igreja nº 30

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outubro / novembro 2010 | IGREJA

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Edição 30 da revista

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IGREJA | outubro / novembro 20104

diretor executivoEduardo Berzin Filho

Jornalista responsávelCelso de Carvalho

[email protected]

diagramação e arteLuís Carlos Teodoro

Colaboradores desta ediçãoChefe de reportagem

Celso de CarvalhoMTB 27189/RJ

reportagemRobson Morais, Vinicius Cintra

e Mayra Bondança Assistentes sob supervisão

fotografiasSalvi Cruz e Décio Figueiredo

artigosRodolfo Mantosa, Lourenço Stelio Rega, Ariovaldo Ramos, Mário Kaschel Simões,

Edgard J. C. Menezes e Valdo Romão

tiragem desta edição30 mil exemplares

distrubuidora

atendimento ao leitor(11) 4081.1760

[email protected]

redação e administraçãoRua Otávio Passos, 190, 2º andar - Atibaia, SP

CEP: 12.940-972 - Telefone: (11) [email protected]

Ano 5 - nº 30outubro / novembro 2010

Ter pulso firme é caracterís-tica de poucos líderes. Ter uma opinião e defende-la

com unhas e dentes, requer cora-gem para agradar alguns e desagra-dar outros. A IGREJA 30 traz dois personagens que no mês de setem-bro pautaram o noticiário por suas opiniões firmes: Silas Malafaia e Marina Silva. Marina Silva, candidata do PV, à presidência da república, foi firme em suas convicções e conquis-tou uma geração de eleitores que estavam desanimados com a velha forma de fazer política.

Marina perdeu nas urnas, mas, ganhou ao mesmo tempo. Fez a diferença e levou as eleições para um segundo turno. O fato foi reconhecido pela mídia e articulistas políticos. Outra importante persona-lidade que brilhou nestas eleições, foi o pastor e conferencista Silas Malafaia. Silas mudou sua intenção de voto e gerou muitos debates por não apoiar Marina Silva. Esta opção fez com o presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo alcanças-se durante duas horas o titulo de as-sunto mais comentado no microblog twitter.

Não só isto, Silas Malafaia está na capa da IGREJA. Na repor-tagem ele defendeu Mike Murdok e não poupou palavras aos seus críti-cos ferrenhos. A mesma opinião, ainda que de forma moderada, também é re-gistrada por Philip Yancey, que em visita ao Brasil, falou sobre o funda-mentalismo e a geração de decepcio-nados que se levanta nas Igrejas. Uma edição contagiante com personalidades interessantes e que tem muito a falar.

Redação

Personalidade e pulso firme

08 ENTREVISTAParadigmas da religião Com 33 anos de carreira, 22 livros pu-blicados e mais de 15 milhões de exem-plares vendidos, Philip Yancey fala à IGREJA sobre legalismo religioso e psi-cologia moderna

14 EXPOCRISTÃCom presenças internacionais, congres-sos de avivamento e público superior a 160 mil pessoas, começa a contagem regressiva para os dez anos da EXPO-CRISTÃ

22 POLÍTICAPostura firme de Marina Silva é elogia-da até por aliados e desperta um novo eleitorado insatisfeito com modelo polí-tico atual

24 MINISTÉRIOSilas Malafaia defende Cerullo e Murdok e diz que implantará mil templos pelo Brasil

40 NO PÚLPITOCaíque Oliveira, líder do Jeová Nissi, comemora os dez anos de O Jardim do Inimigo e sonha em transformar obra em filme

41 EQUIPAR

42 RECURSOSMarque na Agenda! Escolha a que mais se encaixa com seu perfil ministerial

SUMÁRIO

IGREJA | outubro / novembro 2010

47 MEIO AMBIENTEIgreja Verde: Renovatec cria produtos para criar uma Igreja sustentável

50 LANÇAMENTOS

SEÇÕES6 – EpístolasMensagem dos leitores

7 – AgendaConfira o calendário de eventos

19 – Igreja BrasilNoticiário Nacional

39 – Igreja MundoNoticiário Internacional

ARTIGOS16 – Gestão Ministerial Coluna de Rodolfo Montosa

18 –ÉticaColuna de Lourenço Stelio Rega

37 – MUNDO MELHORColuna da ONG Visão Mundial

38 – Profissional CristãoColuna de Mario Simões

44 – Estratégia em açãoColuna de Edgard Menezes

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ASSINATURANovas e renovações(0xx11) 4081.1760

SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTEPara renovação, mudança de endereço e outros serviços ligue para (11) 4081.1760 de segunda à sexta das 8h às 18h, ou envie uma mensagem para [email protected]

PUBLICIDADEAnuncie em Igreja e fale para milhares de líderes e formadores de opinião em todo Brasil. Ligue para (11) 4081.1760 ou envie uma mensagem eletrônica para a equipe comercial.

GERENTE COMERCIALSamuel Crisostomo(0xx11) [email protected]

SUPERVISOR COMERCIALRogério [email protected](0xx11) 4081.1760

EXECUTIVO DE CONTASPaulo Eduardo(0xx11) [email protected]

Francisco Soares(0xx11) [email protected]

Douglas Balmant(0xx11) [email protected]

Nadja Soares(0xx11) [email protected]

Ana Paula Marques(0xx11) [email protected]

PORTAL CREIOOseias Brandão(0xx11) [email protected]

REPRESENTANTECarlos Rodnei Vasconcelos(0xx11) 8585.3409ID Nextel: 86*[email protected]

CONTATO RIO DE JANEIROSamuel Oliveira(0xx21) 7836.5167(0xx21) 2752.6765ID Nextel: 46*[email protected]

PUBLICIDADESecretáriasAna Paula [email protected](0xx11) 4081.1760

Jéssica [email protected](0xx11) 4081.1760

MÍDIAJoice Camargo(0xx11) [email protected]

MARKETING E PROJETOS ESPECIAISPriscila Mó[email protected](0xx11) 4081.1760

IGREJA ON LINEReceba em seu computador os destaques da próxima edição. Cadastre-se hoje mesmo, enviando uma mensagem para [email protected]

LICENCIAMENTO DE CONTEÚDOPara adquirir os direitos de reprodução de textos e imagens veiculados na revista IGREJA (desde que autorizados pelas respectivas fontes), ligue para (0xx11) 4081.1760 de segunda à sexta das 8h às 18h, ou envie uma mensagem para [email protected]

Para fazer comentários sobre o conteúdo editorial, oferecer sugestões e críticas às matérias ou solicitar informações relacionadas às reportagens (desde que autorizadas pelas fontes), escreva para a REVISTA IGREJA - REDAÇÃO, Rua Otávio Passos, 190, 2º andar, Atibaia (SP), CEP 12.942-972; ligue para (0xx11) 4081.1760 ou fax (0xx11) 4081.1788; ou email para [email protected] ou [email protected] e mensagens devem trazer nome completo, endereço, telefone e, se possível, endereço eletrônico (e-mail). Por razões de espaço ou clareza, elas podem ser publicadas resumidamente ou editadas.

FALE COM IGREJA

e-pístolas carta do leitor

A IGREJA é muito útil em meu mi-nistério. A MÚSICA CRISTÃ é muito utilizada em minha Igreja, pois oferece suporte na área de louvor. Compartilho a revista com integrantes de minha comu-nidade que além de ficarem informados podem crescer musicalmente.Pastor Edson Joaquim SilvaIgreja Metodista Ortodoxa El Shaddai

As notícias edificam meu ministério e fico muito bem informada com eventos, artigos com especialistas. Acompanho a IGREJA e indico aos meus amigos e pastores.Márcio Alves MotaIgreja Presbiteriana em Osasco – SP

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A IGREJA é a revista mais completa para o líder cristão. Bem diversificada e abran-gente traz vários assuntos. A revista veio sanar uma lacuna em recursos de meu ministério. Creio que a revista é essencial na vida do líder.Pastor Evaldo LimaAssembleia de Deus As Glórias do Se-nhor Jesus – SP

A revista oferece as últimas novidades do meio cristão. Gosto da IGREJA por ela ser completa. Uma revista atual e dinâmi-ca para a liderança. Quando posso indico aos meus amigos por ter um diferencial.Osmario Costa SilvaIgreja Evangélica Ministério Apascentar de São Paulo

Somos um ministério novo e acompanho a IGREJA, principalmente a parte teológica e de estudos. A parte jornalística muito agrega em minha comunidade e creio que a publi-cação é muito útil para pastores e ministé-rios. A MÚSICA CRISTÃ é muito útil em minha casa, pois meu filho é músico.

Pastora Maria Estela Martins Igreja Mundial Vida Nova em Cristo – SP

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ERRATANa edição 29 a foto do pastor Elienai Cabral Júnior na reportagem Entre as urnas e o púlpito é do fotógrafo Alex Fajardo.

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Pastoreio de PastoresO evento gratuito acontece na Igreja Batista do Morumbi, no dia 06 de outubro, às 20h30 com a preleção do reverendo Ariovaldo Ramos. A Igreja está localizada à Rua Carvalho de Freitas, Vila Andrade.Informações: (11) 9937.2302

ConsCiênCia Cristã internaCionalA Visão Nacional para a Consciência Crista (Vinac) realiza entre os dias 11 a 20 de outubro a Consciência Cristã Internacional em Jerusalém – Israel. Além de preletores nacionais haverá participação do cantor Armando Filho. Informações: (11) 2797.9011

enContro de estudantes e ProfissionaisO Emep (Encontro de Estudantes e profissionais) acontece no Carnaval

agenda

de 2011. O tema é: Perigo: Paixão por Missões é extremamente contagiante. Informações: www.cem.org.br

BíBlia transmídiaO workshop com Jesse Cleverly ocorrerá em duas etapas: a primeira em novembro, nos dias 19 e 20 e a segunda em fevereiro de 2011, nos dias 26 e 27. O conteúdo do encontro incidirá sobre cada produtor participante, a partir de suas inscrições, para criar eficientes projetos de transmídia. Informações: http://www.bibliastransmidia.com.br

Congresso underground Do dia 10 a 12 de dezembro em Campos do Jordão a Missão Portas Abertas promove o Congresso Underground. O congresso traz uma visão real sobre a perseguição e o participante viverá a realidade que passam os missionários perseguidos.

Informações: http://www.underground.org.br/eventos/extreme/

oitaVo laBaredas de fogo De oito a 10 de outubro no Centro de Convenções da Univale em Governador Valadares (MG). Participação dos apóstolos René Terra Nova, Flamarion Rolando, Silas Malafaia e Jorge Linhares. Inscrições: (33) 3272.4080 www.labaredasdefogogv.com.br

enContro de Casais De 12 a 15 de novembro a Igreja Batista Independente de Sorocaba realiza em Poços de Caldas (MG), o Retiro de Casais no Hotel Shelton Inn. O preletor será o pastor Silmar Coelho, conferencista, escritor sobre casais. O congresso custa R$ 600 com pagamento facilitado. Informações: (15) 3231.4165 ou (15) 3318.7919

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Paradigmas da religião Com 33 anos de carreira, 22 livros publicados e mais de 15 milhões de exemplares vendidos, Philip Yancey fala à IGREJA sobre legalismo religioso e psicologia moderna

“Hoje eu sou grato por esta situação que me ajudou a entender como a maioria das pessoas vive no mundo”, argumentou Yancey

entrevista Philip Yancey

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foto: Décio Figueiredo

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por Oziel Alves

“Não há outro escritor no meio evangélico que eu admire mais”. A frase é

do famoso pregador americano Billy Graham, mas a opinião é compar-tilhada por milhões de pessoas no mundo todo. O motivo? Yancey se notabilizou, universalmente, como o escritor que melhor comuni-ca, através das palavras, a graça de Deus aos que sentem dor ou que de alguma forma, foram feridos pela “Igreja” durante a caminhada. Órfão de pai com apenas um ano, Yancey viveu a infância e adolescência, em Atlanta na Geór-gia (EUA), junto da mãe e do irmão, num trailer de metal, com pouco mais de 33 metros quadrados. A po-breza, no entanto, nunca foi cultu-ral. Não havia dinheiro, mas livros e boa musica nunca faltaram. Até a juventude, frequentou a contragos-to, uma comunidade cristã funda-mentalista em Atlanta, na Geórgia, cuja cultura dogmática - racista, le-galista, intolerante e, absolutamente conflituosa com o amor e a graça de Deus – foi responsável pelas feridas que machucaram sua alma e quase aniquilaram sua fé. Foi só na fase adulta, quan-do começou a se preparar para o campo missionário que Philip con-seguiu abandonar as raízes funda-mentalistas, para tentar apagar a imagem distorcida, de um deus mal humorado e autoritário, construída em seu imaginário, durante todos aqueles anos.

Yancey não se tornou um missionário convencional. Preferiu utilizar a escrita para alcançar os fe-ridos. Ainda bem jovem, licenciou-se em Educação Bíblica pela Columbia Bible College e na sequência obte-ve dois diplomas de pós-graduação: um em Comunicação, pela Whea-ton College e outro em Língua In-glesa pela Universidade de Chicago. Foi nesta época (1971), quando ain-da era um estudante universitário e recém havia assumido uma das va-gas na editoria da Revista Campus Life (uma publicação cristã voltada ao público universitário), que Yan-cey começou a desvendar o poder curador das palavras. Escrevendo para muitos, mas também, sempre em causa pró-pria - numa espécie de autoterapia ou catarse espiritual que busca res-postas a perguntas sem respostas - Yancey descobriu que o batalhão de soldados feridos pelo legalismo religioso, era bem maior do que ele podia imaginar. Em pouco tempo, viu sua caixa de correio, ser abarro-tada, diariamente, por centenas de cartas de pessoas de todos os cantos da América, que compartilhavam das mesmas dores e decepções que ele havia vivido. Elas desejavam a Cristo, queriam reconciliar-se com Ele, mas a Igreja parecia exercer força contrária àquela que deveria exercer. Legalista ao extremo, a Ins-tituição, que deveria ser o local de acolhimento dos fracos e oprimidos, ao invés de aproximar as pessoas de Deus, afastava-os cada vez mais. Naturalmente, a Revista que, inicialmente, se propunha a ser

apenas um informativo local, cres-ceu e, sob o seu comando, atingiu a marca das 250 mil cópias ao mês. Campus Life, publicação que mais tarde se uniu ao grupo Christianity Today (da qual Yancey também se tornou editor), recebeu inúmeros prêmios e foi eleita duas vezes como o melhor periódico evangélico pela Evangelical Associated Press. Não demorou muito e o reconhecimento atingiu patamares ainda mais elevados. Yancey se afas-tou do trabalho na editoria da Re-vista Christianity Today e passou a se dedicar, unicamente a carreira de escritor. Lançou obras como, Onde está Deus quando chega a dor? (1977), Segredos da Vida Cristã (1979), De-cepcionado com Deus (1988), O Jesus que eu nunca conheci (1995), En-contrando Deus em Lugares Inespe-rados (1995), entre outros, até que ganhou notoriedade mundial com o lançamento de Maravilhosa Graça em 1998. O livro, que logo se tornou best seller, vendeu mais de cinco milhões de cópias e em pouco tem-po passou a ser lembrado como um compêndio sobre o amor e a graça de Deus. Bono, vocalista da banda U2, profundamente impactado com a mensagem racional e lúcida conti-da nesta obra, chegou a afirmar que Yancey era ‘a voz do cristianismo no mundo’ e o convidou almoçar. Bill Clinton também fez apologia a sua obra. Apesar de tantos elogios, so-bretudo por parte de pessoas famo-sas, um capítulo do livro, em que Yancey aborda a homossexualidade de seu amigo Mel White, acabou se

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tornando o grande divisor de águas entre o povo cristão. Lideres come-çaram a questioná-lo: como ele ou-sava nutrir uma amizade com tama-nho pecador? Ao que ele respondia, a pergunta é: como Mel White pode ser meu amigo, sendo eu um peca-dor? Hoje, enquanto alguns o veem como um guia para as fontes em meio ao deserto, outros salientam que ele tem uma visão pervertida da graça de Deus e o consideram uma ameaça a igreja que preserva usos e costumes mais conservadores. Polêmicas a parte, fato é que Yancey faz a diferença através de sua literatura. Os meios de co-municação mudaram, mas até hoje os pedidos de ajuda não pararam de chegar. Fortemente comprometido com a mensagem do evangelho, ele enfrenta a oposição cruel de cabeça erguida, sempre pensando naquelas pessoas que por uma série de razões não conseguiram encontrar na igre-ja, um lar. Este ano, Yancey veio ao Brasil para lançar a sua mais recen-te obra Para que Serve Deus? editada pela Mundo Cristão e também re-lançar o seu best Seller Maravilho-sa Graça, que recebeu capa nova e reedição especial pela Editora Vida. Entre um intervalo e outro de suas palestras, sessão de autó-grafos, coletivas e conversas com os leitores, Yancey concedeu esta en-trevista à IGREJA.

durante a sua infância, você morou num trailer junto com sua mãe e o irmão. Você se lembra desta época? Quando sua vida começou a mudar economicamente?

Sim, nós éramos muito po-bres. Até o ensino médio nós morá-vamos neste trailer de metal com 2,4 metros de largura por 14 de com-primento. Eu sentia vergonha da minha casa e por esta razão nunca convidava os amigos para me visi-tar. Nós líamos livros e escutávamos boa música, por isso não nos sentí-amos culturalmente pobres, apenas economicamente. Hoje eu sou grato por esta situação que me ajudou a entender como a maioria das pesso-as vive no mundo. Minha vida eco-nômica mudou depois dos meus 30 anos, quando eu comecei a escrever livros e então ganhar por isso, além, é claro, do meu salário normal na Revista, como editor.

o legalismo da igreja fundamenta-lista é o tema principal da maioria dos seus livros. mas, afinal, o que é o legalismo? Você não crê que de alguma forma, todos nós, (sejamos conservadores, centristas ou libe-rais) somos um pouco legalistas? A melhor definição de lega-lista que eu já ouvi é a de que “o legalista é alguém mais proibitivo do que eu”.(risos). Todos nós con-sideramos que algumas coisas são “erradas” e por este motivo, delibe-radamente não as fazemos ou prati-camos. No entanto, se alguém não faz ou pratica algumas das coisas as quais nós gostamos de fazer ou praticar, então nós dizemos “Oh, ele é legalista. Eles são legalistas”. A questão não é se você é alguém que procura seguir estritamente as regras ou não. A questão é o pe-rigo que você corre se começar a

depender daquelas regras. Quan-do fazemos uma análise bíblica do comportamento de Jesus através da narrativa dos Evangelhos, percebe-mos que não há nenhuma passa-gem que O mostre mais zangado do que aquelas em que ele está falando com os legalistas. Lucas 11 e Mateus 23 são bons exemplos disso. Ele está falando com os Fariseus, que eram pessoas de Deus, que tentavam manter severamente, as leis contidas nas escrituras. Jesus não os criticou por tentarem manter as leis. Ele os criticou porque dependiam delas. Esta não é a forma de você se ache-gar a Deus. Deus não gosta mais ou menos de você porque você obedece àquelas 613 leis contidas no Antigo Testamento.

na sua opinião, quando este lega-lismo é efetivamente prejudicial a vida cristã? Quando ele tende a ser competitivo. Quando começamos a olhar o outro com desprezo, ou atri-buir inferioridade as pessoas que são menos conservadoras do que nós. Isso acontece quando você diz ou pensa: Eu sou mais espiritual. Eu sou mais santo. Eu gasto mais horas nos meus devocionais pela manhã. Eu oro melhor. Só para usar alguns exemplos dos Fariseus que oravam em público mais para impressionar as outras pessoas do que para, efeti-vamente orar a Deus. Eu acho que o maior perigo de tudo isso é que se perca o ponto principal do evange-lho. Os fariseus não estavam preo-cupados com as questões humanas ao redor deles. Eles não estavam

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preocupados com as grandes ques-tões de justiça e misericórdia. Então estes são alguns dos perigos. Repito: O problema não está em ser conser-vador. A questão é o que isso provo-ca em você? Qual a sua atitude em relação as outras pessoas e em rela-ção a Deus, quando você obedece a estes tipos de leis?

Para cada pessoa evangélica no Brasil, há, também, um desviado. Considerando este dado do iBge, estima-se que haja quase 30 mi-lhões de pessoas desapontadas com a igreja no país. Você escreveu um livro intitulado, “Como a minha fé sobreviveu a igreja”, então que con-selho você daria para aquelas pes-soas que, como você, foram feridas pelo legalismo religioso e agora es-tão quase morrendo na fé? Bem, eu não digo que as pessoas devem sair da Igreja e fingir que não tem nada a ver com ela. A brasa quando removida do fogo, se torna fria. A Igreja pode ter os seus problemas, mas afastar-se dela, não costuma suprir as necessidades que te atraíram em primeira instância. Eu encorajo as pessoas para que encontrem uma igreja que as re-compense pela honestidade ao invés

puni-las por isso. Há muitas igrejas que encorajam a hipocrisia, aonde as pessoas que vão, querem se sentir bem e pensam que tudo está legal. Eu não vou numa igreja dessas. Se tudo estivesse bem na minha vida, eu não iria à Igreja. Há coisas mais interessantes para se fazer, num do-mingo pela manhã. Nós nos ajun-tamos em comunidades porque não podemos seguir em frente sozinhos. Nós precisamos de Deus e também do próximo. Nem todo mundo vai encontrar o que precisa nesta igreja ou naquela igreja. Talvez seja possí-vel encontrar num pequeno grupo, que se reúne em casa; talvez num estudo bíblico ou quem sabe num grupo de recuperação para depen-dentes do álcool, apenas para citar um exemplo.

então, você não, necessariamente, precisa da igreja? Eu diria que você não pode depender do culto de domingo, por exemplo, como sua principal fonte de alimento espiritual. Eu encorajo as pessoas a permanecerem na Igre-ja, porque talvez a Igreja precise de você, mesmo que você pense que não precisa dela. É daquelas pessoas que falam abertamente sobre suas

lutas que a Igreja precisa se encher. Isso ajuda a trazer aquele tipo de vulnerabilidade e honestidade para a Igreja.

Você costuma dizer que a atuação de uma suposta ‘psicologia moder-na’, que tenta moldar a personali-dade humana, é algo que lhe preo-cupa muito, na atualidade. Para exemplificar isso, você menciona Bethoven, e diz que se tentássemos moldá-lo ao que se tem por ideal, certamente perderíamos metade de sua boa música. em geral, você acredita que esta ‘psicologia mo-derna’ está nos púlpitos e que há líderes, inadvertidamente, tentan-do moldar a personalidade do ser humano? Eu acho que este é um pe-rigo que muitas Igrejas enfrentam. Nos Estados Unidos muitas igrejas pensam que nós todos temos que ser felizes, alegres e que devemos sorrir... Mas há algumas persona-lidades que não expressam esta felicidade. Elas são mais melancó-licas, reflexivas e as vezes são pes-soas muito problemáticas. Então, quando a igreja diz que você pre-cisa se enquadrar num determinado molde de cristão [alegre, feliz etc]

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você pode estar afastando algumas pessoas do corpo. Olhe para as pes-soas na Bíblia! Olhe para os profe-tas! Olhe para Jeremias! Olhe para Jó! Olhe para Jonas! São pessoas profundamente problemáticas! Eu acredito que se Jeremias, Jô e Jonas aparecessem em várias igrejas, hoje, certamente ouviriam: Oh você pre-cisa de aconselhamento! Você preci-sa tomar estas pílulas! Você precisa tomar antidepressivos! Talvez não! Deus lida conosco da forma como nós somos. Nós não temos que pas-sar por um transplante de perso-nalidade para nos tornarmos parte do reino de Deus. Na Bíblia, Deus parece, deliberadamente, escolher as pessoas problemáticas para traba-lhar. Então, eu acredito que a Igreja precisa se abrir aos vários tipos de personalidades que Deus mostra na Bíblia.

normalmente, você escreve em causa própria e diz que escreve por-que tem perguntas que precisam de respostas. Você pode afirmar que a escrita foi a terapia que trouxe cura as feridas abertas pelo fundamen-talismo religioso que você viveu? Sim, eu posso afirmar isso. Eu acho que escrever é uma forma de costurar o passado. Eu tenho o privilégio, a benção de poder sentar para escrever e assim gastar muito tempo refletindo acerca da forma como eu fui tratado. A partir daí, com compaixão, volto atrás e tento costurar o passado. Tento entender algumas daquelas pessoas com as quais eu me indispus naqueles dias. Por exemplo, eu fui para uma Uni-

versidade Cristã e eles não sabiam como lidar com pessoas como eu. Eu era uma pessoa que duvidava. Eu era um cético, então eles me julgavam e diziam que eu não era espiritual, que devia haver castas de demônios sobre mim. Eu fui visto

como rebelde e tratado como re-belde. Mas eu não sou um cético, e não sou rebelde. Naquela época eu precisei ser honesto, autêntico sobre quem eu era. A Igreja não fez um bom trabalho ao lidar comigo, mas algumas pessoas fizeram e então eu

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“Eu diria que você não pode depender do culto de domingo, por exemplo, como sua principal fonte de alimento espiritual”, diz o escritor.

foto: Décio Figueiredo

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tentei aprender com aquelas pessoas e passei aquele senso de compaixão e compreensão que elas tiveram co-migo, nos meus escritos.

através da oração, todos nós temos acesso direto a deus, mas em ge-ral as pessoas preferem a oração do próximo. Você escreveu um livro, intitulado “Oração: ela faz alguma diferença?” e eu pergunto, neste caso a terceirização da oração faz alguma diferença? Há um resulta-do diferente da minha oração parti-cular em relação a oração do próxi-mo, em meu favor? Esta é uma ótima pergunta. A minha forma de ver esta questão tem relação direta com os estudos que foram feitos com pacientes em situação de recuperação, como por exemplo, após uma cirurgia. Uns que receberam oração, outros que não receberam. Você conhece bem estes estudos, enfim... eles têm re-sultados muito mistos. É muito questionável se esta é realmente uma boa técnica ou não. Mas uma coisa que todos estes estudos mos-tram é que se você está cercado por uma comunidade que te apóia en-tão você se recupera melhor e vive mais tempo. O que nos distancia da

cura? A solidão, o medo, a culpa. Então, quando podemos depender de alguém, estas coisas podem sair de nós. Quando você expressa uma necessidade em oração, você trás uma comunidade ao seu redor, que possivelmente irá responder de uma forma muito prática. Talvez eles não orem apenas, mas quem sabe tragam o alimento que você precisa, ou se voluntariem para cuidar dos seus filhos, caso você precise.

na sua opinião, qual o posiciona-mento divino frente a dúvida, o ce-ticismo, os questionamentos, que vão desde o texto bíblico até a pró-pria existência de deus? Algumas vezes eu sou con-vidado para palestrar em universi-dades e eu digo assim para os meus alunos: eu desafio vocês a encontrar um único argumento, tanto por par-te dos antigos filósofos céticos como Voltaire, Bertrand Russel, David Hume ou dos modernos ateístas como Christofer Hitchens ou Ri-chard Dawkins que não estejam in-cluído na Bíblia, especialmente nos livros de Jeremias, Lamentações, Jó, Eclesiastes e Salmos. Eu digo a eles: vocês são livres para rejeitar a Deus e Ele nos deu esta liberdade, não ape-

nas para rejeitá-lo, mas para crucifi-car o seu filho. Eu respeito este Deus que incluiu, estas perguntas que nós podemos utilizar contra Ele, nas Sa-gradas Escrituras. Quanto a questão da Bíblia, eu acredito que Deus diz bem-vindo as nossas perguntas. Ele nos dá a permissão de duvidar e aí se abre um leque que nos permite lidar diretamente com Ele.

o seu ponto de vista sobre a graça de deus em “Maravilhosa Graça”, as-susta muitos líderes. o motivo? Há quem diga que ao vermos deus de uma forma excessivamente compre-ensiva e quase tolerante, não somos estimulados a mudar de vida. Como você vê esta crítica? Como Jesus lidou com isso? Ele viveu uma vida sem pecado, mas comunicou a graça de tal maneira que as pessoas imorais é que foram atraídas por ele. Os religiosos foram ameaçados! Ninguém poderia acusar Jesus de ter baixos padrões e ainda ninguém poderia acusá-lo de omis-são ao povo pecador. O evangelho é a boa notícia e de alguma forma, eu devo encontrar uma maneira, como fez Jesus, para comunicar sua graça aos necessitados, aos pecadores e aos doentes.

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expocristã

Que único evento é capaz de reunir batistas, congre-gacionais, assembleianos e

membros de comunidades do Bra-sil e do mundo? Se você respondeu EXPOCRISTÃ, está completamente certo. A nona edição reuniu mais de 160 mil pessoas no Expo Center Nor-te em São Paulo, com participação de líderes internacionais e dos princi-pais, e mais influentes, conferencistas brasileiros. Em meio a inúmeros lan-çamentos de livros editoriais, CDs, DVDs e material para aprimoramen-to da liderança, a expectativa para co-memoração dos dez anos do evento, que acontecerá em 2011.

Contagem regressivaCom presenças internacionais, congressos de avivamento e público superior a 160 mil pessoas, começa a contagem regressiva para os dez anos da EXPOCRISTÃ

COBERTURA 2010

De fato a EXPOCRISTÃ é o ponto de encontro dos lideres, um espaço amplo para se aproximar e promover a unidade. Considerada a maior do mundo, a edição 2010 da EXPOCRISTÃ levou 160.579 mil pessoas. Foram 315 estandes e mais de 500 marcas expostas. Neste ano o mercado in-ternacional marcou presença com participação de executivos da grava-dora Provident, a maior dos Estados Unidos e de Graham Willians, da Hillsong Music. “A nação brasileira já ostenta uma população de cristãos bem maior do que a soma de todos eles, em todos os países da Europa

e isso, obviamente, não passa desa-percebido. Estou muito feliz de es-tar aqui, lançando esta parceria na EXPOCRISTÃ. Sei da importân-cia deste evento e da influência que ele tem no mercado cristão, não só no Brasil como em toda a América Latina. Por isso, não poderia deixar de prestigiar, pessoalmente”, desta-cou Graham. A Provident e a Sony, por sua vez, aproveitaram a EXPO-CRISTÃ para lançar o CD Wonder de Michael W. Smith. O lançamento mundial no Brasil confirma o suces-so e prestigio do evento. O setor editorial também marcou presença. Escritores, edito-res aproveitaram o evento para lan-çar seus produtos e estreitar contato com mercado. O escritor Philip Yan-cey, além de realizar tarde de autó-grafos, relançou o livro Maravilhosa Graça, pela Vida, com uma capa especial e lançou mundialmente Para Que Serve Deus?, pela Mundo Cristão, que só chegará aos Estados Unidos em outubro. “Eu espero que o Brasil nunca perca o entusiasmo desta fase inicial. Mas eu também faço votos de que esta nação apren-da a maturidade da vida adulta cris-tã. E eu já vejo o Brasil se tornando uma igreja missionária. Felizmen-te, a maioria de vocês já está nesta

Eduardo Berzin Filho elogiou presença do mercado interna-cional e se mostrou satisfeito com as mudanças estruturais

fotos: Décio Figueiredo

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COBERTURA 2010

fase.” O espaço Cultural Editorial se tornou uma arena de debates com palestras de Ricardo Bitun e Jonas Madureira. A tendência é que este encontro se torne cada vez mais profundo na edição 2011. A magnitude e importân-cia da EXPOCRISTÃ para expor ideias e promover o debate público foram registradas com as visitas dos candidatos à presidência da repú-blica. Marina Silva e José Serra vi-sitaram o local e apresentaram pro-postas claras e concretas ao público evangélico. Serra disse, que caso seja eleito, desenvolverá parceria com Igrejas na recuperação de de-pendentes químicos. Marina Silva destacou aliança na área da ética e no combate à corrupção. Os shows também agitaram os pavilhões do Expo Center Norte. Além do Espaço Cultural Musi-cal que reuniu grandes músicos, o grande auditório da EXPOCRIS-TÃ foi palco da comemoração das

A celebração da fé não parou em nenhum dos seis dias. Durante três dias foi realizado o Congresso Labaredas de Fogo. Realizado em Governador Valadares, a edição São Paulo aconteceu na EXPOCRIS-TÃ. Com participação dos pastores Juanribe Pagliarin, Gilmar, Jabes Alencar, Marcos Witt, Aline Bar-ros, Robb Thompson, Flamarion Rolando, Dayan Alencar o con-gresso possibilitou que 138 pessoas conhecessem Jesus como seu único Salvador. “Há um vento de aviva-mento para o Brasil. Labaredas faz parte de um projeto de evangelismo e conquista”, ressaltou pastor Jabes de Alencar. A celebração inaugural deste ano contou com participação do escri-tor, pastor e conferencista Silas Mala-faia que exortou a cerca de dois mil líderes que os erros podem ser usados para alcançar a vitória. “Quem não enxerga os defeitos não cresce, quem se julga perfeito está longe de qual-quer perfeição”, afirmou.

250 mil cópias vendidas do CD Uma Nova História, de Fernan-dinho. Em parceria com a Faz Chover Produções a apresenta-ção contou com a participação Chris McClarney, ministro de louvor e adoração americano. A Rádio Vida celebrou a fé com o Show da Vida que contou com participação de inúmeros minis-térios entre eles Resgate, PG e Paulo Cesar Baruk. Para o presidente da EBF COMUNICAÇÕES, Eduardo Berzin Filho, a divisão da EX-POCRISTà por áreas de interes-se como gravadoras, ministérios, editoras, criou um novo espaço de convivência e facilitou a vida do público, pastores, lideres, ex-positores e distribuidores. “ Tive-mos 315 expositores e 500 marcas expostas. Hoje somos a maior do mundo e começamos, desde já, celebrar os dez anos de EXPO-CRISTÔ, destacou.

labaredas de fogo, vidas transformadas na eXPoCristã

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Silas Malafaia: mensagem de exortação à Igreja Brasileira

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Minha infância foi marcada por uma grande estabilidade no ministério pastoral da igreja que participo até hoje. Meu pai, que é um ancião, sempre lembra que teve somente dois pastores ao longo de sua vida. Essa permanência tem muitas vantagens ao pastor e às ovelhas. Para as ovelhas, o pastor torna-se uma re-ferência de amizade em qualquer tempo. O rela-cionamento é mais amplo e alcança mais de uma geração. Elas podem ser acompanhadas desde o nascimento de um filho até a perda de um ente querido, passando pelos eventos de casamen-to, comemorações e muitos desafios ao longo da vida. As histórias não foram simplesmente relata-das por uma das partes, mas vivenciadas em con-junto. As ovelhas realmente passam a conhecer a voz do seu líder pastor. Para o pastor, as ovelhas não são um re-banho estranho e imprevisível. A direção de Deus para seu rebanho pode ser aplicada sem pressa e sem pressão, pois não está com as malas prontas para ir cuidar de outro aprisco. O tempo tam-bém revela com mais precisão o caráter das pes-soas que cuida. Aquela aparente santidade não é mascarada ao longo de muitos anos. Por outro lado, o semblante carrancudo não assusta mais, pois os anos mostraram um coração capaz de atos de justiça e piedade. O pastor realmente passa a conhecer a voz de suas ovelhas nos detalhes da tonalidade. Mas é claro que nem tudo são flores. Os muitos anos no mesmo lugar podem acomodar ambos os lados e transformar tudo em uma re-lação superficial e sem efeito. Mesmo correndo o

risco desse tipo de problema, é melhor que o atual modelo que vemos nas igrejas. Na maioria das igrejas um pastor não fica mais do que três anos, o que impossibilita conhecer em profundidade as ovelhas e desenvolver um relacionamento sadio. Mas o que mais me incomoda é a faci-lidade com que os pastores deixam seu rebanho em busca de alguma outra atividade que os sa-tisfaça. A dificuldade de um pastor deixar seu re-banho deveria ser a mesma de um pai deixar sua casa. Mas parece que os vínculos do amor e de uma vida de aliança não têm se enraizado. Quer seja da parte do pastor, ou das ovelhas, a conexão relacional não tem ultrapassado tapas nas costas, diálogos que não se aprofundam, interesses que não alcançaram o nível de altruísmo. Certamente um dos motivos é a perda da força da vocação ministerial. Outras deman-das ocupam e desesperam o pastor. Seus números não aparecem como do pregador eletrônico, suas finanças não suprem as necessidades da família, suas expectativas ficam frustradas por não se tor-nar conhecido e reconhecido. Qualquer que tenha sido o motivo desse desvio de rota, minha palavra é que se volte ao primeiro amor do chamamento ao ministério pastoral e mantenha nutrido o so-nho e alegria de fazer tudo como que ao Senhor. Erram os líderes da igreja local que tro-cam de pastores como se troca de roupa. Afinal, estão em busca de um pastor ou de um merce-nário? Erram os pastores que mudam de igreja como que descontentes em busca de algo melhor. Afinal, são pastores ou mercenários levados pela melhor oferta?

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Pastores ou mercenários?

gestão ministerialRodolfo Montosa www.institutojetro.com.br

Pastor, administrador de empresas e diretor do Instituto Jetro.

“O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas.”

João 10.12, 13

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outubro / novembro 2010 | IGREJA 17outubro / novembro 2010 | IGREJA

salomão, versão 2010Edir Macedo pensa grande e tem como próximo alvo a constru-ção de uma réplica do Templo de Salomão, pela Igreja Universal do Reino de Deus. A prefeitura de São Paulo concedeu alvará da construção no mês de setembro. Orçada em R$ 200 milhões a ré-plica terá 12 andares, 70 mil m² de área construída, ocupando um quarteirão inteiro. A altura, de 55 metros, equivale a um prédio de 18 andares. A obra deverá durar qua-tro anos e abrigará dez mil fiéis e estacionamento para mil carros.

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Obra orçada em R$ 200 milhões chama atenção pela magnitude

foto: Divulgação

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éticaLourenço Stelio Rega www.etica.pro.br

Teólogo, eticista, educador e pastor, diretor da Faculdade Teológica Batista

O sofrimento tem sido um dilema comple-xo diante da teologia e da ética e especialmente da vivência cristã. Já tratamos nesta coluna diversos motivos pelos quais sofremos, hoje vamos tratar três motivos não menos importantes que os de-mais. Concluiremos no próximo artigo da série. O ensino de Tiago em sua carta (1.12) nos dá uma pis-ta sobre o sofrimento quando nos diz que “Bem aventurado o homem que suporta a provação; porque, de-pois de aprovado, re-ceberá a coroa da vida, que o Senhor prome-teu aos que o amam.” Nesse mesmo caminho temos a provação de Jó por Satanás, que foi até mesmo permitida por Deus (Jó 1.8-12; 2.3-6 e ain-da Salmo 66.10). O que podemos deduzir é que o sofri-mento também ocorre como um instrumento para a provação de nossa fé. Levando em conta o atributo divida da onisciência e o da presciência, podemos entender que Deus não precisa provar a nossa fé, pois ele já nos conhece. Assim, é possível explicar que esse tipo de sofrimento é como que um teste para nos mostrar o quanto somos fiéis a ele e o quanto podemos resistir. E, quando dele dependemos, ele “não nos deixará ser provados acima do que poderemos su-portar, mas com a provação dará também o escape para que possa suportar (1 Co 10.13). Um outro motivo pelo qual podemos so-frer é para nos trazer para mais perto de Deus. Diversos textos bíblicos nos ensinam isto. Veja,

Pessoas boas também sofrem? (parte 5)

por exemplo: a Rm 8,35 37; 2 Co 1.9; 12.7 10; 1 Pe 5.10,11. Muitas vezes a nossa auto-confiança é tão elevada que Deus precisa nos “quebrar”. Assim, de acordo com o apóstolo Paulo os sofrimentos visam desmantelar todos os esteios da AUTOCONFIAN-ÇA de que se serve o ser humano.

E assim, no aperto de seu sofrimento, o cristão é rele-gado à sua fraqueza para per-manecer na DEPENDÊN-CIA de Deus. Veja Rm 4.17. Paulo enfrentou esta situação quando nos ensinou que a graça de Cristo nos basta. Veja 2 Co 12.1-10, quando ele demonstra que para que não se orgulhasse de si mesmo, Deus tinha permitido o sur-gimento de um sofrimento em sua vida, como que “espi-nho” na carne.

Quando aprendemos isto, logo percebere-mos que, da mais amarga dor, brota o desejo de unir-se mais intimamente com Deus. Leia com cuidado os seguintes textos para conferir esse ensino: Sl 84.2,3; 17.15; Jo 19.21 29. É possível também vir o sofrimento como consequência de se fazer o bem. Vamos lembrar que, tendo uma nova natureza (2 Co 5.17; Rm 8.17; Fp 1:29) e vivendo uma vida de auto renúncia para Deus (Fp 3.8 10), nem sempre seremos bem recebidos e bem aceitos. Afinal o cristianismo é loucura (1 Co 1.18-25), e só é entendido espiritualmente (1 Co 2.14). Neste sentido o apóstolo Pedro (1 Pe 3.17) nos ensina que “melhor é sofrerdes fazendo o bem, se a vontade de Deus assim o quer, do que fazendo o mal”. Mas, se pelo nome de Cristo sofremos, somos também bem-aventurados e glorificamos a Deus por isso (1 Pe 4.12 19)!

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um vídeo e muita polêmicaVídeo de pastor Paschoal Piragine Júnior acirra debate sobre liberdade de expressão no púlpito

Um único vídeo do pastor Paschoal Piragine Júnior, gravado no dia 29 de agosto, durante culto da 1ª Igre-ja Batista em Curitiba (PR) obteve mais de dois milhões de acessos no YouTube. O desabafo de onze mi-nutos no púlpito, que demonstrava a preocupação do líder com as elei-ções de outubro, acirrou o debate sobre liberdade de expressão na web e no púlpito. A mensagem repetida du-rante dois cultos da igreja paranaen-se alertou a igreja sobre ‘iniqüidade estatizada’ e pediu voto contrário aos candidatos do Partido dos Tra-balhadores (PT). O vídeo de onze minutos reproduziu trechos de fe-tos destruídos pelo aborto, passeatas gays e o compromisso da comunida-de para eleger deputados coniventes com sua corrente de pensamento. O que motivou a sua de-cisão que logo se tornou um hit

da internet foi o compromisso, as-sinalado por Piragine, do PT com aprovação de projetos como a lei do Aborto, PNH3 e PLC 122/66. O batista lembrou ainda a ameaça de expulsão de candidatos que con-trariem a determinação do partido. “Não votem em ninguém do PT, a Igreja Católica emitiu nota. Eu di-ria a mesma coisa, quando não se

pode votar com a consciência, não se pode votar em pessoas, pois o par-tido já fechou questão. Não vamos votar em pessoas que estejam traba-lhando à favor da iniquidade, por-que senão Deus vai julgar a nossa terra. Deus não tolera iniquidade”, citou. O vídeo logo se transfor-mou em uma corrente e gerou in-comodo principalmente entre os lí-deres do partido. Durante entrevista a uma rádio, o dirigente do partido em Curitiba, Enio Verri disse que vai acionar o pastor juridicamente. Enio Verri defendeu a sigla e insinuou que Piragine está compro-metido mesclando pessoal e profis-sional. “Não esperava que um pastor proferisse a mentira, certamente o céu não será destino de-le.” A IGREJA procurou Pas-choal Piragine Júnior, mas ele não retornou a equipe.

Piragine foi procurado e não retornou as ligações

foto: Divulgação

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metodistas com material para eBd

Vítimas, de novo

O departamento Nacional de Escola Dominical (DNED) da Igreja Meto-dista lançou no dia 17 seu site: “Esco-la Dominical: feita para mim e para você”. Segundo, a reverenda Andreia Fernandes, coordenadora do departa-mento, essa é uma iniciativa para mar-car o dia da Escola Dominical, come-morado no dia 19 de setembro. “O lançamento do site vem para fortalecer a Escola Dominical e estimular que o maior número de pes-soas, participe em suas igrejas desta importante agência educacional”, ex-plica a reverenda. De acordo com ela, a importância desse trabalho é tama-nha porque o ensino bíblico determi-na a qualidade, fortalece a identidade e a espiritualidade da comunidade. No site é ainda possível en-contrar notícias, estudos bíblicos, su-gestões de atividades, bem como um espaço de reflexão chamado “Fala Mestre”. “A ideia é que as pessoas que amam e trabalham na escola domi-nical ajudem a construir esse espaço, por isso, sugestões, ideias, toda sorte de contribuições são muito bem vin-das”, diz. Para conhecer acesse www.ed.metodista.org.br/

No Sudeste quadrilhas voltam atacar templos

A movimentação financeira em tem-plos religiosos, principalmente em dias de maior movimento, como iní-cio do mês, se tornaram alvo de qua-drilhas especializadas. No mês de setembro, igrejas evangélicas no Rio de Janeiro e São Paulo foram assal-tadas após recolhimento de dízimo e ofertas. Em Niterói, no Rio de Ja-neiro, o caso foi ainda mais grave. No dia 15 de setembro, durante culto no Centro Evangelístico Internacional (CEI), criminosos renderam quatro obreiros que recolhiam ofertas no va-lor de R$ 15 mil reais. De acordo com relatos, a

dupla de bandidos teria assistido ao culto no último banco e ao término do ato renderam os oficiais. Cerca de mil pessoas estavam no culto. Foi o segundo caso em menos de um ano na mesma igreja. Em São Paulo no primeiro semestre de 2010, onze roubos e 13 furtos acometeram igrejas. Para o bispo Carlos de Castro, presidente do Conselho dos Pastores do Estado de São Paulo, em entrevista a Folha de São Paulo, disse que ainda é cedo para tomar alguma providência na cidade de São Paulo e os casos de roubos são ainda mais comuns fora da capital.

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política

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No dia 04 de outubro, o nome de Marina Silva era o mais comentado em todos os

jornais. O crescimento vertiginoso da integrante do PV às vésperas da elei-ção, em Brasília, no Rio de Janeiro, e dezenas de capitais, surpreendeu Dilma Rousseff, do PT e José Serra do PSDB e forçou segundo turno nas eleições presidenciais com 19,4%

Zebra verdePostura firme de Marina Silva é elogiada até por aliados e desperta um novo eleitorado insatisfeito com modelo político atual

dos votos válidos. A chamada Onda Verde – registro dado pela campanha através das redes sociais-, provocou um debate sobre estado laico, a inclu-são do tema biodiversidade na agen-da política e a polêmica sobre o abor-to. A postura firme e conduta ética de Marina Silva foram elogiadas até mesmo pelos adversários que a corte-jam, este novo eleitorado insatisfeito com o modelo político atual. Em agosto de 2009, Marina Silva deixa o PT por confrontar com Dilma Rousseff, na época ministra da Casa Civil, por demora nas licenças ambientais de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Após 30 anos, a ex-seringueira migrou para o PV, apostando no ideal de con-quistar a presidência. Motivo de des-dém até mesmo pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva, a integrante do PV apostou em um modelo político engajado na questão ambiental. Olhada com desconfiança, Silva apostou numa campanha com pouco tempo na TV e recursos. Apos-tou nas mídias sociais, como twitter, blogs e fóruns ganhando adesão de personalidades e artistas como Gisele Bundchen, Leonardo Boff entre ou-tros. Durante a campanha, elogiou aspectos do governo de Fernando Henrique e Lula, mas foi firme no combate corrupção.

apoiosMesmo sendo da Assembleia de Deus, não teve apoio de sua deno-minação. Manoel Ferreira se tornou aliado de Dilma Rousseff e Silas Ma-lafaia e José Wellington de José Serra e às vésperas do pleito foi vítima de ataques do presidente da AD Vitória em Cristo por defender plebiscito so-bre o tema aborto. “Ao propor plebis-cito, Marina está jogando para a tor-cida, para ficar bem com os que são contra e com os que são a favor. Sai de cima do muro”, acusou Malafaia, que migrou seu voto para Serra. Se perdeu de um lado, ganhou adesão de apóstolos, bispos e pastores como René Terra Nova, Valnice Milho-mens, Carlito Paes, entre outros. Após muita confusão, Ma-rina respondeu que suas convicções estavam há mais de um ano explici-tadas e que compreendiam, dentro de um processo democrático, a mu-dança de opinião. “ Quem convoca um plebiscito é o Congresso. E quem aprova as leis também é o Congres-so. Eu disse que casos de alta com-plexidade cultural, moral, social e espiritual como esses, deveriam ser debatido pela sociedade na forma de plebiscito. Mas eu nunca disse que convocaria um plebiscito”, afirmou a candidata. A retomada do tema aborto,

Futuro político da candidata do PV é questionado por analistas

foto: Agência Brasil

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política

por Marina levou os candidatos a de-baterem o tema. Até mesmo Dilma Rousseff, que no passado declarou ser a favor da intervenção, foi forçada, por lideranças católicas e evangélicas, a mudar o discurso, o que foi consi-derada jogada eleitoral. “Eu não faço discurso de conveniência. Não acho que em temas como esse se deva fazer um discurso uma hora de uma forma e uma hora de outra só para agradar o eleitor”, rebateu Marina. O fato é que este posiciona-mento de Dilma fez segundo pesqui-sas, que a petista perdesse votos, acu-sando igrejas de causarem terrorismo eleitoral. Pressionada por aliados cristãos como Edir Macedo e bispos Manoel Ferreira, Robson Rodovalho

mudou o tema, mas mesmo assim não foi suficiente para combater o crescimento de Marina Silva, que após alcançar a terceira colocação foi cortejada pelos adversários. Antes de votar em Rio Bran-co, capital do Acre, a candidata do Partido Verde (PV) à Presidência da República, Marina Silva, disse nesta campanha eleitoral, foi um “Davi” que enfrentou “Golias”, em referência a seus principais adversários, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). “Acertamos a primeira pedra, quebra-mos o plebiscito e promovemos o de-bate”, declarou. Com total 19 milhões de votos, a assembleiana foi conside-rada por especialistas como decisiva para a realização do segundo turno.

Zuenir Ventura, escritor e articulista de O Globo, resumiu o pa-pel de Marina Silva na eleição presi-dencial. Disse que a ex-seringueira e acreana introduziu a dimensão ética, não como discurso, mas como atitude. “Em nenhum momento ela cometeu qualquer deslize dessa natureza: nunca elevou o tom nem baixou o nível” Sobre eleições, o ar-ticulista lembrou uma declaração de Marina: “É possível ganhar perden-do, ou o contrário, que é seu caso. Se perder, ela poderá sair ganhan-do”. Foi de fato o que aconteceu. Marina conquistou o terceiro lugar. Perdeu a presidência, mas mesmo com os ataques, foi a mais vitoriosa nas urnas.

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Polêmica. Essa é a palavra que permeia os 29 anos de minis-tério do pastor Silas Malafaia,

52 anos. Presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, antiga Assembleia de Deus da Penha, zona norte do Rio de Janeiro, com cerca de 12 mil membros, Malafaia é co-nhecido entre os evangélicos e não-evangélicos no Brasil. Sua opinião é forte que, na maioria das vezes, geram desafetos e defensores. Há quem diga que Malafaia interpreta um grande personagem, no entanto, quem o conhece de perto, sabe que o pregador tem pulso firme a tudo que entra em contradição à sua fé. No ar desde 1982 com o programa Renascer, o Ministério de Silas envolve uma mega estru-tura que não remete a pequena sala nos primórdios no bairro da Penha. Hoje o ministério conta com uma ampla área de 40 mil m² na Taquara e veiculação em 33 redes diferentes. Este ano, no entanto, a po-lêmica alcançou até mesmo os noti-ciários seculares, com a controversa saída da Convenção Geral das As-

sembleias de Deus do Brasil (Cga-db), em maio. Malafaia afirma ter saído por conta dos “descalabros” na gestão financeira. A Cgadb, por sua vez, afirma que a saída se deve aos ambiciosos projetos do pastor que pretende expandir o ministério Vitó-ria em Cristo por todo país. “Eu não quero membro dos outros, pastores dos outros, eu quero ganhar almas para Jesus e implantar uma visão que Deus me deu sobre igreja”, de-clara o pastor. A teologia da prosperidade também se tornou um ponto polê-

“eu vou abrir igrejas em todo o Brasil”Silas Malafaia defende Cerullo e Murdok e diz que implantará mil templos pelo Brasil

mico em seu ministério. A ala mais conservadora da igreja evangélica não concorda com a criação de pro-jetos como o “Clube de 1 Milhão de Almas”, no qual o pastor pede doa-ções voluntárias de R$ 1 mil aos fiéis. Silas não se incomoda com as críticas e as rebate de maneira peculiar. “O pastor para falar isso tem que ser um idiota. Deveria até mesmo entregar a credencial e voltar a ser membro

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por Viviane Castanheira

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e aprender. Para começar, não sabe nada de teologia, muito menos de prosperidade”, ressalta o pastor.

Como o senhor consegue adminis-trar família, ministério e a sua inti-midade com deus diante de tantos compromissos? Eu aprendi. Ninguém nasce sabendo e nem consegue se discipli-

nar da noite para o dia. Fui consagra-do a pastor aos 23, tenho 52 anos e nesses quase 30 anos de ministério, fui aprendendo como maximizar o tempo. Porque o tempo é a coisa mais preciosa que Deus deu ao ho-mem aqui na terra. Então, temos que ter uma linha de prioridade, o que é mais importante e menos importan-te. Em segundo lugar, eu aprendi

a trabalhar com boas equipes. Você precisa aprender a delegar funções. Líder não é aquele que está à frente de tudo toda hora, líder é aquele que faz acontecer na sua ausência. Além disso, eu aprendi desde o início que não adiante ser nada no ministério se você perder a sua família. Por isso, eu sempre reservei tempo para a minha família. Tiro férias todos os anos, 25

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dias para minha família: filhos, netos, noras e esposa. Não quero saber de nada, pode pegar fogo em tudo. Só me liguem se acontecer alguma coisa com meus pais ou um dos meus ir-mãos. Eu sou disciplinado, durante o ano também paro três ou quatro dias, eu não sou máquina.

Qual é o segredo para todo o suces-so do programa Vitória em Cristo que completou 28 anos no ar? O sucesso é depender de Deus e saber que sem Ele você não vai a lugar nenhum. Se você não entender aqui no teu ser que você depende de Deus nada adianta. Eu tenho plena convicção de que tudo isso é a alta mão de Deus, é o fa-vor de Deus, a bondade dele. Em segundo lugar, a esposa que Deus me deu, porque nenhum sucesso é completo sem família. Eu tenho uma esposa muito sábia, inteligen-te, companheira, então foi um fator muito importante. Em terceiro, eu fui “mentoriado” (discipulado). Não nasci mentor, eu nasci debaixo de uma autoridade. Eu fiquei debaixo da autoridade do meu pastor até ele morrer e assumi a igreja em março depois do falecimento dele. Mas eu sempre estive debaixo da autoridade o tempo inteiro, mesmo tendo pro-grama de televisão, fazendo eventos grandes, mas sempre submisso a um pastor e isso é um dos maiores segre-dos para mim.

o senhor está sendo duramente cri-ticado pelo setor mais conservador da igreja evangélica brasileira por causa da teologia da prosperidade

pregada por alguns dos convidados de seu programa, como pastor mor-ris Cerullo e mike murdok. Como o senhor responde a essas críticas de que a teologia da prosperidade não é baseada na bíblia e é uma heresia? Primeiro quem fala isso é um idiota! Desculpe a expressão, mas comigo não tem colher de chá. Porque quando é membro, eu que-bro um galho, mas pastor, não, é idiota. Porque pastor para falar isso tem que ser um idiota. Deveria até mesmo entregar a credencial e vol-tar a ser membro e aprender. Para começar, não sabe nada de teologia, muito menos de prosperidade. Exis-te uma confusão e um radicalismo, e todo radicalismo não presta. O radi-calismo daqueles que acham que se o cara dá dízimos e ofertas vai ficar rico e o outro extremo é o voto de São Francisco de Assis: ‘Eu não quero nada, eu não sou nada, aqui é sofri-mento e dor.’ Eu não quero nenhum dos extremos. A Bíblia fala sobre prosperidade. Se tem um livro que fala sobre isto, se chama Bíblia. Esse é o primeiro ponto. Falar de finanças é uma coisa tão interessante, a igno-rância é tão grande dos pastores que eu tenho até pena dos meus colegas. Finanças é um dos maiores assuntos da Bíblia. Quando chega nessa par-te, muitos pastores, às vezes porque ele mesmo não dá dizimo nem ofer-ta e, portanto, não tem autoridade para falar do assunto, querem bater em quem fala. A teologia da prospe-ridade louca diz que se você der vai ficar rico, eu não sou adepto disso. Eu sou adepto da prosperidade da Bíblia. Quando o crente dá dízimo

e oferta a Bíblia fala de prosperi-dade, mas o dinheiro é apenas um dos elementos, a prosperidade é alegria de viver, paz interior e mui-tos outros elementos. Existem ricos que são apenas ricos e existem ricos que são prósperos, existem pobres que são só pobres e existem pobres prósperos, é isso que as pessoas têm que entender. Riqueza qualquer um pode constituir, prosperidade não. Prosperidade é uma bênção de Deus na vida de uma pessoa. A oferta e o dízimo são para que a pessoa seja próspera. Viver bem com aquilo que Deus permite ele ter, isso que é pros-peridade. Quando o pastor entende isso, ele perde o medo de falar de finanças para os crentes. Já li 2ª Co-ríntios 9.8 mais de 30 vezes, até que um dia o Espírito Santo abriu a mi-nha mente. O que é a graça? É todo o favor de Deus na área material, es-piritual e emocional. A oferta pode até não funcionar na área financeira, mas pode te dar uma vitória espiri-tual, que não tem nada a ver com finanças, é o Deus de toda a Graça. Todo o poder de Deus se manifesta na vida daquele que é liberal.

e quanto à pregação de morris Ce-rullo e mike murdok? Morris Cerullo é o maior ministério evangélico do mundo. Ele tem 79 anos e é um profeta. Eu não trago alguém por causa dos olhos ou porque fala bonito. Eu vejo a vida, não a fachada. O Morris Ce-rullo é um dos nomes mais respei-tados do mundo. E um homem que tem uma palavra profética poderosa e que acredita na bênção da prospe-

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ridade, é diferente. Ele é um ícone da evangelização mundial. Quem é Mike Murdock? Ele é o diretor do centro da Sabedoria em Dallas, nos Estados Unidos, um homem conse-lheiro de governos, executivos, do-nos de mega negócios, um homem que vive o que fala. É um camara-da terrivelmente liberal. Nunca me cobrou um real para vir ao Brasil, nunca me pediu nada. Estão falando deles porque eles pregam um tema da Bíblia. Você aceita que um pas-tor seja especialista em escatologia, e por que não pode ter alguém que seja um especialista em finanças? Olha a incoerência! Isso é um pre-conceito. Na minha igreja, eu digo para o povo que se eles veem o púl-pito sem dar oferta que é para não darem também. A fé dos pastores é para ser imitada, será que eles têm fé para isso? É fácil me acusar, eu estou na mídia. Agora, peça para eles per-guntarem o que estou fazendo com as ofertas que recebo. É só andar na área de 40 mil metros quadrados da sede da Associação Vitória em Cristo para ver o que temos aqui. Peça para eles me perguntarem quanto eu gas-to na televisão, milhões por mês. É isso que eles não querem ver.

Como o senhor consegue realizar cruzadas evangelísticas e os progra-mas de tV sem o auxílio financeiro de uma igreja local? Em agosto eu fiz duas cru-zadas, em Belém e Macapá. Dois milhões de reais que gastei. Anuncio no horário nobre da afiliada da Rede Globo no local. Eu meto propagan-da em tudo. Eu “bagunço” a cidade

para impactar. Ninguém lá me dá oferta, porque eu não tiro oferta na Cruzada. São 14 caminhões com equipamentos de última geração, igual ao de Ivete Sangalo ou de qual-quer cara desses aí. Mas como é que eu faço isso? É com as críticas deles? Não, eu faço com a liberalidade do povo que tem fé para investir.

o senhor assumiu a liderança da igreja assembleia de deus da Pe-nha, atual Vitória em Cristo, no início de março de 2010. o senhor que sempre foi evangelista, com um trabalho itinerante, tem, agora, que dividir o seu tempo com um minis-tério local. Como fica o seu minis-tério a partir de agora? Eu nunca fui evangelista iti-nerante exclusivo. Eu era vice-presi-dente da minha igreja há 14 anos. Eu sempre dediquei tempo a igreja. Eu não era um evangelista que fica-va para lá e pra cá. Eu sempre gostei da igreja. Eu sempre fui muito dis-ciplinado nesse negócio de tempo. E Deus tem um tempo certinho para tudo. Tempo de maturidade, a hora de Deus. Nesses quase 30 anos de ministério, eu pude aprender, errei, quebrei a cara, fiz coisas erradas, fui aprendendo e trazendo pessoas para construir uma equipe. Então, eu tive que cortar a minha agenda em 80% pra poder dedicar meu tempo a igreja. Eu tinha que tomar uma po-sição e foi essa a escolha que fiz. Eu não planejava ser pastor da igreja. Então eu pedi alguns sinais a Deus para que eu aceitasse ser pastor. Eu tinha um ministério consolidado e não precisava ser pastor. Mas eu ti-

nha sonhos em relação à igreja e eu falei para Deus: Senhor se é para eu cumprir esses sonhos, então eu quero. Se não, me diga qual desses homens deve assumir. A igreja tem 93 pastores, eu sabia que teria uma influência grande para indicar o novo, eu pedi os sinais a Deus, ele me deu e assumi a igreja. Tudo o que eu aprendi, de estruturas admi-nistrativas, eu passei a empreender na igreja. Projetos, sonhos, visão, o que a gente quer como igreja.

a igreja aceitou todas essas mudanças? Os irmãos estão vibrando, porque na verdade, a igreja não que-ria um segundo José Santos, um pas-tor Santos nos bastou. O que o povo queria, era avançar a partir do lega-do que nos fora deixado. Impressio-nante isso no coração do povo. Tudo foi com a unanimidade do povo, in-clusive a mudança de nome.

o que de fato aconteceu para que o senhor pedisse o desligamento da CgadB (Convenção geral das as-sembleias de deus do Brasil)? Primeiro que a igreja não tem nada a ver com a convenção. A convenção é de pastores, não é de igrejas na Assembleia de Deus. Nós nunca levamos assunto de conven-ção para a igreja, já que ela não tem nada a ver com isso. Então, para a igreja, não disse absolutamente nada. Eu saí da convenção por dois moti-vos principais: a bíblia diz que vale mais o bom nome do que as muitas riquezas. Havia muito descalabro administrativo e se amanhã alguma ação na justiça pedisse o afastamento

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da diretoria, ia me alcançar. O meu patrimônio é meu nome. As pessoas que colaboram comigo, não vivem comigo. Elas estão distantes e qual-quer notícia para me denegrir ia me prejudicar e muito. Então resolvi que não ia brincar com isso. Além disso, eu tenho uma visão a respeito do que Deus quer para essa igreja. Eu vou abrir igreja em todo o Brasil. Eu não quero confusão com ninguém, briga, pastor reclamando na convenção que eu entrei no campo dele. Eu partici-pei da convenção e lá tem homens de Deus, gente honesta, sincera, com-promissada com Deus e a Assembleia de Deus é antes da Convenção, ela é maior que a convenção. Eu também não sou apegado a cargo. Eu não te-nho paixão por cargo, tenho paixão pelas almas e pela igreja, em fazer a obra de Deus.

a meta do senhor é implantar, nos próximos cinco anos, mil templos Brasil administrado pela assem-bleia em deus Vitória em Cristo, como se dará esse processo de aber-tura de igrejas? Isso não é da noite para o dia. É um trabalho de treinamen-to de obreiros. Há um clamor. Nós estamos vivendo uma crise de con-fiança e de credibilidade. Tem muito crente em casa, amuado em igreja esperando alguma coisa em que ele possa acreditar. Então sei que Deus vai fazer uma coisa muito grande para a glória dele nesse sentido. Eu não quero membro dos outros, pas-tores, eu quero ganhar almas para Jesus e implantar uma visão que Deus me deu sobre igreja.

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Cansei do príncipe no cava-lo branco. Agora, eu quero mesmo é um vampiro num

volvo prata”. Essa é a frase escrita no perfil de uma adolescente evangéli-ca em um site de relacionamentos e reflete o que pensa a nova geração cristã que é fã fervorosa dos filmes e livros da saga de vampiros intitulada

Vampiros sedutoresJovens evangélicos também aderem à moda Crepúsculo e preocupam pais e pastores

por Viviane Castanheira

comportamento

“Crepúsculo”, da escritora americana Stephenie Meyer. Para se ter uma ideia do sucesso da história de Meyer, só no Brasil, mais de 3,9 milhões de exemplares da série foram comercia-lizados e, no cinema, o terceiro filme da saga arrebanha milhões. A história do triângulo amoroso vivido por uma jovem, um vampiro e um lobisomem é o pano de fundo para cenas de ação e romance.

A saga composta por qua-tro livros e previsão de cinco fil-mes, já que o último livro da série, Amanhecer, será dividido em dois longas-metragens, tem levado mul-tidões de jovens apaixonadas pela história de amor vivido por Isabella Swan, Edward Cullen, o vampiro, e Jacob Black, o lobisomem. Seria apenas mais uma história fanta-siosa sem implicação alguma na

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vida espiritual dessas jovens, se não fossem as mensagens subliminares passadas por essa moda vampiresca, onde entregar a alma para o diabo é apenas uma opção considerável para viver por toda a vida, ou morte, ao lado do grande amor, o vampiro Edward. Entre juras de amor e fra-ses de efeito, passar a eternidade no inferno vira uma lua de mel para as “viciadas” em tudo que sai da série.

VamPirismo real Pastores, pais e líderes evangélicos no Brasil já acenderam a luzinha de alerta e têm aconselhado seus

jovens a evitarem se “contaminar”, como eles mesmos definem, com o romance de Bella e Edward. Um dos críticos mais ferrenhos a todo e qualquer história de vampiro é o pastor Silas Rahal da Igreja das Américas, em Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro. Chama-do de “O caçador de vampiros”, o pastor desenvolve um trabalho vol-tado para o rock cristão e evangeli-zação de pessoas adeptas do vampi-rismo, góticos entre outros grupos alternativos. Para ele, o filme segue a ‘trilogia do mal’ em que consiste em transformar itens satânicos em coisas boas. “A gente sempre teve ideia da bruxa malvada. Após Har-ry Potter, as bruxas passaram a ser gente como a gente, com poderes de interferir na vida de outras pessoas. Agora bruxa é gata e lobisomem é objeto sexual. Só falta o próprio Satanás, chifrudo, virar o mocinho, mas isso deve ficar pra o próximo filme, não é?”, satiriza o pastor que

alerta os pais de adolescentes so-bre o perigo do vampirismo.

Ele argumenta que esta ad-miração é uma perversão

e é preciso avaliar qual nível de envolvimen-to desse jovem com a ‘vamp mania’. “Filhos que recebem muito amor em casa, não vão dar muita atenção ao cenário vamp + wolf, se, contudo, houver um problema familiar

afetivo, tal jovem é for-te candidato a se envere-

dar pela “vamp mania” e

suas portas mais obscuras”, ressalta o pastor. Para ele, os lideres evangé-licos não estão preparados para en-frentar essa moda. “Eles nem sabem que tem garotada bebendo sangue igual refrigerante, eles acham bo-bagem, pois nem sabem que o ne-gócio existe e está acontecendo até com jovens que vão as igrejas.” Ele conta que os jovens envolvidos fre-quentam cemitérios à noite onde fazem sexo e pactos de sangue. Ge-ralmente este rito é acompanhado de sexo sem camisinha ou uso de drogas ou álcool.

PreParados? A maioria dos jovens que curtem as histórias de vampiros, no entanto, não se dá conta do que realmente está por trás dessa moda. Para eles, o romance no estilo Romeu e Julie-

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Segundo Silas Rahal, tese vampiresca esconde prejuízos espirituais

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ta moderno não tem “nada a ver”, como eles mesmos dizem, com essa realidade barra pesada apresentada pelo pastor Rahal. De fato, a men-sagem passada pela saga Crepúscu-lo ou a série “The Vampire Diaries” (Diários do Vampiro) entre outras, é muito mais sutil. O amor deve ul-trapassar qualquer barreira, inclu-sive a linha tênue que divide o bem e o mal. O pastor Gerson Ortega da Igreja Cristã da Família, em Vila Mariana (SP) acredita que os pais ainda não se deram conta do peri-go que estão permitindo entrar em suas casas e na vida de seus filhos. “Recentemente estive em uma con-ferencia, onde citei a recente moda

de vampiros e adolescentes apaixo-nadas. Ao final, líderes vieram me agradecer pelo que falei, pois há pais que não vêem nada de mais nessa abordagem ‘Romeu e Julieta’ vam-piresca e acham até bonitinho. O princípio que é bíblico e vital, em minha opinião, para esse assunto é transparência! Tento conversar, abrir o assunto. não tenho mais filhos adolescentes, mas lido todo dia com eles. Então o que eu faria? Iria ver o filme junto e depois faríamos uma discussão aberta sobre o assunto é a melhor forma de se lidar com o novo e desconhecido”, explica o Ortega que é ministro de música e trabalha com os adolescentes da igreja.

Gerson lembra que a Pa-lavra de Deus fala que o diabo se transforma em anjo de luz e que, portanto, não deveria ser “novidade” para pais e filhos cristãos conhece-rem a verdade sobre vampiros.

mistério e seduçãoO psicólogo clínico Bernardino Pe-reira de Lima que trata adolescentes, famílias e crianças acredita que essa moda nada mais é do que a eterna busca do ser humano por tudo aqui-lo que é novidade. “Na adolescência, estamos muito mais sensíveis e que-remos ser diferentes, aceitos em gru-pos, desejamos resolver uma serie de

Para Bernardino adolescente está mais sensível e vive uma série de inquetações.

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comportamento

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inquietudes internas. O adolescente busca no vampirismo e no ocultis-mo a imortalidade e muito mistério. Nas minhas colocações Bíblicas, há Imortalidade e mistério sobrenatu-ral, ou seja, é encontro de novidades com Qualidade”, conta Bernardino que também é pastor e 2o vice-pre-sidente da Igreja Evangélica Assem-bleia de Deus em Campinho, zona norte do Rio de Janeiro. O psicólogo afirma que nunca tratou de casos de vampirismo, mas atende constante-mente adolescentes com pensamen-tos “sombrios”. Para Bernardino, essa ques-tão é muito mais complexa do que parece. Analisando a frase citada no início da matéria, o psicólogo acredita que as jovens que desejam um vampiro ao invés do príncipe encantado têm algum problema emocional. “Esse desabafo tem no seu núcleo, problemas de referência masculina, decepção em relaciona-

mentos, traumas nas transições das fases da infância, para adolescência e muito mais. Ninguém equilibra-do emocionalmente deseja sofrer. O perigo latente é confundir a fanta-sia com a realidade, que provocará sérios problemas no enfrentamento das situações naturais que decorrem no dia-a-dia. Temos adultos muito mal resolvidos e despreparados para enfrentar o mundo”.

firmes aliCerCesFugir da sedução do vampiro no Volvo prata só é possível se a jovem tiver os ensinamentos bíblicos bem alicerçados. Segundo a psicóloga Daiana Rozi Mello Cargnin, coor-denadora do Núcleo de Porto Ale-gre (RS) do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC), o que temos que fazer é apresentar a vida eterna em Jesus aos adolescentes. “O vampiro contemporâneo é um

ser grotesco, mas ao mesmo tempo um adolescente com poderes sobre-naturais e imortal que conquista o amor de uma jovem. Paira sobre esse personagem o mistério de ser ao mesmo tempo, ser humano e deus (imortalidade). Esse binômio já foi tratado no livro do Gêneses, o desejo do humano ser Deus”. A psi-coterapeuta aconselha ainda os pais a criar espaços de diálogo com seus filhos. Daiana Rozi, no entanto, não vê perigo no consumo desse material sobre vampiros se houver a supervisão dos pais. Para ela o peri-go está quando são estes os únicos materiais que ditam o modo de ser adolescente. “Os filmes e livros que versam sobre vampiros, monstros e bruxarias devem ser lidos somente como ficção. Acredito que os pais devam estar sempre a par do que os seus filhos lêem e vêem na TV, in-ternet e cinema.”

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comportamento

o Crepúsculo sob olhar deles

A jovem Edwiges Santana de Frei-tas, 23 anos, não gosta da saga Cre-púsculo que, segundo ela, é muito infantil. Edwiges curte mesmo os filmes e livros de vampiros clássicos, onde a criatura é retratada como realmente é: maligna. “Gosto de histórias sobre vampiros, bruxas, sempre gostei desde criança, isso faz parte da minha personalidade, mas o fato de gostar desse tema não quer dizer que eu procure coisas obscuras no meu dia-a-dia”, explica Edwiges que frequenta uma igreja batista. Ela afirma que alguns personagens são dotados de aspectos diabólicos, porque isso faz parte da própria na-tureza do vampiro.

Isabella Franca Ferretti Maciel, 16 anos, no entanto, adora a saga Crepúsculo, mas não curte muito o terror dos filmes clás-sicos. Assim como Ruth, ela tem uma idéia bem definida so-bre o perigo e as armadilhas dessa moda vampiresca. Segundo Isabella, os filmes de terror são sempre ligados diretamente ou indiretamente a seres de outro mundo. “Mas confesso que a partir da Saga eu comecei a gostar do Romance com um to-que de Terror. Percebo também que o romance pode ter dado uma quebra no ocultismo presente em figuras como vampiros, por serem coisas bem contraditórias. Eu cheguei a ler os dois

primeiros livros também da saga Diários de Vampiro, mas achei que era relacionado ao submundo, muito mais que Crepúsculo”, diz a estudante que é membro da Igreja Assembleia de Deus Philadélfia, em Bonsucesso, subúrbio carioca. Isabella acredita que o cristão deve ser bem situado em relação às verdades bíblicas para não ser influenciado. “Como está escrito na palavra de Deus, a única coisa que pode nos afastar d’Ele é o pe-cado. Se interessar-se por histórias de Vampiros é pecado, o Espírito Santo vai tocar em nossos corações sobre isso, pois quando morremos para o mundo, nossos prazeres que lá habitavam também morrem.”, finaliza a jovem.

Mas o que eles, adolescentes, têm a dizer sobre isso? Apesar de curtirem os filmes, as séries e livros sobre vampiros, muitos reconhecem a natureza maligna do tema e conseguem discernir o que está por trás das histórias de romance e aventura apre-sentadas ao leitor/espectador. É o caso da estudante Ruth Guimarães de Paula, 17 anos, membro da Igreja Evangélica Pen-tecostal Cristã em Botafogo, zona sul do Rio. “Assim como qualquer vício, o diabo

faz com que a pessoa de fato acredite que não pode viver sem aquilo, quando na verdade é uma grande mentira”, afirma a estudante que apesar da opinião bem esclarecida do assunto, leu todos os livros da saga Crepúsculo. Ela relata que no início, quan-do o livro Crepúsculo virou febre, não ha-via qualquer interesse na obra. Mas, após uma amiga indicar a saga vampiresca, a jovem resolveu ler até a última edição.

“Para os jovens, é algo muito lindo o romance entre dois adolescentes que lutam contra tudo e todos para ficarem juntos. Todas as sé-ries, livros e filmes, são muito atrativos e sedutores, pois tratam de assuntos como: amor, poder, traição, luta, entre outros, que atraem a homens e mulheres, desde crianças a adultos”.

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Igreja é um lugar onde o Pai se sente em casa,

Onde é adorado pelo que é e não pelo que pode,

Onde é obedecido de coração e não por constrangimento,

Onde o seu reino é manifesto no amor, na solidariedade, na fraternidade e serviço ao outro,

Onde o ser humano se perceba em casa e seja a casa de Deus e do outro,

Onde Jesus Cristo é o modelo, o desejo e o caminho,

Onde a graça é o ambiente, o perdão a base do rela-cionamento e o amor a sua cimentação.

Onde o Espírito Santo está alegre pela liberdade que desfruta para gerar e expressar a Cristo,

Onde Ele vê os seus dons serem usados para edificar, provocar alegria e servir ao próximo,

Onde todos andam abraçados, onde a dor de um é a dor de todos,

Ariovaldo Ramos

é teólogo e escritor.

mundo melhor

Onde ninguém está só,

Onde todos têm acesso ao perdão, à cura de suas emo-ções, à amizade e a ser cada vez mais parecido com Cris-to,

Onde os pastores são apenas ovelhas-exemplo e não do-minadores dos que lhes foram confiados,

Onde os pastores são vistos como ovelhas-líder e não como funcionários a serem explorados.

Onde não há gente nadando na riqueza enquanto outros chafurdam na miséria,

Onde há equilíbrio, de modo que quem colheu demais não esteja acumulando e quem colheu de menos não es-teja passando necessidades.

Enfim, a comunidade do reino de Deus,

Onde aparece a humanidade que a Trindade sonhou,

Onde a cidade encontra paradigmas.

Onde o livro texto é a Bíblia.

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o que é igreja?

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profissional cristão

Mário Kaschel Simões

Empresário, Palestrante, Pastor da Igreja Ágape de Atibaia, Docente Internacional do Instituto Haggai, Sócio-diretor da Escola Interna-cional Preparando Gerações, Diretor do Instituto 7 Montanhas do Brasil

www.7montanhas.com.br - [email protected]

Assim como a força invisível da gravi-dade atrai nosso corpo para baixo durante toda nossa vida, também existe uma força natural invisível que atrai para baixo a nossa alma, que é composta pelos nossos pensamentos, desejos e emoções. Esta força negativa é alimentada diaria-mente por: problemas, preocupações, pessoas, cir-cunstâncias, enfermidades, traições, brigas, pressões financeiras, acusações, perdas, infidelidade, frustra-ções, decepções, fracassos, desapontamentos, sonhos não realizados, medos, incertezas, mudanças, confli-tos, ingratidão, deslealdade, acidentes, roubos, assal-tos, violência, desastres, trajédias... e morte. Como superar os efeitos devastadores da atuação dessa força invisível em nossas vidas, quan-do convivemos com ela diariamente no mercado de trabalho? A física nos ensina que uma força só pode ser anulada e superada, através da ação de outra for-ça igual ou maior do que a primeira. Um exemplo é a força da velocidade atuando com as leis da aerodi-nâmica que superam a força da gravidade, fazendo assim um Boeing 747, que pesa 400 toneladas, le-vantar vôo e poder voar entre os continentes. A outra força chama-se entusiasmo. O Ge-neral Douglas McArthur disse: “Os anos envelhe-cem a pele, mas viver sem entusiasmo envelhece a alma.” A origem dessa palavra em grego é: “en” + “theos”, o que significa “Deus” “dentro”, ou melhor: “Deus em nós”. Jesus Cristo prometeu: “ Neste mundo vo-cês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.” (Jo. 16:33) Neste versículo vemos a atuação das duas forças: a negativa e a do entusiasmo. Como é possível, não somente ter, mas manter uma vida cheia de entusiasmo? Aqui estão 3 princípios:

Preciso de entusiasmo para viver! 1. Pense com entusiasmo. “Mantenham o pen-samento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas. Pois vocês morreram e agora a sua vida está escondida com Cristo em Deus.” (Cl. 3:2-3) O maior campo de batalha de sua vida é a sua mente. Você precisa pensar os pensamentos de Deus, e levar cativo os seus pensamentos a Jesus Cristo. Uma péssima ideia pode destruí-lo, mas uma ótima ideia pode transformar a sua vida para sempre! 2. Fale com entusiasmo. “A morte e a vida es-tão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.” (Pv. 18:21) Toda vez que você abrir a boca, fale palavras que venham construir, edificar, encorajar, orientar e abençoar as pessoas ao seu redor. Use suas palavras para propagar vida! Faça isto em casa, no tra-balho, onde você estiver. Todos irão notar a diferença e serão grandemente abençoados! 3. Trabalhe com entusiasmo. “Trabalhem com entusiasmo e não sejam preguiçosos. Sirvam o Senhor com o coração cheio de fervor.” (Rm 12:11) Não exis-te nada mais gratificante do que ver um grupo de pes-soas trabalhando com entusiasmo. Sob a liderança de Neemias, os moradores de Jerusalém reconstruíram as muralhas de toda a cidade em 52 dias, pois estavam animados e entusiasmados. Cada dia, ao chegar em seu local de trabalho, dê o seu melhor e produza o máximo que puder, pois você nunca mais terá a oportunidade de viver aquele dia. Viva-o com entusiasmo! O famoso pastor, palestrante e escritor Nor-man Vincent Peale declarou: “Entusiasmo libera o seu desejo de superar obstáculos e acrescenta significado a tudo o que você faz.” É muito importante você chegar a essa conclu-são: Preciso de ‘entusiasmo’ para viver, ou seja, preciso de ‘Deus em mim’ para viver.

(Ouça e veja esta mensagem, na íntegra, através do site www.7montanhas.com.br)

Um abraço e muito sucesso!

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arqueologia

evangelho perseguidoCorrespondente da Portas Abertas revela situação vivida por milhares de cristãos que vivem sob perseguição.

A correspondente Internacio-nal da Missão Portas Abertas e editora-chefe da agência de

notícias Compass Direct News, Bar-bara Baker, esteve no Brasil no mês de agosto e relatou situações vividas por milhares de cristãos que vivem sob pressão religiosa. Barbara cresceu em um lar cristão, ia sempre à igreja, mas achava que tudo o que ouvia era apenas uma história. Aos 10 anos, participou de um acampamento infantil e lá entendeu que Jesus era uma pessoa real e que havia morrido na cruz. Tudo aquilo era muito novo para ela. Aos 12 anos decidiu ser uma missionária. Naquele tempo, Baker só tinha ouvido falar so-bre missionários na África e na Améri-ca Latina, mas não no Oriente Médio. Vive há 30 anos no Oriente Médio em países como Irã e, atualmente, Turquia. Nesse país, a perseguição não ocorre de forma intensa, mas extremistas islâmi-cos não aceitam a presença de cristãos como foi no caso do assassinato de três cristãos na cidade de Malatia. Um deles era um missionário alemão, e, os outros dois, turcos.

Como a religião se dá na turquia? A Turquia é 99,8% muçul-mana. Ser um turco significa ser um muçulmano. Entretanto, a maioria dos turcos fala turco e o Alcorão é escrito em árabe. Meu vizinho, por exemplo, considera-se um muçulmano “regu-

igreja mundo

lar” por conta de não entender o árabe. Essa é a diferença do cristianismo, pois a Bíblia é traduzida e qualquer pessoa pode ter acesso. Os outros 0,2% estão divididos. Os cristãos são tradicionais e totalizam cerca de 100 mil. A maioria é de cristãos armênios, provavelmente 65 mil, e moram em Istambul. Exis-tem outros cristãos armênios pela Tur-quia, mas eles trocaram seus nomes por nomes turcos para que assim não sejam mortos. Existem, também, os ortodoxos gregos. Quando eu cheguei na Turquia, havia cerca de 30 mil, mas hoje existem apenas de dois a três mil, pois muitos voltaram para a Grécia com o apoio do governo. Ainda existem os ortodoxos sírios que devem chegar a uns 15 mil. Eles vivem no sudoeste onde também havia muitos armênios. Lá, ainda existem uns três monastérios, sendo um do século I. Eles ainda falam aramaico, a língua que Jesus falava. E, além disso, provavelmente existam 25 mil judeus que vieram desde a época da inquisição, na Espanha.

em sua opinião, onde é mais difícil ser um cristão? Acredito que no Egito e no Paquistão. O Irã também é um local complicado. Mas os dois primeiros são muito difíceis para as minorias cristãs, pois muitos deles são cristãos tradicio-nais e são analfabetos, o que faz com que eles sejam os mais desprezíveis da sociedade. A polícia, que geralmente

é muçulmana e fanática, acaba tendo muito mais poder sobre eles. Nesses dois países é praticamente impossível ter um cristão no corpo militar ou na polícia, por exemplo, pois, de acordo com a lei islâmica sharia, um cristão não pode ter autoridade sobre um mu-çulmano. No Iraque, os cristãos en-frentam o sequestro porque acredita-se que, por serem cristãos, eles têm conta-to com o Ocidente e pensam ter a opor-tunidade de fazer mais dinheiro com o resgate. Por isso é muito importante o trabalho de aconselhamento que é feito com essas pessoas porque eles passam por coisas horríveis. Os homens, por exemplo, não contam para suas esposas o que aconteceu com eles no período do sequestro.

é possível que a perseguição diminua em alguns países ou a tendência é que ela sempre piore? Bem, existem os momentos de “paz”, principalmente na Turquia, onde a perseguição não é tão severa quanto em outros locais como em Mar-rocos, onde os cristãos estrangeiros estão sendo expulsos para que não haja tes-temunho do que está acontecendo no país. A Igreja turca, por exemplo, não tem noção de quanto eles têm liberda-de comparado com outros países, mas certas situações também acontecem por lá e agora os cristãos estão buscando mais informação sobre a perseguição. (Colaborou Missão Portas Abertas)

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lpit

o

Criado no Jardim Ângela, bairro periférico da cidade de São Paulo, o líder do mi-

nistério de artes Jeová Nissi, Caíque de Olveira não imaginava que sua arte seria instrumento para alcançar o país. Através de O Jardim do Inimi-go, peça de sua autoria, há dez anos em cartaz, o ministério fundado por ele ganhou força e deu origem a outros projetos como a Associação Cultural Nissi, uma ONG sem fins lucrativos que mantém o projeto Tenho Fome, que sustenta crianças órfãs na Angola. Em comemoração aos dez anos da peça, o grupo inicia uma turnê comemorativa por grandes capitais, desta vez com uma nova proposta: apresentar apenas em tea-tros. “Sempre nos apresentamos em igrejas, é como voltar para casa”, frisou o ator. Além de dirigir os 50 atores envolvidos, em quatro equi-pes da companhia, Caíque prova

Vida longaCaíque Oliveira, líder do Jeová Nissi, comemora os dez anos de O Jardim do Inimigo e sonha em transformar obra em filme

por Celso de Carvalho que é possível sobreviver de teatro no Brasil e espera, muito em breve, transformar O Jardim do Inimigo em longa-metragem.

o teatro pode ser considerado um instrumento para quebrar barreiras denominacionais? Completamente e como tem quebrado. Aonde vou presencio isto. Vejo costumes sendo quebrados e vi-das sendo tocadas pelo Espírito San-to. Creio que a arte permite entrar em locais onde o evangelho não tem alcançado.

uma peça secular dura até cinco anos. o que justifica a longevidade de O Jardim do Inimigo? Creio que nosso público não tinha acesso ao teatro. Então é como se fosse algo novo. Como a cada dia milhares de pessoas aceitam Jesus, conhecem o evangelho da salvação, então um novo público se forma. Isto quer dizer que podemos ficar mais dez anos em cartaz que cente-nas de outras pessoas ainda não te-

rão assistido a nosso espetáculo.

as igrejas ainda tem dificuldade em aceitar o teatro? Vocês conseguem apoio e incentivo fiscal? Nunca conseguimos benefí-cios fiscais por ser considerada peça de crente. Teatro é uma religião, a origem no Brasil se deve aos jesuí-tas que trouxeram para evangelizar. Eles ficaram tão traumatizados que proibiram a essência que é falar de religião.

é possível um ministério sobreviver apenas da arte? Eu estou impressionado como temos conseguido ir adiante. Teatro para Deus é totalmente pos-sível. Boa parte dos atores luta para conseguir apoio, lotar palcos, mas não conhecem o Deus da provisão. Eles apenas conhecem a força de seus braços. No Jeová Nissi conseguimos fazer espetáculos caros, belíssimas montagens e muita gente se pergunta como conseguimos. Eu respondo: é que Jeová está conosco.

foto: Décio Figueiredo

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recursos

As inovações e evoluções sempre vêm com a inten-ção de melhorar e facilitar

a vida. Mas, mesmo auxiliando em várias áreas, não conseguem impe-dir a correria do dia-a-dia. A pressa parece fazer parte da rotina de cada um. Em um dia, são milhões de coisas a fazer e para lembrar, isso acaba exigindo maior organização para os compromissos não nos do-minarem e fazer o tempo parecer menor. Para um líder, com inúme-ros compromissos ministeriais, não tem jeito: a agenda é essencial para que tudo pareça mais organizado. De olho neste público as editoras lançaram para este final do ano, modelos cada vez mais arrojados de agendas. A parte complicada é a for-ma de atingir este público. Adultos atarefados e, muitas vezes, executi-vos, não são atraídos apenas por ca-pas com desenhos bonitos. As exi-gências acabam sendo na parte de interior, ferramentas e acabamento. Ou seja, as editoras precisam enten-der as necessidades de cada grupo de pessoas para conseguir supri-las com um produto funcional. A editora Norma, por exem-plo, para 2011, traz a Ferrari Top.

opção de bom gostoNovos modelos de agenda chegam ao mercado para facilitar a vida do líder

Feita em couro sintético e costura vermelha, o produto contem brasão da marca em placa metálica, além de textos oficiais sobre os carros, mostrando a importância do inte-rior e das ferramentas diferenciadas para atingir o público desejado. Para executivos, a Norma disponibiliza os modelos Semana Prime e Daily Notes. O primeiro oferece visão semanal e planeja-mentos mensais e anuais. O índi-ce telefônico é comercial e possui inclusive espaço para CNPJ, banco e inscrição estadual. A outra é um modelo discreto, pequeno e elegan-te. É voltada para quem não gosta de chamar muita atenção, mas pre-

por Mayra Bondança

za pela organização. Voltada ao público evangé-lico, a editora Geográfica produz agendas com o apelo de ‘Agenda do Cristão’, onde os versículos bíblicos diários apresentam um dos diferen-ciais e atrativos. Os homens podem buscar por dois tamanhos de mo-delos com capas discretas, a Êxodo, representando o tamanho padrão, e a Gênesis, um pouco menor. Am-bas possuem índice telefônico, ma-pas e os dias de sábado e domingo em páginas individuais. Para Maria Fernanda Vi-gon, diretora de Desenvolvimento de Produto e Marketing da Geo-gráfica, o interessante é que, mes-

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recursos

PÚBLICO FEMININOAs mulheres também têm produtos feitos especialmente para elas. Com o intuito de atender o público femi-nino cristão, a Geográfica lançou a Ella Una. Além de Bíblias com ca-pas decoradas e femininas, agendas também fazem parte da linha, geral-mente, a editora trabalha com o par Agenda/Bíblia com a mesma arte. O interior traz versículos diários e apli-cações bíblicas. A procura das mulheres acaba sendo maior. Apesar de a aceitação do público masculino ser satisfatória, o público feminino supera, poden-do evidenciar a busca deste por organização e produtos com seu perfil. O valor das unidades pela editora Geográfica varia de R$ 14,70 a R$ 22,06.

mo tendo os cristãos como seu público alvo, as agendas acabam chamando a atenção de outras pessoas. “As pessoas vêem a or-ganização e a funcionalidade de produto, algumas vezes, acabam nem reparando no versículo”, observa.

PERSONALIZADASAlém do uso pessoal, a utilidade das agendas vem também na for-ma da economia. A Soft Editora trabalha com esse objetivo. “Eu sei que muitos ministérios fazem as agendas para vender”, comen-ta a diretora Valéria Capez. A empresa não lança seus próprios modelos de produtos, mas traba-lha juntamente com seu cliente, atendendo a seus desejos e perso-nalizando inclusive formatos. Os projetos são especializados e de-correntes de um trabalho em con-junto, não é um trabalho somente da Soft, mas são usadas as idéias do cliente. Os ministérios cristãos representam a maioria dos clien-tes à procura do material. Segundo Valéria, além de ser uma forma de trazer investimentos para o ministério, é também um meio de as pessoas participarem da vida da congregação. “As pessoas gostam de agendas e podem, dessa forma, ajudar seu ministério. É um meio de suprir suas necessidades e colaborar”, acrescenta. Mesmo com tantas opções não basta ter o melhor modelo de agenda, é preciso organizá-la, mas ai é assunto pra outra conversa.

mente, a editora trabalha com o par

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estratégia e ação

Edgard J.C. Menezes

Doutor em administração de empresas, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e diretor da DPA.

[email protected]

Em administração numa estratégia que costuma gerar bons resultados é o associati-vismo. O principal objetivo do associativismo é impulsionar o desenvolvimento das organizações associadas. A união faz a força seria seu principio básico. A pergunta é: seria aplicável esse conceito às organizações eclesiásticas? Na sua modalidade mais conhecida – as centrais de compras – o objetivo é reunir as organi-zações para aumentar seu poder de barganha com fornecedores. Há outras modalidades como aquela que inclui a divulgação cooperada dos serviços co-muns. Novamente o objetivo é tornar possível uma divulgação que antes, pelo custo ou baixo impacto da mensagem, não seria viável. Uma terceira moda-lidade seria a preparação das equipes de trabalho. Outra espécie de associativismo são as par-cerias ou alianças estratégicas. Parece ser possível

o associativismo como estratégia

que organizações eclesiásticas se reúnam em projetos com objetivos específicos. Pode-se pensar em um nu-mero menor de participantes já que, nesse caso, não é relevante a quantidade de associados, mas sim seu objetivo comum. O associativismo permite aos adotantes des-sa estratégia minimizar os efeitos das suas limitações, seja pelo acesso a serviços que a união das organiza-ções permitiu, seja pelo compartilhamento de conhe-cimentos sobre diferentes funções. A atuação conjunta permite que as organiza-ções participantes tornem-se competentes em todas as expertises que a administração eclesiástica exige. Concluindo, é importante destacar que mes-mo as igrejas que possuem um numero elevado de membros devem conhecer a fórmula do associativis-mo para, quando houver necessidade, promover em tempo hábil as medidas para a sua adoção.

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mobiliário

Uma poltrona confortável faz toda diferença em um culto. Ela possibilita que o

fiel fique mais concentrado ao ouvir as sagradas escrituras. Promovendo o bem estar da Igreja Brasileira a Movix e a Multiflex apresentaram na EXPOCRISTÃ, que aconteceu de 07 a 12 de setembro no Expo Center Norte em São Paulo, novos modelos de poltronas para agradar os mais exigentes gostos. Segundo Val Rodrigues, da Movix Móveis para Igrejas e Escri-tórios, uma das grandes novidades da EXPOCRISTÃ foi a cadeira lon-garina em três modelos: secretaria, executivo e diretor.

Para o conforto de muitosMultiflex e Movix apresentam inúmeras opções para templos religiosos na EXPOCRISTÃ

O modelo secretaria tem de 40 a 45 cm, já executiva tem 1,55 cm e a diretor tem 65 cm. O produto pode ser comprado unitariamente ou em trios. As cores são variadas e vão de acordo com a necessidade do cliente. “ Um produto deste tem vida longa. O interessado pode escolher entre Corino/Corano ou Tecido. O Corino pode ser limpo com álcool. Já o tecido comum é necessária uma limpeza de dois em dois anos. Mas tudo isto depende da forma de uso”, lembrou Val Rodrigues. Os preços variam de R$ 80 até R$ 160. Já Nildson Amaral, da Mul-tflex, promoveu três produtos: a Star Vida flex, Star Vida e Audi Plus. As

cadeiras chamaram atenção da lide-rança pelo bom gosto e qualidade. O Star Vida tem 53 cm, encosto de po-lipropileno, assento de espuma, base de ferro oblongo. “ A vantagem é que este modelo pode ser empilhado e alinhado”. As cores são à escolha do cliente com opção para tecido ou Corino. A garantia é de três anos. “O custo é baixo para o benefício que dará a Igreja”, enfatizou Nildson.

Movix(21) 3215.5418 ou 98*83994

Multflex(16) 3322.9292 ou 84*83434

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meio ambiente

Responda rápido: Quanto à construção civil utiliza no Brasil de recursos naturais?

Segundo reportagem da Folha de São Paulo este número corresponde a 75%. Para amenizar esta gastança e desper-dício e criar construções mais susten-táveis, inclusive de templos religiosos, a Isocret trouxe da América do Norte a produção de blocos de Poliestireno Expandido (EPS) para substituir os tijolos na hora de construir. Além de proporcionar um maior isolamento termo acústico o produto reduz custo e diminui os impactos ambientais. Desde 1998, a empresa detém com exclusividade a tecnologia alemã de moldes de EPS. Os produtos são fabricados de acordo com norma ISO 9002, Abnt (Associação Brasileira de Norma e Técnicas, do Brasil) e Astm (American Society for Testing and Materials) dos Estados Unidos. O EPS tem como matéria-prima base uma resina que contém um agente expansivo de hidrocarbo-no. Ao entrar em contato com vapor, o polímero (resina) é amaciado, per-mitindo a expansão do agente. Isso possibilita a criação de uma estrutura 40 vezes maior que a pérola de resina. O material é condicionado e coloca-do em molde. Sob o calor e pressão, a peça aumenta e funde-se formando

templo sustentável Isocret desenvolve blocos de EPS que permitem construções sustentáveis e com baixo custo

assim um bloco no tamanho desejado e ultraleve. Muito usado nos Estados Unidos na construção de terrenos flu-tuantes, fundação de pistas, estradas, forro e telhados, peças de arte e imó-veis, o produto tem cerca de 1% do peso de terra. Por ser composto de 95% de oxigênio em suas partículas, permi-te a liberação do vapor da água quan-do usado em forros, o EPS age como isolante térmico que resiste à água e a umidade. Os blocos de EPS podem ser cortados em qualquer medida, com-pletamente reciclados, fabricados com densidade menores de 16 quilos por metro cúbico ou com mais de 32 qui-los por metro cúbico. Isto sem contar que o material não contém agentes como Clorofluorcarbono (CFC) e hi-droclorofluorcarbonos (Hcfc), nocivos à camada de ozônio. Nas construções os blocos de EPS, que se são semelhantes aos de pedra, são usados como formas e preenchidos com concreto, ficando

três camadas de parede, duas de EPS e uma central de concreto. Um am-biente em EPS conserva a energia e a temperatura, não oferecendo nenhum risco, já que os blocos de EPS são an-ti-chamas, anti-mofo e bactérias, fácil manuseio e instalação. A durabilidade é atestada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e por pesquisas feitas pela Universidade de Campinas (Unicamp-SP). O EPS dá mais durabilidade e desempenho em telhados e funciona muito bem como sustentador de solo instável, não afetando os lençóis freáti-cos. Diversos frigoríficos norte-ameri-canos usam placas de EPS laminados com metal, visto que o desempenho térmico aumenta em baixas tempera-turas.

aprovaçãoO precursor da marca no Brasil, José A. Reis Filho, diretor operacional da Iso-cret, garante que muitos anos de expe-riência deram à marca um sólido con-ceito de qualidade. “A Isocret tem uma

por Vinicius Cintra

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meio ambiente

ampla cartela de parceiros e clientes, entre eles está a rede de hipermercados Walmart, Caixa Econômica Federal, Igrejas, Companhia de Desenvolvi-mento Habitacional e Urbano (Cdhu), Prefeituras, escolas, universidades”, in-formou através da assessoria. Uma das obras de destaque é a Universidade de Rio Claro (Ctba), que em 60 dias foram construídos os 4,5 mil metros quadrados planejados pela arquiteta Melissa Bellan. “Foi pedido para fazer um projeto de um galpão que era um depósito e transfor-má-lo em escola. O galpão era escuro, abafado e quente e nós precisávamos de um material que nos proporcionas-se o conforto térmico, acústico e que pudesse ter a flexibilidade para fazer

aberturas no teto”. O diretor técnico da Sigma engenharia, uma parceira da Isocret nas obras, Rafael D’urso disse ter en-tregado uma obra sem defeitos. “Es-tamos muito contentes por escolher um sistema construtivo rápido, onde nós saímos satisfeitos e o cliente tam-bém. Pudemos aliar nossa tecnologia com a tecnologia do exterior e abrir novos horizontes e perspectivas para a construção civil”. Reforçando a boa escolha de se trabalhar com os blocos de EPS, Fernando D’urso, engenheiro responsável pela obra da Cbta conta que o principal benefício de se traba-lhar com este sistema é o conforto ter-mo acústico. “Os técnicos ficam per-manentes na obra, repassando todo o

conhecimento que tem do sistema Isocret. Não necessita ser uma mão de obra especializada, basta a consultoria dos técnicos presentes”. Para o diretor pedagógico da Universidade, Asdrúbal Bellan expli-ca que foi feito uma análise dos sis-temas oferecidos pelo mercado e que o Isocret atendia os requisitos, tanto térmico e acústico quanto a viabiliza-ção da obra naquele momento. “Fi-zemos uma análise e concluímos que o material não requeria uma mão-de-obra especializada. Naquele período a relação homem / hora trabalhada seria menor com esse sistema, e re-almente, depois de pronta a obra os benefícios referentes a custos foram consideráveis”.

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arqueologia

Bíblia da era digitalSociedade Bíblica do Brasil e Immersion Digital lançam a Bíblia Digital Glow para alcançar uma nova geração

tecnologia

Quanto tempo você fica no computador? Quanto tem-po você lê a Bíblia?” Este

foi um dos primeiros questionamen-tos que Nelson Saba, idealizador do Glow e diretor executivo da Immer-sion Digital, fez ao iniciar as primei-ras pesquisas do produto que segun-do ele é voltado para todos os grupos, inclusive os mais jovens que estão cada vez mais ligados na era digital. A Bíblia Digital Glow foi apresentada na EXPOCRISTÃ, em setembro, e é fruto da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) e a Immer-sion Digital.A Bíblia Digital Glow oferece a experiência de explorar e aprender de forma única e completa o mundo bíblico, graças a um conte-

údo extremamente rico e envolvente. No total, são 546 passeios virtuais em 360 graus, 2,37 mil fotos em alta re-solução, 711 obras de arte, 3h30 de vídeo em alta definição e mais de 140 mapas. Com visual moderno e tecnologia de ponta, o Glow é uma plataforma multimídia, que oferece uma navegação simples e intuitiva. Ou seja, pelo mouse ou pelo toque – no caso de aparelhos móveis com tela touch screen –, é possível percorrer facilmente todo o conteúdo bíblico. Além desse material, a obra traz, ainda, o texto bíblico nas tradu-ções de Almeida Revista e Atualizada (RA), Almeida Revista e Corrigida (RC), Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) e Tradução Brasi-leira – todas traduções da SBB e as preferidas pelos cristão brasileiros. Notas e introduções aos livros das Bíblias de Estudo Almeida e NTLH, artigos e quadros da Bíblia da Famí-lia e Dicionário da Bíblia de Almeida completam o conteúdo. Em formato DVD-ROM, o Glow requer computadores com processador Dual Core, placa de ví-deo, 256 MB (ou superior), conexão à Internet, memória RAM mínima de 2 GB e espaço livre de 18 GB no disco rígido. Uma versão simplifica-da da Bíblia Glow também está sen-do preparada para aparelhos móveis portáteis, como iPads (computador de mão) e celulares móveis tipo iPho-ne e Smartphones.

Nelson Saba durante EXPOCRISTÃ apresentou produto, também na versão pentecostal

foto:

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lançamentos

Bíblia da vovó

Comentário Bíblico Matthew Henry - AT

Roto 15

Bíblia Grande RCM de Promessas

Bíblia Renovare

A Bíblia da vovó, da Mun-do Cristão, apresenta o conteúdo ideal para que as avós encontrem inspi-ração, motivação e vigor na Palavra de Deus. O produto tem os seguintes recursos: Orações, Devocionais, Perspectivas, Introdução aos Li-vros da Bíblia e espaço para foto dos Netos com duas opções de cores: cereja e rosa.www.mundocristao.com.br

Publicado a cerca de trezentos anos, este comentário tornou-se referência obrigató-ria para os estudiosos da Palavra de Deus, ao revelar os mais preciosos tesouros escon-didos nos textos dos profetas e apóstolos. Formato:15,5x 2,5cm

O produto da Rotoplast tem três velocidades do inversor de frequ-ência. Com 12 Kg tem painel de controle com função que acelera o fornecimento de oxigê-nio para às células do corpo, neutralizando os poluentes do ar; Swing com movimentos oscilatórios; timer para controle do tempo. Se comparado a um ar condicionado a economia gira em torno de até 95%. www.rotoplast.com.br

A Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil traz a nova impressão da Bíblia Grande RCM (Referências, Concordância e Mapas) com referências na coluna central. A novidade é que o tamanho da letra foi aumentada nesta edição. O texto da Trinitariana é a versão Almeida Corrigida Fiel (ACF), que é o texto base da várias Bíblias de estudo, como a Apologética (ICP), Bíblia de Estudo da Mulher (Atos), Bíblia de Estudo Scofield (Bom Pastor), entre ou-tros. A Trinitariana também possui a maior variedade de Bíblias e porções bíblicas em outros idiomas, desde a Bíblia nas línguas originais (Grego Koiné e Hebraico Massorético) ao Árabe.

A Bíblia Renovare de Formação Es-piritual tem como objetivo primor-dial nos auxiliar a fazer uma leitura formativa do texto bíblico. Suas muitas notas, sua maravilhosa chave de leitura, sua sistematização, enfim todo sua proposta pedagógica nos conduzem para uma relação com a Sagrada Escritura na qual somos lidos e formados por ela, e não o contrário.

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