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Download HORTALIÇAS ESPONTÂNEAS E NATIVAS · PDF fileBertalha / Bertalha-coração / trepadeira-mimosa / folha-santa Anredera cordifolia Autores: Marília E. B. Kelen ... 10.Dente-de-leão

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  • PLANTAS ALIMENTCIAS NO CONVENCIONAIS (PANCs)HORTALIAS ESPONTNEAS E NATIVAS

    GRUPO VIVEIROS COMUNITRIOS (GVC)

    [email protected]

    Biologia - UFRGS

    Bertalha / Bertalha-corao / trepadeira-mimosa / folha-santaAnredera cordifolia

    Autores: Marlia E. B. Kelen - Iana S. V. Nouhuys - Lia C. Kehl - Paulo Brack - Dbora B. da Silva

  • Marlia Elisa Becker KelenIana Scopel Van Nouhuys

    Lia Christina Kirchheim KehlPaulo Brack

    Dbora Balzan da Silva(Organizadores)

    PLANTAS ALIMENTCIAS NOCONVENCIONAIS (PANCs)

    HORTALIAS ESPONTNEAS E NATIVAS

    1 EdioPorto Alegre

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul2015

  • Autores: Marlia E. B. Kelen Iana S. V. NouhuysLia C. KehlPaulo Brack Dbora B. da Silva

    Colaboradores: Carolina da Costa AlffDaniela T. CasaliLuana P. de SouzaLuza Machado

    Projeto grfico: Luiz Felipe B. Kelen

    Ficha catalogrfica elaborada por Dilma Nascente. CRB 395/10

    Plantas alimentcias no convencionais (PANCs) : hortalias espontneas e nativas / organizao de Marlia Elisa Becker Kelen et al. -- 1. ed. -- Porto Alegre : UFRGS, 2015. 44 p. : il. color.

    ISBN 978-85-66106-63-3

    1. Botnica econmica 2. Plantas alimentcias 3. Plantas nativasI. Ttulo

    CDU 581.6

    P713

  • 4

    NDICE

    1.Almeiro-do-campo, chicria-do-campo, radite (Hypochaeris chilensis) 11

    2. Arumbeva (Opuntia monacantha, Opuntia spp.) 12

    3. Begnia / Azedinha-do-Brejo (Begonia cucullata) 14

    4.Beldroega/ Bredo-de-porco/ Beldroega-pequena/ Onze-horas (Portulaca oleracea) 15

    5. Bertalha/ Bertalha-corao/ trepadeira-mimosa/ folha-santa (Anredera cordifolia) 17

    7. Capuchinha (Tropaeolum majus) 19

    8.Caruru/ Amaranto-verde/ bredo/ caruru-bravo/ caruru-de-porco (Amaranthus sp.) 21

    9.Crepis/ Crepe-do-japo (Crepis japonica) 23

    10.Dente-de-leo (Taraxacum officinale) 24

    11.Erva-Gorda/ Major-gomes/ carne-gorda/ beldroega-grande (Talinum patens) 26

    12. Inhame (Colocasia esculenta) 28

    13. Lngua-de-vaca, Labaa (Rumex obtusifolius) 30

    4. Mastruo/Mestruz/Mastruz (Coronopus didymus) 31

    15.Ora-pro-nbis/Carne-de-pobre (Pereskia aculeata) 32

    16. Pico/ pico-preto/ carrapicho (Bidens pilosa) 34

    17.Serralha/ Chicria-brava/ Serralha-branca/ Serralha-lisa (Sonchus oleraceus) 36

    18. Taioba (Xanthosama sagittifolium) 37

    19.Tansagem/ tanchagem (Plantago major, Plantago lanceolata, Plantago australis) 39

    20. Urtigo-de-barao (Urera aurantiaca) 41

    21. Referncias Gerais

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    APRESENTAO

    O Grupo Viveiros Comunitrios (GVC), que rene projetos de extenso e comunicao pelo Instituto de Biocincias da UFRGS, trabalha desde 1997 com a flora nativa do Rio Grande do Sul e a agrobiodiversidade no campo e na cidade, com enfoque nas espcies estratgicas para a restaurao da biodiversidade. Entram a alimentcias, ornamentais, recuperadoras de reas degradadas, medicinais ou simplesmente plantas que so esquecidas e poderiam e deveriam ser inseridas ou resgatadas nas culturas humanas, nos mbitos rural e urbano.

    O grupo acompanha e mantm o Viveiro Bruno Irgang num pequeno espao atrs do Diretrio Acadmico do Instituto de Biocincias DAIB. As atividades desenvolvidas vo desde a realizao de pesquisas e experimentos sobre germinao e propagao de sementes, alm de ocupaes verdes, fomento de sistemas agroflorestais, plantios comunitrios, hortas medicinais e trocas com outros viveiros.

    No tocante s alimentcias, o GVC participa da Feira Agroecolgica da rua Jos Bonifcio, ao lado do Parque Farroupilha, divulgando as plantas nativas e seus produtos na alimentao - com frutas, hortalias, pes, sucos, mudas e sementes. Tambm oferece oficinas sobre PANCs (plantas alimentcias no convencionais) em escolas do entorno do Campus da UFRGS e em outros espaos dentro e fora da universidade; promove visitas, vivncias e trocas de conhecimentos com agricultores agroecolgicos no RS, alm de cultivar PANCs no espao do viveiro. Realiza, por meio de educao ambiental, identificao, propagao, elaborao de cardpios e receitas e divulgao variada, incluindo a construo de cartilhas de PANCs.

    O desafio maior do grupo de estudantes e professores que compem o GVC problematizar a disfuncionalidade sistmica das sociedades hegemnicas atuais, com nfase na necessidade de mudana de paradigma que supere o produtivismo, as monoculturas, a vida refm do mercado de incentivo ao consumo ftil e insustentvel. Para isso, importante a mudana do sistema de produo de alimentos, sua integrao com a biodiversidade e com a cultura, o que representa a integrao com o sistema alimentar como um todo. Neste caso, damos nfase s plantas da agrobiodiversidade, que incluem desde as espcies nativas ou adventcias que poderiam complementar a dieta ou mesmo a renda familiar. As PANCs representam espcies com grande importncia ecolgica, econmica, nutricional e cultural, que auxiliam uma melhor distribuio e produo dos alimentos, aliando-se rusticidade e fcil manejo. Isso, em resumo, corresponde a mais sustentabilidade para os sistemas vivos.

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    Atualmente, existe uma necessidade urgente de inter-relao entre conhecimento cientfico e popular, alm da busca de maior integrao entre economia e biodiversidade, promovendo conservao dos nossos biomas de forma sustentvel - com uso sustentvel inclusive na alimentao. Oficinas e espaos como viveiros de plantas nativas, hortas orgnicas, jardins, canteiros, hortos de plantas medicinais, centros de educao ambiental, entre outras, podem assumir esse papel de laboratrio de reaprender com os elementos da natureza e com as diferentes culturas humanas.

    Nosso objetivo aqui promover maior conscincia ambiental sobre a necessidade de cuidados com a agrobiodiversidade e alimentao saudvel e sustentvel, atingindo a soberania alimentar. Com esse intuito, criamos a presente cartilha para divulgar a importncia das PANCs, alm de facilitar o seu reconhecimento.

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    INTRODUO

    Qualquer pessoa que observar com ateno algum canteiro, jardim ou horta, seja no campo ou na cidade, perceber a riqueza de plantas que nascem sozinhas, nativas ou espontneas que habitam cada cantinho de terra. Algumas delas sofrem caracterizao pejorativa e preconceituosa, sendo classificadas de inos ou plantas daninhas, pois muitas vezes aparecem em locais onde no foram cultivadas. Entretanto, muitas dessas plantas so comestveis e apresentam ndices nutricionais iguais ou superiores s hortalias, razes e frutos que estamos habituadas a comer.

    O termo PANC foi criado em 2008 pelo Bilogo e Professor Valdely Ferreira Kinupp e refere-se a todas as plantas que possuem uma ou mais partes comestveis, sendo elas espontneas ou cultivadas, nativas ou exticas que no esto includas em nosso cardpio cotidiano. Aqui no Rio Grande do Sul, destacamos hortalias (folhas, razes, tubrculos, caules, flores), as frutas, as sementes, as castanhas ou nozes, que, segundo Kinupp (2007), tiveram 312 espcies alimentcias nativas encontradas na Regio Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), que representa 3,5% da superfcie do Estado.

    Existe no Brasil pelo menos 3 mil espcies de plantas alimentcias com ocorrncia conhecida no Brasil. Estima-se que em nosso Pas pelo menos 10% da flora nativa (4 a 5 mil espcies de plantas) sejam alimentcias.

  • 8

    Breve contexto da produo de alimentos hoje

    Culturalmente, nossa alimentao baseada em uma pequenssima parcela de alimentos. Mais de 50% das calorias que consumimos no mundo provm de no mximo quatro espcies de plantas. 90% dos alimentos consumidos vm de somente 20 tipos de plantas. Por outro lado, temos uma oferta potencial de alimentos de pelo menos 30 mil plantas diferentes. A FAO, rgo da ONU, envolvido com a questo da alimentao mundial, estima que 75% das variedades convencionais de plantas alimentcias j foram perdidas.

    No que toca s hortalias (verduras, legumes, etc.), sabe-se que a oferta destes alimentos tambm pobre. A maioria das hortalias comercializadas provm de poucas empresas de sementes, e tambm no corresponde a plantas nativas. A seleo ou melhoramento que sofreram as deixou ainda mais suscetveis s alteraes ambientais, o que hoje cada vez mais comum. Seu modo de cultivo, muitas vezes em gigante escala, desenhado para suprir enormes demandas induzidas pelo mercado, feito por meio de monoculturas: um modelo simplificado e disfuncional de trato com os ecossistemas. Muitos dos chamados alimentos, por meio de gros, vo ser transformados em rao para aves, sunos e bovinos, confinados e transformados em carnes e outros produtos industrializados. Neste atual antissentido, as monoculturas dependem de um aporte energtico muito elevado, alm do uso intenso de biocidas (herbicidas, pesticidas, inseticidas), que contaminam os ecossistemas, a sade do trabalhador e a populao brasileira.

    Estamos, no Brasil, transformando nossos biomas em imensos desertos verdes, compostos de paisagens homogneas de soja, eucalipto, cana, milho transgnico, entre a pobreza que representa o modelo de agricultura baseado na venda de insumos qumicos, com destaque aos agrotxicos, ou biocidas. O sufixo CIDA corresponde a MATAR, e BIO significa vida.

    O sistema hegemnico atual (monoculturas) desajustado por natureza. No mantm ciclos fechados (ex. os adubos vm de fora) e praticamente todo o processo de preparo da terra - uso de biocidas, colheita, transporte - depende do petrleo. Sugere-se, aqui, a leitura do Livro Monoculturas da Mente, de Vandana Shiva. A forma de ajustar a produo, evitando que surjam o que se costuma chamar de plantas daninhas ou pragas, a quimicodependncia (adubos qumicos, herbicidas qumicos, inseticidas sintticos, etc.).

    A agricultura convencional, portanto, baseada no uso de agr