iso26000 en brasil

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    Contribuies do 1 grupo detrabalho do GVces sobre a

    ISO 26000a norma internacional deRESPONSABILIDADE SOCIAL

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    C 1 g aa GVc a

    ISO 26000a a aca RESPONSABILIDADE SOCIAL

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    REALIZAO FUNDAO GETULIO VARGAS

    Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundao Getulio Vargas, GVces

    APOIO Grupo de Articulao das ONGs brasileiras na ISO 26000 GAO

    COORDENAO GERAL Mario Monzoni e Rachel Biderman, GVces

    COORDENAO EXECUTIVA Aron Belinky (GAO) e Roberta Simonetti (GVces)

    COORDENO EXECUTIVA ADJUNTA Rafael Nora Tannus (GAO)

    EQUIPE CENTRO DE ESTUDOS EM SUSTENTABILIDADE DA FUNDAO GETULIO VARGAS, GVces

    Deborah Bare, Denise Maranho e Raquel Costa

    COLABORAOBel Brunharo, Ceclia Ferraz, Daniela Gomes, Gustavo Ferroni, Juliano Mendona,Lvia Pagotto, Luciana Betiol, Malu Villela, Mariana Bartolomei, Paula Peiro e Rafael Reis

    PROJETO GRfICO E DIAGRAmAO Carla Castilho | Estdio

    AssIsTENTE DE ARTE Victor Buck

    REVIsO Nelson Lus Barbosa

    AGRADECImENTOs Esta publicao resultado da colaborao entre os organizadores do 1 Grupo

    de Trabalho sobre a ISO 26000 do GVces e os representantes das empresas participantes. As contribuies

    colhidas ao longo do GT foram incorporadas a este documento, sendo parte essencial do mesmo.

    O GVces e o GAO agradecem as contribuies dos seguintes colaboradores (em ordem alfabtica por empresa):

    AEs BRAsIL: Luciana Alvarez Pedroso

    e Patrcia VasconcelosAmCE: Ana Esteves

    ANGLO AmERICAN: Ana Paula A. Cutolo,

    Gilberto Barbero e Juliana Rehfeld

    Bm&fBOVEsPA: Cludia Varella Sintoni, Marta

    Harumi Wakai Cavalheiro e Snia Bruck Carneiro

    BRAsKEm: Andr Leal e Aline Cruvinel

    GUARANI: Maria da Glria Rossoulieres Braga

    e Roberta Baptista Nacagami

    INsTITUTO EDP: Maria Fernanda Garciae Maira Moreno Machado

    ITA-UNIBANCO: Glenia S. Deus e Lilian Zak

    REPORT COmUNICAO: Alvaro Augusto de

    Freitas Almeida e Rita Machado Campos NardysANOfI-AVENTIs: Maria Cristina Moscardi

    e Sergio Bialski

    sANTANDER BRAsIL: Andrea Fumo Martins

    e Luciane Vasques da Costa Saadeh

    sEsI/CNI: Maria Catharina Castro de Araujo

    e Srgio de Freitas Monforte

    sOUZA CRUZ: Ana Lucia Stockler e Simone Veltri

    TELEfNICA: Gabriella Bighetti, Juliana Belmont

    e Luciana Cavalini

    VIVO: Juliana Pacheco Limonta, Luciana Silva Costa

    e Luiz Felipe Martins Lobo

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    SumRIO

    ApresentAo 7

    sobre A estruturA dA publiCAo 11

    IsO 26000 CONTEDO INTRODUTRIO

    prefCio edio brAsileirA 15introduo 17

    IsO 26000 CONTEDO NORmATIVO1. esCopo 22

    2. termos e definies 23

    3. Compreenso dA responsAbilidAde soCiAl 253.1 A responsabilidade social das organizaes: Histrico3.2 Tendncias atuais da responsabilidade social3.3 Caractersticas da responsabilidade social3.4 O Estado e a responsabilidade social

    4. prinCpios dA responsAbilidAde soCiAl 304.1 Geral

    4.2Accountability4.3 Transparncia4.4 Comportamento tico4.5 Respeito pelos interesses das partes interessadas4.6 Respeito pelo estado de direito4.7 Respeito pelas normas internacionais de comportamento4.8 Respeito pelos direitos humanos

    5. reConheCimento dA responsAbilidAde soCiAl

    e enGAjAmento dAs pArtes interessAdAs 395.1 Geral5.2 Reconhecimento da responsabilidade social5.3 Identificao e engajamento das partes interessadas

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    6. orientAes sobre temAs CentrAisdA responsAbilidAde soCiAl 446.1 Geral6.2 Governana organizacional6.3 Direitos humanos6.4 Prticas de trabalho6.5 Meio ambiente6.6 Prticas leais de operao6.7 Questes relativas ao consumidor

    6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade

    7. orientAes sobre A inteGrAo dAresponsAbilidAde soCiAl por todA A orGAnizAo 997.1 Geral7.2 Relaes das caractersticas de uma organizao com aresponsabilidade social7.3 Compreenso da responsabilidade social da organizao7.4 Prticas para integrar a responsabilidade social em toda a

    organizao7.5 Comunicao sobre responsabilidade social7.6 Fortalecimento da credibilidade em relao responsabilidadesocial7.7 Anlise e aprimoramento das aes e prticas de umaorganizao relativas responsabilidade social7.8 Iniciativas voluntrias de responsabilidade social

    Anexo A exemplos de iniCiAtiVAs e ferrAmentAsVoluntriAs relACionAdAs responsAbilidAde soCiAl 109

    biblioGrAfiA 110

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    APRESENtAO

    OBJETIVOs DO GRUPO DE TRABALhO (GT)Construo coletiva, processos colaborativos que propiciam troca de experinciase o aprendizado comum tm sido a aposta do GVces. Entre as iniciativas promovi-das pelo centro, destaca-se o grupo de trabalho da ISO 26000. Alm de mergulharno contedo da Norma recm-publicada, o objetivo desse grupo oi reetir sobresua aplicabilidade nas empresas participantes. Durante o processo, que teve du-

    rao de cinco meses, oram registradas e compartilhadas vises, experincias epercepes. Entre os objetivos especfcos do grupo, destaca-se a produo de umconjunto de consideraes e recomendaes prticas sobre as possibilidades deintegrao das orientaes da ISO 26000 s atividades das empresas brasileiras. OGT oi aberto com um seminrio realizado em 5 de julho de 2010, com mais de400 inscritos. No seu encerramento e, como parte de seus objetivos, oi realizadoum seminrio aberto no qual oram apresentados os principais resultados do tra-balho. O terceiro objetivo do grupo a destacar oi a sistematizao do contedodos encontros em uma publicao, que resultou neste documento.

    CONCLUsEs E CONsIDERAEs DO GTAo trmino das atividades do GT, seus participantes realizaram um balano dosaprendizados e experincias obtidos, em torno de trs questes orientadoras:quais os aspectos mais relevantes da ISO 26000, para sua aplicao a empresas?Quais os maiores desafos para essa aplicao, e o que pode ajudar a super-los?Que benecios a participao no GT trouxe para os participantes, como profs-sionais ligados responsabilidade social e sustentabilidade?

    Uma considerao inicial, levantada antes mesmo da constituio do GT,oi: quem seriam os potenciais usurios da ISO 26000? Considerando que no setrata de uma norma certifcvel, perde-se a motivao mais evidente e, de certomodo, imediatista, representada pela possibilidade de obteno de um selo deresponsabilidade social que pudesse ser utilizado como parte da construo daimagem de uma empresa. A resposta a essa questo requer lembrar que os bene-cios da responsabilidade social vo muito alm de tornar mais positiva e slidaa reputao corporativa. Mais do que uma estratgia de marketing, trata-se deadotar uma orma de gesto capaz de trazer uma ampla gama de benecios para

    a empresa, seus stakeholders e a sociedade como um todo.Voltando s questes propostas, em relao aos aspectos mais relevantesda ISO 26000, para sua aplicao a empresas, o balano fnal dos participan-tes do GT oi que a ISO 26000:

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    IMPLEMENTAO DA ISO 26000

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    n

    representa um consenso internacional, com uma visomulti-stakeholder: umareerncia de grande ora sobre a responsabilidade social.n demonstra a sintonia entre responsabilidade social, desenvolvimento

    sustentvel e sustentabilidade, esclarecendo importantes sutilezas con-ceituais e correlaes.

    n acilita a disseminao da responsabilidade social e seus conceitos, ajudan-do a colocar esses temas na agenda e na prtica de empresas de todos os tipose em todas suas reas, incluindo a alta direo.

    n traz ampla abrangncia e diversidade de temas, constituindo-se em um

    guia completo sobre a agenda mundial da responsabilidade social.n constitui um guia a ser utilizado pela empresa no monitoramento e avalia-

    o da sua responsabilidade social, permitindo acompanhar sua evoluo.n acilita o uso apropriado de erramentas ligadas responsabilidade social e

    sustentabilidade, e reora sua importncia.n apresenta um conjunto de diretrizes objetivas e prticas, a ser aplicado de

    imediato pelas empresas.

    A segunda questo sobre os maiores desafos para aplicao da norma, e oque pode ajudar a super-los,o balano fnal dos participantes do GT oi que:

    n Para empresas iniciantes em responsabilidade social, ou com uma culturade gesto pouco institucionalizada, a adoo da ISO 26000 poder impli-car grande esoro inicial, especialmente para convencer a alta direo,pois a norma pressupe certo grau de conscincia sobre a importnciada gesto bem estruturada (ainda que simples). A credibilidade de umanorma ISO pode ajudar a superar esse desafo. A adoo de solues

    cooperadas, por meio de grupos de empresas, associaes e organizaesde apoio ao empreendedorismo, tambm pode ser uma orma de superaresse obstculo.

    n Para as empresas j iniciadas e ativas nesses aspectos, a Norma ir reoraro que ela j est azendo e a ajudar a ajustar seus rumos.

    n A impossibilidade de obteno de um selo ou atestado de conormidadecom a ISO 26000 torna mais trabalhoso o reconhecimento inicial do seuvalor, e az que seja preciso identifcar inicialmente qual a motivao paracada empresa, descobrir, em cada caso ou situao, como vender a ideia

    para a alta direo e equipe em geral. O grupo ressalta, porm, que, mes-mo sem um selo ou certifcao, possvel encontrar meios adequados elegtimos para apresentar o compromisso da empresa com a Norma e suasorientaes, capitalizando-o em termos de reputao corporativa.

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    CONTRIBUIES DO 1 GRUPO DE TRABALHO DO GVCES

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    n

    Interpretaes distorcidas ou mau uso da norma: preciso ter cuidado comisso e no se deixar levar por propostas ilusoriamente ceis ou simplistasde implantao da ISO 26000. Para a reputao de uma empresa, melhorassumir um processo gradual e consistente do que ser questionada sobreprticas inconsistentes ou mensagens enganosas.

    n Motivao adicional pode vir da percepo de que vivemos um perodo deruptura de paradigmas, e que a ISO 26000 pode uncionar como um guianesse contexto, na medida em que assimila valores e expectativas centraisdo novo sistema que est emergindo.

    n A adoo das diretrizes da Norma pode deagrar um processo semelhanteao movimento da gesto da qualidade, nos anos 1990, quando o assuntodeixou de ser questo de um departamento, passando a ser incorporado noconjunto de operaes da empresa e na sua cadeia de valor.

    n A identifcao e a mensurao dos benecios esperados com a aplicao danorma podem ajudar a romper resistncias e a motivar sua adoo. Medirou estimar o custo de no azer pode tambm ser um caminho, mas preciso ter cuidado, pois em geral a proposio de uma agenda positiva mais motivadora do que a ameaa quanto a riscos potenciais.

    n A grande amplitude de temas tratados na Norma difculta para a empresaa priorizao das aes. Dessa orma, pode ser interessante a criao deoutros instrumentos derivados da ISO 26000 como normas especfcaspara setores, regies ou atividades que ajudem as empresas a defnir maisrapidamente onde centrar seus esoros.

    n A empresa pode defnir seu prprio plano de implementao, selecionandona ISO 26000 o que mais prioritrio no seu caso especfco. O processodeve comear com uma reviso geral da norma, identifcando os aspectos

    mais relevantes para a organizao. Isso permite a elaborao preliminar deum quadro reerencial personalizado para implementao que, depoisde revisado e aprovado pela alta direo da empresa, deve ser levado discus-so com os stakeholders envolvidos e, fnalmente, ser convertido em um planode implementao, a ser posto em prtica passo a passo, sempre monitoradoe periodicamente revisado.

    Concluindo,sobre os benecios que a participao no GT trouxe para osparticipantes, como profssionais ligados responsabilidade social e sus-

    tentabilidade, oi ressaltado que:

    n A ISO 26000 se revelou como uma verdadeira reerncia para atuao pro-fssional, um Norte, um guia.

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    IMPLEMENTAO DA ISO 26000

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    n

    A credibilidade de uma norma ISO trouxe grande valor para o estudo reali-zado, pois se trata de uma erramenta percebida como importante e sria.n Estudar a ISO 26000 por meio de um Grupo de Trabalho possibilitou

    agregar conhecimento ao profssional no apenas pela anlise de seu con-tedo, mas, principalmente, pela troca de experincias, que potencializoue complementou o estudo.

    n O trabalho no GT trouxe insumos para atuar na internalizao do tema nasempresas, e tambm aumentar a percepo da importncia desse trabalho,pois o alto nvel do grupo de empresas reunido transmite credibilidade ao

    trabalho e s mensagens dos profssionais envolvidos.n A experincia no GT trouxe mais motivao e crescimento pessoal (alm do

    profssional), auxiliando cada um a agir no mbito da sua empresa, e seguirem rente com seus planos e propostas. Os insights dos debates ajudaram aperceber novas oportunidades de ao.

    n As reexes e o aproundamento do conhecimento sobre os temas levanta-dos pela ISO 26000 e debatidos no GT reavivaram a noo de importnciada responsabilidade social, mostrando que essa no uma moda que pas-sou, mas sim um instrumento essencial na construo de uma sociedadee uma orma de vida mais sustentvel.

    empresAs pArtiCipAntes do 1 Grupo de trAbAlho sobre A iso 26000 do GVc:

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    SOBRE A EStRutuRA DEStA PuBLICAO

    O contedo aqui apresentado segue a estrutura da ISO 26000: para cada seo ousubseo da Norma apresentado um sumrio do texto normativo seguido dasconsideraes do GT. Foi tambm includa, ao longo do texto e destacados emboxes, uma srie de comentrios das empresas participantes do GT que relatamexemplos de aplicao da Norma nas suas instituies. A extenso de cada seo va-ria reetindo, de certo modo, a dinmica do GT no tendo relao com o tamanho

    do texto na Norma e no devendo ser entendido um indicador de importncia. Aleitura desta publicao d um panorama geral sobre a ISO 26000, mas no subs-titui a consulta Norma original.

    IMPLEMENTAO DA ISO 26000

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    6.3.4 Questo 2 dos direitos humanos:situaes de risco para os direitos humanos

    sumrioDescrio:Determinados contextos ou

    situaes podem colocar as organizaesdiante de dilemas em re lao aos direitos

    humanos. Tipicamente, essas ocorrn-

    cias podem aumentar o risco de violaesaos direitos e, dessa maneira, exacer-

    bar os impactos negativos. Algumas

    dessas situaes tpicas s o: de conflitoou ausncia de garantia de direitos por

    parte das instituies pblicas respon-

    sveis, desastres naturais, situaes deextrema pobreza, situaes que envolvam

    atividades que afetem significantementerecursos naturais como gua e florestas,

    proximidade das operaes em relao a

    povos indgenas e comunidades tradicio-nais, presena de trabalho informal na

    cadeia de fornecimento, entre outras.

    Aes e expectAtivAs relAcionADAs: A Norma recomenda que as organizaes tomem cuidadosespeciais quando estiverem diante de situaes que violem ou coloquem em risco os direitos humanos. Um

    dos cuidados que poderiam ser tomados a realizao de uma due diligencemais aprofundada, quandopossvel por uma terce ira parte independente. Essas situaes tendem a colocar muitos dilemas para a atu-

    ao da organizao e, apesar de no existir nenhuma frmula simples para resolv-los, qualquer resposta

    dada deve sempre ser pautada pela primazia do respeito aos direitos humanos.

    consideraes do Grupo de trabalhoNa perspectiva dos participantes do GT, esta seo tem como principal valor aler-tar os usurios da Norma para situaes relacionadas aos direitos humanos, que,

    por desconhecimento do tema, podem passar despercebidas. Isso especialmente

    importante, pois o prprio tema pouco enfocado nas agendas de responsabili-dade social das empresas. O tema tende a ser visto como algo relacionado exclusi-

    vamente s obrigaes do poder pblico ou, quando muito, de empresas de gran-

    de porte, ou atuando em regies/setores especialmente problemticos. A partirdesse alerta, mesmo as pequenas organizaes podem perceber implicaes de

    suas atividades sobre os direitos humanos, sobre as quais jamais pensariam.

    AMCE

    Dois aspectos envolvendo riscos para os direitos humanos

    precisam ser levados em conta pelas organizaes: as pecu-

    liaridades de cada local, considerando aspectos culturaisque podem apresentar realidades a serem tratadas de forma

    diferenciada (especialmente as que atuam fora de seu pas

    de origem); e a atuao em rede, visto que ris cos podem serevidenciados ao longo da cadeia de valor.

    TElEfniCA

    A gesto dos riscos associados s suas atividades um dos

    pilares da estratgia de Responsabilidade Social Corporativado Grupo Telefnica. A companhia avalia os riscos para cada

    uma de suas operaes e desenvolve projetos para mitig-los

    ou, quando isso no possvel, control-los. Alm de suaatuao direta, a Companhia tem buscado tambm con-

    trolar os impactos de seus principais prestadores de servio.

    seo/subseo

    Ttulo daseo/subseo

    da Norma sumrio

    Destaque das

    principais idiascontidas naseo/subseoda Norma

    Gt

    Contribuiese relexes dos

    participantesdo GT

    empresA

    Exemplo deaplicao/prticas

    na empresarelacionadas

    ao tema

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    Conedo inrodrioISO 26000

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    PREfCIO EDIO BRASILEIRA

    sUmRIOA Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) o espao nacional de criao de normastcnicas. A ABNT NBR ISO 26000 oi elaborada no mbito da Comisso de Estudo Especial deResponsabilidade Social (ABNT/CEE 111), que participou do desenvolvimento da ISO 26000.

    A ABNT NBR ISO 26000 possui mesma estrutura e contedo da ISO 26000, com pequenos ajustesde nomenclatura e adaptaes do precio.

    A ISO 26000 oi desenvolvida por meio de um processo participativo com representantes demais de 90 pases e mais de 40 organizaes internacionais e regionais, de dierentes segmentos dasociedade: consumidores, governos, indstria, trabalhadores, organizaes no governamentais, servi-o, suporte, pesquisa e outros. O processo buscou equilibrar a representao entre pases em desenvol-vimento e pases desenvolvidos, bem como a diversidade de gnero. Foram eitos esoros para buscaro equilbrio na representao dos dierentes segmentos da sociedade, objetivo parcialmente atingido.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhOSeguindo as exigncias de uma norma ISO, a nota sobre sua metodologia e pro-cesso de criao contida em seu precio colocada em termos objetivos e deorma sinttica, ornecendo apenas uma ideia parcial da riqueza que oi o pro-cesso de construo da ISO 26000. Dessa orma, este espao de comentrios oiaproveitado para resgatar alguns aspectos undamentais desse processo.

    importante destacar que a constituio do Grupo de Trabalho Internacio-nal (Working Group on Social Responsibility, ou WG/SR) para elaborar a ISO 26000 oiindita na ISO, sob vrios aspectos, tais como:n Participao: oi o maior WG da histria da ISO, chegando a 450 especia-

    listas, alm de outras centenas de observadores e milhares de colabora-dores indiretos;n Durao: o WG/SR trabalhou de janeiro/2005 a outubro/2010, quando

    encerrou suas atividades aps a publicao da ISO 26000. Esse tempooi o dobro do originalmente previsto, e necessrio para obteno deconsenso, especialmente em alguns itens especfcos, de maior comple-xidade. Vale destacar a crescente participao de especialistas de todos ossegmentos e pases ao longo de todo o processo, evidenciando o grandeinteresse no tema.

    n Carter multipartite: oi a primeira experincia da ISO nesse ormato, quecontribuiu signifcativamente com a representatividade e legitimidade daNorma, e com o estabelecimento de novas metodologias que podero in-uenciar ortemente os uturos processos da ISO.

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    n

    Gesto ativa do equilbrio entre os dierentes setores envolvidos: ainda queimpereito, o grupo contou com a participao signifcativa de dierentessegmentos, geralmente pouco ativos na construo de normas ISO, tais comotrabalhadores, consumidores e ONGs, alm da orte presena de mulheres erepresentantes de pases em desenvolvimento.A liderana do grupo tambm seguiu essa diretriz, sendo todos os cargos de

    coordenao ocupados por duplas integradas por um especialista vindo de pasesdesenvolvidos e outro, dos pases em desenvolvimento, com cuidados tam-bm para o equilbrio de gnero e de segmentos da sociedade (stakeholder groups).

    A presidncia do grupo oi exercida por um time misto Brasil-Sucia, sendo aprimeira vez que o Brasil ocupou essa posio em um WG da ISO.

    A participao do Brasil tambm merece destaque pela presena e atuaonas vrias rentes dos trabalhos internacionais, bem como pela repercusso econexo com a sociedade brasileira.

    Apesar da existncia de pontos de melhoria e com limitaes nas possibi-lidades de representatividade e equilbrio, razovel dizer que o modo comoa ISO 26000 oi construda to importante quanto seu contedo, trazendoaprendizados vlidos no apenas para a elaborao de normas, mas em inmerassituaes de dilogo multipartite e gesto socialmente responsvel.

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    INtRODuO

    sUmRIOA Introduo apresenta o contexto no qual se insere a ISO 26000 e oerece uma viso geralde seu contedo, natureza e algumas orientaes para sua aplicao. O texto aponta a crescente

    preocupao com um comportamento responsvel e destaca que o objetivo da responsabilidadesocial contribuir com o desenvolvimento sustentvel. Nesse sentido, a percepo e a realidade dodesempenho em responsabilidade social de cada organizao podem inluenciar diversos atores,

    tais como: reputao, atrao de investimentos, vantagens comparativas e a qualidade da relaocom a sociedade.

    A introduo esclarece que a ISO 26000 traz orientaes sobre a responsabilidade social esua integrao nas estruturas e processos das organizaes, alm de questes relacionadas, tal comoo engajamento de partes interessadas. A Norma se destina a todos os tipos de organizaes, sejamempresas, organizaes pblicas ou do terceiro setor. Apesar de aplicvel a organizaes governa-

    mentais, a Norma no se destina a substituir ou modiicar as unes do Estado.A Norma oi concebida para ser utilizada de orma integral, como um todo, porm as orga-

    nizaes podem identiicar partes que lhe sejam mais teis que outras. A Norma no se destina anenhum tipo de certiicao e qualquer proposta ou alegao de certiicao constitui um desvioe uma alsa declarao. Ao longo do texto, a Norma menciona iniciativas e erramentas, porm tal

    meno no caracteriza nenhuma orma de apoio ou endosso.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhOApesar de no ser tecnicamente considerada parte do contedo, a Introduotraz aspectos de undamental importncia para a compreenso, a contextualiza-o e, portanto, o bom uso da Norma. O Grupo de Trabalho identifcou e discu-

    tiu mais intensamente quatro aspectos: aplicabilidade (amplitude), linguagem(orientadora), no certifcao e a relao da Responsabilidade Social (RS) como papel do Estado.

    ApliCAbilidAdeO ato de a ISO 26000 ser aplicvel a organizaes em qualquer lugardo mundo, e de qualquer tipo, tamanho ou setor, suscita preocupaes quanto aoseu grau de generalidade: at que ponto possvel produzir algo to amplo e, aomesmo tempo, com utilidade prtica?. Procurando evitar esse problema, a Normano se limita apresentao de um mnimo denominador comum sobre os as-

    pectos que trata, o que resultaria em uma orientao genrica e de pouca utilidade,mas prov diretrizes objetivas e prticas sem, no entanto, se aproundar em nvelde detalhes de operao ou implementao. Dessa orma, a Norma contextualizae encaminha possveis solues, deixando seu detalhamento a cargo do usurio.

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    linGuAGem A Norma traz orientaes que se aplicam a muitas organizaes, masno necessariamente a todas. Novamente, cabe ao usurio identifcar e priorizaras orientaes ou temas mais relevantes para seu caso, o que pode ser eito se-guindo as prprias orientaes da Norma.

    Para permitir tal abordagem, a Norma sempre se reere a organizaes deorma geral, nunca se dirigindo apenas a um tipo especfco de usurio. Almdisso, utiliza uma linguagem exclusivamente sugestiva, reetida em rases dotipo uma organizao deveria... ou conveniente que a organizao... (emvez de uma organizao deve...). Essa regra oi adotada ao longo de todo o

    documento e, em alguns casos, pode soar estranha quando aplicada a situaesobviamente obrigatrias, como conveniente que uma organizao pague seusimpostos ou a organizao deveria cumprir todas as leis a que est sujeita.

    CertifiCAo Outra consequncia da abordagem adotada pela ISO 26000 a im-possibilidade de se utilizar essa Norma como base para certifcaes ou avaliaesde conormidade, na medida em que ela no contm requisitos, mas to somenteorientaes e diretrizes gerenciais, no se caracterizando como um sistema degesto. A deciso estratgica de que a ISO 26000 no seria uma norma certifcvelest reetida na sua prpria estrutura, tecnicamente inadequada para esse fm.

    Essa deciso oi especialmente polmica. De um lado, havia a preocupaode que, no sendo certifcvel, a Norma no ajudaria a decidir sobre o grau deresponsabilidade social de uma organizao. Ademais, temia-se que a impos-sibilidade de obter um certifcado reduziria a motivao que as organizaes

    especialmente empresas teriam para utilizar a Norma.De outro lado, estudos do grupo assessor (criado pela ISO antes da constitui-

    o do WG/SR, com a misso de analisar a possibilidade de criao de uma norma

    de responsabilidade social) apontavam o risco de que, por se tratar de um temamuito novo e abrangente, a tentativa de elaborar uma norma certifcvel poderiaracassar. Tal racasso poderia resultar de difculdades na obteno de consensosobre os detalhes e mltiplos interesses envolvidos pela elaborao de um docu-mento extenso e complexo, ou redundar na criao de um documento excessiva-mente simplifcado (que resolveria os dois problemas anteriores, porm teria pou-ca utilidade e credibilidade, subestimando a importncia do tema). Exemplos deoutros problemas identifcados oram a difculdade em propor processos efcazese confveis de verifcao e as implicaes ante outras normas e exigncias legais.

    Seguindo a proposta inicial, a ISO 26000 oi elaborada como um guia dediretrizes. Essa deciso possibilitou reunir, em um nico documento, com eleva-do grau de consenso, as mais recentes e legtimas expectativas e recomendaessobre RS e sobre a gesto voltada ao Desenvolvimento Sustentvel.

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    CONTRIBUIES DO 1 GRUPO DE TRABALHO DO GVCES

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    Na avaliao do GT, a ausncia de certifcao de ato reduz a motivao demuitos usurios potenciais, o que tende a retardar a disseminao da Norma.Porm, esse ato compensado pela qualidade e utilidade do documento resul-tante, a partir do qual podero surgir aplicaes especfcas (e eventualmentecertifcveis). Alm disso, o grande interesse demonstrado por vrios pblicosna ISO 26000 poder impulsionar sua diuso. o caso de organizaes que jesto alinhadas com os princpios da RS e desejam avaliar suas estratgias; pro-fssionais ligados RS que buscam respaldo para suas propostas; ONGs e outraspartes interessadas que encontram respaldo para suas demandas; legisladores e

    ormuladores de polticas interessados no tema da RS, e ainda comunicadores,jornalistas, consultores, proessores e estudantes que veem na ISO 26000 umaslida reerncia h muito esperada.

    relAo dA rs Com o estAdo Esse o tema de uma subseo especfca (3.4), mas tambm mencionado na introduo e em razo de sua importncia, tendo sidomotivo de muitos debates. Trata-se de uma das questes undamentais do mo-mento atual: at que ponto instrumentos voluntrios e mecanismos de induo,oriundos do mercado ou da opinio pblica, podem substituir a regulao legal,mandatria, criada e exercida por meio do Estado?

    O movimento de RS ganhou ora exatamente em um perodo recente, noqual se observaram a retrao do poder estatal e o aumento dos mecanismos demercado (oneoliberalismo). Por esse motivo, existe o temor de que o ortalecimen-to da RS seja utilizado como alavanca para enraquecer o poder pblico, posicio-nando o voluntarismo (ou a autorregulao) como orma mais apropriada parase lidar com a complexidade e a dinmica do mundo contemporneo. H receioquanto a uma possvel inverso de papis, em que os mecanismos voluntrios

    de engajamento com partes interessadas e a priorizao de temas sejam utiliza-dos como base para questionamento da autoridade estatal, com a consequenteragilizao da democracia.

    Por sua vez, so identifcados inmeros exemplos que mesmo reconhe-cendo as limitaes da regulao estatal diante do mundo de hoje demons-tram a necessidade de preservao de uma autoridade pblica. Autoridadeessa com capacidade eetiva de regulao, destinada tanto a criar e garantir ocumprimento de regras essenciais para a vida pblica como para salvaguar-dar a democracia, estabelecendo mecanismos transparentes de participao e

    atenuando o desequilbrio de poder entre as partes envolvidas, observado emmuitas relaes sociais.Abordar esse ponto complexo e indicar diretrizes para a convivncia produ-

    tiva entre essas duas tendncias uma grande contribuio da ISO 26000.

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    1. ESCOPOsUmRIO

    A ISO 26000 traz orientaes sobre conceitos, princpios, prticas e temas da responsabilidade socialpara todos os tipos de organizaes. A Norma procura contribuir para que o desempenho das organizaesseja compatvel com o desenvolvimento sustentvel da sociedade, provocando e induzindo as organizaesa irem alm das suas obrigaes legais e eetivamente tornando-se parte ativa desse desenvolvimento.

    A Norma no substituiu, mas complementa outros documentos e iniciativas de RS, omentandoo estabelecimento de uma compreenso comum sobre o tema. A aplicao da Norma deveria levar

    em conta o contexto de cada situao e cada organizao envolvida, com ateno para as condieslocais econmicas e sociais.

    A Norma no possui ormato de sistema de gesto, no sendo apropriada certicao, nemao uso como base para regulao ou para exigncia contratual. Como a Norma no contm requi-sitos, no possvel uma certicao, pois essa pressuporia a comprovao de seu cumprimento. AISO 26000 no pretende ornecer uma base para ao legal no mbito nacional ou internacional,incluindo qualquer medida perante a Organizao Mundial do Comrcio (OMC).

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhO

    O escopo primeira seo do contedo normativo estabelece o propsito e oslimites da Norma, uncionando como base e reerncia para o restante do docu-mento. Em alguns pontos repete o que est na Introduo, mas agora com carternormativo. Alm dessa uno tcnica, um aspecto destacado pelo grupo oi aexistncia de vrios alertas, que reetem decises sobre importantes dilemasenrentados no processo de construo da Norma, como:n O cumprimento da lei como ponto de partida para a RS (no como limite).n A relao com outras iniciativas e erramentas de RS existentes (comple-

    ment-las, e no substitu-las).n A importncia de se considerar as peculiaridades sociais, econmicas,culturais e ambientais de cada situao no tocante RS, ao mesmo tem-po que se mantm a consistncia com outras normas internacionais decomportamento.

    n A inadequao da Norma para processos de anlise de conormidade oude certifcao, e o claro alerta de que oertas nesse sentido violariam assuas recomendaes.

    n A distino entre a ISO 26000 e os tipos de normas internacionais previs-

    tas como ontes legtimas para barreiras comerciais pela OMC.Numa perspectiva de aplicao prtica da ISO 26000, esses esclarecimen-tos orientam sobre o uso da Norma e sobre o que est ou no abrangido porsuas recomendaes.

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    2. tERmOS E DEfINIESsUmRIO

    A ISO 26000 apresenta um conjunto de 27 deinies. Trata-se no apenas de aspectos normativosde um documento ISO, mas tambm de deinies conceituais amplamente debatidas ao longo do

    processo de elaborao da Norma, constituindo-se em um conjunto de reerncias para todas asorganizaes e para o movimento de responsabilidade social.

    Ao apresentar esse conjunto de deinies e conceitos, a Norma estabelece uma linha base de dilo-go, isto , uma linguagem comum, entre dierentes organizaes, ainda que tenham dierentes abordagens.

    Os termos e conceitos apresentados no constituem princpios ou consideraes, que so des-critos e apresentados ao longo do texto. Muitos termos utilizados na ISO 26000 so usualmenteutilizados na linguagem cotidiana ou tcnica de outras reas. Na seo 2 a Norma estabelece qual osentido nela adotado, porm apenas nos casos em que tal sentido seja dierente do usual, incorporandoaspectos especicos no contexto da responsabilidade social.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhOO contato com os termos e defnies da Norma, a reexo sobre seus signi-fcados e compreenso so, sem dvida, os passos iniciais para a aplicao daISO 26000 pelas empresas. A Norma oi escrita na lngua inglesa e, mesmona lngua original, as ronteiras de termos e defnies podem se apresentarnebulosas, o que reora a transparncia e o dilogo como ormas eetivasde dirimir eventuais dierenas de entendimento e promoo de alinhamentosobre um determinado termo ou defnio.

    Dentre esses termos, alguns se destacaram nas discusses do GT, quer porseu carter inovador, quer por trazerem implicaes muito signifcativas para asexpectativas e prticas de comportamento socialmente responsvel. So eles, em

    transcrio literal da ABNT NBR ISO 26000:AccountAbility(pela impossibilidade de traduo exata, o termo utilizado emingls mesmo na verso brasileira) condio de responsabilidade por decises eatividades e prestao de contas destas decises e atividades aos rgos de gover-nana de uma organizao, a autoridades legais e, de modo mais amplo, s partesinteressadas da organizao.DilignciA DeviDA (Due Diligence)processo abrangente e proativo de identifcaros impactos sociais, ambientais e econmicos negativos reais e potenciais dasdecises e atividades de uma organizao ao longo de todo o ciclo de vida de um

    projeto ou atividade organizacional visando evitar ou mitigar esses impactos.normAs internACionAis de ComportAmento expectativas de comportamentoorganizacional socialmente responsvel oriundas do direito internacionalconsuetudinrio, dos princpios geralmente aceitos de leis internacionais ou

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    de acordos 283 intergovernamentais que sejam universalmente ou pratica-mente universalmente reconhecidos.notA 1 Acordos intergovernamentais incluem tratados e convenes.notA 2 Apesar do direito internacional consuetudinrio, dos princpios geral-mente aceitos de leis internacionais e de acordos intergovernamentais seremoriginalmente direcionados a governos, eles expressam objetivos e princpiosaos quais todas as organizaes podem aspirar.notA 3 As normas internacionais de comportamento evoluem com o tempo.PArte interessADA (ou stAkeholDer) indivduo ou grupo que tem um interesse

    em quaisquer decises ou atividades de uma organizao.responsAbilidAde soCiAl responsabilidade de uma organizao pelos impactosde suas decises e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de umcomportamento tico e transparente quen contribua para o desenvolvimento sustentvel, inclusive a sade e bem-

    estar da sociedade;n leve em considerao as expectativas das partes interessadas;n esteja em conormidade com a legislao aplicvel e seja consistente com

    as normas internacionais de comportamento;n esteja integrada em toda a organizao e seja praticada em suas relaes.

    notA 1 Atividades incluem produtos, servios e processos.notA 2 Relaes reerem-se s atividades da organizao dentro de sua eserade inuncia.esferA de influnCiA amplitude/extenso de relaes polticas, contratuais, eco-nmicas ou outras relaes por meio das quais uma organizao tem a capacidadede aetar as decises ou atividades de indivduos ou organizaesnotA 1 A capacidade de inuenciar no implica, em si, responsabilidade de

    exercer inuncia.notA 2 Quando esse termo aparecer nessa Norma Internacional, dever sersempre compreendido no contexto das orientaes contidas nas subsees5.2.3 e 7.3.2.CAdeiA de VAlor sequncia completa de atividades ou membros que ornecem ourecebem valor na orma de produtos ou servios.notA 1 Partes que ornecem valor incluem ornecedores, trabalhadores tercei-rizados, empresas contratadas e outros.notA 2 Partes que recebem valor incluem clientes, consumidores, conselhei-

    ros e outros usurios.

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    3. COmPREENSO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL3.1 A REsPONsABILIDADE sOCIAL DAs ORGANIZAEs: hIsTRICO

    sUmRIOO conceito de responsabilidade social passou a ser usado de maneira mais ampla durante a dcadade 1970. Vrios aspectos, hoje considerados integrantes da responsabilidade social, j vinhamsendo tratados antes, em alguns casos desde o inal do sculo XIX.

    Inicialmente, a responsabilidade social esteve mais associada s organizaes empresariais,

    e o termo responsabilidade social empresarial ainda muito utilizado. Isso ocorreu por umapercepo de que tais organizaes deveriam alterar suas prticas que impactavam negativamen-te a sociedade. A ISO 26000 adota o termo responsabilidade social e entende que no s asorganizaes empresariais, mas organizaes de todos os segmentos deveriam contribuir para odesenvolvimento sustentvel por meio de suas decises e atividades.

    Inicialmente, a noo de responsabilidade social (ou responsabilidade social empresarial)estava associada s atividades ilantrpicas e beneicentes. A noo de gesto responsvel e a inclu-so de outros temas evoluram com o tempo.

    As expectativas da sociedade sobre ocomportamento responsvel das organiza-es reletem interesses e preocupaes emum dado momento histrico. Mas esse um

    processo dinmico, de modo que medidaque os interesses e preocupaes se alteram,o entendimento de responsabilidade socialtambm dever evoluir. Os temas centrais eas questes de responsabilidade social lista-

    das na ISO 26000 reletem a viso contem-pornea sobre o assunto.

    CONsIDERAEs DO GRUPODE TRABALhOInaugurando as orientaes de na-tureza mais prtica da Norma, estasubseo 3.1 resgata brevementeo histrico do movimento da RS,

    mostrando que no se trata de algoesttico, mas de um movimento emconstruo, que se adapta e evoluina medida em que mudam seus

    AMCEUm dos aspectos mais importantes de uma nor-

    ma como a ISO 26000 o acompanhamento daevoluo das demandas da sociedade, por meio dedilogo requente com organizaes, academia, ter-ceiro setor e demais pblicos para sua constanteatualizao. Dessa orma, deixa como legado noapenas ser um conjunto de boas prticas para a ges-to, mas passa a ser exemplo de construo coletiva,

    transparente e participativa.

    REPORTCom a evoluo da discusso sobre a necessidadede desenvolver novas ormas de azer negcio queconsiderem o impacto de longo prazo das atividadeshumanas, busca-se deinir o novo papel das em-

    presas na sociedade. O conceito de sustentabilida-de vem trazer um novo olhar sobre a percepo daresponsabilidade das empresas por seus impactos,diretos e indiretos.

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    atores e o cenrio no qual se inserem. Para as empresas interessadas na imple-mentao da ISO 26000, essa contextualizao importante, pois possibilitasituar-se no movimento. Isso signifca perceber que existem dierentes situa-es e que prticas at recentemente vistas como desejveis podem ter perdidorelevncia, ou ainda, que aes, aparentemente incuas, podem ter um papelundamental como os primeiros passos de caminhos que levem RS em termosmais contemporneos.

    Nesse aspecto, um importante esclarecimento reere-se relao entre RSe flantropia, onte de muitas polmicas. Na viso da ISO 26000, a flantropia

    e o investimento social privado, apesar de poderem ser relacionados a algunsaspectos da RS (como a contribuio a situaes de carncia ou emergncias,ou apoio ao desenvolvimento), no so essenciais RS, na medida em queuma organizao pode ser socialmente responsvel sem exercer flantropiasob qualquer orma.

    Essas atividades so independentes da RS de uma empresa, podendo con-tribuir ou no com os objetivos e princpios da RS. Nesse contexto, a ISO 26000oerece indicaes teis para a avaliao do alinhamento ou no das ativida-des flantrpicas e de investimento social com a RS.

    3.2 TENDNCIAs ATUAIs DA REsPONsABILIDADE sOCIAL

    sUmRIODiversos atores tm contribudo com o aumento da preocupao das organizaes com a respon-sabilidade social. O aproundamento do processo de globalizao, vivido no inal do sculo XX e noincio do sculo XXI, trouxe mudanas sociais que estimulam cada vez mais a responsabilidade social.

    A evoluo tecnolgica, especialmente na rea de telecomunicaes, colocou as decises estra-tgicas e as atividades das organizaes sob um escrutnio cada vez maior e mais amplo, medidaque promoveu o acesso a inormaes antes inacessveis por dierentes grupos. As prticas e polticasadotadas em dierentes lugares podem agora ser acilmente comparadas e divulgadas, aumentando acobrana sobre a postura das organizaes.

    As diversas crises econmicas e inanceiras vividas nas ltimas dcadas aumentaram a cons-cientizao sobre a necessidade de se adotar um comportamento socialmente responsvel, questionan-do prticas tradicionalmente adotadas pelas organizaes.

    Dierentes grupos de interesse, especialmente ONGs, consumidores e investidores, tm exerci-

    do crescente inluncia sobre o comportamento das organizaes, cobrando maior responsabilidadesocial. Isso tem contribudo com a melhoria da comunicao do desempenho em RS das organizaese com a regulamentao de prticas relacionadas a esse tema, por parte de governos.

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    CONsIDERAEs DOGRUPO DE TRABALhOAo atualizar a contextualizaoda RS, a ISO 26000 oerece aosseus usurios elementos unda-mentais a serem considerados nomomento de avaliao ou pla-nejamento da RS. Dentre esseselementos, o que mais chamou

    a ateno nos debates do GT oia nase dada ao poder que hojetm as grandes organizaes pri-vadas (em mbito local e global),ao qual corresponde uma gran-de responsabilidade, no apenasem razo dos impactos diretosde suas decises e atividades,mas tambm pelos seus impac-tos indiretos, de natureza social,ambiental ou econmica, bemcomo em outras reas, como acultura, a poltica, a democra-cia e a governana global. Nessesentido, a Norma menciona asrecentes crises globais (incluin-do a crise econmico-fnanceira

    deagrada em 2008), para ilus-trar seu orte vnculo com a RS.Atitudes socialmente respons-veis (ou no) das organizaestm grandes implicaes, querna gerao dessas crises, quer na

    adoo de solues para enrent-las, minimizando seus eeitos deletrios.Estratgias encaminhadas seguindo as diretrizes da RS podero conduzir acivilizao contempornea a uma situao de maior equilbrio e estabilida-

    de, criando situaes mais sustentveis e menos propensas a iniquidades ounovas crises. A ISO 26000 se posiciona como um importante guia para a re-estruturao das organizaes e de suas estratgias em um cenrio ps-crise.

    BRASKEMA partir da globalizao e da rpida disponibilidade deinormaes, a Braskem busca a cada dia aproximar-se de seus stakeholders, seguindo diversos cami-

    nhos de relacionamento. A companhia considera quea tendncia atual da responsabilidade social tornarseus pblicos parte das decises, atividades e soluesem busca da minimizao de impactos, agindo comtransparncia e coerncia.

    SANTANDERA sustentabilidade um vetor de inovao para asempresas: abre as portas para novos negcios e merca-dos, reduz a exposio a riscos, contribui para a eicin-cia nas operaes e para a melhoria do relacionamentocom os dierentes pblicos.No setor inanceiro, o caminho , cada vez mais, usar

    os produtos e servios para omentar negcios susten-tveis, direcionando os recursos para empresas e setoresligados a temas socioambientais ou interessados emincorporar novas prticas em suas atividades e projetos.Para aproundar essa estratgia, em 2010 o Santandercriou a rea de Desenvolvimento de NegciosSustentveis, ocada na gerao de negcios sustent-veis junto aos gerentes de relacionamento que atuam nosegmento de Atacado, e a rea de Solues de Negcios,

    que desenvolve solues inanceiras para serem oerta-das a clientes de todos os segmentos.Negcios sustentveis so excelentes para o banco, seusacionistas, clientes e toda a sociedade.

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    3.3 CARACTERsTICAs DA REsPONsABILIDADE sOCIALsUmRIO

    A RS possui duas caractersticas essenciais: a disposio de considerar aspectos socioambientaisna tomada de deciso de uma organizao e a aceitao da responsabilidade sobre os impactosdas suas atividades. A partir dessas duas caractersticas emergem outras dimenses do conceito.

    A responsabilidade socialimplica a compreenso de que asociedade possui expectativas que

    derivam de valores amplamenteaceitos. Apesar da possibilidadede esses valores variarem con-orme a cultura da sociedade,as organizaes deveriam sem-

    pre seguir normas internacio-nais de comportamento, comoa Declarao Universal dosDireitos Humanos. A compre-enso de que uma sociedade tem

    expectativas mais amplas, e ligadas a valores, implica um melhor entendimento do papel que asorganizaes tm a cumprir e que a sua responsabilidade social vai alm de suas obrigaes legais.

    Para adotar um comportamento responsvel, undamental que as organizaes se engajemcom suas partes interessadas, buscando compreender seus impactos atuais e potenciais. Para isso, aresponsabilidade social deveria estar integrada estratgia organizacional.

    A promoo da igualdade de gnero tambm um importante componente da responsabilidadesocial. As sociedades designam papis para homens e mulheres, e muitas vezes esses papis discriminam

    as mulheres. A discriminao de gnero limita o potencial dos indivduos e da sociedade como um todo.Pequenas e mdias organizaes (PMO) tambm devem adotar um comportamento social-mente responsvel. O potencial lexvel e inovador das PMO pode acilitar a integrao da responsa-bilidade social. Algumas organizaes maiores podem entender que apoiar a responsabilidade socialde PMO parte de sua prpria responsabilidade social.

    Responsabilidade social reere-se a uma determinada orma de relao de uma organizaocom a sociedade e o meio ambiente, sendo o desenvolvimento sustentvel um objetivo norteador dasociedade. So conceitos dierentes, porm relacionados. Uma organizao socialmente responsvelalmeja contribuir com o desenvolvimento sustentvel da sociedade.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhOA subseo 3.3 subdividida em sete partes e pode ser entendida como umaexplicao do conceito de responsabilidade social estabelecido pela ISO 26000.

    CNI/SESI

    A ISO26000 o resultado da vontade de diversos pases e tiposde organizao, um exemplo concreto de construo coletiva.Foi construda de uma orma exemplar que considerou as expec-tativas da sociedade, o papel das partes interessadas, a integraoda responsabilidade social em sua elaborao, alm de deinira relao entre desenvolvimento sustentvel e responsabilidadesocial. Por tudo isso, essa Norma representa um marco reeren-cial para as organizaes e proissionais que procuram atuar deorma tica e buscam o progresso de nossa sociedade.

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    O grupo considerou essa subseo de grande utilidade, pois trata, de orma re-sumida, vrios pontos undamentais para os usurios, tal como a relao, nemsempre convergente, entre os interesses da organizao, de seus stakeholders e dasociedade onde est inserida (aspecto mais aproundado na seo 5).

    Outra contribuio de destaque a relao complementar entre RS, Desen-volvimento Sustentvel e Sustentabilidade. A Norma esclarece que (a) RS podeser entendida como a orma de gesto que visa maximizar a contribuio de umaorganizao para o desenvolvimento sustentvel, ao mesmo tempo que buscaatingir seus objetivos especfcos; (b) no contexto da RS, sustentabilidade deve

    sempre ser vista como algo coletivo, do planeta e da sociedade, e jamais aplicadaisoladamente a uma organizao ou setor.

    Sob o aspecto da implementao, essa subseo traz um trecho (Box 3)especialmente voltado s PMO. No se trata de orientaes especfcas para elas(pois isso iria contra a diretriz de aplicabilidade geral da Norma), mas de umaexplicao que ressalta e articula aspectos da Norma que acilitam sua compre-enso e aplicao por empresas e organizaes de menor porte, e tambm porquaisquer outras que estejam comeando a se interessar pela teoria e prtica daRS. Realiza tambm um exerccio semelhante (Box 2), sob a ptica das relaesentre igualdade de gnero e responsabilidade social.

    3.4 O EsTADO E A REsPONsABILIDADE sOCIAL

    sUmRIOA Norma ISO 26000 no pretende, e nem poderia, alterar as obrigaes do Estado de agir emnome do interesse pblico e do bem comum. A Norma no ornece orientaes destinadas a abordar

    questes que devem ser discutidas e resolvidas no mbito das instituies polticas da sociedade. Aresponsabilidade do Estado em proteger os direitos humanos e garantir o bem-estar da sociedade nodeve ser alterada com essa Norma. Organizaes governamentais (empresas pblicas, autarquiasetc.) podem utilizar essa Normacomo orientao para a adoo de

    prticas socialmente responsveis.

    CONsIDERAEs DOGRUPO DE TRABALhO

    Apesar de curta, esta subse-o de grande importn-cia, destacando um temacentral para a compreenso

    AMCEOrganizaes que objetivam a responsabilidade social devemutilizar essa e outras reerncias como orientadoras paracontribuir com uma vida em sociedade mais justa e iguali-tria, mas sem perder a noo de que o Estado o responsvel

    pela gesto do coletivo. A atuao das demais entidades emesoros desse tipo possui, no entanto, o papel de colaborar

    positivamente para uma agenda global.

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    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhOAo identifcar e alinhar um conjunto relativamente pequeno de princpios daRS, a ISO 26000 ajuda seus usurios a ocarem no que eetivamente so asimplicaes e os compromissos essenciais da gesto socialmente responsvel.Dois aspectos no trecho introdutrio desta seo receberam especial ateno doGT: o reconhecimento da complexidade inerente aplicao prtica da RS e deseus princpios, e, como consequncia, a orientao para que as organizaesbusquem certa exibilidade na aplicao dos mesmos, levando em conta as pe-culiaridades de cada situao, e atendo-se mais ao seu esprito do que seguindo

    rigidamente o contedo oerecido.Isso traz um desafo para as organizaes que desejam implementar a ISO

    26000, que a impossibilidade de encarar os princpios da RS como meros re-quisitos a serem satiseitos: preciso reetir proundamen-te sobre cada um deles, sobreseus propsitos e undamen-tos para poder ento estabele-cer (e justifcar sempre que ne-cessrio) as diretrizes a seremutilizadas nas situaes reaisvividas pelas organizaes.

    Finalmente, cabe ressaltarque esta seo apresenta apenasos princpios de aplicabilida-de geral no campo da RS, masque existem outros princpios,

    igualmente importantes, masque, por serem aplicados apenasa um ou alguns dos temas cen-trais da RS, so mencionados emtrechos especfcos da seo 6.

    4.2 AccountAbility

    sUmRIOA Norma traz como um de seus princpios gerais a accountability. Esse termo, apesar de nopossuir uma traduo literal para o portugus, pode ser entendido como um conceito que uneprestao de contas, responsabilizao e responsividade.

    TELEFNICAO Grupo Telenica entende a RS como uma erramenta degerao de valor para a companhia. Ela permite construirrelaes sustentveis com seus pblicos de relacionamento,gerando coniana por meio da gesto eicaz dos riscos e opor-tunidades e incrementando sua legitimidade nas sociedadesonde opera. Dessa orma, sua estratgia de ResponsabilidadeSocial se vincula aos seus processos de negcio.

    AMCEA existncia e aplicao eetiva de princpios dentro de umaorganizao so importantes para uma atuao slida etransparente. Deve-se ir alm do cumprimento de normas,

    e buscar a implementao de aes que estimulem relexesconjuntas com seus dierentes pblicos, acerca de aspectosde desenvolvimento sustentvel e da relao desses com ocotidiano de suas atividades.

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    Uma organizao que segue o princpio de accountabilitydeveria prestar contas e se respon-sabilizar por seus impactos na sociedade, aceitando e assumindo a responsabilidade por erros e pelaadoo de medidas corretivas correspondentes. Alm disso, as organizaes deveriam aceitar o dever deresponder a questionamentos e investigaes.

    O grau de aplicabilidade desse princpio varia de acordo com o poder de inluncia de umaorganizao. Organizaes maiores e com maior poder relativo na sociedade em que operam deveriamter maior accountability.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhO

    Pode-se dizer que esse princpio, juntamente com o da transparncia e do respei-to pelos interesses dos stakeholders constituem a origem e o cerne da RS: somenteao reconhecer o dever de prestar contas e dar conta do que da sua contauma organizao passa aencarar a RS como parteinerente sua existncia,e no como uma impo-sio, um modismo ouuma demanda de setoresempenhados em deen-der seus interesses.

    Assumir de ato oprincpio de accountabilityimplica levar para dentroda organizao e paratoda a lgica em que elaopera um modo de agir

    e de se posicionar que in-clui as pessoas em todosos seus nveis e posies,no apenas como profs-sionais, mas na sua condi-o humana mais ampla.

    4.3 TRANsPARNCIA

    sUmRIOSeguir esse princpio signiica que as organizaes deveriam ser transparentes com relao aosimpactos de suas atividades e decises. Para que isso ocorra, as organizaes deveriam divulgar

    EDP

    Ciente da importncia de estabelecer relaes transparentes com seusstakeholders, a EDP no Brasil, desde 2006, elabora seu Relatrio

    Anual de Sustentabilidade de acordo com a Global Reporting

    Initiative (GRI). Tal relatrio abrange indicadores sociais, ambien-tais e econmicos das empresas controladas pelo grupo nos negciosde gerao, distribuio e comercializao de energia. Para garantir aconiabilidade e a veracidade das inormaes, essas so conirmadas

    por uma auditoria externa independente desde 2007.

    TELEFNICAPara o Grupo Telenica, o relatrio de responsabilidade social uma oportunidade para apresentar um balano transparente de

    seu desempenho e construir uma relao de coniana com seuspblicos de relacionamento. uma erramenta de prestao decontas de seu comportamento social, ambiental e econmico paraa sociedade e que permite, tambm, avaliar e evoluir em sua estra-tgia de responsabilidade social.

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    suas inormaes sempre de orma comple-ta, correta e precisa, de maneira suicientee clara. As inormaes deveriam abordarimpactos conhecidos e potenciais da organi-

    zao, bem como suas polticas e atividades.Um comportamento transparente no

    se traduz apenas pela disponibilizao deinormaes, mas inclui tambm a ormacomo essas inormaes so disponibilizadas

    e divulgadas. As inormaes devem ser decil acesso e estar disponveis em ormatos de cil compreenso para as dierentes partes interessadas.

    Ser transparente, no entanto, no implica divulgao de inormaes conidenciais. Alguns exem-plos das inormaes que deveriam ser divulgadas pelas organizaes so: propsito e localizao dasatividades, desempenho nos temas e questes de responsabilidade social, impactos negativos e riscos de

    produtos/servios, estrutura societria e origem/destino dos recursos inanceiros.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhOO grupo compreende que o princpio da transparncia central na RS, sem oqual uma organizao incapaz de perceber o que de ato signifca uma gestosocialmente responsvel. A disposio para dar visibilidade s inormaes rele-vantes, para que as partes interessadas possam ormar sua opinio e tomar suasdecises, traz implicaes proundas para a gesto das organizaes, que passama se preocupar e preparar mais conscientemente para explicar o que azem, e porque o azem. O aproundamento da reexo por parte dos gestores possibilita oaprimoramento da qualidade de suas decises.

    Sob a perspectiva da implementao, outro ponto que merece destaque a

    clareza com que a ISO 26000 situa a questo da transparncia. Se, por um lado,no implica exposio total e fm do sigilo, por outro, no se limita simplesdivulgao de dados e inormaes, sem cuidado com a capacidade ou possibi-lidade que as partes interessadas tm em compreend-los.

    4.4 COmPORTAmENTO TICO

    sUmRIO

    A Norma entende que um comportamento tico deveria ser aquele pautado por valores como honestidade,equidade e integridade. Tais valores deveriam se traduzir em uma preocupao com o bem-estar das pes-soas, do meio ambiente e tambm dos animais. Uma organizao comprometida com o comportamentotico tambm assume o compromisso de lidar com seus impactos e as demandas das partes interessadas.

    BRASKEM

    Na Braskem, o Cdigo de Conduta j ensina ao Integrantea responsabilidade que ele tem de exercer suas atividadese conduzir os negcios da Companhia com transparncia.Esse princpio est presente em todas as reas, primando

    pela transparncia no relacionamento, que relete a exce-lncia nos sistemas de gesto e governana corporativa,azendo parte da cultura e da atuao da Braskem.

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    Ao aplicar o princpio de com- portamento tico em suas ativida-des dirias, uma organizao deveria

    promov-lo por meio de aes como adeinio e a divulgao de seus valores,

    princpios e compromissos undamen-tais; o estabelecimento de mecanismosde superviso e controle para garantirque os princpios estejam sendo segui-

    dos; o estabelecimento de mecanismosde denncia que protejam a identidadedos autores evitando possveis repres-lias; a promoo da conscientizao e oestmulo para que os valores e princ-

    pios sejam adotados e seguidos; a inte-grao dos valores e dos princpios nasestruturas de governana; entre outros.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhOA ISO 26000 aborda com cautela o tema da tica, pois, conorme discutido pelogrupo, possvel alar em ticas especfcas para determinados grupos, profs-ses, categorias, culturas etc. Por isso, aborda a questo do comportamento tico, noda tica em si. O sentido deixar claro que o que est em pauta no um ou outroquadro de valores humanos, e nem uma tentativa de defnir uma tica global paratodos no planeta. Por isso, a Norma oca o comportamento, procurando explicitaraspectos prticos relacionados ao comportamento no ambiente organizacional

    e identifcando atores comuns maioria das situaes, independentemente dotipo de organizao ou do pas em que atua.

    4.5 REsPEITO PELOs INTEREssEs DAs PARTEs INTEREssADAs

    sUmRIONo contexto da responsabilidade social, uma organizao no deveria levar em conta apenas osinteresses de seus proprietrios, conselheiros, clientes ou associados, mas tambm outras partes cujos

    direitos e interesses sejam aetados pelas atividades da organizao. As partes interessadas podem serindivduos, grupos ou outras organizaes.

    Ao seguir o princpio de respeito ao interesse das partes envolvidas, uma organizao deveriatomar medidas como: identiicar suas partes interessadas, considerando sua capacidade de estabelecer

    AMCEPara garantir uma conduta tica, que abranja todas as ativi-dades e os relacionamentos da organizao, interessante que acriao e a diuso de seu conjunto de valores sejam realizadasde orma participativa, por meio de runs de dilogos, gruposde trabalho e outros mecanismos, ajudando a construir umaidentidade com seus pblicos que v alm de um simples con-

    junto de regras de conduta.

    SANOFI-AVENTISA tica que norteia a indstria armacutica de orma geral,bem como os princpios corporativos especicos da empresaso divulgados ormal e regularmente ao seu pblico interno.Uma rede de compliance oicers, sem vnculo hierr-quico local, tem por misso zelar pelo cumprimento das regrasde conduta da organizao no mundo.

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    contato; engajar-se e dialogar com as partes interessadas, considerando suas dierentes perspectivas einteresses, ainda que essas partes no estejam plenamente conscientes de tais interesses.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhOO grupo compreende que esse um dos trs princpios centrais para emergnciada RS (sendo os outros accountability e transparncia). Seu papel central se justifcapelo ato de que por meio desse princpio que a organizao abandona umcomportamento autista e passa a reconhecer que outros tm seus interessesaetados por suas decises e aes, e que por isso devem ser inormados, ouvidos,

    envolvidos e considerados nos seus processos de tomada de deciso.Esse princpio muito signi-fcativo tambm pelo ato de quea ISO 26000 enoca os stakeholdersde modo muito especfco, def-nindo-os essencialmente comoportadores de interesses identi-fcveis que podem ser aetadospelas decises e aes de uma

    organizao, sem misturar esseatributo com a capacidade quetenham (ou no) de impactar osinteresses dessa organizao.

    Num jogo de palavras, per-cebeu-se nos trabalhos do GTque a ISO 26000 az a distinoentre partes interessadas e par-tes interessantes (sendo estas ltimas defnidas no pelo ato de terem interesses,

    mas pela capacidade de aetar os interesses da organizao e, portanto, merece-rem ateno especial dos gestores). Cuidar das partes interessantes caracte-rstica de uma boa gesto, mas no necessariamente se reere a um comporta-mento socialmente responsvel, pois no parte do princpio de reconhecimentoe respeito pelos interesses de terceiros.

    4.6 REsPEITO PELO EsTADO DE DIREITO

    sUmRIOA noo de estado de direito se traduz como o valor absoluto das leis sobre o comportamento, ou seja,signiica que nenhum indivduo, organizao ou autoridade pblica (includo o Estado) est acima dasleis, que devem ser seguidas e respeitadas por todos. um conceito que visa eliminar situaes e processos

    EDPA EDP no Brasil se compromete a manter um dilogo constante,aberto e transparente, com suas dierentes partes interessadas, por

    meio dos diversos canais de comunicao que disponibiliza. O rela-cionamento com seus pblicos undamental para o planejamentoestratgico da companhia, j que ortalece a governana corporati-va, possibilita a identiicao de oportunidades, a busca de solues

    inovadoras e a deteco de alhas. Em conormidade com a normaAA1000 APS, o processo de engajamento de stakeholders daEDP no Brasil considera as principais partes interessadas; possui um

    procedimento transparente em relao determinao da relevnciados assuntos materiais; tem uma estrutura bem deinida do processode Capacidade de Resposta no Relatrio Anual de Sustentabilidade.

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    decisrios pautados pela arbitrarie-dade e pelo abuso de poder.Para uma organizao que dese-

    ja ser socialmente responsvel, seguiro princpio de respeito pelo estado dedireito signiica cumprir todas asleis e regulaes aplicveis a ela. Issoquer dizer que as organizaes deve-riam tomar medidas proativas para

    estarem inormadas sobre as leis quelhes so aplicveis, alm de garantirque todos os seus membros estejaminormados e que estabeleam medi-das para o seu cumprimento.

    Ao seguir esse princpio, uma organizao deveria adotar medidas como: cumprir todos os requi-sitos legais, mesmo na ausncia de iscalizao; assegurar-se que suas atividades e suas relaes estejamem conormidade com a lei; atualizar-se permanentemente sobre suas obrigaes legais etc.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhOEsse princpio no oi considerado inovador pelo grupo (pois amplamente re-conhecido que a RS comea com o respeito lei), mas , mesmo assim, algo desa-fador. Especialmente no contexto brasileiro, onde muitas vezes o cumprimentoda lei no devidamente fscalizado e imposto pelo Estado, criando situaesem que, paradoxalmente, o mero atendimento das obrigaes legais surge comoum dierencial positivo (do ponto de vista da RS) e como um nus adicional (doponto de vista dos custos ou exigncias trazidos pelo seu cumprimento).

    Do ponto de vista da aplicabilidade da Norma, esse princpio coloca empauta e enatiza a importncia de se estabelecer mecanismos voluntrios de ve-rifcao do cumprimento legal, por meio dos quais uma organizao rev siste-maticamente as obrigaes legais s quais est sujeita, e certifca-se de que estosendo cumpridas. Algo ainda raro no pas.

    4.7 REsPEITO PELAs NORmAsINTERNACIONAIs DE COmPORTAmENTO

    sUmRIOAo seguir esse princpio, as organizaes deveriam respeitar normas internacionais de comporta-mento ao mesmo tempo que buscam seguir o princpio de respeito pelo estado de direito. Na seo 2,

    ANGLO AMERICANDa mesma orma que avalia regularmente as mudanas nalegislao ambiental, de segurana, sade, mineral, para quea empresa possa continuar em conormidade com as leis,a empresa passou a utilizar o servio jurdico para indicaralteraes na lei trabalhista e em outros requisitos nacionaisou internacionais na rea social. Caso seja localizado algo novo,que impe novas aes, criado um novo projeto ou programa,ou mesmo um procedimento que permita atender esse requisito.

    As reas envolvidas RH, Jurdica, Responsabilidade Social,Segurana etc. so constantemente acompanhadas nessasaes, que so tambm objeto de auditorias de sistema.

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    a ISO 26000 apresenta a deini-o para normas internacionais decomportamento: expectativas decomportamento socialmente res-

    ponsvel oriundas do direito inter-nacional, dos princpios aceitos deleis internacionais e/ou de acordosintergovernamentais que sejamuniversalmente, ou praticamente

    universalmente, reconhecidos (verdeinio exata na seo 2).

    Ao procurar seguir esse prin-cpio, uma organizao deveriaestar atenta s situaes nas quais alegislao local, ou questes na suaimplementao, no garanta condi-es sociais e ambientais mnimas.Nesses casos, a organizao deveria respeitar o que determinam as normas internacionais. Seguir esse

    princpio tambm implica que nessas situaes as organizaes deveriam procurar inluenciar outrasorganizaes e autoridades para que a legislao local seja alinhada aos padres internacionais de respeitoa questes sociais e ambientais.

    Em locais onde a legislao esteja em conlito com normas internacionais de comportamento,as organizaes deveriam rever a natureza de suas operaes na regio, evitando assim cumplicidade nodesrespeito a normas internacionais de comportamento.

    No contexto da responsabilidade social, a Norma deine cumplicidade como a colaborao comatos altosos de outras organizaes ou indivduos que desrespeitem normas internacionais de comporta-

    mento e que a organizao por meio de due diligence sabia ou deveria saber. A cumplicidade tam-bm ocorre quando uma organizao no se posiciona claramente diante de tais atos ou deles se beneicia.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhOEsse princpio se destaca pelo seu carter inovador e se constitui, ao mesmotempo, em um dos mais controvertidos e undamentais trechos da Norma.Uma das razes para isso a defnio de cumplicidade, em termos bastante am-plos e conectados aos conceitos de due diligence e esera de inuncia, o que tornasua aplicao muito poderosa.

    Um aspecto importante da ISO 26000 o ato de embasar suas orientaesem ontes de grande legitimidade global. Isso inclui, alm das prprias nor-mas ISO, uma srie de acordos internacionais defnidos no mbito das NaesUnidas, contidas na Bibliografa da Norma.

    ANGLO AMERICANRespeitar as leis do pas o mnimo necessrio. Alm disso, a empre-sa subscreveu vrios acordos internacionais como o Pacto Global,os Princpios Voluntrios de Segurana e Direitos Humanos, EITI

    iniciativa de transparncia do setor extrativo , e assim pordiante. Para cumprir esses compromissos, muitas vezes a empresabusca trabalhar com legisladores para discutir questes legtimas,de interesse coletivo, que ainda no oram transormadas em lei.

    EDPDe acordo com os seus Princpios de Desenvolvimento Sustentvele alinhada as normas internacionais de comportamento, a EDP noBrasil signatria do Pacto Global desde 2007, no apenas agin-do de acordo com ele, mas tambm propagando a sua aplicao.Dessa orma, 100% dos contratos com os ornecedores incluemclusulas de direitos humanos e contra o trabalho inantil e escravo.

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    ambiente de trabalho ou deconvivncia social. Existemdiversas iniciativas, seja nombito das Naes Unidas,da sociedade civil, seja node organizaes empresa-riais para cessar essas viola-es cotidianas e promoverativamente a conscientiza-

    o e o respeito a tais direi-tos. A nase da ISO 26000dada a esse tema caracterizaum desses esoros, e tornamais objetivas as orienta-es e expectativas com re-lao ao que pode ser eitopelas organizaes em par-ticular, dentro de sua capa-cidade e responsabilidade.

    5. RECONhECImENtO DA RESPONSABILIDADESOCIAL E ENgAjAmENtO DAS PARtES INtERESSADAS

    5.1 GERALsUmRIONesta seo so abordadas duas prticas undamentais da RS: o reconhecimento pela organizao de suaresponsabilidade social e a identiicao e engajamento das partes interessadas.

    Uma organizao deveria respeitar os interesses das partes interessadas aetadas pelas suas ativi-dades e decises. A identiicao e a responsabilizao da organizao pelos problemas decorrentes de seusimpactos azem parte de sua RS. Essas questes deveriam ser abordadas de maneira a contribuir para odesenvolvimento sustentvel da sociedade.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhOAs sees 5, 6 e 7 constituem a maior parte da ISO 26000, compreendendo 72das suas 116 pginas. , por assim dizer, a parte prtica da Norma, podendo

    SANTANDER

    O respeito aos direitos humanos extrapola as paredes das insti-tuies inanceiras: no basta garantir condies adequadas detrabalho, sade e educao aos prprios uncionrios. precisoobservar toda a cadeia de valor. Uma erramenta de base paraisso a anlise de risco socioambiental na concesso de crdito e

    na aceitao de clientes corporativos. Alm do risco inanceiro eoperacional, o Santander avalia aspectos como segurana do tra-

    balho, indcios de trabalho inantil e anlogo ao escravo, e outrasquestes sociais e ambientais da empresa. Adota prtica seme-lhante na gesto de ornecedores. Alm disso, em meados de 2010,a Santander Asset Management incluiu critrios socioambientais

    na avaliao dos produtos de renda ixa, como debntures e DI.Empresas com bom desempenho nessa rea podem ter preerncia

    na venda de ttulos de dvida para os undos do banco. So algunsexemplos de como o setor inanceiro pode usar sua capacidade

    para omentar a sustentabilidade em todos os setores da sociedade.

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    ser dividida em dois blocos: um que trata dos temas da responsabilidade social(seo 6) e outro que trata da gesto socialmente responsvel (subseo 5 e 7).A diviso desse segundo bloco em duas sees teve como objetivo deixar mais

    claro para o usurio, antes de mais nada, a existncia de duas prticas undamen-tais da RS: a seo 5. Na sequncia, visando acilitar a leitura e ajudar a conscien-tizar o leitor, apresentada a seo 6, uma verdadeira agenda da RS, compostapelos temas centrais e suas respectivas questes e aes. Apresentada essa agenda,seguem as orientaes voltadas sua implementao, contidas na seo 7.

    Em razo desse enoque, as consideraes do GT sobre esse segundo blo-

    co so menos voltadas aos aspectos conceituais, tratando mais diretamente dasobservaes sobre a prtica das empresas e ormas de ampliar a adoo das dire-trizes da ISO 26000.

    SANTANDERA sustentabilidade parte do modelo de negcios do Santander e, como tal, requer umaabordagem sistmica, que envolve uma prounda reviso na maneira de atuar. Para garantira insero do tema em processos, polticas, produtos, servios e relacionamentos, o banco tra-

    balha o tema de orma transversal e adota um modelo de gesto que permite a viso integradadas iniciativas. Em 2010, esse processo oi ortalecido com a criao de uma rea dedicada Governana da Sustentabilidade, incorporao de trs representantes externos na composiodo Comit de Sustentabilidade e reormulao do Comit de Diversidade e Negcios, dedicadoa pensar aes internas e produtos que promovam a diversidade.Tambm oram deinidos temas estratgicos (entre eles Risco e Sustentabilidade e Economiade Baixo Carbono) para omentar a gerao de negcios e inovaes de modo transversal,em todas as reas.

    EDPA verdadeira sustentabilidade construda por meio do dilogo aberto e transparente, que traznovas ideias e permite a criao de solues inovadoras para uma vida melhor. Tendo isso emvista, a EDP no Brasil promove anualmente o engajamento de stakeholders. Para tal, sorealizados painis multi-stakeholders e consultas telenicas, de modo a envolver as prin-cipais partes interessadas e abranger todas as localidades onde a empresa est presente. Comoresultado desse engajamento, elaborada uma matriz de materialidade que relaciona temas de

    maior relevncia do ponto de vista interno com o ponto de vista dos stakeholders externos.Principais resultados: ortalecimento do relacionamento com os pblicos estratgicos; criao

    da poltica corporativa de engajamento de stakeholders; identiicao dos assuntos estrat-gicos para a sustentabilidade; desenvolvimento de importante erramenta para priorizao deaes; subsdios para o planejamento estratgico; aprimoramento do relato de sustentabilidade.

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    5.2 RECONhECImENTO DA REsPONsABILIDADE sOCIAL

    sUmRIOAo reconhecer a sua responsabilidade social uma organizao deveria buscar compreender a naturezatrplice das relaes em que est envolvida: entre a organizao e a sociedade, entre a organizao e as suas

    partes interessadas,e entre as partes interessadas e a sociedade. Esse reconhecimento passa pela consideraodos sete temas centrais descritos na seo 6 da Norma. Esses temas so desdobrados em vrias questes, queapresentam um conjunto de aes e expectativas relacionadas a cada um dos temas. Todos so relevantes eaplicveis a quaisquer organizaes, mas no necessariamente todas as questes o so. Os temas centraisabordam os principais impactos econmicos, sociais e ambientais que uma organizao pode provocar.

    Aps identiicar quais questes so relevantes ou aplicveis, as organizaes deveriam avaliar asigniicncia de seus impactos. Essa avaliao deveria considerar tanto as partes interessadas comoo desenvolvimento sustentvel. A atuao socialmente responsvel de uma organizao um processocontnuo que deve ser constantemente revisitado. A RS de uma organizao tambm deveria se estenders suas relaes. Uma organizao responsvel pelos impactos de outros quando tem o controle or-

    mal ou de ato sobre suas decises. Situaes nas quais uma organizao tem capacidade de inluenciaro comportamento de outras partes so consideradas dentro de sua esera de inluncia, que pode incluir

    relaes na cadeia de valor ou ora dela. A capacidade de exercer inluncia no est necessariamenteassociada com a responsabilidade de az-lo. Uma organizao ser responsvel por exercer sua inlu-ncia quando os relacionamentos com outras organizaes envolverem impactos negativos.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhONo que se reere qualidade das relaes das empresas com suas partes interes-sadas (subseo 5.2.1), o grupo reconhece avanos, porm aponta a necessidadede aprimoramentos. Para os membros do GT, as empresas devem reconhecer suacapacidade de inuenciar positivamente e adotar processos estruturados para

    conhecer e se relacionar com seus pblicos.Alm de processos sistemticos de identifcao e sensibilizao das partesinteressadas, as empresas podem apereioar as erramentas e os canais por meiodos quais estabelecem o contato com esses pblicos. Para o grupo, mesmo com

    REPORTA realizao de painis de dilogo um passo inicial para o desenvolvimento de um processosistemtico de engajamento das partes interessadas. Esse processo acilita a compreenso dosimpactos das atividades de uma organizao, reduz riscos nas prticas de negcio e contribui

    para a aproximao entre a organizao e seus pblicos.

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    o avano das prticas de abertura de inormaes para a sociedade, as empresasainda tm difculdade em divulgar suas iniciativas e ouvir as demandas de partesinteressadas, em geral por alta de alinhamento entre a comunicao, interessesdo pblico e suas expectativas.

    Na subseo 5.2.2, o grupo chama a ateno para a identifcao dos poten-ciais impactos negativos relacionados aos seus produtos e operaes. Questesrelacionadas a conduta tica no atendimento aos clientes, capacidade de aten-dimento das demandas, gerao de emprego e renda, transparncia, bem comoimpactos ambientais decorrentes da operao so tpicos de destaque.

    Os membros do GT consideram undamental a ateno ao alinhamentoentre teoria e prtica. Nesse sentido, mostram interesse na compreenso e noestabelecimento de proces-sos estruturados de dilogocom partes interessadas, re-conhecendo que a partir des-sa interao podem emergirelementos importantes parao alinhamento do planeja-mento estratgico com osprincpios da RS. Destacamque a identifcao de temasrelevantes e de expectativasdas partes interessadas re-quer o estabelecimento deuma relao de coniana;contudo, poucos relatam a

    adoo de metodologia ouprocesso sistemtico.No que tange esera de in-

    uncia da organizao (sub-seo 5.2.3), o grupo identifcou clientes, ornecedores, pblico interno e organiza-es da sociedade civil como os principais parceiros das empresas na promoo da RS.

    Alguns membros do grupo engajam seus stakeholders na ormulao da suapoltica de responsabilidade social, por meio de dilogos corporativos e canaispara recebimento de crticas e sugestes mesma. O desenvolvimento de indica-

    dores a principal erramenta para avaliao do impacto das decises e atividadessobre seus pblicos de interesse. De modo geral, os esoros concentram-se naidentifcao das demandas de clientes, pblico interno e ornecedores, este lti-mo sendo objeto de muitas iniciativas. O papel das organizaes sindicais como

    BRASKEM

    Reconhecer a RS na Braskem entender a vida empresarialconsiderando as condies socioambientais e o compromissotico com as geraes uturas e com o planeta. Uma atuaoalinhada a esse conceito permite empresa compreender que

    parte de um sistema socioambiental e que deve contri-buir azendo a sua parte e incentivando o compromisso nasua esera de inluncia.

    REPORTResponsabilidade social um modo de administrar o neg-cio que tem como base a relao tica e transparente daempresa com todos os pblicos com os quais se relaciona.

    A constante avaliao da teia de impactos da empresa, seus

    produtos e servios permite ampliar a capacidade de respostade uma organizao s demandas de seus pblicos.

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    questes relativas a consumidores e comunidades (envolvimento e desenvolvimento). Para cada umdesses temas, a Norma apresenta uma srie de questes, expectativas e aes correspondentes. Aostemas centrais tambm esto associados princpios especicos, que complementam os princpiosapresentados na seo 4.

    A Norma orienta que os temascentrais sejam abordados de manei-ra holstica e interdependente. No hordem especica nos temas, e a relevnciae signiicncia de cada questo uno

    do contexto especico de cada organiza-o. Aspectos econmicos, relacionados cadeia de valor e sade e segurana soabordados de maneira transversal.

    As questes apresentadas para cadaum dos temas reletem a percepo atualda sociedade e podem mudar medidaque evoluem a compreenso e a valoriza-o desses assuntos pela sociedade.

    Ao considerar os temas centrais eas questes expostas nesta seo em seucomportamento, uma organizao podeser beneiciada de diversas maneiras,como: melhoria da compreenso a respeito das expectativas da sociedade, maior apoio para a sua licenade operao, estimulo inovao e melhoria do relacionamento com suas partes interessadas.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhO

    Na avaliao do grupo esta a parte mais substantiva da ISO 26000, e pode serconsiderada uma agenda geral da RS, na medida em que rene um grandeconjunto de temas a serem considerados por uma empresa socialmente respon-svel. Dois aspectos que chamaram a ateno do grupo: o diagrama (Figura 3),que ornece uma viso geral dos temas e de seu inter-relacionamento, e a caixade texto (Box 5), que enumera uma srie de benecios esperados pelas organi-zaes que considerem cuidadosa e seriamente os temas em questo.

    Do ponto de vista do grupo, ainda que a Norma no traga aspectos inova-dores, pois tanto os temas como os benecios esperados so em sua maioria

    j conhecidos das empresas brasileiras interessadas em RS, esta uma parte daNorma que se destaca pelo ato de apresentar de orma sinttica e ao mesmotempo abrangente um conjunto de elementos essenciais, geralmente apresen-tados de maneira dispersa.

    CNI

    O Frum Nacional da Indstria da Conederao Nacional daIndstria (CNI) mobilizou dezenas de organizaes empre-sariais e centenas de empresrios para uma relexo conjuntasobre o uturo da indstria e do pas, at 2015. Com a viso do

    Desenvolvimento Sustentvel em mente, oi gerado o consensosobre as condies essenciais para sustentar o desenvolvimento

    no longo prazo, so elas: expandir a base industrial promoven-do o omento de pequenas e mdias empresas e de regies menosavorecidas; inserir-se internacionalmente a partir do desen-volvimento da cultura exportadora domstica e da melhoriadas condies de acesso aos mercados internacionais; melhorara gesto empresarial aumentando a qualidade e a produtivi-dade; dar nase inovao a im de preparar as empresas paraa competio da economia do conhecimento; desenvolver cul-tura de responsabilidade socioambiental visualizando-a comouma oportunidade de negcio e um benecio para a sociedade.

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    6.2 GOVERNANA ORGANIZACIONALsUmRIOGovernana organizacional reere-se maneira pela qual uma organizao toma suas decises. Fazem

    parte da governana organizacional estruturas ormais, como regras, polticas e processos documentados,e estruturas inormais, que uncionam a partir das prticas e valores da organizao. No contexto daresponsabilidade social, a governana ganha ainda mais relevncia, pois por meio dela que uma orga-

    nizao ir estabelecer os mecanismos para se responsabilizar pelos seus impactos e implementar prti-cas socialmente responsveis. Independentemente

    do nvel de ormalidade ou inormalidade dagovernana, sempre muito importante o papelda liderana, seja no processo decisrio, seja na

    motivao dos demais integrantes da organizao.A governana organizacional possui uma

    caracterstica especial, pois ao mesmo tempoum tema central (em relao ao qual existemaes e expectativas de comportamento social-

    mente responsvel) e uma uno transversalpor meio da qual a organizao ir tratar todos

    os demais temas e questes da responsabilidade social. Dessa orma, desempenha um papel de inte-grao entre os temas e de incorporao da responsabilidade social por toda a organizao. Umagovernana que incorpore os princpios e prticas undamentais da responsabilidade social (sees 4e 5) ir acilitar e promover o comportamento responsvel nos outros temas.

    6.2.3 PROCEssOs E EsTRUTURAs DE TOmADA DE DECIsEs

    sUmRIOdesCrio:Os processos e estruturas para tomada de deciso que conduzem responsabilidade socialso aqueles que incorporam os princpios e prticas undamentais descritos nas sees 4 e 5. Qualquerorganizao tem processos para tomada de decises. Esses processos podem ter dierentes graus deormalidade e soisticao e estarem ou no sujeitos legislao. Independentemente dessas carac-tersticas, recomenda-se que todos incorporem os princpios e as prticas da responsabilidade social.Aes e expeCtAtiVAs relACionAdAs: Os processos e as estruturas de tomada de deciso de umaorganizao deveriam habilit-la a: criar estratgias e objetivos que relitam seu compromisso com a

    responsabilidade social; demonstrar comprometimento da liderana e accountability; criar incen-tivos econmicos e no econmicos ao comportamento responsvel; promover oportunidades para queintegrantes de grupos vulnerveis ocupem cargos de cheia; equilibrar as necessidades da organizaocom as das partes interessadas; acompanhar e monitorar a eetividade das suas decises e sua con-

    SOUZA CRUZA criao de uma instncia ormal (Comit deResponsabilidade Social Corporativa) na estruturada governana da Companhia para tratar exclu-sivamente das questes de Responsabilidade Socialoi undamental para acelerar a incluso do tema,de orma estratgica, na agenda da Empresa e paraampliar o comprometimento das demais diretorias.

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    CONTRIBUIES DO 1 GRUPO DE TRABALHO DO GVCES

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    sistncia com a responsabilidade social; equilibrar o nvel de autoridade, capacidade e responsabili-dade das pessoas que tomam decises em nome da organizao; estimular a participao das partesinteressadas e os processos de comunicao de via dupla; entre outros aspectos que tornam eetivos oscompromissos assumidos pela organizao quanto ao seu comportamento socialmente responsvel.

    CONsIDERAEs DO GRUPO DE TRABALhOOs processos de tomada de deciso e de sua implementao em uma organi-zao envolvem o uso de erramentas que auxiliam os gestores, e deveriamomentar uma srie de aes dentro da empresa, como desenvolvimento de

    estratgias, objetivos e metas que reitam o seu comprometimento com a res-ponsabilidade social. A partir das recomendaes apresentadas na Norma, osparticipantes do GT analisaram quais so as prticas mais desafadoras e aquelasj desenvolvidas, em maior ou menor grau, por suas organizaes.

    Foi observado que vrias empresas tm utilizado mecanismos de est-mulo para que a RS seja incorporada no seu cotidiano, que podem ser denatureza econmica ou no econmica. Alguns dos mecanismos econmicosatualmente adotados so: poltica de bonifcao vinculada ao desempenhoambiental; processo de gesto de desempenho estruturado e com metas re-lacionadas RS e seleo de ornecedores. Alguns exemplos de mecanismosno econmicos so: encontros de seus presidentes ou altos executivos comespecialistas e lideranas em responsabilidade social, existncia de um comitde responsabilidade social com a participao de membros externos, do presi-dente e de um diretor especfco para o tema, e ainda a elaborao de relatriode sustentabilidade. Entretanto, o grupo constatou a existncia de outros me-canismos que poderiam ser mais amplamente adotados, tais como: poltica decompras, auditoria e maior engajamento com stakeholders.

    Alm das consideraes sobre aes especfcas, o grupo determinou que importante ponderar os prs e contras da ormalidad