landmarks do martinismo

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OS 'LANDMARKS' DO MARTINISMO O objetivo deste artigo é o de examinar os 'Landmarks' do Martinismo, os elementos particulares ao Martinismo com os quais todos os Martinistas, individualmente, e todas as Ordens Martinistas, coletivamente, podem concordar. Em Franco-Maçonaria, os 'Landmarks' são elementos que definem a Maçonaria, e sem os quais não há nada maçônico. Um 'Landmark' é, pois, uma característica que define quem somos nós e que ajuda a definir os caminhos por onde, ― ainda que falemos uma linguagem diferente, ou ainda que usemos diferentes vestes, ― sejamos, todavia, membros de uma mesma família, como se pode ver em grandes reuniões familiares. Uma grande quantidade de tinta já foi espalhada sobre os elementos que nos separam. E, contudo, não somos nós filhos de um mesmo Pai? Não somos Irmãos e Irmãs de uma só família iniciática? 1) Crença em Deus e invocação de Yeheshua. O Martinismo é uma Ordem essencialmente cristã, e Yeheshua é invocado quando de cada reunião martinista e figura em cada documento martinista. A crença na Divindade é um traço essencial de todas as estruturas iniciáticas. Sem ela, não temos razão de ser, e nossos juramentos são sem significação. Somos cristãos, não de um modo estreito e dogmático, mas de um modo verdadeiramente respeitoso do mistério da encarnação do Logos no 1

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OS 'LANDMARKS' DO MARTINISMO

O objetivo deste artigo é o de examinar os 'Landmarks' do

Martinismo, os elementos particulares ao Martinismo com os quais todos

os Martinistas, individualmente, e todas as Ordens Martinistas,

coletivamente, podem concordar. Em Franco-Maçonaria, os 'Landmarks'

são elementos que definem a Maçonaria, e sem os quais não há nada

maçônico. Um 'Landmark' é, pois, uma característica que define quem

somos nós e que ajuda a definir os caminhos por onde, ― ainda que

falemos uma linguagem diferente, ou ainda que usemos diferentes vestes,

― sejamos, todavia, membros de uma mesma família, como se pode ver 

em grandes reuniões familiares. Uma grande quantidade de tinta já foi

espalhada sobre os elementos que nos separam. E, contudo, não somos

nós filhos de um mesmo Pai? Não somos Irmãos e Irmãs de uma só

família iniciática?

1) Crença em Deus e invocação de Yeheshua. O Martinismo é

uma Ordem essencialmente cristã, e Yeheshua é invocado quando de

cada reunião martinista e figura em cada documento martinista. A crença

na Divindade é um traço essencial de todas as estruturas iniciáticas. Sem

ela, não temos razão de ser, e nossos juramentos são sem significação.

Somos cristãos, não de um modo estreito e dogmático, mas de um modo

verdadeiramente respeitoso do mistério da encarnação do Logos no

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mundo físico. Nesse sentido, os acontecimentos do drama cristão são

progressivos, e é esta participação do divino na existência que engendratodos os milagres que se produzem em resposta a nossas preces e atos

teúrgicos. Todos os Martinistas estão, ou deveriam estar, de acordo com

esse 'Landmark'.

2) A Iniciação conferida por Louis-Claude de Saint-Martin,

chamada S. I.. Alternativamente, podemos considerar esta Iniciação

como a transmissão de uma essência espiritual proveniente de Martinez

de Pasqually e de Louis-Claude de Saint-Martin. É esse legado que faz de

nós Martinistas. Consideramos tal legado como a transmissão de uma

essência espiritual que nos une como família iniciática. Podemos tê-la

alcançado por diferentes caminhos, como a diferença entre a filiação

russa, a filiação que veio de Papus, e aquela que veio de Chaboseau,

mas é uma filiação que, em cada caso, remonta a Saint-Martin. De acordo

com a tese de nosso estimado Irmão Robert AMADOU, trata-se, pois, de

uma filiação de desejo, de uma filiação espiritual, que pouco a pouco seformaliza ritualisticamente, sob a influência de diversas personalidades.

3) A organização, por Papus, de uma estrutura que consiste em

dois graus preparatórios e um grau, aquele de S. I. Todas as Ordens

Martinistas trabalham com esta mesma estrutura, ainda que os nomes

dos graus possam variar. Habitualmente são: o « Associado »; o segundo

« Iniciado »; e o terceiro « Superior Desconhecido » ou « Servidor 

Desconhecido »1.

4) A transmissão da Iniciação de pessoa a pessoa, EM PESSOA,

por um Iniciador autorizado, qualquer que seja seu título. A Iniciação

é um presente dado pelo iniciador ao seu iniciado ou iniciada, e constitui

uma marca da mais profunda confiança entre ambos. Ela jamais pode ser 

transmitida pelo correio ou por telefone ou de outra maneira que não

fisicamente, por uma pessoa, e em presença dos símbolos martinistas

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fundamentais. É possível que os Iniciadores tenham diferentes títulos:

Iniciador, Iniciador Livre, Filósofo Desconhecido, etc. Em todos os casos,tais títulos querem dizer a mesma coisa, uma vez dada a autoridade por 

outro iniciador para conferir a Iniciação. É verdade que, num certo grau,

cada Iniciador é livre e autônomo e, em última instância, a Iniciação é

deixada à sua discrição. Contudo, o desejo e a exigência de praticar ato

de caridade intelectual e espiritual, no Homem de Desejo, devem ser 

equilibrados por uma consciência da responsabilidade implicada. Assim,

um Iniciador não deveria jamais conferir a Iniciação àqueles que são

apenas curiosos, e àqueles que procuram a Iniciação para satisfazer seus

próprios egos exteriores ou àqueles que a procuram com finalidade

mercenária. Ora, se é assim para a Iniciação, quanto mais verdadeiro não

será para a posição do Iniciador? É em suas mãos que reside nossa

Tradição. Assim, cada Iniciador deve fazer todos os esforços possíveis

para conservar sua herança e para transmiti-la intacta à sua posteridade.

Ele deve também assegurar-se de que esta Tradição não seja nunca

rebaixada pelo fato de ser conferida a candidatos que não tenham sido

profundamente preparados e instruídos, mas apenas àqueles dos quais

estão seguros que a manterão em sua pureza, sem diluição alguma nem

rebaixamento, fazendo dela uma simples mercadoria.

5) Os Mestres Passados. Foram eles que criaram, que têm

contribuído e moldado nossa Tradição, e que nos transmitiram sua

filiação. Todos nós conhecemos alguns deles: Papus, Sédir, Phaneg,Maître Philippe. Outros são conhecidos apenas dos membros de uma ou

outra linha de filiação. E alguns trabalham tão completamente por trás da

máscara que são conhecidos apenas de outros Santos e das grandes

almas, e não o são nem por todos aqueles que estão ao seu redor. Nós

invocamos sua presença em cada reunião e buscamos seus conselhos e

proteção.

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6) A liberdade essencial para o iniciado de seguir sua própria

via de reintegração.Desde o seu começo, a Ordem Martinista teve um

programa da instrução e de símbolos fundamentais. Ora, ao lado disso,

cada Iniciador ou Presidente de Grupo foi livre para instruir de acordo com

sua própria compreensão e na compreensão e interesse de seu grupo. O

Martinismo é, pois, antes um lugar de encontro que um rígido programa

de estudos, e é bom que seja desse modo, porque a via de reintegração é

pessoal. Assim é que alguns trabalham em uma Ordem, e outros em

outra e ainda em outras como Martinistas Livres. Isso sempre foi assim.

7) Necessidade da Crença no processo de reintegração para

emergir da Floresta dos Erros. Desde seus mais longínquos

antecedentes na doutrina de Pasqually, a Ordem Martinista sempre

afirmou que o Homem sofreu a queda, perdido na privação e ignorando

os privilégios de seu estado primordial. O papel das escolas de Don

Martinez e de Louis-Claude de Saint-Martin tem sido sempre o de

relembrar ao Homem as glórias de suas origens celestes e de indicar-lheuma via de retorno. Alguns preferem seguir uma via operativa; outros, a

Via do Coração; entretanto, qualquer que seja a via escolhida, a viagem

deve ser começada e terminada.

8) O uso do Manto simbólico, da Máscara e o Cordão. Não é

fundamental que o Manto seja preto, branco ou vermelho, ou que o

Cordão de S. I. seja branco, vermelho ou dourado; ou que traga três nós,

cinco ou nenhum ao todo. Todos os Martinistas fazem uso desses três

profundos símbolos e sua significação subjacente é, em todo caso, a

mesma.

9) O uso de três tecidos: negro, vermelho e branco. Como com o

manto, a máscara e o cordão, eles são de uso universal, e seu

simbolismo é explicado em toda parte da mesma maneira.

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10) O uso do trígono das Luminárias. Sobre o altar martinista, há

três velas brancas dispostas de modo triangular. Em algumas lojas, elassão utilizadas apenas em dois graus; em outras elas são utilizadas em

todos os três, mas não são acesas em apenas um deles. Todavia, o

simbolismo é sempre o mesmo e pode ser adotado por todos os

Martinistas.

11) O uso do Pantáculo martinista. Em algumas Ordens, está por 

terra no Oriente; em outras, encontra-se acima da cadeira do Iniciador;

em outras ainda aparece nos dois lugares. Ele aparece em todos os

documentos martinistas e constitui um símbolo martinista universal.

12) O lugar dos Mestres Passados. Em cada Templo Martinista,

qualquer que ele seja, existe um lugar, uma cadeira ou mesa, ou altar 

com uma vela que representa os Mestres Passados de nossa Ordem, de

nossa família iniciática. Este lugar pode ser mais decorado, mas a vela

está sempre presente e é acesa em todas as cerimônias, pararepresentar nossa invocação dos Mestres Passados, para representar 

sua presença em nossas assembléias e para representar nossa aspiração

em nos unir a eles.

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1 A abreviatura S.I. corresponde a essa denominação, qual seja, a de Servidor Desconhecido.