jornal da vila - n04 - janeiro de 2006

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Ribeirão Preto, janeiro de 2006 - ano I - nº 4

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Jornal da Vila Tibério, bairro da zona oeste de Ribeirão Preto, tiragem de 10 mil exemplares com circulação também na Vila Amélia, Jardim Santa Luzia, Jardim Antártica, e parte do Sumarezinho e do Monte Alegre

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Page 1: Jornal da Vila - n04 - janeiro de 2006

Ribeirão Preto, janeiro de 2006 - ano I - nº 4

Page 2: Jornal da Vila - n04 - janeiro de 2006

2 Janeiro de 2006

Informativo mensal comcirculação na Vila Tibério.

Tiragem: 5 mil [email protected]: (16) 3610-4890

Jornalista responsável:Fernando Braga - MTb 11.575

Colaboração: Inês Zaparolli eJosé Maria Paschoalik Filho

Impresso na Gráfica VerdadeEditora Ltda.- Rua Coronel

Camisão, 1184 - Ribeirão Preto

Editorial

VIDA

Ainda a AntarcticaA significativa repercussão da ques-

tão levantada pelo JV sobre o desti-no da antiga cervejaria Antarctica sóveio confirmar o que já intuíamos aoabordar o assunto. A área das edifi-cações, de grande expressão simbóli-ca para as tradições da nossa Vila Ti-bério, constitui-se hoje em foco dedebates, como uma das principais in-terrogações da parcela pensante dapopulação tiberense que se preocu-pa com o futuro, especialmente emrelação ao desenvolvimento urbano,social e comunitário da região.

Absolutamente ociosas, as insta-lações impõem à área as difíceis cir-cunstâncias de um verdadeiro deser-to urbano, com todas as implicaçõesnegativas que isso acarreta. Insegu-rança, estagnação econômica, degra-dação ambiental e humana são algu-mas das desagradáveis seqüelas doabandono do espaço, de importânciaestratégica para qualquer projeto derevitalização da chamada “Baixada”,com alcance expressivo sobre umaoutrora importante zona comercial,hoje em decadência por uma série defatores, entre os quais se destaca oproblema das enchentes.

Ao lado disso, grandes interessesempresariais se encontram em com-passo de espera, mirando uma deci-são político-administrativa. O fun-damental é que sejam encontradas asmelhores soluções urbanísticas paraa população, condizentes com asnecessidades ambientais e sociais, efoi por isso que lançamos o debate,estendendo-o às forças vivas da co-munidade.

Importantes lideranças de diver-sos segmentos da sociedade foraminstados a participar das discussões,ensejando a formação de um amploforo, que certamente jogará mais luzsobre o assunto. A diversificação dasidéias e o enriquecimento das pro-postas existentes sem dúvida con-tribuirá para encaminhar o proble-ma de maneira objetiva, com priori-dade para os mais legítimos interes-ses dos nossos cidadãos.

Você já ouviu falar do Ale-crim-do-Campo, também conhe-cido como “vassourinha”?

Pois esta é a matéria-primapara se produzir a Própolis Ver-de.

Coletada pelas abelhas Apismelifera de diversas partes daplanta, como broto e botões flo-rais, a resina é transportadapara dentro da colméia e modi-ficada pelas abelhas. Traba-lhando em equipe, as abelhasproduzem a Própolis para res-taurar a colméia e protegê-lacontra fungos e bactérias.

Festejada pelos poderesmedicinais, tem ação antibióti-ca e antiinflamatória.

Análises dentro e fora dopaís confirmam que a PrópolisVerde carrega altos teores defenólicos e flavonóides, poten-tes antioxidantes, que retardamo envelhecimento.

Princípios antioxidantes em100 ml de extrato alcóolico:Própolis .............PorcentagemVerde .................. de 7% a 8%Silvestre ........................... 4%Eucalipto ............. de 5% a 6%

Alem disto a Própolis já éconhecida por suas proprieda-des cicatrizantes, anti-fúngicas,anti-gripais, bactericidas, anal-gésicas e anestésicas.

São tantas as apostas nos

Própolis Verde: anatureza agradece

benefícios deste produto natu-ral que nossa produção já é ex-portada em larga escala para oJapão, Estados Unidos e a Chi-na.

Um mercado externo quemovimenta cerca de 25 milhõesde dólares todos os anos, cri-ando com isto a consciênciapara o plantio do Alecrim-do-Campo, que passa a ser vistocomo alternativa de renda e nãocomo “praga de lavoura”.

Existem vários produtos àbase de Própolis Verde dispo-níveis nas prateleiras das far-mácias: cápsulas gelatinosas,pomadas e cremes, sprays e ex-tratos alcóolicos.

Fique atento. Própolis Ver-de, como o próprio nome já diz,deve ter a cor VERDE.

Célia ReginaFávero SilvérioFarmacêutica

Dúvidas sobre medicamentos e manipulações podemser esclarecidas nas seguintes farmácias da Vila Tibério:

DICACursos de Auxiliar e

Técnico de EnfermagemO curso de Auxiliar ou Técnico de Enfermagem habilita a traba-

lhar, não só em hospital, mas também em laboratórios, cuidando deidosos, convalescentes, recém-nascidos ou de deficientes.

Procure o Núcleo de Ensino Florence Nightingale na Rua Ba-rão de Cotegipe, 338, ou pelos fones (16) 2610-1312 ou 3931-0139, na Vila Tibério.

Flor & Erva - Fone: (16) 3636-8623Av. do Café, 375

Camomila - Fone: (16) 3630-3598Rua Martinico Prado, 1.181

Doce Vida - Fone: (16) 3625-8172Rua Bartolomeu de Gusmão, 763

Pharmacos - Fone: (16) 3625-5371Rua Conselheiro Dantas, 1.087

Ética - Fone: (16) 3610-6501Rua Luiz da Cunha, 839

Professor Armando: talento,experiência e amor à arte

No primeiro contato, à porta daacolhedora casinha da Dr. Loiola,chamam a atenção a educação e asimpatia. Prosseguindo a conver-sa, aos pouco vai se revelando ogenuíno entusiasmo e satisfaçãocom o os mais recentes frutos dotrabalho de toda uma vida.

Armando Bento de Araújo, oprofessor Armandinho, lembra comemoção as homenagens recebidasem São Paulo e Rio de Janeiro porocasião do lançamento de seusmétodos para Cavaquinho, por par-te de suas editoras, Fermata e Ir-mãos Vitale, certamente entre asmais importantes do País.

Depois do terceiro álbum, umdos quais o primeiro do Brasil aensinar por música o manejo do tra-dicional instrumento, ele agora sededica a um caderno de transcri-ções, com peças clássicas da musi-cografia brasileira, onde pretendedescrever didaticamente as diver-sas técnicas que desenvolveu.Para breve, planeja também um mé-todo para Violão, outra de suas es-pecialidades musicais.

Entre as recordações de umacarreira gratificante, o professorArmando destaca jornadas comnomes lendários do cenário artísti-co nacional, como Orlando Silva eSílvio Caldas, mas cita com espe-cial carinho o filho Armandinho,também músico, que desenvolveucarreira internacional e que, depoisde levar a MPB para os quatro can-tos do mundo, hoje está sediadoem Macau, antiga colônia portu-guesa na China.

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3Janeiro de 2006 CIDADE

Cronologia das cervejariasem Ribeirão Preto1911

Inaugurada a primeira filial da Antarc-tica em Ribeirão Preto, interior do Es-tado de São Paulo, que fabricava gelo ecerveja.

1967Cia. Antarctica Paulista assume o con-trole acionário da Cia. Cervejaria Pau-lista

1999É anunciada, em 1º de julho, a fusão daCompanhia Antarctica Paulista e daCompanhia Cervejaria Brahma, paracriar a AmBev – Companhia de Bebi-das das Américas, Compañia de Bebi-das de Las Américas, AmericanBeverage Company. Multinacional bra-sileira, a AmBev surge como a terceiramaior indústria cervejeira e quinta mai-or produtora de bebidas do mundo.

2000Em novembro, em cumprimento ao ter-mo de compromisso firmado com oCade, são vendidas a marca de cervejaBavária e cinco fábricas (Ribeirão Pre-to, Getúlio Vargas/RS, Camaçari/BA,Cuiabá/MT e Manaus/AM). O com-prador foi a cervejaria canadense Mol-son.

2002A canadense MolsonCoors adquire ocontrole acionário da Kaiser e em 2003fecha a fábrica de Ribeirão Preto.

2006A Molson anunciou a venda da Kaiserpara a mexicana Femsa por US$ 68 mi-lhões. O valor representa menos de 10%dos US$ 765 milhões que os canadensesdesembolsaram para adquirir o controleda Kaiser, em março de 2002.

A cervejaria canadense Molson,dona da Kaiser, anunciou, em julho de2003, o fechamento da fábrica de Ri-beirão Preto. A Molson alegou que afábrica, construída há 75 anos, era ine-ficiente, tinha alto custo de operação, esua modernização exigiria muito inves-timento. A região ficou abastecida pelaunidade de Araraquara, mais moderna,que fica a 80 quilômetros.

Foi a quarta fábrica desativada nopaís e a terceira das cinco instalaçõesindustriais que o Conselho Adminis-trativo de Defesa Econômica (Cade)obrigou a AmBev a se desfazer por con-ta da fusão entre Brahma e Antarctica.As outras duas foram a unidade de Ge-túlio Vargas (RS) e de Camaçari (BA).Ainda restam as unidades em Cuiabá eManaus, consideradas desatualizadas,mas que foram preservadas por esta-rem distantes das demais fábricas daKaiser, adquiridas um ano depois daBavaria. A quarta unidade fechada, a deDivinópolis (MG), foi a primeira fá-brica da Kaiser no país.

As cinco unidades fizeram parte do

Kaiser fecha fábrica de Ribeirãopacote vendido à multinacional cana-dense junto com a marca Bavaria, coma finalidade de aumentar a competiçãono setor e evitar demissões. A plantade Ribeirão Preto produzia a cervejaAntárctica e era uma das mais famosasda empresa na época por causa da qua-lidade da água na região.

Com o fim da produção em Ribei-rão Preto, cuja capacidade era de 2 mi-lhões de hectolitros, a Molson prevêuma economia de R$ 15 milhões porano. A empresa não revelou a econo-mia que teve ao fechar as outras uni-dades.

A fábrica de Ribeirão Preto empre-gava 140 funcionários, que se somamaos outros quase 400 demitidos dasoutras três unidades.

Juntamente com o comunicado defechamento da fábrica em Ribeirão Pre-to, a empresa anunciou o investimentode R$ 4,5 milhões para a construçãode uma unidade especializada em cho-pe e de um centro cultural na fábrica daPaulista. Infelizmente, até hoje isso nãoaconteceu.

Personalidades deRibeirão Preto

comentamproposta para

área da Antarctica

A proposta do Jornal da Vila, resumidamente, sugere a desapropriação ou parceria da área. Poderiamser construídos centros comerciais. O local poderia abrigar um parque fechado. Possibilitaria a abertura darua Joaquim Nabuco, ligando-a com a rua Mariana Junqueira, onde já existe uma ponte sobre o ribeirão, e arua Padre Feijó com a avenida Fábio Barreto. Poderiam ser preservados alguns elementos arquitetônicosoriginais com valor histórico, para abrigar, com as devidas adequações, secretarias que não possuem sedeprópria. Outra opção seria fazer um convênio com o Sesc. O ribeirão Preto poderia ser devolvido ao seu leitooriginal, cortando a área e tirando a junção dos rios em ângulo reto, diminuindo o impacto das cheias.

O prédio daAntarctica pode-ria servir melhorà comunidade.Poderia ser umcentro culturalque tivesse con-dições de atrair os jovens, envol-ver com música, dança...

Padre JúlioPároco da Igreja Nossa

Senhora do Rosário

Seria muito bom para a popu-lação da cidadecomo um todo, poisiria revitalizar obairro e parte docentro.

Marinho MuracaSuperintendente

da Distrital da ACI-Vila Tibério

O processode revitalizaçãoda cidade come-ça pela área daAntarctica etoda a região daBaixada. Entra-mos em contato com o pessoalda Kaiser, em Araraquara. Va-mos ver o que pode ser feito.

Gilberto AbreuProfessor, Vereador do PV

É muito triste vermos todo o espa-ço da antiga cervejaria num totalabandono.

Aguardando o quê?A reativação da cervejaria?Seria isso possível?Não é o que parece estar aconte-

cendo.Idéias para o aproveitamento não

faltam. O que precisamos é que hajainteresse dos órgãos competentes danossa cidade em transformar umaárea tão grande, estrategicamentebem localizado, abandonado, em “oque quer que seja” aproveitável pornós ribeirãopretanos.

Digo “o que quer que seja”, poisconheço algumas das sugestões paraeste maravilhoso local, e se abrir-mos espaço para novas idéias, pro-vavelmente teremos excelentes resul-tados. O que não pode e não deveacontecer é transformarmos tais su-gestões em “pizza”.

Ribeirão, acorde! Dê uma olhadi-nha nesta região. Ela faz parte dahistória de nossa cidade. Observeas magníficas construções da cha-mada “Baixada”.

Isto tudo está sendo enterrado eestamos perdendo nossa história.

Quem sabe um belo projeto na an-tiga cervejaria da Luiz da Cunhapossa despertar interesses até entãoadormecidos.

Uma vez eu li e gostei: “Sonhosque sonhamos sós são apenas so-nhos. Sonhos feitos em conjunto po-dem virar realidade”.

Leila BaldocchiDiretora da Organização

de Luto Baldocchi

Ali na áreada Antarcticacaberia todo ogoverno muni-cipal. Seria umtipo de poupa-tempo munici-pal. Facilita-

ria a vida do munícipe. Todasas secretarias estariam perto. Opoder público seria uma ânco-ra do Centro e a recuperaçãodo Centro começaria pela par-te mais deserta. Onde tem gentee luz tem vida.

Vicente Golfeto Economista, diretor do

Instituto Maurílio Biagi - ACI

Tenho a im-pressão queainda volta aser cervejaria.Há uma dançaem volta do as-sunto. É um pe-cado todo este

patrimônio ficar parado.José Veloni

Vereador por 34 anos eex-funcionário da Antarctica

O ideal seriadesmontar a fá-brica e venderalgumas partes.Poderia permu-tar o terrenocom outra área.Quanto ao pro-

blema da enchente o certo seriafazer um convênio com algumauniversidade para estudar ovolume da água dos córregospara saber onde atacar.

Sílvio César Camargoda Iati Computadores

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4 Janeiro de 2006SAÚDE

PIC da Praça José Mortari: aqui nasceuuma idéia pioneira que contagiou a cidade

Igreja N. Senhora do Rosário - 3ª e 5ª feiras das 7 às 8 horasPraça José Mortari - 2ª , 4ª e 6ª feiras das 7 às 8 horas

Carrefour -Via Norte - 2ª , 4ª e 6ª feiras das 7 às 8 horas

Évisível a disposição das mu-lheres que se preparam paramais uma manhã de exercí-

cios físicos. Elas não aparentam aidade, apesar de algumas já esta-rem com idade bem avançada. Estacena, comum em várias praças dacidade, é rotina na Praça José Mor-tari desde 1993, quando nasceu oque hoje chamamos de PIC.

Dona Deolinda, com 83 anos,pratica desde o início, quando oprofessor de Educação Física Ba-taglion reuniu um grupo de mora-doras e começou a passar exercíci-os de alongamento e condiciona-mento físico leve.

Depois, Iranilde José MessiasMendes, professora da Escola deEnfermagem da USP- Ribeirão Pre-to, verificou durante estudos reali-zados para conclusão de doutora-do que pessoas idosas com vidaativa saudável procuram menos porunidades de saúde e, muitas vezes,diminuem a quantidade de medica-mentos, mesmo quando portadorasde patologias crônicas como hiper-tensão e diabetes. Conclui que pes-soas que fazem atividade física têmmaior qualidade de vida e atuaçãonas suas comunidades.

A partir do trabalho da profa.Iranilde em conjunto com a Secre-taria da Saúde, foi idealizado o PIC- Programa de Educação Continua-da, desenvolvido a partir de ativi-dades físicas realizadas ao ar livre.

Para Douglas dos Santos Ro-drigues, monitor da Secretaria daSaúde na praça José Mortari, alémda importância dos exercícios paraa saúde física e mental dos partici-pantes, o programa abre um novocampo de trabalho para os profis-sionais da área. Para ele, ainda sãopoucos os homens que praticam oPIC, mas eles estão descobrindo asvantagens de uma vida ativa.

Para Maria Maloche, sua vidamelhorou cem por cento depoisque passou a frequentar o PIC.

Leonilda preza também os laçosde amizade desenvolvidos ao lon-go dos anos: “é a coisa mais pre-ciosa”.

Dona Norma procurou o progra-ma com recomendação médica. Es-tava com uma fibromialgia que nãopassava, com artrose e osteoporo-

se. Quase não dava para andar.Hoje dorme bem e dá conta de fazero serviço de casa, o que antes nãoconseguia.

Já dona Inês, que participa des-de o início, participa de outros pro-gramas e está em forma aos 70 anos.

Douglas dos SantosRodrigues, 22 anos,estagiário EducaçãoFísica de Batatais: o

programa é bom paraas pessoas da 3ª idade,pela atividade física epara os profissionais,

que têm mais trabalho

DeolindaMarques

Cardoso dosSantos, 83

anos, no PICdesde 1993:estou muitobem graças

a Deus

Ruth deAlmeida

Rodrigues,80 anos,no PIC

há 4 anos:melhorou

a circulaçãonas pernas

NormaGir Basso,75 anos,

no PIC há4 anos:

estava comfibromialgia,

hoje dou contado serviço

NatáliaCorrea

Celestino, 70anos, no PICdesde 1993:pesava 90

quilos, hojesou alegre e

contente

Inês ZechinColucci,

70 anos, noPIC desde

1993:graças

a Deus estouem forma

Maria deOliveira Mora,

66 anos, no PICdesde o começocom a Iranilde:

melhora nocoração,

na cabeça enas pernas

Maria MalocheBarbosa, 64

anos, há 3 anosno PIC: tinhaproblemas de

diabetes ecolesterol.O PIC é o

melhor remédio

Maria HelenaFrancisca

Andrade, 61anos, no PICdesde 1993:menos dor

e maisdisposição

LeonildaCardinali,59 anos,no PIC

desde 1993:melhorou o

astral e asaúde

Os interessados em participar das atividades do PIC podemfazer inscrição no próprio local, com o monitor responsável

Que foi José MortariJosé Mortari foi

comerciante na VilaTibério. Nasceu emConquista-MG, em1907 e veio para Ri-beirão com 15 anos deidade. Foi funcionárioda Mogiana, se aposentou por do-ença e abriu um armazém na ruaMartinico Prado, esquina com a Pa-dre Feijó. Foi vereador em 1952 ereeleito por mais três legislaturas:até o ano de 1969. Faleceu em emRibeirão Preto. Deixou uma filha,Terezinha Mortari Antunes.

DENGUENão podemos

perder esta guerrapara um mosquito!

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5Janeiro de 2006 ESPECIAL

Igreja da Vila Tibério se prepara paraa ordenação de um filho do bairro

Opadre Júlio está feliz. Um gru-po de pessoas do Santuáriode Nossa Senhora do Rosá-

rio vai visitar todas as famílias dacomunidade para levar a bênçãoaos lares e também aos doentes, econvidá-las para comparecer à igre-ja de Vila Tibério quando Fernan-do, nascido no bairro, vai ser orde-nado.

Diversas atividades acontece-rão na semana que começa dia 5 eque será coroada no dia 11 de fe-vereiro, quando o arcebispo de Ri-beirão Preto, D. Arnaldo Ribeiro,vai tornar padre Fernando Fonzar,através da imposição das mãos.

O trabalho do padre Júlio CésarMiranda, CMF, 47 anos, gaúcho dafronteira com a Argentina, não seresume apenas no cuidado espiri-tual. Ele quer tornar o Santuário nocentro afetivo da Vila Tibério e paraisso procura atender às necessida-des das pessoas de todas as faixasetárias e classes sociais.

Mais de cem jovens participamde atividades com música, dança eartes cênicas. Padre Júlio lamentanão ter um espaço para práticasesportivas.

Na área social, o Santuário temum serviço muito amplo, atenden-do pessoas carentes. Fornece a pri-meira alimentação do dia e banho,junto com atividades de promoçãohumana e espiritual para morado-res de rua. Quarta-feira é o dia dosopão, à tarde.

Há também atendimento psico-lógico individual ou como terapiade grupo, além de grupos que tra-balham a sobriedade, para depen-dentes e também para seus familia-res, além de ajudar alguns internosem clínicas de recuperação de de-pendência química.

Há um ano foi implantado o Nú-cleo de Assistência Social, com trêsprofissionais esclarecendo as pes-soas sobre políticas públicas eprevidenciárias e auxiliando no en-caminhamento de aposentadorias eauxílios-doença, entre outros. Se-gundo o padre Júlio, muitas pesso-as desconhecem os seus direitos.

Fernando Mendes Fonzar, 29anos, vai se tornar padre através daimposição das mãos do arcebispo deRibeirão Preto, D. Arnaldo Ribeiro,no dia 11 de fevereiro próximo.

Fernando nasceu na vila Tibérioem 4 de maio de 1976 e seus paisAntônio Fonzar e Neusa MendesFonzar sempre o apoiaram.

Ele afirma que quando criançagostava de brincar de celebrar missae buscava esta motivação nos padresMissionários Claretianos, da paró-quia Nossa Senhora do Rosário.

Mas sua vocação surgiu no tem-po de preparação para a Crisma,quando estudava no Colégio NossaSenhora Auxiliadora. O primeiro cha-mado, ou seja, na primeira vez quesentiu inclinação para um seguimen-to mais próximo e radical de JesusCristo, estava em oração na capelado colégio. Havia o costume de, sem-pre antes das aulas, as professoras,com suas respectivas turmas, passa-rem pela capela e fazerem uma ora-ção. Num destes dias a professorafez uma breve oração e em seguidachamou os alunos para a sala de aula.Fernando não percebeu o chamadoda professora e continuou em ora-ção. Foi como se tivesse saído do arou estivesse em outra dimensão.

Um segundo momento foi quan-do sua mãe fazia visitas aos pobres,mais particularmente quando foicom ela visitar uma das favelas noalto do Monte Alegre. O contatocom os pobres, o fato de ajudá-los ater uma vida mais digna, chamou aatenção de Fernando.

Toda esta experiência foi fazen-do parte do que chama de caminha-da, ou discernimento vocacional.

Segundo Fernando, o que nor-teou sua vida vocacional e semina-rística foi o seguimento mais próxi-mo da pessoa de Jesus, no auxílioaos pobres, aos mais necessitados ena evangelização da sociedade.

Fernando quer compartilhar seucontentamento e convida toda co-munidade para comparecer no dia11 de fevereiro, às 19 horas, na Igre-ja Nossa Senhora do Rosário.

Fernando será o4º padre da Vila

Os Vicentinos, um dos mais ati-vos e talvez o mais antigo dos gru-pos da paróquia, assistem mais de60 famílias mensalmente, fornecen-do cestas básicas, roupas e atémobiliário, quando necessário, alémdo acompanhamento humano.

Ainda dentro da área social, temo Projeto Reciclagem Solidária, queajuda pessoas que recolhem mate-rial a triar e vender o produto, auxi-liando na renda familiar.

Na área da saúde, o Santuáriorecebe e empresta cadeiras de ro-das, andadores, colchões d’água eoutros produtos de necessidadedos enfermos. Cerca de 200 doen-tes são visitados semanalmentepara receber a comunhão e confor-to humano espiritual. A farmáciaatende 40 pessoas por semana, for-necendo remédios doados. Crian-ças têm acompanhamento do de-senvolvimento físico e nutricional,do ventre aos 6 anos. Mais de 30famílias são beneficiadas.

Para a terceira idade é ofereci-do terapia ocupacional, educaçãofísica, fisioterapia e acompanha-mento de diabetes e hipertensão.Um trabalho com instituições uni-versitárias que oferecem estagiári-os multidisciplinares e alguns pro-fissionais de saúde do municípioobjetiva a prevenção de doenças eo estímulo à qualidade de vida dosidosos.

De acordo com padre Júlio, vá-rias turmas de alfabetização sãoformadas todos os anos, e não sócom pessoas idosas: “tem muito jo-vem se aperfeiçoando”.

Padre Júlio está contente com o

É da Vila o arcebispo emérito de SantosSão da Vila Tibério o padre Carlos

Rossini, 53 anos, administrador da Arqui-diocese de Ribeirão Preto, Dom Davi Pi-

cão, 83 anos, arcebispo emérito de San-tos e reitor da PUC (à direita), Pe.José Valentim, responsável peloseminário do nosso bairro e o jo-vem Fernando (juntos à esquerda).

trabalho feito pelo Santuário, maspara ele tudo isso ainda é pouco.Ele convida toda a comunidade, nãosó a parcela a ser beneficiada, mas

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi construída em 1918,e elevada a Santuário no ano 2000

Padre Júlio convida toda a comunidade para participar

todos os que quiserem agir na con-dição de parceiros e, conseqüente-mente, como agentes colaboradores.“Nossas portas estão abertas”.

Page 6: Jornal da Vila - n04 - janeiro de 2006

6 Janeiro de 2006HISTÓRIA

Família Canavaci: aimpressão é hereditáriaJosé Canavaci nasceu em 1927

nesta cidade e desde criançaveio o interesse pelo trabalho

em gráfica, tanto que aos dez anosjá trabalhava na Tipografia Zinato.Seu pai, Afonso Canavaci, era peãode boiadeiro e sua mãe, dona Adé-lia, cuidava da casa, tarefa hojetransferida para os mais jovens,porque já está com seus 98 anos.

José trabalhou na TipografiaSão Paulo, a gráfica mais antiga deRibeirão ainda em atividade. Voltoupara a Zinato, foi para a tipografiada Arquidiocese de Ribeirão e de-pois para o Diário da Manhã. Aosdomingos, saía o Diário da Manhãe após o almoço, o Jornal da Tarde.José se desdobrava, pois entendiade diagramação, linotipia, monta-gem de clichês, impressão, redigiae fazia a manutenção das máquinas.Às vezes, em caráter de urgência,socorria outros jornais. Foi um dosgráficos mais completos do Brasil.

José trabalhou durante vinteanos no Diário da Manhã e ajudoua formar uma turma da qual boaparte hoje é proprietária de gráfi-cas renomadas em Ribeirão.

Somente em 1967 montou a pró-pria gráfica, que continua no mes-mo endereço.

Paralelo ao trabalho de gráfico,José foi secretário-geral da Federa-ção Nacional dos Gráficos, com

sede no Rio de Janeiro, por mais dedez anos, e membro da Confedera-ção Nacional do Gráficos, da Con-federação Nacional do TrabalhoIndustrial e da OIT – OrganizaçãoInternacional do Trabalho.

Como sindicalista, José foi bol-sista durante três meses nos Esta-dos Unidos, em 1961. Uma curiosi-dade é que ele esteve presente naposse do presidente John Kennedy,em Washington.

Na década de 50 José partici-pou de um grupo de sindicalistasque propôs ao governo federal acriação do 13º Salário.

Em Ribeirão deixou como lega-do o Parque Recreativo dos Gráfi-cos, que vem a ser o primeiro noBrasil. José faleceu em 1984, com57 anos.

Os filhos de José e HermindaDuarte Canavaci herdaram a voca-ção do pai: Antônio Afonso é pro-fessor de Inglês e Português narede estadual e trabalha na gráfica,assim como José Canavaci Filho queé contador e administrador de em-presas. Aparecida Conceição é dia-gramadora e trabalha com compu-tação gráfica. A única irmã que não

trabalha mais com os irmãosé Carmen Sílvia CanavaciBarizon, professora de Bio-logia.

O filho de Afonso, JoãoPaulo, segue os caminhos dopai e do avô; é auxiliar deacabamento.

A árvore plantada porJosé Canavaci continua fru-tificando.

José Velloni: simpatia,ação e engajamento social

Aparecida e os irmãos José e Afonso

José Canavaci

José Velloni, com doiseles, nasceu em 25 deSetembro de 1920 na

Vila Tibério, na divisa como Monte Alegre, hoje ruaCoronel Camisão. Dali foipara a Dr. Loyola, perto daIgreja, onde se criou e vi-veu até os 62 anos. “ Foium tempo muito bom”.

Filho de lavradores,cedo começou a trabalharcomo engraxate, na esta-ção de Dumont, em frenteao bar do tio ValentimMestriner, onde serviu a jo-gadores famosos comoTim, Santana e Palito. Maslogo entrou para as indús-trias Paschoal Innecchi, ecom 16 anos já era meio-oficial no Tarozzo: “Eu eracanhoto, e achei que eununca seria um bom ofi-cial de marcenaria. Em1937, fui procurar emprego na An-tarctica. Como já havia engraxadomuito para ”seu” Copesco, entãodiretor geral da Antarctica, na mes-ma hora estava colocado”.

Complementou os primeirosestudos na biblioteca dos pobres,na Mariana Junqueira, tocada porvoluntários, para operários que qui-sessem estudar à noite. O diretorgeral era o Durval Fontes, do Car-tório, uma figura extraordinária, o“seu” Geraldo Curtis...”.

Casou em 1943 e teve seis fi-lhos: Valter, falecido recentemente,

Valério, Vitor, Cecília, Vagner e Val-dir, todos formados: “Aí eu acheique eu devia estudar mais, e foi comsacrifício, depois de velho...”.

Em 1947 entrou na política, ini-cialmente em uma suplência daUDN: “Mas eu era trabalhista...”.Talvez pela afabilidade, simpatia einteresse humano, foi vereador emoito legislaturas, que duraram 34anos.

Mas o que empolga mesmo oser humano José Velloni é a sua par-ticipação em produções cinemato-gráficas. Sua profícua carreira ren-

deu 18 longas metragens,dez deles com o lendárioAmácio Mazzaropi.

“Ah! O cinema... eu sem-pre gostei de teatro”. Nocoreto da Praça Coração deMaria declamava poesias,representava. Passou pelogrupo de Antônio MariaClaret e pelo Teatro EscolaRibeirão Preto, com LimaDuarte e a mãe dele. apeli-dada Dona Pequena. “Mon-távamos uma peça e leváva-mos no Cine Avenida, na Je-rônimo Gonçalves”.

E a paixão pelo cinema olevou ao hoje Cônego Arnal-do, que falou: “Velloni, es-tão fazendo um filme emSanta Rita”. O filme chamou-se “Da terra nasce o ódio”.Uma casualidade em SãoPaulo ligou-o a Mazzaropi,que estava filmando “O Jeca

e a Freira”. “Minha cena era curta,mas exigia um pouquinho de co-nhecimento”. Um médico tem quecomunicar a uma mulher e seus doisfilhos que não tem jeito de salvar ochefe da família. “E eles gostaramda minha atuação”.

Entrando para o elenco de Maz-zaropi, não saiu mais. A paixão pelocinema o faz perceber um futuro sig-nificativo para a atividade em Ri-beirão Preto: “Eu tenho a impres-são que nós vamos virar um centrocinematográfico muito importan-te...”.

Ex-vereador, astro de cinema e, principalmente, gente, o cidadão da Vila estará empalestra na ACI – Vila Tibério no dia 8 de fevereiro, às 15h30, na primeira de umasérie de exibições da Distrital, com o filme Revolta em San Diego, do qual participa

“Vou Sempre na Vila...Não deixo a saudade apertar”

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7Janeiro de 2006 CIDADE

Projeto prevê a transformação do“Maurílio Biagi” em parque de verdade

Um parque cercado, com pistas de atletismo,para pedestres e ciclovia. Espaço para

apresentações culturais, além de sanitários.Segurança e área de alimentação. Estes sãoalguns dos itens de um projeto do vereador

Capela, que agora podem se tornar realidade Capela indica local da pista

Jovens passam correndo, um grupo de senhoras caminha lentamente, protegidas pelas sombras acolhedoras das acácias,crianças brincam de esconde-esconde, um senhor de meia

idade, folheia uma revista, distraidamente, namorados passeiampelas alamedas do Parque Ecológico Maurílio Biagi. Tudo issoque parecia um sonho distante, pode estar próximo.

Se um morador da Vila Tibério, bairro que oferece muito pou-cas opções de lazer, quiser fazer uma caminhada, na Via do Café,por exemplo, além do constante risco de atropelamentos, aindavai respirar o ar carregado de monóxido de carbono.

Com a colocação de uma cerca de alambrado no perímetro doParque Ecológico Maurílio Biagi e a sua estruturação para se tornaruma área de lazer, com instalação de equipamentos para práticasesportivas, este local pode se tornar em uma alternativa, não só paraos moradores da Vila Tibério e bairros adjacentes, mas também docentro da cidade e da Vila Virgínia.

Com a utlização do parque por esportistas, trabalhadores e suas

famílias, a região vai passar por um processo de revitalização.Hoje, uma espécie de cinturão com um enorme vazio urbano

divide a Vila Tibério do centro da Cidade. Este cinturão começaonde está essa grande área verde, que já foi o pátio da estaçãoda Mogiana e hoje é o chamado Parque Ecológico. Estendendo-se para a rodoviária, passando pela Praça Francisco Schmidt,projetando-se pelas ruas que margeiam a antiga fábrica da An-tarctica, indo até os galpões do Antigo Banco Construtor, é fre-qüentado por um universo de pessoas sem ocupação, pedintes,migrantes recém-chegados, tornando-se em um campo fértil paradisseminação das drogas e prática da prostituição.

Preocupado com a segurança dos moradores e objetivando apreservação do patrimônio ambiental, cultural, esportivo e de la-zer, o vereador Antônio Capela Novas, apresentou em maio de2005, um projeto de lei visando a instalação de um parque no localcom todas suas benfeitorias. Agora, no ano do sesquicentenáriode fundação da cidade, isto está próximo de se tornar realidade.

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8 Janeiro de 2006

Se essa rua fosse minha...Santos Dumont – o homem

No ano do centenário do 14 Bis

ESPECIAL

Santos Dumont – a Rua

Curiosidades

O aeroplano veio pela Mogiana, desmonta-do e encaixotado. Foi montado nas oficinas doAntigo Banco Construtor e levado para ocampinho improvisado da chácara do majorQuirino Alves, onde está o poliesportivo doBotafogo. Ali, os mecânicos juntaram as asas.Veio gente de todos os bairros, das pequenascidades da região e das fazendas vizinhas.

O jovem piloto Luiz Bergmann chegou depolainas, casaco militar verde oliva e com o clás-sico par de óculos que se usava até para guiarautomóvel. O pequeno avião, que media 7 me-tros de comprimento por 5 de largura, levantouvôo, fez evoluções e desceu no dia 20 de setem-bro de 1913. Foi um acontecimento jamais es-quecido por quem teve o privilégio de ver o vôodo aparelho, vindo da França.

O escritor tiberense Prisco da Cruz Pratesdescreve o evento em seu livro “Ribeirão Pretode Outrora” da seguinte maneira:

“Os comentários que se ouviam naquelesinstantes eram os mais estapafúrdios. Diziamuns: “este homem é o capeta que está disfarça-do em gente!” Outros confirmavam: “onde jáse viu uma coisa desta, um homem voar comose fosse um passarinho! Ele é mesmo o demô-nio e se não o for, tem parte com ele!”.

O certo é que a multidão ficara estupefatadiante do feito do intrépido jovem, que haviadesaparecido no horizonte! Enquanto isto, de-corriam-se os minutos e todos olhavam na dire-ção que o avião tomara. Após aqueles instantesde incríveis perplexidades para a multidão, eisque, bem longe, começa a aparecer um minús-culo ponto que cada vez mais ia aumentando, elogo ouvia-se nitidamente o barulho do motor.O aparelho voltava, e o povo extasiado anteaquele espetáculo, ao ver a aterrissagem, corre-ra todo para a pista completamente alucinado,e o exímio aeronauta, percebendo a iminênciade um grande desastre, que poderia causar mor-tes e ferimentos e que desvirtuaria por comple-to o êxito de sua arrojada ascensão, retrocedera,indo parar noutro ponto diferente, cuja mano-bra apesar de sua perfeita execução, fê-Io baternum toco, causando um pequeno dano no apa-relho e leves ferimentos no aviador. No momentoo fotógrafo Aristides Mota, bateu diversas fo-tografias que ficaram por muito tempo expos-tas no seu atelier à rua Alvares Cabral.”

O jornalista Antônio Machado Sant’Anna,que foi proprietário do Diário da Manhã, de-

põe sobre o acontecimento para a história:“A Prefeitura mandou roçar um pasto, cor-

tou algumas árvores e fez rudimentar pista nachácara do major Quirino Alves, onde esteve ocampo do Botafogo. A Vila Tibério, de então,tinha umas 50 ou pouco mais de casas. Chãobatido de terra sem calçamento, muito pó e umasérie de chácaras.

Dia de festa, começo da Primavera. A partirda porteira da Mogiana barraquinhas da An-tarctica, de garapeiros, de vendedores de amen-doim, de tremoço, numa policrômica paisagem,onde a poeira era uma constante, cavaleiros,trolis, carroções...

No meio do campo improvisado, guardadopor dois bigodudos soldados da Força Pública,com a sua característica farda azul, com o clás-sico fio vermelho na lateral das calças, estava amaravilha que era devorada pelos olhos gulososde todo mundo e muito mais pelos nossos, me-nino de oito anos.

Cerca das 15 horas, chegou de carro desco-berto, uma “Overland” vermelha, com lanter-nas enormes, de carbureto, breque do lado defora, assim como o câmbio, o personagem quefoi logo rodeado. Era louro, magro, alto, de olhosazuis, usava boné, casaco verde oliva fechadoaté o pescoço, polainas.

Luiz Bergmann, brasileiro filho de alemães,foi ao centro, fez acionar a hélice pelo mecânicoque o acompanhava, pôs um capacete no lugardo boné, óculos grandes e quando o motor foiligado, funcionando, houve debandada. Todomundo correu, pensando que ia explodir, poissaiu uma fumaceira. De cada lado da asa, trêshomens segurando. Ergueu o braço direito comose dissesse: “Larga”. Os homens afastaram-serapidamente e o aviãozinho, de duas asas du-plas, transparentes, de cinco metros de compri-mento, correu, levantou vôo, circunscreveu ocampo sob os olhares angustiados de muitos,surpresos de outros, com os gritinhos femini-nos, foi até o fundo, para a tomada de campo,mas não desceu. O fotógrafo da cidade, Aristi-des Mota, subira numa escadinha, bem no meioda pista para fotografar e filmar o acontecimen-to. Dali foi retirado pelo prefeito, o médicobaiano dr. Joaquim Macedo Bittencourt. Maisuma graciosa volta e o avionete desceu, como sefora uma garça. Hurrahs, gritos de admiração e opovo cerca o aparelho, sendo Luiz Bergmanncarregado...”.

Foi naVila Tibérioque voouo 1º aviãoemRibeirãoPreto

A Fábrica de Brinquedos Urubatan, fun-dada por Domingos Alói, era uma referênciada Vila Tibério. Tinha também a farmácia doChiquinho, os armazéns dos Del Lama e o doMané Moreno, o bar do sr. Wilson, do Vitor e

Alberto Santos Dumont nasceu em 1873em Cabangu – MG, filho de fazendei-ros. Seu pai, Henrique Dumont,

veio com a família para Ribeirão Pretoem 1879, época em que na região seiniciava o ciclo do café, propiciandomuita riqueza aos proprietários de terras.Henrique Dumont adquiriu a Fazenda Ari-canduva, com os primeiros cem milpés plantados, que logo transfor-mou na Cia. Agrícola Dumont,elevando inicialmente o núme-ro de pés para 1,7 milhão, atéatingir 5,7 milhões de cafeei-ros, então a maior plantaçãodo mundo, a 15 quilômetrosde Ribeirão Preto.

O menino Alberto, entãocom 6 anos, aprendeu as pri-meiras letras em sua própriacasa, e já brincava com máquinas, especialmenteas de estrada de ferro, cujos trilhos cortavam todaa fazenda, reduzindo o custo da colheita.

Entre 1879 e 1892 Alberto permaneceu emRibeirão Preto, e já fazia experiências. Aos 8 anossoltou um papagaio gigantesco, de 2,5 metros dealtura por 1,80 de largura, elevando aos ares umgato, que pode ter sido o primeiro registro de umanimal a voar...

Depois foi para Campinas e São Paulo, conti-nuar seus estudos. Nos períodos de férias regres-sava à fazenda, e então punha em polvorosa aoficina mecânica. Mexia em tudo, nas mínimascoisas. Aboletava-se nas locomotivas executandomanobras, e fazia as máquinas correrem. Em 1891foi estudar Engenharia Mecânica em Paris, e já em

1897 realizou sua primeira ascensão num ba-lão. Daí, decidiu ser aeronauta.

Construindo balões dirigíveis, SantosDumont e sua equipe foram se aprimo-rando. Atividade de risco, que eventu-

almente incluía acidentes, principalmen-te na hora de pousar. Certa vez, caiu na água

e quase morreu afogado.Empresários americanos e europeus jáse interessavam por essas invenções,

tanto que em 1906 o Aeroclube daFrança e um empresário americano,Ernst Archdeacon, instituíram umprêmio ao aeronauta que conseguis-se levantar uma máquina do chãopor seus próprios meios. Em 23 deoutubro de 1906 o “14 Bis” voouem público pela primeira vez. San-tos Dumont ganhou os dois prê-mios, que dividiu entre sua equipe.

Do “14 Bis”, os projetos evoluíram para o“Demoiselle”, protótipo que foi considerado pa-drão de quase todos os aviões mais tarde cons-truídos. Apesar de toda a fama que o invento lhetrouxe, Santos Dumont ficou perturbado com aPrimeira Grande Guerra Mundial e com o uso deaeronaves como armas.

Em seu regresso para o Brasil, quando o naviose aproximava do Rio de Janeiro, um avião batiza-do com o seu nome e conduzindo uma comissãopara dar-lhe boas-vindas caiu no mar, matandotoda a tripulação.

A seqüência de acontecimentos trágicos aba-lou ainda mais a saúde de Santos Dumont, que em1932 acabou suicidando-se em um hotel noGuarujá.

depois do Cláudio. Na Toca da Pantera aindahoje se reúnem botafoguenses históricos querelembram um passado glorioso, não tão dis-tante. E a sapataria do seu Pedro, funcionan-do há mais de 40 anos no local.