livro ombro joelho

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Análise de multíples lesões e impingements que afetam estas articulações tão complexas

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  • Manuel Gutierres

    Professor de Ortopedia na FMUP e assistente

    hospitalar graduado no Centro Hospitalar de

    So Joo, tem dedicado a sua atividade clnica

    especialmente ao tratamento de patologia do

    joelho e ombro, aps ter complementado a sua

    formao com estgios na Clinica Mayo e

    Cincinnati Sports Medicine Center.

    Pioneiro na realizao de diversas tcnicas

    cirrgicas, dedica a sua atividade de investigao

    ao estudo de biomateriais, nomeadamente

    substitutos sseos, clulas estaminais e

    biomecnica do joelho e ombro em colaborao

    com a FEUP e LABIOMEP.

    www.clinicajoelhoombro.com

  • Manuel Gutierres

    Professor de Ortopedia na FMUP e assistente

    hospitalar graduado no Centro Hospitalar de

    So Joo, tem dedicado a sua atividade clnica

    especialmente ao tratamento de patologia do

    joelho e ombro, aps ter complementado a sua

    formao com estgios na Clinica Mayo e

    Cincinnati Sports Medicine Center.

    Pioneiro na realizao de diversas tcnicas

    cirrgicas, dedica a sua atividade de investigao

    ao estudo de biomateriais, nomeadamente

    substitutos sseos, clulas estaminais e

    biomecnica do joelho e ombro em colaborao

    com a FEUP e LABIOMEP.

    www.clinicajoelhoombro.com

  • Controvrsias em Patologiado Joelho e do Ombro

    Manuel Gutierres

    Porto 2015

  • 5

    Nota Prvia

    Quando h mais de 15 anos, como docente de

    Ortopedia da F.M.U.P., assumi a responsa-

    bilidade de lecionar as aulas relativas s

    patologias a cujo tratamento me dedico, na

    rea do joelho e ombro, cedo me apercebi do

    interesse que estas despertavam nos alunos.

    Quer por englobarem patologia do foro da

    traumatologia desportiva - que sempre tanto

    interesse suscita -, quer devido elevada

    incidncia das leses inflamatrias ou

    degenerativas, quer mesmo pela beleza das

    intervenes cirrgicas exemplificadas,

    presenciadas nas aulas prticas, a verdade

    que os alunos aderiam s aulas com grande

    avidez de conhecimento.

    Foi assim sem surpresa que verifiquei que, quando

    em sequncia da reforma de Bolonha o projeto

    de mestrado integrado foi criado, foram muitos

    os candidatos a mestres que me procuraram

    solicitando a atribuio de um tema dentro das

    reas acima referidas para elaborarem a sua

    dissertao. Utilizaram assim - em minha opinio,

    da melhor forma possvel -, as oportunidades

    que uma Faculdade tradicional, como a FMUP,

    tem para oferecer, enquadrada num momento

    nico de renovao.

    Numa poca de grandes progressos nas

    metodologias de ensino, com acesso alargado

    aos audiovisuais, ao e-learning e mesmo a aulas

    gravadas disponibilizadas online, publicar um

    livro poderia parecer um ato sem sentido. O

    entusiasmo e a adeso dos alunos quando

    souberam do avano do projeto justificou-o

    porm.

    O mergulho num mar de novos e mais

    profundos conhecimentos constituiu um

    momento de especial felicidade para estes

    jovens, alguns deles futuros ortopedistas, que

    enfrentaram sem receio (para agradvel

    espanto meu) a pesquisa e estudo de dezenas

    e dezenas de artigos, publicados num tambm

    considervel nmero de diferentes revistas.

    Tendo em vista a sua publicao conjunta, foi

    estabelecido um esquema com temas,

    eventualmente alvo de controvrsia, a serem

    pesquisados sempre numa perspetiva de dar

    resposta s seguintes questes: o que h de

    novo? O que que mudou? Haver vantagem?

    O que importante todos os ortopedistas

    saberem?

    Atualmente, com tantos avanos no trata-

    mento das patologias do joelho e ombro, que

    se parecem centrar em novos conceitos

    biomecnicos, novos implantes, tcnicas de

    cirurgia assistida por computador, ou mesmo

    terapias biolgicas (como os fatores de

    crescimento, clulas estaminais e culturas de

    condrcitos), afigura-se importante tentar

    encontrar consensos, algoritmos de

    tratamento, ou simplesmente alertar para as

    vantagens e desvantagens de cada um.

    Como orientador centrei os meus esforos em

    direcionar as energias de todos para o essencial.

    E o essencial o leitor! Seja este aluno, interno

    de Ortopedia, de Fisiatria ou de Reumatologia,

    seja mesmo especialista desta ou outras

    reas, estou certo que esta publicao poder

    ser um excelente contributo para sua

    atualizao de conhecimentos. S me resta,

    por isso, recomendar a sua consulta e leitura,

    agradecendo o empenho e colaborao de

    todos que nela participaram!

    Porto, julho de 2015

    Manuel Gutierres

  • 7

    Prefcio

    Recebi com grande honra o convite para escrever

    o prefcio do livro Controvrsias em Patologia

    do Joelho e Ombro, coordenado pelo Doutor

    Manuel Gutierres. Trata-se de uma coletnea de

    trabalhos realizados por estudantes, no decurso

    do projeto conducente obteno do Grau de

    Mestre em Medicina, da Faculdade de Medicina

    da Universidade do Porto. Esta obra plasma, de

    modo inequvoco, os objetivos traados para esta

    fase final da formao mdica pr-graduada.

    O Doutor Manuel Gutierres, no mbito de uma

    Unidade Curricular destinada apresentao de

    projetos de Mestrado em Medicina, perspetivou

    uma linha de trabalhos dotada de uma consistncia

    interna e global, que permitiu a agregao neste

    livro. Neste mbito, com um trabalho sustentvel

    ao longo dos ltimos anos, props e angariou

    participantes ao redor de uma rea da maior

    relevncia clnica abordando diferentes temas

    centrados em duas reas anatmicas tambm

    elas nucleares: o joelho e o ombro.

    As Controvrsias estimulam uma das

    competncias nucleares da educao mdica: o

    pensamento crtico. Essa competncia, base para

    o exerccio profissional, desenvolvida atravs

    de diferentes estratgias. A elaborao e escrita

    de trabalhos sobre reas especficas do conheci-

    mento uma das ferramentas disponveis. A

    Patologia uma rea indissocivel da formao

    mdica. Joelho e Ombro representam (ainda

    mais para mim, que sou anatomista) exemplos

    da complexidade de organizao do corpo

    humano em termos de anatomia, fisiologia e

    biomecnica, o que constitui um aliciante para

    o desenvolvimento de competncias complexas

    no domnio da anlise e sntese e para o exerccio

    do raciocnio clnico.

    Para esta aventura global o Doutor Manuel

    Gutierres partiu com a vantagem de contar com

    estudantes altamente motivados e com uma

    organizao curricular que promove o desenvol-

    vimento de competncias transversais. Mas no

    basta: a viso da organizao desta obra, na

    agregao temtica dos trabalhos propostos, no

    surge do acaso. , antes, o pensar lgico de

    operacionalizao de uma ideia de desenvol-

    vimento de um corpo de conhecimentos que se

    transforma em valor. esta hoje a estratgia de

    desenvolvimento da Faculdade de Medicina da

    Universidade do Porto. O valor traduz-se na

    produo de uma obra til: para os estudantes

    que vem o seu trabalho reconhecido em obra

    pedaggica, para o autor que demonstra capaci-

    dade de liderana de um projeto educativo, para

    a sociedade que usufrui de uma obra de valor

    informativo atual e relevante tendo em conta a

    patologia abordada. neste sentido que este

    livro do Doutor Manuel Gutierres presta um

    notvel servio.

    A informao que contm foi avaliada por pares

    no decurso de provas pblicas, atualizada e

    til. Esta obra constituiu mais um instrumento

    ao servio da qualidade do processo de ensino-

    aprendizagem na formao dos mdicos.

    Agradeo ser parte deste livro, rever-me no

    esforo do Coordenador que sado com renovada

    admirao pela concretizao deste objetivo, e

    aos autores dos trabalhos que contriburam para

    esta obra. Desejo ao livro o merecido sucesso,

    porque ele mesmo faz parte de uma vocao e

    maneira de ser no cumprimento da nossa Misso

    prioritria: formar Mdicos!

    Porto, julho de 2015

    Maria Amlia Ferreira - Diretora da FMUP

  • 9

    ndice

    A - Joelho

    Artroplastia unicompartimental do joelho: porqu o preconceito? 13

    Joo P. A. Sousa

    Evoluo tcnica em artroplastia total do joelho 27

    Rben T. F. Barreto

    Cirurgia de navegao na artroplastia total do joelho 45

    Ndia Almeida

    Sndrome rotuliano: diagnstico clnico vs imagiolgico 57

    Teresa Ferreira

    Controvrsia no tratamento da instabilidade rotuliana 69

    Ana Rita Joo Ferreira

    Osteoartrose Patelofemoral 87

    Joo Alberto Gomes da Silva

    Opes de tratamento das leses cartilagneas focais do joelho 103

    Emdio M. F. F. Silva

    Controvrsias na tcnica cirrgica para a reconstruo do ligamento 123

    Cruzado anterior do joelho

    Manuel Antnio Campos

    Preveno e reabilitao fisitrica na leso do ligamento cruzado anterior 139

    Bruno M. C. Mendes

    Controvrsias no tratamento de leses meniscais 157

    Lgia Sousa

    Especificidades no tratamento das leses meniscoligamentares do joelho da criana 175

    Ana rsula C. Martins

    Rotura do ligamento cruzado anterior na criana: aguardar ou avanar para cirurgia? 191

    Joo Pedro Vieira Dias

  • B - Ombro

    Indicaes para a abordagem cirrgica da instabilidade anterior do ombro 209

    Bernardo Nunes

    Luxao acromioclavicular tipo III: opes de tratamento 227

    Vasco Marques

    Roturas parciais da coifa dos rotadores: como tratar? 241

    Andr B. Graa

    Rotura macia da coifa dos rotadores. Solues? 255

    Ana Panzina

    Aplicao de fatores de crescimento no tratamento de leses musculotendinosas:

    Soluo ou iluso? 277

    Ana Ferro

    Tendinopatia calcificante da coifa dos rotadores. Solues atuais 293

    Rmulo Silva

    Novas abordagens no diagnstico e tratamento da capsulite adesiva do ombro 311

    Alice Pimentel

    A artroplastia no tratamento da omartrose 327

    Ana S. Costa

    O papel da artroplastia no ombro reumatoide 347

    Ndia de Oliveira

    11

    ndice

  • Manuel Gutierres 13

    Artroplastia unicompartimental do joelho:

    porqu o preconceito?

    Joo P. A. Sousa

    Manuel Gutierres

    A - Joelho

    1

  • Resumo

    Objetivo: reviso bibliogrfica com vista a

    esclarecer qual o papel da artroplastia

    unicompartimental do joelho no tratamento

    da osteoartrose medial do joelho.

    Fontes de dados: atravs da PubMed, realizou-

    se a pesquisa bibliogrfica, utilizando como

    chave os termos unicompartmental knee

    arthroplasty e limitando a pesquisa a artigos

    publicados entre 1 de janeiro de 2010 e 31 de

    dezembro de 2012, escritos em ingls ou

    portugus. Foram selecionados 94 artigos,

    sendo includos na presente monografia

    Aqueles que se revelavam pertinentes.

    Sntese de resultados: nos ltimos 20 anos,

    tem-se assistido a um aumento do interesse

    na artroplastia unicompartimental do joelho,

    devido evoluo dos materiais, s tcnicas

    cirrgicas e aos critrios de seleo dos

    pacientes que levaram a uma melhoria da

    sobrevida das prteses e dos resultados

    obtidos, sendo possvel atingir, hoje em dia,

    resultados sobreponveis aos verificados com

    a artroplastia total do joelho.

    Concluso: a artroplastia unicompartimental

    do joelho, quando na mo de um cirurgio

    experiente, pode ser uma opo vivel no

    tratamento da osteoartrose medial do joelho,

    mesmo em pacientes jovens e ativos,

    revelando-se estas prteses duradoras e

    capazes de proporcionar bons resultados

    funcionais.

    Palavras-chave: artroplastia;

    unicompartimental; joelho.

    Manuel Gutierres 15

    A - Joelho

  • Introduo

    A artroplastia das grandes articulaes , sem

    dvida, um dos maiores sucessos cirrgicos dos

    ltimos 100 anos, sendo hoje a artroplastia do

    joelho uma das intervenes mdicas mais

    eficazes. Avanos nas tcnicas cirrgicas,

    tecnologia dos materiais e engenharia dos

    implantes continuam a aumentar as expectativas

    em relao ao desgaste das superfcies de

    contacto, fixao das prteses e sua

    longevidade. Estes avanos tm permitido uma

    expanso das indicaes cirrgicas para pacientes

    mais jovens, mais ativos e mais pesados (1; 2).

    A artroplastia unicompartimental do joelho (AUJ)

    surgiu na dcada de 1970, mas estudos iniciais

    relatavam maus resultados, com taxas de

    reviso, a mdio prazo, na ordem dos 15% a

    28%, devido dificuldade tcnica e seleo

    errada de pacientes que levavam a libertao

    da prtese, desgaste do polietileno e progresso

    da artrose nos outros compartimentos, o que

    deixou esta tcnica em segundo plano, quando

    comparada com a artroplastia total do joelho

    (ATJ) e osteotomia tibial alta (OTA) (3; 4).

    Apesar da ATJ continuar a ser o gold standard do

    tratamento cirrgico da osteoartrose (OA) do

    joelho (5), com taxas de sobrevida sobrevida a 10

    anos entre 94% a 100%, a AUJ tem mostrado

    grandes melhorias, nos ltimos anos, com

    resultados excelentes publicados em vrios estudos(6-8). Juntamente com estes bons resultados, a

    melhor relao custo-eficcia verificada com AUJ(9) e as muitas vantagens que lhe so atribudas

    em relao aos outros mtodos cirrgicos, fazem

    com que esta parea, cada vez mais, uma

    alternativa vivel no tratamento da OA do joelho.

    Materiais e mtodos

    Acedendo base de dados MEDLINE, atravs

    da PubMed, realizou-se a pesquisa bibliogrfica,

    utilizando como chave os termos unicom-

    partmental knee arthroplasty e limitando a

    pesquisa a artigos publicados entre 1 de janeiro de

    2010 e 31 de dezembro de 2012, escritos em ingls

    ou portugus. Foram encontrados 252 artigos,

    realizando-se a leitura integral ou do resumo

    dos mesmos e sendo selecionados os artigos

    que abordavam os temas: indicaes cirrgicas,

    sobrevida, resultados funcionais, vantagens e

    desvantagens, relao custo-eficcia, complicaes

    e reviso em casos de falncia. Esta triagem resultou

    na seleo de 94 artigos, sendo includos na presente

    monografia aqueles que se revelavam pertinentes.

    Vantagens

    Esto hoje descritas na literatura vrias

    vantagens da AUJ sobre a ATJ, sendo, talvez, a

    mais preponderante, a possibilidade de atuao

    apenas no compartimento degenerado,

    poupando o restante joelho (10). Esta abordagem

    mais conservadora, permite a manuteno das

    estruturas saudveis, incluindo o ligamento

    cruzado anterior (LCA), e permite uma cintica

    muito semelhante de um joelho normal.

    Est descrita uma melhoria funcional, verificada

    tanto em termos objetivos, baseada em provas

    funcionais e na amplitude de movimento, como

    em questionrios colocados aos pacientes, que

    descrevem uma melhoria significativa em relao

    funo pr-operatria (11; 12). Num estudo em

    que se avaliaram pacientes com uma prtese

    unicompartimental, enquanto subiam escadas,

    verificou-se que foi preservada a simetria entre

    os membros inferiores durante a marcha (13).

    16 Controvrsias em Patologia do Joelho e do Ombro

    A - Joelho

  • Manuel Gutierres 17

    Apesar dos bons resultados que se verificam

    atualmente, continuam a haver casos em que

    necessria uma reviso da prtese, muitas vezes

    para ATJ. Vrios estudos relatam este

    procedimento realizado com sucesso,

    contrariando a ideia de que esta uma cirurgia

    complicada e que necessita muitas vezes de

    enxertos sseos e com dificuldades de

    implantao da nova prtese (14; 15). Esta facilidade

    em rever uma AUJ falhada deve-se, em parte,

    natureza poupadora de osso desta cirurgia. No

    entanto, h ainda controvrsia sobre os resultados

    de uma AUJ revista para ATJ, estando publicados

    estudos que relatam resultados inferiores aos de

    uma ATJ primria (16; 17).

    A AUJ uma cirurgia menos invasiva do que a

    ATJ e como tal tem menos complicaes e taxa

    de mortalidade associadas (18). Atualmente, h

    a possibilidade de utilizar tcnicas de cirurgia

    minimamente invasiva (CMI), podendo ser

    obtidos resultados ainda mais favorveis. As

    perdas hemticas so menores e h risco

    reduzido de eventos tromboemblicos (19).

    possvel, tambm, um melhor controlo da dor

    peri-operatria (20). Isto leva a uma reduo

    significativa no tempo de hospitalizao e a um

    menor risco de transferncia para unidades de

    cuidados continuados (21). Estudos comparativos

    entre AUJ e ATJ revelam que os pacientes

    apresentam maiores ndices de satisfao e bem

    estar mental no seguimento de uma AUJ, em

    grande parte devido maior semelhana com

    o joelho normal, o chamado natural feeling,

    proporcionado por estas prteses (22). Devido

    pequena inciso realizada, com menor leso

    muscular, possvel obter resultados funcionais

    equiparveis aos pr-operatrios no espao de

    um ms, perodo muito inferior ao verificado

    com ATJ (23; 24), podendo ser esperados os

    resultados finais entre os 6 e os 12 meses (25).

    A AUJ permite, ainda, que uma grande maioria

    dos pacientes mais jovens regressem s suas

    atividades profissionais, em mdia, 3 meses

    aps a cirurgia (1) e que cerca de 90% dos

    pacientes relatem manuteno ou melhoria

    da sua capacidade de participar em atividades

    fsicas recreativas ao fim de 18 meses (2).

    Est ainda descrito que esta uma cirurgia

    mais barata do que a ATJ (9).

    Indicaes e contraindicaes

    Numa reviso da literatura feita em 2010,

    comparando a AUJ com OTA, Dettoni

    identificou como indicaes ideais para AUJ

    medial:

    A presena de OA unicompartimental medial

    ou necrose avascular do cndilo femural, com

    compartimento lateral e patelo-femural

    intactos;

    Idade superior a 60 anos;

    Baixa atividade fsica;

    Ausncia de obesidade;

    Dor mnima em repouso;

    Arco de movimento superior a 90 com

    menos de 5 de contratura em flexo;

    Deformidade com menos de 10, que possa

    ser passivamente corrigida (26).

    Na presente reviso bibliogrfica, a maioria

    dos autores que relatam bons resultados

    utilizaram indicaes sobreponveis ou muito

    semelhantes s supramencionadas,

    apresentando como principais diferenas os

    critrios utilizados em relao idade e peso.

    Artroplastia unicompartimental do joelho: porqu o preconceito?

  • Existe atualmente uma grande controvrsia

    em relao idade ideal para a realizao deste

    procedimento.

    Muitos cirurgies no impem um limite

    mnimo, obtendo bons resultados. Num estudo

    realizado em pacientes com idade inferior a

    60 anos, foi obtida uma sobrevida de 93,5%

    aos 10 anos (8), e noutro com as mesmas

    condies a sobrevida foi de 94% aos 12 anos(11). Os autores referem ainda que em 90% dos

    casos obtida muito boa satisfao por parte

    dos doentes. No entanto, a idade considerada

    por alguns um preditor de satisfao, tendo os

    pacientes com idade inferior a 60 anos um

    maior risco de insatisfao em relao sua

    prtese (27; 28). Os autores sugerem como

    explicao o facto dos doentes mais novos

    esperarem maior melhoria funcional do que

    aquela que a prtese pode oferecer, o que

    pode levar a um aumento da taxa de reviso

    para este grupo de pacientes.

    O excesso de peso globalmente aceite como

    um fator de risco de falncia precoce na AUJ.

    No entanto no est estabelecido um valor

    limite a partir do qual se deve optar por outro

    procedimento. Alguns autores consideram

    obesidade mrbida uma contraindicao (8),

    outros no impem limite e obtm bons

    resultados (27). Num inqurito realizado no

    Reino Unido, apenas 8% dos cirurgies

    participantes consideraram a obesidade uma

    contraindicao (29). Este alargamento dos

    critrios pode ser explicado pelo aparecimento

    de estudos a relatar bons resultados em

    pacientes obesos. Kuipers ficou surpreendido

    ao verificar que no seu estudo os pacientes

    obesos no apresentavam um risco aumentado

    de falncia (28), especulando que isto se possa

    dever ao maior sedentarismo muitas vezes

    apresentado por pacientes obesos, que poupa

    a sua prtese aos efeitos deletrios da

    sobrecarga ponderal. Outro autor refere no

    ter encontrado uma diferena estatisticamente

    significativa entre o ndice de massa corporal

    (IMC) e o resultado funcional obtido (30). No

    entanto refere que de um modo geral, os

    melhores resultados foram encontrados em

    pacientes com menor IMC. Em contrapartida,

    num estudo desenhado especificamente para

    avaliar o resultado da AUJ estratificado por

    IMC, os autores concluram que os pacientes

    com IMC>35 Kg/m2 esto em maior risco de

    falncia, pelo que a AUJ nestes pacientes deve

    ser abordada com precauo (31).

    A artrose deve estar numa fase avanada, com

    apagamento da interlinha articular, o que

    corresponde a um grau 2 ou superior na escala

    de Ahlback (11). Num estudo publicado em 2011,

    Niinimaki sugere que a AUJ s deve ser

    realizada em casos em que a espessura da

    cartilagem do compartimento medial seja

    inferior a 40% da cartilagem do compartimento

    lateral (32). O autor explica que esta cirurgia

    no deve ser realizada se houver evidncia de

    desgaste incompleto da cartilagem, uma vez

    que em fases iniciais da artrose os sintomas

    so principalmente causados por inflamao

    sinovial, justificando-se, por exemplo,

    infiltrao com corticosteroides. Em casos mais

    avanados, com perda total da cartilagem,

    mais comum que os sintomas sejam de origem

    mecnica, com dor proveniente do osso,

    fazendo com que o doente beneficie mais com

    uma AUJ.

    A - Joelho

    18 Controvrsias em Patologia do Joelho e do Ombro

  • Manuel Gutierres 19

    Leso do ligamento cruzado anterior tida como

    uma contraindicao para AUJ (26), por causar

    maiores foras sobre os componentes, levando

    a falncia precoce do implante. Ainda assim,

    existem estudos em que foram realizadas AUJ

    em joelhos com deficincia do LCA tendo sido

    obtidos bons resultados. Um grupo de autores

    utilizando a prtese Oxford fase-3, obtiveram

    bons resultados em pacientes com LCA

    insuficiente, conseguindo uma sobrevida de

    94% aos 5 anos (33). Apesar dos bons resultados

    os autores recomendam que se continue a ter

    a presena LCA intacto como critrio para a

    realizao de AUJ, apenas ignorando a leso do

    mesmo em casos muito especficos, em que o

    doente est ciente do problema e do risco

    associado.

    Estudos recentes demonstram que possvel

    realizar AUJ combinada com reconstruo do

    LCA, em pacientes com instabilidade articular,

    obtendo-se resultados bastante promissores(34; 35). Os autores referem que este um

    procedimento complexo, e que deve ser

    realizado por cirurgies experientes, sob pena

    de serem obtidos maus resultados.

    Doenas inflamatrias, como a artrite

    reumatoide, so consideradas uma

    contraindicao formal (36).

    Ostefitos e condrocalcinose ligeira podem estar

    presentes sem contraindicarem a AUJ. No caso de

    OA patelofemural de grau avanado, com osso-em-

    osso, deve optar-se por outro procedimento (8).

    Implantes

    Est descrito que os modelos com meniscos

    fixos com alta conformidade produzem foras

    de contacto reduzidas, mas h maior tenso no

    componente tibial, podendo levar a libertao

    do mesmo. Por sua vez, um modelo com

    menisco fixo com baixa conformidade causa

    menos tenso no componente tibial, mas produz

    maior foras de contacto levando a um aumento

    do desgaste do polietileno. Todos os modelos

    com meniscos fixos apresentam um conflito

    de cintica, com rotao limitada. Surgem assim

    os modelos mveis, numa tentativa de conciliar

    congruncia e mobilidade, teoricamente

    reduzindo a tenso no componente tibial e as

    foras de contacto ao mesmo tempo que

    resolvem o conflito de cintica, permitindo a

    livre rotao da articulao (37).

    No esto ainda esclarecidas as diferenas

    entre os modelos de prteses

    unicompartimentais. Num estudo em que

    foram comparados dois modelos com meniscos

    fixos e um mvel no foram detetadas

    diferenas significativas no que toca a

    resultados funcionais, sobrevida e modos de

    falncia, apesar do tempo decorrido at se

    verificar um dado modo de falncia se alterar

    para os diferentes modelos (3). Os autores

    sugerem que a AUJ com prtese mvel uma

    cirurgia que permite menor margem de erro,

    o que pode explicar as falncias precoces por

    vezes descritas para estes modelos.

    Estudos in-vitro realizados para determinar

    diferenas em termos de desgaste do

    polietileno, utilizando simuladores em que a

    prtese fixada a um bloco metlico, revelam

    uma maior tendncia para ocorrer desgaste

    Artroplastia unicompartimental do joelho: porqu o preconceito?

  • nos modelos com meniscos mveis (38; 39). Esta

    diferena pode dever-se ao facto de, nos

    modelos com meniscos mveis, haver uma

    maior liberdade da movimentao em qualquer

    direo e uma maior rea de contacto, com a

    adio da face inferior do polietileno. Noutro

    estudo in-vitro foram usados dois mtodos de

    fixao, sendo obtidos os mesmos resultados

    acima referidos quando foi usado o mesmo

    mtodo. No entanto, quando se fixaram as

    prteses a um fmur sinttico, numa tentativa

    de melhor reproduzir as condies invivo, os

    resultados inverteram-se, demonstrando um

    desgaste mais elevado nos modelos com

    meniscos fixos (37), mas sendo a diferena

    encontrada menor em relao aos resultados

    anteriores. Foi realizada uma anlise a nvel

    molecular, que revelou uma maior degradao

    da estrutura do polietileno para os modelos

    com meniscos mveis, em ambos os mtodos

    de fixao. Esta degradao da estrutura pode

    ter resultados deletrios a longo prazo.

    Outro autor conclui que a utilizao de modelos

    com meniscos fixos com componente tibial

    metlico, em detrimento de componentes

    totalmente de polietileno, produz uma melhor

    distribuio das foras na superfcie proximal

    da tbia, reduzindo assim os casos de colapso,

    descritos para este modelo (40).

    Sobrevida

    Um dos grandes debates em relao a AUJ a sua

    sobrevida. Ser que podem ser obtidos resultados

    to bons ou melhores do que os que se verificam

    com a ATJ? Surgem assim muitos estudos a relatar

    taxas de sobrevida, obtendo-se resultados mistos

    e variados modos de falncia para estas prteses.

    Num estudo realizado com a prtese

    unicompartimental mvel Oxford fase-3,

    Clement obteve uma sobrevida de 91,2% aos

    9 anos (27). O autor atribui estes bons resultados

    a uma escolha cuidadosa dos pacientes

    indicados e boa tcnica dos cirurgies. Foran

    descreve resultados igualmente satisfatrios

    com a prtese unicompartimental fixa Miller-

    Galante, obtendo uma taxa de sobrevida aos

    15 anos de 93% e de 90% aos 20 anos (36). Um

    achado interessante neste estudo foi que todos

    os pacientes que realizaram controlo

    radiogrfico durante o follow-up revelaram

    progresso da artrose no compartimento

    lateral, mas apenas em 2 casos esta progresso

    obrigou a uma reviso. Os autores sublinham

    o grande esforo demonstrado pelos

    cirurgies em evitar a sobrecorreo e o

    sobredimensionamento dos componentes da

    prtese, facto que decerto contribuiu para os

    resultados obtidos.

    Numa anlise da base de dados Medicare,

    foram selecionadas 2.848 AUJ realizadas entre

    2001 e 2007, sendo obtida uma sobrevida de

    94% aos 5 anos (6). Os autores atribuem o risco

    aumentado de reviso da AUJ experincia

    do cirurgio, sendo detetada uma diferena

    significativa aos 2 anos entre cirurgies menos

    experientes que realizam menos de 40 AUJ por

    ano, quando comparados com os que realizam

    mais do que este nmero de AUJ por ano. Esta

    diferena pode ser explicada pelas falncias

    catastrficas atribuveis a erros cirrgicos.

    Dervin relata experincia inicial de 545 casos

    dum grupo de cirurgies com a Oxford fase-3,

    descrevendo uma taxa de reviso de 5% aos 2

    anos, atingindo depois um plateau com um

    A - Joelho

    20 Controvrsias em Patologia do Joelho e do Ombro

  • Manuel Gutierres 21

    nmero muito reduzido de revises (41). A causa

    mais comum de falncia encontrada foi a

    progresso da artrose no compartimento

    lateral. Mais uma vez, os autores atribuem

    estas falncias precoces a erros na seleo dos

    pacientes e a erros cirrgicos, nomeadamente

    a leso do ligamento colateral medial e a

    defeitos de corte, resultando em erros de

    alinhamento e casos de overstuffing do

    compartimento lateral.

    O alinhamento tibiofemural est descrito como

    tendo um grande impacto no resultado obtido na

    AUJ. aconselhado um alinhamento neutro (5 a

    8 em valgo) ou ligeiramente subcorrigido, pois a

    sobrecorreo acarreta um risco aumentado de

    progresso da artrose no compartimento lateral,

    enquanto a subcorreo excessiva pode levar a

    desgaste aumentado do polietileno. Kim atingiu

    os melhores resultados quando se obteve um

    alinhamento de 4 a 6 em valgo (42).

    O declive posterior do prato tibial no

    compartimento medial desempenha tambm

    um papel importante no resultado da AUJ. Um

    aumento deste declive pode levar a instabilidade

    da articulao, com leso do LCA, que podem

    levar a falncia precoce da prtese (43). Est

    descrito que o declive tibial posterior deve variar

    entre os 3 e 7 (44).

    Apesar dos bons resultados obtidos por alguns

    autores com a CMI, continua a haver o receio

    por parte de muitos cirurgies em usar esta

    tcnica devido visualizao limitada

    proporcionada pela inciso reduzida, o que

    pode pr em risco a preparao das superfcies

    articulares e do alinhamento dos implantes(45). Numa tentativa de diminuir este risco de

    mal posicionamento, tanto na CMI como na

    cirurgia convencional, surgiram sistemas de

    navegao intraoperatrios que, teoricamente,

    levariam a um melhor posicionamento das

    prteses. Estudos recentes no tm conseguido

    demonstrar esta melhoria no posicionamento

    com as tcnicas de navegao (30; 46). Estes

    sistemas tm ainda o inconveniente de ser caros

    e levarem a cirurgias mais longas. No entanto,

    os autores referem poder haver vantagens da

    utilizao dos mesmos por cirurgies menos

    experientes, que ainda no desenvolveram

    totalmente a sua tcnica.

    O modo mais comum de falncia da prtese

    relacionada com o cirurgio, a progresso da

    artrose no compartimento lateral, devendo-

    se esta, muitas vezes, sobrecorreo acima

    descrita (47), que resulta de uma tentativa, por

    parte dos cirurgies, de atingir a estabilidade

    do prato de polietileno mvel, utilizando o

    maior tamanho possvel.

    Outros modos de falncia comuns, atualmente,

    so o desgaste do polietileno (11), dor medial

    persistente (48), luxao do prato de polietileno

    e libertao de componentes da prtese (49).

    Com vista a evitar estes mecanismos de falncia

    esto a ser concebidos novos equipamentos,

    como pratos de polietileno mais anatmicos e

    novos mtodos de fixao das prteses. o

    caso da prtese Twin Peg Oxford, que tem dois

    pinos de fixao femural, ao contrrio do

    anterior modelo que tinha apenas um pino,

    com vista a reduzir possveis libertaes deste

    componente. White descreve os primeiros 100

    casos com esta prtese, obtendo 100% de

    sobrevida aos 2 anos (50).

    Artroplastia unicompartimental do joelho: porqu o preconceito?

  • Apesar de estarem descritos todos estes modos

    de falncia e dos maus resultados obtidos em

    alguns estudos (28; 47), esto tambm descritos

    resultados muito favorveis a longo-prazo.

    Price descreve a sua experincia na segunda

    dcada com a prtese Oxford fase-3, tendo

    obtido uma sobrevida de 91% aos 20 anos (14).

    O autor sugere que se a prtese sobreviver at

    aos 10 anos, de esperar que chegue aos 20

    anos. Sendo assim, e dado que uma grande

    parte dos doentes em que se realizam AUJ tem

    perto de 70 anos, o autor acredita que no h

    necessidade de considerar a AUJ um

    procedimento pr-ATJ.

    A - Joelho

    22 Controvrsias em Patologia do Joelho e do Ombro

    Concluso

    Nos ltimos anos tem sido observado um

    aumento da popularidade da AUJ na

    comunidade ortopdica devido ao avano

    das tcnicas e tecnologias cirrgicas,

    engenharia dos implantes e a

    procedimentos minimamente invasivos.

    Apesar de ser uma tcnica com uma

    curva de aprendizagem longa, em que

    muitas vezes so observados resultados

    menos bons no incio da aprendizagem

    do cirurgio, quando nas mos de um

    perito e seguindo as indicaes

    adequadas, a AUJ parece ser um

    procedimento eficaz no tratamento de

    osteoartrose do compartimento medial

    do joelho, apresentando um risco de

    reviso da prtese comparvel ao

    verificado com a ATJ. possvel obter

    excelentes resultados funcionais e

    sobrevidas dos implantes igualmente

    satisfatrias. Esta sobrevida prolongada

    das prteses, que chegam 3 dcada,

    faz com que a AUJ possa ser vista como

    uma medida definitiva na populao

    mais envelhecida. Com a incluso de

    pacientes mais jovens surge a

    necessidade de reviso de algumas

    destas prteses, procedimento que,

    devido s prteses modernas, pode ser

    realizado com dificuldades tcnicas

    mnimas. A AUJ apresenta resultados

    funcionais melhorados em relao ATJ

    e os pacientes podem contar com um

    regresso a atividades fsicas aps esta

    cirurgia.

  • Manuel Gutierres 23

    Bibliografia

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    19Berend, K.R., M.J. Morris, and A.V. Lombardi, Unicompartmentalknee arthroplasty: incidence of transfusion and symptomaticthromboembolic disease. Orthopedics, 2010. 33(9 Suppl): p. 8-10.

    20Biswal, S. and R.W. Brighton, Results of unicompartmental kneearthroplasty with cemented, fixed-bearing prosthesis usingminimally invasive surgery. J Arthroplasty, 2010. 25(5): p. 721-7.

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    22Noticewala, M.S., et al., Unicompartmental knee arthroplastyrelieves pain and improves function more than total kneearthroplasty. J Arthroplasty, 2012. 27(8 Suppl): p. 99-105.

    23Munk, S., et al., Early recovery after fast-track Oxfordunicompartmental knee arthroplasty. 35 patients with minimalinvasive surgery. Acta Orthop, 2012. 83(1): p. 41-5.

    Artroplastia unicompartimental do joelho: porqu o preconceito?

  • A - Joelho

    24Larsen, K., et al., Patient-reported outcome after fast-trackknee arthroplasty. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc,2012. 20(6): p. 1128-35.

    25Panni, A.S., et al., Unicompartmental knee replacementprovides early clinical and functional improvement stabilizingover time. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc, 2012.20(3): p. 579- 85.

    26Dettoni, F., et al., High tibial osteotomy versus unicompartmentalknee arthroplasty for medial compartment arthrosis of the knee:a review of the literature. Iowa Orthop J, 2010. 30: p. 131- 40.

    27Clement, N.D., et al., Medium-term results of Oxford phase-3 medial unicompartmental knee arthroplasty. J OrthopSurg (Hong Kong), 2012. 20(2): p. 157-61.

    28Kuipers, B.M., et al., Factors associated with reduced earlysurvival in the Oxford phase III medial unicompartmentknee replacement. Knee, 2010. 17(1): p. 48-52.

    29Schindler, O.S., W.N. Scott, and G.R. Scuderi, The practice ofunicompartmental knee arthroplasty in the United Kingdom.J Orthop Surg (Hong Kong), 2010. 18(3): p. 312-9.

    30Weber, P., et al., Navigation in minimally invasiveunicompartmental knee arthroplasty has no advantage incomparison to a conventional minimally invasive implantation.Arch Orthop Trauma Surg, 2012. 132(2): p. 281-8.

    31Bonutti, P.M., et al., Outcomes of unicompartmental kneearthroplasty stratified by body mass index. J Arthroplasty,2011. 26(8): p. 1149-53.

    32Niinimaki, T.T., et al., Unicompartmental knee arthroplastiesimplanted for osteoarthritis with partial loss of joint spacehave high re-operation rates. Knee, 2011. 18(6): p. 432-5.

    33Boissonneault, A., et al., No difference in survivorship afterunicompartmental knee arthroplasty with or without anintact anterior cruciate ligament. Knee Surg SportsTraumatol Arthrosc, 2012.

    34Tinius, M., P. Hepp, and R. Becker, Combined unicompartmentalknee arthroplasty and anterior cruciate ligament reconstruction.Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc, 2012. 20(1): p. 81-7.

    35Citak, M., et al., Anterior cruciate ligament reconstructionafter unicompartmental knee arthroplasty. Knee SurgSports Traumatol Arthrosc, 2011. 19(10): p. 1683-8.

    36Foran, J.R., et al., Long-term Survivorship and FailureModes of Unicompartmental Knee Arthroplasty. ClinOrthop Relat Res, 2012.

    37Taddei, P., et al., Mobile or fixed unicompartmental kneeprostheses? In-vitro wear assessments to solve this dilemma.J Mech Behav Biomed Mater, 2011. 4(8): p. 1936-46.

    38Kretzer, J.P., et al., Wear analysis of unicondylar mobilebearing and fixed bearing knee systems: a knee simulatorstudy. Acta Biomater, 2011. 7(2): p. 710-5.

    39Manson, T.T., et al., Unicondylar knee retrieval analysis.J Arthroplasty, 2010. 25(6 Suppl): p.108 11.

    40Small, S.R., et al., Metal backing significantly decreasestibial strains in a medial unicompartmental kneearthroplasty model. J Arthroplasty, 2011. 26(5): p. 777-82.

    41Dervin, G.F., et al., Initial experience with the oxfordunicompartmental knee arthroplasty. J Arthroplasty, 2011.26(2): p. 192-7.

    42Kim, K.T., et al., The influence of postoperative tibiofemoralalignment on the clinical results of unicompartmental kneearthroplasty. Knee Surg Relat Res, 2012. 24(2): p. 85-90.

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    44Valenzuela, G.A., et al., Implant and Limb AlignmentOutcomes for Conventional and NavigatedUnicompartmental Knee Arthroplasty. J Arthroplasty, 2012.

    45Essving, P., et al., Minimally invasive surgery did notimprove outcome compared to conventional surgeryfollowing unicompartmental knee arthroplasty using localinfiltration analgesia. Acta Orthop, 2012.

    24 Controvrsias em Patologia do Joelho e do Ombro

  • Manuel Gutierres 25

    46Martinez-Carranza, N., et al., Deviation between navigatedand final 3-dimensional implant position in mini-invasiveunicompartmental knee arthroplasty. Acta Orthop, 2012.

    47Mercier, N., S. Wimsey, and D. Saragaglia, Long-term clinicalresults of the Oxford medial unicompartmental kneearthroplasty. Int Orthop, 2010. 34(8): p. 1137-43.

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    49Choy, W.S., et al., Mid-term results of oxford medialunicompartmental knee arthroplasty. Clin Orthop Surg,2011. 3(3): p. 178-83.

    50White, S.H., S. Roberts, and P.W. Jones, The Twin PegOxford partial knee replacement: the first 100 cases. Knee,2012. 19(1): p. 36-40.

    Artroplastia unicompartimental do joelho: porqu o preconceito?

  • Manuel Gutierres 27

    Evoluo tcnica em

    artroplastia total do joelho

    Rben T. F. Barreto

    Manuel Gutierres

    A - Joelho

    2

  • Manuel Gutierres 29

    Evoluo tcnica em artroplastia total do joelho

    Resumo

    Objetivo: A artroplastia total do joelho

    executada rotineiramente em todo o mundo.

    No entanto, no existe ainda unanimidade em

    torno de alguns avanos nesta tcnica. O

    objectivo deste trabalho abordar algumas

    controvrsias na artroplastia total do joelho.

    Fontes dos dados: Foi utilizado a base de dados

    Scopus em 27 de fevereiro de 2011. Foram

    includos os artigos publicados em lngua

    portuguesa e inglesa, aps 2008, salvo algumas

    excees quando se consideraram muito

    relevantes para o assunto em questo. A

    qualidade cientfica destes foi garantida pelo

    prestgio internacional das revistas que

    integravam.

    Sntese dos dados: As evolues na artroplastia

    total do joelho visam diminuir a durao de

    internamento, reduzir as complicaes ps-

    operatrias, melhorar a funo, aumentar a

    flexo e assegurar a longevidade dos

    componentes. Tendo como base algumas

    opes que tm de ser tomadas pelo

    ortopedista com vista a atingir os objetivos

    referidos, foram abordados alguns aspetos

    como as vias de abordagem, a cirurgia

    minimamente invasiva vs cirurgia clssica, os

    materiais utilizados nos componentes, a fixao

    com cimento vs no cimentada, as plataformas

    mveis vs fixas, o sacrifcio ou no do ligamento

    cruzado posterior, o design para grande

    mobilidade e as tcnicas de alinhamento dos

    componentes.

    Concluso: Atualmente existem algumas

    recomendaes sobre a via de abordagem,

    modo de impactao e impregnao do

    cimento, reduo das perdas hemticas e

    navegao assistida por computador em casos

    seleccionados. Alguns destes aspetos so ainda

    subjetivos, sendo necessrios novos estudos

    de forma a uniformizar procedimentos e

    confirmar resultados.

    Palavras-chave: arthroplasties; replacement,

    knee; surgery; prostheses; design; polyethylene.

  • Introduo

    A osteoartrose do joelho um problema

    frequente na populao humana, com uma

    incidncia crescente devido ao aumento da

    esperana mdia de vida, nas civilizaes

    ocidentais. Habitualmente na fase inicial, so

    tratados conservadoramente com recurso a

    farmacoterapia e fisioterapia. Quando este

    tratamento deixa de ser eficaz, a artroplastia

    total do joelho (ATJ) a opo seguinte.

    A ATJ tornou-se comum nos anos setenta, tendo-

    se obtido grande melhoria nos resultados

    durante os ltimos anos, sendo nos dias de hoje,

    executada rotineiramente em todo o mundo.

    Esta melhoria advm dos progressos ao nvel

    da analgesia, na tcnica cirrgica, no design dos

    componentes e nos cuidados peri-operatrios,

    com o objetivo comum de diminuir as

    complicaes peri-operatrias, acelerar a

    recuperao e melhorar a funo (1).

    No entanto, no existe ainda unanimidade em

    torno de alguns avanos na ATJ.

    Os artigos utilizados nesta reviso bibliogrfica

    foram pesquisados na base de dados Scopus

    em 27 de fevereiro de 2011. Foram includos

    os publicados em lngua portuguesa e inglesa,

    com data de publicao aps 2008, sobre a

    ATJ primria. A seleo foi efetuada de acordo

    com a sua relevncia. Ainda foram includos

    artigos com data de publicao anterior a 2009,

    quando se consideraram muito relevantes para

    o assunto em questo. A qualidade cientfica

    destes foi garantida pelo prestgio internacional

    das revistas que integravam.

    Este trabalho, tem por objetivo abordar algumas

    controvrsias que surgiram com o avanar da tcnica

    cirrgica em ATJ, nomeadamente sobre as vias de

    abordagem, a cirurgia minimamente invasiva vs

    clssica, os materiais utilizados na formao dos

    componentes, os componentes cimentados vs no

    cimentados, as plataformas mveis vs fixos, o

    sacrifcio ou no do ligamento cruzado posterior

    (LCP), o design para grande mobilidade e as tcnicas

    de alinhamento dos componentes.

    Vias de abordagem

    A ATJ uma das intervenes ortopdicas

    responsvel por grande parte de nmero de camas

    ocupadas nos servios de ortopedia. Atualmente,

    assiste-se a uma enorme presso na sua

    rentabilizao, sendo portanto, uma preocupao

    dos ortopedistas reduzir ao mximo os dias de

    internamento dos doentes intervencionados. Fruto

    desta presso economicista, nos ltimos anos tm-

    se vindo a aperfeioar tcnicas cirrgicas que

    possam encurtar a permanncia hospitalar (2). As

    vias de abordagem so um exemplo.

    A abordagem clssica ou para-rtular medial ,

    das vias de abordagem, a mais popular para

    efectuar uma ATJ (3). Consiste numa inciso

    sagital do tendo do quadricpite femural, junto

    sua insero na rtula. Mais recentemente,

    tem sido muito utilizada uma abordagem que

    evita a leso deste tendo, atravessando as

    fibras do vastos medial, designada por midvastus

    (MV) (2). Mukherjee et al (2) realizaram um estudo

    em que compararam estas duas vias. Aplicaram-

    nas em dois grupos de 20 doentes submetidos

    a ATJ. Constataram que no havia diferena

    estatstica (p=0,13) entre os grupos, apesar de

    verificarem que naquele em que utilizaram a

    A - Joelho

    30 Controvrsias em Patologia do Joelho e do Ombro

  • Manuel Gutierres 31

    Evoluo tcnica em artroplastia total do joelho

    via MV, os dias de internamento foram menores

    e obtiveram melhores resultados no teste de

    elevao em extenso (p

  • A - Joelho

    32 Controvrsias em Patologia do Joelho e do Ombro

    segundo utilizou-se o mtodo convencional com

    navegao assistida por computador (NAC) e no

    terceiro grupo a cirurgia minimamente invasiva

    com NAC. Observaram que o terceiro grupo

    apresentou uma reabilitao mais rpida nos

    primeiros trs meses, em comparao com os

    restantes grupos, que s a alcanaram ao fim

    dos seis meses ps-operatrios. Esta diferena

    esbateu-se com o tempo. Apontaram como

    possvel explicao para esta reabilitao precoce

    no terceiro grupo, a diminuio do dano tecidual

    durante a cirurgia. Salientaram ainda que, o

    cirurgio pode optar pela cirurgia minimamente

    invasiva assegurando uma reabilitao precoce

    nos primeiros trs meses, em alternativa

    clssica, mas exige maior traquejo cirrgico (9).

    Em 2009, Biasca et al (10) equipararam a acuidade

    mecnica da cirurgia minimamente invasiva com

    a cirurgia clssica, ambas com NAC, numa

    amostra de 20 doentes, onde avaliaram vrios

    indicadores como os alinhamentos mecnicos

    e rotacionais efetuados no pr-operatrio e seis

    meses ps-operatrio, a dimenso da ferida

    cirrgica, o tempo operatrio, as perdas

    sanguneas, o tempo de internamento e a

    amplitude de movimento ps-operatrio.

    Obtiveram diferena apenas nos indicadores

    tempo de internamento e tamanho da ferida

    cirrgica, sendo estes menores no grupo da

    cirurgia minimamente invasiva.

    Com o intuito de descobrir se a cirurgia

    minimamente invasiva mantinha eficcia nas

    vias SV e MV, Bonutti et al (11), submeteram 51

    doentes a ATJ bilateral, onde foi utilizado a

    cirurgia minimamente invasiva sub-vastus num

    lado e a cirurgia minimamente invasiva

    midvastus no outro. Estudaram as diferenas

    entre as duas vias atravs da Knee Society Pain

    and Funcion Scores, do teste de elevao em

    extenso, da amplitude articular, do teste da

    fora isocintica, do tempo cirrgico e da perda

    sangunea. No encontraram diferenas

    estatsticas entre as duas tcnicas, sendo ambas

    excelentes hipteses para ATJ primria. A

    escolha entre estas dever basear-se na

    preferncia e na experincia do cirurgio.

    Um aspeto preocupante sobre a cirurgia

    minimamente invasiva foi referido por Barrack

    et al (12), aquando da investigao das revises

    de ATJ, realizadas em trs centros durante trs

    anos. Reconheceram que 18,6% dessas revises

    foram efetuadas em doentes previamente

    submetidos a cirurgia minimamente invasiva.

    Alm disso, o tempo entre a ATJ e a sua reviso

    era menor nos doentes submetidos a esta

    tcnica cirrgica (14,8 vs 80 meses, p

  • Manuel Gutierres 33

    Evoluo tcnica em artroplastia total do joelho

    friccionais sub-timas e uma elasticidade

    modular superior quando comparada ssea (13).

    De forma a ultrapassar estas limitaes, foi

    desenvolvido um material poroso constitudo

    por tntalo. Estes implantes tm demonstrado

    excelente biocompatibilidade com

    propriedades fsicas e mecnicas adequadas

    para garantir uma incorporao biolgica e

    uma maior integridade estrutural. Possui ainda,

    uma boa resistncia corroso secundria,

    podendo ser utilizado quer como constituinte,

    quer como revestimento dos implantes (13-16).

    Recentemente, Minoda et al (17), compararam

    a densidade mineral ssea (DMO) entre

    doentes submetidos a ATJ com o componente

    tibial no cimentado constitudo por tntalo e

    doentes com componente tibial cimentado

    constitudo por crmio-cobalto.

    Verificaram que em ambos os componentes

    houve diminuio da DMO, no entanto, os

    doentes com componente de tntalo

    apresentaram menor diminuio no prato tibial

    lateral.

    Resultados favorveis na preservao ssea com

    tntalo tambm foram encontrados por Harrison

    et al (18). Segundo estes autores, os componentes

    tibiais de tntalo poroso ajudam a manter a

    densidade ssea tibial paralelamente ao membro

    no operado.

    Uma vez que, o uso do tntalo em componentes

    da prtese total do joelho ainda muito recente,

    necessrio mais pesquisa para confirmar os

    benefcios a longo prazo destes constituintes

    na DMO (17).

    Sabemos que a performance a longo prazo das

    ATJ depende do desgaste do polietileno de grande

    densidade (ultra-high molecular weight

    polyethylene - PGD), cujos seus detritus levam

    ostelise e ao descolamento assptico do implante(19). No sentido de diminuir esta eroso, tem sido

    utilizado uma liga de zircnio oxidado em

    alternativa ao crmio-cobalto em doentes jovens.

    Segundo o estudo de Lee et al (19), os componentes

    de zircnio oxidado so mais resistentes ao risco

    e reduzem o desgaste do polietileno em 78% pela

    sua diferena na rugosidade (estatisticamente

    significativa, P = 0,037), quando comparados

    com as ligas de crmio-cobalto.

    Ainda relativamente ao desgaste do polietileno,

    Billi et al (20), testaram-no in vitro o, comparando

    o prato tibial polido com o prato tibial spero,

    obtendo resultados coincidentes com vrios

    outros estudos, ou seja, que o polimento do

    prato tibial polido 2,3 vezes mais efetivo a

    reduzir o desgaste do polietileno. Ainda neste

    estudo, foi verificado que a superfcie spera

    do prato tibial no reduz as foras de micro

    movimento, como seria de esperar.

    Na tentativa de reduzir as partculas de desgaste

    do polietileno, desenvolveu-se o crosslinked

    polietileno, usado habitualmente na prtese da

    anca. Neste, algumas propriedades mecnicas

    do PGD, nomeadamente a sua resistncia fadiga,

    est reduzida, razo pela qual o uso deste novo

    polietileno nas ATJ ainda controverso (21).

    Este polietileno foi analisado por Utzschneider

    et al (21) num simulador, com especial ateno

    aos mecanismos causadores de fadiga,

    comparando trs tipos de crosslinked polietileno

    e um tipo de PGD. Devido influncia positiva

    do aumento de contacto nos designs de sistema

  • A - Joelho

    34 Controvrsias em Patologia do Joelho e do Ombro

    articular fixo na ATJ, foi aferido baixas taxas de

    reaes associadas fadiga do crosslinked

    polietileno. Este aspeto confere benefcios na

    utilizao deste polietileno nas ATJ.

    Segundo uma reviso de Gioe & Maheshwari(22), os resultados da ATJ realizadas com os

    modernos componentes tibiais constitudos

    apenas por polietilenos, so equiparveis ou

    melhores do que as ATJ realizadas com

    componentes constitudos por ligas metlicas,

    quer em estudos de mdio e longo prazo, quer

    nos poucos estudos prospetivos randomizados

    disponveis. Estes componentes so vantajosos

    sobre as de ligas metlicas por diversas razes

    tais como: baixo custo, evitam o mecanismo

    de bloqueio, o desgaste no verso do implante

    e o seu aumento da espessura aps recesso

    ssea idntica. No entanto, estes apresentam

    algumas desvantagens, principalmente na falta

    de modularidade, nas limitaes intra-

    operatrias, na impossibilidade de remoo

    do revestimento em caso agudo de irrigao

    e desbridamento, ou a sua renovao posterior.

    Todos os materiais implantados acabam por

    libertar ies, como resultado da sua corroso

    e desgaste mecnico (23). Existe alguma

    preocupao sobre o efeito deletrio que estes

    nveis sricos de ies metlicos teriam sobre

    o cido desoxiribonucleico (DNA) e os

    cromossomas, provocando instabilidade

    genmica. Garret et al (23) avaliaram os nveis

    sricos de metais usados em prteses totais

    do joelho, nomeadamente crmio, cobalto,

    alumnio, zircnio e molibdnio. Compararam

    dois grupos, um com o componente femural

    de crmio-cobalto e o outro grupo de zircnio

    oxidado. Encontraram nveis mais elevados do

    io crmio no grupo com componente femural

    de crmio-cobalto, contudo sem diferenas

    estatisticamente significativas.

    Cimentado vs no cimentado

    As prteses utilizadas na ATJ atualmente, so

    na sua maioria cimentadas. Por um lado, o

    cimento possibilita uma excelente fixao

    precoce, tendo um impacto direto na preveno

    da formao de fragmentos de desgaste do

    polietileno e evitando a sua entrada na interface

    entre o osso e o implante. Por outro lado, a

    fixao cimentada pode enfraquecer com o

    avanar do tempo, libertando fragmentos de

    cimento que entram na articulao, levando a

    um desgaste acelerado do polietileno (24).

    As prteses no cimentadas na ATJ so

    raramente usadas, no entanto, algumas tm

    apresentado bons resultados a longo prazo,

    como o exemplo das prteses porosas de

    tntalo previamente mencionadas (24-27). As

    vantagens potenciais dos componentes no

    cimentados so a manuteno ou atraso na

    diminuio da densidade mineral ssea, a

    diminuio do tempo operatrio e a possibilidade

    de corrigir as fraturas periprotsicas de uma

    forma mais simples. Apesar da existncia de

    vrios mtodos satisfatrios de fixao dos

    componentes no cimentados, nenhum to

    consistente como a fixao com cimento (24).

    Ultimamente tm-se assistido a uma tendncia

    para realizar ATJ em doentes mais jovens (28).

    Nestes doentes, provavelmente haver vantagem

    em colocar componentes no cimentados, uma

    vez que permite uma boa fixao inicial, possibilita

    neoformao ssea e diminui o stress de

  • Manuel Gutierres 35

    Evoluo tcnica em artroplastia total do joelho

    revestimento, alm das vantagens potenciais

    previamente enunciadas (24).

    De acordo com Lombardi et al (1998) citado por

    Rossi et al (29), a estabilidade da fixao primria

    numa ATJ um dos fatores mais importantes

    para a longevidade da prtese. Cimentao

    completa apresentou excelentes resultados a

    longo prazo e a cimentao da superfcie, nos

    designs de sistema articular fixo, exibiu igualmente

    bons resultados a mdio prazo (30; 31).

    Alguma inquietao tem sido demonstrada sobre

    a possibilidade de falncia da artroplastia por

    descolamento da prtese devido s foras

    rotacionais quando a haste tibial no

    cimentada. Rossi et al, avaliaram a taxa de

    descolamento precoce e linhas de radiolucncia

    em 70 plataformas rotacionais unidireccionais,

    usando cimentao de superfcie. Os seus

    resultados so comparveis com outros estudos

    usando diferentes tcnicas de cimentao ou

    cimentao de superfcie e plataformas fixas (29).

    Com a preocupao de aumentar a longevidade

    das prteses cimentadas, Lutz et al (32) efetuaram

    um estudo interessante onde comparam a

    eficcia da penetrao do cimento realizado

    manualmente com o uso de uma pistola ou

    seringa pressurizada com cimento. Constataram

    que as tcnicas com pressurizao obtiveram

    uma maior penetrao com significado estatstico

    (p

  • A - Joelho

    36 Controvrsias em Patologia do Joelho e do Ombro

    Num estudo de Kim et al (36), foi comparado a

    nova prtese de plataforma flutuante de

    sistema mvel com a plataforma fixa, no se

    observando diferenas entre os dois sistemas,

    em todas as avaliaes. A comparao in vitro,

    realizadas por Grupp et al (37), com identical

    articulao femural, demonstrou no haver

    diferenas significativas entre os dois sistemas,

    quer a nvel da taxa de desgaste, a nvel de

    resultado de teste de cinemtica, quer a nvel

    de libertao de partculas do polietileno.

    Sacrifcio ou no do ligamento cruzado

    posterior

    O papel do LCP na ATJ , ainda, motivo de

    controvrsia. A preservao do LCP tem

    algumas vantagens, nomeadamente permitir

    uma preservao ssea, o joelho apresentar

    uma cintica mais prxima do normal, melhor

    propriocepo, melhor deslize e bloqueio do

    femur sobre a tbia durante a flexo e maior

    estabilidade da prtese (38).

    As prteses com fixao posterior tentam

    substituir a funo do LCP e permitem uma maior

    mobilidade. Estas prteses tm ainda a vantagem

    de simplificar o procedimento tcnico-cirrgico,

    possibilitar uma interface com maior estabilidade

    entre os componentes e maior amplitude de

    movimentos. Kolisek et al, compararam as

    vantagens da preservao do LCP versus prteses

    com fixao posterior (que sacrificam o LCP) na

    ATJ, analisando scores de funo, mobilidade,

    outcomes radiogrficos e complicaes (Knee

    Society Scores). Apesar das elevadas taxas de

    sucesso que a ATJ apresenta, este artigo relata

    que no existe consenso no que se refere ao

    sacrifcio ou preservao do LCP (38).

    O novo conceito de prtese que preserva

    ambos os ligamentos cruzados, debatido por

    Nowakowski et al (39), comparando-a ao

    mtodo mais convencional, ou seja, prteses

    que sacrificam algum ou ambos os ligamentos

    cruzados. Este novo conceito de prtese foi

    desenvolvido baseado num suporte transversal

    do planalto tbial, efetuado por duas vias, a via

    medial e a lateral.

    importante referir que nos casos de

    gonartrose severa, a amplitude de mobilidade

    da articulao pode estar severamente

    comprometida. Nestes casos, a colocao de

    prtese preservando o ligamento cruzado

    anterior (LCA) no mostrou benefcios, pois

    este j se encontra bastante danificado (39).

    A flexo do joelho um fator de melhoria no

    ps-operatrio e como tal tornou-se no principal

    objetivo dos ortopedistas (existem evidncias

    que para uma pessoa desempenhar atividades

    de vida normal, necessrio que o joelho

    apresente uma flexo de 110) (40).

    Bauer et al (40) debruou-se sobre a questo se

    as prteses com compensao cndilar posterior

    so um fator que influencia a flexo do joelho

    aps o sacrifcio do LCP na ATJ. No seu artigo

    reconheceu que a ATJ com compensao cndilar

    posterior em prteses que sacrificam o LCP no

    so um fator importante para a melhoria da

    flexo do joelho no ps-operatrio. Assinalou

    ainda, que a flexo do joelho no pr-operatrio

    e o sexo so fatores preditivos independentes

    para a flexo do joelho no ps-operatrio.

  • Manuel Gutierres 37

    Evoluo tcnica em artroplastia total do joelho

    Design para grande mobilidade

    A ATJ uma cirurgia com uma grande taxa de

    sucesso, em que o doente fica satisfeito em

    90% dos casos. A amplitude de movimento do

    joelho, em particular a flexo, tem sido um dos

    fatores mais importantes utilizados para

    determinar o sucesso aps a artroplastia, tal

    como as atividades que so dependentes deste

    movimento (41).

    Subir e descer escadas requer uma flexo de

    aproximadamente 90-120, a transferncia para

    a banheira 135 e algumas atividades culturais

    mais que 165. No entanto, aps a ATJ, a flexo

    no excede os 110-115 e apesar das melhorias

    significativas ps-cirrgicas, ela mantm-se

    menor que a da populao geral (41).

    Recentemente foram introduzidas no mercado

    prteses com um design concebido para

    acomodar e facilitar uma maior flexo do joelho

    e uma melhor funo, mantendo a estabilidade.

    Estas incluem modificaes no design com

    reduo no cndilo femural posterior e tambm

    nos componentes femural e tibial para acomodar

    os mecanismos extensores com flexo profunda

    e facilitar o deslizamento femoral posterior (41).

    A flexo ps-operatria da ATJ resulta de alguns

    fatores bem definidos, enquanto outros se

    mantm incertos. Devem ser tidos em

    considerao fatores pr-operatrios (flexo

    mxima, deformidade articular, gnero, idade,

    altura, peso e ndice de massa corporal), tcnica

    cirrgica (abordagem, balano ligamentar,

    recapeamento da rtula, sacrifcio ou no do

    ligamento cruzado posterior, slope tibial e

    encerramento da ferida), reabilitao ps-

    operatria e design da prtese (42). Na literatura

    referem a flexo pr-operatria como o predictor

    mais importante da flexo ps-operatria (41; 42).

    Zeh et al (42) estudaram estes fatores e no

    encontraram correlao significativa entre a idade,

    peso, altura, gnero ou ndice de massa corporal

    e a flexo ps-operatria. A relao entre a

    colocao da interlinha articular, a altura da

    rtula, o tilt da mesma e o seu deslizamento no

    foi estatisticamente significativa. Neste estudo a

    mdia final do grau de flexo na prtese de

    grande mobilidade aos cinco anos foi de 120, 7

    enquanto a mdia da standard foi de 118, no

    havendo relevncia clnica significativa no uso

    destas novas prteses. Resultados semelhantes

    foram obtidos por vrios outros autores (43-46).

    Alinhamento dos componentes

    O alinhamento rigoroso dos componentes

    fundamental para garantir a satisfao do

    doente e permitir a longevidade dos implantes(47). O alinhamento do componente tibial

    alcanado atravs da tcnica de orientao

    intra-medular, extra-medular e assistida por

    computador, no entanto ainda controverso

    qual destas tcnicas a mais adequada (48).

    A taxa de acuidade no alinhamento varia muito

    na literatura, sendo que a orientao intra-

    medular apresenta maior acuidade do que a

    extra-medular (49). A NAC foi projetada para

    melhorar a acuidade, ao mesmo tempo que

    diminui a invasibilidade da tcnica, quando

    comparada com a orientao intra-medular e

    a extra-medular (50). questionado o custo

    efetividade desta tcnica, principalmente pelo

    aumento do tempo operatrio e o seu potencial

    de morbilidade (48; 51; 52). Alguns artigos referem

  • A - Joelho

    38 Controvrsias em Patologia do Joelho e do Ombro

    que a acuidade da NAC superior aos sistemas

    clssicos (orientao intra e extra-medular),

    no havendo certezas do significado destas

    diferenas (49; 51).

    Uma vez que o alinhamento extra-medular se

    baseia na identificao pela palpao de marcos

    anatmicos do tornozelo e estimativa do centro

    do astrgalo, esta tcnica pode ser dificultada

    em doentes obesos, com excesso de tecidos

    moles ou mesmo pelos campos cirrgicos (53;

    54). Semelhante orientao extra-medular, a

    NAC tambm est dependente da identificao

    dos marcos anatmicos pelo cirurgio, que por

    vezes difcil (50).

    No estudo de Talmo et al (50), foi comparado a

    acuidade de alinhamento tibial utilizando a

    tcnica de orientao intra-medular, com a

    tcnica de orientao extra-medular e NAC,

    verificando-se que a acuidade mdia do

    componente tibial foi elevada (90,00 +- 1,38).

    Uma vez que, para esta tcnica ser correta

    necessrio introduzir o guia intramedular

    distalmente at cicatriz epifisiria distal, foi

    utilizado um guia de menor dimetro combinado

    com uma porta de entrada de maior dimetro

    na tbia, evitando assim a ligeira distoro no

    alinhamento provocado pela curvatura da tbia.

    Segundo Kim et al (48), atravs da comparao

    de ATJ com e sem NAC, constataram que o

    grupo com NAC no apresentou diferenas

    significativas na acuidade do alinhamento, alm

    de se verificar um aumento do tempo cirrgico

    e da garrotagem. No entanto, a NAC permite

    uma menor perda sangunea, sendo

    recomendada em doentes anmicos e naqueles

    impossibilitados de receber hemoderivados (55).

    No caso de deformidades extra articulares

    severas, sejam elas femorais e/ou tibiais,

    por vezes o alinhamento intra-medular ou

    extra-medular torna-se difcil ou at mesmo

    impossvel. Nestas condies, a NAC tem um

    papel preponderante, permitindo recriar um

    eixo mecnico aceitvel e reduzindo a

    necessidade de mltiplas cirurgias (56; 57).

    Algo importante no alinhamento e que os

    cirurgies no devem descorar o correto

    alinhamento rotacional. O mal alinhamento

    rotacional pode levar a uma m trao rotuliana,

    a uma dor anterior do joelho, uma instabilidade

    femuro-tibial com o joelho em flexo e desgaste

    prematuro do polietileno. Ltzner et al (58)

    investigaram qual de dois marcos tibiais o mais

    seguro para reproduzir um alinhamento correto

    da rotao femuro-tibial na ATJ, o tero medial

    da tuberosidade da tbia, ou a sua margem

    medial. Usando a linha transepicondilar como

    referncia para o alinhamento rotacional do

    fmur e os dois diferentes marcos tibiais

    referidos, um em cada grupo, verificaram que

    o grupo que referenciou a rotao tibial numa

    linha que passa no tero medial da tuberosidade

    da tbia ao centro do prato tibial, resultou num

    melhor alinhamento rotacional femuro-tibial.

    Assim sendo, quando o cirurgio pretender

    utilizar uma prtese de sistema articular fixo

    com uma elevada constante rotacional entre a

    incrustao e o componente femural, deve estar

    ciente deste efeito, de forma a evitar o desgaste

    prematuro do polietileno.

    Independentemente da tcnica utilizada, o

    treino do cirurgio e a sua experincia afeta a

    acuidade do alinhamento (54).

  • Manuel Gutierres 39

    Evoluo tcnica em artroplastia total do joelho

    Discusso

    Aps elaborar este trabalho, foi possvel tirar

    algumas elaes sobre os assuntos abordados,

    tendo em conta a evidncia cientfica desta

    temtica.

    As vias de abordagem globalmente apresentam

    bons resultados. Algumas so utilizadas para

    situaes particulares, como o caso da via SV

    com osteotomia do tubrculo da tbia,

    reservada para os casos de reviso (7). Como

    primeira opo para a ATJ primria,

    recomendado a via sub-vastus modificada (6).

    Relativamente tcnica cirrgica reala-se o facto

    da cirurgia minimamente invasive apresentar uma

    recuperao precoce, contudo deixa de ser

    significativa com o tempo. Alm disso,

    tecnicamente mais exigente e est relacionada com

    uma percentagem maior de revises precoces (8; 9).

    Em relao composio componentes utilizados

    na ATJ, o tntalo mostra-se um material promissor(13-17). A introduo de novos polietilenos, como

    o exemplo do polietileno crosslinked, revelou-se

    vantajosa nesta interveno cirrgica (21).

    A importncia da fixao destes componentes

    genericamente reconhecida. Mesmo sabendo

    que a fixao no-cimentada possui vantagens

    sobre a cimentada, esta ltima continua a ser

    a fixao padro (24). Para uma boa fixao

    protsica, imprescindvel uma eficiente

    penetrao do cimento. Neste sentido,

    recentemente tm sido desenvolvidos novos

    instrumentos, dos quais a pistola ou seringa

    pressurizada revelou melhor eficcia na sua

    aplicao (32). A impregnao deste com

    antibioterapia mostrou-se eficaz e deve ser

    uma atitude a manter (33).

    No que concerne s plataformas fixas ou

    mveis, no se verificou diferenas entre estas,

    ficando ao critrio do cirurgio qual o tipo de

    plataforma a ser utilizada (35; 36).

    Existem vantagens em preservar o LCP, uma

    vez que o joelho se comporta com uma cintica

    mais aproximada ao normal. No entanto, no

    h ainda unanimidade sobre o seu sacrifcio

    ou no, visto este gesto facilitar a cirurgia sem

    fazer variar os scores clnicos finais (38).

    Os designs de alta mobilidade, criados com o

    objetivo de permitir uma melhor flexo, no

    revelaram diferenas significativas (42-46). A

    flexo no ps-operatrio depende

    fundamentalmente da amplitude articular pr-

    operatria (41; 42).

    Por ltimo, o alinhamento dos componentes

    fulcral para o sucesso da interveno. Na

    maioria dos casos, a orientao intra-medular,

    a extra-medular e a NAC revelam acuidades

    sobreponveis (48). Todavia, nos casos de grande

    deformidade e em doentes vulnerveis s

    perdas sanguneas, a NAC apresenta vantagem

    sobre as restantes (55-57).

  • A - Joelho

    40 Controvrsias em Patologia do Joelho e do Ombro

    Concluso

    Em termos de concluso, pode-se aferir

    que alguns consensos esto a emergir

    relativamente ATJ. So exemplos a

    abordagem sub-vastus modificada na

    ATJ primria, utilizao do polietileno

    crosslinked, recurso pistola ou seringa

    pressurizada para penetrar o cimento,

    utilizao deste impregnado com

    antibioterapia e utilizao da NAC em

    casos de deformidade severa e em

    doentes vulnerveis s perdas hemticas.

    Paralelamente, estes e outros aspectos

    controversos merecem ser explorados,

    de forma a uniformizar procedimentos

    e esclarecer determinados resultados.

  • Manuel Gutierres 41

    Evoluo tcnica em artroplastia total do joelho

    Bibliografia

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  • A - Joelho

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  • Manuel Gutierres 43

    Evoluo tcnica em artroplastia total do joelho

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  • Manuel Gutierres 45

    Cirurgia de navegao na

    artroplastia total do joelho

    Ndia Almeida

    Manuel Gutierres

    A - Joelho

    3

  • Manuel Gutierres 47

    Cirurgia de navegao na artroplastia total do joelho

    Resumo

    Objetivo: O objetivo desta monografia

    comparar os sistemas CAS que no recorrem

    a imagem com a cirurgia convencional,

    atendendo aos resultados obtidos em ambas

    as cirurgias e s potenciais complicaes,

    analisando igualmente a relao custo-eficcia

    e possveis questes mdico-legais.

    Fontes dos dados: Utilizando a MEDLINE,

    procedeu-se pesquisa de artigos, usando

    como query total knee replacement AND

    computer assisted surgery. Destes foram

    includos os que satisfaziam os seguintes

    critrios:

    ATJ primria por CAS;

    Tcnica de CAS livre de imagem;

    Avaliao ps-operatria do eixo mecnico

    do membro inferior e da posio das prteses;

    Incluso pelo menos 10 pacientes no grupo

    de casos.

    Foram includos 26 artigos.

    Sntese dos dados: os resultados indicam que

    a artroplastia total do joelho por navegao

    oferece uma melhoria na orientao dos

    componentes protsicos em todos os planos

    quando comparada com a cirurgia

    convencional, diminuindo significativamente

    as complicaes emblicas.

    Concluso: O objetivo da cirurgia por

    navegao reduzir o nmero de outliers e

    assegurar que a diferena entre o resultado

    obtido e o esperado minimizada. O aumento

    da longevidade das prteses ir diminuir a

    necessidade de reviso da ATJ, reduzindo

    consequentemente a morbi-mortalidade e os

    custos de sade associados a estes

    procedimentos. O valor da CAS num contexto

    clnico est claramente articulado com a

    reduo de erros e das revises que da possam

    advir.

    Palavras-chave: ortopedia; artroplastia total

    do joelho; cirurgia de navegao.

  • Int