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Page 1: Livro breve painel etno hsiotirco de ms
Page 2: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Prefácio

m 1992, quando foi publicada a pri-meira edição do "Breve Painel Etno-

histórico de Mato Grosso do Sul", completa-va-se o quinto centenário do "descobrimento"da América. Em alguns lugares esse momentofoi objeto de comemorações e em outros deprotestos. Ao mesmo tempo, mais de uma cen-tena de chefes de Estado reuniram-se, no Riode Janeiro, no âmbito da Conferência Mundialsobre o Meio Ambiente, ECO 92, promovidapela Organização das Nações Unidas - ONU.Nesse evento, um índio sul-mato-grossense,Marcos Terena, representando os povos indí-genas do mundo, falou para a plenária deautoridades internacionais: "Nosso futuro estáplanejado nos rastros de nossos antepassados".

Passados quinhentos anos, o Novo Mun-do, apesar de sua extensão e diversidadeiimbicntul, ainda não conciliou os que já esta-vi ini com os que chegaram. O quase extermí-

nio da população nativa é indicativo da ne-cessidade de uma nova consciência. A devas-tação ambiental colonial, inaugurada nos pri-meiros anos do século XVI com o extrativismodo pau-brasil e o comércio de peles de ani-mais silvestres, ainda não foi freada. Como aeconomia indígena e a europeia, em relaçãoaos recursos naturais, seguiram direções opos-tas, progressivamente tornou-se mais profun-do o abismo intercivilizatório.

Foi buscando contribuir para a reflexão embusca da difusão da tolerância e do respeitoao pluralismo étnico que escrevemos este pe-queno livro. Não procuramos fixar culpados,apenas descrever acontecimentos. Houve umaaceitação muito positiva da primeira ediçãodo "Breve Painel...". Pensamos que ela atin-giu seus objetivos.

Agora, em sua segunda edição - contem-plada pelo Programa Publicações de Apoio à

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Introdução

o observarmos o panorama étnicobrasileiro, verificamos que a área com-

preendida pelo Estado de Mato Grosso do Sulocupa um lugar de destaque. Apesar dos es-tudos arqueológicos na região serem aindapreliminares, o território estadual, pelo que jáse sabe, foi significativamente ocupado e tran-sitado por grupos de caçadores/coletores/pes-cadores prè-históricos que, orientando-se emseus deslocamentos sazonais (nomadismo)pelos cursos fluviais, migravam pelo interiordo continente. Associado a este entroncamentode trilhas naturais, um exuberante e comple-xo ecossistema tropical oferecia ao homempré-histórico condições plenas para o desen-volvimento das culturas humanas. Nesta pers-pectiva científica, importantes dados deverãoser obtidos com o aprofundamento das pes-quisas sobre a origem e as dinâmicas culturaisdo homem pré-histórico na América.

Quando os colonizadores europeus chega-ram nesta região, nas primeiras décadas doséculo XVI, encontraram aqui um conjunto desociedades indígenas, composto por etnias re-presentantes de três dos quatros troncoslinguísticos que formam o universo etno-lin-guístico brasileiro. Eram várias centenas demilhares de índios portadores de sistemas cul-turais ricamente diferenciados. Esses grupos,às vezes, possuíam divergências entre si masrespondiam bem, cada segmento ao seu nu xh >,às equações colocadas pela paisagem que Iambem era múltipla e variada como veremosadiante. Em função disso, desde os primeirosmomentos da colonização il)crir;i tio toniinente, a área estadual, upcsui1 de su;i dlslíhicia dos centros económicos mcrcuntlllNtu M;IAmérica do Sul, foi, de imeill ; i lu, lu.seiidii 11:1estratégia econômie;i do ,slslcin,i t o l n t i u i l 11:1condição t Ir impi H l i i n l i ' Imi te foRlQCedOHI de

I I

Page 4: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

O Pantanal sul-mato-grossense foicenário da maior e mais obstinada

oposição nativa à presença colonizadoraibérica na história do Brasil.

uma mercadoria vital para o funcionamentodesse modelo: a mão-de-obra compulsória.

Durante os cinco séculos da presença eu-ropeia em Mato Grosso do Sul, a resistênciaindígena à ocupação colonial de seu territóriofoi a tónica das relações intercivilizatórias. OPantanal sul-mato-grossense foi o cenário damaior e mais obstinada oposição nativa à pre-sença colonizadora ibérica na história do Bra-sil.

O resultado desse violento contato inter-civilizatório quase provocou o extermínio de-finitivo da população indígena local. Nos trêsprimeiros séculos da colonização, diversas so-ciedades autóctones, portadoras de modeloscomportamentais específicos, desapareceramdeixando poucos vestígios arqueológicos re-presentativos de seu modo de ser, o que acar-retou perdas irreparáveis para o conhecimen-to do homem e de sua natureza cultural. Hoje,mais de cinquenta mil índios vivem em MatoGrosso do Sul, ou seja, é a segunda maiorconcentração de população indígena do Bra-sil, após a amazônica.

Como outros grupos de índios brasileiros, amaioria das comunidades indígenas sul-mato-grossenses vive em áreas bem reduzidas. Re-12

servadas pelo extinto Serviço de Proteção aoíndio - SPI, no começo do século XX, sãofrações mínimas de seu território pré-colonial.No sul do Estado, algumas centenas de famí-lias Guarani/Kaiowá, estão assentadas nas mar-gens de algumas rodovias aguardando o re-torno para suas terras tradicionais. Entre cincoou seis mil pessoas, sobretudo da etnia Terena,diluem-se entre a população marginalizadadas maiores cidades do Estado, tais como Dou-rados, Campo Grande, Aquidauana e Miranda,na condição de "índios desaldeados".

O quadro natural de Mato Grosso do Sul,com aproximadamente trezentos e cinquentamil quilómetros quadrados de área, em ter-mos hidrográficos, faz do Estado o que se podechamar de uma região potâmica, ou melhor,mesopotâmica. Balizado no sentido leste-oestepelas calhas dos dois maiores rios sul-ameri-canos depois do Amazonas - o Paraguai aOeste e o Paraná a Leste - os quais fluemparalelamente na direção Norte-sul, Mato Gros-so do Sul inscreve-se na porção setentrionalda bacia Platina. O interior do Estado, entreesses rios, é entrecortado por seus afluentes,compondo uma bacia hidrográfica com perfil"espinha de peixe". A serra de Maracaju, nome

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Mato Grosso do SulBacias Hidrográficas

SÃO PAULO

CONVENÇÕES

DIVISOR DE BACIAS

RIOS

BACIA DO MUI 1'AHAOUAI

BACIA DO HIOMAItANA

/. ' . ' . 'J PANTANAL

— LIMITE INTERNACIONAL

• LIMITE ESTADUAL

<SÍ> CAPITAL

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Page 6: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Todos os rios estaduais são perenes enavegáveis e sempre foram suportespara um intenso trafego fluvial daspopulações indígenas e coloniais.

BOLÍVIA

regional da borda sudo-este do Escudo CristalinoBrasileiro ou Planalto Cen-tral Brasileiro, alinhadaequidistantemente entreos dois grandes cursoshídricos referidos é, porser a maior altitude do re-levo estadual (mais oumenos 600 m), ao mesmotempo, divisor de aguasentre eles e também a ca-beceira dos principais aflu-entes estaduais desses ma-nanciais. Em alguns casos,poucos quilómetros sepa-ram as nascentes dos tri-butários das duas bacias.São os "varadouros" terrestres que tiveram gran-de importância na transumância local, desdetempos pré-colombianos até o início do sécu-lo passado. Todos os rios estaduais são pere-nes e navegáveis e sempre foram suportes paraum intenso tráfego fluvial das populações in-dígenas e coloniais.

Obedecendo à distribuição espacial das duasbacias, o quadro morfo-estrutural da superfí-

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MATO GROSSOMato Grosso do Sul

Geologia

Mato Grosso do Sul, Geomorfología

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BOLÍVIA

cie estadual apresenta, agrosso-modo, dois gran-des conjuntos. No qua-drante oeste-noroeste,uma vasta superfície pla-na, com área de mais decem mil quilómetros qua-drados e altitudes médiasem torno de 150 m, for-ma um grande "anfiteatro"drenado pelo rio Paraguaie seus subsidiários. Essaregião caracteriza-se comouma das maiores planíciesinteriores inundáveis domundo - o Pantanal. Acobertura vegetal dessaárea apresenta savanas naspartes não-inundáveis e hidrófilas nas terrasalagadas. A preservação dessa paisagem, ain-da significativa das condições naturais origi-nais, fax dela um verdadeiro "santuário" eco-lógico onde extensa e variada fauna aquáticadesenvolve-se de forma magnífica.

líslendendo-sc por toda a porção centraldo Estudo, de Norte a Sul, um planalto, irriga-do sobretudo pelos i r ibntár ios do rio Paraná,

MATO GROSSO

Mato Grosso do SulSolos

LATO61QLOS

TEfUtt ROXA ESTRUTURADA

BRUMZÉM MttNUgLHAOO

POOZOL moaottóHftcoPLAMOftSOU»

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VERTWIOLO*

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ASWCIAÇAO « «WH «

abrange a maior parte cia ári-a i - s i a d u a lo

(237.436 km ). Este planalto (> composto porchapadões, campos e vak-s, cujas allimctriasvariam entre 250 e HSO i n . Os derramesbasálticos efusivos do início do Cretáceo con-feriram a essa região u n i relevo suave, o qualtransformou o eeiilro sul do Ivstado em umgrande plano incl inado para Leste, daí a ori-gem do nome da capital estadual, Campo Gran-

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Page 8: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

A configuração de ecossistemascomplexos em Mato Grosso do Sul

propiciou diversas experiências culturaishumanas nos últimos milrnios.

BOLÍVIA

de (Nhu-guaçu, na línguaGuarani). Esta região sul-mato-grossense possui asmelhores terras para aagricultura. Nela, outrora,desenvolvia-se uma den-sa floresta tropical úmida,intercalada por áreas decampos naturais. Na re-gião nordeste do Estado,a cobertura vegetal predo-minante é o Cerrado.

No Leste, antes da im-plantação do atual mode-lo agropecuãrio, a vege-tação primária da planícieda bacia do alto curso dorio Paraná era constituídapor formações de Floresta EstacionaiSemidecidual, intercalada de campos naturaisde Savana (Cerrado). Ao contrário da regiãopantaneira, onde é significativa a conserva-ção fitofisionômica original, nesta parte doEstado a ação antrópica recente é devastado-ra. Os remanescentes da vegetação nativa es-tão, hoje, reduzidos a algumas manchas decerrados e pequenos bosques florestais.

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MATO GROSSO Mato Grosso do SulVegetação

8AO PAULO

Ufl&HQA

SAVANA

PliORESTA EBTACKMALDECIDUAL

IAVANA ESTERCA

ÁREAS o AS FORMAÇÕES PIONEIRAS

FLORESTA £8TACKWALS£MDECK>UAl

AREAB DE TE N s Ao ECOLÓGICAS

Em resumo, a interaçâo dos elementosdessa paisagem variada, na sua porção me-ridional atravessada pelo trópico deCapricórnio, v iabi l i /ou a configuração deecossistemas complexos que abasteceramcom plenitude as necessidades económicasdas diversas experiências culturais huma-nas que aí se reproduziram nos últimos mi-lénios.

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Pré-histórí;H,

Arqueologia deato Grosso do Sul

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É mui to provável que a presençado homem, em Mato Grosso do Sul,

supere dez mil anos.

pesar de ser uma peça fundamentalno "quebra cabeça" que busca com-

preender o processo de ocupação da Américado Sul pelo homem pré-histórico, na maiorparte do território de Mato Grosso do Sul, aspesquisas arqueológicas estão ainda na fasepreliminar de levantamentos e análises. Nestaárea do conhecimento, os estudos científicospropriamente ditos tiveram início havia me-nos de quinze anos, quando pesquisadoresda Universidade do Vale dos Sinos - UNISINOSe da Universidade Federal de Mato Grosso doSul - UFMS, desenvolveram os primeiros pro-jetos de pesquisas arqueológicas na região.Os dados até agora recolhidos permitiram aidentificação e o registro de algumas centenasde sítios arqueológicos. Sendo assim, pode-mos observar que a distribuição desses sítioscobro lod;is ;is áreas do Estado.

Uma variada formação pretérita de horizon-tes culturais revela a existência, em Mato Gros-so do Sul, de grupos de caçadores/coletores/pescadores e de grupos indígenas ceramistas,cujas origens são anteriores ao desenvolvimentodas etnias conhecidas desde os tempos coloni-ais. Por outro lado, alguns desses sítios, comcerteza, atestam a presença antepassada, pré-colonial, dos grupos étnicos historicamente co-nhecidos. Outros sítios testemunham filiaçõesculturais mais remotas, ainda não identificadase já extintas. Segundo o pesquisador PedroIgnácio Schmitz, da UNISINOS, exames rvall-zados em amostras de carvão recolhidas rtnescavações arqueológicas em um abrigo * < > brocha, na região do alto curso do rio Sucuriú,no nordeste do Estado, indicam a pivsrnca dohomem, neste local, por volla de oii/c mil imosatrás. Em outro sílio, dislanU- apenas alguns qui-

Page 11: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Por todo Mato Grosso do Sul,centenas de sítios ao ar livre foram

superfícies de acampamentos ou dealdeias indígenas jã desaparecidas.

lômetros do anterior, foram obtidas dataçõesem torno de sete mil anos atras.

Muito expressivos, enquanto evidências doperfil cultural desses povos extintos, são os pai-néis arqueológicos de "arte rupestre". A açãomilenar da erosão sobre alguns morros-teste-munho permitiu que, em vários locais do Esta-do, surgissem concavidades naturais, as quaisforam exploradas pelo homem pré-históricocomo abrigo (habitat), entre outras funções.Nas paredes destas "casas-de-pedra", os caça-dores/coletores pretéritos registraram parte desuas impressões e representações da realidade,física e/ou mitológica, por meio de esquemasgráficos figurativos e/ou abstratos, utilizando-separa tal de técnicas de pintura ou gravura embaixo relevo sobre a rocha. Como exemplodessas manifestações simbólicas por meio degrafismos pode-se citar um intrigante conjuntode petróglifos (gravuras na rocha) inscritos nasuperfície de um solo lateritizado, próximo àsmargens do rio Paraguai, no município deCorumbá. Nesse local, por vários quilómetrosde extensão, distribuem-se dezenas de sinais(signos) abstratos, variados quanto à forma e àtemática, os quais nos sugerem a possibilidadede estarem alinhados de tal maneira que iden-

tificariam uma trilha, caminho ou via no inte-rior da vegetação pantaneira, cuja direção nosencaminha ;io kTrilório boliviano.

A esses contextos arqueológicos pré-históri-cos, que nos remetem a alguns milhares de anosatrás, somam-se, por todo Mato Grosso do Sul,centenas de sítios ;io ar livre, localizados empequenas colinas ou terraços fluviais próximosaos cursos d'água, que, com certeza, foram su-perfícies de acampamentos ou de aldeias indí-genas já desaparecidas. Nesses locais são abun-dantes os vestígios de recipientes de cerâmica,alguns sepultamenU >s, arlefhlos e resíduos líticos(rochas) tais como laseas, lâminas de machadode pedra polida, ponlas de- projéteis, mãos-de-pilão, almofarizes, raspadores, facas, furadores,percutores e outros lipos de vestígios arqueoló-gicos representativos da cultura material de po-vos indígenas prtf-coloniais.

Para o conhecimento ampliado do passadoarqueológico de Mato Grosso do Sul, comoperspectiva para novas pesquisas arqueológi-cas, entre outras, ainda estão para serem feitos,os trabalhos de localização e identificação dosespaços pantaneiros, nos quais foram instala-das as reduções das Missões Jesuíticas do Itatim,fundadas e extintas no decorrer do século XVII.

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Grafismos Rupestres * (l)Aquidauana

Painéis com pinturas arqueológicasem abrigos sob rocha na regiãodo rio Tabôco, no municípiode Aquidauana (1).

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Grafismos Rupestres

Gravuras arqueológicas (pctróglifos)confeccionadas sol m1 ;il'lor:iiiK'ntoslitológicos na MipníiVír. loc;ili/;idas nasproximidades cl:i r i i l a i l c < l r Corumbá (1).

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• (-QCorumbã (2)Costa Rica _

l Painéis com pinturas arqueológicas' nas paredes de um abrigo sob rocha

no município de Costa Rica (2).

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Grafismos Rupestres

Gravuras arqueológicassobre um pequeno bloco

de arenito no municípiode Jaraguari (1).

Painel com pinturas arqueológicassobre a parede de um bloco de arenitono município de Chapadão do Sul (2).

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* (l)Jaragiiiirl C') Uii^milíVKlnSul(3) Maracaju (4) António João

( i i j i vn i . r , .in|iu'ol(')gica,s

n;i p;iii'<lr ilr um murro

(k- ;iirnll<i ni i iniiiiiiipk)

(Ir A i i l M M X i IIMI. (^ j ) .

l ' . n i H ' l (oin gravuras arqueológicasem um abrigo sob rocha

no município de Maracaju (3).

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Page 17: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Escavações Arqueológicas

Escavação emsítio arqueológicono município deAnaurilândia (2).

Escavação emsítio arqueológicono município deTrês Lagoas (1).

À direita, escavaçãoem sítio arqueológico

no municípiode Anaurilândia (2).

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Page 19: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Artefatos/Utensílios Arqueológicos

1. Raspador (pedra lascada)coletado em sítio arqueológicono município de Maraeaju (2).2. Ponta de projétil (pedralascada) coletada em sítioarqueológico no municípiode Anaurilândia (5).3. Lâmina de machado(pedra polida) coletada emsítio arqueológico nomunicípio de Nioaque (1).4. Raspador (pedra lascada)coletado em sítio arqueológicona cidade de Campo Grande (4).

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• (1)Nloaque (2)Maracajá (3)Dourados (4)CampoGrande (5)Anaurilãndia

PB»-"- „ VI ^B

M;lo de pll.h ' r i l i in il.lll/,cok'l;ld»> cill Slllu .ll<|ilo>li ".'i. i <no inuníi i| >li i ilc Nli i.H|ui' ( l ).

Abaixo,mão-de-pilão

(pedra polida)coletada. em

sítio arqueológicono município de

Dourados (3).

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Artefatos/Utensílios Arqueológicos

À esquerda, recipiente de cerâmicaoik-tudo em sítio arqueológicono município de Bodoquena (1).

À direita, paneía de barro(cerâmica Guarani) coletada emsítio arqueológico no município

.de Anaurilândia (3).

A l i ; l ixo; 1. Adorno labial (tembetá) del " ' i l i ; i , folciado em sítio arqueológico no

município de Anaurilândia (3).K-.irulura funerária composta por

uvipi r i ik-s de cerâmica (Guarani)i < > l i - i ; u l : i cin sílio arqueológico no

m u i i i > i | i i" <.!(.• Santa Rita do Pardo (2).

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(l)BodoQuena (2) Santa Rita do Pardo (3) Anaurilandia

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Artefatos/Utensílios Arqueológicos

Fragmento de recipiente de cerâmica Guarani com desenho, colctado mi sílio arqueoló•gico no município de Anaurilândia (1).

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Page 25: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

No inicio do século XVI,pela primeira vez, um europeu

pisava i - in irrras hoje sul-mato-grossenses.Seu nome: Aleixo Garcia.

processo histórico de "descoberta" ereconhecimento do território sul-ameri-

cano cleu-se nas primeiras décadas do séculoXVI, motivado, acima de tudo, pela tentativados conquistadores espanhóis de encontraremuma interligação oceânica entre o Atlântico eo Pacífico, isto na busca geográfica de umarota ocidental para o comércio com as índias.A descoberta e a importância dessa passagem,o Estreito de Magalhães, equivalia, na época,para os espanhóis, ao que o Cabo da Boa Es-perança significou para o comércio marítimoportuguês, no final do século XV. Neste senti-do, nos primeiros vinte anos do século XVI,uma série de expedições marítimas espanho-las exploraram a costa oriental sul-americana,culminando com a bem sucedida viagem del'Vrnao t Ir Magalhães, em 1519- Entre essasexpedições, de particular importância para a

história e a etno-história sul-mato-grossense,foi a realizada pelo navegante espanhol JuanDiaz Solís, no ano de 1516, que implicou nadescoberta do "MardelPlata", isto é, o estuá-rio da bacia Platina. Apesar do trágico desfe-cho que atingiu esta expedição - a morte cíeseu titular pelos índios Charrua, na costa uru-guaia -, dessa aventura resultaram as primeirasinformações sobre a existência de metais pre-ciosos e de complexas civilizações Indígenasno interior do continente sul-amcricano. Osíndios Charrua, primeiros indígenas plaiinos acontatarem com os conquistadores ibéricos,apesar de não dominarem a tecnologia cia me-talurgia, portavam, na ocasião tio primeiro con-tato, adornos di- praia adquiridos nas relaçõescie trocas interélnicas sul-americanas. Este fatodespertou a cobiça melal í fera dos conquista-dores rspanhõis e foi praticamente o fator

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Page 26: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Aproveitando-se da cultura religiosa dosGuarani foi fácil para Aleixo Garcia

recrutar indígenas para o ambiciosa planode buscar as riquezas da "Serra de Prata".

desencadeador do "Mito da Serra de Prata"ou do "Eldorado". Nos anos seguintes, estesmitos foram os motivadores dos descobrimen-tos geográficos europeus no coração da Amé-rica do Sul, sobretudo na exploração das por-ções setentrionais da bacia Platina.

Os sobreviventes do massacre no litoral uru-guaio, na ausência de seu comandante (Solís),morto no combate, optaram por desistir decontinuar a viagem em busca da ligaçãointeroceânica e regressaram para a Espanha.No caminho de retorno, um novo infortúnioatingiu a expedição: o naufrágio de uma dasembarcações nas costas do litoral sul do Bra-sil, em aguas do atual Estado de SantaCatarina.

Os náufragos sobreviventes, em torno dedezoito, perderam contato com o resto daexpedição, da qual, os restantes retornaramà Espanha, ocasião em que relataram os acon-tecimentos ocorridos. Os náufragos, ao alcan-çarem a praia, foram abordados por índiosGuarani-karijó (Cários), integrantes da famí-lia linguística Tupi-guarani, que os acolhe-ram pacificamente. Para surpresa e excitaçãodos espanhóis, estes índios também porta-vam adornos de prata e informaram aos só-36

breviventes ibéricos serem, esses objetos me-tálicos, provenientes de uma longínqua ter-ra, localixadíi a Oeste, onde, segundo a tra-dição oral indígena, uma "montanha de pra-ta" era explorada por um "rei branco". Sabe-se, hoje, que isto se tratava de uma vaga re-ferência ao Império Inça.

Isokido do ivsio do mundo, após algunsanos de convívio com os índios Guarani-karijó, um dos náufragos, o português AleixoGarcia, j;í f a in i l i a r i / ado com a língua e comos costumes indianas, passou a organizaruma expedição para tentar conquistar o mi-tológico país do "rei branco" ou Paititi, nalíngua naiivn. Aproveitando-se maliciosamentede um componente da cultura religiosa dosíndios Cí i i í imni , que é acreditar na existênciafísica de unia espécie de paraíso terrestre -Terra Sem Males - em busca do qual, perio-dicamente, os índios Guarani organizavammigrações com carãter messiânico, foi fácilpara o português Garcia recrutar os adeptosindígenas necessários ao seu plano expedi-cionário e imibicioso de buscar as imensasrique/ns da "Serra de Prata", associando, as-sim, os dois objetivos culturais (indígena-con-quistador).

Page 27: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Imagens do pluralismoétnico-cultunil da América

indígena pré-colonial àsvésperas do

"descobrimento"'.

Abaixo, roteiroaproximado da épica

expedição deAleixo Garcia

em 1524.

lím 1524, em busca desse lugar fantástico, dúvida, o primeiro europeu a a d r n l n u | M H In| t ; i i i i r ; i i n do litoral catarinense Aleixo Garcia e rãs tão distantes do litoral k-sic d;i A i i i n n , i d..n i i iLs iivs náuíragos espanhóis, seguidos por Sul. Na sua expedição, i - i n d h < \ , m ,10 ( >r,sir,, i l } ' , u i i ' . i i i í l l i i i i v s d f índios Guarani-karijó, atra- guiado pelas oricnlnotrs i i id i^- .ni . i ; , .n lh id i i sVég do PCfiblru, milenar caminho terrestre uti- no percurso, ( lu rc ia Im o puni r im l n . n i r n il l / i i i l i i pui Indígenas sul-americanos em seus "branco" a pisai ' cm i c i n i N Imjc sul tnato-

. i i n l t i i f , . i i l l i n . i i ' , A l i - i s i » ( Jarda foi, s e m grossensi-s c p ; i r ; i m i a i ; i s < l in /ou < > r i o 1'araná,

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Page 28: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

A perspectiva europeia deenriquecimento rápido desencadeou uni

irreversível e violento processo deextermínio étnico d;is populações nativas.

provavelmente na altura do arquipélago flu-vial cie Ilha Grande, entre os Estados do Paranáe Mato Grosso do Sul, Atravessou o planaltosul-mato-grossense e, orientando-se pela ma-lha fluvial, após ultrapassar o Pantanal, alcan-çou o rio Paraguai, nas imediações do atualmunicípio de Corumbá. Durante este percur-so terrestre, entrecortando campos e florestastropicais, por mais de dois mil quilómetros,apoiou-se sempre na infra-estrutura de deze-nas de aldeias Guarani aliadas, as quais, poraí distribuídas, tinham neste espaço o seu''Nande-retâ" (pátria ou território).

Ao cruzar o rio Paraguai, acompanhado porsua "legião" de índios, Aleixo Garcia penetrouno Chaco boliviano, território de etnias hostis,às quais deu combate, até atingir o piemonteandino, onde saqueou povoações limítrofes doImpério Inça. Antes mesmo de Pizarro, foiGarcia o primeiro europeu a contatar com osInças. De posse cie grande quantidade de ri-quezas em objetos cie ouro e prata, pilhadoscias comunidades indígenas abordadas, AleixoGarcia, quando retornava ao litoral atlântico,foi assassinado, nas margens do rio Paraguai,pelos índios Guarani-karijó que o acompanha-vam, revoltados estes com o tratamento abusivo

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que o conquistador, a partir de então, lhes dis-pensava. Aí se dispersou a expedição conquis-tadora. Alguns remanescentes da expediçãoretornaram a Santa Catarina, entre eles um es-cravo negro cie Aleixo Garcia que relatou aosnáufragos europeus que não quiseram ar-riscar-se no desconhecido, permanecendo nacosta catarinense, os fatos ocorridos e o desfe-cho dos acontecimentos.

Independentemente cio relativo fracasso ciaepopeia de Aleixo Garcia, a mesma contri-buiu sobremaneira para alimentar a expectati-va ibérica cie encontrar as mitológicas e mara-vilhosas riquezas metálicas que justificariamos riscos e custos da conquista e colonizaçãodesta área do território sul-americano.

Para as populações indígenas da região pla-tina, í\ partir de então, inicia-se uma era ciebrutal inversão nos rumos milenares de seudestino. A perspectiva europeia de enriqueci-mento rápido fez com que o relacionamentoentre as duas civilizações fosse cunhado peloconflito na disputa pelo espaço e pelas rique-xa.s naturais que ele continha, desenca-deando-se assim, pelos séculos seguintes, umirreversível e violento processo de extermínioétnico das populações nativas.

Page 29: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Os índios deMato Grosso do Sulna História do Brasil

_ ,o início do sé.por ocasião do "descobrimento" do Brasil,

o território do atual Estado de Mato Grosso do Sulera densamente povoado por índios Guarani, Guató,

Ofayé, Kaiapó Meridional, Payaguá e outras sociedadesindígenas que ainda não foram identificadas pela

arqueologia e pela etno-histórla.

Page 30: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Guarani

a geografia humana nativa de MatoGrosso do Sul, no período colonial,

as sociedades indígenas mais numerosas foramas falantes da língua Guarani, filiadas à famílialinguística Tupi-guarani, integrante do troncoTupi. Esses índios, hábeis canoeiros, são origi-nários das florestas tropicais úmidas da regiãosudoeste da Amazónia. Nos últimos dois milé-nios, provavelmente em busca de melhores ter-ras ou motivados por alguma ra/uo de naturv/aambiental/cultural, diversas comunidades inij^i-.iram da região amazônica em direçào ao Sul,espalhando-se pelas terras férteis existentes nabacia Platina. Posteriormente, este passou a serseu território tradicional por excelência. Os vá-rios subgrupos étnicos falantes da língua Guarani,contatados pelos colonizadores ibéricos nas pri-meiras décadas do século XVI, formaram-se du-rante esse longo e duradouro processo migrató-

rio e distribuíram-se entre o centro-sul do Brasil,Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Segun-do algumas estimativas, no século XVI, a demo-grafia desses índios deveria superar um milhãode pessoas, em toda a bacia Platina.

Os índios Guarani foram e são excelentesagricultores. Estes cultivavam principalmenteo milho, base de sua dieta alimentar. Erameficientes no cultivo e tecelagem do algodãosilvcsire, malcria-primu para ;i confecção detvilrs e vfs i imenlas . Produziam ainda umadiversificada a>k\':io de recipientes de cerâmi-c:i, utilltíirlíi i1 r i t ua l , ricamente decorada, utiliza-d;i Inclusive p;mi o sepultamento de seus mor-tos. Km Maio Grosso do Sul, ocupavam a por-ção sul, sudeste e centro-sudoeste do Estado.

No século XVII, com a expansão das fron-teiras coloniais na bacia Platina e a crescente

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Guarani

necessidade de mào-dc obni compulsória parasatisfazer :ts necessidades d;i economia agríco-la tropical coloninl lu.so-paulista, as aldeiasGuarani pas,s;ir;im a ser alvos constantes dasinvestidas escravagistas empreendidas pelosportugueses/mamelucos de São Paulo (bandei-rantes) que os empregavam em suas planta-ções no litoral e planalto paulista ou ainda osrevendiam como escravos ("negros da terra")aos engenhos de açúcar do nordeste brasileiro.

Paralelamente ao assédio bandeirante e aoregime de trabalho compulsório castelhano-paraguaio imposto aos índios (as encomien-

Iconogrâfía de u n i u Oldcla ( i i m r a n i , no Paraguai, século XVI.Observe-se tjtu' o índio r purlndur dê adorno labial (tembetáj

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das}, no início do século XVII, chegaram à re-gião hoje sul-mato-grossense os primeiros je-suítas com o intuito de catequizar os índiosGuarani que aqui viviam. O modelo missioná-rio transformou o território Guarani, no Estado,na Província Jesuítica do Itatim, subordinadaao Colégio Jesuíta de Assunção, já que, nestaépoca, o atual território sul-mato-grossense,como todo o oeste brasileiro, pertencia à Amé-rica Colonial espanhola.

O impacto culairal e histórico que o trabalhomissionário teve sobre esses índios divide os es-tudiosos. Alguns acham que ele foi positivo, na

medida em que o índio catequizado.transformado em súdito do rei, não po-deria ser escravizado. Outros, no entan-to, discordam, entendendo que o traba-lho da catequese docilizava o índio,transformando-o numa presa fácil e in-teressante para as incursões escravagistasdos bandeirantes, os quais não acata-vam as normas legais dos reis ibéricos. Averdade é que, assediados por três fren-tes assimiladoras, cada uma com seusobjetivos específicos, mas não menosetnicida, os Guarani tiveram, nos sécu-los seguintes, o seu território invadido e

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• Região onde vivem atualmente os índios Guarani.

loteado, sua cultura esbulhada e a sua popula-ção drasticamente reduzida.

Hoje, em torno de vinte e cinco mil índiosGuarani vivem no sul do Estado e estão subdi-vididos em três sociedades étnicas, os Kaiowá,os Nhandeva e os Mbya, dos quais, em termosdemográficos, os primeiros compõem o con-tingente mais expressivo. A maioria dos índiosGuarani vive em terras indígenas legalizadas,nos municípios de Dourados, Amambai,Caarapó e outros menores. Alguns milhares deíndios Guarani ainda pleiteiam na Justiça Fe-deral o reconhecimento das terras que hojeocupam. Conservam muitos traços culturais tra-dicionais como a língua, cerimónias religiosas,o consumo de tereré, do qual são os difusoresoriginais, e outros hábitos etno-culturais. Nasúltimas décadas, a devastação da paisagem na-tural, para dar espaço às atividades agro-pasto-ris modernas, fez com que estes índios mudas-sem substancialmente suas tradições económi-cas, levando-os, em grande número, a ingres-sarem no mercado de trabalho rural da região.P i t i i - m , cm suas áreas, ainda cultivam peque-Clfil plantações Umiliares de milho, mandioca,l i u l . i : . , i i ' . M -l M c i i u l o | i;ira o sustento próprio.Totlíivlil, i i u i n l n < x ( i i i r i i l i - . i i m excedente este

Perfil deíndioKaiowá, noséculo XIX,tambémcom| adorno

labial(tembetã).

é comercializado pelas mulheres nas cidadespróximas às suas áreas. Estudos demográficosindicam que, no presente, os índices de cresci-mento populacional vêm superando os daspopulações "brancas" vizinhas às Terras Indí-genas. Paralelamente a essa recente expansãodemográfica, estimulados pelas suas própriaslideranças e pela ação de entidades indigenistas,os Guarani estão readquirindo antigos l iahih >,•-culturais que estavam em desuso, islo comoforma de resistência e afirmação cínica.

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Guarani

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No Brasil, somente os imliosTicuna, do Ama/onas,

são mais numerosos que.' osíndios Guarani.

Na página ao lado,mulher indígena comfilho - Município deCoronel Sapucaia.

Ao lado e abaixo, crianças eadolescente Guarani

habitantes nas aldeias do suldo E.stado.

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Guarani

Meninos Guaranina porta de sua casa na

Terra Indígena (TI) Panambi,em Dourados.

Mulher Guarani e filhasna TI Panambi.

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Guarani

À direita, habitação Guaraniem construção, município

de Paranhos.

Habitações Guaraniem aldeias no suldo Estado.

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Ás habitações Guarani possuem,no presente, arquitetura diferenciada

conforme a identidade étnica dacomunidade ou família.

//-t -y• 7-y i tvL ' 4>j»—w*»* —™ VLV '

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Guarani

Habitação Guarani na TI de Dourados Cdflfl de rituais religiosos

localizada na

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"Quero fazer o que você fuxsem deixar de ser o que sou."

Assembleia Uyjislatltw de MSSemana dos Povos Indígena»,

abril de 1998

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Guarani

Dança religiosa executadapela comunidade Sucuriy,

no município de Maracaju.

Rezador Guarani cominstrumentos religiosos,comunidade Sucuriy,no município de Maracaju.

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Os índios Guarani sãoprofundamente religiosos.

A maior parte de suas preocupaçõesestão voltadas para o sagrado.

Interior da casa de rezascom instrumentos de rituais.

Nas fotos abaixo:1. Instrumentos depercussão (takuás)confeccionadoscom bastões de bambuusados pelas mulheres nasdanças religiosas e cujabatida no chão marca oritmo das rezas.2. Menina cominstrumento ritual (takuá).3- Altar (Chirú) em tornodo qual se realizam asmanifestações rituais.4. Sepultura indígena comalguns objetos pessoais dofalecido.

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Guarani

No passado, os itens da cultura materialdos Guarani eram muito variados,

clestacando-se a diversidade tipológica eestética de seus recipientes de cerâmica.

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Kadiwéu

s sucessivos ataques de colonos espa-nhóis e portugueses ao território

Guarani, em fins do século XVI e na primeirametade do XVII, abriram imensas clareirasdemográficas que desequilibraram a correla-ção de forças entre os grupos étnicos habitan-tes das áreas marginais ao rio Paraguai, notrecho sul-mato-grossense.

Aproveitando-se do esfacelamento douniverso Guarani, provocado pelos ataquesdos bandeirantes no Pantanal, varias etniasde origem chaquenha, falantes de línguasdo tronco Áruak e da família Guaikuru, atra-vessaram o rio Paraguai e, em levas suces-sivíis, u partir da segunda metade do sécu-lo X V I I , preencheram o vácuo demográficoocnsionado pelo genocídio bandeirante nany.i.io sul tio 1'anhmal.

Os grupos étnicos Guaikuru, representadoshoje, no Brasil, por quase mil índios Kadiwéu,eram formados por caçadores/coletores extre-mamente belicosos, os quais, várias vezesmantinham-se à custa da pilhagem e da sub-missão económica de outras sociedades indí-genas vizinhas, sobretudo da família linguísti-ca Guanã, do tronco Aruak. Não se tem a dataexata, todavia, aproximadamente em meadosdo século XVII, já no território hoje sul-mato-grossense, os índios Guaikuru aprenderam ;idomesticar e montar cavalos, introduzidos n;iregião por colonos paraguaios oriundos dr Assunção. As pastagens naturais tio IMnliiiv.i l fa-cilitavam a multiplicação n n l u n i l iln.s manadase, por volta de 1650, esse novofomporiaiiK-ntoétnico estava de tal l o i i n n Incorporado ;>omodo de ser ctessrs índios, qur os ( i i i a i k u n i

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Kadiwéu

passaram a ser conhecidos também como "ín-dios cavaleiros".

Este novo e eficiente meio de locomoção,nas imensas planuras do Pantanal, cuja ve-getação é aberta e espaçosa, de imediato qua-

lificou-se como um poderoso instrumento deluta, transformando os Guaikuru em senho-res absolutos da região pantaneira. Algumascomunidades indígenas de horticultoresGuaná, também originários do Chaco, acorn-

Gravura ilustrando uma carga da cavalaria Guaikuru, no século XVIII, no Pantanal. É importante ressaltar que no períodopré-colonial não existiam cavalos em nenhum ponto da América. Os mesmos foram introduzidos no continente peloscolonizadores europeus, a partir do século XVI.

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Região onde vivem atuairnente os índios Kadiwéu.

Signos usadospelos Kadiwéuera tatuagens epinturas emcouros deanimais. Cadasigno estárelacionadocom aidentidade deseu portadorno interior dacomunidade.

panharam os Guaikuru na migração para amargem esquerda do rio Paraguai e, por al-gum tempo, foram por eles transformadaseconomicamente em vassalas. Nos séculosXVII e XVIII, os povoados e estabelecimen-tos agrícolas coloniais da região pantaneira edo norte do Paraguai viviam permanentemen-te ameaçados pelas cargas da cavalariaGuaikuru, o que, na pratica, retardou pormais de três séculos a definitiva ocupação

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Kadiwéu

europeia dessa área. Os "índios cavaleiros"formaram assim urna das maiores barreirasindígenas à colonização na história da Amé-rica do Sul.

Após décadas de enfrentamentos com oscolonos luso-brasileiros e castelhanos, enfra-quecidos numericamente por tantos combatese doenças adquiridas no contato com as fren-tes colonizadoras, no final do século XVIII, osíndios Guaikuru localizados no atual territóriosul-mato-grossense assinaram um tratado depaz com as autoridades coloniais sediadas emCuiabá. Este foi o único tratado de paz entreíndios do Brasil e a monarquia portuguesa nahistória do Brasil colonial.

No século XIX, pressionados pelos aspectosnegativos da expansão da fronteira econó-mica brasileira e pelos acontecimentos rela-cionados à Guerra do Paraguai (1864-70), apopulação indígena Guaikuru refluiu de for-ma progressiva, de tal forma que, no iníciodo século XX, estava reduzida a algumaspoucas centenas de pessoas. No presente,em torno de mil e quinhentos índios - entreKadiwéu (único subgrupo étnico falante de

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uma língua Guaikuru em Mato Grosso do|Sul) e descendentes de outras etnias (sobre-tudo Terena) - que sobreviveram ao pro-cesso de contato conflituoso com a socieda-de brasileira, vivem em uma área extensa(mais de quinhentos mil hectares), cuja le-galização plena ainda está inconclusa. Bemconservada ambientalmente, a ReservaKadiwéu está localizada no sudoeste do Es-tado, na região conhecida como Pantanaldo Nabileque, no município de PortoMurtinho. Esses índios ainda conservam operfil de cavaleiros, fazendo da criação des-se animal um dos mais importantes itens desua cultura material.

Ao comentarmos o quadro etnográfico deMato Grosso do Sul não podemos deixar decitar a complexidade estética desenvolvida aolongo do tempo pelos índios Guaikuru. Os sig-nos e os motivos cromáticos adotados por es-ses índios para aplicação na decoração de seusobjetos de cerâmica, as complexas tatuagensrealizadas em seus corpos e outras manifesta-ções pictóricas e artesanais sempre foram mui-to admirados por sua sofisticação e beleza.

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Os índios Kadiwéu, herdeiros datradição equestre dos Guaikurucoloniais, ainda hoje mantém

significativa idiossincrasia com o cavalo.

índios K;idiwi'U do Posto Indígena Alves de Barros e Aldeia Tomãzia, no município de Porto Murtinho.

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Kadiwéu

Crianças Kadiwéue habitações naAldeia Tomãzia.

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Para os índios Kacliwéu ahumanidade foi criada por umdeus mitológico representadopela figura do gavião carcará.

I V i M i M . i i y i i s mascarados e músico nal i - . i . i i l t i "l>u|io". Posto Alves de BurrosA d i i v i l i i , sepultura n;i Aldeia Campina.

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Kadiwéu

A decoração cromática dos recipientes decerâmica, com pigmentos minerais de

diferentes origens litológicas, é destaquena produção artesanal Kadiwéu.

Bigorna equebra-coco,ferramentas utilizadasno consumo de frutosde palmeiras como abocaiuva.

índio trançando fibras da palmeira carandápara confecção de chapéu e abanicos.

Recipientes de cerâmica ecorantes usados na pintura externa.No canto esquerdo da foto ao alto,galho do pau-santo, de cuja resinaos Kadiwéu obtêm a cor preta.

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Terena

companhando o ingresso dos Guai-kuru em território brasileiro, várias

etnias chaquenhas, integrantes da família lin-guística Guaná, filiadas ao tronco Aruak en-traram, a partir do século XVIII, em territóriosul-mato-grossense, entre elas destacam-se osTerena e os Kinikinao, agricultores e excelen-tes ceramistas.

Os Terena, em maior número, estabelecerain-se na bacia do rio Miranda, afluente do Paraguai,em terras não inundáveis pelas cheias sazonaisdo Pantanal. Os Terena, assim como os Guaikuai,possuíam tradições guerreiras, embora fossem bemmais susceptíveis do que estes a estabelecer con-lau )s pacíficos com os colonos luso-brasileiros. Emmeados do século XIX, jã eram intensas suas re-lacors de trocas com a sociedade "branca"f i i v í ) l \ r i ) U ' , sendo, inclusive, esses índios os res-I M u r „ i vt -is | H •!< > abastecimento de géneros alimen-lir ios p i i i . i ioda ;i região cios municípios de

Nioaque, Miranda e Aquiclauana. Ainda hoje,nessas cidades, é muito importante o papel daprodução agrícola Terena na comercialização avarejo de produtos horti-frutíferos, pois nessesmunicípios a atividade económica predominanteé, sobretudo, a pecuária.

A sociedade Terena tradicional eraestratificada e dividia-se entre os cativos (ín-dios de outras etnias inimigas) e os Terenapropriamente ditos. Estes por sua vezdividiam-se em dois subgrupos: o Naati, com-posto pelo cacique e seus familiares, uma es-pécie cie nobreza, e os Waherê-txané, a ca-mada dos homens comuns. O casamento erarealizado entre indivíduos da mesma camada.

Os trabalhos domésticos, a confecção deartefatos cie cerâmica, a fiação do algodão ede outras fibras vegetais eram tarefas femini-nas. Aos homens cabiam a cestaria, a caça e

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Terena

a pesca. Eram também os homens que pre-paravam a terra para o plantio, sendo a se-meadura tarefa feminina. Cultivavam o mi-lho, a mandioca, o fumo, a batata-doce, oalgodão e diversos tipos de abóbora, alémde coletarem mel e frutos silvestres regionaiscomo o pequi. A aldeia Terena tradicionalera formada por grandes casas comunais, dís-

Velhos índios Tcrcna, fotografados no início do século XXcom uniformes do Kxõrdto Imperial Brasileiro usados naGuerra do Paraguai. Aldeia I pegue, município de Aquidauana.

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tribuídas regularmente, onde viviam em mé-dia dez famílias.

No início da segunda metade do século XIX,durante a guerra entre o Brasil e o Paraguai, aregião pantaneira foi palco de vários episódiosbélicos, sendo o mais popularizado a "Retiradada Laguna". Este conflito colocou os índiosGuaikuru e Terena entre os dois fogos inimigos.O envolvimento dos índios nessa guerra foi di-reto, ocorrendo inclusive a formação de bata-lhões compostos exclusivamente por indígenasTerena, os quais lutaram ao lado das tropas doImpério brasileiro. Para os índios, o episódio daGuerra do Paraguai foi desastroso, entre outrasconsequências, as comunidades indígenas so-freram uma redução drástica em seus contin-gentes populacionais, pois foram diversas vezesatingidas pelos combates ou pelas enfermida-des trazidas pelos exércitos adversários.

Com o final da Guerra do Paraguai, o terri-tório étnico Terena foi substancialmenteloteado entre os combatentes remanescentesda guerra, que permaneceram na região. Asituação fundiária dos índios agravou-se quan-do, nas últimas décadas do século XIX, a ex-pansão do modelo pecuário pantaneiro fezencolher o espaço necessário para a reprodu-

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Aldeiamento do Ipegue, Aquidauana, no início do século XX.

cão do modo de ser Terena tradicional. En-curralados em áreas exíguas, centenas de ín-dios foram recrutados para servirem comomão-de-obra muito barata nas fazendas re-cém implantadas ou reconstruídas.

No início do século XX, motivado, sobretu-do por razões estratégicas, o governo brasileiroconstruiu uma estrada de ferro (Ferrovia Noro-este do Brasil) Interligando, pela primeira vezpor via terrestre, a bacia cio rio Paraguai com oBrasil atlântico, lísUi ferrovia dissecou o territó-

rio Terena, concluindo-se dessa forma o proces-so de concentração étnica em áreas reduzidase congestionadas de ocupantes.

Hoje, os Terena são aproximadamente de-zoito mil índios. Em torno de dez mil pessoasvivem nas áreas que, no início do século XX,sob as instruções emergenciais de Rondon, fo-ram reservadas para esses índios pelo extintoSPI, nos municípios de Miranda, Aquidauana,Nioaque, Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti.Algumas comunidades menores estão localiza-

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Terena

das nos municípios de Dourados e PortoMurtinho, áreas para onde foram transladadas,em meados do século passado, pelo órgão tu-tor. As pessoas restantes estão diluídas, na con-dição de índios desaldeados, em fazendas oucidades vizinhas às suas aldeias e em CampoGrande. Na periferia desta cidade, surgiu umbairro habitado só por índios Terena, caracteri-zando-se como uma das primeiras aldeias ur-banas no Brasil. A maior parte das áreas Terenaestá legalizada, todavia o acelerado crescimen-to populacional indígena pressiona as autori-dades competentes para solucionar o excessopopulacional de algumas áreas.

Mulher com filha n;i A k l c i u

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A língua Terena é ensinada no lar pelasmães aos seus filhos pequenos. Nos primeirosanos da década de 1990, nas escolas Terena,foram realizadas no Estado as experiências pio-neiras de alfabetização bilíngue. A produçãode artefatos de cerâmica, cuja decoração ex-terna (pintura) apresenta harmoniosas e deli-cadas composições de motivos florais e/ouabstratos é feita pelas mulheres. Todavia, nãoé em todas as aldeias que isso ocorre. As al-deias de Miranda são aquelas que mais con-servaram esse hábito tradicional. Uma parteda produção desses objetos é consumida in-ternamente nas aldeias, como bens de uso cotidiano (panelas, xícaras, reservatórios paraagua, etc) enquanto outras peças destinam-seao comércio regional (mercado municipal deCampo Grande e outros) ou são consumidascomo "souveni?7 pelos turistas em visita aoEstado. Além da língua e da confecção depeças artesanais, os Terena conservam outrascaracterísticas culturais tradicionais, tais comoa dança do bate-pau, pela qual rememoram emantêm vivos aspectos do passado étnico alémde contribuir para a manutenção da identida-de Terena enquanto amálgama do tecido so-cial indígena.

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As famílias Terena são muitoempenhadas em proporcionaruma boa formação escolar para

suas crianças e jovens.

Habitações Terena na Aldeia Lalima,município de Miranda.

Escola Marechal Rondon, na AldeiaBananal, município de Aquidauana.

índio Terena da Aldeia Limão Verde,município de Aquidauana.

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Terena

Significativos aspectos das tradições culturaisTerena ainda são conservados por seus

descendentes. Entre eles a língua,a produção de cerâmica e as danças.

Dança do Bate-Pau,município deAquidauana.

Recipientes decerâmica produzidosna Aldeia Cachoeirinha,município de Miranda.À direita, detalhecom padrões decorativosda cerâmica.

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Guató

s Guató, lingúisticamente enquadra-dos por alguns autores no tronco

Macro-Jê, apresentam características culturaise linguísticas tão próprias que fica até incó-modo inseri-los nas classificações gerais exis-tentes. Por alguns autores estes índios são con-siderados falantes de um grupo linguístico iso-hulo.

l '< >r ocasião do "descobrimento" e reconhe-cimento da bacia Platina, no século XVI, os( i m i t o formavam uma sociedade indígena beminimrros; i . Viviam boa parte do tempo em-barcados em canoas. Suas habitações eramunlf í imllkires e localizavam-se quase semprei - i 1 1 jicnos mis margens das lagoas, rios e ilhasdo Pantanal, no noroeste do Estado. Nãocons-i l l u i . i i n ; i l ( l e i a s , até porque, nas áreas inundá-

veis do Pantanal, há poucas superfícies exten-sas suficientemente para tal. Estes fatores eramdeterminantes em sua organização social, detal forma que podemos observar a estruturasocial desses índios como sendo atomizadaem pequenas unidades de duas ou três famí-lias, as quais reuniam-se em algumas épocasdo ano para festas e casamentos.

Viviam basicamente da pesca e da caça dafauna pantaneira e ainda de uma incipientelavoura implantada nos diques fluviais oulacustres, conhecidos na região pantaneiracomo "cordilheiras". Entre outros hábitos cul-turais singulares deste povo destaca-se o deconstruírem pequenos aterros com conchas eareias sobre os quais se abrigavam das cheiasanuais do Pantanal. Eram nestes aterros que

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Guató

os Guató faziam seus cultivos de milho, abó-bora, batata, banana, algodão, algumas pal-meiras, etc. As mulheres eram exímias tecelãse fabricavam lindos tecidos de algodão colo-rido.

Os Guató, ao contrario do arredio tempera-mento dos Payaguã, seus vizinhos fluviais,eram dóceis e praticamente não opuseram obs-táculos à colonização europeia nessa porçãoda bacia platina.

A boa disposição dos Guató em receberestrangeiros permitiu uma grande oportunida-de para o registro etnográfico de interessantesaspectos de sua realidade cultural. Em 1825,foram visitados pela expedição científica pa-trocinada pelo Czar Alexandre I e chefiadapelo explorador e naturalista Barão deLangsdorf, cônsul geral da Rússia, no Rio deJaneiro. Nesta expedição, os jovens artistasfranceses Amadey Taunay e Hércules Florenceestavam encarregados da documentaçãoiconográfica. Estes artistas, além de deixaremanotadas, nos seus respectivos diários de cam-po, riquíssimas observações etnográficas, ain-da nos legaram preciosos desenhos de cenas

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do cotidiano desses índios e da paisagempantaneira naquela época.

Não muito tempo depois, em 1845, outrofrancês, o naturalista Francis de La Porte, Con-de de Castelnau, acrescentou ao conhecimen-to etnográfico novas descrições destes indí-genas. Os relatos dos viajantes, no século XIX,evidenciaram ainda o processo de aceleradaredução populacional e descaracterização cul-tural que atingiu os Guató após os conflitosentre o Brasil e o Paraguai, entre 1864 e 1870.

Em 1984, um levantamento demográficorealizado pelo órgão responsável pela políti-ca indigenista do governo brasileiro, a FUNAI,cadastrou trezentos e vinte e oito índiosGuató, em Mato Grosso do Sul, sendo con-siderados como tal inclusive aqueles indiví-duos que tenham pelo menos um dos proge-nitores Guató. Desses, uma parcela menorvive na cidade de Corumbá ou dispersos porfazendas da região pantaneira. Algumas fa-mílias, em seu habitat original, estão bastan-te pressionadas pelo avanço das atividadesagropastoris atuais, ou mesmo pelo turismofluvial no rio Paraguai.

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• Região onde vivem atualmente os índios Guato

Habitação e meninoGuato no Pantanal.

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Guató

No século XVI os Guató formavam umasociedade indígena bem numerosa. Viviam

embarcados em canoas e habitavam nasmargens das lagoas, rios e ilhas do Pantanal.

índios canoeirosno início do

século XIX no olharde Hércules Florence.

índios Guatónavegando emcanoa no Pantanal.

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Ofayé

as margens planas do rio Paraná, des-de a segunda metade do século XIX,

no leste sul-mato-grossense viveram, e aí ain-da se localizam algumas dezenas de remanes-centes da outrora numerosa etnia Ofayé, ouOfayé-xavante. Este grupo indígena, filiado aotronco linguístico Macro-jê, é, hoje, em ter-mos numéricos, o mais reduzido dos que ha-bitaram o Estado. Com hábitos quase que ex-clusivamente predadores, no passado,localizavam-se no meio do caminho das ter-ras a serem conquistadas pelos colonizaclores(l< i oeste brasileiro.

Sua etno-história há séculos convive com aviolência, a perseguição e o extermínio. No pas-sado, recorrentemente atacados pelos vizinhosK ; i i ; i p < " > Meridional e Guarani refugiavam-se nasmalas rm permanente nomadismo. A partir dosrnilo X V I I , os bandeirantes paulistas, envolvi-

dos com a captura de índios para suas lavourascoloniais, iniciaram as investidas sobre o territó-rio étnico Ofayé, que antecedia a região dasreduções jesuítas do Itatim, no plaiiato Maracaju-Campo Grande. No século seguinte, o tráfegofluvial em direção às minas de Cuiabá, no Cicloda Monções, abriu a perspectiva de ocupaçãodas terras Ofayé com a implantação de estân-cias de gado subsidiárias ao complexo garim-peiro mato-grossense.

Até a primeira metade do século XIX, a caçaocupava papel fundamental na cultura Ofayé.Daí para a frente, a escassez cie animais sil-vestres fez com que a já reduzida populaçãodesses índios se habituasse a abater reses cria-das extensivamente nos campos naturais doseu território étnico. Isto fez com que ospecuaristas aí instalados organizassem umapermanente campanha cie extermínio desses

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Ofayé

indígenas por meio da contratação de gruposarmados, os chamados "bugreiros".

Os Ofayé eram pessoas de estatura peque-na e bastante arredios a qualquer contato como "branco" ou mesmo com outros índios. Vi-viam em pequenos grupos, instalados em pre-cárias habitações que ocupavam por brevesperíodos. Como as demais etnias do grupo Jê,dormiam no chão, sobre frágeis esteiras, ouaté mesmo em pequenas valas preenchidascom palhas, ao redor de uma fogueira. Emtorno de vinte casas distribuídas circularmen-te, tenclo como centro um grande pátio, ca-racterizavam a planta de suas aldeias. Nessaárea central eram realizadas suas festas e jo-gos. As casas tinham duas saídas, uma para ocampo de roças, atrás da aldeia, e outra parao terreiro central.

A figura cio xamã (rezaclor) era muito sig-nificativa. Era ele quem clava o nome aosrecém-nascidos, sempre o de um pássaro, quenão deveria ser abatido por quem o tinhapor nome. O cacique gozava cie algumas van-tagens, isto em termos de localizaçãohabitacional c objetos pessoais, estes espe-cialmente adornados. O cargo era transmiti-do heredítariamentv, embora o ocupante pu-74

desse ser substituído caso não demonstrassevocação para a função.

Após serem considerados como extintos, nasdécadas de 1960 e 1970, a comunidade Ofayéatualmente ocupa uma parte cia área paraeles demarcada pela FUNAI, no município deBrasílândia. Ainda hoje lutam pelo reconheci-mento de seus direitos étnicos, principalmen-te pela posse de uma área suficiente para con-servar viva sua cultura e multiplicar sua popu-lação com qualidade de vida.

Page 63: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Região onde vivem atualmenle os índios Ofaye.

\i i i n . i . r ; ) in í l iu deHM h. . , t > l ' ; i y O , noi i n i n i r i p i i i deBnu ii,indin.

i - l . i p , i j ; i n ; i ;K> Lido, ALaíde,l u l r i i H . i v e responsável pelo

i n i p : i i uen lo da comunidadei i i . l n - . r n . i nu município del1.i r.il,indi:i.

índio Ofaye idoso,no município de

Brasilândia.

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Page 64: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Ofayé

A pequena comunidade Ofayécie Brasilânclia simboliza a

perseverança dos índios namanutenção da identidade étnica.

À direita, ilustração reproduzindohabitação Ofayé original.

Abaixo, modelo das casas emque os Ofayé moram atualmcntc

no município de Brasilãndia.

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Kaiapó Meridional

a região norte-nordeste de Mato Gros-so do Sul, ambientados à vegetação

vioinorfica do Cerrado, viviam os KaiapóMeridional, pertencentes ao tronco linguísticoM.u u ) jr. No Brasil colonial esses índios erami * n i l u vidos também como os "índios bilreiros",i - . i t i | M >r lerem o costume de portar uma espé-clc dr bengala ou borduna que tinha uma11,is extremidades em forma esférica, lembran-do os hilros cias rendeiras. O fato de viveremmi ,uvas com vegetação aberta e de camposl . i / i a c < n n (.[iie sua cultura material contrastas-• • ( • b . i s t a u l e com as cias demais etniasM I ! m.ilo-grossenses, sobretudo as pantaneiras

A or.uani/acão social cios Kaiapó Meridonalt ibrdcciii como critério para definir-se, os clãs,I . H O I rssr que influenciava todos os aspectosd.i \ i d . i r ln ica . A mulher tinha um papel im-

portante no grupo. O homem, ao contrair ma-trimónio, ia morar com a família da esposa.

Sobre a cultura material cios Kaiapó Meri-dional, chama a atenção cio observador o fatocie que eles não usavam redes para dormir,como é comum na maior parte das culturasindígenas brasileiras. Dormiam em esteiras es-tendidas sobre o chão. Quanto à confecçãocie artefatos cie cerâmica, esse não era um com-portamento tecnológico muito desenvolvidonem difundido entre estes índios. No entanto,eram sofisticados na manipulação da arteplumária e portadores de expressivas técnicascie pintura corporal (tatuagens).

Na época em que os portugueses explora-vam ouro e pedras preciosas em Mato Gros-so, no século XVIII, os rios cie Mato Grossocio Sul eram as vias por onde circulavam asmercadorias do comércio monçoeiro, inter-

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Page 66: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Kaiapó Meridional

ligando São Paulo e Cuiabá. Nesse contex-to histórico, os assaltos dos Kaiapó Meridi-onal às Monções bandeirantes constituíram-se em um dos maiores obstáculos a essesistema cie transporte flúvio-comercial. Omomento crítico era quando as mercado-r ias eram desembarcadas das canoasmonóxilas e precisavam transitar pelos"varadouros" terrestres, como o de Cama-

puã, por exemplo. Osprejuízos causados pelosistemático assédio ciosKaiapó Meridional às Monções eram tãoaltos que, para a manutenção cio ciclominerador cuiabano, os colonos luso-brasijleiros os combateram até o extermínio. Des-de meados do século XIX esses índios es-tão extintos no Estado.

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Page 67: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Payaguá

endo Mato Grosso cio Sul vim estadosulcado por muitos e expressivos

» ursos fluviais, como destacamos na intro-J i i c a o deste livro, a hidrografia regionalteve um papel relevante na composição ciomosaico etnográfico sul-mato-grossense.Nrssc sentido, algumas sociedades inclíge-u;is estaduais historicamente desenvolveram.sísiemas culturais adaptados a ambientesl l n v i a i s e inundáveis. Com exceção dos< inalo, todas foram extintas no contato com< > modelo colonizador, no período colonial.IÍMUV essas etnias canoeiras/pescadoras osu-^islros históricos nos permitem destacaros 1'ayaguã. Com isso não queremos dizerq u < - outros grupos étnicos agricultores,roíno os Guarani, por exemplo, desconhe-cessem a navegação fluvial. No entanto,para esies, esse aspecto não era fundamen-u l cm sua cultura material.

Os Payaguã integravam um subgrupolinguístico da família Guaikuru. Era um povo,por excelência canoeiro. Quando da chegada..dos conquistadores espanhóis, no médio CUT-,.

j • '- l ! , ! • • ' i :'! | i" í

só do rio Paraguai, ainda na primeira metadedo século XVI, eram esses índios senhoresabsolutos desse trecho do rio, de suas mar-gens e cio baixo curso cios seus afluentes emterritório brasileiro. Segundo os cronistas dosséculos XVI e XVII, os Payaguã não construíamaldeias, viviam quase que todo o tempo abordo de suas canoas e só desembarcavamdelas, por períodos mais longos, para partici-parem de festas tradicionais ou de confrater-nização étnica, mesmo assim circunscritos àsmargens fluviais ou lacustres. Eram exímiosremadores e nadadores.

Singrando os rios e lagoas do Pantanal ,em comboios de até centenas cie canoas, osPayaguá aliaram-se às demais sociedades

Page 68: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Payaguá Região onde viveram ale fins do século XVIII os índios Payaguá.

Guaikuru na resistência ao avanço da colo-nização ibérica durante os séculos XVI, XVIIe XVIII. A dissolução dessa aliança, na se-gunda metade do século XVIII , e amilitarização das flotilhas fluviais portugue-sas responsáveis pelo comércio monçoeirocom as áreas mineradoras cuiabanas foramos fatores que ocasionaram a quebra da so-berania f luv ia l desses índios sobre ahidrografia pantaneira, franqueando assim alivre navegação em todo o percurso do rioParaguai e do Cuiabá. Porém, até que talocorresse, alguns comboios monçoeiros, com

centenas de pessoas esignificativas quantidadesde mercadorias e cargasde metais preciosos, fo-ram inteiramente dizimados por assaltos ín-idígenas, sem tempo, ao menos, de saíremdo leito do rio.

Esgotados por quase três séculos de con-fronto desproporcional, já em meados do sé-culo XIX os Payaguá estavam praticamente ex-tintos, sobretudo por perderem o controle so-bre o ambiente natural (o rio) de realizaçãode sua cultura.

Page 69: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

A Questão Indígenaem Mato Grosso do Sul

Contemporâneo

Page 70: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

"O problema indígenanão é um problema dos índios,

mas um problema que os 'civilizados'criaram para eles."

Conselho Estadual dosDireitos do índio - CEDIN

ualquer abordagem sobre a proble-mática indígena sul-matogrossense,

no presente, independente da temática sele-i ionada, sempre será polémica. O consenso,•.r ja nas questões causais ou nos encaminha-i MM nos de propostas intervenientes, emboraUiNcado por muitos, ainda está longe de seralcançado. A intromissão de fatores políticos,mirmos. e externos às sociedades indígenas,l a i s como: tradicionais conflitos interétnicos,r ival idades entre lideranças indígenas, dispu-\.\ por espaços entre as entidades indigenistas(governamentais ou não) e a complexidadei n i n ipológica de realidades pluri-étnicas, como

. 1 Tnra Indígena cie Dourados, não facilitama c( mipreensão objetiva do problema, pos-

> i l i l a n d o assim diferentes formas de leitura• n M ' s i no fenómeno, como o que ocorre,, anlo di- ilustração, cm relação aos casos cieíndios nas áreas Guarani/Kaiowá. Sendo as-

sim, o melhor direcionamento para uma dis-cussão pró-ativa é aquele indicado pelo diá-logo amplo e aberto entre as partes envolvi-das na questão.

É necessário sublinhar que os problemassociais e étnicos abrigados por esta realidadesão próprios e específicos cio contexto esta-dual, diferindo inclusive daqueles que se apre-sentam no vizinho Estado de Mato Grosso. Ahomogeneidade não existe nem internamen-te nas áreas aqui abordadas. Cada situaçãoétnica (Guarani/Kaiowá, Guarani/Nhandeva,Terena, etc) manifesta-se com característicassingulares, variando inclusive de aldeia paraaldeia, o que impede qualquer tentativa degeneralização dos problemas, das responsabi-lidades ou das soluções.

Uma análise panorâmica do presente ecio passado indígena em Mato Grosso do Sulpermite-nos esboçar um quadro no qual, de-

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Page 71: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Qualquer fórmula de encaminhamento desoluções para a situação dos índios deverá ser

produto de intervenções públicas corn consultaa todos os setores envolvidos com o problema.

vido à natureza do processo histórico de con-tato intercivilizatório (índios e europeus) aquiocorrido, as cores mais fortes são aquelas pin-celadas pela violência, pelo estrangulamentoespacial e pelo desrespeito ao modo de serindígena. Na história regional, a acomodaçãoforçada dos vários universos étnicos que com-põem o mosaico cultural sul-mato-grossenseindígena ao modelo expansionista e absor-vente da economia agropastoril brasileira, so-bretudo nos últimos cento e cinquenta anos,desintegrou agudamente os sistemas culturaisnativos tradicionais, levando-os a acumularemsignificativas perdas etnográficas e demográ-ficas, implicando, em situações mais graves,na extinção de diversas comunidades, comofoi o caso dos Kaiapó Meridional. Dessa for-ma, a tendência histórica ao desaparecimen-to, facilmente identificada, se usarmos paraefeito de comparação as realidades dos esta-dos brasileiros litorâneos, parecia, até vinteanos atrás, ser irreversível.

No entanto, a retomada do processo de de-mocratização do país, a partir da década de1980, trouxe consigo a discussão das questõesambientais, cia qualidade de vida, das mino-rias excluídas e, no seu âmbito, a situação das

populações indígenas. Com isso, acompanhan-do a trajetória política cie reorganização da.sociedade civil brasileira, dezenas de lideran-ças indígenas, destacando-se entre outras, no \Estado, Marcai Guarani, e entidades represen-tativas dos mesmos, emergiram do silêncio im-posto secularmente e exigiram serem ouvidasnos debates institucionais sobre o que lhesdizia respeito. Em Mato Grosso do Sul, devi-do ao expressivo contingente demográfico in-dígena, o qual é ao mesmo tempo o segmen-to populacional estadual que apresenta, pro-porcionalmente, os mais alarmantes índices demiséria social e existencial e a gravidade dosconflitos fundiários com a sociedadeenvolvente, a politização da questão indígenatornou-se obrigatória.

Hoje, a ameaça real de extinção física eétnica, para a maioria dos índios sul-mato-grossenses, está relativamente afastada, em-bora seja muito preocupante a realidade vi-vida pelas etnias Ofayé e Guató. Processosde etnogênese, como é o caso dos Atikum,em Nioaque, evidenciam as novas perspecti-vas que a questão indígena assume no Esta-do. A progressiva e eficaz organização sócio-política dos Guarani, dos Terena, dos Ofayé,

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Page 72: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

• > • < luató e dos Kadiwéu,os últimos quinze anos,< .encadeou uma vigoro-

,i contra-ofensiva política<|uc resultou na participa-v . io (longe ainda de serkuficiente) das organiza-< 01-s governamentais, se-j .nn cias federais, estaduaisi tu municipais, em progra-mas de educação, saúde,rxic-nsão rural e outros, vi-s: i ndo atenuar a marginali-dade desses cidadãos noi |uc diz respeito às respon-labilidades dos órgãos pú-Nicos e de suas funçõesr<institucionais. Ao mesmo tempo, a campa-n l i ; i permanente pró-índio veiculada pelasorganizações não-governamentais tem con-i ul nlido em muito para a formação de umaopinião pública mais favorável à causa indí-gena. Também a imprensa colaborou parai . i l , t i a medida que tem divulgado denúnciasde violações dos direitos humanos, trabalhis-l;is, incidentes policiais, conflitos sociais com• i segmento envolvente e omissões das auto-l íd i idcs públicas.

Grupe? de índios Kaiowã armados durante a retomada da TI Hrakuá, Bela Vista,no ano de 1980. Foi por liderar essa luta que, em 1983, Marcai de Souza Guarani(ao alto) foi assassinado. Primeiro índio americano a ser recebido pelo Papa JoãoPaulo II, em 1980, Marcai projetou internacionalmente a questão indígena brasileira.

Qualquer fórmula ou encaminhamentode soluções para a ainda crítica situação dosíndios, em Mato Grosso do Sul, será, sobretu-do, produto de um consórcio de intervençõespúblicas orientadas e dirigidas pela consulta atodos os setores (índios e não~índios) envol-vidos com o problema, relembrando, comoum dos pressupostos para tal, o tema da "Cam-panha da Fraternidade", no ano de 1978, quepronunciava que "Á esperança do índio de-pende da consciência do branco".

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Page 73: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Nos últimos vinte anos, a populaçãoindígena sul-mato-grossense cresceu

significativamente, recuperou sua auto-estimae passou a construir o seu próprio futuro.

TERRA INDÍGENA

1.2.3.4.5.6.7.8.9.10.11.12.13.14.15.16.17.18.19.20.21.22.23.24.25.26.27.28.29.30.31.32.33.34.35.36.37.38.39.40.

SucuriyPirakuaCerra MarangatuAldeia CampestreDouradosPanambiPanambizinhoCaarapóGuaímbéRancho JacaréJararaGuacutiAmambaíJaguariAldeia Limão VerdeTaquaperiSete CerrosSassoróGerritoTakuaraty/YvykuarusuJaguapiréPorto LindoPotrero GuaçuPirajuíReserva KadíwéuPilade RebuáCachoeirinhaTaunay/lpegueLimão Verde

LalimaAldeinhaCampo GrandeBuritiBurutizinhoReserva KadiwêuNioaqueDourados

GuatóOfayéNioaque

POVO

Guarani KaiowáGuarani KaiowáGuarani KaiowáGuarani KaiowáGuarani Nandeva / Terena / Guarani KaiowáGuarani KaiowáGuarani KaiowáGuarani Kaiowá / Guarani NandevaGuarani KaiowáGuarani KaiowáGuarani Kaiowá / Guarani NandevaGuarani KaiowáGuarani Kaiowá / Guarani NandevaGuarani Kaiowá í Guarani NandevaGuarani KaiowáGuarani KaiowáGuarani Kaiowá / Guarani NandevaGuarani Kaiowá / Guarani NandevaGuarani Kaiowá / Guarani NandevaGuarani KaiowáGuarani KaiowáGuarani NandevaGuarani NandevaGuarani NandevaTerena / KadiwêuTerenaTerenaTerenaTerenaTerenaTerenaTerenaTerenaTerena

Terena / KmikmauTerenaTerenaGuatóOfayéAtykum

POPULAÇÃO IN", FONTE, DATA) EXTENSÃO MUNICÍPIO (HA)

84 PKG: 98270 PKG: 98200 FUNAI236 PKG: 986.758 PKG: 98551 PKG: 98253 PKG: 982.896 PKG: 98256 PKG: 98505 PKG: 98249 PKG: 98164 PKG: 984.465 PKG: 98150 FUNAI: 99390 Mangolin: 931.600 PKG: 98230 Mangolin: 931.351 PKG: 98186 PKG: 98360 FUNAI: 99429 PKG: 981.859 PKG: 98620 Rei. Identif.: 981.879 PKG: 981.592 Pechincha, M.T.: 981.391 FUNAI: 993.500 Mangolin: 934.601 FUNAI: 99675 PKG: 981.137 FUNAI: 99328 Mangolin: 931.500 Gilson1.783 FUNAI: 99320 FUNAI: 991.300 FUNAI1.980 Mangolin: 93300 FUNAI382 FUNAI: 9958 Funasa: 9970 Silva: 00

535 Maracajú2.384 Bela Vista0 António João9 António João3.475 Dourados2.037 Dourados1.240Douradina3.594 Caarapó717PoníaPorã778 Ponta Porá479 Juti930 Arai Moreira2.429 Amambai405 Amambai660 Amambai1 .886 Amambai8.584 Cel. Sapucaia1.923 Ponta Porá2.040 Eldorado2.609 Paranhos2.349 Tacuru1 .649 Mundo Novo4.025 Paranhos2.118 Sete Quedas538.536 Porto Murtinho208 Miranda2.644 Miranda6.461 Aquidauana4.886 Aquidauana3.000 Miranda4 Anastácio- Campo Grande2.090 Dois Irmãos Buriti í SidrolândiaIQSidrolãndia-Porto Murtinho3.029 Nioque- Dourados10.900 Corumbá1.937 Brasilândia- Nioaque

«6

Page 74: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

Mato Grosso do SulTerras Indígenas

22

Fonte: Instituto Sócioambiental/2000 e FUNAI

Comunidades e Terras Indígenas Guarani

Reserva Kadiwéu

Comunidades e Terras Indígenas Terena

Terra Indígena Guató

Terra Indígena Ofayé

Comunidade Indígena Atikum

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Page 75: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

ConsideraçõesFinais

inalmente, pela breve exposição an-terior das relações intercivilizatórias em

M;ilo Grosso do Sul, no passado, percebe-sede forma transparente duas realidades: a pré-Colombiana, onde a abundância dos recursosn;ih irais do Estado viabilizou uma complexal imensa ocupação humana, equilibrada comou n i lodo, e a colonial e contemporânea onde. 1 disputa pelo espaço passou a significar orxUTmínio dos originais habitantes e a degra-< l,içfio do meio ambiente. Não existe aqui nadade1 singular em relação a outros contextos doNovo Mundo e sim rnais uma confirmação do1 ' i i n i l o r depredatório do modelo económico"ocidental".

"< )vo quebrado não se cola". O conhecimen-in d:i natureza etnológica de Mato Grosso do' ' i i l i- de seu processo etno-histórico, abastece-111 is c< >m os elementos necessários para um exa-n u 1 i k- consciência e tomada de decisão sobre

as opções que, no momento, se apresentampara o futuro. Os desequilíbrios ambientais, hoje,mostram-se como o "feitiço virando-se contrao feiticeiro". Os grandes prejuízos económicos,financeiros e ambientais — produtos de situa-ções irresponsavelmente descontroladas, impre-vistas e até mal intencionadas - têm surpreen-dido significativos investimentos da agro-inclús-tria e do turismo na área estadual.

Provindas da desarmonia ecológica, nomomento, as ameaças à qualidade cie vicianos obrigam a refletir sobre o redireciona-mento do futuro. Garantir a sobrevivênciados atuais povos indígenas, em Mato Gros-so do Sul, de acordo com seu modo de ser,é restaurar o eixo civilizatório. Segundo atradição religiosa Guarani/Kaiowá do sul doEstado, os índios Kaiowã não podem aca-bar, pois se eles acabarem quem irá re/arpara não acabar o mundo?

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Page 76: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

ComentáriosSobre as Fontes Etno-históricas

Sul-Mato-Grossenses

e compararmos com alguns outros es-tados brasileiros, as fontes e a produ-

I ; K > bibliográfica etno-histórica e etnográficaRll-mato-grossense são consideráveis e têm raízeshistóricas. No século XVII, definiu-se o modelodr exploração colonial para a região, elegendo;i mão-de-obra indígena como mercadoria prin-cipal no processo de acumulação cie capitaismercantis. Nessa época os diferentes grupos étni-i •( >s que povoavam o Estado foram abordados,i k1 forma impactante, tanto pelo recrutamentoh trçado de braços para a agricultura colonial,mmo pela ação da catequese católica. A docu-mentação produzida nesse momento, seja comol i >Mtc primária ou como crónica histórica, permi-l i u o registro e a conservação de inestimáveist lepoimentos sobre a realidade étnica aqui cons-umida, inclusive pré-colonial, sobretudo por meio< l< >s vastos e detalhados relatos jesuítas.

No século XVIII, o eixo da economia colo-nia l deslocou-se do nordeste açucareiro para o

complexo mineiro/cuiabano. A complexidadedessa atividade, em termos de relações sociaise administração económica, implicou em umsofisticado mecanismo de controle tributário eestratégico por parte do aparato metropolitano,o qual exigiu a produção de quantitativa docu-mentação, avaliação e aprofundamento do co-nhecimento desse contexto.

O papel histórico desempenhado pelo ín-dio, em Mato Grosso, evoluiu com o SistemaColonial. Na realidade garimpeira mato-grossense, o nativo era um obstáculo às ativi-dades mineradoras, tanto na condição de ocu-pantes precedentes das áreas de lavras, quantocomo intruso e salteador das rotas comerciaisdo Ciclo Monçoeiro. Nessa perspectiva, surgepara o sistema a necessidade de eliminá-lo ou,no mínimo, de expulsá-lo de suas terras para aperiferia do cenário histórico colonial. Dessaépoca, são célebres e abundantes as descrições,partidarizadas, dos conflitos entre os índios o

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Page 77: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

os colonizadores no oeste colonial. Escreveu-se, inclusive, com o objetivo de esclarecer ejustificar o massacre étnico e a eliminação daresistência indígena na defesa de seu habitattradicional.

O período seguinte é marcado pela tentativados índios em sobreviver, mesmo reprocessandoparcelas consideráveis de sua identidade étnica/cultural, pressionados pela expansiva e sufocantefronteira da sociedade envolvente. A leitura queo século XIX fez dos remanescentes étnicos noCentro-Oeste brasileiro é aquela que os enxerga-va como "bugres" a serem integrados nas cama-das inferiores da sociedade do Brasil imperial. Asobservações etnográficas, nessa época, foram for-muladas principalmente pelas autoridades pro-vinciais, com o intuito de mapear as manchasdemográficas indígenas e planejar a expansãoagropastoril sobre as áreas ainda disponíveis. Poroutro lado, ainda nesse século, uma significativae valiosa coleção de trabalhos descritivos e ilus-trados, sobre a realidade etnográfica de então, foiconstruída sob o olhar de diversos viajantes es-trangeiros que por aqui passaram, em décadasdistintas do século XIX, na condição cie naturalis-tas e/ou exploradores, completando o paineletnográfico dessa conjuntura. Entre esses desta-camos, como exemplos, Castelnau, Florence,Langsdorf, D'Qrbigny, Taunay e Boggiani.

No início do século XX já estavam elabora-das as bases conceituais cia etnologia científica.

Mais uma vez, a região cie Maio (Imss< > d< > Sul,devido a sua significativa população indiiyn.i,atraiu a atenção de estudiosos nacionais r CN-trangeiros, os quais documentaram o ng iu lomomento que o mosaico étnico estadual alrii-vessava, isto no que diz respeito à conscrviicilodemográfica e cultural. São inestimáveis puni Q]

conhecimento da etno-história contemporfmr;ios trabalhos de Nimuendaju, Baldus, Gruml x TH,Metraux, Schmidt e Rondon. Aprofundando ftleitura dos textos dos observadores anteriormen-te citados, os quais foram os pioneiros d:ietnografia moderna, nos anos 30, 40 e 50 éque se produziram as primeiras análises históri-cas/etnográficas de pesquisadores ligados à co-munidade universitária, tais como Levy Stnuiss,Schaden e Darcy Ribeiro, que, de certo mo-do, foram os referenciais dos formadores d;isatuais gerações académicas.

No atual momento, além da contribuiçãoesporádica cios órgãos locais de imprensa, so-mam-se os textos oriundos das experiências deentidades indigenistas, governamentais ou não,bem como monografias e dissertações geradasem cursos universitários cie pós-graduação.

A seguir, arrolamos algumas indicações biblio-gráficas básicas referentes à arqueologia e à etno-história dos grupos indígenas sul-mato-grossenses,como sugestão para estudos preliminares, sem,no entanto, deixar cie ressaltar que a listagem aquiapresentada é preliminar e subjetiva.

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Page 78: Livro breve painel etno hsiotirco de ms

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No início do século XVI, por ocasião do"descobrimento" do Brasil, o território do atualEstado de Mato Grosso do Sul era densamentepovoado por índios Guarani, Guató, Ofayé,Kaíapó Meridional, Payaguá e outrassociedades indígenas.

No entanto, é muito provável que a presença dohomem na região supere dez mil anos.

Dos vestígios arqueológicos à situação atual daspopulações indígenas remanescentes, neste"Breve Painel", Gilson Rodolfo Martins faz umrelato etno-h isto rico do processo de ocupação deMato Grosso do Sul na convicção de que é precisoconhecer o passado para melhordecidir sobre o futuro.