influÊncia de adiÇÕes minerais na mitigaÇÃo da … · de mitigação proporcionado por...

81
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CLEBERSON DOS SANTOS ADORNO INFLUÊNCIA DE ADIÇÕES MINERAIS NA MITIGAÇÃO DA REATIVIDADE ÁLCALI- SÍLICA EM COMPÓSITOS DE CIMENTO PORTLAND CURITIBA 2013

Upload: nguyenque

Post on 21-Jan-2019

230 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

CLEBERSON DOS SANTOS ADORNO

INFLUÊNCIA DE ADIÇÕES MINERAIS NA MITIGAÇÃO DA REATIVIDADE ÁLCALI-

SÍLICA EM COMPÓSITOS DE CIMENTO PORTLAND

CURITIBA

2013

CLEBERSON DOS SANTOS ADORNO

INFLUÊNCIA DE ADIÇÕES MINERAIS NA MITIGAÇÃO DA REATIVIDADE ÁLCALI-

SÍLICA EM COMPÓSITOS DE CIMENTO PORTLAND

Trabalho de conclusão de curso apresentado à disciplina de Trabalho Final de Curso, como requisito parcial à obtenção do grau de Engenheiro Civil, do Curso de Engenharia Civil, do Departamento de Construção Civil, do Setor de Tecnologia, da Universidade Federal do Paraná. Orientação: Prof. Dr. Marcelo Henrique Farias de Medeiros

CURITIBA

2013

AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho à minha esposa Fabiana L. Adorno e ao meu filho Pedro

Rafael L. Adorno, que nos momentos de minhas ausências dedicadas ao estudo

superior, sempre fizeram entender que o futuro, é feito a partir da constante

dedicação no presente.

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Marcelo Henrique Farias de Medeiros

pelos ensinamentos e parceria.

Agradeço ao Prof. Msc. Eduardo Pereira pela contribuição no preparo dos

agregados e correção deste trabalho.

Agradeço à Profa Dra. Nayara Klein pelas correções do trabalho e

esclarecimento de dúvidas que possibilitaram a realização deste trabalho.

Aos técnicos de laboratório, pela paciência e empenho no auxílio do

acompanhamento dos ensaios.

À mestranda Andressa Gobby pela ajuda na elaboração, correção do trabalho

e disponibilização das adições do ensaio.

Aos meus familiares e amigos, por estarem presentes em todos os momentos

dessa vida acadêmica.

Ao Senai – Ponta Grossa por ter feito a moagem e fornecimento da cerâmica

moída.

“Obstáculos são aquelas coisas

assustadoras que vemos quando

desviamos o foco do nosso objetivo”.

Henry Ford

RESUMO

A reação álcali-sílica é um processo de degradação relevante na tecnologia do concreto, devido ao seu potencial de afetar a funcionalidade das estruturas atingidas. Seguindo este contexto, este trabalho tem por objetivo investigar o grau de mitigação proporcionado por adições minerais em compósitos cimentícios submetidos ao ensaio preconizado na ABNT NBR 15577-4:2008 - Determinação da expansão em barras de argamassa pelo método acelerado. A metodologia usada envolve a confecção de corpos de prova de argamassa com as seguintes adições: fíler calcário, metacaulim, sílica ativa, cinza de casca de arroz, pó de quartzo e resíduo de material cerâmico, esta última adição em três níveis de finura de acordo com o tempo de moagem (30, 60 e 90 minutos). Entre as adições minerais empregadas, existem representantes que são reconhecidamente pozolânicos e outros que são inertes. Este critério foi tomado para investigar se o efeito fíler também pode ser um parâmetro mitigador da reação álcali-sílica. Foram produzidos corpos de prova (25 mm x 25 mm x 285 mm) com o cimento Portland CP V ARI e agregados encontrados na região de Curitiba. A relação água/aglomerante utilizada foi de 0,47. Para as adições minerais empregou-se um teor de substituição do cimento de 10% e, também foram confeccionados corpos de prova de referência, ou seja, com 100% de cimento CP V ARI. Foram ensaiados seis corpos de prova para cada caso, totalizando 54 barras de ensaio. Os resultados indicam que a cinza de casca de arroz e os resíduos cerâmicos apresentaram resultados que indicam a elevação da expansão por reação álcali-sílica, em contrapartida todas as outras adições utilizadas colaboram para a redução da expansão por álcali-sílica. Palavras-chave: reação álcali-sílica, concreto, pozolana, adição mineral.

ABSTRACT

The alkali-silica reaction is a very important process in concrete technology, because of its potential to affect the functionality of the structures. Therefore, this paper aims to investigate the degree of mitigation provided by mineral additions in cement composites subjected to testing recommended in ABNT NBR 15577-4:2008 Determination of expansion in mortar bars by the accelerated method. The method involves producing mortar specimens with the following mineral admixtures: fillers, metakaolin, silica fume, quartz powder, rice husk ash and residue from ceramic bricks, the latter with three levels of fineness, according grinding time (30, 60 and 90 minutes). Among the admixtures employed some are pozzolanic and others are inert. This criterion has been taken in order to investigate if the filler effect is also a parameter mitigating alkali-silica reaction. Specimens (25 x 25 x 285 mm) were produced with Portland cement CP V ARI and aggregate from the metropolitan region of Curitiba. The water/binder ratio used was 0.47. A content of 10% of cement was replaced by mineral admixture and also a reference mortar was produced with of 100% cement CP V ARI. Six specimens were studied for each case, totaling 54 test bars. The results indicate that rice husk ash and ceramic waste presented results indicate that the elevation of growth by alkali-silica reaction, however all other additions cooperate used to reduce growth by alkali-silica. Keywords: alkali-silica reaction, concrete, pozzolan, mineral admixture.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - Parapeito da barragem de Val-de-la-Mare: desalinhamento causado por

RAA .......................................................................................................................... 18

FIGURA 2 - Fissuras em bloco de fundação afetado pela RAA na cidade

Recife/PE.... .............................................................................................................. 19

FIGURA 3 - Fissuras tipo mapa em um dos pilares do vertedouro da UHE de Porto

Colômbia . ................................................................................................................. 20

FIGURA 4 - Fissuras na vista lateral do pilar do vertedouro, sentido montante a

jusante, da UHE de Furnas ....................................................................................... 21

FIGURA 5 - Representação esquemática do ataque de soluções alcalinas na sílica

bem cristalizada ........................................................................................................ 24

FIGURA 6 - Representação esquemática do ataque de soluções alcalinas na sílica

fracamente cristalizada. ............................................................................................ 24

FIGURA 7 - Detalhe de gel exsudando a partir da fissura na superfície do

concreto..... ......... ...................................................................................................... 26

FIGURA 8 - Estrutura tetraédrica da sílica. ............................................................... 27

FIGURA 9 - Aparência dos géis coletados na superfície do concreto de uma UHE

afetado pela RAS ..................................................................................................... 28

FIGURA 10 - Redução na expansão devido à reação álcali-sílica por utilização de

pozolana.. .................................................................................................................. 33

FIGURA 11 - Bloco de concreto sem pozolana ......................................................... 33

FIGURA 12 - Bloco de concreto com 30% de pozolana. ........................................... 33

FIGURA 13 - Micrografia eletrônica de varredura da sílica ativa, que representa a

forma arredondada das partículas ............................................................................. 36

FIGURA 14 - Redução de vazios com a utilização da sílica ativa. ............................ 37

FIGURA 15 - Micrografia eletrônica de varredura da cinza de casca de arroz ......... 38

FIGURA 16 – Fluxograma geral para uso do agregado em concreto ....................... 43

FIGURA 17 - Fluxograma da avaliação da eficiência de materiais inibidores da

reação ....................................................................................................................... 44

FIGURA 18 - Fluxograma para a classificação laboratorial do agregado quanto a

reação álcali-agregado .............................................................................................. 45

FIGURA 19 - Agregado utilizado para o ensaio ........................................................ 50

FIGURA 20 - Britador Los Angeles (mesmo modelo utilizado para a britagem dos

materiais)................................................................................................................... 51

FIGURA 21 - Recipiente de Armazenamento das Barras de Argamassa. ................ 54

FIGURA 22 - relógio comparador de comprimento ................................................... 55

FIGURA 23 - Índice de atividade pozolânica com cimento das adições minerais ..... 58

FIGURA 24 - Índice de atividade pozolânica com cimento das adições minerais ..... 59

FIGURA 25 – Poros contendo material esbranquiçado ............................................. 60

FIGURA 26 - Evolução da expansão média das barras de argamassa, com adição

de fíler calcário e 100% de cimento. ......................................................................... 61

FIGURA 27 - Evolução da expansão média das barras de argamassa, com adição

de sílica ativa e 100% de cimento. ............................................................................ 61

FIGURA 28 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com adição de

cinza de casca de arroz e 100% de cimento. ............................................................ 62

FIGURA 29 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com adição de

metacaulim e 100% de cimento. ............................................................................... 62

FIGURA 30 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com adição de

pó de quartzo e 100% de cimento. ............................................................................ 63

FIGURA 31 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com adição de

resíduo cerâmico com tempo de moagem de 30 min e 100% de cimento. ............... 63

FIGURA 32 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com adição de

resíduo cerâmico com tempo de moagem de 60 min e 100% de cimento. ............... 64

FIGURA 33 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com adição de

resíduo cerâmico com tempo de moagem de 90 min e 100% de cimento. ............... 64

FIGURA 34 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com 100 % de

cimento comparado com substituição de 10 % do cimento pelas adições minerais . 65

FIGURA 35 - Expansão das barras de argamassa aos 16 dias ................................ 66

FIGURA 36 - Expansão das barras de argamassa aos 30 dias ................................ 67

FIGURA 37 - Correlação entre a expansão das barras aos 30 dias e resistência à

compressão do ensaio de IAP com cimento segundo a ABNT NBR 5752:2012. ...... 69

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Características físico-químicas do cimento Portland CP V – ARI. ........ 46

TABELA 2 - Massa específica e área específica BLAINE das adições minerais ...... 47

TABELA 3 - Características físicas e químicas do Metacaulim fornecidas pelo

fabricante................................................................................................................... 47

TABELA 4 - Características físicas e químicas da Sílica Ativa fornecidas pelo

fabricante................................................................................................................... 48

TABELA 5 - Composição química da sílica de casca de arroz. ................................. 48

TABELA 6 - Análise química e índice de umidade do pó de quartzo fornecido pela

Mineração Jundu. ...................................................................................................... 49

TABELA 7 - Proporção de mistura das argamassas e relação água/sólidos ............ 52

TABELA 8 - Dosagem dos materiais utilizados ......................................................... 53

TABELA 9 – Resultado resistência à compressão - IAP cimento .............................. 57

TABELA 10– Resultado resistência à compressão - IAP cimento ............................. 57

TABELA 11 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 100% de

cimento Portland ....................................................................................................... 76

TABELA 12 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de fíler

calcário ...................................................................................................................... 77

TABELA 13 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de

sílica ativa.................................................................................................................. 77

TABELA 14 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de

cinza de casca de arroz ............................................................................................ 78

TABELA 15 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de

metacaulim ................................................................................................................ 78

TABELA 16 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de pó

de quartzo ................................................................................................................. 79

TABELA 17 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de

material cerâmico com moagem = 30 min ................................................................. 79

TABELA 18 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de

Material Cerâmica com moagem = 60 min ................................................................ 80

TABELA 19 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de

Material Cerâmica com moagem = 90 min ................................................................ 80

TABELA 20 - Resumo da média das expanões para todas as adições minerais

utilizadas ................................................................................................................... 81

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 - Quantidade de material pozolânico ....................................................... 52

Equação 2 - Cálculo da variação do comprimento das barras de argamassa .......... 56

SUMÁRIO

1 INTODUÇÃO .......................................................................................................... 14

1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................... 15

1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 15

1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................. 15

1.2 JUSTIFICATIVAS ............................................................................................. 15

2 REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO .......................................................................... 17

2.1 HISTÓRICO ..................................................................................................... 18

2.2 MECANISMO DE OCORRÊNCIA DA REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO ........... 22

2.3 TIPOS DE REAÇAO ÁLCALI-AGREGADO ..................................................... 25

2.3.1 Reação álcali-sílica .................................................................................... 26

2.3.2 Reação álcali-silicato (RASS) .................................................................... 28

2.3.4 Reação álcali-carbonato (RAC) ................................................................. 29

3 ADIÇÕES MINERAIS NA PREVENÇÃO DA REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO ... 31

3.1 ADIÇÕES MINERAIS ....................................................................................... 31

3.2 MATERIAIS POZOLÂNICOS E EFEITO FÍLER ............................................... 34

3.2.1 Sílica Ativa ................................................................................................. 36

3.2.2 Cinza de casca de arroz ............................................................................ 37

3.2.3 Metacaulim ................................................................................................ 39

3.2.4 Pó de quartzo ............................................................................................ 40

3.2.5 Resíduo cerâmico ...................................................................................... 40

3.2.6 Fíler ............................................................................................................ 41

4 PROGRAMA EXPERIMENTAL ............................................................................ 42

4.1 MATERIAIS ..................................................................................................... 45

4.1.1 Cimento ..................................................................................................... 45

4.1.2 Adições minerais........................................................................................ 46

4.1.2.1 Metacaulim ............................................................................................. 47

4.1.2.2 Sílica ativa .............................................................................................. 48

4.1.2.3 Cinza de casca de arroz ......................................................................... 48

4.1.2.4 Filer calcário............................................................................................ 49

4.1.2.4 Pó de quartzo.......................................................................................... 49

4.1.2.5 Material cerâmico .................................................................................... 49

4.1.3 Agregados ................................................................................................. 50

4.2 PROCEDIMENTOS DE ENSAIOS ................................................................... 51

4.2.1 Índice de atividade pozolânica (IAP) com cimento Portland (NBR

5752:2012) .......................................................................................................... 51

4.2.2 Determinação da reatividade álcali-sílica potencial de acordo com a ABNT

NBR 15577-4:2008 ............................................................................................. 53

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 57

5.1 ÍNDICE DE ATIVIDADE POZOLÂNICA COM CIMENTO ................................ 57

5.2 MITIGAÇÃO DA REAÇÃO ÁLCALI-SÍLICA ..................................................... 59

5.3 COMPARAÇÃO ENTRE RESULTADOS ........................................................ 68

6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 70

7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 71

ANEXOS ................................................................................................................... 76

14

1 INTRODUÇÃO

De modo geral, o concreto armado apresenta bons resultados de qualidade

e desempenho, mas necessita de certos cuidados na sua confecção, para aumentar

a sua vida útil. Para que isto seja possível, faz-se necessária uma correta execução

que envolve o estudo do traço, da dosagem, manuseio e cura adequados,

manutenção preventiva e periódica e a proteção contra agentes agressivos.

Os agregados utilizados na fabricação do concreto, até a alguns anos, eram

considerados inertes, sendo apenas utilizados para agregar rendimento, tornando o

concreto mais econômico. Nos dias atuais, pesquisadores de todo o mundo

concordam que os agregados não são inertes e possuem papel fundamental para a

confecção de concretos duráveis e de qualidade (MEHTA e MONTEIRO, 2008).

A durabilidade das estruturas de concreto tem relação direta com a

qualidade do agregado utilizado, pois alguns destes podem desencadear reações

expansivas que deterioram o material. Entre elas, encontra-se a reação álcali-

agregado (RAA), que é um processo químico em que alguns constituintes

mineralógicos dos agregados reagem com hidróxidos alcalinos liberados na

hidratação do cimento, ou presentes na água de amassamento, agregados,

materiais pozolânicos, ou agentes externos, que estejam dissolvidos na solução dos

poros do concreto (VALDUGA, 2007). O produto da reação é uma substância

viscosa, que é um gel e que, ao ser exposto à umidade, expande-se, criando

tensões internas que causam fissuras em torno dos agregados. Por ser

higroscópico, atrai moléculas aquosas, as quais migram através da pasta de

cimento, podendo gerar elevadas tensões internas no concreto, com consequente

expansão e fissuração das peças.

Este tipo de mecanismo de degradação do concreto ocorre com frequência

em obras que estejam em contato constante com a água. Os danos gerados pela

expansão e posterior fissuração do concreto são elevados e, de modo geral,

progressivos ao longo do tempo. O concreto, com a ocorrência da reação álcali-

agregado, exibe em sua superfície um mapa de fissuras, que permite a entrada de

mais umidade, acelerando ainda mais a reação.

Esta pesquisa se propõe a mensurar o efeito de algumas adições minerais

disponíveis no Brasil na capacidade de mitigar as reações provenientes da RAA.

15

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Estudar a influência das adições minerais (sílica ativa, cinza de casca de

arroz, metacaulim, fíler calcário, pó de quartzo e resíduo cerâmico), na mitigação da

reação álcali sílica, o tipo mais comum de reação álcali-agregado (RAA).

1.1.2 Objetivos Específicos

Determinar o potencial pozolânico das adições minerais, comparando-

as entre si pelo índice de atividade pozolânica (IAP);

Estudar a aplicação das adições minerais na mitigação dos efeitos de

expansão causados por RAA, com a utilização do ensaio prescrito na

ABNT NBR 15577-4:2008 - Determinação da expansão em barras de

argamassa pelo método acelerado.

1.2 JUSTIFICATIVAS

Segundo Mehta e Monteiro (2008), a reação álcali-agregado tem ocasionado

a degradação e desativação de diversas estruturas, como barragens, fundações de

pontes e estruturas marinhas.

Existem relatos no meio técnico indicando mais de 140 casos de barragens

afetadas pela RAA (HASPARYK, 2005). A autora também comenta que em

estruturas onde estão instalados equipamentos hidrodinâmicos e elétricos

(comportas, geradores, turbinas, etc.), os problemas ocasionados pela RAA passam

a ter uma maior dimensão e custos, devido à manutenção e reparo.

A fissuração que ocorre no concreto devido à RAA pode contribuir com

outros problemas que afetam a durabilidade das estruturas, como por exemplo, a

corrosão das armaduras. Segundo o CBDB (Comitê Brasileiro de Barragens, 1999),

a microfissuração junto à superfície dos agregados e a perda de aderência podem

levar a perdas de resistência e à redução do módulo de elasticidade do concreto.

No Brasil, de acordo com Silveira et al. (2002), há conhecimento de mais de

30 barragens e usinas hidrelétricas atingidas pela RAA. Segundo Silva (2007) na

África do Sul, entre 1970 e 1996 foi gasto cerca de trezentos e cinquenta milhões de

16

dólares com manutenção e reparo de estruturas de concreto afetadas por esta

reação deletéria. Os números de obras identificadas com RAA tendem a aumentar,

considerando o desenvolvimento de novas pesquisas em todo o mundo.

Apesar das várias pesquisas desenvolvidas, ainda não se dispõe de uma

maneira eficiente para impedir a evolução da RAA após iniciado o processo. Silva

(2007) relata que algumas questões ainda continuam sem resposta, tais como:

Como evitar as fissurações causadas por RAA? Qual a velocidade de expansão

esperada para uma estrutura afetada pela RAA? Como evitar a continuidade da

reação? Como mitigar o efeito? E qual adição mineral possui um comportamento

melhor e consequentemente redução na expansão?

Assim sendo, esta pesquisa sobre adições minerais, na atenuação da

reação álcali-agregado ocorrida nas estruturas de concreto por ela afetadas, mostra-

se relevante para o desenvolvimento do conhecimento técnico-científico sobre o

assunto.

Como justificativa social e ambiental, a RAA pode afetar estruturas com

papel social e econômico importantes, como usinas de energia e sistemas de

abastecimento de água e saneamento, gerando aumento do risco à saúde e da

produção de bens.

A diminuição da vida útil dessas estruturas e consequente aumento dos

gastos de manutenção desviam recursos que poderiam ser utilizados para

atividades que levam ao desenvolvimento sustentável, à distribuição de renda e à

assistência as camadas e extratos sociais mais necessitados.

O prolongamento da vida útil dos aproveitamentos hidráulicos diminui a

necessidade de consumo de mais materiais necessários à novas construções,

evitando discussões sobre o destino da estrutura comprometida.

17

2 REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO

O concreto por ser um material de construção largamente utilizado em todo

o mundo está sujeito a situações de degradação de acordo com o ambiente em que

está inserido e com seus materiais constituintes.

As interações do concreto com o meio podem resultar no aparecimento de

manifestações patológicas, que interferem na durabilidade das estruturas e,

consequentemente na sua vida útil.

Segundo Mehta e Monteiro (2008), existem efeitos físicos e químicos que

influenciam na redução da durabilidade das estruturas de concreto. Ainda de acordo

com os autores, as causas físicas e químicas estão intimamente relacionadas e

reforçam-se mutuamente, fazendo com que dificilmente consiga-se separar a causa

e o efeito da manifestação patológica.

Um dos fenômenos físico-químicos que resulta no comprometimento da

durabilidade do concreto é a reação álcali-agregado. Trata-se de um processo lento

em que alguns constituintes mineralógicos dos agregados reagem com hidróxidos

alcalinos liberados na hidratação do cimento, ou presentes na água de

amassamento, agregados, materiais pozolânicos, ou agentes externos, que estejam

dissolvidos na solução dos poros do concreto. O produto da reação é a formação de

uma substância viscosa, que é um gel, com propriedades expansivas. Por ser

higroscópico, atrai moléculas de água, as quais migram através da pasta de cimento

podendo gerar elevadas expansões.

Qualquer estrutura de concreto que contenha agregado reativo e que esteja

exposta à umidade pode sofrer essa reação e manifestar os problemas dela

decorrentes.

Um exemplo do efeito da reação álcali-agregado em estruturas pode ser

observado na FIGURA 1. A imagem mostra o parapeito da barragem de Val-de-la-

Mare (Jersey Island, U.K.), onde é visível o desalinhamento causado pelo

movimento diferencial de blocos adjacentes resultante da expansão devida à reação

álcali-agregado.

18

FIGURA 1 - Parapeito da barragem de Val-de-la-Mare: desalinhamento causado por RAA

(MEHTA & MONTEIRO, 2008).

A reação álcali-agregado, por ser lenta, poderá levar alguns anos para que

os primeiros sinais sejam visíveis, tais como a presença de mancha e exsudação do

gel, deslocamento de peças estruturais e fissuras desordenadas na superfície do

concreto, na forma de mapa (FURNAS, 1997).

2.1 HISTÓRICO

Na publicação de Swamy (1996), há relatos que em muitos países há

degradações avançadas em estruturas de concreto provenientes do processo de

reação álcali-agregado, como apresentado na FIGURA 2. Tais reações foram

reconhecidas como problemas, por volta do ano de 1940, na América do Norte.

De acordo com Furnas (1997), essa degradação é particularmente

encontrada nas áreas úmidas do concreto, sendo as estruturas deterioradas dos

mais variados tipos: barragens, pontes, pavimentos, quebra-mar, píer e fundações

19

de concreto em subestações elétricas. Entretanto, a reação álcali-agregado tem sido

referida às barragens, por apresentarem maior risco de ruína e em face das

dificuldades de reparo.

Após estes primeiros relatos, foram detectadas tais manifestações

patológicas em diversas regiões do mundo, na Dinamarca, nos anos 1950, na

Alemanha Ocidental, nos anos 1960, no Reino Unido, em meados dos anos 1970 e

no Japão, nos anos 1980 (VALDUGA, 2002).

Até pouco tempo, a preocupação com a reação álcali-agregado se dava

somente em obras hidráulicas, porém, recentemente na cidade de Recife/PE, foram

diagnosticados vários casos de blocos de fundação afetados pela reação álcali-

agregado, chamando atenção da população e da comunidade técnica (FIGURA 2).

Segundo Andrade (2007), entre janeiro de 2005 e março de 2007, foram estimados

15 casos de fissuração em blocos de fundação devido a RAA na região

metropolitana do Recife.

FIGURA 2 - Fissuras em bloco de fundação afetado pela RAA na cidade Recife/PE.

(ANDRADE, 2007)

Segundo Andriolo (2000), existem vários casos de barragens afetadas por

reação álcali-agregado no Brasil. Das 830 barragens brasileiras existentes até 2000,

perfazem um total de aproximadamente 62,7 milhões m3 de concreto. O primeiro

caso de tal reação deletéria observado no Brasil se deu nos estudos dos agregados,

utilizados na barragem de Jupiá no estado de São Paulo. O autor descreve, pelos

20

menos, 19 casos de barragens afetadas por reação álcali-agregado, onde as

estruturas atingidas não se limitam apenas às estruturas das barragens e, também

nas tomadas d’água, casas de força e vertedouros.

Em estruturas onde são instalados equipamentos hidrodinâmicos e elétricos,

como geradores e turbinas, as consequências são ainda maiores, no caso de

eventuais danos. Pois, surgem desníveis milimétricos provocados pelas expansões

nessas estruturas, e causam paralisações nas máquinas em hidrelétricas

(VALDUGA, 2002).

A degradação causada pela reação também pode ser observada nas

FIGURAS 3 e 4. A FIGURA 3 mostra o detalhe do topo de um dos pilares do

vertedouro com fissuração mapeada e lascamento nas bordas na Barragem de

Porto Colômbia. Na FIGURA 4 mostra-se a vista lateral do pilar do vertedouro com

fissuração, sentido montante a jusante, na Barragem de Furnas.

FIGURA 3 - Fissuras tipo mapa em um dos pilares do vertedouro da UHE de Porto Colômbia

(FURNAS, 1997).

Segundo Andriolo (2000), os principais sintomas decorrentes da Reação

álcali-agregado, são:

a) microfissuras no concreto, principalmente na argamassa que preenche o

espaço entre os agregados graúdos;

21

FIGURA 4 - Fissuras na vista lateral do pilar do vertedouro, sentido montante a jusante, da

UHE de Furnas (FURNAS, 1997).

b) fissuras na proximidade da superfície dos agregados graúdos, podendo

também ocorrer na interface pasta/agregado;

c) descolamento (perda de aderência) da argamassa junto à superfície dos

agregados graúdos;

d) possibilidade de ocorrência de bordas de reação ao redor dos agregados

que reagiram com os álcalis;

e) presença de gel exsudando ou preenchendo vazios no concreto;

f) movimentação (abertura e/ou deslocamento relativo) de juntas de

contração e de concretagem;

g) travamento e/ou deslocamento de equipamentos e peças móveis

(comportas, turbinas, eixos, pistões, etc.);

h) fissuração característica na superfície, com panorama poligonal, havendo

predominância na direção de maior dimensão. Em vários casos é confundida com o

panorama de reação por sulfatos ou até mesmo retração por secagem (quando as

fissuras são de pequena abertura), e com o panorama de fissuração por origem

térmica (quando as fissuras são de grande abertura);

i) fissuras de grande abertura, transversais à maior dimensão da estrutura;

j) movimentação das superfícies livres (alteamento de cristas de barragens e

soleiras de vertedouros, deflexões para montante nas estruturas de barragens).

22

De acordo com Lacasse et al. (2003 apud VALDUGA 2007), as mudanças

no volume destes produtos da reação álcali-agregado geram pressões internas na

ordem de 6 a 7 MP. Como o concreto, comumente, tem resistência à tração da

ordem de 2 a 3 MP, surge um quadro de tensões internas, com consequente

fissuração, que, em seguida, pode dar origem a outras manifestações patológicas do

material, tais como o desencadeamento de processos de corrosão e penetração de

águas agressivas, refletindo negativamente em suas propriedades mecânicas.

Segundo Paulon (1981), a reação álcali-agregado evidencia-se a partir de

fissuras em formato de “mapa”, nas superfícies expostas do concreto, descoloração

do concreto adjacente à fissura, bem como o fechamento de juntas de dilatação,

deslocamento de elementos estruturais e, em alguns casos, exsudação de gel sílico-

alcalino de cor esbranquiçada na superfície do concreto.

A maioria das obras que apresentam a reação álcali-agregado são

hidráulicas, principalmente barragens, porque para que haja a reação, faz-se

necessário que a solução alcalina nos poros do concreto consiga fazer a dissolução

de alguns minerais presentes nos agregados.

Desta forma, qualquer estrutura de concreto que contenha agregado reativo

e que esteja exposta à umidade pode sofrer esta reação e manifestar os problemas

decorrentes.

Quando identificada à reação, os danos causados são irreversíveis, ou seja,

uma vez que a reação é iniciada não há método para conter as reações. Esta

afirmação é reforçada por Paulon (1981), que ressalta a imprescindível necessidade

de identificação da potencialidade reativa do agregado, num curto espaço de tempo,

para que possam ser tomadas as medidas preventivas necessárias.

Como nem sempre isto é possível, uma alternativa é a utilização de adições

minerais pozolânicas, em substituição parcial do aglomerante, que reagem com os

hidróxidos solúveis resultantes das reações de hidratação do cimento.

2.2 MECANISMO DE OCORRÊNCIA DA REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO

Quando são analisadas as propriedades físicas e químicas dos agregados

naturais deve-se verificar a composição mineralógica, textura e estrutura interna,

pelo grau de alteração das rochas das quais foram obtidos e pelas alterações

23

ocorridas em serviço. De acordo com a pesquisa de Valduga (2007), a granulometria

dos agregados e as características de britagem das rochas influenciam diretamente

na ocorrência deste mecanismo de degradação.

Desta forma, de acordo com Priszkulnik (2005), a reatividade química dos

agregados depende, simultaneamente, da solubilidade ou instabilidade química

intrínsecas dos minerais constituintes, porosidade, permeabilidade e tamanho das

partículas. Analogamente, a massa específica dos agregados depende da massa

específica dos minerais constituintes e do seu grau de empacotamento atômico. A

resistência mecânica também depende da resistência intrínseca dos constituintes

granulares das rochas e da maneira como estão entrelaçados ou cimentados

(PRISZKULNIK, 2005).

A RAA é um processo químico que envolve íons alcalinos (Na± e K±,

provenientes, principalmente, do cimento, mas também da água de amassamento

do concreto, de pozolanas e de agentes externos), íons hidroxilas (OH)- e certos

constituintes mineralógicos do agregado (VALDUGA, 2008).

Quando ocorre a hidratação, o cimento produz silicato de cálcio hidratado

(C-S-H), hidróxido de cálcio e sulfoaluminato de cálcio. Ou seja, durante a

hidratação do cimento, os íons cálcio são incorporados nos produtos de hidratação,

mas os íons sódio e potássio permanecem na solução. Eventualmente, os mesmos

são parcialmente incorporados nos silicatos de cálcio hidratados e monosulfatos

(FERRARIS, 2007).

Continuando a hidratação e a dissolução dos componentes alcalinos do

cimento na água de amassamento, a solução dos poros do concreto vai se tornando

alcalina (PH aproximadamente 13,5). Os íons hidroxila e os álcalis solúveis

contribuem para o aumento do PH. A quantidade de álcalis presente na solução

porosa é relacionada à quantidade de álcalis solúveis presentes no concreto.

Nesse meio onde o PH é alto, os íons hidroxilas atacarão a superfície da

sílica. Algumas rochas (agregados compostos de sílica e minerais silicosos) não

permanecem estáveis por longos períodos, porque o PH alcalino aumenta muito a

dissolução da sílica. Para exemplificar, a solubilidade da sílica aumenta mais de

duas ordens de grandeza quando o PH passa de 10 para 11,5, conforme pesquisas

de Helmuth e Stark (1992). Assim sendo, se existirem agregados reativos e álcalis

disponíveis, é natural a ocorrência da reação. A representação dos ataques de

soluções alcalinas na sílica está apresentada nas FIGURAS 5 e 6.

24

FIGURA 5 - Representação esquemática do ataque de soluções alcalinas na sílica bem

cristalizada (FERRARIS, 2005).

FIGURA 6 - Representação esquemática do ataque de soluções alcalinas na sílica

fracamente cristalizada (FERRARIS, 2005).

A partir da FIGURA 5, nota-se que quando a sílica é bem cristalizada o

ataque se dá somente na superfície externa, sendo esse processo muito lento e são

poucos os íons de sílica que passam para a fase fluida. Nota-se na FIGURA 6 que a

sílica pouco cristalina permite a penetração generalizada dos íons alcalinos (Na+ ou

K+), assim acaba rompendo as ligações do sistema Si-O-Si, resultando numa

estrutura contendo álcalis, sendo o gel da reação álcali-agregado (DENT GLASSER;

KATAOKA, 1981)

25

Segundo Glasser (1992), o gel alcalino formado absorve água, provocando

uma pressão interna. Como consequência tem-se expansão e fissuração do

concreto, além de provocar a solubilização parcial do gel, fazendo com que haja

percolação de íons alcalinos. Com isso, Mehta e Monteiro (2008) afirmam que as

microfissuras atingem a superfície externa de acordo com a disponibilidade de água

junto ao concreto.

Segundo Shayan e Quick (1991) deve-se dar muita importância, num

segundo momento, à formação da etringita na zona de transição, no processo de

deterioração do concreto devido a RAA. Em ensaios realizados com concretos e

argamassas expostos a diversas condições de umidade e temperatura, os autores

observaram, através de microscopia eletrônica, espectometria por energia dispersiva

e difração de raios-x, que primeiramente formam-se os produtos oriundos de RAA

(gel álcali-silicoso), em seguida, as amostras mostraram a formação da etringita e

fissuração na zona de transição.

2.3 TIPOS DE REAÇAO ÁLCALI-AGREGADO

Segundo a ABNT NBR 15577-1:2008, a RAA acontece a partir da reação

química entre alguns constituintes presentes em certos tipos de agregados e

componentes alcalinos que estão dissolvidos na solução dos poros do concreto. Sua

ocorrência está condicionada à presença simultânea de três fatores: agregado

potencialmente reativo, umidade e álcalis.

De acordo com a ABNT NBR 15577-1:2008, a reação álcali-agregado pode

apresentar-se de três formas, em função da composição mineralógica dos

agregados constituintes do concreto.

• Reação Álcali-Sílica (RAS);

• Reação Álcali-Silicato (RASS);

• Reação Álcali-Carbonato (RAC).

Contudo, os danos ao concreto são inúmeros, e muitas vezes semelhantes

em termos de prejuízo e dificuldades de recuperação. Assim, todos os tipos de

reação merecem atenção, estudos e eventuais medidas preventivas (FURNAS,

1997).

26

2.3.1 Reação álcali-sílica

As reações denominadas reações álcali-sílica (RAS) são o tipo de reações

expansivas mais conhecidas e registradas no mundo e que mais rapidamente se

desenvolve. É o tipo de reação álcali-agregado em que participam a sílica reativa

dos agregados e os álcalis, na presença do hidróxido de cálcio originado pela

hidratação do cimento, formando um gel expansivo. Nela, as hidroxilas provenientes

dos álcalis do cimento reagem com a sílica nas fases amorfa, vítrea, microcristalina

presente em alguns tipos de agregados (ABNT NBR 15577:2008).

Constituem exemplos de sílica reativa: opala, tridimita, cristobalita, vidro

vulcânico, entre outros. As RAS produzem géis e cristais encontrados em todas as

estruturas degradadas de concreto, seja ao redor dos agregados, seja exsudada na

superfície do concreto (FIGURA 7).

FIGURA 7 - Detalhe de gel exsudando a partir da fissura na superfície do concreto

(HASPARYK, 2005).

Uma das teorias mais aceitas para explicar o mecanismo de reação é a da

pressão osmótica, citada por Fava (1987) e Hobbs (1988). Durante a fabricação do

concreto uma parte dos componentes alcalinos presente no cimento se dissolve na

água de amassamento. Posteriormente, no interior do concreto a concentração da

27

solução aumenta com o progresso da hidratação, tornando a solução fortemente

básica, a qual ataca as partículas suscetíveis do agregado reativo.

A pasta de cimento funciona como uma membrana osmótica, permitindo a

migração das moléculas aquosas para o gel, mas não deste para a solução. Assim,

o gel vai “inchando”. Envolto pela pasta de cimento, e sem poder migrar através

dela, começa então, a exercer pressões hidráulicas, cuja intensidade poderá

exceder a resistência de ruptura à tração da pasta de concreto, tendo como

consequência fissuras internas e externas no concreto (FURNAS, 1997).

A sílica amorfa constitui a forma mais desordenada e reativa dos tipos de

sílica e pode estar presente em calcedônias (uma variedade de quartzo fibroso ou

criptocristalino), e em certos tipos de vidros naturais vulcânicos e artificiais (como o

pyrex). Cristobalitas e tridimitas constituem formas cristalizadas metaestáveis de

sílica, enquanto a opala possui sílica na forma microcristalina (VALDUGA, 2002).

A sílica em formato tetraédrico tem como unidade básica estrutural o íon

silício Si4+, circundado por quatro íons de oxigênio O2- (SABBAG, 2003), conforme

FIGURA 8.

FIGURA 8 - Estrutura tetraédrica da sílica (HASPARYK, 2005).

De acordo com Valduga (2002), para que ocorra a RAS, é necessário que

haja ocorrência principalmente da cristalinidade da sílica, que poderá ser avaliada

qualitativamente por microscópio óptico. O gel produzido por esse tipo de reação

pode ser colorido ou branco, ceroso ou aquoso (FIGURA 9).

Quando molhado e exposto a dióxido de carbono, carbonatará e, em

seguida, quando seco, aparecerá esbranquiçado (VALDUGA, 2002).

28

FIGURA 9 - Aparência dos géis coletados na superfície do concreto de uma UHE afetado

pela RAS (HASPARYK, 2005).

2.3.2 Reação álcali-silicato (RASS)

A reação álcali-silicato é da mesma natureza da reação álcali-sílica, porém o

processo ocorre mais lentamente, envolvendo alguns silicatos que compõem os

feldspatos e a presença do quartzo deformado (tensionado), quartzo microcristalino

a criptocristalino e minerais expansivos do grupo dos filossilicatos (PRISZKULNIK,

2005).

Esta reação ocorre entre as hidroxilas dos álcalis do cimento e silicatos

presentes em rochas do tipo:

• algumas rochas sedimentares, como argilitos, siltitos, folhelhos argilosos e

grauvacas;

• algumas rochas metamórficas, como gnaisse e quartzitos;

• algumas rochas magmáticas, como os granitos.

De acordo com Valduga (2002), considera-se a reação álcali-silicato como

uma forma de reação álcali-sílica, subdividindo então os tipos de reação em apenas

dois, devido à grande semelhança.

Esta é a reação mais encontrada em barragens construídas no Brasil e

agora em blocos de fundações na região metropolitana do Recife (ANDRADE,

2007). A maior parte das barragens que apresentam esse tipo de deterioração em

nosso país foi construída com rochas do tipo quartzo-feldspáticas, tais como

quartzito, granito e gnaisses, com ocorrências distribuídas por vasta faixa territorial.

Isto justifica a grande ocorrência de reação álcali-silicato.

29

Apesar de ser um tipo de reação muito estudada até ainda não está

completamente esclarecida, sendo, portanto merecedora de mais estudos pela

grande frequência em que ocorrem particularmente no Brasil.

2.3.4 Reação álcali-carbonato (RAC)

A reação álcali-carbonato ocorre quando agregados carbonáticos contendo

calcário dolomítico e impurezas argilosas reagem com as hidroxilas dos álcalis. É o

tipo de reação que mais vem sendo estudada nestes últimos anos, devido a poucas

pesquisas existentes a seu respeito, à dificuldade em identificar agregados

carbonáticos reativos e ao fato de que essa reação não pode ser tão facilmente

inibida tanto quanto a reação álcali-sílica (VALDUGA, 2002).

No Canadá, Estados Unidos e China muitos casos de reação álcali-

carbonato têm sido relatados, principalmente na China, onde há muitas obras em

fase de construção, a partir da ascensão deste país no cenário na economia mundial

como uma grande potência, e as jazidas são quase na totalidade de agregados

dolomíticos e calcários. Estacas, trilhos ferroviários, aeroportos e pontes são as

estruturas mais afetadas (HOBBS, 1988).

Segundo SABBAG (2003), a RAC ocorre diferente das reações álcali-sílica e

álcali-silicato. Este tipo de reação ocorre quando são empregados certos tipos de

agregados carbonáticos contendo calcários dolomíticos e impurezas argilosas como

agregado para o concreto, que reagem com as hidroxilas dos álcalis.

As rochas que possuem reatividade contêm, em geral, grandes cristais de

dolomita [CaMg(CO3)2] espalhados e circundados por matriz de granulação fina de

calcita (CaCO3) e argila. Como característica divergente das outras reações citadas,

é que esta reação química não apresenta formação de gel expansivo, mas a

expansão é devida ao processo de desdolomitização, o que modifica o arranjo da

textura do calcário e causa o aumento do volume.

Segundo Priszkulnik (2005), os agregados potencialmente expansivos na

reação álcali-carbonato apresentam as seguintes características litológicas:

• Teor de argila ou teor de resíduo insolúvel na faixa de 5% a 25%;

• Relação calcita/dolomita de, aproximadamente, 1:1;

• Aumento do volume da dolomita;

• Pequenos cristais de dolomita (romboedros) na matriz argilosa.

30

Estudos foram conduzidos por Deng & Tang (1993) apud Valduga (2002),

provando que a reação de desdolomitização por si só já causa expansões. Ou seja,

rochas carbonáticas sem sílica reativa podem causar expansão quando reagem com

álcalis.

31

3 ADIÇÕES MINERAIS NA PREVENÇÃO DA REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO

A incorporação de adições minerais na produção de materiais cimentícios,

em geral, resulta na obtenção de melhores características técnicas, uma vez que

modificam a estrutura interna da pasta de cimento hidratada. Tais adições

comprovadamente diminuem o calor de hidratação, promovem a redução na

porosidade capilar do concreto, que é responsável por trocas de umidade, íons e

gases com o meio onde está inserido e, consequentemente, amenizam as fissuras

de origem térmica (GROENWOLD, 2010).

As adições minerais frente ao concreto produzido com agregados reativos

são, até o presente momento, ainda a única maneira de minimizar os danos gerados

pela RAA. A partir do conhecimento da potencialidade reativa do agregado,

recomendam-se ensaios com uso de adições para avaliar a inibição da reação

através deste mecanismo (VALDUGA, 2002).

3.1 ADIÇÕES MINERAIS

As adições minerais pozolânicas estão diretamente ligadas à produção de

concreto de alta resistência e alto desempenho, desde a década de 1980, devido ao

efeito químico relacionado com a adição, que envolve a formação adicional de

silicato de cálcio hidratado (C-S-H), produto responsável pela maior fração de

resistência das pastas de cimento. O outro efeito importante é a transformação de

grandes vazios, através da ocupação destes espaços, gerando uma grande

quantidade de poros menores. A redução de tamanho e volume de vazios reduz a

permeabilidade, sendo este o ponto principal referente à durabilidade

(GROENWOLD, 2010).

Materiais com características pozolânicos são materiais silicosos ou sílico-

aluminosos em forma de pó que, sozinhos, não possuem a capacidade de reagir

com água e endurecer, mas que, em presença de umidade e à temperatura

ambiente, reagem quimicamente com o hidróxido de cálcio para formar produtos

com poder aglomerante hidráulico (PRISZKULNIK, 2005).

A utilização de material pozolânico se dá de duas formas: como adição ao

cimento Portland durante sua fabricação (neste caso trata-se de uma substituição

32

parcial do clínquer do cimento), gerando os cimentos compostos (forma mais usual

em países como Brasil, França e Alemanha), ou como adição ao concreto (como é

mais comum nos Estados Unidos). Independente da forma, o resultado é

semelhante e muitos destes efeitos são benéficos. Entre as propriedades

influenciadas pela presença de adições pozolânicas estão o calor de hidratação, a

resistência mecânica, a fluidez e o aumento da durabilidade (ISAIA, 2010).

A reação pozolânica ocorre de forma lenta, desta forma a liberação de calor

também acompanha esta velocidade. O uso de adições minerais oferece a

possibilidade de reduzir o aumento da temperatura quase que em proporção direta à

quantidade de cimento Portland substituído por adição, sendo considerado o calor

de hidratação total produzido pelas reações pozolânicas como a metade do calor

médio produzido pela hidratação do cimento Portland (MEHTA e MONTEIRO, 2008).

Farias et al. (2007) analisaram a influência de aditivos químicos nas

expansões registradas com o método de ensaio preconizado na ASTM 1260:2007,

em argamassas com e sem adições (sílica ativa e metacaulim). Nas argamassas

sem adição, o comportamento das combinações não foi alterado (todas foram

classificadas como reativas, com expansões maiores que 0,2% aos 16 dias). Para

as argamassas com adição, o agregado continua sendo reativo aos 30 dias, porém,

aos 16 dias, os autores identificaram diminuições significativas das expansões,

desta forma evidenciam-se claramente os benefícios das adições minerais.

O efeito fíler e a reação pozolânica são ações responsáveis pela diminuição

do volume de vazios, pelo fortalecimento da microestrutura e refinamento dos poros,

sendo estes os pontos chave da melhora gerada em misturas cimentícias, pela

introdução de materiais pozolânicos, com vistas à mitigação da reação álcali-

agregado.

Estudos realizados por Paulon (1981) apresentam o efeito de pozolanas

brasileiras na inibição da RAA. O gráfico da FIGURA 10 mostra a redução da

expansão da reação álcali-sílica, ocasionada pela substituição de 30% de cimento

por pozolana. As FIGURAS 11 e 12 mostram dois blocos moldados com agregados

reativos. No bloco em que não foi utilizada pozolana apresenta a superfície bastante

fissurada (FIGURA 11) já o outro bloco confeccionado com o mesmo agregado, só

que com 30% de pozolana em substituição ao cimento, pode ser observado na

FIGURA 12.

33

FIGURA 10 - Redução na expansão devido à reação álcali-sílica por utilização de pozolana.

Adaptado de: (PAULON et al 1986 apud VALDUGA, 2002).

FIGURA 11 - Bloco de concreto sem

pozolana (PAULON et al 1986).

FIGURA 12 - Bloco de concreto com 30%

de pozolana (PAULON et al 1986).

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0 100 200 300 400 500

Exp

an

são

(%

)

Tempo (dias)

30 % de pozolana

sem pozolana

34

3.2 MATERIAIS POZOLÂNICOS E EFEITO FÍLER

Segundo a redação da ABNT NBR 12653:1992, materiais pozolânicos são

silicosos ou silicoaluminosos que, por si sós, possuem pouca ou nenhuma atividade

aglomerante, mas que, quando finamente divididos e na presença de água, reagem

com o hidróxido de cálcio à temperatura ambiente para formar compostos com

propriedades aglomerantes.

Para avaliar o índice de pozolanicidade, podem ser realizados os ensaios

prescritos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas e alguns procedimentos

listados a seguir:

ABNT NBR 5751:1992 – Índice de Atividade Pozolânica com Cal: o

ensaio consiste na elaboração de uma pasta composta por hidróxido de

cálcio, a pozolana em estudo, areia e água;

ABNT NBR 5752:1992 – Índice de Atividade Pozolânica com Cimento: o

ensaio consiste na comparação entre uma argamassa de referência

(cimento, areia e água) e uma argamassa com a adição da pozolana em

análise;

Chapelle modificado: uma determinada quantidade de material

supostamente pozolânico e de CaO são colocados para reagir na

presença de água fervente (100°C), em torno de 16 horas, o resultado é

expresso pela quantidade de óxido de cálcio consumido ou fixado por

grama de material pozolânico, e quanto maior o consumo de CaO, mais

pozolânico é o material (FREITAS, 2005).

Também segundo a ABNT NBR 12653:1992, os materiais podem ser

divididos em naturais ou artificiais. As pozolanas naturais, são aquelas cuja origem é

vulcânica, geralmente de caráter petrográfico ácido (65% de SiO2) ou de origem

sedimentar com atividade pozolânica. Já as pozolanas artificiais são materiais

resultantes de processos industriais ou provenientes de tratamento térmico com

atividade pozolânica, e podem ser divididas em argilas calcinadas, cinzas volantes e

outros materiais.

Segundo Santos (2006), o uso de pozolanas em adição ao cimento confere

ao concreto e a argamassa características como:

Menor calor de hidratação, pela troca de reações exotérmicas

(hidratação do cimento), por reações atérmicas (pozolânicas);

35

Melhor resistência ao ataque ácido em função da estabilização do

hidróxido de cálcio oriundo da hidratação do clínquer Portland e à

formação um C-S-H com menor relação CaO/SiO2 de menor

basicidade;

Maior durabilidade, contribuindo para a inibição da reação álcali-

agregado e diminuição do diâmetro dos poros da pasta hidratada,

reduzindo o ataque do material por substâncias externas como

cloretos e sulfatos.

A substituição parcial do cimento por pozolana implica ainda na

economia de energia e na redução do custo de fabricação do cimento,

o que aumenta o período de exploração das jazidas de calcário e

argila e, consequentemente, o período de produção da fábrica de

cimento. Além disso, há um aumento da capacidade de produção sem

a necessidade de novos investimentos (SANTOS, 2006).

Dentre todas as vantagens já destacadas, a utilização de materiais

pozolânicos em concretos com cimento Portland, aumenta a trabalhabilidade do

material, gera aumento da resistência à fissuração devido à redução da reação

álcali-agregado e contribui para uma maior impermeabilidade (MEHTA E

MONTEIRO, 2008).

O consumo anual de cimento, em 2012, foi de 70 milhões de toneladas

(SNIC, 2013). Com essa produção elevada, os efeitos no equilíbrio ambiental

acontecem de várias formas: exige um alto consumo de energia para atender tal

demanda; além de movimentar milhões de metros cúbicos de solo para obtenção de

matéria-prima para sua fabricação. O emprego de materiais resultantes de

processos industriais ou agrícolas diminui a quantidade de resíduo a ser lançado no

meio ambiente e reduz o impacto ambiental originado pela produção de cimento.

Assim, as pozolanas são energeticamente mais econômicas que o clínquer

do cimento Portland tendo implicações ecológicas, pois contribuem para um melhor

aproveitamento dos resíduos industriais poluidores, como é caso das cinzas

volantes transportadas pelos gases de exaustão das termelétricas, e da microssílica

oriunda das indústrias de ferro-silício e silício metálico (OLIVEIRA, BARBOSA,

2006), e até mesmo os resíduos de cerâmica moída e resíduos agrícolas como a

casca de arroz.

36

Mas é preciso deixar claro que, mesmo com as vantagens acima citadas,

oriundas da utilização de pozolanas em concreto, o uso do material apresenta

algumas desvantagens. Exemplo disso é a exigência do uso de aditivos redutores de

água, em função do aumento da demanda de água nas misturas e a necessidade de

cura adequada para que a reação pozolânica aconteça de forma satisfatória.

3.2.1 Sílica Ativa

Entre as pozolanas estudadas e empregadas atualmente, a sílica ativa (ou

comumente chamada microssílica) representa um importante papel no

desenvolvimento da tecnologia do concreto. A adição de sílica ativa ao concreto de

elevado desempenho assegura um aumento da resistência à compressão a níveis

mais elevados do que aqueles sem adição (GJORV, 1992). A ação física da sílica

ativa se traduz por uma pasta mais densa, resultando um concreto com

microestrutura igualmente mais densa e uniforme.

De acordo com Senff (2009), as dimensões e as formas dos grãos

arredondados da sílica ativa podem ser usados para explicar as boas características

desta pozolana, uma vez que funcionam como lubrificante eficaz na redução do

bloqueio dos agregados (FIGURA 13).

FIGURA 13 - Micrografia eletrônica de varredura da sílica ativa, que representa a forma arredondada das partículas (SENFF, 2009).

37

Segundo Mehta e Monteiro (2008), o uso de sílica ativa implica num

refinamento da dimensão dos poros e diminuição da dimensão dos cristais de CH ao

redor das partículas da pozolana. Como resultado desse comportamento, tem-se

então a densificação da pasta e da interface, melhorando as propriedades do

concreto, especialmente aquelas relacionadas com a penetração de líquidos e

gases.

A massa específica da sílica ativa é em torno de 2,20 kg/dm³. Segundo

CARMO (2006), o teor de SiO2 é maior que 85%, o diâmetro médio das partículas é

entre 0,10 e 0,20 µm e a superfície específica é cerca de 20.000 m²/kg.

A utilização desta adição mineral proporciona ao concreto no estado

endurecido a redução dos vazios, pois ela reage com o hidróxido de cálcio (um

cristal fraco e solúvel em água que representa 15 a 25% do volume da pasta)

transformando-o em C-S-H, um material resistente e insolúvel (FIGURA 14).

FIGURA 14 - Redução de vazios com a utilização da sílica ativa (TECNOSIL).

3.2.2 Cinza de casca de arroz

Nas últimas décadas, a cinza de casca de arroz tem tomado alto grau de

notoriedade e atenção por parte dos pesquisadores.

Esta adição é resultante da queima da casca de arroz para a produção de

energia calorífica no processo de secagem e parbolização dos grãos nas

beneficiadoras do cereal, ou a produção de energia elétrica em usinas termelétricas.

38

De acordo com a classificação de Mehta e Monteiro (2008), esta é uma

pozolana altamente reativa, constituída essencialmente de sílica pura, na forma não

cristalina e com diâmetro médio das partículas inferior a 0,1m. A cinza de casca de

arroz influencia de forma benéfica tanto os aspectos relacionados à resistência

mecânica, quanto os relacionados à durabilidade, sendo de ótima aplicação na

produção de concreto.

A FIGURA 15 mostra uma micrografia feita por microscopia eletrônica de

varredura de uma seção transversal de uma partícula de cinza de casca de arroz. A

micrografia foi feita a partir de uma amostra de cinza de casca de arroz produzida

em laboratório em combustão controlada e com extremo cuidado no manuseio para

se preservar a estrutura silicosa da casca (DAFICO 2001).

Na parte superior da FIGURA 15, uma epiderme corrugada e densa é

claramente visível. Segue-se, logo abaixo, uma estrutura em tubos e depois o

parênquima, estrutura celular com paredes muito finas.

FIGURA 15 - Micrografia eletrônica de varredura da cinza de casca de arroz (DAFICO,

2001).

A composição química da cinza de casca de arroz segundo Silveira et al

(2002) encontradas em diferentes regiões do mundo, são bastante semelhantes,

havendo diferença apenas nas condições de queima, fazendo com que o teor de

sílica apresente uma variação entre 90 e 95%. Os álcalis K2O e Na2O são as

principais impurezas presentes e os teores de CaO e MgO não ultrapassam 1%.

39

3.2.3 Metacaulim

A adição mineral metacaulim é aluminosilicosa obtida da calcinação de

argilas extremamente finas, compostas com caulinita a temperaturas entre 6000C e

9000C. Tem como composição química predominante a sílica (aproximadamente

50%) e alumina (aproximadamente 40%). Sua coloração é variável, que depende do

teor de óxido de ferro presente na matéria prima. Segundo Fonseca (2010), o

metacaulim diferencia-se das outras adições minerais por não ser um rejeito

industrial e possui controle de produção específico.

De acordo com Rocha (2005), o metacaulim é um material pozolânico, cuja

distribuição atômica apresenta pouca ou nenhuma organização cristalina, sendo um

material predominantemente amorfo. Quando adicionado ao cimento Portland e

desta forma havendo a interação com o clínquer, leva à formação de outros

compostos mais estáveis e mais resistentes mecânica e quimicamente. Seu efeito

pozolânico é tão maior quanto maior for sua qualidade e finura, entretanto as

características dos outros componentes da mistura, em especial do cimento

Portland, também têm grande influência na eficácia do metacaulim.

Segundo Nita (2006), dentre as vantagens da utilização do metacaulim,

destaca-se os benefícios ambientais, pois um dos resíduos gerados pela produção

desta adição mineral é o vapor de água, que pode ser lançado diretamente na

atmosfera sem qualquer dano ao meio ambiente. Além disso, a utilização de

metacaulim como adição no concreto faz com que o consumo de cimento seja

menor, havendo assim uma menor emissão de gás carbônico na atmosfera.

A produção em escala comercial desta adição teve início no ano 2000, onde

seu principal uso é a prevenção de reações álcali-agregado e produzir melhorias na

durabilidade do concreto em ambientes agressivos. O tamanho médio das partículas

é de 1,5µm e a superfície específica está em torno de 16.800m2/kg (RILEM, 1998).

Os grãos possuem formato prismático e com textura áspera, o tamanho das

partículas é variável de acordo com as características de moagem.

De acordo com a Metacaulim do Brasil, a dosagem média recomendada de

substituição do cimento por metacaulim deve ser de 4% a 12%.

Medeiros e Helene (2004) realizaram na POLI-USP estudos que

demonstraram a eficiência do metacaulim no que diz respeito à mitigação da RAA,

resistência à penetração de cloretos, redução da absorção e permeabilidade a água,

40

elevação da resistividade elétrica, entre outros fatores. Estes estudos foram e

continuam sendo muito importantes para a consagração desta adição no mercado

nacional.

3.2.4 Pó de quartzo

Este material consiste basicamente em sílica moída e obtida a partir de

matérias-primas de qualidade elevada. Esses materiais estão disponíveis em

granulometrias variadas, destinados à produção de tintas, plásticos, borrachas,

esmaltes, abrasivos e concretos de alta resistência, etc.

O pó de quartzo é largamente utilizado nos concretos de pós-reativos (CPR),

que se baseia no princípio da formação de um produto com o mínimo defeito, como

microfissuras e poros capilares, obtidos pelo aumento da compacidade e resistência

dos materiais constituintes da matriz do concreto.

Esta adição mineral é composta fundamentalmente por pós (areia de

quartzo, cimento comum, pó de quartzo e sílica ativa), fibras de aço de pequenas

dimensões, superplastificante e água em quantidade mínima necessária para

hidratar os componentes cimentantes, sendo os sólidos com tamanhos inferiores a

2mm.

Segundo Richard & Cheyrezy (1995, apud TUTIKIAN et al., 2011), deve-se

ressaltar que o pó de quartzo apresenta reatividade quando submetido as altas

temperaturas, o que ocorre durante a cura do CPR, elevando as resistências finais

da mistura.

3.2.5 Resíduo cerâmico

Atualmente existem muitos tipos de resíduos de cerâmica de argila vermelha

que constituem subprodutos da indústria, cada tipo com diferenças marcadas pela

constituição mineralógica, cor, dureza, em grande parte resultante da matéria-prima

utilizada, mas também do tratamento térmico a que os produtos foram sujeitos.

A dureza das matérias-primas é um fator importante na seleção do

equipamento a ser utilizado para a realização da moagem. Em se tratando de

materiais cerâmicos, cuja matéria-prima básica é argila, o processo de moagem

utilizando moinhos de bolas é largamente utilizado. O referido processo permite

41

obter uma distribuição granulométrica bastante fina e pode ser realizado a úmido ou

a seco.

Os tempos de moagem excessivamente grandes não correspondem a uma

melhor moagem. Pois existe um tempo de moagem adequado para cada material e

moinho específico. Ultrapassando-se este tempo não haverá um melhor rendimento,

apenas elevação do custo do processo e o desgaste do moinho sem obter uma

moagem mais fina ou maior reatividade do material, como podem ser observados no

trabalho de Vieira (2005).

Ao testar a pozolanicidade dos tijolos vermelhos moídos, as argamassas

com cal apresentaram uma pequena redução na velocidade de secagem, apesar do

incremento na resistência à compressão (MATIAS et al., 2012). Em pastas com

cimento Farias Filho et al. (2000) obtiveram aumento da resistência à compressão

comparada com o traço de referência, porém com teores de substituição de tijolo

moído acima de 20%, houve decréscimo nas resistências à flexão.

3.2.6 Fíler

Fíler é um material finamente dividido, com diâmetro médio próximo ao do

cimento, que comprovadamente, devido à sua ação física, traz melhorias para

algumas propriedades do concreto, quando presente em pequenas quantidades

(normalmente menor que 15% sobre a massa de cimento). Entre as propriedades

otimizadas, pode-se citar a trabalhabilidade, a massa especifica, a permeabilidade, a

exsudação e a tendência de fissuração (NEVILLE, 1995).

Os fíleres podem ser materiais naturais ou materiais inorgânicos

processados. O essencial é que possuam uniformidade e, principalmente, sejam

finamente divididos.

A ABNT NBR 11578:1991 limita o conteúdo de fíler em 10% para os

cimentos Portland compostos, salientando que o material carbonático utilizado como

fíler deve ter no mínimo 85% de CaCO3.

42

4 PROGRAMA EXPERIMENTAL

A ação preventiva necessária para evitar danos decorrentes da reação

álcali-agregado está intimamente ligada ao grau de risco de sua ocorrência em

função das condições de exposição e do tipo de estrutura ou elemento de concreto

no qual o agregado vai ser empregado (ABNT NBR 15577-1:2008).

Assim, para estruturas provisórias ou quando a possibilidade de ocorrência

da RAA for desprezível, é desnecessária qualquer ação preventiva. Quando as

condições ambientais que poderão estar exposta a estrutura ou elemento de

concreto, bem como seu tipo indicar risco mínimo de ocorrência, as ações

preventivas também devem ser fortes. A classificação da ação preventiva necessária

para a mitigação da RAA deve ser indicada pelo responsável técnico da obra (ABNT

NBR 15577-1:2008).

Para avaliar a atenuação da reação álcali-sílica, foram utilizadas como

adições minerais: fíler, metacaulim, sílica ativa, cinza de casca de arroz, pó de

quartzo e resíduo cerâmico, este último em três finuras. Entre estas adições

minerais, o fíler calcário e o pó de quartzo (também chamado de fíler quartzoso), são

materiais inertes, o metacaulim, a cinza de casca de arroz e a sílica ativa são

adições reconhecidamente pozolânicos e o material cerâmico que ainda não possui

classificação referente à pozolanicidade. Para os ensaios de avaliação da reação

álcali-agregado, utilizaram-se os procedimentos sugeridos pela ABNT NBR 15577-

4:2008 - Determinação da expansão em barras de argamassa pelo método

acelerado.

A análise petrográfica é o primeiro passo na investigação das

potencialidades reativas do agregado, pois fornece informações sobre a composição

mineralógica, ou seja, a presença ou não de constituintes do agregado suscetíveis

aos álcalis do cimento e seu porcentual.

A decisão do uso do agregado e, eventualmente, de medidas mitigadoras

estabelecidas na ABNT NBR 15577:2008, conforme fluxograma da FIGURA 16 deve

considerar a análise de risco.

43

FIGURA 16 – Fluxograma geral para uso do agregado em concreto (ABNT NBR 15577-1:2008)

Após a análise petrográfica do agregado, deve-se realizar o ensaio

acelerado em barras de argamassa, conforme prescreve a ABNT NBR 15577-

4:2008. Quando o resultado obtido nesse ensaio indicar expansão menor que 0,10%

aos 16 dias, o agregado pode ser considerado potencialmente inócuo para uso em

concreto (FIGURA 17). Caso a expansão obtida no ensaio acelerado seja maior ou

igual que 0,19% aos 30 dias, o agregado é considerado potencialmente reativo

nesse ensaio (FIGURA 18).

44

FIGURA 17 - Fluxograma da avaliação da eficiência de materiais inibidores da reação

(ABNT NBR 15577-1:2008)

45

FIGURA 18 - Fluxograma para a classificação laboratorial do agregado quanto a reação álcali-agregado (ABNT NBR 15577-1:2008)

A influência das adições minerais foi avaliada com a confecção de 54 corpos

de prova, divididos da seguinte forma: 6 corpos de prova sem adição, ou seja com

100% de cimento como aglomerante, 48 corpos de prova com substituição de 10%

do aglomerante pelas adições minerais: filer calcário, sílica ativa, cinza de casca de

arroz, metacaulim, pó de quartzo e resíduo de material cerâmico, sendo utilizados 6

corpos de prova para cada adição.

4.1 MATERIAIS

4.1.1 Cimento

O cimento utilizado para pesquisa foi do tipo Portland CP V ARI (Alta

Resistência Inicial), pois este é o mais utilizado em ensaios que visam medir a

46

reatividade dos agregados, sendo o cimento com o menor teor de adições em

fábrica, permitindo avaliar o efeito da presença das adições.

Este aglomerante satisfaz aos critérios expostos na NBR 5733:1991; finura

de 4.266 cm2/g, conforme preconiza a ABNT NBR NM 76:1998; equivalente alcalino

total expresso em Na2Oeq de 0,73, determinado de acordo com a ABNT NBR NM

17:2012 e expansão em autoclave igual a 0,50 mm, determinada pelo método

prescrito pela ASTM C 151:2009. A massa específica do cimento é 3,13 g/cm3.

Os dados de caracterização do cimento foram fornecidos pelo fabricante

(ITAMBÉ). A TABELA 1 apresenta a caracterização físico-química do cimento.

TABELA 1 – Características físico-químicas do cimento Portland CP V – ARI.

Análise química

Cao (%)

SiO2 (%)

Al2O3 (%)

Fe2O3 (%)

MgO (%)

SO3 (%)

CaO livre (%)

Perda Fogo (%)

Resíduo Insolúvel (%)

Equivalente Alcalino (%)

59,72 18,34 4,12 2,52 5,35 3,05 1,49 3,20 0,63 0,62

Análise física

Expansão Quente (mm)

Início Pega

(h)

Fim Pega

(h)

Consistência Normal

(%)

Blaine cm

2/g

# 200 (%)

# 325 (%)

1 dia (MPa)

3 dias (MPa)

7 dias (MPa)

28 dias (MPa)

0,50 02:15 03:00 27,6 4.370 0,10 2,80 23,40 37,60 42,70 51,10

4.1.2 Adições minerais

As adições minerais utilizadas são o fíler calcário, a sílica ativa, a cinza de

casca de arroz, o metacaulim, o pó de quartzo e o resíduo de material cerâmico. A

TABELA 2 mostra os valores de massa especifica e área específica destas adições.

Segundo a NBR 15577-4:2008, a quantidade de cimento para o ensaio deve

ser de 440 g e a soma das várias finuras do agregado, 990 g, para uma relação a/c

de 0,47. Para este estudo, foram duplicadas as quantidades de materiais e

adicionados 20% para eventuais perdas, buscando-se obter 6 barras de argamassa,

sendo substituídos 10% da massa de cimento para cada uma das adições.

47

TABELA 2 - Massa específica e área específica BLAINE das adições minerais

Adições minerais Massa específica

Área específica BLAINE

(g/cm3) (cm2/g)

ATIVAS

Cinza de casca de arroz 2,12 6960

Sílica ativa 2,18 7180

Metacaulim 2,50 4740

INERTE Fíler calcário 2,70 7600

Pó de quartzo 2,60 7950

DÚVIDA

Resíduo cerâmico 0,5h 2,60 2710

Resíduo cerâmico 1h 2,63 3300

Resíduo cerâmico 1,5h 2,65 4940

Para os resíduos cerâmicos, ainda não há uma classificação no que diz

respeito à pozolanicidade do material, esta dúvida será resolvida com os ensaios de

atividade pozolânica com cimento.

4.1.2.1 Metacaulim

O metacaulim utilizado para a realização desta pesquisa é fabricado pela

Metacaulim do Brasil. De acordo com o fabricante, sua finura # 325 (via úmida) é

menor do que 1,0% e a área específica maior do que 300.000 cm²/g. Para se ter

uma ideia de comparação, o cimento CPV ARI tem área específica da ordem de

4.476 cm2/g, ou seja, o metacaulim utilizado tem finura muito maior do que este tipo

de cimento que é o cimento mais fino do mercado brasileiro. Outras características

do material podem ser vistas na TABELA 3.

TABELA 3 - Características físicas e químicas do Metacaulim fornecidas pelo fabricante.

Características Físicas e Químicas

Teor de SiO2 51%

Teor de Al2O3 41%

Área específica > 300.000 cm2/g

Formato da partícula Prismático

Massa específica < 260 kg/m3

48

4.1.2.2 Sílica ativa

A sílica ativa utilizada é fabricada pela Tecnosil e foi doada pela empresa

para a realização desta pesquisa. De acordo com o fabricante, suas características

físicas e químicas são descritas na TABELA 4.

TABELA 4 - Características físicas e químicas da Sílica Ativa fornecidas pelo fabricante.

Características Físicas e Químicas

Teor de SiO2 > 90%

Área específica 190.000 cm2/g

Formato da partícula Esférico

Massa unitária não densificada < 350 kg/m3

Massa unitária densificada > 350 kg/m3

4.1.2.3 Cinza de casca de arroz

A cinza de casca de arroz é proveniente da combustão controlada em

caldeira com leito fluidizado na Geradora de Energia Elétrica Alegrete (GEEA),

sendo os dados da TABELA 5 disponibilizados pelo fornecedor.

TABELA 5 - Composição química da sílica de casca de arroz.

Composição Química Teor em Massa (%)

Perda ao fogo 3,00

Dióxido de silício 93,77

Óxido de alumínio 0,19

Óxido de ferro 0,20

Óxido de cálcio 0,78

Óxido de magnésio 0,25

Óxido de sódio 0,08

Óxido de potássio 1,35

Trióxido de enxofre 0,03

Pentóxido de fósforo 0,36

Óxido de manganês 0,25

Dióxido de titânio nd

49

4.1.2.4 Filer calcário

O fíler calcário utilizado é proveniente da fábrica Itaú de Minas da Votorantim

Cimentos, sendo este material utilizado na produção de cimentos e argamassas

nesta fábrica. O material não é analisado quimicamente, a fábrica possui histórico da

rocha, porém esse resultado não é fornecido. O material está em processo de

caracterização.

4.1.2.4 Pó de quartzo

O pó de quartzo utilizado neste estudo é comercialmente chamado de Sílica

Malha 325 e foi disponibilizado pela Mineração Jundu por doação para fins de

pesquisa para a Universidade Federal do Paraná. O produto é extraído e beneficiado

na cidade de Araguari, interior do estado de São Paulo. Suas características

químicas são descritas na TABELA 6.

TABELA 6 - Análise química e índice de umidade do pó de quartzo fornecido pela Mineração

Jundu.

Elemento Unidade Resultado

Umidade % 0, 020

Perda ao fogo % 0, 130

Teor de SiO2 % > 99, 000

Teor de Fe2O3 % < 0, 050

Teor de Al2O3 % < 0, 300

Teor de TiO2 % < 0, 035

4.1.2.5 Material cerâmico

O material cerâmico utilizado é oriundo de blocos cerâmicos (tijolos de

cerâmica vermelha) provenientes da região de Prudentópolis. Posteriormente eles

foram moídos em moinho de martelo até passarem pela peneira 4,8 mm (peneira

n.4) e depois levados para o moinho de bolas nos tempos determinados: 0,5; 1 e 1,5

hora.

Desta forma, as amostras de cerâmica foram as seguintes:

50

0,5h: material cerâmico moído por 0,5h;

1h: material cerâmico moído por 1h;

1,5h: material cerâmico moído por 1,5h;

4.1.3 Agregados

O material escolhido para o experimento foi caracterizado por Tiecher (2005)

e utilizado por Valduga (2008), sendo granito proveniente de rocha potencialmente

reativa, com expansão entre 0,1% e 0,19% aos 16 dias, de acordo com

especificações da ASTM C 1260:2001, proveniente da região de Curitiba-PR.

(FIGURA 19).

FIGURA 19 - Agregado utilizado para o ensaio

O agregado utilizado foi processado com o mínimo de britagem necessária,

utilizando-se o aparelho de Abrasão Los Angeles da Universidade Estadual de Ponta

Grossa – UEPG (FIGURA 20). Desta forma, foram obtidas as frações em massa de

agregados requeridas na ABNT NBR 15577-4:2008, que são os materiais retidos

nas peneiras: 2,36mm, 1,18mm, 0,60mm, 0,30mm e 0,15mm.

51

FIGURA 20 - Britador Los Angeles (mesmo modelo utilizado para a britagem dos materiais)

4.2 PROCEDIMENTOS DE ENSAIOS

O trabalho foi baseado em dois ensaios, o primeiro teve o objetivo de

analisar se os materiais em questão se enquadravam como pozolânicos, segundo a

norma ABNT NBR 5752:2012, medindo seu índice de atividade pozolânica, e o

segundo, para medir o seu potencial de mitigação da RAA, segundo a NBR 15577-

4:2008.

4.2.1 Índice de atividade pozolânica (IAP) com cimento Portland (NBR 5752:2012)

A determinação do IAP com cimento Portland requer, no estado fresco, um

índice de consistência pré-estabelecido (225 ± 5 mm), resultando em variados

volumes de água de mistura entre as argamassas, de acordo com os diferentes tipos

de adições minerais utilizados. A TABELA 7 apresenta as proporções de mistura das

argamassas, em massa, para a mistura de referência e para os diferentes tipos de

adições minerais.

52

TABELA 7 - Proporção de mistura das argamassas e relação água/sólidos

1 Areia normal brasileira (NBR 7214/2012): 234 gramas de cada fração granulométrica.

2 Relação água/sólidos: quociente entre a massa de água e a soma das massas de cimento Portland

e adição mineral contidas na argamassa – água/(cimento Portland + adição mineral).

A quantidade de material pozolânico para o ensaio é definido através da

seguinte equação:

Onde:

QMP = Quantidade de material pozolânico.

= Massa específica do cimento, determinada de acordo com a ABNT

NBR NM 23.

= Massa específica do material pozolânico determinada de acordo com a

ABNT NBR NM 23.

Para este ensaio foi preparada uma argamassa de referência que contém

apenas cimento Portland e mais uma para cada adição em teste de modo a se ter

35% do volume absoluto de cimento substituído pelo material pozolânico. Foi

realizada a moldagem de três corpos de prova cilíndricos de 50 mm de diâmetro por

100 mm de altura para cada argamassa e esta norma também foi tomada como

referência para definição das proporções dos materiais empregados.

REFERÊNCIA Cimento CP V – ARI 312 ------ 150,0 0,48

Cinza de casca de

arroz74 181,9 0,66

Sílica ativa 76,1 210,0 0,75

Metacaulim 87,2 201,0 0,69

Fíler calcário 94,2 159,0 0,54

Fíler quartzoso 90,7 171,0 0,58

Adições ativas

Adição inerte

202,8936

Argamassas

Massa dos materiais (g) Relação

Água/Sólidos2

(g/g)CimentoAreia

normal1

Adição

mineralÁgua

Equação 1 - Quantidade de material pozolânico

53

Após a moldagem, os corpos de prova foram curados nos próprios moldes

durante 24 ± 0,5 h a temperatura de 23 ± 2ºC e durante 27 dias a temperatura de 38

± 2°C. A ruptura à compressão dos corpos de prova foi realizada aos 28 dias.

Os corpos-de-prova foram rompidos aos 28 dias e comparados com

resistência à compressão da argamassa de referência. Para se constatar a

pozolanicidade do material, a ABNT NBR 5752:2012 preconiza que a argamassa

com 35% de substituição de cimento por adição deve ter resistência à compressão

maior ou igual a 75% da resistência à compressão da argamassa de referência (sem

substituição).

4.2.2 Determinação da reatividade álcali-sílica potencial de acordo com a ABNT

NBR 15577-4:2008

O experimento foi realizado de acordo com a ABNT NBR 15577-4:2008 -

Determinação da expansão em barras de argamassa pelo método acelerado. O

experimento foi realizado no Laboratório de Durabilidade do Concreto (DURACON)

do Departamento de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná – UFPR.

As quantidades de cimento e de adições encontram-se expostas na TABELA

8.

TABELA 8 - Dosagem dos materiais utilizados

Dosagem de materiais

Material Quantidade g Porcentagem

Cimento CP V ARI 950,4 -

Adição Mineral (Filer calcário, sílica ativa,

cinza de casca de arroz e metacaulim) 105,6 -

Água 0,47 496,32 -

Agregado retido #2,36mm 237,6 10%

Agregado retido #1,18mm 594 25%

Agregado retido #0,60mm 594 25%

Agregado retido #0,30mm 594 25%

Agregado retido #0,15mm 356,4 15%

54

O ensaio acelerado de barras de argamassa, preconizado pela ABNT NBR

15577-4:2008, sem dúvida é o método mais difundido e utilizado em todo o mundo.

As barras de argamassa de 2,5 x 2,5 x 28,5 cm são confeccionadas com uma

relação água/cimento fixa de 0,47 e, após um período inicial de cura em estufa por

24h, as barras são imersas em solução de hidróxido de sódio (NaOH – 1N),

mantendo-se a uma temperatura de 80ºC durante pelo menos 16 dias (FIGURA 21).

Isto com o objetivo de simular as piores condições de submissão do agregado

(ANDRADE, 2007).

a) Banho

termorregulador

b) Barras de argamassa

acomodadas no banho

FIGURA 21 - Recipiente de Armazenamento das Barras de Argamassa.

O resultado deste ensaio pode ser interpretado através dos seguintes limites

de expansão (ANDRADE, 2007):

• Expansões inferiores a 0,10% aos 16 dias de idade indicam um

comportamento inócuo do agregado na maioria dos casos;

• Expansões superiores a 0,10% e inferiores a 0,19% aos 30 dias de idade,

indicam um comportamento potencialmente reativo;

• Expansões superiores a 0,19% aos 30 dias de ensaio indicam um

comportamento reativo do agregado.

O mecanismo para medição das expansões geradas pela reação deletéria

pode ser observado na FIGURA 22.

55

FIGURA 22 - relógio comparador de comprimento

Os procedimentos de misturas das argamassas seguiram as

recomendações da norma já citada, no que diz respeito à ordem de mistura dos

materiais, ao tempo de mistura, à moldagem das barras de argamassa, aos

procedimentos de cura inicial e desforma das barras.

As barras ficaram imersas, em todo o período de ensaio, em um banho

termorregulador com temperatura controlada e mantida em 80±2ºC, em solução de

NaOH p.a., na concentração de 40,0 g para cada litro de água destilada. Sendo

retiradas, feitas as medições e colocadas novamente no banho termorregulador

dentro do período máximo de 10 minutos.

A ABNT NBR 15577-4:2008 recomenda leituras iniciais, nas idades de 16

dias e 30 dias. Mas, visando uma avaliação mais completa das leituras de expansão

nas barras, foram realizadas leituras duas vezes por semana, incluindo o 16º e o 30º

dias.

O aparelho utilizado para medida foi um relógio comparador de

comprimento, representado na FIGURA 22, capaz de medir variações totais de 5,0

mm e precisão de 0,001 mm.

O cálculo da variação do comprimento dos corpos de prova é realizado

através da seguinte equação:

56

Onde:

Li – leitura inicial do comprimento dos corpos-de-prova (mm);

Lxi – demais leituras do comprimento, feitas em intervalos de tempo

predeterminados pela norma (mm);

Equação 2 - Cálculo da variação do comprimento das barras de argamassa

57

5 RESULTADOS

5.1 ÍNDICE DE ATIVIDADE POZOLÂNICA COM CIMENTO

No ensaio que determina o índice de atividade pozolânica em um

determinado material cimentício, têm-se como indicador a resistência à compressão,

comparando os resultados de ruptura dos corpos de prova de referência com

aqueles com substituição de parte do cimento pelas adições. O material será

considerado pozolânico, se o percentual de resistência à compressão for igual ou

superior a 75% do resultado da série de referência (ABNT NBR 5752:2012).

A TABELA 9 apresenta os valores obtidos de resistência à compressão no

ensaio de índice de atividade pozolânica com cimento para as adições minerais:

cinza de casca de arroz, sílica ativa, metacaulim, fíler calcário e fíler quartzoso. Os

materiais cerâmicos juntamente com a repetição do ensaio para o metacaulim estão

apresentados na TABELA 10.

TABELA 9 – Resultado resistência à compressão - IAP cimento

Argamassas 28 dias (MPa)

CP 1 CP 2 CP 3 Média

Cimento CP V – ARI 39,5 42,1 41,6 41,1

Cinza de casca de arroz 36,7 40,9 32,9 36,8

Sílica ativa 29,6 34,9 33,9 32,8

Metacaulim 20,7 16,2 18,1 18,3

Fíler calcário 23,2 23,5 23 23,2

Fíler quartzoso 24 23 22,4 23,1

TABELA 10– Resultado resistência à compressão - IAP cimento

Argamassas 28 dias (MPa)

CP 1 CP 2 CP 3 Média

Cimento CP V – ARI 44,0 43,6 44,3 44,0

Metacaulim 35,1 36,5 37,3 36,3

Resíduo cerâmico t=0,5h 24,2 24,8 23,9 24,3

Resíduo cerâmico t=1,0h 27,1 25,5 24,5 25,7

Resíduo cerâmico t=1,5h 29,6 30,4 31,0 30,3

58

A FIGURA 23 representa um gráfico, para as argamassas com cada tipo de

adição, para a verificação do índice de atividade pozolânica.

O metacaulim, uma adição considerada de elevada reatividade, não foi

classificada como uma pozolana no primeiro ensaio, segundo a NBR 5752:2012,

apresentando um resultado inferior ao filer calcário testado, portanto, para a

comprovação destes resultados o ensaio foi refeito. Por outro lado, os demais

resultados estão dentro do esperado, que é o enquadramento da sílica ativa e da

cinza de casca de arroz como materiais pozolânicos, o fíler calcário e o fíler

quartzoso como materiais inertes.

FIGURA 23 - Índice de atividade pozolânica com cimento das adições minerais

No segundo ensaio onde foram realizados ensaios com os resíduos

cerâmicos, com as três finuras e a repetição do ensaio com o metacaulim, assim

obtiveram-se os resultados apresentados no gráfico da FIGURA 24.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

100 %CIMENTO

FILERCALCÁRIO

SILICA ATIVA CINZA DECASCA DE

ARROZ

METACAULIM FILERQUARTZOSOR

ES

IST

ÊN

CIA

À C

OM

PR

ES

O (

MP

a)

ADIÇÕES MINERAIS

ÍNDICE DE ATIVIDADE POZOLÂNICA

75% de 41,1MPa

59

FIGURA 24 - Índice de atividade pozolânica com cimento das adições minerais

Neste segundo ensaio, o resultado da adição metacaulim demonstrou o seu

enquadramento como material pozolânico e para os resíduos cerâmicos, os

resultados apontam para um material inerte, mas pode-se observar que quanto

menor a finura o material mais ele se aproxima de um material pozolânico.

5.2 MITIGAÇÃO DA REAÇÃO ÁLCALI-SÍLICA

De acordo com a ABNT NBR 15577-4:2008, os resultados devem ser

apresentados no relatório contendo as tabelas e gráficos com a evolução da

expansão média percentual das barras de argamassa obtidos nas idades avaliadas,

incluindo sempre a idade de 16 dias e 30 dias.

Todas as barras foram moldadas seguindo o mesmo método, descrito na

metodologia, e ensaiadas exatamente da mesma maneira, com leituras nas mesmas

idades e submetidas às mesmas condições de estocagem e leitura. Isto para evitar a

interferência de outros fatores nos resultados de expansão que não aqueles que se

desejava analisar.

A principal característica que pode ser observada foi a presença de poros

contendo um material esbranquiçado em todas as amostras, também foi observado

quadro de exsudação do gel proveniente da reação álcali-sílica, visível a olho nu

conforme mostrado na FIGURA 25.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

100 % CIMENTO METACAULIM RESÍDUOCERÂMICO t=0,5h

RESÍDUOCERÂMICO t=1h

RESÍDUOCERÂMICO t=1,5h

RE

SIS

NC

IA À

CO

MP

RE

SS

ÃO

(M

Pa)

ADIÇÕES MINERAIS

ÍNDICE DE ATIVIDADE POZOLÂNICA

75% de 44,0 MPa

60

FIGURA 25 – Poros contendo material esbranquiçado

Cabe salientar aqui que as condições de classificação da ABNT NBR

15577:2008 - limites de expansão de 0,1% aos 16 dias e 0,19% aos 30 dias, são

válidas somente para as condições de moldagem previstas na norma, ou seja,

relação a/c 0,47, e idade de referência de 16 dias e 30 dias. Entretanto, para fins

comparativos, neste trabalho foram consideradas, adicionalmente, a evolução da

expansão até 60 dias.

Nas tabelas (TABELA 11 até TABELA 20) contidas nos Anexos, são

apresentados os resultados do ensaio acelerado para cada uma das adições

minerais.

Para poder analisar mais detalhadamente as expansões nas idades de

ensaio indicadas pelo método descrito na ABNT NBR 15577:2008 (16 e 30 dias),

são apresentados inicialmente gráficos individuais (FIGURA 26 até a FIGURA 34) da

evolução das expansões de cada adição mineral, em comparação com a amostra de

referência, para os quais são exibidas as leituras até os 60 dias de idade.

61

FIGURA 26 - Evolução da expansão média das barras de argamassa, com adição de fíler calcário e 100% de cimento.

FIGURA 27 - Evolução da expansão média das barras de argamassa, com adição de sílica ativa e 100% de cimento.

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70

Ex

pa

ns

ão

(%

)

Tempo (dias)

100% Cimento Filer calcário

POTENCIALMENTE REATIVA

INÓCUA

REATIVA

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75

Ex

pa

ns

ão

(%

)

Tempo (dias)

100% cimento Sílica ativa

POTENCIALMENTE REATIVA

INÓCUA

REATIVA

62

FIGURA 28 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com adição de cinza de casca de arroz e 100% de cimento.

FIGURA 29 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com adição de metacaulim e 100% de cimento.

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0,300

0,350

0,400

0,450

0,500

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75

Ex

pa

ns

ão

(%

)

Tempo (dias)

100% cimento Cinza de casca de arroz

POTENCIALMENTE REATIVA

INÓCUA

REATIVA

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75

Ex

pa

ns

ão

(%

)

Tempo (dias)

100% cimento Metacaulim

POTENCIALMENTE REATIVA

INÓCUA

REATIVA

63

FIGURA 30 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com adição de pó de quartzo e 100% de cimento.

FIGURA 31 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com adição de resíduo cerâmico com tempo de moagem de 30 min e 100% de cimento.

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75

Ex

pa

ns

ão

(%

)

Tempo (dias)

100% cimento Pó de quartzo

POTENCIALMENTE REATIVA

INÓCUA

REATIVA

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0,300

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75

Ex

pa

ns

ão

(%

)

Tempo (dias)

100% cimento Resíduo cerâmico t=30min

POTENCIALMENTE REATIVA

INÓCUA

REATIVA

64

FIGURA 32 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com adição de resíduo cerâmico com tempo de moagem de 60 min e 100% de cimento.

FIGURA 33 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com adição de resíduo cerâmico com tempo de moagem de 90 min e 100% de cimento.

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0,300

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75

Ex

pa

ns

ão

(%

)

Tempo (dias)

100% cimento Resíduo cerâmico t=60 min

POTENCIALMENTE REATIVA

INÓCUA

REATIVA

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0,300

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75

Ex

pa

ns

ão

(%

)

Tempo (dias)

100% cimento Resíduo cerâmico t=90 min

POTENCIALMENTE REATIVA

INÓCUA

REATIVA

65

FIGURA 34 - Evolução da expansão média das barras de argamassa com 100 % de cimento comparado com substituição de 10 % do cimento pelas adições minerais

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Ex

pan

o (

%)

Tempo (dias)

100% CIMENTO FILER SILICA ATIVA

CINZA DE CASCA DE ARROZ METACAULIM PÓ DE QUARTZO

RESÍDUO CERÂMICO t=30min RESÍDUO CERÂMICO t=60min RESÍDUO CERÂMICO t=90min

POTENCIALMENTE REATIVA

INÓCUA

REATIVA

66

Verifica-se nos gráficos das FIGURAS 26 até 34, que as amostras com

100% de cimento alcançaram valores superiores a 0,1% de expansão aos 16 dias,

indicando que o agregado utilizado é potencialmente reativo.

Para uma avaliação mais precisa da influência das adições minerais na

mitigação da Reação Álcali-Agregado, fez-se necessário a construção de gráficos

com as idades de 16 e 30 dias, previstas na norma já citada (FIGURAS 35 e 36).

FIGURA 35 - Expansão das barras de argamassa aos 16 dias

Os gráficos mostram que a cinza de casca de arroz elevou de forma

considerável a expansão por RAA, em comparação com a série de referência. Esta

é uma constatação que está de acordo com estudo prévio de Zerbino et al. (2012),

onde este tipo de adição também apresentou tendência a elevar o risco de

ocorrência de reação álcali-sílica.

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0,300

Ex

pa

ns

ão

(%

)

Adições minerais

VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO AOS 16 DIAS

POTENCIALMENTE REATIVA

INÓCUA

REATIVA

67

FIGURA 36 - Expansão das barras de argamassa aos 30 dias

Segundo o estudo apresentado por Furnas (1997), foi substituído

parcialmente o cimento alto-forno contendo em torno de 35% de escória moída, por

20% e 30% de cinza de casca de arroz. Com esta proporção de substituição e tipo

de cimento, os resultados foram satisfatórios para a mitigação da reação álcali-sílica.

Os resíduos de cerâmica vermelha também mostram uma tendência de

elevação da expansão por RAA, se comparado com a série de referencia, sem

adição.

Analisando a série de referência das FIGURAS 35 e 36, verifica-se que o

agregado pode ser reativo, pois segundo a ABNT NBR 15577-1:2008 expansões

entre 0,10% e 0,19% indicam a possibilidade do agregado ter comportamento

potencialmente reativo, sendo necessárias investigações complementares, com

outros tipos de ensaio. Também de acordo com as FIGURAS 35 e 36, nota-se uma

tendência à redução da expansão por reação álcali-sílica para as barras com

adições minerais filer, sílica ativa e metacaulim, não apresentando resultados

satisfatórios para a cinza de casca de arroz, pó de quartzo, e resíduo cerâmico com

os três tipos de moagem.

De acordo com a ABNT NBR 15577-1:2008, valores superiores a 0,19% de

expansão aos 30 dias há a necessidade de estudos complementares para a

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0,300

0,350

0,400E

xp

an

são

(%

)

Adições minerais

VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO AOS 30 DIAS

POTENCIALMENTE REATIVA

INÓCUA

REATIVA

68

identificação e comprovação dos valores de expansão obtidos, pois desta forma a

argamassa tornou-se potencialmente reativa, processo que ocorreu com a cinza de

casca de arroz e o resíduo cerâmico.

5.3 COMPARAÇÃO ENTRE RESULTADOS

Na comparação entre a expansão das barras de argamassa aos 30 dias, em

função da resistência à compressão do ensaio de IAP com cimento, segundo a

ABNT NBR 5752:2012 (FIGURA 37), não houve uma correlação elevada de

resultados (R2 = 0,2123). Isso indica que o índice de atividade pozolânica por si só

não é um fator de balizamento para indicar que uma adição mineral é indicada ou

não para ser empregada como agente de mitigação da reação álcali-sílica. Como

mostrado por Zerbino et al. (2012), o tamanho das partículas da adição e o seu teor

de substituição podem influenciar na inibição ou desenvolvimento da reação álcali-

sílica.

Sugere-se que estudos adicionais sejam realizados para melhor investigar

este fator, buscando-se inclusive um aumento significativo na quantidade de corpos

de prova buscando-se um espaço amostral maior.

Um fator que contribui para a baixa correlação entre os resultados está no

fato de que no caso do ensaio de índice de atividade pozolânica a consistência é

fixada e a quantidade de água varia de uma argamassa para outra. Já no caso do

ensaio acelerado de RAA empregado neste estudo, a relação a/c é fixada e a

consistência da argamassa varia.

69

FIGURA 37 - Correlação entre a expansão das barras aos 30 dias e resistência à

compressão do ensaio de IAP com cimento segundo a NBR 5752:2012.

R² = 0,2123

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300 0,350

Resis

tên

cia

à c

om

pre

ssão

(M

Pa

)

Expansão (%)

Correlação expansão/resistência à compressão

70

6 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos permitem as seguintes conclusões.

Os resultados sobre o índice de atividade pozolânica indicaram valores que

comprovam a cinza de casca de arroz, o metacaulim e a sílica ativa como

pozolanas, o fíler calcário, o pó de quartzo e os resíduos cerâmicos nas finuras

consideradas como materiais inertes.

A utilização do método acelerado prescrito na ABNT NBR 15577:2008 é uma

boa ferramenta para investigação da reação álcali-agregado, pois agiliza a obtenção

de resultados, facilitando sobremaneira a escolha de uma material adjuvante para

inibir a expansão.

O agregado utilizado com 100% de cimento possui expansividade aos 16 dias

de 0,1% e aos 30 dias de 0,15%, valores que caracterizam por norma o agregado

como potencialmente deletério.

Os ensaios pelo método acelerado demonstraram que a adição de 10% de

sílica ativa como substituição parcial do cimento foi a opção mais efetiva em mitigar

a reação álcali-sílica ao longo do tempo.

A cinza de casca de arroz apresentou valores indicativos de elevação da

tendência de ocorrência da reação álcali-sílica, mesmo sendo uma adição de

elevada atividade pozolânica. Uma investigação física e química desta adição para

afirmar com mais exatidão os motivos para tais resultados é recomendação para

trabalhos futuros.

As adições de cerâmica mostraram tendência de elevar a expansão devido a

reação álcali-agregado, uma possível justificativa é o material não ser pozolânico.

O fato de uma adição apresentar atividade pozolânica não é garantia de

capacidade de ser um agente mitigador da reação álcali-sílica. Deve-se salientar

que, na substituição parcial do cimento, diminui-se a quantidade de álcalis

disponíveis para reagir, reduzindo-se consequentemente a expansão provocada

pela reação álcali –agregado.

71

7 REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15577- partes 1-6: Reação álcali-agregados - Determinação da expansão em barras de argamassa pelo método acelerado. Rio de Janeiro, 2008.

________ NBR 5733: Cimento Portland de alta resistência inicial. Rio de

Janeiro, 1991. ________ NBR 5752: Materiais pozolânicos – Determinação de atividade

pozolânica com cimento Portland – Índice de atividade pozolânica com cimento. Rio de Janeiro, 2012.

________ NBR 7214: Areia Normal para ensaio de Cimento. Rio de Janeiro,

2012. ________ NBR 12653: Materiais pozolânicos. Rio de Janeiro, 1992. ________NBR NM 17: Cimento Portland - Análise química - Método de

arbitragem para a determinação de óxido de sódio e óxido de potássio por fotometria de chama. Rio de Janeiro, 1998.

________NBR NM 76: Cimento Portland - Determinação da finura pelo

método de permeabilidade ao ar (Método de Blaine). Rio de Janeiro, 1998. ANDRADE, T. Histórico de casos de RAA ocorridos recentemente em

fundações de edifícios na Região Metropolitana do Recife. Disponível em: http://pcc2526.pcc.usp.br/Arquivos/2007/Aulas/07.03.28Aula5(2).pdf. Acessado em: 25/09/13, às 17:00 h.

ANDRIOLO, F. R. AAR Dams Affected in Brazil . Report on the Current

Situation. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ALKALI-AGREGATE REACTION IN CONCRETE, 11., 2000, Québec. Anais... Québec, 2000. p. 1243-1252.

ASTM C – 151/09: Standard test method for autoclave expansion of

hydraulic cement. West Conshohocken: ASTM, 2009. ASTM C - 1260/01: Standard test method for potential alkali reactivity of

aggregates (mortar-bar method). Philadelphia, 2001. Section 4 (Construction), (Concrete and aggregates), p. 4.

ASTM C - 1260/07: Standard test method for potential alkali reactivity of

aggregates (mortar-bar method). Philadelphia, 2007. Section 4 (Construction), v. 04.02 (Concrete and aggregates), p. 647-650.

BATIC, O.R.; MILANESI, C.A. Effects of alkali-silica and alkali-carbonate rock

reaction on aggregate-mortar bond. In : INTERNATIONAL CONFERENCE ON

72

ALKALIAGGREGATE REACTION IN CONCRETE, 11., 2000, Québec. Anais... Québec, 2000. p.1-10.

CARMO, J. B. M. do. Análise comparativa do desempenho de concretos

compostos com sílica ativa e metacaulim face à resistência mecânica e à viabilidade econômica. Dissertação. Universidade Federal do Paraná. Paraná, 2006.

DAFICO, D. A. Estudo da dosagem de concreto de alto desempenho

utilizando pozolanas provenientes da cinza da casca de arroz. Tese de doutorado UFSC. Florianópolis, 2001, 191p.

DENG, M.; TANG, M. Mechanism of desdolomitization and expansion of dolomitc

rocks. In: Cement and Concrete Research, USA, v. 23, n. 6, p. 1397-1408, 1993. DENT GLASSER, L. S.; KATAOKA, N. The chemistry of alkali-aggregate

reaction. Cement and concrete Research. V. 11, n.3, p, 1-9, 1981. FARIAS FILHO, J. de; ROLIM, J. S.; TOLEDO FILHO, R. D. Potencialidades da

metacaolinita e do tijolo queimado moído como substitutos parciais do cimento portland. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.4, n.3, p.437-444, 2000.

FARIAS, L. A.; HASPARYK, N. P.; ANDRADE, M. A. S. Estudo Preliminar de

diferentes bases de aditivos e adições na RAA. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CONCRETO, 49, 2007, Bento Gonçalves, Brasil. Anais...Bento Gonçalves, 2007.

FAVA, A. S. C. – Sintesis de Los Conocimentos Actualizados de Indole

Profissional sobre La Reaccion Expansiva Alcalis-Aridos, julho, 1987, p. 9-11. FERRARIS, C. F. Alkali-silica Reaction and High Performance Concrete.

Disponível em: <http://www.fire.nist.gov/bfrlpubs/build95/art004.html>. Acessado em: 03 de novembro de 2013, às 16:00h.

FONSECA, G. C. da. Adições minerais e disposições normativas relativas à

produção de concreto no Brasil: uma abordagem epsitêmica. Dissertação. Universidade federal de Minas Gerais. Minas Gerais, 2010.

FREITAS, E. de S. Caracterização da cinza do bagaço da cana-de-açúcar do

Município de Campos dos Goytacazes para uso na construção civil. Dissertação. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Rio de Janeiro, 2005.

FURNAS. Laboratório de concreto. Concretos: massa, estrutural, projetado e

compactado a rolo: ensaios e propriedades. São Paulo: Pini, 1997. GJØRV, O.E., High strength concrete. In: MALHOTRA, V.M. (ed) Advances in

Concrete Technology. Otawa: Energy Mines Resources, 1992, p.21-78.

73

GLASSER, F. P. Chemistry of the alkali-aggregate reaction. In: SWAMY, R. N. The Alkali- Silica Reaction in Concrete. New York: Van Nostrand Reinhold, 1992, p. 30-53.

GROENWOLD, J. A. Investigação da atividade pozolânica da cinza do

bagaço de cana-de-açúcar. Relatório de Pesquisa de Iniciação Científica. Universidade Federal do Paraná. Paraná, 2010.

HASPARYK, N. P. Investigação de concretos afetados pela reação álcali-

agregado e caracterização avançada do gel exsudado. 2005. 334f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

HOOBS, D.W. Alkali Silica reaction in concrete. Londres: Ed. Thomas Telford,

1988. ISAIA, G. C. (Ed.); Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciências e

Engenharia de Materiais. Microestrutura dos polímeros. Vol 1. 2ª Edição atualizada e ampliada. IBRACON. São Paulo, 2010.

LACASSE, C.; LABOSSIERE, P.; NEALE, K.W. On fiber-reinforced polymer

rehabilitation of alkali-aggregate reaction-damaged beams. In: ACI Structural Journal, V. 100, n.1, p. 66-74, 2003.

MATIAS, G.; FARIA, P.; TORRES, I.; TOMÁS, A.; FERREIRA, T.; DUARTE, T.

Argamassas de cal aérea com resíduos de cerâmica. In: 4º Congresso de Argamassas de Construção da APFAC. Coimbra, 2012.

MEDEIROS, M.; HELENE, P. Relatório Técnico do Metacaulim HP como

adição de Alta Eficiência em Concretos de Cimento Portland. Relatório Técnico, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2004.

MEHTA, P. K. ;MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estruturas, propriedades e

materiais. São Paulo, Ed. Pini, 2008. NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. 2ª edição. São Paulo: Pini, 1997.

828p. OSBORNE, G.J. The Effectiveness of a Carbonated outer layer to Concrete in the Prevention of Sulphate Attack. In: International Conference Protection of Concrete. Proceedings... University of Dundee, UK, 1990, p. 75-91.

NITA, C. Utilização de pozolanas em compósitos de cimento reforçado com

fibras de celulose e PVA. Dissertação. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.

OLIVEIRA, M. P. de, BARBOSA, N. P. Potencialidades de um caulim calcinado

como material de substituição parcial do cimento portland em argamassas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v.10, n.2, p.490–496, 2006.

74

PAULON, V.A. Reações álcali-agregado em concreto. 1981. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Escola Politécnica da USP, Universidade de São Paulo, São Paulo.

PAULON, V. A.; CAVALCANTI, A. Alkali-aggregate reaction at Moxotó Dam.

In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ALKALI-AGGREGATE REACTION IN CONCRETE, 7, 1986, Otawa. Anais... Otawa, 1986. p. 1-5.

PRISZKULNIK, Simão. Reações Expansivas no Concreto. In: Instituto

Brasileiro do Concreto. (Org.).Concreto: Pesquisa, Desenvolvimento e Realizações. I ed. São Paulo: Instituto Brasileiro do Concreto, 2005, v. II, p. 1017-1070.

RILEM TECHNICAL REPORTS. Final Reports: Sliceous by-products for use in

concrete. Material and Strutures. V.21, n. 121. 1988. ROCHA, G. G. N. Caracterização Microestrutural do Metacaulim de Alta

Reatividade. Dissertação (Mestrado). Belo Horizonte, 2005. Universidade Federal de Minas Gerais, Curso de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica e de Minas.

SABBAG, A. F. Verificação da existência de reação álcali-agregado no

concreto da UHE de Mascarenhas. 105 p. Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, 2003.

SANTOS, S. Produção e Avaliação do uso de pozolana com baixo teor de

carbono obtida da cinza de casca de arroz residual para concreto de alto desempenho. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006, 267p.

SENFF, L. Efeito da adição de micro e nanossílica no comportamento

reológico e propriedades no estado endurecido de argamassas e pastas de cimento. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009, p 102-104.

SHAYAN, A: QUICK, G. W. Relative importance of deleterious reactions in

concrete: formation of AAR products an secondary etringite. Advances en Cement Research, v.4, n. 16, 146-157, 1991.

SILVA, P. N. Reação álcali-agregado nas Usinas Hidrelétricas do Complexo

Paulo Afonso/Chesf – Influência da reação nas propriedades do concreto. 220 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 2007.

SILVEIRA, J. F. A.; CAVALCANTI, A. J. C. T.; HASPARYK, N. P.; LOPES, A. N.

M. Investigação da reatividade álcali-agregado e a confiabilidade dos métodos acelerados. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CONCRETO, 44, 2002, Belo Horizonte, Brasil. Anais... Belo Horizonte, 2002.

SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DO CIMENTO (SNIC). Disponível em

http://www.snic.org.br. Acessado em 30 de setembro de 2013.

75

SWAMY, R. N. Assessment and rehabilitation of AAR-afected structures. In:

INTERNATIONAL CONFERENCE ON ALKALI-AGGREGATE REACTIONS, 10, 1996, Melbourne, Australia. Anais … Austrália, 1996. p. 68-83.

TIECHER, F. Reação álcali-agregado: avaliação do comportamento de

rochas do sul do Brasil quando se altera o cimento utilizado. 2005. Exame de qualificação para obtenção do titulo de Mestre – Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

TUTIKIAN, B. F.; ISAIA, G. C.; HELENE, P. Capítulo 36: Concreto de Alto e Ultra-

Alto Desempenho. Concreto: Ciência e Tecnologia. 1ª Edição. Editora IBRACON. São Paulo. 1 v. 2011.

VALDUGA, L. Influência das condições de ensaio da ASTM C 1260 na

verificação da reação álcali-agregado. 2007. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Escola de Engenharia,da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

VALDUGA, L. Reação álcali-agregado: mapeamento de agregados reativos

no estado de São Paulo. 2002. 213 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Faculdade de Engenharia Civil da UNICAMP , Universidade Estadual de Campinas, São Paulo.

VIEIRA, A. de A. P. Estudo do aproveitamento de resíduos de Cerâmica

vermelha como substituição Pozolânica em argamassas e concretos. Dissertação. Universidade Federal da Paraíba. Paraíba, 2005.

ZERBINO, R.; GIACCIO, G.; BATIC, O. R.; ISAIA, G. C. Alkali–silica reaction in

mortars and concretes incorporating natural rice husk ash. Construction and Building Materials. Nº 36, 796-806, 2012.

76

ANEXOS

TABELA 11 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 100% de cimento Portland

VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO DAS BARRAS DE ARGAMASSA

100 % Cimento (medida da face menor de acordo com a ABNT NBR 15577-4)

DIAS CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 MÉDIA VARIAÇÃO DO

COMPRIMENTO

3 0,113 0,122 0,128 0,130 0,106 0,129 0,121 0,043

6 0,151 0,163 0,173 0,178 0,166 0,129 0,160 0,056

8 0,168 0,179 0,183 0,119 0,176 0,209 0,172 0,060

10 0,165 0,179 0,202 0,252 0,233 0,235 0,211 0,074

13 0,270 0,327 0,528 0,288 0,275 0,273 0,327 0,115

15 0,269 0,342 0,536 0,304 0,309 0,290 0,342 0,120

20 0,345 0,032 0,603 0,372 0,369 0,356 0,346 0,121

22 0,297 0,047 0,623 0,388 0,408 0,369 0,355 0,125

27 0,403 0,084 0,671 0,442 0,436 0,422 0,410 0,144

30 0,437 0,095 0,656 0,479 0,453 0,450 0,428 0,150

34 0,485 0,165 0,740 1,141 0,514 0,492 0,590 0,156

37 0,497 0,183 0,518 0,520 0,553 0,511 0,464 0,163

41 0,532 0,211 0,525 0,559 0,560 0,541 0,488 0,171

45 0,528 0,203 0,523 0,559 0,561 0,529 0,484 0,170

51 0,601 0,266 0,581 0,621 0,614 0,588 0,545 0,191

59 0,612 0,281 0,611 0,653 0,650 0,613 0,570 0,200

66 0,659 0,337 0,676 0,718 0,761 0,666 0,636 0,223

77

TABELA 12 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de fíler calcário

VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO DAS BARRAS DE ARGAMASSA

Filer (medida da face menor de acordo com a ABNT NBR 15577-4)

DIAS CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6I MÉDIA VARIAÇÃO DO

COMPRIMENTO

3 0,115 0,140 0,119 0,130 0,114 0,098 0,119 0,042

6 0,162 0,173 0,146 0,156 0,142 0,098 0,146 0,051

8 0,178 0,185 0,167 0,169 0,173 0,132 0,167 0,059

10 0,234 0,230 0,210 0,213 0,206 0,166 0,210 0,074

13 0,183 0,222 0,222 0,332 0,245 0,128 0,222 0,078

15 0,278 0,283 0,261 0,261 0,261 0,222 0,261 0,092

20 0,330 0,336 0,318 0,321 0,322 0,280 0,318 0,112

22 0,337 0,345 0,324 0,331 0,474 0,135 0,324 0,114

27 0,385 0,390 0,374 0,385 0,525 0,186 0,374 0,131

30 0,401 0,423 0,396 0,401 0,545 0,211 0,396 0,139

34 0,449 0,457 0,441 0,450 0,595 0,256 0,441 0,155

37 0,462 0,466 0,455 0,469 0,608 0,271 0,455 0,160

41 0,499 0,485 0,476 0,478 0,626 0,293 0,476 0,167

45 0,489 0,483 0,475 0,484 0,622 0,295 0,475 0,167

51 0,553 0,572 0,538 0,539 0,678 0,347 0,538 0,189

59 0,568 0,563 0,551 0,557 0,701 0,367 0,551 0,193

66 0,625 0,617 0,606 0,611 0,757 0,421 0,606 0,213

TABELA 13 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de sílica ativa

VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO DAS BARRAS DE ARGAMASSA

Sílica Ativa (medida da face menor de acordo com a ABNT NBR 15577-4)

DIAS CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 MÉDIA VARIAÇÃO DO

COMPRIMENTO

3 0,142 0,075 0,080 0,093 0,055 0,078 0,087 0,031

5 0,116 0,102 0,116 0,057 0,087 0,078 0,093 0,033

8 0,135 0,115 0,121 0,068 0,067 0,113 0,103 0,036

10 0,111 0,098 0,124 0,068 0,064 0,113 0,096 0,034

15 0,148 0,133 0,145 0,126 0,073 0,131 0,126 0,047

17 0,155 0,139 0,151 0,127 0,069 0,122 0,127 0,054

22 0,182 0,164 0,182 0,171 0,163 0,163 0,171 0,060

25 0,212 0,195 0,194 0,175 0,108 0,164 0,175 0,061

29 0,252 0,237 0,233 0,215 0,146 0,208 0,215 0,076

32 0,271 0,264 0,259 0,243 0,180 0,240 0,243 0,085

36 0,311 0,289 0,295 0,276 0,216 0,270 0,276 0,097

40 0,304 0,282 0,309 0,277 0,212 0,278 0,277 0,097

46 0,387 0,359 0,371 0,351 0,287 0,351 0,351 0,123

54 0,423 0,386 0,409 0,382 0,315 0,378 0,382 0,134

61 0,502 0,461 0,496 0,461 0,393 0,453 0,461 0,162

78

TABELA 14 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de cinza de casca de arroz

VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO DAS BARRAS DE ARGAMASSA

CCA (medida da face menor de acordo com a ABNT NBR 15577-4)

DIAS CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 MÉDIA VARIAÇÃO DO

COMPRIMENTO

3 0,132 0,147 0,140 0,148 0,147 0,155 0,145 0,051

5 0,202 0,221 0,223 0,210 0,220 0,155 0,205 0,072

8 0,356 0,374 0,375 0,416 0,373 0,346 0,373 0,131

10 0,306 0,573 0,651 0,611 0,554 0,520 0,536 0,188

15 0,686 0,689 0,763 0,688 0,721 0,624 0,695 0,244

17 0,740 0,759 0,831 0,737 0,785 0,676 0,755 0,265

22 0,799 0,820 0,899 0,813 0,851 0,743 0,821 0,288

25 0,841 0,863 0,940 0,877 0,890 0,778 0,865 0,303

29 0,913 0,927 1,010 0,904 0,959 0,845 0,926 0,325

32 0,946 0,969 1,040 0,938 0,981 0,877 0,959 0,336

36 1,008 1,019 1,099 0,993 1,045 0,927 1,015 0,356

40 1,026 1,052 1,110 1,014 1,065 0,951 1,036 0,364

46 1,102 1,126 1,198 1,094 1,149 1,038 1,118 0,392

54 1,159 1,187 1,249 1,140 1,193 1,084 1,169 0,410

61 1,246 1,261 1,337 1,229 1,287 1,170 1,255 0,440

TABELA 15 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de metacaulim

VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO DAS BARRAS DE AGAMASSA

Metacaulim (medida da face menor de acordo com a ABNT NBR 15577-4)

DIAS CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 MÉDIA VARIAÇÃO DO

COMPRIMENTO

3 0,138 0,125 0,190 0,133 0,168 0,151 0,151 0,053

4 0,158 0,145 0,143 0,128 0,169 0,149 0,149 0,052

7 0,184 0,174 0,199 0,169 0,197 0,185 0,185 0,065

9 0,195 0,178 0,144 0,168 0,192 0,175 0,175 0,062

14 0,232 0,215 0,202 0,224 0,236 0,222 0,222 0,078

16 0,249 0,231 0,214 0,242 0,256 0,238 0,238 0,084

21 0,298 0,281 0,264 0,293 0,313 0,290 0,290 0,102

24 0,346 0,328 0,312 0,334 0,360 0,336 0,336 0,118

28 0,373 0,354 0,344 0,366 0,394 0,366 0,366 0,128

31 0,388 0,368 0,368 0,388 0,416 0,386 0,386 0,135

35 0,429 0,414 0,400 0,420 0,450 0,423 0,423 0,148

39 0,437 0,412 0,405 0,419 0,438 0,422 0,422 0,148

45 0,486 0,467 0,460 0,462 0,507 0,476 0,476 0,167

53 0,499 0,486 0,486 0,485 0,508 0,493 0,493 0,173

60 0,563 0,546 0,547 0,552 0,589 0,559 0,559 0,196

79

TABELA 16 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de pó de quartzo

VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO DAS BARRAS DE ARGAMASSA

Pó de Quartzo (medida da face menor de acordo com a ABNT NBR 15577-4)

DIAS CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 MÉDIA VARIAÇÃO DO

COMPRIMENTO

7 0,181 0,185 0,202 0,136 0,192 0,185 0,180 0,063

9 0,187 0,197 0,213 0,106 0,201 0,185 0,182 0,064

13 0,268 0,278 0,298 0,170 0,279 0,277 0,262 0,092

16 0,305 0,318 0,338 0,197 0,325 0,321 0,301 0,105

20 0,348 0,360 0,401 0,264 0,365 0,361 0,350 0,123

27 0,402 0,430 0,436 0,317 0,432 0,431 0,408 0,143

34 0,472 0,489 0,491 0,363 0,487 0,478 0,463 0,163

41 0,509 0,525 0,530 0,389 0,516 0,510 0,497 0,174

48 0,534 0,561 0,567 0,419 0,559 0,545 0,531 0,186

55 0,575 0,610 0,615 0,473 0,606 0,605 0,581 0,204

62 0,607 0,640 0,647 0,486 0,633 0,622 0,606 0,213

69 0,637 0,670 0,679 0,519 0,667 0,651 0,637 0,224

TABELA 17 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de material cerâmico com moagem = 30 min

VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO DAS BARRAS DE ARGAMASSA

Resíduo Cerâmico = 30min (face menor de acordo com a ABNT NBR 15577-4)

DIAS CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 MÉDIA VARIAÇÃO DO

COMPRIMENTO

7 0,258 0,234 0,254 0,239 0,227 0,229 0,240 0,084

9 0,295 0,267 0,287 0,276 0,268 0,229 0,270 0,095

13 0,427 0,390 0,416 0,406 0,408 0,398 0,408 0,143

16 0,473 0,442 0,456 0,445 0,453 0,449 0,453 0,159

20 0,538 0,504 0,514 0,513 0,504 0,501 0,512 0,180

27 0,589 0,557 0,570 0,577 0,568 0,566 0,571 0,200

34 0,638 0,597 0,613 0,617 0,614 0,605 0,614 0,215

41 0,662 0,625 0,595 0,647 0,647 0,641 0,636 0,223

48 0,697 0,653 0,666 0,685 0,681 0,671 0,676 0,237

55 0,740 0,713 0,721 0,731 0,735 0,723 0,727 0,255

62 0,838 0,731 0,769 0,763 0,762 0,751 0,769 0,270

69 0,799 0,752 0,774 0,779 0,775 0,768 0,775 0,272

80

TABELA 18 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de Material Cerâmica com moagem = 60 min

VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO DAS BARRAS DE ARGAMASSA

Resíduo Cerâmico = 60min (face menor de acordo com a ABNT NBR 15577-4)

DIAS CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 MÉDIA VARIAÇÃO DO

COMPRIMENTO

6 0,214 0,213 0,219 0,210 0,212 0,214 0,214 0,075

8 0,248 0,239 0,255 0,244 0,247 0,247 0,247 0,087

12 0,367 0,354 0,373 0,360 0,369 0,365 0,365 0,128

15 0,415 0,399 0,429 0,412 0,421 0,415 0,415 0,146

19 0,485 0,465 0,480 0,461 0,465 0,471 0,471 0,165

26 0,538 0,517 0,531 0,549 0,544 0,536 0,536 0,188

33 0,589 0,569 0,584 0,596 0,591 0,586 0,586 0,206

40 0,627 0,600 0,623 0,629 0,615 0,619 0,619 0,217

47 0,662 0,655 0,658 0,654 0,647 0,655 0,655 0,231

54 0,706 0,683 0,705 0,703 0,701 0,700 0,700 0,245

61 0,742 0,717 0,741 0,727 0,724 0,730 0,730 0,256

68 0,753 0,727 0,752 0,752 0,756 0,748 0,748 0,262

TABELA 19 - Expansões das barras de argamassa confeccionadas com 10% de Material Cerâmica com moagem = 90 min

VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO DAS BARRAS DE ARGAMASSA

Resíduo Cerâmico = 90min (face menor de acordo com a ABNT NBR 15577-4)

DIAS CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 MÉDIA VARIAÇÃO DO

COMPRIMENTO

6 0,209 0,194 0,207 0,208 0,189 0,205 0,202 0,071

8 0,232 0,193 0,227 0,225 0,195 0,205 0,213 0,075

12 0,353 0,320 0,330 0,329 0,305 0,333 0,328 0,115

15 0,380 0,362 0,381 0,381 0,361 0,382 0,375 0,131

19 0,453 0,424 0,419 0,439 0,395 0,428 0,426 0,150

26 0,521 0,483 0,483 0,492 0,455 0,487 0,487 0,171

33 0,573 0,531 0,539 0,568 0,520 0,543 0,546 0,191

40 0,607 0,564 0,588 0,579 0,552 0,577 0,578 0,203

47 0,631 0,594 0,596 0,624 0,583 0,615 0,607 0,213

54 0,681 0,646 0,655 0,660 0,629 0,658 0,655 0,230

61 0,808 0,671 0,682 0,702 0,664 0,696 0,704 0,247

68 0,830 0,697 0,707 0,711 0,639 0,674 0,710 0,249

81

TABELA 20 - Resumo da média das expansões para todas as adições minerais utilizadas

Dias 100% CIMENTO FILERSILICA

ATIVA

CINZA DE

CASCA DE

ARROZ

METACAULIMPÓ DE

QUARTZO

RESÍDUO

CERÂMICO

t=30min

RESÍDUO

CERÂMICO

t=60min

RESÍDUO

CERÂMICO

t=90min

1 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

3 0,043 0,042 0,031 0,051 0,053

5 0,033 0,072

6 0,056 0,051 0,075 0,071

7 0,065 0,063 0,084

8 0,060 0,059 0,036 0,131 0,087 0,075

9 0,062 0,064 0,095

10 0,074 0,074 0,034 0,188

12 0,128 0,115

13 0,115 0,078 0,092 0,143

14 0,078

15 0,120 0,092 0,047 0,244 0,146 0,131

16 0,097 0,065 0,037 0,244 0,084 0,105 0,159 0,129 0,131

17 0,054 0,265

19 0,165 0,150

20 0,121 0,112 0,123 0,180

21 0,102

22 0,125 0,114 0,060 0,288

24 0,118

25 0,061 0,303

26 0,188 0,171

27 0,144 0,131 0,143 0,200

28 0,128

29 0,076 0,325

30 0,150 0,139 0,080 0,331 0,126 0,153 0,208 0,197 0,181

31 0,135

32 0,085 0,336

33 0,206 0,191

34 0,156 0,155 0,163 0,215

35 0,148

36 0,097 0,356

37 0,163 0,160

39 0,148

40 0,097 0,364 0,217 0,203

41 0,171 0,167 0,174 0,223

44

45 0,170 0,167 0,167

46 0,123 0,392

47 0,231 0,213

48 0,186 0,237

51 0,191 0,189

53 0,173

54 0,134 0,410 0,245 0,230

55 0,204 0,255

59 0,200 0,193

60 0,200 0,166 0,141 0,440 0,196 0,213 0,270 0,239 0,247

61 0,162 0,440 0,256 0,247

62 0,213 0,270

66 0,223 0,213

68 0,262 0,249

69 0,224 0,272

VARIAÇÃO DE COMPRIMENTO NAS BARRAS