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Instabilidade Multidirecional do Complexo Articular do Ombro:
Estudo de Caso
Isabel Milheiro
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INSTITUTO POLITCNICO DO PORTO
ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DA SADE
DO PORTO
INSTABILIDADE MULTIDIRECIONAL DO COMPEXO
ARTICULAR DO OMBRO:
ESTUDO DE CASO
CURSO DE MESTRADO EM FISIOTERAPIA
TERAPIA MANUAL ORTOPDICA
Aluna: Isabel Lusa Almeida Milheiro Costa
Orientador: Professor Doutor Paulo Carvalho
E-mail autor: [email protected]
PORTO
Setembro, 2015
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Instabilidade Multidirecional do Complexo Articular do Ombro:
Estudo de Caso
Isabel Milheiro
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RESUMO
Introduo: A articulao do ombro a maior e mais complexa do corpo humano,
possui caractersticas como cavidade glenide rasa e pouca coaptao com a cabea do
mero, o que a possibilita alcanar amplitudes que nenhuma outra articulao capaz
de alcanar, uma amplitude de movimento de 180 na flexo e abduo. Essa grande
amplitude gera uma alta instabilidade na articulao do ombro tornando propenso a
subluxao e luxao. O fisioterapeuta dever realizar uma correta avaliao e
interpretao dos sintomas e das alteraes posturais e biomecnicas do paciente com
instabilidade multidirecional do ombro. Objetivo: Realizao de uma breve reviso
atualizada desta temtica, visando a sua avaliao e reabilitao, bem como a aplicao
prtica dos mtodos de avaliao e tratamento num caso concreto, luz destes
conceitos. Mtodos: Aps a avaliao inicial, foi estabelecido um plano de tratamento
com a durao de quatro semanas. A interveno visou a diminuio da dor,
normalizao das alteraes articulares, reforo da musculatura enfraquecida, promoo
da estabilidade do complexo articular do ombro. Como instrumentos de avaliao foram
utilizados a END (escala numrica de dor), goniometria, teste muscular, diversos testes
adicionais de avaliao. Resultados: Ao final de quatro semanas de tratamento, houve
uma melhoria significativa nos ganhos de amplitude articular, fora muscular e correto
posicionamento da articulao. A dor e instabilidade articular foram controladas, at
que deixaram de existir. Concluso: Uma das patologias mais frequentes em
traumatologia a instabilidade do complexo articular do ombro. Essa instabilidade
explicada pela funo integral anormal dos estabilizadores estticos e dinmicos. Com
um programa de fisioterapia adequado, englobando exerccios de correo postural,
mobilizao com movimento, reforo muscular, e exerccios de reeducao
propriocetiva, a recuperao possvel e eficaz em casos de leso no ombro por
instabilidade multidirecional.
Palavras-chave: Instabilidade articular, ombro, reabilitao.
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Estudo de Caso
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ABSTRACT
Backgroud: The shoulder is the most complex joint of the human body, it has
characteristics such as plain glenoid cavity and poor coaptation with the humeral head.
This fact, makes this articular complex able to reach 180 of flextion and abduction.
This big range of motion, creates high instability making it more likely to dislocation
episodes. The physiotherapist should make an accurate evaluation of the symptoms, of
the postural alterations and the biomechanics of the patient with multidirecional
shoulder instability. Objective: Making a brief actualized review about this theme,
regarding its evaluation and rehabilitation, and also practice the evaluation and
treatment methods. Methods: After the initial assessment, was estabilished a treatment
plan for a period of four weeks. The intervention aimed the reduction of pain, the
normalization of joints, the strengthening of the muscles, promoting the shoulder
stability. The evaluation methods used were the END scale (numeric scale of pain),
goniometry, muscular test and several aditional tests for the shoulder articular complex.
Results: After four weeks of treatment, there was a big improvement regarding articular
range of motion, muscular strengh, and correct articular position. The pain and
instability were controlled, until they were completely gone. Conclusion: One of the
most frequent pathologies in trauma is the shoulders articular complex instability. That
instability is explained by the dynamic and static stabilizers total abnormal function.
With na proper and efficient physiotherapy program, including postural correction
exercices, mobilization with movement technics, muscular strengthening, and
proprioceptive exercices, its possible to achieve total rehabilitation in multidirectional
instability cases.
Key Words: articular instability, shoulder, rehabilitation.
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INTRODUO
O complexo articular do ombro (CAO) o elo funcional entre o membro superior e o
tronco. A sua anatomia permite uma enorme amplitude de movimento proximal, que
por sua vez, permite o posicionamento distal preciso da mo, criando os movimentos
grossos e finos. Contudo, o alto grau de mobilidade requer algum comprometimento da
estabilidade, condicionando um aumento da vulnerabilidade dessa articulao leso,
especialmente nas atividades dinmicas acima da cabea. (Prentice & Voight 2003;
Guerreiro & Matias 2007; Kisner & Colby 2007; Matias 2009).
O CAO composto por trs ossos: a omoplata, a clavcula e o mero. Estes esto
ligados entre si e ao tronco atravs da articulao gleno-umeral, da articulao
acromioclavicular, da articulao esternoclavicular e da articulao escapulotorcica. O
movimento dinmico e a estabilizao do complexo do ombro requer a funo integrada
de todas as quatro articulaes, caso o movimento normal esteja para ocorrer. Contudo,
a articulao gleno-umeral inerentemente instvel e a estabilidade depende do
funcionamento coordenado e sincronizado dos estabilizadores estticos e dinmicos.
(Prentice & Voight 2003; Cartucho, Baptista & Sarmento 2007; Guerreiro & Matias
2007; Matias 2009).
Sendo assim, e devido ao seu potencial de mobilidade ser intrinsecamente instvel, os
elementos estabilizadores dividem-se classicamente em estabilizadores estticos e
dinmicos:
Os ligamentos capsulares so estabilizadores estticos e s tm essa funo quando so
postos em tenso. Por outro lado, quando essa ao estabilizadora varivel, como
durante o alongamento at ao limite da sua deformao elstica, tornam-se ativos em
relao ao controle da translao. (Matias & Cruz 2004; Cartucho, Baptista & Sarmento
2007; Matias 2009). Os estabilizadores dinmicos provm primariamente da coifa dos
rotadores, do deltide e da longa poro do bicpete. Os tendes da coifa dos rotadores
fundem-se com a cpsula anterior e entre eles numa banda contnua a nvel da sua
insero distal. Esta estruturao anatmica leva a que o efeito da contrao isolada de
um dos tendes possa influenciar a insero dos tendes vizinhos. (Matias & Cruz
2004; Cartucho, Baptista & Sarmento 2007; Matias 2009).
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Os movimentos repetidos, posturas mantidas e traumatismos tm um papel fundamental
no desenvolvimento de disfunes de movimento. A forma como a instabilidade
multidirecional do CAO se desenvolve pode ocorrer segundo diversos mecanismos, tais
como: os movimentos normais, executados corretamente, mas com grande repetio; as
posies/posturas estticas inadequadas ou mantidas por longos perodos de tempo; os
movimentos repetidos executados em posturas desadequadas; o movimento anormal e o
traumatismo (Matias & Cruz 2004; Matias & Jardim 2009).
Em caso de instabilidade multidireccional do CAO, a histria subjetiva remete muito
frequentemente para um dos mecanismos de leso acima referidos. Salienta-se aqui a
importncia das posturas quer estticas, quer dinmicas.
Tendo recolhido os dados subjetivos, segue-se o exame objetivo e o diagnstico
diferencial assim de confirmar a suspeita de instabilidade. De facto, a avaliao fsica
uma das formas de diagnstico de instabilidade deste tipo de problema.
O tratamento conservador o mtodo de eleio para a teraputica da instabilidade no
traumtica e para a instabilidade adquirida. O seu objetivo consiste no aumento da
coaptao da cabea umeral na glenide e em normalizar o ritmo escapulo-torcico.
Deve sobretudo promover o fortalecimento dos msculos da coifa do rotadores e
escapulo-torcicos, otimizar os padres de ativao muscular, aumentar as cargas e
velocidade de execuo, aumentar a resistncia muscular, melhorar a tolerncia fadiga
e gradualmente progredir para amplitudes de maior instabilidade. Todos estes objetivos
visam recuperar a funcionalidade do CAO, tendo como propsitos as atividades de vida
diria e os gestos tcnicos profissionais e/ou desportivos, conseguindo deste modo a
reintegrao do sujeito no seu meio. (Cartucho, Baptista, & Sarmento 2007; Kisner &
Colby 2007)
O tratamento cirrgico pode ser encarado em alguns pacientes ao primeiro episdio de
luxao. a teraputica de eleio para a luxao recidivante traumtica unidireccional
e visa reparar a anatomia. Para esta abordagem necessrio estudar variadas
caractersticas da instabilidade, conhecer a atividade do sujeito, e saber quais as leses
resultantes da instabilidade (sseas, ligamentares, capsulares). Desta forma, possvel
decidir as tcnicas a serem utilizadas com o objetivo de reconstruir a estrutura
anatmica. (Cartucho, Baptista & Sarmento 2007; Kisner & Colby 2007)
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A artroscospia tem vindo a ser uma tcnica cirrgica bastante utilizada pois permite
uma visualizao e reparao direta da leso, com as vantagens de melhor recobro e
menor taxa de recidivas. (Cartucho, Baptista & Sarmento 2007)
Para tratamento deste caso em especfico, foi utilizado o mtodo conservador. A
preocupao inicial do programa de reabilitao dever ser minimizao da dor e da
inflamao associada ao movimento do CAO. A estimulao nervosa eltrica
transcutnea (TENS) de baixa frequncia alivia a dor ao aumentar a micro-circulao e
facilita a absoro dos depsitos calcificados do tecido contrtil. O ultra-som benfico
para aumentar o fluxo sanguneo e facilitar o processo de recuperao. (Kitchen &
Bazin 1996; Snider 2000; Canavan 2001)
A mobilizao no sentido de restaurao do eixo de rotao apropriado para articulao
gleno-umeral, optimizando a relao de comprimento/tenso do msculo a ser
estabilizado e restaurando o controlo neuromuscular do ombro, deve ser tambm
contemplada nesta fase inicial. (Comerford & Mottram 2001)
Enquanto o fisioterapeuta ajuda o paciente a recuperar a amplitude de movimento total,
uma zona segura de posicionamento dever ser obedecida (plano da escpula, entre 20
e 55 de abduo do ombro). (Comerford & Mottram 2001; Prentice & Voight 2003)
medida que a amplitude melhora, devemos progredir para um programa de exerccios
fora da zona de segurana iniciando, desta forma, o fortalecimento muscular especfico
e o trabalho propriocetivo dos estabilizadores locais e globais do CAO. Os exerccios de
controlo neuromuscular especficos no sentido de preparar a musculatura esttica e
dinmica do paciente para o retorno da sua atividade normal devem tambm ser
trabalhados conjuntamente. (Cartucho, Baptista & Sarmento 2007; Comerford &
Mottram 2001)
A anlise deste caso de instabilidade multidireccional do ombro, ser baseada na
compreenso das alteraes biomecnicas e desequilbrios musculares e ligamentares
encontrados neste paciente.
O objetivo deste estudo de caso descrever a avaliao e interveno neste paciente
com instabilidade multidireccional do ombro, salientando o processo de raciocnio
clnico desenvolvido ao longo do tratamento.
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DESCRIO DO CASO
Histria Clnica
O caso em estudo relativo a um indivduo de 26 anos, do sexo masculino, destro,
msico de profisso (violinista), que nos tempos livres joga futebol com os amigos.
Apresentou-se na fisioterapia no dia 2 de Maro de 2015 com queixas de dor e
instabilidade no ombro esquerdo.
Relativamente ao historial de leses, verificou-se que em 2012, aps acidente de viao,
foi encaminhado para o Hospital por dor localizada cintura escapular esquerda. Aps
realizao de meios complementares de diagnstico (radiografia), foi identificada uma
luxao anterior do ombro esquerdo. A luxao foi reduzida e o doente teve alta
hospitalar com indicao de repouso, imobilizao e anti-inflamatrios no esterides
(AINEs). No foi realizado qualquer tipo de fisioterapia.
Em Dezembro de 2014, devido a uma queda durante um jogo de futebol, o doente
sofreu novo episdio de luxao, foi encaminhado para o Hospital, tendo tido alta
mdica aps observao. Desde ento refere novos episdios de pequenas subluxaes
quando executa movimentos mais esforados no trabalho, incapacidade em realizar as
suas AVDs e dificuldade em dormir.
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Avaliao Inicial
A recolha de dados do exame subjetivo leva-nos imediatamente a pensar num problema
de disfuno circunscrita no ombro esquerdo devido aos episdios de traumatismo e s
luxaes constantes do ombro sem tratamento.
Figura 1. Avaliao inicial (Body Chart)
Legenda- Local da dor associada ao ombro esquerdo.
O paciente apresentou 7/10 na escala Numrica de dor (END) em repouso, que se
mantinha durante o dia e piorava a noite para 8/10.
Seguiu-se uma avaliao postural esttica (vista anterior, posterior, e lateral) na qual se
verificaram as alteraes posturais seguintes:
Apresenta um ligeiro desnvel do ombro esquerdo;
Ligeira protrao dos ombros mais acentuada no ombro esquerdo;
Ligeiro aumento da bscula anterior da omoplata esquerda;
ngulo lio-costal esquerdo aumentado.
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Tabela 1- Hipteses de diagnstico de Leso
A partir da histria subjetiva possvel levantar trs hipteses de diagnstico:
1. Tendinite do supra-espinhoso;
2. Conflito sub-acromial;
3. Instabilidade multidireccional do ombro.
Aps a realizao da avaliao postural avanou-se para o exame objetivo.
Hiptese de Diagnstico Dados que suportam a hiptese Dados que negam a hiptese
Fraturas sseas - Exames auxiliares de
diagnstico no hospital
Tendinopatia do supra-
espinhoso
Dor no brao
Dificuldade em dormir
Dor constante durante o dia
Histria de luxao anterior
Conflito Sub-acromial Dor na zona anterior do brao
Histria de luxao anterior
Dor constante durante o dia
Instabilidade Ombro (aps
sequelas de luxao anterior)
Histria de luxao em 2012
Novo episdio de luxao em
2014
Dor na zona anterior do brao
Dor que melhora aps o banho
Dor constante durante o dia
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Para o diagnstico diferencial das diferentes hipteses, o doente foi submetido aos
seguintes testes:
Teste de Hawkins
Figura 2. Teste de Hawkins (fonte: Matias & Jardim. 2009)
Teste de Neer
Figura 3. Teste de Neer (fonte: Matias & Jardim 2009)
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Teste de Aduo Horizontal
Figura 4. Teste de aduo horizontal (fonte: Matias & Jardim. 2009)
Yergason Test
Figura 5. Yergason test (fonte: Matias & Jardim. 2009)
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Teste de Apreenso Anterior
Figura 6. Teste de Apreenso Anterior (fonte: Cipriano 1999)
Teste de Rowe
Figura 7. Teste de Rowe (fonte: Cipriano 1999)
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Sulcus Sign Test
Figura 8. Sulcus Sign test (fonte: Matias & Jardim. 2009)
Relocation Test
Figura 9. Relocation Test (fonte Matias e Jardim 2009)
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Anterior Release Test
Figura 10. Anterior Release Test (fonte Matias e Jardim 2009)
Arm Drop Test
Figura 11. Arm Drop Test (fonte Matias e Jardim 2009)
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Painful Arc Test
Figura 12. Painful Arc Test (fonte Matias e Jardim 2009)
Tabela 2. Resultados dos Testes Adicionais realizados
Testes de Diagnstico Tendinite supra-
espinhoso
Conflito Sub-
acromial
Instabilidade
Multidirecional
T. Hawkins Negativo Negativo
T. Neer Negativo Negativo
T. Aduo Horizontal Negativo
Drop Arm Test Positivo Positivo
Yergason Test Negativo
Painful Arc Test Positivo
T. Apreenso Positivo
Relocation Test Positivo
Anterior Release Test Positivo
Sulcus Sign Test Negativo
T. Rowe Positivo
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Aps aplicao desta bateria de testes possvel descartar a hiptese da tendinite do
supra-espinhoso, atentos os resultados negativos obtidos. Por outro lado, a grande
quantidade de resultados positivos dos testes leva a crer que a patologia presente neste
caso a instabilidade multidireccional do ombro. A positividade de alguns testes
relativos a um possvel conflito sub-acromial est contrabalanada com outros testes
negativos. Devido a esta indefinio, a hiptese de um conflito sub-acromial
associado a um problema major de instabilidade no pode ser afastado.
No teste muscular do ombro (Kendall et al. 1993), verificou-se diminuio da fora em
movimentos funcionais, muito provavelmente devido debilidade dos msculos da
coifa dos rotadores, quando comparados com o membro no lesado.
Tabela 3. Avaliao dos msculos responsveis pela funo esttica e dinmica do ombro
Teste Muscular
(02/03/2015)
Membro Superior Direito Membro Superior Esquerdo
Bicipete 5 4
Tricipete 5 4
Trapzio Superior 5 3
Trapzio Mdio 5 3
Trapzio Inferior 5 4
Rotadores Mediais 5 4
Rotadores Laterais 5 4
Adbutores 5 4
Adutores 5 4
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Ao nvel da amplitude de movimento, o paciente apresenta grande limitao dolorosa na
abduo, flexo e rotaes da gleno-umeral esquerda.
Tabela 4. Avaliao das amplitudes passivas do ombro ( gonimetro universal)
Movimento Fisiolgico do
Ombro
02/03/2015
Membro Superior Direito Membro Superior Esquerdo
Flexo 160 120
Extenso 55 50
Rotao Interna 70 55
Rotao Externa 90 60
Adbuo 175 140
Aduo 0 0
Quanto a avaliao perimtrica, esta no apresenta diferenas significativas quando
comparados com o membro contralateral. O despiste da cervical foi realizado e deu
negativo.
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Hiptese Clnica
A realizao do exame objetivo evidenciou, principalmente, um problema de
instabilidade do CAO, consistente com a histria subjetiva do doente. Nesta fase de
evoluo, difcil saber se as alteraes posturais j existiam ou se so consequentes de
padres de defesa/atitudes antlgicas aps o primeiro episdio traumtico de luxao da
articulao gleno-umeral. Contudo, legtimo supor, dado que os antecedentes do
paciente no revelam nada em contrrio, que as perdas de amplitudes articulares do
ombro e os dfices de fora muscular que controla esta regio, possam ser consequncia
da leso, associada a um longo perodo de evoluo.
Desta forma, o somatrio de todos os dados obtidos na avaliao do doente aponta
fortemente para um problema de disfuno do CAO, ou seja, a incapacidade de manter
centrada a cabea do mero na cavidade glenide durante o movimento como sequela
de luxao. (Snider 2000; Prentice & Voight 2003; Magarey e Jones 2003; Guerreiro &
Matias 2007)
Assim, optou-se pelo tratamento conservador, que visa aumentar a estabilidade da
cabea umeral na fossa glenide, proporcionando um correto ritmo escapulo-torcico.
Com esta abordagem procura-se resolver o principal problema do doente - a dor,
associado ao receio de futuras recidivas da luxao do ombro.
Espera-se, tambm, recuperar a funcionalidade plena do membro superior no seu dia-a-
dia.
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Tratamento
Identificado o problema, iniciou-se o tratamento com o objetivo de diminuir a dor e a
incapacidade funcional, melhorando a atividade muscular normal e, consequentemente,
as amplitudes articulares devolvendo a capacidade de estabilidade ao CAO. Prev-se
uma melhoria das capacidades funcionais, voltando a ser normais, num prazo mximo
de 12 semanas. (Prentice & Voight 2003; Gibson, et al. 2004; Kisner & Colby 2007;
Burns e Owens 2010).
Perante o quadro clnico apresentado, o objetivo geral foi a recuperao das atividades
funcionais do paciente. Como tal, a interveno foi fracionada, em funo dos objetivos
a curto e mdio/longo prazo.
A interveno foi realizada diariamente, durante o perodo de 4 semanas.
1 Semana
Na primeira semana de tratamento foi estabelecido como prioridade a diminuio da dor
e dos sinais inflamatrios.
Realizou-se TENS, massagem de relaxamento, ultrassons e crioterapia.
A crioterapia, fisiologicamente, controla o processo inflamatrio ao agir como
vasoconstritor e ao diminuir a atividade metablica induz tambm analgesia
aumentando o limiar de dor. (Canavan 2001; Prentice & Voight 2003).
Desta forma, aps a 1 semana de tratamento o paciente referiu, sobretudo, alvio dos
sintomas de dor durante o dia e noite (END 6).
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2 3 Semana
Ao longo destas duas semanas, os objectivos traados foram o ganho de amplitude
articular, ganho de fora muscular e trabalho de reeducao muscular.
A Mobilization With Movement (MWM) de Mulligan foi muito aplicada, e uma
tcnica que combina um movimento mantido de deslize numa articulao com um
movimento fisiolgico da mesma, quer seja executado pelo paciente ou passivamente
realizado pelo fisioterapeuta. A fora manual aplicada no deslize tem como funo
corrigir as falhas posicionais da articulao, permitindo assim restaurar um movimento
no doloroso na articulao que apresenta limitao por movimento. (Magarey e Jones
2004; Mulligan 2006; Vicenzino, Paungmali & Teys 2007).
Aps quinze tratamentos, o adequado recrutamento muscular permitiu que o doente no
referisse qualquer dor (END 0) mas apenas diminuio de fora e desconforto em
amplitudes finais de movimento. Os objetivos estipulados para este perodo de trs
semanas foram atingidos.
Tabela 5. Avaliao dos msculos responsveis pela funo esttica e dinmica do ombro
Teste Muscular
18/03/2015
Membro Superior Direito Membro Superior Esquerdo
Bicipete 5 5
Tricipete 5 5
Trapzio Superior 5 4
Trapzio Mdio 5 4
Trapzio Inferior 5 5
Rotadores Mediais 5 5
Rotadores Laterais 5 5
Adbutores 5 5
Adutores 5 5
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Tabela 6. Avaliao das amplitudes ativas (gonimetro universal)
Movimento Fisiolgico do
Ombro 18/03/2015
Membro Superior Direito Membro Superior Esquerdo
Flexo 160 145
Extenso 55 55
Rotao Interna 70 70
Rotao Externa 90 80
Adbuo 175 169
Aduo 0 0
4 Semana
Na ltima semana de tratamento, seguiu-se o preconizado na literatura, ou seja, quando
a dor e a inflamao estiverem controladas, o tratamento deve dedicar-se reeducao
muscular progressiva para restaurar a funo completa, atravs de exerccios
teraputicos. (Snider 2000; Canavan 2001; Prentice & Voight 2003; Matias & Cruz
2004; Gibson, et al. 2004; Cartucho, Baptista, & Sarmento 2007; Kisner & Colby 2007)
No incio desta fase foi proposto ao doente a realizao de medidas antlgicas (gelo) e
alguns exerccios de reforo e de trabalho propriocetivo no domiclio para consolidao
de resultados e consciencializao da postura.
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Tabela 7. Plano de exerccios de interveno na 4 semana
Interveno Objetivo Exercicios Durao
(minutos)
Exerccios
teraputicos
propriocetivos
Aumentar fora dos
msculos locais e
globais do CAO,
melhorando assim a
funo do membro.
Melhorar as respostas
articulares do CAO
Exerccios pendulares com
braadeira 3kg (3 series,
20rep.);
Exerccios de mobilizao da
cintura escapular com bola (3
series, 20rep.);
Exerccio de prancha na Bola
(3 series, 30 segundos);
Exerccio de transferncia de
carga em prancha (3 series 20
rep.)
20
Correo
Postural
Promover o correto
alinhamento da postura
Aduo ativa das omoplatas
(3 series, 15 rep.);
Agarrar mos atras das costas
na diagonal (3 rep. 15
segundos);
Em frente ao espelho de
contolo postural verificar
alteraes e corrigi-las,
ganhando conscincia
corporal
10
Mulligan
MWM
Reposicionar Gleno-
umeral corretamente
Movimento acessrio antero-
posterior na cabeca do mero.
Paciente faz ativamente o
movimento fisiolgico de
flexo-extenso; aduo-
abduo. (3series, 10 rep)
5
Reeducao
Muscular
Progressiva
Reforar msculos
estabilizadores da
cintura escapular
Exerccios com elsticos
(figura 13)
3 serie, 15 rep. cada
20
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Figura 13. Exerccios de fortalecimento dos estabilizadores da cintura escapular
Tabela 8. Avaliao dos msculos responsveis pela funo esttica e dinmica do ombro
Teste Muscular
31/03/2015
Membro Superior Direito Membro Superior Esquerdo
Bicipete 5 5
Tricipete 5 5
Trapzio Superior 5 5
Trapzio Mdio 5 5
Trapzio Inferior 5 5
Rotadores Mediais 5 5
Rotadores Laterais 5 5
Adbutores 5 5
Adutores 5 5
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Tabela 9. Avaliao das amplitudes ativas (gonimetro universal)
Movimentos Fisiolgicos do
Ombro
31/03/2015
Membro Superior Direito Membro Superior Esquerdo
Flexo 160 156
Extenso 55 55
Rotao Interna 70 70
Rotao Externa 90 87
Adbuo 175 175
Aduo 0 0
Nesta fase os testes ortopdicos positivos para a instabilidade do ombro passaram a
negativos e a postura do paciente aproximou-se dos padres considerados normais. O
receio do paciente em realizar atividades fsicas diminuiu, levando a um aumento da sua
confiana na realizao das atividades da vida diria. A alta da fisioterapia ocorreu no
final da 4 semana sem qualquer tipo de limitao, com um conjunto de indicaes para
realizar em casa para manuteno dos resultados. A indicao de hidroterapia como
complemento da recuperao foi aconselhada.
Para a manuteno dos resultados e para evitar recidivas foi sugerido ao doente que
todos os dias ao deitar ou ao levantar efetue os exerccios teraputicos e durante o dia
esteja atento postura adotada.
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RESULTADOS E DISCUSSO
Num primeiro momento, parece pertinente referir que a escolha da metodologia de
avaliao, atravs dos testes ortopdicos abordados no exame fsico, se deveu ao facto
de estes terem caractersticas psicomtricas de validade e fiabilidade que permitiram
uma grande capacidade de diagnstico.
Em vrios estudos, testes como Painful Arc Test, Yergason Test, Neer Test, Drop Arm
Test, Teste de Aduo Horizontal e o Hawkins Test revelaram valores aceitveis de
validade e fiabilidade para o diagnstico de conflito sub-acromial. (Calis, et al. 2000;
Michener, et al. 2009; Cadogan, et al. 2010) .
No caso da instabilidade multidireccional do ombro, o Teste de Apreenso Anterior e o
Relocation Test, apresentam-se como os mais fiveis no diagnstico desta patologia
(Gross e Distefano 1997; Guanche e Jones 2003; Farber, et al. 2006; Burbank, et al.
2008).
Deste modo, podemos considerar que os testes aplicados permitiram identificar, com
alguma segurana, o diagnstico de instabilidade e aferir das repercusses da
interveno teraputica aplicada neste caso clnico.
A instabilidade multidirecional do ombro uma condio clnica definida por sintomas
de instabilidade em mais do que uma direo. Habitualmente, os doentes apresentam
frouxido ligamentar e podem estar envolvidos em atividades dirias que exigem
trabalho da articulao acima do nvel da cabea. Estes movimentos esto patentes
diariamente na profisso deste paciente. Em acrscimo a este fator de risco, o paciente
sofreu traumatismos de repetio (luxaes) no ombro em questo, afetando
significativamente a capacidade de estabilizao do todo o complexo ligamentar do
ombro.
A nvel biomecnico, para que o movimento normal possa ocorrer, tem de existir uma
funo integrada e sincronizada dos elementos estabilizadores estticos, dinmicos e de
todas as articulaes. Esta funo integrada e sincronizada muito possivelmente est
neste caso especfico alterada. De facto, a partir da avaliao, alguns dados permitem-
nos sustentar esta ilao. A postura com anteriorizao mais acentuada do ombro
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esquerdo leva a uma alterao dos eixos de movimentos e, consequentemente, a um
reajuste de toda a mecnica realizada pelas estruturas inertes e contratis, criando
sobressolicitaes de umas em detrimento de outras.
Esta nova organizao, submetida a movimentos de repetio das atividades dirias, e
associada a episdios de traumatismos de grande impacto, manifesta-se atravs de
movimentos limitados nas suas amplitudes funcionais e de uma diminuio da fora
muscular. Mais, a afeo da capacidade de estabilizao das estruturas inertes da
articulao gleno-umeral foi claramente evidenciada por uma bateria de testes
ortopdicos. Por ltimo, no podemos desprezar o papel da dor na totalidade do caso
clnico, que por si s, pode ser um fator limitador e impeditivo da realizao de algumas
manobras de avaliao (sobretudo nas amplitudes finais e na solicitao de fora
muscular isomtrica mxima).
O paciente foi informado que o tratamento inicial seria do tipo conservador, como tal,
foi aplicado um programa de fisioterapia, com o objetivo geral de recuperao da
funcionalidade do membro superior, mais especificamente do ombro. Ficou claro que,
em caso de falha deste programa, a soluo para a resoluo do problema poderia passar
pela cirurgia, no sendo de todo a vontade do doente. Neste caso clnico, apesar de o
paciente apresentar um grau de instabilidade considervel, conseguiu-se atravs do
plano de interveno aplicado recuperar a capacidade do CAO em manter a cabea
umeral no centro da glenide.
Atualmente, a efetividade das tcnicas aplicadas na reabilitao do ombro um tema
bastante discutvel, pois os Fisioterapeutas, na prtica clnica, usam habitualmente
vrios tipos de tratamento baseados em experincia emprica. Existem poucas
publicaes de normas a seguir na reabilitao do ombro, sendo que o tratamento muitas
vezes delineado com base em observao e opinio de especialistas.
Face complexidade da situao clnica de um caso de instabilidade articular do ombro,
muito dificilmente seriam realizados estudos com objetivo de aferir a eficcia de cada
manobra de interveno de forma isolada, indo indubitavelmente contra princpios
ticos subjacentes interveno. Por outro lado, as caractersticas clnicas de cada caso
condicionam a metodologia e objetivos de interveno mediante os dados da avaliao
recolhidos.
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Por ltimo, cada indivduo um todo, isto , com caractersticas fsicas prprias mas
tambm com vontades e motivaes variadas, inserido num determinado meio, por isso
tanto o tratamento, como os seus resultados, sero variveis de indivduo para indivduo
(Albright, et al. 2001).
Relativamente aos meios teraputicos, est descrito na bibliografia que os meios eletro-
fsicos como o gelo, a ionizao, o ultra-som e o TENS, tendem a ser usadas com
frequncia na recuperao de problemas do ombro mas muitas vezes com pouco efeito
teraputico (muitas vezes s apresenta efeito placebo). Contudo ainda no possvel
refut-las quanto sua efetividade especfica. Neste paciente, estes meios foram
utilizados e, na verdade, conseguiu-se reverter a sintomatologia dolorosa e inflamatria
que estava presente aquando do incio do tratamento, no sendo aqui possvel
determinar se esses meios tiveram uma ao eletroteraputica efetiva ou um efeito
placebo, como descrito anterior.
Grfico 1. Evoluo da dor ao longo do tratamento
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Avaliao Inicial Final 1 Semana Final 2 Semana Final 3 semana Final 4 Semana
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Vrios autores demonstram que, na patologia do ombro, o grande sucesso da
reabilitao centra-se na aplicao da terapia manual e dos exerccios teraputicos. Estes
exerccios teraputicos permitem recuperar a musculatura local e global necessria ao
controlo neuromuscular esttico e dinmico do CAO contribuindo na recuperao quase
total do paciente, podendo em diversos casos afastar um possvel tratamento cirrgico
(Green, Buchbinder e Hetrick 2003; Ainsworth e Lewis 2007; Bahu, et al. 2008).
De facto, os exerccios teraputicos aplicados neste caso especfico so concordantes
com a bibliografia pois tiveram bons resultados, revertendo os resultados da avaliao
inicial. De salientar que os testes realizados, mais concretamente o teste de apreenso
anterior, o relocation test, o anterior release test e o teste de Rowe, inicialmente
positivos tornaram-se negativos no fim do perodo de tratamento de 4 semanas.
Tais exerccios teraputicos tiveram como objetivos reforar a coifa dos rotadores para
melhorar a capacidade esttica e dinmica durante o movimento funcional do ombro,
aumentar a capacidade de coaptao da cabea do mero aquando do movimento para
haver um maior contato das superfcies articulares e, por sua vez, mais estabilidade,
exerccios propriocetivos para estimular os respetivos recetores de forma a conseguir
uma resposta mais rpida e efetiva durante os movimentos funcionais e situaes de
desequilbrios pr-lesivos e exerccios de consciencializao da postura, no intuito de
evitar conflitos das estruturas do ombro, combatendo a postura inicial ciftica com
ombros enrolados.
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Tabela 10. Evoluo da fora muscular (teste muscular) ao longo do tempo
Msculo Testado
Ombro esquerdo
1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana
Bicipete 4 5 5 5
Tricipete 4 5 5 5
Trapzio
Superior
3 4 4 5
Trapzio Mdio 3 4 4 5
Trapzio
Inferior
4 5 5 5
Rotadores
Mediais
4 5 5 5
Rotadores
Laterais
4 5 5 5
Adbutores 4 5 5 5
Adutores 4 5 5 5
Grfico 2. Evoluo das amplitudes articulares do ombro (gonimetro universal) ao longo do tempo
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana
Flexo
Extenso
Aduo
Abduo
Rotao Lateral
Rotao Medial
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Resta salientar, conforme est referido na bibliografia, que a reabilitao de casos de
instabilidade articular do ombro pode ir at as 12 semanas. Com este doente, a
interveno foi planeada e efetuada no decurso de 4 semanas.
Sublinha-se que a motivao e o desempenho do doente, quer na sesso de tratamento
quer fora desta, permitiram que a reabilitao fosse gradual e positiva em todo o
perodo, conseguindo desta forma evitar uma possvel interveno cirrgica.
CONCLUSO
Aps a concluso deste estudo de caso podemos aferir que uma disfuno do CAO um
problema que necessita uma anlise completa da funo do segmento. necessrio que
exista um equilbrio dos msculos globais do CAO para que o movimento possa ser
desprovido de disfuno. Os msculos estabilizadores locais e globais tm de ter um
alto nvel de sinergia e papel ativo de estabilidade funcional para que os msculos
responsveis pela mobilidade possam executar o movimento livre de problemas.
Apesar da interveno e dos resultados terem sido positivos e dadas as publicaes
cientficas sobre este tema reunirem consenso, no razovel, no entanto, generalizar
para a populao.
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ANEXO A DECLARAO DE CONSENTIMENTO
Declarao de Consentimento
Considerando a Declarao de Helsnquia da Associao Mdica Mundial
(Helsnquia 1964; Tquio 1983; Hong Kong 1989; Somerset West 1996 e Edimburgo
2000)
INSTABILIDADE MULTIDIRECIONAL DO COMPLEXO
ARTICULAR DO OMBRO: ESTUDO DE CASO
Eu, abaixo-assinado,______________________________________________________
(nome completo do voluntrio), compreendi a explicao que me foi fornecida acerca
do meu caso clnico e da investigao que se tenciona realizar, bem como do estudo que
serei includo. Foi-me dada a oportunidade de fazer as perguntas que julguei
necessrias, e de todas obtive resposta satisfatria. Tomei conhecimento de que, de
acordo com as recomendaes da Declarao de Helsnquia, a informao ou explicao
que me foi prestada versou os procedimentos, bem como os objectivos do estudo e
ausncia de qualquer tipo de risco integridade, e ainda o direito de recusar a qualquer
altura a minha participao no estudo, sem que possa ter como efeito qualquer prejuzo.
Por isso, consinto que me seja aplicado o mtodo, o tratamento, ou o inqurito proposto
pelo investigador.
Data: _____/_____/2015
Assinatura do Voluntrio:
O Investigador Responsvel:
Nome:_________________________________________________________________
Assinatura:_____________________________________________________________
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