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Anúncio”pagina_dupla” gula não é pecado a cozinha e a gastronomia em destaque

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Lindenberg Magazine

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gula não é pecadoa cozinha e a gastronomia

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A cozinha retratada por uma historiadora, fotógrafos, artistas, arquitetos...

Esta edição da revista Lindenberg que você tem em mãos é dedicada à nova estrela dos apartamentos: a cozinha. E também à culinária porque uma não vive sem a outra. Não vivo sem, o ensaio fotográfico assinado por Romulo Fialdini, mostra alguns dos mais festejados chefs de São Paulo, com seus talismãs, sejam eles objetos ou ingredientes.

A cozinha veio se aproximando da casa e das pessoas através dos séculos. Logo que o homem dominou o fogo, as reuniões eram feitas ao redor das fogueiras, depois vieram as cavernas, as primeiras construções, os palácios e o espaço onde se preparavam os alimentos ficava logo ali, no fundo do quintal, separado do corpo da casa. Foi somente por volta do século 19, com a criação do fogão e da chegada da água e do gás às residências, que a cozinha pôde entrar em casa. Considerada, no passado, um lugar de convivência, a cozinha no começo do século 20 ganhou tamanha importância que designers passaram a desenvolver e aperfeiçoar produtos especialmente para ela. Para os mais abastados ela continuava sendo o espaço da criadagem e do preparo das refeições, como bem relata a historiadora Laura de Mello e Souza em seu saboroso texto Cozinha, fora e dentro. Nesse novo século a cozinha perdeu a vergonha e instalou-se junto às salas de jantar e de estar, aberta para que todos participem do ato de cozinhar.

Ainda pensando na estrela da nossa edição, com belas fotos de João Ávila, apresentamos o que há de mais moderno em termos de coadjuvantes da cozinha, enquanto o arquiteto João Mansur e o chef Emmanuel Bassoleil trocam experiências e necessidades em nossa Entrevista. Boa leitura!

Adolpho Lindenberg Filho e Flávio Buazar

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3406 Notas O que há de novo

14 Leitura Tempero da mil Índias

16 Cidade Osasco por quem vê

24 Urbano Morar in natura

30 Poéticas Urbanas Odores urbanos

32 Primeira pessoa Cozinha, fora e dentro

34 Um outro olhar Natureza viva

42 Entrevista João Mansur e Emmanuel Bassoleil

44 Portrait Não vivo sem

50 Úteis Turma da cozinha

56 Arte Comida é arte

60 Personna Pessoal e intransferível

66 Turismo Jornada pelo Marrocos

72 Cozinha Barcelona gulosa

76 Qualidade de vida Você sabe o que é Alimentação Viva?

78 Roteiro Cavalgando pelo mundo

82 Filantropia Ajuda nossa de cada dia

84 Sociedade Médicos do bem

86 Vendo um Lindenberg88 Em obras

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82Nossa Capa

Queijos fotografados por Romulo Fialdini

é uma publicação da Construtora Adolpho Lindenberg.

Ano 10, número 42, 2012

Conselho Editorial Adolpho Lindenberg Filho,

Flávio Buazar, Ricardo Jardim, Rosilene Fontes, Renata Ikeda

MarketingRenata Ikeda

Direção de arteLili Tedde

Editora-chefeMaiá Mendonça

ColaboradoresAdriana Brito, Felipe Reis, Flavio

Nogueira, Instituto Azzi, João Ávila, Judite Scholz, Juliana Saad, Laura de Mello e Souza, Lia Guimarães, Maria Eugênia, Marianne Piemonte, Patricia

Favalle, Paulo Giandália, Romulo Fialdini, Rosilene Fontes, Tissy Brauen,

Valentino Fialdini, Xuxu Guimarães

RevisorClaudio Eduardo Nogueira Ramos

ArteMarcelo Pitel

PublicidadeCláudia Campos, tel. (11) 3041.2775cel. (11) 9910.4427

[email protected]

GráficaLeograf

Lindenberg não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam do expediente da revista não têm

autorização para falar em nome de Lindenberg ou retirar

qualquer tipo de material para produção de editorial caso não

tenham em seu poder uma carta atualizada e datada, em papel timbrado, assinada por pessoa

que conste do expediente.

LindenbergR. Joaquim Floriano, 466, Bloco C,

2º andar, São Paulo, SP, tel. 3041-5620 www.lindenberg.com.br

Jornalista ResponsávelMaiá Mendonça (Mtb 20.225)

A tiragem desta edição de 10.000 exemplares foi auditada por PwC.

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Sob a ótica de ShakespeareFica aberta até meados de novembro, ShakespeareFica aberta até meados de novembro, Shakespeareno Bristish Museum, a imperdível mostra Shakespeare: staging the world, que revive a Londres retratada nas peças de um dos maiores dramaturgos de todos os tempos. Mapas, gravuras, desenhos e pinturas, armaduras e armas, moedas, medalhas ajudam a contar essa história com mais de 400 anos.

Criando poesia com gemasCriando poesia com gemasReconhecida e renomada nacional e internacionalmente, o trabalho da joalheira Ruth Reconhecida e renomada nacional e internacionalmente, o trabalho da joalheira Ruth Criando poesia com gemasReconhecida e renomada nacional e internacionalmente, o trabalho da joalheira Ruth Criando poesia com gemasCriando poesia com gemasReconhecida e renomada nacional e internacionalmente, o trabalho da joalheira Ruth Criando poesia com gemasGrieco foi retratado pelo jornalista francês Didier Brodbeck, editor da Grieco foi retratado pelo jornalista francês Didier Brodbeck, editor da Dreams, revista francesa dedicada à joalheria. Ricamente ilustrado, com edições em português e francesa dedicada à joalheria. Ricamente ilustrado, com edições em português e inglês, o livro Ruth Grieco – Poetizando a JoalheriaRuth Grieco – Poetizando a Joalheria traz uma breve história da joalheria brasileira desde o século 18, segue destacando o modo de viver da joalheira, e apresenta brasileira desde o século 18, segue destacando o modo de viver da joalheira, e apresenta fotos, desenhos, prêmios e pequenas crônicas que narram o momento da criação, fotos, desenhos, prêmios e pequenas crônicas que narram o momento da criação, e a importância das gemas brasileiras no trabalho da artista. e a importância das gemas brasileiras no trabalho da artista. ruthgrieco.com

As cores do céuConsideradas os mais antigos museus do país, as igrejas de Paris guardam trabalhos de importantes mestres do século 17, como Nicola Poussin ou Simon Vouet, ainda pouco conhecidas. Uma retrospectiva inédita dessa manifestação de arte religiosa está em exposição pela primeira vez no museu Carnavalet, em Paris. São mais de 120 pinturas e gravuras que mostram o dinamismo criativo de uma época. A visita ao Carnavalet pode ser seguida por um roteiro pelas igrejas de São Eustáquio, São Nicolas-des-Champs e São Joseph-des-Carmes. A exposição Les Couleurs du Ciel, será inaugurada dia 4 de outubro e vai até fevereiro.

Bienal de São PauloA Bienal de São Paulo está comemorando sua 30ª edição,

sob o título A Iminência das poéticas e curadoria do venezuelano Luis Pérez-Oramas. Essa Bienal pretende

“cuidar da percepção da imagem e não confundir a percepção com a imagem”, como explica o curador, ser um evento capaz de produzir “constelações” de obras e

artistas que dialoguem entre si, procurando se instaurar como uma plataforma de encontro para a diversidade das poéticas. “A iminência é nosso destino. É aquilo

que acontecerá e não sabemos. A poética é nossa arma, e a arte é a arma não violenta fundamental para que o mundo mude”, completa Orama. Participarão 110

artistas, sendo 38 brasileiros, nomes em sua maioria emergentes, salvo exceções, como Arthur Bispo do

Rosário e Eduardo Berliner, o francês Bernard Frize e o holandês Hans Eijkelboom. Espalhar sua “iminência”

para espaços além da Bienal, como a Casa Modernista e a Capela do Morumbi, é uma das muitas propostas desta

edição. Curiosamente, 2012 é o ano em que Fundação Bienal completa 50 anos e, pela primeira vez, a Bienal

Internacional de Artes terá todas as obras de Niemeyer à volta, como foram originalmente projetadas, e voltadas

para as manifestações artísticas.

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Brinquedos, uma históriaFoi no início do século 20 que sociedade e governos começaram a se preocupar com as crianças e seus direitos, desenvolvimento e bem-estar durante a infância. Paralelo a esse movimento surgiram os primeiros designers que começaram a criar brinquedos, jogos e livros, para não falar em arquitetura, hospitais, móveis e outros equipamentos sob a ótica das necessidades infantis. Esse é o tema de Century of the Child: Growing by Design, 1900-2000, mostra em cartaz até novembro no MoMA de Nova York. Imperdível.

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e cinza, remete ao passado. O design é de Baba Vacaro para a Dominici.

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Queridinha dos chefsPor trás das belas peças de cerâmica que enfeitam as mesas de renomados chefs como Alex Atala, Erick Jacquin ou Jun Sakamoto tem um nome: Hideko Honma, ceramista apaixonada que se vale de palha de bananeira, galhos de eucaliptos, grama, poda de cafezal e o que mais encontrar que possa ser transformado em cinzas, que viram o esmalte que colore naturalmente suas peças. Esse trabalho raro será exposto na Embaixada do Brasil em Tóquio, no Japão, a partir do final de novembro, e pode ser conferido em seu ateliê em Moema.hidekohonma.com.br

Thé et tentationTodos os anos, o Plaza Athénée de Paris, parte da Dorchester Collection, inventa uma novidade para agradar seus clientes. Para este ano foi o vermelho de seus toldos que inspirou os confeiteiros Christophe Michalak e Jean-Marie Hiblot a criar uma coleção de doces tentações feitas com framboesas, frutas vermelhas e morangos.

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Paraíso geladoParaíso geladoSetembro é o mês de abertura da temporada de cruzeiros na Patagônia. A Cruceros Australis com suas embarcações relativamente pequenas e muito confortáveis, tem roteiros que saem de Ushuaia, na Argentina, e vai para Punta Arenas, no Chile, e faz o caminho contrário. O navio passa pelo Cabo Horn, pelo imponente Glaciar Águila e a Ilha Magdalena, o lar dos pinguins de Magalhães na ida. E na volta o roteiro é um pouco diferente, visita os elefantes marinhos na Baía Aisnworth, as Ilhotas Tuckers, o Glaciar Pía e termina na Baía Wulaia, onde Charles Darwin conheceu o povo Yámana. Um belo programa. australis.com

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Cultura em revistaEm 2008, a Editora Civilização Brasileira lançou a Dicta&Contradicta, uma revista semestral que é encontrada em livrarias. A proposta do projeto é apresentar jovens escritores e intelectuais consagrados no Brasil e no mundo. A edição 9 acaba de sair do forno e traz Nietzsche, o Brasil e Paul Valéry mostrados sob uma nova ótica. O texto Nietzsche para Idiotas é assinado Luiz Felipe Pondé. Raízes Brasileiras foram revistas pelo professor de literatura João Cezar de Castro Rocha, em Uma Rivalidade Literária: Sergio Buarque de Holanda e Gilberto FreyreBuarque de Holanda e Gilberto Freyre. E poemas em prosa . E poemas em prosa inéditos de Valéry estão sendo publicados pela primeira vez no Brasil. Isso para citar algumas reflexões.

I love SPAndrea Matarazzo não se considera fotógrafo, mas Andrea Matarazzo não se considera fotógrafo, mas desde os tempos em que foi secretário municipal habituou-se a registrar com seu celular imagens da habituou-se a registrar com seu celular imagens da cidade. Uma seleção dessas imagens está no livro cidade. Uma seleção dessas imagens está no livro São Paulo, que será lançado pela Cosac e Naify em , que será lançado pela Cosac e Naify em setembro. Além das imagens, o livro traz informações setembro. Além das imagens, o livro traz informações curiosas como que a favela mais antiga da cidade fica curiosas como que a favela mais antiga da cidade fica na zona leste e que a primeira capela de São Paulo na zona leste e que a primeira capela de São Paulo é a de São Miguel de Arcanjo, na zona leste.

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O CTE - Centro de Tecnologia de Edi�cações, uma das mais importantes consultorias especializadas em construção civil, preparou um relatório comparativo que demonstra com critérios claros e precisos como a especi�cação do piso de polipropileno possui maiores vantagens em relação ao piso metálico:

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Caso esteja pensando que as quase 500 páginas do livro Arqueologias Culinárias da Índia (Ed. Record) é um tedioso trabalho acadêmico com

descrições minuciosas de escavações e utensílios primitivos para cozinhar e comer, alegre-se. A autora, Fernanda de Camargo-Moro, oferece na realidade um emocionante mergulho nas tradições daquele imenso e diversificado país, principalmente através de histórias pessoais vividas em mais de 30 anos de visita às suas regiões. E, claro, com muitas e atraentes receitas.

O livro já é um clássico desde seu lançamento, em 1999, estando agora na quarta edição. Permite vivenciar “as mil Índias” através de sua múltipla gastronomia, sem-pre com um relato muito agradável de Camargo-Moro, que define assim o título: “Essas histórias, esse sabor, são as minhas arqueologias, descomprometidas de ordenações cronológicas e de verdades indiscutíveis”. E arremata: “Usei a culinária como tronco virtual, de onde se ramificam as histórias”.

Todas as principais regiões da Índia merecem o teste-munho da autora, nascida no Rio de Janeiro em 1933. Arqueóloga, historiadora e museóloga, foi presidente do Comitê Internacional de Arqueologia e História e é diretora científica do Projeto Himalaia da Rede Inter-nacional de Arqueologia Ambiental.

O nascer da paixão pela Índia é revelado quase lá no final do livro, na página 422, quando conta à sua amiga Gaura Ramswamy, também diretora do projeto Himalaia, que a descoberta veio “junto com as velhas mangueiras da nossa casa (no Rio) e as incursões nos guardados de meus avós”. Ela diz que ficava fascinada quando seu avô materno, na hora de dormir, “ao pé da cama, me desfiava histórias com sabor daquelas terras mágicas”.

O forte apelo das lembranças infantis a levou, com

naturalidade, a querer descobrir as “terras mágicas” não apenas como turista, mas como “andarilha das rotas”, participando da vida cotidiana das pessoas, dos festejos e cerimônias religiosas, comendo as comidas que ela define como “próprias para cada momento”.

O livro é bem didático, sobretudo quando esclarece a confusão que os ocidentais fazem a respeito do curry ou do masala, pensando tratar-se de condimento padrão e comum às diferentes etnias do país. Essa concepção de que o masala é “uma mistura única, ou do pó de curry como especialidade exclusiva, é muito distante da rea-lidade gastronômica indiana”.

E aí reside todo o fascínio exercido pelas especiarias desde séculos, segundo Fernanda de Camargo-Moro, pois elas são a alma desses condimentos, ao ponto de se dizer que um cozinheiro só pode ser digno do título se antes tornar-se um bom masalchi (mistu-rador de especiarias). Um passeio irresistível pela trajetória das pimentas, do cravo, do cardamomo, da noz-moscada, da curcuma, da canela, do anis, do cominho, do açafrão e tantos outros tentadores tempe-ros é oferecido pela autora, enquanto desfila receitas e mais receitas onde chegam a ser protagonistas tal a intensidade de seu uso.

E há também no livro muito respeito pelas várias reli-giões e sobretudo pela convivência pacífica que ela presenciou em muitos lugares, como ao relatar um Rosh Hashaná na cidade de Cochin, no Malabar: “Na refeição que se seguiu à cerimônia religiosa, aos judeus se juntaram cristãos do Malabar e católicos romanos, muçulmanos, hindus e parsis”. E a autora, encantada, descreve o que se seguiu de uma forma tão saborosa quanto o que estava dentro das “imensas travessas de prata”, onde despontavam delícias de toda espécie, como as “principescas galinhas perfumadas com espe-ciarias”. Quem pode resistir a um livro desses?

por Mauro MarceLo aLvaLvaL es | ILustração MarIa eugênIa

tempero das mil índias

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Osasco, pelos olhos de quem vêReconhecida por sua excelência no desenvolvimento educacional e social, a cidade vive um dos melhores momentos de sua história e se prepara para receber um dos maiores projetos residenciais e comerciais da regiãoPor FLávio Nogueira | FoToS FeLiPe reiS

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o barão Dimitri Sensaud de Lavaud e seu avião: o primeiro voo da américa

Latina aconteceu em osasco

Descortinar os 65 quilômetros quadrados de Osasco e seus quase 60 bairros é desvendar de uma ponta a outra um município de muitas curiosidades, novi-dades, histórias e crescimento. Vizinha da Grande São Paulo, ela está distante

apenas 20 quilômetros, partindo da Avenida Paulista, um dos centros financeiros e vias mais importantes da capital paulista. Porta de entrada de São Paulo, Osasco está cercada de rodovias como Castelo Branco, Anhanguera e Raposo Tavares e o Rodoanel Mário Covas. Além de duas linhas de trens, que ligam o município com a zona sul e o Centro de SP, e outros lugares, como Barueri.

Por lá é possível respirar ares de desenvolvimento. Prestes a receber seu maior empre-endimento imobiliário – que une um mix de torres residenciais e comerciais, em um terreno de aproximadamente 69 mil metros quadrados –, a ser lançado pelas empresas Lindencorp, Banco Votorantim, , Brasilimo e EZTEC, a cidade vive atualmente uma das melhores fases de sua biografia. Tornou-se um case de sucesso com sua economia ativa, sustentável e avanço educacional. Além de carregar o título de quinta maior urbe do Estado, estar entre os líderes na lista de desenvolvimento social e o décimo PIB entre as municipalidades do País. Tudo isso graças às indústrias e comércios que ocasionaram Federações, Associações e outros órgãos de importância produtiva.

Mas para entender todas essas evoluções, é preciso dar um breve mergulho em sua his-tória iniciada lá no século 19. Com faro para novos investimentos, o imigrante italiano, Antônio Agu, proprietário de algumas terras na região, decidiu ampliar sua pequena fábrica de tijolos. A olaria passou, então, a desenvolver tubos e cerâmicas, bases das primeiras construções de Osasco, e acabou tornando-se a primeira indústria local.

Nesse mesmo período Agu deu início à construção da estação ferroviária, e edificou algumas casas próximas que abrigavam operários que atuaram nas obras. Com a estação finalizada, os administradores da ferrovia sugeriram batizá-la com a alcunha do mais

poderoso empresário daquelas terras, mas Agu pediu que homenageassem o projeto com o nome de sua terra natal – Osasco, um vilarejo na região do Piemonte, na Itália. A partir disso a urbe deu tão certo que ficou conhecida como a cidade-trabalho, recebeu outras indústrias e abriu as portas para imigrantes de várias partes do Brasil, que contribuíram com o seu crescimento.

Figura muito conhecida por lá, o diretor de teatro Frank Delgado, 52 anos, chegou à cidade ainda muito jovem, vindo de Minas Gerais, e durante praticamente quatro décadas acompanhou de perto muitas mudanças. “Quando penso nas transforma-ções que Osasco passou, vejo que a mais relevante foi a humanização. Em 1980, por exemplo, não tínhamos espaços culturais, e esse boom econômico e educacional acarretou a construção desses lugares, que, a meu ver, geram enriquecimento social e qualidade de vida que a cidade vem ganhando”, conta.

Certamente, o desenvolvimento humano é um dos assuntos mais discutidos na pauta política local, seu progresso educacional é reconhecido pelo MEC como um dos melho-res por sua seriedade e qualidade. Tanto que o índice de alfabetização local é de 95%. Um dos principais diferenciais nesse campo são as parcerias com o setor privado. “Com essas ações com o Finasa/Bradesco, Sabesp e programas com o Ministério da Educação, oferecemos ensino integral em 14 unidades do ensino fundamental além de ideações como o ‘Sementes de Primavera’, que incentiva a cidadania desde a infância. Esse plano, por exemplo, atende a mais de 15 mil educandos e emprega mais de 200 educadores”, ressalta a Secretária de Educação de Osasco, Marinalva de Oliveira.

Logo, é possível entender por que Delgado, e tantos outros moradores e imigrantes, sentem orgulho da cidade que adotaram. “Nunca passou pela cabeça sair daqui, minha vida é isso, Osasco me deu tudo o que precisava: família, amigos, trabalhos, alegrias e até uma companhia de teatro, a Teretetê”, fala rindo o diretor.

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Descortinar os 65 quilômetros quadrados de Osasco e seus quase 60 bairros é

JardimPiratinga

Castelo Branco

RodoanelMário

Covas

Jaguaré

Biblioteca Municipal

Shopping União

Cidade de Deus

São Francisco Golf Clube

Shopping Villa Lobos

Cidade Universitária

Shopping Continental

Av. Corifefef ude

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Av. Pres. Kennedy

Rod. Pres. Castelo Branco

Av. das Nações Unidas

Av. Dr. Gastão Vidigal

Av. Prof.f.f Fonseca Rodrigues

Av. SãoG

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avenida Hilário Pereira de Souza: aqui vai surgir o mega empreendimento

Na página ao lado, a simpática sede do São Francisco golf Clube

estátua de São Francisco, em uma praça na entrada da cidade de osasco

o Museu de osasco guarda a história da cidade

o Teatro Municipal de osasco recebe festivais de curta temporada

EstiloDesenvolvimento constante e estrutura são seguramente as palavras-chave para descrever Osasco. Tendência em grandes cidades, o município se prepara agora para receber o maior empreendimento da região, que abrigará comércio, moradia e lazer em um espaço perto dos 69 mil metros quadrados, na Avenida Hilário Pereira de Souza. Para isso, a Lindencorp e seus parceiros iniciaram um trabalho de revitalização na via que terá paisagismo assinado pelo escritório de Benedito Abbud, além de um reforço de infraestrutura de águas pluviais, esgoto e elétrica, beneficiando a região.

Com todo esse megaplanejamento desenvolvido, praça e área de lazer cercadas por um exuberante bosque, o projeto apresenta números garbosos. As várias torres resi-denciais serão construídas com diferentes tipos de layouts de moradias que vão de 68 a 169 metros quadrados, além dos formatos Studio e Duplex. Os apartamentos têm de uma a quatro suítes, a maioria deles com terraço gourmet com churrasqueira, lavabo e dependência de empregados.

E as novidades não param por aí, além da mais recente tecnologia que garantirá lazer e segurança, o projeto abrigará um novo estilo de morar: para quem vive nas grandes metrópoles residir perto do trabalho é quase sinônimo de felicidade. Afinal, escapar do trânsito e do estresse para se deslocar numa metrópole não é tarefa fácil, com isso, o empreendimento ganha também um complexo comercial, que contará com escritórios de aproximadamente 30 metros quadrados, e também lojas, completando a diversidade da construção repleta de inovação e de bem-estar.

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Parque Chico Mendes, lagos e muito verde

Na página ao lado, arborizada, osasco preserva a sua qualidade de vida e shopping união

LazerNo roteiro de entretenimento da cidade, as opções culturais são intensas. Para os amantes da arte popular, a Feira da Ponte, no viaduto Metálico, é uma ótima pedida, com seus artesanatos, literatura, música e apresentações de artistas locais. Já com uma pegada mais tranquila, o Teatro Municipal de Osasco e o Espaço Grande Otello são paradas obrigatórias com suas programações recheadas de acontecimen-tos semanais, sem falar nas exposições diversas que acontecem no Museu Dimitri Sensaud de Lavaud e o incrível acervo da Biblioteca Monteiro Lobato.

Quando o assunto é gastronomia, vale a pena degustar as delícias brasileiras das churrascarias da Avenida dos Autonomistas ou a Embaixada Nordestina, com seu menu de comidas sertanejas, toque osasquense e seu décor convidativo, onde é pos-sível reunir os amigos e se entregar a boas conversas e risadas.

Agora, para aqueles que gostam de curtir o dia no melhor estilo dolce far niente, ao menos oito parques estão espalhados por Osasco, o principal deles é o Chico Mendes, pulmão verde da cidade, com mais de 114 mil metros quadrados para serem explorados. Com todos esses encantos, não restam dúvidas que a pequena grande Osasco tem mais surpresas do que você imaginava.

Agradecimentos especiais ao historiador José Luiz Alves de Oliveira que cedeu as fotos antigas

. Foi em Osasco que aconteceu o primeiro voo da América Latina, em 7 de janeiro de 1910, realizado pelo barão Dimitri Sensaud de Lavaud.

. No Parque dos Príncipes fica um dos maiores campos do golfe do Brasil. O local chegou a atrair pilotos de Fórmula 1.

. A cidade abriga a sede de duas emissoras de televisão: SBT e Rede TV!

. Osasco também tem o título de “Capital da Viola”.

. A cidade é sede de fábricas e distribuidoras de grandes empresas, como a Coca-Cola, o McDonald’s e Submarino.

. Osasco abriga a Cidade de Deus, sede do Banco Bradesco.

. Possui um estaleiro da Intermarine, onde são construídas as embarcações mais luxuosas do Brasil.

. A cidade conta também com a oficina autorizada para reparos de helicópteros Agusta, marca italiana.

. Festa dos três santos: Uma festa tradicional que homenageia Santo Antônio, São José e São João, uma vez ao ano.

. Festival de teatro com peças de curta duração.

. Todos os anos a cidade abriga um festival que elege o melhor cachorro-quente de Osasco.

CURIOSIDADES DE OSASCO

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Moldada ao longo da história, a arquitetura orgânica se comprova como um dos pilares de sustentação para a nova dinâmica que alia a funcionalidade da casa à qualidade de vida Por Patrícia FavaLLe

Há quem diga que tudo começou com os traços fluidos do norte-americano Frank Lloyd Wright, que rompeu com a escola racionalista vigente no século 20 para investir nas formas moldadas com linhas emprestadas da

natureza. A ideia, que também alcançou os croquis do finlandês Alvar Aalto, deixava de lado os rigores estéticos e permitia elencar robustez e minimalismo numa mesma construção. O que soava inédito, entretanto, não passava de matéria requentada.

Preparar estruturas conectadas às demandas familiares seguindo o sobe e desce dos rele-vos já era moda pelos points ibéricos desde a chegada dos romanos por aquelas bandas – e isso data de 218 a.C. –, até a tomada da Península pelos visigodos e a ocupação moura no século 12. O resultado desse mosaico religioso e cultural está impresso nas construções que se estendem de Sevilha a Málaga, de Madri a Barcelona, de Córdoba a Toledo, e que saltam aos olhos com colunas nababescas, fachadas revestidas por muxa-rabis, interiores românticos, acabamentos da arte mudejar e aterrorizantes torres góticas.

De olho na reutilização e na readaptação das matérias-primas – um respiro aos ecolo-gistas dos dias de hoje –, a Espanha renascentista tomou gosto pela colagem camaleô-nica e imprimiu a vocação pela continuidade do espaço nas eras barroca, neoclássica e colonial. No frenesi do século 19, a aptidão foi agraciada pela revolução industrial, que garantiu maior versatilidade ao duo ferro e vidro.

Para coroar o ecletismo hispânico, o catalão Antoni Gaudí deixou seu caleidoscópio a postos. Partidário das porções modernistas, do art nouveau, do grotesco, dos regio-nalismos e das correntes acadêmicas, ele fazia questão de terminar suas composições com o lúdico dos vidrilhos coloridos. Percepção que arranca suspiros de quem passa por algum de seus prédios sacolejantes, casinhas intrépidas, parques texturizados ou bancos que se abraçam em voltas infinitas.

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Se por um lado os cacos ornamentais ajudaram a construir verdadeiras obras de arte, por outro, a ausência aparente deles ergueu-se sorrateiramente à sombra da Sagrada Família. A catedral multifacetada de Barcelona abusa das parábolas catenárias (curvas planas semelhantes às cordas suspensas pelas suas extremidades) e dos revestimentos feitos de trencadis – cerâmicas quebradas e perfiladas para compor superfícies. A planta humanizada obrigou constantes adequações aos desenhos originais, trans-formando o templo religioso no mais longo canteiro de obras do mapa.

Carpe diemNum continente de fronteiras espremidas e histórias fragmentadas, é aceitável entender a necessidade de individualizar o processo. Assim como em outros campos do conhecimento, a arquitetura tomou para si as medidas inspiradas no homem vitru-viano, resgatado por Leonardo da Vinci, para ressaltar os feitios estéticos.

O conjunto era baseado nas proporções áureas que determinavam o ideal clássico de beleza. Tal conceito refletia uma espécie de protesto contra as possíveis culturas divididas. “Uma arquitetura orgânica significa nem mais nem menos uma socie-dade orgânica. Esses ideais refutam as regras impostas pelo esteticismo, pelo mero bom gosto e pelas imposições que estão em desacordo com a natureza e o caráter humano”, destacou Frank Lloyd.

Nesse contexto, o significado real da expressão “orgânica” remete à busca pela simetria familiar através de exigências particulares. Trocando em miúdos, os donos do pedaço agora são protagonistas e não meros espectadores dispostos a viver em quadrados brancos e gélidos. O objetivo de reconfigurar os ambientes a partir de códigos orgânicos está cada vez mais em evidência, impulsionado, sobretudo, por causa da integração com o meio.

O escultor polonês radicado no Brasil Frans Krajcberg há tempos experimenta as sensações dessa comodidade verde: mora numa casa cercada por Mata Atlântica nativa, idealizada por Zanine Caldas, a sete metros do solo, amparada no alto de um tronco de pequi de 2,60 metros de diâmetro. Do outro lado do globo, a morada do japonês Kotaro Ide, batizada de Shell House, reforça as bases sinuosas em estado singular. Ondas de concreto armado avançam sobre a vegetação dos arredores da floresta de Karuizawa, em Nagano, numa simbiose vertiginosa.

No eixo central que separa Krajcberg de Ide, vale mencionar o madrileno Rafael Moneo. Visionário e convencido da durabilidade da cena urbana, o arquiteto brincou com as sobreposições volumétricas e os recortes vazados para tramar cartões-postais que se estendem de Los Angeles, nos Estados Unidos, a Estocolmo, na Suécia.

Se o arvoredo de cimento que toma o circuito da estação de trem Atocha, em Madri, nada tem de pueril, o mesmo não se pode dizer da presença visual marcante impressa nos esboços de Santiago Calatrava.

Na página anterior, o Parque Güell criado por Gaudí.

a interferência sutil de rafael Moneo em meio a edifícios antigos

Na página ao lado, o jardim da estação atocha, assinado

por rafael Moneo; detalhe da casa do Frans Krajcberg, em viçosa, na Bahia; e as ondas de concreto criadas por Kotaro ide

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volumetria presente da obra de ricardo Bofill; o pendente

Splugen Brau, criado por achille castiglioni e cadeiras

de Patricia Urquiola

Na página ao lado, o movimento na arquitetura de calatrava

Natureza imperativaDentro do quesito arquitetura contemporânea, a Espanha mantém a dianteira embalada pelas técnicas construtivas de Calatrava e Ricardo Bofill. O primeiro prefere destacar o movimento surrealista de seus riscados recheados de alicerces assimétricos, enquanto Bofill representa a maturidade pós-moderna, com desenhos limpos somados às referências neo-historicistas. Entre eles está a compatriota Patricia Urquiola, discípula de Achille Castiglioni, que elegeu o design como plataforma de criação.

Embora sejam vertentes distintas, todas elas se dobram aos ditos antropomórficos, à harmonia e ao equilíbrio dos esqueletos (com articulações-rótulas e tendões-cabos) para lançar mão de estilos próprios. Nessa amarração de enredos, Patricia emoldura chaises e amplos sofás com a mesma sagacidade que Calatrava tem ao arrematar seus enormes arranha-céus em Nova York, Valença ou em solo brasuca.

Parece um recomeço digno à arquitetura, que já se vestiu de rococós, desfilou em trejeitos monótonos, acentuou a esterilidade do todo, foi lógica, morna e atemporal até se cansar das fórmulas prontas e equacionar meia dúzia de ângulos retos em abissais curvilíneas desconstruídas por Frank Gehry e Zaha Hadid. O orgânico vem irônico nas pranchetas de Robert Venturi, Helmut Jahn e Michael Graves. Esse é o tempo de voltar às origens e de admirar a simplicidade da forma. H

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Visão, paladar, tato, olfato e audição, nossos cinco receptores sensoriais nos ajudam a experimentar inten-sos sentimentos espaciais.

Visão e tato são muito mais fáceis de entender quando pensamos na cidade e nas nossas relações com ela. Já o olfato nos leva a uma relação mais íntima, é ele que identifica o lugar e complementa informações. Sentimos o cheiro do mar, da padaria, dos cafés antes mesmo de ver. Pelo cheiro sabemos que eles estão ali, naquele lugar.

O aroma do pão saindo do forno, o cheiro do assoalho de madeira encerado, o odor quente das velas quei-mando, nos levam a alguma lembrança espacial, seja uma padaria ou a casa da avó, seja um templo ou um canto da casa. Cada um de nós tem sua memória olfa-tiva íntima e reveladora.

Quando visitei Paris pela primeira vez, meus amigos e eu alugamos, por um mês, o apartamento de uma fran-cesa que tinha ido passar férias na Índia. O edifício

“O olfacto é uma vista estranha. Evoca paisagens sentimentais por um desenhar súbito do subconsciente.”Fernando Pessoa Por rosiLene Fontes | iLustração Maria eugênia

tinha arquitetura oitocentista, sua entrada era uma porta larga de madeira que dava para uma cour, um pátio. O apartamento tinha as janelas voltadas para este pátio, e como Paris estava tendo um rigoroso inverno quase nunca abríamos as janelas, o que foi suficiente para deixar a minha mala com o cheiro daquele apar-tamento. Engana-se quem achar que era um aroma de perfume francês, era um cheiro acre, desagradável, um odor envelhecido e mofo misturado com perfume e comida francesa.

Durante muito tempo, cada vez que viajava ao abrir a mala aquele cheiro desagradável me levava até Paris, e as lembranças eram as boulangeries e seus pães sabo-rosos, os perfumes franceses, os jardins de Tuileries, os restaurantes e seus pratos especiais... Paradoxos das memórias: é como sentir cheiro de leite azedo e lem-brar-se de um bebê e de momentos felizes...

Para o geógrafo Yi-Fu Tuan, a visão estaria mais ligada à razão e o olfato mais ligado às emoções. Para ele, uma favela não é uma visão agradável, porém o que ela representa teria mais força quando se sentisse o cheiro de suas valas de esgoto e lixo.

Um amigo que havia visitado o Cairo contou-me que o cheiro da cidade era insuportável. Comentei isso com outro amigo viajante, e para ele não existem lugares mal-cheirosos, tudo é uma questão cultural e nos acostuma-mos aos cheiros das cidades quando vivemos nelas.

Com esses dois exemplos podemos concluir que, nas cidades, a percepção do cheiro tem um significado socioespacial e sociocultural. Motivo para muitos estu-diosos darem importância ao sentido olfativo ao pensar sobre as cidades.

O arquiteto Humberto Yamaki fez um roteiro de Londrina, no Paraná, em uma caminhada olfativa pela cidade. Para ele é possível conhecer uma cidade por seus cheiros, dos mais desagradáveis como os esgotos aos aro-mas que convidam a saborear um chocolate. “Trabalho há algum tempo com essa questão e percebo que a maio-ria das pessoas não conhece a cidade por seu cheiro. E querem controlar e eliminar esse cheiro”, diz o arquiteto.

Só se conhece verdadeiramente uma cidade quando ela é vivenciada e percebida pelos cinco sentidos. Paul Claval, geógrafo francês, diz que “a lembrança mais tenaz que guardamos dos lugares está associada aos odores dos quais eles são portadores”.

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Nasci no tempo em que a cozinha era separada da sala, fechando-se inclusive a porta dela quando alguém de cerimônia chegava, suspirando-se e tentando disfarçar o barulho de pratos ou de água escorrendo que invadia as conversas e contaminava o bom-tom Por Laura de MeLLo e Souza | ILuStraçÃo MarIa eugênIa

Apesar disso, sempre tive fascinação pelo que se passava lá dentro. Bem pequena, vivia enrolada nas pernas e no avental de uma cozinheira que,

entre a fritura dos bifes e as claras em neve, despe-java sobre minha curiosidade aterradoras histórias da Carochinha. Da névoa da infância desponta, olímpica, a cozinha da fazenda de minha avó materna, com fogão de lenha em alvenaria vermelha e um forno lateral fechado por uma porta linda, emoldurada de latão e enfeitada por uma enigmática figura mitológica, uma sereia, pensava eu. No fim do dia, arrastada para o banho, havia que atravessar a cozinha até o enorme banheiro, cuja água quente dependia do fogo da lenha. Cresci ouvindo histórias antigas, passadas naquela mesma cozinha, para a qual meu tio corria, quando menino, a fim de verificar se a galinha ao molho pardo era branca, preta ou castanha: se fosse branca, con-forme acusariam as penas lançadas no lixo, não comia, tinha nojo. Passada uma geração, lá estávamos, meus primos e eu, vasculhando um lixo análogo, a conferir se o frango que esfriava na mesa da sala era frango mesmo, até pouco tempo coberto por penas e não por pelos sedosos, pois nossa avó sistematicamente nos empulhava e tentava empurrar-nos, goela abaixo, coe-lho por galinha. Na adolescência, novos tempos, uma reforma trouxe o banheiro (multiplicado por dois) para perto dos quartos, dividiu a cozinha e criou uma copa, liquidando os banhos aquecidos a lenha.

Quando estudante e jovem mãe, odiava a cozinha do apartamentozinho pequeno, mesmo porque, dentro dela, eu não ia além de coar café, ferver leite ou assar maçã com canela, esbarrando numa desordem perpé-tua, pois organizar implicava roubar o tempo das filhas

e dos livros. Paradoxalmente, o passar dos anos fez com que o espaço da cozinha mudasse de natureza e se insi-nuasse mais e mais, atraindo como ímã a sociabilidade que antes ocorria na sala. Caetano Veloso declarava alto e bom som o quanto gostava de lavar louça, os países ricos ditavam comportamentos e hábitos de consumo que passavam pelo conhecimento dos cortes de carne, pelo manejo dos facões de aço sueco, das caçarolas fran-cesas, das máquinas italianas de macarrão feito em casa. Quando minha geração se deu conta, atirara-se sobre os livros de receitas, derrubara as paredes que confinavam as salas de estar, suprimira os ladrilhos de ontem por tacos de madeira que se estendiam até os pés do fogão e da geladeira. As visitas chegavam e iam para a cozinha, louvando o apuro com que estavam dispostos o frasco de flor de sal, os azeites perfumados, as réstias lustrosas de cebola, os panos de prato da Provença, sem falar nos potes de cerâmica, nos enfeites e em muito do que antes ornamentava as salas.

Foi assim, penso, que as cozinhas da classe média vol-taram a ter o papel congregador das de outrora, quando, sobretudo entre os menos favorecidos, a família e os convidados se reuniam ao pé do fogo para contar as novidades, ler em voz alta, comer ou simplesmente se esquentar. Deixaram de ser lugar de serviçais e se abri-ram sobre os outros recantos da casa: revolução dos espaços que, contudo, não se fez acompanhar por uma transformação social mais profunda.

Cozinha, fora e dentro

Laura de Mello e Souza é historiadora, professora de História Moderna na USP. Autora dos livros Norma e conflito: aspectos da história de Minas no século XVIII (1999) e Cláudio Manuel da Costa (2011), entre outros, e premiada pela Academia Brasileira de Letras na categoria História e Ciências (2007)

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Peras, alcachofras, favas, figos e cogumelos para se comer com os olhos

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P ara quem se lamenta por não ter uma obra de Leo-nardo da Vinci pendurada na parede, vale saber: nem tudo gira em torno da Monalisa. No caso do

pintor renascentista de talentos múltiplos, que também atuou como banqueteiro oficial do milanês Ludovico Sforza, a criatividade foi parar no hell’s kitchen – e por lá ficou – através de artigos que vão do espremedor de alho aos quebra-nozes e guardanapos. Claro que na história do ambiente mais inovador do lar nem tudo foi concebido entre insights geniais; em vez disso, somaram-se milênios repletos de tentativas, acertos e muita observação.

Voltando um pouco, desde a época do faraó egípcio Ramsés II, o desenvolvimento da cozedura atravessou momentos curiosos com direito a pedras planas aquecidas pela brasa, pequenos fornos de pouco mais de um metro de altura construídos com barro, fogões a gás e, chegando com pompa, circunstância e luxo, micro-ondas, cooktops e rangetops elétricos, alguns deles fabricados pela festejada Viking Range desde 1987. Se os equipamentos instituíram

que a inteligência seria a mãe de todas as receitas, os aces-sórios seguiram por trilhas idênticas.

Fundada em 1921 por Giovanni Alessi, a Alessi teve a irreverência como espinha dorsal. No livro homônimo de Michael Collins (Editora Cosac & Naif) a respeito da empresa, o trecho de abertura dá a entender o porquê – Vamos examinar o espremedor de limão de Philippe Starck, o Juicy Salif, de 1990. Vamos adquirir o espremedor de Starck, pois essa é a maneira mais econômica de termos Philippe Starck em nosso jantar, ou antes, para jantar em nossa cozi-nha, que é o lugar onde atualmente jantamos. Somos o povo da cozinha... Pensando bem, uma vez que os cuisiniers de hoje abriram as portas do lar para odisseias gastronômicas charmosas, foi mais do que natural render-se à compa-nhia de mestres da forma como Da Vinci, Starck e Achille Castiglione, autor das curvas da chaleira Mama O.

E quem está com a planta baixa nas mãos? Como decidir que itens colocar sobre as bancadas, quais são os eletros

indispensáveis e os segredos para criar um layout despo-jado? Na tentativa de saber as respostas de tantos dilemas procuramos João Mansur, arquiteto, urbanista, designer de interiores e consultor de arte, e Emmanuel Bassoleil, chef executivo responsável pela gastronomia do Hotel Unique e do Restaurante Skye, ambos sediados na capi-tal paulista. Pra lá de alinhado, o duo que já dividiu um dos editoriais tramados para o livro Design Gourmet (Magma Cultural) deu algumas pitadas do que vem por aí. Confira a seguir, as ideias para deixar as panelinhas com temperos inéditos.

Num ambiente profissional, qual é a importância dos grandes equipamentos de refrigeração e cozimento, dos corredores de circulação e dos revestimentos que facilitam a limpeza do espaço? Emmanuel Bassoleil: A cozinha deve reunir equilíbrio e praticidade. Ao imaginá-la, é imperativo escolher o que deixará o seu cotidiano ainda mais funcional. No nosso caso em particular, em que servimos 50 mil refeições por mês, não há como abrir mão dos freezers e geladeiras acoplados com gavetas de temperaturas ajustáveis para verduras, carnes e peixes; dos fornos que assam bolos e tortas ao mesmo tempo e das câmaras de resfriamento. Somam-se ainda os sistemas de exaustão e de ar-condi-cionado, as chapas, os eletrodomésticos, os instrumentos de cutelaria e a despensa formada por compartimentos inteligentes. Sobre a matéria-prima que recobre o chão e as paredes, optamos por aquela que simplifica a manu-tenção, afinal, trata-se de uma área repleta de compo-nentes elétricos que será lavada diariamente.

Quanto dessa estrutura industrial já se observa no sweet home?João Mansur: Muito. A princípio concordo com o Emmanuel na questão da praticidade e acho bom lembrar que a utilização dos equipamentos profissionais na casa das pessoas é reduzida ou otimizada em função disso. Na hora de fechar o projeto de cozinhas residenciais o cliente considera os gadgets de última geração, a qualidade do mobiliário e a diversidade dos materiais usados no revesti-mento. Já os corredores de circulação e os eletrodomésti-cos de grandes proporções não são levados em conta.

E qual tem sido a pedida da vez?JM: O acabamento em aço inox. Polido ou escovado, ele leva às áreas funcionais a atmosfera industrial pretendida.

Considerando o repertório da arquitetura moderna, é possível dizer que a tecnologia figura entre os ingredientes preferidos dos culinaristas?EB: Tenho 35 anos de carreira, tempo suficiente para

ter acompanhado as evoluções relevantes desse meio e também para ter a certeza de que tecnologia é palavra de ordem, podendo, porém, ajudar ou atrapalhar em pro-porções iguais. Veja que o utensílio high-tech deixou o preparo dos pratos mais preciso, facilitou a execução das tarefas, economizou tempo e permitiu a reconfiguração da equipe. Isso, claro, simboliza uma diferença conside-rável no caixa de qualquer restaurante. Em contrapar-tida, dois fatores são capazes de travar esse processo: capacitação do staff e defeitos técnicos. No primeiro exemplo, é como ter um carro com muitos opcionais e não saber lidar com nenhum deles. Acha que daria pra sair do lugar? E no quesito “pane total”, qual seria a alter-nativa para o fogão que teve um componente queimado num dia de casa cheia? Nessa hora o que conta é a expe-riência, é saber lidar com os diferentes modelos disponí-veis no mercado, mantendo a qualidade e o sabor do que será servido às pessoas.

JM: A tecnologia é parte relevante nesse compêndio. Ela aparece, por exemplo, nos sistemas de automação que ajustam a temperatura da adega de vinhos, na elabora-ção das peças de design feitas com elementos inovado-res – da escumadeira aos liquidificadores – e nos parques fabris das grandes marcas, responsáveis pela produção de armários, bancadas e ilhas de cocção personalizadas. Em grande escala essa ferramenta viabiliza a construção dos chamados edifícios verdes, cujas características principais estão na redução do consumo energético e no reaproveita-mento da água.

Se tivesse que repaginar a cozinha de casa, que demandas você consideraria?EB: Insistiria na funcionalidade e no bom senso. Além de ter freezer, geladeira, forno e fogão bacanas, creio que os espaços abertos dos armários deixariam o lugar organizado. Sei que esse não seria o caso do João – ele é craque! –, mas também acho importante balancear o que você tem como ideal com as “viagens” do arqui-teto [risos]. Alimentar o bom humor e a criatividade com objetos diferenciados faz da cozinha um ponto agradável da residência. Daria um último conselho: caso conte com a assistência de alguém que prepare as refeições da família, converse com ela, afinal, nin-guém melhor para falar do riscado.

E para o senhor, qual seria o segredo para criar a cozinha dos sonhos? JM: Agradeço pela gentileza do Emmanuel, mas o craque é ele! Para não errar, resumiria dessa forma: objetividade, modernidade e integração no cozinhar e no receber. Nada mais saboroso!

A troca de conhecimento entre chef e arquiteto formou um prato inédito: a nova cozinha. Hora de sentar-se à mesa e saborear cada segredinho do que vem por aí Por AdriANA Brito | FotoS PAulo GiANdáliA

nde se ganha o pão, pode-se comer a carne

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A precisão do movimento e a elegância do corpo solto no ar foram capturadas, com exclusividade, pelo olhar sensível do Fotos João ÁviLa | Produção Lia Guimarães e Lucimara Paiva

cozinhaNÃOVIVOSEMComo o Linus, personagem de Charles Schulz, tem seu cobertor, os melhores chefs da cidade também têm seus amuletos, sejam eles objetos ou ingredientes Fotos romuLo FiaLdini | edição tissy Brauen | make-uP Patrick Pontes

Faca e aventalGeorge San é quase que sinônimo de culinária japonesa. Quando abriu as portas de seu Kosushi, os apaixonados por seus famosos sushis e sashimis apelidaram o restaurante de “georgesan” e era lá que iam provar as delícias do simpático sushiman de São Paulo. George Yuji Koshoji, o George San, não vive sem sua faca e seu avental, que só pode ser lavado em casa pela esposa, seja para fatiar um peixe serra (foto) como um toro ou salmão.

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Queijos, queijos e queijosDona de um dos mais concorridos bufês de

São Paulo, Aninha Gonzales desde menina vive às voltas com panelas, ingredientes e temperos. Seus pratos são interpretações contemporâneas

de clássicos ou invenções que surgem de suas alquimias. Louca por queijos de todos os tipos e procedências, ingrediente que não falta em sua

culinária, nessa foto ela faz uma homenagem ao seriado A Gata e o Rato, um clássico dos anos 1980.

Chinois e panelaCarla Pernambuco dispensa apresentações. A premiada dona do Carlota e do Las Chicas, que hoje apresenta um programa de culinária no canal Bem Simples e faz planos de abrir um catering, decidiu trocar seu chinois (uma peneirinha em forma de cone) por um minuto e se deixar fotografar abraçada a uma linda panela amarela, em uma das ruas de Higienópolis, bairro que adora.

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Fogo e paixãoBaiano, autodidata, com passagem pela cozinha

de Patrick Le Clec’h, do restaurante Villa Lys, no Palais Royal em Paris, Chico Ferreira gosta do fogo. Não só aquele que usa para preparar

seus pratos como aquele da correria e agitação da cozinha em dia de casa lotada. “A temperatura

chega aos 50 graus”, brinca ele que garante que no salão é a calma e a tranquilidade que

predominam. O pato é protagonista de seu menu estrelado. Na foto, ele aparece com a pata Lady,

que não vai para a panela.

Fogo e paixãoBaiano, autodidata, com passagem pela cozinha

de Patrick Le Clec’h, do restaurante Villa Lys, no Palais Royal em Paris, Chico Ferreira gosta do fogo. Não só aquele que usa para preparar

seus pratos como aquele da correria e agitação da cozinha em dia de casa lotada. “A temperatura

chega aos 50 graus”, brinca ele que garante que no salão é a calma e a tranquilidade que

predominam. O pato é protagonista de seu menu estrelado. Na foto, ele aparece com a pata Lady,

que não vai para a panela.

Farinha, água e ovoServindo uma culinária italiana moderna, Ida Maria Frank e sua filha Virginia são referência desde 2005, quando abriram as portas do premiado Due Cuochi. Farinha, água e ovos são ingredientes que não podem faltar na cozinha de Giampiero Giuliani, o italianíssimo chef, que aparece na foto ao lado de Severo, que de severo não tem nada, o responsável pela delicadeza e qualidade das massas.

Farinha, água e ovoServindo uma culinária italiana moderna, Ida Maria Frank e sua filha Virginia são referência desde 2005, quando abriram as portas do premiado Due Cuochi. Farinha, água e ovos são ingredientes que não podem faltar na cozinha de Giampiero Giuliani, o italianíssimo chef, que aparece na foto ao lado de Severo, que de severo não tem nada, o responsável pela delicadeza e qualidade das massas.

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turma da

Eles são coadjuvantes, mas seu papel é principal na hora de preparar gostosuras Fotos João ÁviLa | Edição Lia GuimarãEs | Produção XuXu GuimarãEs

cozinha

suporte para aquecer ovo, Joseph Joseph, Doural; bowl e prato de louça, Spicy; garrafa térmica e cafeteira stelton,

Scandinavia Designs; talheres de plástico, Benedixt; copos de cerâmica expresso, Pepper; par de suporte para

ovos quentes, Spicy; cafeteira de vidro Globinho, Raul’s; queijeira com espátula de resina, Benedixt

Bom dia!

máquina de café expresso Pixie, Nespresso; porta-ovos de louça,

açucareiro e xícara alessi, e cafeteira de inox Alessi, Benedixt;

torradeira Cuisinart, suxxar; garrafas de vidro para leite, Artmix

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Hora do almoço

Liquidificador Hemisphere Breville, Doural; saladeira de Georg Jensen, GJ Bloom, Scandinavia Designs; taça para sobremesa, Tok Stok;

jarra marquesa de cristal, Tânia Bulhões Home; mixer milk-shake cromado Hamilton Beach, Raul’s; talheres para salada de resina, Benedixt

Escorredor, Cleusa Presentes; saleiro e pimenteiro, Mix and Match; espremedor de frutas, alessi, Benedixt; mini

cocote, Le Creuset; frigideira antiaderente de alumínio, Kirk’s; saleiro, porta-queijo ralado e concha, Tok Stok

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rg Serviçoartmix.com.br | benedixt.com.br | cleusapresentes.com.br | doural.com.br | gruposantahelena.net | kirkspresentes.com.br kitchenaid.com.br | lecreuset.com.br | mcassab.com.br | mixandmatch.com.br | nespresso.com.br | oren.com.br | pepper.com.br rauls.com.br | scandinavia-designs.com.br | spicy.com.br | taniabulhoeshome.com.br | tokstok.com.br | utilplast.com.brAssistente de produção marcela Zeitler | Agradecimentos Laminados Fórmica®, na Única | unicalaminados.com.br

CHá das CinCo

Luva de silicone, Oren; Fuet de silicone colorido, Doural; infusor de chá Bodum, M Cassab; porta-condimentos, Kirk’s; bule para chá e copo térmico Eva solo, Scandinavia Designs; porta-mantimentos Joseph Joseph, Doural; timer em forma de ovo, M. Cassab; bowl aço escovado, Spicy; bowl cerâmica, Artmix; chaleira com infusor Bodum, M Cassab; doceira, Utilplast; espátulas de silicone e madeira, Artmix; batedeira stand mixer, Kitchenaid; faca com protetor de lâmina, Spicy; colher medidora Joseph Joseph, Doural; porta-mantimentos de cerâmica, Mix and Match

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Comida é artePara tocar ou chocar, alguns ingredientes comestíveis sempre foram usados ao longo da história da arte. Você sabe quem são eles?Por Marianne PieMonte

Retirar os objetos de seu lugar ou atribuir a eles novas funções e significados sempre foi pre-missa das artes e dos artistas plásticos. De tem-

pos em tempos, sempre há alguém em alguma parte do mundo conspirando contra a semântica (ainda bem!).

Nesse jogo de colocar e tirar, penico já foi parar em museu e mudou o rumo da história da arte. Como não celebrar o conceito que tornou Marcel Duchamp (1882-1968) reconhecido mundialmente, o “ready-made”, usado inicialmente na obra A Fonte.

Muito antes de Duchamp (e, acreditem, também ante-rior a todo o movimento surrealista), o italiano Giuseppe Archiboldo (1527-1593) ficou famoso por recriar bustos e retratos a óleo usando frutas, verduras e legumes no lugar dos narizes, olhos e bocas.

Foi ele o pioneiro na utilização de vegetais para compo-sição de rostos humanos. Sua série intitulada “Quatro Estações” pode ser considerada atualíssima, já que o artista usava frutas da estação para diferenciar os perío-dos do ano. Nada mais orgânico.

Além de pintor, Archiboldo foi também decorador e estilista para as cortes mais prestigiadas da Europa. No entanto, suas pinturas, estranhas à época, fizeram com que críticos de arte acreditassem que o italiano era men-talmente perturbado ou louco.

A sua obra influenciaria, mais tarde, no século 20, os

pintores surrealistas (agora sim), sendo redescoberto por Salvador Dalí. Em 1987, foi organizada em Veneza uma exposição de pintores surrealistas chamada “The Archi-boldo Effect”. Octavio Campo, Shigeo Fukuda e Sandro del Prete são outros artistas surrealistas que admitiram ser influenciados por esse italiano renascentista.

Caviar e pasta de amendoim no MoMAEm 1995, o paulistano Vik Muniz ganhou reconheci-mento em Nova York com a série “Crianças de Açúcar”. Eram ampliações de fotos de crianças feitas com o material que dá nome à obra. Eram seus primeiros anos fora do Brasil e esses quadros estavam expostos em uma pequena galeria. No entanto, Charles Haggan, crítico de artes do New York Times, que flanava por lá, reconheceu o talento dele e uma boa crítica o colocou nos melhores museus dos EUA.

De lá para o Metropolitan Museum of Art e Gugge-nheim foi um pulo. E logo em seguida, O Museu de Arte Moderna (MoMA) o escalou para a exposição New Photography, a grande porta para o mundo nova--iorquino da fotografia.

Hoje, Vik é considerado por muitos críticos de arte um dos artistas mais inquietos e produtivos de sua geração. Seus materiais são caviar, chocolate, sucata, diamantes, macarrão e papel picado. Ele transforma essas coisas em imagens – em geral, retratos – e depois as fotografa. Fez um retrato da bela Monica Vitti com diamantes e uma Monalisa de pasta de amendoim. La

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mostra foi a dolorosa morte de sua irmã, aos 24 anos, vítima de um câncer no cérebro. “Comecei a meditar sobre o que tinha e o que tinha perdido. O sal é um ingrediente bastante usado nos fune-rais orientais, por isso eu o utilizo. Passei a produzir esses labirintos como um diário dessas meditações”, disse Motoi, em recente entrevista ao The Times.

Essas séries começaram a viajar o mundo em 2001. Para realizá-la, usa apenas uma garrafa plástica para polvilhar o sal pelo chão e as mãos.

Cada obra leva, em média, duas semanas de trabalho com 14 horas diárias, ele também faz escadas de sal (Utsu-semi). A ideia é fazer um comparativo do quão somos frágeis perante os terremotos. Para demonstrar isso, após terminar cada escadaria ele simula um pequeno tremor para que os visitantes de suas exposições possam ver essa destruição. “Salgadamente legaus”!

Na contramão da delicadeza japonesa de Motoi está o polêmico Ai Weiwei. O chinês que já foi proibido de deixar o seu país para receber prêmios, como o Nobel de 2012, levou 150 toneladas de réplicas de sementes de

girassol feitas de porcelana e pintadas à mão para o centro do Turbine Hall, da Tate Modern, em Londres.

O monte de falsas sementes de girassol de Weiwei entrou para o acervo do museu inglês por 100 milhões de libras.

As sementes de girassol, que são um tradicional lanche de rua na China, têm para o artista um significado político. Durante a revolução cultural do país propagandas mostra-vam Mao passando por campos de girassol, numa alusão à boa situação da China.

Graças a seu trabalho com as sementes, ele foi consi-derado uma das pessoas mais poderosas do mundo das artes em 2011.

Filmado entre 2007 e 2009, o documentário Lixo Extraor-dinário retrata o trabalho de Vik Muniz em um dos maio-res aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro.

O filme ganhou indicação ao Oscar e sua obra foi leilo-ada na Sotheby’s, de Londres. A reprodução do quadro A Morte de Marat (1793), do francês Jacques-Louis David, que fez usando o líder sindical Tião como modelo e lixo de Gramacho para montar a obra, é, além de tocante, o mais novo “master piece” do mercado internacional de arte.

Fome dos olhosEm 1993, o goiano Siron Franco também aumentou sua popularidade com a mistura de arte e comida. Ele fez um quadro com a figura do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, desenhado com os alimentos da dieta nacional: grãos de arroz, de feijão, de milho, bife e batata.

O trabalho virou capa da revista Veja, na edição de 29 de dezembro daquele ano, e tornou-se símbolo da campanha nacional contra a fome, que tinha o sociólogo como grande líder e inspirador do movimento.

Mais recentemente, Marcos Reis Peixoto, o Marepe, fez a

alegria das crianças de Santo Antônio de Jesus, sua cidade natal na Bahia, com a obra Palmeira Doce (2001).

No dia de Cosme e Damião, o artista amarrou 4.500 sacos de algodões-doces no tronco de uma árvore, no meio de uma praça. A peça, que se desmanchou em minutos, diz muito sobre sua produção. Marepe trabalha com as memórias da infância e a cultura do nordeste do País.

Suas obras já ocuparam a galeria Luisa Strina, em São Paulo. Na exposição Últimos Verdes, moringas, tampos de ralos, funis e camas desmontáveis são matérias-primas para instalações engraçadas e poéticas. Marepe não é só um dos nomes mais importantes da cena brasileira, como também transita com frequência pelo cenário internacio-nal. Já expôs, por exemplo, na Tate Modern de Londres e no Centre Georges Pompidou, em Paris.

Delicadeza fugazA distância, parece uma renda delicada, com tramas bem miúdas. Mas de perto, são labirintos e padrões confusos que criam caminhos interligados. O trabalho do japonês Motoi Yamamoto é poesia concreta. Feita com sal.

A inspiração para as instalações que se desfazem a cada foto

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na página anterior, figura de Giuseppe archiboldo, parte da série Quatro estações, feita com frutas e vegetais da estação no século 16

Crianças de açúcar, trabalho de Vik Muniz apresentado em nova York nos anos 1990

na página ao lado, a delicada trama feita com sal do japonês Motoi Yamamoto e Maçãs do Amor, do brasileiro Marepe

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Pessoal e intransferível

Assim é esse Lindenberg: o retrato fiel dos desejos de um casal que há mais

de uma década vinha imaginando “como seria quando mudarmos...”

Por Maiá Mendonça | Fotos roMulo Fialdini

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Na página anterior, vista do living com tela de Rodrigo de Castro

Sala de tevê, com as paredes forradas de cedro rosa lavado e obra de arte de Marcos Benjamin

Na página ao lado, o destaque da sala de jantar é a foto de Caio Reizenwitch

A impressão é que você está em uma casa cercada por terraços e árvores. Mas a segurança é a de um edifício dotado com a mais moderna tecnologia, hall de entrada e porteiro. Era isso que, por mais de uma década, os proprietários

desse apartamento procuravam para se mudar de onde viviam desde o casamento. Pais de dois filhos saindo da adolescência, a dupla buscava a sensação de viver em uma casa segura e confortável. Encontraram em um Lindenberg de poucos andares, muito espaço e uma sensacional vista da cidade.

Foi a generosidade do living e a maneira como ele se integrava às salas de tevê e de jantar que encantaram o casal. Por conta da possibilidade de personalização dos apartamentos na planta que a Lindenberg oferece, a única alteração na área social foi feita durante a construção, e foi a incorporação do terraço à sala de estar, que ficou mais banhada pelo sol da manhã. “O piso da varanda foi elevado para ficar no mesmo nível da sala”, explica a decoradora Fernanda Cunha Bueno, que em parceria com a dona da casa é responsável pela decoração do apartamento. Já a área íntima sofreu alterações projetadas pelo arquiteto Marcos Tomanik, que transformou o corredor e as quatro suítes originais em três suítes bastante confortáveis, sendo que o quarto do casal, com direito a dois closets, dois banheiros, um deles com banheira de hidromassagem, “parece que estamos em uma casa grande”, palavras da dona da casa. O corredor ficou mais amplo e foi cercado por vários armários criando uma rouparia. “Foi uma reforma demorada, mas valeu a pena”, conta Fernanda Cunha Bueno, que enquanto esperava o fim da obra garimpava as peças que mais combi-navam com o apartamento e o estilo de vida do casal que vive cercado de amigos e gosta bastante de receber. “O interessante dessa planta é que, mesmo que todos os ambientes se integrem, eles têm certa privacidade. Em uma festa os convidados podem se espalhar por todo o apartamento sem se isolar, e até os terraços acabam sendo usados”, ressalta a decoradora.

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A reforma da área íntima permitiu que o quarto do casal ganhasse proporcões mais generosas

Na página ao lado, do living é possível ver a ligação da sala de tevê e sala de jantar com a de estar e tela de Vicente Kutka A Alhambra, em Granada, impressiona pela história e beleza

Um dos muitos terraços que cercam todo o apartamento e detalhe com rinoceronte comprado na África

O tom do projeto criado para a dupla segue a máxima: o que o casal gosta. “Afinal, são eles que têm de gostar”, ressalta Fernanda, que fez um estudo do histórico do ca-sal, o layout da circulação e a partir daí começou a decoração. Dos móveis e objetos do antigo apartamento apenas algumas peças foram escolhidas. Poltronas e sofás, que ganharam novos tecidos, alguns móveis de família, uma mesinha de mármore, uns poucos objetos e uma tela de Vicente Kutka que acompanha a dupla desde os anos 1990, e está instalada no living. O resto foi escolhido a dedo pelo casal, e a decoração feita passo a passo para que tudo ficasse como eles queriam.

A atenção aos detalhes foi tamanha que, na sala de tevê que teve as paredes forradas com madeira cedro rosa lavado, a medida do assento do sofá de camurça foi milime-tricamente calculada para proporcionar maior conforto. O lustre de murano da sala de jantar veio de navio de Milão, e as cores dos tecidos dos estofados foram minu-ciosamente selecionadas como se fossem as tintas para uma obra de arte. “Costumo desenhar à mão tudo o que tenho em mente, assim o resultado final de um projeto é como uma cartela única de cores para aquele cliente”, conta Fernanda Cunha Bueno que iniciou a sua carreira como designer de interiores, em 1988, na loja Armazém de Móveis, e depois com a sua mãe, a decoradora Gegé d’Orey da Cunha Bueno, explica Fernanda Cunha Bueno.

Vicente Kutka não reina sozinho nas paredes desse apartamento confortável e agra-dável. Wakabayashi e o arquiteto português e artista plástico Pedro Kroft dividem as honras no living, ao lado de uma placa de cobre com papier maché de Hilal Sami Hilal e de uma obra do filho de Amilcar de Castro, Rodrigo. Na sala de tevê a estrela é Marcos Benjamim, que divide as atenções com um simpático desenho de uma artista anônima comprado na rua em Paris, enquanto quem domina a sala de jantar é a foto-grafia de Caio Reisewitz. “Há 14 anos penso nos menores detalhes desse apartamento. Sempre soube exatamente como ele seria. Ainda vou mudar uma ou outra coisa, mas estou feliz com o resultado harmonioso”, arremata a proprietária.

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Palmeiras que balançam ao vento, o burburinho dos mercados, as miragens do deserto enfeitiçam os viajantes por juliana a. Saad

Quando decidi embarcar rumo ao Marrocos – buy the ticket take the ride, como dizia o escri-tor americano Hunter S. Thompson – tinha em

mente um país exótico recortado por paisagens des-lumbrantes e cheio de aventuras. Foi isso mesmo que encontrei nos dias que passei lá. Do passeio de camelo à noite dormida em uma tenda em pleno deserto do Saara, perto de Merzouga, da Medina de Fez aos pi-cos nevados do Atlas e às palmeiras de Ouarzazate, dos desfiladeiros de Dades e Todra ao burburinho de Ca-sablanca, muitas paisagens rolaram. Mas foi em Mar-rakesh (chamada de Red City devido à cor avermelhada da terracota que recobre os edifícios da cidade e traz

uma luminosidade diferente) que vi cristalizar a aura que enfeitiçou gente do naipe de Yves Saint Laurent. O estilista manteve até a sua morte um endereço no lindo Jardin Majorelle, hoje aberto ao público com suas construções em azul-cobalto e espécies exóticas de plantas, com direito ao recente Musée Berber – que exi-be joias, roupas e adereços simplesmente inacreditáveis do povo bérbere. O espaço tem também uma lojinha de um bom gosto ímpar que vende desde caftãs e bijoux a acessórios para casa e sabonetes perfumados. Ao final do passeio vale parar no café/restaurante para comer sob a sombra gostosa do pátio e bicar docinhos acom-panhados de chá. Must go total.

Jornada pelo Marrocos

Apaixonado por Marrakesh Yves Saint-Laurent era dono do Jardin Majorelle Boutique, essa bela casa azul cobalto

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Mistérios e fascínio da Red City A mystique de Marrakesh sempre fascinou e atraiu escritores (Ginsberg, Paul Bowles, Burroughs), astros de rock (Mick Jagger, John Lennon), a nata do cinema (Hitchcock), celebridades (Yves Saint Laurent, Talita Getty) e continua a exercer esse poder. Pelas ruas ouve-se facilmente uma babel de idiomas falados por turistas e pelos próprios locais que, no afã de agradar e vender, expressam-se (ou tentam) em espanhol, italiano, inglês e o que for mais conveniente na hora. À simples menção de Brasil, recitam “obrigado” a todo momento.

Encravada em meio à Medina (a parte antiga e murada da cidade) está a sua principal atração, Djemaa el Fna, praça que ondula com o movimento feérico de acrobatas, conta-dores de histórias, encantadores de serpentes, dançarinos e músicos. À noite, barraquinhas de comida iluminam o enorme espaço e atraem os viajantes que tentam fazer parte, ao menos por algumas horas, de um dos lugares mais míticos da cidade, que se junta ao Palácio Bahia, à Mesquita Koutoubia e aos picos nevados das Montanhas Atlas que circundam a cidade.

A Cidade Vermelha, com a Medina recortada por sinuo-sas ruelas e dividida em souks (mercados) especializados em itens tão fundamentais como babouches, joias de pra-ta, especiarias, artigos de couro, túnicas, peças entalha-

das, perfumes, tapetes... uma infinidade de itens que cap-turam rapidamente a atenção. As lojinhas e portinhas têm vendedores espertíssimos (é preciso pechinchar, sempre, faz parte de sua cultura) e revelam inacreditáveis tesouros – de riads a restaurantes com pátios e fontes.

A tradição oriental de banhos públicos, os hammans, deve ser conferida e acompanhada pelas massagens e gommages que deixam o corpo e alma brilhando e perfumados. Os bons hotéis têm os seus próprios, que também combinam spas. Hospedagem em MarrakeshOs riads (construções de dois, três andares com terraços, fontes e pátios internos, no estilo andaluz que viceja no Marrocos) são uma maneira muito original e charmosa de hospedagem, possível apenas naquela parte do mundo. Fechadas por muros, essas pousadas deluxe, como o delicioso Riad et Palais des Princesses, revelam-se verdadeiras joias, com suítes decoradas com bom gosto e refinamento, terraços com vista para o pôr do sol, café da manhã com delícias locais, serviço gentil e sutilezas – e dão acesso às labirínticas ruelas da Medina. Uma experiência que vale ser vivida.

Kasbah Tamadot – Exalando exclusividade, o refúgio de sir Richard Branson no Marrocos é um dos lugares mais falados dos últimos tempos. A uma hora de carro de

Marrakesh, oferece a opção de hospedagem em tendas bérberes (ultraluxuosas, bien sûr), além de suítes com vista espetacular para os picos gelados das montanhas de mesmo nome. Spa, hamman, pátios, piscinas, restaurantes, carta de vinhos, além de pomares e jardins, como só os ingleses sabem fazer, completam o serviço perfeito e discreto. Dependendo da disponibilidade, o hotel aceita reservas de não hóspedes para day spa e também para almoço em seu restaurante Kanoun, chefiado pelo neozelandês Lee Cowie. A comida tem a vertente marroquina com toques modernos e sotaque francês. Tamadot é do tipo tem-que-ir.

Ville des Orangers – Com assinatura Relais Châteaux e próximo à Mesquita de Koutoubia, ainda dentro da Cidade Antiga, esse hotel ergue-se como um oásis de bem-estar em meio a jardins verdejantes. Apresenta estilo árabe-andaluz, com uma atmosfera de elegância e glamour. A beleza, conforto e sofisticação das acomodações e instalações inspiram. O magnífico restaurante tem adega à altura. Vale desfrutar dos pátios, suítes, piscinas, spa, hamman e riad privativo.

Tajines, tâmaras e chá de mentaRestaurantes atraem com delicadas preparações onde se sobressaem os tajines perfumados (cozidos de carnes e le-gumes feitos e servidos no recipiente cônico de mesmo

Em meio à Medina, a parte murada da cidade, uma das atrações é o Palácio Bahia

Abaixo, o conforto de uma das suítes do Ville des Orangers

O hotel Kasbah Tamadot, um dos mais festejados do

momento, é do tipo tem-de-ir, nem que seja para provar as

delícias do restaurante

Abaixo, lanternas vendidas nas lojinhas do souk

nome) de cordeiro, tâmaras, frango e limão, e os couscous bem temperados, além da pastilla (uma torta de massa folhada com recheio de carnes e verduras) e a doçaria marroquina acompanhada pelo chá de menta – que exige todo um ritual performático para ser servido. A decoração da maioria dos lugares é sempre um capítulo à parte, com tons quentes, móveis entalhados, mesas baixas e almofa-das, tecidos bordados e serviço de prataria e louças feitos para servir e atordoar o olhar.

O melhor endereço para comer bem em Marrakesh é o Al Fassia, um restaurante comandando por mulheres que evoca suspiros de satisfação e recebe elogios em profu-são devido à sua culinária marroquina delicada e impe-cavelmente executada. Reserve uma mesa, mergulhe nos aromas e entenda por que esse templo da gastronomia vive lotado de turistas, expatriados e locais. O Les Trois Saveurs (dentro do hotel La Maison Arabe) com mix mar-roquino, francês e oriental agrada em cheio. Para uma experiência bem típica, o Le Tobsil e o Dar Es Salam são eventos à parte, com decoração grandiosa, show de dança do ventre, menu extenso e música ao vivo que remetem ao pastiche das Mil e Uma Noites. Valem pela diversão. O restaurante Le Marocain, situado no belíssimo Hotel La Mamounia, é uma experiência que deve ser vivida sob a luz da lua, no terraço, com o perfume dos jardins se misturando aos sabores dos pratos.

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No desertoOptamos por chegar ao Marrocos através do sul da Es-panha. Pegamos um vôo executivo da Singapore Airlines rumo a Barcelona, passamos três dias na cidade para passear, comer e beber bem. Depois seguimos de trem rumo ao sul do país, com paradas em Valência e Gra-nada. A partir de Algeciras, atravessamos o estreito de Gibraltar de ferry boat e atracamos em Tânger. De lá, pegamos um trem para Fez, onde um motorista nos es-perava com uma Toyota Land Cruiser GX e um guia local, que nos desvendou os mistérios da cidade. Par-timos rumo a quatro dias de aventuras pelo interior do país, destino que nos levaria a percorrer o Vale de Ziz pelas montanhas do Médio Atlas, a floresta de Cedros, o Vale das Rosas passando por oásis com as esplêndidas palmeiras de Tinerhir, o desfiladeiro de Todra e as dunas de Merzouga e Ouarzazate. No caminho, acampamento nômade, paisagens que iam da aridez do deserto aos ina-creditáveis cedros e palmeirais e imensos desfiladeiros. O ponto alto foi entrar no deserto montados em came-los, ao cair da tarde vendo o sol tingir sombras nas areias cinéticas e o mundo se fechar em tons avermelhados, enquanto os dromedários se movimentavam com tran-quilidade rumo ao acampamento. A travessia, de cerca de 2 horas, mostra o dia virar noite envolvendo vozes dis-tantes e fumaça mostrando que, após a próxima duna, há um acampamento. Estrangeiros de partes díspares do mundo (escoceses, japoneses, chineses, australianos e nós, brasileiros) reunidos para admirar e sentir as be-lezas do deserto. Cada um acomodado em sua tenda de tapete e convidados a jantar na tenda-restaurante onde tivemos uma refeição surpreendentemente boa, com ta-jine de legumes e cuscuz. Após o jantar, papos em torno

da fogueira e cama, isto é, um catre na cabana quen-tinha. No dia seguinte, despertamos ao raiar do sol e retornamos lentamente seguindo os raios que abriam caminho na areia, de volta ao mundo do asfalto e rumo a mais um dia de imersão nas profundezas do Marrocos. A experiência foi, em todos os sentidos, fascinante.

Serviço sul da Espanha alhambra.org, cac.es (Cidade das Artes e Ciências)

Serviço Marrocos akbardelights.com / Moor, endereços para garimpar túnicas, bolsas e acessórios | alfassia.com, reserve uma mesa nesse restaurante e se entregue ao menu | authentic-morocco.com / anaam-tours.com, para tours e trekkings pelo país | daressalam.com, restaurante típico com direito a jantar e show de dança do ventre | jardinmajorelle.com, para conhecer o refúgio de Yves Saint Laurent e o Musée Berber | kasbahtamadot.virgin.com, refúgio encravado aos pés dos Atlas. Must go | lamaisonarabe-hotel.com, dentro da Medina acomoda o restaurante Les Trois Saveurs | Le Tobsil: 22 Derb Abdellah ben Hessaien, Bab Ksour, Marrakesh (00 212 2444 4052) | madein-marrakech.com, artesãos e lojas reunidos em um único endereço | mamounia.com, fora a beleza do parque que circunda o tradicionalíssimo hotel, o spa, o bar e o restaurante Le Marocain valem a visita | riadetpalaisdesprincesses.com riad charmoso em meio à Medina de Marrakesh | terrassedesepices.com, em meio à Medina, um lounge com comida leve, sucos e música | villadesorangers.com, vila de luxo da cadeia Relais Châteaux dentro da cidade antiga

Sul da EspanhaChegar ao Marrocos pelo sul da Espanha é como fazer um vestibular de História. A presença árabe é tão forte na Andaluzia que nos oferece uma antevisão onírica do que vamos encontrar nas seculares cidades marroquinas, sobretudo através de Granada e seu impressionante conjunto de edifícios de Alhambra. Ali, a riqueza de detalhes nos pórticos, salões, janelas e pátios internos mostram um tempo de fausto e conquistas do estado muçulmano, de 711 até 1492, quando ocorreu a expulsão dos mouros pelos reis católicos. Detalhe: é necessário agendar pela internet a visita aos Palacios Nazaríes, a parte mais soberba de Alhambra; pode-se ficar apenas 30 minutos lá dentro. Os outros prédios e monumentos podem ser acessados com o ticket normal.

Antes de chegar a Granada, desde Barcelona, a cidade de Valência é uma escala que também impressiona. Mescla de edificações históricas com moderníssima arquitetura, tem uma vida noturna vibrante com centenas de “barras”, bares e clubes noturnos com movimento até a madruga-da. Passeie por Canovas, Juan LLorens e a Avenida de Aragón e, se for verão, as praias ao longo do Mediterrâneo são um convite para festas intermináveis. Destaque abso-luto na cidade: a Cidade das Artes e Ciências, incrível com-plexo futurista de museus de autoria do célebre arquiteto espanhol Santiago Calatrava.

A rica arquitetura de Alhambra, em Granada, impressiona pela história e beleza

O amanhecer no deserto do Saara solta sombras dos aventureiros na areia

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Ninguém vai a Barcelona apenas para conhecer a Plaza Cataluña, Casa Batlló, La Pedrera, Park Güell, Sagrada Familia e Las Ramblas,

entre outros estonteantes pontos turísticos. Entre uma emoção e outra é preciso recuperar as forças e a capital catalã não deixa por menos – ela é uma fonte permanente de restaurantes e bares onde a qualidade dos ingredientes vem acompanhada, quase sempre, de uma leitura moderna e atraente dos pratos. Aqui, algu-mas indicações seguras.

Dos Palillos – É de Albert Raurich, chef executivo por 11 anos do mítico El Bulli, de Ferran Adrià. Sua especialidade são as tapas com influência asiática e o melhor ali é optar por um dos dois menus-degustação, o primeiro com 14 e o segundo com 18 tapas, servidos no salão interno com esfuziante cor vermelha, a cha-mada “barra asiática”. No balcão à entrada escolhe-se livremente no cardápio com quase 40 alternativas dife-rentes. A delicadeza está presente em todas as prepa-rações do Dos Palillos, como no recriado sunomono de algas frescas e moluscos ou no wok de “verduritas” com lulas e germinado de coentro. Uma delícia o dumpling, massinha ao estilo chinês recheada com lagostins e uma celestial fatia de toucinho ibérico por cima, assim

como o suave tataki de filé mignon com ovo de codorna e o gostosinho japo burger, miniatura de pão com carne bovina, gengibre, pepino e a folha shiso. De sobremesa, os fofos ninyo yaki, bolinhos japoneses com chocolate e gengibre. Carrer d´Elisabets, 9. Tel.: 933 04 05 13 | dospalillos.com

César Pastor Restaurant – Para o jornal inglês The Guardian, é um dos 10 melhores da nova cozinha catalã. Com matéria-prima fresca do famoso mercado La Boqueria, o chef Pastor desenvolve pratos e tapas de sabor intenso, como a alcachofra com champignon e foie gras grelhado, os ravioli de camarão com queijo e molho de frutos do mar e o steak tartar montado em peque-nas fatias de pão. No elegante e sóbrio salão, o menu eclético e bem europeu permite a escolha tanto de pra-tos individuais quanto de uma simpática sequência de meias porções, à maneira das tapas. Carta de vinhos ampla, representando as melhores regiões da Espanha e também de outros países, com boas ofertas em taças. Carrer Casanova, 212. Tel.: 934 43 23 06 | cesarpastor.es

Cinc Sentits – Uma das mais recentes atrações da cozinha de Barcelona, conquistando com rapidez uma estrela no severo (sobretudo fora da França) Guia

Barcelona Gulosa

Delicadezas da moderna culinária galega do Tickets

Na página ao lado, dumpling recheado de lagostins do Dos Palillos; uma das

delícias que fazem parte do menu degustacion do Cinc Sentits; steak

tartar do cotadíssimo César Pastor; ovo com caviar, tapa do Cinc Sentits; e as

deliciosas vieiras do Rías de Galicia

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Michelin. Define-se como um restaurante de degusta-ção, oferecendo o Menu Sensaciones, com uma tapa, duas entradas, um pescado, uma carne, queijos e duas sobremesas e, para fomes menores, o Menu Esencia, com três entradas, um prato de arroz, uma carne e uma sobremesa. Seu chef é Jordi Artal, que se declara auto-didata. Carrer Aribau, 58. Tel.: 93 323 9490 | cincsentits.com

MOments – Restaurante com supervisão da consa-grada chef catalã Carme Ruscalleda, tocado por Raül Balam, seu filho, dentro do hotel Mandarin Oriental de Barcelona, também com uma estrela Michelin. Diversas receitas à base de peixes e frutos do mar, especialidade da chef com 3 estrelas do guia francês em seu restaurante em Sant Pau, também na Catalunha, e mais duas em Tóquio, são o destaque do MOments. Passeig de Gràcia,

38. Tel.: 931 51 88 88 | mandarinoriental.com/barcelona

Tickets – Na linha também moderna da culinária catalã e uma decoração muito doida, tornou-se célebre antes mesmo de abrir as portas e vitrines atulhadas de velhos objetos e cartazes provocadores. Seus donos são

Albert e Ferran Adrià – juntos, construíram a fama pla-netária do El Bulli. Tapas criativas como Miniairbags rellenos de queso manchego ou El boquerón que que-ria ser anchoa estão no menu. Único probleminha: é preciso fazer reserva com bastante antecedência. Pode ser feita pela internet. Avinguda Paral·lel, 164. Tel.: 932 924 253 | ticketsbar.es

Rías de Galícia – Para peixes e frutos do mar prepa-rados de maneira mais tradicional, um dos restaurantes preferidos por outros chefs (quem me indicou foi César Pastor) é essa marisquería. Os donos galegos trazem sua esplêndida matéria-prima do mar Cantábrico, como as suculentas ostras e as pequeninas e delicadas vieiras. Carrer Lleida, 7, Tel.: 93 424 81 52 | riasdegalicia.com/

Piscolabis – Se preferir algo descolado, sem muito compromisso com a alta culinária mas com tapas bem feitas e um salão gostoso, vibrante, o Piscolabis é o lugar. Anuncia a cerveja mais gelada de Barcelona e y unas patatas bravas espectaculares. É verdade. Seu lema é tapas al momento, que variam de acordo com

o oferecido pelo mercado e Piscolabis, dizem, signi-fica comida fora de hora. Tem dois endereços: Rambla Catalunya, 27, Tel.: 93 306 96 69 e Diagonal, 593, Bajos,

Tel.: 93 410 54 95

Bopan Forners Artesans – Um adequado café com brioches, pães quentinhos e até mesmo pequenos pratos de carne e verduras é na Bopan, com quatro endereços na cidade, o mais central deles na Rambla de Catalunya, 119. Para curtir um pouco o catalão, idioma próximo ao português (escrito, falado é difícil de entender) trata-se de uma brioxeria com infinites possibilitats per al teu paladar. | bopan.cat

BELOS VINHOS DO PRIORATPara o roteiro enogastronômico catalão ficar com mais identidade a dica é pedir vinhos do Priorat nos restauran-tes. A região está logo ali, pouco mais de 100 quilômetros

ao sul de Barcelona – é um tanto agreste para visitar, com os vinhedos subindo de forma dramática pelas encostas crispadas de pedras.

A uva vinífera é notória por “gostar de sofrer”, preferindo solos pobres e pouca água e, por isso, o Priorat se mostra um lar perfeito para as variedades Garnatxa e Cariñena, as principais plantadas ali, que produzem vinhos densos, concentrados de aroma e gosto e com teor alcoólico mais elevado que a maioria dos tintos. Por isso, são considerados bem gastronômicos, acompanhando com valentia assados de cordeiro, boi e porco, carnes vermelhas grelhadas, aves e animais de caça, além de queijos curados.

Algumas sugestões para pedir na Espanha ou comprar no Brasil nas importadoras:

Martinet Bru 2007 e Menut 2006, Grand Cru | grandcru.com.br Roquers de Porrera 2006, (Decanter) | decanter.com.br Lo Mon 2008 (R$182,46) e Igneus 2005, Vinissimo | vinissimo.com.br GR -174 2009 (R$59,90) e Solanes 2005,Casa Flora | casaflora.com.br Scala dei Prior Crianza 2006, (Interfood) | interfood.com.br Clos Figueres 2007, Serras del Priorat 2009, Clos Mogador 2008, Camins Del Priorat 2007 e Humilitat 2009, Mistral | mistral.com.br

O elegante MOments,restaurante do Mandarin Oriental de Barcelona. Na página ao lado, a decoração maluca do Tickets Bar é marca registrada

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Cada vez mais utilizados, os alimentos crus e grãos germinados se transformam em pratos saborosos, e são a nutritiva saída para a saúde das pessoas e do planeta Por Judite Scholz | iluStração Maria eugÊnia

Você sabe o que é Alimentação Viva?

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Esqueça os alimentos processados, como farinha, açúcar, carnes, e invista em grãos germinados (trigo, centeio, soja, linhaça, etc.), frutas, vegetais,

castanhas, sementes, legumes, sempre orgânicos para preparar pratos rápidos e surpreendentemente saborosos, que têm o poder de aumentar a nossa imunidade. Não se trata de uma dieta mas de um estilo de vida saudá-vel. A precursora desse movimento foi a dra. Ann Wig-more, nutricionista lituana, adepta da medicina holística e que para curar sua saúde frágil passou a se alimentar de maneira frugal, com alimentos orgânicos e crus, popu-larizando o “estilo de vida da Alimentação Viva”, ou Raw Food e Living Food.

Nesse tipo de alimentação, o fogão deixa de ser protago-nista, já que a temperatura do cozimento dos alimentos não pode passar de 45ºC para que os nutrientes permane-çam ativos – ou vivos, como diz o nome! O segredo é colo-car os grãos e sementes de molho na água até que brotem:

germiná-los potencializa suas propriedades, tornando-as poderosas fontes de vitaminas do tipo C, B, A e E.

“Eu não posso dizer que o alimento vivo cura todas as doenças, mas com certeza pode-se afirmar que ele tem um papel de intervenção muito forte em qualquer tipo de doença, podendo cuidar de muitas delas”, diz o dr. Alberto Peribanez Gonzales, médico cirurgião formado pela Universidade de Brasília, com mestrado e doutorado pelo Instituto de Pesquisa Cirúrgica da Universidade Ludwig Maximilian, de Munique, Alemanha, que “trocou o microscópio por um liquidificador”, como ele mesmo diz – o principal acessório, junto com o coador de pano, para criar receitas vivas irresistíveis.

Segundo Gonzalez, a maior parte das doenças tem como pano de fundo um padrão alimentar – baseado em gordu-ras, amidos e açúcar – gerador de radicais livres e de alte-rações metabólicas que causam obesidade, hipertensão,

diabetes, distúrbios do colesterol e da menopausa, câncer, artrite reumatoide e envelhecimento precoce. “Ao abando-nar ou reduzir o consumo do que chamo de ração indus-trial contemporânea, os resultados positivos aparecem em pouco tempo”, avisa o médico.

Autor do livro Lugar de Médico É na Cozinha (Ed. Alaúde), dr. Alberto afirma que por ser altamente hipo-calórica, enzimática e mineralizada, a dieta de vegetais vivos e orgânicos promove uma reestruturação do epitélio digestivo e das funções pancreática e hepática, além de adequada absorção e motilidade intestinal. Ao substituir as bactérias patogênicas – estimuladas pela alimenta-ção contemporânea – por lactobacilos e bifidobactérias, presentes em abundância na seiva de frutas e verduras orgânicas, uma verdadeira transformação toma lugar em todos os níveis do organismo. Entre os inúmeros benefí-cios proporcionados pela alimentação viva, ocorrem efei-tos flagrantes ao nível neurológico e psíquico, imunitário, inflamatório, cardiovascular, endócrino e ósteo-muscular, além de rejuvenescimento da pele e mais energia.

Thomas Brieu, mestre em energias renováveis e agronegó-cios e um dos três sócios do recém-inaugurado restaurante e mercado orgânico Apanã, em Perdizes, diz que os orgâ-nicos são a base da comida viva. “Partindo do princípio de que você é o que você come, o objetivo é equilibrar a sua energia. Dessa forma, a energização da água e a mentali-zação das sementes é um forte aliado para o equilíbrio e energia do organismo.”

“A alimentação viva é a melhor alimentação que um indi-víduo pode ter, pois consome-se o alimento exatamente como ele é produzido pela natureza. Dessa forma, quando

consumimos elementos naturais, estamos ingerindo todas as vitaminas, minerais, proteínas que nosso organismo necessita, gerando assim um melhor funcionamento de todos os processos fisiológicos do corpo. Como exemplo clássico e nítido, podemos citar a melhora instantânea do funcionamento do intestino e de todo o aparelho digestó-rio, mas também uma disposição vital enorme, além de o sistema imunológico ficar muito mais eficiente”, diz a chef Carina Müller, que utiliza muito da alimentação viva para o bufê orgânico que cria diariamente no restaurante que fica dentro do mercado Apanã. “Procuro colocar o máximo de alimentos crus e germinados nas saladas e também nas opções de pratos quentes.”

Ela, por exemplo, raramente compra frutas, legumes ou verduras que não sejam orgânicos: “Essa atitude, além de saudável, é social e ecologicamente correta. Sinto-me bem em escolher o que vou colocar para dentro do meu corpo e como posso ajudar o planeta e os pequenos agricultores. Como diariamente os orgânicos do Mercado e em casa preparo o suco verde todos os dias também com ingre-dientes orgânicos”.

Para se ter ideia do cardápio desse tipo de alimentação, o canelone tem a massa feita com finas fatias de abobrinha crua, o que dá a mesma textura do macarrão al dente, e, no recheio, em vez de queijo, pasta de castanha-do-pará. Pode parecer estranho, mas é delicioso. O tal suco verde, que supre as necessidades calóricas e proteicas por até três horas, diminui a acidez gástrica e regula o intestino, deve ser implantado no café da manhã como um poderoso energético. Para quem não tem tempo de preparar, há o serviço de entrega a domicílio feito pela Nutriverde, em São Paulo, e pela Esperanzza, no Rio.

Energia que alimentaPara provar que as nossas energias interferem em tudo, inclusive nos alimentos que manipulamos, o pesquisador japonês Masaru Emoto registrou sua experiência no livro A Mensagem da Água. Ele mostra por meio de fotografias que nossas energias vibracionais, pensamentos, palavras e músicas afetam a estrutura molecular da água. Ele congelou gotas de água e examinou-as então sob um microscópio de campo escuro dotado de recursos fotográficos. Congelando a água e examinando a fotografia da estrutura, Emoto obteve incríveis informações a respeito da água. Essas fotografias mostram os reflexos da água, como viva e altamente responsiva a cada uma de nossas emoções e pensamentos. Ficou claro que a água assimila as vibrações e as energias do ambiente.A chef do restaurante Apanã também acredita que a energia de quem faz a comida reflete, de alguma forma, no alimento: “Quando frescos e crus, os alimentos ainda estão vivos, assim, quando manipulamos e preparamos uma refeição, a nossa energia interfere na energia de tais alimentos e consequentemente quando os consumimos, estamos colocando para dentro do nosso organismo todas as energias neles envolvidas. Precisamos pensar coisas positivas enquanto cozinhamos e principalmente desejar o bem das pessoas que vão ingerir esses alimentos”.

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É possível visitar vinhedos, cruzar rios, admirando as mais belas paisagens, parando aqui e ali para provar a boa culinária local, no lombo de um cavalo Por Juliana a. Saad

Cavalgando pelo mundo

Montar em um cavalo e atravessar rios, fazer piqueniques nos campos da Toscana, percorrer as serras gaúchas e pernoitar em ranchos, almoçar em vinícolas, jantar sob a luz da lua, conhecer o interior verdejante do País de

Gales, beber cerveja em um típico pub do interior da Inglaterra ou participar de uma parrillada aos pés dos Andes. Jogar polo e dormir em uma antiga bodega convertidaem hospedagem de charme em Mendoza, hospedar-se em fazendas históricas do Brasil ou em charmosos inns no exterior, cruzar rios no Pantanal ou perder-se nos pampas gaúchos. Essas são apenas algumas das variadas opções que o turismo eques-tre proporciona para quem já está razoavelmente acostumado com a sela e consegue acompanhar o ritmo da cavalgada. Conhecer lugares diferentes, ter contato com a natureza, apreciar a paisagem e, sobretudo, percorrer paragens onde os carros não chegam, desbravando o aventureiro que existe em você. Essa é a ideia. Selecionamos alguns passeios para suas novas jornadas.

Inglaterra e País de GalesOs passeios a cavalo (riding holidays) são uma das especialidades do Reino Unido, onde os esportes equestres são uma paixão nacional. Por isso a estrutura de pousadas, trilhas, restaurantes, pubs e programas é das mais amplas, com opções que contemplam desde

Cavalgada pelo parque Snowdonia, no interior do Reino Unido

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passeios para famílias até excursões para cavaleiros de nível mais avançado. Em geral são roteiros de 2 a 6 dias por trilhas que oferecem paisagens idílicas, com paradas em restaurantes e pubs locais para o “reabastecimento” e pernoites em pousadas, hotéis charmosos ou lindas fazendas que oferecem comida feita com a produção local. Com direito a vislumbrar os jardins e pomares que dão fama ao Reino Unido. Os recantos selvagens do País de Gales, com seus pôneis e cavalos que levam o viajante a explorar uma rede de trilhas sem igual por regiões de nomes encantados como Llanerchcoedlan ou Fishpools são uma bela maneira de conhecer paisagens de livro, como a do Brecon Beacons National Park.

Na Toscana Após a chegada em Florença, Pisa ou Perugia, você poderá escolher hospedar-se no campo circundante, em um charmoso hotel. A ideia é explorar a magnífica zona rural da Toscana visitando aldeias pitorescas, pas-sando por vinhedos, olivais, belos bosques e florestas. Mantenha-se atento para a vida selvagem – você pode ter a sorte de ver um javali com seus filhotes, além de raposas e, muito raramente, porcos-espinhos! Os cava-los e pôneis são adequados para longas cavalgadas ao lado dos campos de girassóis, trigo ou milho, sempre com guias experientes. Há paradas estratégicas para almoçar em vinhedos da região, percorrer plantações de oliveiras e descansar o olhar pela belíssima paisagem. Uma viagem que une aventura e bel-prazer.

No Brasil O País oferece diversas paisagens e é um belo cenário para aventuras a cavalo com universos distintos. Essa é uma rara oportunidade de experimentar o mundo gaúcho real, percorrer o circuito de fazendas históricas ou participar de experiências pantaneiras autênticas que cruzam rios e matas, observando a rica fauna local. Com hospedagem nas fazendas, provas de laço, pescarias e pausas para longos almoços regados pela gastronomia típica da região – é a oportunidade para uma imersão no Brasil profundo. Quando cai a noite, jantares com vitelo e carneiro pantaneiros e doces caseiros acom-panhados de queijo são arrematados por licores prepara-dos nas fazendas. As saídas de barco para uma “focagem noturna” de jacarés pelo Rio Aquidauana são outras das opções no Pantanal.

Já a Expedição Aparados da Serra leva os viajantes a per-correr as escarpas da Serra Geral, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e seguir por trilhas que margeiam os Aparados da Serra, que abrigam uma das mais fas-cinantes paisagens brasileiras com gigantescos cânions cercados por campos e matas exuberantes. Após um dia de aventura, os cavaleiros desfrutam de pousadas em fa-zendas com conforto e gastronomia substancial ou jan-tam em pequenas cidadezinhas com influência europeia, como Cambará do Sul, onde predomina a farta cozinha italiana. Um Brasil de diversos sotaques.

Mendoza, ArgentinaA geografia mendocina convida a praticar atividades ao

ServiçoBrasil cavalgadasbrasil.com.br | campofora.com.br

Europa equestrian-escapes.com Inglaterra horseridingholidays.co.uk

País de Gales transwales.demon.co.uk | free-rein.co.uk

Mendoza [email protected] | terrazasdelosandes.com

ar livre, cruzando montanhas e rios. Um passeio que une os bons vinhos da região com passeios a cavalo pode ser agendado com a Terrazas. Tudo começa com a hospedagem na casa da Bodega Terrazas de Los Andes, localizada a 800 metros de altitude e com uma incrível vista para a Cordilheira dos Andes, vinícola-butique criada pelo Grupo LVMH (Louis Vuitton-Moët Hennessy) e especializada em vinhos premium. A casa recebe hóspedes mediante reserva e cria programas customizados que incluem cavalgadas, degustações, passeios pela região, visita ao Cheval des Andes Vine Loft – um charmoso loft/casa de campo cercado por vinhas e guarnecido por um campo de polo e, também, uma ida à Estancia Los Chulengos. Ali, após uma curta viagem aos pés dos Andes, você será recebido pelo dono da propriedade, o simpático e altivo sr. Fernando, que encanta o visitante com seu bom papo e fidalguia, além de vinhos e comidas criollas típicas da região. Um churrasqueiro a caráter prepara os cortes de assados argentinos e a cozinheira da fazenda cuida dos outros pratos. Enquanto se espera, dá-lhe vinho e empanadas! Tudo para o visitante ganhar forças e coragem para as cavalgadas, além do montanhismo, visita aos glaciares, pescaria, safáris fotográficos e excursões em veículos 4x4.

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A cavalo em Porlock Bay, no Reino Unido

Uma das delícias, parte do menu harmonizado do Casa Terrazas, em Mendoza, na Argentina

Na página ao lado, a arquitetura da Casa Terraza, em Mendoza

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Marcos Flávio Azzi sempre carregou nas veias o interesse pela filantropia, mas decidiu abrir sua própria instituição social quando traba-

lhava com finanças, e percebeu, trocando figurinhas com diversos empresários, que muitos deles desejavam investir em organizações sociais, mas apresentavam di-ficuldades em abraçar essas causas por desconfiança, insegurança e também pela falta tempo para acompa-nhar os resultados das doações. A partir disso, Marcos Flávio reuniu um sonho antigo com sua expertise de mercado e fundou o Instituto Azzi. Rodrigo Pontes, assessor de Filantropia do Azzi e braço direito do fun-dador conta um pouco sobre o que é a entidade e os projetos que transformam a realidade de muitas vidas.

Instituto Azzi faz ponte entre executivos e empresários que almejam

investir em projetos que apoiam os menos favorecidos Por Flávio Nogueira

Conte um pouco sobre essa ideia de desenvolver uma organização que auxilia pessoas físicas de alto poder aquisitivo, que desejam apoiar projetos sociais?Nos últimos anos o Brasil teve um grande crescimento econômico, considerando principalmente as classes de renda alta. Ao mesmo tempo, o País se mantém com um grave problema de desigualdade social. Percebemos que não é por falta de iniciativa que se pratica pouca filan-tropia por aqui. Todo mundo com quem conversamos faz algum tipo de doação para alguma organização, mas há entraves. A desconfiança na atuação das ONGs, a falta de conhecimento sobre questões sociais e suas soluções, carência de tempo para planejar e efetuar as doações, tudo isso gera pouco comprometimento. O Instituto Azzi foi criado para facilitar esses processos e garantir a idoneida-de e o impacto das doações. Queremos tornar o Brasil um lugar melhor incentivando a cultura de filantropia.

O Azzi foi fundado em 2007, nesses cinco anos de atuação como foi o crescimento do Instituto?Um dado que nos dá confiança é que a maior parte dos clientes renovam os apoios todos os anos. Temos doa-dores que estão conosco desde 2008. Dificilmente al-gum investidor faz um projeto e desiste de um ano para o outro. E quando isso acontece é porque o doador está envolvido com a entidade que ajudamos a escolher e pas-sa a atuar diretamente com eles, de maneira planejada e comprometida, sem que seja necessário o Azzi inter-mediar a relação. Agora, em números, por exemplo, este ano já temos comprometidos R$ 1,4 milhão em doações. Esse valor vem crescendo ano a ano, considerando que em 2009 a cifra foi de cerca de R$ 400 mil.

Atualmente, com quantas organizações vocês trabalham e quais são as áreas de atuação?Nós não temos uma predefinição de ONGs ou áreas com as quais trabalhamos. O único filtro é a localiza-ção. Como queremos envolver o filantropo com o projeto que ele apoia, precisamos fazer um acompanhamento das ações sustentadas, por isso só auxiliamos as organi-zações que estejam na área metropolitana de São Paulo ou do Rio de Janeiro, onde temos escritórios. Assim, a cada doador que aparece com sua causa pessoal, inicia-mos uma busca dentro do nosso banco de organizações. Atualmente, trabalhamos com projetos que amparam a saúde infantil, qualidade da habitação em favelas, educa-ção infantil entre outras.

Temas como educação, saúde e sustentabilidade es-tão sempre em pauta quando o contexto é desenvolvi-mento social e econômico do Brasil, quais são os prin-cipais projetos que vocês têm nessas áreas?

Apoiamos projetos Saúde Criança e Instituto Avisa Lá. E damos auxílio a outros, sendo que sempre a definição de em qual área atuar é feita pelo doador, não pelo Instituto Azzi.

Entre tantos trabalhos conte-nos um case de sucesso? Temos um projeto de melhorias habitacionais, desenvol-vido em parcerias com diversas organizações comunitá-rias, reformamos com grande sucesso centenas de casas nos últimos anos. O trabalho consiste em doar cerca de R$ 2.000 a famílias previamente selecionadas que moram em condições precárias, com infiltrações, superlotação de cômodos, ambientes sem acabamento e afins. Essas famílias decidem quais serão os reparos mais urgentes em suas casas e com nosso acompanhamento usam o dinheiro para comprar material e contratar a mão de obra. Esse projeto ajudou mais de 400 lares.

Vocês acabam de desembarcar no Rio de Janeiro, como será a atuação dessa unidade na Cidade Maravilhosa? Estamos otimistas com os resultados, a expectativa é que o crescimento supere o de São Paulo, atingindo um patamar de doações muito alto em pouco tempo. Tanto que já iniciamos os trabalhos com um grande projeto apoiado, de um contato iniciado antes mesmo de termos aberto o escritório. Aliás, é a nossa maior concepção: promover cursos profissionalizantes em uma favela pacificada. Outro plano que está prestes a começar é o de reformas e melhorias habitacionais.

Vocês pretendem expandir para outras cidades?Até o próximo ano a expectativa é aumentar ainda mais nossa atuação em São Paulo e consolidar o trabalho no Rio de Janeiro. Mas a partir de 2014 há, sim, planos de expandir para outras cidades.

Quais são as outras novidades do Azzi para este semestre?A expansão do nosso banco de ONGs, que receberá um forte impulso com a criação de um sistema totalmente on-line de cadastro. Para incentivar as organizações a se cadastrarem, ofereceremos, além da possibilidade de apoio de um de nossos clientes, uma folha de apresen-tação da Instituição, desenvolvida com nossa experiên-cia em apresentar diferentes ONGs para empresários e executivos bastante críticos. Também daremos uma folha de feedback, que mostra como os potenciais investidores a veem.

institutoazzi.org.br

Ajuda nossa de cada dia

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É a mais pura solidariedade que incentiva a ONG Expedicionários da Saúde a levar para as comunidades

isoladas da Amazônia atendimento médico de primeiro mundo Por Maiá Mendonça | Fotos Marco chaddoud e exPedicionários da saúde

É preciso paixão, desprendimento, amor ao próximo, e conhecer os limites da pobreza e da falta de assistência desse imenso Brasil para, de três a

quatro vezes por ano, reunir uma equipe com cerca de 60 pessoas, oito toneladas de equipamentos, enfrentar calor, umidade, chuva e horas de voadeira pelos rios da Amazônia, para montar um hospital com a mesma tecnologia dos melhores centros médicos de São Paulo.

Essa foi a missão do Dr. Ricardo Affonso Ferreira, renomado ortopedista de Campinas, ao fundar a ONG Expedicionários da Saúde, que esteve no Amazonas no último mês de abril e parte com uma nova expedi-ção em setembro. E a primeira experiência de Marco Chaddoud, ex-publicitário, especialista em tecnologia e criador do site da ONG, que depois de horas em um avião da Força Aérea, quatro horas de voadeira debaixo de chuva, desembarcou em São Gabriel da Cachoeira, uma cidade de 700 habitantes perdida em uma região conhecida como “a cabeça do cachorro”, o último município do Amazonas.

“Eu tinha sido convidado a participar das expedições, mas somente em abril surgiu a oportunidade de me juntar ao grupo”, conta Marco, que viveu de perto uma realidade distante da dele. “A vida perto da fronteira é daquele jeito. São lugares perdidos no nada, sem nenhu-ma assistência. Atendemos indígenas que não falavam português e ainda andavam sem roupa”, lembra ele.

As expedições começam a ser montadas com meses de antecedência. Há os voluntários que buscam par-cerias, patrocínio; os que viabilizam o projeto junto às autoridades locais, a Força Aérea Brasileira e o Exér-cito; os parceiros locais que divulgam a chegada dos Expedicionários da Saúde, e fazem uma primeira tria-

gem dos casos mais urgentes; a equipe que viaja com o equipamento e é responsável por montar o centro de atendimento, de triagem, as salas de cirurgia e o pós--operatório preparado para que cada um pendure sua rede, a farmácia, a instalação de energia elétrica, ar--condicionado, comunicação, a informatização da base e operação do sistema, enfim, toda a preparação para, finalmente, chegarem os médicos.

A ONG se concentra em levar medicina especializada, principalmente atendimento cirúrgico, às regiões isoladas favorecendo populações indígenas. São feitas cirurgias mais simples como hérnia e catarata que dispensam pós-operatório, atendimento dentário, enquanto os casos mais complexos são avaliados e encaminhados para Manaus. “É impressionante a dedicação dos médicos, a atenção que dispensam aos pacientes. É um trabalho feito com o coração, sem nenhum fim financeiro”, avalia Marco.

“Eu não sou médico, nem todo mundo lá é médico, e ali pude sentir a importância de cada pessoa e de fazer parte daquela grande engrenagem. Cada coisa que você faça, certa ou errada, traz uma reação em cadeia. É preciso maximizar o tempo que estamos lá, fazer as coisas acontecerem. Minha participação ativa me trouxe imensa satisfação. Essa viagem me abriu novos hori-zontes, novos valores”, conclui Marco Chaddoud, que se prepara para sua próxima expedição, ano que vem, e já decidiu que vai viajar antes, com a equipe de montagem, para instalar o sistema de comunicação antes da chegada dos médicos, para agilizar ainda mais o tempo que os Expedicionários da Saúde passam na região.

eds.org.br

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Negociação direta com a construtora. Oportunidade em primeira mão para você.

Informações : 3041-2758

Material preliminar sujeito a alteração, proibida a divulgação. O empreendimento só será comercializado após o Registro de Incorporação.

Incorporação: Construção:

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