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Revista sobre trabalho acadêmico de tipografia.

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Índice

4. O Rei do Cartoon

10. Croquis e Guaches de Marc Chagall no Centro da Cultura Judaica

13. O Olhar Judaico de Isidor Kaufmann

16. Will Eisner

O REI DO CARTOON:WILLIAM STEIG

Aclamado pela revista Newsweek como o “rei do cartoon”, autor e ilustrador de inúmeros bests-sellers infantis, William Steig criou milhares de cartuns, além de desenhos e aquarelas. Entretanto, sua criação mais famosa é Shrek, que inspirou o personagem principal da famosa trilogia de filmes de animação com o mesmo nome.

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Nova-iorquino filho de judeus da Polônia, Steig criou 1600 cartuns e mais de 10 mil desenhos. Criou, também, 120 capas e 1676 desenhos para a famosa revista The new Yorker, para a qual trabalhou durante 73 anos. Seu talento não parou por aí; sua alma de criança o fez criar e ilustrar 41 livros infantis, que lhe valeram muitos importantes prêmios.

Um mundo onde as princesas preferem monstros a cavaleiros, onde ratos de bom coração são mais espertos do que as raposas, onde cães heróicos tentam melhorar o mundo e as crianças quebram

garrafas para libertar seus pais - que estavam presos dentro das mesmas. Quando morreu, Steig deixou, além do legado acima escrito, mais de 10 mil desenhos, esboços e rascun-hos, muitos dos quais não haviam sido publicados.

Para o crítico Jochua Hammer, os livros de Steig conquistaram rapidamente o coração das cri-anças porque elas conseguem

captar facilmente sua visão, tão humana, tão aberta e criativa quanto a de seu público infantil. Entre os livros publicados no Brasil estão: Silvestre e o Seixo Mágico, Doutor de Soto: o Rato Dentista, e Shrek!

Para marcar o centenário de nascimento do artista, em 2007, o Museu Judaico de Nova York organizou uma exposição intitulada “Do The New Yorker a Shrek!: A arte de William Steig”. Depois, foi a vez de São Francisco, que exibiu a mostra entre 8 de junho e 7 de setembro de 2008, no Museu Judaico Contemporâneo.

“Era início de verão; tudo era novo e agradável”, ilustração final para “Gorky Rises”, 1980

Crianças nos quatro cantos do mundo são

facinadas pelo universo onde se situam suas histórias.

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SUA ARTE

Os temas dos primeiros trabalhos de Steig foram mol-dados por sua infância, no Bronx, e pela dificuldade de ser judeu naquele tempo. Em seus cartuns que retratam crianças de rua - principalmente na famosa série, Small Fry, no período de 1930 até o começo de 1950 - nesta época William Steig lembra o mundo de sua infância judaica.

São poucos, no entanto, os cartuns onde faz alusão direta a sua origem judaica. O mundo de Steig era o do judeu acul-turado, nascido e educado na América, e seu humor é uni-versalista, sem ressaltar muito as suas raizes, deste modo retratando arquétipos que re-sumem a condição humana. Na representação de Will Steig, as vicissitudes dos imigrantes judeus, a ascensão social e o orgulho que sentiam por ver seus filhos se guardarem em escolas e universidades rep-resentavam as esperanças e temores de muitos imigrantes.

Mesmo durante a Segunda Guerra Mundial, não retratou especificamente a tragédia vivida pelos judeus europeus.

Steig acreditava que o mundo precisava de heróis e só acharia salvação na mão de garotos - “porque os adultos haviam perdido o controle” dizia. Na série “Sonhos de Glória”, que teve seu início

Sem título, circa 1981

“To Life!”, publicado na The New Yorker, 18 de janeiro de 1964

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em 1944, desenha meninos que abatem aviões de guerra alemães. Em alguns cartuns, Steig faz referência direta às suas raízes judaicas. Na capa da The New Yorker de janeiro de 1964, por exemplo, dois casais de personagens, roliços e felizes, fazem um brinde para festejar o ano novo, dizendo, “To Life!”, ou, em outras palavras, Lechaim!

Sua arte estava em constante transformação, passando de um estilo para outro, sempre atrás de uma forma criativa

mais espontânea. É tangível sua paixão pelo desenho. Não importava muito o material utilizado - podia ser sobre uma simples folha de rascunho, o verso de uma lista de copras ou um papel profissional. Começava seus desenhos por um rosto e daí partia para criar um mundo rico em temas e cores. Tinha a habilidade de ver o mundo através dos olhos de um único personagem e, através dele, conseguia envol-ver o público nas peripeces dos demais protagonistas.

Tinha um fino sentido da har-monia das cores, expressa no tratamento que dava às vestimentas que compunham seus pequenos dramas, nos quais predominavam suaves

lilás e verde. Se ao desenhar conseguia transmitir sua visão de mundo, o mesmo acontecia com o ato de escrever. Não foram poucas as vezes, em entrevistas, que Steig dizia que gostava de escrever apenas pelo que o ato de escrever sig-nificava. Para ele, a escrita era uma forma de desenho.

Steig não foi artista de um só estilo, o que

dificultava aos críticos defini-lo.

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O ogro verde chamado Shrek, que em iídiche, significa medo, já divertia as crianças quando era apenas um personagem do livro publicado por Steig, qm 1990, com o mesmo nome Shrek!. Com este herói às avessas, o estúdio DreamWorks, de Steven Spiel-berg, criou o desenho animado que é sucesso no mundo inteiro. Shrek, o filme, arrecadou mais de US$ 100 milhões nas bilheterias norteamericanas, quando foi lançado, em 2000. Foi o primeiro vencedor de Oscar de Melhor Desenho Animado, instiruído no mesmo ano, e, também, o primeiro filme de animação a concorrer à Palma de Ouro, no Festival de Cannes, desde O Mundo Selvagem, de 1974.

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Imagem superior feita por William Steig e a inferior retrata o per-sonagem modificado

pela Dreamworks.

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CROQUIS E GUACHES DE MARC CHAGALL NO CENTRO DA CULTURA JUDAICAObras a partir dos quais foram concebidos os célebres vitrais da sinagoga do Hospital Haadassahde Jerusalém, que representam as doze tribos de Israel, vêm ao Brasil em novembro

Os vitrais concebidos por Marc Chagall (1887-1985) para a si-nagoga do hospital Hadassah, em Ein-Kerem, nas cercanias de Jerusalém, são, talvez, ex-emplo mais eloqüente de arte visual judaica no século 20. A pintura figurativa foi, ao longo dos milênios da história do povo judeu , uma espécie de tabu, em decorrência da proi-bição bíblica, que consta entre os Dez Mandamentos, de fazer imagens do ser humano, e das demais criaturas.

Esta proibição, ostensiva-mente vinculada à ruptura do judaísmo com as religiões idólatras com que coexistiu à época de sua origem, nos

tempos bíblicos, tinha como objetivo, ao que tudo indica, impedir a adoração de ima-gens praticada pelos povos pagãos cativasse os membros da Aliança. Mesmo depois do desaparecimento dessas religiões, porém, permaneceu em vigência. Não obstante, certo tipo de representação visual foi tacitamente aceita pelos rabinos eruditos, em diferentes momentos da história judaica. Mosaicos representando os doze signos do zodíaco, por exemplo, são presença constante em sina-gogas dos primeiros séculos da Era Comum, existentes em todo arco mediterrâneo,e, ao longo de toda Idade Média,

e no alvorecer da Moderni-dade, manuscritos iluminados eram pródigos em imagens de seres humanos, animais e vegetais. Mais tarde, À época da Diáspora ashkenazi, o in-terior das sinagogas do Leste Europeu freqüentemente era ornamentado com figuras de leões e de outros animais – que muitas vezes aparecem também , em objetos rituais, tais como ornamentos de Tora, candelabros, etc.

O Iluminismo judaico, mo-vimento de renovação que surgiu na Alemanha, há cerca de duzentos anos, e ques-tionava, à luz de parâmetros modernos, uma série de dog-

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mas, tradições e costumes judaicos, trouxe mudanças a este cenário. E sua penetração nas comunidades judaicas da Europa aos poucos propiciou o surgimento de uma arte judaica, até então inconcebível – uma corrente que terminaria por permitir, a partir do século 19, o florescimento de uma arte pictórica judaica, da qual o russo Marc Chagall foi um dos mais importantes.

Convidado a criá-los em 1959, Chagall embarcou numa aventura que duraria dois anos inteiros, ao longo dos quais criou 62 desenhos e pinturas preliminares, a partir dos quais surgiram os doze vitrais em suas formas definitivas. Entre esses desenhos e pinturas estão os que serão vistos em São Paulo, no Centro da Cul-tura Judaica, a partir de 18 de novembro próximo.

Os vitrais foram preparados em seis etapas: dois esboços em preto e branco; dois rascun-hos em cores; um modelo em guache e colagem, em peque-nas dimensões, e a produção de quatro vitrais experimen-tais. Mas a transformação dos desenhos em vitrais era um processo complexo, que provavelmente demandava a colaboração de outro artista. Gagall escolheu o mestre vidra-

ceiro Charles Marq, diretor de um ateliê na cidade francesa de Reims, que colaborara com ele na realização dos vitrais da Catedral de Metz. Marq, por-tanto, era alguém que estava afinado com o conceito de Chagall ao criar esses vitrais, resumido pelo artista com as seguintes palavras: “Um vitral tem um destino diferente de uma pintura. Por causa de sua situação, o olho não vê um vi-tral da mesma forma que uma pintura. Para mim um vitral é uma fronteira transparente entre o meu coração e o cora-ção do mundo. Um vitral tem que ser sério e apaixonado. É algo que releva e conduz a um êxtase. Tem que viver por meio da percepção da luz. Ler a bíblia é perceber uma certa luz, e o vitral deve tornar isso óbvio, por meio de sua simplicidade e sua graça”.

Se o estupendo resultado final desse complexo processo de transposição somente pode ser visto em Jerusalém, a vivacidade da imaginação do artista, a delicadeza de suas cores e a atmosfera que ema-na de cada um desses desen-hos e pinturas – que se con-cretizaram nos vitrais – vêm ao Brasil pela primeira vez nessa exposição, que já foi vista no Museu de Arte e História do Judaísmo em Paris. Você não pode perder!

COR E TRANSPARÊNCIA

Isidor Kaufmann viveu em Viena, em fins do século 19, enquanto a cidade vivia ex-traordinária efervescência cultural. Suas pinturas em óleo sobre madeira, ricas em detalhes, precisão e apuro técnico, eram muito apreciadas pela burguesia, na Viena do fin-de-siècle. No entanto, sua necessidade de encontrar um caminho artístico de uma arte mais pura, sem apelo ao co-mercialismo, leva-o a procurar inspiração na vida tradicional

judaica, principalmente en-tre os judeus chassídicos da Galícia, Hungria e Polônia. Ao registrar sua vida, procurou ressaltar a beleza de seus valores singulares, ligando-os, em contraponto, com a acultu-ração do mundo vienense.

Mas, apesar de ter dedicado grande parte de sua obra ao universo judaico, nunca deixou de retratar a cosmopolita so-ciedade vienense daquele fim de século. Como escreve seu

O OLHAR JUDAICO DEISIDOR KAUFMANN

biógrafo, G.Tobias Natter, “o pintor nunca vivenciou a tensão entre estes dois mundos de forma tão forte que o impelisse a optar por um dos lados. No fundo, o que queria criar era um retrato absolutamente fiel da vida tradicional judaica.

O artista em questão,Isidor Kaufmann, não via suas obras como lembranças de um mun-do que fenecia, mas como ver-dadeiras ‘filtrações’ dos valores espirituais do mesmo”.

“Noite de Sexta-feira”, óleo sobre tela, c. 1920

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A pintura de Kaufmann é ex-tremamente detalhista, esta é uma das características que se observa desde seus primeiros trabalhos e que foi mantida ao longo de sua carreira.

Renomado por suas superfí-cies polidas e luzidias sobre mogno, madeira nobre, ele consegue criar, com jogo de cores e luzes, uma claridade constante nas imagens lumino-sas que transmitem muita paz. As pinceladas precisas, aliadas ao brilho das cores, ganha-

vam dimensões especiais em decorrência do realismo com que as retratava. No conjunto de sua obra há muitos retratos de chassidim, constituindo, cada um deles, não apenas penetrante estudo do indivíduo representado, mas também da serenidade, integridade, dignidade e, principalmente, do orgulho de ser judeu que o artista desejava ressaltar, ao registrar a vida rotineira dos integrantes das comunidades judaicas do local onde mora. No quadro “Hannah”, a jovem senhora (possivelmente, sua filha) tem uma expressão

digna e serena. O elemento que mais chama a atenção é o lindo sterntichel, um adorno com o qual as mulheres casa-das cobriam a cabeça. O olhar sofrido, mas digno, do menino na obra “Criança com o lulav”, é um dos tantos detalhes que comprovam a sua maestria. Neste quadro, Kaufmann pintou um garoto de pé, diante da Arca Sagrada da Torá, tendo nas mãos o ramo de mirta e salgueiro, e um etrog. Usa um talit e seus peiot caem, encara-colados, sobre os ombros. “Noite de Sexta-feira” retrata mais uma cena do cotidiano

“Retrato de mulher judia com trajes tradicionais”, óleo sobre madeira

“Hannah” , óleo sobre madeira

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dos judeus ortodoxos, uma mulher sentada num cômodo elegante, ao lado de uma mesa posta para a chegada do Sha-bat. Este momento, normal-mente associado à chegada da escuridão da noite, é visto por Kaufmann como uma cena repleta de luminosidade. As duas velas flamejantes, so-bre a mesa coberta com uma toalha de linho engomada, indicam que já foi feita a bên-ção sobre as velas. A obra é um exemplo típico de seu estilo ao retratar pessoas devotas. Todas parecem extasiadas pelo cumprimento do ritual. Têm

o ar perdido em sonho, muito semelhante ao obtido pelos pintores do simbolismo do final do século 19, que conseguiram distanciar-se do mundo mate-rial do impressionismo para entrar na profundeza misteriosa do mundo das emoções. A cena provavelmente retrata a casa de uma família de classe média, em um dos tantos vilarejos da Galícia. Em termos de realidade, o quadro usa quase que o mesmo ambiente da “Sala de Shabat”, projetada para o antigo Museu Judaico de Viena, acima mencionada, e que reproduzia as inúmeras

residências que visitara ao percorrer as províncias do Império dos Habsburgo. Kauf-mann deixou inacabado o quadro “Noite de Sexta-feira”.

Este fato, assim como o de usar tela em vez de seus tradicionais painéis em mogno, sugere que o trabalho possa ter sido pintado em seus últi-mos anos de vida.

As obras de Kaufmann eram populares principalmente entre a burguesia judaica, cada vez mais assimilada e cosmopolita, na Viena do fin-de-siècle. Para os que adquiriam seus trabalhos, as pinturas serviam duplo-propósito: faziam a ponte entre passado e pre-sente, dando-lhes uma con-exão representativa com sua herança ancestral; e serviam ainda como mais um entre os milhares de atavios e adornos, carregados de status, que compunham o estilo de vida de seus clientes burgueses. Ironi-camente, esses judeus citadi-nos, assimilados, viam na obra de Kaufmann o último elo com a vida que seus pais e avós tinham levado - aquele passa-do comum que tanto se tinham esforçado para esquecer...

“Rabino diante da cortina da Arca Sagrada”, óleo sobre madeira

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Will Eisner iniciou sua carreira, como cartunista, no final da década de 1930, quando a re-vista WOW, What a Magazine! publicou sua primeira história em quadrinhos. No entanto, foi a partir de 1940 que se torna conhecido internacionalmente com aquela que viria a ser sua maior criação - “The Spirit”. As aventuras do detetive, Danny Colt, passaram a ser publica-das nos suplementos dominic-ais dos jornais norte-america-nos. A trama era pouco comum e o personagem, novo. Não se tratava apenas de mais um super-herói, era um cidadão comum, que nem mesmo usava roupas especiais para lu-tar contra o crime. As narrativas

eram sobre dramas humanos, fatos que aconteciam no cotidi-ano de qualquer habitante das cidades grandes, mesclados com situações extraordinárias, típicas das “revistinhas”, como se chamam no Brasil.

Filho de judeus imigrantes, Will Eisner nasceu em 1917 no bairro do Brooklyn, onde viveu sua juventude. A experiência de vida em Nova York foi fonte de inspiração para grande parte de sua obra. Em 1978, depois de inúmeros sucessos, criou “A Contract With God” (“Um Contrato com D’us), no qual retrata a vida nos anos 1930 dos judeus do Bronx, bairro nova-iorquino próximo

de onde ele viveu. Nesta obra introduziu o gênero e o termo “graphic novel” (romances ilustrados), que se tornaria famoso. Além de inaugurar um novo estilo e demonstrar o po-tencial das HQs na abordagem de temas complexos, a obra também abriu espaço para que ele divulgasse suas reflexões sobre os conflitos dos imi-grantes para se adaptar a um novo país; a análise da socie-dade norte-americana sob a ótica dos imigrantes e seus descendentes; e a ascensão e declínio da sua cidade natal, que era Nova York.“Um Con-trato com D’us” narra a vida do jovem estudante Frimme Hirsh, escolhido em sua comu-

WILL EISNERTRIBUTO A UM DOS MAIORES CONTADORES DE HISTÓRIAS

Não resTa dúvida: Will eisNer mudou a face das HisTórias em QuadriNHos (HQs). coNsiderado um de seus maiores criadores, Teve papel fuNdameNTal para aQuela Que seria uma das mais imporTaNTes maNifesTações da culTura de massa.

nidade, na velha Europa, para ir ao Novo Mundo em virtude de suas boas ações. Antes de partir, preocupado se o Todo-Poderoso reconheceria sua retidão, ele redige um contrato com D’us em uma pedra. Já em seu novo lar, um subúrbio imaginário de uma cidade na América, o jovem se dedica a ajudar os outros, principal-mente um bebê abandonado à sua porta. Contudo, revol-tado com a morte de sua filha adotiva, deixa-se dominar pela raiva e acusa o Eterno de ter violado o contrato. Esta primeira graphic novel foi reeditada em 2005, nos EUA, como uma trilogia chamada : “A Contract with God Trilogy”.

Em “A Life Force” Eisner concentra sua narrativa sobre a vida na América durante e após a Grande Depressão de 1930. Seus personagens lutam por uma felicidade que dificilmente conseguem alcan-çar, ocupados como estão em simplesmente sobreviver. Além de lidar com as dificuldades do dia a dia, tentam por todos os meios escapar das ameaças da Máfia norte-americana e da Europa nazista de Hitler.

Em “Dropsie Avenue”, o car-tunista busca em suas re-cordações de juventude os traços para a construção dos personagens, através dos quais retrata 120 anos da

história da famosa avenida no sul do Bronx, que dá título à obra. Narra a transforma-ção de uma área rural em um centro urbano enquanto ondas de imigração e, suas conseqüências socialmente traumáticas, moldam toda uma cidade. Fala das disputas entre os moradores da área, das hostilidades entre fazen-deiros ingleses e holandeses e das brigas entre as gangues de jovens descendentes de hispânicos e italianos, car-acterizando o período em questão chamado pós-guerra. Não deixa, porém, de registrar as soluções de convivência encontradas entre os diversos

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grupos. A obra, que revela de forma brilhante toda a geniali-dade de Eisner, serviu como base para uma peça apresen-tada recentemente no teatro do SESC, em São Paulo, com tremendo sucesso.

Em 1988 criou, um prêmio que é concedido anualmente às mais inovadoras e brilhantes histórias em quadrinhos, o Prêmio Will Eisner, considerado um dos mais prestigiados prê-mios nesta área nos EUA. O preconceito dos quais foram vítima os judeus permeiam as últimas graphic novels de Will. O cartunista afirmava “não

digerir nada bem o retrato que Charles Dickens fizera de seu povo no romance Oliver Twist, em que um dos princi-pais vilões, o menino Fagin. A resposta do cartunista a Dick-ens é o livro Fagin, the Jew, cuja versão em português foi publicada pela Companhia das Letras. Nesta graphic novel Eisner “incita” o escritor inglês a reescrever o Fagin.

Os famigerados Protocolos dos Sábios do Sião é o tema central de The Plot (O ar-gumento), obra que Eisner finalizou e publicou antes de falecer, em janeiro de 2005.

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