lindenberg & life edição 40
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Confira na edição 40, da revista Lindenberg, matérias sobre artesanato, arte, o ontem e o hoje e muito maisTRANSCRIPT
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artesanato, arte, Icloud, skype,
o ontem e o hoje
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Uma passagem que liga a criao artesanal do passado s tecnologias do presente
A cada edio da revista Lindenberg & Life pensamos em um tema para nortear nos-sa pauta. Falamos de verde e sustentabilidade, de escritrios e tecnologia, de arte, e fechamos 2011 com o branco da paz que todos desejamos. Para abrir 2012 fomos mais ousados e buscamos desenhar, em textos e imagens, o fio que liga passado e presente, artesanato e tecnologia.
Partimos da expresso espontnea da arte de Vio, que a partir das formas de troncos rejeitados pela natureza cria personagens que representam o imaginrio do serto, obras expostas a cu aberto no interior de Sergipe, descobertas por Vilma Eid, da Galeria Esta-o, e que sero exibidas na Fundao Cartier, em Paris. Atravessamos as passagens foto-grafadas por Valentino Fialdini, tema de sua prxima exposio, e que tem uma de suas fotos publicada, em primeira mo, pela Lindenberg & Life (pgina 16) e desembocamos no hoje porque o futuro o hoje.
Jaime Lerner, revolucionrio prefeito de Curitiba, no Paran, alardeava nos anos 1980 que todos deveriam viver e trabalhar num raio de seis quilmetros de casa. As teorias, hoje, algumas j colocadas em prtica em cidades pelo mundo, so a formao de ilhas autossu-ficientes dentro das megalpoles e o trabalho a distncia, onde cada envolvido est em uma cidade ou pas, e todos se comunicam por meio das novas tecnologias. Caso da agncia de tendncias da paulista Karina Arruda, CEO da Inspiral, que vive na Sua e tem colabora-dores espalhados pelos quatro cantos do mundo.
E fomos completando o pontilhado dessa tnue linha que une o ontem e o hoje com temas afins, como a entrevista com o MMBB, escritrio de arquitetura que repensa o modelo das grandes cidades e acaba de remodelar a favela Jardim Edite, em So Paulo, enquanto um grupo de jovens universitrios constri moradias para quem vive em situao de risco, parte do projeto Um Teto para o meu Pas. Na outra ponta surge um novo consumo mais consciente e sustentvel em substituio ao que o economista americano Thorstein Veblen convencionou chamar de consumo conspcuo.
Mas no s. H mais, muito mais, para se ler e ver nesta primeira Lindenberg & Life de 2012, uma quarentona cheia de vida e energia. Boa leitura.
Adolpho Lindenberg Filho e Flvio Buazar
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Avenida Cidade Jardim, 187 Jardim Europa 01453 000 So Paulo t| [11] 2189 0000 f| [11]3063 2741www.entreposto.com.brfoto
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08 Notas De tudo um pouco16 Prlogo Passagens20 Cidade Hortolndia28 Um outro olhar Razes36 Poticas Urbanas Palavras da vez38 Urbano O segredo para cidades mais felizes40 Entrevista MMBB46 Laboratrio Um teto para o meu Pas
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Job: whirpoolkitichenaid -- Empresa: DM9 -- Arquivo: 74355-026-KIT-Lindenberg-Life 23x30_pag001.pdfRegistro: 29018 -- Data: 15:00:33 25/05/2011
54 Consumo Uma mudana de atitude56 Arte As personagens de Vio 62 Personna Uma casa suspensa70 5 Experincias Arte urbana72 Qualidade de Vida Sucos funcionais74 Turismo O cinema como inspirao82 Filantropia Perfil de um doador86 Vendo um Lindenberg 88 Em obras
uma publicao da Construtora Adolpho Lindenberg.
Ano 10, nmero 40, 2012
Conselho Editorial Adolpho Lindenberg Filho,
Flvio Buazar, Ricardo Jardim, Rosilene Fontes, Renata Ikeda
Marketing Renata Ikeda
Direo de arte Lili Tedde
Editora-chefe Mai Mendona
Marianne Piemonte
Colaboradores Ana C. Soares, Baixo Ribeiro, Felipe Reis, Instituto Azzi, Judite Scholz,
Juliana Saad, Juliana Vilas, Manuela Aquino, Maria Eugnia, Marina
Fuentes, Roberto Cecato, Rosilene Fontes, Valentino Fialdini
Revisor Claudio Eduardo Nogueira Ramos
Arte Tatiana Bond
Publicidade Cludia Campos, tel. (11) 3041.2775cel. (11) 9910.4427
Grfica Pancrom
lindenberg & life no se responsabiliza pelos conceitos
emitidos nos artigos assinados. As pessoas que no constam do expediente da revista no tm
autorizao para falar em nome de lindenberg & life ou retirar qualquer tipo de material para produo de editorial caso no
tenham em seu poder uma carta atualizada e datada, em papel timbrado, assinada por pessoa
que conste do expediente.
Lindenberg & LifeR. Joaquim Floriano, 466, Bloco C,
2 andar, So Paulo, SP, tel. 3041-5620 www.lindenberg.com.br
Jornalista ResponsvelMai Mendona (Mtb 20.225)
A tiragem desta edio de 10.000 exemplares foi auditada por PwC.
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Vestida para sentarApreciao, reconhecimento, separao e reinveno so os valores que norteiam o trabalho que o arquiteto e designer de mveis alemo Tobias Juretzek, premiado com The Chicago Athenaeum Good Design Award 2011, faz em seu ateli em Berlim. Pensar e agir sobre questes contemporneas levaram o artista a reciclar a ideia cadeira com o uso de roupas que se vo desgastando com o tempo. A cadeira Rememberme Chair um dos exemplos e exclusividade da Benedixt.Rua Haddock Lobo, 1.584, tel. (11) 3081-5606, benedixt.com.br
ApoioA mesinha lateral Planta, com acabamento em laca, pode ser chamada de curinga. O design de Bernardo Senna, desenvolvido pelo Studio Schuster.Star Home, Rua Bela Cintra, 1.737, tel. (11) 3061-0407, starhome.com.br
Vaso em Murano Fratelli Toso Stiledoc, Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1.296, tel. (11) 3064-9614, stiledoc.com.br
Brincadeira sria Somar funo e emoo para transformar inovao em cotidiano a mxima que a italiana Skitsch segue em seus mveis e objetos ldicos, assinados por nomes de peso como Front, Marcel Wanders, Marteen Baas, Jean Marie Massud, entre outros. Um exemplo: a mesa Flamboyant, de acrlico, assinada por Alessandro Dubini.Skitsch, Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 264. Tel. (11) 3467-9700, skitsch.com.br
Corpo movimentoA coordenao motora nos faz escultores. Se nos pensarmos como esculturas mveis, dizia Suzanne Piret, que, com Bziers e Hunsinger, desenvolveu um mtodo de trabalho que combina a organizao motora estruturao da personalidade. Seguidoras do mtodo GDS, as fisioterapeutas Dulce Estevam e Presciliana Araujo e a bailarina Monica Monteiro se uniram e ministram o curso Coordenao Motora (aulas prticas e tericas em trs mdulos), que pretende ensinar noes de tridimensionalidade, o uso do espao e a correta utilizao dos msculos para a reorganizao do corpo. Mais informaes: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 436, tel. (11) 3283-1157 e 3085-8556
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PomarA natureza est nas mesas da Tania Bulhes Home. Brasileira de corpo e alma, Tania criou a coleo de tableware Jardim Botnico Pssaros do Brasil, feita em Limoges, na Frana. So quatro estampas diferentes Uirapiana na Jabuticabeira, Aratinga na Goiabeira, Tucano no Caquizeiro e Guaruba no Abacateiro que enfeitam sets de porcelana completos para jantar, caf, ch e sousplats. Trs chic!Rua Colmbia, 270, tel. (11) 3087-0099, taniabulhoes.com.br
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GourmandiseAh, Bordeaux na primavera! Quando o sol brilha,
a temperatura amena, e a cidade convida a flanar por suas ruas admirando a maravilhosa
arquitetura. Se estar em Bordeaux uma delcia, hospedar-se no Grand Hotel de Bordeaux &
Spa, o belssimo palcio do sculo 17 (que foi recentemente renovado e volta a fazer parte do
legendrio trio de endereos a visitar que inclui a Place de La Comdie e o Grand Theatre),
como uma viagem ao passado. Para os amantes dos prazeres da mesa, o hotel criou o Wine
Concierge, um servio desenhado para quem quer conhecer os chteaux da regio, participar
de degustaes e de jantares harmonizados nas vincolas locais. Impossvel no provar a
gastronomia do chef Pascal Nibaudeau, no Le Pressoir dArgent, o restaurante do hotel estrelado
pelo Guia Michelin. Para relaxar, d um pulo no spa Les Bains de La, inspirado nos antigos
banhos romanos. A vista um espetculo, os tratamentos, ento, nem se fala.
Tel. +33 (0)5 57 30 44 44 ghbordeaux.com/fr The Leading Hotels of the World: (11) 3171-4000.
Feito com madeira freij laqueada, o aparador com duas gavetas um bsico.COD: Creative Official Design, Avenida Cidade Jardim, 924, tel. (11) 3816-7233, codbr.com
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Zigue-zague A grife Missoni, h muito anos, sinnimo de
elegncia e de qualidade. Seja na moda, seja na casa. Instalada no corao dos Jardins, em So Paulo, a Missoni Home a mais perfeita traduo do estilo da marca italiana. L esto
os zigue-zagues e pixels que fizeram a fama da Missoni aplicados em tecidos e mveis. E como moda e casa eram pouco para o grupo,
eles partiram para a hotelaria. O primeiro est em Edimburgo, na Esccia. O segundo? Inaugura, talvez ainda no final deste ano, na
Ilha de Cajaba, na Bahia. Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 338,
tel. (11) 2597-3004, missonihome.com
Time de bambas Voc sabia que a Donatelli Tecidos alm de estofar tambm reforma sofs e poltronas? O veludo Cobra, italiano, pode ser uma dica.Alameda So Gabriel, 102, tel. (11) 3885-6988, donatelli.com.br
prova de tempoFeita com peroba-rosa de demolio,
a espreguiadeira Malui resiste a chuvas e a tempestades.
Razes Design, Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 276,
tel. (11) 2597-3084, raizesdesign.com.br
Design e artesanatoJornalista das mais gabaritadas, Adlia Borges se apaixonou por design no tempo em que dirigiu a redao da revista Design e Interiores. Hoje, alm dos livros e textos que escreve, faz curadoria de exposies, palestras e ministra aulas. Depois de mais de dez livros, a ex-diretora do Museu da Casa Brasileira debruou-se sobre os temas design e artesanato e acaba de lanar, pela editora Terceiro Nome, o livro Design + Artesanato: o caminho brasileiro, onde mostra a revitalizao do artesanato brasileiro, a partir dos anos 1990. A proposta da autora enfraquecer a ideia de inferioridade do feito mo no Brasil e mostrar o potencial do nosso material em um livro de 240 pginas, ricamente ilustrado, com verso em ingls. terceironome.com.br
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Alta temperaturaH 26 anos, a artista plstica Bia Ferreira da Rosa vive cercada por tornos, moldes e placas de argila. Com elas cria, artesanalmente, uma infinidade de utenslios para a casa e a cozinha que tm o seu DNA. Usando esmalte inofensivo, e queimas em altssimas temperaturas, uma nova coleo com tempero indiano chegou ao ateli. Vale a pena conferir.Rua Sampaio Vidal, 388, casa 3, tel. (11) 3082-5989, biaceramica.com.br
Ele parece um continer de navio, mas no . O bauzinho de ao carbono com pintura eletrosttica , na verdade, um pequeno armrio, com porta e prateleira.Estar Mveis, Avenida Ibirapuera, 3.303, tel. (11) 5542-2494, www.estarmoveis.com.br
Arte de heranaSe voc uma dessas pessoas apaixonadas por arte, que gostaria de conhecer a fundo esse universo, e montar sua coleo particular e no sabe por onde comear, procure o Colees | Escritrio de Arte, montado pela dupla Beatriz Yunes Guarita e Carla Guarita, duas mulheres com a arte no sangue. A primeira filha do colecionador Jorge Yunes, e viveu ao lado do pai colecionando, catalogando e comprando peas para sua coleo particular, Carla prima da museloga Sonia Guarita do Amaral e especializada em arte e design. Mais do que uma galeria, a dupla montou o escritrio para tambm assessorar na formao e gesto de colees de arte, entre outras atividades. Em seu portflio de artistas, nomes como Amlcar de Castro (foto), considerado um dos maiores escultores do Brasil, que se descobriu escultor ao cortar e dobrar o ao, criando geometrias impressionantes que so a marca registrada de seu trabalho. Colees | Escritrio de Arte, goart.com.br
Almofada feita com tecido sinttico Jakob Schlaepfer, na Safira Sedas.Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 348, tel. (11) 3081-5146, safirasedas.com.br
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Escultor de imagens
Arquiteto, escultor ou fotgrafo? Valentino Fialdini descobriu-se nas trs
artes. Esculpe com o apuro da arquitetura as passagens que quer fotografar
Por Mai Mendona | Fotos Valentino Fialdini
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Quem v o trabalho autoral do fotgrafo Valentino Fialdini enxerga o que quer. Podem ser quadradinhos coloridos, lembranas de viagens, fragmentos de realidade. Mas h muito mais por trs dessas imagens. H um conceito, um pensar, uma filosofia? Quem sabe, so tantos os olhares...
Valentino Fialdini fascinado pelas profundida-des, pelas passagens, pelos corredores que vo daqui at qualquer lugar. Um elevador serve de inspirao, a simetria de colunas, as frestas. A maioria das pessoas no percebe o quo inte-ressante pode ser uma passagem, um corredor. Uma passagem pode ser tudo, diz. Mas esse foi apenas o comeo de um caminho que ele vem percorrendo desde a exposio Lego, que acon-teceu na Galeria Zipper.
Quando fui convidado a expor, o Fabio Cimino me disse: aqui uma galeria, se solta, se rein-venta, o que voc fotografa todo mundo v nas revistas. Foi assim, aos 35 anos e fotgrafo desde os 20 anos, que Valentino se descobriu arqui-teto, escultor e fotgrafo. Em vez de fotografar o que existia, construiu espaos com peas de Lego que depois foram iluminadas e fotogra-fadas. O resultado gera dvidas: o que isso? Podem ser mil coisas. E esse o sentimento que ele quer despertar em quem v seu trabalho.
Durante a exposio, Valentino descobriu na Zipper uma parede de pedras. Brotava ali o tema do prximo trabalho. Escolheu uma pedra, que-brou em pedaos pequenos, fez uma pequena escultura e com iluminao foi buscando a pro-fundidade que queria.
Se na mostra Lego Valentino partiu de peas pequenas, construiu grandes esculturas e imagens pequenas. Agora ele est partindo da forma arquitetnica, criou uma escul-tura pequena e pretende apresentar fotos gigantes para que o resultado seja inusitado. O bacana na arte voc no dizer para a pessoa o que ela tem de pensar. Ela entende o que quiser. A passagem de pedra que est sendo publicada com exclusividade pela Lindenberg & Life , na verdade, uma peque-nina escultura. Essa foto ir para a SP Arte e ser o tema da prxima exposio, no final do ano ou no comeo de 2013.
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HORTO LNDIAELA TEm pOucO mAIs DE 50 ANOs, vIu suA RENDA pER cApITA mAIs DO quE DObRAR, E vIvE um ExcELENTE mOmENTO EcONmIcO Por Marina Fuentes | Fotos FeLiPe reis
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Parque Socioambiental Irm Dorothy Stang
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O nome remete a um lugar pacato e buclico. E, de fato, h uma aura de tranquilidade que paira sobre Hortolndia. Com motivos de sobra: a cidade, instalada na regio metropolitana de Campinas, viu sua renda mdia saltar de R$ 870 para R$ 2 mil e seu PIB crescer de R$ 1,7 bilho para R$ 5,8 bilhes. Tudo nos ltimos sete anos. Como consequncia do crescimento do poder aquisitivo, o municpio acaba de ganhar seu primeiro shopping center, somando mais opes de lazer e diverso para a cidade.
Segundo Flvio Haddad Buazar, CEO da REP Centros Comerciais, empresa res-ponsvel pelo shopping, a cidade foi escolhida para abrigar o centro de compras jus-tamente por ser referncia em empreendedorismo. Com a inaugurao do shopping, as pessoas tero acesso s grandes redes e lojas do Brasil dentro do prprio munic-pio, diz ele. A expectativa que a cidade deixe de exportar consumidores e atraia moradores de regies vizinhas interessados em comprar. Todas as nossas campa-nhas esto focadas, alm de Hortolndia, em municpios prximos como Sumar, Monte Mor, Campinas, entre outros.
Origem e boom econmicoNem sempre a cidade foi esse fenmeno de prosperidade. Hortolndia tem origem no pequeno vilarejo de Jacuba, que se transformou em distrito em 1953 e, por intermdio de um plebiscito popular, em 1991 ganhou status de municpio. A 115 quilmetros da capital So Paulo e satlite de Campinas, a cidade que hoje tem 200 mil habitantes poderia seguir sob a sombra das gigantes vizinhas. No foi o que aconteceu.
Graas a uma posio geogrfica privilegiada que inclui a proximidade com o aero-porto de Viracopos e com importantes centros de pesquisa e universidades, como a Unicamp e a PUC-Campinas Hortolndia ganhou a ateno da indstria, que ali instalou importantes unidades fabris, entre elas Dell, IBM e GKN. Para impulsionar ainda mais o desenvolvimento, a prefeitura criou formas de atrair novos investidores para a regio, com isenes fiscais e polticas de apoio.
Deu certo. Cerca de 200 novas indstrias se instalaram na cidade nos ltimos sete anos, gerando 20 mil novas vagas de empregos formais e reduzindo o desemprego de 17% para 4% em 2011. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea), Hortolndia , atualmente, a cidade mdia que mais cresce no Pas.
Muito arborizada, a cidade a menina dos olhos de grandes empresas.
ao lado, a Praa Poderosa
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Novidades para a cidadeInstalado em meio ao centro de comrcio, o Shopping Hortolndia trouxe cidade 120 novas lojas, incluindo ncoras como C&A, Marisa, Americanas, Pernambucanas e Walmart, uma praa de alimentao com franquias como Subway, McDonalds, Casa do Po de Queijo e Brasil Cacau, alm de um complexo de cinemas (com inau-gurao prevista para abril). Com elas, novas opes se somam quelas que integram o pequeno e simptico circuito da cidade, como o restaurante danante Acau e a churrascaria Top Grill.
O Shopping Hortolndia coroa o momento de desenvolvimento econmico e social do nosso municpio. Agora os moradores no precisam mais de se deslocar para outras cidades na hora das compras, o que tambm significa ter mais qualidade de vida. Outro benefcio o ganho cultural por causa das salas de cinema, comemora o prefeito ngelo Perugini (PT).
Para Buazar, o shopping chega na cidade com enormes responsabilidades, de atender e de superar as expectativas de toda a populao. O Shopping Hortolndia vem para pr um fim ao xodo dos moradores em busca de opes de compras, entretenimento e alimentao. Esse empreendimento cria uma autonomia comercial no municpio, o que fortalece ainda mais a economia local.
A receptividade dos habitantes foi enorme. Nem acredito que Hortolndia tem um shopping! Est lindo demais, superou todas as minhas expectativas. No vou sair daqui, disse a estudante Fernanda Stivari, encantada com as lojas de roupas e sapatos.
Desde antes da inaugurao, mensagens em rede sociais e fruns sobre a cidade celebravam a chegada de novas lojas e especulavam sobre a inaugurao do cinema. Quando vai ser? Algum sabe?, pergunta um internauta desavisado. O outro, com bom humor, responde: No sei ao certo, mas quando inaugurar, pode apostar que serei o primeiro.
sucesso de pblico e vendas, o
shopping tambm ponto de encontro
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Preocupao socioambientalAlm do impressionante impulso econmico, Hortolndia hoje referncia em qualidade de vida. bem avaliada nas necessidades mais bsicas a luz chega a 100% das moradias do municpio e o esgoto tem como meta atender 100% dos domiclios at o fim de 2012 e tambm nas que dizem respeito ao bem-estar e ao lazer de seus moradores. A atual prefeitura tem como uma de suas principais bandeiras as questes socioambientais e investiu na construo e recuperao de parques e nascentes.
A implantao do Shopping Hortolndia deu sequncia a essa ateno com o meio ambiente e estabeleceu uma parceria com uma ONG que vai coletar os resduos do centro comercial. Alm disso, criou um espao de coleta de lixo reciclvel e tambm de baterias e pilhas, o primeiro ponto a coletar esse tipo de material na cidade. Tambm foram criados programas de replantio de rvores e implantao e preserva-o junto populao.
o shopping Hortolndia um
dos principais sinais do boom que a
cidade vive. rene ncoras como
C&a, americanas, Marisa e Walmart
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Acessewww.remaster.com
.br/salas
11 5594-2707
www.remaster.com.br
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razesParte da planta enterrada no solo, origem do indivduo, elas se escondem nas profundezas ou crescem livres na superfcie da Terra. Fotos RobeRto CeCato
Talvez bem Tarde nossos sonos se uniram na alTura e no fundo, em cima como ramos que um mesmo venTo move, embaixo como razes vermelhas que se Tocam.
Parte do poema A Noite na Ilha de Pablo Neruda, esse texto fala do remoto, do profundo. Nos revela coisas da alma, segredos bem guardados. Mas lembra o que brota daquilo que est fincado no cho, braos abertos para o cu, como que agradecendo a bno da vida.
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Um fUtUro aconchegante, voltado intimidade e natUreza, e, ainda por cima, com gentileza na ltima moda.
Apontou a holandesa Li Edelkoort, das personalidades mais influentes no mundo que dita os rumos para a moda, o design e a arquitetura, em uma de suas entrevistas.
Essa predio fruto de muita pesquisa, olhar apurado e muita sensibilidade. Para ela, o homem moderno est sujeito a ser uma espcie em extino. Se a natureza est sob ameaa, ns tambm estamos e no de hoje. O retorno intimidade do lar e natureza , antes de tudo, uma mudana de comportamento e de educao ambiental. A casa parte integrante da natureza tanto quanto a paisagem ao seu redor. Isso me fez lembrar uma frase que diz: Quando o abrigo seguro a tempestade boa
Hoje, essa segurana vai alm das slidas paredes e telhados. A casa agora vista como uma clula que deve ser cuidada tambm para a sade da cidade. Comeamos a sentir essa mudana separando os lixos reciclveis, gastando menos gua, no desperdiando energia eltrica. A necessidade de uma casa de qua-lidade vem somar com as questes da sustentabili-dade ambiental, que no podem ser transpostas sem o suporte da tecnologia.
Um bom exemplo est na ilha de Sanso, na costa da Dinamarca. Entre seus quatro mil habitantes, sete a cada dez casas usam vento ou sol para produzir energia. Com o financiamento do governo, dedicao e cons-cientizao dos moradores foram construdas 21 turbi-nas elicas em terra e em alto-mar. O lucro obtido com a gerao de energia limpa investido em obras sociais e o local tem um dos melhores ndices de qualidade de vida do mundo. A ilha tornou-se referncia para estu-diosos do assunto.
Outro exemplo Beirute. Ali, para solucionar o pro-blema da falta de reas verdes, foi idealizado um projeto para transformar os topos dos prdios em jardins, com rvores presas por fios de ao para evitar acidentes em casos de chuvas e ventos fortes. Essas praas suspen-sas aumentariam o convvio entre as pessoas, alm de proporcionar ar mais puro e amenizar o clima quente e seco da cidade, graas s sombras das copas. A ideia tambm criar pequenas hortas por toda a cidade, trans-formando esses espaos em agriculturas urbanas. verde a palavra da vez... as ideias esto ficando verdes
H hoje txis verdes, hotis verdes, paredes e telha-dos verdes , a cor como bandeiras, movimentos e ati-tudes, cada ideia cumprindo com seu papel sustentvel na reduo da emisso do gs carbnico, na questo do conforto trmico e acstico. H ideias verdes que parecem simples, como o uso de bicicletas como trans-porte dirio e tornam-se complexas quando transpos-tas realidade, onde so necessrias mudanas urba-nsticas e sociais. Ao visitar Copenhague recentemente percebi que elas so possveis e fiquei encantada. H bicicletas por todos os cantos da cidade, de todos os tipos, e ficam estacionadas sem cadeados. As pessoas usam para trabalhar, para levar os filhos na escola, para fazer compras e passear. H farol para as bikes, ciclo-vias, com regras e respeito.
Alis, respeito deveria ser a palavra da vez... Como dizia o profeta Gentileza, figura famosa no Rio de Janeiro dos anos 1980: gentileza gera gentileza
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Palavras da vezPOR ROSILENE FONTES | ILUSTRAO MARIA EUGNIA
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Conjuntos de 64 a 169 m2 com opo de laje corporativa de at 1.200 m2
Construo: Futuras vendas:Incorporao::
Material preliminar sujeito a alterao, proibida a divulgao. O empreendimento s ser comercializado aps o Registro de Incorporao. Decorao sujeita a alterao, conforme memorial descritivo. Delforte Empreendimentos Imobilirios S.A. Creci J19971; Acer Consultores em Imveis S.A. Creci 19368J; Frema Consultoria Imobiliria S.A. Creci 497J Av. Indianpolis, 618 Cep: 04062-001 So Paulo SP; Tel.: (11) 5586.5600 www.brasilbrokers.com.br
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para cidades mais felizeso segredo
Com o uso da tecnologia, como Skype, iCloud ou smartphones, possvel viver o conceito de microcosmo e assim termos cidades mais saudveis e menos estressantes Por JuLiana ViLas | iLustrao Maria Eugnia
Em Paris Je tAime, uma compilao de curtas sobre a relao dos parisienses com sua cidade, que teve como diretores convidados os irmos Cohen e Grard Depardieu, Walter Salles contou em poucos minutos a rotina de uma imigrante colom-biana. Ela levantava para trabalhar com o dia ainda escuro, deixava seu beb (de colo) dormindo em um berrio e comeava uma epopeia de trem, nibus e caminhada para chegar ao trabalho, onde cuidava de uma criana, numa elegante casa bem prxima torre Eiffel. Terminado o expediente, a personagem repete angustiada a mesma via-crcis para pegar a criana na escolinha. Ao chegar, ela recebe da professora o beb todo enrolado em uma manta. Dormindo novamente.
A triste situao descrita poeticamente por Salles a rotina dos milhares de seres nos grandes centros. Pessoas que passam boa parte do dia se deslocando (ou em engarrafamentos homricos) do que nos lugares propriamente ditos. No imagine que essa seja apenas uma das condies de quem no tem recurso, para alguns estudiosos, mesmo que voc tenha uma Ferrari e leve uma hora para ir ao traba-lho e outra para voltar, ao final de uma semana voc
ter somado 10 horas em trnsito. Em So Paulo, se voc mora no Morumbi e tem de ir ao Centro diaria-mente, o nmero de horas no trfego no ser menor do que esse. O resultado pode ser descrito assim: menos tempo com a famlia, menos tempo para o trabalho e para os hobbies e mais estresse.
No apenas isso. Alm do tempo, em que se perde qua-lidade de vida, a cidade fica mais cinza, mais poluda e com menos vida. Se voc est h horas no congestio-namento, no pode passear na praa com seu cachorro, certo? Enfim, quem vive dessa maneira vivencia menos a cidade na qual habita. Mas voc deve estar pergun-tando, qual a soluo? Sim, ela existe e no um heli-cptero. Alguns urbanistas chamam esse conceito de microcosmo, nele pequenas cidades so criadas dentro da prpria cidade. Um exemplo de microcosmo seria: morar nos Jardins, estudar em Higienpolis, frequentar bares e restaurantes nessa rea e provavelmente traba-lhar nessa regio.
O arquiteto e urbanista Jaime Lerner, que foi governa-dor do Paran e comandou a revoluo urbanstica na cidade de Curitiba (PR), da qual foi prefeito trs vezes,
foi ainda mais longe. Ele criou o conceito chamado de biodiversidade urbana. Nele, deve-se trabalhar a, no mximo, seis quilmetros de distncia de casa. A regra no vale apenas para alguns. A diarista, o jardi-neiro, o padeiro, profissionais que trabalham no bairro, tambm devem morar no permetro dos mesmos seis quilmetros de casa. Ou seja, as regies das grandes cidades seriam transformadas em pequenos distritos. Parece impossvel? Mas no . O bairro de Fulham, em Londres, tem uma campanha chamada Living locally. Na mesma regio existe o bairro de Chelsea, onde esto as casas mais caras, e atravessando a ponte chega-se ao bairro de Wandsworth, com belas casinhas de tijolo aparente onde moram trabalhadores de classe mdia. Em Brixton, o famoso bairro onde nasceu e cresceu David Bowie, foi criada uma moeda prpria e h descontos especiais no comrcio da regio para que as pessoas faam suas compras por l.
Para Lerner, essa a nica receita para amenizar o caos nas metrpoles. preciso entender que a cidade uma estrutura de vida e trabalho juntos. Cidades sustentveis no separam funes, como morar aqui, trabalhar l, define.
Na teoria, a ideia parece muito boa, mas quem permitiu que esses conceitos funcionassem na prtica foi a tecno-logia. O que era impossvel h cerca de dez anos, hoje simples e barato. De l para c surgiram aplicativos, como o Skype, Viber e Voxer, que permitem s equipes fazer teleconferncias em tempo real, por vdeo, como se todos estivessem na mesma sala de reunies. Alm disso, a possibilidade de armazenar informaes na nuvem, via iCloud ou Dropbox, mudou completamente a maneira de compartilhar e arquivar dados importan-tes, mesmo confidenciais. Ou seja: um profissional pode acessar contedos e trabalhar de qualquer lugar em que haja computador e internet, sem necessidade de acessar um computador pessoal, especfico.
Ainda este ano, a Natura vai implantar um novo sistema de trabalho para os seus executivos. Boa parte dos profis-sionais poder trabalhar em casa. Garantir a reteno de talentos e oferecer mais qualidade de vida aos funcion-rios so as principais razes que motivam as companhias a adotar esse sistema.
A tendncia, segundo Alvaro Mello, professor e presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt), que o trabalho remoto seja algo cada vez mais comum nos prximos anos. H uma relao direta entre a diminuio do custo de produtos de tecnologia, como iPads, e de ser-vios de computao em nuvem e o crescimento do trabalho virtual, diz o professor. Segundo um levantamento da revista Fortune, 56% dos lderes das maiores empresas do mundo querem aumentar o nmero de trabalhadores remotos em suas com-panhias. E 61% deles acreditam que essa mudana ser feita nos prximos trs anos. Se a tendncia se confirmar, alm de pessoas mais felizes teremos tambm cidades mais felizes e urbanisticamente mais saudveis.
Um exemplo de quem levou esse conceito ao extremo e garante que est muito feliz o da paulista Karina Arruda, de 35 anos. Ela especialista em marketing, mora na Sua e CEO da Inspiral, agncia de tendn-cias que ela fundou em 2010. Ex-executiva de grandes marcas, Karina tem currculo invejvel, que inclui pas-sagens pela Motorola, Brasil Telecom e TIM. Em 2009, ela se reinventou. Foi estudar em Madri, na Espanha, e l imaginou um laboratrio de ideias com proposta e sistema de trabalhos diferenciados. Munida de um notebook e smartphone, reuniu uma equipe de profis-sionais brasileiros, sediada entre So Paulo e Braslia. O mtodo de trabalho, que Karina chama de cola-borativo, segue um conceito bem contemporneo: todos se comunicam s por meio de ferramentas on--line e cada um trabalha onde quer. Dessa maneira, a Inspiral conta ainda com mais de 30 colaboradores freelancers e caadores de tendncias em cidades do Brasil, Itlia, Espanha, Panam e Estados Unidos. Comeamos com cinco funcionrios, todos produ-zindo muito e atuando de seus home offices. Prefiro que trabalhem em cafs, nos parques, nas ruas. Basta que tenham um notebook e smartphone, porque faze-mos renies por Skype. Quem trabalha com criativi-dade no precisa, e nem pode, passar o dia trancado num escritrio, sob aquela luz fria. A tecnologia veio para nos libertar, no para aprisionar, explica Karina que, de Zurique, na Sua, concedeu entrevista para a reprter sediada em So Paulo via Skype.
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Mais amor, por favor
Para o grupo de arquitetura paulistano, o MMBB, o caos urbano influencia na falta de gentileza nas cidades.
Por isso, mais do que formas inditas ou projetos suntuosos o que interessa a eles a construo de espaos para
coexistncia nos grandes centros urbanos. Por Marianne PieMonte
alojamento em Campos do Jordo: para estudantes da futura escola de msica
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Eles se conheceram em um dos corredores pro-jetados por Joo Batista Vilanova Artigas (1915-1985), um dos principais nomes da arquitetura em So Paulo. O lugar era a Faculdade de Arquite-tura e Urbanismo da USP (FAU). Formaram-se e dali ganharam o mundo, cada um para um rumo. Em 1991, aps receberem o prmio principal do Concurso para o Pavilho do Brasil, em Sevilha, eles, finalmente, cria-ram o MMBB.
Hoje, Marta Moreira, 48 anos, Fernando de Mello Franco, 46 anos, e Milton Braga, 47 anos, formam o trio de arquitetos que chama a ateno do mundo. Em 2011, foram destaque na importante publicao americana sobre o tema, a Mark, numa matria de dez pginas cujo ttulo era Urban Outfitters. Alm de urbanismo e pro-jetos de residncias, o que salta aos olhos que para eles este pas no precisa de mais linhas retas ou tijolos aparentes, o que o Brasil precisa de afeio.
Entre os projetos do trio, em que a afeio a linha principal, est a construo de uma escola de msica que contar com um complexo de 170 residncias estudan-tis, prximo ao auditrio Claudio Santoro, em Campos do Jordo. Tambm no portflio deles est a urbanizao da favela Jardim Edite, ao lado da ponte estaiada Otvio Frias de Oliveira, o novo carto-postal de So Paulo.
Qual a relao dos projetos de vocs com a cidade?Milton: Qualquer projeto tem sua dimenso urbana e portanto pblica, mesmo um edifcio privado tem a fachada pblica. Qualquer interveno, por menor que seja, interfere na cidade.
Marta: Estamos envolvidos no projeto Jardim Edite (reurbanizao da favela ao lado da ponte estaiada), ali haver 250 unidades habitacionais. Nossa preocupao que o cho fosse pblico, o que garante a animao e a interlocuo das caladas. Todos os trreos tm restaurantes-escola, ambulatrio, creche e unidade bsica de sade. No um muro de divisa com porto, que resolve uma situao interna, mas recusa o relacio-namento com a cidade. Houve uma preocupao no apenas com a casa, mas como ela se relaciona com a cidade um exemplo do que nos preocupamos.
Fernando: A cidade uma instncia poltica, uma metrpole como So Paulo um territrio de conflito, parte da arquitetura participar dessa negociao.
Em parceria com o escritrio de Paulo Mendes da Rocha, eles tm realizado grandes obras para rgos institucio-nais ou pblicos, como o terminal de nibus do Parque Dom Pedro, em So Paulo.
Apesar do jeito low profile, tudo indica que o barulho apenas comeou. O trio j foi convidado a colaborar na curadoria da Bienal de Arquitetura de Roterd, na Holanda, em 2012.
o que vocs trs tm em comum? Marta: Alm de termos estudado juntos e a afinidade intelectual, temos muito interesse pela cidade. Ns tambm nunca nos afastamos das escolas, nunca deixa-mos de ter a relao com a academia, com a formao.
Fernando: No vemos arquitetura como a produo de objetos ou monumentos, o que nos interessa pensar no nosso tempo a questo da cidade. Queremos nos rela-cionar com a arquitetura pblica, queremos contribuir com espaos de coexistncia nessa cidade.
Um exemplo disso a marquise do Parque do Ibirapuera, em que hora ocupada pelos skatistas e hora por pais ensinando os filhos a andarem de bicicleta. Mais do que construir imagens preciso construir formas de uso.
Como vocs descreveriam So Paulo urbanisticamente?Fernando: Mario Biselli (arquiteto paulistano) j disse: homogeneamente heterognea. A nossa questo como estabelecer essa convivncia.
Milton: Alexandre Alves Costa, um arquiteto portugus, disse que por aqui podemos escolher em qual cidade queremos viver, depende da regio que se escolhe voc tem uma cidade diferente. Por isso, ela de vanguarda.
Praa Antonico, parte da urbanizao da favela Jardim
Edite, perto da ponte estaiada.
Ao lado, o trio de arquitetos
No Jardim Edite, o cho para todos. As 250 moradias ficam suspensas
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O MAIS BONITO VER O EFEITO NAS
PESSOAS E NO AS FORMAS DO PROJETO
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Se pudessem reprojetar a cidade o que fariam?Marta: Acho que a prioridade seriam as grandes infra-estruturas que relacionam a cidade como um todo, as duas linhas de rio, gua, drenagem. Seria importante pensar do ponto de vista da paisagem, de que forma podemos aproveit-las.
Se houvesse um rio passando em Higienpolis, esse seria o melhor bairro da cidade, porque os prdios esto bem, mas o que est entre eles que est mal. Nossa cidade muito malfeita.
O caos urbano influencia para a falta de gentileza. Nossa gerao de arquitetos fala muito menos de cidades do que a gerao anterior que estava construindo o Brasil.
Um exemplo de preocupao contra as enchentes e captao da gua da chuva.
Na planta de cima, uma canaleta represa a gua (que tambm drenada) e cercada por uma vau, como de um rio. Em caso de muita chuva, ela evita que o excesso de gua transborde (planta de baixo)
Fernando: No podemos esquecer que 30% da popu-lao da metrpole vivem em condies anormais, isso imperativo. Tambm precisamos pensar na mudana climtica, a bolha de calor, que tem provocado um regime pluvial muito intenso e as enchentes. Para enfrentar as mudanas temos que pensar que modelo de cidade queremos.
Vocs vivem a cidade?Marta: No meu pedao fao tudo a p. Trabalho, moro e dou aula na Escola da Cidade, tudo em Higienpolis.
Milton: Optamos por uma rea mais urbana na cidade, escolhemos um lugar que tem vida na rua. Um exem-plo disso que no temos caf no escritrio para ter a opo de descer e tomar o caf.
Eu gosto de ir ao mesmo bar, tenho amigos do bar, para criar relaes de afetividade. At nisso So Paulo legal, porque podemos ser annimos e tambm criar relaes de afetividade.
Fernando: Um holands que vive em Amsterd e acha que vive numa vila disse que aqui construmos peque-nas vilas.
Qual a marca do MMBB?Fernando: A casa Vila Romana que tem um jardim na cobertura, por exemplo. O que se ganha? Uma rela-o com a cidade. Mesmo sendo uma casa privada, ela estabelece uma relao com a cidade, mesmo que contemplativa. Portanto, passam a ser urbanas e no feudos enclausurados.
Milton: Antes de pensar o objeto, a forma, a materiali-dade, deve-se pensar no efeito que todo esse material causar. O mais bonito ver o efeito nas pessoas e no as formas do projeto, por isso, talvez, nossas formas sejam mais serenas. Nos interessa que a vida aparea com mais fora.
Linhas simples, nenhum suprfluo e um jardim na cobertura, na residncia da Vila Romana.
Ao lado, casa na City Boaava
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O QUE O BRASIl PRECISA DE AFEIO
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A construo de uma nova realidadeCom doaes e mutires de jovens universitrios voluntrios, a ONG Um Teto Para o Meu Pas fez cerca de mil casas em comunidades carentes de So Paulo por Juliana Vilas | fotos felipe reis
A comunidade tem o sugestivo nome de Futuro Melhor. Fica nas entranhas da zona norte de So Paulo, precisa-mente no Jardim Peri, aos ps da Serra da Cantareira. Por ali, centenas de pessoas vivem em barracos de madeira e papelo. Se na cidade de So Paulo 12% das moradias esto em favelas, segundo a Secretaria de Habitao, naquele pedao esse ndice chega a 20%. A situao era ainda mais dramtica, em 2007, mais de 14% dos moradores no tinham acesso a saneamento bsico.
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Ao adentrar o bairro, que tem um crrego cortando a rea, crianas, cachorros e famlias inteiras divi-dem espaos, nas ruas estreitas, com carros e cami-nhes. Nas vielas internas o que se v so casebres amontoados. Aos poucos, essa realidade vem sendo transformada. A nova paisagem est sendo desenhada por jovens idealistas que formam o time da ONG Um Teto Para o Meu Pas. Estudantes de Direito, Arquitetura e diversas universidades que se unem para construir moradia popular.
A primeira casa de Tnia Aparecida da Silva, 53 anos, uma cuidadora de idosos que mora h dois anos na comunidade, foi construda com madeira e papelo. A umidade das paredes tornava o cmodo ainda menor, porque era preciso desencostar os mveis para que eles no estragassem. Quando chovia forte, entrava gua e a casa virava um rio, que batia na altura do joelho, lembra.
Ela tambm conta que, apesar de precisar muito, ficou desconfiada e chegou a torcer o nariz quando o pessoal da ONG apareceu para fazer uma srie de perguntas. Eram jovens bonitos e muito simpticos,
cheios de ideias e boa vontade. No entanto, rapi-damente a desconfiana deu lugar ao entusiasmo e Tnia comeou a vislumbrar um futuro melhor.
Ela foi uma das selecionadas do projeto Construo com famlias: uma rvore de oportunidades, da ONG latino-americana Um Teto Para Meu Pas. Foi entre-vistada por universitrios que, voluntariamente, cons-troem casas de emergncia, em sistema de mutiro, para os mais necessitados. A parte brasileira da enti-dade conta com quatro mil estudantes.
Assistir o esquadro universitrio em ao na favela como levar um positivo choque social. assim que a estudante Manuela Porto, de 20 anos, descreve a expe-rincia. Ela faz parte da ONG desde 2010. Na primeira visita que fez ao local, admite que ficou surpresa. Gosto de conhecer as famlias e fazer o primeiro contato, quando definimos os moradores que recebero a nova casa, por ordem de prioridade, diz. Manuela sempre estudou nos melhores colgios da cidade e conta que os pais puderam lhe oferecer todo conforto. No fosse pelo trabalho voluntrio, poderia passar a vida toda sem conhecer, to de perto, parte da realidade de nosso Pas.
impressionante como criamos vnculos emocionais com os moradores. Adoro ser voluntria e acho que esse trabalho tem contribudo muito para minha formao. No apenas profissional, mas pessoal mesmo.
O trabalho ao qual Manuela se refere dividido em etapas. A primeira a entrevista presencial com os moradores. Escolhidas as casas que sero renovadas, os organizadores marcam o fim de semana do mutiro.
Uma vez por ms, os universitrios abdicam da balada e ainda bem cedo, quase com o sol raiando, se encontram na comunidade que ser atendida. Divididos em grupos bem organizados e agindo sem-pre em duplas, eles comeam os trabalhos. A famlia beneficiada contribui com R$ 150 e se compromete a demolir a casa velha para liberar o terreno at a manh do primeiro dia de trabalho, quando a turma jovem chega para iniciar a fundao. A moada cheia de boa vontade pe a mo na
massa, levantando paredes, assentando pisos. A pintura a ltima etapa, quando a casa est pronta
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O ltimo mutiro de 2011 contou com chuva inter-mitente durante todo o sbado, dia 11 de dezembro. No domingo, o sol apareceu e colaborou com o pro-grama. No primeiro dia, voluntrios e moradores fica-ram cobertos de lama, mas nada disso atrasou o cro-nograma. Os caminhes traziam at a rua de asfalto mais prxima as pesadas placas de madeira, que os homens carregam em grupo. Um, dois, trs, vai, era o comando que se ouvia durante o dia. Com as pla-cas devidamente encaixadas, todo mundo entrava na dana e martelava, media, ajeitava.
As refeies, durante o dia de trabalho, so comuni-trias e uma escola pblica faz as vezes de dormitrio para os voluntrios visitantes, que levam os prprios colches e estendem nas salas de aula.
No fim de semana do mutiro nada de banho, apesar das quase 12 horas de labuta dirias. No domingo, todos esto a postos s 7 horas. Tomam caf e reto-mam as atividades. A casa precisa estar pronta at o fim do dia porque os moradores no podem passar mais do que dois dias alojados nas casas de vizinhos e parentes. No fim de semana seguinte, os voluntrios voltam para pintar as paredes externas.
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Diante de tanto empenho, Ricardo Montero, diretor social da ONG no Brasil, enftico: Discordo total-mente de quem diz que os jovens so individualistas, que no se interessam por poltica, nem pelas questes coletivas. Imagine que, s em 2011, recebemos mil ins-cries de novos voluntrios. Ricardo nasceu no Chile, onde a entidade foi criada, em 1997. Estudante de Direito, ele foi voluntrio e j construiu muitas casas de emergncia nos pases da Amrica Latina. Gostou tanto da experincia que se especializou em Direito Social. Os estudantes sabem que o conhecimento no est restrito s salas de aula. O verdadeiro crescimento e desenvolvimento humano e profissional est nas ruas, nas realidades diferentes das deles. No assistencia-lismo, trabalho, uma via de mo dupla, diz Ricardo, confirmando a opinio da colega Manuela.
Um Teto Para Meu Pas est em 19 pases latino--americanos, o que ainda pouco diante das
No domingo, Tnia, a cuidadora de idosos que vivia com a casa alagada, j estava na casa nova que recebeu no mutiro anterior. Por isso, ela pde abrigar a vizinha Silvana Arajo, que acompanhava maravilhada o traba-lho dos jovens voluntrios. Moro aqui h quatro anos com seis filhos e dois netos. Minha casa tinha tanta infiltrao e mofo que nenhum mvel presta mais, diz. Ela conta que por vezes teve de levar as crianas ao hos-pital com problemas respiratrios, culpa da umidade que nunca abandonava a casa. Agora, isso vai mudar, emenda a amiga Tnia. Olha a minha como ficou. A sua vai ser assim tambm, chega de gua dentro de casa, comemora enquanto mostra, cheia de orgulho, o ambiente interno da morada, bem arrumadinho. No vejo a hora de colocar meus filhos na casa nova, sequinha e confortvel. hoje!, comemora Silvana, olhando a casa ganhar forma, com as paredes secas nos devidos lugares. o comeo da realizao de um Futuro Melhor.
Manuela Porto uma das voluntrias do projeto, que uma vez por ms se rene em mutiro para ajudar a construir uma vida mais digna para quem vive em situao de risco. Acima, a nova casa "sequinha e confortvel"
Mos obra!Quer ser voluntrio da ONG Um Teto
para Meu Pas? Basta entrar no site
(http://umtetoparameupais.org.br/) e
se cadastrar clicando em 'Quero ser
voluntrio'. O primeiro passo so as
entrevistas em que os voluntrios
detectam quais as famlias de uma
comunidade sero escolhidas. Um
ms depois comea o mutiro de
construo que sempre acontece em
um final de semana.
necessidades de quem vive no limite que divide misria e pobreza. A casa que fazemos emergen-cial, no se trata de uma soluo definitiva, mas de um paliativo para quem vive em situaes muito pre-crias, convivendo cotidianamente com vrios ris-cos, como doenas, enchentes e alagamentos, diz. Ele sabe que o ideal seria construir casas de alvena-ria para todos, mas esse processo seria muito mais lento. Mostramos para a comunidade que possvel mudar e tirar alguns moradores da situao de risco extremo, explica.
At hoje, o projeto construiu 85 mil moradias de emergncia em pases latinos. No Brasil, esse nmero chegou a 939 casas em 2011.
S no fim de semana de 11 e 12 de dezembro, 85 fam-lias da capital paulista receberam novas moradias 12 na comunidade Futuro Melhor.
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O pendor exibicionista das classes altas, definido pelo americano Thorstein Veblen como consumo conspcuo, perde fora nesse mundo que clama por sustentabilidade Por Judite Scholz | iluStrao maria eugnia
o prazer de ostentar
frescos e sustentveis e, apesar da procura enlouquecida por uma mesa, ele no abre mo de fechar as portas no vero para viajar com a famlia. Redzepi declara que ser bicampeo no muda nada em sua vida: continua pas-sando os sbados de vero colhendo rosas com a mulher e os filhos. Como ele, h empresrios brasileiros cheios de compromissos que conseguem reservar espao na agenda pelo menos quatro vezes por ano para participa-rem de campeonatos de vela e de golfe.
Se a coisa pegar, certamente o mundo voltar a ser um lugar mais acolhedor. Trazidas do Sri Lanka pelo paisagista Roberto Burle Marx, a palmeira Corypha umbraculifera, ou palma talipot, floresce uma nica vez na vida, cerca de cinquenta anos depois de plantada. Em seguida, inicia um longo processo de morte, perodo em que produz cerca de uma tone-lada de sementes. Quando Roberto Burle Marx plantou a palma talipot no Aterro do Flamengo, um visitante comentou: Como elas levam tanto tempo para florir, o senhor no estar mais aqui para ver. O paisagista, ento com mais de 50 anos, teria dito: Assim como algum plantou para que eu pudesse ver, estou plantando para que outros tambm pos-sam contemplar.
Anos atrs, o comediante norte-americano Bill Cosby censurou seus pares da comunidade negra por gastarem exageradamente em bens sofisticados demais em detrimento da educao de seus filhos. Isso fez com que ele fosse imensamente criticado por alguns e elogiado por outros. Prova-velmente os elogios partiram daqueles que nunca tinham ouvido falar do consumo conspcuo expresso criada pelo economista americano de ori-gem norueguesa Thorstein Veblen, no final do sculo 19, segundo a qual no basta ter, preciso mostrar.
Posses de valor visveis a todos so um sinal de riqueza, sucesso e status do indivduo, disse Veblen. Ele usou o termo consumo conspcuo para descrever o compor-tamento do nouveau riche, a classe mdia emergente no sculo 19 em consequncia do acmulo de riqueza durante o perodo da revoluo industrial, no livro teoria da Classe ociosa. Esses novos-ricos investiam em bens e servios com a finalidade de indicar renda e riqueza, poder social. Veblen dizia que a classe alta, que ele cha-mava classe ociosa, consumia produtos no por sua utili-dade, nem para satisfazer suas necessidades, mas apenas para exibir sua riqueza e adquirir poder e prestgio.
Para Veblen, com a introduo do dinheiro, a evoluo econmica do homem passou a obedecer a dois instintos bsicos: o produtivo e o pecunirio. O primeiro tratava de fazer bens, o segundo de fazer dinheiro. Mas na sociedade moderna o instinto pecunirio sobrepujou o instinto produtivo e o empresrio assumiu que seu papel preponderante era a criao de dinheiro, no a produo de bens. Se para fazer dinheiro fosse necessrio um pro-cesso mecnico de produo de mercadorias, tudo bem, mas o ideal era conseguir dinheiro em troca de nada, como se faz na bolsa de valores e no mercado financeiro.
professor de filosofia da Universidade de Grenoble, autor do livro a Felicidade Paradoxal: ensaio sobre a sociedade de Hiperconsumo, a fase atual do consumo marcada pelo declnio do consumo conspcuo e por uma ascenso do consumo experiencial e sensvel, no qual as pessoas buscam mais satisfao esttica e prazer no contato direto com o objeto do que elevao de status.
Pode parecer que ainda estejamos muito distantes dessa tendncia, mas neste mundo ameaado pelo aqueci-mento global, escassez de gua e poluio dos recursos naturais, buscar a sustentabilidade obrigatrio, e o consumismo desenfreado realmente no se encaixa.
Sem falar o quanto mais prazeroso consumir qualquer objeto pela boa sensao que proporciona seja ldica, sensorial, esttica, de conforto do que pela impresso que vai causar nos outros. Isso vale at para a forma de lidar com o tempo, dedicando mais espao ao que, de fato, gera prazer. Uma vida mais simples, mas que no dispensa conforto, pode ser a chave para dias mais felizes.
O chef dinamarqus Ren Redzepi, que comanda o Noma, restaurante em Copenhague eleito duas vezes o melhor do mundo, prega o uso de alimentos locais,
Alm disso, como os bens passaram a ser consumidos por todos, a classe alta passou a obter prestgio social com o consumo de bens de luxo. Assim, no servia qualquer rel-gio, apenas o mais caro, que marca as horas como todos os outros; no bastava um sapato, tinha de ser o modelo com couro de crocodilo e assinado por um designer, no porque aquele design significava algo para ele, apenas por demonstrar que ele podia mais, ou seja, a classe alta investia em bens no pela utilidade ou pela necessidade, mas como exibio de riqueza, poder e prestgio.
Esse tipo de comportamento evoluiu a tal ponto junto com o capitalismo que muitas marcas e produtos se tornaram smbolos de status, e seus lanamentos eram esperados com filas de intrpidos consumidores vidos em serem os primeiros a ostentar tais novidades. Por ser o consumo de bens de maior excelncia prova de riqueza, ele se torna honorfico, dizia Veblen.
Para Nikolai Roussanov, professor de finanas da Wharton School, da Universidade da Pensilvnia, os gastos com consumo conspcuo no so totalmente con-traproducentes, j que em muitas comunidades pode ser necessrio passar uma imagem de maior afluncia na busca de melhores empregos e de uma vida social de melhor nvel. A sade e a educao deveriam ser alvo de um volume maior de investimento financeiro por parte dos indivduos, mas no se pode simplesmente obrigar as pessoas a pensarem dessa forma e achar que isso as far se sentirem melhor, ele disse. Como convenc-las de que cursar uma universidade cara vale mais a pena do que comprar um relgio caro? No h uma soluo simples para essa questo.
A tendncia indica que o consumo conspcuo est per-dendo flego. Para o filsofo francs G. Lipovetsky,
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A Arte que vem do serto
Em uma regio remota de Sergipe, Ccero Alves dos Santos, o Vio, cria esculturas que sero expostas na Fundao Cartier, em Paris Por MArinA FuEntES
A madeira talhada pelas mos do Vio ganha diferentes formas, parte do imaginrio do artista fot
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Quem passar, de carro ou a p, pelo quil-metro 8 da rodovia engenheiro Jorge Neto, pode achar que est vendo coisas. Noivas, grvidas, seres imaginrios e cortejos fnebres de figuras com feies sisudas se apresentam, em tama-nho real ou amplificado, como verdadeiros gigantes transitando por aquele espao remoto do serto sergi-pano. ali, naquele pedao de roa, entre a cidade de Nossa Senhora da Glria e Feira Nova, que o artista Ccero Alves dos Santos, o vio, cria e expe a sua obra em madeira, dando sua verso para a histria do povo sertanejo.
Imaginao ou realidade, impossvel ficar alheio s suas peas. A partir da madeira talhada ou de for-mas aproveitadas do movimento natural de troncos e galhos, vio exterioriza as criaturas que povoam o seu imaginrio. Para cada figura h uma histria na ponta da lngua. H polticos com duas faces (uma bem pin-tada, para os dias de comcio, outra carcomida para os dias de poder), ndios preparados para uma guerra que nunca vo vencer, sertanejos enterrando um con-terrneo que leva com ele uma mala de sabedoria.
venho, converso com eles, so uma famlia, diz o artista, que produz novas peas semanalmente e trata de repor as que so deterioradas pelo tempo, alm de manter outras guardadas em pequenas casas instaladas na beira da estrada. Apesar de prolfico, vio confessa as dificuldades de manter a atividade em meio seca cultural do serto. J me chamaram de maluco, de macumbeiro, muita gente no entende, conta ele, que em 1980 recebeu o primeiro convite para expor, numa feira pecuarista. Foi o comeo do reconhecimento que, no boca a boca, atravessou as fronteiras estadu-ais e chegou a So Paulo e a vilma eid, fundadora da Galeria estao, especializada em arte popular.
muita gente j tinha me falado do vio e resolvi ficar atenta ao seu trabalho. Antes de conhec-lo, decidi ir comprando peas de sua obra. Passei cinco anos cole-cionando e avaliando, se aquilo tinha uma consistn-cia, se as obras me cansavam. A obra feita para decorar cansa, mas a obra de arte resiste, diz ela, que sabe como poucos diferenciar a arte de artistas populares, sem formao erudita, do artesanato. Artesanato a repetio de uma frmula bem-sucedida, em geral
um utilitrio e feito pra ser consumido. Os artesos repetem em srie porque o mercado pede aquilo em srie. mas o artista no consegue reproduzir a mesma obra, mesmo se voc pedir.
Artista de nascimentoAlm de se dedicar s esculturas em madeira, vio criou e mantm um museu sertanejo. So mais de cinco mil objetos garimpados por ele ao longo de dcadas que retratam os hbitos cotidianos do povo da regio e que esto distribudas em casinhas temticas. tem a casa de farinha completa, a tenda de ferreiro, com todas as ferramentas, a casa do agricultor, do caador. Aproximadamente dez casas, arrumadas cena por cena. Se a gente no rene isso, tudo ser esquecido. Isso no est registrado em lugar nenhum, conta ele.
O interesse de vio pelos costumes e histrias locais vm da infncia. Nascido em 1948, na cidade de Nossa Senhora da Glria, aos cinco anos o menino Ccero vivia entre os ancies ouvindo suas prosas. A afinidade era tanta que lhe rendeu o apelido vio pelo qual hoje conhecido no serto e em galerias.
J nessa poca comeou a fazer por conta prpria seus primeiros trabalhos manuais em cera de abelha, como uma criana que brinca de massa de modelar. Depois, pr-adolescente, conheceu a cermica, mas logo des-cartou a matria-prima. era uma sujeira, tinha que lavar a mo para cumprimentar quem chegasse e meu pai queria que eu trabalhasse na roa, lembra. Foi observando os troncos de rvores mortas que comeou a imaginar seres e formas que poderiam ser criadas a partir dali. meu trabalho comea da observao do que a natureza j fez, explica.
A conscincia do prprio trabalho artstico veio antes da confirmao de colecionadores e galeristas, quando vio passou a defender sua obra e chamar a ateno para ela. Fui reconhecido fora daqui, mas na cidade mesmo nunca vendi uma s obra. Ningum valoriza arte no serto, reclama ele, que, desconfiado, seleciona quem pode ver e adquirir seu trabalho. Se vem aqui falar que bonitinho, se eu ver que no tem sensibilidade, que no entendeu, j digo que no tenho nada pra vender, como j fiz muitas vezes.
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Partindo da forma dos troncos e galhos, o arteso esculpe sua verso dos mitos e lendas que povoam a imaginao do sertanejo
Ccero Alves dos Santos, o Vio, e uma de suas esculturas, expostas em seu museu a cu aberto na porta do ateli
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Reconhecimentoem So Paulo, no entanto, vio um artista em ascen-so. Dono de uma esttica limpa e extremamente con-tempornea h quem compare seu trabalho com o do alemo Georg Baselitz , desde 2004 integra o acervo da Galeria estao, onde algumas de suas peas esto venda por valores que giram entre r$ 8 mil e r$ 18 mil.
Obras suas tambm fazem parte do acervo da Pinacoteca do estado, do Sesc e de colees particulares, como a do artista plstico carioca Waltercio Caldas. Gosto espe-cialmente do trabalho que ele faz em pequena escala. A temtica somada quele tamanho diminuto muito interessante, conta Waltercio, que se refere s minscu-las esculturas de madeira de 3 a 5 centmetros que vio faz com a ajuda de um canivete.
Algumas miniaturas e obras grandes seleciona-das devem integrar uma mostra no Instituto tomie Ohtake, que rene dez artistas populares em maro
na roa do serto sergipano, Vio fez o seu ateli, onde d forma madeira rejeitada pelo povo e pela natureza
Ao lado, o que poderia ser um elefante e abaixo uma srie de homens ou fantasmas
de 2012. A iniciativa, em conjunto com o Instituto do Imaginrio e a tal tv, inclui, ainda, um livro e um documentrio sobre essas pessoas extremamente criativas que despontam em locais com pouco ou nenhum incentivo cultura.
vilma explica a importncia do entorno para entender a obra desses artistas. De um modo geral, eles esto muito isolados de uma realidade urbana, vivem no seu prprio hbitat. mas a conscincia que o vio tem de um ser poltico, de uma manuteno de tradies fundamental para nossa histria. algo bvio, mas surpreendente como um ser semianalfabeto, morando numa beira de estrada, tem essa viso. Ningum o ensinou, ele nasceu com isso.
tambm em 2012, vio d seus primeiros passos no exterior, quando vai participar de uma coletiva prevista para maio que deve reunir o trabalho de artistas popula-res de diversos pases na Fundao Cartier, em Paris. foto
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ife Como o decorador Fernando Piva conseguiu transportar a histria de vida de um casal que morou por 40 anos em uma casa de 700 metros quadrados para um Lindenberg Por Marianne PieMonte | Fotos Valentino Fialdini
suspensao living interligado com a varanda amplia a sensao de
casa. na sala de jantar, que tem como atrao principal o quadro com a imagem da santa Ceia, comprado em roma na
ocasio do casamento dos moradores, foi transportado de maneira idntica da casa para o 18o andar
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Coroas de prata, que foram herdadas da famlia, so objetos que fazem parte da histria do casal. Ao lado, na sala de jantar, alm da prataria, o quadro da Santa Ceia comprado na lua de mel
Um projeto no qual no se podia mudar nada, mas era preciso alterar tudo. Esse foi o desafio de Fernando Piva, nesse Lindenberg nos Jardins, em So Paulo. O decorador recebeu essa misso das filhas de um casal muito sim-ptico e elegante, carinhosamente unido h 55 anos. E, detalhe: vivem at hoje como dois namorados apaixonados.
Desde 1971, o casal morou no bairro, mas em uma casa com cerca de 700 metros quadrados. Os filhos e filhas casaram, os netos chegaram e cresceram. Os cmodos foram ficando em silncio. Estar naquela imensido vazia no fazia mais sentido, mas como jogar fora boa parte ou empacotar a histria de uma vida?
Para respeitar essa histria e dar conforto ao casal, a ideia foi transportar a casa para os 310 metros quadrados de um Lindenberg. Meu trabalho foi transportar 40 anos de vida para um apartamento com metade do tamanho. Com poucas alteraes na planta, e alguns mveis novos, consegui valorizar a qualidade do mobilirio do casal e criar um ambiente familiar e aconchegante para os dois, disse Piva.
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Espaos que eram muito importantes para o casal, como a biblioteca, por exemplo, foram reproduzidos e recolocados de maneira quase idntica no novo endereo, feitas, claro, as adequaes necessrias. Dei apenas um toque mais moderno em alguns lugares, mas quase imperceptvel. Antes a biblioteca era revestida em cerejeira e a nova est em carvalho, conta o decorador. At a coleo de armas antigas, que so herana de famlia, teve a mesma disposio mantida na parede.
Algumas coisas mudaram de lugar, como uma pequena vitrine de caixinhas e relicrios. Os mais valiosos foram doados, os outros tantos, alguns em madre-prola ou trabalhados em metal e pedras, que o casal trouxe de viagens feitas pelo mundo, ganharam lugar de destaque na sala. O banheiro da quarta sute foi transformado lindamente em um espao para guardar toda a loua da dona da casa. No hall que precede a biblioteca, um piano de cauda, em que os dois praticam a quatro mos.
a biblioteca recebeu o revestimento de uma madeira mais atual, mas uma reproduo fiel que havia na antiga casa. at os objetos de decorao, como a coleo de armas, foram mantidos na mesma disposio
O hall de entrada teve a porta deslocada para que fosse transformado numa sala de msica, onde o casal faz aulas de piano diariamente. H 55 anos, eles mantm o hbito de tocar a quatro mos alguns clssicos de Schubert.
Ao lado, na biblioteca, as paredes foram forradas de madeira, como era a original
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Na varanda, uma espreguiadeira foi cuidadosamente planejada para quem no quer perder o sol da manh.
Na pequena estante, santos e recordaes das visitas ao Vaticano e objetos, caixinhas e relicrios trazidos de viagens
No quarto do casal, as recordaes de encontros com o papa e viagens a Roma e ao Vaticano receberam local de destaque na cabeceira da cama
Colar de rubis e prolasA vista um dos atrativos que tm entretido o casal. A senhora, ao olhar pela janela de seu quarto no comeo da noite, v um colar de prolas e outro de rubis, uma viso potica do trfego que vai em direo Ponte Estaiada e vem rumo Cidade Jardim. Da sala, alm da pista de corrida e piscinas do clube vizinho, possvel enxergar as luzes e as antenas da Avenida Paulista. Uma amplitude de horizonte pouco usual em So Paulo.
A sala de jantar foi mantida igualzinha. Duas peas eram, e continuam a ser, as atra-es do ambiente. Um quadro com a imagem da Santa Ceia, comprado pelo casal durante a lua de mel em Roma, na Itlia, e que chegou ao Brasil trs meses depois do casamento. E a coleo de coroas de prata, herdada dos sogros, que fica sobre o aparador e faz a ligao entre o clssico e o moderno.
Todo o terrao, que percorre o comprimento da sala, recebeu revestimento de piso de madeira. Minha ideia era dar mais essa sensao de casa, prolongando a sala, sem que houvesse diviso. Funcionou. Ali, uma espreguiadeira o local perfeito para quem quer tomar o sol da manh, e uma mesa redonda posta diante da vista o lugar ideal para quem quer tomar um drinque observando o cair da tarde.
Muito religioso, o casal foi recebido uma srie de vezes no Vaticano. Em uma das visitas receberam o plastron (o colarinho da veste papal) de presente. Essas e outras recordaes ganharam uma espcie de altar, em frente ao quarto do casal. No corre-dor que liga a sala parte ntima da casa est uma galeria de imagens. Nascimento dos netos, fotos de famlia, viagens e situaes deliciosas de recordar e que no pode-riam ser deixadas para trs formam uma espcie de galeria particular.
Na sala de estar, no lugar das elegantes poltronas da Artefacto escolhidas pelo deco-rador, foi pedida uma poltrona giratria, que ora deixa o casal de frente para televi-so, ora os integra ao resto da sala. Assim, a dupla, que ainda hoje faz aulas de piano junta, pode assistir televiso de mos dadas. O mrito desse projeto? Respeitar essa linda histria de vida e ouvir com carinho os desejos deles, conta, cheio de orgulho, Fernando Piva.
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Unio de CaveirasFazia mais de um ano que a gente investigava artistas, produzia obras, toy art, falava com curadores e estudantes at que, em 2004, chegamos concluso de que estava na hora de abrir as portas e apresentar esse dilogo ao pblico. Inauguramos a Choque Cultural em 2 de novembro, Dia de los Muertos, como se chama a celebrao mexicana. L, a data quase carnavalesca mesmo reverenciando os antepassados. Havia tambm a questo do tema, a caveira, um smbolo recorrente em todas as vertentes da arte urbana, como tatuagem, quadrinhos, grafite, pintura e escultura. Foi muito interessante observar o pblico.
Em cima do muroEm julho de 2010, apoiamos a pintura de um mural de 33 metros de altura por 40 metros de comprimento feito por Daniel Melim. A obra foi exposta na Avenida Prestes Maia, no Centro de So Paulo, e at hoje o maior mural que a cidade j teve. Quem visitava a Pinacoteca do Estado, ou ficava preso num congestionamento, ricos, pobres, crianas, velhos, doutores e analfabetos eram impactados pela obra. Eu gostava de passar por ali e observar as pessoas. Sentia que muitos no conseguiam compreender o conceito mais amplo. Mas o muralismo algo de alto impacto visual, instintivo.
No havia endereo melhor do que a Rua Joo Moura. Quem conhece a capital paulista sabe que essa via liga os Jardins Vila Madalena. Uma ponte entre o estabelecido e o novo. Ns acredita-mos que somos construtores de pontes entre geraes, grupos polticos, sociais e econmicos diferentes.
Entre a ideia e a concretizao foram uns dez anos. Minha mulher (Mariana Martins, filha do falecido pintor Aldemir Martins) e eu sempre fomos ligados arte. Nos anos 90, fui trabalhar com branding para empresas de moda sportswear e percebi que naquela gerao criava-se uma nova mentalidade sobre arte. Uma relao de compromisso mais leve que abre mais espao para a experimentao. esse contato mais leve e prazeroso com a arte e a cidade que eu gostaria de transmitir.
Arte urbana no MaspFomos convidados pelo Masp a fazer uma mostra, que seria realizada em duas etapas: A exposio De Dentro Para Fora, De Fora Para Dentro. Era 2009 e foi timo levar a arte da rua para dentro de um museu, e mostrar que arte urbana no se resume ao grafite, que um mesmo artista pode produzir tatuagens, desenhos, cinema, vdeos, fotos, muralismo e tambm grafite. E que h uma diferena de linguagem entre grafiteiros. Por exemplo, o Daniel Melim geomtrico e no tem nada a ver com o desenho psicodlico do Ramon, como todo artista.
EducativoEm fevereiro de 2007, pela primeira vez um grupo de artistas da Choque Cultural saiu do Pas para levar a nova arte contempornea brasileira ao exterior. Fizemos uma exposio na galeria Jonathan Levine, em Nova York. Mas a ideia no era s chegar l e mostrar o trabalho. Assinamos uma parceria com uma escola modelo no Bronx durante oito meses. Naquela regio, sentimos que o grafite era praticamente sinnimo de vandalismo e quisemos desenvolver a arte. O modelo deu certo e a gente repetiu aqui em So Paulo. Em 2011, inauguramos um departamento dentro da Choque, o Eduqativo, que tem a finalidade de contribuir de forma sistematizada com a formao de um novo pblico e de novos artistas.
A segunda temporada no maior museuEm 2010, aconteceu a segunda exposio no Masp, trouxemos alguns dos mais importantes nomes da arte urbana mundial, como os franceses Remed, JR e Invader, a norte-americana Swoon e o BijaRi, o nico grupo brasileiro. A mostra era De Dentro e de Fora. Os artistas vieram a So Paulo, passaram um ms perto da Avenida Paulista e fizeram proposies de interveno urbana bem interessantes. A Swoon, em parceria com mais de 100 ONGs nas reas de mobilidade, gesto de alimento, moradia, moradores de rua, reciclagem, distribuio de livros, props: Vocs vo participar da exposio e cuidar da cidade. Mas proibido ter um lder. Essa gesto anarquista funcionou. Eles ocuparam um espao de 150 metros quadrados do lado de fora do museu, batizado de Acampamento Erslia. O pblico interagia com a obra, os moradores de rua viveram naquele lugar, tinha at chuveiro.
Um choque de arte na cidadepor Baixo riBeiro e ana C. SoareS
Baixo ribeiro fundador da primeira galeria dedicada arte urbana em So paulo
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Conhea os sucos funcionais, uma maneira prtica e gostosa de ingerir sua dose diria de vitaminas e minerais Por Manuela aquino
Um brinde sade !
Alimentao saudvel. Tem gente que se arrepia s em pensar nessas duas palavras juntas. Mas no tem jeito, legumes, verduras e frutas fazem bem sade e devem ser consumidos regularmente. Ou melhor, diariamente. Se voc do time que acha que tudo isso ruim, sem sabor ou com gosto de mato talvez ainda no tenha provado esses alimentos feitos da maneira certa, com a mistura perfeita de ingredien-tes e o toque de mestre de alguns temperos.
Para ajudar a se alimentar corretamente, ou ingerir pelo menos cinco pores de frutas e vegetais por dia recomendadas pela Organizao Mundial da Sade, o que o governo ingls chama de Five a Day, os sucos funcionais so excelentes aliados. Feitos de frutas,
legumes, chs e uma infinidade de ingredientes que formam um mix delicioso e ainda tm uma boa dose de nutrientes para o organismo.
Voc pode troc-los pela verso em caixinha da hora do almoo ou tomar entre as refeies. Para os iniciantes, uma boa ideia misturar a fruta preferida gua de coco, que um isotnico natural e repe sais mine-rais necessrios ao corpo. Outra opo acrescentar a clorofila. Rica em vitaminas e minerais, purifica o sangue e ajuda a produzir clulas vermelhas. Verdinha como ela, a couve tambm pode sair do refogado e ser usada crua. Um punhado dela no seu suco de ma com cenoura e hortel d uma dose extra de ferro (e levanta qualquer astral). Se acrescentar limo, fica
Frozen diurtico
350 g de melancia sem casca 2 copos de cubo de gelo 3 folhas de hortel fresca (separe algumas
para decorar)
Bata todos os ingredientes no liquidificador. Enfeite o copo com folhas de hortel.
O que tem de bom
Melancia: composta por aproximadamente 90% de gua, um excelente diurtico. Prefira tomar longe das grandes refeies, pois pode prejudicar a digesto.
Suco reLaxante
2 xcaras (ch) de gua filtrada 1 colher (sopa) de camomila polpa de 1 maracuj mel de flor de laranjeira a gosto cubos de gelo (opcional)
Ferva a gua, retire do fogo e acrescente a camomila. Deixe abafar por cerca de 5 minutos. Coe as flores da camomila e espere esfriar. Em um liquidificador bata a infuso de camomila com o suco de maracuj, o gelo e o mel.
O que tem de bom
Maracuj: um calmante natural.Camomila: tem ao calmante e relaxante e um aroma doce.Mel de flor de laranjeira: tambm acalma e recomendado para quem tem insnia, problemas nervosos e palpitaes.
Suco verde
1 limo inteiro sem casca 1 punhado de couve 2 mas sem semente 2 cenouras 2 pepinos Salsinha e hortel a gosto
Centrifugue todos os ingredientes e sirva.
O que tem de bom
Couve: rica em ferro.limo: a vitamina c do limo ajuda na fixao do ferro existente nas folhas da couve.
Suco Sangue novo
1 copo de gua de coco natural 1 beterraba 1 punhado de clorofila
Passe na centrfuga a beterraba e a clorofila e adicione a gua de coco.
O que tem de bom
gua de coco: um isotnico natural.Beterraba: bom para a anemia, protege o corao e melhora a circulao.Clorofila: alm de ser riqussima em vitaminas e minerais, purifica o sangue e ajuda a produzir clulas vermelhas.
tudo melhor ainda. A vitamina C dele ajudar na fixa-o do ferro existente nas folhas.
Sucos com ingredientes variados, comidinhas bem temperadas e com uma bela apresentao podem fazer com que voc coma bem sem fazer careta. Uma boa prova disso o trabalho da chef Anna Elisa de Castro, apresentadora do programa Sem Tempero No D, da Chef TV. Alm de mostrar que abobrinha, couve e cenoura podem ser deliciosas, ela ainda comanda o buf 3 Na Cozinha. "Procuro usar frutas e verduras frescas e da estao para os sucos. So mais saboro-sas e baratas tambm", diz. Palavra de quem sabe e estudou a fundo raw food, em 2005, no The Natural Gourmet Institute for Health and Culinary Arts, em Nova York. Na cidade americana, ela tambm foi head
chef no naturalssimo The Plant, o restaurante pode ser considerado o Noma da gastronomia saudvel.
Para que voc no se perca e faa a mistura certa, a chef d a receita de quatro sucos deliciosos, com vitaminas e minerais fundamentais para o dia a dia. A dica para no errar usar ingredientes frescos (se forem orgnicos, melhor ainda) e tomar o suco em seguida para que ele no perca suas propriedades. Em meia hora, as frutas e verduras oxidam e no tero mais a funcionalidade esperada.
Sim, uma alimentao saudvel pode estar a pou-cos passos de voc, basta colocar os ingredientes cer-tos no liquidificador (ou em uma centrfuga) e beber. Sade!
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Locaes escolhidas pelos principais diretores de cinema do mundo onde voc poder estrelar seu filme particular Por juliana a. Saad
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ao Desde sempre a magia da tela grande atia o viajante que existe em ns. Cidades so percorridas e ruas esquadrinhadas,
revelando bistrs, pequenos cafs, sutes recndi-tas, praias encantadoras e vilas requintadas. Tais lugares so as locaes perfeitas para os grandes diretores da histria do cinema. Quem ganha com isso somos ns, que conhecemos um pouquinho de cada lugar e nos deliciamos com as cenas. Ao embarcarmos em histrias que colorem as telas queremos provar o sabor do vinho, flanar por Paris ou sentir os perfumes que recheiam as tramas.
Como se esquecer do filme La Dolce Vita, de Federico Fellini, em que o jornalista Marcello Rubini, interpretado por Marcello Mastroianni, assiste atriz Sylvia Rank (a bela Anita Ekberg) entrar sensualmente na Fontana di Trevi, em uma Roma borbulhante da dcada de 60?
Na busca pelas melhores locaes, cineastas reve-lam suas paixes por cidades e pases. Woody Allen descaradamente apaixonado por Nova York. Um dos melhores exemplos disso o cls-sico Manhattan, em que as nuances da cidade so retratadas vividamente no longa em preto e branco. A regio da Siclia tambm a estrela de Francis Ford Coppola na trilogia de O Poderoso Chefo. E Paris, sempre Paris, de Franois Truffaut, em Jules & Jim, s para citar alguns.
Aventuras, amores e dramas est tudo ali, pronto para receber voc em sua prxima viagem mgica. E por que no nos transportamos para alguns desses lugares? Escolhemos algumas loca-es para voc brincar de cinema no seu prximo roteiro. Boa viagem!
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Sob o sol da Toscana Cortona, Toscana, ItliaAs paredes em amarelo queimado so cenrio para filmes saborosos. Tudo regado pelos vinhos da regio, como os Montepulciano e Chianti Clssico. Ao sair de carro pelas estradas, as placas "Vino e Olio" so um convite para experimentar um pouco de vinho e azeite feitos no local, geralmente pequenas propriedades rurais que fazem da regio um dos celeiros do bel-prazer.
Esse foi o cenrio de Sob o Sol da Toscana, baseado no best-seller homnimo de Frances Mayes. O filme nos transporta poeticamente para a regio, para a minscula Cortona. Ali, uma recm-divorciada Frances (Diane Lane) cativada pela beleza e alegria da Toscana e impulsivamente compra uma vila, Bramasole, fincada em uma das paisagens mais espetaculares do mundo, com oliveiras, videiras e runas etrus-cas, cercada por cidades que so um verdadeiro deleite para os viajantes.
A vila do filme, que fora das telas tem o nome de Villa Laura, foi totalmente refor-mada em 2011 e pode ser alugada para temporadas.
Villa Laura, Cortona, Itlia: www.villavacations.com/Newsletters/Villa-Laura/ E-mail: [email protected]
Sob o Sol da Toscana, filme de Audrey Wells, vale pelas belas vistas de uma das mais belas regies da Itlia, e pela deliciosa histria de amor
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Com Paris ao fundo, o brinde aos noivos no filme Meia-noite em Paris, de Woody Allen, foi filmado na sute com vista panormica do elegante Le Meurice
Meia-noite em Paris Paris, FranaToda a glria de Paris, em passeios pelas ruas dessa adorvel cidade, com direito a flneurs, jantares e almoos em restaurantes deliciosos, degustaes de vinhos, sutes luxuosas e todo seu charme e singularidade. O filme de Woody Allen nos d vontade de saltar da poltrona e fazer a primeira reserva disponvel rumo aos prazeres de Paris, com toda a sua aura de requinte e beleza.
No filme, Gil (Owen Wilson) percorre a cidade e, meia-noite, magicamente transportado para a Paris dos anos 20, em que conhece dolos como Pablo Picasso, Ernest Hemingway e Gertrude Stein.
Dois hotis Le Bristol e Le Meurice serviram de pano de fundo para vrias cenas do longa de Woody Allen. Ambos esto na prestigiosa e restrita lista de hotis-palcio franceses classificada pela Acadmie Franaise. Ambos exalam art de vivre e luxo tpicos do pas. Situados no corao de Paris, ostentam restaurantes premiados com as mximas estrelas no Guide Michelin, spas de renome e sutes ultraconfortveis.
No Le Meurice, situado na Rue de Rivoli, a famosa rua das joalherias, a poucos pas-sos do Louvre, serviu de residncia para nomes como Salvador Dal, que costumava ficar no hotel por um ms a cada ano. Em uma renovao feita em 2007, o designer Philippe Starck escolheu alguns toques surrealistas, como mesas e cadeiras com as pernas fora do comum para decorar o hotel. No terrao do hotel, na sute Belle Etoile, com vista de 360 graus sobre Paris, foi filmada a cena de degustao de vinhos.
A poucos passos do Palcio do Eliseu est o Le Bristol. A Suite Panoramique, o lobby e a entrada do hotel foram cenrio do filme. A Panoramique tem quase 200 metros quadrados, decorada com mveis estilo Lus XV e pinturas de mestres franceses, alm de sala de banho em mrmore.
O Bristol tem tambm o restaurante trs estrelas Epicure, comandado pelo chef Eric Frechon, que nos belos dias tambm abre-se para um jardim de magnlias em um ptio interno. Nos High Fashion Teas, os hspedes podem mordiscar as criaes do chef ptissier Laurent Jeannin, enquanto modelos e celebs circulam entre as mesas.
Hotel Le Bristol (112, Rue du Faubourg Saint Honor, tel. +33 53 43 43 00 www.lebristolparis.com).
Hotel Le Meurice (228, Rue de Rivoli, tel. +33 1 44 58 10 10. www.lemeurice.com)
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Comer, rezar, amar Roma e Npoles, Itlia Com locaes que partem de NY, passam pela Itlia, ndia e Bali, o filme estimula roteiros exticos-gulosos-esotricos. O longa (autobiogrfico, baseado no livro de Elizabeth Gilbert) acompanha a jornada da escritora Liz em sua caa aos prazeres perdidos e buscas espirituais. Em Roma, na Itlia, ela se rende ao dolce far niente. Na ndia, se recolhe a um ashram e fica amiga de um texano que a ajuda a mergu-lhar dentro de si. J em Bali, Liz volta a rever seu guru, que a provoca a encontrar o equilbrio em sua vida. l tambm que ela conhece o amor, na forma de Felipe, um brasileiro interpretado por Javier Bardn.
As cenas italianas so uma ode ao voluptuoso exerccio da gula, com almoos, jan-tares e muita diverso em meio a menus romanos recheados de alcachofras, massas, vinhos e frutos do mar. Em uma das passagens mais divertidas do filme, Liz e sua amiga Sofie tomam um trem, viajam para Npoles, s para experimentar a famosa pizza napolitana e passam a devorar os suculentos discos de massa. A cena de encher os olhos e alegrar a alma. Para entender o motivo, v sem medo at a L'Antica Pizzeria Da Michele. A tradio de fazer boas redondas, que remonta a 1870, est na quinta gerao de pizzaiolos da famlia Condurro, que se orgulha de preparar apenas dois tipos de pizza veramente napolitanas, a marinara e a margherita.
LAntica Pizzeria Da Michele, Npoles (Via Cesare Sersale, 1. http://damichele.net)
O best-seller Comer, Rezar, Amar foi parar nas telas, com Julia Roberts no papel principal.
Na Itlia, algumas cenas foram filmadas em Roma e na mais famosa pizzaria de Npoles
Encontros e Desencontros Tquio, Japo Tquio uma metrpole ondeante com um mix de arquitetura que encanta e espanta pela fora e arrojo. A mistura de butiques de luxo, hotis sofisticados, restaurantes dos mais variados, mercados, museus e clubes faz dessa uma cidade que atrai visi-tantes de todo o mundo. A tudo isso soma-se o brilho de Shinjuku e Shibuya, dois dos mais coloridos e fericos distritos de Tquio, onde Encontros e Desencontros foi quase que inteiramente filmado.
O hotel Park Hyatt Tokyo, um arranha-cu de 52 andares em Shinjuku, foi palco de vrias passagens do longa, principalmente o bar New York Grill, que fica no ltimo andar. Suas janelas de vidro do cho ao teto oferecem vistas cintilantes da cidade. Mais de 1.600 garrafas de vinhos compem a adega do bar, que faz par com uma cozinha aberta onde uma vasta seleo de frutos do mar e cortes de carne de alt-sima qualidade so grelhados perfeio.
Muitas outras cenas do filme foram filmadas no distrito de Shibuya e incluem ima-gens do movimentado cruzamento em frente sada da estao de metr Shibuya Hachiko, com seus painis de non, bares, restaurantes e karaoks, como o Karaoke-kan, onde Bill Murray e Scarlett Johansson vo cantar. H mais de 80 mil restauran-tes em Tquio e escolher entre eles no mnimo intrigante.
Para se perder em Tquio, comece pelo bar New York do Hotel Park Hyatt, Shinjuku (3-7-1-2 Nishi Shinjuku),
tel. +81 (03) 5322-1234. http://tokyo.park.hyatt.com), onde foi filmada a cena em que Bob e Charlotte se
conhecem. V ao Karaoke-kan (30-8 Udagawa-cho, Shibuya-ku. www.karaokekan.jp), e jante no hypado
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