linfoma canino: classificaÇÃo histopatolÓgica ... · universidade federal de goiÁs escola de...

55
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL LINFOMA CANINO: CLASSIFICAÇÃO HISTOPATOLÓGICA, IMUNOFENOTIPAGEM E EXPRESSÃO DE p53 Ricardo Guimarães Pecego Orientador: Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno GOIÂNIA 2012

Upload: others

Post on 04-May-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

LINFOMA CANINO: CLASSIFICAÇÃO HISTOPATOLÓGICA,

IMUNOFENOTIPAGEM E EXPRESSÃO DE p53

Ricardo Guimarães Pecego

Orientador: Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno

GOIÂNIA

2012

ii

RICARDO GUIMARÃES PECEGO

LINFOMA CANINO: CLASSIFICAÇÃO HISTOPATOLÓGICA,

IMUNOFENOTIPAGEM E EXPRESSÃO DE p53

Dissertação apresentada para

obtenção do título de Mestre em

Ciência Animal junto à Escola de

Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás

Área de concentração:

Patologia, clínica e cirurgia animal

Orientador:

Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno

Comitê de orientação:

Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo – EVZ/UFG

Prof. Dr. David Jendiroba – FM/UFG

GOIÂNIA

2012

iii

RICARDO GUIMARÃES PECEGO

Dissertação defendida e aprovada em 21/12/2012, pela Banca

Examinadora constituída pelos professores:

iv

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Adilson Damasceno, agradeço por toda

disponibilidade, orientação, apoio ao desenvolvimento deste tema e pela grande

amizade que se formou.

Ao meu co-orientador Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araujo pela

transmissão de conhecimento que permitiram a realização desta dissertação.

Ao meu amigo e também Co-orientador Prof. Dr. David Jendiroba (in

memoriam) pelo profissionalismo e pela grande sabedoria.

Aos professores da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG, em

especial ao Setor de Patologia Animal, pela disponibilidade e pelo ambiente de

camaradagem, pelo profissionalismo vivido e pelas experiências compartilhadas.

Um especial agradecimento à Vanessa da Cruz Pimenta, pelo carinho e por estar

sempre presente quando precisei.

À Yandra Cássia Lobato do Prado pela ajuda na realização da

imunoistoquímica.

Às estagiárias Juliana Carvalho de A. Borges e Patricia de Almeida

Machado pela disponibilidade, colaboração e comprometimento com o projeto. Ao

Danilo Rezende e Silva pela colaboração com a leitura e fotografias das lâminas

histológicas.

Ao Dr. Sebastião Alves Pinto do Laboratório de Anatomia Patológica do

INGOH, pelo inestimado auxílio na confecção e leitura das lâminas histológicas.

Ao Prof. Marcos de Almeida Souza e ao Prof. Edson Molleta Colodel,

do Laboratório de Patologia Veterinária da Faculdade de Agronomia e Medicina

Veterinária da Universidade Federal do Mato Grosso por terem cedido gentilmente

as amostras.

À minha companheira de todos os momentos, Vanuzza Correa Costa,

pelo apoio e pela paciência sempre demonstrada.

À minha família, meus filhos, meus irmãos e em especial a meus pais

pelo melhor que me proporcionaram, amor, caráter e educação. Beijo no coração.

v

Enfim, a todos que colaboraram direta ou indiretamente e que por um

equívoco não foram citados, mas que tiveram importância na realização deste

trabalho.

vi

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – REVISÃO DE LITERATURA .......................................................... 1

1.1 Aspectos gerais do Linfoma Canino .................................................................. 1

1.2 Proteína p53...................................................................................................... 7

1.2.1 Mutação da p53 ............................................................................................. 9

1.2.2 Inibição da função da p53 ............................................................................ 10

1.3 Referências ..................................................................................................... 11

1.4 Objetivos ......................................................................................................... 17

1.4.1 Geral ............................................................................................................ 17

1.4.2 Específicos ................................................................................................... 17

CAPÍTULO 2 – PERFIL DE EXPRESSÃO IMUNOISTOQUÍMICA DE p53 EM

DIFERENTES TECIDOS DE CÃES COM LINFOMA T E B .................................. 18

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 19

MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 21

Obtenção das amostras ........................................................................................ 21

Histologia .................................................................. Erro! Indicador não definido.

Imunoistoquímica .................................................................................................. 22

RESULTADOS ...................................................................................................... 24

Histologia .............................................................................................................. 24

Imunofenotipagem ................................................................................................ 26

Expressão de p53 ................................................................................................. 29

DISCUSSÃO ......................................................................................................... 32

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 35

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 35

CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 41

vii

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 2

Figura 1 - Fotomicrografia de tecidos caninos com linfoma maligno (HE, obj. 40x). (A) linfoma difuso de grandes células pleomórfico (LDGC) de partes moles mostrando células grandes monomorfas com nucléolos proeminentes e citoplasma basofílico; (B) linfoma de Burkitt em linfonodo tipicamente composto de células linfóides de tamanho médio com uma fração elevada de proliferação, entremeada de macrófagos contendo debris celulares (seta); (C) linfoma T angio-imunoblástico de pele, mostrando células de morfologia variável, incluindo células “claras“ atípicas com núcleo dentado e citoplasma abundante e pálido; (D) linfoma de zona marginal esplênico (LZME) caracterizado pela presença de células pequenas centrocíticas-like, células monocitóides, linfócitos e plasmócitos................................................................... 25

Figura 2 - Fotomicrografia de tecidos caninos com linfoma maligno imunomarcados com anticorpos anti-CD79a (CD79a+; anti-B) e anti-CD3 (CD3+; anti-T) (IHQ - DAB com hematoxilina; obj. 40x). Linfoma de Burkitt em linfonodo exibindo marcação positiva para CD79a (A) e negativa para CD3 (B) em linfócitos neoplásicos; Linfoma de grandes células em pele, padrão paniculítico, apresentando marcação negativa para CD79a (C) e positiva para CD3 (D); Linfoma difuso de grandes células pleomófico (LDGC) em partes moles caracterizado por marcação positiva para CD79a (E) e CD3 (F), denominada dupla marcação...................... 28

Figura 3 - Fotomicrografia representativa da expressão imunoistoquímica de p53 positiva em linfoma de células T em pele (A), linfoma de células B em pele (B), linfoma de células T e B em partes moles (C) e negativa em linfoma de células T em pulmão (D) (IHQ - DAB sem hematoxilina; obj. 40x)................................................... 31

viii

LISTA DE QUADROS

CAPÍTULO 1

Quadro 1 - Sistema de estágios clínicos para linfoma maligno em animais domésticos segundo a OMS ……………………………………….. 3

Quadro 2 - Classificação histológica dos tumores do sistema linfóide dos animais domésticos segundo a OMS ……………………………... 5

CAPÍTULO 2

Quadro 1 - Especificações dos anticorpos primários anti-CD79a, anti-CD3 e anti-p53 utilizados na técnica de imunoistoquímica para linfoma em diferentes tecidos caninos…………………………………………………. 23

Quadro 2 - Resultado da análise histológica e da imunofenotipagem das amostras de tecidos caninos (n=26) com linfoma não-Hodgkin conforme a Classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS)... 27

Quadro 3 - Média da marcação da proteína p53 expressa na unidade pixels/polegada, em ordem decrescente, em amostras (n=26) de tecidos caninos com linfoma não-Hodgkin conforme a Classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS)………………………………. 30

ix

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2

Tabela 1 - Resultado dos testes de normalidade e da análise de variância das médias de expressão da densidade óptica (pixels/polegada) de marcação da proteína p53 em amostras (n=26) de tecidos caninos com linfoma...................................................................... 31

x

RESUMO

O linfoma representa uma das mais frequentes neoplasias encontradas em cães. Para definição dos tipos histológicos de linfoma em animais recomenda-se a classificação da Organização Mundial da Saúde. Contudo, a imunofenotipagem deve ser empregada para determinar a presença de uma população homogênea de células de mesmo fenótipo (T ou B) com vistas ao prognóstico e tratamento. Ademais, ainda para fins de prognóstico, pode-se avaliar o perfil de expressão imunoistoquímica da proteína p53 mutante, que aumentada induz a perpetuação de linhagens celulares anormais. O objetivo do estudo foi determinar o imunofenótipo dos linfomas caninos classificados pela OMS e relacionar os subtipos histológicos com a imunoexpressão da p53. Neste sentido, vinte e seis blocos de parafina contendo fragmentos de diferentes tecidos de cães foram classificados por meio de histologia e imunofenotipagem e avaliados quanto a expressão de p53 por imunoistoquímica. O linfoma estava presente em diversos tecidos caninos, partes moles (26,9%), pele (19,2%), baço (19,2%), fígado (7,7%), tecidos linfoides (7,7%), rim (7,7%), sistema nervoso central (3,8%), pulmão (3,8%) e linfonodo (3,8%). Na imunofenotipagem verificou-se que a maioria foi do tipo B (57,7%), sendo que o tipo T correspondeu a 34,6% e duas amostras (7,7%) apresentaram dupla marcação. A expressão de p53 foi detectada em 18 amostras (69,2%), sendo 10 amostras (38,5%) de linfoma de células B e 6 amostras (23,1%) de linfoma de células T. Oito amostras (30,7%) foram negativas para a expressão da p53. As amostras que apresentaram dupla marcação para T e B expressaram marcação para p53 (7,7%). Não houve diferença na expressão imunoistoquímica da proteína p53 nos diferentes subtipos histológicos de linfoma de células B e T em diferentes tecidos de cães.

Palavras-chave: antígeno CD3, antígeno CD79, canidae, imunofenotipagem,

linfoma maligno, linfoma não Hodgkin, neoplasias

xi

ABSTRACT

Lymphoma is one of the most frequent neoplasms in dogs. Histological types of lymphoma in animals are determinated according to the classification recommended by the World Health Organization. However, immunophenotyping should be used to determine the presence of a homogeneous population of cells with the same phenotype (T or B) aiming at prognosis and treatment. Moreover, for prognostic purposes, the immunohistochemical expression profile of mutant p53 protein, whose elevation induces the perpetuation of abnormal cell lines, should be evaluated. The purpose of the present study was to determine the immunophenotype of canine lymphomas classified according to the WHO Classification and associate the histological subtypes with immunoexpression of p53. Thus, twenty-six paraffin blocks with fragments of different tissues of dogs were classified by means of histology and immunohistochemical and evaluated for p53 expression by immunohistochemistry. Lymphoma was present in various canines tissues, soft tissues (26.9%), skin (19.2%), spleen (19.2%), liver (7.7%), lymphoid tissues (7.7%), kidney (7.7%), central nervous system (3.8%), lungs (3.8%) and lymphnode (3.8%). Immunophenotyping study revealed that most of them were B-cell lymphoma (57.7%), and 34.6% were T-cell lymphoma and two samples (7.7%) showed double staining. Expression of p53 was detected in 18 samples (69.2%), ten samples (38.5%) were B-cell lymphoma and six samples (23.1%) were T-cell lymphoma. Eight samples (30.7%) were negative for p53 expression. The samples that showed double staining for T and B expressed marking for p53 (7.7%). There were no differences in immunohistochemical expression of p53 protein in the histologic subtypes of B-cell lymphoma and T-cell lymphoma in different tissues of dogs.

Keywords: antígen CD3, antígen CD79, canidae, immunophenotyping, malignant

lymphoma, neoplasms, non Hodgkin lymphoma.

CAPÍTULO 1 – REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Aspectos gerais do Linfoma Canino

O linfoma, também conhecido como linfoma maligno, linfossarcoma ou

linfoma não-Hodgkin (LNH), corresponde a um grupo de neoplasias que têm em

comum sua origem nas células linfóides que sofrem transformação na fase de

desenvolvimento. Os órgãos linfóides primários, como timo e medula óssea, e os

órgãos linfóides secundários, como baço e linfonodos, são os principais sítios da

transformação neoplásica, mas pode ocorrer em quase todos os órgãos do corpo

(VAIL & YOUNG, 2007).

O linfoma representa uma das mais frequentes neoplasias

encontradas em cães (GREENLEE et al., 1990). A incidência anual nos Estados

Unidos tem sido estimada em 13 a 24 casos por 100.000 cães, sendo que para

idades específicas estima-se 1,5 casos por 100.000 cães com menos de 1 ano

de idade e 84 casos por 100.000 em idades variando entre 10 e 12 anos. Além

disso, verifica-se que o linfoma atinge cães das mais variadas raças, como

Boxer, Rottweiller, Poodle, Beagle, São Bernardo entre outros (DHALIWAL et al.,

2003), representando 83% dos tumores de origem hematopoética e 24% de

todas as formas de câncer (VAIL & YOUNG, 2007). Um baixo risco de ocorrência

tem sido relatado em fêmeas não castradas mas, a maioria das pesquisas

mostra que o gênero não é um fator importante de risco (PARODI et al., 1968;

PRIESTON & MCKAY, 1980).

A etiologia do linfoma no homem tem como fatores, a predisposição

genética, a exposição a agentes carcinogênicos e virus, que levam à ativação de

proto-oncogenes e/ou à inativação de genes supressores de tumor, facilitando o

desenvolvimento da neoplasia. Em cães, a causa do linfoma ainda é

desconhecida mas, acredita-se que seja de origem multifactorial, sendo que as

causas mais prováveis estão ligadas a aberrações cromossomiais, à

imunossupressão crônica e à exposição a agentes químicos (solventes

orgânicos, herbicidas, dentre outros). Ainda, pelo fato de que há muitos anos o

2

compartilhamento do espaço de convivência entre seres humanos e caninos tem

se mostrado mais íntimo ou próximo, o papel de fatores ambientais deve ser

melhor avaliado nos estudos epidemiológicos do linfoma canino (VAIL &

YOUNG, 2007).

Seguindo a proposta da Organização Mundial de Saúde (OMS), o

linfoma canino é classificado anatomicamente, de acordo com sua origem, em

multicêntrico, mediastinal, alimentar, cutâneo e extranodal (VONDERHAAR &

MORRISON, 2002). A mais comum, ocorrendo em mais de 80% dos casos, é

multicêntrica, seguida da alimentar, mediastínica e cutânea. A forma extranodal é

menos prevalente, inferior a 18% dos casos (PONCE et al., 2010) e pode ocorrer

em qualquer tecido ou órgão que não os órgãos linfóides (VAIL & YOUNG,

2007).

O estadiamento do linfoma em animais domésticos proposto pela

OMS compreende a extensão da doença em outros órgãos e a sintomatologia

(Quadro 1), fundamentando-se em parâmetros clínicos, laboratoriais, exames de

imagens e avaliação histopatológica (GREENLEE et al., 1990). Os

estadiamentos mais frequentes em cães são os quadros mais avançados, III, IV

e V, em virtude da provável inabilidade dos proprietários em identificar as

manifestações da doença em fase inicial, o que reflete diretamente no

prognóstico, pois alguns estudos demonstraram que cães com estágios IV e V

apresentaram uma sobrevida mais curta (TESKE, 1994).

Ao longo do tempo têm sido feitas várias tentativas de classificar o

linfoma multicêntrico com base em critérios citológicos, histológicos e

imunofenotípicos. Desta forma foram feitas adaptações à classificação humana

de modo a permitir sua aplicação na espécie canina (DOBSON et al., 2001).

As abordagens clínicas ao linfoma mostraram-se insuficientes para

estabelecer o prognóstico destes tumores e assim, as correlações anatomo-

clínicas foram estabelecidas em bases de classificação utilizando dados

morfológicos e/ou imunológicos. Os linfomas de fenótipo B são caracterizados

pela expressão de antígenos de diferenciação pan-B (CD19, CD20, CD22,

CD79a) e a expressão de imunoglobulinas de superfície ou citoplasmáticas. Os

3

linfomas de células T são identificados por antígenos pan-T (CD2, CD3, CD7) e

por antígenos de diferenciação funcional (CD4, CD8) (VAIL & YOUNG, 2007).

QUADRO 1 – Sistema de estágios clínicos para linfoma maligno em animais

domésticos segundo a OMS.

ESTADIO CARACTERÍSTICA

I Envolvimento limitado à apenas um linfonodo ou tecido linfóide de

um órgão, excluindo medula óssea

II Envolvimento dos linfonodos de uma determinada região, com ou

sem envolvimento das tonsilas

III Envolvimento generalizado dos linfonodos

IV Envolvimento do fígado e baço, com/sem o estadio III

V Manifestação no sangue e envolvimento da medula óssea e/ou de

outros órgãos, com/sem o estadio I ao IV

Sub-estadio

a

b

Sem sinais clínico

Com sinais clínicos (febre, anorexia e emaciação)

Fonte: DOBSON & LASCELLES (2011).

De acordo com VALLI et al. (2002), as primeiras classificações de

referência dos linfomas foram realizadas por RAPPAPORT (1966) e depois por

LENNERT (1967), que a denominou de classificação de Kiel. Novas

classificações foram propostas por vários hematopatologistas com divergências

na identificação dos tipos celulares o que conduziu a controvérsias. Em 1982, a

proposta de uma classificação de uso clínico permitiu encontrar correspondência

entre seis classificações mais utilizadas em base exclusivamente morfológicas.

Esta classificação, nominada de Working Formulation (WF) foi reconhecida em

escala internacional, sobretudo nos Estados Unidos, já que os europeus

utilizavam a classificação de Kiel atualizada, que se baseia em critérios tanto

morfológicos quanto imunológicos. Nesta celeuma, o Instituto Nacional do

Câncer dos Estados Unidos conseguiu adaptar as classificações Working

Formulation e a de Kiel atualizada para tumores caninos com grande sucesso.

4

Os progressos consideráveis da imunologia, da citogenética e a introdução da

biologia molecular permitiram um melhor conhecimento de formas já definidas,

culminando em 1994 com a proposta de classificação denominada Classificação

Euro-Americana Revisada das Neoplasias Linfóides (REAL - Revised European-

American Classification of Lymphoid Neoplasms).

Vários sistemas histológicos têm sido utilizados para classificar os

linfomas em cães. A OMS, em 2002, publicou uma classificação de linfoma

maligno, tendo como base a classificação REAL, para a definição de categorias

histológicas para os tumores hematopoiéticos nos animais domésticos cuja

utilização tem sido cada vez maior. Este sistema passou a acompanhar a

classificação humana com o objetivo de facilitar o intercâmbio de conhecimentos

e a realização de estudos comparativos entre medicina e medicina veterinária,

pois incorpora tanto os critérios morfológicos quanto os imunológicos (VALLI et

al., 2002; VALLI et al., 2011). A classificação dos tumores do sistema linfóide

para os animais domésticos encontra-se descrita no Quadro 2.

Existem poucos estudos correlacionando a morfologia celular com

prognóstico dos linfomas caninos, porém, sabe-se que o grau histológico pode

ser considerado um indicador prognóstico. Os cães com linfoma de baixo grau

tendem a apresentar maior tempo de sobrevida, mas somente uma pequena

porcentagem (5,3 a 29%) dos linfomas apresenta esta característica histológica.

Entretanto, os linfomas de alto grau têm maiores taxas de remissão em

comparação aos de baixo grau, mas em uma taxa mais baixa de sobrevida livre

de doença (TESKE, 1994; VAIL & YOUNG, 2007).

5

QUADRO 2 - Classificação histológica dos tumores do sistema linfóide dos

animais domésticos segundo a OMS. Neoplasias linfóides das células B Neoplasias linfóides das células T

Neoplasias de células B precursoras Neoplasias de células T/NK precursoras

Leucemia/linfoma linfoblástico de células B Leucemia/linfoma linfoblástico de células T

Neoplasias de células B maduras Neoplasias de células T/NK maduras

Leucemia/linfoma linfocítico crônico de células B Distúrbios linfoproliferativos de células grandes e

granulares:

Leucemia linfocítica crônica de células T

Linfoma/leucemia linfoproliferativa de células T

grandes granulares.

Leucemia linfocítica crônica de células NK

Linfoma linfocítico do tipo intermediário de células B Neoplasias cutâneas de células T

Linfoma cutâneo epiteliotrópico

Linfoma cutâneo não-epiteliotrópico

Linfoma linfoplasmocítico Linfoma de células T extranodal/periférico

Tipo linfóide misto

Tipo inflamatório misto

Linfomas foliculares Linfoma/leucemia de células adultas tipo células T

Linfoma das células do manto

Linfoma folicular de células centrais tipo I, II ou III

Linfoma nodal da zona marginal

Linfoma nodal esplênico da zona marginal

Linfoma extranodal da zona marginal do tecido

linfóide associado às mucosas ( MALT )

Linfoma angioimunoblástico

Leucemia de Hairy cells ou de Células Cabeludas Linfoma angiotrópico

Linfoma angiocêntrico

Linfoma angioinvasivo

Tumores plasmocíticos Linfoma intestinal de células T

Plasmocitoma indolente

Plasmocitoma anaplásico

Mieloma de células plasmáticas

Linfoma de células B grandes Linfoma anaplásico de células grandes

Linfoma de células B rico em células T

Linfoma imunoblástico de células grandes

Linfoma difuso de células B grandes

Linfoma tímico de células B ( mediastínico )

Linfoma intravascular de células B grandes

Linfoma de células B de alto grau tipo Burkitt

Fonte: VALLI et al. (2002)

6

A imunofenotipagem é usada para a identificação de marcadores de

linfócitos empregando anticorpos específicos para o reconhecimento dos

diferentes tipos celulares, uma vez que, a sensibilidade para detecção, até

mesmo precoce, de células tumorais entre uma população de células não

neoplásicas, pelos métodos citológicos e histológicos é limitada. Como exemplo,

o anticorpo monoclonal anti-CD3 identifica os linfomas de células T e o anticorpo

monoclonal anti-CD79a reconhece os linfomas de células B (DICKINSON, 2008).

Desse modo, pode-se determinar a presença de uma população homogênea de

células com o mesmo fenótipo (T ou B), essencial ao diagnóstico do linfoma

(VAIL & YOUNG, 2007). As características histológicas, imunológicas e a

resposta à terapia dos linfomas são semelhantes no cão e no homem, sendo que

nos cães, os linfomas ocorrem com maior frequência e o linfoma T tem pior

prognóstico (KIUPEL et al., 1999; CALAZANS, 2009). O imunofenótipo de células

T corresponde a 30% dos linfomas humanos e 23% no cão (SUEIRO et al.,

2004).

Também como parâmetro prognóstico, a imunofenotipagem é

importante, já que existem diferenças na apresentação clínica e na resposta ao

tratamento entre linfomas de células B e T (KIUPEL et al., 1999). Os linfomas

caninos de células T são biologicamente mais agressivos resultando em tempo

livre de progressão e de sobrevida mais curtos (SUEIRO et al., 2004).

Na ausência de quimioterapia, a sobrevida superior a um mês após o

diagnóstico é incomum em cães e gatos. Embora o linfoma seja altamente

heterogêneo, tanto clinicamente quanto histologicamente, como nos linfomas

não-Hodgkin em humanos, é considerada uma malignidade quimioresponsiva no

cão (MACEWAN, 1990).

Indicadores de diagnóstico e prognóstico tem sido descritos para

auxiliar no manejo clínico dos cães com linfoma (GREENLEE et al., 1990;

KUIPEL et al., 1999; DOBSON et al., 2001). A avaliação imunoistoquímica dos

linfomas humanos fornece aos pesquisadores importantes informações para o

diagnóstico e prognóstico não determinados apenas pelo estádio clínico. Várias

alterações da proteína p53 são consistentemente associadas a subgrupos

7

histológicos ou imunológicos específicos dando uma maior confiabilidade ao

diagnóstico e/ou prognóstico. Alterações na expressão de p53 têm sido descritas

em linfócitos de cães com linfoma, entretanto, pequeno número de casos tem

sido estudado (HAHN et al., 1994).

1.2 Proteína p53

A intensidade da expressão de p53 está relacionada ao grau

histológico do linfoma canino, sendo maior nos linfomas de célula T (SUEIRO et

al., 2004).

O gene supressor de tumor TP53 (Tumor Protein 53) localizado no

cromossoma 17p13.1 na espécie humana e no cromossomo 5 na canina codifica

a proteína p53 (phosphoprotein 53) (GUEVARA-FUJITA et al., 1995; MAXIMOV

& MAXIMOV, 2008). O TP53 é um gene regulador de uma extensa rede que

controla a integridade do genoma frente a danos celulares, como alterações

cromossômicas, depleção de metabólitos, choque térmico, hipóxia,

oncoproteínas virais e ativação de oncogenes celulares, agindo como um

verdadeiro guardião do genoma (MENENDEZ et al., 2007; MAXIMOV &

MAXIMOV, 2008; FERREIRA & ROCHA, 2010). A variedade de fatores, como o

estresse e cofatores de transcrição pode influenciar a interação direta entre p53

e o reparo ao DNA (VOGELSTEIN et al., 2000).

A sequência do gene TP53 e a expressão da p53 foram analisadas

em amostras de neoplasia, linfonodo e bulbo piloso de tecido normal de 12 cães

com linfoma canino. A imunomarcação de p53 foi obtida pela imunoistoquímica e

a sequência do gene por extração do DNA genômico e PCR (CALAZANS, 2009).

A maioria (90%) dos linfomas expressou a p53. O único linfoma que não

apresentou marcação foi classificado como centrocítico-centroblástico, com baixo

grau de malignidade. As maiores expressões ocorreram nos cães com menor

tempo de sobrevida, associando a imunomarcação de p53 com o prognóstico

desfavorável (CALAZANS, 2009).

Tais eventos ocorrem durante o desenvolvimento do câncer e

8

resultam em mudanças biológicas, como o equilíbrio entre a apoptose e a

sobrevivência celular (MENENDEZ et al., 2007; PETITJEAN et al., 2007),

tornando as células tumorais geneticamente instáveis, acumulando rearranjos

cromossômicos desequilibrados (PAMPALONA et al., 2012).

A proteína p53 está diretamente relacionada ao bloqueio do ciclo

celular no caso de dano ao DNA. Esta proteína sinaliza o bloqueio do ciclo

celular no ponto de checagem na fase G1/S (G = Gap - Intervalo/S= Synthesis -

Síntese). O ponto de checagem corresponde a um mecanismo para impedir a

formação de células anômalas. A p53 possui vários mecanismos para efetuar o

reparo ou induzir a apoptose, e diferentes fatores induzem a p53 a gerar a

resposta celular mais adequada (ZÖRNIG et al., 2001; BROOKS & GU, 2003;

WU et al., 2006; MAXIMOV & MAXIMOV, 2008).

A p53 foi a primeira proteína não-histona, ou seja, que permanece

após as histonas serem removidas, regulada por acetilação e desacetilação. Os

níveis de acetilação da p53 aumentam, significativamente, em resposta ao

estresse. Na ausência de estresse celular, a proteína p53 é mantida em baixos

níveis, sem exercer efeito sobre o destino da célula (LUO et al., 2000; OREN,

2003).

Os tipos de estresse que promovem a ativação da p53 incluem as

condições associadas com a iniciação e progressão do câncer. Desta forma, p53

é um ativador de transcrição de sequência específica, pois se liga a elementos

dentro do genoma e ativa a transcrição de genes que residem nas imediações

dos locais de ligação. Existe um contexto celular, dentre eles a disponibilidade de

sinais de sobrevivência, definido por eventos de sinalização intra e

extracelulares, que promove alterações genéticas e afeta o estado funcional da

p53 (OREN, 2003).

As alterações genéticas que tenham impacto sobre a competência de

outras proteínas associadas à apoptose, o controle do ciclo celular e o reparo de

danos ao DNA, são capazes de modular a ação da p53, bem como o resultado

da ativação biológica e suas múltiplas interações para controlar o crescimento

das células neoplásicas (OREN, 2003).

9

Quando as células sofrem agressão, a p53 se acumula no núcleo,

onde pode regular os seus alvos de transcrição para induzir os eventos como

apoptose e parada do ciclo celular (ZHANG & XIONG, 2001). Assim, na célula, o

núcleo é a principal localização da p53, onde promove a transativação dos

genes-alvo. No entanto, a p53 também pode ter alguma função de transcrição no

citoplasma e, raramente, para a indução da apoptose, será encontrada na

membrana plasmática (ERSTER et al., 2004). Em células normais, a

concentração nuclear de p53 encontra-se abaixo dos valores detectáveis por

estudos imunoistoquímicos, por sua vez, a p53 mutante se acumula nas células

por ser eliminada lentamente, o que permite sua detecção imunoistoquímica (DE

NARDI, 2007).

1.2.1 Mutação da p53

Em resposta ao estresse, a acetilação de p53 pode induzir a

acetilação da lisina 120, dentro do domínio de ligação ao DNA, interferindo na

capacidade de interromper o crescimento celular (TANG et al., 2006).

A inativação da via p53 no câncer frequentemente ocorre pela

expressão da proteína p53 mutante, não funcional (ANDREOTTI et al., 2011) em

decorrência de mutações do gene TP53, que combinadas com diferentes

polimorfismos, exercerão efeitos anti-apoptóticos e, assim, garantirão a

sobrevivência das células neoplásicas (PIETSCH et al., 2006; WU et al., 2006;

KIM et al., 2009). As mutações podem ser herdadas ou ocorrerem após

exposição à carcinógenos ambientais ou agentes infecciosos, dentre outros

(CADWELL & ZAMBETTI, 2001).

A p53 mutante ocorre em mais de 50% das neoplasias e está

associada à pior sobrevida global livre de doença e tem sido implicada na

resistência às terapias anti-neoplásicas, podendo então, sua expressão indicar

um prognóstico desfavorável (NGUYEN et al., 1996; ZÖRNIG et al., 2001;

MILLER et al., 2005; SOUSSI & LOZANO, 2005). Neste sentido, o aumento da

frequência de p53 mutante em um nódulo inflamatório não tumoral, pode ser

10

considerado como um marcador de aumento da susceptibilidade ao câncer

(HUSSAIN et al., 2000).

1.2.2 Inibição da função da p53

A proteína p53 tem sua função supressora de tumor regulada de

forma negativa pela ação do gene Mdm2 (Murine Double Minute 2), um proto-

oncogene superexpresso na maioria dos tumores humanos (BROOKS & GU,

2006; TANG et al., 2008), que levará à ubiquitinação da extremidade carboxi-

terminal da p53, o que induzirá sua exportação do núcleo para o citoplasma,

onde se acumulará até ser degradada por proteossomas. Tal situação explica a

esporádica expressão imunoistoquímica citoplasmática da p53 em condições

normais e o aumento de sua expressão citoplasmática nos linfomas, que a

qualifica como fator preditivo para formas mais agressivas de tumor (ZHANG &

XIONG, 2001; TEIXEIRA et al., 2011).

Segundo TANG et al. (2008), a acetilação da p53 é suficiente para

revogar a repressão de Mdm2 durante a resposta ao estresse. Além disso, a

acetilação e interação de p53 com Mdm2, no DNA, resultam na ativação de p53,

independentemente do seu estado de fosforilação. Desta forma, as funções de

transcrição da p53 podem ser restauradas pela inativação de Mdm2.

11

1.3 Referências

1. ANDREOTTI, V.; CIRIBILLI, Y.; MONTI, P.; BISIO, A.; LION, M.; JORDAN,

J.; FRONZA, G.; MENICHINI, P.; RESNICK, M. A.; INGA, A. p53

transactivation and the impact of mutations, cofactors and small molecules

using a simplified yeast- based screening system. PLoS One, San Francisco,

v. 6, n. 6, p. e20643, 2011.

2. BROOKS C.L.; GU, W. Ubiquitination, phosphorylation and acetylation: The

molecular basis for p53 regulation. Current Opinion in Cell Biology,

London, v. 15, p.164-171, 2003.

3. CADWELL, C.; ZAMBETTI, G. P. The effects of wild-type p53 tumor

suppressor activity and mutant p53 gain-of-function on cell growth. Gene,

Philadelphia, v. 277, n. 1-2, p. 15-30, 2001.

4. CALAZANS, S. Análise mutacional do gene supressor de tumor TP53 e

imunorreatividade da p53 em linfomas caninos. 2009. 71f. Tese

(Doutorado em Cirurgia Veterinária) - Universidade Estadual Paulista,

UNESP.

5. DE NARDI, A. Correlação da Ciclooxigenase-2 com Ki-67, p53 e

caspase- 3 nas neoplasias de mama em cadelas. 2007. 110 f. Tese

(Doutorado em Ciência Veterinária) - Universidade Estadual Paulista,

UNESP.

6. DHALIWAL, R. S.; KITCHELL, B. E.; MESSICK, J. B. Canine

lymphosarcoma: clinical features. The Compendium on Continuing

Education for the Practicing Veterinarian, Princeton, v. 25, n. 8, p. 572-

583, 2003.

12

7. DICKINSON, R. M. Canine lymphosarcoma: Overcoming diagnostic

obstacles and introduction to the latest diagnostic techniques. The Canadian

Veterinary Journal, Ottawa, v.49, n. 3, p. 305-308, 2008.

8. DOBSON, J.; BLACKWOOD, L. B.; MICLNNES, E. F.; BORTOCK, D. E.;

NICHOLLS, P.; HOATHIN, T. M.; TOM, B. D. Prognostic variables in canine

multicentric lymphosarcoma. Journal of Small Animal Practice, Oxford,

v.42, p. 377-384, 2001.

9. DOBSON, J. M.; LASCELLES, B. D. X. Manual of Canine and Feline

Oncology. 3. ed., London: BSAVA, 2011. 376p.

10. ERSTER, S.; MIHARA, M.; KIM, R. H.; PETRENKO, O.; MOLL, U. M. In vivo

mitochondrial p53 translocation triggers a rapid first wave of cell death in

response to DNA damage that can precede p53 target gene activation.

Molecular and Cellular Biology, Washington, v. 24, n. 15, p. 6728-6741,

2004.

11. FERREIRA, C.; ROCHA, J. Oncologia Molecular. 2. ed., São Paulo: Editora

Atheneu, 2010. 700p.

12. GREENLEE, P. G.; FILIPPA, D. A.; QUIMBY, F. W.; PATNAIK, A. K.;

CALVANO, S. E.; MATUS, R. E.; KIMMEL, M.; HURVITZ, A. L.;

LIEBERMANN, P. H. Lymphoma in dogs: a morphologic, immunologic and

clinical study. Cancer, Bruxelles, v.66, p.480-490, 1990.

13. GUEVARA-FUJITA, M. L.; LOECHEL, R.; VENTA, P. J.; YUZBASIYAN-

GURRAN, V.; BREWER, G. J. Chromosomal assignment of seven genes on

canine chromosomes by fluorescence in situ hybridization. Mamalian

Genome, New York, v.7, p. 268-270, 1995.

14. HAHN, K. A.; RICHARDSON, R. C.; HAHN, E. A.; CHISMAN, C. L.

Diagnostic and prognostic importance of chromosomal aberration identified in

61 dogs with lymphosarcoma. Veterinary Pathology, Washington, v.31,

p.528-540, 1994.

13

15. HUSSAIN, S. P.; AMSTAD, P.; RAJA, K.; AMBS, S.; NAGASHIMA, M.;

BENNETT, W. P.; SHIELDS, P. G.; HAM, A. J.; SWENBERG, J. A.;

MARROGI, A. J.; HARRIS, C. C. Increased p53 mutation load in

noncancerous colon tissue from ulcerative colitis: a cancer-prone chronic

inflammatory disease. Cancer Research, Philadelphia, v. 60, n. 13, p. 3333-

3337, 2000.

16. KIM, E.; GIESE, A.; DEPPERT, W. Wild-type p53 in cancer cells: when a

guardian turns into a blackguard. Biochemical Pharmacology, Kansas City,

v. 77, n. 1, p. 11-20, 2009.

17. KUIPEL, M.; TESKE, E.; BOSTOCK, D. Prognostic factors for treated canine

malignant lymphoma. Veterinary Pathology, Washington, v.36, p.292-300,

1999.

18. LUO, J.; SU, F.; CHEN, D.; SHILOH, A.; GU, W. Deacetylation of p53

modulates its effect on cell growth and apoptosis. Nature, London, v. 16, n.

408, p.377-381, 2000.

19. MACEWAN, E. G. Spontaneous tumours in dogs and cats: models for study

of cancer biology and treatment. Cancer and Metastasis Reviews, Boston,

v.9, p.125-136, 1990.

20. MAXIMOV, G.; MAXIMOV, K. The role of p53 tumor-suppressor protein in

apoptosis and cancerogenesis. Biotechnology & Biotechnological

Equipment, Sofia, v. 22, p. 664-668, 2008.

21. MENENDEZ, D.; INGA, A.; JORDAN, J. J.; RESNICK, M. A. Changing the

p53 master regulatory network: elementary, my dear Mr. Watson. Oncogene,

New York, v. 26, n. 15, p. 2191-2201, 2007.

22. MILLER, L. D.; SMEDS, J.; GEORGE, J.; VEGA, V. B.; VERGARA, L.;

PLONER, A.; PAWITAN, Y.; HALL, P.; KLAAR, S.; LIU, E. T.; BERGH, J. An

expression signature for p53 status in human breast cancer predicts mutation

14

status, transcriptional effects, and patient survival. Proceedings of the

National Academy of Sciences of the United States of America,

Washington, v. 102, n. 38, p. 13550-13555, 2005.

23. NGUYEN, D. M.; SPITZ, F. R.; YEN, N.; CRISTIANO, R. J.; ROTH, J. A.

Gene therapy for lung cancer: enhancement of tumor suppression by a

combination of sequential systemic cisplatin and adenovirus-mediated p53

gene transfer. Japanese Journal of Thoracic and Cardiovascular

Surgery, Tokyo, v. 112, n. 5, p. 1372-1376; discussion 1376-1377, 1996.

24. OREN, M. Decision making by p53: life, death and cancer. Cell Death and

Differentiation, Oxford, v. 10, n. 4, p. 431-442, 2003.

25. PAMPALONA, J.; FRÍAS, C.; GENESCÀ, A.; TUSELL, L. Progressive

telomere dysfunction causes cytokinesis failure and leads to the accumulation

of polyploid cells. PLoS Genetics, San Francisco, v. 8, n. 4, p. e1002679,

2012.

26. PARODI, A.; WYERS, M.; PARIS, J. Incidence of canine lymphoid leukosis:

age, breed and sex distribution – results of a necropsy survey. Bibliotheca

Haematologica, Basel, v.30, p. 263-267, 1968.

27. PETITJEAN, A.; MATHE, E.; KATO, S.; ISHIOKA, C.; TAVTIGIAN, S. V.;

HAINAUT, P.; OLIVIER, M. Impact of mutant p53 functional properties on

TP53 mutation patterns and tumor phenotype: lessons from recent

developments in the IARC TP53 database. Human Mutation, New York, v.

28, n. 6, p. 622-629, 2007.

28. PIETSCH, E. C.; HUMBEY, O.; MURPHY, M. E. Polymorphisms in the p53

pathway. Oncogene, New York, v. 25, n. 11, p. 1602-1611, 2006.

29. PONCE, F.; MARCHAL, T.; MAGNOL, J. P.; TURINELLI, V.; LEDIEU, D.;

BONNEFONT, C.; PASTOR, M.; DELIGNETTE, M.L.; FOURNELL-FLEURY,

C. A morphological study of 608 cases of canine malignant lymphoma in

15

France with a focus on comparative similarities between canine and human

lymphoma morphology. Veterinary Pathology, Washington, v. 47, n. 3,

p.414-433, 2010.

30. PRIESTON, W. A.; MC KAY, F. W.; The occurrence of tumors in domestic

animals. Journal of the National Cancer Institute Monographs, Bethesda,

v.54, p. 210, 1980.

31. SOUSSI, T.; LOZANO, G. p53 mutation heterogeneity in cancer.

Biochemical and Biophysical Research Communications, Orlando, v.

331, p. 834-842, 2005.

32. SUEIRO, F. A., ALESSI, A. C., VASSALLO, J. Canine lymphomas: a

morphological and immunohistochemical study of 55 cases, with observations

on p53 immunoexpression. Journal of Comparative Pathology, Edinburgh,

v.131, p. 207-213, 2004.

33. TANG, Y.; LUO, J.; ZHANG, W.; GU, W. Tip60-dependent acetylation of p53

modulates the decision between cell-cycle arrest and apoptosis. Molecular

Cell, Cambridge, v. 24, n. 6, p. 827-839, 2006.

34. TEIXEIRA, M. J. C. D. S. Mutação e superexpressão de p53 em

neoplasias mamárias de cadelas. 2007. 89f. Tese (Doutorado em Ciência

Veterinária) – Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE.

35. TESKE, E. Canine malignant lymphoma: a review and comparison with

human non-Hodgkin lymphoma. Veterinary Quarterly, The Hague, v.16, p.

209-219, 1994.

36. VAIL, D. M.; YOUNG, K. M. Hematopoetic tumors. In: WITHROW, S. J.;

VAIL, D. M. Small Animal Clinical Oncology. 4. ed., St. Louis: Saunders

Elsevier, 2007. p. 699-722.

37. VALLI, V. E.; JACOBS R. M.; PARODI, A. L.; VERNAU, W.; MOORE, P. F.

Histological classification of hematopoietic tumors of domestic animals. In:

SHULMAN Y.F. World Health Organization International Histological

16

Classification of Tumors of Domestic Animals. 2.ed., Washington: Armed

Forces Institute of Pathology, 2002. p. 45-46.

38. VALLI, V. E.; SAN MYINT, M.; BARTHEL, A.; BIENZLE, D.;CASWELL, J.;

COLBATZKY, F.; DURHAM, A.; EHRHART, E. J.; JOHNSON, Y.; JONES, C.;

KIUPEL, M.; LABELLE, P.; LESTER, S.; MILLER, M.; MOORE, P.; MOROFF,

S.; ROCCABIANCA, P.; RAMOS-VARA, J.; ROSS, A.; SCASE,T.; TVEDTEN,

H.; VERNAU, W. Classification of Canine Malignant Lymphomas According to

the World Health Organization Criteria. Veterinary Pathology, Washington,

v. 48, p. 198-211, 2011.

39. VOGELSTEIN, B.; LANE, D.; LEVINE, A. J. Surfing the p53 network. Nature,

London, v. 408, n. 6810, p. 307-310, 2000.

40. VONDERHAAR, M.A.; MORRISON, W.B. Lymphosarcoma. In: MORRISON,

W. B. Cancer in dogs and cats: medical and surgical management.

Philadelphia: Williams & Wilkins, 2002. p. 667-695.

41. WU, H.; HAYASHI, T.; INOUE, M. Immunohistochemical expression of Mdm2

and p53 in canine cutaneous mast cell tumours. Journal of Veterinary

Medicine, Berlim A Physiology, Pathology, Clinical Medicine, v. 53, n. 2, p.

65-68, 2006.

42. ZÖRNIG, M.; HUEBER, A.; BAUM, W.; EVAN, G. Apoptosis regulators and

their role in tumorigenesis. Biochimica et Biophysica Acta, Amsterdam, v.

1551, n. 2, p. F1-37, 2001.

43. ZHANG, Y.; XIONG, Y. Control of p53 ubiquitination and nuclear export by

MDM2 and ARF. Cell Growth & Differentiation, Philadelphia, v.12, n.4,

p.175-186, 2001.

17

1.4 Objetivos

1.4.1 Geral

Comparar a expressão da proteína p53 em células B e T em diferentes órgãos

de cães portadores de linfoma, nos diferentes subtipos histológicos.

1.4.2 Específicos

Determinar a expressão de marcadores de linfócitos B e T nas amostras de

órgãos de cães com linfoma por meio da técnica de imunoistoquímica;

Descrever a expressão de p53, nos diferentes subtipos histológicos de linfoma

em cães.

Descrever a expressão de p53, nos diferentes tipos de linfoma (T e B) em

cães;

18

CAPÍTULO 2 – LINFOMA CANINO: CLASSIFICAÇÃO HISTOPATOLÓGICA,

IMUNOFENOTIPAGEM E EXPRESSÃO DE p53.

RESUMO

O linfoma representa uma das mais frequentes neoplasias encontradas em cães. Para definição dos tipos histológicos de linfoma em animais recomenda-se a classificação da Organização Mundial da Saúde. Contudo, a imunofenotipagem deve ser empregada para determinar a presença de uma população homogênea de células de mesmo fenótipo (T ou B) com vistas ao prognóstico e tratamento. Ademais, ainda para fins de prognóstico, pode-se avaliar o perfil de expressão imunoistoquímica da proteína p53 mutante, que aumentada induz a perpetuação de linhagens celulares anormais. O objetivo do estudo foi determinar o imunofenótipo dos linfomas caninos classificados pela OMS e relacionar estes achados com a imunoexpressão da p53. Neste sentido, vinte e seis blocos de parafina contendo fragmentos de diferentes tecidos de cães foram classificados por meio de histologia e imunofenotipagem e avaliados quanto a expressão de p53 por imunoistoquímica. O linfoma estava presente em diversos tecidos caninos, partes moles (26,9%), pele (19,2%), baço (19,2%), fígado (7,7%), tecidos linfoides (7,7%), rim (7,7%), sistema nervoso central (3,8%), pulmão (3,8%) e linfonodo (3,8%). Na imunofenotipagem verificou-se que a maioria foi do tipo B (57,7%), sendo que o tipo T correspondeu a 34,6% e duas amostras (7,7%) apresentaram dupla marcação. A expressão de p53 foi detectada em 18 amostras (69,2%), sendo 10 amostras (38,5%) de linfoma de células B e 6 amostras (23,1%) de linfoma de células T. Oito amostras (30,7%) foram negativas para a expressão da p53. As amostras que apresentaram dupla marcação para T e B expressaram marcação para p53 (7,7%). Não houve diferença na expressão imunoistoquímica da proteína p53 nos diferentes subtipos histológicos de linfoma de células B e T em diferentes tecidos de cães.

Palavras-chave: antígeno CD3, antígeno CD79, Canidae, imunofenotipagem, linfoma maligno, linfoma não-Hodgkin, neoplasias

19

CHAPTER 2 – CANINE LYMPHOMA: HISTOPATHOLOGIC CLASSIFICATION,

IMMUNOPHENOTYPING AND p53 EXPRESSION.

ABSTRACT

Lymphoma is one of the most frequent neoplasms in dogs. Histological types of lymphoma in animals are determinated according to the classification recommended by the World Health Organization. However, immunophenotyping should be used to determine the presence of a homogeneous population of cells with the same phenotype (T or B) aiming at prognosis and treatment. Moreover, for prognostic purposes, the immunohistochemical expression profile of mutant p53 protein, whose elevation induces the perpetuation of abnormal cell lines, should be evaluated. The purpose of the present study was to determine the immunophenotype of canine lymphomas classified according to the WHO Classification and to relate these findings to the immunoexpression of p53. Thus, twenty-six paraffin blocks with fragments of different tissues of dogs were classified by means of histology and immunohistochemical and evaluated for p53 expression by immunohistochemistry. Lymphoma was present in various canines tissues, soft tissues (26.9%), skin (19.2%), spleen (19.2%), liver (7.7%), lymphoid tissues (7.7%), kidney (7.7%), central nervous system (3.8%), lungs (3.8%) and lymphnode (3.8%). Immunophenotyping study revealed that most of them were B-cell lymphoma (57.7%), and 34.6% were T-cell lymphoma and two samples (7.7%) showed double staining. Expression of p53 was detected in 18 samples (69.2%), ten samples (38.5%) were B-cell lymphoma and six samples (23.1%) were T-cell lymphoma. Eight samples (30.7%) were negative for p53 expression. The samples that showed double staining for T and B expressed marking for p53 (7.7%). There were no differences in immunohistochemical expression of p53 protein in the histologic subtypes of B-cell lymphoma and T-cell lymphoma in different tissues of dogs.

Keywords: antígen CD3, antígen CD79, Canidae, immunophenotyping, malignant lymphoma, neoplasms, non-Hodgkin lymphoma.

INTRODUÇÃO

O linfoma, também conhecido como linfoma maligno, linfossarcoma ou

linfoma não-Hodgkin (LNH), corresponde a um grupo variado de neoplasias

localizadas primariamente no timo e medula óssea ou em órgãos linfóides

secundários, como baço e linfonodos, mas pode se desenvolver em quase todos

20

os tecidos do corpo, a partir de células linfóides anormais (VAIL & YOUNG,

2007).

O linfoma representa uma das mais frequentes neoplasias

encontradas em cães, atingindo as mais variadas raças, como Boxer, Rottweiller,

Poodle, Beagle e São Bernardo (GREENLEE et al., 1990; DHALIWAL et al.,

2003), representando 83% dos tumores de origem hematopoética e 24% de

todas as formas de câncer (VAIL & YOUNG, 2007).

Seguindo a classificação anatômica proposta pela Organização

Mundial de Saúde (OMS), o linfoma canino é classificado anatomicamente nas

seguintes categorias: multicêntrico, mediastinal, alimentar, cutâneo e extranodal.

A mais comum, ocorrendo em mais de 80% dos casos, é a multicêntrica, seguida

da digestiva, mediastínica e cutânea. A forma extranodal é menos prevalente,

inferior a 18% dos casos (PONCE et al., 2010) e pode ocorrer em qualquer

tecido ou órgão que não o tecido linfóide (VONDERHAAR & MORRISON, 2002;

VAIL & YOUNG, 2007).

Vários sistemas histológicos têm sido utilizados para classificar os

linfomas em cães. A OMS, em 2002, publicou uma classificação de linfoma

maligno, tendo como base a classificação REAL (Revised European-American

Classification of Lymphoid Neoplasms), para a definição de categorias

histológicas para os tumores hematopoiéticos nos animais domésticos (VALLI et

al., 2002; VALLI et al., 2011).

Contudo, a imunofenotipagem deve ser empregada para determinar a

presença de uma população homogênea de células com o mesmo fenótipo (T ou

B), essencial ao diagnóstico e ao prognóstico do linfoma (VAIL & YOUNG, 2007),

uma vez que o imunofenótipo de células T corresponde a 23% no cão e possui

pior prognóstico, pois são biologicamente mais agressivo resultando em tempo

livre de progressão e de sobrevida mais curtos (KIUPEL et al., 1999; SUEIRO,

2004; CALAZANS, 2009).

Indicadores de prognóstico tem sido descritos para auxiliar no manejo

clínico dos cães com linfoma (GREENLEE et al., 1990; KUIPEL et al., 1999;

DOBSON et al., 2001). A proteína p53 está diretamente relacionada ao bloqueio

21

do ciclo celular para efetuar o reparo do DNA ou induzir a apoptose (ZÖRNIG et

al., 2001; BROOKS & GU, 2003; WU et al., 2006; MAXIMOV & MAXIMOV,

2008). A inativação da via p53 no câncer, em decorrência de mutações podem

ser herdadas ou ocorrerem após exposição à carcinógenos ambientais ou

agentes infecciosos (CADWELL & ZAMBETTI, 2001), frequentemente ocorre

pela expressão da proteína p53 mutante, não funcional (ANDREOTTI et al.,

2011), que combinadas com diferentes polimorfismos, exercerão efeitos anti-

apoptóticos e, assim, garantirão a sobrevivência das células neoplásicas

(PIETSCH et al., 2006; WU et al., 2006; KIM et al., 2009).

A p53 mutante ocorre em mais de 50% das neoplasias e está

associada à pior sobrevida global livre de doença e tem sido implicada na

resistência às terapias anti-neoplásicas, podendo então, sua expressão indicar

um prognóstico desfavorável (NGUYEN et al., 1996; ZÖRNIG et al., 2001;

MILLER et al., 2005; SOUSSI & LOZANO, 2005).

O objetivo deste estudo foi comparar a expressão da proteína p53 em

células B e T de diferentes órgãos, nos diferentes subtipos histológicos de cães

com linfoma.

MATERIAL E MÉTODOS

Amostras

Vinte e seis (n=26) blocos de parafina contendo fragmentos de

diferentes tecidos de cães foram gentilmente cedidos pelo Laboratório de

Patologia Veterinária da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da

Universidade Federal do Mato Grosso, com diagnóstico histopatológico de

linfoma.

22

Histopatologia

Os linfomas foram classificados morfologicamente conforme a

Classificação da Organização Mundial da Saúde (VALLI et al., 2002). Para este

procedimento, secções de 3µm foram obtidas dos diferentes tecidos de linfoma

canino, cortadas em micrótomo automático e distendidas em lâminas

histológicas. Seguindo o protocolo de rotina do Laboratório de Patologia do

Banco de Sangue do Instituto Goiano de Hematologia (INGOH), o material foi

corado pela técnica da hematoxilina e eosina (HE) e examinado em microscopia

de luz comum.

Imunoistoquímica

A técnica de imunoistoquímica foi realizada no Laboratório de

Imunopatologia do Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária e

Zootecnia da UFG para imunofenotipagem empregando os anticorpos primários

CD79a e CD3, para determinação de linfoma de células B e T, respectivamente,

e para caracterização do perfil de ativação da proteína p53 utilizando anticorpo

primário específico (QUADRO 1).

Os fragmentos dos órgãos caninos, incluídos em parafina, foram

seccionados em micrótomo automático, na espessura de 3µm e aderidos em

lâminas impregnadas por solução de organosilano à 3% (3-aminopropyl-

triethoxysilane) em acetona.

Em seguida, procedeu-se a desparafinização e rehidratação de rotina

das amostras. Para o bloqueio da atividade da peroxidase endógena as lâminas

foram submersas em solução de peróxido de hidrogênio à 30% em álcool

metílico acrescido de Triton (0,1%), durante 10 minutos, por duas vezes. A

recuperação antigênica ocorreu em solução de citrato, pH 6,0, em banho-maria à

96ºC, por 15 minutos. A marcação de ligação inespecífica foi bloqueada com 3%

de soro albumina bovina (BSA), por uma hora, em câmara úmida à temperatura

média de 26ºC.

23

Os anticorpos primários (Quadro 1), diluídos em BSA 1,5%, foram

instilados e o material foi incubado por 18 horas em câmara úmida, sob

refrigeração a 4ºC.

QUADRO 1 - Especificações dos anticorpos primários anti-CD79a, anti-CD3 e

anti-p53 utilizados na técnica de imunoistoquímica para linfoma

em diferentes tecidos caninos.

Anticorpo Primário

Clone Referência Lote Laboratório Diluição

CD79a mouse

monoclonal anti-human

M7051 59642 Dako Denmark A/S 1:500

CD3 rabbit

polyclonal anti-human

AO452 57820 Dako Denmark A/S 1:1000

p53 Mouse

monoclonal anti-dog

SC-71785 Santa Cruz Biotechnology 1:500

Ao final da incubação dos anticorpos primários, as lâminas foram

lavadas com tampão salino fosfato (PBS) e, em seguida, incubadas por 30

minutos, à temperatura ambiente, com o anticorpo secundário biotinilado (LSAB,

DAKO, Ref. K0690, Dinamarca). Após lavagem com PBS, foi adicionado o

complexo estreptoavidina-perodidase (LSAB, DAKO Ref. K0690, Dinamarca), por

30 minutos em temperatura ambiente. Novamente, as lâminas foram lavadas

com PBS.

A reação foi revelada pela incubação com o cromógeno

diaminobenzidina-peroxidase (Liquid DAB Substrate Chromogen System, DAKO,

Ref. K3468, Dinamarca), por 3 minutos, em todos os cortes, exceto para p53 que

foi de 10 minutos. Ao final, as lâminas foram contracoradas com hematoxilina de

Mayer, desidratadas e montadas com solução de tolueno (Entellan, Merck,

Alemanha) e lamínulas histológicas. A análise das lâminas foi feita em

microscópio de campo claro.

24

Para efeito de classificação do tipo de tumor, uma amostra foi

considerada como imunofenótipo B, quando apresentou reação, em pelo menos

10% das células, com o anticorpo anti-CD79a. Do mesmo modo, para o

imunofenótipo T, observou-se a expressão do anticorpo anti-CD3 em pelo menos

10% das células neoplásicas, exclusivamente.

As lâminas marcadas com o anticorpo anti-p53 foram analisadas pelo

programa de imagem Image J (National Institutes of Health, Estados Unidos da

América). O programa forneceu o valor das densidades ópticas de quinze

campos por amostra de regiões de interesse para análise, sendo as áreas de

concentração de células neoplásicas. Os resultados obtidos foram expressos na

unidade pixels/polegada. Os resultados foram transferidos para uma planilha

eletrônica (Microsoft Office Excel, Microsoft, Estados Unidos da América). Para

cada amostra foi calculado a média para representar a tendência central, que foi

posteriormente avaliada pela análise de variância seguida do teste de Tukey (a

probabilidade de erro de 5%), empregando o software R (R CORE TEAM, 2012).

RESULTADOS

Histopatologia

Das 26 amostras avaliadas, 7 (26,9%) eram de partes moles (tecidos

localizados entre a epiderme e as vísceras, excetuando-se os ossos); 5 (19,2%)

eram de pele; 5 (19,2%) de baço; 2 (7,7%) de fígado, 2 (7,7%) de tecido linfoide,

2 (7,7%) de rim, 1 (3,8%) de sistema nervoso central, 1 (3,8%) de pulmão e 1

(3,8%) de linfonodo.

Em relação à classificação histológica das amostras, conforme a

Classificação da OMS, constatou-se que 16 (61,5%) eram de linfoma difuso de

grandes células, sendo duas com padrão paniculítico e três pleomórfico (Figura

1A); três (11,5%) eram Linfoma de Burkitt (Figura 1B); duas (7,7%) eram linfoma

T angioimunoblástico (Figura 1C); duas (7,7%) eram de zona marginal esplênico

25

(Figura 1D). Linfoma plasmoblástico, linfoma de pequenas células e linfoma

linfoblástico foram identificados em uma amostra (3,8%), cada.

Os resultados da análise histológica estão apresentados no Quadro 2.

FIGURA 1 – Fotomicrografia de tecidos caninos com linfoma maligno (HE, obj. 40x). (A) linfoma

difuso de grandes células pleomórfico (LDGC) de partes moles mostrando células

grandes monomorfas e citoplasma basofílico; (B) linfoma de Burkitt em linfonodo

tipicamente composto de células linfóides de tamanho médio com uma fração

elevada de proliferação, entremeada de macrófagos contendo debris celulares

(seta); (C) linfoma T angio-imunoblástico de pele, mostrando células de morfologia

variável, incluindo células “claras“ atípicas com núcleo dentado e citoplasma

abundante e pálido; (D) linfoma de zona marginal esplênico (LZME) caracterizado

pela presença de células pequenas centrocíticas-like, células monocitóides,

linfócitos e plasmócitos.

26

Imunofenotipagem

Após imunofenotipagem das 26 amostras foi observado 15 casos

(57,7%) de linfoma de célula B (CD79a+, CD3-) (Figura 2A/B) e 9 casos (34,6%)

como linfoma de células T (CD79a-, CD3+) (Figura 2C/D). Duas amostras (7,7%)

apresentaram marcação condizente com dupla população (CD79a+, CD3+)

(Figura 2E/F).

De 16 amostras classificadas como linfoma difuso de grandes células,

dez (62,5%) eram de células B e quatro (25%) eram de células T e duas (12,5%)

com dupla marcação T e B. Em relação aos três casos de linfoma pleomórfico

difuso, uma amostra (33,3%) era de célula T, uma amostra (33,3%) apresentou

população B e uma amostra (33,3%) com população mista, T e B. Os três casos

de linfoma de Burkitt foram de células B (100%). O linfoma T angioblástico,

observado em duas amostras, foram de células T (100%). O linfoma

plasmoblástico, com uma amostra, mostrou-se ser de célula B. O único caso de

linfoma linfoblástico e de linfoma de pequenas células apresentaram padrão de

marcação de células T. Nas duas amostras identificadas como linfoma de zona

marginal esplênico, observou-se uma marcação de célula T e outra de célula B.

A frequência de ocorrência dos imunofenótipos T e B, nos diferentes

tipos histológicos caninos, está apresentada no Quadro 2.

27

QUADRO 2 – Resultado da análise histológica e da imunofenotipagem das

amostras de tecidos caninos (n=26) com linfoma não-Hodgkin

conforme a Classificação da Organização Mundial da Saúde

(OMS).

Tecido Diagnóstico Imunofenotipagem

B (CD79a+) T (CD3+)

Pele e Sistema

Nervoso Central Linfoma T angioimunoblástico

- +

- +

Partes moles Linfoma difuso de grandes células + -

Tecido linfóide Linfoma difuso + -

Tecido linfóide Linfoma difuso de grandes células + -

Fígado Linfoma difuso de grandes células + -

Rim Linfoma difuso de grandes células - +

Pele Linfoma difuso de grandes células padrão paniculítico + -

Partes moles Linfomas de pequenas células - +

Partes moles Linfoma difuso de grandes células - +

Partes moles Linfoma difuso de grandes células + +

Partes moles Linfoma plasmablástico + -

Pele Linfoma histiocítico + -

Baço Linfoma de zona marginal esplênico + -

Linfonodo Linfoma de Burkitt + -

Pele Linfoma difuso de grandes células padrão paniculítico - +

Partes moles Linfoma pleomórfico difuso - +

Baço Linfoma de zona marginal esplênico - +

Partes moles Linfoma difuso de grandes células pleomórfico + -

Partes moles Linfoma difuso de grandes células + -

Pele Linfoma linfoblástico - +

Partes moles Linfoma difuso de grandes células pleomórfico

angiotrópico + +

Baço e pulmão Linfoma difuso de grandes células + -

Baço Linfoma difuso de grandes células + -

Linfonodo Linfoma de Burkitt + -

Baço Linfoma de Burkitt variante plasmocitária/ Linfoma

difuso de grandes células plasmocitóide + -

28

FIGURA 2 - Fotomicrografia de tecidos caninos com linfoma maligno imunomarcados com

anticorpos anti-CD79a (CD79a+; anti-B) e anti-CD3 (CD3

+; anti-T) (IHQ - DAB com

hematoxilina; obj. 40x). Linfoma de Burkitt em linfonodo exibindo marcação

positiva para CD79a (A) e negativa para CD3 (B) em linfócitos neoplásicos;

Linfoma de grandes células em pele, padrão paniculítico, apresentando marcação

negativa para CD79a (C) e positiva para CD3 (D); Linfoma difuso de grandes

células pleomófico (LDGC) em partes moles caracterizado por marcação positiva

para CD79a (E) e CD3 (F), denominada dupla marcação.

29

Expressão de p53

A expressão de p53 foi detectada em 18 amostras (69,2%), sendo 10

amostras (38,5%) de linfoma de células B e 6 amostras (23,1%) de linfoma de

células T. Assim, 8 (30,7%) amostras foram negativas para a expressão da p53.

Nas duas amostras que apresentaram dupla marcação (T/B) expressaram

marcação para p53 (7,7%).

As amostras marcadas com o anticorpo p53 apresentaram marcação

evidenciando o núcleo dos linfócitos neoplásicos (Figura 3) e em raros casos a

marcação ocorreu no citoplasma.

Os valores das densidades ópticas correspondentes a marcação

imunoistoquímica da expressão de p53 em tecidos caninos com linfoma

resultaram em uma média para cada amostra ou caso (Quadro 3). Os casos

foram agrupados conforme resultado da imunofenotipagem (T, B e T/B), para

obtenção de uma média geral, que foi submetida aos testes de normalidade

(Shapiro-Wilk e de Bartlett) e à análise de variância, cujos resultados (Tabela 1)

demonstraram que os dados são normais e que não existe diferença significativa

entre as médias, isto é, não há diferença na expressão de p53 nos linfomas T e

B nas amostras estudadas.

30

QUADRO 3 – Média da marcação da proteína p53 expressa na unidade

pixels/polegada, em ordem decrescente, em amostras (n=26) de

tecidos caninos com linfoma não-Hodgkin conforme a

Classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Tecido Diagnóstico Tipo de Linfoma Média

Partes moles Linfoma difuso de grandes células B 116428

Pele Linfoma histiocítico B 103474

Linfonodo Linfoma de Burkitt B 103189

Baço Linfoma de zona marginal esplênico B 69689

Pele Linfoma difuso de grandes células padrão

paniculítico B 64093

Tecido linfóide Linfoma difuso de grandes células B 63858

Partes moles Linfoma difuso de grandes células B 42149

Fígado Linfoma difuso de grandes células B 36002

Partes moles Linfoma difuso de grandes células pleomórfico B 35977

Partes moles Linfoma plasmablástico B 30271

Baço Linfoma de Burkitt variante plasmocitária/ Linfoma

difuso de grandes células plasmocitóide B 0

Baço e pulmão Linfoma difuso de grandes células B 0

Baço Linfoma difuso de grandes células B 0

Tecido linfóide Linfoma difuso B 0

Partes moles Linfoma difuso de grandes células B 0

Pele e Sistema

Nervoso Central Linfoma T angioimunoblástico T 157840

Partes moles Linfoma pleomórfico difuso T 92915

Partes moles Linfomas de pequenas células T 92641

Pele e Sistema

Nervoso Central Linfoma T angioimunoblástico T 52452

Rim Linfoma difuso de grandes células T 28123

Baço Linfoma de zona marginal esplênico T 22286

Partes moles Linfoma difuso de grandes células T 0

Pele Linfoma linfoblástico T 0

Pele Linfoma difuso de grandes células padrão

paniculítico T 0

Partes moles Linfoma difuso de grandes células pleomórfico

angiotrópico T/B 37598

Partes moles Linfoma difuso de grandes células T/B 27625

31

TABELA 1 – Médias de expressão da densidade óptica (pixels/polegada) de

marcação da proteína p53 em amostras (n=26) de órgãos caninos

com linfoma.

Tratamento Média Erro

Padrão Valor-P

Valor do

Teste

Shapiro-

Wilk

Valor

Teste de

Bartlett

Coeficiente

de Variação

(%)

T 53214,99a 16933,29

0,1254 0,0423 0,2589 102,9 B 43816,95a 12800,37

T/B 38950,37a 33866,59

FIGURA 3 - Fotomicrografia representativa da expressão imunoistoquímica de p53 positiva em

linfoma de células T em pele (A), linfoma de células B em pele (B), linfoma de

células T e B em partes moles (C) e negativa em linfoma de células T em pulmão

(D) (IHQ - DAB sem hematoxilina; obj. 40x).

32

DISCUSSÃO

O material avaliado consistia de diversos órgãos caninos, sendo que

em ordem descrescente eram de partes moles (26,9%), pele (19,2%), baço

(19,2%), fígado (7,7%), tecidos linfoides (7,7%), rim (7,7%), sistema nervoso

central (3,8%), pulmão (3,8%) e linfonodo (3,8%). Tal distribuição reforça a

descrição de VAIL & YOUNG (2007) de que o linfoma pode ocorrer em vários

órgãos do corpo. A frequência da forma extranodal (61,4%) foi superior ao

descrito por ANDRADE et al. (1994) e DEYKIN & SMITH (1997) sendo

considerada forma rara de linfoma, por ocorrer em menos de 18% dos casos,

conforme PONCE et al. (2010). Ademais, o referido valor também foi superior ao

observado nos linfomas humanos (30%), conforme SWERDLOW et al. (2008).

Tal resultado deve ser interpretado com cautela, por ser um material que foi

cedido sem maiores informações a respeito da casuística local e, assim, pode

não refletir a realidade da incidência da doença. Por se tratar de amostras

caninas sem identificação da raça, idade, estadio anatômico e clínico, não se

pode fazer inferências sobre tais parâmetros à luz dos resultados obtidos.

A despeito da localização do linfoma, é essencial a sua classificação

histológica, empregando a Classificação da OMS, conforme sugerido por VALLI

et al. (2002). Assim, em ordem decrescente foram constatadas os tipos linfoma

difuso de grandes células, linfoma de Burkitt, linfoma de zona marginal esplênico,

linfoma plasmoblástico, linfoma de pequenas células e linfoma linfoblástico. Com

a determinação dos diferentes tipos histológicos, o intercâmbio de informações

entre pesquisadores de diferentes áreas, permite que novos conhecimentos

relacionados a tratamento e prognóstico, possam ser averiguados em diferentes

espécies, principalmente entre o cão e o homem, nos quais o linfoma apresenta

vários aspectos similares, em especial, epidemiológicos, anatômicos e clínicos.

Entretanto, cabe ressaltar que mesmo empregando a Classificação

dos linfomas da Organização Mundial de Saúde (OMS), o diagnóstico histológico

dos subtipos de linfoma nos seres humanos é universalmente impreciso de

acordo com MILITO et al. (2002), e consequentemente, a realidade é semelhante

33

em cães. Tal dificuldade pode ser contornada com a aplicação desta

classificação pelos patologistas veterinários, que poderão obter sucesso no

diagnóstico morfológico em 85 a 90% dos casos, dependendo da experiência.

Neste contexto, VALLI et al. (2011) que descreveram as seis categorias mais

comuns dos linfomas caninos (linfoma difuso de grandes células B, linfoma de

zona marginal, linfoma de células T periféricas, linfoma de zona T, linfoma

linfoblástico de células T e linfoma folicular), que corresponderam a

aproximadamente 80% dos casos, defendem que a aplicação da Classificação

Histológica da OMS deve ser rotineira, por se tratar de um trabalho que avançará

em termos qualitativos quanto mais informações forem adquiridas.

Em relação a imunofenotipagem dos linfomas caninos, verificou-se

que a maioria foi do tipo B (57,7%), sendo que o tipo T correspondeu a 34,6% e

duas amostras (7,7%) apresentaram dupla marcação. A determinação do

imunofenótipo é fundamental para classificar os linfomas como entidades

clinicopatológicas e subdividi-los em grupos com bom ou mal prognóstico

(LINDER, 1991; KURTIN & ROCHE, 1993). A quantidade de linfomas de células

B foi inferior aos 74% observado por FOURNEL-FLEURY et al. (1997), e

semelhante ao constatado por TESKE et al. (1994), que foi 58,9%. Uma menor

porcentagem de linfoma T, 21,8% e 23%, também foram observada por SUEIRO

et al. (2004) e KIUPEL et al. (1999), respectivamente, mas a incidência

observada neste estudo discretamente acima dos descritos por FOURNEL-

FLEURY et al. (2002) e PONCE et al. (2010) tanto para cães como em seres

humanos (PONCE et al., 2010).

Os dados epidemiológicos apresentados constituem dados de grande

relevância clínica, pois a maioria dos pacientes com linfoma apresentarão o tipo

celular B, de melhor prognóstico, uma vez que o linfoma T está associado a uma

sobrevida menor, independente de tratamento. A existência de amostras com

dupla marcação foi observado em outro estudo (VEZZALI et al., 2010) e

nenhuma relação quanto ao prognóstico foi determinada.

Nenhum caso estudado exibiu imunofenotipagem negativa para os

dois marcadores celular CD79a e CD3. Tanto no homem como em animais

34

existe uma alta prevalência de marcação dupla negativa principalmente nas

variantes plasmacitóides, o que pode estar relacionado com uma avançada

diferenciação destas células (MASON et al., 1995). Esta discrepância pode ser

um reflexo da utilização de anticorpos policlonais, uma vez que as células

plasmáticas normais tanto no homem quanto no cão reagem com o marcador B

CD79a.

A expressão de p53 por densitometria óptica foi detectada na maioria

das amostras (69,2%) tanto de linfoma de células T (23,1%) quanto de linfoma

de células B (38,5%), incluindo as amostras com dupla marcação, mas não

houve diferenças estatísticas entre os diferentes imunofenótipos. Contudo, a

expressão de p53 em linfoma canino observada por SOKOLOWSKA et al.

(2005), empregando técnica imunoistoquímica e análise estimada de marcação

de células linfóides, sob microscopia de campo claro em magnificação de 400x,

foi observada em todas as amostras, mas para efeito de positividade, que

deveria ser igual ou superior a 10%, nenhuma amostra apresentou valor superior

a 3,4% e, assim, todas as amostras foram classificadas como negativas. Diante

do exposto, apesar de serem apresentados dados numéricos para comparação

estatística neste trabalho, é de suma importância que a densitometria óptica seja

constratada com a técnica proposta por SOKOLOWSKA et al. (2005), para

verificarmos a eficácia da técnica empregada.

Em duas das amostras estudadas, foi verificado o tipo histológico

conhecido como linfoma de Burkitt, sendo que uma apresentou um alto valor de

expressão de p53, terceira maior para o tipo celular B, enquanto que a outra

amostra mostrou-se negativa. Em parte, os resultados foram semelhantes ao

estudo, realizado em seres humanos, por VILLUENDAS et al. (1993), em que foi

observado as maiores marcações em todas as amostras de linfomas de Burkitt.

Apesar de não ser observada diferença significativa entre os linfomas

de células T e linfomas de células B na expressão densitométrica da p53,

verificou-se maiores valores em alguns tipos histológicos de linfoma T. Além de

uma maior média para este imunofenótipo, tendência observada também no

trabalho de SUEIRO et al. (2004). Todos os esforços devem ser concentrados na

35

tentativa de estabelecer a real relação entre o linfoma T, de pior prognóstico, ou

até mesmo em linfoma de célula de B e a expressão da p53, pois o diagnóstico,

prognóstico e a escolha do tratamento dos linfomas, tanto nos cães como na

espécie humana, devem ser baseados não apenas na morfologia celular,

histologia e estadiamento clínico, mas também no imunofenótipo, na biologia

molecular, nos índices de proliferação celular e também na expressão da p53

mutante.

CONCLUSÃO

Não houve diferença na expressão imunoistoquímica da proteína p53

nos diferentes subtipos histológicos de linfoma de células B e T em diferentes

órgãos de cães.

REFERÊNCIAS

1. ANDRADE, A. L.; NOVAIS, A. A.; LAUS, J. L.; ALESSI, A. C.; VSLERI, F. V.;

CARVALHO, M. B. Manifestação ocular de linfoma maligno em cão. ARS

Veterinária, Jaboticabal, v. 10, n. 1, p. 1-5, 1994.

2. ANDREOTTI, V.; CIRIBILLI, Y.; MONTI, P.; BISIO, A.; LION, M.; JORDAN,

J.; FRONZA, G.; MENICHINI, P.; RESNICK, M. A.; INGA, A. p53

transactivation and the impact of mutations, cofactors and small molecules

using a simplified yeast- based screening system. PLoS One, San Francisco,

v. 6, n. 6, p. e20643, 2011.

3. BROOKS C.L.; GU, W. Ubiquitination, phosphorylation and acetylation: The

molecular basis for p53 regulation. Current Opinion in Cell Biology,

London, v. 15, p.164-171, 2003.

4. CADWELL, C.; ZAMBETTI, G. P. The effects of wild-type p53 tumor

36

suppressor activity and mutant p53 gain-of-function on cell growth. Gene,

Philadelphia, v. 277, n. 1-2, p. 15-30, 2001.

5. CALAZANS, S. Análise mutacional do gene supressor de tumor TP53 e

imunorreatividade da p53 em linfomas caninos. 2009. 71f. Tese

(Doutorado em Cirurgia Veterinária) - Universidade Estadual Paulista,

UNESP.

6. DEYKIN, A.; SMITH, J. S. Orbital neoplasia in dog. Australian Veterinary

Journal, Brunswick, v. 75, n. 9, p. 638- 640, 1997.

7. DHALIWAL, R. S.; KITCHELL, B. E.; MESSICK, J. B. Canine

lymphosarcoma: clinical features. The Compendium on Continuing

Education for the Practicing Veterinarian, Princeton, v. 25, n. 8, p. 572-

583, 2003.

8. DOBSON, J.; BLACKWOOD, L. B.; MICLNNES, E. F.; BORTOCK, D. E.;

NICHOLLS, P.; HOATHIN, T. M.; TOM, B. D. Prognostic variables in canine

multicentric lymphosarcoma. Journal of Small Animal Practice, Oxford,

v.42, p. 377-384, 2001.

9. FOURNEL-FLEURY, C. MAGNOL, J. P.; BRICAIRE, T.; MARCHAL, T.;

CHABANNE, L.; DELVERDIER, A.; BRYON, P. A.; FELMAN, P.

Cytohistological and immunological classification of canine malignant

lymphomas: Comparison with human non-Hodgkin’s lymphomas. Journal of

Comparative Pathology, Edinburgh, v. 117, p. 35-59, 1997.

10. FOURNEL-FLEURY, C.; PONCE, F.; FELMAN, P.; BLAVIER, A.;

BONNEFONT,C.; CHABANNE, L.; MARCHAL, T.; CADORE, J. L.; GOY-

THOLLOT,I.; LEDIEU, D.; GHERNATI, I.; MAGNOL, J. P. Canine T-cell

Lymphomas: A morphological, immunologicaland clinical study of 46 new

cases. Veterinary Pathology, Washington, v. 39, p. 92-109, 2002.

37

11. GREENLEE, P. G.; FILIPPA, D. A.; QUIMBY, F. W.; PATNAIK, A. K.;

CALVANO, S. E.; MATUS, R. E.; KIMMEL, M.; HURVITZ, A. L.;

LIEBERMANN, P. H. Lymphoma in dogs: a morphologic, immunologic and

clinical study. Cancer, Bruxelles, v.66, p.480-490, 1990.

12. KIM, E.; GIESE, A.; DEPPERT, W. Wild-type p53 in cancer cells: when a

guardian turns into a blackguard. Biochemical Pharmacology, Kansas City, v.

77, n. 1, p. 11-20, 2009.

13. KUIPEL, M.; TESKE, E.; BOSTOCK, D. Prognostic factors for treated canine

malignant lymphoma. Veterinary Pathology, Washington, v.36, p.292-300,

1999.

14. KURTIN, P. J.; ROCHE, P. C. Immunoperoxidase staining of non-Hodgkin’s

lymphomas for T cell lineage associated antigens in paraffin sections.

American Journal of Surgery Pathology, Hagerstown, v. 17, p. 898-904,

1993.

15. LINDER, J. Antibodies marking paraffin-embedded leukocytes. States Report.

American Journal of Clinical Pathology, Chicago, v. 95, p. 607-608, 1991.

16. MASON, D. Y.; CORDELL, J. L.; BROWN, M. H.; BORST, J.; JONES, M.;

PULFORD, K.; JAFFE, E.; RALFKIAER, E.; DALLENBACH, F.; STEIN, H. CD

79a: a novel marker for B cell neoplasms in routinely processed tissue

samples. Blood, New York, v. 86, p. 1453-1459, 1995.

17. MAXIMOV, G.; MAXIMOV, K. The role of p53 tumor-suppressor protein in

apoptosis and cancerogenesis. Biotechnology & Biotechnological

Equipment, Sofia, v. 22, p. 664-668, 2008.

18. MILITO, C. B.; MORAIS, J. C.; NUCCI, M.; PULCHERI, W.; SPECTOR, N.

Classificação dos linfomas não-Hodgkin: estudo morfológico e

imunoistoquímica de 145 casos. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina

Laboratorial, Rio de Janeiro, v. 4, p. 315-324, 2002.

38

19. MILLER, L. D.; SMEDS, J.; GEORGE, J.; VEGA, V. B.; VERGARA, L.;

PLONER, A.; PAWITAN, Y.; HALL, P.; KLAAR, S.; LIU, E. T.; BERGH, J. An

expression signature for p53 status in human breast cancer predicts mutation

status, transcriptional effects, and patient survival. Proceedings of the

National Academy of Sciences of the United States of America,

Washington, v. 102, n. 38, p. 13550-13555, 2005.

20. NGUYEN, D. M.; SPITZ, F. R.; YEN, N.; CRISTIANO, R. J.; ROTH, J. A.

Gene therapy for lung cancer: enhancement of tumor suppression by a

combination of sequential systemic cisplatin and adenovirus-mediated p53

gene transfer. Japanese Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery,

Tokyo, v. 112, n. 5, p. 1372-1376; discussion 1376-1377, 1996.

21. PIETSCH, E. C.; HUMBEY, O.; MURPHY, M. E. Polymorphisms in the p53

pathway. Oncogene, New York, v. 25, n. 11, p. 1602-1611, 2006.

22. PONCE, F.; MARCHAL, T.; MAGNOL, J. P.; TURINELLI, V.; LEDIEU, D.;

BONNEFONT, C.; PASTOR, M.; DELIGNETTE, M. L.; FOURNEL-FLEURY,

C. A morphological study of 608 cases of canine malignant lymphoma in

France with a focus on comparative similarities between canine and human

morphology. Veterinary Pathology, Washington, v. 47, p. 414-433, 2010.

23. R CORE TEAM (2012). R: A language and environment for statistical

computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-

900051-07-0, URL. http://www.R-project.org/.

24. SOKOLOWSKA, J.; CYWINSKA, A.; MALICKA, E. p53 Expression in Canine

Lymphoma. Journal of Veterinary Medicine: Series A - Physiology,

Pathology, Clinical Medicine, Berlim, v. 52, p. 172-175, 2005.

25. SOUSSI, T.; LOZANO, G. p53 mutation heterogeneity in cancer.

Biochemical and Biophysical Research Communications, Orlando, v.

331, p. 834-842, 2005.

39

26. SUEIRO, F. A., ALESSI, A. C., VASSALLO, J. Canine lymphomas: a

morphological and immunohistochemical study of 55 cases, with observations

on p53 immunoexpression. Journal of Comparative Pathology, Edinburgh,

v.131, p. 207-213, 2004.

27. SWERDLOW, S. H.; CAMPO, E.; HARRIS, N. L. WHO Classification of

Tumours of Haematopoietic and Lymphoid. Tissues. 4. ed., Lyon: IARC,

2008.

28. TESKE, E.; WISMAN, P.; MOORE, P. F.; VAN HEERDE, P. Histologic

classification and immunophenotyping of canine non-Hodgkin’s lymphomas:

unespected high frequency of T cell lymphoma with B cell morphology.

Experimental Hematology, Amsterdam, v. 22, p. 1179-1187, 1994.

29. VAIL, D. M.; YOUNG, K. M. Hematopoetic tumors. In: WITHROW, S. J.;

VAIL, D. M. Small Animal Clinical Oncology. 4. ed. St. Louis: Saunders

Elsevier, 2007. p. 699-722.

30. VALLI, V. E.; JACOBS R. M.; PARODI, A. L.; VERNAU, W.; MOORE, P. F.

Histological classification of hematopoietic tumors of domestic animals. In:

SHULMAN Y.F. World Health Organization International Histological

Classification of Tumors of Domestic Animals. 2. ed., Washington: Armed

Forces Institute of Pathology, 2002. p.45-46.

31. VALLI, V. E.; SAN MYINT, M.; BARTHEL, A.; BIENZLE, D.;CASWELL, J.;

COLBATZKY, F.; DURHAM, A.; EHRHART, E. J.; JOHNSON, Y.; JONES, C.;

KIUPEL, M.; LABELLE, P.; LESTER, S.; MILLER, M.; MOORE, P.; MOROFF,

S.; ROCCABIANCA, P.; RAMOS-VARA, J.; ROSS, A.; SCASE,T.; TVEDTEN,

H.; VERNAU, W. Classification of Canine Malignant Lymphomas According to

the World Health Organization Criteria. Veterinary Pathology, Washington,

v. 48, p. 198-211, 2011.

32. VEZZALI, E.; PARODI, A. L.; MARCATO, P. S.; BETTINI, G. Histopathologic

40

classification of 171 cases of canine and feline non-Hodgkin lymphoma

according to the WHO. In: ARGYLE, D. J.; THAMM, D. H. Veterinary and

Comparative Oncology, London: John Wiley & Sons, Ltd., 2010. v. 8, n. 1,

p. 38-49.

33. VILLUENDAS R, PIRIS MA, ALGARA P, SANCHEZ-BEATO M, SANCHEZ-

VERDE L, MARTINEZ JC, ORRADRE JL, GARCIA P, LOPEZ C, MARTINEZ

P. The expression of p53 protein in non-Hodgkin’s lymphomas is not always

dependent on p53 gene mutations. Blood, New York, v. 82, p. 3151–

3156,1993.

34. VONDERHAAR, M.A.; MORRISON, W.B. Lymphosarcoma. In: MORRISON,

W. B. Cancer in dogs and cats: medical and surgical management.

Philadelphia: Williams & Wilkins, 2002. p. 667-695.

35. WU, H.; HAYASHI, T.; INOUE, M. Immunohistochemical expression of Mdm2

and p53 in canine cutaneous mast cell tumours. Journal of Veterinary

Medicine: Series A - Physiology, Pathology, Clinical Medicine, Berlim v.

53, n. 2, p. 65-68, 2006.

36. ZÖRNIG, M.; HUEBER, A.; BAUM, W.; EVAN, G. Apoptosis regulators and

their role in tumorigenesis. Biochimica et Biophysica Acta, Amsterdam, v.

1551, n. 2, p. F1-37, 2001.

41

CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O linfoma é uma neoplasia frequente em cães e tipicamente reduz a

sobrevida dos pacientes acometidos ou até mesmo leva a morte muito

rapidamente se não tratados. Face a esse comportamento, a demanda

preemente é de entender os mecanismos celulares associados ao seu

aparecimento, de modo a determinar as vias moleculares envolvidas, para serem

neutralizadas como forma de tratamento objetivando o controle da doença.

Antes de mais nada, deve haver a preocupação com um diagnóstico

preciso do linfoma. Há alguns anos, o diagnóstico era apenas realizado pela

morfologia celular, contudo, hoje para alcançar tal objetivo, é imperativo o

emprego de técnicas imunológicas, dentre outras, a imunoistoquímica para

determinacão de marcadores de superfície celular específicos.

Ainda dentro da questão de aumento de sobrevida, fatores

prognósticos, como idade, sexo, tipo histológico e carga tumoral devem ser

considerados, entrentanto, o emprego da imunoistoquímica tem mostrado que

possui grande valor no estabelecimento da expressão de sinalizadores celulares,

como fatores independentes do prognóstico. Como exemplo, a proteína p53, que

na forma mutante está associada a eventos que perpetuam linhagens celulares

neoplásicas e a resistência a agentes quimioterápicos, determinando um mau

prognóstico.

Assim, é preciso conhecer mais intimamente as vias moleculares,

incluindo a p53, e manter-se atualizado sobre os avanços científicos para melhor

interpretar os resultados da sua expressão nos diferentes tipos de câncer. As

divergências podem ocorrer por muitos fatores, incluindo a diferença

interespécie, os métodos de fixação de tecido, tipos de anticorpos utilizados, a

intensidade e localização da imunomarcação, tipo de técnica imunoistoquímica

empregada e, por fim, a subjetividade da interpretação dos resultados.

Mesmo assim, esta investigação procurou caracterizar o linfoma

canino e verificar a relação do tipo histológico e imunológico com a expressão da

p53 de forma a obter dados que permitam estabelecer uma interface com casos

42

na medicina, para que as projeções prognósticas possam ser extrapoladas aos

humanos e, assim, os cães servirem como modelo de estudo do linfoma no

homem. Por outro, o avanços obtidos com os estudos em humanos certamente

auxiliarão na condução dos casos em cães. Contudo, mesmo não tendo obtidos

resultados significativos neste trabalho, foi notado uma tendência de maior

expressão de p53 em linfomas canino de células T, que a priori apresenta pior

prognóstico. Assim, tal cenário nos impele a sugerir que estudos prospectivos

bem controlados em cães permitirão a obtenção de dados referentes a evolução

clínica e ao diagnóstico morfológico e imunológicos de amostras representativas,

para alimentar banco de dados a serem analisados para melhor esclarecer os

parâmetros de prognóstico e tratamento do linfoma.