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Idade Média: A experiência urban Uma nova sensibilidade artística: o gótico

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Idade Média: A experiência urbana

Uma nova sensibilidade artística: o gótico

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O ressurgimento urbano O vigoroso ressurgimento da

vida urbana, desde os começos do século XI, prosseguia a um ritmo acelerado e a importância das cidades não se fez sentir apenas no campo económico ou político, mas também noutras esferas: os bispos e o clero urbano ganham influência; as escolas catedrais e as universidades ocuparam o lugar dos mosteiros como centros do saber, enquanto os esforços artísticos da época culminavam nas grandes catedrais.

H.W.Janson, História da Arte

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O surgimento do estilo gótico O burguês é um homem orgulhoso de si

próprio e da sua cidade, não se poupando a esforços para a embelezar e engrandecer. Assim, contribui com quantias avultadas para as grandes construções urbanas: muralhas, portas monumentais, palácios, catedrais… A burguesia estava empenhada em demonstrar o seu poder financeiro, rivalizando com as elites das cidades vizinhas.

Esta vontade de promover as cidades coincidiu com o surgimento de um novo estilo artístico, o gótico. Este surgiu pela primeira vez na abadia de Saint-Denis, perto de Paris, quando o abade Suger mandou efectuar obras de remodelação e ampliação do templo (1137).

Uma combinação engenhosa de elementos arquitectónicos permitiu então elevar as construções góticas a alturas até então desconhecidas. As torres dos palácios comunais e, sobretudo, das igrejas podiam assim ser vistas de muito longe, anunciando a importância do burgo e das suas gentes.

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Arte gótica ou estilo gótico - definição

Estilo artístico que dominou a arte europeia entre os séculos XII e XV. Irradiou do Norte de França e, embora se tenha desenvolvido em várias vertentes artísticas (pintura, escultura, vitral, ourivesaria, etc.), permaneceu essencialmente ligado à arquitectura, recebendo por vezes o nome de ogival, em referência aos arcos cruzados das abóbadas.

Nota: O estilo gótico foi precedido na Europa pelo estilo românico. Este definia-se pela horizontalidade e pela obscuridade dos interiores, fazendo utilização sistemática do arco de volta perfeita e da abóbada de berço.

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A catedral, expoente do gótico A arte gótica teve na

catedral a sua melhor expressão.

O que imediatamente distingue as catedrais góticas é a sua elevação e verticalidade(por exemplo, a catedral de Amiens media 145 metros).

O exterior é imponente e profusamente decorado. O interior é amplo, elevado e luminoso, de formas arquitectónicas graciosas e leves, quase sem peso, se as compararmos com a solidez maciça dos interiores românicos.

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A catedral, expoente do gótico

Grandes janelas, adornadas de magníficos vitrais, dão ao interior uma luminosidade coada, que simultaneamente deslumbra e convida à meditação. “Deus é luz” e essa vivência espiritual é deliberadamente realçada pelo estilo gótico.

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Elementos estruturais

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Elementos estruturais

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Os elementos construtivos

Arco quebrado – vem substituir o arco de volta perfeita, semicircular, utilizado na arte românica; o arco quebrado ou ogival pode ser “estirado” em altura, independentemente da largura da sua base, o que confere aos portais e às arcaturas interiores um aspecto de verticalidade e elevação.

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Os elementos construtivos

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Os elementos construtivos

Abóbada de cruzamento de ogivas – deriva da abóbada de aresta e identifica-se facilmente pelos arcos diagonais de suporte (ogivas); ao contrário das abóbadas de berço do estilo românico (que descarregam o seu peso de forma contínua sobre as paredes), as abóbadas góticas são articuladas, isto é, compostas por secções independentes (tramos); os arcos de cada tramo desempenham o papel de uma armação, suportando o peso da abóbada e descarregando-o nos pilares. É esta concentração do peso em pontos específicos que permite fragilizar as paredes, introduzindo-lhes grandes aberturas preenchidas por vitrais.

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Os elementos construtivos

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Os elementos construtivos

Arcobotantes – vão reforçar no exterior os pontos de pressão. O arcobotante compõe-se de duas partes: uma massa sólida, espécie de contraforte (estribo) e um ou mais arcos que, partindo o estribo, vêm apoiar as paredes da nave central. Para reforçar o estribo, este é, muitas vezes, encimado por um pináculo.

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Os elementos construtivos

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Catedral de Notre-Dame de Paris

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Catedral de Reims

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Catedral de Amiens

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Catedral de Colónia

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Catedral de Léon

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Outros exemplos

Catedral de Lincoln

Catedral de Salisbury

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Outros exemplos

Abadia de Westminster

Catedral de Burgos

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A escultura gótica – algumas características

Ligação à arquitectura:

A relação escultura-arquitectura é muito intensa. Uma nuvem de imagens invade as fachadas, os portais, os telhados. As esculturas góticas perfilam-se de forma ordenada e simétrica, destacando-se dos elementos arquitectónicos aos quais se encontram unidas.

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A escultura gótica – algumas características

Naturalismo idealizado:

Apresentam rostos serenos e vestes detalhadas, revelando uma qualidade no tratamento desses elementos que o Ocidente não conhecia desde o declínio da arte romana.

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A escultura gótica – algumas características

Existência de gárgulas:

- Esculturas de diabos, monstros ou animais que adornam o exterior da catedral.

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A escultura gótica – algumas características Valor doutrinal:

- A escultura é o “livro de imagens” da Cristandade. As esculturas contavam ao povo analfabeto da Idade Média a vida de Cristo e dos Santos, enquanto as gárgulas alertavam para a possibilidade de condenação do pecado.

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A pintura gótica – os vitrais No domínio da pintura e artes afins sobressai

o vitral, constituído por vidros coloridos unidos por pedaços de chumbo. Embora seja de origens mais antigas, o desenvolvimento da arte do vitral está obviamente ligado à possibilidade (trazida pelo estilo gótico) de rasgar amplas janelas nas paredes dos edifícios.

A luz era considerada uma manifestação divina, razão pela qual as representações projectadas no interior dos edifícios através dos vitrais produziam uma forte impressão mística, uma vez que a luz entrava coada pelos vidros coloridos.

As figuras e cenas mais recriadas nos vitrais diziam respeito a temas religiosos, como a vida de Cristo, da Virgem ou dos Santos, ou ainda actividades características dos diferentes ofícios.

As tonalidades utilizadas nos vitrais eram essencialmente o vermelho e o azul, mas também branco, púrpura, amarelo e verde.

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A pintura gótica - vitrais

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A pintura gótica – os retábulos A pintura dos retábulos

marcou a última etapa do gótico.

A escola flamenga destacou-se neste tipo de pintura, pela expressividade do seu modo de pintar a óleo, pela minúcia da representação e pela expressão mística das figuras.

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A pintura gótica – a iluminura A iluminura consistia num tipo de

representação pictórica, profundamente colorida e decorativa que, organizada em pequenos quadros ao longo dos livros manuscritos de pergaminho, visava ilustrar e tornar mais compreensíveis as diferentes passagens do texto.

A iluminura readquiriu importância na segunda metade do século XIII, à medida que a actividade arquitectónica declinava e as encomendas de vitrais se tornavam mais raras.

O renovado interesse por esta técnica está relacionado com o desenvolvimento de gostos requintados no seio do mundo urbano e das cortes europeias e pela crescente valorização da escrita e da leitura que se lhe encontrava associada.

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A arte gótica em Portugal

Em Portugal, o estilo gótico desenvolveu-se um pouco mais tarde do que no resto da Europa, ou seja, a partir do século XIII.

Particularidades da arte gótica em Portugal:

Desenvolvimento tardio – devido à situação de guerra (Reconquista) e à exiguidade de recursos que o reino dispunha na altura para investir numa arte cara e sofisticada.

Arte monástica e rural e não episcopal e urbana – foi a mando de abades e monges que se construíram as igrejas monásticas que serviam os seus mosteiros e conventos.

Maior simplicidade do gótico português – embora seguindo, nos princípios técnicos e estéticos, o gótico internacional de origem francesa, o gótico português caracterizou-se por uma maior simplicidade.

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Exemplos do gótico português

Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça

- Encontramos nesta construção elementos pertencentes ao gótico, como a rosácea que permite uma grande luminosidade natural no interior, dando uma sensação de profundidade e verticalidade.

- Destaque ainda para o impulso das abóbadas suportadas pelos pilares com colunas adossadas aos muros laterais dotados de contrafortes exteriores.

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Exemplos do gótico português

Claustro da Sé Velha de Coimbra

- Arcadas de duas alas, apenas com piso térreo.

- No seu interior ressalta a sua robustez, com cruzeiros volumosos

a saírem dos maciços dos pilares e de mísulas apoiadas em colunelos adossados à parede interior.

- Os fechos dos arcos estão a alturas desiguais, impedindo o lançamento da espinha.

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Exemplos do gótico português

Convento de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra

- Uma das poucas obras desta época que se encontra totalmente abobadada.

- Nas paredes laterais rasgam-se amplas frestas de dois lumes e três rosáceas, introduzindo uma luminosidade interior.

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Exemplos do gótico português Igreja do Mosteiro de

Santa Maria da Vitória, na Batalha

- Na nave central da igreja é possível visualizar a estrutura geométrica das rosáceas, no seu interior o que sobressai é o esplendor dos vidros policromados.- A iluminação interior ampliou os espaços, clarificando as volumetrias, dando uma impressionante sensação de verticalidade e profundidade.