imagem da baixa de coimbra

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IMAGEM DA BAIXA DE COIMBRA Imaginabilidade, Identidade e Legibilidade Márcia Raquel Ferreira Xavier apresentada ao Departamento de Arquitectura da FCTUC Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura sob a orientação do Professor Doutor José António Bandeirinha COIMBRA, Dezembro 2011

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IMAGEM DA BAIXA DE COIMBRA Imaginabilidade, Identidade e Legibilidade

Márcia Raquel Ferreira Xavier apresentada ao Departamento de Arquitectura da FCTUC

Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura

sob a orientação do Professor Doutor José António Bandeirinha COIMBRA, Dezembro 2011

“When I design buildings, I think of the overall composition, much as the parts of a body would fit together. On top of that, I think about how people will approach the building and experience that space “

Tadao Ando

Agradecimentos

À minha família, em especial à minha mãe e mano, por tudo.

Aos meus amigos nesta viagem, Ana, Célia, Diogo, Filomena, Sara, Jorge e aos mosqueteiros, Luciana, Jorge e Will, pelo vosso

apoio, compreensão, paciência e momentos fantásticos.

À Rita pelos momentos de descompressão, pelo seu entusiasmo e motivação.

Ao Roberto, Bernardo, Jaqueline, Melinda, Vitor e Telma pela vossa presença e amizade.

Ao orientador Professor Doutor José António Bandeirinha, pela constante aprendizagem proporcionada, lucidez e confiança.

Ao Sr. Dr. Paulo Peixoto, pela simpatia e conhecimento.

O meu profundo e sentido agradecimento a todas as pessoas que contribuíram para a concretização deste trabalho, tanto a nível intelectual como emocional,

faltará sempre referir alguém, resta apenas esperar que saibam quem são.

ImAgem dA BAixA de CoimbrA

Imaginabilidade, Identidade e Legibilidade

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO [p. 01]

1. Coimbra contexto urbano

1.1 Coimbra [p. 11]

1.1.1 Contexto histórico [p. 11]

1.1.2 Coimbra actual [p. 21]

1.1.2.1 Enquadramento social [p. 23]

1.1.2.2 Espaços verdes do centro urbano [p. 25]

1.1.2.3 Mobilidade e Transportes [p. 27]

1.1.2.4 Património Edificado Histórico [p. 29]

1.1.2.5 Património Imaterial [p. 31]

1.1.2.6 Urbanismo [p. 33]

2. Baixa de Coimbra

2.1 Baixa, o Centro Histórico [p. 37]

2.1.1 Contexto Histórico [p. 39]

3. Kevin Lynch

3.1 A Imagem da Cidade

[p. 67]

3.1.1 Tipos formais de elementos [p. 71]

3.1.2 Identidade, Estrutura e Significado [p. 75]

3.1.3 Legibilidade [p. 77]

3.1.4 Imaginabilidade [p. 79]

3.1.5 Método [p. 79]

3.1.6 Análise crítica do autor [p. 83]

4. Aplicação da Metodologia

4.1 Análise da Baixa [p. 89]

4.1.1- Vias, limites, bairros, pontos marcantes e cruzamentos

[p. 89]

4.2 Questionários [p. 99]

4.2.1 Resultados dos questionários [p.101]

CONCLUSÃO [p.115]

CONSIDERAÇÕES FINAIS

[p. 125]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[p. 129]

FONTES DE IMAGENS

[p. 137]

1

INTRODUÇÃO FORMAÇÃO DE IMAGENS COLECTIVAS

O objecto de análise, Baixa de Coimbra, sendo um centro histórico torna-se

especialmente interessante como objecto de estudo, por ser uma área com vários estudos

e intenções urbanísticas. A sua história é imponente, tendo várias alterações no tecido

urbano assim como a presença de diversos monumentos. Assim, os centros históricos são

percepcionados como espaços distintivos, que figuram tanto a cultura, como a memória da

cidade.

O centro histórico tem extrema importância, sobretudo devido ao carácter

patrimonial que possui, apesar disso encontra-se depreciado por condições de

precariedade sobretudo a nível de edifícios de habitação e comércio. As novas

centralidades urbanas conduzem ao esvaziamento da Baixa e levam à debilitação do

comércio tradicional. Assim, verifica-se o afastamento dos habitantes, mostrando um dos

principais problemas que caracterizam os centros históricos de hoje, a desertificação.

O presente trabalho, tem como principal objectivo estudar a percepção que a

população tem da zona histórica de Coimbra, a Baixa.

É neste contexto que surge a aplicação dos estudos de Kevin Lynch, um conhecido

urbanista, inovador para o seu tempo, cujo contributo pretende mudar a perspectiva de

intervenção na cidade, aproximando o estudo do ser humano à Arquitectura. Sendo o

Arquitecto transformador de espaço, ele deve ter em conta a apropriação do espaço, de

acordo com a cultura do lugar, é necessário uma sensibilidade para que os edifícios se

identifiquem cada vez mais com o local e com o uso destes.

O objectivo principal é subdividido em dois propósitos, um deles consiste na análise

objectiva do terreno por um observador treinado e a análise que a população faz do local a

nível simbólico e espacial. Vão ser exploradas as relações que os habitantes têm com este

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lugar, assim como as características materiais e os elementos que estão no imaginário das

pessoas. Antes de se desenvolver transformações numa área, é relevante conhecer a

relação que o observador estabelece com esse espaço, a legibilidade que detêm do local, a

memória e os seus significados.

A alteração do espaço altera o modo de viver, é portanto essencial compreender o

uso cultural do espaço e para isso é necessário entender a sua história.

Não é possível compreender o significado dos centros históricos, sem os

entendermos no contexto urbano, não pode ser visto como uma zona independente do

conjunto da cidade de Coimbra, mas antes, como parte integrante do conjunto urbano. A

análise deve ser feita, tendo em conta que cada zona da cidade só tem sentido se

percebida no seu todo, para que não se tenha uma cidade sem memória de si. Deste modo,

no Capítulo 1 é determinado um perfil evolutivo de Coimbra, abordando o contexto

histórico do tecido urbano a ser estudado, que engloba a origem da fixação inicial da

população em Coimbra, como se expandiu, abordando a sua zona histórica, sem descurar a

emergência de novas centralidades no contexto urbano.

O Capítulo II concentra-se no objecto de estudo, a Baixa, que é um local onde se

mistura comércio e séculos de história. O desenvolvimento da zona situada no eixo Baixa-

Alta é considerado uma das prioridades no desenvolvimento da cidade de Coimbra. Nesta

parte do trabalho, é feito o enquandramento histórico da Baixa desde o Séc. XII, abordando

a ocupação humana na Alta e baixa , como esta se expandiu e que alterações foram feitas

no tecido urbano ao longo dos séculos, mencionando a construção dos monumentos e

elementos marcantes. São referidos os planos urbanísticos para a Baixa, nomeadamente

de Abel Dias Urbano (1919-1928), Luís Benavente (1936), Etienne de Groër (1940), Antão

de Almeida Garrett (1955), Alberto José Pessoa (1956), Serviços de Obras e Urbanização da

Câmara (1971-1973), Fernando Távora (1992), que originaram diversas alterações na Baixa,

incluindo demolições de quarteirões. Para além dos planos efectuados no passado,

abrange-se os planos previstos para a zona em questão, como é o caso da introdução do

Metro Ligeiro de Superfície, que irá permitir a requalificação da frente ribeirinha de

Coimbra, sendo um factor de dinamização da Baixa. Na sequência do seminário

desenvolvido em 2003, intitulado Inserções, surge uma proposta desenvolvida por

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Emilio Tuñón e Luis Mansilla para essa zona, tendo em conta a passagem do Metro. Após o

concurso de ideias para a reabilitação da Rua da Sofia, por iniciativa do Centro de Estudos

de Arquitectura da FCTUC, surgem reflexões sobre intervenções globais e estruturadas, que

também serão referidas neste capítulo. Outro factor dinamizador a ser mencionado é a

candidatura da Universidade a Património Mundial pela UNESCO, que surge como tentativa

de refazer a imagem do centro para originar o fenómeno de “turisficação”1.

O Capítulo III começa por abordar a forma como o objecto de estudo é analisado,

sintetizando as linhas de análise e as estratégias metodológicas que foram levadas a cabo

no trabalho de investigação. Refere-se aos conceitos a reter que estão na base do estudo

do urbanista Kevin Lynch no seu livro “ A imagem da Cidade”, cujos inquéritos são

aplicados em três cidade americanas: Boston, Jersey City e Los Angeles. Lynch considerou

que a imagem que o ser humano faz do meio que o rodeia é formada por sensações

experimentadas, ao observar e viver o ambiente. O sentido que o observador dá ao que

está a experienciar varia conforme as suas características individuais, conhecimentos

sociais e culturais.

Segundo os estudos deste urbanista, há uma imagem pública de qualquer cidade,

que é a sobreposição de muitas imagens individuais, o objectivo deste trabalho é

determinar essa imagem na Baixa de Coimbra. Lynch propõe a aplicação de um método

que procura avaliar o significado da cidade como imagem colectiva para os habitantes. Na

definição da imagem, Kevin Lynch considera a classificação em cinco elementos: vias,

limites, bairros, cruzamentos e pontos marcantes.

A identidade, estrutura e significado dão origem à imagem do meio ambiente. É

estudada a orientação, considerando a Legibilidade como uma qualidade, já que, numa

cidade com boa legibilidade, os bairros, pontos de referência e percursos são facilmente

identificáveis e integrados numa estrutura global. Segundo o autor, a aparente clareza ou

legibilidade é uma qualidade fundamental para a compreensão e composição urbanas.

1 DOMINGUES, Álvaro- Os novos mapas da cidade. Workshop Internacional de Arquitectura. Novos mapas

para velhas cidades. ECDJ 3.DARQ.2000.p.37.

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Ainda no terceiro capítulo, é explicado o método utilizado pelo urbanista, que

determinou os cinco tipos de elementos, por observadores treinados com base nas

primeiras análises no terreno, verificou o modo como se interligam e estudou o que

contribui para lhes dar uma forte identidade. Foram levadas a cabo entrevistas à população

e elaborado um mapa visual, analisando a forma existente e as imagens colectivas

respectivas, cujos resultados seriam traduzidos em relatórios e diagramas realçando as

imagens colectivas importantes, assim como os elementos críticos da imagem e as inter-

relações entre esses elementos. Por último, são mencionadas as críticas feitas a este

processo, onde serão reflectidos vários aspectos que poderiam ser completados e postos

em questão.

O Capítulo IV tem como base os dados obtidos na aplicação dos inquéritos, usando

o descrito no capítulo anterior. Foi efectuanda uma análise objectiva do terreno. Tal como

em Kevin Lynch, a análise do local foi feita com a deslocação a pé, desdobrando a atenção

aos elementos urbanos que se mostraram significativos nas entrevistas. Os dados foram

registados num mapa onde se indicou, de acordo com a importância, o destaque, assim

como a presença, a visibilidade e as inter-relações entre pontos de referência,

cruzamentos, percursos e limites.

O inquérito por questionário foi o método utilizado, sendo fiel ao original elaborado

por Kevin Lynch. As amostras foram recolhidas num conjunto de ruas da baixa

seleccionadas, salvo por motivos de força maior, em que o inquérito foi deixado para ser

preenchido pelo inquirido. As amostras foram equilibradas relativamente ao género e faixa

etária.

Foi determinado o simbolismo que a baixa detém nos habitantes, os elementos

considerados marcantes, assim como os elementos materiais e sensoriais que ficaram

retidos na mente dos habitantes.

A legibilidade foi verificada e constatou-se os locais cuja localização na memórias

das pessoas não estava bem delineada, e consequentemente mal definida, não

contribuindo para um espaço claro e fortemente presente no imaginário das pessoas.

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1. COIMBRA CONTEXTO URBANO DO CONTEXTO HISTÓRICO À ACTUALIDADE

1.1 Coimbra

A incidência do estudo sobre a percepção do espaço pelo ser humano, exige o estudo

do mesmo abordando a relação com a envolvente. Sendo o objecto de estudo a Baixa de

Coimbra, é necessário compreender a cidade e a sua origem.

Como profere Walter Rossa, é grave considerar o “tecido urbano do passado como

meramente histórico, ou seja, apenas como um testemunho e não como uma realidade,

opção ou variável do presente.” 2

Assim, na aproximação à cidade, vai-se abordar a matriz e a tendência de evolução de

Coimbra para se enquadrar o objecto de estudo, a Baixa de Coimbra.

1.1.1 Contexto Histórico

Coimbra teve a sua origem na colina da actual Alta da cidade, onde se estabeleceu o

primeiro núcleo populacional pois oferecia uma posição geográfica estratégica em

questões naturais e de defesa3. Na origem de Coimbra, existe uma forte suspeita de

ocupação pré romana, localizada na colina, devido ao facto das qualidades do local serem

propícias e de existir uma série de evidências arqueológicas que indicam que foi habitada

pelo menos a partir do Neolítico.4

A evolução do povoado em espaço e tempo é caracterizada pela localização num

dos mais importantes percursos terrestres entre o norte e o sul da Península Ibérica,

servindo de comunicação entre o interior e o mundo romanizado. Este crescimento

manteve-se até ao início da Idade Média. 5

2 ROSSA.Walter- cidade: o sonho de Nero, o desenho, o comércio tradicional e outras provocações expressas

de forma desordenada.workshop internacional de arquitectura.Novos mapas para velhas cidades.ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 20. 3 FIGUEIREDO. A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna.1996. p.252.

4 ROSSA , Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da

Universidade. 2001. p. 44. 5 Ibidem. p. 46.

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1| Planta Topográfica de Coimbra. 2| Séc. I-IV ocupação romana, tentativa de implementação do traçado hipodâmico à cidade de Aeminium 3|Séc. V-VI Actual Rua de São João, seria a rua principal e parte da Rua Borges Carneiro e Rua do Norte onde seria o Fórum Romano, situava-se na intersecção destas, no actual Museu Machado de Castro. 4| Séc. VII-XI 5| Séc. XII 6| Séc. XIII 7| Séc. XIV-XV 8| Séc. XVI 9| Séc. XVII 10| Séc. XVIII 11| Séc. XIX

13

AEminium, novamente Emínio, seguido de Colímbria6 a Coimbra romana, possuía

um aqueduto e era envolvida por muralhas (cujas portas tinham o nome de Almedina,

Sol/Castelo/Cidade, Belcouce /Estrela, Traição/Genicoca/Ibenbodron) erguendo-se sobre o

cruzamento de duas grandes vias de comunicação: o rio Mondego e a estrada Olissipo-

Bracara Augusta. Encontrava-se centrado a partir do fórum, construído sobre uma

plataforma que assentava num Criptopórtico que, ainda hoje integra e sustenta

parcialmente o actual Museu Nacional Machado de Castro. A ocupação romana marcou a

organização da cidade subsequente, definindo a orientação de arruamentos e fixando a

localização de edifícios significativos.7

Apesar do modelo teórico ideal da cidade para os Romanos serem ruas ortogonais

que definiam quarteirões, provavelmente o traçado desviava-se dele como outras cidades

romanas, pois a topografias com declives acentuados assim o obrigava.8

Com as invasões bárbaras da Península Ibérica, em 464, os Suevos dominaram

Aeminium e trouxeram com eles fortes perturbações devido às constantes lutas guerreiras,

tanto entre Bárbaros como contra os Muçulmanos. 9 Uma parte deles dedicou-se à

pilhagem, no entanto, há indicações que eles introduziram o centeio e o arado. 10Mais

tarde, a partir da vitória dos Visigodos meio romanizados, entre 586 e 640, a cidade foi

novamente conduzida ao equilíbrio e à prosperidade. 11

Em 711, os Muçulmanos entram na Península e invadem também Coimbra12, a sua

permanência trouxe inovações importantes, como a introdução de novas sementes e

árvores, assim como novos processos de cultivo e exploração agrária e novas tecnologias.

6 Ibidem.p. 41.

7 Ibidem.p. 53.p.54.

8 ALARCÃO. Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Imprensa da universidade de Coimbra.

Coimbra. 2008. p. 57. 9 FIGUEIREDO. A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna.1996. p. 259. p. 260.

10 ALARCÃO.Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Imprensa da universidade de Coimbra.

Coimbra. 2008. p. 69. 11

FIGUEIREDO. A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna. 1996. p. 259. p. 260. 12

Ibidem.

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12| Porta de Belcouce – Baldi. 13| Vista interior do Criptopórtico. 14| Criptopórtico. 15| Corte do Criptopórtico. 16| Perfil hipotético da cidade romana 1. Muralha; 2. Domus; 3. Forum; 4. Templo do culto imperial; 5. Anfiteatro. 17| Arruamentos da cidade de Aeminium, 1.Forum, 2.Anfiteatro, 3.Teatro, 4.Aqueduto, 5.Templo de culto imperial, 6.Alcáçova, 7.Igreja de S. Pedro.

15

Permaneceu na posse dos Muçulmanos durante um século até ser conquistada por Afonso

III de Leão (866-884). Em 987, é conquistada novamente pelos Muçulmanos sendo que em

1064, a cidade é definitivamente reconquistada por Fernando Magno de Leão e restituída

aos Cristãos.

Apesar de Coimbra ser uma cidade florescente e a mais importante cidade de

Portugal, não era a capital, sendo Guimarães a cidade eleita pelo conde D. Henrique e pela

rainha D. Teresa. Mais tarde, o filho, D. Afonso Henriques, elege Coimbra a capital do

condado, devido à sua posição central, que manteve durante quatro reinados.13

A partir de 1162, dá-se a construção da Sé Velha, construída por mestres franceses,

sendo a mais importante igreja românica portuguesa, com o mais antigo claustro gótico

português com obras escultóricas dos sécs. XIII, XIV e XVI.

O séc. XVI trouxe a fundação de inúmeros colégios que funcionavam como

alternativa ao ensino oficial. A partir de 1537, surge a instalação definitiva da Universidade

de Coimbra. A Universidade foi fundada pelo rei D. Dinis em 1290, sendo a mais antiga de

Portugal e uma das mais antigas do mundo.14

“ Aqui estudou a elite intelectual portuguesa até às primeiras décadas do século XX,

homens como Almeida Garret, Eça de Queirós, Afonso Lopes Vieira, os notáveis académicos

da Geração de 70, Antero e António Feliciano de Castilho, José Régio, Vitorino Nemésio,

Miguel Torga, enfim, tantos e tantos outros.”15

Sob a chefia de Frei Brás de Braga, deu-se a renovação no Mosteiro de Santa Cruz

que foi fundado em 1131 e deu-se a abertura da Rua da Sofia, onde se concentraram

inúmeros colégios, conventos e residências.

13

FIGUEIREDO. A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna.1996. p.260-268. 14

DIAS. Fernando Rebelo e Pedro - Coimbra e Região.1978.p15-22. 15

DIAS, Pedro, Coimbra, Guia Para uma visita. p. 7.

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18|Sé Velha de Coimbra, Mário Novais, 1899-1967, Orientador científico: Mário Tavares Chicó, 1905-1966. 19| Universidade de Coimbra – 1865 Fotografia, A. desconhecido, ca. 1865, IMAGOTECA (U.C.) 20| Praça Oito de Maio. Frontaria do Mosteiro de Santa Cruz e da Igreja de S. João das Donas (S. João Baptista) no século XIX (cerca de 1840). Litografia a partir do desenho de Lopes Júnior. 21| Rua da Sofia na década de 80 do Século XX.

17

“É habitual dizer-se que a forma das cidades reproduz a história e a cultura das diferentes

épocas. Em Coimbra, nenhuma outra área é tão fiel a este princípio do que a Rua da

Sofia.”16

Coimbra possuia 1527 habitantes em 1527, com a vinda de estudantes e devido a

um conjunto novo de pessoas ocupadas em prestação de serviços necessários à

permanência de mestres e alunos, deu-se um crescimento exponencial fazendo com que

atingisse os 10 000 habitantes em 157017. No século XVII iniciam-se as obras da igreja S.

Bento, da igreja dos Jesuítas, a actual Sé Nova, assim como o Mosteiro de Santa Clara-a-

Nova, representante da arte barroca.18

No reinado de D. João V, deram-se obras importantes como a construção da Torre

da Universidade, a Biblioteca Joanina e o início do Seminário19. A história da cidade passa a

girar em torno da história da Universidade de Coimbra, que se instalou definitivamente em

1537.

Sob orientação de Marquês de Pombal, dá-se o desaparecimento da muralha e do

Castelo Medieval, que ruiu em 1774, e dá-se a criação do Jardim Botânico.

O falecimento do rei D. José diminui a iniciativa construtiva e em 1778, o Arco

Romano de Belcouce é demolido. Ainda no séc. XVIII, é criado o Choupal, assunto de

muitas Canções de Coimbra, que será abordado mais adiante. 20

As ordens religiosas são extintas em 1834 e os seus bens nacionalizados. 21

“Por 1850, Coimbra continuava ainda o velho burgo académico, iluminando-se a

candeeiros de azeite, sem águas canalizadas, nem esgotos, nem vias-férreas, nem estradas,

16

BANDEIRINHA.Filipe Jorge e José António - Coimbra vista do céu.Argumentum.2003.p.33. 17

Ibidem.p.16 18

Ibidem.p.15-23 19

PIMENTEL. António Filipe - A Morada da Sabedoria.2005.p.315-326 20

DIAS. Pedro - Coimbra, Guia Para uma visita.p.23 21

Ibidem.

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22| Vista de Coimbra, Georg Hoefnagel, 1566. 23| Coimbra, J. Jansonius, 1620. 24| Pier Maria Baldi, 1669. 25| Jacques Chiquet, 1704. 26| Planta do Castelo de Coimbra, Guilherme Elsden, 1772. 27| Coimbra, Autor desconhecido, 1890.

19

nem escolas, dormitando letargicamente à sombra da Universidade e restabelecendo-se

penosamente e com lentidão do enorme abalo sofrido com a extinção das congregações

religiosas que mantinham aqui nada menos de 7 mosteiros e 22 colégios.” 22

Com o crescimento da média burguesia e o início da industrialização, o

desenvolvimento da cidade intensifica-se, surgindo em 1856 o telégrafo eléctrico e a

iluminação a gás, mais tarde, em 1864, surge o caminho-de-ferro e em 1875, é inaugurada

a ponte férrea.23

Enquanto a alta de Coimbra era arrasada pelo Estado Novo, as cidades da Europa

eram destruídas pela Grande Guerra. Nos anos 40, iniciam-se as demolições na Alta,

sofrendo destruição quase completa, para se edificarem os novos edifícios universitários.

Nas ruas cheias de história, vida, tradição e poesia, surgiram as novas faculdades.24

“Na sua visão autista, a nova Alta Universitária sonhada pelo Estado Novo, ficará

condenada a uma existência introvertida e esvaziada de uma verdadeira

plurifuncionalidade urbana, ainda hoje visível.” 25 Gonçalo Byrne

Herdeira de um passado a que não pode voltar costas sob pena de deixar de ser ela

própria, Coimbra cresceu entre desequilíbrios nem sempre fáceis de resolver, por vezes à

custa do sacrifício do seu património histórico. Nas periferias constroem-se bairros sociais,

como o das Sete Fontes e para acolher os desalojados da Alta, criam-se os bairros Marechal

Carmona, actualmente Bairro Norton de Matos, o Bairro da Cheira e a Fonte da

Castanheira.

Segundo João Paulo Cardielos, os núcleos Alta e Baixa, ao se expandirem, foram

marcados pelas deslocações dos colégios, fazendo com que se desse um alastrar em

“mancha de óleo” sobre as principais vias e encostas melhor localizadas.

22

LOUREIRO. José Pinto - Anais do Município de Coimbra (1870-1889), Coimbra, Edição da Biblioteca Municipal, 1937. p. 9. p. 10. 23

MARQUES. Rafael - Coimbra Através dos Tempos. p. 7-9. 24

Ibidem. p. 27 25

BYRNE. Gonçalo – Metro ligeiro de superfície na baixa de Coimbra. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ. 6.7. EDARQ. 2003. p. 17.

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28| A Alta antes das demolições em 1945. 29| A Alta nos anos 60, espaço onde seria construída a Faculdade de Ciências. 30| A Alta em meados da década de 70.

21

“O séx. XX acrescentou densidade, modificou técnicas e as tipologias construídas e, por fim,

foi perdendo alguns dos critérios qualificativos que referenciavam os crescimentos

anteriores, ocupando já sem quaisquer princípios os espaços intersticiais.”26

1.1.2 Coimbra actual

No contexto de evolução e de afirmação dos valores de Coimbra, é de salientar a

forma com que a estrutura e o edificado da cidade monumental chegaram aos dias de

hoje. O território é formado pelos fluxos de mercadorias e pessoas, resultando da

configuração da estrutura social e a concretização desta estrutura no território. As

transformações no espaço a ser estudado, a Baixa, são o resultado não só das relações

intra-urbanas, mas de relações regionais e globais, já que a cidade não é um lugar fechado

em si, pois assume relações com a envolvente tanto local como regional, exigindo que se

tenha uma visão da Baixa inserida num contexto político-económico mais abrangente.

Sem ser um centro industrial, Coimbra assume importância devido às suas funções

administrativas e devido há existência de uma grande massa populacional estudantil.

O perímetro urbano divide-se em Alta, primitiva zona medieval que ocupa a colina

da Universidade, a Baixa, que corresponde à zona do arrabalde medieval que engloba a

margem do rio Mondego, e a zona residencial, que engloba o Burgo de Celas, S.to António

dos Olivais.

Estima-se que Coimbra possui uma população de aproximadamente 201 000

pessoas, sendo que destas, 148.443 são residentes, 9.067 são não residentes, existindo

43.461 entradas diárias no Município de Coimbra por movimentos pendulares oriundos de

outros municípios por motivos de deslocação casa para trabalho/estudo. O centro urbano

de Coimbra tem evidenciado um crescimento populacional acima da média do pais e do

concelho, que não é sustentado pelo crescimento natural, mas sim pelo saldo migratório.

Esse crescimento tem excepção no seu centro histórico, que regista um decréscimo

26

CARDIELOS. João Paulo- Coimbra… ou o inverso! Cidade, planos e etapas do seu planeamento urbano. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. FCTUC. 2000. p. 41.

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31| Rio Mondego. 32| Delimitação da zona urbana de Coimbra.

23

significativo da população. 27 Este crescimento é desordenado e vai-se sobrepondo à

imagem da cidade desordenada. Pare se estudar a estratégia da cidade, o PDM não é

suficiente, sendo que planos de pormenor seriam complementares para “corrigir a

desorientação dos últimos anos”.28

O planeamento projectado por urbanistas e arquitectos, que estiveram ausentes na

experiencia urbanística recentemente, pode ser uma hipótese a ter em conta, já que a

necessidade de desenho é evidente. 29

“A actuação num território indiferenciado, sem esforço de compreensão do seu carácter e,

por vezes, do seu estatuto adquirido, que tem como consequência directa a não

sedimentação das estruturas existentes e alastramento incontrolável das medíocres

implantações suburbanas.”30

1.1.2.1 Enquadramento social

Coimbra é uma referência a nível nacional em investigação e inovação, assumindo-

se como a “Cidade do Conhecimento”. As unidades de investigação da Universidade de

Coimbra, os Hospitais da Universidade de Coimbra juntamente com o Instituto Politécnico

de Coimbra, assumem especial importância neste facto.

Coimbra é por tradição uma cidade universitária, onde se concentram um número

elevado de estabelecimentos de ensino superior: a Universidade de Coimbra, o Instituto

Politécnico de Coimbra, o Instituto Bissaya Barreto e a ARCA.

O município apresenta um nível de formação médio da sua população elevado,

tendo um número significativo de indivíduos com formação superior pertencente à área da

Saúde.31

27

CMC - Plano Estratégico de Coimbra – Diagnóstico Final. 2007. p. 10. p. 11. 28

LOBO. Rui- Coimbra:evolução do espaço urbano.workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 27. 29

CARDIELOS. João Paulo- Coimbra… ou o inverso! Cidade, planos e etapas do seu planeamento urbano. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ3. FCTUC. 2000. p. 48. 30

BANDEIRINHA. José António - novos mapas para velhas cidades. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 83. 31

CMC - Plano Estratégico de Coimbra – Diagnóstico Final. 2007. p. 18. p. 23.

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1.1.2.2 Espaços verdes do centro urbano

O centro urbano de Coimbra tem um conjunto de espaços verdes ao dispor dos

cidadãos, que representam uma mais-valia para a qualidade de vida dos seus habitantes.

Dos espaços verdes é importante mencionar a Lapa dos Esteios e a Quinta das

Lágrimas. Na margem direita, é de ressaltar o Jardim da Sereia, também chamada Quinta

de Santa Cruz, pois fazia parte de um mosteiro com o respectivo nome, tendo sido

bastante alterada no Séc. XVIII. Era um local destinado ao jogo da pela, em moda na altura,

apresentando vários torreões, fontes e tanques decorativos.

O Jardim Botânico nasceu na reforma Pombalina da Universidade, possuindo

inúmeras espécies exóticas, sendo a sua importância consequência desse facto. O Penedo

da Saudade e da meditação, sagrou-se o refúgio de poetas, que deixaram poemas em

lápides espalhados pelo espaço. Para além mos mencionados, Coimbra, tem ainda o Jardim

da Cerca de S. Jerónimo, o Jardim da Manga e o Parque Dr. Manuel Braga.

São de referir ainda espaços construídos mais recentemente como, o Parque Vale

das Flores, os Jardins da Casa do Sal e os espaços públicos envolventes ao Estádio

Municipal. Em duas das saídas de Coimbra podem-se encontrar, o Pinhal de Marrocos, na

saída sul em direcção à Estrada da Beira e a Mata Nacional do Choupal, na saída poente32.

O Choupal encontra-se entre o Monte Formoso e o rio Mondego, não apresenta

relações urbanas com a cidade. A Câmara prevê no Plano elaborado para a Estação Velha, a

consolidação da área arborizada do Choupal e a criação de equipamentos de lazer,

comércio, restauração e estacionamento. 33

32

DIAS. Fernando Rebelo e Pedro - Coimbra e Região. 1978. p. 15. p. 16. 33

MONIZ. Gonçado – Uma estação intermodal sobre o apeadeiro de Coimbra- B. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 65.

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33| Lapa dos Esteiros 34| Quinta das Lágrima 35| Jardim da Sereia 36| Jardim Botânico 37| Choupal

27

Destaca-se o Parque Verde do Mondego, situado nas margens do rio entre a ponte

de S.ta Clara e a ponte Europa. Surge como um elemento que articula a cidade com o rio,

sendo o “… principal espaço público de lazer cuja dimensão e centralidade potencia a

diversidade de usos e actividades.”34

1.1.2.3 Mobilidade e Transportes

Coimbra é produzido em função da circulação automóvel, é necessário reflectir-se

sobre a fraca adesão aos transportes púbicos, é imprescindível diminuir o trânsito

automóvel e se articular com a região envolvente.

O Metro Mondego, constitui um dos projectos supramunicipais mais estruturante

para Coimbra, surgindo como a oportunidade de projectar espaço urbano

estrategicamente, agindo de modo extensivo e coerente. O metro traz a possibilidade de

“…intervenção nos espaços públicos e privados, que a necessária adaptação ao meio de

transporte induz. Por outro lado, os efeitos de fortalecimento da coesão dos espaços

centrais que um sistema de transportes públicos deste tipo proporciona.”35

A estação de comboios Coimbra-B, é uma espécie de grande apeadeiro, ligando

Lisboa ao Porto sendo um elemento urbano de referência. 36

O Parque e a Circular evidenciam-se, servindo de ligação dos vários fragmentos

urbanos, podendo ser questionado as várias opções tomadas, em questões de acessos,

cruzamentos viários, sistemas de controlo de velocidade e traçados alternativos a nível de

escala e de desenho.37

Coimbra apresenta a extensão da rede rodoviária com muitas intersecções, o que

diminui o nível de serviço e aumenta os congestionamentos.

34

RABAÇA. Armando - cumprir o culto do urbano. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 86. 35

BANDEIRINHA. José António – Metro: muito mais que um mero pretexto. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ. 6.7. EDARQ. 2003. p. 12. p. 13. 36

MONIZ. Gonçado – Uma estação intermodal sobre o apeadeiro de Coimbra- B. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 65. 37

RABAÇA. Armando - cumprir o culto do urbano. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. DARQ. 2000. p. 87.

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38| Parque Verde do Mondego. 39| Planta do Parque Verde do Mondego. 40| Planta com as respectivas demolições, com o traçado do Metro do Mondego no Largo Bota a Baixo.

29

A CMC definiu no PDM e seguidamente, no pano de urbanização para a Estação

Velha, a inclusão de um terminal de eléctrico rápido, um terminal de autocarros, uma

praça de táxi, estacionamento, espaço comercial e instalações administrativas. A rotunda

da estação e o túnel seriam redesenhados, para beneficiar a fluidez do trânsito. 38

“… violar o Choupal cruzando o romantismo do passeio no bosque com o futurista eléctrico

rápido; aproximar a habitação da tranquilidade do Choupal retirando-a dos viadutos da IC2

parecem propostas que invertem a lógica actual das coisas e que por isso permitem

diferentes urbanidades.”39

1.1.2.4 Património Edificado Histórico

Existe actualmente, a necessidade de renovar as áreas centrais e requalificar as

periferias, sendo que a presença de um imenso espólio monumental, arquitectónico e

arqueológico constitui uma mais-valia nesse processo.

Coimbra guarda heranças histórico-culturais de diferentes tempos e Civilizações,

como atesta o vasto e diversificado património histórico e arquitectónico. No reinado de D.

Afonso Henriques, Coimbra estabeleceu-se como capital do reino, permanecendo assim

durante dois séculos, mas foi a Universidade que proporcionou a formação de edifícios

notáveis. O património permite-lhe posicionar-se como um destino turístico de história e

cultura por excelência.

Coimbra é a terceira localidade de Portugal em número de referências com

Monumentos Nacionais, suportando a ideia de Coimbra “Cidade do Património”.

Dos elementos mais marcantes, encontram-se o Paço da Universidade de Coimbra,

Pólo I, Alta da Cidade, Baixa, Ferreira Borges e a Igreja de Santa Cruz de época manuelina;

Praça da República, Jardim Botânico, Rua da Sofia e Portugal dos Pequenitos. É no entanto,

no período medieval, que pertencem os monumentos mais significativos, destacando-se a

Sé Velha de Coimbra, a mais importante igreja românica portuguesa, a igreja de S. Salvador

38

MONIZ. Gonçado – uma estação intermodal sobre o apeadeiro de Coimbra- B. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 65. 39

Ibidem.

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e a Igreja de S. Tiago, também românica. Da época gótica, é de referir o Convento de Santa

Clara-a-Velha, convento de Celas. Já pertencente ao Manuelino, surge S.ta Cruz e o Paço

Real. No período do Neoclassicismo, é de referenciar o Laboratório Químico e o Museu da

História Natural. 40

Apesar do importante edificado histórico, verificam-se diversos problemas na

gestão, manutenção e iluminação de monumentos, insuficiente sinalização e informação.

Este património e a sua gestão vão definir a concentração de turismo, sendo que os

percursos turísticos mais comuns situam-se no eixo Pólo Universitário/Alta da Cidade e Rua

Ferreira Borges/Visconde da Luz.

A candidatura da Universidade de Coimbra a Património Mundial UNESCO, poderá

tornar-se num factor relevante para o sector do Turismo e valorização do património.

Cidades como Évora ou Santiago de Compostela, estão classificadas como Património da

Humanidade e tal como Coimbra, têm Universidades com séculos de história.

1.1.2.5 Património Imaterial

No património imaterial, encontra-se o “Fado de Coimbra”, que está fortemente

enraizado na comunidade estudantil, assumindo lugar de destaque nas comemorações

académicas cujas tunas têm papel de relevo.

A tradição académica também é património imaterial, tendo uma variedade de

costumes ao longo dos séculos se foram modificando, que englobam a obrigatoriedade de

cumprir certos comportamentos e rituais, usar um traje, estar sujeito a castigos, cantar

hinos, etc. Actualmente o traje é vestido com orgulho e faz parte da indumentária usada

principalmente em alguns eventos estudantis como na serenata da latada e nos cortejos da

latada e queima. Os actuais eventos culturais mais reconhecidos são a Queima das Fitas e

as Festas da Rainha Santa.

Como locais de excelência, que explicitam o espírito académico, encontram-se as

Repúblicas. São residências colectivas de estudantes universitários, que manifestam o

40

DIAS. Fernando Rebelo e Pedro - Coimbra e Região.1978.p.16-22.

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41| Demarcação das áreas candidatas a Património Mundial da UNESCO. 42| Extracto da distribuição do património classificado e em vias de classificação na área da Alta e Baixa e respectivas zonas de protecção. 43| Traje de Coimbra, desenho de George Braun & Franz Hogenborg, 1572. 44| Estudantes trajados a tocar o Fado de Coimbra. 45| A rua da Matemática em Coimbra, é uma rua onde existe concentração de várias Republicas de estudantes, esta em questão é a República dos Corsários.

33

espírito comunitário e de partilha. Surgiram a fim de colmatar as carências habitacionais

com o aumento da população estudantil. Encontram-se dispersas pelo centro histórico,

mas têm maior concentração na Alta e na zona da Praça da República. Apesar da sua

importância, os edifícios das Repúblicas estão na sua maioria, actualmente, degradados.

1.1.2.6 Urbanismo

A implantação original no topo da colina, o desenvolvimento de uma rivalidade

entre a Alta e a Baixa assim como a falta de construção de pontes, faz com que o rio

funcione como uma espécie de limite ou periferia.

“É preciso identificar rupturas e inventar articulações. É possível desenhar a

continuidade.”41

A área de crescimento não tem sido bem estruturada, ficando dispersa,

imperceptível, ramificando-se sobre caminhos pré-existentes.42

Em 2003, surge o Seminário Internacional de desenho urbano, Inserções, a partir do

Centro de Estudos de Arquitectura na FCTUC, em articulação com a CMC e Metro Mondego

S.A., que, convidando diversos arquitectos, desenvolveu-se momentos de reflexão sobre

áreas estrategicamente seleccionadas. Várias equipas de arquitectos fizeram uma proposta

para cada área, reflectindo um esforço conjunto para dinamizar Coimbra. 43

Uma das áreas abrange o tema do Metro e a sua passagem pela Baixa, que será

abordada no capítulo seguinte.

É perceptível a preocupação dos habitantes com esta situação, as suas aspirações

ditam a necessidade de se debruçar sobre o assunto.44

41

CORREIA. Nuno – o resto da periferia. Contexto, conteúdo e limites do tovim. workshop internacional de arquitectura.Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 102. 42

LOBO. Rui – zona central C3 | a margem esquerda, entre a ponte de Santa Clara e o açude. Workshop Internacional de Arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3.DARQ. 2000. p. 91. 43

MONIZ. Jorge Figueira, Gonçalo Canto - Seminário Internacional de Desenho Urbano. Inserções. ECDJ. 6.7. EDARQ. 2003. p. 74. p. 75. 44

BANDEIRINHA. José António - novos mapas para velhas cidades. Workshop Internacional de Arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 82.

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46| Eixo Alta/Baixa com as respectivas cotas.

35

O eixo Alta-Baixa é uma área urbana importante estrategicamente, sendo um dos

principais focos de atracção turística de Coimbra, contudo, apresenta saída compulsiva dos

habitantes.

“ Aquele centro não teve a capacidade para potencializar a mais-valia de urbanidade que já

possuía e, em vez de se auto-polalizar ampliando-a para as novas periferias, foi ele próprio

que se suburbanizou.”45

O contexto urbano de Coimbra, surgiu da necessidade de enquadrar o tecido

urbano correspondente à Baixa, a zona estudada. Sendo a Baixa de Coimbra um território

determinante para a afirmação da Cidade, possuindo uma história marcante com o seu

centro histórico, surgiu a necessidade de enquadrar os diferentes processos sofridos na

história da própria cidade. A Baixa surge assim, como o objecto de estudo escolhido para

aplicar os estudos do urbanista Kevin Lynch, as suas características e evolução do espaço

urbano serão abordadas no capítulo seguinte.

45

Ibidem.

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2. Baixa de Coimbra DO CONTEXTO HISTÓRICO À ACTUALIDADE

2.1 Baixa, o Centro Histórico

Os centros históricos detêm importância determinante na evolução de uma cidade,

definem e contam a história de cada cidade em várias camadas, tendo que ser pensadas

para o ser humano.

“O centro constituiu sempre um referencial de primeira importância na caracterização das

aglomerações urbanas. Essa importância é facilmente explicada pela conjugação locativa

de vários atributos formais, funcionais e simbólicos: a densidade: da memória histórica, a

aglomeração e a diversidade de funções de carácter direccional, a acessibilidade, a forte

referenciação iconográfica e perceptiva, o palco central da afirmação do poder e da

cidadania.”46

A tendência dos centros abarca diversos problemas onde se inclui o

congestionamento, a desadaptação dos transportes públicos, surgimento de edifícios ícone

fora do centro que retiram a importância simbólica do centro, envelhecimento e abandono

do edificado, dificuldade logísticas e crise ou encerramento de funções e equipamentos. 47

No centro histórico, a Baixa é um local onde se mistura comércio, séculos de

história, habitação, cultura, espaços verdes e lazer. O desenvolvimento da zona situada no

eixo Baixa-Alta, constitui uma das prioridades no desenvolvimento da cidade de Coimbra.

Constitui ainda palco de visita de turistas, quer de visitas de população em idade escolar,

quer de estrangeiros.

A Baixa é ofuscada pelo abandono da população, provocando edifícios degradados,

que retiram a dignidade de outrora. A nível comercial, possui menos visitantes sendo

46

DOMINGUES. Álvaro- os novos mapas da cidade. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. FCTUC. 2000. p. 35. p. 36. 47

Ibidem.

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necessário criar medidas para reavivar a zona, para isso, é importante conhecer como os

habitantes e visitantes compreendem esse espaço. Assim, um dos objectivos deste

trabalho, será estudar a imaginabilidade, ajudando nos esforços para dar vida à baixa da

cidade de Coimbra.

Uma cidade bem planeada, fornece melhor qualidade de vida aos seus habitantes.

Sendo os arquitectos capazes de criar paisagens, é importante perceber como o ser

humano identifica as partes e estrutura o todo, só assim, compreendendo quem habita, é

que se poderá planear correctamente e fazer boa arquitectura. Assim, vai-se estudar a

identidade visual dada pelos símbolos da cidade, o espírito do lugar, a diferenciação e

enriquecimentos visuais, seguindo os estudos de Kevin Lynch.

2.1.1 Contexto Histórico

Como foi referido anteriormente, no séc. XII, dá-se a transferência da capital do

Reino para Lisboa, por D. Afonso Henriques, a cidade alta de Coimbra, perde a sua função

administrativa e o Paço Real deixa de ser a residência do Rei. Devido à topografia e a

ajustada ocupação humana, a Alta e Baixa ou Almedina e o seu Arrabalde, eram distintas,

sendo a Almedina a zona da cidade eclesiástica, militar, política e aristocrática, com os

respectivos servidores e algum povo, no Arrabalde a cidade comercial, o povo em geral.

Com a morte de D. Afonso Henriques, termina um dos ciclos com maior relevância

na história urbana de Coimbra. Foi na altura Afonsina que se estruturou a expansão para

além do perímetro defensivo, sendo praticamente na mesma altura em que o mesmo era

construído, esta expansão ficou completamente consolidada, aquando a instalação

definitiva da Universidade na segunda metade de Quinhentos. Assim, com a estabilização

das fronteiras, as muralhas tornaram-se desnecessárias e os comerciantes começam-se a

fixar na zona baixa da cidade, o arrabalde.48

Sob ordens de D. Afonso Henriques, é iniciada a construção do Mosteiro de Santa

Cruz em 1131, junto da estrada romana, actual rua Ferreira Borges e Visconde da Luz,

48

ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da Universidade. 2001. p. 423- 572.

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entregando-a aos Crúzios. Foi o mosteiro que ergueu as bases para a futura cidade

universitária, pois deu origem aos colégios da cidade, que se situavam na Rua da Sofia. O

mosteiro irá disputar a centralidade com a Sé Velha, iniciando a bipolarização de Coimbra.

Surgem assim no arrabalde, a Praça Velha, actualmente com o nome de Praça do

Comércio, Largo de Sanção, actualmente, Praça 8 de Maio. 49

No fim do séc. XII, os mercadores estrangeiros, maioritariamente Francos, fixam-se

na Rua dos Francos, datada de 1363, que corresponde ao actual eixo da Rua ferreira Borges

e Rua Visconde da Luz. Esta última é alargada em 1857, amputando a Igreja de S. Tiago,

sendo que em 1883, é alterado o pavimento para calçada, demonstrando a importância

desta no tecido urbano50. Um segundo grupo de casas surge mais tarde, junto ao mosteiro

de Santa cruz, sendo que, devido á atracão do arrabalde, facilmente se pressupõe que a

construção entre estes dois espaços se deu rapidamente. Pensa-se que representam ainda,

a transição entre a alta nobre e a baixa do povo, reflectindo-se na qualidade arquitectónica

dos edifícios.51

Para diversos autores, a via Olisipo- Bracara seguia o traçado da actual, rua Ferreira

Borges, saindo em direcção a norte pela rua Direita.52

A rua dos Francos formou-se entre a porta da Almedina e a ponte, possuindo uma

largura de cerca de 9 metros, detendo uma pendente superior a 5%, sendo quase de nível

até à Igreja de S. Bartolomeu descendo acentuadamente até à ponte. Nos extremos,

surgiam pequenos alargamentos, correspondendo ao Largo da Portagem e um entre a

Porta de Almedina e a igreja de S. Tiago. Para estabilizar o tabuleiro viário, foi necessária a

construção de edifícios que serviam de muro de suporte a poente, tendo diferença de cota

em cerca de 6 metros, fazendo com que num dos lados fosse cave e noutro rés-do-chão.

Até 1611, localizado em frente à Porta de Almedina, existia uma passagem pública que

49

GRAVETO. Pedro - A Zona Histórica de Coimbra enquanto património, Porto, 2005. p. 169 - 171. 50

ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da Universidade. 2001. p. 423-572. 51

ALMEIDA. Sandra Maria Fonseca - A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano. 1997. p. 11. 52

Jorge Alarcão, Alfredo F. Martins etc.

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47| Praça Oito de Maio. Frontaria do Mosteiro de Santa Cruz e da Igreja de S. João das Donas, S. João Baptista. Desenho de Carlos Magne, 1796. 48| Praça Oito de Maio no século XIX, in Loureiro, José Pinto “Toponímia de Coimbra” tomo II 1964, Edição da Câmara Municipal de Coimbra, pág. 273. (Pormenor de um desenho). 49| Praça Oito de Maio no século XIX. Aspecto da parte poente da praça visto pelas janelas do andar principal do mosteiro. 50| Praça Oito de Maio no século XX in imagoteca da Câmara Municipal de Coimbra. 51| Praça Oito de Maio no século XX in imagoteca da Câmara Municipal de Coimbra. 52| Praça Oito de Maio em 1900 in Coimbra através dos Tempos, G.C. Gráfica de Coimbra / Cruz Vermelha Portuguesa, 53| Praça Oito de Maio no início do século XX (anterior a 1910) quando ainda circulavam na cidade, os carros americanos, puxados a muares, substituídos mais tarde pelos carros eléctricos, in imagoteca da CMC.

43

ligava ambos os espaços e por onde passou a conduta que abastecia o chafariz erguido na

praça.53

A Praça Velha surge da fusão dos espaços públicos da Igreja de S. Tiago e o adro de

trás da Igreja de S. Bartolomeu e da consolidação contínua do núcleo urbano, formando

uma zona comercial que também constituía o principal centro de comunicação e

transporte da cidade.54

Na zona norte da Igreja de S. Tiago e Rua Adelino Veiga, encontravam-se os oleiros,

sapateiros, saboeiros, torneiros, pintores, caldeireiros, etc. Foi provavelmente na praça

velha, que se instalaram os Peliteiros, cuja ocupação profissional era transformar a partir

da matéria-prima fornecida pelas alcaçarias, tratavam a pele a transformavam-na para

revenda para confeccionar sapatos, selas, correias etc. 55

A Rua de Coruche, hoje Rua Visconde da Luz, continha uma espacialidade menor

que a Rua dos Francos, sendo que o seu alargamento deu-se essencialmente para ligar o

Mosteiro de Santa Cruz e a Porta de Almedina. Nessa rua, instalaram-se os ourives e os

latoeiros. 56

Entre 1220 e 1227, dá-se a construção do Convento de S. Domingues, que, devido á

proximidade com o rio, era afectado pelas cheias e por esse mesmo motivo do outro lado

da rua não havia ocupação. Assim, a implantação do convento acabou por interferir no

crescimento urbano do arrabalde para norte.57

Em 1373, o arrabalde é invadido pelo exército castelhano dando-se a destruição de

casas na Rua da Moeda. 58

O Largo da Portafem, apresenta a cota actual, devido a aterros, sendo que o

levantamento da parte baixa da cidade, para além de causas naturais, deve-se a

53

ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da Universidade. 2001. p. 423-572. 54

Ibidem. 55

Ibidem. 56

Ibidem. 57

Ibidem. 58

Ibidem.

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54| Convento de São Domingos no início do século XX 55| Convento de São Domingos, Novembro 2006

45

demolições que originaram a acumulação de materiais. Como as habitações eram

construídas com materiais pobres, como taipa ou adobes, eram destruídas e reconstruídas

diversas vezes, isso, juntamente com destruição levada a cabo por ataques dos

Muçulmanos e Castelhanos, fazia com que se desse a acumulação de materiais, que

serviram assim, de aterro. Este facto, era útil na defesa contra as inundações que

afectavam a Baixa desde o Séc. XIII, que acelerava a degradação dos edifícios. 59

A primeira feira de Coimbra surge no paço de Alcáçova em 1377, criado por D.

Fernando, dando-se às segundas-feiras, surgindo como compensação pela mudança da

Universidade para Lisboa. Devido à dificuldade de acesso provocada pela topografia, o Rei

autorizou a mudança do local, que, ao que tudo indica, a população escolheu o actual

Quebra-Costas. 60

No séc. XIV, dá-se uma série de acontecimentos, como maus anos agrícolas e

epidemias que, juntamente com a saída da Universidade para Lisboa, provocou o declínio

da cidade. O rei D. Fernando cria assim, a primeira Feira Coimbrã como medida para

revitalizar a zona, que inicialmente de efectuava no terreiro da própria universidade e mais

tarde passou para a zona da Praça. 61 Para além disso, D. Fernando em 1334 concede a

isenção de imposto sobre os produtos dentro da muralha, já D. Afonso, oferece a isenção

de serviço militar aos habitantes, assim como outras regalias que não impediram, mesmo

assim, que os habitantes optaressem por passar as muralhas. Assim a Almedina perdeu

muitos dos seus habitantes, permanecendo os bispos, fidalgos, cónegos e alguns

burgueses.62

Na Rua das Azeiteiras, ficava localizado o Pelourinho ou Picota, sinal de centralidade

nas cidades portuguesas, sendo que o seu lugar primitivo era junto à Sé.

59

ALARCÃO.Jorge de- Coimbra: a montagem do cenário urbano. Imprensa da universidade de Coimbra. Coimbra. 2008. p. 17. 60

ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da Universidade. 2001. p.423-572. 61

Ibidem. 62

CARVALHO. José Branquinho - Coimbra Quinhentista. In Arquivo Coimbrão. Vol X. Coimbra. Boletim da biblioteca Municipal de Coimbra, 1947. p.213.

46

47

Na dinastia de Mestre de Avis, aclamado rei em 1385, dá-se a descida definitiva da

zona inferior da Almedina para o Arrabalde, gozando a cidade de especial empatia do

monarca.63

A rua da Moeda, rua da Loiça e rua do Corvo, são regulares, sendo que o quarteirão

compreendido entre a rua da Moeda e a da loiça tem o seu topo nascente rigorosamente

organizado em relação ao eixo da Igreja do Mosteiro de Santa Cruz. Existe uma

estruturação geométrica, cada lote tem cerca de 25 unidades de frente e 50 de

profundidade, ou seja, um duplo quadrado. 64 Sobre a rua das Padeiras não existe

informação relativa à idade média, tem cerca de 15 palmos de largura e existe uma

modelação no seu loteamento. Assim, a partir do séc. XIII desenvolveu-se a matriz

medieval com padrão urbanístico que compreendia-se entre o Mosteiro de Santa Cruz,

Igreja de Santiago e Igreja de Santa Justa.65

No séc. XV, deu-se a reconfirmação do espaço que corresponde actualmente à

Praça 8 de Maio, sofrendo novamente alterações conjuntamente com uma ampliação no

século seguinte. D. Afonso mandou alargá-la e colocou dois chafarizes, um a norte,

chamado de Sansão66 cujo nome deu ao espaço Largo ou Praça de Sansão e o a Sul

chamado de S. João.67

Pedro Dias, refere que até 1537, “o aglomerado urbano de Coimbra manteve-se

sem grande alterações: pequenas e acanhadas ruelas que serpenteavam nas encostas,

adaptando-se as construções que sempre precediam e definiam os traçados das vias. A

Almedina nunca esteve superlotada, continuando a existir hortas e quintais…”68

Em 1536, sob orientação do Frei Brás de Braga, iniciam-se as obras para criar a rua

da Sofia, que ainda hoje assume grande importância, permitindo o desenvolvimento

63

ROSSA , Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da Universidade. 2001. p. 423-572. 64

Sabe-se que na altura usavam-se como medida linear a Vara, que correspondia a cerca de 1,10 m. e o Côvado que corresponde a 0.66 m, sendo o palmo 1/5 da vara e 1/3 do côvado, assim o padrão médio que se usava na altura era de cerca de 22 cm. 65

Ibidem. 66

Demolido em 1839. 67

Demolido aquando D. Sebastião retirou nascentes ao mosteiro. 68

DIAS.Pedro - Coimbra: Guia Para uma visita. EPARTUR. Coimbra. 2002. p. 14.

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da baixa. 69 Para a formação da rua da Sofia, demoliu-se várias casas do Largo de Sansão,

bem como se rasgou a encosta do Montarroio, para iniciar o troço da rua. 70

Em 1537, dá-se então a instalação definitiva da Universidade, tendo uma relação

instável com o mosteiro, que reclamava para si o ensino superior.

A Porta da Figueira Velha, localizada a Norte, era uma portagem situada na actual

Rua Direita, mas com a abertura da Rua da Sofia e devido à presença do Convento de S.

Domingues, passou para Nascente surgindo assim a Porta de Santa Margarida. Esta

mudança levou a alteração na topografia, com subidas de pavimentos e aterros de

depressões. 71 Assim, em consequência da antiga muralha e a respectiva divisão diferentes

de regalias, assim como a questão topográfica, a sociedade fica dividida entre o clero e o

povo, os estudantes e os não estudantes, separados pela alta e pela baixa.

No séc. XV, dão-se os Descobrimentos e os portugueses começam a alargar os

horizontes físicos e mentais, cuja influência chega mais tarde a Coimbra. Em 1502, D.

Manuel ao visitar Coimbra, honra as relíquias afonsinas e manda construir novos túmulos,

ordenando ainda o restauro dos Paços Reais. Ainda no seu reinado, dão-se o início de

várias obras importantes como: ponte, cais, mercado, torres, hospitais e mosteiros.72

Ainda no mesmo século, o conselho cria o Largo do Poço, situando-se a Poente do

que hoje é a Rua dos Sapateiros, encontrando-se entre a Praça e a Praça de Sansão. Esta

introdução, mostra a preocupação de marcar compasso nos percursos, havendo ainda a

colocação de um poço público, que faria com que o Largo fosse conhecido também como o

“Pocinho”.

69

ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da Universidade. 2001. p. 423-572 70

LOBO. Rui- Um campus universitário em linha.Monumentos 25.Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Lisboa. 2006. p. 24. 71

ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da Universidade. 2001. p. 423-572. 72

GRAVETO. Pedro - A Zona Histórica de Coimbra enquanto património, Porto, 2005. p. 171. p. 172.

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As cheias, juntamente com a muralha, comprimiam o crescimento da cidade e

provocavam grandes danos nas habitações, chegando mesmo à ponte Afonsina e todas as

casas religiosas da zona menos Santa Cruz: S. Francisco, Santa Clara, Santa Ana e S.

Domingos. A situação só estabilizou no séc. XIX, depois da acção de D. Manuel e da

instalação definitiva da Universidade. O rei reuniu vários engenheiros e arquitectos

promovendo várias obras. A presença da universidade e colégios contribuiu com vinda de

arquitectos e engenheiros com outros fins, que também ajudaram a procurar soluções.

Assim, com as obras hidráulicas promovidas pelo rei, a frente ribeirinha do centro da

cidade foi controlada e estabilizada. 73

No séc. XVII os habitantes aumentaram, apesar das fronteiras urbanas não sofrerem

alterações relevantes. 74

No séc. XIX surge a preocupação com a circulação e com a salubridade e dá-se o

gosto pela grandiosidade urbanística. Na altura, não era dada importância à arquitectura

artesanal e havia o problema da zona histórica apresentar ruas tortuosas, estreitas e

íngremes.75

A área urbana da cidade entre 1900 e 1930 duplicou, assim como o número de

indústrias na parte baixa da cidade e posteriormente ao longo da via-férrea e da Estrada

Nacional nº1. A zona começa sentir a necessidade de planeamento, surgindo assim os

primeiros planos para a sua reestruturação.76

No início do Estado Novo, deu-se a reconstrução de edifícios velhos e a ocupação

dos espaços livres no interior da cidade, assim como a abertura da Avenida Sá da Bandeira,

o que levou ao aumento de população. Com a inauguração dos transportes urbanos de

tracção eléctrica em 1911, deu-se novamente aumento de população até abrandar em

1920, altura da I Guerra Mundial, da emigração e da gripe pneumónica.77

73

Ibidem. 74

GRAVETO.Pedro - A Zona Histórica de Coimbra enquanto património, Porto, 2005.p.175. 75

ROSMANINHO.Nuno - Coimbra no Estado Novo.Catálogo da Exposição.Evolução do Espaço Físico de Coimbra.Edição da Câmara Municipal de Coimbra.2005.p.1-8. 76

FARIA.José Santiago - Evolução do Espaço Físico de Coimbra.Catálogo da Exposição.Edição da Câmara Municipal de Coimbra.2005.p.6. 77

Ibidem.

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56| Cartografia de Izidoro Emílio Baptista em 1834. 57| Cartografia de Izidoro Emílio Baptista em 1834. 58| Cartografia dos Irmãos Gollard em 1873-1874.

53

No séc. XX, durante o Estado Novo, iniciam-se demolições que vão perdurar durante

cerca de 50 anos, havendo a produção de vários projectos que não foram concretizados

cuja finalidade era a remodelação da Baixa: Abel Urbano (1919-1928), Luís Benavente

(1936), Etienne de Groër (1940), Antão de Almeida Garrett (1955), Alberto José Pessoa

(1956) e Serviços de Obras e Urbanização da Câmara (1971-1973), Fernando Távora (1992).

Estes planos tinham em comum o facto de adoptarem a demolição de vários quarteirões.78

Anexo A

Em 1891, o engenheiro Góis concentra-se na abertura de três vias, a primeira ligaria

a Praça 8 de Maio ao Cais dos Oleiros; a segunda ligaria a Rua da Madalena até à Portagem

e a terceira ia pela Rua das Padeiras até à Rua Visconde da Luz. Apenas se chegou a

abordar a Rua da Madalena, alargando-a.79

Mais tarde, em 1918 e 1919, o engenheiro Abel Augusto Dias Urbano, propõe novo

plano, sendo influenciado pelas ideias de Haussmann cuja característica essencial a realçar,

é o rasgamento de novas vias a partir de praças ou cruzamentos relevantes. Assim, são

criados novos arruamentos mais largos de acordo com as necessidades de circulação. O

autor do projecto tem ainda o cuidado de conservar os monumentos considerados mais

importantes, adaptando-os como pontos de fuga paras perspectivas viárias, escolhendo a

igreja de S.ta Cruz, igreja do Carmo e igreja de S. Tiago. Este projecto também não foi

levado a cabo, provavelmente devido ao grande encargo financeiro.

Em 1936, surge outro plano, desta vez de Luís Benavente, que detinha pouca

sensibilidade e cujas mudanças mais significativas seriam a ampliação da Praça 8 de Maio,

para qual confluiriam todas as avenidas, defendendo ainda a demolição da Igreja de S.

Bartolomeu. Pretendia alargar a Rua das Figueirinhas e a Rua Olímpio Nicolau Fernandes,

demolindo assim o antigo Colégio das Artes, que deu origem à forma da Caixa geral de

Depósitos actualmente. 80

78

ALMEIDA. Sandra Maria Fonseca - A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano.1997. p. 20 - 62. 79

ROSMANINHO. Nuno - Coimbra no Estado Novo. Catálogo da Exposição. Evolução do Espaço Físico de Coimbra. Edição da Câmara Municipal de Coimbra. 2005. p. 1-8. 80

ALMEIDA. Sandra Maria Fonseca - A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano. 1997. p.20-62.

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Como não havia uma plano que abrangesse toda a cidade, a Câmara contratou

Etienne de Groër cuja ideia assenta no:

“… conceito das cidades-jardim: a cidade mãe com as cinco aldeias satélites por um

lado e a urbanização em lotes para moradias isoladas por outro.”81

Mas não teve em conta que Coimbra, não é indicado para este conceito, pois tem

um declive acentuado e é projecto muito dispendioso, necessitando de muitos meios para

colocar a ideia em prática.

Groër retomou o projecto da Avenida de Santa Cruz, ligando a Praça 8 de Maio e o

rio. Desse plano, resultou o esventramento dos quarteirões da chamada Judiaria Nova,

desse traçado apenas se deram as demolições do quarteirão denominado de Bota-

Abaixo.82

A estação central seria recuada, facilitando a abertura da Avenida, que estaria

assente no espaço deixado vago pelo desaparecimento dos quarteirões demarcados pelas

Ruas da Moeda e Bordalo Pinheiro, consideradas ruas estreitas e insalubres. O cais do

Mondego, com o recuo da estação teria maior dimensão, ligando assim o choupal ao

centro da cidade. O plano previu ainda a eliminação do mercado central e a sua

substituição por um jardim público. 83

Apesar de aparecerem como ideias de Groër, muitos elementos gráficos anteriores

a esta proposta, mostraram que as ideias eram originárias da Câmara Municipal.84

A opinião pública era contra o plano, o que levou à sua revisão, sendo escolhido o

Engenheiro Antão de Almeida Garrett em 1953-1955. Almeida Garrett não introduziu

grandes novidades, seguindo várias das ideias anteriores: ligar a avenida ao rio, recuar a

estação e criar uma via entre a Avenida Fernão de Magalhães e a Praça 8 de Maio,

81

SANTOS. Lusitano - Planos de Urbanização para a cidade de Coimbra. Coimbra.1983.p.32 82

BANDEIRINHA. Gonçalo Byrne, Nuno Grande, Rui Lobo, Armando Rabaça, António José – Metro ligeiro de superfície na baixa de Coimbra. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ.6.7. EDARQ. 2003. p.18. p. 19. 83

SANTOS. Lusitano - Planos de Urbanização para a cidade de Coimbra. Coimbra.1983.p.32 84

FARIA. José Santiago – A Rua da Sofia e os estudos urbanísticos para a Baixa de Coimbra. Monumentos25. Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais . Lisboa. 2006. p. 130-134.

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através da Rua Direita. A inovação surge, ao estabelecer um passeio para peões sobre o

Mondego, determinar que na zona ribeirinha estaria a zona comercial central e transferir o

pólo industrial para Coselhas, Estação Velha e Loreto. 85

Em 1956, surge um projecto de Alberto José Pessoa que abrange todo o território,

incluído pelo plano regulador. Entende que se deve beneficiar a zona sul, considerada com

valor arqueológico e turístico, e a razia de toda a área compreendida entre a Rua da Sofia e

o rio. Apesar de defender a preservação da zona histórica, propõe o alargamento das ruas

Eduardo Coelho e Adelino Veiga e algumas demolições para diminuir a densidade do

aglomerado. A Praça 8 de Maio seria rebaixada para o nível primitivo e consideravelmente

alargada, servindo de articulação entre a Alta e a Baixa. A Avenida Fernão de Magalhães

seria prolongada até à Portagem, definindo-a através de blocos com envasamento a partir

dos quais os edifícios se elevavam sobre pilotis. 86

Nos anos sessenta, são elaborados inúmeros estudos, na sequência de uma das

propostas, é demolido uma parte significativa na baixa, conhecida actualmente como

“bota-abaixo”. Os Serviços de Obras e Urbanização da Câmara, contando provavelmente

com o Eng. Costa Lobo, entre 1971 e 1973, elaborou um Plano de Urbanização da Baixa,

que defendia a ideia de uma grande via de circulação, a eliminação do edifício da C.M.C

onde seria colocado um jardim com ligação visual com o claustro de Santa Cruz. Incluía a

demolição da Estação Nova, a linha férrea passaria a ser subterrânea, a Rua Olímpio

Nicolau Fernandes seria prolongada, estabelecendo uma aproximação ao rio. Dava-se a

criação de uma grande praça ao pé do rio, com uma estação de interligação de transportes

viários e ferroviários. 87

Fernando Távora propõe em 1992, novamente ligação entre a rua Nicolau

Fernandes e a Avenida Marginal. O novo plano cria três vias pedonais: ligação da rua

85

ROSMANINHO.Nuno - Coimbra no Estado Novo. Catálogo da Exposição. Evolução do Espaço Físico de Coimbra. Edição da Câmara Municipal de Coimbra.2005.p.1-8. 86

ALMEIDA. Sandra Maria Fonseca - A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano.1997. p.50-62. 87

Ibidem.

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Visconde da Luz à rua da Sofia, outra ligando a ponte de S.ta Clara à Fábrica Ideal e uma via

que liga a Praça 8 de Maio à actual Cooperativa Agrícola.88 Dá-se ainda o rebaixamento na

entrada da Igreja de Santa Cruz, diminuindo a cota do pavimento da Praça 8 de Maio,

sendo um eixo pedonal. 89

O Centro Histórico de Coimbra é formado pela Alta e Baixa, que são historicamente

distintos entre si, em termos sociais e urbanos, sofrendo ainda hoje de algum

distanciamento. O centro histórico possui uma densidade de arquitectura monumental e

museológica muito significativa.

Após as obras de contenção do rio, a Baixa pôde-se elevar a uma cota de segurança,

“quase como uma dique que protege a depressão da Baixa”,90encontrando-se delimitada

pelas ruas Fernão Magalhães, da Sofia, Visconde da Luz, Ferreira Borges e Avenida Emídio

Navarro. É actualmente caracterizada pelo comércio tradicional, pela população

envelhecida e pela estrutura imobiliária envelhecida.

Quando anoitece, a comunidade académica abandonara alta, ficando deserta. A

baixa, não tem população suficiente e mantém dependência em relação à Universidade. 91

As ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges são espaços por excelência, com comércio

tradicional da Baixa. A actividade comercial da Baixa é fortemente fragmentada, sendo

ameaçada com a concorrência de espaços comerciais de grande dimensão, como são o

caso de Coimbrashopping, Dolce Vita Coimbra e o Fórum Cidade de Coimbra.

O comércio, restauração e serviços, são fortemente direccionados para os

estudantes e turistas, pelo que não existe a sensação de cosmopolitismo. 92

88

Ibidem. 89

FARIA. José Santiago – A Rua da Sofia e os estudos urbanísticos para a Baixa de Coimbra. Monumentos25. Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Lisboa. 2006. p. 136. 90

BANDEIRINHA. Filipe Jorge e José António - Coimbra vista do céu. Argumentum. 2003. p. 29. 91

GRANDE.Nuno - coimbra como projecto urbano.workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. FCTUC. 2000.p. 50. 92

Grande. Nuno.coimbra como projecto urbano.workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. FCTUC. 2000. p. 51.

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59| Edifícios de interesse Patrimonial e conjuntos urbanos de interesse Patrimonial. 60| Principais edifícios Medievais, incluindo os desaparecidos.

61

Novos empreendedores e comerciantes estão condicionados pelos valores elevados

de arrendamentos e aquisição, o que leva a que as populações mais jovens se remetam

para as áreas periféricas do tecido urbano. Outro motivo que condiciona o

desenvolvimento da Baixa, é a dificuldade de circulação devido às ruas estreitas e becos.

“Coimbra é hoje, Ceira, Arregaça, S. Martinho do Bispo, Souselas, Arrentela, Pedrulha e

outros nomes que nunca constarão dos roteiros turísticos.”93

Actualmente, o fenómeno de esvaziamento dos centros históricos é uma realidade

comum a muitas cidades portuguesas, neste sentido surge a necessidade de combater essa

tendência. Já existem várias entidades que visam contribuir para revitalizar a zona, como a

Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), Parcerias Público Privadas (PPP’s) e Comissão

Interdisciplinar da Baixa (CIB).

No processo de intervenção urbana, é necessário referir a introdução do Metro

Ligeiro de Superfície, que irá permitir a requalificação da frente ribeirinha de Coimbra,

trazendo grande impacto na Baixa de Coimbra, por onde irá passar. Possibilitará a

oportunidade, sem precedentes, de articular a Rua da Sofia com a Avenida Sá da Bandeira

e a frente ribeirinha, que será factor de dinamização do tecido socioeconómico

estagnado.94

É essencial ter em conta, que surgirão ainda novos níveis de investimento, a nível

comercial, cultural e habitacional. 95

“É necessário preparar a Baixa para o seu regresso ao estatuto de centro, não com carácter

de exclusividade, mas como núcleo axial de uma área central muito mais vasta.”96

93

Ibidem.p.51. 94

BANDEIRINHA. Gonçalo Byrne, Nuno Grande, Rui Lobo, Armando Rabaça, António José – Metro ligeiro de superfície na baixa de Coimbra. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ6.7. EDARQ. 2003. p. 18. p. 19. 95

BANDEIRINHA. José António – Metro: muito mais que um mero pretexto. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ 6.7. EDARQ. 2003. p. 12. p. 13. 96

Ibidem.

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Existem duas propostas de intervenção sobre os quarteirões em causa, por onde irá passar

o metro na Baixa. Ambas aproveitam para construir novas frentes urbanas e espaço público

de qualidade, que requalifique o tecido urbano degradado, sendo que a paragem do metro

prevista para o local beneficia as propostas. 97

Na sequência do seminário desenvolvido em 2003, como referido no capítulo

anterior, surge uma proposta desenvolvida por Emilio Tuñón e Luis Mansilla que abrange a

área de Santa Cruz. Consideram que o metro proporciona a transformação da cidade e dá a

oportunidade de resgatar aos cidadãos a vida fluvial. A Proposta imagina a ribeira como um

bosque de edifícios. 98

“Cozido por el Metro Ligeiro de Superfície, que coloniza la ribeira, se propone una

superfície abierta, ajardinada, libré, habitada por un conjunto de edifícios, destinados a

vivendas, a aparcamientos, a infraestructuras, al ócio, al trabajo, unidos por una sola

característica, su volumen cilíndrico…”99

Ainda em 2003, surge o concurso de ideias para a reabilitação da Rua da Sofia por

iniciativa do Centro de Estudos de Arquitectura da FCTUC, que pretende debater e reflectir

sobre intervenções globais e estruturadas, demonstrando a viabilidade das mesmas. Surge

numa altura em que se propôs desfazer a obra de Távora na praça 8 de Maio, a realização

do metro encontra-se em causa e a nova portagem talvez se realize parcialmente. Sendo

nesse contexto que o concurso dá-se, para alertar a necessidade de valorizar e transformar

um conjunto patrimonial. 100 Pretendeu restituir à rua da Sofia, a unidade morfológica que

já possuiu e rever a relação com a cidade.

Outro factor dinamizador, é a candidatura da Universidade a Património Mundial

pela UNESCO, pretendendo recuperar e valorizar o património Monumental, que terá

efeitos positivos a nível de Turismo.

97

BANDEIRINHA. Gonçalo Byrne, Nuno Grande, Rui Lobo, Armando Rabaça, António José– Metro ligeiro de superfície na baixa de Coimbra. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ 6.7.EDARQ.2003.p.20-27. 98

MANSILLA. Emilio Tuñón, Luis- Santa Cruz. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ 6.7. EDARQ. 2003. p. 52 - 59. 99

Ibidem. p. 54. 100

COSTA. Alexandre Alves - Sofia: Concurso Público de ideias para reabilitação da Rua da Sofia. ECDJ.8. E|D|ARQ. 2003. p. 6. p.7.

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Existe uma tentativa de refazer a imagem do centro, originando o fenómeno de

“turisficação”, juntamente com o lazer, a cultura, entre outros, os novos temas que

alimentam a renovação urbana. 101

A cultura de reabilitação urbana está cada vez mais avessa ao processo de tábua

rasa, onde se baseia no processo de demolições, assim, apesar dos edifícios da Baixa

estarem degradados em muitos casos, tender-se-á a apelar à sua manutenção. A

introdução do metro que passará pela Baixa poderá finalmente efectuar a ligação entre a

Alta, a Baixa e a margem do Mondego. 102

Este estudo surge como complemento, onde se analisará os elementos visuais

importantes, o que provoca a imaginabilidade, de forma a definir as prioridades no

processo de reabilitação, tendo em conta o que realmente forma a identidade do da Baixa.

Assim, após o enquadramento histórico do lugar que consiste no objecto de estudo e a sua

situação actual, será explicado a metodologia a ser seguida nesse processo e os conceitos a

reter. Todo o processo de análise concreta baseia-se nos estudos de Kevin Lynch, cujo tema

será abordado em seguida.

101 DOMINGUES.Álvaro- os novos mapas da cidade.workshop internacional de arquitectura.Novos mapas para velhas cidades.ECDJ 3.DARQ.2000.p.37. 102

FIGUEIRA.Jorge Figueira – No lugar da “Avenida Central”. Monumentos25. Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais .Lisboa.2006.p.138.p.139.

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3. Kevin Lynch A IMAGEM DA CIDADE E OS SEUS ELEMENTOS

3.1 A Imagem da Cidade

Como referido anteriormente, o local escolhido para incidir os estudos é a Baixa de

Coimbra. Vai-se testar a aplicação de algumas técnicas para a interpretação e análise do

espaço urbano tratando da forma visual à escala urbana.

O objectivo é capturar a Imaginabilidade deste espaço urbano, de acordo com os

princípios estabelecidos por Kevin Lynch no seu livro, A imagem da Cidade, que se

concentrou na qualidade experimental do lugar e enfatizou que o desenho não só é a

construção física, mas também o estudo do ser humano.

A problemática da forma urbana tem suscitado inúmeras pesquisas, visando a sua

compreensão, cuja tendência faz com que vários campos de conhecimento assentem em

metodologias diferentes, com o objectivo de compreender a cidade através do seu

mecanismo económico, do seu desenvolvimento histórico, da sua evolução urbanística e

arquitectónica, do seu significado enquanto imagem.

Com o surgimento de diversas abordagens na pesquisa da forma visual da cidade,

surgiu a necessidade limitar o caminho nessa busca, escolhendo-se um método bem

delineado, feito por um urbanista cuja contribuição para a compreensão do espaço que nos

rodeia é reconhecida, não sem ter bem presente que todos os estudos sobre diferentes

prismas se completam. Pretende-se assim, através da aplicação do método usado por

Kevin Lynch, reconhecer as inter-relações dos valores urbanos que, na sua forma visual,

poderão vir a participar na estruturação de uma paisagem urbana a delinear. Tentar

reconhecer os símbolos da Baixa e suas relações espaciais ligadas a impressões

psicológicas, procurando, em termos de composição, a estruturação de imagens claras e

agradáveis da paisagem urbana.

Nos capítulos anteriores, estudou-se o contexto da Baixa na cidade assim como o

contexto histórico e o desenvolvimento do tecido urbano ao longo dos séculos. Essa

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abordagem, é essencial para estudar a imagem de um local, especialmente quando o

mesmo faz parte da zona histórica, onde a herança do passado está presente de uma

forma tão marcante, que surge a necessidade de enquadrá-lo.

Kevin Lynch nasceu em 1918, empreendeu estudos sobre psicologia e antropologia,

tendo formação em arquitectura, onde teve por mestre F. L. Wright.

O livro no qual se é baseado o estudo, surge após a colaboração de duas

instituições, o Centro de Estudos Urbanos do Instituto Tecnológico e a Universidade

Harvard de Massachussetes, sendo financiado pela Fundação Rockfeller. No decurso dessa

análise, são abordadas três cidades Americanas: Boston, Jersey City e Los Angeles. 103

Lynch propõe a aplicação de um método que procura avaliar o significado da cidade

como imagem colectiva para os habitantes. Todas as pessoas possuem relações com

algumas partes da cidade, sendo que a imagem que têm dela está embebida em memórias

e significados. A sua forma de abordar a problemática da cidade é de certo modo inédita,

limitando-se ao domínio do visual, estudando as bases de percepção específica da cidade,

donde tenta destacar as constantes, com vista à sua integração na elaboração do

ordenamento urbano. Contribuiu em grande parte para mudar o paradigma de sua época,

direccionando o urbanismo para uma disciplina mais humana, focando-a na experiência do

lugar.

Kevin Lynch defende que os homens são capazes de desenvolver uma imagem do

que os rodeia, através da actuação sobre a sua forma. A nível da percepção e da

representação da imagem do espaço urbano, Lynch faz pesquisas que valorizam esta

relação do homem com o espaço, da imagem com o real, da arquitectura com o meio

ambiente assim como do desenho com a paisagem urbana.

A representação social sobre a extensão da cidade surge como um conhecimento

que permite aos ambientes urbanos, visibilidades como sendo cidades únicas, que são.

103

LYNCH. Kevin- A imagem da cidade. Edições 70. Lisboa. 2009. p.7.

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O estudo da percepção das pessoas e suas actividades é tão importante como as

partes físicas, já que elas fazem parte da cidade, sendo para elas que a cidade existe. Esta

percepção não pode ser íntegra, mas é antes, parcial, fragmentada, resultante do limite

dos sentidos humanos. Cada pessoa, apesar de ter uma imagem única do meio que a

envolve, aproxima-se de uma imagem pública no geral. Nessa imagem, a função, a sua

história e até o seu nome contribui para a definir, sendo que o design da forma tem que ter

o objectivo de reforçar o significado. 104

Para se estudar o método aplicado, é necessário reter alguns conceitos básicos que

estão no âmago dos estudos.

As imagens do meio ambiente resultam da interacção bilateral entre o observador e

o seu meio. O meio ambiente proporciona estímulos que o observador escolhe e organiza e

aos quais dá sentido, assim, dá-se constantemente interacção entre o sujeito e a realidade

que o cerca. 105

A imagem de uma dada realidade pode ter significados diferentes para cada pessoa,

apesar de poder existir uma grande concordância nestas imagens, mentalmente pode ter

grande familiaridade originado organização e identidade. Um objecto visto pela primeira

vez, pode ser identificado pela existência de um estereótipo já sabido pelo observador.106

Cada observador desenvolve a sua imagem, mas o que se pretende neste trabalho é

consenso substancial, as imagens de grupo projectadas sobre a Baixa de Coimbra, que são

consequentes da interacção dos habitantes com realidade física.

3.1.1 Tipos formais de elementos

Na definição da imagem, Kevin Lynch considera a classificação em cinco elementos:

vias, limites, bairros, cruzamentos e elementos marcantes. 107

104

Ibidem.p.9. 105

Ibidem.p.14. 106

Ibidem. 107

Ibidem.p.51.p.52.

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As vias são canais onde as pessoas se movem, incluem-se neste elemento as ruas,

passeios, faixas de trânsito e caminhos-de-ferro. As vias têm uma importância

determinante, pois é a partir delas que o observador se relaciona e apreende o que o

rodeia, sendo para muitos observadores o elemento predominante na elaboração da

imagem. 108

Os limites são fronteiras entre duas partes, são uma espécie de barreira que,

dependendo da situação, pode ser penetrada, mas que mantém uma região isolada da

outra. Dentro deste elemento incluem-se as costas marítimas ou fluviais, paredes ou

muros, cortes do caminho-de-ferro e locais de desenvolvimento. Não é tão importante no

desenvolvimento da imagem como as vias, mas tem característica organizadora

relevante.109

Os bairros são regiões de tamanho médio ou grande, em que a pessoa entra e

reconhece algo em comum, fazendo com que o cidadão estruture a cidade. Os bairros

podem ser identificados do exterior ou do interior.110

Os cruzamentos por sua vez, são pontos focais de uma cidade, podendo ser

dominante na construção de uma imagem. Podem ser junções de vias, locais de

interrupção num transporte, uma convergência de vias, momentos de mudança de uma

estrutura para a outra, ou simples concentrações de carácter físico, como uma esquina ou

de hábitos. Muitas vezes um, cruzamento é o símbolo de um bairro pois normalmente é o

seu centro polarizador. 111

Os elementos marcantes são também pontos de referência, mas em que o

observador não se encontra dentro deles, sendo uma espécie de objecto físico. É algo que

implica a sua distinção e que se evidencia, pode estar longe, como por exemplo, uma

colina, uma cúpula, uma torre, ou perto, como um sinal, uma árvore, um edifício, ou

108

Ibidem.p.51.p.52. 109

Ibidem.p.66. 110

Ibidem.p.70. 111

Ibidem.p.75.

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61| Vias 62| Limites 63| Bairros 64| Cruzamentos 65| Elementos Marcantes

75

detalhes urbanos, como um puxador de porta, que são usados como indicadores de

identidade ou estrutura. 112

Como é evidente, nenhum destes elementos existe na realidade em estado isolado.

Os bairros estruturam-se segundo cruzamentos, circunscritos por limites, atravessados por

vias e pontuados de pontos marcantes.

3.1.2 Identidade, Estrutura e Significado

A identidade, estrutura e significado dão origem à imagem do meio ambiente,

sendo esses três componentes estudados por Lynch.

Uma imagem, necessita da identificação de um objecto, para isso é essencial que se

distinga das outras coisas, que seja reconhecido como uma entidade separada. É nesse

sentido de individualidade ou particularidade, que se aplica o termo identidade. 113

A estrutura surge na inclusão da imagem na relação do objecto com o observador,

com outros objectos. O significado surge, pois o objecto tem um sentido prático e

emocional.114

A estrutura revela a conexão espacial ou paradigmática do objecto com o

observador, sendo que este, atribui uma significação prática e afectiva aos objectos com

que se relaciona.115

Nas imagens colectivas, a identidade e afinidade têm maior solidez que a de

significado, a atenção do observador incide na clareza física da imagem, deixando a

significação esboçar-se naturalmente.116

112

Ibidem.p.81. 113

Ibidem.p.15-17. 114

Ibidem. 115

Ibidem. 116

Ibidem.

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3.1.3 Legibilidade

A legibilidade define-se como a facilidade com que se podem reconhecer os

elementos da forma urbana e organizá-los numa estrutura coerente. Numa cidade com boa

legibilidade, os bairros, pontos de referência e percursos são facilmente identificáveis e

integrados numa estrutura global.117

Segundo o autor, a aparente clareza ou legibilidade é uma qualidade fundamental

para a compreensão e composição urbanas, sobretudo quando nos colocamos à escala da

cidade, apesar de não ser a única característica importante. Esta qualidade é importante

para a orientação, quando a pessoa não se consegue orientar surge uma sensação de

ansiedade e medo, é uma necessidade vital de todo o animal. Numa cidade, o facto de uma

pessoa se perder completamente é pouco provável, por existirem sempre apoios, como a

presença de outras pessoas, mapas, sinais, cartazes de autocarros etc. Vários aspectos

estão envoltos na orientação, como a cor, forma, movimento, odor, som, tacto, sensações

cinestésicas, sensibilidade ao peso e talvez os campos magnéticos e eléctricos. Segundo

Lynch, uma cidade poderia ser imaginável quando os seus bairros, marcos e vias, pudessem

ser facilmente separados num modelo mental.118

Lynch acredita que um ambiente intenso e integrado, é capaz de produzir uma

imagem definida, proporcionando material que facilita a elaboração de símbolos e

representações colectivas da comunicação do grupo.

“… um ambiente característico e legível não proporciona apenas segurança mas

também intensifica a profundidade e a intensidade da experiencia humana.”119

Uma boa imagem é essencial, tanto para o sentimento de segurança prática, como

para o de segurança emocional. Um quadro físico vivo e integrado, capaz de produzir uma

imagem clara, intensa e bem estruturada, desempenha um papel social. É importante

referir que o observador é activo na percepção do mundo e tem uma participação criadora

no desenvolvimento da sua imagem.

117

Ibidem.p.10-14. 118

Ibidem.p.15-17. 119

Ibidem.p.12.

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79

3.1.4 Imaginabilidade

A imaginabilidade está relacionada com a aptidão que certos objectos possuem de

se apresentarem aos sentidos, de uma forma aguda e intensa, estando relacionado com a

identidade e a estrutura. Um objecto com boa imaginabilidade, produz uma imagem forte,

sendo que a forma, cor e disposição influenciam a produção dessa imagem.120

Uma cidade com uma forte imaginabilidade, seria apreendida pelos sentidos de um

modo mais simples e mais aprofundadamente e extensivamente. Uma cidade com forte

imaginabilidade apresentar-se-ia, como uma estrutura fortemente contínua, com partes

distintas mas claramente interligadas. Seria uma cidade que convidaria os olhos e ouvidos a

uma maior atenção e participação. 121

O conceito de imaginabilidade levanta a questão de como deve ser uma cidade para

que seja fácil a um observador identificar as suas partes e atribuir-lhe uma estrutura clara.

3.1.5 Método

O autor procurou testar a ideia de imaginabilidade e tentou descobrir como

produzir imagens fortes com base na comparação entre a imagem que as pessoas têm do

local e a realidade visual, considerando que o design de uma cidade deve reforçar o

significado e não o negar.122

Primeiramente, determinou-se os cinco tipos de elementos, por observadores

treinados com base nas primeiras análises no terreno, que iam anotando a presença de

vários elementos, assim como a sua força como imagem, as relações e o impacto positivo

ou negativo na estrutura do meio envolvente. Verificou-se o modo como se interligam e

estudou-se o que contribui para lhes dar uma forte identidade. 123

120

Ibidem.p.17. 121

Ibidem.p.17-20. 122

Ibidem.p.21. 123

Ibidem.p.146.

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81

Estas hipóteses foram depois testadas através de entrevistas. O objectivo foi

determinar uma técnica, que se propõe efectuar a análise visual de uma cidade,

prenunciando a imagem colectiva provável para essa cidade. 124

Foi elaborado um mapa visual, analisando a forma existente e as imagens colectivas

respectivas, cujos resultados seriam traduzidos em relatórios e diagramas, realçando as

imagens colectivas importantes, assim como os elementos críticos da imagem e as inter-

relações entre esses elementos.

A zona de estudo debruçou-se sobre o centro de três cidades: Boston, Jersey City e

Los Angeles utilizando dois métodos: uma entrevista a uma pequena amostra de citadinos,

e um estudo sobre a imagem que o meio envolvente evoca no terreno em observadores

treinados.125

Foram entrevistadas 15 pessoas em Jersey City e Los Angeles e 30 pessoas em

Boston. As entrevistas eram longas126, gravadas em fita magnética e em seguida

transcritas. Este processo permitiu registar os mínimos detalhes, tais como silêncios.127

Nestas entrevistas era pedido que fizessem um esquiço do mapa da cidade

estudada; descrever um trajecto da cidade e fazer uma lista, com uma pequena descrição,

de partes da zona estudada que evocavam alguma emoção.128

Deste modo, punha-se à prova a hipótese de imagibilidade, conheciam-se, ainda

que toscamente, as imagens colectivas de cada cidade analisada.

Outro objectivo destas entrevistas, era definir um método eficiente para a

determinação de imagens colectivas, não só para estas cidades em estudo mas também

para qualquer outra cidade.

124

Ibidem.p.143. 125

Ibidem.p.21. 126

Cerca de hora e meia. 127

Ibidem.p.143 128

Ibidem.

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Para comparar as descrições da cidade, utilizaram alguns observadores treinados no

terreno, que se deslocavam a pé, para analisarem com cuidado, dando prioridade aos

elementos urbanos que se mostraram significativos nas entrevistas. Os dados eram

organizados num mapa, onde se indicavam, de acordo com a importância, destaque,

presença, visibilidade, inter-relações entre pontos de referência, percursos, margens e

bairros.129

O estudo é apenas uma investigação preliminar, para atrair as atenções e sugerir

reflexões, deixando o desafio de aplicar essas ideias noutras cidades, sendo que é nisso que

se concentra este trabalho, a aplicação numa cidade não americana, antes numa parte

histórica de Coimbra.

3.1.6 Análise crítica do autor

Segundo o autor, o método de pesquisa no terreno deveria ser completado com

percursos, utilizando o automóvel já que existe uma inclinação para desprezar alguns

elementos que têm importância para a circulação automóvel.130

Chegou-se ainda à conclusão, que os esquiços eram maus indicadores, sendo que a

lista das particularidades mais características era mais útil, demonstrando uma maior

percepção dos elementos que foram mais intensamente referidos na análise do terreno e

nas entrevistas.131

Outra crítica assenta no facto das amostras serem reduzidas, fazendo com que não

seja possível generalizar e afirmar que se descobriu a efectiva imagem colectiva destas

cidades. Contudo, foi o tipo de pesquisa extensiva cuja duração era alongada, que

impossibilitou que a amostra fosse maior. Assim, sugeriu métodos mais rápidos e precisos

futuramente.132

Outro factor a ter em conta, foi a composição desequilibrada da amostra, mas

somente na classe e profissão. No entanto, em relação à idade e sexo, a sua composição

129

Ibidem.p.146. 130

Ibidem p.158-162. 131

Ibidem. 132

Ibidem.p.156.

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era equilibrada e a pretendida. Apesar de tudo, o material recolhido foi considerado rico e

com coerência suficiente para indicar que existem imagens sólidas de grupo.133

Pode-se afirmar que o método oferece uma ideia, razoavelmente merecedora de

confiança, da imagem da cidade, sendo a primeira aproximação ainda que grosseira, da

verdadeira imagem colectiva. Podendo esses métodos aplicar-se a diferentes cidades, é

objectivo do trabalho de campo, a sua aplicação na Baixa de Coimbra.

Como referido anteriormente, o método está envolto de algumas críticas, sendo

que Lynch propõe um novo método. Executar-se-iam dois tipos de estudos, num haveria

reconhecimento geral do local, feito por observadores treinados, percorrendo a cidade a

pé assim como de automóvel, de dia e de noite. No outro estudo, seria feita uma entrevista

em massa. A análise recairia sobre a frequência com que seriam referidos os elementos e

as suas interacções; a ordem com que seriam efectuados os desenhos e sobre os

elementos em evidência. O reconhecimento dos observadores do terreno, seria mais tarde

comparado às entrevistas feitas à população, para estudar a relação entre a imagem

colectiva e a forma efectivamente visível.134

Mais tarde seriam verificados os problemas, pegando numa amostra reduzida.

Posteriormente seriam estudados a identidade e estrutura, tendo em conta factores como

a iluminação, distância, actividade e movimento.135

Finalmente, seriam efectuados planos e relatórios, que reflectiriam a imagem da

zona estudada assim como os problemas desta, as forças visuais e elementos significativos

com as respectivas relações. 136

133

Ibidem p.158-162. 134

Ibidem. 135

Ibidem. 136

Ibidem p.158-162.

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K. Lynch defende ser possível fundamentar o plano da futura forma da cidade,

sendo que a análise e estudos teriam que ser modificados constantemente para se

actualizarem. Também sustenta que os estudos se deveriam aplicar noutras cidades que

não as americanas, deixando o desafio.

O estudo levanta algumas dúvidas, como:

Serão os valores urbanos os mais relevantes na concepção da envolvente?

Será pertinente que a percepção dos habitantes em relação à cidade, possa fundamentar a

estrutura de um futuro meio?

Será importante que o que considera significativo na cidade, coincida com o que os

habitantes consideram de significativo na cidade?

O importante é perceber que a cidade ultrapassa a simples interacção entre os

homens que a habitam e o espaço construído, implicando uma relação essencialmente

social na formação da civilização e no surgimento do indivíduo moderno. O Urbanismo

deve envolver um esforço para pensar nas necessidades futuras, baseando-se nas lições do

passado, a fim de procurar propostas e acções, dentro de uma realidade social, económica

e política, para que possa oferecer melhores condições de vida e não se reproduzirem

padrões que não são positivos. Com os estudos de Kevin Lynch, vê-se a zona estudada por

outro prisma, em que as pessoas e as suas acções, são tão importantes como as suas partes

físicas.

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4. AplicaCAo da Metodologia ANÁLISE DO TERRENO E QUESTIONÁRIOS

A Baixa, tendo forte componente económica, é também um lugar que possui uma

carga simbólica e afectiva, que permite identificar a cidade, tendo um papel revelador na

forma como os habitantes se identificam com o meio que os rodeia.

Para Lynch, uma cidade poderia ser imaginável quando os seus bairros, marcos e

vias pudessem ser facilmente abstraídos num modelo mental, ou seja, em certa medida a

legibilidade é um factor importante para o meio urbano, assim, o objectivo principal

consiste na identificação da imagem pública e da memória colectiva como um instrumento

capaz de auxiliar o Desenho Urbano na prática do planeamento.

4.1 – Análise da Baixa

A análise do local foi feita com a deslocação a pé, desdobrando a atenção aos

elementos urbanos que se mostraram significativos nas entrevistas. Os dados foram

registados num mapa onde se indicou, de acordo com a importância, destaque, assim

como a presença, visibilidade e inter-relações entre pontos de referência, cruzamentos,

percursos e limites.

A Baixa de Coimbra encontra-se delimitada a Oeste pela Avenida Fernão de

Magalhães, a Sul pela Rua da Sofia, a Este pelas ruas Visconde da Luz, Ferreira Borges e a

Norte pela Avenida Emídio Navarro.

4.1.1- Vias, limites, bairros, pontos marcantes e cruzamentos

Os elementos relativos que determinam a imagem da cidade, segundo Lynch, são as

vias, limites, bairros, pontos marcantes e cruzamentos. As vias mais utilizadas na Baixa são

a Avenida Fernão Magalhães, rua da Sofia, rua Visconde da Luz, rua Ferreira Borges e

Avenida Emídio Navarro. A rua da Sofia, e a Avenida Emídio Navarro são eixos onde a

intensidade do tráfego se assume como um constrangimento à circulação pedonal. O

principal eixo comercial da Baixa de Coimbra é constituído pela rua Ferreira Borges e pela

rua Visconde da Luz, são ruas pedonais onde se concentram lojas, cafés e algumas

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66| Av. Fernão de Magalhães 67| Rua da Sofia 68|Rua Visconde da Luz 69| Rua Ferreira Borges 70| Av. Emídio Navarro 71| Trânsito na Baixa

91

esplanadas. A poluição visual de placas e anúncios prejudica a leitura das fachadas dos

edifícios, sendo principalmente alusiva a serviços oferecidos.

Os edifícios na zona compreendida entre o eixo comercial principal e a avenida

Fernão de Magalhães, são na sua maior parte em banda.

A relação entre a altura das edificações e a largura dos arruamentos, é

desequilibrada, a maior parte das vias tem largura inferior a quatro metros e a altura,

normalmente varia entre três a cinco pisos, pelo que são bastante estreitas, originando

ruas escuras e sensação de desconforto.

São ainda de referir as seguintes ruas: Direita, da Moeda, da Louça e do Corvo que

convergem na Praça 8 de Maio, fazendo a ligação desta com a Avenida Fernão de

Magalhães. Estas ruas têm predominância comercial e a edificação é envelhecida, o mesmo

se verifica na rua do Corvo, rua Adelino Veiga, rua das Padeiras, rua da Louça e Rua

Eduardo Coelho, bem como a Praça de Comércio.

Ainda como elementos de circulação, temos os percursos laterais que servem de

ligação entre as ruas anteriormente referidas, com vários becos sem saída, trocas de

direcção, ruas muito estreitas e escuras, sendo menos frequentadas que as anteriormente

referidas. Estes factores, juntamente com o facto dos edifícios circundantes estarem

degradados, dão a sensação de abandono.

Os limites são outros elementos referidos por Lynch, que consistem numa espécie

de barreira que, dependendo da situação pode ser penetrada. Na Baixa destaca-se a

quebra topográfica que existe por trás dos edifícios da Rua Ferreira Borges e Visconde da

Luz no sentido Este, donde, de um terreno plano, subitamente surge forte inclinação.

Outro elemento a destacar situa-se na Avenida na zona da Portagem até a Estação

Ferroviária, tendo o rio Mondego como fundo. A nível pedonal, a ligação do passeio para o

passeio oposto da rua é ténue, havendo grande distância, cerca de 20 m. Para além disso,

tem uma linha de caminhos-de-ferro, forte presença automóvel, sendo que no meio de 4

faixas de trânsito, surge ainda um parque de estacionamento. Devido a este limite, a

relação com o rio é frágil.

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72| Rua da direita 73| Praça Oito de Maio 74| Praça 8 de Maio vista da Rua da Sofia 75| Avenida Emídio Navarro

93

Pela escala abordada, não se pôde identificar diferenciação de bairros na Baixa de

Coimbra, pois a própria baixa constitui um bairro.

Os pontos marcantes são geralmente indicativos da estrutura e da identidade,

podendo representar grande valor histórico. Fazendo a análise da cidade, identificou-se

como pontos marcantes: Arco de Almedina, Estação Rodoviária, Edifício da Segurança

Social, Hotel Dona Inês, Hotel Tivoli, Palácio da Justiça, Torre do Arnado, Igreja da Graça,

Colégio da Graça, Igreja de Santa Justa, Convento de S. Domingues, Igreja do Carmo,

Câmara Municipal de Coimbra, Salão Brasil, Igreja de Santa Cruz, Igreja de S. Bartolomeu,

Café Santa Cruz, Igreja de S. Tiago, Hotel Astória, Estação Ferroviária Central de Coimbra -

"Coimbra A", Teatro do Inatel, Junta de Freguesia de S. Bartolomeu, Edifício Central dos

Correios e Tecidos de Coimbra.

A Torre da Universidade, apesar de não se encontrar na Baixa, é um marco Histórico

que se encontra extremamente visível pela sua cota e altura, constituindo um elemento de

referência.

Os cruzamentos presentes na Baixa são inúmeros, os que no terreno se mostraram

mais relevantes foram: Terreiro da Erva, Praça 8 de Maio, Praça do Comércio, Largo da

Portagem, Largo do Bota Abaixo, o cruzamento formado pela Avenida Fernão Magalhães e

a rua João Machado e o cruzamento formando pelas avenidas Fernão de Magalhães,

Avenida Emídio Navarro e Cidade Aeminium.

O Terreiro da Erva encontra-se num estado de elevada degradação e com uma

grande indefinição formal, tem espaços abertos, mas irregulares, sendo o resultado da

demolição de vários edifícios, como a antiga Igreja de Santa Justa, pelo que se denota a

necessidade de preenchimento de vazios. O Terreiro da Erva é ainda marcado pela

transição do tecido medieval da Baixa para a zona de intervenções mais recentes. Esta área

é um complemento ou extensão da área de comércio da Rua da Sofia, tendo vários

estabelecimentos relacionados com a restauração. O espaço acabou por ser preenchido

como sendo um parque de estacionamento, não apresentando qualidade visual.

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3

100| Panorâmica do Terreiro da Erva 101| Planta do Terreiro da Erva

76| Arco de Almedina 77| Estação Rodoviária 78| Loja do Cidadão 79| Hotel Dona Inês 80| Hotel Tivoli 81| Palácio da Justiça 82| Torre do Arnado 83| Igreja da Graça 84| Colégio da Graça 85| Igreja de Santa Justa

86| Convento de S. Domingues 87| Igreja do Carmo 88| Câmara Municipal de Coimbra 89| Salão Brasil 90| Igreja de Santa Cruz 91| Igreja de S. Bartolomeu 92| Café Santa Cruz 93| Igreja de S. Tiago 94| Hotel Astória 95| Estação Ferroviária

96|Teatro do Inatel 97| Junta de Freguesia de S. Bartolomeu 98|Edifício Central dos Correios 99| Tecidos de Coimbra

95

A Praça 8 de Maio surge como ponto essencial na vida da Baixa, onde existe grande

concentração de pessoas. Situa-se posicionada num dos extremos do eixo comercial

principal da Baixa. Esta importância é reforçada pela convergência de quatro ruas, como

anteriormente referido, e pelo cruzamento com a Rua da Sofia. Outra característica que

reforça a importância deste ponto é a existência de elementos marcantes, como a Igreja de

Santa Cruz,a Câmara Municipal de Coimbra e o edifício da Caixa Geral de Depósitos. De

salientar, que esta área se encontra numa cota inferior em relação à rua da Sofia e

Visconde da Luz, sendo que duas rampas pronunciadas estabelecem essa relação,

provocando um maior impacto visual, com uma fonte no seu centro. Esta zona apresenta

bastante vida e é frequente ver idosos a conversar, sentados em redor da fonte.

A Praça do Comércio surge como complemento comercial das ruas Visconde da Luz

e Ferreira Borges. Em ambos os extremos possui duas igrejas, num a Igreja de São Tiago,

associado a uma escadaria pronunciada e no outro a Igreja de São Bartolomeu. A malha

que rodeia a praça é bem definida, formando um espaço amplo, e é para este espaço que

convergem as ruas que fazem a ligação da Avenida Fernão de Magalhães ao eixo comercial

principal, formado pelas ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges. A nível do terreno, o facto

de se encontrar a uma cota inferior ao eixo comercial, apresentar um pavimento diferente,

juntamente com a presença de tendas que vendem diversos artigos, dão uma qualidade

singular ao espaço em relação à sua envolvente. O facto de ser um espaço amplo e

luminoso, em que as ruas convergentes são o contrário, estreitas e escuras, acentua a sua

importância.

O Largo da Portagem tem, assim como a Praça 8 de Maio, um papel muito

importante no tecido urbano, devido ao facto de se encontrar no cruzamento do eixo

comercial principal com a Avenida Emídio Navarro. É um espaço bem delimitado e amplo,

que tem a forma triangular, convergindo para o eixo comercial e abrindo-se para o rio. É

neste cruzamento de que se encontra o Hotel Astória, um edifício imponente. Este largo

possui bastante actividade humana, pela presença de dependências bancárias, de

restaurantes e cafés, com as respectivas esplanadas, o centro é ajardinado que,

juntamente com a sua estátua ao centro e os bancos de jardim confere uma identidade

diferente ao espaço. Este largo encontra-se próximo da ligação com a outra

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102| Praça 8 de Maio 103| Praça do Comércio 104| Largo da Portagem

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margem do Rio, a Ponte de Santa Clara. Encontra-se limitado pela Avenida Emídio Navarro

que constitui um limite pedonal fisicamente, a nível visual restringe o contacto com o rio e

confere ao espaço um som desagradável, com o trânsito intenso.

O Largo do Bota Abaixo encontra-se delimitado pelas ruas Direita, João Cabreira,

Pedro Olaio e da Moeda, fazendo ligação entre o eixo comercial principal na zona da Praça

8 de Maio e a Avenida Fernão Magalhães. É um local descaracterizado, sem vida, o largo

surge como uma espécie de buraco no tecido urbano, sendo notória a diferença de escala

num dos lados, pela presença do edifício da Loja do Cidadão. O interior do largo envolve as

traseiras dos edifícios da Rua da Moeda, tendo assim um aspecto degradado. Existe a

realização de uma feira, que, com as suas tendas espalhadas no canto do largo dá mais vida

ao local. Encontra-se no percurso previsto para o Metro, pelo que se espera que este

tecido urbano seja consolidado futuramente.

Considerou-se, após análise do terreno, que o Largo do Bota Abaixo juntamente

com o Terreiro da Erva são os cruzamentos que acarretam mais problemas para o tecido

urbano e para a qualidade visual da Baixa de Coimbra.

O cruzamento do Largo do Arnado, formado pela Avenida Fernão Magalhães e a rua

João Machado, é local de congestionamento de trânsito, sendo necessário passar por

várias passadeiras e sinais luminosos para passar para a outra margem, é um local cujos

quarteirões adjacentes estão bem definidos e possui elevada oferta de serviços nessa zona.

O cruzamento do Largo das Ameias, formando pelas avenidas Fernão de Magalhães,

Avenida Emídio Navarro e da Cidade Aeminium é também um local a referenciar, sendo a

sua importância reforçada pela presença da Estação Coimbra A. É um local de forte

congestionamento automóvel.

Relativamente à homogeneidade física, as ruas são geralmente estreitas e os

edifícios têm geralmente 4 a 5 pisos. Existe predominância de telhas cerâmicas, são

recorrentes anomalias como a presença de humidade e fissuração, apresenta ainda

musgos, bolores e graffiti. No caso de paredes revestidas com material cerâmico

apresentam igualmente anomalias como o envelhecimento do material e desgaste dos

azulejos.

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105| Edifício da Loja do Cidadão no Largo do Bota Abaixo. 106| Largo do Bota a Baixo. 107| Vista aérea do largo do Bota a Baixo. 108| Planta do Bota a Baixo com as demolições em execução, juntamente com a nova proposta de construção e o traçado do Metro. 109| Altura dos edifícios da Baixa.

99

Verifica-se ainda elevado número de casos de paredes com a tinta descascada, assim como

paredes com materiais envelhecidos.

A forte componente monumental e o elevado número de estabelecimentos

comerciais tradicionais, contribui para dar uma forte identidade à Baixa. A Baixa é uma

zona de pequenos comerciantes, sendo o tipo de actividade comercial heterogéneo, ou

seja a distribuição pelo território é desequilibrada.

Como influência negativa, verifica-se que o estacionamento é desordenado tendo

elevada utilização do transporte individual, sendo o estacionamento quase todo de

exploração privada. A falta de alternativa viável está na origem do problema, os

transportes públicos não são suficientemente aliciantes para a população.

Existe forte diminuição de pessoas a circular durante a noite e existe falta de

animação nocturna, excepto em altura de festas académicas, nomeadamente na Queima

das Fitas e na Latada e nas festas da Rainha Santa.

Quanto à tipologia de ocupação, genericamente o rés-do-chão é utilizado para

comércio e os restantes pisos são usados para habitação.

Num estudo da Universidade de Coimbra, do Instituto de Investigação

Interdisciplinar, inspeccionaram 679 edifícios na baixa, chegando à conclusão que o estado

de degradação é muito elevado. A Baixa possui 22 edifícios em ruína, o que demonstra a

degradação. Estes edifícios, sem condições de segurança, promovem uma imagem negativa

de abandono da área histórica da malha urbana. 137

4.2 Questionários

O inquérito por questionário foi o método escolhido para a recolha da informação,

sendo fiel ao original elaborado por Kevin Lynch. A amostra utilizada para a aplicação dos

inquéritos foi recolhida num conjunto de ruas da Baixa, seleccionadas devido ao facto de aí

se registar movimento humano mais intenso, salvo por motivos de força maior, em que o

inquérito foi deixado para ser preenchido pelo inquirido.

137

VICENTE. Humberto Varum, J. Mendes da Silva, Romeu - UNIVER(SC)IDADE : desafios e propostas de uma candidatura a património da humanidade.Gabinete de Candidatura à UNESCO - Universidade de Coimbra. Câmara Municipal de Coimbra e ICOMOS-Portugal. Coimbra. 2007.p.57-71.

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110| Estado de degradação dos edifícios

101

Devido à impossibilidade de inquirir toda a Baixa, foram seleccionados alguns locais

como a Praça do Comércio, a Rua da Louça, a Rua das Padeiras, a Rua Ferreira Borges, a

Rua Visconde da Luz e a Praça 8 de Maio.

Foi utilizado um gravador para registar as respostas. Foram entrevistados

transeuntes e comerciantes, a amostra não incluiu habitantes da Baixa, pela dificuldade de

mobilização destes para participar nos inquéritos. A amostra foi equilibrada relativamente

ao género e a faixa etária.

A recolha de informação efectuou-se, como já foi referido, através de inquéritos por

questionário e os dados daí resultantes foram analisados de forma a estabelecer um

padrão de resposta para cada questão. Foram efectuados um total de 24 inquéritos, tendo

em conta que Kevin Lynch e a sua equipa fizeram nos seus estudos 15 inquéritos em Jersey

City e Los Angeles, respectivamente, e 30 em Boston, pensou-se ser o suficiente para

elaborar uma imagem fiável. Contudo, tendo a perfeita noção de que quanto maior a

quantidade de material a analisar, maior a fiabilidade do estudo.

Os inquiridos foram compelidos a desenhar um esquisso do mapa da Baixa,

indicando o Norte se possível. Descreveram, com um certo detalhe, um trajecto da cidade

assim como a descrição física da Baixa. Fizeram uma pequena lista dos elementos que

consideravam relevantes na Baixa de Coimbra e falaram sobre orientação.

Os dados recolhidos empiricamente através da aplicação dos inquéritos,

pretendiam perceber qual a percepção que as pessoas reconhecem na Baixa de Coimbra e

formar, ainda que em grosso modo, uma imagem da zona em estudo.

4.2.1 Resultados dos questionários

No que diz respeito aos valores simbólicos na Baixa, a resposta comum era que se

tratava de uma zona comercial (alguns especificaram como sendo comércio tradicional) e

uma zona antiga, referindo os edifícios como estando degradados, as ruas como sendo

estreitas e escuras. Alguns referiram ainda como sendo uma zona turística.

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111| Inquéritos 112| Inquéritos 113| Inquéritos 114| Inquéritos

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"Conjunto de edificações antigas, algumas em grande estado de degradação,

dispostas ao longo de ruas estreitas que seguem a lógica de um traçado medieval. "

" Ruas e ruelas estreitas e à sombra, muitas tascas, lojas e comércio."

Todos os comerciantes inquiridos expuseram a Baixa como sendo o centro da

cidade, mas acrescentavam que estava a perder importância, pela presença dos Centros

Comerciais e que as lojas estavam a fechar.

Do total dos inquiridos, 1/3 referiu o sentimento de insegurança presente na Baixa

ao longo do inquérito, um dos inquiridos referiu ainda a presença de toxicodependentes,

sendo por isso um problema bastante marcante.

Mais de metade dos inquiridos referiu que sente nostalgia em relação à Baixa e

recorda o passado com saudades. Parece existir uma nostalgia entre os frequentadores e

um certo ressentimento em relação às mudanças sentidas na Baixa, especialmente na

população idosa, que parece não encontrar um modo para coexistir com o novo meio.

Consideram que a Baixa antes tinha mais vida e segurança, havendo quem se refira à altura

em que passava o eléctrico e das inundações com saudades.

“… acho que antes era melhor. Lembro-me do eléctrico, das inundações, do passado.

Os edifícios mudaram um pouco, muitas lojas fecharam."

"Sensação de perda, pois este local está-se a tornar cada vez mais vazio de

degradante"

Dois estudantes referiram que lhes recorda o trajecto para a Latada e Queima.

"Saindo de um jantar no Terreiro da Erva, dirijo-me à Praça 8 de Maio, onde

encontro muitos estudantes, preparados para mais uma noite de festa.”

Os inquiridos descrevem a Baixa fisicamente, enunciando a praça 8 de Maio até ao

Largo da Portagem, considerando o eixo constituído pelas ruas Ferreira Borges e Visconde

da Luz como sendo o eixo principal da Baixa, estas possuem largura considerável e

bastante movimento humano e com forte conotação comercial. Referiram as ruas

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115| Inquéritos 116| Inquéritos 117| Inquéritos

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convergentes na Praça 8 de Maio, sendo estas as ruas da Moeda, Direita, Louça e Corvo. No

entanto, dois dos inquiridos, que eram estrangeiros, consideravam que a Baixa situa-se

entre a Rua da Moeda e o Pingo Doce, para eles os monumentos não eram relevantes nem

as praças.

"Encruzilhada de ruas estreitas que se prendem com a história do lugar, convergindo

num ponto estratégico, a Igreja de Santa Cruz. Está associada à proximidade com o Rio

Mondego, daí ser uma zona praticamente plana. É atravessada por duas ruas comerciais

pedestres bastante movimentadas.”

Descreveram a Baixa como sendo constituída por edifícios antigos e degradados,

como tendo ruas estreitas e sinuosas. Sendo que uma pequena percentagem acrescentou

o facto da actividade comercial se localizar no rés-do-chão, sendo os restantes pisos

referentes a habitação.

Vários inquiridos referiram a falta de estacionamento e a dificuldade de acesso

automóvel como um problema inerente a esta zona.

"Já não costumo ir lá, falta estacionamento, devia haver estacionamento

subterrâneo. E quando lá vou com um objectivo, vou ao sítio mais perto que possa em

relação ao carro."

"Costumava ir lá as compras, hoje não gosto de lá ir, é uma confusão para

estacionar o carro, prefiro ir de transportes públicos."

O elemento de maior importância dado nos desenhos, foi a Praça 8 de Maio, que

tinha maior destaque e era normalmente o primeiro elemento a ser desenhado, em que

curiosamente alguns faziam questão de desenhar a fonte.

Em todos os casos desenharam a Igreja de Santa Cruz e as ruas Visconde da Luz e

Ferreira Borges. Foram também desenhados na maior parte dos mapas, a Câmara

Municipal, o edifício da Caixa Geral de Depósitos e o Arco da Almedina. A Loja do Cidadão

foi desenhada em 29 % dos casos e a Praça do Comércio em 38 % dos casos.

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118| Igreja de St. Cruz 119| Câmara Municipal de Coimbra e Igreja de St. Cruz 120| Inquéritos 121| Inquéritos

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A Igreja de Santa Cruz a Câmara Municipal têm importância por se encontrarem no

cruzamento com características tão fortes, como é o caso da Praça 8 de Maio, para além

disso, a igreja pela sua imponência física e conotação histórica, faz ampliar o seu impacto.

O edifício da Caixa Geral de Depósitos, para além da sua forma diferente, encontra-

se também num ponto importante, já que está situado numa rua com forte tráfego e onde

existe uma flexão acentuada da via, que actua positivamente na percepção dos

observadores. A proximidade à Praça 8 de Maio torna este elemento mais marcante.

O Arco da Almedina tem um papel muito importante na história da cidade, como foi

visto no primeiro capítulo cujo valor histórico é recordado pelos inquiridos, para além disso

encontra-se no trajecto turístico e faz ligação com a Alta. O facto de ter um som diferente,

o Fado, vindo da Casa de Discos, oferece uma experiência diferente aos sentidos em

relação ao resto da Baixa.

O edifício da Loja do Cidadão encontra-se tão embutido na memória das pessoas

por motivos diferentes, em primeiro lugar tem elevada altura que contrasta fortemente

com o tecido envolvente, depois é um edifício novo comparado com os que o rodeiam. As

aberturas para a passagem do metro conferem-lhe uma forma diferente. Outro motivo tem

a ver com a forte afluência de pessoas que recorrem ao serviço prestado neste edifício e

pelo facto de se encontrar numa Avenida que tem forte tráfego. A ligação ao Largo Bota

Abaixo também contribui, pois é um espaço bastante amplo e degradado. Este largo tem

forte potencialização de espaço, pela presença deste elemento marcante e pela

proximidade da avenida, apesar de ter que lidar com o tecido envelhecido, traseiras

degradadas de várias habitações e de ser mediador entre o tecido medieval e as novas

construções.

Na Praça do Comércio, vários inquiridos referiam as escadarias, a Igreja de Santiago

e a presença de barracas que vendem artigos.

Curiosamente, apesar da proximidade do Rio Mondego, este raramente era

referido, constituindo um limite, inclusivamente uma das pessoas abordadas chegou

mesmo a dizer que não poderia responder ao inquérito, pois não sabia o suficiente da

Baixa, pois tinha vivido em Santa Clara, do outro lado do rio, portanto.

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122| Edifício da Caixa Geral de Depósitos 123| Arco da Almedina 124| Loja do Cidadão 125| Igreja de Santiago e escadarias adjacentes

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Relativamente à orientação, todos os inquiridos com uma excepção, responderam

que é importante saber-se onde se está e reconhecer elementos da cidade e se sente

satisfeito quando isso acontece.

Todos os inquiridos disseram não ter problemas de orientação na Baixa, metade dos

inquiridos acham que a Baixa é de fácil orientação, por ter pequena dimensão, enquanto os

restantes acham que a área da zona das ruas da Moeda, Corvo, Louça e Direita é confusa.

O desenho dos mapas pelos inquiridos demonstrou grande confusão nessa zona,

mesmo os que diziam ser de fácil orientação, não conseguindo desenhar o traçado para

além do eixo comercial principal. O facto deve-se às trocas de direcções destas e à falta de

elementos marcantes, sendo os edifícios em banda, com as ruas estreitas. Alguns

mencionaram a falta de placas de sinalização como sendo um dos motivos da dificuldade

de orientação. Os inquiridos deixavam no mapa esta zona em branco, apesar de alguns

desenharem a Loja do Cidadão enquadrada na Avenida Fernão de Magalhães. As vias

adjacentes não foram mencionadas na maior parte dos casos, ou quando o eram surgiam

no desenho como um labirinto.

Coimbra foi eleita, pela maior parte dos que responderam à questão, se conheciam

uma cidade com boa orientação, frequentemente o motivo mencionado era o facto de ter

pequena dimensão. No entanto outras cidades foram mencionadas como:

“Torres Vedras, Castelo Branco e Guimarães porque tem placas apropriadas.”

“Braga tem boa orientaçã,o pois as ruas são menos complexas e menos estreitas.”

“As cidades que têm rio ou mar, têm maior facilidade de orientação, como a

Figueira da Foz.”

“Frankfurt, pois para além de ser plana, possui zonas de circulação pedonal

espaçosas, o que associado ao facto da maioria dos edifícios não terem mais de 5, 6 pisos

vão permitir uma leitura mais ampla do espaço. Vai permitir utilizar os arranha-céus como

pontos de referência para a orientação"

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126| Inquéritos 127| Inquéritos 128| Inquéritos 129| Inquéritos

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“O Porto pois consegue perceber-se os lugares emblemáticos e tem o rio.”

“Aveiro pois conheço os elementos de referência.”

Em Coimbra, a dimensão das ruas, a intensidade do tráfego ou ausência deste,

servem como indicador auxiliar de orientação, assim como o comércio e os Monumentos.

"Caso me encontrasse em ruas estreitas com casas, provavelmente estaria entre o

Largo da Portagem e a estação Nova, se tivesse muito tráfego automóvel, estaria na Rua

da Sofia, se estivessem só peões então encontrar-me-ia entre a Praça 8 de Maio e o Largo

da Portagem".

A Torre da Universidade surge como outro elemento de referência, apesar de ser

exterior à Baixa, sendo um marco visual.

"…grande descida, passa-se por uma zona automóvel com rotundas e um pequeno

parque. Segue-se por uma rua sem passeio, degradada e soalheira, começam a aparecer

pequenas lojas, laboratórios, depois as igrejas e serviços públicos. Vê-se a Igreja de Santa

Justa e a Torre da Universidade ao fundo, as lojas começam a ser mais frequentes até que

chega à zona pedonal, onde o comércio e o peão são privilegiados"

Na descrição de um percurso pela Baixa de Coimbra, referiram as ruas Ferreira

Borges e Visconde da Luz em maior parte dos casos e o Arco da Almedina, mencionando a

Praça 8 de Maio como um espaço amplo, a cota inferior com as respectivas rampas, com a

venda de castanhas assadas nas estações frias e o som da água a jorrar da fonte.

"Surge uma praça, onde a imponente fachada da igreja lá implantada salta à vista,

aqui combinam-se sensações, o barulho da água da fonte aqui existente, o cheiro a

castanhas assadas nos meses frios, a claridade de todo o espaço. Após transpor a estrada

na primeira passareira que se encontra, inicia-se um nova caminhada, sempre ascendente,

onde a inclinação faz o nosso corpo inclinar-se intuitivamente para a frente de modo a

ganhar balanço. A rua que agora é tomada segue pelas traseiras dos edifícios da rua

principal, sendo que o facto que a mais marca é o aspecto degradado e abandonado de

alguns edifícios, bem como o mau cheiro que em certas alturas se sente. No fim desta rua

surge um pequeno cruzamento, o percurso continua virando à esquerda, e depois à

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130| Inquéritos 131| Venda de castanhas assadas na Praça 8 de Maio

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direita, sempre a subir, e onde são as vozes das crianças, do infantário nesta zona

existente, que marca esta etapa do percurso. Seguindo sempre em frente, por uma rua

onde a sua inclinação não permite uma fácil subida, chega-se a uma rua principal, onde o

som dos carros volta a dominar. "

Quando a percurso incluía a passagem para uma rua convergente à Praça 8 de

Maio, referiam o estado de degradação dos edifícios e abandono dos mesmos, as ruas

dessa zona como sendo estreitas, um inquirido acrescentou o facto de sentir um odor

desagradável em algumas alturas. A aproximação da Avenida Fernão de Magalhães é

anunciada pelo barulho dos automóveis.

"Prédios antigos e mal conservados, com duas únicas ruas largas e uma série delas

muito estreitas e confusas."

Quando o percurso passava pela rua Ferreira Borges até ao Largo da Portagem,

referiam a presença de muitas lojas e o Arco da Almedina, sendo que um inquirido

acrescentou, com o som encantador do Fado de Coimbra com a origem na Loja dos Discos.

" Ao passar pelo Arco da Almedina, posso ouvir aí o Fado."

As esplanadas, quiosques e bancos de jardim criam espaços agradáveis de acordo

com vários entrevistados, sendo que vários ressaltam o espaço ajardinado no largo da

Portagem, como algo positivo:

"Na portagem, vê-se o jardim no meio, verde, ou, se for primavera ou inicio de

verão, algumas flores coloridas. Os cafés da portagem têm a esplanada montada, e há um

quiosque verde. "

Um dos inquiridos relatou que nas ruas Visconde da Luz Ferreira Borges costumam

estar muitos pedintes a tocar, fazer malabarismos, ou simplesmente sentados, sendo ainda

comum a presença de ciganos.

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132| Fado na Praça 8 de Maio, Agosto de 2006 133| Largo da Portagem, com a presença de jardins e esplanadas

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Conclusão A Imagem da Baixa de Coimbra

A Baixa de Coimbra tem incontestavelmente uma história notável, com um vasto

património e forte concentração de serviços e actividades comerciais e isso está bem

definido na memória dos habitantes. A concentração do comércio no eixo principal torna a

zona com maior impacto. Simbolicamente a percepção da Baixa na memória dos inquiridos

é que esta consiste numa zona comercial e numa zona antiga, sendo portanto o centro da

cidade, como há muitas permanências edificadas, permite que as pessoas construam um

processo histórico. Como um inquirido dizia: “… A Baixa são as casas típicas, antigas…”

Como as habitações são relativamente homogéneas em termos de altura, materiais

e aspectos gerais, os quarteirões bem definidos, e ruas estreitas, os elementos marcantes

da Baixa são acentuados quando têm uma altura, forma ou materiais diferentes ou ainda

quando são espaços mais amplos, que contrastam com as ruas sinuosas. Os elementos

considerados mais marcantes são: a Igreja de Santa Cruz, a Câmara Municipal, a Caixa Geral

de Depósitos o Arco da Almedina e a Loja do Cidadão, decerto que os elementos

enunciados, aquando o reconhecimento do terreno, também estarão presentes na

memórias das pessoas, mas estes são os que têm maior impacto. Os elementos marcantes

que estão situados num cruzamento ficaram mais fortemente imprimidos na memória das

pessoas. Os elementos atrás referidos, têm ainda outro motivo para estarem tão

fortemente percepcionados, aquando a passagem no sítio onde estes se encontram, o

tempo que estão expostos ao olhar é elevado, pela grande abertura de espaços

circundantes, como se podem ver ao longe, tornam-se um ponto de apoio para os

observadores. A Igreja de Santa Cruz, juntamente com o arco da Almedina, têm ainda outro

factor que acentua a sua percepção, são associados a acontecimentos históricos.

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Abordando a Legibilidade da Baixa, a hierarquização surge a vários níveis:

constituída por eixos pedonais principais, que por sua vez ligam as principais praças, eixos

viários principais e eixos secundários, pedonais e viários.

A via principal da Baixa, segundo os inquiridos, é a via pedonal constituída pelas

ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz. Tem forte conotação comercial, assim como a

presença de vários serviços, sendo de destacar as dependências bancárias. O traçado é

relativamente direito, fácil de reter na memória e de largura considerável, tendo boa

Legibilidade. Outro motivo pela boa Legibilidade do espaço é o facto de apresentar uma

Praça e um Largo nos seus extremos, respectivamente, a Praça 8 de Maio e Largo da

Portagem, dois cruzamentos com várias características que imprimem forte percepção nos

indivíduos. Para além disso, tem ligação com outra praça, a Praça do Comércio com os

respectivos elementos de referência.

Os eixos viários constituídos pela Rua da Sofia, Av. Fernão de Magalhães, Av. Emídio

Navarro também se encontram bem definidos na memória dos inquiridos, são de largura

considerável e apresentam tráfego intenso, possuem boa legibilidade, o mesmo não se

passando com as ruas situadas entre o eixo pedonal principal e a Avenida Fernão de

Magalhães, que são secundárias.

As ruas da Moeda, Direita, Louça e Corvo são reconhecidas pela sua importância na

Baixa, com o seu carácter comercial, mas em questão de legibilidade não estão bem

definidas. As ruas viárias secundárias não se encontram bem estruturadas na mente das

pessoas, pois não têm um traçado bem definido e direccionado, são ruas estreitas, escuras,

é uma zona com a presença de vários becos, sem elementos marcantes, onde os edifícios

são em banda. Mesmo as pessoas que trabalham na Baixa não conseguiam desenhar estas

ruas, por vezes desenhando-as como sendo um labirinto.

O facto de haver ruas largas e principais, que contrastam com ruas de menor

dimensão e portanto secundárias, actua positivamente para estruturar um espaço, outro

factor que ajuda na Legibilidade é concentração de serviços, ou algo que possa distinguir os

diversos espaços, mas quando as ruas secundárias têm um desenho confuso e não são

confortáveis visualmente, essa legibilidade é reduzida. Assim chegou-se à conclusão

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que a Baixa tem boa orientação e consequente boa legibilidade, excepto na zona das ruas

da Moeda, Corvo, Louça e Direita.

O Largo da Portagem é importante no imaginário das pessoas, com as suas

esplanadas e dependências bancárias, a vegetação, apesar de escassa, é notada

positivamente com satisfação. A Praça 8 de Maio é o cruzamento mais importante, onde

existe forte concentração de pessoas, sendo nesta zona que muitos idosos que se

encontram e convivem. A presença da fonte contribui para que este cruzamento seja tão

importante assim como a diferença de cotas com as respectivas rampas e a presença de

elementos marcantes como a Igreja de Santa Cruz, a Câmara e o edifício da Caixa Geral de

Depósitos. Verificava-se nas entrevistas um prazer emocional resultante da panorâmica.

Outro cruzamento a referenciar é a Praça do Comércio, com dois elementos

marcantes que reforçam a sua importância: Igreja de Santiago com as suas escadarias. A

nível do terreno, o facto de se encontrar a uma cota inferior ao eixo comercial, assim como

um pavimento diferente, juntamente com as Tendas dos Comerciantes dão uma qualidade

singular ao espaço, em relação à sua envolvente. O facto de ser um espaço amplo e

luminoso, em que as ruas convergentes são o contrário, estreitas e escuras, acentua a sua

importância.

As esplanadas, quiosques e bancos de jardim criam espaços agradáveis de acordo

com vários entrevistados, isso imprime boas sensações na memória das pessoas.

Os cruzamentos Terreiro da Erva e Largo do Bota Abaixo raramente foram

mencionados pelos inquiridos, após análise do terreno são os cruzamentos que acarretam

mais problemas para o tecido urbano e para a qualidade visual da Baixa de Coimbra.

Relativamente aos limites, o limite situado entre a Avenida Emídio Navarro, na zona da

Portagem até a Estação, está bem presente nas entrevistas, raramente o rio era

mencionado apesar de estar apenas a uns metros de um dos cruzamentos mais referidos, o

Largo da Portagem. Esta frágil ligação com o Rio, assenta numa baixa clareza visual nessa

zona, quando nos aproximamos da Baixa por esse lado.

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Os inquiridos referiram constantemente o abandono da população, pois existe forte

diminuição de pessoas a circular durante a noite, pelo que se nota a falta de vida e

animação nocturna. O sentimento de insegurança foi por diversas vezes mencionado, outro

facto a considerar é a degradação dos edifícios. Como influência negativa verifica-se ainda

que o estacionamento é desordenado tendo elevada utilização do transporte individual, já

que não existe alternativa viável.

Há alguns aspectos que embora não sendo físicos, actuam positivamente no

imaginário das pessoas em relação à Baixa de Coimbra, como é o caso de paisagens

sonoras: o som do Fado de Coimbra presente no Arco da Almedina, e paisagens olfactivas:

as Castanhas assadas que se vendem na Praça 8 de Maio. A presença dos malabaristas no

eixo principal da Baixa são também elementos retidos. Já no campo físico, as ruas estreitas

e sinuosas com as suas construções antigas, as flores e esplanadas no Largo da Portagem

foram mencionadas.

Coimbra foi considerada como tendo boa orientação, por ser uma cidade pequena,

mas consideraram que existe falta de placas de sinalização. A Torre da Universidade, os

Monumentos, os estabelecimentos comerciais, a intensidade do tráfego, presença de locais

estritamente pedonais e a dimensão das ruas, com a respectiva hierarquização, contribuem

para ajudar as pessoas a orientarem-se na Baixa de Coimbra.

Ao mencionarem outras cidades com boa orientação, a justificação que usaram

permitiu definir elementos que ajudam neste processo: distribuição de ruas clara,

hierarquizadas com dimensão razoável e traçado regular, a presença de elementos fortes

como o rio ou mar, a presença de áreas espaçosas e elementos de referência visual dentro

do tecido homogéneo, para que possa haver distinção.

Ao longo do tempo têm sido realizadas diversas operações para a recuperação dos

imóveis de modo isolado, esquecendo que apenas com estratégias bem definidas

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se consegue abranger a área urbana como um todo. Como se comprova pelo resultado dos

inquéritos, a Baixa de Coimbra tem uma malha com elevado valor patrimonial que é

determinante na imagem que os habitantes têm desta. É imperativo assumir que este

património deve ser conservado e integrado nos novos tempos, para que deles se tire

proveito e se renove a esperança de voltar a ter uma Baixa com vida.

“ A globalização dos costumes e das condutas leva as comunidades a óbvios

problemas de evolução da identidade e esta a ainda mais evidentes desalinhos na

identificação com os espaços de referência.”138

Depois de identificados os espaços de referência, estão determinados os espaços

que devem ter especial atenção estrategicamente, pois disto depende a preservação da

Identidade da Baixa.

“Foi sempre com arquitectura que se construiu a materialidade visual da cidade.”139

O ambiente urbano é um espaço produzido, resultante da acção humana que

participou na sua criação e desenvolvimento, sendo susceptível de ser mudado, essa

mudança deve ser consciente da longa sequência de pontos a ter em conta. Este trabalho

surge como um processo de investigação que complementa outros tantos, mas visto por

um prisma diferente, as percepção das pessoas que utilizam a Baixa de Coimbra. A herança

conservada do passado dá um feixe de condições à interpretação humana, cabe tentar

identificar essa interpretação, reforçar os elementos determinantes na Imagem da Baixa e

atenuar os negativos. A perda de comunicação estreita origina meios cada vez mais

artificiais, produzindo efeitos negativos nos indivíduos. É necessária preocupação com as

necessidades emocionais que o ambiente evoca nas pessoas, apesar de cada indivíduo

sentir à sua maneira, foi concluído neste trabalho que efectivamente há imagens

colectivas.

138

ROSSA.Walter- cidade: o sonho de Nero, o desenho, o comércio tradicional e outras provocações expressas de forma desordenada.workshop internacional de arquitectura.Novos mapas para velhas cidades.FCTUC.2000.p.21. 139

ROSSA.Walter- cidade: o sonho de Nero, o desenho, o comércio tradicional e outras provocações expressas de forma desordenada.workshop internacional de arquitectura.Novos mapas para velhas cidades.FCTUC.2000.p.25.

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Considerações finais

A aplicação dos inquéritos na Baixa de Coimbra, permitiu-me conhecer melhor esta

zona da cidade, sendo que algumas das ruas eram para mim desconhecidas.

Os inquéritos mostraram-se um bom método para se obter informações sobre as

características da Baixa, no entanto, o facto de ser resposta aberta fez com que divagassem

ou dessem respostas demasiado curtas, ou nos sítios errados, pelo que dificultou o

tratamento dos inquéritos. No entanto, tratando-se do estudo da percepção sobre o

espaço, a única opção seria realmente não induzir a respostas pré-feitas de forma a ter

uma resposta verdadeiramente fiável.

A realização dos inquéritos revelou-se de extrema importância, permitindo

perceber alguns receios da população, sobretudo dos comerciantes, que normalmente

referiam como a Baixa era antigamente, recordando com tristeza a altura em que esta era

o centro definitivo da cidade, em que muitas pessoas circulavam e faziam compras naquele

local.

Parte considerável das pessoas recusaram-se a responder ao inquérito, mesmo

explicando o propósito deste. Alguns recusavam quando se apercebiam da extensão deste,

pelo que a longa duração do mesmo foi definitivamente um grande obstáculo, o que

limitou o número de amostras conseguidas para o estudo.

Alguns inquiridos, depois de compreender os objectivos do estudo, acabavam por

aceder, embora muitos referindo que não tinham nada a dizer ou que não sabiam o

suficiente para responder e não poderiam ensinar ou dizer algo de importante. Tive que

lhes explicar que não existia respostas certas, e que apenas estava interessada na

percepção que as pessoas têm daquele local.

Outro obstáculo foi a última questão do inquérito, em que se tinha que desenhar o

mapa do que eles consideravam como a Baixa, ficando bastante desconfortáveis e receosos

ao fazê-lo.

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Alguns dos inquiridos aproveitavam para reclamar, com esperança que este

trabalho seja lido pelas autoridades referentes à Baixa. Uma queixa frequente, era terem

menos clientes, que vários estabelecimentos estavam a fechar e que um dos causadores

disso era a presença dos novos Shoppings. Quando esse assunto surgia, era difícil trazer os

inquiridos de volta para ao inquérito, sendo que facilmente dispersavam em divagações,

que apesar de não estarem directamente relacionadas com as questões feitas no inquérito,

contribuíram para completar as suas opiniões sobre a Baixa.

A sensação que tive foi que os comerciantes consideram que não se tem feito um

esforço relevante para reavivar a zona, olham para o passado com nostalgia e saudade e

não têm muita esperança que a baixa volta a ser o que era.

Com os inquéritos, ficou claro o sentimento de pertença dos comerciantes, sendo

um lugar carregado de vivências e de memórias. As relações de vizinhança que se

pressentiram, em que os comerciantes referiam os nomes dos comerciantes vizinhos e

revelavam o carácter e particularidades destes, são reveladoras de momentos de partilha

de emoções, assim como de recordações e de histórias.

O desenvolvimento deste tipo de trabalho deixa sempre assuntos para aprofundar

no entanto a limitação do tempo, a quantidade de inqueridos e extensão destes assim

obrigou.

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VARUM, Humberto; VICENTE, Romeu; SILVA, J. Mendes da, - UNIVER(SC)IDADE : desafios e propostas de uma candidatura a património da humanidade. Coimbra: Gabinete de Candidatura à UNESCO - Universidade de Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra e ICOMOS-Portugal, 2007. 54p. VICENTE, Romeu; VARUM, Humberto; SILVA, J. Mendes da, - UNIVER(SC)IDADE : desafios e propostas de uma candidatura a património da humanidade. Coimbra: Gabinete de Candidatura à UNESCO - Universidade de Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra e ICOMOS-Portugal, 2007. 54p. Artigos de Revistas: ‘ECDJ’: Workshop internacional de arquitectura , Novos Mapas para Velhas Cidades. Coimbra: Novembro 2000, vol. 3. 115 p. ‘ECDJ’: Workshop internacional de arquitectura: Coimbra um novo mapa. Coimbra: 2001, vol. 4. 91 p.

‘ECDJ’: Sofia: Concurso Público de ideias para reabilitação da Rua da Sofia. Coimbra: 2004, vol. 8. 63 p.

‘ECDJ’: Seminário internacional de desenho urbano. Coimbra: 2004, vol. 6/7. p. 93 Monumentos: Dossiê: Coimbra. Da Rua da Sofia à Baixa. Lisboa: 2006, vol. 25.

136

137

Fontes de imagens

[Imagem subcapa] BANDEIRINHA, Filipe Jorge e José António - Coimbra vista do céu. Lisboa: Argumentum, 2003. 31p.

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2. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8

3. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8

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12. ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A Montagem do Cenário Urbano. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2008.p.39

13. ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A Montagem do Cenário Urbano. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2008 p.44

14. ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A Montagem do Cenário Urbano. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2008.p.42

15. ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A Montagem do Cenário Urbano. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2008.p.42

16. ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A Montagem do Cenário Urbano. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2008.p.62

17. ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A Montagem do Cenário Urbano. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2008.p.65

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19. http://purl.pt/93/1/iconografia/imagens/imagoteca/univ_imagoteca.html

20. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

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21. SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO BASES PARA INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC,2006, p.13

22. ALARCÃO, Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Coimbra: Imprensa da universidade de Coimbra, 2008.p.14.

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24. ALARCÃO, Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Coimbra: Imprensa da universidade de Coimbra, 2008.p.2

25. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154

26. ALARCÃO, Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Coimbra: Imprensa da universidade de Coimbra, 2008.p.196

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29. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=241858

30. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=241858

31. CMC - Plano de Urbanização da Cidade de Coimbra-1a Fase: Caracterização, Diagnostico e Cenários Prospectivos, Relatório sectorial 05, Lisboa, 2010. p.33

32. CMC - Plano Estratégico de Coimbra - diagnóstico preliminar - volume 2/2, Relatório, Lisboa, 2006. 111p.

33. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=376030

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35. http://www.pbase.com/image/111410843

36. http://omundoporbrasileiros.blogspot.com/2010/12/jardim-botanico-de-coimbra.html

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38. http://www.euroacessibilidade.com/pag_fotos/f35.htm

39. CMC - Plano Estratégico de Coimbra - diagnóstico preliminar - volume 2/2, Relatório, Lisboa, 2006. p.111

40. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005. p.3

41. CMC - Plano de Urbanização da Cidade de Coimbra-1a Fase: Caracterização, Diagnostico e Cenários Prospectivos, Relatório sectorial 05, Lisboa, 2010. p.31

42. CMC - Plano de Urbanização da Cidade de Coimbra-1a Fase: Caracterização, Diagnostico e Cenários Prospectivos, Relatório sectorial 05, Lisboa, 2010. p.31

43. http://portoacademico.blogspot.com/2010/06/o-traje-academico-em-coimbra-i-o-antigo.html

140

141

44. http://aopedaraia.blogspot.com/2010/12/sobre-o-fado-mariza-cantar.html

45. http://passeiosturisticosemcoimbra.wordpress.com/2011/02/24/as-republicas-de-estudantes/

46. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.10

47. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

48. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

49. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

50. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

51. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

52. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

53. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

54. SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO

55. BASES PARA INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC,2006, p.12

56. SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO: BASES PARA INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC,2006, p.5

57. SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO: BASES PARA INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC,2006, p.5

58. SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO: BASES PARA INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC,2006, p.5

59. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.11

60. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.13

61. http://krypton.mnsu.edu/~tony/Pictures/Misc/Sketches0008.jpeg

62. http://krypton.mnsu.edu/~tony/Pictures/Misc/Sketches0010.jpeg

63. http://krypton.mnsu.edu/~tony/Pictures/Misc/Sketches0009.jpeg

64. http://krypton.mnsu.edu/~tony/Pictures/Misc/Sketches0012.jpeg

65. http://krypton.mnsu.edu/~tony/Pictures/Misc/Sketches0011.jpeg

66. Própria Autora

67. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

68. Própria Autora

69. Própria Autora

70. Própria Autora

142

143

71. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p. 21

72. Própria Autora

73. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

74. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

75. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p. 14

76. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

77. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

78. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

79. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

80. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

81. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

82. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

83. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

84. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

85. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

86. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

87. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

88. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

89. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

90. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

91. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

92. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

93. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

94. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

95. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

96. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

97. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

98. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

99. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676

100. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005..p.25

101. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005..p. 28

144

145

102. Própria Autora

103. Própria Autora

104. Própria Autora

105. Própria Autora

106. Própria Autora

107. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.35

108. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.32

109. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.17

110. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005. p. 16

111. Inquérito respondido à própria autora

112. Inquérito respondido à própria autora

113. Inquérito respondido à própria autora

114. Inquérito respondido à própria autora

115. Inquérito respondido à própria autora

116. Inquérito respondido à própria autora

117. Inquérito respondido à própria autora

118. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

119. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

120. Inquérito respondido à própria autora

121. Inquérito respondido à própria autora

122. Própria Autora

123. Própria Autora

124. Própria Autora

125. Própria Autora

126. Inquérito respondido à própria autora

127. Inquérito respondido à própria autora

128. Inquérito respondido à própria autora

129. Inquérito respondido à própria autora

130. Inquérito respondido à própria autora

131. Própria Autora

132. Própria autora

133. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

146

147

ANEXO A

PLANOS PARA A BAIXA DE COIMBRA

1| Projecto dos novos arruamentos na zona da Cidade limitada por Rua Ferreira Borges, Cais, Largo das Ameias e Praça 8 de Maio, de Abel Dias Urbano 2| Plano Dias Urbano 1928

148

3| Plano de Ordenamento de Extensão e embelezamento da cidade de Coimbra, De Groeer ,1940

4| Plano com estradas e caminhos de Ferro, De Groeer, 1940

5| Plano de Ordenamento de Extensão e embelezamento da cidade de Coimbra, DeGroer, 1940

6| Plano De Groeer, 1940

149

7| Plano de urbanização da parte baixa da cidade, de Luís Benavente. 8| Plano de urbanização, de Luís Benavente.

150

9| Plano Almeida Garret (1955) 10| Plano Regulador de Coimbra , Plano Almeida Garret ( 1955) 11| Plano Regulador de Coimbra , Plano Almeida Garret ( 1955) 12| Plano Regulador de Coimbra , Plano Almeida Garret ( 1955) 13| Plano Regulador de Coimbra , Plano Almeida Garret ( 1955)

151

14| Plano de Remodelação da Baixa de Coimbra, Alberto Pessoa, 1956 15| Plano de Remodelação da Baixa de Coimbra, Alberto Pessoa, 1956 16| Plano de Remodelação da Baixa de Coimbra, Alberto Pessoa, 1956 17| Plano de Remodelação da Baixa de Coimbra, Alberto Pessoa, 1956 18| Arranjo Urbanístico dos Terrenos confinantes com a Rua de Aveiro –LadoNorte, Leonardo Dias, 1963, CMC

152

19| Estudo de Alteração ao Plano de Urbanização - Remodelação da Baixa de Coimbra - Av. Fernão de Magalhães, Alves Martins 1967. 20| Plano de Síntese, Costa Lobo,1971 . 21| Plano de Urbanização da Baixa, Planta Geral, Costa Lobo, 1971/73. 22| Proposta da CMC para a Baixa nos anos70.

153

23| Plano Távora, Távora, 1992

154

155

FONTES DAS IMAGENS

1- SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO BASES PARA INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC,2006, p.18

2- Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005. Relatório da CMC.p.39

3- Comissão Interdisciplinar da Baixa- O Relatório, Coimbra, 2005. Relatório da CMC.p. 40

4- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

5- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

6- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

7- SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO BASES PARA INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC, 2006, p.18

8- Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005. Relatório da CMC.p.39

9- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8

10- ALMEIDA, Sandra Maria Fonseca, A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano. Coimbra: FCTUC, 1997. p.47

11- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

12- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

13- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

14- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

15- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

16- ALMEIDA, Sandra Maria Fonseca, A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano. Coimbra: FCTUC, 1997. p.53

17- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

18- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

19- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

20- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

21- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

22- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

23- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

156

157

ANEXO B INQUÉRITO

1 — Quando ouve a palavra Baixa, o que lhe vem imediatamente à ideia, o que simboliza a palavra para si? - Como faria a descrição física da Baixa?

2 — Gostaríamos que fizesse rapidamente um mapa da Baixa. Faça-o como se tivesse a fazer uma

descrição rápida da cidade a um visitante, não esquecendo as suas características principais. Não se

espera um desenho apurado, mas apenas um esboço tosco. (O entrevistador deve apontar dados

sobre a sequência usada ao desenhar o mapa).

3 a )Dê, por favor, uma descrição completa e explicita das direcções que utiliza quando vem do

trabalho para casa. Imagine-se a fazer este percurso e descreva a sequência das coisas que pode

ver, cheirar e ouvir ao longo do caminho, incluindo o que é para si importante e as indicações de

que um estranho necessitaria para tomar as mesmas decisões na escolha de caminho que por si são

tomadas. Estamos interessados na descrição física das coisas. Não é importante lembrar-se do

nome das ruas ou locais. (Durante esta fase da entrevista, o entrevistador tem de levar o

entrevistado, no caso de ser necessário, a fazer descrições mais detalhadas.)

b ) - Tem algumas sensações emocionais em particular acerca das diversas partes do seu caminho? Quanto tempo leva a percorrê-lo?

Há locais no percurso onde não saiba ao certo onde está? 4 — Agora gostávamos de saber quais os elementos da Baixa que considera mais distintos. Podem

ser grandes ou pequenos; mas diga-nos quais, para si, são mais fáceis de reter na memória. (Para

cada grupo de dois ou três elementos citados na resposta à pergunta 4, o entrevistador faz a

pergunta seguinte.)

5

a) Seria capaz de me descrever a baixa? Se fosse para lá levado de olhos vendados e no local lhe tirassem a venda, que elementos usaria para identificar o local onde se encontrasse?

b) Tem alguns sentimentos emotivos para com a baixa?

c) Mostre-me no seu mapa, onde fica o centro da baixa? onde estão os seus limites?

6— É capaz de me mostrar a direcção Norte no seu mapa?

7 — O inquérito terminou, mas seria útil se conversássemos 2 ou 3 minutos à vontade (o resto das perguntas são inseridas informalmente): b) Que importância tem a orientação e o reconhecimento dos elementos da cidade para as pessoas? c) Sente alguma satisfação em saber onde está e para onde vai? Ou alguma contrariedade, no caso contrário? d) Acha que a Baixa tem fácil orientação e identificação das partes? e) Quais das cidades que conhece, têm boa orientação? Porquê?

158

159

Ficha Técnica Entrevistado n.º Idade: Residente, Transeunte, Trabalhador não residente Género: Feminino, Masculino Esboço do mapa da Baixa de Coimbra: