jornal impressão, 2º semestre de 2011

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Ano 29 • número 186 • Outubro de 2011 • Belo Horizonte/MG Pirataria invad comércio O “jeitinho brasileiro” fez fama no mundo e criou uma cultura ne- gativa no País, onde para tudo se pode dar um jeito. O IMPRES- SÃO foi às ruas para descobrir como isso acontece no mercado informal ou, como é chamado, pi- rata. De CDs, passando por trans- porte e plantas, até chegar aos ani- mais silvestres, a comercialização ilegal se multiplicou na sociedade e tem a aprovação de 70% dos consumidores, segundo dados do Ibope.  A população que, de modo ge- ral, legitima essa prática não sabe, porém, que o comércio ilegal gera um prejuízo aos cofres públicos de R$30 bilhões por ano. Apesar des- se valor ser pequeno diante do to- tal arrecadado pela Receita Fede- ral, hoje em torno de R$700 bilhões, a sonegação fiscal é crime. Especial - PÁGINAS 04 a 10 CDs importados a prço d ouro No mercado brasileiro, produto pode cus- tar o dobro do preço encontrado em lojas  virtuais estrangeiras.  PÁGINA 10 DO!S PATRIMÔNIO A SALVO: PBH lança progra- Dar ou no dar smolas, is a qusto Estudiosos dizem que existem dois tipos de mendigo profissional: o que vive na rua e o que vive da rua. PÁGINA 12 Sits orcm pças d tatro online Depois de pesquisa sobre pouco acesso ao teatro, empresa disponibiliza peças na in-  Aa aa báa Ba a ad aa, d a a a a d d aa da dad Con xo Galpo Teatro, oficinas e pesquisa reúnem mais de 2 mil alunos, em 13 anos de histó- ria. PÁGINA 4 Diogo silvA creDito DA foto Olhar crtiro Sidney Lumet deixa, com 50 anos de carreira, obra in- fluente na história do cine- ma. PÁGINAS 6 e 7    D    i    v    u    l    g    A    ç     ã    o     /    g    u    t    o    m    u    n    i    z

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8/3/2019 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

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Ano 29 • número 186 • Outubro de 2011 • Belo Horizonte/MG

Pirataria invad comércioO “jeitinho brasileiro” fez fama

no mundo e criou uma cultura ne-gativa no País, onde para tudo sepode dar um jeito. O IMPRES-SÃO foi às ruas para descobrircomo isso acontece no mercado

informal ou, como é chamado, pi-rata. De CDs, passando por trans-porte e plantas, até chegar aos ani-mais silvestres, a comercializaçãoilegal se multiplicou na sociedadee tem a aprovação de 70% dos

consumidores, segundo dados doIbope.

 A população que, de modo ge-ral, legitima essa prática não sabe,porém, que o comércio ilegal geraum prejuízo aos cofres públicos de

R$30 bilhões por ano. Apesar des-se valor ser pequeno diante do to-tal arrecadado pela Receita Fede-ral, hoje em torno de R$700bilhões, a sonegação fiscal é crime.Especial - PÁGINAS 04 a 10

CDs importadosa prço d ouro

No mercado brasileiro, produto pode cus-tar o dobro do preço encontrado em lojas virtuais estrangeiras. PÁGINA 10

DO!S

PATRIMÔNIO A SALVO: PBH lança progra-ma “Adote um Bem Cultural”. PÁGINA 11

Dar ou no darsmolas, is a qustoEstudiosos dizem que existem dois tipos

de mendigo profissional: o que vive na rua e o que vive da rua. PÁGINA 12

Sits orcm pçasd tatro online

Depois de pesquisa sobre pouco acesso aoteatro, empresa disponibiliza peças na in-ternet. PÁGINAS 14 e 15

 Aa aa báa Ba a ad aa, d a a a a d d aa da dad

Conxo GalpoTeatro, oficinas e pesquisareúnem mais de 2mil alunos, em13 anos de histó-ria. PÁGINA 4

Diogo silvA 

creDito DA foto

Olhar crtiroSidney Lumet deixa, com50 anos de carreira, obra in-fluente na história do cine-ma. PÁGINAS 6 e 7

   D   i   v   u   l   g   A   ç    ã   o    /   g   u   t   o   m   u   n   i   z

8/3/2019 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

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rd eh8º períoDo

Comprar ou não comprar? Vi-vemos em um modelo de socieda-de de consumo, no qual as pesso-as são induzidas a consumir parainserirem-se no jogo. Com a altademanda, o mercado lança mãode todas as possibilidades parater a certeza de satisfazer o seupúblico. E o público despende.

Segundo levantamento reali-zado pela Fecomércio-RJ/Ipsos,em 2011,mais da metade dos en-trevistados assumiram o consumode algum produto pirata e o mer-cado tem adeptos em todas asclasses sociais. De acordo com apesquisa, 57% dos respondentes

das classes A e B admitiram com-prar algum produto falsificado noúltimo ano.

Recentemente, a pirataria seespalhou por vários setores da eco-nomia: além da venda tradicio-nal de objetos do vestuário, perfu-mes e equipamentos eletrônicos, ocomércio ilegal de plantas e ani-mais silvestres, de armas e de ar-quivos digitais entrou definitiva-mente no jogo. Dados divulgadosem janeiro deste ano pela Federa-ção Internacional da IndústriaFonográfica revelam que 95%dos downloads de música são fei-

tos de forma ilegal em todo omundo.Conceito pejorativo e, indiscu-

tivelmente, maléfico à economia,a pirataria esconde alguns porme-nores. O brasileiro é consideradoum dos maiores consumidores deprodutos falsificados do planeta.Entretanto, se as mercadorias noBrasil não fossem tão carregadasde impostos, a realidade poderiaser um pouco diferente.

É evidente que se o poder aquisitivo do cidadão fosse maior e se o preço final dos produtosnão fosse extremamente afetado

pela alta carga tributária, o con-sumo de falsificações seria menor.No entanto, a prática só existe

pela participação e conivência doconsumidor no negócio.

 A única maneira de minimi-zar o problema é uma ação inte-

 grada nos âmbitos policial, polí-tico e cultural. São necessários ocombate ao tráfico ilegal, a redu-ção da carga tributária, campa-nhas contra o consumo de pirata-

ria e, o mais difícil, evitar massi-  ficar a relação marca-status - oque, obviamente, atiça o desejonem sempre ao alcance de todas

as classes, incentivando, assim,as réplicas e fraudes.Esta edição do Impressão traz

um especial sobre o tema que per-passa por várias nuances e aspec-

tos do mercado paralelo, incluin-do a produção de bens falsifica-dos, os serviços informais e o co-mércio ilegal. Também abordamos

o outro lado da pirataria, ou seja,as pessoas que dela dependempara sobreviver, tirar o seu susten-to e o de sua família.

(Colaboração:D ayara  De oliveira  e Tiago Lima , 5˚ período)

Primiras palavras IMPReSSãO2 BeLO HORIzONTe, OUTUBRO De 2011

eXPeDIeNTe

REITORProf. Rivadávia C. D. de Alvarenga Neto

VICE REITOR Prof. Johann Amaral Lunkes

INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E DESIGNProf. Rodrigo Neiva

COORDENAÇÃO DO CURSODE COMUNICAÇÃO SOCIALProfa. Lorena Tárcia

LABORATóRIO DEJORNALISMO IMPRESSO

EDITORProf. Luciano Andrade Ribeiro

SUB-EDITORES

Profa. Fernanda AgostinhoProf. Leonardo Cunha

PRECEPTORAProfa. Ana Paula Abreu(Programação Visual)

ESTAGIÁRIOSDiego CostaDiogo SilvaRodrigo Espeschit

MONITORASandra Leão

COLABORADORAMarcela Armond (Revisão)

LAB. DE CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS

EDITORAProfa. Lorena Tárcia

ESTAGIÁRIOS

Christiane LasmarJonathan Maxuell

MONITORABruna Cris

ParceriaLACP – Lab. de Criação Publicitária

IlustraçõesPhellippe Samarone(aluno de Publicidade e Propaganda)

IMPRESSÃO / TIRAGEMSempre Editora2000 exemplares

elito o mlhor Jornal-laboratóriodo país na expocom 2009

o 2º mlhor na expocom 2003

O jornal IMPRESSÃO é um projeto de

ensino coordenado pelos professores Lu-ciano Andrade Ribeiro, Leonardo Cunhae Fernanda Agostinho com os alunos docurso de Comunicação Social - Habilita-ção em Jornalismo - do UniBH.

Mesmo como projeto do curso de Jorna-lismo, o jornal está aberto a colaboraçõesde alunos e professores de outros cursosdo Centro Universitário. Espera-se que osalunos possam exercitar a prática e divul-gar suas produções neste espaço.

Participe do IMPRESSÃO e faça contatocom a nossa equipe:

Rua Diamantina 463Lagoinha – BH/MGCEP: 31110-320Telefone: (31) 3207-2811Email: [email protected]

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Viso críticaIMPReSSãO 3BeLO HORIzONTe, OUT UBRO De 2011

Futuro do livro

caa Aada7º períoDo

Escritores, editoras e especia-listas têm incluído o tópico “futu-ro dos livros” em suas principaisindagações. Eles começam a cre-ditar na inovação tecnológicasuas últimas apostas para a sal-vação da cultura letrada. A APP (Associação Americana de Publi-cadores) anunciou que de feverei-ro de 2010 a fevereiro de 2011 asvendas de e-books triplicaram,atingindo R$90 milhões de exem-plares.

O e-book foi a primeira estra-tégia encontrada lá nos idos dadécada de 90. São livros virtuais,produtos da digitalização das pá-  ginas de papel. Para as editoras,esperança de não falir. Para osleitores, sinônimo de economiaem tempo e dinheiro. Mais recen-temente, as empresas perceberama proliferação dos e-books e a acei-tação do público e lançaram e-book readers, leitores digitais dotamanho médio de um livro, mascom capacidade de armazenar até 4 mil páginas. Como a eraem que vivemos é a da velocida-

de, os novos modelos de e-reader,a citar o Kindle, guardam,em mé-dia, 3.500 livros inteiros.

O momento parece ser divisor na história da edição de livros,mas não é. Definitivamente, os grandes pensadores e gestores domercado editorial têm surpreendi-do devido à tecnologia. A próxi-ma versão de e-reader, já lançada,é o app-book, um livro digital em formato de aplicativo para tabletsem geral. Podendo usufruir de di-versos recursos interativos, o livroé capaz de contar com áudio, ví-deo, mapa e fotografia, como é o

caso da lindíssima versão de Ali-ce, de Lewis Carroll, pela Atomic Antelope.

Estamos vivendo uma novarevolução gutenberguiana e, em-bora o Brasil ainda mostre pistasde atraso em relação ao mercadonorte-americano, o brasileiro jáparece se abrir e familiarizar como livro em novos formatos. Aidéia é que, da mesma forma quea indústria fonográfica ampliousua base consumidora ao se ade-quar ao modelo digital, as edito-ras também consigam atingir mais gente num futuro próximo.

 ARTIGOS

Má IMpReSSãO

“Demora-se um tempo relati-vamente longo para ler o título

‘Economia Criativa’. Economi-zaram em clareza, sem, no entan-to, recorrer à criatividade. As le-tras coloridas e em fontes variadas foram dispostas de maneira desor-denada, aparentemente para tor-nar a leitura uma tarefa maisdesafiadora”.

“A utilização do espaço do jornal na produção do layout foipouco aproveitada. Os infográfi-cos também apresentam falhas erepetição nas informações”.

 Aada fa

“A matéria ‘A união faz adiferença’ se propôs a listar as dezempresas privadas que mais in-vestem em cultura no Brasil.Curiosamente, as estatais Petro-bras, Banco do Brasil e Eletrobrás foram incluídas no ranking”.

“Três artigos que nada têm aver com o tema central ‘Econo-mia Criativa’ ocupam o topo dapágina. O traçado informacionalque estava sendo construído sobre

o tema deságua em dispersão por parte do leitor”.

“Em quase todos os textos,houve erros gramaticais. Engoli-ram vírgulas, que foram golfadasem lugares inapropriados, comoentre o sujeito e o verbo de uma frase, por exemplo. Também hou-ve o uso indevido da palavra‘através’ e equívocos relacionadosaos pronomes demonstrativos e àsconstruções de frases, apenas paracitar alguns exemplos mais fre-qüentes”.

ta d Aâaa

“Costurar uma edição inteira

de um jornal sob o viés de umconceito recente e ainda não pal-pável por grande parte da popula-ção é corajoso, mas arriscado.Talvez, tenha sido esse o motivode tantas falhas no Impressão.Na capa do jornal, por mais queo leitor tenha o trabalho de procu-rar um direcionamento, ele ainda fica na dúvida”.

“Devido ao fato do jornal ter uma temática central, seria inte-

ressante, principalmente para oleitor, que as reportagens tivessem

maior conexão umas com as ou-tras”.gaba mahad

“O Impressão é um jornal la-boratório, que permite e incentivaa experimentação. Mas existeuma diferença entre o experimen-tal e o descuido”.

“A repetição de exemplos nasmatérias ‘As relíquias da paixão’e ‘A magia que enfeitiça’ [com-prometeu o conteúdo e não conec-tou a edição]”.

Júa ph maa

“O infográfico no pé da pági-na 7 [da matéria ‘A união faz adiferença’] não cumpre a função

de distinguir ‘economia criativa’de ‘economia solidária’, deixandoambas as colunas sob o mesmotítulo. O erro não apenas compro-mete a construção do conceitopelo leitor como pode confundi-lo”.

caa rd

 A entrevista [presente na ma-téria ‘Economia Criativa’ da pá-  gina 4] apresentou uma falhasignificativa: “além de estar in-completa, não cita o nome do en-trevistado. Jornalisticamente fa-lando, o nome da fonte é sinônimode credibilidade que, nesse caso, ficou comprometida pelo erro”.

“Apesar da criatividade na fonte e nas cores do título, a au-sência de uma fotografia que ex-presse ‘Economia Criativa’ dei-  xou a capa sem atrativo, comaparência de um caderno edito-rial e não de uma primeira pági-na de um jornal”.

léa Ada

Toda produção laboratorial, seja em qualquer organização de ensino, prioriza o experimenta-lismo. É assim que, há praticamente 30 anos, o jornal IMPRESSÃO versa o seu trabalho. Porém,o experimental oferece o risco de falhas, comuns e importantes para o aprendizado, no caso,jornalístico. Assim, alunos com olhar crítico do atual 5º módulo noturno do curso de Jornalismoforam convidados para uma análise da edição 185 do jornal – nos moldes do ombudsman. Como exame da edição dedicada ao tema Economia Criativa, oficializamos, aqui nesta seção, o “MáImpressão”.

Obama, Osama Hosana

maa Ad7º períoDo

Na semana em que se comple-taram os dez anos do atentadoterrorista em Nova Iorque, osolhos do mundo se voltaram paraos Estados Unidos. A visão quese tem hoje é muito diferente daque se enxergava uma décadaatrás: a posição de líder da econo-mia mundial agora se deixa subs-tituir por um cenário de dívidas edúvidas quanto ao futuro do TioSam.

Em resposta ao ataque da Al-Qaeda, em 2001, o então presi-dente Bush declarou guerra aoterrorismo. Até agora, foram gas-tos US$2,4 trilhões com as fren-tes de batalha no Iraque e no Afeganistão, o que minou a eco-nomia americana e ameaça de-sencadear uma nova recessão deproporções globais. A popularida-de do atual presidente BarackObama já viu dias melhores: ape-nas 39% dos americanos acredi-tam que o país esteja sendo bem governado. Trata-se do menor ín-dice de aprovação desde sua pos-se, em janeiro de 2009.

Há quem diga que as come-morações reservadas ao aniversá-rio da tragédia do World TradeCenter tenham vindo em boahora. Nada melhor que a sincro-nizada captura e morte de Osa-ma Bin Mohammed Bin AwadBin Laden (Osama Bin Laden,para os íntimos) para acalmar asmassas. A operação militar em Abbottabad, noroeste do Paquis-tão, foi bem cronometrada o sufi-ciente para acontecer em exatosdez anos após o atentado, justoquando o clima nas redes de mí-dia e nos bastidores do Congresso

americano já não era tão tran-quilo. Nesse caso, de inimigo pú-blico número um do governo,Osama passou a servir-lhes debode expiatório.

E o que dizer do memorial emhomenagem às quase três mil víti-mas do atentado, escolhido emconcurso, no ano de 2003? Sãodois espelhos d’água localizadosonde as torres gêmeas ficavam.Tivera o concurso sido realizadoem 2011, as más línguas pode-riam concluir que o que é recorda-do ali não é a falta que as víti-mas fazem aos seus familiares,

mas a falta que o dinheiro públi-co faz aos cofres do governo. Osvãos no subterrâneo do MarcoZero poderiam fazer alusão aoburaco negro em que se encontraa economia americana. Já os file-tes de água escorrendo por elesremeteriam aos trilhões de dólaresinvestidos em uma guerra quenão tem fim e nem f inalidade.

Os eleitores de Obama já oreceberam com palmas nas mãose gritos de “Hosana!”, esperanço-sos de que o primeiro presidentenegro da nação pudesse ser, as-sim como o messias dos cristãos,

o salvador da pátria. O quasemessias Obama não chegou a tal façanha e também pode ser con-denado por aqueles que um dialhe deram as boas vindas commuito louvor. Talvez o único mo-tivo de que se orgulhem os ameri-canos atualmente seja que o bodeque carregou o presidente em suaentrada triunfal pela Casa Bran-ca está morto. Assim, podem ex-clamar: “Hosana! Obama ma-tou Osama!” – ou não será essaa ordem correta dos fatores? Cer-tamente, eles não alterariam emmuito os resultados.

   m   A   r   c   u   s   p   o   n   t   e   s

8/3/2019 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

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espcial IMPReSSãO4 BeLO HORIzONTe, OUTUBRO De 2011

O consumo de produtos falsicados custa R$ 30 bilhões por ano ao Governo Federal

 Aa paa Da Ada rdfáa la6º períoDoed: sada l

  A pirataria é um crimeque contribui para o crescen-te comércio de produtos ile-gais, uma vez que comprarqualquer produto pirata saimais barato que o original.Segundo dados divulgadospelo Conselho Nacional deCombate à Pirataria (CNCP),

produtos falsificados causamaos cofres públicos um rom-bo de R$ 30 bilhões em im-postos por ano.

Em junho deste ano, a Re-ceita Federal do Brasil reali-zou o VII Mutirão Nacionalde Destruição de Mercadorias  Apreendidas, megaoperaçãorealizada em diversas unida-des em todo o Brasil, simulta-neamente. As mercadoriasdestruídas tiveram origem em

crimes de contrabando e defalsificação. De acordo com aReceita, o objetivo da apreen-são foi evitar a circulação deprodutos que geram sonega-ção de impostos e concorrên-cia desleal à indústria e aocomércio regular.

Em todo o País, a opera-ção inutilizou CDs e DVDspiratas, cigarros, bebidas, cos-méticos, preservativos, medi-camentos, alimentos impró-prios para consumo, entreoutros produtos. Esta foi a

maior destruição realizadapela Receita Federal na histó-ria. Em agosto de 2007, o pri-meiro mutirão recolheu, em valores, R$ 43 milhões. Já emjunho deste ano, o valor reco-lhido atingiu R$ 219 milhões,um aumento de 510%. A Ins-petoria da Receita Federal emMinas Gerais (IRF/BHE) par-ticipou da ação federal e des-truiu 167,29 toneladas demercadorias apreendidas, no valor de R$ 5,7 milhões.

Mrcado paralloQuem anda pelo centroda capital mineira procuran-do desde uma simples vara depescar até o mais modernoaparelho eletrônico sabe quepode encontrar tudo em umúnico local. São os shoppingspopulares com o comércio in-formal. Lojas dos mais diver-sos segmentos com produtosa preços acessíveis são o atrati- vo desse comércio em BH.

O comércio popular nãopaga os impostos que o gover-no devolve à população pormeio de investimentos emsaúde, educação, habitação ebem estar social. De acordocom a coordenadora do de-partamento de economia daFederação do Comércio deMinas Gerais (FecomércioMinas), Silvânia Araújo, a es-timativa atual é que a pirata-ria representa de 20 a 30% doProduto Interno Bruto (PIB).“São bilhões de reais que po-

deriam estar hoje dentro daeconomia, dificultando que ogoverno cumpra o seu papel.Isso acaba penalizando os co-fres públicos”, observa a eco-nomista.

(T ambém parTicipou:Leonardo LeaL 6º período)

flÁviA lAges

pirataria rjudica

os cofrs úblicos

sh oaq: a d é aa da aa a, d a- á d a bax

“São bilhões

d a qda ahj d daa”

sâa Aaúj

Em Belo Horizonte, osshoppings populares foramcriados por meio do “Progra-

ma Centro Vivo” da Prefeitu-ra Municipal. A criação dosabrigos para os camelôs tinhapor objetivo proporcionaruma cidade mais limpa e orga-nizada, colocando-os em espa-ços fechados. O cadastramen-to dos ambulantes começouno ano de 1998 e terminouem novembro de 2002. Peloacordo realizado com a Prefei-tura, eles foram alojados emshoppings e pagam o aluguelpara o administrador do local,designado pelo poder munici-pal.

Inaugurado em agosto de2003, o shopping Oiapoquefoi o primeiro a receber os tra-balhadores informais e é tam-bém o maior do segmento aoabrigar, aproximadamente,600 boxes alojados em cincoandares. Nos dias de maiormovimento passam cerca de30 mil pessoas no local. Alémdo shopping Oi, como é co-nhecido, na região central dacapital existem, ainda, os sho-ppings Tupinambás, Xavan-tes, Caetés e Uai.

O mecânico de aeronaves

Lucas Mendes encontra tudoo que precisa no Oiapoque.“Vi um relógio de R$160 emuma loja Aqui, comprei ummuito parecido por R$ 25”.Mesmo não recebendo notafiscal do produto, Lucas acre-dita que a economia compen-sa. “Como não tenho muitocuidado, não adianta compraro relógio caro que vai estragardo mesmo jeito”, relata. A economista Silvânia Araújoalerta que quem opta porcomprar no mercado informalnão é apenas prejudicado pela

qualidade do produto. “A pes-soa está inibindo a força decooperação do mercado for-malizado, um sistema cons-trutivo para o país. É agir deforma individual”, observa.

Para combater sistematica-mente a pirataria, a economis-ta acredita que é preciso maiorcontrole do governo. “Alémda fiscalização, o governo de- veria diminuir a carga tributá-ria”, analisa Silvânia.

Shoingsoulars

Ouça a ntrvista, no sit, com aconomista patrícia Alvarnga:

 www.jornalimrssao.com.br@

Média d prços d produtos alsifcados originais

Playstation 3 Slim c/ HD 160GBR$ 880 (réplica) – R$ 1599 (original)

Smartphone BlackBerryR$ 180 (réplica) – R$ 1200 (original)

óculos RaybanR$ 70 (réplica) – R$ 300 (original)

Bonecos Ben10R$ 10 (réplica) –R$ 60 (original)

Tênis Mizuno –R$ 25 (réplica) –R$ 150 (original)

8/3/2019 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

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espcialIMPReSSãO 5BeLO HORIzONTe, OUTUBRO De 2011

Comércio ilegal da fauna e ora prejudica a biodiversidade e o ecossistema do país

cha laacéa ADéba A6º períoDoed: rd eh

Cerca de 100 espécies deanimais desaparecem todosos dias do planeta e o tráfico

ilegal de animais silvestres éuma das principais causasdessa tragédia. De acordocom pesquisas realizadas peloInstituto Brasileiro de Meio  Ambiente (Ibama), estima-seque o comércio ilegal, no Bra-sil, já foi responsável pela ex-tinção de aproximadamente12 milhões de espécies.

Segundo levantamento daRede Nacional Contra o Trá-fico de Animais Silvestres(Renctas), o tráfico de ani-mais silvestres é consideradoo terceiro maior comércio ile-

gal do mundo, perdendo ape-nas para o tráfico de armas ede drogas.

  A diversificada flora dopaís também corre risco dedesaparecer. Na Lista Oficialda Flora, divulgada este anopelo Ibama, 107 espécies deplantas já estão ameaçadas deextinção. As principais são asornamentais, com cores mais vivas e cheiros agradáveis, ori-undas principalmente daregião amazônica. A florestapossui um grande número deespécies de interesse comer-

cial e científico, e sua imen-sidão territorial dificulta a fis-

calização na região.  A biopirataria é a prática

ilegal que envolve apropria-ção, exportação e o uso in-devido da biodiversidade paracomercialização. Tal práticaagride a fauna e a flora e co-loca em risco espécies nativas,podendo levá-las à extinção,

prejudicando, assim, todo oecossistema.De acordo com pesquisa

realizada pelo Instituo Elo,entre Outubro de 2010 eMaio de 2011, foram registra-dos cerca de 350 casos decrimes ambientais em MinasGerais. Deste total, 78,5%são praticados por homens e21,5% por mulheres, amboscom idade entre 40 e 60 anose com baixa escolaridade.

RotaNa maioria dos casos, os

biopiratas se passam por turis-tas ou cientistas com docu- mentação legalizada no país,o que facilita a exploração dosrecursos naturais do Brasil. A rota ilegal de animais está di-recionada da região Nordestepara o Sudeste. Atravessandofronteiras pouco vigiadas,parte dos animais e plantas écontrabandeada para países vizinhos e o restante é levadopara Europa, América doNorte e Ásia.

Enquanto a maioria dosanimais não alcança US$200no mercado interno, o preçono mercado internacional é

muito maior. Estima-se queum Mico-leão seja vendido,

no Brasil, por US$180. NaEuropa, o macaquinho é co-mercializado por cerca deUS$15 mil. O pássaro Melroé encontrado por cerca deUS$150 nas feiras livres dosul do país, estima-se que opreço da ave chegue a US$13mil nos Estados Unidos.

O transporte para outrospaíses é realizado de formaprecária, em caixas, malas fal-sas, tubo de pvc e, na maioriadas vezes, os animais morremantes de chegar ao destino: acada dez animais capturados,

apenas um resiste.Os animais traficados so-

frem com as técnicas utiliza-das para o transporte. Para ospássaros não cantarem, porexemplo, costuma-se furar osseus olhos para que não en- xerguem a luz do sol.

Os animais sobreviventessão levados para abastecer aindústria da moda e coleçõesparticulares ou até para com-por ilegalmente o plantel deuniversidades, centro de pes-quisas e zoológicos espalha-dos pelo mundo.

(T ambém parTicipou:

r  ayssa LobaTo, 6º período)

DivulgAção

 As consquências da

 bioirataria no Brasil

Tráco de animais abastece um mercado milionário e o Brasil é um dos maiores fornecedores

“O tráco

d aa édad aéa d d”

ra

Nos últimos seis anos, 80mil animais silvestres foramapreendidos só na Região Me-tropolitana de Belo Horizon-te, segundo números da Polí-cia de Meio Ambiente. Essesanimais, porém, não podemser simplesmente soltos na na-

tureza novamente.“É preciso fazer um traba-

lho de reabilitação para a rein-trodução em ambiente natu-ral, evitando danos para omeio ambiente, para outrasespécies e, principalmente,para o próprio animal”, expli-ca Manuel Loureiro Gontijo,auxiliar de Estudos Ambien-tais e graduando no Curso deCiências Biológicas pelaUFMG. O auxiliar ainda pon-

dera que a “adaptação podelevar muito tempo ou até mes-mo nunca se concluir”.

Desde 2006, o Projeto Psit,administrado pela SociedadeBrasileira de Defesa Ambien-tal (SBDA), desenvolve açõespara que os animais apreendi-

dos com traficantes ou criado-res ilegais possam se recuperare, quando possível, voltarem ànatureza. O trabalho de recu-peração dos animais varia deacordo com a espécie e o esta-do em que se encontra. OProjeto Psit também contacom serviço de veterinária,biologia e tratamento espe-cial, além de realizar campa-nhas de conscientização am-biental para a população.

O coordenador do Proje-to, Rodrigo Lessa, afirma queos educadores ambientais têmum papel importante ao levarinformações à sociedade sobrea necessidade de respeitar omeio ambiente, mostrando aimportância de se tornarem

cidadãos conscientes do pon-to de vista ambiental.

Srviço ambintalOs infratores condenados

pela justiça por tráfico de ani-mais podem ser presos, pagarmulta ou serem obrigados acumprir penas alternativas.Entre elas, está a prestação deserviços ambientais, comogrupos reflexivos e conscienti-zação ambiental.

Radataço od sr lntaBiopirataria m númros

*100 espécies desaparecem todos osdias do planeta

* O tráco de animais silvestres noPaís já é responsável pelo desapare-cimento de 12 milhões de espécies.

* 107 tipos de plantas já estão amea-çadas de extinção no País.

* Em menos de 500 anos, o Brasil já perdeu cerca de 90% da Mata

Atlântica.

* Entre outubro de 2010 emaio de 2011, em Minas Ge-rais, registrou-se cerca de

350 casos de crimes am-bientais.

Font: Ibama Instituto eLO

8/3/2019 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

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f Bf faHq Ada6º períoDoed: D sa

 Até o final de setembro, areceita federal arrecadou maisde R$700 bilhões em impos-tos. Os dados são do Impostô-metro, medidor da Associa-ção Comercial de São Paulo edo Instituto Brasileiro de Pla-nejamentoTributário (IBPT),que soma todos os impostos econtribuições pagas no País.O instituto divulgou, ainda,um estudo comprovando queo brasileiro trabalha, em mé-dia, cinco meses ao ano, ape-nas para poder pagar contri-buições. O alto valor e aenorme quantidade de impos-tos cobrados pelo governo –atualmente são 61 tributos,no país, de acordo com oIBPT– são a justificativa demuitas pessoas para uma prá-tica ilegal: a pirataria.

De acordo com estudo di-

  vulgado, no início do ano,pelo Conselho de Pesquisasem Ciências Sociais dos Esta-dos Unidos (Social Science Re-search Council – SSRC), o pre-ço de um produto vendidolegalmente nos Estados Uni-dos é praticamente o mesmodo que um pirata no Brasil.Para se ter idéia, atualmente,no site norte-americano de vendas Amazon.com, o preçodo DVD do filme RIO, lança-do em 2011, é de $14,99, oque equivale a aproximada-

mente R$25,63. No site brasi-leiro Submarino, outro portalde vendas, o mesmo título saia R$39,90. Já a versão pirata

pode ser adquirida nas ruaspor R$ 5, em média.Dona de um estande de

  vendas de DVDs piratas noshopping popular Oiapoque,região Central de Belo Hori-zonte, uma comerciante quepediu para não ser identifica-da sabe que está cometendouma prática ilegal, mas alegaque o faz por questão de so-brevivência. “Eu tenho totalconhecimento que a venda deprodutos piratas atrapalha aeconomia do nosso País, mas

entrei no mercado negro pornecessidade”. Para ela, essa éa única saída que muitas famí-lias encontram. “Ninguém

pratica a pirataria por vonta-de própria. Assim como euentrei, muitos recorrem a essemercado por questão de so-brevivência. Se eu tivesse con-dições, com certeza, teria umaempresa regulamentada”. A comerciante vende DVDs pi-ratas há quase três anos e afir-ma que seu rendimento men-sal não é muito bom. “O queeu ganho dá para manter ascontas em dia e sustentar meufilho. Não é grande coisa, masse eu estivesse em um empre-

go formal, não ganharia omesmo tanto”.

  A estudante de DireitoSuellen Caroline Santos No-

gueira, 19 anos, é uma consu-midora que garante o susten-to dessas famílias. Foi aoshopping popular para com-prar um CD para videogamee acabou levando um kit deferramentas para presentearseu pai. “Meu namorado medeu um Nintendo Wii de ani-  versário. Comprei um leitorde CD que lê CDs piratas e  vim aqui comprar alguns jo-gos. Quando passei pela loja,lembrei que o dia dos Paisestá chegando e já comprei o

presente do meu”, justifica.

 VídogamsPor falar em jogos eletrôni-

cos, o relatório divulgado pela  Associação de Software deEntretenimento (Entertain-ment Software Association), in-dica que o Brasil está entre oscinco países “campeões” empirataria on line sobre videoga-mes.

 Junto com China, França,Itália e Espanha, o País é res-

ponsável por 54% desse tipode pirataria no mundo.Para o estudante Pedro

Reinaldo Veloso, de 20 anos,que compra CDs e jogos falsi-ficados, a pirataria não é detodo condenável. Ele acredi-ta em uma forma de retalia-ção do mercado informal aopoder público e, consequen-temente, às altas taxas tributá-rias cobradas.

“Existem abusos por partede quem vende a mercadoriaoriginal e também por partedo governo. São muitos im-

postos que encarecem a mer-cadoria que chega aqui e,além desse acréscimo no va-lor, as lojas que vendem mer-cadoria original superfaturamos preços. Eu aprovo a pirata-ria nesse sentido, já que ela éuma resposta a esse abuso nospreços de produtos originais”,analisa o universitário.

(tabé a:Jéka v 6° pd)

espcial IMPReSSãO6 BeLO HORIzONTe, OUTUBRO De 2011

Outro lado da iratariamad a, a , é a úa d da d da aa Ba

ma aa, q b aad aaa, ab q d a

Durante todo o ano, ope-rações de combate à piratariasão feitas em Belo Horizonte.Essas operações são uma par-ceria do Ministério Públicode Minas Gerais, Receitas Fe-deral e Estadual, Prefeitura,Polícias Militar e Civil. O Mi-nistério Público é o responsá- vel por fazer um levantamen-to da entrada de mercadorias

ilegais na cidade. A partir daí,agentes de polícia são aciona-dos para cumprir mandadosde busca e apreensão.

Segundo o capitão Agnal-do do 1º Batalhão da PM,produtos contrabandeadossão apontados em levanta-mentos feitos pelo MinistérioPúblico de Minas Gerais(MPMG), que identifica a en-trada das mercadorias na ci-dade sem o recolhimento de

impostos. “Esses produtosoferecem perigo para a popu-lação. É uma questão fiscal,mas também de saúde públi-ca. Alguns produtos que vêmda China, não são reguladose podem causar danos paraquem usa”, disse o militar.

O comerciante Wanderlú-cio Raposo, dono de um es-tande de vendas de mercado-

ria legalizada no shoppingTupinambás, alega que asoperações de combate à pira-taria prejudicam seu negócio.“Muitas pessoas aqui vendemprodutos piratas. Mesmo quea operação seja com meu vizi-nho [de loja], as lojas fechame muitos clientes não vêm pormedo: eles chegam aqui e en-contram um tanto de policiaise simplesmente não entramno shopping”, afirma.

Combat à ilgalidad

tAízA torres

Consumo pirata

O mercado de produtos piratas em Minas Geraisatrai ambos os sexos:

46,8% - homens

53,2% - mulheres

Os jovens são os que mais utilizam os produ-tos falsicados :

44,7% - 25 a 34 anos

21,3% - 16 a 24 anos

6,4% - acima de 60 anos

12,8% - 45 a 59 anos

14,9% - 35 a 44 anos

Font: Fcomércio-MG

8/3/2019 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

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Éb vaJúa ca ranaa fad6º períoDoed: D sa

O ato de consumir setransformou em um dos tra-ços mais característicos da so-ciedade atual, que valoriza aaquisição e exibição de deter-minados bens. A socióloga eprofessora universitária Cris-tina Leite pondera que o siste-ma de consumo é tambémum sistema de classificaçãosocial e de comunicação. “Asmarcas comunicam algo sobrequem as consome e enqua-dram as pessoas em certosgrupos ou categorias”. Entreas consequências dessa cultu-ra do consumo para a econo-mia, estão o aumento das im-portações e da produção de

mercadorias piratas.Dados da Federação doComércio de Bens, Serviços eTurismo de Minas Gerais (Fe-comércio), informam que asoma dos fluxos de comérciode Minas com outros países(importação + exportação)chegou a US$ 15,1 bilhões,apenas no primeiro quadri-mestre deste ano, registrandoum crescimento de 51,5%.Esse número equivale a 11%de todo o comércio exteriorbrasileiro. As importações doEstado se concentraram em

países tradicionalmente par-ceiros, como os Estados Uni-

dos em 18,3%, Argentinacom 15,8%, e na China10,1%. Grandes marcas inves-tem milhões em ações de ma-rketing para garantir exclusivi-dade dos seus produtos,justificando assim o alto valore qualidade das mercadorias  vindas desses países para o

BrasilEntretanto, nem sempre arealidade financeira da popu-lação permite a aquisição dooriginal, levando-a a buscar,nos shoppings populares ounos ambulantes, réplicas deprodutos para se sentirem in-seridos na sociedade de con-sumo. Muitas vezes, saber aprocedência do que se com-pra é o que menos importa. Eé nesse momento que os pro-dutos piratas ganham visibili-dade no mercado.

Mrcadoria ilgalPesquisa realizada no últi-mo ano pelo Ibope constatouque cerca de 70% dos com-pradores desses produtos sa-bem que estão adquirindomercadorias ilegais. Essa pes-quisa abrange os mercados deroupas, brinquedos, tênis, re-lógios, óculos, bolsas, canetas,perfumes, jogos eletrônicos eartigos de papelaria.

O comerciante Elson Ga-lante, que há seis anos temestande no shopping popularOiapoque, conta que “as pes-

soas perguntam se o produtoé original, mesmo sabendo

que o local foi criado para  venda de produtos piratas.Mesmo assim, eles compramcom o mesmo apreço e satisfa-ção que teriam ao adquirirum produto em uma loja degrife”. Em seu estabelecimen-to são vendidas cópias de rou-pas da marca da Lacoste, PoloRalph Lauren, Armani eTommy Hilfiger. Galante lem-bra, também, que o preço in-fluencia na escolha do produ-to: “Enquanto no shoppinguma blusa dessas marcas cus-ta R$ 500 em média, aqui,

uma réplica sai a R$ 100, nomáximo.”

Cristina Leite explica queo que mais influencia a popu-lação a ser assim é a culturado consumo e os valores pró-prios a ela. Miguel Maillo, de23 anos, admite ser consumi-dor de produtos piratas. “Eunão tenho preferência de pro-

dutos ou marcas. Observotudo aqui e, quando encontroalgo que vale a pena e apre-

senta boa qualidade, compromesmo, não vejo problema.O importante é que o produ-to me agrade e atenda às mi-nhas necessidades.”

(T ambém parTicipou: a nDrea branDão e n ayaneHilário,6º período)

espcialIMPReSSãO 7BeLO HORIzONTe, OUTUBRO De 2011

 Alto custo alimnta

mrcado d rélicasQuando o preço impede a compra do produto, consumidores recorrem às falsicações

 Artigos de perfumaria e acessórios estão entre os produtos falsicados mais procurados

“mabd q d

é a,a aa a aa”

e gaa

Diogo silvA 

Busca looriginal

 Apesar da crescente procu-ra por opções alternativas,ainda há aquela parcela dapopulação que não abre mãode comprar produtos origi-nais. É o que afirma a gerenteda importadora Chen, Jonali-na Fonseca, que consideraque os produtos piratas nãosão uma ameaça direta, por-

que o público que consomeprodutos originais é diferentedo público consumidor de ré-plicas.

“O que acontece algumas vezes é o cliente ser enganado,achando que está comprandoo perfume original por umpreço mais barato, o que narealidade é só uma cópia falsi-ficada. Quando descobre,busca o produto original”, co-menta a gerente, que tambémlembra que, hoje em dia, falsi-fica-se até o selo, com isso, aúnica diferença do pirata para

o original é a nota fiscal.Por outro lado, um vende-

dor do shopping popular Oia-poque, que prefere não seidentificar, alerta para outrofenômeno: “comercializarprodutos piratas não rendetanto lucro como antes, as lo-jas estão dando muita oportu-nidade para os clientes com-prarem a prazo, o que facilitaa aquisição dos produtos ori-ginais”, pontua.

Carro ch da pirataria no Brasil

• Entre os produtos piratas mais consumidos no País, es-tão os CDS e DVDs falsicados. 

• Até o ano de 2010, mais de 38 milhões deprodutos desse tipo foram apreendi-

dos no Brasil. • Para atingir esse número,quase 3 mil operações poli-

ciais foram registradas. • A pirataria já se apro-priou de 65% do mercadoconsumidor do setor fono-

gráco.

Font: Associaço Antipirataria Cinma

Música (APCM)

8/3/2019 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

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Bábaa Dcaa cêama ca6º períoDoed: caa faa

O desejo de ver a músicatocando nas rádios e televisãoe o nome estampado nos jor-nais e revistas é alimentado

por inúmeros artistas. No en-tanto, apenas uma parceladesse grupo consegue obtersucesso e chegar ao topo dasparadas musicais. O restante,sem poder contar com o apoiode grandes gravadoras, acabaimprovisando seus própriostrabalhos de gravação e divul-gação. Para esses artistas, ain-da desconhecidos do grandepúblico, a pirataria tem sidouma alternativa para auxiliá-los na empreitada de incluir asua música na programaçãode rádios e TVs.

  A pirataria é uma práticailegal. Entender como essemercado se mantém é sim-ples: um CD original custa,em média, R$ 20. A mesmaobra pirateada chega ao con-sumidor por, aproximada-mente, R$ 3. A psicóloga Tâ-nia Mara, explica que écompreensivo o interesse pe-los produtos pirateados. “Énatural que as pessoas quei-ram obter vantagem quandosabem que isto é possível,mesmo que terceiros sejamprejudicados”, afirma.

  Atualmente, muitos no-mes consagrados no cenáriomusical contaram com umapequena ajuda do chamadomercado paralelo. A bandaDjavú, por exemplo, ficou co-nhecida nacionalmente graçasa esse mercado. O tecnobrega,já tão executado no Pará, tevea chance de ficar conhecido

pelo grande público por meioda divulgação dos CDs pira-tas.

 Algumas dessas bandas fi-zeram tanto sucesso que reali-zaram diversos shows fora dopaís. É o caso da banda Calyp-so, também do Pará, que fezturnê internacional antesmesmo de cair no gosto popu-lar das outras regiões do Bra-sil.

No outro extremo do País,na região Sul, a opção de gra- var CDs por meio de um tra-balho independendente, sem

  vínculo com as gravadoras,ajuda a divulgar os grupos defolclore e a cultura tradiciona-lista. É o caso da banda gaú-cha Chiquito & Bordoneio.O último disco do grupo PraOuvir e Dançar, lançado em2010, foi vendido nos bailes aR$2. “ É CD original mais ba-rato que pirata. A única coisaque muda é a embalagem: oenvelope de papel substitui otradicional estojo de acrílico,o que barateia o custo final”,informa o site Roda de Chi-marrão.

Gravadoras X pirataria A principal justificativa de

alguns artistas para utilizarmeios ilegais na divulgação deseus trabalhos é a questão fi-nanceira. De acordo com aGravadora Sheffield, de BeloHorizonte, uma matriz bemfeita custa entre R$ 10 e 50mil. O preço é alto demais

para quem não tem patrocí-nio e precisa pagar do própriobolso.

 A pirataria contribui paraque a procura por gravadorasseja reduzida. Para a Sheffield,o comércio ilegal de CDs temum lado positivo e um negati-  vo. A renda do artista, hoje, vem basicamente das apresen-tações, o que o permite dei-  xar, dessa forma, a gravaçãode discos em segundo plano.

O DJ Richard, que aindaestá no início da carreira, éum exemplo de artista que

aderiu à pirataria por ques-tões financeiras. Como alter-nativa, o DJ gravou em casadois CDs de divulgação, commixagem de músicas de diver-sos artistas internacionais enacionais. Já que ele não rece-be direitos autorais quandosuas mixagens são tocadas naspistas, o DJ também não pagaaos artistas que ‘emprestaram’as músicas para a produçãodos CDs.

Para Richard essa ‘sonega-ção’ não é prejudicial, porque

seu trabalho ainda não é reco-nhecido pelo grande público.“A divulgação, nesse momen-to, é mais importante que olucro com minha obra.”

O DJ não está sozinho.No site Favela é isso aí, estãodisponíveis vários depoimen-tos de alguns artistas que op-taram pela produção caseirapara fazer face ao alto custodas gravadoras.

(T ambém parTicipou: p auLo Hen-rique n ascimenTo, 6º período)

espcial IMPReSSãO8 BeLO HORIzONTe, OUTUBRO De 2011

Rconhcimnto

é o qu intrssapaaa a aada d aa ada dhd d ad úbfotos: DivulgAção

cadad ada d aâ

“A da, ,é aa q ha ba”

DJ rhad

Mitos vrdads sobr a pirataria na intrnt

  Ao fazer download ilegal de arquivos, as entidades que protegem os direitosautorais podem rastreá-lo e saber quem você é. Com isso, o pirata poderá seralvo de ações judiciais por violação de direitos autorais. VeRDADeIRO.

Baixar lmes e músicas e apagá-los dentro de 24 horas isenta o usuário deresponsabilidade. MITO.

Baixar, transferir, copiar e distribuir músicas ou lmes sem autorização dos

titulares constitui violação aos direitos autorais, nos termos da legislação emvigor. VeRDADeIRO.

Sites registrados em outros países não podem ser localizados e seusadministradores estão isentos da jurisdição brasileira. MITO.

A disponibilização de conteúdo protegido por direitos autorais depende deautorização dos titulares, ainda que se trate de pequeno trecho. VeRDADeIRO

Bada xa a aada

8/3/2019 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

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 Axad sa Aa caa caacaa fa6º períoDoed: D ca

O saguão do AeroportoInternacional Tancredo Ne-  ves, em Confins, na RegiãoMetropolitana de Belo Hori-zonte (RMBH), virou uma es-

pécie de feira livre para moto-ristas e perueiros. Os “piratas”,como são chamados os con-dutores, atuam de forma livreno terminal e oferecem trans-porte a preços inferiores aospraticados pelos taxistas e veí-culos legalizados.

No local, existem algumasorganizações ilegais formadaspor esses motoristas. O esque-ma conta com a comunicaçãoentre rádio e celulares, olhei-

ros e estrategistas. A operaçãorealizada pelos “piratas” naRMBH pode ser comparadacom a de contrabandistas deimportados do Paraguai. Osdois segmentos agem fora dalei, com um sistema que dêcobertura e colocando a pró-pria vida em risco para chegarao objetivo final.

Há seis meses trabalhando

em Confins, o taxista Fernan-do Calcagno disse que pre-sencia a atuação dos perueirosno aeroporto, sem qualquerintervenção da segurança.“Devem haver, aproximada-mente, 300 motoristas fazen-do esse tipo de transporte. Éfácil identificar quem são e,mesmo assim, ninguém coíbea ação deles”, ressaltou Fer-nando.

Os perueiros ficam próxi-

mos ao portão de desembar-que, com as mãos nos bolsose utilizando rádios comunica-dores ou celulares. A maioriados carros está com o licencia-mento vencido e várias mul-tas. Muitos desses condutorescumprem jornada dobrada ecostumam abusar da velocida-de para fazerem mais corridas.  Ao oferecerem o serviço aos

passageiros, adotam aborda-gem discreta. A corrida até o centro de

Belo Horizonte com um táxilegalizado custa, em média,R$85. Já um perueiro ofere-ceu-se para levar a reportagemdo IMPRESSÃO por R$70.Essa diferença de preço atraios passageiros. O auxiliar demanutenção mecânica Gusta-  vo Andrade diz que não vêproblema em usar o transpor-

te ilegal, apesar de ter rejeita-do o serviço. “Eu só não acei-tei porque estou esperandouma pessoa que virá me bus-car. Se não fosse isso, eu pega-ria o táxi pirata. Nessas horas,

eu penso mais na questão fi-nanceira. Acaba saindo maisbarato”, alegou.

Há, também, os passagei-ros mais receosos. O enge-nheiro Civil Gustavo Person éum dos que não costumamaceitar a oferta dos perueiros.Ele disse que não usaria otransporte em nenhuma hi-pótese. “Se é clandestino, éporque não é legalizado e nãotem segurança nenhuma. Pre-firo não correr o risco. É me-lhor e mais seguro pegar umtáxi”, ressaltou o passageiro.

De acordo com informa-ções do Departamento de Es-tradas de Rodagem de MinasGerais (DER), em Confins,diariamente, encontram-se dedois a três fiscais do órgão,em cada turno. Mas, segundoo assessor da Secretaria de Es-tado de Transportes e ObrasPúblicas (Setop), LindbergGarcia, a identificação dos pe-rueiros dos demais veículosque circulam no local não éevidente, o que dificulta a fis-calização. “São carros particu-lares que poderiam ser de pes-

soas comuns, famílias ouamigos que deixam gente noaeroporto”, explica Lindberg.Ele afirma que operações têmsido feitas e um núcleo de in-teligência foi formado paracoibir a atuação dos piratasno terminal.

(T ambém parTicipou:diego cosTa , 6º período

guiLHerme r ezende, 6º período

gusTavo guiLHerme, 6º período)

espcialIMPReSSãO 9BeLO HORIzONTe, O UTUBRO De 2011

Transort irrgular

crsc m Aroorto v ad , aé , a d x ad a a

fotos: Diego costA 

H aa aaa é à a d aa da dbaq

Os “Piolhos”, como sãochamados, são outro grupoorganizado de expressão no

aeroporto. São carros particu-lares – e de marca luxuosa –repletos de multas e dirigidospor condutores sem CarteiraNacional de Habilitação(CNH). Os motoristas tam-bém não possuem documen-tos de identificação ou aces-sórios obrigatórios e sãoflagrados dirigindo em exces-so de velocidade e transpor-tando passageiros sem a auto-rização do DER-MG paraexecutar a função.

Esses veículos ficam esta-cionados próximo ao guichê

de pagamento do uso da vaga.Sempre que um carro sai como passageiro, outro é avisadopara ficar no lugar, manten-do, assim, um espaço privile-giado para as operações. Os“motoristas chegam a dar car-tões com identificação e aténota fiscal ao passageiro, masé tudo falso. Usam dados tro-cados e rodam em carros demarca para despistar a fiscali-zação”, afirmou o taxista Fer-nando Calcagno. Ele tambémdisse que, mesmo com algunsficam em regiões próximas ao

terminal para fugirem da fis-calização.Como se não bastasse so-

mente esse problema, os poli-cias responsáveis pela segu-rança do aeroporto tambémidentificaram outra práticacomum de transporte ilegal.Motoristas de locadoras de  veículos contratados para le-  var clientes a Confins têmaproveitado o deslocamentopara transportar passageirosaté a capital, situação não au-torizada. Em vez de voltarem  vazios, eles costumam levar

outro passageiro que desem-barca para faturar um poucomais. Um deles abordou, atémesmo, a equipe de reporta-gem do IMPRESSÃO com aoferta ilegal : “trabalho numalocadora em BH. Trago clien-tes para cá e depois procuroalguém que precisa voltar e olevo. O preço é muito menor.Não há nem mesmo competi-ção”, relatou o motorista, quenão quis se identificar.

Ilgalidadlucrativa

n dah, aa da ia a aa a a a ad

8/3/2019 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 10/16

espcial IMPReSSãO10 BeLO HORIzONTe, OUTUBRO De 2011

 Aa fáa tcaa faabaJ pa va6º períoDoed: rd eh

Quem nunca desistiu decomprar um álbum importa-do da banda favorita por cau-sa do preço? A reportagem doImpressão pesquisou sites decompra e verificou que umCD fabricado no exteriorpode custar 100% a mais na“Submarino” do que se ad-quirido na “Amazon”.

 A estudante de jornalismoPriscila Mendes, colecionado-ra de CDs e DVDs internacio-nais, privilegia os produtosimportados, cuja qualidade

considera superior aos adqui-ridos no Brasil. “Certa vez,paguei muito caro na loja porum DVD original e, ao chegarem casa, percebi que ele nãotinha o encarte. Devolvi oproduto e comprei outro emum site americano. Poucosdias depois, o DVD chegou àminha casa, com encarte, fo-tos e letras das músicas, pela

metade do preço”. Depois doocorrido, a estudante passoua adquirir todos os seus discosem sites estrangeiros.

Em situação semelhante,

o estudante de engenhariaMárcio Campos tem a mesmaopinião. “A qualidade é maisimportante que o preço, masse eu puder juntar os dois,melhor, claro!”.

Para o produtor FernandoMaia, o que as pessoas não sa-bem é que produzir um discocusta muito caro. “São váriasas fases de produção: grava-

ção, masterização, arranjos,registros e legalização, enfim,o processo é demorado, exigemuita dedicação e sai caríssi-mo, o que justifica os altospreços”, explica o produtor.

 AltrnativasEm alguns casos, encon-

trar uma importadora no Bra-sil ajuda os consumidores apagar um valor mais baixo. Éo que garante a gerente fiscalRegiane Donadi. “Eu encon-trei uma importadora muito

boa e mais barata em relaçãoàs outras lojas. O preço doCD fica muito próximo do valor encontrado lá fora”. Elasalienta que, sem intermedia-ção de uma importadora, al-guns produtos de valor supe-rior a US$50 são barrados naReceita Federal . “Se você qui-ser retirar o produto, terá que

pagar mais imposto”, acres-centa Regiane.

De acordo com a ReceitaFederal, mercadorias atéUS$50 estão isentas de im-postos. Acima desse teto, atributação é de 60% sobre o  valor do produto, acrescidodo custo de transporte e doseguro, caso não estejam in-clusos no preço final .

Há casos em que a situa-ção se inverte, o que mostracerta incoerência do merca-do. O estudante de jornalis-

mo Rafael Soal pagouR$54,90 na versão importadado CD “Phrazes For The Young”, trabalho solo do vo-calista Julian Casablancas, dabanda americana The Strokes. Algum tempo depois, encon-trou a versão nacional porR$19,90, com uma tristeconstatação: “os discos sãoidênticos! Mesmo encarte, fo-tos, rótulo. Hoje, eu só volta-ria a comprar um importadose fosse algo raro ou se o trans-porte demorasse muito parachegar ao Brasil”.

Outro fator que pode pe-sar no momento da compra éa demora no envio das merca-dorias. O consumidor quenão estiver disposto a esperarpelo transporte, pode buscaroutras alternativas – como odownload, nem sempre legal– para satisfazer seu desejo deapreciar logo a música do ar-tista favorito.

“madade até US$50

a d. Aa d a, a baé de 60%”

ra fda

Refexo da importaçãoQ a cD ad ja baa d aa db d a a

cd ad a qa ja aada ba d h

 A internet traz a facilidadeda busca por uma música de-sejada a qualquer hora, seja osucesso do momento ou umarelíquia dos anos 20. Com re-lação aos custos, a internet osreduziu a zero. Não é necessá-rio pagar pela música baixada– paga-se somente pelo prove-dor, que oferece outras tantasfacilidades. Entretanto, paracomprar o CD, é preciso sairde casa, dirigir-se a um centrocomercial mais próximo, ir àloja de discos, escolher um tí-

tulo, enfrentar a fila, pagarpelo produto e fazer todo ocaminho de volta para casa.  Além do custo financeiro,que na maioria das vezes éalto, perde-se um tempo gi-gantesco com esse processo.

Em um mundo agitado eapressado como o que vive-mos hoje, a opção de baixarmúsicas pela internet tornou-se mania e, cada vez mais, pes-soas vêm aderindo à ideia.

Outro grande pesadelodas produtoras e artistas domercado musical é a tão co-nhecida e temida pirataria,atividade ilícita existente des-de a época das grandes nave-gações. Atualmente, não émais praticada a bordo de umnavio e pode ser encontradaem vários setores do comér-cio, desde roupas até jóias. Alguns dos itens mais cobiça-dos pelos falsificadores são ci-garros, CDs, roupas e perfu-mes.

Com os preços de DVDs eCDs cada vez mais altos, a pi-rataria é uma solução encon-trada por muitos. Para a donade casa Sônia Miranda, con-sumir produtos piratas é aúnica alternativa para quem,assim como ela, não conseguepagar o preço estipulado pelasprodutoras. “Eu não comproCDs piratas porque gosto,mas sim porque não vejo al-ternativa. Os discos estão cada

 vez mais caros e menos acessí- veis. Sei que é ilegal, mas en-quanto o preço não diminuir, vou continuar apelando paraas falsificações”, afirma adona de casa.

Esse também é o caso daengenheira de alimentos Dé-bora Maciel. Há mais de cin-co anos ela usa a Internetcomo forma de adquirir asmúsicas preferidas. Para Dé-bora, baixar músicas “é umaalternativa mais prática, eco-nômica, que permite comprar

produtos em maior quantida-de e também nos mais dife-rentes estilos musicais”.

O publicitário Otávio Au-gusto já prefere comprar CDs,que, entretanto, estão alémdo que seu orçamento com-porta. “Os CDs estão cada vezmais caros, e, ultimamente,não posso gastar com eles.Mas como sou grande admira-dor da música, nada se com-para a um CD na minha pra-

teleira”, garante.

SoluçoUma solução tardia partiu

da gravadora Arsenal Music,casa de bandas como NX Zero, Fresno e CPM 22. O“Music Pac” consiste no CDpropriamente dito, mas comuma embalagem econômica,o que reduz em até 50% o va-lor final. O álbum “Reden-ção”, do Fresno, custa R$21,90 na versão comum. A  versão “Music Pac” reduziu o

preço praticamente à metade:R$ 12,90.

“Demorou um pouco, masacabou saindo”, comemora afarmacêutica Gabriela Izar, fãda banda Fresno. “Sempregostei de comprar CDs, mas opreço é muito alto. Esse paco-te se encaixa no meu orça-mento, embora a qualidadeda arte seja um pouco inferiorque a de costume”, comple-menta Gabriela.

O sadlo das gravadoras

roDneY costA 

Top 10 - ano 2010

1. Padre Fábio de Melo

2. Zezé di Carmargo &Luciano

3. Beyoncé

4. Roberto Carlos

5. Victor & Léo

6. Bruno & Marrone

7. Aline Barros

8. Simply Red

9. U2

10. Michael Jackson

Font: Associaço Brasilira

dos Produtors d Discos

(ABPD)

8/3/2019 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

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PatrimônioIMPReSSãO 11BeLO HORIzONTe, OUTUBRO De 2011

Projeto “Adote um bem cultural” prioriza restauração do patrimônio edicado

B mgaba faa7º períoDoed: D ca

Em meio à verticalização,lá estão eles: barrocos, góticose neoclássicos. E, neles, racha-duras, cupins e pichações.

Grande parte do patrimôniohistórico e cultural de BeloHorizonte implora por socor-ro. Dos 700 monumentostombados pelo Conselho De-liberativo do Patrimônio Cul-tural do Município (CDPCM-BH), 35 estão em péssimascondições e cerca de 140 emestado crítico. São casas, pré-dios, praças e museus, entreoutros bens materiais e imate-riais que dependem da inicia-tiva - pública ou privada - parapermanecer íntegros na his-tória do município.

 A Prefeitura Municipal deBelo Horizonte lançou o pro-grama “Adote um Bem Cul-tural” no início deste ano. Oprojeto prevê a contribuiçãode empreendedores para res-tauração e manutenção dospatrimônios culturais da ci-dade. O plano de ações a serdesenvolvido é uma sugestãodo Ministério Público Estadu-al, por meio da Promotoria de  Justiça de Defesa doPatrimônio Cultural e Turís-tico de Minas Gerais.

 As diretrizes de proteção e

monitoria de bens culturais

são de responsabilidade daPrefeitura de Belo Horizonte,por meio da Fundação Mu-nicipal de Cultura (FMC)junto ao CDPCM-BH. Osproprietários de umpatrimônio tombado podemser beneficiados pela legisla-ção urbanística e cultural,

com incentivos como isençãode IPTU e Transferência doDireito de Construir, além doapoio da Lei Municipal de In-centivo à Cultura.

 A empresa adotante custe-ia a restauração e manutençãodo bem adotado por doisanos. A iniciativa garante aoempreendedor um selo de  Amigo do Patrimônio Cul-tural, uma placa que identifi-ca a participação do imóvelno programa, além da publici-dade veiculada junto ao pro-jeto durante a execução.

O produtor cultural LéoDovalho destaca a importân-cia do projeto pelo fato de asempresas auxiliarem efetiva-mente com capital próprio enão com o dinheiro da socie-dade, como é o caso das leisde incentivo. “O projeto éuma das grandes possibili-dades de captar a verba semter de privatizar o bem. Emuma cidade cujas construções,hoje em dia, validam muitomais o terreno do que o bempatrimonial, essa passar a seruma boa proposta para a ar-

recadação para a manutenção

do bem” disse o produtor.

 Vandalismo gratuitoFrases de protestos, acusa-

ções religiosas e, até mesmo,um dialeto próprio. Tudo issofoi criado ao longo dos anos,dando início a uma das maismais polêmicas – e, atual-mente, ilegais – práticas nascidades brasileiras: a picha-ção. O ato de pichar é consi-derado crime ambiental e  vandalismo, previsto na lei

nacional. A pena para a infra-

ção varia de três meses a umano de detenção, além demulta.

Existem grupos que sereúnem para depredar edestruir. Em Belo Horizonte,os alvos são comuns: viadu-tos, cartões postais da cidade,prédios, muros recém pinta-dos e, até mesmo, lojas emqualquer local da cidade. En-tre os principais grupos depichadores de BH, estão osautodenominados “Os piores

de Belô”.

fotos: Diogo silvA 

Novo horizont ara

a caital minira

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lé Dah

 A história dos patrimôniosculturais de Belo Horizonte semistura à da cidade. É o casoda Igreja Sagrado Coração de Jesus, construída em 1900, nocentro da capital. A obra éfruto da mobilização popularde 1894, ano em que os fiéispromoveram festas, rifas ebarraquinhas visando arreca-

dar dinheiro para a constru-ção da matriz. O engenheiro Aarão Reis doou o terreno aopadre Francisco Martins Dias.O projeto é de autoria do ar-quiteto carioca Edgar Nascen-tes Coelho e as pinturas domonumento são do alemãoGuilherme Schumacher.

O obelisco, o famoso Piru-lito da Praça Sete, original-mente construído em Capela

Nova de Betim - atual municí-pio de Betim - foi doado à ca-pital e inaugurado oficialmen-te em 1924, nas comemoraçõesda Independência na cidade.Na ocasião, a praça projetadapor Aarão Reis mudou denome: de 12 de outubro paraSete de setembro. Após sertransferido para outros locais

– incluindo a Savassi – o Piru-lito retornou à Praça Sete nadécada de 1980.

Em 1929, o então prefeitoCristiano Machado decidiucentralizar as vendas dos pro-dutos destinados ao abasteci-mento alimentício da capital.O prefeito reuniu os feirantesem um terreno com barracasde madeira enfileiradas. O es-paço era descoberto e cercado

pelas carroças que transporta- vam a mercadoria. O local ga-nhou o nome de MercadoCentral, inaugurado oficial-mente no dia 07 de setembrodo mesmo ano.

Essas e outras tantas histó-rias podem ser associadas aoacervo da capital mineira. Efoi visando à preservação des-

sa memória que o projeto“Adote um Bem Cultural” foicriado.

Para participar da iniciati-  va, o empreendedor ou cida-dão deve entrar em contatocom o Conselho Deliberativode Patrimônio Cultural doMunicípio de Belo Horizonte(CDPCM-BH), por meio dosite www.pbh.gov.br ou pelotelefone (31)3277-5136.

Monumntos história

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Júa Aatha ca7º períoDo

ed: sada l

“Uma esmola pelo amorde Deus, uma esmola ‘meu’,por caridade!”, implora o per-sonagem da música ‘Esmola’,de 1994, do grupo mineiro de

pop rock Skank.  A letra da música relata,ainda, o outro lado da histó-ria, o de quem, supostamente,poderia dar esmolas. Assu-mindo a voz de outro perso-nagem, o cantor Samuel Rosareclama: “Eu tô cansado dedar esmola. Qualquer lugarque eu passo, é isso agora...”

Deve-se dar esmola ounão? Existem os que são, ter-minantemente, contra, por-

que acham incorreto. Existemoutros que não acham certo,mas, também, não veem malalgum em ajudar os necessita-dos. E há ainda quem defen-de a esmola. São diferentesopiniões. Já sabe a sua?

Rtrato da socidadRuas e esquinas cheias de

gente pedindo um trocado,algo para comer ou beber.São, homens, mulheres, ido-sos, jovens, crianças malaba-ristas. Bêbados, de muletasou em cadeiras de rodas, fi-cam espalhados pelos sinaisde trânsito das cidades, nasescadarias, nas esquinas e cal-çadas, em frente à sua casa,prédio ou estabelecimento co-mercial.

Levantamento do Ministé-

rio de Desenvolvimento So-cial mostra que, no Brasil,mais de 30 mil pessoas vivemou tiram o sustento das ruas.Em Belo Horizonte, são pelomenos mil, a maioria, 42%,  veio do interior do Estado àprocura de emprego na capi-tal.

Este é o caso de “seu” Ita-

mar que veio de Governador Valadares e foi parar nas ruas.“A gente vive, passa o dia, pas-sa a noite, não é uma situaçãodigna. Com relação ao almo-ço, sinto bastante fome, por-que o albergue só dá a janta eo lugar onde dormir. Precisopedir para ter mais o que co-mer”, diz.

 Antropólogos e sociólogosconsideram a existência dedois tipos de mendigo profis-

sional: aquele que vive na ruae o que vive da rua. Os pri-meiros chegam à mendicân-cia, na maioria das vezes, por-que a exclusão social lhestirou a família e as oportuni-dades. Desconhecem os direi-tos de serem assistidos pelopoder público e transformama rua em seu local de traba-lho. Muitos deles fazem partede uma segunda ou terceirageração de mendigos.

O mendigo que vive darua é, normalmente, aqueleque resiste à intervenção do

aparato social. Ele insiste empermanecer nas ruas, já quesua atividade é mais rendosado que os benefícios que o po-der público pode lhe oferecer.Numa lógica até compreensí- vel, entre viver da caridade dasociedade e do assistencialis-

mo do Estado, opta pelo quelhe é mais conveniente ou lu-crativo.

Qur um livro?Segundo pesquisa do Mi-

nistério do DesenvolvimentoSocial e Combate à Fome,74% dos pedintes sabem ler e

escrever. Com base nesses da-dos, o jornalista Rodrigo Ra-tier encheu uma caixa com 45livros e colocou no banco docarona de seu carro. Ficou ro-dando por diferentes bairrosde São Paulo. A cada paradano semáforo, sempre que umpedinte ou um garoto-malaba-rista se aproximava, ele repe-tia: “Dinheiro, eu não tenho,mas eu estou aqui com umacaixa cheia de livros. Querum?”. Para o deleite de Rodri-go, em 13 ofertas, nenhumarecusa. E houve gente que pe-

diu mais.  A empresária FernandaElian, 41 anos, diz que costu-ma ter salgadinhos e biscoitosno carro para dar às criançasnos sinais. “Essa situação émuito comum no meu dia adia e no cotidiano de BeloHorizonte. O número de pe-dintes é grande pelas ruasonde passo todos os dias. Doucomida, mas não dou dinhei-ro”, diz.

Tramas urbanas IMPReSSãO12 BeLO HORIzONTe, OU TUBRO De 2011

ea a da d: t, dá a dad a da?BrunA cris

Tio,m d um trocado?

No Brasil, mais de 30 mil pessoas vivem ou tiram sustento das ruas; em BH são, pelo menos, mil

“A ,aa da,aa a , é a

a da ” Seu iaa

No cruzamento da necessi-dade com a vontade de aju-dar, costuma surgir a carida-de. A esmola, gesto carregado,muitas vezes, de boas inten-ções, recebe o sinal vermelhoda maior parte das autorida-des. Por trás de toda criança“trabalhando” nas ruas das ca-pitais brasileiras, existe, sem-pre, um adulto comandando

o trabalho infantil.  A professora do UNIBH  Adélia Prado, defende quedar esmolas é errado. “Soucompletamente contra, prin-cipalmente para crianças eadolescentes”, disse. Ela acre-dita que a pessoa que dá es-mola se coloca em posição su-perior à de quem recebe, eisso não é bom, pois a solida-riedade parte do princípio deque todos os cidadãos sãoiguais. Adélia ainda acrescen-ta que dar esmolas mantém apessoa que pede na mesma si-

tuação cômoda, desprivilegia-da. Muitas vezes, o ato acabaimpedindo esse indivíduo dese desenvolver e buscar outrasformas de sobrevivênciacomo, por exemplo, umaoportunidade de emprego ou voltar a estudar. “É um ciclo  vicioso”, enfatiza a professo-ra.

Em Belo Horizonte, as au-toridades orientam os mora-dores a não dar dinheiro aospedintes. “Eles veem as ruascomo um espaço de liberda-de, onde poderão se socializar

e se juntar a determinadosgrupos. Também enxergam apossibilidade de obter algunsganhos, por exemplo, finan-ceiros, por meio de vendas oumesmo de doações que as pes-soas costumam dar, reforçan-do, assim, a presença delesnas ruas como eternos pedin-tes”, enfatiza o Gerente de In-serção Especial da PBH, Má-rio Rocha.

 A grande ferramenta pararetirar os menores das esqui-nas é oferecer bolsas-famíliaou incluir os jovens no Pro-

grama de Erradicação do Tra-balho Infantil, do GovernoFederal.

Em Santa Catarina, a Fun-dação Maurício Sirotsky enca-beçou uma campanha pro-pondo a conscientização daspessoas de que dar esmolasnão resolve o problema socialdesse ato. A solução reside emdar oportunidade aos sujeitospedintes por meio da dissemi-nação da educação.

Tratando oroblma

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ensaioIMPReSSãO 13BeLO HORIzONTe, O UTUBRO De 2011

fotos: Diogo silvA e sAnDrA leão

O BichoManul Bandira (*)

Vi ontem um bichoNa imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.Quando achava alguma coisa,Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.O bicho não era um cão,

Não era um gato,Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

(*) Dezembro de 1947

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Conxõs midiáticas IMPReSSãO14 BeLO HORIzONTe, OUTUBRO De 2011

pa mdga pd6º períoDoed: D sa

Presente em vários camposda arte, a tecnologia vem tra-

zendo inovação e criandouma nova linguagem na músi-ca, no cinema, na escrita. Oque muitas pessoas ainda nãoimaginavam é que a era digi-tal estivesse marcando presen-ça também no teatro, umadas últimas áreas da culturaque permanecia imune a esseavanço.

Híbrido do cinema, TV etecnologias interativas, umanova vertente das encenaçõessurge, há pouco mais de umano, como uma proposta, nomínimo, instigante, que bus-

ca aproximar uma das maisantigas formas de arte à inter-net: o teatro online. Se antes,para assistir aos espetáculosera preciso sair de casa, hoje,é possível ver as apresentaçõesem qualquer lugar, desde quese tenha um computador eacesso à internet.

Esse é o desafio do Cenna-rium, portal pioneiro, espe-cializado na transmissão deespetáculos e peças teatrais

 via web. De acordo com seusidealizadores, o projeto teveum investimento de, aproxi-madamente, 10 milhões dereais, custeados pela empresade mídias digitais Nortik,com objetivo de promover a

popularização do teatro e de-alcançar um maior público. A ideia surgiu depois que pes-quisas de campo apontaramque 95% da população brasi-leira não tinham acesso ao te-atro.

Difrnts ângulosO presidente do Sindicato

dos Produtores de Artes Cê-nicas de Minas Gerais (Sinparc– MG), Rômulo Duque, mos-tra-se favorável à inserção doteatro no mundo virtual, masfaz algumas ressalvas. “A inter-

net veio para abraçar todas aspossibilidades. Assistir a umapeça de teatro pela internet,pela televisão ou, até mesmo,em um cinema, não se aproxi-ma nem um pouco do ato deassisti-la em um teatro. O tea-tro é emoção da presença daplateia e um diálogo diretocom o ator. Mas, se alguémquer ver a obra, simplesmenteé um caminho. E as páginasdeste formato ampliam a in-

formação com entrevista aosatores, mostrando os bastido-res. Coisas que interessam aopúblico”, compara Duque.

Quando questionado so-bre a possibilidade de nas bi-lheterias dos teatros conven-

cionais haver uma demanda

menor de público devido àcomodidade oferecida pelainternet, Duque se mostra cé-tico em relação ao assunto. “A minha opinião sobre isso é amesma quanto à televisão, ví-deo 3D em casa etc. Nada vaisubstituir o desejo da pessoade sair de casa. Nem que seja

uma vez por ano. O ato de seisolar em casa não é parte doser humano”, destaca.

Mesmo com pontos de vis-ta favoráveis ao teatro virtual,há quem não considere bem  vinda a ideia. Um exemplo

disso é o ator, escritor e dire-tor teatral Kinkas Costa, pro-dutor de várias peças, como OEspiritólogo e De tarado e louco,todo mundo tem um pouco. Deacordo com ele, é muito im-portante o contato físico en-tre o público e o ator. “O tea-tro online tira muito a verdadeira essência dessa arteque é produzida em cima dospalcos. Colocar somente  fla-shes da obra é bastante positi- vo, pois ajuda na divulgação.Mas disponibilizar a peça naíntegra quebra a magia exis-

tente no teatro, além de con-tribuir para um maior como-dismo e vício das pessoasfrente ao computador”, escla-rece.

  A estudante de Artes Cê-nicas Raquel Menezes dosSantos, de 24 anos, comparti-lha da opinião de Costa. Se-gundo ela, a presença do pú-blico é muito importante. “A expressão no rosto das pesso-as é o termômetro para o ator.

Quando estamos no palco, aomesmo tempo, ficamos aten-tos aos olhares, às feições daspessoas que nos assistem. Épossível notar se o públicoestá satisfeito ou não com apeça somente pela sua reação

ao longo da apresentação. Jápela internet, essa possibilida-de é muito restrita. Talvez essasatisfação seja manifestadapor meio de uma enquete nosite, por exemplo, mas, mes-mo assim, muito superficial-mente”, conclui a estudante.

O professor de Artes Cêni-cas do UNIBH, Juarez Gui-marães, admite que, com osurgimento de novas tecnolo-gias, o teatro tem sofridograndes mudanças. “Com asnovas mídias, internet e redessociais, o teatro deve refletir

sobre qual o lugar ocupanuma sociedade hiperinfor-mada, com um aumento sig-nificativo de relacionamentos virtuais”, conclui.

 A idéia do site surgiu emuma conversa entre o diretordo Cennarium, Harry Fer-nandes, e o pai dele, Ary   Araujo. Ao se questionaremsobre o acesso à cultura , vi-ram na web uma ferramentademocrática para a arte.

Dirto dos alcos ara Agora, não há mais desculpas. Se você não pode ir ao teatro, o teatro vai até você;

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DivulgAção

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Conxõs midiáticasIMPReSSãO   15BeLO HORIzONTe, OUTUBRO De 2011

a tla do comutador

Impressão - A partir des-se novo formato do teatro, você concorda que novos há-bitos culturais são desenvol-

 vidos na sociedade? Será quepodemos considerar que está surgindo uma segmentaçãono teatro?

Gimenes - Uma das princi-pais bases do projeto Cennariumé a inclusão sociocultural, levan-do o teatro para pessoas que nãotêm acesso tão fácil como as queestão nos grandes centros. Aindaé muito cedo para falarmos deuma nova segmentação, mas po-demos entender que novoshábitos culturais es-tão se manifes-tando,

ainda que timidamente. Existempessoas que procuram por umapeça no Cennarium, mesmo já atendo assistido ao vivo. A ideia é

ter uma releitura da experiênciaao vivo por outros ângulos e comdetalhes que não foram percebi-dos na primeira vez. Por outrolado, existem também aquelasque ficam motivadas a assistir àpeça ao vivo ou até começar a frequentar o teatro depois da ex-periência online. O importante éatuar como agente facilitador noacesso à cultura.

  Impressão - A convergên-cia dos espetáculos para a internet já pode ser conside-rada um gênero cinemato-

gráfico e uma nova ma-

neira de fomentaro teatro brasilei-ro?

Gimenes -  A convergên-

cia dos espe-t á c u l o spara a in-ternet ain-da vai ser uma reali-

dade. Nosdias de hoje,

em território nacional, aindaexiste resistência de algumascompanhias de teatro, que te-mem perder espectadores. Consi-derá-la um gênero cinematográfi-

co ainda é muito precoce. Aspeças que o Cennarium exibesão captadas num dia normal deapresentação. Como no cinemae na novela, o público está pre-sente ali no teatro e isso tornatodo o processo mais real. Semdúvida, trata-se de uma maneirade fomentar o teatro no Brasil.

Impressão - Esse tipo deapresentação dos espetáculosteatrais pode influenciar, ne-

gativamente, nas bilheteriasdos teatros físicos?

Gimenes - Tratamos estequestionamento com muita tran-quilidade. A peça de teatro, nor-

malmente, é disponibilizada noCennarium depois que já saiu decartaz. A não ser em casos que acompanhia de teatro solicite quea peça captada entre online, si-multaneamente com as apresen-tações.

O objetivo do Cennarium éaumentar o alcance e o tempo deexibição das peças. Nunca pre- judicar os profissionais do teatro,que são a principal matéria-pri-ma de todo o projeto.

“Intrnt facilita aincluso”, diz dirtor

s da ca a aa a d ê aa

reproDuçÂo

O teatro se originou nasprimeiras sociedades primiti- vas que acreditavam que essaforma de expressão trazia po-deres sobrenaturais e contro-lava os fatores necessários àsobrevivência, tais como ferti-lidade da terra e sucesso nasbatalhas.

Durante um bom tempo,esse foi o papel do teatro:transcender o aspecto físico

do ser humano. No entanto,com o passar do tempo, essaforma de expressão artísticadeixou suas características ri-tualísticas, dando lugar àsações educativas.

De acordo com o profes-sor Juarez Guimarães, “o tea-tro tinha uma função socialrelevante de moralizar e demanter a ordem social, e atépedagógico, no sentido de en-sinar ao público quais as re-

gras da sociedade e suas puni-ções.”

O teatro, tal como é co-nhecido atualmente, surgiuna Grécia Antiga, por voltado século VII a.C. Era apre-sentado em arenas dotadas deexcelente acústica e abordavatemas profundos, tratados naforma de tragédias ou comé-dias. “O teatro grego origina-se em sua mitologia. Portanto,

carrega um compromisso coma representação dos deuses eheróis, com o intuito de mos-trar aos espectadores as conse-qüências graves de quem de-sobedece às leis divinas ousociais”, afirma Juarez.

 As primeiras peças de tea-tro grego eram apresentadasnas festas religiosas, em ho-menagem ao deus Dionísio,que era conhecido como odeus do vinho, da loucura e

dos prazeres. O teatro era aoar livre e os atores usavammáscaras. Somente os ho-mens tinham permissão paraparticipar das representações,nas quais eram discutidos osproblemas que atormentavamos seres humanos, como odestino, as paixões e a justiça.

No Brasil, a implantaçãodo arte teatral foi realizada pe-los jesuítas, que o fizeram

com o intuito de catequizar osíndios para o catolicismo ecoibir os hábitos “incorretos”dos colonizadores portugue-ses. O padre José de Anchieta(1534-1597) foi um dos prin-cipais articuladores desse mo-  vimento de cunho mais reli-gioso do que artístico,inspirando-se nas obras dodramaturgo português Gil Vi-cente, autor da alegoria Autoda Barca do Inferno.

Nos alcos, h quas 3 mil anos

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As mais vistas

Entenda um pouco mais sobre essa nova manifestação cul-tural. O jornal Impressão fez uma entrevista com o diretor deOperações e Novos Negócios do portal Cennarium, AntônioCarlos Gimenes.

1 - Comédia em PéSTAND UP 

2 - Tango, Bolero e Cha Cha ChaCOMÉDIA

3 - Velha é a Mãe

COMÉDIA

4 - A Sogra que Pedi a DeusCOMÉDIA

5 - A Caverna do Dragão - O Duelo FinalINFANTIL

Fonte: Cennarium (www.cennarium.com)

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