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Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais Alto Risco Agosto de 2014 1 Alt Risco Jornal da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais Instituição de Utilidade Pública Director: Filomena Barros Nº.146 - ano 13 Janeiro de 2011 Publicação Mensal Preço: €0,50 (iva incluído) Jornal da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais Instituição de Utilidade Pública Diretor: Filomena Barros Nº.177 - ano 16 Agosto de 2014 Publicação Mensal Preço: €0,50 (iva incluído) Alt Risco 11 de Setembro Dia Nacional do Bombeiro Profissional em Braga ANBP atribui Medalha de Mérito ao Presidente Ricardo Rio pág.12 Arcebispo de Braga em entrevista pág.14 Sapadores de Setúbal em greve até ao Ano Novo Destaque

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Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros ProfissionaisAlto Risco

Agosto de 2014 1

Alt RiscoJornal da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais Instituição de Utilidade Pública

Director: Filomena Barros Nº.146 - ano 13 Janeiro de 2011 Publicação Mensal Preço: €0,50 (iva incluído)Jornal da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais Instituição de Utilidade Pública

Diretor: Filomena Barros Nº.177 - ano 16 Agosto de 2014 Publicação Mensal Preço: €0,50 (iva incluído)

Alt Risco11 de SetembroDia Nacional do Bombeiro Profissional em Braga

ANBP atribui Medalha de Mérito ao Presidente Ricardo Rio

pág.12

Arcebispo de Braga em entrevista

pág.14

Sapadores de Setúbal em greve até ao Ano Novo

Destaque

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Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros ProfissionaisAlto RiscoAgosto de 20142 Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais

Alto RiscoAgosto de 2014 3

editorialPor Fernando Curto, Presidente da ANBP

Foto

AN

BP

ficha técnica Alto RiscoJornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais

Instituição de Utilidade Pública cupão de assinatura

DiretorFilomena Barros

Diretor-AdjuntoSérgio Carvalho

RedaçãoCátia GodinhoMIguel Marques

FotografiaGab. Audiovisual ANBP

GrafismoJoão B. Gonçalves

PaginaçãoJoão B. Gonçalves

PublicidadePaulo Bandarra

ImpressãoGráfica Funchalense

PropriedadeAssociação Nacional de Bombeiros ProfissionaisAv. D. Carlos I, 89, r/c 1200 LisboaTel.: 21 394 20 80

Tiragem25 000 exemplares

registo n.º 117 011Dep. Legal n.º 68 848/93

Nome:

Morada:

Código Postal:Profissão:Telefone: Tlm.: Email:

Assinatura Anual do Jornal Alto Risco: 8 euros | Despesas de envio: 2 euros | Total: 10 eurosEnviar Cheque ou Vale de Correio para:Associação Nacional de Bombeiros Profissionais - Av. Dom Carlos I, 89, r/c - 1200 Lisboa

Posto de Vigia

Menos

O Secretário de Estado da Administração Interna assumiu que o Governo definiu como prioridade no combate aos in-cêndios a segurança das forças, através da formação e do treino operacional. Duas bandeiras há muito defendidas pela Asso-ciação Nacional de Bombeiros Profissionais e pelo Sindicato Nacional de Bombeiros Profis-sionais.

De acordo com o relatório do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, en-tre 1 de janeiro e 15 de agosto ardeu menos 80% da área em relação à mesma fase em 2013.

A cidade de Braga vai rece-ber no dia 11 de setembro o Dia Nacional do Bombeiro Pro-fissional. É a primeira vez que uma cidade do Norte do país é a anfitriã desta homenagem aos bombeiros profissionais.

Os avisos feitos em relação à perigosidade das arribas nas praias do Algarve continuam a ser ignorados pelos verane-antes que ocupam zonas de risco.

A explosão de uma botija de gás num parque de campismo em São Pedro do Sul levanta várias questões sobre a segu-rança deste tipo de utensílios. Sete pessoas ficaram feridas.

Consulte o nosso site em www.anbp.pt e o

nosso Facebook

Este jornal está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico

Mais

sindicatoPor Sérgio Carvalho, Presidente do SNBP

dirigentes anbp/snbp

Nome: Ricardo MouratoProfissão: BM 2ª classe BSFaroCargo: Secretariado Regional de Faro

Nome: Rui FilipeProfissão: Sapador Bombeiro BSB PortoCargo: Secretariado Regional do Norte

Nome: Márcia VieiraProfissão: B. M. de 3ª Classe Bombeiros Municipais do FunchalCargo: Secretariado Regional da Madeira

Nome: João CastanheiraProfissão: Bombeiro 1ª classe A.H.B.V. AmadoraCargo: Delegado SNBP

Nome: David CarragosoProfissão: B.M. 3ª Classe Bombeiros Municipais de ViseuCargo: Delegado

Nome: Rui AbreuProfissão: B.M. 2ª classe Bombeiros Municipais do FunchalCargo: Suplente Secretariado Regional da Madeira

Dia Nacional do Bombeiro Profissional

Os bombeiros pro-fissionais de todo o país vão mais uma vez assina-lar a sua data no

próximo dia 11 de setembro. A cidade de Braga é a anfitriã de-sta homenagem e vai receber, na Praça do Pópulo, três cente-nas de bombeiros que vão inte-grar a formatura.

Nesta cerimónia dedicada aos bombeiros profissionais unem-se bombeiros sapadores e municipais, bombeiros pro-fissionais das associações hu-manitárias, bombeiros priva-

tivos e bombeiros da Força Especial de Bombeiros, todos juntos na celebração do seu dia e na lembrança de todos os que morrem no exercício das suas funções, no socorro ao próximo.

O facto desta 7ª edição se realizar em Braga reveste-se, também, de algum simbolismo, uma vez que este foi um ano em que, após muito esforço e diálogo com a Câmara Munici-pal de Braga, foi possível um entendimento para melhorar o funcionamento da Companhia Bombeiros Sapadores de Braga.

E isso só foi possível graças ao atual executivo, liderado pelo Dr. Ricardo Rio e coadjuvado, na área da proteção civil, pelo Dr. Firmino Marques.

No nosso dia contamos com a presença do Secretário de Es-tado da Administração Interna, Dr. João Pinho de Almeida e do Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga que aceitou fazer a lei-tura de homenagem durante a cerimónia, o que muito nos honrou. Nesta edição do jornal Alto Risco tivemos o privilégio de conversar com Sua Rever-endíssima, que elegeu “Bom-

beiro” como a palavra do ano.É um dia que pretende dig-

nificar a classe, honrar a pro-fissão e lembrar a todos os ci-dadãos, políticos e órgãos de decisão a importância que os bombeiros assumem na vida das populações, na defesa das suas vidas e bens. É tam-bém uma data para lembrar as dificuldades de homens e mul-heres que lutam pelo recon-hecimento das suas carreiras e por melhores condições de vida e de trabalho. O dia 11 de setembro é, sobretudo, um dia de união de toda a classe!

Estatuto ProfissionalO seu a seu dono

É com grande ex-pectativa que aguardamos o documento da Associação Na-cional de Mu-nicípios Portu-

gueses, referente ao Estatuto dos Bombeiros Profissionais, uma vez que há já vários anos que é uma ambição dos bom-beiros. A proposta de ANBP/SNBP é pública e bem clara. A proposta produzida pelo Ministério da Administração Interna, no âmbito do grupo de trabalho, também vai de encontro às nossas reivin-dicações, ficando neste mo-mento apenas dependentes da Associação Nacional de Municípios Portugueses. Ao longo dos anos, quer os au-tarcas com bombeiros profis-sionais, quer os comandantes, têm reclamado publicamente melhores condições para os bombeiros, financiamento para as corporações e um es-tatuto único que dignifique a carreira, já que é inaceitável um bombeiro auferir 550 euros de vencimento, mais concretamente no caso dos bombeiros municipais. Esta carreira já devia ter sido ex-tinta em 2002, situação que na altura considerámos um erro histórico e que mais tarde iria trazer injustiças, uma vez que nesse ano já todos devía-mos ser sapadores. Desta vez,

mantemos a esperança que a passagem a sapadores, que é a nossa posição como car-reira única para todos os bom-beiros, seja uma realidade e que todos os bombeiros pos-sam auferir um vencimento digno, tendo como referência, sempre, o vencimento dos bombeiros sapadores. No entanto, temos o reverso da medalha. Aqueles que defendem publicamente os trabalhadores e um estatuto profissional digno e que de-pois, no âmbito dos grupos de trabalho e onde as coi-sas, efetivamente, se podem mudar, querem arrasar esta profissão, pagar vencimentos miseráveis e surreais num país europeu, como Portugal, e ao mesmo tempo ajustar o estatuto às suas capelinhas. Defendemos um estatuto igual para todos e que fique bem claro que iremos dizer pelos nomes quem são, ou quem foram, os autarcas e /ou comandantes que defend-eram um estatuto miserável para os bombeiros profission-ais. Se mais uma vez for apre-sentado um documento que em nada dignifique os bom-beiros profissionais a exemplo do anterior anteprojeto que a ANMP apresentou (através de um grupo de trabalho com comandantes e vereadores al-tamente credenciados em leg-islar e opinar sobre uma car-

reira que não é a deles), e que estava desfasado da realidade dos bombeiros profissionais, do socorro nacional, da re-alidade da orgânica dos cor-pos de bombeiros sapadores e municipais, tendo apenas por base uma visão economi-cista e terceiro mundista deste setor tão importante, nós os bombeiros não ficaremos qui-etos. Cabe a todos nós, sapa-dores e municipais, estarmos atentos ao evoluir de toda a negociação e prepararmos a qualquer momento para ir para a luta. Vamos denunciar todos aqueles que defendem a redução de vencimentos, o acabar com a carreira dos bombeiros sapadores, apenas preocupando-se, em alguns casos, com a estrutura de comando e em como vai ser organizada e na questão dos vencimentos onde nos colo-cam nas profissões nacionais mais mal remuneradas do nosso país.Não vamos aceitar lágrimas de crocodilo. Os bombeiros vão ter de saber quem dá e quem fez qualquer proposta que altere as linhas gerais do projeto apresentado por ANBP/SNBP, legítimos repre-sentantes dos bombeiros pro-fissionais portugueses.O projeto que ANBP/SNBP defende neste momento é só um e fomos nós que apresen-támos.

u Dia do Bombeiro Profissional edição de 2013, em Leiria

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Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros ProfissionaisAlto RiscoAgosto de 20144 Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais

Alto RiscoAgosto de 2014 5

notícias breves

Bombeiros testam botas resistentes a altas temperaturas

Mulheres presas por fogo negligente em mato

GNR identificou suspeitos de incêndio

O s bombeiros sapa-dores de Coimbra, os municipais da Lousã e os volun-

tários de Coimbra, Cantan-hede e Castanheira de Pera vão ser as primeiras corpo-rações de bombeiros a testar nos incêndios florestais um novo tipo de botas, desen-volvidas por uma empresa portuguesa.

A empresa Lavoro está a testar um protótipo de botas que resistem a condições té-rmicas extremas, destinadas

Duas mulheres foram deti-das pela GNR, em Resende, por suspeita de terem ateado um incêndio, a 19 de agosto. As duas mulheres, de 35 e 49 anos, terão perdido o contro-lo a uma fogueira e as chamas

A GNR identificou dois indivíduos alegadamente res-ponsáveis por dois incêndios no dia 20 de agosto. O pri-meiro destrui cerca de cinco

Um bombeiro de 36 anos ficou ferido a 20 de agosto no combate a um incêndio flores-tal, no concelho do Bombarral. O homem, pertencente à cor-poração de Bombeiros Volun-

Um homem de 37 anos foi identificado, a 20 de agosto, como alegado autor de um in-cêndio florestal ocorrido três dias antes, em Mangualde. De acordo com a GNR, “o in-cêndio ocorreu devido ao pro-

aos bombeiros que comba-tem fogos florestais. Cada bombeiro recebeu um par de botas a utilizar no período de incêndios de 2014. De acordo com fonte dos Sapadores de Coimbra, um elemento desta corporação está a testar es-tas botas em cenário real.

Depois de vários tes-tes efetuados pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF), as botas em causa revelaram-se efi-cazes no que diz respeito à resistência a altos impactos

António Costa quer alteração na lei para promoções no RSB

António Costa defendeu a al-teração da legis-lação de ma-neira a que os elementos do

RSB sejam promovidos para receberem de acordo com as funções que desempenham. O autarca de Lisboa informou ter “insistido junto do Go-verno” para resolver a falta de progressão na carreira de vári-os profissionais do Regimento.

O edil indicou que a situa-ção pode ser explicada devido “à grande pressão feita pelo Estado para precipitar a pas-sagem à reforma de pessoas mais antigas”, o que levou a uma “enorme perda de qua-

dros com qualificação de che-fes”. “Várias funções próprias de chefes estão a ser exercidas por bombeiros que continuam a auferir vencimentos da ca-tegoria anterior”, referiu.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa consi-derou ainda ser “essencial as-segurar a cadeia de comando do regimento,”, pelo que é necessário ultrapassar “a limi-tação legal para não fragilizar a cadeia de comando”.

Estas declarações sur-giram à margem da entrega simbólica de 370 equipamen-tos de proteção individual aos bombeiros do Regimento Sa-padores Bombeiros de Lisboa, a 18 de agosto. Os equipamen-

tos foram atribuídos aos bom-beiros das seis companhias do RSB (cinco operacionais e uma de comando e serviços).

António Costa atribuiu à “conflitualidade jurídica entre os concorrentes do sector” o atraso na entrega dos equipamentos.

O comandante Pedro Patrí-cio admitiu que os novos e-quipamentos servem para “colmatar os que estão em pior estado” e que foi iniciado o procedimento para adquirir mais material, como botas e capacetes.

“O ideal seria cada bom-beiro receber um novo (e-quipamento) e a cada três ou quatro anos ser renovado”, admitiu o responsável.

térmicos. Permitem que se caminhe sobre material in-candescente e estão a ser testadas no período de in-cêndios deste verão.

Durante o trabalho de ataque aos incêndios, a Asso-ciação para o Desenvolvim-ento da Aerodinâmica Indus-trial (ADAI) vai acompanhar e monitorizar as condições de utilização dos protótipos. O estudo pretende aperfeiçoar e melhorar a resistência das botas ao combate a incêndios em situações extremas.

depressa alastraram ao mato. O incêndio foi dominado no espaço de uma hora. No com-bate às chamas estiveram 27 bombeiros, apoiados por dois meios aéreos. Ardeu meio hectare de eucaliptos.

mil m2 de pinhal e sobreiro no Cartaxo. O segundo, em Mouriscas (Abrantes), foi causado por um homem que usava um maçarico.

tários do Bombarral, progredia no terreno acidentado quando sofreu uma queda e fraturou uma perna. Foi transportado e assistido no hospital das Cal-das da Rainha.

cedimento de fumigação que estava a ser realizado”, o que durante o período crítico de incêndios florestais só é per-mitido se os “fumigadores esti-veram equipados com disposi-tivos de retenção de faúlhas”.

Câmara do Sardoal investe na segurança dos Bombeiros Municipais

A Câmara Municipal do Sardoal ofereceu nove abrigos de incêndio florestal aos bom-beiros municipais da sede de concelho, no valor de 10 mil euros, revelou a autarquia no seu website.

Os também conhecidos fire-shelter permitem proteger os bombeiros do calor irradiado em caso de emergência, nome-adamente, em situações em que fiquem cercados pelas chamas.

Apesar de já terem sido

entregues 47 fatos de proteção à Corporação no âmbito do protocolo estabelecido entre a Comunidade Intermunicipal Médio Tejo, Autoridade Na-cional de Proteção Civil e esta autarquia, não eram suficien-tes para equipar a totalidade dos bombeiros. Assim, a câ-mara do Sardoal tem em cur-so os processos para adquirir mais 18 fatos e botas, que vão permitir equipar todo o Corpo de Bombeiros.

CIM de Coimbra entregou equipamentos em Agosto

Banhos solidários chegam aos bombeiros

Incêndio florestal na Sertã

Bombeiros abdicaram de subsídio para adquirirem equipamento

A Comunidade Intermunici-pal da Região de Coimbra en-tregou, em Agosto, equipamen-tos de proteção individual aos Bombeiros Voluntários de Mon-temor-o-Velho e de Mortágua. A cedência dos EPI resultou da candidatura para aquisição de equipamentos de combate aos

Numa altura em que os ban-hos solidários invadem as pági-nas do YouTube e do facebook, os banhos gelados chegaram também aos bombeiros. A cor-poração de bombeiros voluntári-os de Algueirão- Mem Martins lançou o desafio a Pampilhosa

Apesar de atípico no que diz respeito ao número de in-cêndios, o mês de agosto ter-minou com um grande incên-dio florestal na Sertã, a 31 de agosto. Mais de 200 bombeiros combateram as chamas na lo-

Os bombeiros da corporação de Nelas abdicaram de receber a compensação a que têm di-reito pela sua participação no Dispositivo de Combate a In-cêndios (DCI), para a aquisição de Equipamento de Proteção In-dividual (EPI).

“Os nossos bombeiros ab-dicaram do valor que iriam receber por participarem no DCI para adquirirem os EPI e, desta forma, estarmos prepara-dos nesta época de incêndios florestais”, refere Filipe Gui-lherme, comandante dos Bom-

incêndios na região de Coimbra.Foram entregues 46 equipa-

mentos, compostos por calças, dólmens e capacetes. Está ainda em curso o procedimento para a abertura de um concurso com o objetivo de adquirir botas e lu-vas para as várias corporações do distrito.

da Serra que aceitou e “tomou banho” a 31 de agosto.

A iniciativa tem como ob-jetivo angariar fundos para e-quipamentos de proteção para os bombeiros e alertar para as necessidades sentidas pelas cor-porações.

calidade de Maxial da Estrada, auxiliados por 68 viaturas, um helicóptero e quatro aviões. Já no dia anterior, a 30 de agosto, cerca de dois mil bombeiros combateram 85 incêndios flo-restais no país.

beiros de Nelas, ao Alto Risco.Este responsável sublinha

que este equipamento, que teve um custo total de seis mil euros, “foi recebido em junho, mas a decisão de o adquirir de-sta forma é do início do ano”. Não é a primeira vez que os 70 elementos dos bombeiros de Nelas tomam uma iniciativa semelhante. “Os capacetes já tinham sido adquiridos” com recurso a meios próprios dos bombeiros.

Os EPI adquiridos pelos bom-beiros de Nelas foram fabrica-

dos por uma empresa nacional, cujo critério mais importante foi o fato deste equipamento “estar certificado para o combate aos incêndios florestais”, afirma Filipe Guilherme.

Recorde-se que, na sequên-cia da morte de oito bom-beiros nos incêndios florestais do ano passado, o Governo assegurou que iria custear os equipamentos de proteção in-dividual dos bombeiros. Mas, até agora, esses equipamentos ainda não chegaram a todas as corporações.

notíciasBombeiro ferido no Bombarral

Homem detido por suspeita de incêndio em Mangualde

lA 26 de maio de 2014, ANBP/SNBP enviaram um ofício ao vereador da proteção civil, Carlos Manuel Castro com pedido de reunião com carácter de urgência para fazer o ponto de situação da entrega destes EPI, prevista para esse mesmo dia.

lNo Dia da Unidade, celebrado a 19 de maio, o comandante do RSB, Pedro Patrício referia no seu discurso a “debilidade de re-cursos humanos que o RSB atualmente en-frenta, ambicionando por mais sangue novo nos quartéis e pelas oportunidades de pro-gressão de carreira”.

Ponto e vírgula

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Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros ProfissionaisAlto RiscoAgosto de 20146 Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais

Alto RiscoAgosto de 2014 7

entrevista

“Câmaras com bombeiros municipais deveriam usufruir de uma compensação financeira autónoma no Orçamentos de Estado”

Quais as principais prio-ridades da Câmara Munici-pal no âmbito da proteção civil?

Elaboração e aprovação do Plano Municipal de Emergên-cia e Cartas de Riscos.

Qual o investimento pre-

visto pela autarquia em 2014 para a proteção civil?

120 mil euros na aquisição de equipamento de proteção individual e viatura pronto socorro ligeira ou ambulân-cia, ao abrigo de contrato-programa com o Governo Re-gional da Madeira e Serviço Regional de Proteção Civil.

nas zonas mais vulneráveis e coordenação com as Juntas de Freguesia do concelho de Santa Cruz. Entretanto, em colaboração com a Direcção Regional de Florestas serão feitos corredores de seguran-ça junto às habitações vul-neráveis a fogos.

De que forma é que en-

cara a não aplicação pelo Governo Regional da lei que possibilita a passagem dos bombeiros municipais a sapadores, tendo em conta que esta norma legal já é aplicada no Continente?

Estamos a aguardar infor-mações relacionadas com essa temática, inclusivamente so-licitações de parecer da Assem-bleia Legislativa da Madeira.

Como encara o financia-

mento das autarquias com bombeiros profissionais? Considera que deveria haver uma revisão?

Considero que os mu-

Os bombeiros vão ser

apetrechados com novos e-quipamentos? Está prevista uma nova recruta?

Sim, os já descritos no ponto nº 2. (Quanto à nova recruta) Sim, estamos a aguar-dar parecer e autorizações ex-ternas.

A fase Charlie, que se ini-

ciou a 1 de Julho, é a mais crítica no âmbito dos incên-dios florestais. Quais as me-didas tomadas pela autar-quia nesta fase?

Desde o dia 1 de junho de 2014, rondas de vigilância

nicípios que detêm corpora-ções de bombeiros munici-pais deveriam usufruir de uma compensação financeira autónoma inscrita no orça-mento de Estado.

A Câmara Municipal

de Santa Cruz assinou re-centemente um ACEEP com ANBP/SNBP. Que mais val-ias é que este acordo trouxe para a organização dos bom-beiros?

Ainda não existe reflexos na medida em que o Governo Regional não assinou para depósito e publicação esse importante documento.

Qual tem sido o feedback

da corporação de bombeiros municipais?

É um trabalho meritório que honra todos os santacru-zenses. É claro que podem existir defeitos como em tudo mas, o empenho e dedicação destes “soldados da paz” é exemplar.

Entrevista ao presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, na Região Autónoma da Madeira, Filipe de Sousa, ao jornal Alto Risco, onde sublinha as principais prioridades do seu executivo na área da proteção civil e bombeiros. Fala ainda do financiamento autárquico aos bombeiros profissionais e das compensações que as câmaras com corpos de bombeiros municipais deveriam receber.

Filipe Martiniano Martins de Sousa Nasceu a 16 de outubro de 1964. Estudou no Liceu Jaime Moniz até

ao 12º ano, na área desporto. Aos 16 anos, ingressou na Força Aérea como voluntário, porque a ambição era ser piloto, sonho que nunca concretizou. Na política entrou em 1997 para o PS, foi presidente de junta de Gaula, depois foi deputado na ALM de 2000 a 2007. Sai do PS em 2008, e forma o Movimento Juntos pelo Povo em 2009, com o qual viria a ganhar as eleições autárquicas em Setembro de 2013.

Filipe de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz

Pub

A Associação Nacional de Bom-beiros Profissionais e o Sindicato Na-cional de Bombeiros Profissionais assi-naram o Acordo Coletivo para Entidade Empregadora Pública com a Câmara Municipal de Santa Cruz, no dia 8 de maio. O documento salvaguarda a ma-nutenção das 35 horas de trabalho se-manais. De acordo com ANBP/SNBP a

assinatura deste documento representa uma salvaguarda para os bombeiros Municipais de Santa Cruz, garantindo uma melhor operacionalidade e respos-ta ao socorro da população.

A corporação dos Bombeiros Muni-cipais de Santa Cruz celebrou, este ano, 82 anos de vida. Tem no seu quadro cerca de 60 efetivos.

ACEEP assinado em maio

lA corporação de Bombeiros Municipais de Santa Cruz celebra este ano 82 anos. Tem atualmente 59 elementos no quadro ativo, mas a média de idades está nos 40 anos. De acordo com fonte dos municipais, há 15 anos que não é feita uma recruta para este corpo de bombeiros. Outra das carências prende-se com a falta de equipamentos para os incêndios florestais, embora seja reconhecido o esforço que o presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz tem feito para colmatar este problema. Apesar de estarem “bem equipados” ao nível de veículos de primeira interven-ção, é reconhecida a carência de ambulâncias na corporação, uma vez que algumas já são muito antigas.

Sabia que...

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Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros ProfissionaisAlto RiscoAgosto de 20148 Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais

Alto RiscoAgosto de 2014 9PubPub

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Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros ProfissionaisAlto RiscoAgosto de 201410 Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais

Alto RiscoAgosto de 2014 11

breves

200 operacionais em incêndio em Valpaços

PJ identifica rapaz de 13 anos como incendiário

Um incêndio em Valpaços, Vila Real, mobilizou mais de 200 operacionais. As chamas deflagraram na madrugada de 19 agosto, tendo sido extintas na manhã do dia seguinte, de-

Um rapaz de 13 anos é suspeito de ter ateado pelo menos sete dos 12 incêndios no Verão de 2013, no conce-lho da Covilhã. O anúncio foi feito pela Polícia Judiciária, a 22 de agosto. O anúncio foi feito a 22 de agosto pela Polí-cia Judiciária. Os incêndios, ocorridos nas localidades de Tortosendo, Telhado, Vales do Rio, Dominguizo, Paul e Barco, “percorreram várias

Um incêndio atingiu uma fábrica de transformação de madeira em Alcácer do Sal, a 20 de agosto. As chamas

Um violento incêndio, a 13 de agosto, causou grandes estragos numa fábrica de processamento de algodão, Felpinter, em São Martinho

pois do acionamento de um helicóptero. O vento não aju-dou ao combate às chamas, que foram também combati-das por um helicóptero. Terão ardido cerca de 600 hectares.

centenas de hectares de ter-renos povoados por pinhal, olival, espécies frutícolas e mato” e destruíram “várias instalações e maquinaria de natureza agrícola, num prejuízo global imediato de várias centenas de milhar de euros”. Segundo a PJ, “foram colocados em grave perigo diversos núcleos habitacio-nais das mencionadas locali-dades”

foram confinadas a uma área da empresa e extintas três horas depois de terem defla-grado.

do Campo, Santo Tirso. Um bombeiro ficou ferido no combate às chamas. O incên-dio demorou cinco horas a ser extinto.

Incêndio em fábrica de Alcácer do Sal

Chamas destroem fábrica e ferem bombeiro

notícias notícias

Helicópteros Kamov custaram milhões mesmo sem levantar voo

O Estado terá pago cerca de 22 mil-hões de euros por horas de voo dos helicópteros Ka-

mov que nunca aconteceram, revela um relatório dos juízes do Tribunal de Contas.

Nas conclusões apresenta-das pelo relatório, os juízes do Tribunal de Contas (TdC) cen-suram a atuação do ex-subse-cretário de Estado da Adminis-tração Interna no Governo de José Socrátes, Rocha Andrade, quanto à utilização dos he-licópteros Kamov.

O negócio dos helicópteros Kamov verificou-se em 2006,

quando o então ministro da Administração Interna, An-tónio Costa, optou por ad-quirir meios aéreos próprios do Estado para o combate aos incêndios florestais, sendo o objetivo poupar, sem recorrer ao aluguer. Mas a Heliportu-gal, a empresa escolhida para trazer os seis Kamov da Rússia por 42,1 milhões de euros, não entregou os helicópteros no prazo acordado, o que obrigou a gastos com a contratação de aeronaves adicionais.

Os juízes do TdC consi-deram que o Estado “aligeir-ou” o contrato, não tendo exigido da empresa o cumpri-

mento integral do acordado. Pelo contrário, o Estado terá mesmo acabado por flexibi-lizar, em julho de 2007, as condições de entrega, além de ter antecipado o pagamento, numa altura em que os meios aéreos já estavam atrasados em relação ao contrato. Os juízes escrevem mesmo nas suas conclusões que o gover-no não acautelou “o interesse público”.

Segundo o TdC, a multa que a Heliportugal teve de pagar pelo atraso, na ordem dos 2,5 milhões de euros, foi apenas 14,9% do valor total que o executivo poderia ter reclamado.

Bombeiros voluntários da Madeira e Açores vão ter apoio médico

O Governo, através do Minis-tério da Administração Interna, divulgou que os bombeiros voluntários das corporações da Madeira e dos Açores vão pas-sar a beneficiar do programa de “Vigilância Médica da Saúde”.

Numa curta nota de impren-sa publicada em 13 de agosto, o MAI salienta que “o Governo determinou a extensão do di-

reito à Vigilância Médica da Saúde aos bombeiros voluntári-os das regiões autónomas dos Açores e da Madeira”.

Salienta este comunicado que “em Março de 2013 tinha sido já assegurado o direito dos bombeiros voluntários à vigilância médica através da realização das inspeções médi-co- sanitárias periódicas, vigo-

rando, desde então, para todos os bombeiros das corporações de Portugal continental”.

Assegura ainda que “o custo da vigilância médica é supor-tado pelo Ministério da Ad-ministração Interna através da transferência das verbas cor-respondentes para o Fundo de Proteção Social do Bombeiro”, conclui.

D.R

.

Braga recebe 11 de setembroOs Bombeiros Sapadores

de Braga e o presidente da autarquia, Ricardo Rio, são os anfitriões da 7ª edição do Dia Nacional do Bombeiro Pro-fissional, assinalado a 11 de setembro. A cerimónia vai ter lugar na Praça do Pópulo e vai contar com uma formatura de cerca de 300 bombeiros pro-fissionais de todo o país.

A cerimónia vai ser pre-sidida pelo Secretário de Es-tado da Administração Inter-na, João Pinho de Almeida.

A leitura de homenagem aos bombeiros falecidos em combate vai ser feita pelo Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga (ver entrevista).

Novo quartel para Sapadores de BragaA Câmara Municipal de

Braga pretende lançar, até ao final do ano, uma nova candidatura a financia-mento para a construção do novo quartel dos Bombeiros Sapadores de Braga. O pro-jeto, já concretizado, inclui um investimento de cerca de um milhão de euros. A sua concretização aguarda apenas que a candidatura apresentada pela autarquia ao QREN (Quadro de Refer-ência Estratégico Nacional) seja aceite. O novo quar-tel deverá localizar-se no Parque Norte, na freguesia

de Dume.O anúncio foi feito pelo

presidente da autarquia, Ricar-do Rio, durante as comemora-ções dos 215 anos de existên-cia da Companhia Bombeiros Sapadores de Braga, assinala-dos a 31 de agosto.

Quanto ao novo coman-dante, o edil avançou que de-verá ser conhecido em mea-dos de outubro. Recorde-se que o concurso para coman-dante lançado em abril foi impugnado, quando conhe-cido o candidato seleciona-do, Nuno Coroado. O presi-dente Ricardo Rio avançou que o concurso segue agora “os trâmites normais”.

lA CBS Braga foi fundada em finais do século XVIII por iniciativa do Arcebispo Primaz de Braga, D. Gaspar de Bragança. D. João VI autorizou a constituição da então “compan-hia de Bomba”, com uma guarnição de 100 homens, através de uma carta régia de 31 de agosto de 1799.A partir desta data comemora-se a fundação da Companhia Bombeiros Sapadores de Braga.

Ponto e vírgula

aniversário Braga

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Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros ProfissionaisAlto RiscoAgosto de 201412 Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais

Alto RiscoAgosto de 2014 13

entrevista

“A homenagem é um ato de justiça”

Como encara a realização desta homenagem – Dia Na-cional do Bombeiro Profis-sional – na cidade de Braga?

Foi com grande satisfa-ção que tomei conhecimento da realização desta home-nagem na cidade de Braga. Ao longo dos últimos anos visitei diversas corporações de bombeiros – voluntários e profissionais – em todo o distrito de Braga. Na minha mensagem de Ano Novo ele-gi o Bombeiro como a figura do ano. Pesava ainda no no-sso espírito a morte dos oito bombeiros que morreram a combater heroicamente os fo-gos de Verão. Não podia ficar indiferente perante a bravura de quem defende altruistica-mente a vida das pessoas e os

texto da comunidade braca-rense?

Os bombeiros são as pes-soas em quem os bracarenses confiam a sua vida. Sabem que podem dormir descansa-dos. Recentemente a Câmara Municipal de Braga estabele-ceu, por exemplo, um acordo com os bombeiros sapadores, o que permitiu um serviço permanente de 24h e 7 dias por semana. Ter a quem recorrer numa hora de aflição não tem preço e os cidadãos reconhecem este valor.

Braga é uma cidade jovem e em 2012 foi, inclusive, Cap-ital Europeia da Juventude. Lembro este facto porque es-tou convencido que dimensão pedagógica faz também parte da missão dos bombeiros, sa-

padores ou voluntários. Os jovens e crianças devem ol-har para os bombeiros e sen-tirem orgulho, sentirem que eles são um exemplo de vida e de cidadania.

Como encarou o convite

da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais para realizar a leitura de homenagem aos bombeiros na cerimónia do dia 11 de Setembro?

Encarei com surpresa e com sentido de responsabi-lidade. Prestar homenagem aos bombeiros falecidos é sempre um momento deli-cado porque envolve afetos, memórias e momentos limite. Mas é precisamente nesses momentos limite, entre a vida e a morte, entre o sen-tido e o sem sentido, que a fé tem algo a dizer. A fé é a resposta – permita-me que o cite – ao poeta Miguel Torga quando ele diz «queria era sentir-me ligado a um des-tino extrabiológico, a uma vida que não acabasse com a última pancada do coração». Enquanto homem de fé, creio que a melhor homenagem que posso prestar a todos os bombeiros e seus familiares é dizer-lhes que a sua vida, os seus gestos, os seus sonhos e suas memórias não termina-ram com a última pancada do coração.

Portugal é todos os anos

assolado pelo flagelo dos in-cêndios. A falta de preven-ção e/ou negligência estão entre as principais causas dos incêndios. Que tipo de ações de sensibilização é que poderiam ser feitas? A Igreja tem ajudado também a alertar a população para a importância da prevenção?

Educação, prevenção, e responsabilização são, no meu entender, as palavras -chave. Curiosamente o Papa Francisco falou este ano, na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, sobre a ne-cessidade de nos educarmos para a salvaguarda da cria-ção, isto é, da natureza e da humanidade. Quem não é capaz de cuidar da natureza também não é capaz de con-viver em fraternidade. Por isso sublinho a importância da educação, que deve acon-tecer desde logo nas escolas, nas associações, na família, na comunicação e também no mundo da cultura. A Igre-

ja tem procurado seguir este caminho, promovendo estra-tégias que visam a educação global do ser humano.

Por outro lado é necessária prevenção e esse é um trabalho das instâncias civis e de cada cidadão. Não se pode desvalo-rizar a necessidade de limpar as matas e espaços envolven-tes às zonas residenciais. Por fim, é também necessário re-sponsabilizar de modo célere quem comete esse género de crime. O vazio da responsabi-lidade é o pior inimigo da edu-cação e da reintegração.

Num contexto de crise

económica e social que é transversal a todo o país, como avalia o papel des-empenhado pela Igreja no apoio à população?

Nesse aspeto tenho de ser frontal. A Igreja tem sido fundamental na ajuda à

população que passa por dificuldades reais e graves. Estou a falar de casos de fome, desemprego, falta de habitação e impossibilidade de pagamento de emprésti-mos. Mas estou a pensar tam-bém em algo ao qual não se tem dado a devida atenção: a pobreza envergonhada. A classe média foi atingida fortemente pela crise e políti-cas de austeridade. Estão no limite das possibilidades de viver com dignidade. A Igreja tem, em diversos casos, res-tituído a dignidade ferida de tantos portugueses. Mas é necessário mais. É necessário repensarmos urgentemente se é este o género de socie-dade, de economia e de va-lores pelos quais nos quere-mos pautar. Se assim não for, a superação da crise de pouco servirá e os erros do presente repetir-se-ão no futuro.

seus bens.O lema dos bombeiros

portuguesas Vida por vida é a tradução perfeita do amor interior que eles têm a uma causa nobre que nem sempre é valorizada e respeitada por todos nós.

Por isso, realizar uma ho-menagem na cidade de Braga é antes de mais um ato de justiça para com aqueles que deram a sua vida por outra vida. Não pode ser de outro modo. Mas é também uma oportunidade para a nossa ci-dade, para cada cidadão, to-mar consciência que os seus atos têm consequências na vida dos demais.

Qual o papel e importân-

cia dos bombeiros no con-

D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga, vai fazer a leitura de homenagem aos bombeiros no Dia Nacional do Bombeiro Profissional, que se assinala a 11 de setembro, em Braga. Em entrevista ao jornal Alto Risco, o arcebispo fala da importância do papel do bombeiro na sociedade atual.

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Alto RiscoAgosto de 2014 15

breves

Um homem de 51 anos foi identificado, a 26 de agosto, pela GNR por suspeitas de ter ate3dao um incêndio florestal que afetou a zona de Coruju-ria, Guarda, no dia anterior.

De acordo com a GNR, na origem desta ação terão esta-do motivos de vingança en-

tre irmãos e heranças famili-ares. As chamas destruíram entre 60 e 80 hectares de área do Parque Natural da Serra da Estrela. Estiveram envolvidos no combate às chamas 140 operacionais, 41 veios e dois aviões bombar-deiros.

GNR identificou 36 suspeitos de incêndio em Santarém

A GNR identificou, desde o início do ano, um total de 36 pessoas suspeitas de incêndios florestais no distrito de San-tarém. O concelho de Ourém foi aquele onde se registou maisor número de indivíduos

identificados entre Março e agosto (10), seguindo-se To-mar (nove), Mação (cinco), Cartaxo (quatro), Constância (três), Abrantes (dois) e Al-meirim, Sardoal e Ferreira do Zêzere (um em cada).

Incêndio Serra da Estrela

notíciasnotíciasnotícias

Dia Municipal do Bombeiro lembra incêndio do Chiado

A Rua do Carmo, em Lisboa, foi mais uma vez palco de homena-gem e lembrança do

grande incêndio do Chiado, há 26 anos. Foi neste espaço que se assinalou a primeira edição do Dia Municipal do Bombeiro, que pretendeu recordar os homens e as mulheres que lutaram contra as chamas num acontecimento que marcou a cidade.

A cerimónia, organizada pela Câmara Municipal de Lis-boa e pelo Regimento Sapa-dores Bombeiros de Lisboa, contou com a presença do vice-

presidente da autarquia, Fer-nando Medina, com o vereador da proteção civil, Carlos Manu-el Castro e com o Comandante do RSB, Tenente-Coronel Pedro Patrício.

Ao toque do silêncio, uma coroa de flores foi colocada sob uma placa de homenagem descerrada no ano passado, por ocasião dos 25 anos passados sobre o acontecimento.

Perante uma formatura de bombeiros de várias corpora-ções da cidade e ladeado pelas suas bandeiras e guiões, o vice-presidente da CML, Fernando

Medina, lembrou que “há um antes e um depois” do incêndio do Chiado, no que diz respei-to a proteção civil. O autarca lembrou a “determinação” dos que estiveram no combate às chamas nesse dia e garantiu que o “município está empe-nhado em dar resposta ao que a cidade exige”.

Já o comandante do RSB, Tenente-Coronel Pedro Patrício, ressalvou a importância deste dia, lembrando outros dias em que os bombeiros são também recordados, como é o caso do Dia Nacional do Bombeiro.

lO incêndio no Chiado aconteceu na madrugada de 25 de agosto de 1988. As chamas começaram nos Armazéns do Grandella, consumiram dois quarteirões e foram combatidas por mais de 1600 bombeiros de corporações de toda a região de Lisboa. Desapareceram ed-ifícios históricos como o Grandella, o Chiado, a Pastelaria Ferrari e a Valentim de Carvalho. Perdeu-se a partitura original do Hino Nacional, além de obras de Fernando Pessoa.Duas pessoas morreram- um residente e um bombeiro do RSB, Catana Ramos, de 31 anos. Ficaram feridas 73 pessoas e 150 desalojadas. Por ocasião dos 25 anos do incêndio, assinala-dos no ano passado, o comandante do RSB na altura, o Coronel Santinha Matias, recordava ao Alto Risco a debilidade dos edifícios: “estamos a falar de edifícios que na sua génese de construção misturavam materiais como madeira e ferro. Além disso não possuíam sistemas de deteção de fogo nem materiais que evitassem a sua rápida propagação”.As floreiras da calçada também não facilitaram o trabalho aos bombeiros, já que impediram a circulação dos veículos de combate pela calçada.

Sabia que...

Municipais de Tavira têm novo VFCI

Conselho Geral da ANBP

A Câmara Municipal de Ta-vira reforçou a corporação de Bombeiros Municipais de Ta-vira com um novo veículo flo-restal de combate a incêndios. A viatura, com características de “todo o terreno”, está do-tada de sistemas de segurança e de combate a incêndios mod-ernos e adequados às neces-sidades operacionais das equi-pas de bombeiros no terreno. Numa nota oficial publicada no site da autarquia, “a compra deste veículo representa um in-vestimento superior a 150 mil euros, montante que será com-participado em 85% por fun-

A direção nacional da Asso-ciação Nacional de Bombeiros Profissionais reuniu-se em Conselho Geral no dia 27 de agosto. A organização do Dia Nacional do Bombeiro Profis-sional, no dia 11 de setembro, na cidade de Braga, foi o tema dominante desta reunião. Foi ainda abordada a greve que está a decorrer nos Bombeiros Sapadores de Setúbal e de-cididas novas formas de luta, tendo em conta o descon-tentamento generalizado dos bombeiros da Companhia. De

dos comunitários”. A aquisição desta viatura por parte da au-tarquia “insere-se no âmbito de uma candidatura efetuada pela AMAL, que abrangeu os 16 municípios do Algarve, ao Pro-grama POAlgarve 21 (Programa Operacional) para o projeto “Reequipamento Estratégico da Proteção Civil do Algarve”.

Já durante o ano passado e durante este ano tinha sido feita a entrega de equipamento de Proteção Individual de Com-bate a Incêndios Florestais e equipamentos de Proteção In-dividual de Incêndios Urbanos à corporação de Tavira.

acordo com os dirigentes de ANBP/SNBP, em causa esta a prática de “um banco de horas encapotado”, a não aplicação do Acordo para Entidade Em-pregadora Pública na sua to-talidade.

Em discussão esteve tam-bém a revisão da carreira dos bombeiros profissionais, que está a ser analisada pela Asso-ciação Nacional de Municípios Portugueses e a posição a ado-tar, caso o estatuto não vá de encontro às necessidades dos bombeiros profissionais.

Sapadores de Setúbal em greve até ao Ano Novo

Os Bombeiros Sapadores de Setúbal estão em greve ao trabalho extraordinário desde o dia 8 de agosto. Um protesto convoca-do pelo Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais e que deverá estender-se até ao dia 31 de dezembro. Em causa está aquilo que os dirigentes sin-dicais e bombeiros dizem ser a “falta de organização no seio desta companhia no que diz re-speito à rotatividade dos turnos que não está a ser cumprida”. Os Sapadores de Setúbal defen-dem que esta rotatividade deve ser feita turnos “desde o início do ano e não de mês a mês, e com colegas a passar de uma equipa para a outra”.

O reforço desigual de pes-soal nos turnos do dia e da noite é outro dos motivos de insatisfação dos bombeiros de Setúbal, uma vez que, de acor-do com fonte dos Sapadores, “durante o dia há mais homens ao serviço e tem havido uma grande quantidade de chama-das durante a noite”.

Os bombeiros contestam ain-da o trabalho extraordinário que está a ser efetuado (mais do que as quatro horas mensais).

Os Bombeiros Sapadores de Setúbal queixam-se de “represálias” e “chantagens” por parte do comandante, e admitem ponderar outras formas de luta, caso não haja alterações no fun-cionamento e organização da Companhia. Os Bombeiros, em conjunto com o Sindicato Nacio-nal de Bombeiros Profissionais, pediram já uma audiência ao Se-

cretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa, para dar a conhecer a situação, uma vez que se trata de uma autarquia do PCP.

Entretanto, a situação vivida

na CBSSetúbal foi dada a con-hecer aos órgãos de comuni-cação social locais e nacionais, através do seguinte comunicado, emitido por ANBP/SNBP:

olha o passarinho

u E se a moda pega nos bombeiros?

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Alto RiscoAgosto de 2014 17

Menos 80% de incêndios florestais

Os incêndios florestais registados entre os dias 1 de janeiro e 15 de agosto destruíram uma área de 8645 hectares. Um valor que é 80% inferior ao registado em igual período do ano passado (41788ha). Também o número de ocorrências foi inferior- 5161 em 2014 contra os 8997, em 2013.

Em comparação ao históri-co dos últimos 10 anos (2004-2013), em 2014 registaram-se menos 61% das ocorrências e ardeu menos 87% do que o valor médio de área ardida nesse período. Neste indica-dor, até 15 de agosto, este ano era o terceiro melhor ano des-de 2004. Os únicos dois anos com menor área ardida do que 2014, no período 2004-2014 foram 2007 e 2008, com 5976 hectares e 8476 hectares, res-petivamente.

Em matéria de ocorrências, o Porto destaca-se pelo maior número, com 933, seguido de Lisboa (571) e de Braga (452). Em qualquer um dos casos, as ocorrências são maioritari-amente fogachos.

Os distritos mais afetados, no que concerne à área ardida, foram a Guarda e Porto com 1532 hectares e 1273 hectares.

No que diz respeito aos grandes incêndios (área total afetada que seja igual ou su-perior a 100 hectares), até 15 de agosto registaram-se 11 que queimaram 2972 hectares de espaços florestais, ou seja, cer-ca de 34% do total da área ar-dida até 15 de agosto. O maior incêndio verificado ocorreu no dia 15 de junho de Aboadela, distrito do Porto, e consumiu cerca de 947 hectares de espa-ços florestais.

Recorde-se que no ano pas-sado as chamas consumiram mais de 145 mil hectares, a maior área ardida dos últi-mos anos. Oito bombeiros morreram. O balanço pesado dos incêndios florestais le-varam à criação de um Grupo de Análise para os Incêndios Florestais, constituído pela presidente da Assembleia da República. Foram ouvidas pe-los deputados que compun-ham este grupo várias en-tidades ligadas ao setor dos bombeiros e proteção civil, entre os quais a Associação Nacional de Bombeiros Pro-fissionais. Entre algumas das medidas propostas pela ANBP estava a organização e melho-ria da formação em toda a hi-erarquia, para os bombeiros e também para os comandantes, já que alguns dos que estavam no terreno não teriam sufici-

ente nem reciclagem acerca de combate a incêndios florestais.

Em entrevista à RTP, a 18 de agosto, o Secretário de Estado da Administração In-terna, João Almeida, adian-tou que “a prioridade que foi definida (para o combate aos fogos deste ano) foi a segu-rança das forças (bombeiros) através da formação e do tre-ino operacional”.

Dois grandes incêndios em finais de agostoJá depois de ter sido di-

vulgado o relatório provisório para os incêndios florestais pelo Instituto de Conservação da Natureza, o território na-cional foi assolado por vários incêndios. No dia 25 de agos-to, em Pampilhosa da Serra (Coimbra) as chamas obri-garam à mobilização de 400 bombeiros, apoiados por 90 veículos e quatro meios aére-os. A aldeia de Foz do Ribeiro chegou a ser evacuada. Este incêndio terá consumido cerca de 100 mil hectares de floresta.

Em Nisa, no concelho de Portalegre, um incêndio flo-restal na zona de Pé da Serra foram identificadas duas fr-entes ativas, combatidas por 156 operacionais, 50 viaturas e dois aviões bombardeiros.

Também no Parque Natural da Serra da Estrela, na Guarda, as chamas afetaram uma zona de mato. Também no Algarve um incêndio mobilizou mais de 100 bombeiros.

notícias

BragaLisboaPorto

452571993

DistritoOcorrências

(Incêndios e fogachas)

janeirofevereiromarçoabrilmaiojunhojulhoagostoTOTAL

45

636367

1.123912

1.320794

5.161

Meses Ocorrências 2014Total

O

20132014Média2004-2013

8.9975.161

41.7888.645

AnosOcorrências(nº) Área ardida(ha)

Total Total

Fonte: ICN

13.170 66.230

Alemães vão combater incêndios em Vila Real

Dezasseis voluntários da Organização Não Governa-mental europeia @ fire, sedia-da em Osnabrück, Alemanha, estiveram em Vila Real para ajudarem no combate aos incêndios florestais. A par-ticipação da @fire- Resposta Internacional a Desastres Nat-urais- insere-se num âmbito de um protocolo assinado com a Câmara de Vila Real em 2011 e tem como objetivo aumentar a capacidade de intervenção nos incêndios florestais, através do apoio aos dois corpos de bom-beiros locais.

Em 2005 os dois municípios- Osnabrück e Vila Real- assina-

ram um acordo de geminação e nesse mesmo ano uma equipa de nove elementos fez parte do dispositivo de combate a incên-dios em Vila Real. Um ano de-pois, em agosto, 33 elementos de quatro corporações daquela cidade alemã e 10 elementos da ONG @fire regressaram a Vila Real, em auxílio das corpora-ções de bombeiros de Vila Real.

A ONG alemã funciona com um corpo de voluntários e mantém-se no ativo através de doações de instituições ou particulares, tendo estado no auxílio ao socorro em catástro-fes naturais que ocorreram na Tailândia, Paquistão e Haiti.

notícias

GNR registou 115 mortes com tratores agrícolas entre 2013 e 2014

Em 2013, nos 18 dis-tritos ocorreram 122 acidentes com tra-tores em terreno agrí-

cola/privado, que causaram a morte a 52 pessoas, ferimen-tos graves em 24 vítimas e ferimentos leves noutras 44. Este ano, até maio, regista-ram-se 66 acidentes em terre-nos agrícolas, que provocaram 22 mortos, 13 feridos graves e 33 feridos leves, segundo um comunicado do Comando-Geral da GNR.

Quanto aos acidentes com tratores ocorridos na via públi-ca, a GNR registou de norte a sul, em 2013, 48 acidentes, 26 mortes, 23 feridos graves e 11 feridos leves. Até julho deste ano, a GNR registou 20 acidentes, os quais causaram 15 vítimas mortais, 23 feridos graves e dois feridos leves.

Os dados disponibiliza-dos pela GNR ao Alto Risco (ver quadros) demonstram que a maioria dos acidentes com tratores acontece em ter-renos agrícolas/privados, lo-cal onde se verifica também a grande maioria das vítimas mortais.

Leiria (16), Guarda (13), Viseu (12) e Santarém (nove) são os distritos onde tiveram lugar mais acidentes em terre-nos agrícolas em 2013, com a

GNR a registar nove mortos, seguida de Viseu e Coimbra, distritos que registaram, cada um, oito mortes.

Nos primeiros seis meses deste ano, Bragança (nove),

Viseu (oito) e Santarém (sete) são os distritos com mais aci-dentes em terrenos agrícolas. Bragança lidera igualmente a lista das vítimas mortais, com cinco já registadas.

u Sinistralidade - Acidentes com tratores ocorridos na via pública

u Acidentes de trabalho - Acidentes com tratores que ocorrem em terreno agrícola/terreno privado

Agosto foi o mês com menos fogos da última década

O mês de agosto foi aquele em que ocorreram menos incêndios na última década, com menos duas mil ocorrências, afirmou à agência Lusa o comandante ad-junto de operações da Autoridade Nacional Proteção Civil, Carlos Guerra garantiu à agência Lusa que «este mês de agosto é o me-lhor desde 2003. Até esta data são os valores mais baixos registados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas em rela-ção ao número de ocorrências e de área ardida».

Este responsável justifica o verão atípico e comportamen-tos mais responsáveis como principais razões para esta baixa incidência de incêndios florestais. As condições meteo-rológicas, com temperaturas abaixo dos valores normais para a época, pode ter explica-do que o número de fogos não tenha ultrapassado os 1.937.

«Também queremos acre-ditar que teve a ver com os compor-tamentos menos negligentes das populações e com os cuida-dos no manuseamento de eq-uipamentos agrícolas, ou seja uma diminuição dos comporta-mentos de risco da população», explicou Carlos Guerra.

Em comparação com o ano passado o número de fogos rep-resentou um terço dos registados em agosto de 2013.Também em termos de área ardida a diferença entre este ano e o ano passado «é significativa», afirmou o respon-sável da Proteção Civil.

Desde o início deste ano e até 15 de agosto, arderam 8.700 hect-ares, sendo que no mesmo perío-do do ano passado, a área ardida chegou aos 30.989 hectares. No total da época de incêndios do ano 2013, arderam mais de 120 mil hectares, tendo sido o valor maior desde 2010.

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u Distritos mais afetados

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Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros ProfissionaisAlto RiscoAgosto de 201418 Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais

Alto RiscoAgosto de 2014 19

notícias breves notícias

Novo detetor de incêndios desenvolvido no Porto

Uma empresa incu-bada no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do

Porto (UPTEC) desenvolveu uma nova tecnologia capaz de detetar as primeiras chamas de um incêndio florestal, per-mitindo às forças de combate uma atuação “mais rápida”.

“A nova tecnologia tem um sensor que deteta, num raio de 12 quilómetros, um aumento de temperatura e uma variação na concentração de dióxido de carbono em ambiente florestal, emitindo um alerta aos meios de socorro”, afirmou ao Alto Risco Marina Machado, re-sponsável da empresa Flicks, autora do projeto.

Ainda em fase piloto, o pro-jeto dá indicações aos meios

s autarcas queixam-se de preços desadequados à reali-dade do mercado, erros nos cadernos de encargos elab-orados pela Proteção Civil, alterações de última hora às especificações do material e problemas com o cálculo do IVA. A juntar a estas dificul-dades, que determinaram a suspensão e a anulação de dezenas de concursos em todo o país, boa parte das câmaras teve de suspend-er aquisições já em curso devido à reforma das Co-munidades Intermunicipais (CIM), iniciada pelo governo em Setembro de 2013.

No ano passado, o gov-erno decidiu mexer na estru-tura das comunidades inter-municipais: algumas foram fundidas, outras ampliadas e outras extintas. O guião da Secretaria de Estado da Administração Local deter-

de socorro da localização ex-ata, intensidade e propagação do incêndio, assim como os meios necessários e trajetos mais indicados para lá chegar, logo “nos primeiros minutos”.

“Os bombeiros podem as-sim intervir de uma forma mais rápida e eficiente no combate às chamas, evitando o aumento da área ardida”, sublinhou a investigadora. Marina Machado explicou que o alerta dado por esta tecnolo-gia é, antes de emitido às for-ças de comando, confirmado pelo sensor que estiver mais próximo.

“A tecnologia é colocada de 12 em 12 quilómetros, em estruturas j á existentes nas f l orestas, tais como antigas casas florestais, e na sua au-

minou a extinção de todas aquisições em curso, até porque a maioria das CIM mudou de nome e de número de contribuinte.

Queixas das empresasAlgumas empresas que

fornecem EPI aos bombeiros queixam-se da indefinição legal que impediu a entrega atempada dos equipamen-tos. Gilberto Neves, respon-sável comercial da Touch Fire, sublinha que a “culpa da atual situação é de quem legisla não das empresas”.

A estratégia da empresa passa por não concorrer às CIM, mas “apresentar um produto de qualidade que cumpra todas as especifica-ções determinadas pela por-taria nº 10 da Autoridade Nacional de Proteção Civil”, referiu ao Alto Risco.

A partir da segunda quinzena de setembro, ”va-mos começar a comercializar o equipamento, cuja versão completa custa cerca de 600 euros”, disse Gilberto Neves.

Equipamentos insegurosOs novos EPI tinham

acabado de chegar à corpo-ração dos Voluntários das Farejinhas, em Castro Daire, quando, numa madrugada de

sência são construídos novos postos sempre acima da copa da árvore e com o menor im-pacto ambiental”, explicou a responsável.

Desta forma, “a tecnologia cobre o equivalente a 40 cam-pos de futebol”, acrescentou.

Esta tecnologia, que levou dois anos a desenvolver, fun-ciona durante 24 horas por dia, “sem intervenção huma-na” através de energia eólica ou solar.

Neste momento Marina Machado está à procura de um financiamento de 70 mil euros para criar uma unidade-pilo-to, “seja através de capital de risco ou quaisquer outras fon-tes. Estamos ainda a aguardar a abertura das candidaturas ao QREN para Portugal”.

final de Julho, os bombeiros foram chamados para um fogo. O cenário complicou-se quando as fagulhas que caíram sobre dois homens às lhes terão queimado os ca-sacos. Desde então, os fatos novos estão arrumados e os antigos, de algodão, volta-ram ao serviço.

Este incidente é apenas um capítulo dos que têm marcado a entrega de novos equipamentos – compostos pelo fato, luvas, botas, ca-pacete e máscara – aos bom-beiros de todo o país, tarefa que o Governo delegou nas comunidades intermunici-pais (CIM).

CIM Dão Lafões nega responsabilidadesO presidente da Comu-

nidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões, José Mor-gado, rejeitou qualquer tipo de responsabilidades no que toca à qualidade dos equi-pamentos de proteção indi-vidual para bombeiros ent-regues às corporações do seu território, citado pela agên-cia Lusa a 28 de agosto.

“Não aceitamos que seja imputada à CIM Viseu Dão Lafões qualquer responsabi-lidade na qualidade e car-acterísticas dos equipamen-

Estão prometidas pelo governo desde Março de 2013, mas mais de um ano e meio depois, e em plena época de incêndios, a maioria das corporações de bombeiros ainda não recebeu as novas fardas. E já existem queixas sobre a qualidade dos entregues, apesar de alegadamente estarem certificados segundo normas europeias.

tos de proteção individual adquiridos e fornecidos às corporações dos bombeiros da região Viseu Dão Lafões”, alegou.

Estas declarações sur-gem a propósito da reclama-ção dos Bombeiros Volun-tários de Farejinhas, que se queixaram de ter ficado com dois dólmens danificados, após aparecimento de mar-cas por queimadura.

Após a reclamação, a CIM Viseu Dão Lafões “reuniu com a empresa fornecedora” e está a “desencadear todos os procedimentos junto do CITEVE - Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal, tendo em vista a confirmação dos requisitos técnicos dos far-damentos adquiridos e a sua conformidade com o que foi definido em sede de caderno de encargos”.

José Morgado explicou que não foi a CIM Viseu Dão Lafões que estabeleceu ou definiu quais as carac-terísticas dos equipamentos de proteção individual a ad-quirir, nem os normativos que deveriam cumprir.

“A CIM Viseu Dão Lafões verificou, em sede de pro-cedimento concursal, toda a conformidade das normas de

certificação e homologação exigidas em sede de caderno de encargos, clausulado téc-nico definido pela ANPC”, esclareceu.

Os equipamentos de pro-teção individual foram ent-regues às 21 corporações dos concelhos que integram o território da CIM Viseu Dão Lafões entre 17 de julho e 5 de agosto. Ao todo, foram disponibilizados 338 pares de botas, 519 cógulas, 572 pares de luvas, 370 capacetes, 793 pares de calças e 793 dól-mens, faltando ainda en-tregar na segunda semana de setembro 220 pares de botas.

“A empresa transmitiu que os equipamentos forne-cidos cumprem todos os nor-mativos exigidos e, de toda a informação que temos, não há qualquer falha nos equi-pamentos. Com as fagulhas incandescentes da primeira linha de fogo, os equipamen-tos fizeram a sua função que é proteger os bombeiros de queimaduras”, sublinhou José Morgado.

De acordo com o também autarca de Vila Nova de Pai-va, os dólmens danificados apresentavam “perfurações de um milímetro”, sendo substituídos por estarem em prazo de garantia.

OAtraídos pela beleza peri-

gosa das altas falésias da Costa Vicentina, dois turis-tas alemães, de cerca de 30 anos, tentaram, a 13 de agos-to durante a manhã, subir uma arriba na zona da Ca-beça do Índio, junto à Praia da Amoreira, no concelho de Aljezur.

Segundo a agência Lusa,

os turistas acabaram por ficar ambos retidos nas rochas, de onde tiveram de ser resgata-dos pelos Bombeiros Volun-tários de Aljezur (BVA), que deslocaram para o local oito operacionais e três viaturas.

O turista sofreu algumas escoriações e foi assistido no local. A Polícia Marítima reg-istou a ocorrência.

Câmara quer remodelar quartel dos Bombeiros Municipais de Tomar

Dois turistas salvos em arriba

A Câmara Municipal de To-mar aprovou, na reunião de 4 de Agosto, uma proposta de aquisição de serviços para a elaboração de um projeto que visa a remodelação do quartel dos Bombeiros Municipais.

Em declarações ao jornal O Mirante, a presidente da Câ-mara de Tomar Anabela Freitas (PS), afirmou que a intenção passa por remodelar toda a forma de circular internamente no quartel, a recuperação da

laje que se encontra por detrás dos Serviços de Proteção Civil, a cozinha, e todo o sistema elé-trico e de comunicações.

“Em conversa com o senhor ministro da Administração In-terna o mesmo alertou-me para o facto de, em breve, abrirem candidaturas para a remodela-ção de quartéis. Não quería-mos perder a oportunidade de concorrer ao financiamento por falta de um projeto”, afirmou nesta reunião.

Bombeiros resgataram 12 pessoas junto ao rio Poio

Os bombeiros res-gataram 12 pes-soas, que ficaram perdidas quando c a m i n h a v a m

junto ao rio Poio, Ribeira de Pena, durante a noite de 11 de agosto.

Segundo o Centro Distrital de Operações de Socorro de Vila Real, o alerta foi dado por um dos elementos do grupo, proveniente de Coimbra e de Cinfães, o qual terá consegui-do sair do local à procura de ajuda, adianta a agência Lusa.

As equipas de resgate con-seguiram chegar ao local, de

escarpas e difícil acesso, cerca da meia-noite. A informação que chegou às autoridades era apenas para uma pessoa, mas quando chegou ao sítio a e-quipa encontrou 12.

O jovem de 24 anos, terá caído junto ao rio Poio, em Cabriz, concelho de Ribeira de Pena, tendo ficado ligeira-mente ferido.

A equipa de resgate in-tegrou bombeiros de Cerva, concelho de Ribeira de Pena, da Cruz Branca de Vila Real, da GNR, e a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Vila Real.

u O presidente da CIM da Região de Coimbra, João Ataíde entregou EPI ́ s aos bombeiros voluntários de Montemor o Velho

u Novo dispostivo de deteção de incêndios concebido por empresa portuguesa

Bombeiros ainda sem EPI

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Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros ProfissionaisAlto RiscoAgosto de 201420 Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais

Alto RiscoAgosto de 2014 21

entrevista

Sobre a medalha atribuída a Rui Rio

ANBP/SNBP reuniram com Comandante Figueira da Foz

O ministro da Administra-ção Interna, Miguel Macedo, sublinha, em declarações ao jornal Alto Risco, que as Co-munidades Intermunicipais são responsáveis pelos pro-cedimentos de aquisição dos EPI. O MAI refere ainda que já se encontra em curso a 2ª fase de aquisição dos EPI e a entrega dos equipamentos vai começar a ser feita em dezembro de 2014.

O plano para equipar as corporações de bombeiros com EPI´s está a ser concre-tizado conforme o planeado?

Em Março de 2013, o Gov-erno disponibilizou às Co-munidades Intermunicipais (CIM) uma linha de finan-ciamento comunitário para a aquisição dos EPI, no mon-tante de 6,3 milhões de eu-ros. Como são procedimentos a decorrer sob responsabili-dade de cada uma das CIM, o grau de execução é diferen-ciado de caso para caso.

Neste processo das EPI, existem situações que pos-sam ser alteradas no futuro para melhorar forma de atri-

O Ministério da Ad-ministração In-terna decidiu atri-buir a medalha de mérito ao ex presi-

dente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, em virtude, diz o despacho do Ministério da Administração Interna, da “ação desenvolvida no domínio da proteção civil ao longo dos três mandatos autárquicos que exerceu no município do Por-to”. Acrescenta ainda que “a liderança promovida pelo Dr. Rui Fernando da Silva Rio as-sente no rigor, no envolvim-ento e na parceria ativa, con-feriu ao setor da proteção civil e, em particular, aos bombeiros (sapadores), um dinamismo que reconfigu-rou o panorama da proteção e socorro do mu-nicípio do Porto”.

É evidente que não nos com-pete a nós contestar a escolha do Ministério da Administração Interna. O que nos causou es-panto foi não tanto a atribuição deste louvor, mas as razões apresentadas para a atribuição desta distinção.

Como entidades representa-tivas dos Bombeiros Sapadores

O Secretariado Regional do Centro da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais e do Sindicato Nacional de Bom-beiros Profissionais reuniu-se a 21 de agosto com o comandante dos Bombeiros Municipais da Figueira da Foz, Nuno Osório. Entre as questões abordadas estiveram o comando do Teatro das Operações e os equipamen-

buição deste equipamento?Já se encontra em curso a

2ª fase de aquisição de EPI, que está a ser operacional-izada através da ANPC. Este procedimento foi lançado em 9 de maio de 2014 através de um concurso público in-ternacional. Neste momento já se encontra elaborado o relatório preliminar para a seleção dos adjudicatários. Prevê-se que os equipamen-tos comecem a ser entregues em dezembro de 2014 e que estejam todos à disposição dos Corpos de Bombeiros (CB) até final do 1º trimestre de 2015, em função das di-versas tipologias de equipa-mento que os compõem, de modo a estarem ao serviço dos CB antes da fase Bravo de 2015.

Acresce que, para este con-curso, foi atualizada a norma técnica, que estabelece dir-etrizes (com o n.º 10) depois de parecer positivo do Con-selho Nacional de Bombeiros.

Qual o custo total para 2014 do MAI para os fatos de proteção dos bombeiros?

O montante global das

do Porto, a Associação Nacio-nal de Bombeiros Profission-ais e o Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais acom-panharam bem de perto a “per-formance” de ex presidente da Câmara Municipal do Porto, e esta não nos pareceu de modo nenhum “invicta”, no que aos bombeiros diz respeito. Entre os anos de 2001 e 2013, perío-do em que decorreram os três mandatos do presidente Rui Rio, foram muitos e justifica-dos os motivos de grande in-satisfação por parte dos bom-beiros profissionais do BSB.

As decisões e opções do executivo levaram a manifesta-ções e vigílias de bombeiros, que se diziam “perseguidos” e a quem foram aplicados pro-cessos disciplinares, até por iniciativas ligadas à atividade sindical. Ao mesmo tempo, as-sistiu-se a um desinvestimento no Batalhão, quer pela falta de condições do quartel, quer pela falta de efetivos, tendo havido uma redução de bombeiros ao serviço por turno. Uma situa-ção que ficou bem evidente aquando da morte do Chefe Manuel Correia, que faleceu

tos de proteção individual e a formação dos bombeiros mu-nicipais. A este respeito ANBP/SNBP acordou que iria ser feita a recolha das necessidades para que em Outubro se agen-dassem algumas formações.

O Comandante Nuno Osório foi ainda informado por ANBP/SNBP de que existem bom-beiros ao serviço que já atin-

aquisições previstas na 1ª fase, promovidas pelas CIM, ascende ao valor de 6,3 milhões de euros, ao qual acresce IVA à taxa legal. A taxa de financiamento comu-nitário é de 85%. A compar-ticipação nacional de 15% encontra-se repartida entre o MAI e as CIM, em partes iguais de 7,5%.O montante disponível para as aqui-sições da 2ª fase, promovida pela ANPC, é de 5,7 milhões de euros, acrescido de IVA À taxa legal. A taxa de fi-nanciamento comunitário é igualmente de 85%, sendo a comparticipação nacional assegurada pelo MAI.

Até ao momento, qual o ponto de situação que é possível fazer sobre a época de incêndios?

Neste momento encontra-se a decorrer a fase Charlie do DECIF. O MAI faz e di-vulga anualmente o balanço da época de incêndios após a fase Delta. Quanto ao ponto de situação, remete-se para os elementos disponibilizados, quer pela ANPC, quer pelo ICNF, nos respetivos sites.

num incêndio quando, alega-damente, segurava numa esca-da. A tudo isto acrescenta-se a pouca abertura sempre mostra-da para com ANBP/SNBP para abordar e resolver os prob-lemas do Batalhão Sapadores do Porto, para não falarmos de alguma hostilidade durante reuniões institucionais. Uma situação que só terminou com o atual executivo, liderado por Rui Moreira.

Por tudo isto, reafirmamos que, não contestando a decisão do Ministério da Administração Interna- que é legítima- coloca-mo-nos no lugar dos camara-das do BSB Porto que sentiram na pele a “ação desenvolvida no domínio da proteção civil” e o “rigor, no envolvimento e na parceria ativa, conferiu ao setor da proteção civil e, em particu-lar, aos bombeiros”, como diz o despacho, e que devem assistir com ironia à atribuição desta medalha.

Esperemos que o novo ex-ecutivo traga uma nova era para os Bombeiros Sapadores do Porto.

Direção NacionalANBP/SNBP

giram o limite de idade para a aposentação, sem que tivessem pedido prolongamento. Os diri-gentes de ANBP/SNBP alertar-am para as consequências de-sta situação que o comandante desconhecia. Tentou esclarecer no momento com os recursos humanos da autarquia, que alegaram desconhecer a situa-ção.

“Já se encontra em curso a 2ª fase de aquisição de EPI”

Miguel Macedo, ministro da Administração Interna

Iniciativa para adquisição de EPI

Os Bombeiros Voluntários de Nelas, em Viseu, decidiram abrir mão dos cerca de 26 mil euros que recebem na época de incêndios para comprarem o necessário equipamento de pro-teção individual. Mas os 70 vol-untários da corporação de Nelas, em Viseu, optaram por não rece-ber esse dinheiro para que fosse possível comprar os equipamen-tos de proteção individual.

“A verba atribuída aos bom-beiros para o DECIF, em vez de recebê-lo destinou-se à compra dos EPI´s”, revelou ao Alto Risco o comandante Filipe Guilherme.

“Em junho os 70 elementos da corporação já tinham rece-bido o equipamento completo, devidamente certificado para o combate a incêndios florestais”, sublinha este responsável.

O valor total desta aquisição ascendeu a seis mil euros.

Bombeiros de Penela equipam-se a custo zero com donativo SuíçoOs Bombeiros Voluntários

de Penela receberam 64 Equipa-mentos de Proteção Individual (EPI) de uma corporação suíça, a custo zero, permitindo uma poupança de 40 mil euros, an-unciou a instituição em comu-nicado.

O equipamento destina-se à proteção individual dos bom-beiros no combate a incêndios urbanos ou industriais, no de-senvolvimento de operações de desencarceramento (acidentes de viação) e em sinistros rela-cionados com intempéries, entre outros.

A oferta da corporação suíça, que pediu o anonimato, per-mite aos Bombeiros de Penela uma poupança de cerca de 40 mil euros, que seria o montante a despender na aquisição deste

equipamento. Além do equipa-mento, também o transporte foi oferecido por uma transporta-dora de Cantanhede, pelo que os únicos gastos se referem à lim-peza dos fatos e impressão do nome da corporação.

A iniciativa de procurar este apoio na Europa central par-tiu do comando, que assim re-tira benefício do facto de países como a Suíça, França e Bélgica substituírem regularmente os equipamentos de proteção indi-vidual.

O segundo comandante dos Bombeiros de Penela, António Simões Lima, citado num co-municado da instituição, refere que a corporação «pretende continuar à procura de patro-cinadores-bombeiros suíços, belgas ou franceses», aprovei-tando o facto de aí se encon-trarem penelenses emigrados e «outros portugueses amigos dos bombeiros predispostos a colaborar na procura, negocia-ção e diplomacia».

“Mosqueteiros” e TVI lançam campanha de apoiosO Grupo “Os Mosqueteiros”,

e com o apoio da TVI, decidiram arrancar com uma campanha de angariação de apoios destinados à aquisição de equipamentos de proteção individual para o combate a incêndios florestais. A campanha baseou-se na ven-da de um íman, por cinquenta cêntimos, nas diferentes lojas “Intermarché”, Bricomarché” e “Roady”, espalhadas pelo país.

Para assinalar o arranque da iniciativa “Os Mosqueteiros” ofereceram já 25 equipamentos desse tipo, cinco por cada, às As-sociações de Bombeiros Volun-tários da Covilhã, Alcabideche, Estoril, Miranda do Douro e Va-lença.

lSão feitas de um material mais resistente ao fogo, que ga-rante maior visibilidade e mais conforto;•Cumprem as certificações exigidas pelas normas comuni-tárias em vigor;•As botas escorregam menos e mantêm as suas caraterísti-cas após 300 mil flexões;•O fato é constituído por duas peças, calças e dólman. O casaco é feito de um material retrorrefletor de alta visibi-lidade;•O capacete é resistente ao fogo e ao calor radiante;•As luvas têm um sistema de aperto e ajuste.

Caraterísticas dos EPI

“Não houve nada de novo. Não entendemos qual é a pressa do Governo em apr-ovar este diploma. Se não é para cortar nem para criar novos suplementos, e se há grupos profissionais que fi-cam de fora, não compreen-demos”, disse a presidente do STE- Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, Maria Helena Rodrigues, à Agência Lusa no final de uma reunião de negociação suplementar com o secretário de Estado da Administração Pública, José Leite Martins, que se realizou em 1 de setembro.

Maria Helena Rodrigues sublinhou a posição do STE, segundo a qual esta lei de-veria ser discutida na As-sembleia da República, por envolver remunerações, lem-brando que pediu ao Presi-dente da República que soli-cite a fiscalização preventiva do diploma por este não cum-prir aquela formalidade.

A dirigente do STE de-fendeu que o diploma deve-ria ser negociado com mais tempo de modo a resolver as situações das carreiras não revistas, “que por esta via poderão ter os suplementos integrados nos salários”, as-sim como as carreiras es-pecíficas cujos suplementos não são abrangidos por esta tabela.

“Mais de 50% dos suple-mentos não estão consagra-dos nesta proposta de lei, nomeadamente, os milita-res, polícias e magistrados, e o Governo pouparia mais tempo se fosse direto ao as-sunto”, disse.

José Leite Martins marcou estas reuniões em resposta a um pedido de negociação su-plementar apresentado pela Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fe-

sap).O pedido da Fesap foi

apresentado no dia 22 de agosto, quando o governante enviou aos sindicatos da Fun-ção Pública a versão final do diploma sobre os suplemen-tos dos funcionários públi-cos, dando o processo como encerrado.

Os sindicatos têm con-testado a TUS porque consi-deram que o diploma é vago e porque receiam que leve à redução da remuneração.

Na versão final do diplo-ma sobre suplementos remu-neratórios no Estado o Go-verno mantém o que estava previsto na proposta anterior, determinando que os subsí-dios passem a corresponder a um montante pecuniário fixo e que sejam pagos apenas nos 12 meses do ano.

Ficou também expresso que, “salvo disposição legal imperativa em sentido con-trário, não é devido o paga-mento de suplementos no período correspondente a faltas”.

Os suplementos atual-mente em vigor serão revis-tos no prazo de 60 dias após a entrada em vigor da nova lei e podem ser mantidos, total ou parcialmente, com base nas novas regras, ou ser integrados, total ou parcial-mente, no salário.

Segundo o documento, “a atribuição de suplementos remuneratórios só é devida quando as condições especí-ficas ou mais exigentes não tenham sido consideradas na fixação da remuneração base da carreira ou cargo”.

Os suplementos remune-ratórios por trabalho notur-no, de turno e por trabalho suplementar continuarão a ser fixados em percentagem da remuneração base mensal.

opinião notícias

Terminada negociação da tabela de suplementos com “desaprovação”

u Conferência de Imprensa no Hotel Ipanema, no Porto, a 14 de Julho de 2006

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Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros ProfissionaisAlto RiscoAgosto de 201422 Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais

Alto RiscoAgosto de 2014 23

Menos mortes nas estradas em 2013

Acidentes mortais com moto-4

A Autoridade Na-cional de Segu-rança Rodoviária (ANSR) apresen-tou o relatório an-

ual de sinistralidade rodoviária de 2013, a 5 de agosto.

Este documento revela que em 2013 registaram-se 30.339 acidentes com vítimas, de que resultaram 637 mortes que se verificaram nos 30 dias subse-quentes à ocorrência do aci-dente e 1.946 feridos graves.

Em relação a 2012, houve um aumento de 1,6% (+472) acidentes com vítimas e uma redução de 11,3% (-81) víti-mas mortais e 0,3% (-5) feri-dos graves.

A colisão foi o tipo de ocor-rência mais frequente, repre-sentando cerca de metade dos acidentes com vítimas ocor-ridos em 2013 (51%/15.369), 40% (256) do total de mor-tos e 44% (856) dos feridos graves. Os despistes foram responsáveis por 32% (9.821) dos acidentes, 38% (240) dos mortos e 34% (660) dos fe-ridos graves e em relação aos atropelamentos deveram-se 17% (5.149) acidentes, 22% (141) mortos e 22% (430) fe-ridos graves.

Em comparação com o ano anterior, assinala-se um decrés-cimo substancial no número de mortos resultantes de despistes (-70/-22,6%). Em sentido con-trário, verificou-se um acrés-cimo no número de colisões (+247/+1.6%) e respetivas vítimas: mais cinco mortos e mais 66 feridos graves.

A maioria dos acidentes (22.946/76%), feridos graves (1.244/63,9%) e vítimas mor-tais (352/55,3%) tiveram lugar dentro das localidades.

Em relação a 2012, o núme-ro de vítimas mortais den-tro das localidades diminuiu

E ste ano já se regista-ram vários acidentes graves envolvendo moto-4. Só este Verão

já morreram quatro pessoas em veículos semelhantes, en-tre as quais três crianças.

A 12 de agosto um jovem de 16 anos morreu na sequência da colisão da moto 4 que conduzia com um pesado de transporte de mercadorias, um acidente que ocorreu em Pedregais, Vila Verde. A vítima era emigrante e encontrava-se de férias em Por-tugal, em casa de familiares, no concelho de Vila Verde.

Para o local do acidente, foram mobilizadas duas am-bulâncias e uma viatura de desencarceramento dos Bom-beiros Voluntários de Vila Verde, além de uma viatura Médica de Emergência e Re-animação (VMER).

Um adolescente de 14 anos morreu e outro de dez anos fi-cou gravemente ferido na se-quência de um acidente com

(-45/-11,3%), o que é um si-nal positivo, tendo em conta o facto da evolução dos índices de sinistralidade nas zonas urbanas nos últimos anos ser sempre menos favorável do que fora das localidades.

Em 2013, 60,8% (387) do total de vítimas mortais foram condutores, 16,6% (106) pas-sageiros e 22,6% (144) peões.

Em relação às vítimas mortais, observou-se um de-créscimo em todas as catego-rias de utentes, comparativa-mente com o ano anterior: -55/-12,4% condutores, -11/-9,4% passageiros e -15/-9,4% peões. Já no caso dos feridos graves, os condutores foram os únicos a apresentar uma redução (-37/-3,2%), verifi-cando-se um agravamento en-tre os passageiros (+8/+2%) e os peões (+34/+7,9%).

Quanto à categoria de veículos, observaram-se 276 (43,3%) mortos e 871 (44,8%) feridos graves entre os utentes (condutores e passageiros) de veículos ligeiros, 129 (20,3%) mortos e 457 (23,5%) feridos graves nos de duas rodas a motor, e 29 (4,6%) mortos e 40 (2,1%) feridos graves relati-vamente aos veículos pesados.

Em comparação com 2012, evidencia-se uma diminuição bastante acima da média na-cional no número de utentes de veículos de “2 rodas com motor” mortos (-32/-19,9%) e, pelo contrário, um au-mento no número de mortos (+8/+27,6%) e de feridos graves (+10/+25%) regista-do entre os condutores e pas-sageiros de veículos pesados.

O grupo etário dos maio-res de 60 anos foram os mais representativos, em termos de vítimas mortais e de feridos graves (38,1% e 23,9%, res-petivamente).

uma moto-4, registado a 2 de Julho na Estrada Nacional 124, no concelho algarvio de Tavira.

Já a 27 de Junho, um outro acidente com moto-4 fez dois mortos e um ferido na povoa-ção de Casal Novo, concelho de Penela.

Quarenta e cinco pessoas morreram nos últimos cinco anos em acidentes com qua-driciclos, que incluem as moto-4, indicam dados da Autoridade Nacional de Segu-rança Rodoviária (ANSR).

Segundo a ANSR, os aci-dentes com quadriciclos pro-vocaram ainda 176 feridos graves e 1.479 feridos ligeiros entre 2009 e 2013.

Lei desrespeitadaDos 45 mortos, 41 eram

condutores e resultaram de despistes e colisões de quad-riciclos (veículos de quatro rodas que incluem as motas-4 e os conhecidos por ‘papa re-

formas’), adiantam os dados.Segundo a legislação, para

conduzir uma moto-4, inde-pendentemente da cilindrada, é necessária a carta de con-dução de categoria B (ligeiros) ou B1 (triciclos e motociclos) e a idade inferior 16 anos.

Os vendedores deste tipo de veículos alertam para os perigos da condução de moto-4, aconselhando os condu-tores que evitem sempre su-perfícies pavimentadas, pois neste piso pode ser grave-mente afetada a manobrabi-lidade e provocar a perda do controlo do veículo.

De acordo com os vend-edores destes veículos, as moto-4 foram concebidas para serem utilizadas em su-perfícies não pavimentadas e durante a condução deve utilizar-se sempre capacete, óculos de proteção e vestuário apropriado, além de que nun-ca se deve transportar pas-sageiros.

notíciasfomos notícia

Sete feridos em explosão de gás

Sete pessoas ficaram feri-das na sequência da explosão de uma botija de gás, num parque de campismo, em São Pedro de Moel. Três dos feri-dos com gravidade eram cri-anças que tiveram que ser as-sistidas no Hospital Pediátrico de Coimbra, com ferimentos na face e nas mãos. Uma ou-tra criança de 11 anos e mais três adultos sofreram ferimen-

tos ligeiros.O acidente terá ocorrido

no interior da tenda onde se encontravam as vítimas. Um candeeiro a gás terá caído ao chão, incendiando-se e re-bentando, quando celebravam o aniversário de um familiar.

A tenda onde ocorreu o acidente não ficou danificada, já que as chamas não alastr-aram.

Nas operações de socorro participaram 13 bombeiros da Marinha Grande.

notícias

Desfibrilhadores Automáticos Externos utilizados 39 vezes

Os Desfibrilhadores Automáticos Ex-ternos (DAE) re-lacionados com os Programas de

Desfibrilhação Automática Externa, foram utilizados 39 vezes desde 2010, seis das quais entre janeiro e julho de 2014, refere um comunicado do INEM.

Atualmente, e no que se refere aos Programas de DAE licenciados pelo INEM e que funcionam exclusivamente em locais públicos, contam-se: 531 Espaços Públicos com Programa de DAE, 660 Equi-pa-mentos de DAE e 7394 O-peracionais de DAE.

A experiência internacio-nal demonstra que, em am-biente extra-hospitalar, a uti-lização de DAE por pessoal não-médico aumenta signifi-cativamente a probabilidade de sobrevivência das vítimas em paragem cardiorrespira-tória de origem cardíaca. Des-de 2010 que o INEM promove

a adesão de Empresas e Insti-tuições ao Programa Nacional de Desfibrilhação Automática Externa, no âmbito da legisla-ção em vigor.

A legislação em vigor tor-na obrigatória a disponibili-zação deste equi-pamento em diversos locais públicos a par-tir de setembro. A instalação de equipamentos de DAE vai ser obrigatória em estabeleci-mentos de comércio a retalho isoladamente considerados ou inseridos em conjuntos comerciais, que tenham uma área de venda igual ou supe-rior a 2.000m2, bem como em conjuntos comerciais que ten-ham uma área bruta locável igual ou superior a 8.000 m2. É ainda obrigatória a existên-cia destes equipamentos em aeroportos e portos comerci-ais, estações ferroviárias, de metro e de camionagem, re-cintos desportivos, de lazer e de recreio, com lotação supe-rior a cinco mil pessoas.

Em comunicado, o INEM

indica que o DAE é um dis-positivo portátil que permite, através de elétrodos adesivos colocados no tórax da vítima em paragem cardiorrespira-tória, analisar o ritmo cardía-co e recomendar ou não a administração de um choque elétrico. Este equipamento analisa o ritmo do coração, fornece indicações aos reani-madores, analisa os dados, e indica ou não a administração de um choque segundo um al-goritmo pré-definido.

Empresa de tintas angariou 100 Fire Shelters para os bombeiros portugueses

A campanha “Ao proteger a sua madeira está a proteger a de todos!” da marca de tintas CIN já conseguiu angariar fun-dos para a compra de 100 fire-shelters a atribuir às Corpora-ções de Bombeiros Voluntários portuguesas, revelou a empresa em comunicado.

Nesta segunda edição da campanha “Ao proteger a sua

madeira está a proteger a de todos!”, são os consumidores que decidem quais as corpo-rações vencedoras através de voto online em woodtec.cin.pt. As votações estão muito dis-putadas em todos os distritos. A campanha decorre até ao dia 21 de Setembro, finda a qual se apurará o número final de eq-uipamentos e as corporações

vencedoras.Na compra de um litro de

qualquer produto da gama CIN Woodtec, entre 21 de Junho e 21 de Setembro de 2010, um euro reverte inteiramente a fa-vor desta ação. Em 2009, a CIN conseguiu oferecer um total de 150 abrigos florestais, a 30 Cor-porações de Bombeiros Volun-tários de Norte a Sul do país.

Correio da Manhã

ADN-Agência de Notícias

Setúbal TV

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Jornal da Associação Nacional dos Bombeiros ProfissionaisAlto RiscoAgosto de 201424

A Estação da 1ª Compan-hia, conhecida por Quartel 8 (oito), situada no Largo do Regedor, em plena baixa lis-boeta, encontra-se à venda no sítio da CML na inter-net (cidadedoportunidades.cm-lisboa.pt), pela base de licitação de 1.690.000.00€. Segundo o mesmo, o imóvel encontra-se “devoluto”, sen-do admitidos todos os usos.

A caderneta predial refere o imóvel como Quartel de Bombeiros Municipais.

O Quartel 8 (oito) é um e-difício construído em finais do Séc. XIX, início do Séc. XX, com uma fachada muito rica quer volumetricamente quer na generosa utilização de ma-teriais, com destaque para as cantarias, e recorrendo a uma linhagem de Art Deco.(orpos de Bombeiros(*excerto do livro Do

exercício do Fogo, edição da ANBP,

Museu do Bombeiro , impresso pela

CML - 1996)

Quartel emblemático do RSB (Regimento de Sapadores Bombeiros), sendo provavel-mente o segundo mais antigo da cidade logo após o quartel da Av. D. Carlos I, vê os seus dias de vida como Quartel de Bombeiros chegarem ao fim. Ao longo de mais de um sé-culo, que serve de base de socorro para uma zona de in-tervenção específica como a baixa, avenida da Liberdade, parte do Bairro Alto, quase “morrendo” a sua área de in-tervenção nas muralhas do Castelo de S. Jorge.

Ao longo dos anos, vários foram os Homens que ali ser-viram (e continuam a servir), a população da cidade.

Estrategicamente bem situado, tal como se quer num quartel de bombeiros, foi daquele quartel que saíram as primeiras viaturas para o “dantesco” incêndio do Chiado. Foram também os primeiros a sair para os incên-dios da Igreja de S. Domin-gos, do Teatro D. Maria II, do Parque Mayer. E não se pense que isto foi tudo num tempo distante. Foi dali também que partiram as primeiras viatu-ras para incêndios recentes como o de 07/07/2008 na avenida da Liberdade (hoje hotel) e ainda mais recente-mente para o da rua Rodrigo da Fonseca (12/03/2014), onde as chamas eram visíveis do outro lado do rio.

Na sua fachada, gravado em pedra, pode ler-se “Quar-tel Nº 8 – Corpo de Bom-beiros”. É o único quartel da cidade ainda com a desig-nação anterior a 1930. Após esta data, o Corpo de Bom-beiros passou a ter a designa-ção de Batalhão de Sapadores Bombeiros.

Está assim gravado na fachada do quartel, parte da história desta casa. E a história desta casa une-se com a história da cidade, como é evidente.

Um quartel de bombeiros não é um edifício qualquer. Um quartel de bombeiros é um local onde homens e mulheres se reúnem todos os dias para desempenharem a sua missão. É o local de onde se parte sem, por vezes, se saber o que se espera e o lo-cal onde se chega depois de mais uma missão cumprida.

panhas eleitorais. São feitas as promessas da ordem, tira-das as fotografias da praxe, deixando-lhes sempre expres-sa a vontade de que o parti-do A, B ou C irá resolver as faltas e as necessidades com que se deparam diariamente. Esta proximidade morre após a campanha eleitoral.

Não há dia em que não haja um turista a pedir uma informação ou a tirar uma fotografia ao Quartel 8. Várias são os turistas (bom-beiros noutros países e não só), que passam pela 8 e ti-ram uma fotografia; que visi-tam o quartel e ficam admi-rados com a traça e “pinta” daquele que é provavelmente o resto de um património an-tigo e edificado do RSB; que sintam respeitabilidade por aquele edifício e pelos que nele trabalham.

Vários foram também aqueles caminheiros de San-tiago que pediram (e pedem) albergue e pernoita na 8, e que posteriormente nos en-viam um postal, uma foto-grafia ou coloquem nas redes sociais um agradecimento enorme aos bombeiros da ci-dade de Lisboa, pelo acolhi-mento proporcionado.

Há também a população próxima residente, maiori-tariamente envelhecida, que vê nos “seus bombeiros” a solução para a torneira que não fecha, o cano que rompeu ou a ajuda para levantar o seu marido, caído no chão da sua casa. Que chega à loja e esta está inundada e que os “bombeiros do Rossio” con-seguem resolver num gesto de boa vontade e com um

É o local onde se passam na-tais, fins de ano e outros dias marcantes, pois um quartel de bombeiros está em perma-nente prontidão 24 horas por dia, 365 dias por ano.

Joseph Pfeifer, chefe do 1º Batalhão dos Bombeiros de Nova Iorque e chefe da 1ª equipa a chegar ao World Trade Center, descreve as-sim, num programa de tv por cabo, o que é um quartel de bombeiros:

“Chamamos quartel ao lo-cal onde trabalhamos. É um lar. É um lugar onde vivemos, comemos e trabalhamos jun-tos. Depois do 9 de Setembro, foi no quartel que encontrá-mos a família que nos ajudou a sarar a ferida”.

Mas esta paixão só é sen-tida por nós bombeiros. Ou-tros não têm, e jamais terão, a perceptibilidade deste sen-timento, de fazer parte de uma Irmandade lutadora de causas nobres, que nos une em torno de um só objectivo: o socorro.

Um estudo do grupo GFK e publicado em parceria com o Wall Street Journal, descreve assim os bombeiros portu-gueses: “…os bombeiros são a excepção…com um aumen-to do índice de confiança, atingindo o primeiro lugar na preferência dos portugue-ses na escolha da profissão em que mais se pode con-fiar”. – Diário Económico de 17/06/2011.

Talvez por estudos como este e outros similares é que os bombeiros são um alvo preferencial dos partidos políticos (todos), em cam-

sorriso na cara. Ou do turista que caiu e é-lhe aconselhado a ir “ali aos bombeiros que estes fazem-lhe um penso”.

Chama-se a isto a PRO-XIMIDADE para com a popu-lação. A ajuda imediata e gra-tuita, é por vezes o amparo daqueles que já não têm nin-guém.

Ao contrário do anun-ciado, o Quartel 8, não está devoluto. Devoluto, segundo o dicionário, significa deso-cupado / vago.

No Quartel 8, estão todos os dias bombeiros de ser-viço a saírem para socorro; quatro turnos, 24 horas por dia / 365 dias por ano. No segundo andar do edifício habitam 5 (cinco) famílias; na parte norte do mesmo, funciona os serviços de lim-peza da freguesia de Santa Maria Maior; no lado sul permaneceu até há cerca de dois meses uma esquadra da PSP (Polícia de Segurança Pública), tendo esta sido deslocada para a rua da Pra-ta. Que se saiba, não chove no edifício, este não apre-senta quedas de reboco, in-filtrações, queda de estuque ou eminente perigo de der-rocada. Devoluto?

Um dia mais tarde, pas-saremos com os nossos ne-tos pelo Largo do Regedor e diremos que, outrora, aquele hotel, condomínio ou bazar chinês, foi em tempos um quartel de bombeiros. Um nobre quartel de bombeiros.

A Oito está devoluta e à venda! Para que conste….

António PedrosoBombeiro no R.S.B.

A “Oito” do Regimento Sapadores Bombeiros de Lisboa está DEVOLUTA e à VENDA

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