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ELAINE AUXILIADORA VILELA MAIA MORELLI Influência da reconstrução do ângulo áxio-pulpar na resistência à compressão de molares restaurados com inlays cerâmicas Florianópolis 2005

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ELAINE AUXILIADORA VILELA MAIA MORELLI

Influência da reconstrução do ângulo áxio-pulpar na resistência à compressão de molares restaurados com inlays cerâmicas

Florianópolis 2005

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ELAINE AUXILIADORA VILELA MAIA MORELLI

Influência da reconstrução do ângulo áxio-pulpar na resistência à compressão de molares restaurados com inlays cerâmicas

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia- na área de concentração Dentística, nível Doutorado, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina

Orientador: Prof. Dr. Mauro Amaral Caldeira de Andrada Co-orientador: Prof. Dr. Sylvio Monteiro Junior.

Florianópolis 2005

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ELAINE AUXILIADORA VILELA MAIA MORELLI

Influência da reconstrução do ângulo áxio-pulpar na resistência à fratura de molares restaurados

com inlays cerâmicas

Esta tese foi julgada adequada para obtenção do título de DOUTOR EM

ODONTOLOGIA - ÁREA DE CONCENTRAÇÃO DENTÍSTICA e aprovada em sua forma

final pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal de

Santa Catarina.

Florianópolis, 31 de maio de 2005.

_____________________________________

Prof. Dr. Ricardo de Sousa Vieira Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________ Prof. Dr. Mauro Amaral Caldeira de Andrada

Orientador

_________________________________________ Prof. Dr. Sylvio Monteiro Junior

Co-orientador

_________________________________________ Prof. Dr. Luiz Narciso Baratieri

Membro

_________________________________________ Prof. Dr. Glauco Fioranelli Vieira

Membro

_________________________________________ Prof. Dr. Saulo Geraldeli

Membro

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Dados Curriculares

Elaine Auxiliadora Vilela Maia Morelli

Nascimento 18 de julho de 1977

Naturalidade Goiânia – GO

Endereço SQN 211, Bl. B, apto. 506, Asa Norte

Brasília-DF

1994-1999 Curso de Odontologia –

Universidade Federal do Maranhão - UFMA

2000-2002 Curso de Pós-Graduação em Dentística, em nível de

Mestrado, na Universidade Federal de Santa Catarina -

UFSC

2002-2005 Curso de Pós-Graduação em Dentística, em nível de

Doutorado, na Universidade Federal de Santa Catarina -

UFSC

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A Deus Agradeço por cada momento em que estivesteiluminando meu caminho, meus pensamentos. Nos momentos mais desafiadores, me ajudaste tomar as decisões de forma sensata. Obrigada por confortar meu coração.

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À minha mãe Cybele Por todo o apoio incondicional que sempre me ajudou a prosseguir, superando os obstáculos sem esquecer dos valores da vida e dos meus objetivos. Pelas orações que sempre confortaram o meu coração. Pelas palavras carinhosas e motivadoras que a senhora sempre encontra para me impulsionar. À minha mãe, pai, amiga e companheira, dedico este trabalho.

Se eu cheguei até aqui, eu devo tudo à senhora.

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Ao meu marido Gustavo Pelo amor com que me acompanhou neste período. Não poderei esquecer o quanto você me motivou e sempre me impulsionou a alcançar todos os meus objetivos...desde o início. Pelo seu amor, companhia, carinho, paciência, estímulo mesmo quando estive longe. Passamos por tudo isso juntos e estamos aqui hoje...fortalecidos.

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Minha eterna gratidão... À minha querida amiga Mírian. Difícil encontrar

uma pessoa como você. Sempre disposta a ajudar, mesmo que isso a faça deixar suas próprias coisas de lado. A convivência com você me ensinou tantas coisas importantes. Você é uma pessoa muito querida.

Ao professor Dr. Mauro Amaral Caldeira de Andrada (meu

orientador), pela forma atenciosa com que sempre me ajudou, pela confiança em mim depositada, pela disponibilidade em todos os momentos. Obrigada por sua amizade e incentivos.

Ao professor Dr. Sylvio Monteiro Junior (meu co-

orientador), pela paciência nos momentos em que precisei de ajuda, pelas importantes considerações no planejamento e correções deste trabalho, pela disponibilidade nos momentos que precisei; meu respeito e carinho.

Ao professor Dr. Luiz Narciso Baratieri, por estar sempre

me desafiando a crescer e aprender cada vez mais, pelas inúmeras oportunidades que me proporcionou, mesmo estando longe. Não esquecerei nunca o tanto que o senhor me ajudou e ajuda. Realizei sonhos que eram tão distantes. Obrigada pela confiança, pelas críticas, pelo carinho, pelos ensinamentos.

Ao professor Dr. Luiz Clóvis Cardoso Vieira, por encontrar no senhor um amigo querido. O senhor me viu sorrir, chorar, crescer, tropeçar... Obrigada por estar sempre pronto com palavras de conforto. Quantas vezes conversamos e quantas vezes o senhor me ensinou e aconselhou, fazendo com que eu me sentisse mais segura. Obrigada por estar sempre presente.

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Ao Professor Dr. Élito Araújo pela inestimável ajuda na execução deste trabalho. Pela atenção, carinho e estímulo nesta caminhada; meu sincero agradecimento.

Aos amigos do doutorado, Mirian, Edson, Cléo, Gilberto, Guilherme,

Alfredo e Marcelo pela convivência sempre divertida, pelos momentos difíceis superados, pelas experiências trocadas. Desejo muito sucesso e paz na vida de vocês. Foi muito bom conhecer vocês

Agradecimentos

À Universidade Federal de Santa Catarina, em especial, ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia, na pessoa de seu coordenador, Dr. Ricardo de Sousa Vieira e seu ex- coordenador, Dra. Mauro Amaral Caldeira de Andrada.

Ao corpo docente do programa de pós-graduação em

Odontologia À Universidade Federal do Maranhão pela formação e pelas

boas lembranças que tenho da minha graduação. Ao Caio Sena de Paula, pela análise estatística e

disponibilidade que sempre teve durante a execução deste trabalho.

Aos professores da disciplina de Dentística, João

Roberto Sanford Lins, César Alves de Andrade e Cleo Nunes de Sousa, pelo imenso carinho com que sempre me receberam; meu carinho e respeito.

Aos funcionários da disciplina de Dentística, D.

Léa e Richard pelo carinho e presteza a todo o momento. D. Léa, não esquecerei da pessoa especial que és e do carinho e atenção que a senhora sempre me dedicou.

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À Ana Rita, baiana arretada, que me ajudou muito na parte experimental deste estudo. Pelo exemplo de força e perseverança.

À professora titular da disciplina de Dentística da UnB, Dra. Lílian Marly de Paula, pelo inestimável esforço em me ajudar a realizar a microscopia eletrônica de varredura.

À professora da disciplina de Biologia da UnB, Dra. Sônia Báo, por permitir o meu acesso ao Laboratório de Biologia onde realizei as fotomicrografias deste estudo.

À Gertrude, pela incansável ajuda e paciência em me ensinar a usar o microscópio eletrônico de varredura. Obrigada pelas palavras amigas e dicas importantes.

À Ivoclar Vivadent, na pessoa de Herbert Mendes, pela colaboração na execução deste trabalho por meio da doação da cerâmica IPS Empress, sistema adesivo e material de cimentação.

À 3M do Brasil Ltda., na pessoa de Glauce Pachane pela gentil doação do silicone de adição Express, para esta pesquisa.

À KG Sorensen, na pessoa de Claudia pela doação das pontas diamantadas utilizadas neste estudo.

Às funcionárias da Baratieri Clínica Odontológica, Rosângela, Luciane e Terezinha, pela ajuda e carinho com que sempre me trataram.

Ao Sérgio Machado de Araújo, Ana, Angélica e Márcia pela execução laboratorial das restaurações deste trabalho. Obrigada pelo carinho que sempre demonstraram.

Às funcionárias da Coordenação da Pós-Graduação

em Odontologia, Ana Maria Frondolozo, pela paciência e atenção dispensadas.

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Ao meu tio, Paulo Roberto e sua esposa Luiza Margareth, pelo carinho e confiança em mim e pela companhia que sempre fizeram à minha mãe ao longo destes anos que estive longe.

À Maria Helena Pozzobon, Profa. Liene Campos, Isana Álvares, Renata Gondo, Letícia, Ricardo Gagliardi, Fernanda Garcia, Flávia Borba, Gislaine Ribeiro, Débora Carneiro, Arlindo Castro pelo carinho, apoio e estímulo.

Às companheiras Silvia Lustosa e Nara Dobranszki, que me apoiaram e me ajudaram a prosseguir neste momento final. Obrigada pela ajuda nos momentos que precisei me ausentar do curso de especialização.

Ao Silvio Carneiro e Samir Najjar, pela paciência nos momentos em que precisei me ausentar do consultório e pela confiança depositada em mim.

Às minhas amigas Adriana Frasão, Marcela Simplício e Jussara

Bernardon pelos momentos maravilhosos que passamos juntas, pelos incentivos, pela confiança que sempre depositaram em mim. Obrigada pelo carinho.

Aos meus amigos de faculdade em São Luís, Taissa,

Erick, Estevam Carlos, Carlos Estevam, Clélea e Stelio pela torcida que sempre foi tão importante para a minha caminhada. Agradeço por ter amigos tão maravilhosos como vocês.

Às bibliotecárias Vera Ingrid, Márcia e demais funcionários da

Biblioteca Setorial do curso de Odontologia da UFSC. À Valda, Renata, Luciane secretárias do Departamento de

Estomatologia da Universidade Federal de Santa Catarina pela atenção, amabilidade e presteza do dia-a-dia.

A todos os funcionários do curso de Odontologia da UFSC, em

especial, ao funcionário Lauro. A todos que direta ou indiretamente contribuíram

para a realização deste trabalho, o meu sincero agradecimento.

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RESUMO MORELLI, Elaine Auxiliadora Vilela Maia. Influência da reconstrução do ângulo áxio-pulpar na resistência à fratura de molares restaurados com inlays cerâmicas. 2005. 153f. Tese (Doutorado em Odontologia - Área Dentística) – Programa de pós-graduação em Odontologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

O presente estudo avaliou a influência da configuração cavitária

(reconstruindo ou não o ângulo áxio-pulpar) na resistência à fratura de molares restaurados com inlays cerâmicas. Foram selecionados 60 terceiros molares humanos hígidos com 3 cúspides, que foram divididos em 6 grupos, 5 experimentais e um controle (grupo 6). Após a fixação dos dentes em anéis de PVC, a 2 mm da junção amelocementária, foram preparadas cavidades mésio-ocluso-distal (MOD) com

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margens gengivais 1mm aquém da junção amelocementária, ângulos internos arredondados e paredes cavitárias com expulsividade de 10º a 12º. A largura do istmo oclusal foi de metade da distância intercuspídea e o proximal, um terço da largura vestíbulo-lingual dos dentes. Os dentes dos grupos experimentais foram divididos de acordo com o tipo de preparo cavitário: grupo 1 - cavidades MOD com caixa oclusal apresentando profundidade de 2 mm e desgastes axiais de 1,5mm; grupo 2 - cavidades MOD com redução oclusal de 2 mm, mas os dentes foram preparados de forma a manter apenas metade da parede pulpar, ou seja, do lado mesial foi realizado um desgaste axial de 1,5 mm e do lado distal, o desgaste foi de 4,5 mm; grupo 3 - cavidades MOD com caixas oclusal e proximais apresentando profundidade de 3,5mm (ausência de paredes axiais); grupo 4 – cavidades MOD iguais às do grupo 2, sendo que o ângulo áxio-pulpar do lado distal foi reconstruído com uma resina composta em uma extensão de 3mm; grupo 5 - cavidades MOD iguais às do grupo 3, entretanto foi realizado um núcleo de preenchimento com resina composta a fim de reconstruir ângulo áxio-pulpar, resultando em uma cavidade oclusal de 2mm de profundidade e largura das caixas proximais de 1,5mm. Inlays cerâmicas de IPS Empress foram confeccionadas para cada dente e fixadas com o cimento resinoso Variolink II. Os resultados demonstraram que não houve diferença estatística na resistência à fratura entre os dentes com preparo MOD convencional (grupo 1 – 1,42kN) e dentes íntegros (grupo 6 - 1,68kN). Os grupos 2 (1,20kN), 3 (1,08kN), 4 (1,01kN) e 5 (1,21kN) apresentaram menor resistência à fratura. Contudo, não apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre si. Os resultados sugeriram que o fator mais importante na resistência à fratura foi o volume de estrutura dental remanescente. Ao final do ensaio mecânico, as fraturas mais freqüentes para os grupos 1, 2, 3 e 4 eram os tipos III e IV, ao passo que, no grupo 5, as fraturas severas (tipo V) foram mais predominantes. Por meio do microscópio eletrônico de varredura, verificou-se que as fraturas eram coesivas na porcelana e, eventualmente, acompanhadas de pequenas fraturas no esmalte próximo às margens do preparo e/ou falhas na interface adesiva. Palavras-chave: resistência à compressão, resistência à fratura, inlays de porcelana, IPS Empress, configuração cavitária.

ABSTRACT MORELLI, Elaine Auxiliadora Vilela Maia. Influência da reconstrução do ângulo áxio-pulpar na resistência à fratura de molares restaurados com inlays cerâmicas. 2005. 153f. Tese (Doutorado em Odontologia - Área Dentística) – Programa de pós-graduação em Odontologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

The present study evaluated the influence of cavity configuration (reconstruction or not of axiopulpal angle) on the fracture resistance of molars restored with ceramic inlays. In order to carry on the research, sixty human third molars with 3 cusps, which were divided into 6 groups, 5 experimentals and one control (group 6), were

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selected. After the fixing the teeth in PVC rings with acrylic resin, 2mm from cementoenamel junction (CEJ), mesio-occlusodistal (MOD) cavities were prepared with gingival margins placed 1mm above CEJ, rounded internal angles, and cavity walls between and 10 to 12 expulsive degrees. The oclusal isthmus width was half of the intercuspal distance, and the proximal, 1/3 of the buccolingual width. The teeth were divided according to the type of cavity configuration: group 1- MOD cavities with 2 mm deep oclusal box and 1,5 mm axial wear of; group 2 - MOD cavities with mm deep oclusal box 2, but preserving only half of the pulp wall, thus, at the mesial side, the gingival wall had 1,5 mm and at the distal side, 4,5 mm; group 3 - MOD cavities with 3,5 mm deep oclusal and proximal boxes (absence of axial walls); group 4 - MOD cavities similar to group 2, being the distal axiopulpal angle reconstructed with a 3 mm wide resin; group 5 - MOD cavities similar to group 3; however, the axiopulpal angles was reconstructed with composite resin, resulting in a 2mm deep oclusal cavity and 1,5mm wide gingival walls of. IPS Empress ceramic outcome demonstrated that there was no significant statistical difference in the fracture resistance of the teeth prepared with conventional MOD cavities (group 1 – 1,42kN) and of intact teeth (group 6 – 1,68kN). Groups 2 (1,20kN), 3 (1,08kN), 4 (1,01kN) e 5 (1,21kN) presented lowest resistance to fracture. Nevertheless, these groups did not show significant statistical differences among them. The results suggested that the most important factor in the fracture resistance was the remaining dental structure volume. After de mechanical test, the most frequent fractures for groups 1, 2, 3 and 4 were the types III and IV, where in group 5, severe fractures (type V) were predominant. Scanning electron microscopic observation showed that the fractures were cohesive on the ceramic and, eventually, followed with fractures in enamel located next to the cavity margins and/or flaws in the adhesive interface. Key-Words: compressive resistance, fracture resistance, ceramic inlays, IPS Empress, cavity design

SUMÁRIO

RESUMO----------------------------------------------------------------------- p.13

ABSTRACT--------------------------------------------------------------------- p.14

LISTA DE FIGURAS----------------------------------------------------------- p.17

LISTA DE TABELAS ----------------------------------------------------------- p.20

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS------------------------------------ p.21

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1 INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------- p.22

2 REVISÃO DA LITERATURA ----------------------------------------------- p.26

2.1 Considerações sobre porcelanas odontológicas -----------------------------------p.27

2.2 Sistema cerâmico IPS Empress -----------------------------------------------------p.38

2.3 Resistência à fratura-------------------------------------------------------------------p.48

3 PROPOSIÇÃO ------------------------------------------------------------- p.83

4 MATERIAL E MÉTODOS ------------------------------------------------------------p.85

4.1 Seleção dos dentes --------------------------------------------------------------------p.86

4.2 Fixação dos dentes --------------------------------------------------------------------p.87

4.3 Fase experimental ---------------------------------------------------------------------p.89

4.3.1 Preparo cavitário---------------------------------------------------------------------p.90

4.3.2 Moldagem-----------------------------------------------------------------------------p.95

4.3.3 Confecção das inlays cerâmicas ---------------------------------------------------p.96

4.3.4 Cimentação adesiva -----------------------------------------------------------------p.97

4.3.Hidratação --------------------------------------------------------------------------- p.102

4.4 Ensaio Mecânico--------------------------------------------------------------------- p.102

4.5 Análise do tipo de fratura---------------------------------------------------------- p.104

4.6 Microscopia eletrônica de Varredura --------------------------------------------- p.106

4.7 Análise estatística ------------------------------------------------------------------ p.106

5 RESULTADOS ----------------------------------------------------------- p.108

5.1 Análise quantitativa----------------------------------------------------------------- p.109

5.2 Análise qualitativa--------------------------------------------------------- p.117

6 DISCUSSÃO ------------------------------------------------------------- p.121

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7 CONCLUSÕES------------------------------------------------------------ p.138

REFERÊNCIAS -------------------------------------------------------------- p.140

ANEXOS --------------------------------------------------------------------- p.147

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Dente selecionado para participar da pesquisa: terceiros molares com 3 cúspides -----------------------------------------------------------------p.86 Figura 2 - Delineador utilizado para posicionar os dentes de modo a permitir que a face oclusal ficasse paralela à base de PVC-------------------------p.88 Figura 3 - Dente preso à haste do paralelômetro com o auxílio de uma cera pegajosa -------------------------------------------------------------------------p.88

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Figura 4 - A haste abaixada e o dente incluso na resina acrílica --------------------p.88 Figura 5 - Dente fixado em uma base com uma distância de 2 mm entre a resina e a junção amelocementária -----------------------------------------p.89 Figura 6 - Medição do dente para determinar a largura do istmo oclusal de, aproximadamente, metade da distância intercuspídea ------------------p.91 Figura 7 - Medição do dente para se determinar o tamanho das caixas proximais, correspondente a um terço da distância vestíbulo-lingual na linha do equador dentário-------------------------------------------------p.91 Figura 8 - Os preparos cavitários foram realizados com pontas diamantadas tronco-cônicas de extremo arredondado -----------------------------------p.91 Figura 9 - O acabamento das paredes dos preparos foi realizado com as

pontas diamantadas de granulometria fina---------------------------------p.91 Figura 10 - Ponta diamantada de granulometria extrafina finalizou o acabamento -----------------------------------------------------------------p.91 Figura 11- Preparo cavitário MOD dos espécimes do grupo 1 -----------------------p.92 Figura 12 - Preparo cavitário MOD dos espécimes do grupo 2 (presença de apenas metade da parede pulpar) -----------------------------------------p.92 Figura 13 - Preparo cavitário MOD dos espécimes do grupo 3 com profundidade de 3,5mm do sulco principal até a parede pulpar------- p.93 Figura 14 – Preparo cavitário MOD dos espécimes do grupo 4 (reconstrução do

ângulo áxio-pulpar)---------------------------------------------------------- p.94

Figura 15 - Preparo cavitário dos espécimes do grupo 5 (reconstrução do ângulo áxio-pulpar deixando 1,5mm da margemns proximais em esmalte)-- p.94 Figura 16 - Resina composta utilizada para a reconstrução do ângulo áxio-pulpar nos grupos 4 e 5 ----------------------------------------------- p.95 Figura 17 - Molde em silicone de adição: pasta densa (laranja) e fluida (verde) ------------------------------------------------------------------------ p.96 Figura 18- a) Condicionamento da superfície interna da peça com ácido hidrofluorídrico a 10%--------------------------------------------------- p.98 b) Aplicação do silano na parte interna da peça. Note a

aparência de vidro jateado após o condicionamento ácido -------- p.98 c) Aplicação do sistema adesivo Excite DSC na inlay ------------------ p.98 Figura 19 - a) Condicionamento inicial das margens do preparo (esmalte) ------- p.99

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b) Aplicação do adesivo de presa dual no dente ------------------------ p.99 c)Aplicação do cimento resinoso no preparo cavitário------------------ p.99 Figura 20 - Cimento resinoso de presa dual utilizado neste estudo, Variolink II -- p.100 Figura 21 - a,b,c) Acabamento da linha de cimentação com borrachas de diferentes granulometrias (Astropol) ------------------------------------ p.101 Figura 22 - Aplicação da força compressiva por meio de uma ponta em forma de barra em uma máquina de ensaio universal. Observe-se o espécime posicionado no dispositivo de fixação ------------------------------------- p.103 Figura 23 - Observe o encaixe da barra na inlay cerâmica. -------------------------- p.103 Figura 24 - Vista aproximada do posicionamento da barra sobre a inlay

cerâmica. -------------------------------------------------------------------- p.103 Figura 25 - Classificação das fraturas de acordo com Burke; Wilson; Watts

(1994)------------------------------------------------------------------------ p.104 Figura 26 - Desenho esquemático do tipo de fratura, como preconizado por Burke; Wilson; Watts (1994) -----------------------------------------------p.105 Figura 27 - Média dos valores de resistência à fratura para os

grupos pesquisados---------------------------------------------------------- p.110 Figura 28 - Gráfico da dispersão (Box-plot), mostrando a concentração dos dados representativos de cada grupo. N = número da amostra em cada grupo ----------------------------------------------------- p.111 Figura 29 - Gráfico da dispersão (Box-plot) em cada tipo de fratura observada na pesquisa, ilustrando as médias e dispersão dos valores observados da resistência em cada tipo de fratura -------------------------------------- p.115 Figura 30 - Valores percentuais referentes aos tipos de fratura presentes em

cada grupo -------------------------------------------------------------------- p.115 Figura 31 - Falha do tipo III: metade da inlay fraturada. As setas apontam as fendas --------------------------------------------------------------------- p.116 Figura 32 - Fratura do tipo IV, sem envolvimento da estrutura dental ------------- p.116 Figura 33 – a, b) Fratura severa da inlay (tipo V) e vista da face proximal do

mesmo dente demonstrando a extensão da fratura para a estrutura dental -------------------------------------------------------------- p.116

Figura 34 - Interface intacta (grupo 4). P-porcelana, D- dente, I - interface.

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A seta aponta ranhuras na porcelana decorrentes do acabamento. Aumento original de 1000x--------------------------------- p.118 Figura 35 - Interface intacta (grupo 3). P-porcelana, D – dente, I - interface.

Aumento original de 1000x ------------------------------------------------ p.118 Figura 36 - Fratura coesiva na porcelana seguindo em direção à estrutura dental (observe a seta) (grupo 1). Aumento original de 100x ------------------------------------------------------------------------ p.119 Figura 37 - Fratura coesiva no esmalte (continuação da trinca da porcelana

apontada pelas setas verdes) e na porcelana (grupo 5). A seta laranja mostra uma ampla fenda na porcelana. Aumento original de 100x ------------------------------------------------------------ p.119 Figura 38 - Fratura coesiva na porcelana próxima à interface dente-restauração

(grupo 4). A seta verte aponta a fratura próxima ao dente. Aumento original de 100x -------------------------------------------------------------- p.119

Figura 39 - Fotomicrografia da fratura de corpo da porcelana (grupo 1).

Aumento original de 100x------------------------------------------------- p.120 Figura 40 - Fratura de corpo da porcelana (grupo 5). Observe que a fratura se estende para a superfície proximal (seta). Aumento original de 100x ------------------------------------------------------------------------ p.120 Figura 41 - Fotomicrografia da superfície da porcelana fraturada de forma

severa (grupo 2). Aumento original de 100x--------------------------- p.120 Figura 42 - Exemplos de pesquisas sobre resistência à fratura de inlays ---------- p.132

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Valores de resistência à compressão dos grupos experimentais e controle -----------------------------------------------------------------------p.109 Tabela 2- Estatísticas descritivas (quantidade, média, desvio padrão, mínimo,

máximo, coeficiente de variação (CV) e resultado do teste de significância) para cada grupo observado. ---------------------------------p.110

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Tabela 3- Resultados do teste de análise de variância (ANOVA) para as médias dos 6 grupos pesquisados visando avaliar a existência de diferenças entre eles -----------------------------------------------------------------------p.112

Tabela 4- Resultado da comparação múltipla de Tukey (para grupos ligados, não foi observada diferença estatística entre as médias)----------------p.113 Tabela 5- Distribuição da freqüência do tipo de fratura observada em cada

grupo da pesquisa.-------------------------------------------------------------p.114 Tabela 6- Estatísticas descritivas (quantidade, média, desvio padrão, mínimo, máximo, coeficiente de variação e resultado do teste de significância) para cada grupo experimental avaliado. ------------------------------------p.114 Tabela 7- Resultados do teste de Kruskal-Wallis para os tipos de fratura

observados nos grupos experimentais --------------------------------------p.117

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

Bar - Unidade de pressão

CV - Coeficiente de variação

GPa - Gigapascal

IPS Empress - Sistema cerâmico da Ivoclar, Vivadent

Kgf - Kilograma força

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KHN - Dureza Knoop

kN - Kilo Newton

MOD - Mésio-ocluso distal

MEV - Microscópio eletrônico de varredura

Min - Minutos

Mm - Milímetro

mm/min - Milímetro por minuto

MPa - Megapascal

mW/cm2 - Mili-watt por centímetro ao quadrado

N - Newton

PVC - Cloreto de vinilo

s - segundos

µm - Micrometro

µg/cm2 - Micrograma por centímetro ao quadrado

oC - Graus Celsius

% - porcentagem

1 INTRODUÇÃO

Os novos conhecimentos sobre a cárie dental e o advento da adesão à

estrutura dental possibilitou a realização de preparos cavitários mais conservadores

com menor invasão de estruturas dentárias sadias e que, conseqüentemente,

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garantem maior resistência dos dentes à fratura (JOYNT et al., 1987; LIBERMAN et

al., 1990; MIRANDA et al., 2003). Na medida em que a odontologia preventiva e

restauradora busca, cada vez mais, realizar procedimentos pouco invasivos, as

restaurações indiretas do tipo inlay podem ser consideradas conservadoras em

relação a outros tratamentos restauradores, como onlays e coroas totais.

A restauração estética de dentes posteriores com inlays cimentadas

adesivamente apresenta diversos desafios para o clínico. Problemas relacionados à

microinfiltração marginal, adaptação marginal, técnica adesiva, desgaste acentuado

no momento do preparo, longevidade, contração de polimerização e espessura do

cimento e resistência à fratura do dente são situações que devem ser controladas e,

se possível, eliminadas (PIDDOCK; MARQUIS; WILSON, 1987; HAHN et al., 1998;

HUBSCH; MIDDLETON; KNOX, 2000; MOLIN e KARLSSON, 2000; MANHART et al.,

2001; HICKEL e MANHART, 2001).

Quando se analisa a resistência à fratura dos dentes após a cimentação de

inlays de porcelana ou resina, resultados variados são obtidos, o que mostra que

estas restaurações podem ou não restabelecer a resistência perdida (BURKE e

QUALTROUGH, 1994). Dentes posteriores enfraquecidos, com uma ampla abertura

vestíbulo-lingual e mésio-ocluso-distal, requerem restaurações com materiais capazes

de permitir suporte estrutural que não pode ser obtido totalmente com restaurações

diretas em resina composta (REEL e MITCHELL, 1989), visto que as restaurações

indiretas permitem uma menor contração de polimerização (ROBINSON; MORE;

SWARTZ, 1987). Por outro lado, as cerâmicas são materiais muito friáveis, em

decorrência do seu alto módulo de elasticidade (AUSIELLO et al., 2004). Assim, cabe

buscarmos compreender como estes materiais podem restabelecer a resistência dos

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dentes preparados, de maneira a não promover fraturas severas que envolvam a

estrutura dental.

O preparo cavitário é um fator crítico para o sucesso destas restaurações, e a

literatura não apresenta um consenso sobre a configuração cavitária para inlays,

onlays e overlays cerâmicas (MORIMOTO, 2001) ou sobre a utilização de materiais

de preenchimento. Por essa razão, é imprescindível que o preparo da cavidade

permita uma adequada espessura para o material restaurador e, ao mesmo tempo,

viabilize padrões de inserção e adaptação definidos (BERGMAN, 1999; BARATIERI et

al. 2001). À medida que o preparo cavitário aumenta de tamanho, o remanescente

dental enfraquece e as forças oclusais induzem grandes deflexões de cúspide (ST-

GEORGES et al., 2003).

Mesmo com a evolução dos materiais restauradores e cimentos resinosos, a

resistência à fratura dos dentes restaurados pode ser inferior à dos dentes hígidos

(ARAÚJO, 1990; BURKE, WILSON; WATTS, 1993, 1994; COTERT, SEN, BALKAN,

2001; DALPINO et al., 2002; ST-GEORGES et al., 2003; BURMANN et al., 2003). A

configuração e dimensão do preparo, juntamente com o módulo de elasticidade do

material restaurador, podem influenciar, sobremaneira, a resistência à fratura dos

dentes restaurados. Apesar das melhorias na resistência à fratura dos novos

materiais cerâmicos, o problema mais comum associado aos fracassos de inlays e

onlays cerâmicas parece ser a fratura do corpo desse material (MILLEDING;

ORTENGREN; KARLSSON, 1995), decorrente do seu processo de fabricação ou

iniciada pela formação de fendas na microestrutura. Nos molares restaurados com

inlays cerâmicas, o índice de falhas é maior do que em pré-molares (ANUSAVISE,

1993).

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Em função do exposto, o conhecimento de uma configuração cavitária ideal

para inlays de porcelana é de grande valia para não comprometer a resistência à

fratura dos dentes depois de restaurados. Desta forma, o objetivo deste estudo in

vitro é avaliar a influência da reconstrução do ângulo áxio-pulpar na resistência à

compressão de molares restaurados com inlays cerâmicas.

2 REVISÃO DA LITERATURA1

A revisão da literatura deste trabalho discorre sobre as porcelanas

odontológicas, em especial, o sistema IPS Empress, e fatores relacionados à técnica

restauradora, adaptação marginal, indicações e longevidade; e a resistência à fratura

1 Baseada na NBR 10520 jul. 2001 da ABNT

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de inlays cerâmicas, avaliando sistemas de adesão, materiais de cimentação e,

principalmente, o desenho do preparo. Essa última parte da revisão mostra

diferentes trabalhos onde o teste de resistência à compressão foi empregado.

2.1 Considerações sobre porcelanas odontológicas

Pelo fato de o oxigênio inibir a fotopolimerização das resinas compostas,

Bergman; Noack; Roulet (1991) avaliaram a efetividade do gel de glicerina na

prevenção da formação de uma camada não-polimerizada sob inlays de cerâmica

vítrea cimentadas adesivamente. Cavidades mésio-ocluso-distal (MOD) com margens

em esmalte foram preparadas em molares. Após a moldagem, inlays de cerâmica

vítrea, Dicor, foram confeccionadas e fixadas com cimento resinoso (Brilliant Duo

Cement, Coltene). O excesso grosseiro do cimento foi removido para a aplicação do

gel de glicerina nas margens vestibulares. Como controle, o gel de glicerina não foi

aplicado nas margens linguais. Prosseguiu-se com a fotopolimerização por 1 minuto

nas faces oclusal, mesial e distal. Ao final de 3 dias, o cimento não-polimerizado por

contato com o oxigênio foi removido com acetona. Para visualização das margens

das inlays no microscópio eletrônico de varredura (MEV), foram feitas moldagens dos

dentes antes e após a aplicação da acetona. Constatou-se que o gel de glicerina

realmente impede a inibição da polimerização pelo oxigênio, visto que a continuidade

da margem estava intacta em 70,7%. Quando o gel não foi aplicado, verificou-se

uma continuidade de apenas 11,3% das margens.

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Buscando avaliar trincas distribuídas em inlays cerâmicas, Peters; De Vree;

Brekerlmans (1993) utilizaram o método do elemento finito, na medida em que os

fenômenos de formação e propagação de rachaduras são preocupantes em

restaurações totalmente cerâmicas, pois podem resultar em fraturas dentais. A

ocorrência de falha depende da situação de estresse local sofrido pelo material e

pode ser calculada pelo método do elemento finito. Nesse caso, simulou-se a

aplicação de forças na crista marginal e foi criado um modelo com um pré-molar

restaurado. Constatou-se que as fendas começam na superfície oclusal interna, perto

do ângulo áxio-pulpar, e são invisíveis a partir da superfície externa. As fendas

tiveram início na superfície interna logo que 60% da carga necessária para provocar

fratura completa foi atingida. Ressaltam que as inlays falham em condições aquém

das ideais, como na presença de contatos oclusais prematuros. Muito embora, na

situação clínica, podem ser usados cimentos resinosos com baixo módulo de

elasticidade, resultando em um aumento local na deformação quando a carga é

aplicada.

Nathanson (1994) observou que a contração de polimerização da resina

composta é vista, geralmente, como uma característica negativa, mas, dentro de

certas limitações, tal contração pode ajudar a reforçar a porcelana em decorrência da

força gerada na superfície interna da peça, que tensiona as moléculas da cerâmica,

forçando-as a se unirem, ao invés de se afastarem umas das outras. Em

contrapartida, as resinas modificadas por ionômero de vidro, que se expandem em

condições de umidade, podem causar fendas na superfície da cerâmica, aumentando

o risco de propagação de rachaduras.

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Burke e Qualtrough (1994) compararam as vantagens e desvantagens de se

fazerem inlays em cerâmica ou resina composta, apesar de a estética ser alcançada

pelos dois materiais. As inlays cerâmicas possuem excelente biocompatibilidade e são

inertes no ambiente oral. Normalmente, a resistência ao desgaste dos sistemas

cerâmicos é excelente. Entretanto, em caso de ocorrência de um ajuste oclusal, é

imprescindível fazer-se um polimento adequado, caso contrário poderá haver

desgaste acentuado do dente antagonista. Considerando-se os procedimentos

laboratoriais, a confecção de inlays de resina composta é mais simples, assim como

os procedimentos para confecção de inlays cerâmicas pelo sistema CAD/CAM. As

inlays de resina composta são facilmente reparadas, ao contrário das restaurações

em porcelana. Geralmente, as restaurações cerâmicas possuem melhor resistência à

compressão do que as restaurações indiretas em resina composta, embora estas

sejam superiores em relação à resistência à tração. Quando se analisa a resistência à

fratura após a cimentação de inlays de porcelana ou resina, resultados variados são

obtidos, o que mostra que estas restaurações podem ou não restabelecer a

resistência do dente após a cimentação.

Milleding; Örtengren; Karlsson (1995) realizaram uma pesquisa para avaliar a

freqüência das fraturas de inlays cerâmicas. O estudo foi feito com 132 dentistas,

que responderam um questionário. Os sistemas cerâmicos mais utilizados eram o IPS

Empress e Optec. Dentre as complicações, as fraturas das inlays responderam por

5%. Na maioria das vezes, essas fraturas ocorreram no momento da prova da peça e

na cimentação. Geralmente, os dentistas que relataram fraturas das inlays,

realizaram desgastes para ajuste das mesmas. As fraturas de dentes foram

observadas em apenas 2% dos casos. De acordo com os autores, alguns fatores

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podem causar a fratura dessas restaurações, como preparo cavitário incorreto,

materiais de base muito resilientes, adesão insatisfatória e adaptação interna

inaequada.

Kelly (1999) comparou as características dos testes tradicionais de resistência

à fratura com as características das fraturas in vivo para restaurações cerâmicas.

Segundo o autor, os ensaios tradicionais de simulação de fratura não criam os

mecanismos de falhas verificados na situação clínica. Na clínica, geralmente, as

fraturas iniciam na linha de cimentação, enquanto que nos testes tradicionais, essas

fraturas iniciam na superfície externa da peça. Relata que o uso de endentadores de

40mm a 1 metro de diâmetro simula as fraturas que ocorrem in vivo. O autor sugere

que a incidência de força, durante os testes, seja cíclica e sob ação da água.

Segundo Touati; Miara; Nathanson (2000), as inlays cerâmicas surgiram na

história da odontologia moderna antes das inlays de ouro, porém, essas inlays

tinham adaptação marginal precária, e o cimento convencional facilmente se

dissolvia. De acordo com os autores, nos anos 80 as inlays cerâmicas ressurgiram

como uma técnica viável devido aos avanços das técnicas de adesão, dos cimentos

resinosos e revestimentos cerâmicos. A seleção criteriosa do caso é o passo mais

importante para se determinar a taxa de sucesso a médio e longo prazo das

inlays/onlays cerâmicas:

as inlays cerâmicas são indicadas para pré-molares e molares com danos

moderados;

as margens da restauração não devem coincidir com os contatos oclusais,

pois esta é a causa principal de falha a médio prazo. De forma a evitar

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este tipo de contato, algumas vezes pode ser necessário alterar o desenho

da cavidade;

o preparo deve ter uma margem externa em esmalte com o objetivo de

possibilitar uma selamento efetivo;

devem-se evitar sobrecontornos sem suporte para que fraturas sejam

prevenidas, devido à baixa resistência flexural da cerâmica;

pacientes com atividades parafuncionais, como o bruxismo, e com higiene

oral deficiente não são candidatos a receber inlays cerâmicas.

Quanto ao preparo dental, os autores mostram que, quando a espessura do dente

remanescente for menor do que 1,5mm, o risco de fratura aumenta, especialmente

se o paciente tiver alguma parafunção, sendo mais seguro cobrir as cúspides com

uma onlay. O preparo dental para inlay é especialmente projetado para compensar

as desvantagens do material cerâmico, particularmente sua fragilidade, quando

usado em uma camada fina. Os preparos devem ter paredes axiais com um ângulo

de inclinação de aproximadamente 10o; istmo de, pelo menos, 2mm de largura;

ângulos internos arredondados; parede pulpar plana para melhorar a compressão do

material sobre ela. As margens oclusais não devem coincidir com os contatos dentais

e devem ter um ângulo de 90o; pode-se, ainda, realizar um chanfrado para se criar

uma margem invisível. Quanto às cavidades proximais, o bisel ou slice - comum nas

restaurações em ouro – é desnecessário.

Neste mesmo ano, Hubsch; Middleton; Knox (2000) analisaram o estresse na

interface dente-restauração pelo método do elemento finito, comparando inlays

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cerâmicas e restaurações diretas em resina composta. Foram simulados valores do

módulo de Young para as inlays cerâmicas (700 GPa), resina composta (20 GPa),

cimento resinoso (10 GPa). Ao final do experimento, observaram que o componente

normal e o tangencial do vetor de tração produzido pela inlay são substancialmente

maiores do que os componentes produzidos pelas restaurações diretas,

especialmente, no fundo da cavidade. Isso se deve ao fato de que a restauração é

inserida em porções não-curadas, o que permite que os estresses de contração

sejam liberados por meio do escoamento viscoplástico. Esse processo não ocorre

com a inlay cerâmica na medida em que esta é cimentada já polimerizada.

Considerando-se a contração de polimerização do cimento, as inlays cerâmicas,

sendo mais rígidas do que as resinas, reduzem a contração da camada de cimento,

reduzindo a tensão total no cimento. Assim, a tensão entre o cimento e a cavidade

diminui. Com relação ao estresse mecânico da interface entre a restauração e o

dente, parece haver pouca diferença entre as restaurações diretas e as inlays. Como

os novos cimentos resinosos tendem a ter valores de contração mais baixos, o risco

de formação de gaps na interace dente-restauração e a sensibilidade pós-operatória

associada tende a diminuir, tornando ambas as técnicas mecanicamente

equivalentes.

Baratieri et el. (2001) relata que as porcelanas feldspáticas são formadas,

basicamente, de feldspato (78 a 85%), quartzo (12 a 22%) e caulim (3 a 4%). No

processo de queima, o feldspato forma um produto cristalino denominado leucita.

Essa matriz cristalina engloba os cristais de quartzo, que permanecem praticamente

inalterados. Por outro lado, o caulim, além de conferir opacidade à porcelana, une

seus componentes, servindo como aglutinante. Estruturalmente, este processo

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produz duas fases distintas: cristalina e vítrea. A primeira é composta por leucita,

quartzo e pigmentos corantes, enquanto que a fase vítrea possui as características

de um vidro. Os autores mostram que seu módulo de elasticidade é de,

aproximadamente, 70 GPa, sendo o módulo do esmalte de 46GPa. O coeficiente de

expansão térmica é similar ao do dente natural, mas a dureza superficial é de

460KHN, maior do que a do esmalte, de 340KHN.

Jung et al. (2001) realizaram um estudo laboratorial com 36 amostras de

cerâmica IPS Empress 2 com a mesma cor (300), diâmetro (4mm) e espessura

(2mm), visando comparar a eficácia de cura de um cimento resinoso, utilizando

diferentes métodos de polimerização por meio de restaurações cerâmicas. Todas as

amostras foram condicionadas com ácido hidrofluorídrico a 10%, por 20s. Em

seguida, aplicou-se o silano nas superfícies condicionadas por, 60s. As amostras

foram aleatoriamente distribuídas em 6 grupos (n=6), de acordo com os 3 métodos

de polimerização avaliados (polimerização: convencional a 800mW/cm2, por 40s;

soft-start com uma intensidade de luz crescente de 100 a 800mW/cm2, por 40s; e luz

plasma a 1700mW/cm2, por 10s), com a presença ou não do catalisador no cimento

resinoso (Variolink II). Para a aplicação e polimerização do cimento resinoso, as

amostras foram colocadas em um molde de aço, com orifícios de 4mm de diâmetro e

6mm de altura. Para se avaliar a profundidade de cura, as amostras foram removidas

do molde e o material não-curado foi removido com uma espátula plástica (ISO

4049). A altura dos cilindros do cimento curado, fixado na amostra de cerâmica, foi

medida e a dureza superficial do cimento foi avaliada, a 0,5mm e 1mm a partir da

cerâmica. De acordo com os resultados, nas amostras onde o catalisador não foi

utilizado, a dureza foi muito baixa para a polimerização com a luz plasma. Quando se

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utilizou o catalisador, verificou-se maior dureza e profundidade de cura em todos os

métodos de polimerização. A profundidade de cura e a dureza foram sempre maiores

quando se empregou a polimerização convencional e soft-start, em comparação com

o aparelho Arc Plasm.

Com o intuito de analisar se as restaurações cerâmicas precisam ser

suportadas por materiais adesivos, Burke et al. (2002) revisaram trabalhos já

publicados sobre o assunto, constatando que os estudos disponíveis sugerem,

fortemente, que o uso de resinas como material de cimentação para restaurações

cerâmicas é indicado, analisando os seguintes aspectos: - testes laboratoriais de

fratura comparando restaurações cimentadas com resina versus outros materiais; -

estudos clínicos; - estudos laboratoriais sobre selamento e o efeito de aumento da

resistência da resina sobre a cerâmica. Considerando-se a cimentação convencional

(cimento de fosfato de zinco e ionômero de vidro) e adesiva, essa última possui

vantagens, visto que mostra maior tolerância às forças oclusais, transferindo o

estresse para a interface dente-coroa, podendo reduzir a propagação de fendas na

restauração. As avaliações clínicas e os testes laboratoriais mostraram que, quando

um cimento resinoso é utilizado, a taxa de sobrevivência das restaurações é maior.

Em relação aos ensaios laboratoriais, os autores afirmam que o teste de resistência à

fratura resulta na formação de fendas sem o deslocamento da restauração ou

fraturas de um segmento da coroa de uma forma semelhante à vista na clínica

odontológica. Entretanto, dados laboratoriais devem ser extrapolados com cuidado

para a situação clínica e, no mínimo, servem para permitir comparações entre os

grupos. Os autores comentam ainda que a rugosidade superficial das cerâmicas

desempenha um papel importante na resistência à fratura, visto que um adequado

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polimento das restaurações cerâmicas aumenta a capacidade da restauração de

suportar as forças compressivas.

Para Meyer Filho et al. (2003), o material de base para a regularização do

preparo cavitário sob uma restauração indireta deve ser escolhido criteriosamente,

caso haja necessidade de utilizá-lo. A função da base é proteger a polpa, eliminar

irregularidades do preparo e minimizar sensibilidade pós-operatória. Segundo os

autores, o cimento de ionômero de vidro não é a melhor alternativa, visto que possui

baixa resistência à compressão; observam, ainda, que existem outros materiais com

melhores propriedades, como os sistemas adesivos associados aos cimentos

resinosos. Se o substrato tiver baixa resistência à compressão, pode ocorrer fratura

na restauração cerâmica diretamente suportada pelo substrato dental, quando o

limite da tensão do material for atingido. A força de compressão gerada na superfície

oclusal é transformada em tração na superfície interna da restauração e, se o

substrato for pouco resistente, a cerâmica falha. Quanto mais flexível o substrato,

menor será a carga necessária para fraturar as restaurações cerâmicas.

Blatz; Sadan; Kern (2003) afirmam que o preparo da superfície interna das

restaurações cerâmicas à base de sílica, como as feldspáticas e as cerâmicas vítreas,

deve seguir o protocolo: tratamento da superfície com ácido fluorídrico e silanização.

A adesão à resina é conseguida por meio de embricamento micromecânico e adesão

química à superfície da cerâmica, o que requer uma asperização e limpeza para

adequada ativação da superfície. O ácido fluorídrico dissolve, seletivamente, a matriz

vítrea, criando microporosidades ao redor dos cristais de leucita. A silanização é um

passo importante para adesão das cerâmicas à base de sílica. Silanos são agentes

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adesivos capazes de formar ligações químicas com superfícies orgânicas e

inorgânicas. Um dos grupos funcionais do silano copolimeriza com a matriz orgânica

do cimento resinoso, enquanto que também possuem união à cerâmica.

Adicionalmente, aumenta a molhabilidade da cerâmica, viabilizando maior

penetração do cimento nas microporosidades da superfície condicionada. Os silanos

podem apresentar estruturas químicas diferentes, portanto, é importante utilizar com

um sistema adesivo compatível.

De acordo com Thompson e Rekow (2004), as fraturas de cerâmicas

suportadas por estruturas de pouca rigidez, como a dentina, dependem da espessura

da cerâmica e do número de camadas presentes. Uma forma de entender as fraturas

catastróficas das restaurações cerâmicas é conhecer os tipos de fraturas. Quando a

cerâmica é espessa, fraturas do tipo Hertzian (em forma de cone) se formam na

superfície. Esse comportamento independe do substrato que suporta a porcelana e é

responsável por lascamentos e fendas na superfície de inlays, onlays. Para espécimes

acima de 1 a 1,5mm, predominam fendas em forma de cone na superfície externa.

Se a porcelana for fina (abaixo de 1mm), as fraturas mais freqüentes são as radiais,

e começam na base da amostra. Nessa situação, as fraturas não levam em

consideração o raio do endentador, mas sim o substrato (cimento resinoso e

estrutura dental). Coroas de porcelana pura com um único material, como Dicor e

IPS Empress, fraturam por esse mecanismo.

2.2 Sistema cerâmico IPS Empress

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De acordo com Fradeani e Barducci (1996), os preparos para receber o sistema

IPS Empress devem ser feitos com pontas diamantadas cônicas, resultando em

ângulos internos arredondados, com expulsividade de 10o. A redução oclusal deve

ser entre 1,5 a 2mm e a interproximal deve se estender até perder o ponto de

contato. O ângulo cavo-superficial deve ser bem nítido, ou seja, sem bisel. Segundo

os autores, o sistema IPS Empress possui as seguintes vantagens:

é biologicamente compatível;

permite a fabricação de restaurações adesivas indiretas mais conservadoras;

possui excelentes propriedades ópticas;

tem desgaste semelhante ao dente natural;

possui boa integridade marginal.

Ucstali et al. (1996) avaliaram a resistência à fratura da cerâmica IPS

Empress. Os corpos de prova, em forma de disco, foram divididos em 7 grupos

(n=10) com diferentes combinações de porcelana, incisal, para subestruturas e

glaze, a seguir:

grupo 1: discos de 2mm feitos de porcelana para subestrutura, sem nenhum

tratamento;

grupo 2: discos de 2mm feitos de porcelana para subestrutura maquiada;

grupo 3: discos de 2mm feitos de porcelana para subestrutura submetida à

técnica da estratificação e glazeamento (0,4mm);

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grupo 4: discos de 1mm feitos de porcelana para subestrutura submetida à

técnica da estratificação e glazeamento (1mm);

grupo 5: semelhante ao grupo 4, mas com a superfície glazeada virada para

baixo;

grupo 6: discos de porcelana incisal (2mm) com técnica da estratificação e

superfície glazeada voltada para cima;

grupo 7: semelhante ao grupo 6, mas com a superfície glazeada virada para

baixo

O teste de resistência foi realizado por meio de um endentador esférico de 3mm de

diâmetro a uma velocidade de 1mm/min. Colocou-se um plástico fino entre a

amostra e a base, de forma a permitir uma melhor acomodação de possíveis

irregularidades. Antes dos testes, as amostras foram mantidas em ambiente seco,

por 7 dias, em temperatura ambiente. Ao final do experimento, verificou-se que não

houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos 1, 2, 3 e 4. Os

autores concluíram que tratamentos térmicos após a aplicação de porcelana ou

pigmento não têm efeito sobre a resistência do material.

Considerando a microinfiltração marginal em restaurações cerâmicas em

cavidades classe II, Hahn et al. (1998) avaliaram dois sistemas de inlays cerâmicas

em combinação com dois cimentos resinosos de diferentes viscosidades e uma resina

composta modificada por poliácidos. Sessenta molares humanos, previamente

extraídos, foram preparados de forma padronizada (classe II), com uma largura

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vestíbulo-lingual e comprimento mésio-distal de, aproximadamente, 3,5mm e 5mm,

respectivamente. Todas as margens cavitárias foram confeccionadas em esmalte, a

1mm de junção amelocementária. Os dentes foram divididos em 4 grupos, sendo

que, no grupo controle, as cavidades foram restauradas com inlays cerâmicas (IPS

Empress) fixadas com um cimento resinoso altamente viscoso (Variolink Ultra). Nos

grupos experimentais, inserts pré-fabricados de Cerana (cerâmica vítrea), foram

fixadas ou com cimento resinoso de alta viscosidade (Variolink II) ou com cimento

resinoso de baixa viscosidade (Variolink) ou com resina composta modificada por

poliácidos (Dyract). Depois da termociclagem, a qualidade marginal foi avaliada, no

MEV, por meio de réplicas de resina epóxica e, em seguida, foi medida a penetração

do corante ao longo das paredes cavitárias. De acordo com os resultados, em 90%

dos casos do grupo-controle (IPS Empress), nenhuma infiltração foi encontrada, ao

passo que, nas restaurações fixadas com cimentos de alta e baixa viscosidade, este

percentual foi de 88,4% e 82,9%, respectivamente. Quando uma resina modificada

por poliácidos foi empregada, não foi verificada infiltração em 52,5% das margens.

Em todos os grupos experimentais, a penetração mais profunda do corante ocorreu

nos pontos de medição proximais. Na região gengival, próxima à junção

amelocementária, não se verificou uma adaptação perfeita, mesmo quando as inlays

de IPS Empress foram empregadas.

Höland (1998) ressalta que o sistema IPS Empress, cerâmica vítrea à base de

leucita, possui resistência flexural de 120MPa, mas, após a etapa de glazeamento,

essa resistência pode chegar a 200MPa. No entanto, este material não está indicado

para confecção de próteses fixas. O autor esclarece que as cerâmicas vítreas são

materiais cristalinos que consistem de, pelo menos, uma fase vítrea e uma fase

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cristalina. A base do material é um vidro, nos quais são formados cristais por uma

processo controlado de nucleação e cristalização. O produto final é caracterizado por

um tipo especial de cristal embebido em uma matriz vítrea.

Buscando verificar a qualidade de inlays e onlays cerâmicas, Kramer et al.

(1999) realizaram um estudo de acompanhamento clínico de 4 anos com 34

pacientes. Foram cimentadas 72 inlays e 24 onlays de IPS Empress. Todos os

preparos cavitários possuíam margens proximais em dentina. Para a cimentação

foram utilizados 4 cimentos resinosos diferentes (Dual cement, Variolink Low,

Variolink Ultra, Tetric), mas todos com o mesmo sistema adesivo (Syntac Classic). As

restaurações foram analisadas logo após a cimentação, 6 meses, e, anualmente, até

4 anos. Do total de restaurações cimentadas, apenas sete falharam após 4 anos.

Quatro inlays apresentaram fratura de corpo, e 3 dentes necessitaram de tratamento

endodôntico. Foram observados problemas marginais em 97% das restaurações,

independentemente do cimento resinoso. No final do estudo, após 4 anos,

constataram-se apenas 7% de falhas e 79% das restaurações apresentaram

problemas marginais, em decorrência do desgaste do cimento resinoso e

descoloração. A incidência de fraturas das inlays aumentou de 4% no início da

pesquisa para 19% após 4 anos, sendo que a análise no MEV mostrou que tal

ocorrência estava relacionada às áreas de ajuste oclusal. Por isso a importância de se

fazer um acabamento e polimento após essa etapa.

Em um estudo de clínico, Molin e Karlsson (2000) avaliaram características

clínicas e a longevidade de inlays confeccionadas por meio de 3 sistemas cerâmicos e

ouro. Em todos os pacientes (n=20), foram cimentadas inlays de Cerec, Mirage, IPS

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Empress e ouro. Os preparos para cerâmica tinham término em ombro, ao passo

que, nos preparos para as inlays de ouro, foi feito bisel nas margens proximais. Cada

sistema foi cimentado de acordo com as instruções do fabricante, sendo que foram

utilizados cimentos resinosos para as inlays cerâmicas e o cimento de fosfato de

zinco para as inlays de ouro. No total, oitenta inlays foram cimentadas e examinadas

ao final de 1 semana, em 1, 2 e 5 anos. Constatou-se que apenas 8% (cinco) das

inlays fraturaram, sendo 4 de IPS Empress e uma de Cerec. A variação de cor para

as inlays cerâmicas foi menor no IPS Empress. O grau de descoloração marginal e a

formação de fendas foram, aproximadamente, os mesmos presentes nas

restaurações cerâmicas. Em relação às inlays de ouro, todas foram classificadas

como satisfatórias após 5 anos. A formação de fendas foi um achado freqüente nos 5

anos (70%). Com base nos critérios de avaliação, 92% das 60 inlays cerâmicas e

100% das 20 inlays de ouro foram consideradas satisfatórias após 5 anos da

cimentação.

Com o objetivo de analisarem a microestrutura das cerâmicas vítreas IPS

Empress e IPS Empress 2, Höland et al. (2000) utilizaram a microscopia eletrônica de

varredura e realizaram testes para verificar suas propriedades ópticas, mecânicas,

químicas e térmicas. Para tanto, a análise foi realizada na cerâmica vítrea

(subestrutura), ainda na forma de pastilhas (ingots), após a prensagem e

sinterização da porcelana de cobertura. Após a confecção de uma coroa de IPS

Empress e uma prótese parcial fixa de IPS Empress 2, as peças foram cortadas ao

meio e fraturadas para serem analisadas no MEV. Em seguida, as peças de IPS

Empress foram condicionadas com uma solução aquosa com ácido hidrofluorídrico a

2,5%, por 10s, e as de IPS Empress 2, com ácido hidrofluorídrico a 4%, por 10s.

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Para a investigação das propriedades ópticas, mecânicas, químicas e térmicas, outras

amostras foram preparadas de acordo com cada experimento. As análises no MEV e

na difração de raios-X mostraram diferenças na microestrutura dos dois sistemas

pesquisados. No IPS Empress, cristais de leucita (KAlSi2O6) precipitavam-se na matriz

cristalina, enquanto que, no IPS Empress 2, foram observados cristais alongados

(0.5mm a 4mm) de dissilicato de lítio (Li2Si2O5), como fase principal, e uma fase

cristalina secundária de menor volume, lítio ortofosfato (Li3PO4). Essa fase localiza-se

na matriz vítrea e na superfície dos cristais de dissilicato de lítio. Os cristais de leucita

no IPS Empress, e dissilicato de lítio, no IPS Empress 2, em relação aos seus

volumes, foi de 35%, e 70%, respectivamente. Nos dois sistemas, a microestrutura

era semelhante antes e após a prensagem das pastilhas. Considerando-se as

diferenças quantos às propriedades pesquisadas, foram encontrados os seguintes

resultados:

Propriedades IPS Empress IPS Empress 2

resistência flexural 112MPa 400MPa

Mecânicas resistência à propagação de fraturas

1.3MPa. m0.5 3.3MPa. m0.5

Ópticas translucidez 0,58 0,55

Térmicas coeficiente de expansão térmica

15 . 10-6K-1 (25-500ºC)

10.6 . 10-6K-1

(100-400ºC)

Químicas durabilidade 200µ/cm2 50µg/cm2

Os valores de translucidez desses dois materiais são comparáveis aos dos dentes

naturais. A porcelana de cobertura do IPS Empress 2 é à base de fluorapatita com

formato agulhado. Como tal porcelana tem o coeficiente de expansão térmico (9.7 .

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10-6K-1) um pouco menor do que o da subestrutura de dissilicato de lítio, forma-se

um estresse compressivo na superfície da restauração, o que aumenta a sua

resistência. As propriedades mecânicas do IPS Empress 2 foram melhores do que as

do IPS Empress, fato que se deve à microestrutura de dissilicato de lítio e ao maior

percentual destes cristais na matriz vítrea. Essa superioridade permite que o IPS

Empress 2 seja utilizado para a construção de próteses parciais fixas de até 3

elementos (até o 2º pré-molar).

Um acompanhamento clínico de 3 anos de inlays cerâmicas e resina composta

foi efetuado por Manhart et al. (2001). No terceiro ano de treinamento clínico, sete

estudantes de odontologia cimentaram 71 inlays estéticas, 47 de resina composta

híbrida (Tetric, Blend-a-Lux, Pertac Hybrid Unifil) e 24 inlays cerâmicas (IPS

Empress). Após 3 anos, 58 restaurações (81,7%) foram avaliadas. Quando a

cavidade tinha largura menor do que 2/3 da distância intercuspídea, o material de

escolha da inlays era a resina composta. No caso de cavidades maiores do que a

metade da distância intercuspídea, inlays cerâmicas eram realizadas. O preparo

possuía ângulos internos arredondados com margens em esmalte sem bisel e em

ombro. Um cimento de ionômero de vidro modificado por resina, Ketac Bond, foi

utilizado como base, de forma a substituir a dentina perdida. Todas as inlays foram

fixadas com um cimento resinoso de presa dual (Sono Cem, Variolink Ultra),

altamente viscoso, usando-se a técnica de inserção ultra-sônica. As restaurações

foram avaliadas logo após a sua cimentação, em 1 ano, e depois de 2 anos. Nessas

fases, foram feitas réplicas em resina epóxica para análise do desgaste e qualidade

marginal. Ao final dos 3 anos, constatou-se que 100% das inlays cerâmicas e 89%

das inlays de resina composta foram consideradas clinicamente excelentes ou

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aceitáveis. Considerando-se molares e pré-molares, as inlays de resina composta

falharam, de forma significativa, com maior freqüência em molares. Verificou-se que,

no critério textura superficial, as inlays cerâmicas apresentaram um desempenho

pouco melhor do que as inlays de resina composta. Quanto à integridade e

descoloração marginal, foram observados resultados significativamente melhores

para cavidades menores (uma ou duas superfícies). As restaurações cerâmicas

apresentaram forma anatômica da superfície e integridade da restauração

significativamente melhores. Isto se deve à maior rigidez e resistência ao desgaste

das cerâmicas.

Gorman; McDevitt; Hill (2002) ressaltam que o sistema IPS Empress é um

material pré-ceramizado que possui máxima cristalização antes do processamento

(aquecimento do cilindro e injeção sobre pressão e elevadas temperaturas dentro do

molde), não variando após essa fase. Os cristais de leucita aumentam a resistência à

fratura, pois inibem a formação e a propagação de fendas, na matriz feldspática, de

forma similar ao que acontece nas cerâmicas infiltradas por vidro e nas reforçadas

por alumina.

Segundo Sobrinho et al. (2004), o sistema IPS Empress surgiu no início dos

anos 90, caracterizando-se por ser uma cerâmica feldspática reforçada por cristais de

leucita. Como este sistema não suportava a confecção de próteses parciais fixas de 3

elementos, foi desenvolvido o sistema IPS Empress 2, com propriedades mecânicas

superiores às do primeiro. Os dois sistemas utilizam a técnica da cera perdida, onde

a cerâmica, fornecida na forma de pastilha, é aquecida até adquirir plasticidade

suficiente para ser prensada no interior do molde de revestimento. A temperatura de

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fusão do IPS Empress é de 1180oC, ao passo que, no IPS Empress 2, a temperatura

é um pouco abaixo, 910oC. Pode-se ainda construir a subestrutura pela técnica da

cera perdida e recobri-la com outra porcelana. Em relação à etapa laboratorial do IPS

Empress, o processo é feito da seguinte forma:

a pastilha é aquecida gradativamente, subindo até que atinja 850oC,

permanecendo nessa temperatura por 90min;

coloca-se o molde no forno de injeção (EP 500 ou 600) e as pastilhas por

20min à 1180oC seguida de uma pressão de 5bar por 15min;

após o esfriamento da peça, remove-se o material de revestimento, corta-se

o molde e os padrões são removidos por jateamento com partículas de vidro

de 50µm/2bar e refinados com discos de diamante, o jateamento é

importante para aumentar o contato entre a subestrutura e a porcelana de

cobertura;

a peça pode ser maquiada, fazendo-se a pigmentação seguida do

glazeamento da superfície, ou pode-se aplicar a porcelana à base de leucita

(IPS Empress), pela técnica de estratificação, à temperatura de 910oC.

Anusavise (2005) relata que o sistema IPS Empress é um material pré-

ceramizado. A ceramização é um processo em que se faz um tratamento térmico na

porcelana que propicia o crescimento de cristais microscópios, parecidos com

lâminas, no interior da matriz vítrea. Essa nucleação e crescimento de cristais

interrompem a propagação de trincas no material quando uma força é aplicada, ou

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seja, aumenta a sua resistência e rigidez. As trincas não podem penetrar tão

facilmente nas partículas pequenas como o fazem no vidro.

Meyer Filho e Souza (2005) mostram que os atuais sistemas cerâmicos para

restaurações livres de metal podem ser divididos, quanto à sua composição química,

em basicamente duas famílias: cerâmicas ricas em sílica (SiO2) e cerâmicas ricas em

alumina (Al2O3). Quanto às últimas, são compostas de mais de 15% de sílica

(vidro), como as porcelanas feldspáticas tradicionais (VITA VMK 68) ou as modernas

cerâmicas vítreas (IPS Empress, IPS Empress 2, Optec etc). Por outro lado, as

cerâmicas ricas em alumina são basicamente cristalinas, apresentando mínima ou

nenhuma fase vítrea. Como exemplo, os autores citam as cerâmicas de óxido de

alumínio infiltrado por vidro, como o In Ceram Alumina (82% de cristais de óxido de

alumínio sinterizado e 4,5% de vidro infiltrado, o In Ceram Zircônia (62% de cristais

de óxido de alumínio sinterizado, 20% de óxido de zircônio e 4,5% de vidro

infiltrado), e a cerâmica de óxido de alumínio densamente sinterizado, Procera

AllCeram (99,5% de cristais de óxido de alumínio puro). As diferenças químicas e

microestruturais entre essas duas famílias cerâmicas tornam necessárias diferentes

abordagens no tratamento de superfície, para se obter uma união adequada.

2.3 Resistência à fratura

Cúspides enfraquecidas e socavadas são sujeitas a estresses e tendem a

sofrer deflexão ou fratura em nível dos ângulos formados pelas paredes vestibular e

lingual com a parede pulpar. Assim sendo, Mondelli et al. (1980) realizaram um

estudo para avaliar a resistência à fratura de pré-molares com preparos classes I e II

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(MO, MOD), com três diferentes larguras do istmo (1/4, 1/3 e ½ da distância

intercuspídea). Os autores constataram que quanto menor o istmo, maior a força

necessária para causar a fratura. A largura do istmo teve menor impacto na

resistência à fratura nos preparos classe I do que nos classe II.

Gelb; Barpuch; Simonsen (1986) ressaltam que o preparo cavitário enfraquece

o dente. Contudo, restaurações adesivas conseguem restabelecer a resistência do

dente de forma semelhante à dos dentes intactos.

Cavel; Kelsey; Blankenau (1985) verificaram que os molares inferiores são os

dentes que mais fraturam in vivo. Entretanto, a incidência de fraturas não está

relacionada ao arco dentário. Constataram ainda que a maior incidência de fraturas

ocorreu em cúspides não-funcionais. As fraturas dentais estavam relacionadas a

dentes restaurados com amálgama e com 3 ou mais superfícies envolvidas. A largura

do istmo foi um dos fatores que contribuíram para a fratura de cúspides.

Stampalia et al. (1986) realizaram o teste de resistência à compressão para

comparar o reforço estrutural de dois materiais restauradores, resina composta e

amálgama. Utilizaram uma barra cilíndrica (3,9mm a 5mm) posicionada de forma a

tocar apenas no dente. Ao final do teste, constaram que os dentes restaurados não

devolveram a resistência à fratura dos dentes íntegros.

De acordo com McCullck e Smith (1986) as restaurações adesivas com resina

composta aumentam a resistência à fratura em até 6 vezes, comparado com dentes

preparados e não-restaurados. Concluem que se a estrutura dental estiver

fragilizada, o reforço da estrutura dental, com materiais adesivos, é necessário.

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Com o objetivo de avaliar a resistência à fratura de inlays cerâmicas, Dietschi

et al. (1990) utilizaram 60 dentes terceiros molares humanos, que foram restaurados

com diferentes materiais cerâmicos e cimentos. Foram confeccionadas cavidades

MOD padronizadas, e os dentes foram divididos em 6 grupos: 1- Vitadur N + cimento

resinoso (Dicor); 2- Vitadur N com núcleo de óxido de alumínio + cimento resinoso

(Dicor); 3- Ceramco II + cimento resinoso (Dicor); 4-Vitadur N + cimento de

ionômero de vidro (Aqua-Cem); 5- Ceramco II + cimento de ionômero de vidro

(Aqua-Cem); 6- dente natural. Após 24h, foi realizado o teste de resistência à

compressão através de uma esfera de 2mm de diâmetro (velocidade de 1mm/min),

posicionada no centro da superfície oclusal. Verificou-se que inlays de Vitadur N com

núcleo de óxido de alumínio (273,5Kgf) fixadas com cimento resinoso demonstraram

maior resistência à fratura em relação aos outros dentes restaurados. Contudo, sua

resistência foi menor do que a dos dentes intactos (362Kgf). A cimentação adesiva

permitiu melhores valores de união (Vitadur N – 206,2Kgf e Ceramco II- 169,5Kgf)

do que a cimentação com cimento de ionômero de vidro (Vitadur N – 158,2Kgf e

Ceramco II- 145,5Kgf). A extensão da fratura aumentou proporcionalmente à

resistência à fratura dos espécimes. Os tipos de fratura foram classificados da

seguinte forma: fratura da inlay e pequenas fraturas do esmalte; fratura da inlay,

esmalte e dentina; fratura axial do espécime. A incidência de fraturas axiais, como as

observadas no grupo-controle, aumentou proporcionalmente à elevação da

resistência à fratura. Verificou-se uma maior incidência de fraturas de extensões

reduzidas nos grupos com menor resistência à fratura. Observações feitas através de

um microscópio eletrônico de varredura confirmaram a efetividade da adesão entre o

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cimento resinoso e a cerâmica condicionada; e a ausência de ancoramento

micromecânico suficiente entre o cimento de ionômero de vidro e a cerâmica.

Araújo, em 1990, estudou a influência do preparo cavitário, do procedimento

restaurador e da ciclagem térmica, na resistência à compressão dos primeiros pré-

molares superiores na condição experimental de íntegros; íntegros termociclados;

preparados com cavidade do tipo mésio-ocluso-distal, com acesso endodôntico;

preparados com cavidade do tipo MOD, com acesso endodôntico e termociclagem;

preparados e restaurados com associação do cimento de ionômero de vidro e resina

composta; preparados e restaurados com associação do cimento de ionômero de

vidro e resina composta com termociclagem; preparados, restaurados com

associação do cimento do ionômero de vidro e resina composta, acrescidos de ilhotas

de porcelana; e preparados, restaurados com associação do cimento de ionômero de

vidro e resina compostas, acrescidos de ilhotas de porcelana com termociclagem. O

autor concluiu que o preparo cavitário reduz significativamente a resistência à fratura

dos primeiros pré-molares superiores; a restauração com resina composta posterior

dentro das condições experimentais recuperou, com diferenças estatisticamente

significantes, parte da resistência à compressão; a colocação de ilhota de porcelana

nas facetas proximais mostrou diferenças significantes na recuperação da resistência

do dente íntegro em relação ao dente preparado, porém não se mostraram

significantes em relação aos somente restaurados; e a ciclagem térmica não mostrou

alterações significantes nos resultados estatísticos de nenhuma variável, o que

implica que somente as mudanças de temperatura não provocaram diminuição da

resistência à compressão da restauração de resina composta posterior, acrescida ou

não de ilhota de porcelana.

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Com o objetivo de comparar a resistência à fratura de dentes restaurados de

forma indireta, com ou sem cobertura cuspídea, Burke; Watts; Wilson (1991)

utilizaram 60 pré-molares. Os dentes foram preparados com desenho MOD, sendo

que, nos grupos 1 e 3, a abertura oclusal foi de 1/3 da distância vestíbulo-lingual, e,

nos grupos, 2, 4, e 5, a metade dessa distância. Nos grupos 3 e 4, as cúspides

vestibular e palatina foram reduzidas em 2mm, ao passo que, no grupo 5, somente a

cúspide palatina foi reduzida. O grupo 6 serviu como controle. Após as cimentações

das inlays e onlays, realizou-se o teste de compressão (1mm/min.) através de uma

barra cilíndrica com diâmetro de 4mm. Constatou-se que, nos grupos de 1 a 5, a

resistência à fratura foi: 0,6kN, 0,72kN, 0,92kN, 1kN, 0,88kN, respectivamente. A

resistência compressiva foi significativamente maior para as onlays do que para as

inlays. Não foram verificadas diferenças nos valores de resistência para o grupo-

controle e o de restaurados com onlays. O modo de fratura foi semelhante para as

onlays e inlays.

Para determinar como a cimentação adesiva influencia na distribuição do

estresse quando comparada com a convencional com ionômero de vidro, Derand

(1991) realizou um estudo utilizando elemento finito em associação ao teste de

resistência à fratura. Confeccionou um modelo simétrico bidimensional da inlay com

7mm de largura, 2mm de profundidade até a parede pulpar, 3mm da pulpar até a

parede cervical e 1,5mm da largura da caixa proximal. Para o teste de elemento

finito, os pontos foram calculados e foi simulado um cimento com alto módulo de

elasticidade (20 GPa) e outro com baixo módulo de elasticidade (6 GPa).

Considerando o teste de resistência à fratura, foram selecionados 10 dentes, os quais

foram preparados com ângulo de abertura de 20o. As inlays foram confeccionadas

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com Vitadur, uma porcelana feldspática. Dos 10 espécimes, 5 foram cimentados com

ionômero de vidro (Ketac Bond) e 5 com um cimento adesivo (Dicor), após a

silanização. Constatou-se que a distribuição de tensões nas inlays de porcelana,

cimentadas com ionômero de vidro ou resina, foi similar. A resistência à fratura das

inlays cimentadas adesivamente (570N) foi maior do que a das inlays cimentadas

com cimento de ionômero de vidro (470N). Essa diferença pode estar relacionada ao

fato de que, clinicamente, elevados valores de força não criam falhas por estresse

nas inlays, mas nos materiais de cimentação. A magnitude do estresse mostrou uma

diferença muito pequena entre os dois cimentos. Isto indica que, se a adesão ocorre

nos dois casos, o módulo de elasticidade tem um efeito pequeno no cálculo do

estresse da inlay. A cimentação adesiva permitiu uma redução de 20% das tensões.

Um aumento da tensão foi encontrado na parte oclusal do modelo com cimento de

ionômero de vidro, mas, na parede áxio-pulpar, o aumento foi pequeno.

Em 1992, Burke revisou vários trabalhos, a fim de avaliar a incidência, causas

e métodos de investigação de fratura dental. Amplas restaurações e lesões cariosas

extensas tendem a estar presentes na maioria dos casos de fratura, sendo a maior

incidência em molares permanentes inferiores. A causa mais comum de fratura é

uma força, de impacto muito forte, gerada pela mordida de um objeto duro ou

contatos descontrolados com os dentes antagonistas. Em geral, as pesquisas que

investigam a resistência à fratura dental empregam uma força compressiva, por meio

de uma máquina de teste universal, com esferas ou barras de aço, a fim de se

observar o efeito de diferentes preparos cavitários ou restaurações utilizadas. Em

alguns estudos, permite-se que a esfera se encontre em uma posição estável, na

fossa central do dente ou perto dela; em outros experimentos, duas esferas são

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usadas para aplicar a força compressiva ou podem ser preparados os pontos de

contato para melhor assentamento do endentador para prevenir seu deslocamento.

Segundo os autores, tal problema pode ser resolvido com a utilização de uma barra

de aço. Pode-se ainda posicionar a ponta sobre a restauração ou nas vertentes

vestibular e lingual das cúspides. Se a barra ou esfera tocar apenas no dente, as

cúspides vestibulares e linguais ficarão sob uma força compressiva com uma

resultante na interface dente-restauração. Caso a barra ou esfera toque apenas na

restauração, a força compressiva aplicada na restauração é transmitida para a

estrutura dental e também para a interface dente-restauração. Outros métodos para

avaliação da resistência à fratura também podem ser empregados, tais como a

técnica fotoelástica e método de elemento finito. Os autores comentam que a

resistência à fratura é um método de investigação estabelecido para avaliar o efeito

de restaurações e desenhos de preparo cavitário na resistência dos dentes. Desde

que forças mastigatórias de mais de 800N têm sido clinicamente observadas, forças

experimentais nesses valores possuem significância clínica.

O efeito de diferentes inclinações da parede cavitária na resistência à fratura

de dentes restaurados com um sistema de restauração indireta de resina composta

foi investigado, utilizando-se dois métodos de aplicação de força compressiva

(BURKE; WILSON; WATTS, 1993). Os dentes pré-molares foram preparados de

forma semelhante, variando apenas o grau de expulsividade das paredes cavitárias

em 2°, 4° e 6°. Todos os dentes receberam uma base de Ketac-Bond (0,5mm) sobre

toda a dentina exposta da cavidade. A cimentação das inlays de resina foi feita com

um cimento resinoso de cura dual. Ao final do procedimento restaurador, os dentes

foram submetidos a cargas compressivas a uma velocidade de 1mm/min, sendo que

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dois métodos de aplicação de força foram utilizados para cada grau de expulsividade:

esfera de aço de 4mm; e barra de aço inoxidável de 4mm de diâmetro. Verificou-se

que a resistência à fratura dos dentes restaurados foi substancialmente mais baixa

do que a dos dentes intactos. Considerando-se as diferentes angulações das paredes

cavitárias, constatou-se que, quando um procedimento adesivo é empregado, o

efeito da inclinação dentro da faixa de 2° e 6°, na resistência à fratura, pode ter

importância limitada, visto que não foram observadas diferenças significantes entre

os grupos (independentemente do tipo de aplicação de carga). Em relação aos

métodos de aplicação de forças, houve dificuldade na manutenção da esfera de aço

em posição na superfície oclusal. Como a barra foi posicionada mais facilmente na

face oclusal dos dentes, pode-se considerar esse método mais confiável. Entretanto,

quando a barra foi usada, verificou-se um maior número de fraturas severas. Assim,

sugere-se que os resultados com a barra e a esfera devam ser considerados em

conjunto, para se obter uma visão geral do comportamento de fratura dos dentes

restaurados. Ficou evidente que um grande número de fraturas severas ocorreu

quando a barra foi usada na angulação de 6°. Nesse sentido, as angulações 2° e 4°

fornecem um resultado mais satisfatório do que a de 6°. Entretanto, as inlays dos

preparos com inclinação de 2° necessitaram de mais ajuste, para se obter uma

adaptação satisfatória. As inlays de resina não restauraram a resistência à fratura

apresentada pelos dentes íntegros.

Algumas variações nas técnicas de cimentação recomendadas pelo fabricante

podem ser vantajosas clinicamente. Dessa maneira, restaurações adesivas

indiretas de resina composta (Brilliant, Coltene) foram cimentadas em dentes pré-

molares preparados, variando-se o método de cimentação e preparo, com o

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objetivo de avaliarem a resistência à compressão (BURKE; WILSON; WATTS,

1994). O preparo cavitário apresentou como diferença apenas a largura vestíbulo-

lingual; margens ficaram sempre em esmalte (1mm aquém da junção

amelocementária). Nos grupos 2 e 3, o istmo oclusal foi de 1/3 da distância

vestíbulo-lingual, ao passo que, nos grupos 4, 5 e 6, a distância foi a metade da

largura vestíbulo-lingual. Todos os dentes receberam uma base de ionômero de

vidro Ketac-Bond (0,5mm) sobre a dentina exposta da cavidade. Os dentes foram

divididos em 6 grupos, a saber:

Grupo 1 – dentes hígidos;

Grupos 2 e 4 – utilizou-se um cimento de cura dual (Duo-Core), após

condicionamento ácido total e aplicação do adesivo. Os excessos foram

removidos com pequenas esponjas;

Grupo 3 – cimentação adesiva realizada com resina composta (Coltene

Brilliant);

Grupo 5 – similar aos grupos 2 e 4, exceto pelo não-condicionamento

ácido do esmalte;

Grupo 6 – cimentação adesiva realizada com um cimento à base de 4-

META (Super Bond) de presa química e com boa adesão em esmalte,

dentina e metais.

O teste de resistência à fratura foi feito com uma barra de 4mm de diâmetro a

uma velocidade de 1mm/min, posicionada sobre o centro da restauração.

Também foram avaliados os padrões de falhas de acordo com a seguinte

classificação:

tipo I – fratura mínima do dente ou da inlay;

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tipo II – menos da metade da inlay fraturada;

tipo III – fratura de metade da inlay;

tipo IV – fratura de mais da metade da inlay;

tipo V - fratura severa do dente e/ou da inlay.

Constatou-se que, nos grupos de 1 a 6, a resistência à fratura foi de 0,97kN,

0,6kN, 0,73kN, 0,72kN, 0,72kN, 0,85kN, respectivamente. Os resultados

mostraram uma excelente resistência à fratura quando o cimento 4-META (Super

Bond) foi utilizado, dados semelhantes ao que se observaram com dentes hígidos.

Poucas fraturas severas foram observadas com esse cimento. Nenhum aumento

significante da resistência à fratura foi verificado nas outras formas de

cimentação. Considerando-se os padrões de fratura, observou-se que a falha

ocorreu, na interface, em 60% dos casos onde o cimento resinoso convencional

foi utilizado (90% de falhas quando a resina composta foi empregada), o que

indica que existe melhor adesão quando um material de cimentação menos

viscoso é empregado.

Visando comparar a resistência à fratura dos dentes restaurados com inlays de

Ni-Cr fixadas com cimento de fosfato de zinco e com cimento resinoso, Mezzomo

(1996) utilizou 32 primeiros pré-molares superiores íntegros, extraídos por razões

ortodônticas, divididos em quatro grupos. O grupo 1 permaneceu sem preparo; os

grupos 2, 3 e 4 receberam preparos cavitários MOD, sendo que o grupo 2

permaneceu sem restaurações; o grupo 3 recebeu inlays metálicas cimentadas com

fosfato de zinco; e o grupo 4 recebeu restaurações idênticas às do grupo 3, porém

com cimento resinoso associado a um sistema adesivo com condicionamento ácido

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total. As cavidades tiveram as seguintes dimensões: largura do istmo oclusal de 2/3

da distância entre as cúspides e profundidade de 3mm; caixas proximais limitadas

cervicalmente a 1mm aquém da junção amelocementária e profundidade próximo-

proximal de 2mm. Os dentes foram posicionados pelas suas raízes em tubos de PVC,

preenchidos com resina acrílica quimicamente ativada, 2mm aquém da junção

amelocementária. As amostras foram submetidas à ação de uma carga de

compressão axial, através de um cilindro de 1 cm de diâmetro adaptado a uma

máquina de ensaio universal, numa velocidade de 1mm/min, até que ocorresse a

fratura. Os resultados mostraram uma resistência à fratura dos dentes restaurados

com inlays e cimento resinoso (grupo 4), estatisticamente superior à dos dentes

restaurados com inlays e cimento de fosfato de zinco (grupo 3) e estatisticamente

semelhante à resistência dos dentes íntegros (grupo 1). Não houve diferença

estatística entre os resultados obtidos com os dentes com cavidades sem

restaurações (grupo 2) e os obtidos com os dentes restaurados com inlays e cimento

de fosfato de zinco (grupo 3). Dois padrões de fratura foram observados: fratura

parcial e fratura com separação de cúspide.

Na odontologia restauradora, as bases são usadas, entre outras finalidades,

como proteção do pulpar, eliminação de irregularidades do preparo e reforço de

cúspides socavadas. Com o objetivo de investigarem o efeito da espessura de uma

base de resina a resistência à fratura da porcelana, Moscovich et al. (1998)

utilizaram 15 barras de porcelana (Vita Celay) cimentadas adesivamente em 15

barras de resina composta (Cavex Clearfil), formando 3 grupos: 1- 1mm de resina

com 1mm de porcelana; 2- 2mm de resina e 2mm de porcelana; 3- 3mm de resina e

1mm de porcelana. Em seguida, os corpos de prova foram avaliados pelo teste de 3

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pontos, na máquina Instron, até a fratura. Quando um material é comprimido em 3

pontos, ocorre tensão na região inferior e compressão na parte superior. No centro

da barra existe uma zona, chamada de zona neutra, onde as forças opostas se

encontram e se anulam. Após o teste, constatou-se que o grupo 3 (3mm de resina e

1mm de porcelana) foi significativamente mais forte do que os outros grupos (336N).

Os resultados dos grupos 1 (197N) e 2 (234N) não foram diferentes

estatisticamente. No grupo 3, onde a espessura da resina era maior do que a da

porcelana, a zona neutra está na resina, e a porcelana não fica exposta às tensões

(tração), fato que explica sua maior resistência quando comparada aos grupos 1 e 2.

Tais resultados sugerem que uma base de resina pode ter um efeito protetor

significativo na inlay de porcelana, além de conservar e simplificar o preparo

cavitário. Os autores sugerem que, para maior longevidade da restauração, é melhor

colocar uma camada espessa de resina como base do que deixar a porcelana com

uma espessura muito grande. Essa combinação imita, artificialmente, a configuração

biológica do dente natural (dentina/resina, esmalte/porcelana).

Brunton et al. (1999) realizaram um estudo laboratorial para avaliar a

resistência à fratura de pré-molares restaurados com onlays de 3 materiais estéticos

cimentados adesivamente. Uma amostra aleatória de preparos para onlays estéticos

foi obtida de um laboratório dental por meio de uma máquina Celay (CAD/CAM).

Quarenta pré-molares hígidos, previamente extraídos, foram selecionados de acordo

com as dimensões do modelo-mestre e divididos, aleatoriamente, em 4 grupos

(n=10). Três dos quatro grupos foram preparados com a máquina Celay para

padronizar o preparo selecionado. O quarto grupo serviu como controle e não foi

preparado. Os 30 dentes preparados foram moldados para obtenção dos modelos de

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trabalho. Dez onlays de cada um dos três materiais testados (Belleglass, SR Isosit e

IPS Empress) foram produzidas e cimentadas adesivamente com Variolink II. Os

dentes foram montados em moldes, 2mm aquém da junção amelocementária. Em

seguida, as restaurações receberam aplicação de uma força compressiva até a

fratura, por meio de uma barra de aço (4mm de diâmetro) posicionada no sulco

central, acoplada a uma máquina de teste universal, com uma velocidade de

1mm/min. A resistência à fratura e o padrão de falha de cada espécime foram

registrados. Verificou-se que a resistência à fratura obtida para os dentes

restaurados com a resina Isosit (em média 1,56kN) foi maior que aquela obtida pelos

dentes íntegros (1,09kN) e restaurados com material cerâmico (em média 0.99kN)

ou resina reforçada por fibras (em média 0,99kN). Segundo os autores, isso se deve

ao fato de a resina composta ter um módulo elástico mais baixo que a porcelana,

então, mais carga é absorvida nas restaurações de compósitos que nas de porcelana

ou compósitos reforçados com fibra. A resina, portanto, transmite em menor grau a

carga aplicada para a estrutura dental subjacente. O padrão de falha dos dentes

restaurados com onlays de resina composta fibroreforçada, quando submetidos à

carga compressiva, foi menos destrutivo do que o dos dentes restaurados com resina

composta e cerâmica. Assim, o estudo sugere que o fracasso estrutural de dentes

restaurados com materiais mais rígidos está, mais provavelmente, associado com

uma fratura significante do dente subjacente e da restauração. Pré-molares

restaurados com onlays em resina composta exibiram maior resistência à fratura do

que os dentes restaurados com resina composta reforçada por fibra ou com

cerâmica. Materiais mais flexíveis e menos rígidos podem ser desejáveis para

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restaurar dentes posteriores, devido à inerente habilidade do dente em se flexionar

sob forças oclusais.

Em um outro estudo para avaliar a resistência à fratura, Burke (1999) tentou

encontrar um método para maximizar a resistência à fratura de coroas cerâmicas. A

partir de pesquisas anteriores, o autor concluiu que, associando os materiais

restauradores que obtiveram bons resultados nesses trabalhos, conseguiria melhorar

a resistência à fratura das coroas. Desta forma, foram selecionados 10 pré-molares.

Após o preparo para coroa e moldagem, coroas de IPS Empress (porcelana reforçada

por leucita) foram cimentadas adesivamente com o 3M indirect porcelain bonding kit

e o sistema adesivo Scotchbond MP Plus. A resistência à fratura foi avaliada em uma

máquina de teste universal com uma barra de 4mm de diâmetro posicionada no

centro da face oclusal. Verificou-se que a resistência à fratura foi de 1,67kN, valor

ainda maior do que a resistência de dentes hígidos, 0,97kN. O trabalho mostrou que

se pode conseguir uma elevação substancial da resistência à fratura, porém às

custas de um aumento de 30% no risco de ocorrerem fraturas severas na estrutura

dental.

Em 2001, Çotert, Sen e Balkan realizaram um estudo para comparar a

resistência à fratura de dentes posteriores restaurados com cinco diferentes

materiais. Foram empregados 84 molares humanos hígidos, distribuídos em 7

grupos. Todas as amostras, com exceção do grupo 7, receberam preparos MOD, com

1/3 da distância intercuspídea. As pontas das cúspides dos molares foram aplainadas

e coladas a um dispositivo designado para alinhamento, de forma a assegurar o

paralelismo da superfície oclusal do dente. Foi confeccionado um bisel de 0,5mm nas

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margens dos preparos, com exceção do grupo do amálgama. Uma base de 1mm de

cimento de ionômero de vidro foi usada como forramento da dentina exposta, na

parede pulpar e nas axiais. Os grupos experimentais foram restaurados com

amálgama combinado com cimento uretanodimetacrilato (Panavia 21) (grupo 1),

resina composta (Degufill) (grupo 2), inlay semidireta de resina composta (Brilliant)

(grupo 3), inlay metálica fundida (grupo 4) e inlay cerâmica (Ceramco II) (grupo 5).

O grupo 6 (dente preparado sem restauração) e o 7 (dentes intactos) serviram como

controle. Para o teste de compressão, utilizou-se uma esfera metálica (10mm de

diâmetro), com uma velocidade de 0,02mm/min, posicionada contra as vertentes

cuspídeas, sem tocar a restauração. De acordo com os resultados, os dentes intactos

apresentaram uma resistência significativamente mais elevada do que todos os

outros grupos. Diferenças entre as médias dos grupos restaurados não foram

estatisticamente significantes. Assim, propriedades estéticas, potencial de desgaste,

precisão de adaptação e infiltração marginal das restaurações devem ser

considerados na escolha do material na restauração de dentes posteriores.

Esquivel-Upshaw et al. (2001) desenvolveram um estudo laboratorial sobre

resistência à fratura de inlays metalocerâmicas e inlays totalmente cerâmicas para

determinar a correlação da resistência à fratura com o grau de inclinação do preparo

e largura do gap marginal. Sessenta preparos MOD foram confeccionados em

primeiros molares artificiais (Dentoform), sendo que 30 dentes foram restaurados

com inlays em cerâmica, e os outros 30, em metalocerâmica. Cada grupo foi

subdividido em 3 grupos (n=10) com 5º, 10º e 20º de inclinação das paredes

cavitárias. As restaurações metalocerâmicas foram confeccionadas com uma liga

nobre e porcelana Ceramco; as restaurações totalmente cerâmicas foram feitas de

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IPS Empress II. Após a cimentação, as inlays foram armazenadas em água destilada

em 37ºC, por 2 semanas. A resistência à fratura foi realizada com uma máquina de

ensaio universal (Instron) por meio de uma esfera metálica com 2,38mm de

diâmetro. A esfera foi posicionada na fossa central da inlay a, aproximadamente,

1,3mm das margens vestibular e lingual. Um dique de borracha foi colocado entre a

esfera e a superfície da porcelana para prevenir fraturas na área de contato. Além

disso, um dispositivo auditivo foi adaptado ao pistão da máquina para detectar o

momento da fratura inicial. De acordo com os resultados, a carga média de fratura

das inlays cerâmicas e metalocerâmicas com inclinação das paredes cavitárias de 5º,

10º e 20º foi 70N, 48N, 33N e 40N, 29N, 14N, respectivamente. Considerando a

presença de gaps, a largura média destes para as inlays cerâmicas foi de 105µm e,

para as metalocerâmicas, a largura foi de 126µm. Os autores concluíram que a carga

média para fraturar inlays de Empress II foi significativamente mais elevada do que a

das inlays metalocerâmicas. Inlays com inclinação de 5º foram significativamente

mais resistentes do que aquelas com inclinação de 20º. Não foi verificada correlação

entre a largura do gap e a resistência à fratura.

Com objetivo de avaliar o aumento da resistência à fratura de pré-molares

superiores tratados endodonticamente e restaurados em resina composta com

cobertura de cúspide, Takahashi; De Cara; Contin (2001) utilizaram 40 pré-molares

superiores humanos divididos em 4 grupos: I- dentes hígidos; II- dentes com acesso

endodôntico, com preparo MOD, restaurados em resina composta, sem cobertura de

cúspide; III- dentes com acesso endodôntico, com preparo MOD e redução de

cúspide, restaurados em resina composta, com cobertura de cúspide; IV- dentes com

acesso endodôntico, com preparo MOD, sem receber restauração. Os corpos-de-

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prova foram submetidos a teste de compressão até a fratura, e os resultados foram

submetidos a análise de variância e comparados através do teste de Tukey,

podendo-se concluir que os dentes do grupo III (restaurados com cobertura de

cúspide) apresentaram maior resistência à fratura, com valores significativos, em

relação aos dentes do grupo II (restaurados sem cobertura de cúspide) a IV (só

preparo cavitário sem restauração). A restauração em resina composta direta com

cobertura de cúspide pode ser considerada uma alternativa para dentes pré-molares

submetidos à terapia endodôntica.

O preparo cavitário é um fator crítico para o sucesso dessas restaurações, e a

indicação do recobrimento de cúspides parece ser o fator mais polêmico no desenho

final do preparo cavitário. Como a literatura não apresenta um consenso sobre o

desenho do preparo cavitário para inlays, onlays e overlays cerâmicas, Morimoto

(2001) realizou um estudo com o objetivo de comparar o comportamento de dentes

com preparos para inlays e overlays, restaurados com porcelana feldspática

cimentada adesivamente, quando submetidos a ensaio de compressão axial. Foram

empregados 30 pré-molares superiores íntegros, distribuídos, aleatoriamente, em 3

grupos: 1) íntegros, 2) inlays e 3) overlays. Os preparos para inlays eram do tipo

MOD, com largura da caixa de ½ da distância intercuspídea e os preparos para

overlays eram do tipo MOD com recobrimento das cúspides vestibular a palatina. Os

corpos-de-prova foram submetidos ao ensaio de compressão, com uma barra de

2,8mm de diâmetro, à velocidade de 0,5mm/min. Os valores médios de fratura para

os grupos 1, 2 e 3 foram de 120,0Kgf, 120,3Kgf a 117,3Kgf, respectivamente.

Análises estatísticas indicaram que não houve diferença entre os grupos. As inlays e

overlays conseguiram recuperar a rigidez das cúspides de forma semelhante aos

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valores encontrados para os dentes íntegros. As inlays obtiveram valores de fratura

semelhantes aos das overlays, porém os preparos com recobrimento de cúspides

resultam em perda de estrutura sadia, podendo interferir também na estética e

oclusão. Os padrões de fratura para os dentes íntegros foram 70% do tipo moderada

(Padrão II) e 30% do tipo simples (Padrão I), para as overlays foram 70% do tipo

simples (Padrão I), 10% do tipo moderada (Padrão II) e 20% do tipo severa (Padrão

III), enquanto que, para as inlays, 70% foram do tipo simples e 30% do tipo

moderada. A indicação clássica que afirma que, a partir de 1/3 da distância

intercuspídea, as cúspides devem ser recobertas, merece ser questionada, no caso

do emprego de restaurações cerâmicas cimentadas adesivamente.

Buscando avaliar a resistência à fratura de dentes restaurados, Bremer e

Geurtsen (2001) prepararam molares com uma largura na direção vestíbulo-lingual

de 50% da distância intercuspídea, para serem cimentados com inlays cerâmicas

(CEREC e IPS Empress) ou de resina composta (Arabesk e Charisma). A parede

pulpar dos dentes preparados recebeu uma fina camada de ionômero de vidro (Ketac

bond). Após a cimentação das restaurações, os cinqüenta dentes foram

armazenados, por uma semana, em solução salina, em temperatura ambiente. Em

seguida, uma esfera de aço com 2mm de diâmetro foi posicionada na fissura central

de cada dente. A velocidade de aplicação de carga foi de 5mm/min. Com a redução

de 100N na força, presumiu-se que havia ocorrido fratura, e o procedimento,

automaticamente descontinuado. Considerando o padrão de fratura, estas foram

classificadas em 4 tipos, a saber:

fratura cuspídea – perda completa de uma cúspide isolada;

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fratura de parede – fratura completa da parede vestibular ou lingual;

fratura vertical – fratura vertical do dente na direção vestíbulo-lingual ou

mésio-distal;

fratura coronária – estilhaçamento da coroa em várias partes.

O comportamento da fratura nos dentes restaurados com inlays de Cerec foi muito

semelhante ao do grupo controle. Amostras com inlays de IPS Empress

apresentaram, principalmente, fraturas com perdas de cúspides. Não foram

verificadas falhas adesivas. Não houve diferença estatística entre os valores médios

dos dentes hígidos (2102N) e os dos dentes com inlays cerâmicas de CEREC

(2139N). Por sua vez, os dois grupos apresentaram uma diferença significante,

quando comparados com inlays cerâmicas de IPS Empress (1459N) e das

restaurações com a resina Arabesk (1459N). A resistência à fratura de molares

restaurados com Charisma (1562N) não foi diferente, estatisticamente, da resistência

dos outros grupos, incluindo o grupo-controle, embora tenha ficado muito próxima

da resistência à fratura das inlays de IPS Empress.

Teo; Baratieri; Van Noort (2002) pesquisaram a influência do desenho do

preparo cavitário na resistência à fratura de restaurações adesivas cerâmicas. Foram

utilizados dentes pré-molares hígidos, divididos em 3 grupos (n=9). Todos os dentes

foram preparados para receber coroas cerâmicas com término em ombro de 1mm de

espessura e ângulos arredondados. Os grupos foram diferenciados variando-se o

desgaste oclusal, 0,5mm, 1mm e 2mm. Cada grupo recebeu coroas de IPS Empress,

cimentadas com Variolink. Os espécimes preparados foram submetidos a uma carga

compressiva através de um dispositivo de 4mm de diâmetro em forma de barra,

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posicionado no centro da face oclusal dos dentes. Ao final do experimento, não

foram verificadas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos, apesar de

terem sido evidentes as diferenças nos tipos de fratura. A resistência à compressão

dos dentes foi 1134N, 1260N e 1489N, para os preparos com redução oclusal de

0.5mm, 1mm e 2mm, respectivamente. Não foram verificadas diferenças

estatisticamente significantes entre os grupos. Portanto, os autores concluíram que o

excesso de desgaste oclusal nos dentes hígidos para confecção de coroas cerâmicas

pode ser desnecessário.

Para a avaliação da resistência à fratura de dentes humanos intactos e

restaurados, Freitas et al. (2002) utilizaram 30 pré-molares superiores hígidos. Os

dentes foram divididos em 3 grupos (n=10), sendo que o grupo-controle (grupo

1) foi constituído por dentes hígidos. Os grupos experimentais foram preparados

para receberem restaurações adesivas. Os preparos cavitários foram feitos da

mesma forma:

porção oclusal- profundidade de 1,5mm e largura de 2,5mm;

porção proximal- dimensão vestíbulo-lingual de 4mm e profundidade de

1mm.

O grupo 2 (n=10) foi restaurado de forma direta com resina composta (Z250); o

grupo 3 (n=10) foi preparado para receber uma inlay de cerômero (Solidex). Após

a restauração, os dentes foram armazenados em 37°C, por 24h e, em seguida,

termociclados por 500 ciclos, com temperatura de 5°C e 55°C. O teste de

resistência à compressão foi realizado com um dispositivo em forma de cunha e

ponta ativa reta (1mm de espessura e 7mm de largura), posicionado no centro da

superfície oclusal dos dentes, a uma velocidade de 0.5mm/min. Os resultados

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demonstraram que o grupo 3 (178Kgf) teve uma maior resistência à fratura do

que o grupo 1 (120Kgf). Não houve diferença estatística entre os grupos 1 e 2

(145Kgf) ou entre os grupos 2 e 3. Dessa forma, preparos cavitários classe II

restaurados com inlays em cerômero ofereceram maior resistência à fratura do

que os dentes intactos. A resistência à fratura dos dentes restaurados com resina

composta não foi significativamente diferente da verificada nos dentes restaurados

com inlays ou dos dentes hígidos.

Com o intuito de avaliar a resistência à fratura de dentes restaurados direta

e indiretamente e o desenho cavitário, Dalpino et al. (2002) selecionaram 56

dentes pré-molares humanos hígidos. Após a inclusão das porções radiculares em

bases de resina acrílica (1mm abaixo da junção amelocementária), os dentes

foram divididos em 7 grupos:

Grupo 1 – dentes intactos;

Grupo 2 – cavidades MOD não-restauradas, istmo de metade da distância

intercuspídea, ângulos internos arredondados, paredes convergentes,

redução oclusal de 2mm;

Grupo 3 - cavidades MOD não-restauradas, istmo de metade da distância

intercuspídea, paredes divergentes, redução oclusal de 2mm;

Grupo 4 – preparo igual ao grupo 2, restaurado com resina composta direta,

Filtek Z250;

Grupo5 - preparo igual ao grupo 3, restaurado com inlays de resina

composta indireta, Artglass;

Grupo 6 - preparo igual ao grupo 3 restaurado com inlays de resina

composta indireta, Targis;

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Grupo 7- preparo igual ao grupo 3 restaurado com inlays de cerâmica, IPS

Empress.

Após o acabamento e polimento (24h após a cimentação), os espécimes foram

armazenados em água deionizada, por 1 semana, para ser realizado o teste de

resistência à compressão. Esse teste foi feito por meio de uma barra cilíndrica de

aço de 8mm de diâmetro centralizada na superfície oclusal. A força foi aplicada

nas vertentes das cúspides (ao invés de na restauração) a uma velocidade de

0,5mm/min, paralela ao longo eixo do dente. A força compressiva foi aplicada até

ocorrer a fratura do espécime. Verificou-se que não houve diferença estatística

significante na resistência à fratura entre os grupos restaurados indiretamente

(Artglass e Targis – 1,81kN, IPS Empress – 1,77kN) e os dentes intactos (1,92kN).

Os dentes restaurados com resina de uso direto (1,45kN) não apresentaram

aumento na resistência à fratura em comparação com o dente intacto. Além disso,

não foram observadas diferenças em relação aos preparos cavitários convergentes

(1,06kN) e divergentes (0,93kN). Os grupos restaurados com inlays apresentaram

fraturas mais severas do que as apresentadas pelos dentes com restaurações

diretas em resina composta. Este estudo demonstrou que dentes restaurados com

resina indireta e cerâmica foram capazes de fortalecer o remanescente dental

independentemente de suas propriedades inerentes.

Gorucu (2003) comparou a resistência à fratura de duas restaurações

diferentes em cavidades classe II. Vinte e quatro molares superiores humanos foram

utilizados para o teste e outros 24 para servirem como contato. Os espécimes foram

divididos em dois grupos e, depois, montados em um dispositivo, de forma a manter

uma relação normal com um dente adjacente, previamente posicionado. Cavidades

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mésio-oclusal foram preparadas, com istmo proximal 3,5mm, abertura oclusal de

1,5mm e profundidade de 1,80mm. As cavidades do grupo 1 foram restauradas com

resina composta direta, as do grupo 2, com inlays SONICSYS (inserts cerâmicos pré-

formados). No grupo 1, foi realizado bisel nas margens do preparo e, no grupo 2,

apenas nas margens gengivais. As cristas marginais das restaurações foram

submetidas a uma carga, em um ângulo de 13,5 graus em relação ao longo eixo do

dente, até que a fratura ocorresse. Os resultados mostraram que as inlays de

Sonicsys (77,12Kgf) (grupo 2) obtiveram uma significante resistência à fratura,

quando comparadas com as restaurações diretas (53,9Kgf).

O estudo de Gorucu e Ozgunaltay (2003) comparou a resistência à fratura de

pré-molares superiores restaurados com quatro diferentes restaurações adesivas

diretas. Os espécimes dos grupos experimentais foram preparados (MOD), sendo

que as brocas foram trocadas a cada cinco dentes. O istmo oclusal tinha 1/3 da

distância intercuspídea e a profundidade de 2/3 da altura da coroa. O istmo proximal

era de 1/3 da largura vestíbulo-lingual e acima 1mm da junção amelocementária,

com largura de 1,5mm. Os dentes preparados foram distribuídos em 4 grupos

(n=10): G2- resina composta Filtek Z250 + Single Bond; G3- resina compactável

Filtek P60 + Single Bond; G4 – Definite (ormocer) + Etch & Prime 3.0; G5 –

amálgama adesivo (Permite + Amalgam bond plus). O grupo 1 (G1) consistiu no

grupo-controle com dentes íntegros. Posteriormente, os dentes foram mantidos em

água, por 15 dias, e termociclados. A resistência à fratura foi realizada com 2 esferas

de 2mm de diâmetro, em contato com as vertentes internas das cúspides vestibular

e lingual, sem tocar na restauração. Os dentes foram submetidos a 10Kgf a

5mm/min, cinco vezes antes do teste definitivo, na tentativa de simular esforços

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intra-orais e permitir uma carga uniforme ao dente. Considerando-se o tipo de

fratura observado, a classificação foi feita da seguinte forma:

fratura na interface dente-retauração, ocasionalmente associada a

pequenos fragmentos de resina composta presos ao dente;

fratura do corpo do material (coesiva);

fratura envolvendo apenas a estrutura dental;

fratura envolvendo a estrutura dental e a restauração.

A diferença entre a resistência à fratura dos dentes íntegros (158,4Kgf) e a daqueles

restaurados com amálgama adesivo (110,3Kgf) foi estatisticamente significante. Não

foram verificadas diferenças na resistência à compressão entre dentes restaurados e

íntegros, e entre os restaurados com resina composta híbridas (127,1Kgf),

compactáveis (130,6Kgf) e o ormocer (124,7Kgf). As fraturas observadas nos dentes

restaurados com resina composta híbrida e compactável aconteceram na interface

dente-restauração e não no corpo da resina. Nos grupos com ormocer e amálgama,

as fraturas foram coesivas. Dessa forma, os autores sugerem que, quando a largura

da cavidade for maior que 1/3 da distância intercuspídea, o reforço das cúspides

enfraquecidas deve ser feito com materiais restauradores adesivos, como as resinas

compostas.

Krejci et al. (2003) avaliaram a adaptação marginal, resistência à fratura e

retenção de diferentes tipos de restaurações adesivas indiretas em dentes

desvitalizados, antes e após um longo teste de fadiga. Foram selecionados 30 dentes

pré-molares e, então, divididos em 5 grupos (n=6). No grupo 1, simulou-se um

dente vital, restabelecendo-se a pressão intrapulpar, por meio de um aparelho

específico e inserção de um fluido correspondente ao fluido dentinário. Em seguida,

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os dentes foram preparados para onlay, com margens cervicais localizadas 1mm

acima da junção amelocementária; 1,5mm de profundidade da caixa proximal e 4mm

de largura; 3,5mm no istmo oclusal; 2mm de redução oclusal. No grupo 2, os dentes

foram tratados endodonticamente e suas coroas foram removidas. O preparo para

coroa foi feito com término de 1mm abaixo da junção amelocementária. No grupo 3,

realizou-se o mesmo preparo do grupo 2, contudo, ao invés de se colocar uma

camada de cimento de ionômero de vidro (Ketac bond) sobre o material obturador, o

canal radicular foi preparado para receber um pino cimentado adesivamente.

Considerando-se o grupo 4, foram confeccionados preparos para inlay semelhantes

ao do grupo 1, sem a redução oclusal. A câmara pulpar foi preenchida com cimento

de ionômero de vidro. O preparo do grupo 5 era semelhante ao do grupo 1,

caracterizando-se uma preparo para onlay, porém em um dente desvitalizado. Todas

as restaurações foram cimentadas com Variolink II e confeccionadas em Targis. Ao

final de 7 dias da cimentação, todos os espécimes foram submetidos a 1.200.000

ciclos de carga de 49N, utilizando-se cúspides artificiais de aço, com dureza

semelhante à do esmalte humano. O diâmetro das cúspides era de 4mm e

contactava a superfície oclusal da restauração em 1,5mm da fossa central. Sob a

base do espécime, colocou-se um disco de borracha que permitia pequenos

movimentos. Segundo os autores, essa situação de fadiga simulava 5 anos de

atividade clínica. O teste de resistência à fratura foi feito com uma esfera de 5mm de

diâmetro posicionada no centro da face oclusal dos dentes, a uma velocidade de

1mm/min, até a fratura. Todas as restaurações permaneceram no lugar após a

fadiga. A adaptação marginal na dentina, mesmo após os ciclos de forças oclusais,

foi semelhante à adaptação nas margens em esmalte. O padrão de fratura foi bem

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diversificado, não havendo comportamento de fratura preferencial. Contudo, a maior

parte das fraturas seguiu uma direção axial da restauração para a dentina radicular.

Considerando-se a resistência à fratura, não houve diferença estatisticamente

significante. Dessa forma, os autores concluíram que a utilização de pinos intra-

radiculares e a redução oclusal são procedimentos desnecessários na restauração de

dentes tratados endodonticamente, sendo, portanto, as restaurações inlays

suficientes para dar resistência ao dente.

Visando avaliar a resistência à fratura de dentes restaurados com inlays

cerâmicas, St-Georges et al. (2003) selecionaram 50 dentes pré-molares humanos,

dividindo-os em 5 grupos:

1. dente intacto;

2. dentes preparados mas não-restaurados;

3. dentes restaurados com inlays cerâmicas Cerec 2 (CAD-CAM), com utilização

do condicionamento ácido hidrofluorídrico como tratamento da peça;

4. dentes restaurados com inlays de resina;

5. dentes restaurados com inlays cerâmicas Cerec 2 (CAD-CAM), utilizando-se o

jateamento com óxido de alumínio como tratamento da peça;

Todos os preparos apresentaram profundidade de 4mm, istmo vestíbulo-

lingual de 3, largura da caixa proximal de 6mm, parede gengival com largura de

1,5mm e parede axial de 2mm. Após a cimentação, os dentes foram armazenados

em temperatura ambiente, por uma hora. Em alguns casos, as vertentes internas das

cúspides foram modificadas, a fim de se viabilizar o correto assentamento da esfera

para que contactasse as cristas vestibulares e linguais além das margens do preparo.

A resistência à fratura foi feita por meio de uma esfera de 4,82mm, posicionada de

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forma a tocar as cristas transversais vestibulares e linguais, a uma velocidade de

0,5mm/min. Ao final do experimento, verificou-se que o simples preparo do dente

gerou uma perda de 59% na resistência à fratura. Os dentes restaurados com

material cerâmico (G3- 407,21 N e G5- 472,54 N) ou resina composta (G4- 383,94 N)

não foram mais resistentes à fratura do que os dentes preparados e não-restaurados

(348,51 N). Além do mais, não foram observadas diferenças significativas entre os

dentes com restaurações cerâmicas ou resina. Porém, todos os grupos apresentaram

resistência menor do que os dentes intactos (843,97 N). Mesmo assim, foi verificado

um aumento de 4 a 15% na resistência à fratura dos dentes restaurados em relação

aos dentes não-restaurados. Das 10 restaurações de cerâmica, quatro fraturaram no

centro, dividindo o dente e a inlay ao meio.

Considerando a necessidade e a tendência de preservação da estrutura dental,

Burmann et al. (2003) avaliaram a resistência à fratura de restaurações diretas de

resina composta e de dentes restaurados com inlays MOD, cimentadas com 2

sistemas adesivos. Usaram-se 45 pré-molares superiores hígidos, armazenados em

soro fisiológico, os quais foram divididos em 9 grupos (n=5):

1. dentes hígidos;

2. inlays de liga metálica cimentadas com o sistema adesivo Bond 1 e com o

cimento resinoso Cement it;

3. inlays de liga metálica cimentadas com o sistema adesivo ScotchBond MP e

com o cimento resinoso Resin Cement;

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4. inlays cerâmicas (Fortune) cimentadas com o sistema adesivo Bond 1 e com o

cimento resinoso Cement it;

5. inlays cerâmicas (Fortune) cimentadas com o sistema adesivo ScotchBond MP

e com o cimento resinoso Resin Cement;

6. inlays de Artglass cimentadas com sistema adesivo Bond 1 e o cimento

resinoso Cement it;

7. inlays de Artglas com o sistema adesivo ScotchBond MP e com o cimento

resinoso Resin Cement;

8. restauração direta (Z100) e sistema adesivo ScotchBond MP;

9. restauração direta (Z100) e sistema adesivo Single Bond;

10. dentes hígidos preparados e não restaurados.

Os preparos MOD foram padronizados, em um aparelho específico, com dimensões

de 1,86mm (base) x 2,6mm (cavossuperficial) x 2mm (profundidade). O preparo

cavitário não possuía projeção cervical como nos preparos convencionais. A cavidade

tinha assoalho em um único nível de mesial para distal. Após a cimentação,

conforme instruções do fabricante, os corpos de prova foram armazenados em

solução salina, por 60 dias. Em seguida, eles foram submetidos aos testes de

resistência à fratura por compressão, com velocidade de 0,5mm/min até a fratura do

dente. A carga foi aplicada na superfície oclusal, por meio de uma esfera, com

ângulo de 30o em relação ao longo eixo do dente sobre as vertentes internas das

cúspides lingual e vestibular sem tocar diretamente a restauração. Os autores

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constataram que não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos

restaurados e os dentes hígidos (192,89Kgf). Quando comparada à resistência dos

dentes preparados e não-restaurados (47,56Kgf), a resistência à fratura dos dentes

restaurados foi 3 vezes maior, em média, 158,2Kgf. Não houve diferenças quanto à

resistência à fratura entre os dois materiais adesivos para as restaurações indiretas.

Dentes restaurados com resina composta direta (141,56Kgf) apresentaram

resistência à fratura semelhante aos dentes restaurados com materiais cerâmicos

(G4- 177,42Kgf, G5 – 134,89Kgf) ou resina composta indireta.

Visando avaliarem o reforço proporcionado por restaurações diretas e indiretas

em resina composta, Miranda et al. (2003) pesquisaram a resistência à fratura de

pré-molares restaurados com resina composta. Foram utilizados 40 pré-molares

hígidos, embutidos em cilindros de PVC com resina acrílica, posicionados 1mm

aquém da junção amelocementária. Tomou-se cuidado no sentido de se manter a

superfície oclusal dos dentes paralela à base do cilindro, de forma que a força,

durante o teste de compressão, fosse aplicada paralelamente ao longo eixo do

dente. A amostra foi dividida em 4 grupos (n=10) da seguinte forma: G1- dentes

hígidos (grupo controle); G2 – dentes com preparos MOD, com remoção do teto da

câmara pulpar e não-restaurados; G3 – dentes com preparos MOD e restaurados

com cimento de ionômero de vidro (Vitremer) e resina composta direta (Filtek P60);

G4 – dentes com preparos MOD restaurados com inlays de resina indireta (Targis)

cimentadas com Resin Cement. O istmo do preparo foi de metade da distância

intercuspídea. As paredes vestibular e lingual foram preparadas com expulsividade

de 10o para oclusal, e o ângulo cavossuperficial foi mantido nítido e sem bisel (90o).

O preparo foi confeccionado sem paredes axiais, para fragilizar, ao máximo, o dente.

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O teste de resistência à fratura foi feito com uma esfera de 6mm de diâmetro, com

velocidade de 0,5mm/min. Os dentes foram posicionados na máquina de maneira

que a força fosse aplicada no sentido do longo eixo do dente e que a esfera tocasse

simultaneamente as vertentes internas das cúspides vestibular e lingual. Ao final,

constatou-se que a resistência à fratura dos dentes íntegros foi de 136,6Kgf,

semelhante à do grupo de resina direta (118,4Kgf) e resina indireta (128Kgf). Por

outro lado, esses valores foram estatisticamente diferentes dos valores encontrados

para os dentes apenas preparados (60,7Kgf). Observou-se, também que, em todos

os casos, apenas uma das cúspides era perdida, com fratura em nível coronário

(dentes restaurados e hígidos).

De forma a avaliarem o efeito das diferenças no módulo de elasticidade de

cimentos na transmissão do estresse para a cerâmica ou resina, Ausielo et al. (2004)

realizaram inlays (MOD) e as submeteram à forças oclusais verticais. Realizaram-se 3

modelos de elemento finito em pré-molares superiores, tendo sido utilizados dados

da literatura sobre morfologia dental, para se determinarem os volumes de dentina e

esmalte. O modelo A representava um dente restaurado com uma inlay de cerâmica

vítrea (alto módulo de elasticidade – 90GPa) em combinação com um adesivo (4,5

GPa) e um cimento com alto módulo de elasticidade (9,6 GPa). O modelo B

assemelhava-se ao A, exceto pelo cimento resinoso, que apresentava baixo módulo

de elasticidade (6 GPa). No modelo C foi realizada uma inlay em resina composta

laboratorial, em combinação com um adesivo e um cimento com baixo módulo de

elasticidade (6 GPa). O preparo cavitário possuía parede pulpar plana, de uma face

proximal à outra. Uma carga vertical de 400N foi simulada na face oclusal para

análise de elemento finito. Um software foi utilizado para analisar o estresse sobre os

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dentes e comparar sua distribuição e intensidade máxima. Para a validação do

experimento, foram utilizados 10 pré-molares para cada grupo de teste. Após os

procedimentos adesivos, foi aplicada uma carga por meio de uma barra de aço de

6mm de diâmetro, paralela ao longo eixo do dente, a uma velocidade de 1mm/min.

Essa situação também foi simulada no método de elemento finito, gerando

resultados aproximados. Nos modelos de inlays cerâmicas, um elevado estresse foi

observado nas paredes laterais, vestibular e lingual. As inlays de cerâmica

transmitiram estresse para as paredes do preparo e, dependendo da rigidez, para o

cimento e para a camada adesiva. As inlays de resina composta demonstraram

melhor dissipação do estresse. Para o cimento com alto módulo de elasticidade, as

restaurações cerâmicas não foram capazes de redistribuir, apropriadamente, o

estresse pela cavidade. Entretanto, a redistribuição do estresse ocorreu quando as

inlays de resina foram analisadas. Assim, os autores concluíram que a utilização de

materiais restauradores e de cimentação com baixo módulo de elasticidade podem

absorver, parcialmente, as deformações sobre cargas oclusais e limitar a intensidade

do estresse transmitido para as estruturas dentais remanescentes.

Soares et al. (2004) avaliaram a resistência à fratura de quatro tipos de inlays,

sendo três de resina composta e uma, de cerâmica. Para o experimento foram

utilizados 60 molares inferiores de tamanho e forma semelhantes. Cada dente foi

fixado em um cilindro, 2mm abaixo da junção amelocementária, reproduzindo o

ligamento periodontal com um poliéter (Impregum F). Foram preparadas cavidades

MOD com expulsividade de 6º. A profundidade do preparo foi padronizada em

2,5mm, o istmo oclusal era de 5mm, a parede gengival era de 1,5mm e a redução

axial, de 2mm. Após a moldagem e confecção do troquel, os dentes foram divididos

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em 4 grupos (n=15). No grupo em que as inlays eram de cerâmica, foi utilizada

porcelana feldspática, Duceram LFC. As outras restaurações foram confeccionadas

em resina composta laboratorial, Solidex, Artglass e Targis. Previamente à

cimentação, as inlays cerâmicas foram tratadas com ácido hidrofluorídrico, por

2,5min, seguida da aplicação do silano. As inlays de resina foram jateadas com óxido

de alumínio, por 10s, e o silano foi aplicado. Todas as restaurações foram

cimentadas empregando-se o sistema adesivo Single Bond e o cimento resinoso

Rely-x. Após 24 horas, os dentes foram submetidos ao teste de resistência à

compressão, a uma velocidade de 0,5mm/min, em uma máquina de teste universal.

A força foi aplicada, por meio de uma esfera de 4mm de diâmetro, no centro da

restauração. O padrão de fratura foi determinado utilizando-se um

estereomicroscópio para, então, ser feita a análise no MEV. A resistência à fratura foi

a seguinte: Solidex – 293,26Kgf; Artglass – 299,87Kgf, Targis – 304,23Kgf, Duceram

LFC – 205,44Kgf. Diferenças estatisticamente significantes foram encontradas apenas

entre as inlays de porcelana e as de resina. A menor resistência da cerâmica deve-se

à sua elevada rigidez, resultando em baixa tração e resistência à flexão. As inlays

cerâmicas demonstraram um grande número de tipos de fratura com menor

envolvimento da estrutura dental, já as fraturas das inlays de resina foram muito

mais complexas com envolvimento periodontal. Esse tipo de falha das inlays

cerâmicas é positivo, visto que a fratura ocorre na porcelana, viabilizando a

substituição da restauração sem desgaste adicional do remanescente dental. A

observação das fraturas no MEV mostrou falha coesiva no material restaurador, ou

adesiva, entre o material restaurador e cimento resinoso, no caso das inlays

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cerâmicas. As inlays de resina demonstraram comportamento similar com falhas

coesivas na estrutura dental.

Silva; Hilgert; Busato (2004) avaliaram a resistência e o tipo de fratura de pré-

molares restaurados com inlays cerâmicas e de resina composta. Foram selecionados

40 dentes, divididos em 4 grupos, e preparados de forma padronizada com 8º de

expulsividade, profundidade e istmo oclusal e proximal de 2mm e 3mm,

respectivamente. Após moldagem e confecção dos modelos, foram realizadas as

restaurações indiretas de cerômero (Targis, Solidex e Zeta) e de porcelana (Vitadur

Alpha). Em seguida, as inlays foram fixadas com cimento resinoso (Opal) e os

espécimes foram armazenados em solução salina à 37ºC, por 72 horas. O ensaio

mecânico foi realizado com uma esfera de 4mm de diâmetro, a uma velocidade de

0,5mm/min. A esfera foi posicionada, no centro da superfície oclusal, tocando apenas

na restauração. Ao final do teste, a resistência à fratura observada foi similar para

todos os grupos. As inlays de porcelana apresentaram fraturas mais severas (80%)

do que as inlays de resina composta. Os autores argumentam que o elevado módulo

de elasticidade da porcelana faz com que essas restaurações transmitam as forças

para o dente, causando fraturas em grandes proporções.

Visando avaliarem a influência de tipo de substrato dental e da espessura

oclusal de coroas totais de cerâmica na resistência à compressão, Barros et al.

(2005) selecionaram 40 terceiros molares que receberam preparos do tipo coroa

total. Para o preparo oclusal, 20 dentes foram desgastados até a dentina, e os outros

20, até o esmalte. A redução axial foi de 1,5mm, e a 1mm da junção

amelocementária. Foram confeccionadas coroas de porcelana (IPS Empress 2 e Eris

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para IPS Empress 2) de 1mm e 2mm de espessura, que foram cimentadas

adesivamente com Variolink II. O teste de resistência à compressão foi conduzido em

uma máquina de teste universal com um ponta cilíndrica de 4mm de diâmetro, a

uma velocidade de 1mm/min. Constatou-se que as coroas cerâmicas cimentadas

sobre esmalte apresentaram maior resistência à fratura que restaurações cimentadas

sobre dentina, independentemente da espessura da restauração, o que indica que o

tipo de substrato dental influencia de forma significativa a resistência à fratura de

coroas cerâmicas. Além do mais, as coroas cimentadas em esmalte, com espessura

oclusal de 1mm (1,65kN), apresentaram a mesma resistência à fratura que as coroas

cimentadas em dentina em espessuras de 1mm (1,82kN) e 2mm (1,98kN).

3 PROPOSIÇÃO

Avaliar, in vitro, se a reconstrução do ângulo áxio-pulpar influencia a

resistência à compressão de molares humanos restaurados com inlays

cerâmicas,

Avaliar, in vitro, a resistência à compressão de molares humanos

restaurados com inlays cerâmicas, em função das diferentes configurações

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cavitárias; analisando se a reconstrução do ângulo áxio-pulpar influencia

nessa resistência;

Avaliar o padrão de fratura, considerando-se a aplicação de uma força

compressiva por meio de uma barra cilíndrica;

Verificar se as fraturas foram coesivas ou adesivas; e se coesivas, avaliar

onde ocorreram as fraturas, ou na estrutura dental ou na porcelana; se

adesivas, pesquisar se as fraturas ocorreram entre a camada adesiva e o

dente ou cimento resinoso;

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Seleção dos dentes

Para a pesquisa, foram utilizados 60 dentes molares humanos superiores

hígidos com indicação de exodontia. Em virtude da dificuldade em se padronizar o

tamanho dos molares superiores, que possuem diferentes características anatômicas,

foram selecionados apenas os dentes terceiros molares com 3 cúspides (FIG.1). Os

dentes permaneceram armazenados por um período de até 3 meses antes do início

da pesquisa.

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Figura 1: Dente selecionado para participar da pesquisa: terceiros molares com 3 cúspides

Os doadores voluntários dos dentes foram previamente informados sobre o

objetivo da pesquisa e assinaram um termo de consentimento (Anexo 1), de acordo

com a resolução n° 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de

Saúde/Ministério da Saúde - Brasília/DF. O parecer positivo do comitê de ética em

pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina, autorizando a realização da

pesquisa, encontra-se no anexo 2.

Após a exodontia, os dentes foram armazenados em uma solução aquosa de

timol a 0,1%, pH 7. Os restos de ligamento periodontal foram removidos com um

bisturi, e os dentes foram limpos com pasta de pedra-pomes e água, utilizando-se

taça de borracha, em baixa rotação. Em seguida, realizou-se uma inspeção com uma

lupa Bio-Art-4 (Bio-Art Equipamento Odontológico Ltda., São Carlos – São Paulo), de

4X de aumento, buscando-se excluir os dentes que apresentassem alterações como

trincas, fendas ou outras anomalias que pudessem comprometer os resultados.

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A seleção dos dentes foi feita por meio da medição das larguras mésio-distal e

vestíbulo-palatina, aferidas com um paquímetro eletrônico digital (série 727, Starrett

Indústria e comércio Ltda., Itu-SP), com o objetivo de se padronizar, ao máximo, o

experimento. Esses valores foram colocados em um programa de planilha eletrônica

(Excel), para a distribuição aleatória dos dentes em 6 grupos de 10 dentes cada um.

(Anexo 3).

4.2 Fixação dos dentes

A porção radicular de cada dente foi fixada dentro de anéis de PVC nas

dimensões de 2 cm de diâmetro por 2 cm de altura. Dessa forma, foi possível

prender os dentes para que os preparos e cimentação das restaurações fossem

realizados. Com o objetivo de posicionar o dente com a face oclusal paralela à base

do anel, ou seja, a crista marginal distal na mesma altura da crista marginal mesial,

foi utilizado um delineador protético (Bioart, São Carlos-SP) (FIG.2). O dente foi

fixado com cera utilidade (Epoxiglass, Epoxiglass Indústria e comércio de produtos

químicos Ltda., Diadema-SP) em uma haste de extremidade cilíndrica (FIG.3).

Na base do delineador, logo abaixo do dente, foi colocado o anel de PVC, que

foi vazado com resina acrílica (Jet, Clássico, São Paulo). Na fase plástica da resina

acrílica, o dente preso à haste foi abaixado, até que parte da raiz fosse coberta pela

resina, a uma distância de, aproximadamente, 2mm do início da base (anel de PVC)

até a junção amelocementária (FIG. 4 e 5).

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Figura 2 – Delineador utilizado para posicionar os dentes de modo a permitir que a face oclusal ficasse paralela à base de PVC.

Figura 3 – Dente preso à haste do paralelômetro com o auxílio de cera pegajosa.

Figura 4 – A haste abaixada e o dente incluso na resina acrílica.

Figura 5 – Dente fixado em uma base com uma distância de 2mm entre a resina e a junção amelocementária.

4.3 Fase experimental

Após a fixação, todos os dentes foram novamente limpos com jatos de

bicarbonato de sódio e preparados de acordo com as variáveis pesquisadas, exceto o

grupo-controle, mas sempre com as seguintes características:

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preparos mésio-ocluso-distal (MOD);

margens gengivais 1mm aquém da junção amelocementária;

ângulos internos arredondados;

paredes cavitárias com expulsividade de 10º a 12º.

Inlays cerâmicas de IPS Empress (Ivoclar/Vivadent, Schann, Liechtenstein)

foram confeccionadas para cada dente e fixadas com o cimento resinoso.

4.3.1 Preparo cavitário

Todos os preparos dentais foram realizados com pontas diamantadas tronco-

cônicas de extremo arredondado, REF. 3131 (KG Sorensen, São Paulo, Brasil), que, a

cada cinco preparos, eram substituídas. A abertura e o contorno da cavidade foram

iniciadas pela face oclusal, com uma largura de istmo de, aproximadamente,

metade da distância intercuspídea, obtida por meio de medições com um

paquímetro digital (FIG. 6). As caixas proximais foram confeccionadas a partir da

crista marginal mesial (ou distal), com tamanho correspondente a um terço da

distância vestíbulo-lingual na linha do equador dentário (FIG. 7), aprofundando-se

até 1mm aquém da JAC.

A extensão do preparo foi feita de forma a resultar em um volume de remoção

de estrutura dental semelhante, tanto para a parede vestibular quanto para a lingual.

Assim, foi possível obter-se um volume de material restaurador proporcional ao

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tamanho de cada dente (BECKER, 2002). O acabamento dos preparos cavitários foi

realizado com as pontas diamantadas nº 3131F, de granulometria fina, e 3131FF, de

granulometria extrafina (KG Sorensen) (FIG. 8-10).

Figura 6 – Medição do dente para se determinar a largura do istmo oclusal de, aproximadamente, metade da distância intercuspídea.

Figura 7 – Medição do dente para se determinar o tamanho das caixas proximais, correspondente a um terço da distância vestíbulo-lingual na linha do equador dentário.

Figura 8 –Os preparos cavitários foram realizados com pontas diamantadas tronco-cônicas de extremo arredondado.

Figura 9 – O acabamento das paredes dos preparos foi realizado com as pontas diamantadas de granulometria

Figura 10 – Ponta diamantada de granulometria extrafina finalizou o acabamento.

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85

fina.

Além do grupo-controle, os dentes foram divididos de acordo com o tipo de

preparo cavitário, a saber:

grupo 1 (n=10) - cavidades MOD, com caixa oclusal apresentando

profundidade de 2mm, do sulco principal até a parede pulpar, e desgaste

axial (parede pulpar) de 1,5mm (Fig. 11);

Figura 11: Preparo cavitário MOD dos espécimes do grupo 1.

grupo 2 (n=10) – cavidades MOD, com caixa oclusal apresentando

profundidade de 2mm, do sulco principal até a parede pulpar. Os dentes

foram preparados de forma a manter apenas metade da parede pulpar, ou

seja, do lado mesial foi realizado um desgaste axial (parede pulpar) de

1,5mm e, do lado distal, o desgaste foi de 4,5mm (Fig. 12);

Figura 12: Preparo cavitário MOD dos espécimes do grupo 2 (presença de apenas metade da parede pulpar).

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grupo 3 (n=10) - cavidades MOD, com caixa oclusal e caixas proximais

apresentando profundidade de 3,5mm do sulco principal até a parede

pulpar (Fig. 13). O preparo deste grupo foi caracterizado pela ausência de

paredes axiais;

Figura 13: Preparo cavitário MOD dos espécimes do grupo 3, com profundidade de 3,5mm do sulco principal até a parede pulpar.

grupo 4 (n=10) - cavidades MOD, com caixa oclusal apresentando

profundidade de 2mm do sulco principal até a parede pulpar. Preparados,

os dentes apresentavam como característica uma parede pulpar cujo

tamanho foi reduzido à metade da parede pulpar do preparo MOD

convencional (FIG. 11). No lado mesial foi realizado um desgaste axial

(parede pulpar) de 1,5mm e, do lado distal, o desgaste foi de 4,5mm

(preparo igual ao do grupo 2). Entretanto, o ângulo áxio-pulpar do lado

distal foi reconstruído com uma resina composta em uma extensão de

3mm (A3, Tetric Ceram, Ivoclar Vivadent) (Fig. 14);

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Figura 14: Preparo cavitário MOD dos espécimes do grupo 4 (reconstrução do ângulo áxio-pulpar).

grupo 5 (n=9) - cavidades MOD, com caixa oclusal e caixas proximais

apresentando profundidade de 3,5mm do sulco principal até a parede

pulpar (igual ao do grupo 3). Nesse caso, foi realizado um núcleo de

preenchimento com resina composta (Tetric Ceram), a fim de se

reconstruir o ângulo áxio-pulpar, o que resultou em uma cavidade oclusal

de 2mm de profundidade e largura das caixas proximais de 1,5mm (Fig.

15).

Figura 15: Preparo cavitário dos espécimes do grupo 5 (reconstrução do ângulo áxio-pulpar, deixando 1,5mm das margens proximais em esmalte).

grupo 6 – controle (n=10) – dentes íntegros

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Nos elementos dentais dos grupos 4 e 5, foram realizados núcleos de

preenchimento em resina composta, com o objetivo de se reconstruir o ângulo áxio-

pulpar. Para tanto, a superfície interna da cavidade foi condicionada com ácido

fosfórico a 37%; hibridizada com o sistema adesivo de presa dual Excite DSC

(Ivoclar/Vivadent) e restaurada com a resina composta microhíbrida, Tetric Ceram na

coloração A3 (FIG. 16).

Figura 16: Resina composta utilizada para a reconstrução do ângulo áxio-pulpar nos grupos 4 e 5.

4.3.2 Moldagem

Os dentes foram moldados com a pasta densa de uma silicona de adição

ExpressTM–STD (3M do Brasil Ltda. Produtos Dentários, Sumaré-São Paulo) (FIG. 17).

Com um bisturi, foi feito um alívio na parte interna da moldagem, a fim de se

executar a nova impressão por meio do material fluído de baixa viscosidade (7302,

3M do Brasil Ltda.), o qual foi levado ao elemento dental preparado com auxílio do

dispensador (7304, 3M do Brasil Ltda.). Após o tempo de presa, os moldes foram

vazados com gesso-pedra especial Vel-Mix Stone (Sybron Dental Specialties, Kerr

Corporation – EUA).

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Figura 17: Molde em silicone de adição: pasta densa (laranja) e fluida (verde)

4.3.3 Confecção das inlays cerâmicas

De posse dos modelos dos preparos dentais, realizaram-se restaurações

cerâmicas, do tipo inlay, em IPS Empress. Todas as inlays foram realizadas por um

único operador, confeccionadas de acordo com as recomendações do fabricante,

resumidas a seguir:

o padrão de cera da inlay foi confeccionado sobre o modelo de trabalho, com

o auxílio de um delineador, posicionou-se a barra de aplicação de força sobre

a face oclusal da peça encerada, para que esta moldasse a forma do

dispositivo utilizado no teste de compressão. Isso foi importante, uma vez

que permitiu um correto assentamento da barra sobre a restauração, sem

pressionar um lado mais que o outro, durante o teste de resistência à

compressão. Optou-se pela realização da inlay de porcelana sem anatomia,

para que o ponto de apoio da barra cilíndrica ficasse padronizado em todos os

espécimes;

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o material refratário foi utilizado para inclusão do padrão de cera;

o padrão de cera foi queimado;

a pastilha cerâmica foi aquecida, gradativamente, subindo 3oC/min até que

atingisse 850oC, permanecendo nessa temperatura por 90min;

o molde e as pastilhas de IPS Empress foi posicionado no forno de injeção

(EP 500) à 1180oC, por 20min, seguida de uma pressão de 5bar por 15min,

para que a cerâmica fosse injetada dentro do espaço deixado pela cera;

após o esfriamento da peça, removeu-se o material de revestimento; o molde

foi cortado e os padrões foram removidos por jateamento, com partículas de

vidro de 50µm/2bar e refinados com discos de diamante;

após ajuste no modelo de gesso, a peça foi glazeada à temperatura de

700ºC. Para tanto, foi utilizado o glaze do fabricante do sistema cerâmico.

4.3.4 Cimentação adesiva

As inlays cerâmicas foram fixadas nos dentes preparados com um cimento

resinoso de polimerização dual, Variolink II (Ivoclar/Vivadent), de baixa viscosidade,

seguindo-se as instruções do fabricante (FIG. 18a,b,c):

a. aplicação de ácido fluorídrico a 10% (Dentsply, São Paulo), por 60s, na superfície

interna da restauração. Em seguida, a superfície foi lavada e seca.

b. silanização da superfície interna das restaurações cerâmicas, por meio do

Monobond-S (Ivoclar/Vivadent), por 60s; após esse tempo, aplicou-se um jato de

ar, por 10s, sobre a superfície interna da peça. O Monobond-S é um agente

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adesivo composto pelo 3-metacriloxipropil-trimetoxisilano com solução de água,

etanol e ácido acético;

c. aplicação de uma camada do adesivo Excite DSC (Ivoclar/Vivadent), por 10s,

deixando-o sem polimerizar. É um agente adesivo de fotopolimerização dual e

apresenta-se em doses individuais. O líquido contém HEMA, iniciadores e

estabilizadores em uma solução alcoólica, sendo que o pincel é revestido com

iniciadores.

Figura 18a– Condicionamento da superfície interna da peça com ácido hidrofluorídrico a 10%.

Figura 18b - Aplicação do silano na parte interna da peça. Note a aparência de vidro jateado após o condicionamento ácido.

Figura 18c – Aplicação do sistema adesivo Excite DSC na inlay.

A preparação do dente para a cimentação da inlay cerâmica (conforme

instruções do fabricante) está descrito a seguir (FIG. 19a, b,c):

a. a superfície dental preparada foi limpa com jato de bicarbonato de sódio, lavada

em água e seca com ar;

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b. procedeu-se o condicionamento ácido total com gel de ácido fosfórico a 37%

(Total Etch, Ivoclar/Vivadent) sobre todas as margens de esmalte,

primeiramente, e na dentina, por 15s;

c. a superfície foi lavada por 15s e seca com um suave jato de ar, isento de água e

óleo, de forma a manter a dentina umedecida;

d. aplicou-se o adesivo Excite DSC (Ivoclar/Vivadent) de polimerização dual sobre

esmalte e dentina, por 10s. Em seguida, usou-se um suave jato de ar para secar

a dentina (conseguindo um aspecto caramelado), por 3s.

Figura 19a– Condicionamento inicial das margens do preparo (esmalte).

Figura 19b - Aplicação do adesivo de presa dual no dente.

Figura 19c – Aplicação do cimento resinoso no preparo cavitário.

Posteriormente, utilizou-se o cimento dual, de baixa viscosidade, em

quantidades iguais de pasta-base e pasta catalisadora sobre um bloco, que foi

misturado, cuidadosamente, por 10s (FIG. 20). O tempo de trabalho do Variolink II é

de 3,5min. Uma camada uniforme do cimento foi aplicada na superfície interna da

restauração e nas paredes do preparo cavitário, com o objetivo de se evitar a

formação de porosidade ou bolhas. Após o assentamento da peça, esta era

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pressionada em posição, e os excessos grosseiros eram eliminados com uma sonda

exploradora.

Figura 20 – Cimento resinoso de presa dual utilizado neste estudo, Variolink II.

Foi realizada uma pré-polimerização, por 10s, preconizada pelo fabricante, em

uma pequena área de uma zona marginal para a primeira fixação da restauração em

seu correto assentamento. Em seguida, a pressão sobre a restauração foi aliviada

para eliminação dos excessos remanescentes das margens gengivais, com um

instrumento cortante (bisturi lâmina 12). A polimerização propriamente dita foi

realizada em vários segmentos da zona marginal da restauração. Antes, porém,

aplicou-se uma camada de glicerina (Liquid Strip, Ivoclar/Vivadent) sobre as margens

da restauração, assim como preconiza o fabricante. A glicerina evita o contato com o

oxigênio, impedindo a formação de uma camada de cimento não-polimerizada. Cada

face foi polimerizada por 40s. Para a fotopolimerização foi utilizado o aparelho 3M-

Curing Ligth 2500 (3M/USA Dental Products), com uma intensidade de luz de

600mW/cm2, mensurada previamente a sua utilização por meio de um radiômetro

(Medidor de Irradiância – CL 150 – DMC Equipamentos).

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94

Os procedimentos de acabamento e polimento da linha do cimento foram

realizados após 24h da cimentação. O acabamento e o polimento inicial foram feitos

com pontas montadas de silicone seqüenciais, no formato de chama de vela (FIG.

21a, b,c). Posteriormente, aplicaram-se pastas de polimento de resina Poli I, Poli II e

Foto-Gloss (Kota Indústria e Comércio Ltda., São Paulo), para o brilho final, com

auxílio das escovas Robinson, montadas em micromotor.

Figura 21a, b,c – Acabamento da linha de cimentação com borrachas de diferentes granulometrias (Astropol).

4.3.5 Hidratação

Ao final dos procedimentos restauradores, os espécimes foram armazenados

em água destilada à temperatura ambiente, por 24h (DIETSCHI et al., 1990;

FREITAS et al., 2002), para que ocorresse a embebição homogênea do cimento

resinoso e sua completa polimerização, até posterior teste de resistência à

compressão.

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95

4.4 Ensaio Mecânico

Para o teste mecânico, os espécimes foram presos em um dispositivo de

fixação e posicionados na base da máquina de teste. Sobre os dentes foi aplicada

uma carga contínua, perpendicular ao longo eixo do dente, por meio da aplicação de

uma barra de 4mm de diâmetro e 6mm de comprimento posicionada no centro da

superfície oclusal (FIG.22-24). A escolha da forma e diâmetro da ponta de aplicação

da força foi feita de acordo o estudo de Burke, Wilson, Watts (1993). Como a inlay

foi confeccionada de acordo com o formato da barra cilindrica, o assentamento desta

sobre a face oclusal foi facilitado, evitando-se apoio exagerado em apenas um dos

lados da restauração. A resistência à compressão foi realizada em uma máquina de

ensaio universal (Instron Universal Test 444, Instron Corp., Cantos, Mass., USA), a

uma velocidade de travessa de 1mm/min. A máquina era travada no 1º sinal de

fratura, obserdado no momento em que a força observada no painel digital diminuía.

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Figura 22 – Aplicação da força compressiva por meio de uma ponta em forma de barra em uma máquina de ensaio universal. Observe-se o espécime posicionado no dispositivo de fixação.

Figura 23 – A foto mostra o encaixe da barra na inlay cerâmica.

Figura 24 – Vista aproximada do posicionamento da barra sobre a inlay cerâmica.

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97

4.5 Análise do tipo de fratura

Ao final do ensaio mecânico dos dentes pertencentes aos grupos

experimentais, os tipos de falhas que ocorreram após a fratura, no dente e/ou

restauração, foram avaliados e classificados como preconizado por Burke; Wilson;

Watts (1994) (FIG. 25 e 26). Essa avaliação foi realizada por meio de fotografias

digitais da face oclusal e das proximais de cada dente. Os dentes foram fotografados

com uma Nikon D70 (digital) adaptada a uma lente macro (Medical Nikkor F4), com

a proximação de 1 ½. As fotografias foram avaliadas, por um examinador, em um

computador com resolução da tela de 1024x768.

CÓDIGO DEFINIÇÃO

I fratura mínima do dente ou da inlay

II menos da metade da inlay fraturada

III fratura de metade da inlay

IV Fratura de mais da metade da inlay

V fratura severa do dente e/ou da inlay

Figura 25- Classificação das fraturas de acordo com Burke; Wilson; Watts (1994).

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Figura 26: Desenho esquemático dos tipos de fraturas, como preconizado por Burke; Wilson; Watts (1994)

I II

III IV

V

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4.6 Microscopia eletrônica de Varredura

Prosseguiu-se com a análise da linha de fratura dos espécimes com o auxílio

da microscopia eletrônica de varredura (JEOL, JSM – 840A Scanning Microscope,

USA). Três espécimes representativos (sorteio) de cada grupo experimental foram

selecionados para a análise. Antes da análise no MEV, os dentes foram lavados com

álcool 70 em ultra-som (Ultrassonic Cleaner 1440D/ Odontobrás, Ribeirão Preto-SP),

visando a remoção de detritos sobre a linha de fratura. Em seguida, permaneceram

secos, à temperatura de 37ºC, por um período de 24h. Os espécimes sofreram um

processo de metalização (Sputter Coater – SCD 050, Balzers, São José dos Pinhais-

PR), recobrimento com ouro, para permitir a leitura no MEV. A fotomicrografias

foram feitas sob um aumento inicial de 100x e, posterioremente, 1000x, para análise

mais detalhada da superfície. Com tal análise, foi verificado se as fraturas eram

somente na porcelana ou envolviam a interface e/ou estrutura dental. As

fotomicrografias foram feitas com um filme 120mm, 400TX (Kodak, Rochester, EUA).

4.7 Análise estatística

As avaliações estatísticas da resistência à compressão foram feitas por meio

da análise de variância (ANOVA), a fim de se detectarem diferenças significativas

entre os grupos, em todas as suas variáveis, uma vez que se trata de um estudo

com grupos dependentes e por existirem mais de 2 grupos. Comparações individuais

foram analisadas por meio do Teste de Tukey. O teste de ANOVA foi aplicado em um

nível de 5% de significância (p-value).

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100

Para a análise estatística dos tipos de fraturas, o teste não-paramétrico

Kruskal-Wallis foi utilizado a fim de que fossem detectadas diferenças entre as

fraturas. O teste de Kruskal-Wallis é adequado, pois se aplica para comparação de

mais de duas amostras, para dados categóricos ou não, sem pressuposição de

comportamento ou distribuição (teste não-paramétrico). O teste de Kruskal-Wallis foi

aplicado em um nível de 5% de significância (p-value).

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101

5 RESULTADOS

5.1 Análise quantitativa

Os valores médios obtidos neste experimento, considerando-se a resistência à

fratura dos molares restaurados com inlays de IPS Empress, encontram-se na Tabela

1, 2 e Figura 27. Verificou-se um problema com um dos espécimes do grupo 5, no

momento da aplicação da força. Foram necessárias 3 aplicações de força até que a

amostra fraturasse, fato que invibializou o seu aproveitamento. Assim, o grupo 5

permaneceu com 9 corpos de prova.

Tabela 1 – Valores de resistência à compressão dos grupos experimentais e controle (kN).

Espécimes grupo 1 grupo 2 grupo 3 Grupo 4 grupo 5 grupo 6

1 1,598 1,313 0,535 0,751 1,461 1,95

2 1,23 1,054 0,533 1,238 1,294 2

3 1,5 1,679 0,593 0,586 1,790 1,298

4 1,17 1,142 1,129 0,957 1,027 1,38

5 1,23 1,311 0,534 1,328 1,633 1,96

6 1,24 0,725 1,574 1,586 0,516 1,543

7 1,55 0,954 1,346 1,087 0,998 1,789

8 1,446 0,697 1,467 0,481 1,123 1,692

9 1,722 1,409 1,638 1,053 1,081 1,456

10 1,465 1,736 1,419 1,000 - 1,723

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102

Tabela 2 - Estatísticas descritivas (quantidade, média, desvio padrão, mínimo, máximo e coeficiente de variação [CV]) para cada grupo observado.

GRUPOS AMOSTRA MÉDIA

(kN)

DESVIO

PADRÃO MÍNIMO MAXIMO CV

1 10 1,42 0,19 1,17 1,72 13,24%

2 10 1,2 0,36 0,7 1,74 29,73%

3 10 1,08 0,47 0,53 1,64 44,05%

4 10 1,01 0,34 0,48 1,59 33,48%

5 9 1,21 0,38 0,52 1,79 30,15%

6 10 1,68 0,25 1,3 2 15,02%

1,42

1,21,08 1,01

1,21

1,68

1 2 3 4 5 6

Resistência à Fratura (kN)

1,42

1,21,08 1,01

1,21

1,68

1 2 3 4 5 6

Resistência à Fratura (kN)

Figura 27: Média dos valores de resistência à fratura para os grupos pesquisados.

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Por meio do gráfico de dispersão Box-plot, observa-se um comportamento

diferente entre os grupos (FIG. 28). Este gráfico indica a variabilidade de cada grupo

de variáveis do conjunto de dados considerados. Os “boxes” coloridos representam

50% dos dados observados; as linhas extremas aos “boxes” representam o valor

estatístico mínimo e máximo, excluindo-se os dados extremos; e a linha que corta os

“boxes” é representada pela mediana. Quanto mais concentrado for o “Box”, mais

concentrados serão os dados representativos de cada grupo. O grupo 6 (dentes

íntegros) apresenta-se como um grupo mais consistente e com valores maiores do

que os outros grupos.

10910101010N =

Grupo

654321

Res

istê

ncia

à fr

atur

a (k

N)

2,5

2,0

1,5

1,0

,5

0,0

Figura 28 - Gráfico da dispersão (Box-plot), mostrando a concentração dos dados representativos de cada grupo. N = número da amostra em cada grupo.

Resistência à fratura

Grupos da pesquisa

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104

Para avaliar se não há diferença nos valores de resistência encontrados entre

os grupos (existe igualdade entre as medidas), foi aplicado o teste para a igualdade

das médias, análise da variância (ANOVA). Na Tabela 3, os resultados da análise de

variância mostraram que os grupos comparados possuem diferenças estatísticas

significativas em um nível de 5% (p=0,0007), ou seja, o teste rejeitou a hipótese de

igualdade entre os grupos.

Tabela 3 – Resultados do teste de análise de variância (ANOVA) para as médias

dos 6 grupos pesquisados, visando avaliar a existência de diferenças entre eles.

Fonte de

Variação

Graus de

Liberdade

Soma de

Quadrados

Soma de

Quadrados

Médios

F Valor de p

Modelo 5 3,02 0,61

Erro 53 6,25 0,12

Total 58 9,28

5,13 0,0007

Confirmada a diferença entre os grupos, em seguida, foi realizado o teste de

comparação múltipla de Tukey. A Tabela 4 mostra que existe diferença entre os

grupos.

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105

Tabela 4 - Resultado da comparação múltipla de Tukey (para grupos ligados e com letras iguais, não foram observadas diferenças estatísticas entre as médias).

Grupos Amostra Média (kN)

6

10 1,68 a

1

10 1,42 a b

2

10 1,2 b

3

10 1,08 b

4

9 1,01 b

5

10 1,21 b

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106

Considerando-se o tipo de fratura observado após o teste de resistência à

compressão, a distribuição dos espécimes dentro da classificação (Burke; Wilson;

Watts, 1994) está apresentada nas Tabelas 5, 6, Figuras 29 e 30. A figura 29 mostra

a distribuição das fraturas em todos os grupos e a figura 30 mostra a distribuição em

cada grupo. A tabela 6 mostra as medidas de posição e dispersão dos dados

observados para a resistência observada em cada tipo de fratura.

Tabela 5 - Distribuição da freqüência do tipo de fratura observada em cada grupo da pesquisa.

Fratura

GRUPOS fratura mínima da inlay

menos da

metade da inlay

metade da

inlay

mais da metade da inlay

fratura severa

da inlay TOTAL

0 0 1 8 1 10 1 - - 10% 80% 10% 100%0 0 4 4 2 10 2 - - 40% 40% 20% 100%1 0 4 2 3 10 3 10% - 40% 20% 30% 100%0 0 4 5 1 10 4 - - 40% 50% 10% 100%0 0 1 1 7 9 5 - - 11% 11% 78% 100%

Tabela 6 - Estatísticas descritivas (quantidade, média, desvio padrão, mínimo, máximo, coeficiente de variação e resultado do teste de significância) para cada grupo experimental avaliado.

Fraturas Amostra Média Desvio Padrão Mínimo Máximo CV

Fratura mínima da inlay 1 1,64 - 1,64 1,64 - Menos metade da inlay 0 0 0 0 0 0 Metade da inlay 14 1,04 0,44 0,48 1,68 42,57%Mais metade da inlay 20 1,28 0,25 0,73 1,72 19,78%Fratura severa da inlay 14 1,15 0,41 0,52 1,79 35,68%

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107

1420141N =

Tipo de fraturas

fratura severa inlaymais metade inlay

metade inlayfratura minima inlay

Res

istê

ncia

à fr

atur

a (k

N)

2,0

1,8

1,6

1,4

1,2

1,0

,8

,6

,4

,2

Figura 29 - Gráfico da dispersão (Box-plot) em cada tipo de fratura observada na pesquisa, ilustrando as médias e dispersão dos valores observados da resistência em cada tipo de fratura.

10%

80%

10%

40%

40%

20%

10%

40%

20%

30%

40%

50%

10%

10%

10%

70%

1 2 3 4 5

Frequência do Tipo de Fraturas

Fratura Mínima da Inlay Metade da InlayMais da metade da Inlay Fratura severa da Inlay

Figura 30 – Valores percentuais referentes aos tipos de fratura presentes em cada grupo.

Distribuição do tipo de fratura

Grupos

¨

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108

As figuras 31 a 33 mostram os tipos de falhas mais comuns dentro dos grupos

experimentais.

Figura 31 – Falha do tipo III: metade da inlay fraturada. As setas apontam as fendas.

Figura 32 – Fratura do tipo IV, sem envolvimento da estrutura dental.

Figura 33a, 33b - Fratura severa da inlay (tipo V) e vista da face proximal do mesmo dente demonstrando a extensão da fratura para a estrutura dental.

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109

Com o tratamento estatístico (TAB. 7), verificou-se que as fraturas

observadas sofreram valores semelhantes de resistência, considerando-se toda a

amostra. O teste de Kruskal-Wallis é adequado, pois se aplica para comparação de

mais de duas amostras, para dados categóricos ou não, sem pressuposição de

comportamento ou distribuição (teste não-paramétrico). O teste se baseia na soma

de postos (ou escores) do conjunto de dados considerados. Um grupo não será

diferente do outro se a diferença entre a soma de postos, for próxima de zero. O

teste de Kruskal-Wallis foi aplicado em um nível de 5% de significância.

Tabela 7 - Resultados do teste de Kruskal-Wallis para os tipos de fratura observados nos grupos experimentais

Grupo Número Soma de Postos

Esperado sobre H0

Desvio Padrão

sobre H0

Média de

Postos

Estatística Qui-

quadrado

Valor de p

Fratura mínima da

inlay 1 45,0 25,0 14,14 45,00

Menos metade da

inlay 14 290,0 350,0 45,18 20,71

Metade da inlay

20 557,0 500,0 49,16 27,85

Mais metade da

inlay 14 333,0 350,0 45,18 23,79

4,1157 0,2492

5.2 Análise qualitativa

Na análise da superfície fraturada por meio da microscopia eletrônica de

varredura, constatou-se que, muitas vezes, as fraturas eram iniciadas no corpo da

restauração. Considerando os grupos 1, 2, 3 e 4, observou-se que as fraturas

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110

coesivas na porcelana eram acompanhadas de pequenas fraturas no esmalte

próximo às margens do preparo e/ou falhas na interface adesiva, em pontos

isolados. Os achados do MEV foram semelhantes para todos os grupos

experimentais, com exceção do grupo 5, onde as fraturas foram mais severas, com

pedaços de porcelana presos ao dente (FIG.34 a 41).

Figura 34: Interface intacta (grupo 4). P-porcelana, D – dente, I – interface. A seta aponta ranhuras na porcelana decorrentes do acabamento. Aumento original de 1000x.

Figura 35: Interface intacta (grupo 3). P-porcelana, D – dente, I - interface. Aumento original de 1000x.

P

P

D I

I

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111

Figura 36: Fratura coesiva na porcelana seguindo em direção à estrutura dental (observe a seta) (grupo 1). Aumento original de 100x.

Figura 37: Fratura coesiva no esmalte (continuação da trinca da porcelana apontada pelas setas verdes) e na porcelana (grupo 5). A seta laranja mostra uma ampla fenda na porcelana. Aumento original de 100x.

Figura 38: Fratura coesiva na porcelana próxima à interface dente-restauração (grupo 4). A seta verte aponta a fratura próxima ao dente. Aumento original de 100x.

D

P

D

P

P

PI

I

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Figura 39: Fotomicrografia da fratura de corpo da porcelana (grupo 1). Aumento original de 100x.

Figura 40: Fratura de corpo da porcelana (grupo 5). Observe que a fratura se estende para a superfície proximal (seta). Aumento original de 100x.

Figura 41: Fotomicrografia da superfície da porcelana fraturada de forma severa (grupo 2). Aumento original de 100x.

P

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113

6 DISCUSSÃO

Na impossibilidade de se preservarem os dentes de lesões cariosas e fraturas,

um dos grandes desafios da odontologia é o restabelecimento da integridade da

estrutura dental, utilizando-se materiais restauradores compatíveis com os tecidos

que irão substituir. Como não existe um material restaurador ideal, é preciso

conhecer todos os materiais restauradores disponíveis para que seja estabelecido o

tratamento mais adequado, considerando suas limitações. Dentro deste contexto, as

cerâmicas são materiais com grandes vantagens, pois são biocompatíveis, possuem

boas propriedades isolantes, menor adesão bacteriana, estética, boa resistência ao

desgaste e à fratura, excelentes propriedades ópticas e capacidade de polimento

(TOUATI; MIARA; NATHANSON, 2000; ANUSAVICE, 2005).

O uso da cerâmica como material restaurador aumentou substancialmente nas

últimas décadas. Essa tendência pode ser atribuída ao maior interesse dos pacientes

e dos profissionais na estética e em materiais com maior durabilidade, além da

possibilidade de se unir, efetivamente, restaurações livres de metal à estrutura

dental, com a técnica do condicionamento ácido e cimentos resinosos (MEYER FILHO

et al., 2003).

Segundo Meyer Filho e Souza (2005), os sistemas cerâmicos atuais para

restaurações livres de metal podem ser divididos, quanto à sua composição química,

em basicamente duas famílias: cerâmicas ricas em alumina (Al2O3) e cerâmicas ricas

em sílica (SiO2), sendo estas compostas por mais de 15% de sílica (vidro), como as

porcelanas feldspáticas tradicionais (ex., VITA VMK 68) ou as modernas cerâmicas

vítreas (ex., IPS Empress, IPS Empress 2, Optec). Por outro lado, as cerâmicas ricas

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114

em alumina são basicamente cristalinas, apresentando mínima ou nenhuma fase

vítrea. As diferenças químicas e microestruturais entre estas duas famílias cerâmicas

tornam necessárias diferentes abordagens no tratamento de superfície para se obter

uma união adequada.

No presente estudo, todas as inlays cerâmicas foram confeccionadas com um

material termo-injetado, rico em sílica, e reforçado por 35% cristais de leucita, o IPS

Empress. É um material pré-ceramizado, pois possui máxima cristalização antes do

processamento (aquecimento do cilindro e injeção sobre pressão a elevadas

temperaturas dentro do molde), não variando após essa fase (GORMAN; MCDEVITT;

HILL, 2002). Os cristais de leucita aumentam a resistência à fratura e à formação e

propagação de fendas na matriz feldspática, de forma similar ao que acontece nas

cerâmicas infiltradas por vidro e nas reforçadas por alumina (UCSTALI, 1996;

GORMAN; MCDEVITT; HILL, 2002; ANUSAVICE, 2005). Este sistema utiliza a técnica

da cera perdida, onde a cerâmica é fornecida na forma de pastilhas.

Como característica, o IPS Empress apresenta resistência flexural de 112 MPa,

podendo atingir 200 MPa depois de glazeada (HOLLAND, 1998). Anusavice (2005)

afirma que a realização do polimento e glazeamento das restaurações cerâmicas,

como realizado neste estudo, reduzem a profundidade das trincas na sua superfície.

Mesmo assim, a resistência flexural do IPS Empress é bem menor do que a

resistência do IPS Empress 2, 400 MPa (HOLLAND, 1998).

Em uma situação clínica em que a remoção de uma lesão cariosa e/ou

restauração deficiente deixa irregularidades na parede pulpar, será que é preciso

colocar uma base de resina composta, para reconstrução do ângulo áxio-pulpar, e

posterior execução do preparo cavitário? Nesta pesquisa, um dos objetivos centrais

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foi avaliar diferentes configurações cavitárias, verificando a necessidade da colocação

de uma base de resina composta, como material de preenchimento, para reconstruir

o ângulo áxio-pulpar. Idealmente, os materiais de preenchimento devem ser

estéticos, biocompatíveis e de fácil manipulação. Devem preencher e bloquear as

retenções mecânicas além de serem radiopacos e resistentes (BARATIERI et al.

2001). Sua utilização permite regularizar as paredes do preparo e reforçar o

remanescente dental, ao mesmo tempo em que permite maior conservação da

estrutura dental. Além disso, viabiliza uma espessura mínima ideal de porcelana,

melhorando sua resistência à fratura (BURKE, 1999). McCullock e Smith (1986)

indicam a resina composta como material preferencial, na medida em que são

resistentes, radiopacas, e não interferem na cor final da restauração indireta. O

cimento de ionômero de vidro é uma outra opção, apesar de suas propriedades

mecânicas e pouca adesão à porcelana (DIETSCHI et al., 1990; HOGLUND ABERG et

al., 1994). Para Milleding; Ortengren; Karlsson (1995), bases de cimento de

ionômero de vidro sob inlays de porcelana são questionáveis, mas se esta for a

opção, deve-se usá-las apenas em pequenas quantidades para se evitarem

alterações indesejáveis na resistência final da restauração.

Independentemente da forma do preparo cavitário para restaurações

indiretas, uma característica deve ser sempre mantida, ângulos internos

arredondados (MILLEDING; ÖRTENGREN; KARLSSON, 1995; FRADEANI e

BARDUCCI, 1996), inclusive, do ângulo áxio-pulpar. Todos os dentes preparados,

neste estudo, possuíam ângulo áxio-pulpar, exceto os do grupo 3 (FIG. 13), cujo

preparo foi confeccionado sem paredes axiais (BURMANN et al., 2003, MIRANDA et

al., 2003, SOARES et al., 2004), com o objetivo de fragilizar, ao máximo, o dente,

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116

simulando-se uma situação clínica após remoção de ampla lesão cariosa e/ou

restauração deficiente. Preparos cavitários com ângulos internos arredondados

diminuem a concentração de estresse e a ocorrência de fadiga quando há um

aumento na altura da cúspide (com o aumento da profundidade do preparo) e

diminuição na largura da mesma (DALPINO et al., 2002). É consenso na literatura

que, quanto maior a largura do preparo, menor a resistência do dente (MONDELLI et

al., 1980; GELB; BAROUCH; SIMONSEN, 1986; JOYNT et al., 1987; ARAÚJO, 1990;

BURKE; WILSON; WATTS, 1993, 1994; COTERT; SEN; BALKAN, 2001; DALPINO et

al., 2002; ST-GEORGES et al., 2003; BURMANN et al., 2003). Dessa forma, a

odontologia atual deve primar, sempre, pela conservação da estrutura dental, pois

assim estará conservando também sua resistência.

Todos os dentes deste estudo foram preparados para receber inlays de

porcelana IPS Empress. As dimensões do preparo foram determinadas

individualmente para cada dente (BREMER e GERTSEN, 2001), tendo em vista que a

largura do istmo oclusal era metade da distância intercuspídea, e a abertura das

caixas proximais, um terço da largura da distância vestíbulo-lingual. Desta maneira,

as restaurações foram proporcionais aos dentes. Ao contrário, muitas pesquisas

realizam preparos com tamanhos padronizados, sem levar em conta a dimensão

vestíbulo-lingual de cada dente (DIETSCHI et al., 1990, DE FREITAS et al., 2002;

BURMANN et al., 2003, SOARES et al., 2004), fato que pode mascarar os resultados,

dado que não existem dentes com o mesmo tamanho, e o volume do dente deve ser

considerado. Isso resulta em valores de resistência à fratura diferentes entre os

grupos, o que limita a comparabilidade dos resultados encontrados por estes estudos

(BREMER e GERTSEN, 2001).

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117

Uma forma de aumentar a resistência do dente restaurado é realizar um

preparo cavitário condizente com as necessidades do material restaurador e do

próprio dente. A redução oclusal para uma restauração cerâmica de IPS Empress

deve ser de 2mm, para permitir uma espessura adequada do material (HOLLAND,

1998). O simples preparo do dente o enfraquece e, como a continuidade do esmalte

foi perdida, o dente tem maior risco de fratura (MONDELLI et al., 1980; ARAÚJO,

1990; BURKE; WILSON; WATTS, 1993, 1994; COTERT; SEN; BALKAN, 2001; ST-

GEORGES et al., 2003; BURMANN et al., 2003). Muitas vezes, o próprio material não

requer um preparo tão extenso, como os preparos para coroas de porcelana

(BARROS et al., 2005). Em relação a esses preparos, o aumento da profundidade e,

conseqüentemente, o aumento da espessura da coroa não eleva a resistência à

fratura (BURKE, 1999; BARROS et al., 2005).

À medida que o preparo cavitário aumenta de tamanho, o remanescente

dental enfraquece, e as forças oclusais induzem grandes deflexões de cúspide (ST-

GEORGES et al., 2003). O preparo cavitário é um fator crítico para o sucesso das

restaurações, e a literatura não apresenta um consenso sobre a configuração

cavitária para inlays, onlays e overlays cerâmicas (MORIMOTO, 2001) ou sobre a

utilização de bases. De qualquer forma, é imprescindível que o preparo da cavidade

permita uma adequada espessura para o material restaurador e, ao mesmo tempo,

viabilize padrões de inserção e adaptação definidos (BARATIERI et al. 2001). Dessa

forma, como o fator variável deste estudo foi o preparo cavitário, todos os grupos

experimentais foram restaurados com o mesmo material restaurador, cerâmica IPS

Empress, fixadas com o cimento resinoso Variolink II, de baixa viscosidade.

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118

O presente trabalho demonstrou que o preparo MOD convencional (grupo 1 –

1,42kN) para inlays cerâmicas obteve valores de resistência à fratura semelhantes

aos dos dentes íntegros (grupo 6 - 1,68kN), visto que não houve diferença estatística

entre estes grupos. De todos os preparos realizados, os dentes do grupo 1 foram os

que permaneceram com maior quantidade de estrutura dental após o preparo e

maior área para adesão. Provavelmente, o elevado grau de resistência à fratura se

deve ao maior volume dos tecidos dentais e à maior área de dentina, fundamental

para a hibridização. Por sua vez, autores como Dietschi et al. (1999), Bremer e

Geurtsen (2001) encontraram valores diferentes para a resistência à fratura de inlays

cerâmicas cimentadas em molares (preparos MOD convencionais), 2,02kN (Vitadur

N) e 2,13kN (Cerec), respectivamente. Apesar disso, nossos resultados corroboram

tanto com os de Dietschi et al. (1999), cuja resistência das inlays de Ceramco II

(porcelana feldspática) cimentadas em molares foi de 1,66kN, como com os de

Bremer e Geurtsen (2001), 1,45kN, que utilizaram IPS Empress.

Por outro lado, os grupos 2 (1,20kN), 3 (1,08kN), 4 (1,01kN) e 5 (1,21kN) não

apresentaram diferenças estatisticamente significantes. Apesar de não atingirem a

mesma resistência à fratura dos dentes íntegros, tais grupos obtiveram resistência

estatisticamente semelhante aos dentes do grupo 1, com preparo MOD convencional.

Os grupos 2, 3, 4 e 5 apresentaram maior desgaste de estrutura dental e, em

alguns, o ângulo áxio-pulpar foi restabelecido com a utilização de resina composta

(grupos 4 e 5). Por conseguinte, constatamos que a reconstrução do ângulo áxio-

pulpar não foi importante para aumentar a resistência à fratura dos dentes

restaurados, comparando com o grupo-controle. Como não houve diferença

estatisticamente significativa na resistência à fratura para os grupos em que

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119

efetuamos a reconstrução do ângulo áxio-pulpar com resina composta, isso sugere

que o módulo de elasticidade da resina bem como a espessura da porcelana não

influenciaram a resistência à fratura das inlays de IPS Empress. Dessa forma, o que

realmente influenciou tal resistência foi o volume de estrutura dental remanescente e

a área de dentina para hibridização. Em relação aos grupos 2, 3, 4 e 5, não pudemos

fazer comparações com a literatura, por não termos encontrado trabalhos que

tivessem as configurações cavitárias propostas em dentes molares.

No grupo 3, sem a presença de paredes axiais, a resistência à fratura foi de

1,08kN, ao passo que, no trabalho de Soares et al. (2004), a resistência encontrada

foi de 2,01kN quando a porcelana Duceram LFC foi utilizada. Neste preparo, a

espessura de porcelana foi de, aproximadamente, 3,5mm. Em relação ao grupo 2,

onde a espessura da inlay variou de 2 a 3,5mm, a resistência à fratura não foi

comparável à dos dentes íntegros. Assim, nesses dois grupos (2 e 3), os resultados

apontaram menores valores de resistência à fratura quando a espessura da

porcelana foi maior do que 2mm (mínima recomendada pelo fabricante), em relação

ao grupo-controle, fato esse que confirma os resultados de Moscovich et al. (1998),

onde se verificou que o aumento da espessura da porcelana não produz elevação da

resistência à fratura do dente. O aumento da espessura da porcelana eleva a

probabilidade de existirem defeitos que possam propiciar a formação e propagação

de rachaduras. Esses autores ainda afirmam que uma espessa base de resina pode

ser benéfica para a longevidade da restauração.

Em relação ao grupo 4 e 5, apesar de o desenho do preparo ser semelhante

ao do grupo 1 (MOD convencional), e o módulo de elasticidade da resina composta

(10-15GPa) ser similar ao da dentina (15GPa) (ANUSAVICE, 2005), a resistência à

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120

fratura foi menor do que a dos dentes íntegros e do grupo 1. Fatores como menor

área para adesão à dentina e adesão da resina composta ao cimento resinoso,

principalmente no grupo 5, podem ter concorrido para a diminuição da resistência

nestes grupos. Além do mais, a contração de polimerização e a sensibilidade da

técnica podem alterar as propriedades físicas e mecânicas das resinas compostas.

Todos os materiais cerâmicos são caracterizados por sua friabilidade e baixa

resistência à tração. Pequenos defeitos em áreas críticas também podem enfraquecer

este material. Assim, a técnica de confecção da restauração indireta e a cimentação

são etapas extremamente delicadas. A cimentação pode ser feita com cimentos

convencionais (cimento de ionômero de vidro e fosfato de zinco), embora a técnica

adesiva seja mais vantajosa, tanto em relação à estética quanto ao aumento da

resistência do dente restaurado (DERAND, 1991). A cimentação adesiva permite

maior tolerância às forças oclusais, transferindo o estresse para a interface dente-

coroa, podendo diminuir a propagação de fendas na restauração, além de formar um

sistema único e compacto do dente, cimento e porcelana (BURKE et al., 2002).

Peters; De Vree; Brekerlmans (1993) e Ausiello et al. (2004) argumentam que o

emprego de cimentos resinosos com baixo módulo de elasticidade promove um

aumento local na deformação quando a carga é aplicada.

De acordo com Ausiello et al. (2004), o emprego de cimentos resinosos é

fundamental tanto em restaurações indiretas com resina composta como em

cerâmica, visto que permite uma completa união entre a restauração e a estrutura

dental. A adaptação interna do cimento resinoso às paredes do preparo é melhor do

que a apresentada pelas restaurações diretas em resina composta (HICKEL e

MANHART, 2001). Por outro lado, os cimentos resinosos sofrem elevada contração

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121

de polimerização, associado ao fato de poderem ser aplicados em cavidades com alto

fator de configuração cavitária. Burke et al. (2002) especulam que a contração de

polimerização pode ser benéfica para as restaurações cerâmicas, pois geram tensões

na parte interna da porcelana, fortalecendo-a pela inibição da propagação de trincas.

Tradicionalmente, os testes de resistência à fratura são realizados para avaliar

a resistência de materiais restauradores e técnicas de preparo cavitário. Apesar de os

testes in vitro não reproduzirem uma fratura típica que possa ocorrer durante a

mastigação, na medida em que a aplicação de forças é aumentada continuamente

até a fratura dental, eles representam uma informação importante, considerando-se

a integridade estrutural e também a identificação do componente mais fraco, no que

se refere às propriedades inerentes das restaurações, às dos tecidos dentais ou às da

interface adesiva (DALPINO et al. 2002).

Clinicamente, as forças oclusais são de magnitude relativa, sendo aplicadas

por um longo período de tempo, variando a velocidade de aplicação e a direção

(Burke, 1992) contribuindo para a ocorrência de diferentes padrões de fratura (Cavel

et al., 1985). A resistência à fratura presente neste estudo variou entre 1,01kN a

1,68kN, valores acima das forças mastigatórias, que podem ser 0,8kN (Burke,

1992). Desse modo, todos os valores observados resistiriam às forças mastigatórias.

Peters; De Vree; Brekerlmans (1993) comentam que as inlays falham em condições

aquém das ideais, como contatos oclusais prematuros ou dano inicial na porcelana.

Kelly (1999) critica o teste de resistência à compressão argumentando que as

forças oclusais são contínuas e de baixa intensidade. Segundo o autor, os testes

tradicionais não criam os mecanismos de falhas verificados na situação clínica. Por

outro lado, Burke (1992) considera esses testes de grande valia, na medida em que

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122

é possível comparar novos materiais e técnicas. Esse mesmo autor afirma que o

teste de resistência à fratura resulta na formação de fendas sem o deslocamento da

restauração ou fraturas de um segmento da coroa, de uma forma semelhante àquela

vista na clínica odontológica. Entretanto, dados laboratoriais devem ser extrapolados

com cuidado para a situação clínica e, no mínimo, servem para permitir comparações

entre os grupos (Burke, 1992). Manhart et al. (2001) observam que estudos clínicos

são essenciais para se avaliar a aplicação de novos materiais ou técnicas in vivo, pois

os testes laboratoriais podem responder apenas a questões específicas, mas não

simular as condições duras e complexas da cavidade bucal. Ainda assim, é a partir

dos estudos laboratoriais que estudos clínicos são pensados. Os testes in vitro de

resistência à fratura trazem informações válidas e permanecem sendo importantes

como métodos de investigação para novas técnicas restauradoras.

Observando-se os vários trabalhos que realizam ensaios de resistência à

compressão de restaurações, constatamos a inexistência de uma padronização nas

metodologias (FIG. 42) o que dificulta, sobremaneira, a comparação dos diversos

resultados. A maioria dos trabalhos utiliza pré-molares pela facilidade de adaptação

da ponta aplicadora de força na superfície oclusal. Mesmo assim, é possível realizar

tais pesquisas em molares, por meio da padronização das restaurações, método

utilizado neste trabalho, ou desgastando as vertentes das cúspides (DIETSCHI et al.,

1990; BREMER e GEURTSEN, 2001; ÇOTERT; SEN; BALKAN, 2001; SOARES et al.,

2004).

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123

Método de aplicação Artigos Dente

Tipo Tamanho

Velocidade de

aplicação

Posição da ponta

aplicadora

Unidade de força

Stampalia et al. (1986) pré-molar barra 3,9-5mm 5cm/min vertentes Kgf

Dietschi et al. (1990) 3º molar Esfera 2mm 1mm/min restauração Kgf

Araújo, 1990 Pré-molar barra - 0,5mm/min Vertentes e restauração Kgf

Burke; Watts; Wilson (1991) Pré-molar Barra 4mm 1mm/min restauração kN

Burke; Wilson; Watts, (1993) Pré-molar barra e

esfera 4mm 1mm/min restauração kN

Burke; Wilson; Watts, (1994) Pré-molar Barra 4mm 1mm/min restauração kN

Mezzomo (1996) Pré-molar Barra 1 cm 1mm/min vertentes Kgf Brunton et al. (1999) Pré-molar Barra 4mm 1mm/min restauração kN

Çotert, Sen e Balkan (2001) Molar Esfera 10mm 0,02mm/min vertentes -

Morimoto (2001) Pré-molar Barra 2,8mm 0,5mm/min restauração Kgf Bremer e Geurtsen (2001) Molar Esfera 2mm 5mm/min restauração N

Esquivel-Upshaw et al. (2001)

Molares artificiais Esfera 2,38mm - restauração N

Freitas et al. (2002) Pré-molar

dispositivo em forma de cunha

1mm de espessura e 7mm de

largura

0.5mm/min restauração Kgf

Dalpino et al. (2002) Pré-molar Barra 8mm 0,5mm/min vertentes kN

Gorucu (2003) Molar - 1,3mm 1mm/min Kgf Gorucu e Ozgunaltay (2003)

Pré-molar 2 esferas 2mm 5mm/min vertentes Kgf

St-Georges et al. (2003) Pré-molar Esfera 4,82mm 0,5mm/min vertentes N

Burmann et al. (2003) Pré-molar Esfera - 0,5mm/min vertentes Kgf

Miranda et al. (2003) Pré-molar Esfera 6mm 0,5mm/min vertentes Kgf

Soares et al. (2004) Molar Esfera 4mm 0,5mm/min restauração Kgf

Silva; Hilgert; Busato (2004) Pré-molar Esfera 4mm 0,5mm/min restauração N

Figura 42 – Exemplos de pesquisas sobre resistência à fratura de inlays.

Uma outra divergência marcante presente nas pesquisas descritas neste

trabalho diz respeito à forma da ponta aplicadora da força de compressão. A barra e

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a esfera são os formatos mais utilizados. Burke; Wilson; Watts (1993) realizaram um

estudo para avaliar o melhor formato do dispositivo de aplicação de força e

sugeriram que os resultados com a barra e a esfera devem ser considerados em

conjunto, para que se obtenha uma visão geral do comportamento de fratura dos

dentes restaurados. Observaram, ainda, que houve dificuldade na manutenção da

esfera de aço em posição na superfície oclusal. Como a barra foi posicionada mais

facilmente na face oclusal dos dentes, pode-se considerar esse método mais

confiável, apesar do maior número de fraturas severas.

O teste de resistência à compressão é influenciado também pela posição da

ponta aplicadora de força na superfície oclusal dos dentes (FIG. 42). A esfera ou

barra pode ser posicionada tocando apenas a restauração ou tocando as vertentes

das cúspides. Burke (1992) observa que se a barra ou esfera tocar apenas no dente,

as cúspides vestibulares e linguais ficarão sob uma força compressiva com uma

resultante na interface dente-restauração. Mas se a barra ou esfera tocar apenas na

restauração, a força compressiva aplicada nessa é transmitida para a estrutura

dental e também para a interface dente-restauração. Dessa maneira, optamos por

posicionar a barra tocando a restauração, assim como os trabalhos de Dietschi et al.

(1990), Burke; Watts; Wilson (1991), Burke; Wilson; Watts, (1993, 1994), Silva;

Hilgert; Busato (2004).

Um fator importante que pode dificultar o assentamento adequado da ponta

aplicadora é a inclusão do dente na resina acrílica sem a observação do paralelismo

da face oclusal em relação à sua base. É importante que a altura da crista marginal

mesial fique na mesma altura da crista marginal distal. Assim como observado no

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trabalho de Cotert; Sen; Balkan (2001), o presente estudo considerou a importância

deste fato, utilizando um paralelômetro para tal finalidade.

Restaurações adesivas podem fraturar por causa da formação e propagação

de fendas, e isto é especialmente verdadeiro para as restaurações cerâmicas (ST-

GEORGES et al., 2003). As cerâmicas são materiais friáveis, e as fraturas

representam a razão mais freqüente para a falha de restaurações com esse material

(HOLLAND, 1998). Dessa forma, tão importante quanto avaliarmos os valores de

resistência à fratura é analisarmos o modo de fratura que caracteriza cada grupo.

Existem várias classificações descritas na literatura (DIETSCHI et al., 1990; BURKE;

WILSON; WATTS, 1994; BREMER e GEURTSEN, 2001; GORUCU e OZGUNALTAY,

2003), entretanto, a classificação preconizada por Burke; Wilson; Watts (1994) é a

mais empregada. Mesmo assim, foi difícil distribuir os dentes dessa pesquisa dentro

dessa classificação. Portanto, diante dos tipos de fratura observados, sugerimos

classificar o modo de fratura da seguinte forma:

Fratura de metade da inlay fraturada sem envolvimento dental

Fratura de mais da metade da restauração sem envolvimento dental

Fratura de mais da metade da restauração com envolvimento dental

Neste estudo, a maioria das falhas foi coesiva (Tipo III e IV) na porcelana

(FIG. 30), podendo ou não apresentar fraturas na estrutura dental próximas às

margens e, eventualmente, falha adesiva. Esta característica foi comum para todos

os grupos experimentais, com exceção do grupo 5 (70% de fraturas severas, tipo V).

Segundo Thompson e Rekow (2004), essas fraturas são do tipo Hertzian (em forma

de cone) e se formam na superfície. Este comportamento independe do substrato

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que suporta a porcelana e é responsável por lascamentos e fendas na superfície de

inlays.

Para Dietschi et al. (1990) as fraturas no esmalte próximo à margem podem

ser decorrentes da elevada força de união do cimento resinoso ao esmalte,

excedendo a força coesiva do esmalte. O maior percentual de fraturas coesivas está

de acordo com os trabalhos que investigaram materiais com alto módulo de

elasticidade (DIETSCHI et al., 1990; GORUCU e OZGULNATAY, 2003; SOARES et al.,

2004). Quando uma inlay fratura in vivo, geralmente, fratura apenas a inlay, ao invés

de ocorrer perda da cúspide (DIETSCHI et al., 1990). Ao contrário, Çotert; Sen;

Balkan (2001) verificaram que todas as amostras fraturavam nas cúspides

vestibulares ou linguais, sendo que o trajeto da fratura não envolvia a restauração.

Na pesquisa de Bremer e Geurtsen (2001), os molares cimentados com inlays de IPS

Empress apresentaram fraturas com perda de cúspide, sendo que fraturas adesivas

não foram encontradas em nenhum dos grupos.

Todos os dentes íntegros fraturaram de forma severa, principalmente com

perda da cúspide lingual. No grupo 5, o padrão de fratura (Tipo V) foi diferente da

dos grupos 1, 2, 3 e 4, mas semelhante às fraturas dos dentes íntegros. Vale

ressaltar que a aplicação da força compressiva era sempre interrompida no 1º sinal

de fratura, que foi indicado por uma repentina queda no valor de resistência à

fratura (Dietschi et al., 1999).

Devido, provavelmente, ao alto módulo de elasticidade das porcelanas

constatamos que, sob ação da carga aplicada, a porcelana fraturava antes de

fraturar o dente, demonstrando um fator de proteção à fraturas dentais (DIETSCHI

et al., 1990; SOARES et al. 2004). O alto módulo de elasticidade demonstrado pelas

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restaurações cerâmicas contribui para os severos padrões de fratura (de corpo),

embora a adesão à estrutura dental tenha um papel importante na resistência dos

dentes. Podemos considerar que a porcelana IPS Empress, com seu alto módulo de

elasticidade (maior do que o do esmalte), não foi capaz de sofrer deformação e de

transmitir as forças de forma regular, resultando em fratura do corpo da restauração.

Contraditoriamente, Silva; Hilgert; Busato (2004) observaram que o elevado módulo

de elasticidade da porcelana faz com que essas restaurações transmitam as forças

para o dente causando fraturas em grandes proporções.

Por outro lado, Brunton et al. (1999) e Ausiello et al. (2004) observaram que,

como a resina composta tem menor módulo de elasticidade do que a porcelana,

maior é a absorção da força aplicada pelo material restaurador, limitando a

intensidade do estresse transmitido para as estruturas dentais remanescentes.

Segundo esses autores, a resina composta transmite menos força para a estrutura

dental subjacente e deveria ser o material de escolha para restaurações indiretas.

Em um outro trabalho, Soares et al. (2004) observaram que o padrão de fraturas dos

molares restaurados com inlays cerâmicas possuía menor envolvimento da estrutura

dental, enquanto que, nas inlays de resina composta, as fraturas eram muito mais

complexas, com envolvimento periodontal. Neste estudo, a porcelana se caracterizou

como um material friável, com menor capacidade de resistir às forças compressivas

do que a estrutura dental.

Considerando-se a análise no MEV, representativa de cada grupo, verificou-se

que as fraturas eram iniciadas no corpo da restauração, na maioria das vezes, assim

como as observadas nos trabalhos de Dietschi et al. (1990) e Soares et al. (2004).

Nos grupos 1, 2, 3 e 4, observou-se que as fraturas coesivas na porcelana eram

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acompanhadas de fraturas na estrutura dental próximas às margens do preparo e/ou

falhas na interface adesiva. Entretanto, esta situação não era observada em toda a

margem, mas, sim, em pontos isolados. Nesta análise, os resultados foram

semelhantes para todos os grupos experimentais, com exceção do grupo 5, onde as

fraturas foram mais severas, com envolvimento da estrutura dental (FIG. 33a,b).

Mesmo assim, na porção fraturada, observamos a porcelana continuava presa ao

dente, demonstrando que a fratura iniciou-se na porcelana e não na interface

adesiva.

Segundo Thompson e Rekow (2004) e Peters; De Vree; Brekerlmans (1993),

as trincas na porcelana começam sempre na superfície interna das restaurações. A

resistência de materiais cerâmicos depende da sua habilidade em inibir a iniciação ou

crescimento de rachaduras. O início de rachaduras é controlado pela condição da

superfície do material, ao passo que, a resistência ao crescimento da rachadura é

determinada pela estrutura interna (UCSTALI et al., 1996). A adaptação interna da

restauração e as propriedades mecânicas do cimento resinoso, as do material

restaurador e as da estrutura dental afetam a transferência de carga e influenciam a

habilidade da restauração em sobreviver a elevadas forças mastigatórias (PIDDOCK

et al., 1987).

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7 CONCLUSÕES

Após o tratamento estatístico dos resultados obtidos neste estudo in vitro,

pode-se concluir que:

1. A reconstrução adesiva com resina composta da região do ângulo áxio-pulpar, em

preparos MOD, não interferiu na resistência à fratura de molares restaurados com

inlays cerâmicas, comparando-se com o preparo MOD convencional. Entretanto, a

resistência à fratura foi menor do que a observada em dentes íntegros;

2. As fraturas observadas nos grupos 1, 2, 3 e 4 ocorreram, na maioria das vezes,

em metade ou mais da metade da inlay, ao passo que, no grupo 5, as fraturas

severas predominaram;

3. a análise no MEV demonstrou que as fraturas eram coesivas na porcelana e,

eventualmente, acompanhadas de fraturas no esmalte próximo às margens do

preparo e/ou falhas na interface adesiva.

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ANEXO 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO - DENTÍSTICA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do participante:____________________________________________ Idade___ As informações contidas neste documento foram fornecidas pela mestranda Elaine Auxiliadora Vilela Maia Morelli, sob a orientação do Prof. Dr. Mauro Amaral Caldeira de Andrada, com o objetivo de firmar acordo por escrito mediante o qual, o voluntário da pesquisa autoriza a sua participação, com pleno conhecimento da natureza dos procedimentos que esta pesquisa compreenderá, tendo a possibilidade de livre arbítrio e sem qualquer coação. 1) Título da Pesquisa

“Influência da reconstrução do ângulo áxio-pulpar na resistência à compressão de molares restaurados com inlays cerâmicos” 2) Objetivos

O objetivo deste estudo é avaliar a influência da reconstrução do ângulo áxio-pulpar (ângulo formado quando se faz um preparo no dente para receber uma restauração) na resistência à compressão (resistência à uma força de direção vertical que comprime o dente) de molares restaurados indiretamente (quando o preparo da restauração é feito no dente, tira-se o molde do mesmo, e a restauração é feita no laboratório e depois cimentada na boca do paciente). 3) Justificativa

O grande objetivo quando se faz uma restauração em um dente é tentar devolver as mesmas características daquele dente quando era íntegro. Assim, um dos maiores desafios da odontologia restauradora é conseguir restaurar um dente devolvendo a capacidade do mesmo de resistir às forças oclusais (forças mastigatórias) sem que haja problemas de fratura (quebra) ou fendas (espaços entre o dente e a restauração), pois podem provocar manchamento das margens, sensibilidade (dor), formação de cárie sob as restaurações e até mesmo, levar a perda do dente. Este estudo determinará qual o preparo cavitário que viabilizará maior resistência à compressão.

4) Procedimentos da pesquisa Esta pesquisa será desenvolvida com a doação de sessenta dentes terceiros molares hígidos extraídos por motivos ortodônticos e/ou cirúrgicos, que imediatamente serão armazenados em água à temperatura ambiente e posteriormente usados na fase laboratorial da pesquisa.

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5) Risco Não há risco, uma vez que os dentes doados serão utilizados em pesquisas laboratoriais. 6) Benefícios do estudo • Verificar o desenho de preparo dental ideal para restaurações de porcelana em dentes

posteriores, visando conservação de estrutura dental.

7)Informações Os voluntários terão a garantia de que receberão resposta à qualquer pergunta ou esclarecimentos de qualquer dúvida a cerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa. Será garantido ao voluntário, o sigilo e privacidade em relação aos dados confidenciais da pesquisa. 8) Telefone para contato com o pesquisador

Elaine A. Vilela Maia Morelli - 244-7298 9) Retirada do consentimento O voluntário tem total liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar da pesquisa.

10) Aspecto legal

Este manual foi elaborado de acordo com as diretrizes e normas que regulamentam as pesquisas envolvendo seres humanos, atendendo às resoluções 196/96 e 251/97 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde – Brasília – DF. 11) Consentimento pós-informação Eu, ____________________________________________________, RG, ________________certifico que tendo lido as informações acima, e suficientemente esclarecido pela mestranda Elaine Auxiliadora Vilela Maia e pela Prof. Dr. Mauro Amaral Caldeira de Andrada, estou plenamente de acordo com a realização deste estudo, autorizando assim, minha participação.

Florianópolis, ___ de ___________ de ____.

________________________________________ assinatura do paciente

1ª via: Instituição/ 2ª via: Voluntário

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ANEXO 2

Autorização do comitê de ética para realização da pesquisa

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ANEXO 3

Tabela de aleatorização dos grupos pesquisados. Os valores referentes à área total correspondem à multiplicação das medidas vestíbulo-ligual e mésio-distal.

Dente Área total Grupo

51 86,68 G4 44 87,17 G3 4 87,55 G1 37 87,99 G5 3 88,75 G6 35 89,81 G2 41 90,07 G3 14 90,50 G5 26 90,54 G4 20 92,73 G2 24 92,80 G6 62 92,85 G1 56 93,48 G6 15 93,51 G5 70 94,37 G1 47 94,37 G3 64 94,77 G4 17 96,45 G2 11 96,45 G5 46 96,49 G1 48 96,88 G6 28 96,93 G3 54 97,19 G2 69 97,34 G4 25 97,56 G4 5 97,77 G5 23 97,83 G2 40 98,60 G1 28 99,38 G6 34 100,23 G3 65 100,41 G1 52 100,46 G3 45 101,55 G4 49 101,80 G5 67 104,53 G2 66 105,32 G6 10 105,83 G4 68 105,83 G6 18 105,92 G2 36 106,37 G1 27 107,19 G5 57 108,09 G3

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31 109,57 G2 7 112,57 G3 12 113,06 G6 63 113,47 G4 13 114,95 G1 59 114,97 G5 39 115,07 G3 61 115,78 G2 55 116,18 G1 30 116,72 G4 19 116,72 G6 1 116,76 G5 32 117,12 G5 22 117,27 G2 33 117,50 G3 9 118,22 G1 38 118,89 G6 58 119,22 G4

media 102,57 Desvio padrão 10,14

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