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GlatasDocumento de Estudo

Maro 2006

ENTENDENDO GLATASDocumento de Estudo

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ENTENDENDO GLATASCONTEDO

CAPTULO 1O MUNDO DO APSTOLO PAULO ________________________________ Pgina 3

CAPTULO 2A POLMICA HISTRIA DE GLATAS ____________________________ Pgina 4

CAPTULO 3GLATAS 1-2 A DEFINIO DE "OBRAS DA LEI _______________ MANUSCRITO DO MAR MORTO SOBRE "AS OBRAS DA LEI___ Pgina 8 Pgina 13

CAPTULO 4GLATAS 3-4 AS OBRAS DA LEI AT CRISTO ___________________ EXPLICAO DE GLATAS 4:10 ________________________________ Pgina 14 Pgina 19

CAPTULO 5GLATAS 5-6 A APLICAO CRIST DA LEI ____________________ Pgina 21

2006 Igreja de Dues Unida, uma Associao Internacional

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CAPTULO 1

O MUNDO DO APSTOLO PAULOCom o objectivo de entender melhor a mensagem da Epstola de Glatas, remontemos um momento aos tempos do apstolo Paulo. Ele escreveu esta carta s igrejas que havia estabelecido na regio da Galcia. Estamos em meados do primeiro sculo. A Igreja tem aproximadamente duas dcadas de vida. Em que acreditavam nessa poca? No difcil averiguar por meio das mesmas Escrituras. Nessa poca a Bblia nos indica que todos os cristos guardavam o sbado, como era o costume do prprio Paulo. Em Actos 17:2 e 18:4 nos diz Ora, Paulo, segundo o seu costume, foi ter com eles; e por trs sbados discutiu com eles as Escrituras... Ele discutia todos os sbados na sinagoga, e persuadia a judeus e gregos. Percebam que no aparece nenhum escrito sobre o dia de domingo como dia de adorao at meados do segundo sculo. Ademais, fcil comprovar que todos os cristos nesse tempo guardavam as Festas Santas de Deus. No livro de Actos, Lucas relata a histria das primeiras dcadas da Igreja. Desde o comeo at ao fim de seu relato sempre menciona como algo normal que os cristos, e no apenas os judeus, guardavam as Festas Santas (veja At. 2:1; 12:3-4; 18:21; 20:6,16; 27:9). Tambm nos informa que eles no comiam carnes imundas, ao mencionar que o apstolo Pedro o havia afirmado categoricamente (At. 10:14). A respeito disso, a Enciclopdia Britnica comenta: "Os primeiros cristos continuaram observando as festas judaicas, ainda que com um novo esprito" (Dcima Primeira Edio). importante esclarecer que as Festas Santas de Deus no so judaicas, mas bblicas, posto que os judeus no as inventaram, pois vieram directamente de Deus (veja Lv 23). Ali, em Levtico, mostra que o sbado, o Quarto Mandamento (Ex. 20:811) e por extenso as demais Festas Santas, so parte dos Dez Mandamentos e no da lei ritual. Desde logo que, para o apstolo Paulo, era impossvel saber que um sculo mais tarde, um grupo apstata de gentio-cristos em Roma estaria inaugurando o dia de domingo como substituto do sbado e estaria trocando as Festas Santas de Deus por outras de origem pag, como por exemplo, o Domingo de Ressurreio. Tampouco se podia imaginar que usariam suas epstolas como pretexto para anular os dzimos ou as leis alimentcias na Bblia, coisas que ele guardou fielmente at o fim de sua vida (At. 28:17). Portanto, quando Paulo escreveu suas epstolas, esperava que fossem entendidas dentro do contexto de sua poca na qual se guardavam todas estas leis e no segundo o mundo tradicionalmente cristo de hoje onde tm sido abolidas. Paulo jamais sonhou que iriam tirar de contexto seus escritos para eliminar estas leis de Deus. Por conseguinte, como veremos, logo alguns gentios cristos com fortes preconceitos contra o Antigo Testamento se aproveitariam para distorcer estas epstolas para destruir muitas das verdades de Deus e introduzir heresias. 2006 Igreja de Dues Unida, uma Associao Internacional

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CAPTULO 2

A POLMICA HISTRIA DE GLATAS importante notar que, na sua segunda epstola, o apstolo Pedro j havia advertido aos membros que alguns estavam tirando as epstolas de Paulo de seu contexto, para sua prpria destruio doutrinal. Leiamos sua advertncia em II Pe 3:15-16: E tende por salvao a longanimidade de nosso Senhor; como tambm o nosso amado irmo Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; como faz tambm em todas as suas epstolas, nelas falando acerca destas coisas, nas quais h pontos difceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem tambm com as outras Escrituras, para sua prpria perdio. Alm disso, Judas, outro apstolo, menciona o mesmo, desta vez especificando que: ... convertem em libertinagem a graa de nosso Deus (Judas 4 - ERAB). Nesta passagem libertinagem significa: "estar isento de cumprir a lei moral" (Enciclopdia Internacional da Bblia Tomo II, pg. 128). Em outras palavras, tentaram desvirtuar a lei moral - os Dez Mandamentos. Desta maneira podiam oferecer aos cristos incautos a "liberdade" de abolir as leis de Deus ao dizer que sob a graa j no eram necessrias. A respeito disso Pedro diz: Prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos so escravos da corrupo... Porque melhor lhes fora no terem conhecido o caminho da justia, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado (II Pe 2:19, 21). De maneira que as mesmas mentiras dessa poca so as que esto sendo usadas hoje em dia para justificar a abolio das leis de Deus. Portanto, vemos que no primeiro sculo do cristianismo o sentido das epstolas de Paulo estava sendo torcido, especialmente as que eram "difceis de entender", quer dizer, as que tinham um alto contedo teolgico. Uma das epstolas que tem esta condio a de Glatas. Ela usa termos que na realidade so "difceis de entender", como por exemplo, quando diz: a lei no da f" (Gl 3:12); "a lei se tornou nosso aio... Mas, depois que veio a f, j no estamos debaixo de aio" (Gl 3:24-25) e a maldio da lei" (Gl 3:13). Se algum quiser usar estes versculos fora de seu contexto, poder facilmente "torc-los" para ensinar que a lei de Deus foi abolida. De fato, atravs dos sculos, muitas pessoas se basearam nestes versculos para deixar de guardar o sbado e outras leis de Deus. Atitude de Paulo em relao Lei de Deus Entretanto, era isso o que Paulo queria dizer? Neste sentido importa esclarecer a opinio de Paulo sobre a lei de Deus? Certamente que sim. Sabemos que Davi disse, Oh! Quanto amo a tua lei! (Sal. 119:97). Seria importante se Paulo dissesse o mesmo? Pois ele declarou: Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus... De modo que a lei santa, e o mandamento santo, justo e bom... a lei espiritual" (Rom. 7:22,12,14). Vemos em suas epstolas que esta era sua perspectiva bsica da lei de Deus, portanto, a expresso "difceis de entender" trata-se de enfoques equivocados usados pelos falsos mestres acerca da lei. 2006 Igreja de Dues Unida, uma Associao Internacional

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Ao estudar as epstolas de Paulo, logo se v que o que ele atacou intensamente foi a forma tergiversada de ensinar a lei. A grande controvrsia no Novo Testamento que Cristo e os apstolos enfrentaram no foi a de se se devia guardar o sbado ou no, mas como se devia guard-lo alm das outras leis - se era com todos os regulamentos farisaicos ou s por meio das normas bblicas. Tambm se inclua nesta polmica se se devia guardar a lei para ganhar a salvao "pelas obras" ou se era por meio da obedincia com a graa de Deus. Tudo isto estava representado pelo grande debate sobre se era necessrio circuncidar um cristo ou no. Lamentavelmente, a Epstola de Glatas, que trata estes temas, tem sido frequentemente "torcida" para intentar abolir a lei de Deus. Acerca disso, importante lembrar que quando foi redigida esta epstola, todos na igreja guardavam o sbado, as Festas Santas, pagavam os dzimos e no comiam carnes imundas. significativo saber que nunca aparece mencionada uma controvrsia sobre estes temas. Entretanto, muitas igrejas hoje em dia usam Glatas para pr em dvida a necessidade de guardar muitas das leis santas de Deus. J no segundo sculo, h escritos de vrios "pais catlicos", ou doutores da igreja que usam Glatas com o pretexto de deixar de cumprir com tais coisas como o sbado, as Festas Santas, o dzimo e as leis alimentcias. Incio (110 d.C.) em sua Epstola aos Magnsios (verso longa e curta) menciona o seguinte: "devemos guardar o sbado de uma forma espiritual e depois de observar o sbado, guardemos o Dia do Senhor como uma festa que comemora o dia da ressurreio... absurdo professar a Cristo e judaizar". Este ltimo termo Paulo usou com outro objectivo em Gl 2:14, mas Incio o aplicou ao sbado. Mais tarde, Justino Mrtir (100-165 d.C.) escreveu: "a lei que agora veio abrogou a anterior e o pacto novo ao antigo" usando a ideia de Gl 3:17. No entanto, no era frequente o uso de Glatas nos primeiros sculos para procurar abrogar a lei. O que se usava muito era os argumentos anti-judaicos para estes fins. Uso de Glatas por Lutero e Calvino Na realidade, no incio do perodo da Reforma que aparecem escritos usando Glatas como um argumento principal para abolir a lei. Os protagonistas Martinho Lutero e Joo Calvino que tentaram "reformar" a sua igreja romana das "obras da lei" catlica como as indulgncias, a penitncia, os rosrios e o culto s imagens. Eles criaram no sculo 16 o que se chamaria mais tarde a Teologia Reformista. Essa teologia forma a base doutrinal da maioria das igrejas protestantes e evanglicas de hoje. Para eles, a ideia central do cristianismo a justificao pela f somente. Dali procede o ensinamento de que a lei de Deus foi abolida e que agora estamos sob a "graa". Com este fim, Lutero e Calvino interpretaram a Epstola de Glatas para mostrar que as obras da lei" eram negativas e deviam ser abolidas. Segundo a Bblia, eles tinham razo ao aplicar este princpio s "obras da lei" catlica, mas no quando o aplicaram s leis de Deus. Deste modo, fizeram a mesma coisa que Pedro j havia advertido, pois "torceram" as Escrituras quando atacaram a lei de Deus e sentaram as bases para que as igrejas protestantes pudessem converter "em libertinagem a graa de Deus". At certo ponto, tudo

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o que Pedro advertiu se tornou a repetir sculos mais tarde ao se usar erradamente as Escrituras e assim deixar de guardar as leis de Deus. Por isso, to necessrio entender os erros destas ideias que continuam sendo ensinadas por tantas igrejas. A respeito disso, ser importante recordar que Paulo era o pastor das igrejas na Galcia e que dirigia esta carta a eles no para tratar o tema sobre se os Dez Mandamentos estavam vigentes ou no. Ele sempre ensinou que so santos e intocveis. Certamente Paulo escreveu Glatas para refutar as crenas erradas de falsos mestres que haviam entrado em suas congregaes. Enfoque actual de alguns excertos Ainda que a Teologia de Lutero e Calvino esteja, todavia em vigor nas igrejas protestantes e evanglicas, muitos dos mesmos telogos protestantes hoje em dia no esto de acordo com o enfoque deles. E dizem que entre outras faltas, cometeram dois erros graves em sua interpretao da lei de Deus. O primeiro foi o uso da palavra "lei" em Glatas para incluir todas as partes da lei, a espiritual e a cerimonial, em um mesmo conceito e no distinguiram pelo contexto a qual lei se referia Paulo. O segundo erro foi que creram que ao ser-se justificado pela f, a lei era desnecessria. Hoje em dia muitos estudiosos entendem e escrevem que na Bblia, a lei e a f no se contradizem. Para esclarecer isto, necessrio estudar como Paulo usava o termo "lei". Como temos visto aqueles que insistem em abolir as leis de Deus postulam que Paulo usava a palavra "lei" para incluir todas as partes da Lei dada no Monte Sinai. Citam a Gl 3:25: "Mas, depois que veio a f, j no estamos debaixo de aio" e dizem que isto se refere lei de Deus em geral. Ento o que primeiro deve ser esclarecido se efectivamente Paulo usava o termo "lei" para abranger a totalidade da Lei de Deus, ou se s vezes enfocava s em uma de suas partes. Vejamos o que dizem algumas autoridades sobre o conceito "lei" usado por Paulo. Novo Dicionrio da Bblia, Segunda Edio, Artigo: LEI: "Se tem complicado muito a interpretao do Novo Testamento e em particular, as Epstolas de Paulo, ao no levar em conta as distines no termo "lei... No se deve confundir o termo aplicado Lei dada a Moiss com a forma depreciativa que Paulo usa da lei ao se referir ao estado da pessoa que observa at a lei e as obras da lei como forma de ser justificado e aceito por Deus". A Enciclopdia Internacional da Bblia, Artigo, "A Lei no Novo Testamento" diz: "A lei mosaica abrangia trs partes: a lei moral, resumida nos Dez Mandamentos; a lei cerimonial, que explica os ritos; e a lei civil ou poltica, relacionada com a vida nacional do povo. As distines nem sempre so claramente definidas ainda que em geral se refiram lei mosaica inteira. Entretanto, s vezes o termo "lei" se usa em um s aspecto. Com respeito a quanto da lei do Antigo Testamento est includa no Novo Testamento, os telogos cristos em geral esto de acordo de que toda a lei moral est 2006 Igreja de Dues Unida, uma Associao Internacional

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vigente, e nenhuma lei cerimonial est, pois a lei cerimonial foi cumprida com o sacrifcio de Cristo". Teologia do Novo Testamento, Dr. G. E. Ladd: "A maioria dos estudiosos de Paulo insiste que ele no distingue explicitamente entre os aspectos ticos e os cerimoniais da lei. Isto certo, mas a distino implcita inevitvel e deve ser levada muito em conta. Ainda que a circunciso fosse um mandamento de Deus e parte da lei, Paulo faz uma separao entre a circunciso e os Mandamentos de Deus quando diz: A circunciso nada , e tambm a incircunciso nada , mas sim a observncia dos mandamentos de Deus (I Cor. 7:19). Ao fazer isso, apartou o tico do cerimonial o permanente do temporrio". De modo que vemos segundo vrios excertos, que no se pode usar a palavra "lei" nos escritos de Paulo de forma indiscriminada. Deve-se ver o contexto para determinar como Paulo est usando o termo "lei". Por exemplo, por um lado ele diz que a lei "justa, e o mandamento santo, justo e bom" (Rom. 7:12) e por outro lado fala da "maldio da lei" (Gl 3:13). Ou Paulo est se contradizendo ou est usando o vocbulo lei em diferentes sentidos. Veremos que o uso da lei em Glatas diferente ao de Romanos 7. A chave , como sempre, deixar que as Escrituras se interpretem a si mesmas.

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CAPTULO 3

GLATAS 1-2: A DEFINIO DE "OBRAS DA LEI" importante notar que o Apstolo Paulo explica ao princpio da epstola qual ser o tema em discusso e a que lei se refere. Vejamos: Gl 1:6: "Estou admirado de que to depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graa de Cristo, para outro evangelho. O problema era que as igrejas jovens na Galcia, compostas maioritariamente por gentios conversos, estavam escutando uma mensagem diferente da que Paulo havia ensinado. Agora esclarece: Gl 1:11-14: "Mas fao-vos saber, irmos, que o evangelho que por mim foi anunciado no segundo os homens... mas o recebi por revelao de Jesus Cristo, Pois j ouvistes qual foi outrora o meu procedimento no judasmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava, e na minha nao excedia em judasmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradies de meus pais". Aqui Paulo explica que o evangelho que recebeu e pregou no estava baseado no judasmo com suas tradies que ele havia deixado para trs. Menciona que Cristo lhe havia revelado que no devia impor este judasmo da circunciso e das leis tradicionais aos gentios conversos. Gl 2:2-5: E subi devido a uma revelao, e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios. Mas nem mesmo Tito, que estava comigo, embora sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se; e isto por causa dos falsos irmos intrusos, os quais furtivamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos escravizar; aos quais nem ainda por uma hora cedemos em sujeio, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vs. Liberdade: Somente da Circunciso e da Lei Ritual Aqui aparece a definio chave para explicar o que significam "as obras da lei". Veremos que o evangelho que Paulo pregava aos gentios inclua a liberdade de no ter que circuncidar-se para ser membro da igreja. Isto era uma revelao inaudita e polmica para essa poca. Segundo o Antigo Pacto, para tomar a Pscoa, um varo devia ser circuncidado. Diz em xodo 12:48: "Quando, porm, algum estrangeiro peregrinar entre vs e quiser celebrar a pscoa ao Senhor, circuncidem-se todos os seus vares; ento se chegar e a celebrar, e ser como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comer dela. Agora no seria necessria a circunciso para tomar a Pscoa do Novo Testamento.

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Nesse tempo, os judeus haviam aprendido que o primeiro passo para ser membro do Antigo Pacto era ser circuncidado. Constitua o primeiro rito que o varo devia cumprir e representava submeter-se a todos os regulamentos cerimoniais e orais do judasmo. Eles ensinavam que assim a pessoa era justificada ante Deus, mas ao aceitar todas estas leis adicionais a religio se convertia numa carga muito pesada. Por isso para compreender esta epstola vital entender o que significavam as obras da lei para Paulo. Sobre isso, em seu artigo, "Paulo e as obras da Lei", o Dr. Daniel Fuller esclarece: "Um fato importante que se deve notar quando Paulo usa a frase, "obras da lei" em Gl 2:16, que sua ateno estava enfocada segundo o contexto imediato, no na totalidade da lei mosaica, mas nos aspectos cerimoniais da mesma. Portanto, ao vermos como usou a frase, "obras da lei" trs vezes neste versculo se deve entender que se refere aos aspectos cerimoniais da lei e no a lei em geral. Ao repudiar as "obras da lei" em Gl 2:15-16, Paulo no est rejeitando a Moiss, mas a mentalidade legalista dos judeus que se baseavam nestes ritos para se mostrar superiores aos demais e por conseguinte, merecer assim o favor de Deus". Depois de repetir a frase "obras da lei" seis vezes, Paulo segue usando-a em forma abreviada como a lei posto que seus leitores j sabiam do que se tratava. Assim o contexto segue sendo o mesmo - a explicao do motivo pelo qual foi acrescentada esta lei levtica de obras a Israel sob o Antigo Pacto e porque j no era necessria para o cristo. Esto inclusas nestas leis de "obras" fsicas: a circunciso (Lv 12:3), os sacrifcios e o sacerdcio (Lv 1-9) e as purificaes (Lv 12-15). Este era o sistema ritual que foi acrescentado por Deus para expiar os pecados do povo e para separ-los dos gentios, que eram considerados cerimonialmente imundos. Ademais, a estas leis se haviam adicionado centenas de regras mais baseadas nas "tradies dos pais" que Paulo menciona no captulo 1:14 e que eram para os fariseus to importantes como as prprias leis escritas na Bblia. Todos os apstolos estavam de acordo Gl 2:9: Tiago, Cefas e Joo, que pareciam ser as colunas, deram a mim e a Barnab as destras de comunho. Notem que todos os apstolos estavam de acordo sobre o tema da circunciso como algo desnecessrio para os gentios. Estariam de acordo se estivesse tratando de abolir o sbado, as Festas Santas, o dzimo e os alimentos bblicos? Jamais lemos que eles ensinaram ou creram que estas coisas estavam abolidas. Mas, tem sentido entender que eles estavam afirmando o que Deus lhes havia revelado em Actos 10 de no impor o jugo da circunciso, os ritos e as tradies da lei aos gentios conversos. Entretanto, havia falsos irmos judaizantes que insistiam nisso. a eles que Paulo dirige toda sua indignao. Temos que dar crdito a Paulo por ser um dos primeiros a reconhecer que estes mestres no eram cristos convertidos (notem o termo "falsos" em Gl 2:4).

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O "jugo da lei" em Actos 15 Esta controvrsia sobre as "obras da lei" na Galcia e Antioquia chegou finalmente a ser resolvida no Concilio de Jerusalm. Nessa conferncia descrita em Actos 15 Pedro trata o tema central das "obras da lei" ao dizer: "Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discpulos um jugo que nem nossos pais nem ns pudemos suportar? (v. 10). Estas obras da lei eram um verdadeiro jugo para o povo judeu e no a lei santa de Deus. Compreendam as leis levticas e orais do judasmo. Em seu "Comentrio sobre o livro de Actos", o Prof. F.F. Bruce explica: "Para judeus comuns e simples como Pedro e os outros, a lei das tradies, em especial a mais severa ensinada pela escola dominante de Shamai, era uma carga muito pesada que fazia o povo gemer. Cristo disse sobre este jugo imposto pelos fariseus: "Atam fardos pesados e difceis de suportar, e os pem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem mov-los" (Monte 23:4)". Paulo mencionou estas tradies em Gl 1:14. Vemos pelo contexto que esta era a parte da "lei" a que se referiam Pedro e Paulo. Se os gentios fossem obrigados a circuncidar-se, estariam sujeitos a cumprir com estas cargas das leis cerimoniais e tradicionais. O Dr. Ladd explica em seu livro, "Teologia do Novo Testamento": "No judasmo, a justia chegou a ser definida por a conformidade Tora a lei de Moiss representada pela tradio oral dos escribas. Para os fariseus "a lei" significava a lei escrita de Moiss e a lei oral das tradies. Todos os mandamentos, os escritos e orais, deviam ser observados. Este novo papel da Lei o que caracteriza o judasmo rabnico. Por esta razo, o enfoque bsico com que comea o Antigo Testamento alterado e invalidado... O rabino Sifr disse: "Violar um destes regulamentos equivale a rejeitar a lei inteira e se recusar a aceitar o jugo de Deus" (p. 440, 364, 497,498). Por isso Paulo disse que nem por um momento acedeu a que Tito fosse circuncidado, pois teriam ento que submeterem-se, como os demais cristos gentios, sob todo este sistema cerimonial e oral do judasmo que Paulo havia deixado para trs como sistema de justificao. Pedro se deixa intimidar em Antioquia No entanto, em Antioquia, os judaizantes por um momento conseguiram impor estas leis que separavam os irmos incircuncisos dos circuncisos. Pedro, Barnab e os demais ministros tiveram medo deles e comearam a se separar dos gentio-cristos. Diz Paulo: Gl 2:11-12: Quando, porm, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe na cara, porque era repreensvel. Pois antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os

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gentios; mas quando eles chegaram, se foi retirando e se apartava deles, temendo os que eram da circunciso. O que Paulo fez quando viu que estavam separando os gentios conversos segundo as leis da circunciso? Teve que repreender a Pedro e aos demais ministros por acovardar-se ao no defender a nova verdade crist de que a circunciso era desnecessria para o gentio. interessante notar que alguns anos depois, um grupo de judaico-cristos que guardavam precisamente as mesmas crenas que estes falsos irmos judaizantes aparecem na histria e se chamam "ebionitas", mas esses no devem ser confundidos com outro grupo do mesmo nome que no seguiram a mesma linha. Diz o Dicionrio Bblico de Oxford sobre estes ebionitas separatistas: "Uma seita de judaico-cristos, que floresceu nos primeiros sculos da era Crist. Duas de suas crenas principais eram: 1) Uma doutrina "reduzida" da pessoa de Cristo, a ponto de considerar Jesus somente como o filho humano de Jos e Maria. 2) Enfatizavam excessivamente a Lei Mosaica. Se diz que rejeitaram as Epstolas de Paulo e usaram s um dos Evangelhos". Esta descrio encaixa perfeitamente com os ensinamentos dos "falsos irmos" na Galcia que desejavam pr Moiss acima de Cristo e atar os distintivos da lei ritual aos gentio-cristos. Desde logo que Paulo no ia ceder nem por um instante s exigncias destes hereges judaico-cristos. Entretanto, at aquele momento essas pessoas eram, todavia, pessoas importantes que vinham da sede de Jerusalm, pois Tiago, ainda no havia descoberto que eram "falsos irmos". No obstante, logo se v no livro de Actos que Tiago os identificou como falsos irmos, e esclareceu a Paulo e aos demais ministros que ele no lhes havia dado ordens de circuncidar e exigir a observncia das cerimnias e das tradies aos gentios conversos (At. 15:21-25). Dez anos mais tarde em um encontro chave acerca disso, Tiago explica que a controvrsia no Conclio de Jerusalm era simplesmente sobre "a circunciso e os costumes" (At. 21:21). Lucas usa em seus escritos os termos a lei de Moiss", "Moiss", a lei" e "as tradies" em forma intercambivel. Em Actos 21, Tiago continua: quanto aos que crem dos gentios, j ns havemos escrito, e achado por bem, que nada disso observem" (v. 25). Esse "nada disso" vital para verificar que se refere circunciso e aos costumes, ou seja, as obras da lei" e no aos Dez Mandamentos. Paulo continua seu relato: Gl 2:14: Mas, quando vi que no andavam rectamente conforme a verdade do evangelho, disse a Cefas perante todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios (ao no levar em conta a circunciso), e no como os judeus, como que obrigas os gentios a viverem como judeus?. O Comentrio Exegtico explica: "Viver como judeu ou judaizar-se significa guardar os costumes cerimoniais dos judeus" (Tomo 2, p. 447). Paulo viu que estavam outra vez 2006 Igreja de Dues Unida, uma Associao Internacional

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levantando as barreiras rituais de Levtico, ou as "obras da lei" para separar os judeus dos gentios na igreja. Supunha-se que Pedro j havia superado esta etapa de pr essa "parede de separao" (Ef 2:14) quando comeu sem escrpulos com Cornlio, um incircunciso. Ao ser censurado, se defendeu firmemente. E quando Pedro subiu a Jerusalm, disputavam com ele os que eram da circunciso, dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles. Pedro lhes contestou: Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que dera tambm a ns, ao crermos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu, para que pudesse resistir a Deus? (At. 11:2-3,17). Nesse momento, Pedro defendeu a liberdade de Cornlio ser membro sem ser circuncidado. Mas agora em Antioquia, ante estes judaizantes, Pedro cedeu e se apartou dos irmos incircuncisos. Paulo se indignou ao ver que de novo estavam levantando esta barreira de separao ao no comer com os irmos gentios. Paulo contestou: Gl 2:15-18: Ns, judeus por natureza e no pecadores (no sentido cerimonial) dentre os gentios, sabendo, contudo, que o homem no justificado por obras da lei, mas sim, pela f em Cristo Jesus... Porque, se torno a edificar aquilo que destru (o sistema de separao entre judeus e gentios), constituo-me a mim mesmo transgressor (ao rejeitar a nova verdade sobre a desnecessidade da circunciso). Paulo e Pedro j sabiam que Cristo havia morrido por seus pecados e que no necessitavam da lei ritual de Levtico como sistema de justificao. Isto esclarecido em Hb 9:13-14: Porque, se a asperso do sangue de bodes e de touros, e das cinzas duma novilha santifica os contaminados, quanto purificao da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Esprito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificar das obras mortas a vossa conscincia, para servirdes ao Deus vivo?. Gl 2:19: "Pois eu pela lei (recebida em Cristo) morri para a lei (sistema anterior de justificao), a fim de viver para Deus (nesta nova forma)". Assim, Paulo est contrastando estes dois sistemas de justificao - o do Antigo Pacto, com sua sede em Jerusalm e centrado no Templo, nos sacrifcios, na circunciso e na tradio - e o Novo Pacto, representado pela f no sacrifcio de Cristo e no baptismo. O Novo Pacto consiste na: circunciso no feita por mos... a circunciso de Cristo... sepultados com ele no baptismo (Cl 2:11-12). Isto agora est disponvel aos gentios separado da lei cerimonial e oral. Paulo tem que continuar contrastando estes dois sistemas para mostrar o quanto so incompatveis e para que no cedam ante as presses destes judaizantes para ser circuncidados. No seguinte quadro aparece outra prova para entender a frase chave das "obras da lei".

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Manuscrito do Mar Morto sobre as obras da leiComo temos visto, Pedro estava, mostrando por sua conduta que ele apoiava os ritos da lei para ser justificado. Paulo no iria permitir que voltassem ao que eles j haviam deixado para trs. A respeito disso, uma prova suplementar sobre o que significava as obras da lei" apareceu em um dos manuscritos do Mar Morto, chamado MMT A revista "Arqueologia Bblica" de dezembro de 1994 menciona que este documento tem em hebraico o ttulo, "Obras Importantes da Lei" e que se refere s leis que separavam o judeu do gentio. E diz: "O propsito deste documento era, segundo seu autor, destacar a importncia de no traspassar as barreiras que existiam, entre o puro e o impuro... bem possvel que alguns destes seguidores se converteram ao cristianismo e que insistiram em impor estas obras aos gentios. A exigncia de estar sob estas leis de separao ritual, certamente, preocupou muito a Paulo, pois podia minar seu ensinamento de que esta parte da lei mosaica desempenhava um papel s de apoio no programa de Deus - de ser um "aio" ou "tutor" at que viesse Cristo (Gl 3:24) ... Assim este documento prov, ouvi estudioso de Paulo, o que haviam estado buscando por geraes - em termos de detectives, "a pistola fumegante" ao indicar a que "obras da lei" se referia Paulo ... Se estou certo, a importncia deste documento para entender o Novo Testamento revolucionrio" (Abegg, Martin, Artigo, "Paulo e as Obras da Lei" pgs. 52-55).

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CAPTULO 4

GLATAS 3-4: AS OBRAS DA LEI AT CRISTOPaulo agora mostrar que as "obras da lei" ou as cerimoniais de Levtico s vigoraram at Cristo: Gl 3:2: "S isto quero saber de vs: Foi por obras da lei que recebestes o Esprito, ou pelo ouvir com f?. De forma lgica pergunta-lhes se tiveram que circuncidar-se e estar sob as obras cerimoniais da lei para receber o Esprito Santo. Se no tiveram que fazer isso, ento, lgico que o faam agora, submetendo-se circunciso? Gl 3:3: "Sois vs to insensatos? Tendo comeado pelo Esprito, pela carne que agora acabareis?". Notem como compara estes dois sistemas - um descrito como o do Esprito, ou da circunciso do corao pela verdadeira converso (Rm 2:29) e o outro da carne - a que o judasmo exigia: a circunciso fsica e os ritos para ser justificado ainda que isentos do Esprito Santo e da converso genuna. A justificao de Abrao "sem as obras da lei" Paulo agora usa o exemplo de Abrao para mostrar que, sem ser circuncidado ou levado em conta "as obras da lei" rituais, ele foi justificado ao ter uma f baseada na obedincia, ou na circunciso do corao. um grande contraste com a justificao baseada nas leis cerimoniais do Monte Sinai com os sacrifcios e as purificaes. O povo de Israel tinha que estar continuamente preocupado em se purificar por meio de sacrifcios e lavagens, e estas mesmas, mais tarde, ao se acrescentar s leis rabnicas, at mesmo abrangeram pratos e panelas (Mc 7:1-23). Por isso Paulo queria mostrar a liberdade que os cristos tm destas coisas, pois, pela obedincia, como j foi praticado pelo prprio Abrao. Gl 3:6-7: "Assim como Abrao creu a Deus, e isso lhe foi imputado como justia. Sabei, pois, que os que so da f, esses so filhos de Abrao. De modo que h uma forma de ser justificado sem ter que praticar esta lei ritual. Faz-se pela obedincia e a entrega de corao diante de Deus. Esta justia parte da lei cerimonial, est clara em Romanos 4:10: Como, pois, lhe foi imputada? Estando na circunciso, ou na incircunciso? No na circunciso, mas sim na incircunciso. Assim vemos que pela f, a pessoa pode receber o perdo dos pecados, que agora est disponvel nesta nova maneira pelo sacrifcio de Jesus Cristo. Isto era o que devia aceitar o gentio para entrar na igreja e no a circunciso. Notemos que Paulo vai mostrar a superioridade deste novo sistema de justificao ao compar-lo com o antigo.

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Ele tinha que mostrar a debilidade e os limites do sistema anterior com os sacrifcios e as leis orais. A "maldio" de pecar no antigo sistema de justificao Gl 3:10: "Pois todos quantos so das obras da lei esto debaixo da maldio; porque escrito est: Maldito todo aquele que no permanece em todas as coisas que esto escritas no livro da lei, para faz-las". Por outras palavras, sob o Antigo Pacto, ao violar a lei, ao pecar, a sentena de culpabilidade recaa sobre a pessoa. Ento tinha que recorrer a todas estas pesadas "obras da lei" - ir ao Templo, trazer um animal ao sacerdote, oferec-lo em holocausto uma e outra vez. E mesmo assim estas cerimnias no limpavam espiritualmente a pessoa ante Deus, como explica Hebreus 10:4: "porque impossvel que o sangue de touros e de bodes tire pecados". Imaginem a alegria e o alvio que sentiram Pedro e Paulo ao saber que em vez de fazer todos estes sacrifcios, agora pela f, podiam aceitar o sacrifcio de Cristo como um substituto infinitamente melhor! Por isso, Paulo no iria voltar a esse outro sistema a que havia dedicado toda a sua vida anterior, mas que agora considerava como "lixo" em comparao ao sacrifcio e ao jugo fcil de Cristo (Fp 3:8). Tampouco deixaria que o fizessem os gentios conversos sob seu cuidado. Por isso compreensvel a sua indignao ao saber que estes judaizantes desejavam impor esse sistema inferior de justificao pelos sacrifcios aos Glatas. De modo que explica: Gl 3:13: "Cristo nos resgatou da maldio da lei, fazendo-se maldio por ns". Aqui ele recorda-lhes que Cristo foi feito maldio ao morrer na cruz pelos pecados deles. Era a nica maneira de remover essa condenao e maldio. Paulo esclarece isto em II Co 5:21 ao dizer: quele que no conheceu pecado, Deus o fez pecado por ns; para que nele fssemos feitos justia de Deus. Cristo foi "feito maldio por ns. Qual seria o resultado desse sacrifcio? Resposta: o perdo sem a necessidade de efectuar as obras da lei. Conclui Paulo: Gl 3:14: "Para que aos gentios viesse a bno de Abrao em Jesus Cristo, a fim de que ns recebssemos pela f (e no pelos ritos e sacrifcios) a promessa do Esprito". Notem que Paulo em nenhuma parte menciona a lei espiritual, os Dez Mandamentos. A consequncia lgica a que chega Paulo que no necessrio guardar as leis rituais dadas no pacto do Sinai. E explica: Gl 3:17: E digo isto: Ao testamento anteriormente confirmado por Deus (o pacto com Abrao) , a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, no invalida, de forma a tornar inoperante a promessa (de ser herdeiro de Abrao). Lembrem-se que a "lei" a que se refere a das "obras", ou seja, as cerimoniais e orais que faziam distino entre o israelita e o gentio. Paulo ento passa a abreviar a frase "obras da 2006 Igreja de Dues Unida, uma Associao Internacional

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lei", que tem repetido j tantas vezes, em simplesmente "lei". O que Paulo estava explicando que a forma de ser um filho de Abrao pela f no pode ser revogada pelo sistema que se estabeleceu no Monte Sinai com as leis rituais. Foi algo que Abrao no teve que fazer ao ser justificado ante Deus. A Verso Ferrar Fenton da Bblia esclarece ao traduzir assim Glatas 3:17: "Isto, pois, digo: o ritual, que comeou 430 anos depois, no pode cancelar o pacto previamente feito por Deus e abolir as promessas". Paulo continua: Gl 3:18: Pois se da lei provm a herana (sistema sinatico de ritos para ser herdeiro de Abrao) j no provm mais da promessa (crer, obedecer e submeter-se a Deus), mas Deus, pela promessa, a deu gratuitamente a Abrao. O verdadeiro judeu Um bom exemplo do que est dizendo se encontra repetido em Romanos 2:25-27: "Porque a circunciso , na verdade, proveitosa, se guardares a lei (a verdadeira obedincia lei de Deus); mas se tu s transgressor da lei, a tua circunciso tem-se tornado em incircunciso (se invalida pela desobedincia a Deus). Se, pois, a incircunciso guardar os preceitos da lei, porventura a incircunciso no ser reputada como circunciso? E a incircunciso que por natureza o , se cumpre a lei (quer dizer, na letra e no esprito), julgar a ti, que com a letra e a circunciso s transgressor da lei". Isto ajuda esclarecer o que Paulo est dizendo. Se o gentio obedece a lei de Deus na letra e no esprito, no necessita da circunciso, posto que ele j tem aceitado o sacrifcio de Jesus Cristo pela f. Para que acrescentar o outro? Por isso, seguindo a lgica de sua explicao, Paulo chega seguinte concluso sobre esta lei ritual: Gl 3:19-20: "Logo, para que a lei? Foi acrescentada por causa das transgresses, at que viesse o descendente a quem a promessa tinha sido feita; e foi ordenada por meio de anjos, pela mo de um mediador. Ora, o mediador no o de um s, mas Deus um s. Recordem que durante todo este tempo Paulo tem falado da "lei de obras", que o termo chave para entender a que se refere s leis que faziam a distino entre um judeu e um gentio, quer dizer a circunciso e as cerimnias. Inclusive, na Bblia de Jerusalm se menciona outra variante em algum manuscrito grego que diz em Gl 3:19: "Ento para qu a lei das obras?". muito mais clara a pergunta desta forma. Paulo explica que a razo porque Deus entregou as cerimnias e sacrifcios no Monte Sinai era para mostrar ao povo a seriedade e o custo do pecado. Por exemplo, em Lv 4:22-26, que parte desta lei sobre os pecados, diz: Quando um prncipe pecar, fazendo por ignorncia qualquer das coisas que o Senhor seu Deus ordenou que no se fizessem... trar por sua oferta um bode, sem defeito... e o imolar... assim o sacerdote far por ele expiao do seu pecado, e ele ser perdoado". Este era o sistema que estava vigente em Jerusalm quando Paulo escreveu a epstola de Glatas. Como judeu e fariseu, Paulo havia feito todas estas "obras da lei" durante toda 2006 Igreja de Dues Unida, uma Associao Internacional

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sua vida e tinha sido "irrepreensvel" nelas (Fp 3:6). O Templo ainda estava em p, o sacerdcio estava em plena actividade, mas j no era necessrio continuar com esse sistema. Os judeu cristos podiam fazer oferendas, mas j no como um sistema de justificar o pecador. Agora o que se requer aceitar o sacrifcio de Cristo ao se baptizar para obter o verdadeiro perdo. Disso se trata no Novo Pacto que Cristo inaugurou em sua ltima Pscoa. Paulo esclarece: Gl 3:21: " a lei, ento, contra as promessas de Deus? De modo nenhum; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justia, na verdade, teria sido pela lei. Portanto, Paulo no est atacando o sistema cerimonial dado por Deus no Monte Sinai. O sistema tinha seu bom propsito como ele mostrar agora, mas era temporrio. Gl 3:22: "Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela f em Jesus Cristo fosse dada aos que crem". Paulo usa a expresso "a Escritura" para significar a Bblia, e mostra como todos temos pecado contra a santa Lei de Deus e estamos condenados por ela. O sistema de sacrifcios s servia para apontar e educar ao povo at o verdadeiro perdo dos pecados que viria por meio do sacrifcio de Jesus Cristo. At que Cristo viesse, era o sistema autorizado por Deus. O "aio" da lei at Cristo Gl 3:23-26: Mas, antes que viesse a f, estvamos guardados debaixo da lei, encerrados para aquela f que se havia de revelar. De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela f fssemos justificados. Mas, depois que veio a f, j no estamos debaixo de aio. Pois todos sois filhos de Deus pela f em Cristo Jesus Estas "obras da lei" que tem falado Paulo eram algo temporal - uma sombra do que seria a realidade - o sacrifcio de Cristo. Um aio nessa poca era um servo que preparava a criana para a escola superior. Usava uma disciplina estrita para ensinar os rudimentos ou primeiros princpios morais e escolares. De igual modo, estes ritos preparavam a pessoa para aceitar o cumprimento verdadeiro dos sacrifcios a morte de Cristo. Diz Hebreus 9:23-24; 10:1, 4: "Era necessrio, portanto, que as figuras das coisas que esto no cu fossem purificadas com tais sacrifcios, mas as prprias coisas celestiais com sacrifcios melhores do que estes. Pois Cristo no entrou num santurio feito por mos, figura do verdadeiro, mas no prprio cu, para agora comparecer por ns perante a face de Deus... Porque a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e no a imagem exacta das coisas, no pode nunca, pelos mesmos sacrifcios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeioar os que se chegam a Deus... Mas nesses sacrifcios cada ano se faz recordao dos pecados, porque impossvel que o sangue de touros e de bodes tire pecados". Vemos que os sacrifcios e ritos so um aio para recordarmos de nossos pecados e finalmente nos levar a Cristo. Qual a concluso de Paulo sobre tudo isto? 2006 Igreja de Dues Unida, uma Associao Internacional

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No h diferena entre judeu e gentio Gl 3:27-29: Pois todos sois filhos de Deus pela f em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes baptizados em Cristo vos revestistes de Cristo. No h judeu nem grego; no h escravo nem livre; no h homem nem mulher; porque todos vs sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, ento sois descendncia de Abrao, e herdeiros conforme a promessa". Vemos ento que o tema continua sendo como o gentio e o judeu podem chegar a ser membros da Igreja. J no existem leis rituais que cumprir para estarem cerimonialmente limpos e aceitos perante Deus. A circunciso, os sacrifcios e os ritos agora so desnecessrios. Atravs da f, todos os povos so iguais diante Deus. Em um relato paralelo sobre o mesmo tema, Paulo esclarece a parte ritual da lei. Efsios 2:14: "Porque ele nossa paz, o qual de ambos os povos (judeu e gentio) fez um (sem a separao ritual), derrubando a parede de separao (a do Templo que separava o gentio do judeu) que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade (entre os dois povos) isto , a lei dos mandamentos contidos em ordenanas, (os ritos que separavam os judeus dos gentios) para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem (sem nenhuma diferena ritual), assim fazendo a paz (entre estes dois povos) e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um s corpo (a igreja)". Aqui vemos que Paulo efectivamente usou a palavra "lei" ao referir-se s parte cerimonial. Voltando a Glatas, Paulo segue comparando o sistema anterior de sacrifcios como um aio e o novo caminho que apareceu com Cristo. Recordem que Cristo veio para justificar ao judeu e ao gentio, mas os falsos mestres na Galcia no queriam mudar o sistema antigo baseado num judasmo falso. Paulo continua: Gl 4:4-7: "Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei (Antigo Pacto) para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adopo de filhos (sob o novo sistema de justificao)... Portanto j no s mais servo (do velho sistema de justificao), mas filho (nova forma), e se s filho, s tambm herdeiro de Deus por Cristo". De novo o tema como ser herdeiro de Deus e linhagem de Abrao - pelo novo sistema de f no sacrifcio de Cristo e sem a circunciso. Os fracos e pobres rudimentos gentios Agora Paulo se dirige a outra aberrao que os Glatas faziam como consequncia de escutar a este falso evangelho dos mestres judaizantes. Voltando a um sistema supersticioso de guardar dias, que chama rudimentos fracos e pobres".

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Gl 4:8-10: Outrora, quando no conheceis a Deus (se dirige aos gentios da congregao), serveis aos que por natureza no so deuses (deuses pagos); agora, porm, que j conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Paulo se refere aqui a antiga condio pag dos Glatas. Eles haviam servido aos que por natureza no so deuses. Nessa poca o mundo pago estava infestado de supersties sobre os "bons" e "maus" dias. Aparentemente, estes mestres judaizantes haviam introduzido o culto de certos dias. O termo "guardar" no grego tem o significado de ver supersticiosamente os dias. O seguinte quadro tem mais informao a esse respeito. Depois de uma nota pessoal sobre suas doenas e a ajuda que teve dos Glatas, Paulo volta ao tema da nova maneira de ser justificado e o contrasta com a que est vigente no judasmo.

Explicao de Glatas 4:10Guardais dias, e meses, e tempos, e anosPor causa das doutrinas dos falsos mestres, os gentios na igreja haviam voltado s suas antigas crenas reguladas pelos dias supersticiosos. Notem que aqui no diz sbados, Festas Santas, etc. S usa termos gerais que regulam os tempos. Paulo no se refere aos "rudimentos fracos e pobres" como a santa Lei de Deus, que ele ama (Rm 7:12, 22), e sim ao sistema pago que os Glatas recordavam porque os judaizantes tinham incorporado certos elementos supersticiosos. Diz o Comentrio Bblico Revisado sobre esta escritura: "Os elementos astronmicos eram s vezes unidos s prticas judias, igual s pags... tinham a ver com a mitologia pag baseada na astrologia" (p. 1100). Samuel Bacchiochi em seu livro, "Do Sbado ao Domingo" os descreve como: "os poderes csmicos que eles pensavam controlar os destinos da humanidade" (p.366). Se mais tarde estes falsos irmos se converteram na parte apstata do grupo ebionita, ento se encaixa bem com a descrio histrica sobre eles: "alguns terminaram fundindo-se... com as seitas agnsticas". Estas seitas agnsticas foram as que se misturaram ao sistema astronmico de adorar os tempos com um tipo de cristianismo. Estavam "observando" os dias de forma supersticiosa. H cristos que fazem isso ainda hoje: se abstm de comer carne Sexta-feira, observam 40 dias de Quaresma, respeitam o dia de finados, dia dos santos e at tm um dia das bruxas. ltima analogia entre os dois sistemas de justificao Gl 4:21-25: "Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei (do sistema antigo de justificao): no ouvis vs a lei? Porque est escrito que Abrao teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia o que era da escrava nasceu segundo a carne (paralelo com ser judeu pela circunciso) mas, o que era da livre, por promessa (sem circunciso, pela f). O que se entende por alegoria: pois essas mulheres so dois pactos; um do monte Sinai, que d luz filhos para a servido (esto obrigados a ser justificados pelo sistema cerimonial); e que Agar. Ora, esta Agar o monte Sinai na Arbia e corresponde Jerusalm actual, pois escrava com seus filhos (judasmo)". Em outras palavras diz: "Se seguirem o Antigo Pacto, esto obrigados a guardar todo o sistema de ritos e tradies judias". Com este objectivo, continua: 2006 Igreja de Dues Unida, uma Associao Internacional

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Gl 4:26-29: "Mas a Jerusalm que de cima livre (dessa lei cerimonial, agora a cerimnia do baptismo o nico requisito, a circunciso no feita por mos, Cl 2:11). Ora vs, irmos, sois filhos da promessa, como Isaac. Mas, como naquele tempo o que nasceu segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Esprito, assim tambm agora". Paulo assim mostra que estes falsos mestres de dentro e os judeus de fora o estavam perseguindo por no ensinar a necessidade de circuncidar e guardar a lei ritual aos gentios crentes. Gl 4:30: "Que diz, porm, a Escritura? Lana fora a escrava e seu filho". Vemos que o judasmo baseado em Jerusalm, todavia rejeitava o Novo Pacto com a justificao pelo sacrifcio de Cristo. Preferiram seguir com o sistema de justificao pelos sacrifcios e as tradies dos pais. Notem que aqui no diz que lancem fora a lei, mas a esse sistema judaizante. Paulo segue: Gl 4:31: "Pelo que, irmos, no somos filhos da escrava, mas da livre". Por outras palavras, no somos parte do sistema de justificao judeu, mas da justificao por Cristo para entrar na igreja.

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CAPTULO 5

GLATAS 5-6: A APLICAO CRIST DA LEISe restar alguma dvida sobre o tema tratado por Paulo, a explicao a seguir categrica para esclarecer: Gl 5:1-2: Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e no vos dobreis novamente a um jugo de escravido. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitar. Sem lugar a dvidas, vemos que o tema no se devemos guardar os mandamentos ou no, mas sim se temos que circuncidar e seguir sob a lei ritual. Continua: Gl 5:3: E de novo testifico a todo o homem que se deixa circuncidar, que est obrigado a guardar toda a lei. A expresso "toda a lei" se refere s "obras da lei" que abarcavam todo o sistema cerimonial e oral, das quais a circunciso era o primeiro e mais importante sinal para colocar-se sob toda a lei. Esta era a parte da lei que havia sido abolida ou suplantada. Continua Paulo: Gl 5:6: Porque em Cristo Jesus nem a circunciso nem a incircunciso vale coisa alguma; mas sim a f que opera pelo amor". Vemos de novo que o tema a circunciso e o que implica esta parte da lei. Em I Corntios 7:19 Paulo esclarece a essncia disto: "A circunciso nada , e tambm a incircunciso nada , mas sim a observncia dos mandamentos de Deus". Aqui ele faz a diferena entre o cerimonial e o espiritual. A f que opera por amor, a f motivada por amor para guardar os mandamentos de Deus, como diz em I Joo 5:3. Por que que Paulo padecia perseguio? Agora Paulo fala inequivocamente de qual era o problema na Galcia e por que era to grave. Estavam perturbando aos gentios conversos a ponto de que alguns estavam deixando literalmente ser circuncidados por eles. Gl 5:10-12: Confio de vs, no Senhor, que de outro modo no haveis de pensar; mas aquele que vos perturba, seja quem for, sofrer a condenao (o castigo). Eu, porm, irmos, se que prego ainda a circunciso (como necessria), por que ainda sou perseguido? (notem que Paulo estava sendo perseguido, no por ensinar a lei de Deus, mas por no pregar estas obras da lei ou a necessidade de circuncidar-se). Nesse caso o escndalo da cruz (aceitar o sacrifcio de Cristo para a justificao e no os sacrifcios de animais) estaria aniquilado. Oxal se mutilassem aqueles que vos andam inquietando" (aqueles que esto circuncidando os membros).

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Exemplo da vigncia da Lei espiritual Agora Paulo utiliza a lei de Deus em sua aplicao moral e espiritual para admoestar a Igreja. E diz: Gl 5:14: "Pois toda a lei se cumpre numa s palavra, a saber: Amars ao teu prximo como a ti mesmo". Em Romanos 13:8-10 Paulo amplia o que quer dizer: pois quem ama ao prximo tem cumprido a lei. Com efeito: No adulterars; no matars; no furtars; no cobiars; e se h algum outro mandamento (aqui se inclui implicitamente o sbado), tudo nesta palavra se resume: Amars ao teu prximo como a ti mesmo. O amor no faz mal ao prximo. De modo que o amor o cumprimento da lei". Como? Se pensarmos que a lei era at Cristo? Obviamente ele est usando este termo "lei" em outro sentido. Assim vemos que Paulo na mesma epstola pode falar da lei que era at Cristo e ao mesmo tempo pode dizer que necessrio seguir guardando os mandamentos de Deus. Depois de explicar os frutos espirituais do cristo que provm de guardar os mandamentos de Deus, por meio do Esprito Santo, mostra que o pecado provm de violar esta Lei. Gl 5:19: "Ora, as obras da carne so manifestas, as quais so: a prostituio, a impureza (contra o 7 mandamento) ...idolatria (contra o 2 lascvia (contra o 10 ), ), homicdios (contra o 6 )". Agora Paulo termina a epstola com o mesmo tema que comeou e desenvolveu a circunciso e a lei ritual j no so necessrias para um cristo. Gl 6:12-16: "Todos os que querem ostentar boa aparncia na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para no serem perseguidos por causa da cruz de Cristo (ficar bem com os judaizantes)... em Cristo Jesus, pois nem a circunciso nem a incircunciso coisa alguma, mas sim o ser uma nova criatura". Outra vez acentua sua to grande indignao, porque estavam literalmente circuncidando seus conversos gentios. Em Glatas 6:16 chama a todos, os judeus e os crentes gentios, como o novo "Israel de Deus". Agora os israelitas gentios e judeus esto unidos, no pela circunciso, mas pela f no sacrifcio de Jesus Cristo e so iguais perante Deus. Analogia de leis "voluntrias" de trnsito Pode-nos ajudar a ver o absurdo, que o princpio de que a lei tem sido abolida, quando usamos uma analogia das leis de trnsito, em particular, a dos semforos. Se as autoridades dissessem que de agora em diante as luzes so somente sugestes e que no haver multas se forem desobedecidas, o que poder acontecer?

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Cada um ento pode decidir se vai parar no sinal vermelho ou no e se segue ou no no sinal verde, pois o sistema agora voluntrio. Logo a natureza humana de cada condutor tomaria o comando; os fortes avanariam atravs dos sinais vermelhos e os tmidos, apenas avanariam e bloqueariam os cruzamentos. Provavelmente haveria 80% de abalroamento de carros no primeiro dia. O mesmo aconteceria se no houvesse leis, e punies por viol-las, na Bblia. Isto se chama pecados que so as violaes da santa lei (I Jo 3:4). Basta olhar ao redor para ver todos os crimes e as guerras que existem, por se pensar que j no h que guardar os Dez Mandamentos!

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