativo chamado de buchinha, uma substância de sabor amargo e cristalizável (NIMER, Miguel, 2005). A semente é elipsóide e achatada, sendo a epiderme do tegumento formada por células de paredes anticlinais onduladas, o endosperma reduzido e os cotilédones plano-convexos (BROCK, A. C. K.; DUARTE, M. do R.; NAKASHIMA, T., 2003). Os extratos dos frutos indicaram a presença de flavonóides, taninos, saponinas, esteróides e/ou triterpenóides (BROCK, A. C. K.; DUARTE, M. do R.; NAKASHIMA, T., 2003).

Para o tratamento das rinites e rinossinusites, a população usa o fruto seco da Luffa operculata numa receita muito conhecida: faz-se a infusão de um quarto do fruto em 500ml de água e administra-se por inalação, ou instilação de gotas nasais, "às quais se segue profusa rinorréia mucopurulenta, às vezes sanguinolenta, acompanhada da expulsão de pólipos"; outra maneira de preparo é o "lavado em nove águas". Hoje já é comercializado no mercado nacional um preparado para uso nasal à base de Luffa operculata a 1% e soro fisiológico, de venda livre nas farmácias (MENON-MIYAKE, Mônia Aidar et al., 2005).

Além deste outro uso é muito difundido no interior do país com o preparo da “garrafada”, um extrato aquoso da planta em conjunto com outras ervas, utilizada como abortiva e purgativa, demonstrando sua ação como poderoso irritante de mucosas (MENON-MIYAKE, Mônia Aidar et al., 2005).

Deve-se salientar que sua dose tóxica em humanos, extrapolada a partir da DL50, ou dose letal para 50% de animais testados, corresponde a 170mg/kg. Assim, aproximadamente 1g do extrato de Luffa operculata pode ser letal para um adulto de 70kg. Tem como efeitos tóxicos: cefaléias, cólicas abdominais, diarréia intensa, vômitos e hemorragias (MENON-MIYAKE, Mônia Aidar et al., 2005).

A ação irritativa da Luffa operculata sobre as mucosas ocorre por efeito das cucurbitacinas e de seus glicosídeos. A saponina colabora com esta ação, emulsificando compostos lipossolúveis ativos, o que facilita o contato e absorção da isocucurbitacina pelas mucosas e resulta em ação cáustica sobre as mesmas (MENON-MIYAKE, Mônia Aidar et al., 2005).

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3. Objetivos

3.1. Objetivo Geral

Sistematizar informações sobre a espécie vegetal Luffa operculata.

3.2. Objetivos Específicos

Conhecer a USF Nelson Barros na cidade de Vitória da Conquista e realizar atividade educativa em sala de espera sobre plantas medicinais.

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4. Materiais e Métodos

Para a realização do trabalho foram utilizadas fontes bibliográficas oriundas da internet. Além disto, a USF Nelson Barros foi visitada, para que nesta fosse aplicada uma atividade educativa interativa com os usuários da USF sobre a planta medicinal Luffa operculata, abordando seu uso e forma de preparo.

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5. Resultados

Os resultados obtidos através de pesquisas sobre a espécie Luffa operculata em fontes da internet são apresentados a seguir.

Observou-se uma grande dificuldade em encontrar fontes seguras ao se pesquisar sobre a espécie, apesar de seu uso ser muito difundido no país, sendo que os artigos científicos foram mais priorizados para a construção deste trabalho.

Além das características da espécie, como sua ação, toxicidade e características macroscópicas, preconizou-se a pesquisa das formas de preparo para que fosse possível as ensinar de forma correta ao usuários do USF Nelson Barros.

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6. Discussão

Durante a realização da atividade em sala de espera, percebeu-se que a maioria dos usuários daquele USF conhecia a espécie, porém não os seus efeitos sobre o organismo. Algumas pessoas relataram o uso da espécie de forma errônea, tendo como efeito colateral dores abdominais; além de terem sido observados relatos do uso da “garrafada” como um abortivo.

Desta forma, tentou-se explicitar sobre a toxicidade da Luffa operculata e ensinar àquelas pessoas a forma correta de preparo da inalação e também da instilação das gotas nasais para o tratamento de rinites, tendo como intuito a diminuição de efeitos indesejáveis pelos usuários da espécie e uma potencial melhora desta inflamação das mucosas nasais.

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7. Conclusão

As vivências proporcionadas pela disciplina nessa unidade foram

bastante interessantes. A pesquisa sobre a espécie Luffa operculata (buchinha)

e a ida à USF Nelson Barros proporcionaram um maior conhecimento sobre

esta espécie que apresenta grande importância no campo da farmacobotânica.

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8. Referências Bibliográficas

MENON-MIYAKE, Mônia Aidar et al. Efeitos da Luffa operculata sobre o epitélio do palato de rã: aspectos histológicos. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. São Paulo: Mar.-Abr./2005. Vol. 71, n. 2. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992005000200003 Acesso em: 25 mai. 2011.

NIMER, Miguel. Influências orientais na língua portuguesa: os vocábulos árabes, arabizados, persas e turcos: etimologia, aplicações analíticas. EdUSP Editora, 2ª edição. São Paulo: 2005. P. 373. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=v2rn6WbDeZoC&pg=PA373&dq=luffa+operculata&hl=pt-BR&ei=NSPoTZ-wDoitgQep77S3AQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=7&ved=0CEIQ6AEwBg#v=onepage&q=luffa%20operculata&f=false Acesso em: 28 mai. 2011.

BROCK, A. C. K.; DUARTE, M. do R.; NAKASHIMA, T. Estudo morfo-anatômico e abordagem fitoquímica de frutos e sementes de Luffa operculata (L.) Cogn., Cucurbitaceae. Visão Acadêmica. Curitiba: Jan.-Jun./2003. V. 4, n. 1, p. 31 – 37. Disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs-2.2.4/index.php/academica/article/view/520/433 Acesso em: 31 mai. 2011.

SBCM – Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Diagnóstico e Tratamento. Manole Ltda Editora. P. 788-789. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=KI4lcyKdGsAC&pg=PA789&dq=Luffa+operculata&hl=pt-BR&ei=LyroTceEKJP2gAeDs5ysAQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=7&ved=0CEQQ6AEwBjgK#v=onepage&q=Luffa%20operculata&f=false Acesso em: 31 mai. 2011

JÚNIOR, Ademir Barbosa. Guia Prático de plantas medicinais.Universo dos Livros Editora. 2005. P. 26. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=B9tqICWJNIEC&pg=PA26&dq=Luffa+operculata&hl=pt-BR&ei=LyroTceEKJP2gAeDs5ysAQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=6&ved=0CD8Q6AEwBTgK#v=onepage&q=Luffa%20operculata&f=false Acesso em: 01 jun. 2011. UFMA. Entrevista com Terezinha Rêgo. Disponível em:

http://www.ufma.br/noticias/noticias.php?cod=4632 Acesso em: 01 jun. 2011.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. A Fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisas de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília, 2006. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/docs/geral/fitoterapia_no_sus.pdf Acesso em: 27 de jun. 2011.

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VEBER, Ana Paula. A Atuação do Farmacêutico na Saúde da Família. In:

CORDEIRO, Benedito Carlos; LEITE, Silvana Nair (Org.). O Farmacêutico na

atenção à Saúde. Univali editora, 2005. P. 78.

OLIVEIRA, F.; AKISUE, G. Fundamentos de Farmacobotânica. 2ª ed. Editora

Atheneu, 2005. P. 157.

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ANEXOS

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Anexo I: Entrevista com a professora Terezinha Rêgo

Série Fitoterápicos: Essência de Cabacinha

O medicamento, que trata sinusite, renite e adenóide, é o carro-chefe do Programa de Fitoterapia da UFMA

No Programa de Fitoterapia do Herbário Ático Seabra, a Essência de Cabacinha é um dos fitoterápicos mais importantes. O medicamento natural, produzido por meio da infusão do fruto da Luffa operculata (cabacinha) em álcool, é indicado para tratamento de sinusite, renite e problemas na adenóide.

A professora Terezinha Rêgo, responsável pelo desenvolvimento da essência, conta que tinha ouvido muitos depoimentos sobre as propriedades médicas da cabacinha, mas o fator decisivo para o desenvolvimento da pesquisa foi a sinusite que a acometeu durante as pesquisas para a sua tese de Doutorado, em 1966. “Tive problemas para isolar o princípio ativo da cabacinha, pois a planta possui um alcalóide corrosivo, que causa sangramento na narina”, explica a farmacêutica. As pesquisas para eliminar os efeitos colaterais duraram 20 anos, principalmente pela falta de condições técnicas. Em São Paulo, Terezinha desenvolveu a essência, após descobrir que o alcalóide corrosivo se encontrava na semente. “Eu fui a primeira pessoa que usou o fitoterápico,” – revela – “usei um vidro de 50ml e nunca mais tive problemas como a sinusite. Tenho um carinho especial pela essência porque ela me curou”. A esta essência é atribuída o maior reconhecimento do trabalho da professora, que , segundo ela, cresceu a partir do depoimento de pessoas beneficiadas com o medicamento. A cabacinha utilizada na produção do fitoterápico é uma das poucas plantas que não é colhida da Horta Medicinal da UFMA. O material é importado de uma fazenda em Cajapió, pois o solo de São Luís não é propício para o plantio. A Essência de cabacinha foi o primeiro fitoterápico produzido por Terezinha Rêgo. Atualmente, o medicamento é produzido em duas concentrações: uma de uso pediátrico (1 a 10 anos) e outra de uso adulto (11 a 60/70 anos). Para crianças, a professora indica uma gota em cada narina pela manhã e pela noite, e duas gotas para adultos. A essência é comercializada por R$ 15,00 no Herbário, porém, pessoas de baixa renda cadastradas no Programa de Extensão da Universidade podem adquirir o medicamento de graça.