hoje macau 2 abr 2015 #3304

24
h PUB Ter para ler Os impostos provenientes dos casinos devem descer 27,4%, diz Lionel Leong que, por isso, vai apresentar um orçamento rectificativo com cortes em, pelo menos, três entidades públicas: Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização, Fundo de Turismo e IPIM. O Fundo de Segurança Social e a Fundação também verão as contribuições anuais ajustadas. É o Governo a poupar. Um furo no cinto QUEBRA DO JOGO MOTIVA ORçAMENTO RECTIFICATIVO ÚLTIMA AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB O destino da pataca GRANDE PLANO PÁGINA 3 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 2 DE ABRIL DE 2015 ANO XIV Nº 3304 hojemacau PUB SOCIEDADE PÁGINA 8 PÁGINAS 4-5 ANABELA CANAS De tudo e de nada BOMBA | Avião da Turkish Airlines com destino a Lisboa volta a Istambul Wonderful World Portal de dívidas de Jogo afirma que não houve violação de dados pessoais DEBATE

Upload: jornal-hoje-macau

Post on 21-Jul-2016

243 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Hoje Macau N.º3304 de 2 de Abril de 2015

TRANSCRIPT

Page 1: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

h

pub

Ter para ler

Os impostos provenientes dos casinos devem descer 27,4%, diz Lionel Leong que, por isso,vai apresentar um orçamento rectificativo com cortes em, pelo menos, três entidades públicas: Fundo

de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização, Fundo de Turismo e IPIM. O Fundo de Segurança Social e a Fundação também verão as contribuições anuais ajustadas. É o Governo a poupar.

um furo no cintoQuebra do Jogo motiva orçamento rectificativo

última

AgênciA comerciAl Pico • 28721006

pub

O destinoda pataca

grande plano Página 3

Director carlos morais josé www.hojemacau.com.mo Mop$10 q u i n ta - f e i r a 2 D e a b r i l D e 2 0 1 5 • a n o X i v • n º 3 3 0 4

hojemacau

pub

sociedade Página 8

Páginas 4-5

AnAbelA CAnAs de tudo e de nada

bomba | avião da turkish airlines com destino a Lisboa volta a istambul

Wonderful World portal de dívidas

de Jogo afirma que não houve violaçãode dados pessoais

DebAte

Page 2: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

2 hoje macau quinta-feira 2.4.2015

‘‘édi toon t em

macau

por Carlos Morais José

www.hojemacau.

com.mo

hojeglobalw w w. h o j e m a c a u . c o m . m of a c e b o o k / h o j e m a c a ut w i t t e r / h o j e m a c a u

l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Edite Ribeiro; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

diárioDE

boRDo

A alma e o vazio

Diz-se que o mundo é compli-cado, mas é mentira. O mundo dos homens é relativamente simples. Veja-se, por exemplo, em termos de ideias: andamos há 2500 anos à volta dos mesmos conceitos e divi-dindo a nossa leitura do mundo nas mesmas duas partes: Heraclito ou Parménides? Nietzsche ou Hegel? Mecânica quântica ou Einstein? Na verdade, pouco avançamos desde os Gregos, no modo de conceber a realidade e, sobretudo, de a abordar.Esta impotência civilizacional não pode deixar de ser fonte de angús-tia, de estranheza, de desencanto, de mal estar na pele do humano, esse ser com consciência da morte e capaz de descrever as coisas.

Ao garantir-nos que nunca tere-mos acesso à realidade, Kant não veio melhorar a situação. Terá sido honesto, mas a sua teoria não deixa de transportar uma certa cruelda-de. Refugia-se então na estrutura dos nossos modos de conhecer, coroando-a com o imperativo categórico, para que não fosse mal interpretado pelos poderes vigentes. Nihilismo nunca!, pa-rece gritar horrorizado com a sua primeva e justíssima asserção. Numa palavra, procurou tapar o sol com a peneira, mas os raios da evidência continuam a perpassar desdenhosos e a magoar-nos com a intensidade da sua desrazão.No século XX, a erupção da técnica

é uma espécie de falsa tábua de salvação que, fatalmente, nos faz circular num Maelstrom perigoso e obscuro. Sem os devidos antolhos, sem a devida orientação e limitação (o que parece já impossível) o que hoje chamamos de tecnologia, proporcionará as ferramentas mais radicais, nunca no passado ao dispor dos tiranos, para o controlo das massas. Momentos há em que chegamos mesmo a duvidar se os próprios líderes do futuro não possuirão já, também eles, uma consciência totalmente condicionada pela disseminação de informação controlada pela tecnologia, não se compreendendo muito bem

se existe uma racionalidade nos vencedores ou eles são também um mero produto do sistema.Nihilismo nunca!, gritaria Kant. É, no entanto, esse nada circun-dante que definitivamente nos atrai; o facto de sentirmos que cada tudo é permeado por um vazio que o permite e que lhe imprime movimento. É talvez o momento de não acreditar real-mente em nada, por muito que isso atemorize, para que sejam criadas as condições para o aparecimento de uma nova possibilidade de sobrevivência. Talvez esse vazio seja o que nos faz mover, o que nos anima e por isso talvez o tenham tomado pela alma.

EPA/

YONH

AP S

OUTH

KOR

EA O

UT

horahUM hoMEM coloca flores no Monumento da Paz, dedicado às escravas sexuais coreanas da Segunda Guerra Mundial. O monumento, em frente à embaixada japonesa em Seoul, na Coreia do Sul, representa as agora idosas que serviram como “mulheres de conforto” para soldados japoneses. Ontem, teve lugar uma nova marcha que tem como objectivo ouvir um pedido de desculpas do governo do Japão.

“A nossa vida é sempre a prestar provas. É um exame. Um aluno graduado do curso de enfermagem não significa que é adequado para ingressar em qualquer instituição de saúde. Antes de ser admitido,

tem que fazer prova, para elevar a qualidade profissional. Isso é importante”Alexis Tam, secretário para os Assuntos sociais e Cultura | P. 11

“Não se pode supor que os trabalhadores são sempre os lesados”Kou Hoi in• Deputado, sobre a Lei das Relações de Trabalho

“Vou fazer A Peregrinação’, de Fernão Mendes Pinto, daqui a uns anos. E vai passar em Macau”João BoTelHo• Realizador

“No terceiro trimestre deste ano vamos entregar ao Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) o documento referente à revisão da Lei das Relações Laborais, assim como a revisão da Lei da Contratação de TNR”lionel leong• Secretário para a Economia e Finanças

Page 3: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

hoje macau quinta-feira 2.4.2015 3grande plano

Fil ipa araú[email protected]

n uma entrevista dada ao Hm, na semana passada, o economista albano martins defen-

dia o fim da pataca como a moeda de macau. Contudo, há outros es-pecialistas do sector que ainda têm dúvidas que isto venha a acontecer. “Do ponto de vista histórico, como português, achava piada que a pataca conseguisse [manter-se], mas do ponto de vista económico, não é razoável”, defendeu albano martins, na altura, explicando que “uma única moeda elimina custos de transacção brutais para as empresas, cria um espaço de crescimento muito maior, cria sinergias que duas moedas não criam e portanto”, no futuro, de-vido à dependência do território ao interior da China, “o mais lógico é só usarmos uma moeda”. albano martins defendeu que provavelmente antes de 2049, é muito possível que a moeda local desapareça. “assim que a China tiver o yuan mais internacionali-zado vamos ser absorvidos e eu acho bem, económica e politica-mente tem todo o sentido que isso aconteça”, argumentou.

O assunto invadiu os jornais locais quando Lionel Leong, Secre-tário para a Economia e Finanças, durante a apresentação das Linhas de acção Governativa (LaG), avançou que o Governo quer anular “as restrições preliminares quanto à exploração de actividades em yuan, prestando apoio a institui-ções financeiras na sua expansão no exterior”.

ainda assim, em declarações ao Hm, José João Pãosinho, economista, defende que não se

a ideia foi defendida pelo economista albano martins: a pataca não irá resistir muito mais tempo, ganhando o yuan o papel principal no cenário de macau. a opinião não causa espanto e até pode acontecer, mas outros economistas alertam para a necessidade de autonomia do Governo da RaEm

Opiniões divididas sObre O desaparecimentO da mOeda lOcal

Minha pataca, meu amor

“Estarmos ligados ao dólar americano traz-nos mais problemas do que vantagens, porque nós não estamos a viver numa situação financeira instável, antes pelo contrário”José Luís saLes Marques economista

deve discutir se a “pataca acaba ou não acaba”. “a pataca existe enquanto o Governo de macau e o Governo da China quiserem que

ela exista porque desde os anos 80 que é muito claro que o peso da pataca na circulação monetária de macau é sustentada através dos instrumentos de intervenção da autoridade monetária”, defendeu o economista.

a vantagem económica para o território, ou não, do fim da pata-ca, muito pouco se manifesta, diz Pãosinho. “a pataca existir ou não existir não tem impacto significati-vo”, defende. Excepto do ponto de vista de soberania. Importante será referir, defende, que os impostos são pagos em patacas, ou seja, “embora as operadores de Jogo entreguem em dólares de Hong Kong, esse dinheiro é convertido em patacas e portanto isso faz cria-ção de pataca”. O que, em caso de desaparecimento da moeda local, levaria a uma perda das reservas cambiais.

Este processo de dolarização, isto é, quando uma economia passa a ser expressa na moeda de outro território ou país, é algo que não vai acontecer nos próximo anos segundo a visão de Kin Sun Chan, docente de Finanças da universi-dade de macau (um).

“Não acredito que a pataca vá desaparecer. Esta moeda tem-se mantido por várias décadas o que trouxe algum poder, em-bora simbólico, ao Governo de macau, dando também força ao lema ‘um país, dois sistemas’”, argumentou o académico. O facto de estar ligada ao dólar de Hong Kong, que por sua vez está ligado ao dólar americano, traz,

segundo Kin, alguma segurança e garantia de sobrevivência a médio e longo prazo.

Assim, AssimPara José Sales marques, econo-mista, a existência da pataca “é um elemento importante na caracteri-zação da RaEm”. O economista

considera que, antes da ques-tão económica, é preciso ver a questão política.

“Do ponto vista político, da

própria permanência de certos elementos que

são caracterizadores de uma região administrativa especial, a pataca pode ser um elemento importante, embora concorde com o economista albano martins, o seu valor económico, a partir do momento em que a China internacionalizar a sua moeda, terá um papel económico muito simbólico”, argumenta.

Papel que é cada vez menor, visto que já circulam no território imensos cartões de crédito na moe-da chinesa e da região vizinha de Hong Kong, bem como o próprio dinheiro.

“O valor económico tenderá a chegar a um expressão muito reduzida, tendencialmente igual a zero, mas não há dúvidas, do ponto de vista económico, que a moeda chinesa, depois da internaciona-lização, ocupará um lugar muito forte”, assina.

mas o mais importante no debates, diz, é a questão da pa-taca passar a ficar referenciada à moeda chinesa. “Em vez de estar referenciada ao dólar americano, pela sua ligação ao dólar de Hong Kong, faz muito mais sentido a pataca estar ligada à moeda chine-sa, porque o ciclo económico que nós vivemos, as importações que temos e para além de sermos parte da China, tudo isto é algo muito regional”, argumenta, frisando que a integração de macau na região e na economia chinesa será cada vez maior.

“Não há outra tendência, é inevitável e desejável”, sublinha. “Estarmos ligados ao dólar ame-ricano traz-nos mais problemas do que vantagens, porque nós não estamos a viver numa situação financeira instável, antes pelo contrário”, remata.

Recorde-se que, segundo a Declaração Conjunta Luso-Chi-nesa, a moeda em curso legal na RaEm, continuará em circulação, mantendo-se a sua livre converti-bilidade. “O Governo da Região administrativa Especial de macau será investido da autoridade da emissão da moeda de macau”, declara o documento.

“Não acredito que a pataca vá desaparecer. Esta moeda tem-se mantido por várias décadas o que trouxe algum poder, embora simbólico, ao Governo de Macau, dando também força ao lema ‘Um país, dois sistemas’”Kin sun Chan Docente da universidade de Macau

Page 4: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

4 hoje macau quinta-feira 2.4.2015política

AndreiA SofiA [email protected]

os deputados aprovaram ontem na generalidade a proposta de Lei de Revisão do Orçamento

para 2015, ajustado ao panorama de quebra das receitas do Jogo verificado nos últimos meses. A proposta apresentada ontem pelo secretário para a Economia

DespeDimentos DeputaDas Da Faom votam a Favor De aumento De inDemnizações

Justo para uns, difícil para outroso s deputados aprovaram ontem na

especialidade a revisão à Lei das Relações Laborais no capítulo das

indemnizações em caso de despedimento sem justa causa. A revisão prevê que essa indemni-zação passe de 14 para 20 mil patacas. Apesar das críticas feitas à lei nos últimos meses, as deputadas Ella Lei e Kwan Tsui Hang, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), acabaram por votar a favor do diploma.

“Para conseguir aumentar o valor escolhe-mos aceitar a proposta de lei, mas entendemos que é injusto. Entendemos que não devem haver quaisquer limitações para calcular a indemnização. Pedimos ao Governo para rever o quanto antes esta proposta de lei e eliminar as duplas restrições”, disse Ella Lei na sua declaração de voto, que assinou com Kwan Tsui Hang.

Prometido controlo de gAStoS com viAgenS oficiAiS Ao exteriorsão frequentes as viagens ao exterior do Governo, não só do próprio Chefe do Executivo como também do Fórum Macau e do IPIM. Lionel Leong garantiu ontem na AL que já foi pedido a estas entidades a apresentação das contas e resultados dessas viagens. No dia de votação de um orçamento que espelha a nova fase negativa do sector do Jogo, Lionel Leong prometeu o corte de gastos até nas viagens governamentais. “Pedimos ao IPIM e Fórum Macau para avaliar as deslocações oficiais e ver se cumprem os objectivos. Há que haver um acompanhamento e não basta dizer que foram assinados acordos e cooperações e não basta apresentar um inquérito, tem de se fazer uma avaliação mais adequada”, apontou o secretário.

A quebra nas receitas do Jogo levou o Governo a apresentar no hemiciclo uma revisão orçamental para este ano que prevê cortes aos orçamentos privativos de três entidades públicas. A era da poupança está aí: Lionel Leong garantiu ainda olhar para os gastos das viagens oficiais

aL AprovAdo orçAmento que cortA Apoios A entidAdes públicAs

no poupar é que está o galho

e Finanças, Lionel Leong, prevê uma quebra de 27,3% nas receitas provenientes dos impostos dos casinos, sendo que o valor global da receita pública também sofre um decréscimo de 22,4%.

O novo orçamento prevê, assim, o reajustamento dos orça-mentos privativos de três entidades públicas, nomeadamente do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização, o Fundo de

Turismo e o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). A quebra dos três orçamentos será de quase 18 milhões de patacas. Além disso, também será feito um ajustamento de injecções feitas ao Fundo de segurança social (Fss) e Funda-ção Macau (FM), sendo que esta última terá uma queda ajustável nas receitas provenientes do Jogo de 198 milhões de patacas.

Lionel Leong apresentou isen-ções fiscais para as pequenas e médias empresas e uma diminuição “indispensável” do imposto de selo por transmissão de bens, na ordem dos 19,5%, dada a “descida na quantidade de transacções de transmissão de imóveis”.

Perante o ajuste orçamental, os deputados exigiram ao secre-tário que se avance com a Lei do Enquadramento Orçamental para

que haja maior controlo dos gastos com obras de grande envergadura, tendo apresentado os exemplos do costume, desde o metro ligeiro ao novo terminal marítimo de passageiros.

“Algumas despesas vão ser reduzidas, mas o que mais me preocupa são as despesas da Ad-ministração Pública. Há aspectos do projecto do metro ligeiro que carecem de garantias. se nada se fizer, as receitas vão cair e já não estamos na época das vacas gordas. Vamos entrar numa nova era e es-pero que, quanto às Obras Públicas, se possa controlar melhor, porque existem gastos muito elevados”, criticou o deputado dos Kai Fong, Ho Ion sang.

Chui sai Cheong, deputado indirecto e irmão do Chefe do Executivo, falou de uma proposta “realista e pragmática”, tendo pedido mais detalhes sobre os pro-jectos actualmente em construção. “Espero que em meados de Junho nos possa apresentar algumas in-formações, para que a sociedade possa conhecer da execução das receitas e despesas do primeiro semestre.”

Lionel Leong voltou a falar dos investimentos feitos com o Fundo de Reserva Extraordinária e disse que “há que assegurar que os be-nefícios sociais não venham a ser afectados, nem o funcionamento da Administração”.

“Concordo com as exigências dos deputados, temos de poupar os nossos recursos e tentar criar mais fontes de receitas”, concluiu. Apesar disso, lembrou: “vamos tentar promover as indústrias que não estão ligadas ao Jogo, mas não é fácil que consigam arrecadar as receitas do imposto que vamos perder com o Jogo”.

Já antes Ella Lei havia referido existirem “insuficiências quanto à taxa de aumento”, considerando que 20 mil patacas é um valor que “não consegue resolver a questão de uma garantia justa para os trabalhadores”.

Kou Hoi In, que representa o patronato na Assembleia Legislativa (AL), votou contra o diploma. “Não sou contra a actualização do montante, mas esta lei não consegue dar resposta às dificuldades das empresas de Macau. Há que ter em conta a capacidade do trabalhador e não concordo com a revisão [do montante da indemnização] de dois em dois anos, deve antes ser feita de acordo com a situação económica, se não isso só vai aumen-tar prejudicar a harmonia laboral”, concluiu.

O parecer assinado pelos deputados da 2.ª Comissão Permanente revela que o diploma agora aprovado vai abranger mais de 70% dos trabalhadores das empresas locais e mais

de 90% dos funcionários das PME. É ainda referido que o montante está de acordo com a inflação, para além de “abranger a maioria dos sectores de Macau”. - A.S.S.

Page 5: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

5 políticahoje macau quinta-feira 2.4.2015

AndreiA SofiA [email protected]

C riado há três meses, o novo regime de triagem de doentes nas urgências do serviço público de

saúde já está a ser alvo de críticas. Na sessão plenária de ontem da assembleia Legislativa (aL), o deputado directo Si Ka Lon pediu a criação de novos subsídios por forma a evitar a saída dos profis-sionais de saúde das clínicas de associações sem fins lucrativos.

deve-se “estudar a possibili-dade de atribuição de subsídios directos ao pessoal médico e de enfermagem dos estabelecimentos sem fins lucrativos”, disse Si Ka Lon no período de interpelações orais ao Executivo.

o pedido de subsídios faz-se porque, segundo Si Ka Lon, as as-sociações estão com dificuldades em pagar salários aos seus trabalhadores. “Segundo uma dessas instituições, os seus recursos humanos já são escas-sos e agora, com esta nova medida de triagem, o problema agravou-se. Os Serviços de Saúde (SS) afirmaram que vão contratar 529 profissionais de saúde, portanto as instituições sem fins lucrativos estão cada vez mais preocupadas porque não conseguem oferecer salários como os do Gover-no, por isso vão enfrentar o problema da saída de trabalhadores.”

o deputado directo, número dois de Chan Meng Kam no he-miciclo, pediu ainda a inclusão de mais clínicas privadas no actual sistema de triagem criado pelos Serviços de Saúde (SS).

“deve-se ponderar, depois da devida análise, a inclusão dos es-tabelecimentos médicos privados no sistema de triagem”, defendeu.

oS deputados aprovaram ontem as alterações à Lei orgânica da assembleia Legislativa (aL),

incluindo José Pereira Coutinho e o seu número dois, Leong Veng Chai, que foram os mais críticos deste processo. Em declarações ao HM, Pereira Cou-tinho acusou o vice-presidente da aL, Lam Heong Sang, de ter “cozinhado” o diploma juntamente com a secretária--geral, por forma a promover pessoas do seu círculo próximo.

No final, o deputado disse “dar o seu apoio” às mudanças, tendo lembrado as críticas que tem vindo a fazer. “o projecto de lei constitui uma esperança, mas o regime de promoção pode criar situações de injustiça”, disse. “Votámos a favor, mas lamento que não tenham sido em conta as opiniões dos deputa-dos. Quanto ao regime de promoção, recrutamento e funções dos auxiliares, podem haver situações de abuso, que

muito nos desiludem. Esperamos que não venham a acontecer”, acrescentou na sua declaração de voto.

Quanto à ocupação do cargo de secretário-geral adjunto, que está por ocupar há muito tempo por alegada falta de candidatos, Pereira Coutinho pede “transparência” no processo de nomeação. “internamente há colegas com experiência que podem ser no-meados com justiça e transparência. Espero que haja maior transparência para as nomeações dos dois cargos de secretária-geral adjunta, que estão vagos há muito tempo.”

Gabriel Tong, deputado nomeado, lembrou: “Na nomeação, as pessoas vão ser escolhidas de entre o pessoal. Caso contrário é difícil que as pessoas não pensem porque é que é o A e não o B”.

“depois do seu recrutamento, espero que a secretária-geral possa definir bem as funções dos motoristas e auxiliares.

Parece-me que a possibilidade de promo-ção do pessoal do quadro é mais baixa, porque têm de esperar muito tempo para subir a uma categoria superior”, acres-centou Leong Veng Chai.

Lam Heong Sang garantiu que todos foram ouvidos neste processo e garantiu justiça na implementação da nova Lei orgânica. “Queremos que daqui em diante possamos agir de forma justa e imparcial e cada trabalhador tem de saber claramente quais as suas funções. O pessoal do quadro tem dificuldades em participar num concurso interno. Esta-mos a tentar resolver algumas questões. No corrente ano, espero que na área da Secretária Sónia Chan pode optimizar o regime em prol dos interesses dos trabalhadores”, referiu.

No mesmo plenário foram ainda aprovados o primeiro orçamento suple-mentar da aL para este ano, bem como o relatório e conta de gerência. - A.S.S.

AprovAdA novA Lei orgânicA do hemicicLo. coutinho votA A fAvor

Promoções criam polémica

ProblemAS no regime de triAgem doS doenteS

O deputado Si Ka Lon defendeu ontem que o Governo deve criar “subsídios directos” para o pessoal médico que trabalha em clínicas de associações sem fins lucrativos, por forma a evitar a saída de recursos humanos. É ainda pedida a inclusão de mais clínicas privadas no novo sistema de triagem de doentes

SAúde Si Ka Lon pede SubSídioS para peSSoaL de cLínicaS Sem finS LucrativoS

pagar para não faltar

anunciado no início do ano, o sistema de triagem de doentes pretende transferir os casos menos graves das urgências do público

para o privado. Neste momento colaboram no sistema clínicas de associações tradicionais, como é o caso da aliança do Povo de ins-

tituição de Macau, sem esquecer os hospitais privados Kiang Wu e da Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST).

a falta de recursos humanos é um problema que não só ainda não teve solução como poderá agravar-se, segundo profissionais desta área. “A insuficiência de recursos humanos é um problema suficientemente grave, por isso, as instituições sem fins lucrativos estão muito preocupadas com a rotatividade dos trabalhadores e a sociedade também se questiona acerca do futuro hospital das ilhas, se vai ser possível contratar pro-fissionais suficientes”, lembrou o deputado.

Por isso, Si Ka Lon acredita que se deve “proceder, o quanto antes, à estimativa da procura de profissionais de saúde qualificados e elaborar pro-gramas de formação de talentos, em articulação com a procura dos SS e a formação dos hospitais”.

Na sua interpelação oral antes da ordem do dia, Si Ka Lon não deixou de denunciar alguns problemas que têm ocorrido na implementação do novo sistema de triagem de doentes. “Nas clínicas privadas há alguns médicos que, depois de

efectuado o diagnóstico, disponibilizam aos doentes medicamentos sem nome e não passam as respectivas receitas, portanto há que melhorar as regras, por forma a garantir o direito a informação dos doentes. Em caso de erro médico grave,

as autoridades judiciárias ou policiais solicitam o relatório da autópsia, mas esta é feita por peritos médico-legais dos SS, por isso a sociedade tem dúvidas sobre a sua imparcialidade”, referiu, como aliás já tinha dito ao HM.

Page 6: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

6 publicidade hoje macau quinta-feira 2.4.2015

NOTIFICAÇÃO EDITAL Nº. 17/15(Trabalho illegal – Exercício do direito de defesa)

Considerando que se revela ser impossível notificar, nos termos dos artigos 10º. e 58º. do Código do Procedimento Administrativo , aprovado pelo Decreto-Lei nº. 57/99/M, de 11 de Outubro, os indivíduos abaixo mencionados, por ofício, telefone, pessoalmente, ou outra forma, Lurdes Maria Sales, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho (DIT), manda que se proceda, nos termos do nº. 2 do artigo 11º. do Decreto-Lei nº. 52/99/M, de 4 de Outubro, conjugado com o artigo 94º. do mesmo Código, à notificação dos indivíduos abaixo mencionados, para no prazo de 15 (quinze dias), a contar do 1º. dia útil seguinte ao da publicação do presente édito, exercerem por escrito os seus direitos de defesa, em virtude de terem eventualmente cometidos infracção ao disposto no Regulamento Administrativo nº. 17/2004, de 14 de Junho – Regulamento sobre a Proibição do Trabalho Ilegal e à Lei nº. 21/2009 de Outubro – Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes.Os eventuais infractores abaixo mencionados poderão levantar, dentro das horas de expediente, a respectiva Nota de Culpa no DIT, sito na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, nºs. 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1º. andar, em Macau, sendo também facultados a consulta dos respectivos processos. Findo o prazo acima referido, os processos seguirão as respectivas tramitações nos termos do Código do Procedimento Administrativo.

1. Relativamente ao processo nº. 6941/2013:a. LI SIU HONG (titular de Bilhete de Identidade de Residente

Permanente de Hong Kong) é suspeito de prestar trabalho na RAEM, sem a competente autorização e permanecer na RAEM na qualidade de trabalhador, cometendo eventual-mente infracção ao disposto na alínea 1) do nº. 5 do artigo 32º. da Lei nº. 21/2009, de 27 de Outubro – Lei da Contrata-ção de Trabalhadores Não Residentes.

b. CHEUNG KA CHUN (titular de Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Hong Kong), é suspeito de prestar trabalho na RAEM, sem a competente autorização e per-manecer na RAEM na qualidade de trabalhador, cometendo eventualmente infracção ao disposto na alínea 1) do nº. 5 do artigo 32º. da Lei nº.21/2009, de 27 de Outubro – Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes.

2. Relativamente ao processo nº. 9387-2014:SIU TSZ FUNG (titular de Bilhete de Identidade de Residen-te Permanente de Hong Kong), é suspeito de ter exercido ac-tividade em proveito próprio, sem a competente autorização administrativa para esse efeito, cometendo eventualmente infracção ao disposto na alínea 4) do artigo 2º., conjugado com o nº.1 do artigo 3º. do Regulamento Administrativo nº. 17/2004, de 14 de Junho – Regulamento sobre a Proibição do Trabalho Ilegal.Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departa-mento de Inspecção do Trabalho, aos 27 de Março de 2015.

A Chefe do DIT,Lurdes Maria Sales

Page 7: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

pub

7 políticahoje macau quinta-feira 2.4.2015

Concurso Público n.º 1/2015Concurso Público para a Prestação de Serviços de Limpezaà Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública

O embaixador André Panzo, que representa os países de língua portuguesa no Fórum

Macau, defendeu ontem que a nova plataforma de serviços criada na internet é um “facto histórico” que reforçará a ligação da lusofonia à China e vice-versa. Virtualmente, o novo portal desenvolvido pelo Instituto de Promoção do Comér-cio e do Investimento de Macau (IPIM) vai disponibilizar contactos de bilingues - português/chinês - em todos os países, terá uma base de dados de produtos alimentares dos países de língua portuguesa, informações de convenções e ex-posições, legislação, cooperação e investimentos e informações económicas e comerciais.

“É um facto histórico. Há muito que fazia falta este elo de ligação que permitirá conhecer a realidade de cada um dos países, de integrar e fazer negócios”, afirmou o embaixador no lançamento do novo portal.

“A nossa localização geográfi-ca é dispersa, mas com este podero-so instrumento à nossa disposição estamos em contacto a todo o mo-

Flora [email protected]

o vice-presidente da Asso-ciação de Comércio Elec-trónico de Macau, Willian

Ku, considera que há ainda muito a fazer na questão da legislação do comércio online e das plataformas de pagamento online através de uma terceira parte. Depois da ideia deixada pelo Secretário para a Eco-nomia e Finanças, Lionel Leong, na Assembleia Legislativa (AL) na segunda-feira, quando o responsável disse que vai realizar um estudo sobre os problemas legais deste tipo de serviço em conjunto com a Autoridade Monetária de Macau (AMCM), William Ku pede que haja uma eliminação das barreiras que considera existirem actualmente.

China pedeajuda ao CCACUm ministro do Governo Central pediu recentemente ajuda ao Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) na captura de fugitivos corruptos do continente. A notícia do jornal de Hong Kong South China Morning Post, citada pela Macau Business, avança que o Ministro da Supervisão chinês, Huang Shuxian, disse ao actual Comissário do CCAC, André Cheong, que estava confiante na cooperação da RAEM nesta medida, no sentido de uma “cooperação pragmática com o CCAC para reforçar a captura de fugitivos [da China]”. Recorde-se, no entanto, que actualmente a RAEM não tem acordos de extradição com a mãe-pátria.

Carlos Marreiros nomeado curadordo Fundo para as Indústrias Culturais

Pac on centro de Produtos

PLP EMBAixAdoR REAlçA REfoRço CoM A CHinA CoM novA PlAtAfoRMA dE SERviçoS

“Um facto histórico”Já está criado o novo site que vai permitir aos países de língua portuguesa fazer negócios online com a China. O site foi apresentado ontem, no dia em que Echo Chan anunciou ainda que o centro de distribuição de produtos da lusofonia vai ficar no Pac On

ComérCio onLine AssoCiAção Pede eLiminAção de bArreirAs

Por “leis apropriadas” O vice-presidente da Asso-

ciação de Comércio Electrónico de Macau referiu ao Jornal Ou Mun que o pagamento através de terceira parte envolve situações como depósitos e liquidação, mas a actual legislação da RAEM per-mite apenas pagamentos através de estabelecimentos de crédito, ou seja, bancos, a Caixa Económica Postal e a Macau Pass.

“Uma série de situações rela-tivas a esse serviço ainda estão vazias, sem leis.”

Um dos principais problemas, nota o responsável, está nas lojas

online, cujo tamanho de negócio “pode ser tão pequeno” que estas correm riscos aquando da verifi-cação da autenticidade das tran-sacções. E, como têm de cooperar com os bancos, “o custo será alto” e podem não ter vontade para levar a cabo essa cooperação.

Além disso, diz, “actualmente a entrada de capital nos estabele-cimentos de crédito é alta, pelo que PME podem não se adequar a isso”.

O presidente da AMCM, An-selmo Teng, esclareceu também na terça-feira que existem hoje

em dia obstáculos legais no de-senvolvimento da plataforma em causa, ainda que tenha deixado a promessa de rever as respectivas leis ou elaborar uma nova lei, para que a plataforma de pagamento através de uma terceira parte possa ser desenvolvida em Macau.

William Ku acredita que, caso a AMCM elimine esses obstáculos legais, vai conseguir-se promover o comércio electrónico em Macau, já que muitas companhias “promo-vem os serviços e produtos através das redes sociais”. O responsável pede, por isso, “leis apropriadas”.

CARLOS Marreiros vai deixar de ser mem-

bro do Conselho para as Indústrias Criativas e vai passar a curador do Fundo das Indústrias Culturais. O arquitecto macaense vai ser substituído no cargo por Al-vin Chau, director-executivo do Suncity Group.

O anúncio foi publica-

do em despacho do Bole-tim Oficial, assinado por Alexis Tam, sendo que o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura admitiu ter sugerido ao Chefe do Executivo que Carlos Marreiros fosse incluído no Conselho de Curadores do Fundo das Indústrias Culturais. “Como é um es-pecialista nesta área, sugeri ao Chefe do Executivo. Ele tem de trabalhar mais para as indústrias criativas. Fica noutro cargo, que é impor-

tante”, justifica Alexis Tam, citado pela Rádio Macau.

Carlos Marreiros deixa, então, de ser membro do Conselho para as Indústrias Criativas, lugar qiue passa a ser ocupado pelo director--executivo do Suncity Group, Alvin Chau, que vai manter-se em funções durante dois anos. “Em Hong Kong, a maior parte dos cinemas, dos filmes, foi ele que fez ou investiu. Para nós, é uma pessoa adequada para este lugar”, explica Alexis Tam aos microfones da rádio.

mento”, defendeu André Panzo ao salientar também que “num mundo globalizado” a ligação informática “não se pode evitar”.

Já Jackson Chang, presidente do IPIM, salientou, por sua vez,

que o novo portal “vai reforçar o papel de Macau como plataforma de serviços para a cooperação eco-nómica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa” e “acelerar a disseminação de informação sobre oportunidades de negócio e outras novidades ligadas ao comércio de produtos alimentares, assim como de infor-mação de profissionais bilingues e dados referentes a convenções e exposições.

O mesmo responsável prome-teu continua actualização do portal “em função da evolução dos vários mercados abrangidos”. - LUsA/Hm

O centro de distribuição de produtos dos países de língua portuguesa em Macau deverá ficara localizado no novo porto do Pac On, na ilha da Taipa, embora esteja prevista uma primeira localização provisória na península de Macau. Em declarações aos jornalistas, Echo Chan, coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretário Permanente do Fórum Macau, explicou que a criação do centro é um dos trabalhos em desenvolvimento pelo IPIM e que estará em funcionamento antes da próxima reunião ministerial do Fórum, em 2016. “Está previsto que as instalações definitivas fiquem na

ilha da Taipa, na zona do Pac On, mas entretanto haverá instalações provisórias em Macau e do que sei será na zona do Tap Seac”, disse Echo Chan.

Nos termos previstos no artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o despacho da Secretária para a Administração e Justiça, de 23 de Março de 2015, a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para a prestação de serviços de limpeza à Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública. A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados poderão dirigir-se ao balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, nos dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, para a obtenção da cópia do programa do concurso e do caderno de encargos, mediante o pagamento da importância de MOP100,00 (cem patacas) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica: www.safp.gov.mo. A sessão de esclarecimento sobre este concurso terá lugar no próximo dia 15 de Abril de 2015, pelas 11,00 horas, na sala de reuniões, sita no 26º andar, do Edifício Administração Pública, sito na Rua do Campo, n.º 162. Caso os interessados tenham dúvidas sobre o programa e o caderno de encargos deste concurso, devem apresentá-las até às 17,30 horas do dia 14 de Abril de 2015, de acordo com a forma estabelecida no

respectivo programa do concurso, para que as dúvidas sejam clarificadas na sessão de esclarecimento. O prazo para a apresentação das propostas termina às 17,30 horas do dia 21 de Abril de 2015, não sendo admitidas fora do prazo. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido no Balcão de Atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, e entregar uma garantia bancária no valor de MOP30.000,00 (trinta mil patacas), a favor da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública ou efectuar um depósito em dinheiro no banco indicado, para efeitos de caução provisória deste concurso. O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 22 de Abril de 2015, pelas 11,00 horas, na sala de reuniões, sita no 26º andar, do Edifício Administração Pública, na Rua do Campo, n.º 162. Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, aos 25 de Março de 2015.

O Director, subst.º

Kou Peng Kuan

Page 8: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

hoje

mac

au

S eis associações de táxis encontraram-se ontem com a Direcção dos serviços para

Assuntos de Tráfego (DsAT), a quem pediram que suspendesse temporariamente a emissão de licenças de táxis. isto porque, defendem, há uma insuficiência “grave” de taxistas profissionais e um elevado custo com a compra de veículos ecológicos.

Cerca de 14 membros da Asso-ciação das Taxistas de Macau, da Associação Geral dos Comercian-tes de Trânsito e de Transporte de Macau, da Associação Geral dos Proprietários de Táxis de Macau, da Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau, da União das Associações do sector de Táxis e da Associação de Locatários de Táxis comunica-ram na terça-feira com oficiais da DsAT. Discordam com a emissão

FSS Falsificaçãode dados para conseguir benefícios O caso começou a ser investigado depois da Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) ter anunciado ao Fundo de Segurança Social (FSS) que um residente local possuía dois bilhetes de identidade de Macau. Depois de uma investigação por parte das autoridades, descobriu-se que o residente aproveitou as duas identidades para “efectuar a inscrição repetida como beneficiário e pagar as contribuições, estando a gozar da pensão para idosos duplamente”. O residente em causa tentou ainda aumentar o número de trabalhadores residentes, requerendo uma quota destes através da empresa da qual é responsável. O FSS cancelou a inscrição de um dos beneficiários e as respectivas contribuições, tendo sido solicitado ao residente a reposição do valor. O caso foi agora entregue ao Ministério Público.

Wonderful World FunDaDOr rejeIta ter vIOlaDO leI De DaDOS PeSSOaIS

“devedores revelaram identidade de livre vontade”Charlie Choi é o fundador do site Wonderful World, que divulga os nomes de quem deve dinheiro aos casinos de Macau, e vai ser presente a tribunal por ter, alegadamente, violado a Lei de Protecção de Dados Pessoais. O responsável nega, contudo, até porque salienta que foram os próprios jogadores quem forneceuesses dados

Táxis ConduTores querem suspensão Temporário de emissão de liCenças

Queixas de que não chega para todos

Flora [email protected]

O responsável do site “Wonderful World”, Charlie Choi, não considera que o site

que dirige, em endereço chinês “99World”, que revela informa-ções sobre os apostadores com dívidas nos casinos de Macau, viole a Lei de Protecção de Dados Pessoais. Ainda assim, Charlie Choi vai mesmo a tribunal.

O responsável afirmou que o trabalho desenvolvido até agora pelo Governo não tem sido sufi-ciente e esta forma de divulgação pela internet pode ser uma boa ajuda, algo que já tinha dito ao HM. Apesar de já ter dado uma entrevista ao nosso jornal, em Julho de 2014, dando a cara, esta semana, questio-nado pelo HM, Charlie Choi negou ser o fundador do site em causa.

A primeira audiência do caso em tribunal, onde Choi vai ser acusado por violação de dados pessoais, está marcada para 16 de Abril. O responsável, para quem a divulga-ção dos dados é algo perfeitamente natural, disse que ainda não decidiu nada e irá ouvir as opiniões do seu advogado sobre o assunto.

seja como for, Charlie Choi acredita que as operadores de Jogo concordam com o seu ponto de vista. “Se se fizer um questionário a todos os trabalhadores do Jogo, quem vai discordar deste site? Não é uma violação de privacidade, os devedores deram de livre vontade as fotos e documentos de identi-dade aos credores para porem no site, estas informações não foram roubadas”, argumenta.

Para o responsável, o Governo não deve ter uma postura de comba-te ao site. “Que erro tem este site? Ajuda muito a sociedade, alerta ao público que quando alguém fizer mal todos vão saber. Quan-do alguém engana outro alguém por dinheiro, ainda vamos estar a protegê-lo?”, questiona.

sem nenhuma acção que funcione por parte do Governo, o responsável diz que o Executivo está a deixar as dívidas passarem sem dar importância.

“Porque é que os credores não procuram uma solução do exe-cutivo mas sim através do site? Uma vez chamei a polícia para procurar um devedor, depois de mais de um ano, não tive novidades nenhumas”, argumenta.

Exemplificou o responsável que o Tribunal supremo Popular da China tem também um site onde publica dados pessoais de cidadãos “desonestos”, ou seja, que não cumpriram as suas obri-gações. “É uma coisa normal, de forma a todos serem responsáveis. Caso não tenha capacidade de devolver dinheiro, ninguém vai emprestar”, defende. “Não que-remos que a imagem de Macau seja destruída por devedores malandros”, disse ainda.

de mais licenças de táxi, prometida pelo Governo à população, que se queixa precisamente da falta deste tipo de transporte.

O vice-presidente da Asso-ciação das Taxistas de Macau apontou que, hoje em dia, há falta de recursos humanos e que a falta de taxistas profissionais é um enorme obstáculo ao sector,

pelo que, defende, mais licenças para táxis vão apenas complicar esta luta.

“As 200 licenças de táxi lança-das em Maio do ano passado ainda não estão completas, porque ainda faltam mais de 160 taxistas, fazen-do com que mais de 80 táxis não possam entrar em funcionamento. Isto influencia os rendimentos

[dos outros condutores] e agrava os conflitos pela luta de recursos humanos.”

Tai Kam Leong sugere, assim, que a autoridade suspenda a emis-são de licenças de táxi, assim como ajude a resolver o problema da falta de taxistas profissionais.

Confrontando ainda com a questão dos custos da manutenção e reparação de táxis mais ecológi-cos, Tai diz que este valor é três vezes superior face aos velhos car-ros e que não é possível equilibrar as despesas e rendimentos pelo facto das tarifas serem semelhantes para todos táxis. Recorde-se que a introdução de carros mais amigos do ambiente foi implementada pela DsAT, mas o responsável considera que isto não trouxe benefícios ao sector e espera que o Governo ajude financeiramente nesta questão. -f.f.

tiag

o al

cânt

ara

8 hoje macau quinta-feira 2.4.2015sOciedade

charlie choi

Page 9: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

tiag

o al

cânt

ara

9 sociedadehoje macau quinta-feira 2.4.2015

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

oS paSSoS em volTa • Herberto HelderAparentemente um livro de contos, histórias de enredos simples, mas romanticamente transcendentes, representam os passos de um homem em torno da sua existência, sem respostas paradigmáticas, num vazio que se procura transformar em matéria. Sobeja-lhe o corpo, divino, prodigioso e redentor, onde regressa sempre.

poemaS CompleToS • Herberto Helder“Poemas Completos” é o título para o livro que passou a reunir a poesia de Herberto Helder. Esta obra segue a fixação empregue na edição anterior, “Ofício Cantante”, e inclui já os esgotados “Servidões” — considerado por grande parte da crítica especializada como o livro do ano em 2013 — e “A Morte Sem Mestre”.

Leonor Sá [email protected]

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cul-tura, Alexis

Tam, disse ontem que uma das prioridades na relação entre Angola e a RAEM pas-sa pela formação de quadros profissionais na área do Tu-rismo. Para a representante do Ministério da Hotelaria e Turismo de Angola, Rosa Cruz, o mais importante é formar pessoas angolanas ao nível básico e médio para trabalhar nas grandes infra-estruturas hoteleiras que neste momento estão a ser erigidas.

No entanto, não foram ainda revelados dados acer-ca do valor de investimento desta iniciativa, nem acerca do prazo de início do referido projecto. As afirmações dos dois dirigentes foram feitas à margem de um evento que serviu para assinar um memorando de cooperação entre a RAEM e Angola, na área do Turismo.

“Isto é benéfico para ambas as partes e não apenas para Angola porque também nós ganhamos com isto [as-sinatura do memorando]”, disse Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Questionado quan-to aos valores do investimen-to feito nesta cooperação, Alexis Tam preferiu deixar estas informações para a apresentação das suas Li-nhas de Acção Governativa (LAG) da sua tutela, que acontece nos próximos dias 13 e 14.

Para a directora dos Ser-

Menos casas vendidas em Fevereiro O número de casas vendidas em Macau no mês

de Fevereiro caiu 31,5% em termos anuais e 56,8% em termos mensais, segundo os dados dos Serviços de Finanças ontem

divulgados. De acordo com os dados oficiais, contabilizados a partir das declarações para

liquidação do imposto de selo por transmissões de bens, foram vendidas, no mês de Fevereiro, 313 casas em Macau, menos 31,5% que no mesmo mês de 2014 e menos 56,8% que em Janeiro deste ano. A grande maioria dos imóveis transaccionados, 262, localiza-se na península de Macau. No total, os preços registaram uma diminuição de 1,16% em termos anuais, ainda que em Coloane tenham subido 34,1%. Assim, em Fevereiro o metro quadrado valia, em termos gerais, 89.352 patacas, mas em Coloane o preço médio do metro quadrado fixou-se em 143.519 patacas. Já em termos mensais, registou-se uma subida de 4,24% nos preços da habitação, igualmente mais acentuada em Coloane, onde aumentou 17,8%.

Jogo Receitas voltam a cairAs receitas dos casinos caíram em Março 39,4% para 21.487 milhões de patacas, cumprindo o décimo mês consecutivo de diminuição homóloga das receitas. Com os resultados de Março, os casinos fecharam o primeiro trimestre com uma receita global de 64.777 milhões de patacas, menos 36,6% do que entre Janeiro e Março de 2014. No final de Março a diminuição da receita do jogo agravou em cerca de 1,5 pontos percentuais a diminuição das receitas depois do acumulado dos primeiros dois meses traduzir 35,1% de queda.

Turismo ANgOlA vAi FOrMAr peSSOAl De HOtelAriA eM MACAu

Calendário por acertarA RAEM assinou ontem mais um memorando de cooperação com Angola, desta vez dando ênfase à área de formação turística de jovens angolanos no território. A ideia passa pelo intercâmbio universitário, pela promoção de Angola em Macau e vice-versa

viços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, a coope-ração deverá passar essen-cialmente pela formação de quadros que, embora não seja a única medida prevista neste acordo, será certamen-te uma das primeiras.

“Sobretudo vamos co-meçar com as acções de

formação e já tivemos esta formação com outros países. Não é só em termos de teoria porque as pessoas têm oportunidade de vir es-tagiar connosco”, começou a responsável por explicar. “Assim as pessoas podem ver ‘in loco’ os nossos tra-balhos, aquilo que estamos a

fazer, os nosso regulamentos em termos de Turismo e este é um importante passo para um intercâmbio mais estreito”, continuou Helena de Senna Fernandes.

resoLver a debiLidadePara a directora da DST, Angola é, sem dúvida, um

“país de peso” e a questão dos acordos e das acções de formação são, para a respon-sável, uma das “últimas pe-ças” para o desenvolvimento destes países.

“Já completámos este ciclo e daqui para a frente há oportunidades para incen-tivar os nossos operadores turísticos para irem ou os operadores de Angola a virem cá conhecer Macau e assim podermos incentivá--los a ter mesmo negócios e não só o intercâmbio em si”, acrescentou a responsável.

Para Rosa Cruz, uma coisa é certa: “Angola ain-da tem alguma debilidade, concretamente na área da formação [em Hotelaria]”. Este memorando vem, para a dirigente angolana, “abrir portas” para ajudar neste sector no qual Angola, confessa, tem ainda várias lacunas.

Já para Helena de Senna Fernandes, a assinatura deste memorando mostra que co-meça a ser precisa a teoria e acordos de amizade entre os países, mas essencialmente “trabalhar mais no terreno”.

Para a directora do Ga-

binete de Intercâmbio Inter-nacional do Ministério de Hotelaria e Turismo da Repú-blica de Angola, a formação mais importante é a de nível básico e médio, que implica pessoal de cozinha, de paste-laria ou de recepção. Quando questionada sobre a relação entre o turismo e o estado de segurança individual no seu país, Rosa Cruz referiu que “Angola vive uma paz efectiva há 12 anos”, acrescentando que a reabilitação das estradas permite que se circule “livre-mente” naquele país.

A responsável não se pronunciou acerca das ale-gações de falta de segurança em Angola que têm sido feitas, justificadas pelo de-correr de vários incidentes envolvendo muitas vezes cidadãos portugueses. A assinatura deste memorando pressupõe oito diferentes pontos, entre os quais se encontram a troca de expe-riências em matéria de siste-mas de planeamento, gestão e certificação da actividade turística e a promoção da cooperação e parcerias entre PME turísticas de ambas as partes.

Page 10: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

pub

10 sociedade hoje macau quinta-feira 2.4.2015

Joana [email protected]

A Universidade de Macau (UM) nega ter qualquer acto discriminatório face a estudantes com

deficiências básicas que querem in-tegrar o ensino superior. A garantia foi dada pela própria universidade num comunicado enviado ao HM, depois de uma reportagem deste jornal dar conta desta situação em diversas instituições de ensino superior do território.

“Gostaríamos de esclarecer que esta situação não se aplica à nossa universidade”, frisa a UM, que acrescenta ainda estar “empenhada na igualdade de oportunidades para os alunos”.

A reportagem do HM, re-corde-se, debruçava-se sobre as dificuldades sentidas por alguns alunos com deficiências visuais ou auditivas. Num dos casos ouvidos pelo nosso jornal, o de Ivy Kuok, a jovem disse ter sido apenas

Deficientes UM nega discriMinação

Aqui não há aceite pela Universidade de São José (USJ). Isto porque terá sido apenas esta instituição que lhe permitiu fazer apenas o exame oral para entrar, mesmo que Ivy tivesse aceite fazer o exame escrito, ainda que com a ajuda de “uma lupa electrónica”. Todos os exames de acesso da UM e do IPM, como nos disse a jovem, impedem os alunos de levar produtos electrónicos. E não foi aberta qualquer excepção no caso da jovem.

Ainda assim, o exemplo de Ivy é negado pela universidade, que, num comunicado, assegura que “fornece, activamente, assistência aos alunos com deficiências tanto no processo de admissão, como durante os seus estudos na universidade.”

A UM fala inclusive em po-líticas de admissão para estes estudantes, que foram aprovadas “a 27 de Março de 2009”.

“Temos ainda o Comité de Serviços dos Estudantes com Deficiências, que tem como ob-jectivo assegurar que os estudantes

com deficiências tenham serviços apropriados às suas necessidades durante o tempo em que estudam na nossa universidade”, garante a UM.

A instituição assegura ainda que há “políticas especiais” nos exames de admissão, que passam por exem-plo por “visitar os estudantes nas es-

colas para perceber as circunstâncias e fazer arranjos especiais de acordo” com essas necessidades.

No documento enviado ao HM pela UM sobre as condições de acesso destes alunos, pode ler-se que os casos são analisados “indivi-dualmente”, mas que, à data de 18 de Março de 2009, a universidade não tinha quaisquer regras para a admissão destes estudantes, sendo que foram, então elaboradas novas regras.

Os alunos, de acordo com essas linhas, podem dizer voluntaria-mente a sua deficiência, ainda que só se a disserem é que poderão ter esses arranjos especiais, sendo que terão de apresentar um relatório médico que a comprove.

Passam, depois, por um Co-mité interno que decide a sua admissão e, sendo aceites, podem ser “retirados” da obrigação de fazer o exame de acesso, ainda que tenham de passar por outro tipo de exames.

Especialistas ouvidos pelo HM na reportagem referida garantem que, muitas das vezes, as regras das universidades não se aplicam na prática, mas a universidade garante até que, no caso de serem aceites, os estudantes podem até ter alguém responsável pela sua estadia no campus.

gonç

alo

lobo

pin

heir

o

Page 11: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

11 sociedadehoje macau quinta-feira 2.4.2015

Flora [email protected]

leonor Sá [email protected]

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, mostrou-se surpreen-

dido com o facto da maioria dos membros do Conselho para As-suntos Médicos ter votado contra a obrigatoriedade de realização de exames e estágios para enfermeiros licenciados em instituições locais. A implementação desta medida no Regime Legal de Qualificação e Inscrição para o Exercício de Actividade dos Profissionais de Saúde está actualmente a ser dis-cutida. A surpresa, refere o canal chinês da Rádio Macau, é justifi-

EnfErmEiros Alexis TAm surpreendido com discórdiA gerAl sobre exAmes exTrA

“A nossa vida é a prestar provas”O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, mostrou-se ontem surpreendido com o facto da classe profissional de enfermeiros estar agora contra a implementação de mais exames e estágios para jovens recém-licenciados no território. De acordo com Tam, a maioria concordava coma medida e esta,diz, é necessária

Tabaco ProPoSTa de lei enTregue ao conSelho execuTivo

hoSPiTal daS ilhaS deSign de eSPaço PronTo eM agoSTo

cada pelo dirigente pela facto de, após 20 reuniões, a maioria dos membros e grupos de enfermeiros se ter mostrado de acordo com os exames extra.

“Em muitos países desenvol-vidos, os profissionais de saúde precisam de fazer exames perió-dicos e hoje em dia as técnicas de saúde avançam rapidamente, razão pela qual os profissionais se devem servir dos exames para saberem o que falta e em que nível

se encontram”, disse o responsável. “Isto é óbvio não só para o sector de enfermagem, mas também para outras áreas”, acrescentou Alexis Tam.

De acordo com o Secretário, o objectivo final da entrada em funcionamento deste Regime é de “elevar o nível profissional prestado nos cuidados de saúde”. Tam refere que o Governo encara o assunto com uma atitude “aberta”, frisando que não há ainda qualquer

decisão conclusiva, uma vez que a questão se encontra ainda em “fase de consulta”.

No entanto, Alexis Tam insiste na necessidade de implementar a medida. O mesmo se aplica à obrigatoriedade de os licenciados em enfermagem terem de fazer um novo estágio – não curricular – para completarem o processo de registo profissional.

“A nossa vida é sempre a prestar provas. É um exame. Um aluno

graduado do curso de enfermagem não significa que é adequado para ingressar em qualquer instituição de saúde. Antes de ser admitido, tem que fazer prova, para elevar a qualidade profissional. Isso é importante”, defende Alexis Tam, citado pela rádio.

O Secretário fez as declarações no programa Macau Talk, onde foi o primeiro alto cargo, desde a transferência de soberania, a participar.

Gcs

Alexis Tam anunciou ainda que a proposta da revisão da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo já foi concluída e será brevemente entregue ao Conselho Executivo. O anúncio surgiu em resposta a um dos ouvintes, que justificou a não-implementação da proibição total por receio que da queda das receitas do Jogo, algo que, explica, acaba por influenciar o rendimento da população. Alexis Tam argumentou que, de acordo com um relatório sobre a revisão deste diploma, a

esmagadora maioria da população concorda com esta medida. “O Governo da RAEM tem recursos financeiros suficientes para ser capaz de manter todas as políticas do bem-estar da população e não precisa de se preocupar com a queda de receitas, nem vale a pena pensar no aumento dos lucros receitas através do sacrifício da saúde da população e dos turistas. Além disso, as despesas de saúde provocadas pelo tabaco serão ainda maiores”, colmatou o dirigente.

Alexis Tam prevê que o design total do Complexo de Cuidado de Saúde das Ilhas esteja finalizado em Agosto deste ano. Ao canal chinês da Rádio Macau, o dirigente confirma que a obra de alicerces foi já iniciada, sobretudo o edifício principal, instituto de enfermagem e nos edifícios de residência. No entanto, não está ainda decidido quem vai ser a empresa responsável pela construção, que deverá ser escolhida através de concurso público.

Page 12: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

hoje macau quinta-feira 2.4.201512 publicidade

Page 13: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

hoje macau quinta-feira 2.4.2015 13eventos

o Harvard Film Archive, cinemateca da Univer-sidade de Harvard, em Boston, Estados Uni-

dos, dedica esta semana uma retros-pectiva ao cinema dos realizadores portugueses João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, revelou a Cooperativa Curta-Metragens. Sob o título “A caminho de Macau”, o ciclo tem início na sexta-feira, com a presença dos dois realizadores, que colaboram há vários anos, e inclui a série de filmes asiáticos assinados

AS responsáveis da com-panhia de dança por-tuguesa ‘Amálgama’

vão estar em Macau a partir da próxima semana para apre-sentar uma série de conceitos

FAM Espectáculos adicionaispara peças de teatro e música

O Instituto Cultural (IC) vai adicionar actuações aos programas mais procurados no XXVI Festival de Artes

de Macau (FAM), onde se incluem espectáculos de teatro de companhias portuguesas. Os bilhetes vão ser postos à venda hoje, ainda que sejam limitados.

O IC organiza, assim, actuações adicionais do espectá-culo ‘Roberto Zucco’, pela Associação Teatro de Sonho, no dia 17 de Maio, ‘Terceira Idade’ pelo Teatro Praga, no dia 23 de Maio, ‘Os Contos de Fadas Bizarros’, pela Asso-ciação Breakthrough, no dia 24 de Maio – todos às 15h00 – e ‘Música da Imaginação’, um concerto especialmente dedicado ao Dia da Criança, pela Orquestra de Macau, no dia 30 de Maio, pelas 17h00. Os bilhetes estarão disponí-veis através do website e telefone na Bilheteira Online de Macau, a partir das 10h00 de hoje.

“Iec Long” e “A Última Vez que Vi Macau” são dois dos filmes a passar na Universidade de Harvard, num ciclo de cinema dedicado a realizadores portugueses que viram no território uma inspiração

Cinema CiClo dediCado a filmes de Guerra da mata e João rodriGues

macau projectado em Harvardpor ambos: as curtas-metragens “Iec Long” (2014), “Mahjong” (2013), “Alvorada vermelha” (2011), “China China” (2007) e a longa-metragem “A última vez que vi Macau” (2012).

Além destes, o Harvard Film Archive exibirá ainda, até ao dia 6 de Abril, “O que arde cura” (2012), primeiro filme de João Rui Guerra da Mata, “Manhã de santo António” (2012), “O corpo de Afonso” (2013) e “Allegoria della Prudenza” (2013), todos de João Pedro Rodrigues.

Conhecedor do cinema português contemporâneo, o director do Har-vard Film Archive, Haden Guest, escreve, na nota de apresentação deste ciclo, que os dois realizadores portugueses “criaram uma série de filmes impressionantes e polimórfi-cos que vão para além da definição tradicional do documentário e da narrativa”.

A mais recente colaboração dos dois realizadores, a curta “Iec Long”, sobre a antiga fábrica de panchões

da Taipa, tem andado a percorrer vários festivais.

A 10 de Abril abrirá a mostra Art of Real, organizada pela New York’s Film Society, no Lincoln Center, Nova Iorque.

De acordo com a cooperativa cultural, João Pedro Rodrigues é actualmente bolseiro do Radcliffe Institute, da Universidade de Har-vard, a propósito do próximo filme, “O Ornitólogo”.

A Cinemateca de Harvard tem feito, nos últimos, uma programação atenta ao cinema português, tendo já exibido ciclos dedicados, por exemplo, a Pedro Costa, João César Monteiro e Manoel de Oliveira.

Em 2014, organizou em Lisboa um ciclo que pôs em diálogo o cinema português com a cinemato-grafia estrangeira, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian.

Na altura, Haden Guest referiu-se ao cinema português como “um baú de tesouros”, que os norte-america-nos estão ainda a descobrir.

Dança CompanHia lusa vem a maCau para CiClo De Cursos intensivos

Fado e Flamenco conquistam a Ásianum ciclo de workshops entre os dias 6 e 12 deste mês. Ale-xandra Battaglia e Joana Silva organizam, juntamente com a companhia Macau no Coração, cursos com o intuito de mostrar

aos curiosos e interessados conceitos como o de fusão contemporânea entre culturas de danças africana e ibérica ou das diferentes línguas corporais e de movimento. Outro dos enfoques será a explicação de novas estruturas espaciais e uma breve história das coreográficas tipicamente europeias e portuguesas em especial. A iniciativa está integrada no Programa de Intercâmbio Cultural Ásia--Portugal. O Fado estará, de acordo com a organização, bastante presente, tal como os géneros de dança latinos como são o Flamenco ou as danças folclóricas portugue-sas. Esta terceira edição do ciclo vai ter lugar no Edifício Industrial Iao Seng, situado no bairro do Iao Hon. O custo de cada workshop difere, ficando-se no entanto entre as 50 e as 150 patacas para aulas que acontecem quase sempre ao final da tarde, depois das 18h30. Dia 12 é o último dia e é puramente dedicado ao entretenimento que a dança proporciona, tratando-se assim de um dia aberto a todos e gratuito, que tem lugar às 18h30.

Page 14: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

14 eventos hoje macau quinta-feira 2.4.2015

Maria João [email protected]

M arcada para es-trear no próximo dia 4 de abril no castelo de Leiria, a peça

“dinis e Isabel”, encenada por Tobias Monteiro, deverá seguir depois para coimbra onde estará em cena no mês de Maio no con-vento de Santa clara-a-Velha. Para o encenador, é a segunda vez que prepara de raiz uma representação de um texto teatral de antónio Pa-trício depois de, no ano passado, ter encenado “a Paixão de Mestre afonso domingues”.

Exibida em agosto de 2014 no Mosteiro da Batalha, a peça encheu o mosteiro em todos os espectácu-los com duas sessões por dia para um total de 200 espectadores por dia. O sucesso da representação levou a câmara de Leiria a lançar o desafio de fazer outras peças em espaços não convencionais de teatro. Para Tobias Monteiro é uma oportunidade de “explorar os monumentos mais do que como espaços turísticos mas como espa-ços para a comunidade”. Traduz-se numa vontade de trazer o público local a sítios que por regra são mais visitados por turistas.

O grande dramaturgOVoltar ao mesmo autor que já tinha representado foi uma opção que para o encenador fazia todo o sen-tido. O castelo de Leiria e a ligação histórica a d.dinis e à rainha Santa Isabel faziam do local o espaço cor-recto. Mas o “conto vitral em cinco actos”, nas palavras de antónio

«Dinis e isabel», De antónio Patrício, no castelo De leiria

Sonho de uma manhã de primaveraa peça «dinis e Isabel» do dramaturgo e diplomata antónio Patrício, que faleceu em Macau em 1930, sobe a um novo palco, num cenário de época e numa encenação que recupera a história de d. dinis e d.Isabel escritapelo autor em 1919

Patrício, vai ter uma representação que sai da regra convencional de um palco e um cenário. com a duração de uma hora, a peça começa com um filme de trinta minutos feito com os actores que depois entram em palco para a segunda meia hora. Em palco e no filme surgem o actor Filipe duarte como d. dinis e Nuria Mencía como a rainha Santa Isabel.

O autor descreveu o texto como “o sonho de alguém que numa manhã de Primavera, entrasse numa igreja e adormecesse, sob a influição fulgurante dos vitrais.” Foi desta ideia que Tobias Monteiro partiu para num vitral em movimento fazer uma peça onde o próprio público sai de um cenário e entra num outro. “Mais do que a representação do milagre das ro-sas, o autor reflectiu e imaginou sobre o que sucedia na vida do casal depois do milagre”, contou Tobias Monteiro.

Nas palavras do encenador, antónio Pa-trício escreveu sobre “a frustação de um homem que está apaixonado por uma santa e que não lhe pode tocar porque ela é de deus”. Tobias Monteiro conta como, por isso, o autor chamou a esta história um “drama de consciência” ou uma tragédia. Sendo um texto difícil, maior se torna o desafio de o representar. Para Tobias Monteiro, o autor, que como diplomata teve uma vida com paragens em vários postos, é “um

dos dramaturgos mais importantes do século passado”. “Infelizmente, como foi contemporâneo de Pes-soa, não ficou muito conhecido”, acrescenta o encenador.

Muito estudado ainda hoje no Brasil, o autor de “O Fim” e “Serão Inquieto” ficou igualmente imor-talizado em peças como “Pedro, o cru”, escrita em 1913 quando ocu-pava um posto consular em cantão.

a peça que sobe agora a cena com o nome “dinis e Isabel, um conto de Primavera” foi escrita em 1919 na alemanha onde, jun-tamente com outros portugueses, António Patrício ficou retido du-rante os anos da Primeira Guerra. O

autor faleceu em Macau em 1930, antes de assumir um posto como ministro de Portugal em Pequim para o qual tinha sido nomeado.

POlíticas culturais asfixiantesNuria Mencía, a actriz espanhola que vai encarnar a rainha Santa natural de aragão, integrou com Filipe Duarte o filme de trinta minutos que precede a peça. Uma produção que termina no segundo acto com o milagre das rosas, ao qual se segue a vida do casal já representada ao vivo em palco

no palácio nos dois actos seguintes. Em cena estarão

quatro actores. Márcia Breia será o Bobo e Margarida Gonçalves personificará a Aia. Na rodagem do filme estiveram envolvi-das 28 pessoas, sen-do seis figurantes. co-realizado entre Tobias Monteiro e Inês carvalho,

directora de foto-grafia, o filme poderá

também vir a ser visio-nado individualmente

em festivais de cinema. O projecto foi reconhecido

pelo Secretário de Estado da cultura como sendo “de interesse público”, o que favorece o inves-timento de parceiros privados que têm benesses fiscais ao investirem. No entanto, nem sempre é apenas a falta de subsídios que dificulta os projectos mas, na opinião do encenador, existem “políticas culturais asfixiantes para quem tenta fazer algo”.

Tobias Monteiro considera que se pode, e deve, descentralizar as políticas culturais. “Se ao nível regional, estes espectáculos forem financiados, as cidades mais pe-quenas colocam-se a elas mesmas no mapa da cultura.” ao nível de financiamento, Tobias Monteiro contactou empresas da região que se uniram ao projecto. No entanto, o encenador e também actor, realça os problemas que se deparam como por exemplo ao pedir uma sala para ensaio no Museu Nacional do Teatro, hoje sob tutela da dGPc. São cobrados 350 euros diários pela utilização das salas. Sendo concebida por uma associação sem fins lucrativos, perante estes valores, Tobias Monteiro considera que é como um cerco que se faz a quem investe em cultura.

O facto de o castelo de Leiria estar sob a responsabilidade do município, facilita a representação no local. O mesmo se aplica a coimbra onde, realça o encenador, “a dra. celeste amaro da dele-gação regional de cultura tem feito um trabalho excelente” para tornar possível a representação no convento de Santa clara-a-Velha. a ligação de d. dinis a várias outras cidades portuguesas, assim como da vida da rainha depois beatificada, torna relevante a re-presentação itinerante que poderá eventualmente seguir até Espanha. algumas cidades já mostraram interesse embora sem datas con-firmadas, por enquanto.

Em Leiria vai estar em cena nos três primeiros fins de semana de abril, seguindo em Maio para coimbra.

Page 15: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

15chinahoje macau quinta-feira 2.4.2015

Fitch reafirma rating A+

Banco Central Atenção à deflação

Irão MNE chinês abandona negociações O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, deixou a Suíça nesta terça-feira e não participará da última rodada de negociações sobre o polémico programa nuclear do Irão, confirmaram fontes diplomáticas. Wang chegou na manhã do último domingo a Lausanne e durante os três dias que permaneceu na cidade suíça foi o ministro que mais vezes saiu do hotel onde estão ocorrendo as reuniões. A China é o país que menos se envolveu no processo desde o início das negociações com o Irã, especialmente nos últimos seis intensos dias que as conversas se intensificaram.

Rússia assume presidência dos BricsO Brasil deixou nesta terça-feira a presidência rotativa dos Brics, grupo de países formado ainda pela Rússia, China, Índia e África do Sul. O país africano passou a fazer parte do bloco em 2011. A partir da ontem, a liderança caberá à Rússia. Durante a presidência do Brasil foi possível avançar nos acordos para a implantação do Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas, com a instalação do conselho de directores interino do banco; e nos planos de trabalho para tornar a instituição financeira operativa em 2016. A 7ª Cimeira dos Brics ocorrerá a meio do ano na cidade russa de Ufa. Além desse encontro, a Rússia propôs às delegações dos demais países do bloco a realização, em Junho, da 1ª Cimeira Parlamentar do Brics, em Moscovo. Os parlamentares chineses já confirmaram disponibilidade para participar.

a participação de Taiwan no Banco Asiático de Inves-timento em In-

fraestruturas (AIIB), propos-ta pela China, é bem-vinda por Pequim, desde que “sob o nome apropriado”, informou hoje a agência Xinhua. Taipé fez na terça-feira um pedido de adesão ao AIIB.

Lançado em Outubro passado em Pequim por 21 países, todos asiáticos, o AIIB foi visto por analistas ocidentais como um desafio à actual ordem financeira in-ternacional, dominada pelos

Estados Unidos e a Europa, e uma tentativa de criar um alternativa chinesa ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial.

“O AIIB é aberto e inclu-sivo”, disse Ma Xiaoguang, porta-voz do gabinete para os Assuntos de Taiwan, citado pela agência Xinhua. “Nós damos as boas-vindas à partici-pação de Taiwan no AIIB, mas sob o nome correcto”, afirmou.

Na terça-feira, a porta--voz do Ministério dos Ne-gócios Estrangeiros Hua Chunying disse: “Sobre a adesão de Taiwan, mantemos

que devemos evitar ‘duas Chinas’ e ‘uma China, uma situação de Taiwan’”.

Taiwan não é membro da Organização das Nações Unidas, Banco Mundial ou Fundo Monetário Interna-cional, mas aderiu a várias organizações internacionais sob diferentes nomes.

O Comité Olímpico Inter-nacional refere-se ao território como “Chinese Taipei”, e é co-nhecida pelas designações de “Separate Customs Territory of Taiwan, Penghu, Kinmen e Matsu” na Organização Mun-dial de Comércio.

Taiwan é membro do Banco de Desenvolvimento Asiático sob o nome “Taipei, China”, enquanto a desig-nação oficial do governo é República da China.

Um total de 48 países pediu, até terça-feira, adesão ao Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (AIIB), incluin-do a Grã-Bretanha, Alemanha, França e Itália, apesar do cepticismo de Washington e Tóquio sobre a nova entidade financeira.

P ORTUGAL “está no radar dos inves-tidores chineses”, declarou à agência Lusa um administrador da Agência

para o Investimento e Comércio Externo do país (AICEP), Luís Castro Henrique, depois de “dezenas de contactos” na China.

A China foi o palco fora da Europa do actual “road show” (digressão) mundial da AICEP para “promover as oportunida-des de investimento” em Portugal, numa operação iniciada na semana passada em Xangai e concluída hoje em Pequim.

“Há um grande trabalho a fazer para angariar investimentos”, disse Castro Henrique.

Entre as “vantagens competitivas” de Portugal, o responsável salientou “a relação única com a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) “ e a integração na

PEqUIM APOIA ADESãO DE TAIWAN AO NOvO BANCO ASIÁTICO

O problema é o nome

POrtugal “nO radar dOs investidOres chineses”

Porta para a EuropaUnião Europeia. “Investir em Portugal é uma oportunidade para chegar a 700 mi-lhões de consumidores”, afirmou.

Na mensagem aos potenciais investido-res chineses em Portugal, o responsável da AICEP realçou também que “o português é a língua mais falada no hemisfério sul”. Ainda este ano, o referido “road show” irá ao Brasil e aos Estados Unidos da América, adiantou.

A promoção em Xangai e em Pequim, duas cidades onde a AICEP tem delega-ções, coincide com um bom momento das exportações portuguesas para a China.

Nos últimos três anos, a China foi também um dos países que mais investiu em Portu-gal, nomeadamente nos sectores da energia, seguros, saúde, banca e imobiliário.

Em 2012, a compra ao Estado português de 21,35% do capital da Edp pela China Three Gorges, no valor de 2.700 milhões de euros, foi mesmo uma das maiores aqui-sições chinesas na Europa do sul. O Fosun, consórcio privado com sede em Xangai, que já adquiriu a seguradora Fidelidade e a Luz-Saúde, tem sido apontado como um dos candidatos à compra do Novo Banco, mas o administrador da AICEP escusou--se a identificar os investidores com quem contactou.

“Alguns já têm relações com Portugal e a Europa, e outros têm interesse em in-vestir em Portugal. Portugal está no radar de muitos investidores chineses”, disse apenas Castro Henrique.

Segundo a Administração-geral das Alfandegas Chinesas, em 2014, as ex-portações portuguesas para a China cres-ceram 18,8% em relação ao ano anterior, atingindo o montante recorde de cerca de 1.665 milhões de dólares - mais de o dobro de há cinco anos. “Cada vez há mais relações económicas com a China e há um comportamento muito positivo das nossas exportações”, comentou o administrador da AICEP.

O presidente do ban-co central da China,

Zhou Xiaochuan, adver-tiu neste domingo que o país precisa estar atento a sinais de deflação, e disse que decisores políticos estavam a assistir de perto à desaceleração do cresci-mento económico global e ao declínio dos preços das commodities.

“A inflação na China também está em declínio. Precisamos estar vigilantes se isso pode ir mais longe e chegar a algum tipo de deflação ou não”, disse Zhou no fórum de Boao, na ilha de Hainan.

Na semana passada, o líder do BC chinês afirmou que a China poderia minar as reformas estruturais se adoptasse uma política monetária excessivamen-te frouxa, enquanto se comprometeu a relaxar os controlos de capital para ajudar a tornar a moeda yuan plenamente conver-sível. O Banco Popular da China (BPC) cortou as taxas de juros duas vezes desde Novembro e tomou

outras medidas de apoio ao arrefecimento. Os eco-nomistas acreditam que o banco será forçado a tomar medidas de flexibilização mais agressiva nos próxi-mos meses se os preços e a economia continuarem a enfraquecer.

No final de Fevereiro, o jornal do banco central advertiu que a China está perigosamente perto de cair em deflação, subli-nhando o crescente ner-vosismo entre os decisores políticos. A inflação anual ao consumidor da China acelerou para 1,4% em Fevereiro face à menor queda em 5 anos de 0,8% no mês anterior.

Qian Yingyi, membro do comité de política mo-netária do banco central, disse à Reuters no início deste mês, no entanto, que o salto poderia ser um episódio isolado, como resultado do feriado do Ano Novo Lunar. Os pre-ços do produtor recuaram em 4,8% em Fevereiro, a maior queda desde Outu-bro de 2009.

A Fitch reafirmou on-tem o rating soberano

A+ de longo prazo da China, em moedas local e estrangeira, atribuindo à nota uma perspectiva estável. O rating de bónus seniores não garantidos do gigante asiático tam-bém foi mantido em A+. Em comunicado, a Fitch avalia que o desempenho macroeconómico da China é forte em quase todas as comparações. A taxa média de crescimento em cinco anos até 2015, de 7,8%, por exemplo, re-presenta mais que o dobro da mediana de 3,1% de nações com rating A e da mediana de 3,2% de países considerados AA.

A agência de classifica-ção de risco notou, porém, que a notável expansão chinesa tem sido acompa-nhada por um aumento dos desequilíbrios e vulnerabi-lidades. A Fitch prevê que a China crescerá 6,8% em 2015 e 6,5% em 2016, bem abaixo da média de 10,5% registada entre 2001 e 2010, à medida que a economia atravessar um período de ajuste e reequilíbrio. A agência também estima que o endividamento agregado

da economia chinesa subiu para 242% do Produto In-terno Bruto (PIB) no fim de 2014, de 128% em 2008, e deverá aumentar mais neste ano, gerando crescente risco sistémico.

A Fitch prevê ainda que o ajuste económico da China será relativamente organizado, em parte de-vido à alta capacidade de gestão das autoridades do país, uma vez que o sistema é dominado pelo Estado.

Segundo a Fitch, os aspectos positivos da China incluem o progresso nas reformas estruturais - com o objectivo de garantir cresci-mento sustentável no longo prazo -, evidências cada vez maiores de que a economia está a ajustar-se de forma suave e a maior clareza da estratégia de Pequim para a solução do problema das dívidas, incluindo as de governos locais.

Por outro lado, a agên-cia apontou que a desace-leração chinesa tem sido maior do que se previa, causando aumento do de-semprego e criando riscos para a estabilidade finan-ceira, e que a dívida geral do governo está a avançar mais do que o esperado.

Page 16: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

16 hoje macau quinta-feira 2.4.2015

harte

s, l

etra

s e

idei

as

Page 17: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

17 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 2.4.2015

de tudo e de nada AnAbelA CAnAs

P rovavelmente todos temos em comum, os mes-mos grandes tormentos. Que nos prendem a perple-xidades insolúveis, que nos tolhem a capacidade de ser feliz. Pensamos a morte, temos receio pela vida,

a nossa e a dos outros, face a perigos, temos medos e dúvidas que só a fé pode aliviar, ou a pena imensa de não acreditar em nada, queremos o amor, temos nostalgia do que perdemos sem querer ou sem poder evitar. todos temos saudades do que amamos á distância, todos nos interrogamos sobre o universo, todos queremos a honestidade dos outros mesmo que não faça parte das nossas opções. mergulhamos profundamente nessas questões ao longo de uma vida, ou corremos a partir delas quase só de as entrever e no pânico de nelas podermos afundar-nos. ou dividimo-nos alternadamente em várias atitudes, saben-do delas os riscos, ou a ilusão do conforto de caminhar para uma resposta que seja caminho de ida ou de volta de algo, de algum lugar. ou para ele. todos fazemos coisas, embora bem diferentes para esquecer o que nos perturba e nos distrair do que nos frustra. temer o nada como uma morte em vida, ou pensar que é tão real e consistente que é preciso desbravar--lhe a natureza. Por vezes à custa de analogias com a matéria universal, a um nível cósmico, ou entendê-lo, intui-lo nos intervalos ínfimos de ruído caótico da mente ocupada com coisas práticas, que suportam a possibilidade da existência mas lhe são estranhas. todos sonhamos. todos queremos algo, respeitamos ou rejeitamos algo. não há juízos que sepa-rem a natureza das nossas preocupações. temos é critérios diferentes, referências, escolas e teimosias que nos separam pelas respostas e não pelas questões que colocamos. Genericamente. talvez afinal façamos logo à partida perguntas com enquadramentos diferentes que sugerem alguma espécie de preconceito que invalida algumas respostas, fechando-lhes o leque de possibilidades. Sentirmo-nos matéria e imanência, já que os atributos não podem percorrer um mundo e uma existência sem a substância que os suporta, é talvez um ângulo reconfortante de se pensar em si. Como pensar a respiração com essência simples inevitável quase só por si suficiente, para assumir a vida. entender de um prisma minimalista, sem acessórios e desnecessárias complexidades.

Há tormentos maiores que outros, e aos quais dedicamos os pensamentos possíveis. a uns está dado tê-los maiores, mais substanciais, desenvolvidos e fundamentados, a outros estão acessíveis pequenos pensamentos. Pequenos devaneios intuitivos, pequenas sínteses. noutros ainda, há por natureza uma recusa em pensar. em interpretar.

De tudo e de nada se faz a vida. nos pensamentos como nas flores. Podem mesmo ser os mais singelos que atingem alguém com veemência abrindo um caminho qualquer. Uma sensação de reconhecimento, uma empatia por projecção no outro. Gosto desses pequenos pensamentos como gosto de flores simples. Do minimalismo das formas, do discurso pouco ornamentado. Das coisas grandes e muito grandes, de que o olhar abarca mesmo, por vezes, só as pontas. e das coisas muito pequenas. Com um suspiro que possa encerrar em si e numa fracção de tempo tão curta, toda uma disposição de vida. Uma grande decisão. Uma grande desistência. Um enorme prazer, uma enorme desilusão. tudo isso sem uma palavra a ter que se acrescentar. É por isso que gosto de pequenos pensamentos e de pequenas frases. Palavras soltas, até.

a palavra efeito, por exemplo, sempre me fascinou. numa acepção muito simples que me remete para memórias imprecisas de infância. atirar pedras à água. Pedras com efeito. e relativa ao ressalto repetido de uma pedra atirada á água, numa linha quase paralela à superfície plana e espelhada de um lago ou de um ribeiro calmo. Dependendo do ângulo conseguido, se de

vinte graus, assim a distância percorrida e o número de aterragens da pedra. De ressaltos. e as formas da pedra. as boas e as más. mas imprimindo-lhe ”efeito”, ou seja um movimento de rotação. também se usa para referir um certo tipo de movi-mento de uma bola arremessada com um gesto calculado e menos natural, que lhe imprime um efeito duplo de percorrer o espaço, e a capacidade de mudar a direcção da trajectória, descrevendo uma curva. Como magia. ou descrevendo também um movimento de rotação em torno do seu próprio eixo. o efeito magnus. mas gosto mais da outra vertente. a imagem

da pedra, veloz a descrever uma linha pura e quase recta mas poisando alternadamente na água, moldando uma pequena rampa e emergindo incólume, quase sem perder velocidade, e porque é a agua que a catapulta de novo para o ar, mas progres-sivamente lhe atenua a força, até que por fim, no último módulo deste padrão, se deixa afundar na água, esta é uma imagem que para mim encerra um enorme poder de representação. e uma metáfora. e gosto da palavra. efeito.

não sei porque gosto de lembrar estas coisas. Porque são hipnóticas. Porque as podemos fazer, não para passar o tempo, mas para estar no tempo. tenho um gosto particular em descrevê--las, talvez porque representam o pequeno e concreto nada, que a Física explica sem dramas. e porque neste momento, gostava de estar num sítio qualquer, na margem de um lago silencioso a atirar pedrinhas à água, com ou sem efeito.

Grandes tormentos, pequenos pensamentos

Gosto desses pequenos pensamentos como Gosto de flores simples. do minimalismo das formas, do discurso pouco ornamentado

AnAbelA CAnAs

Page 18: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

18 hoje macau quinta-feira 2.4.2015h

fichas de leitura* Manuel afonso Costa

Couto, Mia, Jesusalém, Caminho, Lisboa, 2009Descritores: Literatura Moçambicana, Romance, 294 p. ISBN: 9789722120623Cota:  821.134.3 (679) -31  Cou

J eSuSaLéM conta várias histórias dentro de uma história simples. a história propriamente dita, aquela que fura o silêncio, aparece ro-deada pelas histórias subentendi-

das que permanecem envolvidas pelo manto do silêncio. De facto o silêncio é o narrador que habita a consciência do leitor a todo o momento. Mwanito, o menino que narra, é, e não por acaso, um afinador de silêncios. Deve acres-centar-se que são pelo menos dois, os silêncios que envolvem a personagem e narrador Mwanito, o silêncio que ele exercita por dom, o silêncio como pro-fissão, e o silêncio outro ditado pelo pai de Mwanito, Silvestre Vitalício.

Há dois silêncios porque Silvestre Vitalício não narra, tendo-se remetido a um silêncio que é ao mesmo tem-po estratégico (terapêutico) no plano existencial do personagem e ao mesmo tempo estratégico do ponto de vista narrativo. em boa verdade Silvestre Vitalício é o narrador omnisciente, que simplesmente não narra, mas tam-bém, diga-se em abono da verdade, se ele narrasse, o romance de Mia Couto perdia todo o encanto. O encanto e a tensão residem no silêncio forçado do virtual narrador omnisciente e em todo o acervo de ambiguidades que o seu silêncio gera. Que Mia Couto tenha escolhido uma criança, a criança mais nova, amplia o poder conspiratório do silêncio na urdidura da intriga.

O cenário vai-se, com o tempo, tornando claro aos poucos e o seu sim-bolismo remete para outra história, a história de uma guerra em África, mas também essa subentendida. Jesusalém aparece como um espaço mítico, de solidão e encanto inventado, literal-mente, penso, por Silvestre Vitalício. Há portanto uma fuga. O que é que a ditou?

Sobre isso o autor não nos deixa na dúvida, mas desde o princípio que eu tinha desconfiado de que coabitavam duas atitudes, uma fuga do mundo e um escondimento do mundo: “Quem per-de esperança foge. Quem perde con-fiança esconde-se. e ele queria as duas coisas: fugir e esconder-se (…) todo o bom pai enfrenta a mesma tentação: guardar para si os filhos, fora do mun-do, longe do tempo”.

Fuga e escondimento do mundo, mas de quê em concreto? Da guerra?

Mia Couto nasceu na Beira em Moçambique a 5 de Julho de 1955. Começou o curso de Medicina mas acabou por fazer o curso de Biologia. entre a desistência de Medicina e o reinício dos estudos em Biologia dedicou-se ao jornalismo. Do conjunto da sua obra destaco desde logo a sua estreia literária com o livro de poesia, Raiz de Orvalho, publicado em 1983. Na modalidade de conto, novela e romance evidencio naturalmente Vozes Anoitecidas, Grande Prémio da Ficção Narrativa em 1990, Cada Homem é uma Raça, Estórias Abensonhadas, Contos do Nascer da Terra, Na Berma de Nenhuma Estrada, O Fio das Missangas, Terra Sonâmbula, A Varanda do Frangipani, Mar Me Quer, O Último Voo do Flamingo e Jesusalém.

O engendradOrde silênciO e de nada

*No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Central de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.

Da culpa? e essa fuga será ditada pelo medo? Será expiatória? O medo estará relacionado com a guerra ou com um crime e já agora qual será a natureza desta fuga, no plano da sua amplitude, digamos assim, fugere orbis, fugere mundus, contemptus mundi. Ou afinal tudo, todas as fugas, todos os medos, todas as guer-ras. O que é que Silvestre Vitalício pre-tende para si e para os seus filhos. O que é que se pretende resgatar neste re-tiro, mágico acrescente-se. é o tempo? é a mágoa? é o ruído do mundo e daí o papel do afinador de silêncios?

À luz dos paradigmas temáticos tradicionais associados à vida retirada, abrem-se inúmeras perspectivas teó-ricas, mas todas são avassaladoramen-te submergidas pelo carácter mágico deste lugar onde mais do que um lugar para uma fuga se desenha uma refun-dação cosmogónica, o regresso a um princípio mítico do mundo. Podemos falar de um mundo adâmico, mas jus-tamente anterior ao aparecimento de eva.

Mia Couto sabe que o mundo e o tempo, que serão no fim de contas a mesma coisa, não são fáceis de exorci-zar e que portanto a fuga é um simula-cro e tudo o que envolve as persona-gens é da ordem do faz de conta; mas,

para sermos claros, não é isso o que a literatura é sempre, da ordem do faz de conta. O desencanto chegará mais tar-de ou mais cedo.

Pelo contrário as mulheres nunca serão um desencanto. Num cenário mítico, quanto mais ausente mais im-portante. Ora, as mulheres estão com-pletamente ausentes durante uma boa parte do romance. Dordalma já não existe e Marta não existe ainda. uma é a razão de tudo estar a acontecer as-sim e o aparecimento da outra a razão da mudança de tudo. uma simboliza que sem ela nada poderia continuar a ser como era e a outra simboliza que com ela nada poderá continuar como estava. as mulheres são portanto mui-to importantes neste romance de Mia Couto.

Outra das dimensões do romance está ancorada numa ontologia dos des-pojos, dos restos. Ora todos os restos, todos os despojos, são na sua essência poéticos senão mesmo metafísicos. em todos eles fulgura o tempo e a me-mória; a experiência e a vida. Mas se todos os detritos, todos os desperdí-cios, todos os destroços, enfim todas as ruínas sem dúvida, possuem esse halo misterioso e poético, os despojos existenciais possuem ainda muito mais

por maioria de razão. aliás os outros só são poéticos porque aludem a estes de modo inexorável e são destes sinais vivos, sinais que por vezes brilham tão intensamente que fazem apelo do nos-so olhar e não apenas do olhar exterior, mas da nossa visão mais íntima. O lu-gar escolhido para cenário não pode senão ter sido escolhido com este cri-tério. um lugar de restos, de destroços, cinzas e ruínas.

O romance pode pressupor ainda uma leitura política muito sugestiva. O voluntarismo radical de Silvestre Vita-lício é simultaneamente tocante pela sua ingenuidade e alarmante pela sua prepotência. as refundações radicais são enformadas sempre por uma ideia de rotura, de um corte com o contínuo da história e da vida, que levanta sem-pre questões de natureza social e polí-tica. a refundação que Vitalício propõe é ainda mais radical que as tradicionais refundações-regenerações históricas, pois o personagem que aqui simboliza o poder, aquilo a que se propõe não é a refundação de um mundo regenerado, mas antes a refundação de um anterior ao mundo e de um não mundo, ani-mado por uma teologia negativa, pelo que esse novo tempo seria dominado pelo vazio, pelo não acontecer. Silves-tre Vitalício surge ingenuamente como um anti demiurgo, um engendrador de silêncio e de nada. Devo dizer no entanto que essa pulsão nulificante me parece sobretudo reactiva e emocional. Silvestre Vitalício possui também ape-nas bocados soltos de uma cosmogo-nia, partes intuitivas de uma totalida-de que lhe escapa. O seu carácter de demiurgo, ou melhor de anti demiurgo é um pouco gauche. ele não domina o conjunto do seu plano, ele vai improvi-sando seguindo uma lógica de tentativa e erro. Tem convicções mas pode aban-doná-las quando as coisas correm mal. ele é mais um aprendiz de feiticeiro e a haver uma metáfora, é sobretudo a de um humanismo radical, mas à deriva.

Page 19: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

19desportohoje macau quinta-feira 2.4.2015

AnúncioFaz-se saber que em relação ao concurso público n.o 1/P/15 para a «Obra de Remodelação da Sala de

Radiografia Digital (DR) e de Compartimentos sem Acabamento (tosco) das Salas de Tomografia Axial Computadorizada (CT) e Angiografia de Subtracção Digital (DSA)», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 10, II Série, de 11 de Março de 2015, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo.

Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar.

Serviços de Saúde, aos 27 de Março de 2015.

O Director dos ServiçosLei Chin Ion

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO N.o 9/P/15

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 17 de Março de 2015, se encontra aberto o Concurso Público para o «Fornecimento e Instalação de Um Sistema de Endoscopia Digestiva aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 1 de Abril de 2015, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP42,00 (quarenta e duas patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral

destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 30 de Abril de 2015.

O acto público deste concurso terá lugar no dia 4 de Maio de 2015, pelas 10,00 horas, na sala do «Museu» situada junto ao C.H.C.S.J.

A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP42.400,00 (quarenta e duas mil, quatrocentas patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 24 de Março de 2015

O Director dos ServiçosLei Chin Ion

pub

N esta terça-feira, o grupo Dailan Wanda, controla-do pelo magnata chinês Wang Jianlin, confirmou

a compra de 20% das acções do atlético de Madrid. O bilionário asiático desembolsou aproximada-mente 45 milhões de euros para a aquisição, e prometeu realizar gran-des investimentos na representação colchonera - bem como divulgar a formação da capital espanhola no continente asiático.

“O grupo Dailan Wanda está encantado com a possibilidade de contribuir com o crescimento do atlético de Madrid e no desen-

O Benfica e o FC Porto regressam a casa na 27.ª jornada da I Liga

de futebol, para defrontarem Nacional e Estoril-Praia, res-pectivamente, duas semanas depois de uma ronda em que não conseguiram ganhar. agora separados por três pontos, distância que volta a permitir aos ‘dragões’ depen-derem apenas de si próprios, ‘encarnados’ e ‘azuis e bran-cos’ são claramente favoritos, tal a superioridade que têm ostentado nos seus redutos.

O ‘onze’ de Jorge Jesus venceu 11 de 12 jogos, tendo sido apenas ‘empatado’ pelo sporting (1-1), com 32 golos marcados e dois sofridos. Mantém a sua baliza a zero desde 21 de setembro (3-1 ao Moreirense), somando já nove jogos em ‘branco’.

O 13.º visitante da Luz, sábado, é o Nacional, que segue no nono lugar e ainda sonha com a europa, mas tem um fraco pecúlio fora, com apenas dois triunfos – ambos por 3-2, em Moreira de Cónegos e em Paços de Ferreira.

Por seu lado, o FC Porto também ostenta 11 vitórias e um empate (0-0 com o Boavista) em casa, mas

Grupo de maGnata chinês adquire 20% das acções do atlético de madrid

Uma jogada crucialvolvimento da sua marca na Ásia, contando com a sua magnífica ex-periência no âmbito da formação de atletas, que, sem dúvidas, resultará em uma grande utilidade no futebol de base da China”, admitiu Jianlin.

O acordo entre a representação asiática e o atleti já estava encami-nhado há algumas semanas. todavia,

detalhes burocráticos adiaram a con-cretização do acordo. a participação do magnata chinês foi exaltada por Miguel Ángel Marín, conselheiro delegado da formação colchonera e principal accionista do clube - com percentual de 52%.

“É um passo de extrema impor-tância para o clube no seu esforço

para construir uma marca líder em nível global. Isso nos ajudará a manter a competitividade esportiva dos últimos anos, fazendo que o atlético se consolide como um dos primeiros clubes do futebol mundial”, avaliou Marín.

além da contratação de novos jogadores, a participação de Jianlin

será crucial no processo de forma-ção de atletas nas categorias de base - aposta da directoria para refinar tecnicamente o elenco e garantir retornos financeiros positivos no futuro.

Benfica e fc Porto voltam a casa com a mira no regresso às vitórias

estoril para apagar o dragão

27.ª jornada:

• Sexta-feira, 3 de abrilacadémica – rio aveVitória de Guimarães – aroucaGil Vicente – Sporting de braga

• Sábado, 4 de abrilPenafiel – boavistabenfica – Nacionalbelenenses – MoreirensePaços de ferreira – Sporting

• SeGuNda-feira, 6 de abrilMarítimo – Vitória de SetúbalfC Porto – estoril-Praia

conta ainda uma derrota, a que sofreu perante o Benfica, vencedor por 2-0 a 14 de Dezembro, graças a um ‘bis’ do brasileiro Lima.

ainda sem o avançado colombiano Jackson Mar-tínez, melhor marcador do campeonato, com 17 golos, os comandados por Julen Lopetegui encontram segunda-feira um adversário

que também só ganhou dois jogos fora (2-1 ao Boavista e a o Penafiel).

Na primeira volta, o Ben-fica venceu na Choupana por 2-1, com golos de salvio e Jonas, depois de edgar abreu inaugurar o marcador no minuto inicial, enquanto o FC Porto empatou na amoreira, onde Óliver selou o 2-2 final aos 90+4 minutos.

Depois de se aproximar na última ronda, face ao desaire do Benfica em Vila do Conde (1-2) e ao empate, posterior, do FC Porto no reduto do Nacional (1-1), o sporting, a seis pontos dos portistas e nove dos benfi-quistas, joga em Paços de Ferreira no sábado.

a formação comandada por Marco silva já venceu por sete vezes fora de al-valade, enquanto o Paços de Ferreira soma os mesmos sete triunfos na Mata Real, onde, entre outros, caiu o Benfica (1-0), que então poderia ter ficado com nove pontos de vantagem na lide-rança da competição.

Os ‘leões’ estão mais perto do segundo lugar do que do quarto, do sporting de Braga, que está a nove pontos e visita o vizinho Gil Vicente, que se situa nos dois lugares de despromoção - em penúltimo, dois pontos à frente do Penafiel.

O conjunto ‘arsenalista’ tem, aliás, o seu quarto lugar

quase definido, pois o Vitó-ria de Guimarães, quinto, a sete pontos, já parece mais preocupado com os que o perseguem, num fim de semana em que recebe o arouca.

Quanto aos outros emba-tes da ronda, que se prolonga de sexta-feira a segunda-

-feira, sem jogos no domin-go de Páscoa, destaque para o académica-Rio ave, com os ‘estudantes’, em alta sob o comando de Viterbo, a tentarem fugir dos últimos lugares e os vila-condenses à procura da europa.

em luta directa pela manutenção, o lanterna--vermelha Penafiel recebe o Boavista e o Vitória de setúbal joga na casa do tran-quilo Marítimo, enquanto, a meio da tabela, o Belenenses é anfitrião do Moreirense.

Page 20: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

tempo muito nublado min 22 max 27 hum 70-100% • euro 8.6 baht 0.24 yuan 1.28

?

João Corvofonte da inveja

20 hoje macau quinta-feira 2.4.2015(F)utilidades

C i n e m aCineteatro

Sala 1faSt and furiouS 7 [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, Vin Diesel, Dwayne Johnson14.15, 16.45, 21.45

faSt and furiouS 7 [3d] [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, Vin Diesel, Dwayne Johnson19.15

Sala 2two thumbS up [c]Filme de: Lau Ho-IeungCom: Francis Ng, Simon Yam, Leo Ku, Patrick Tam, Cheng Ho-nam14.15, 17.45, 19.30, 21.30

home [a]FaLaDo em CaNToNêSFilme de: Tim Johnson16.05

Sala 3Sponge bob movie: Sponge out of the water [a]FaLaDo em CaNToNêSFilme de: Paul Tibbitt16.00, 17.45

Sponge bob movie: Sponge out of the water [3d] [a]FaLaDo em CaNToNêSFilme de: Paul Tibbitt21.30

home [a]FaLaDo em CaNToNêSFilme de: Tim Johnson14.15, 19.30

O que fazer esta semana

HojemaCau INTerNaTIoNaL FILm FeSTIVaL – “CorreCTIoN CLaSS” (rúSSIa, aLemaNHa)Centro Cultural de macau, 19h30Bilhetes a 60 patacas

Sexta-feiramaCau INTerNaTIoNaL FILm FeSTIVaL – “a aCuSaDa” (HoLaNDa, SuéCIa)Centro Cultural de macau, 21h30Bilhetes a 60 patacas

CoNCerTo Da orqueSTraSINFóNICa De GoTemburGo Centro Cultural de macau, 20h00Bilhetes de 180 a 480 patacas

SábadomaCau INTerNaTIoNaL FILm FeSTIVaL – “aTa” (CHINa)Centro Cultural de macau, 16h30Bilhetes a 60 patacas

maCau INTerNaTIoNaL FILm FeSTIVaL – “boa NoITe mamã” (ÁuSTrIa)Centro Cultural de macau, 21h30Bilhetes a 60 patacas

DomingomaCau INTerNaTIoNaL FILm FeSTIVaL– “Sem FroNTeIraS” (Irão)Centro Cultural de macau, 16h30Bilhetes a 60 patacas

maCau INTerNaTIoNaL FILm FeSTIVaL – “o que FazemoS NaS SombraS” (NoVa zeLâNDIa)Centro Cultural de macau, 19h30Bilhetes a 60 patacas

DiariamenteexPoSIção “VaLquírIa”, De JoaNa VaSCoNCeLoS mGm macauEntrada livre

exPoSIção “NIHoNGa CoNTemPorâNea”,De arLINDa FroTa Fundação rui CunhaEntrada livre

exPoSIção De SâNDaLo VermeLHo (aTé 22/03)Grande Praça, mGmEntrada livre

O silêncio e o nada só existem enquanto conceitos. Tudo está preenchido e sim!: tudo faz barulho

AcontEcEu HojE 2 De abrIL

Morre o Papa joão Paulo II• É considerado um dos líderes mais influentes do século XX e uma das grandes personalidades mundiais. Karol Wojtyła, o Papa João Paulo II, morreu a 2 de abril de 2005, dia que pôs termo ao terceiro maior pontificado da História.Karol Wojtyła nasceu em nasceu em Wadowice, uma pequena localidade do sul da Polónia, a 18 de maio de 1920. Tornou-se papa e líder mundial da Igreja Católica Apostólica Romana a 16 de outubro de 1978. Do seu longo pontificado (o terceiro maior, segundo docu-menta a História, apenas mais curto do que os dos papas São Pedro, que reinou 34 anos, e Pio Ix, que reinou 31 anos), destaca-se a capacidade de união entre povos de diferentes credos, bem como nas boas relações entre Igreja Católica e judaísmo e islamismo.O Papa João Paulo II visitou 129 países, beatificou 1340 pessoas e canonizou 483 santos. morreu a 2 de abril de 2005, devido a problemas de saúde relacionados com a idade e após agravamento da doença de Parkinson, de que padecia. O seu sucessor (Papa Bento XVI, entretanto substituído pelo argentino Francisco I) proclamou-o ‘Venerável’, a 19 de dezembro de 2009, e beato, a 1 de maio de 2011.Neste dia 2 de abril, outros factos históricos se assinalam. Em 1902, é inaugurada a primeira sala de cinema dos EUA, o electric Theatre (em Los angeles, Califórnia). em 1917, Woodrow Wilson, Presidente norte-americano, junta os membros do Congresso, numa reunião extraordinária, onde é declarada guerra à Alemanha.Também a 2 de abril, mas em 1976, conclui-se a redação da Constituição da república Portuguesa. e em 2008, assinala-se primeira vez o Dia mundial do autismo, decre-tado pela oNu.Nasceram neste dia Carlos magno, rei dos Francos (747), Hans Christian andersen, escritor dinamarquês (1805), Émile Zola, romancista e crítico francês (1840), Nicholas Butler, filósofo norte-americano, Prémio Nobel da Paz (1862), Salvador Caetano, empresário português (1926), Ferenc Puskás, ex-futebolista húngaro (1927), e marvin Gaye, cantor e compositor norte-americano (1939). Morreram a 2 de Abril Balduíno I, rei de Jerusalém (1118), Samuel morse, inventor do código morse (1872), Paul Ludwig von Heyse, escritor alemão, Prémio Nobel de Literatura (1914), Theodore William Richards, químico norte-americano, Prémio Nobel de Química (1928), Georges Pompidou, ex-presidente da França (1974), e João Paulo II, o 265.º papa (2005).

“trAnsItIon to colour”(MAtt corBy, 2010)

O típico rapaz de cabelo relativamente comprido, olhos claros e uma pos-tura imensamente descontraída. O aspecto do cantor australiano condiz com sua voz rouca e grave. as cordas vocais de Corby nem sempre estão afinadas ao máximo, mas é isso que faz de “Transition to Colour” um álbum único. Esta força da natureza nasceu em 1990 e assume-se como alguém influenciado por gigantes como Jeff Buckley, Nick Drake, Nina Simone, Radiohead e Bob Dylan. Ao contrário da maioria dos discos, este tem apenas seis faixas, mas nem por isso deixa de ser bom de ouvir em qualquer altura do dia. Serve para relaxar e para empolgar. Para pensar e deixar fluir. Matt Corby tornou-se conhecido – primeiro na Austrália e depois nos EUA e no Reino Unido – com o single original “Brother”, que infelizmente não está presente neste álbum. No entanto, tanto “Kings, Queens, Beggars and Thieves” como “Made of Stone” são igualmente aprazíveis. A boa energia é inquestionável quando se ouve este álbum. - leonor Sá machado

U m D i S C o h o J E

Page 21: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

char

lie

chap

lin

, the

imm

mig

rant

21opiniãohoje macau quinta-feira 2.4.2015

A arte milenar do “Bonsai” está inevitavelmente associada ao Japão e aos japoneses, mas pouca gente sabe que fo-ram os chineses os pioneiros da técnica de cultivar árvores anãs. A prática remonta ao século VI, e terá sido impor-tada por monges budistas e diplomatas nipónicos que se

deslocavam ao continente chinês com fre-quência, e das 17 missões enviadas pelo Japão à corte dos Tang entre 603 e 839, provadas pela existência de documentação, as peque-nas pernadas de árvore eram como que um “recuerdo” indispensável. O próprio nome “bonsai” tem origem no chinês “penjing” (盆景), que quer dizer “cenário num tabuleiro”, referindo-se aos pequenos recipientes onde as árvores eram plantadas e que se podiam transportar facilmente, e mudadas de lugar conforme o gosto de cada um, contando que tivessem a sua quantidade indispensável de luz e de ar fresco. O cultivo deste arbusto, do qual existem muitas espécies idênticas às árvores comuns requer arte e persistên-cia, mas o nunca se deve confundindo com qualquer tipo de constrição ao desenvolvi-mento natural da planta – o “bonsai” cresce conforme o tratamento que lhe é dado, sem que se apliquem técnicas que de alguma forma possam sugerir estrangulamento, ou outra crueldade. Conta-se que um dos segredos desta cultura passa por escolher um local onde os objectos que rodeiam o

Ao contrário das árvores, a maioria das “pessoas bonsai” que encontramos em Macau são originárias do Ocidente, e por motivos de ordem histórica, Portugal é o principal exportador de “bonsais”

Os “Bonsais”

“bonsai” sejam pequenos, eliminando assim a necessidade da planta de se elevar ao nível do meio, inibindo o seu crescimento.

Na era moderna o termo “bonsai” gene-ralizou-se, e diz-se de tudo o que se pode criar em miniatura. Existem mesmo os con-troversos gatos “bonsai”, tidos pelo Ocidente como um exemplo de maus tratos a animais, e para quem não faça disso um “cavalo de batalha” (ou “gato de batalha”, neste caso), trata-se apenas de mais uma “maluquice” dos nipónicos, equiparada talvez às melancias quadradas ou outras extravagâncias. Há quem defenda que estas modas pouco consensuais são um sinal de inteligência, ou manifestações próprias de uma cultura sempre um patamar acima das restantes. Talvez em alguns casos seja melhor mesmo continuar “atrasado” do que aderir a certas modas, quem sabe? O que não é certamente uma demonstração de cultura de espécie alguma mas que também está na moda são as “pessoas bonsai”, e destas encontramos facilmente em Macau, mesmo que não lhes seja atribuída essa designação, e que eles próprios desconheçam que partilham com os famosos arbustos essas qualidades. Isto explica-se pelo facto de ter sido involun-tário e completamente acidental, e terá sido o tal segredo que leva a que os “bonsais” não cresçam ao nível dos objectos que os rodeiam que os levou a adquirir as mesmas características.

Ao contrário das árvores, a maioria das “pessoas bonsai” que encontramos em Macau são originárias do Ocidente, e por

motivos de ordem histórica, Portugal é o principal exportador de “bonsais” – nunca é demais repetir que se trata de uma expor-tação inconsciente e involuntária, pelo que não constará da balança comercial entre os dois países. Ao mesmo tempo é como se sentissem a necessidade de se “exportarem” para cá, ou para qualquer outro local onde a pequenez não seja factor dirimente de grandes feitos, ou que mate à nascença as suas pretensões em se tornarem famosos, e que mostrem aos pais que afinal “valeu a pena” não estudar para engenheiro ou para médico, e em vez disso ir atrás do sonho. Tal como “bonsai” original é em si uma arte, são normalmente os “artistas” a espécie de “pessoa bonsai” mais comum.

Primeiro gostava de excluir desta equa-ção os jogadores de futebol, que escolhem Macau não tanto por motivos de pequenez,

mas mais por pragmatismo; o futebol de Macau pode ser o que é (ou que “não é”), mas aqui os clubes pagam. Pagam melhor? Não sei, mas pagam, ponto final. É nas belas-artes que as “pessoas bonsai” atingem toda a sua glória anã. Os cineastas, por exemplo, que em Portugal vêem as suas ambições esbar-rarem de frente com o IPACA, encontram em Macau a terra do subsídio na sua forma mais cândida, a do “toma-lá-e-depois-não--digas-que-não-apoiamos-a-cultura”. Os artistas plásticos montam ou promovem uma exposição, que por mais desinteressante ou banal que seja tem sempre a cobertura dos média, e para os próprio média o conceito de “notícia” é tal e qual como os “bonsai”: aqui tem uma dimensão considerável, lá fora há quem a pise e nem dê por isso.

É assim que neste ambiente em miniatura que os rodeia as “pessoas bonsai” não sen-tem a necessidade de “crescer”, de evoluir, e passado pouco tempo chegam à conclusão que afinal o seu tamanho é o ideal, e aí acomodam-se: querer crescer mais que os outros é despeito, e a certo ponto é Macau que se torna pequeno, aventuram-se de novo no mundo dos gigantes, e são recordados da sua pequenez. Macau e o mundo são como uma loja de roupa onde só existem dois tamanhos: destinado-a-ser-pequeno e maior-do-que-a--encomenda. Para quem não pode aspirar a mais do que ser um “bonsai”, que os deuses protejam este pequeno jardim à beira-China plantado, onde podem livremente florescer. E quem é que lhes vai pedir mais do que isto?

bairro do or ienteLeocardo

Page 22: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

22 opinião hoje macau quinta-feira 2.4.2015

R efeRi-me em artigo ante-rior aos cenários com que se confronta a economia de macau no próximo quin-quénio. falei do que deles pode advir para o futuro da RAem. Cinco asserções permitem resumi-lo: hege-monia do sector do Jogo; improbabilidade da diversi-

ficação económica; dependência externa e fragilidade económica estruturais; pequenez do território; falta de ambição.

Hoje tratarei das pessoas e das políticas que mais têm a ver com elas: habitação e condições de vida, mobilidade e trânsito, política ambiental e qualidade de vida.

Os números sobre a evolução da riqueza produzida nos últimos 13 anos revelam que o produto interno bruto de macau cresceu nove vezes entre 2000 e 2013 cifrando-se no quarto trimestre de 2013 em 413 471 milhões de patacas. isso representava, em termos de PiB per capita (PiB pc), 697 500 patacas, cerca de 87 300 dólares americanos. macau contava em fins de 2014 com uma população de 636 200 habitantes, que se espraiavam por um território com a área de 31.3 Km2. Dispunha de um parque de automóveis de 241 mil veículos, o que correspondia a um crescimento do parque de 116% no período compreendido entre Janeiro de 2011 e Ja-neiro de 2015. Representava uma densidade de veículos de 541 por quilómetro, uma das maiores do mundo.

A grandeza destes números esconde, contudo, uma realidade pouco risonha que se reflecte em baixos níveis de satisfação com as condições de vida e habitabilidade urbana. No documento que leu em 2010 na Assembleia Legislativa, na apresentação das LAG para esse ano, o Chefe do exe-cutivo adiantava que a ‘valorização das condições de habitação dos cidadãos de baixos rendimentos constitui importante vertente da qualidade de vida da população’. E a seguir ‘a questão da habitação não se circunscreve a uma relação oferta/procura mas constitui uma garantia fundamental. É nossa obrigação irrenunciável garantir uma vida tranquila às comunidades mais fragilizadas’. Para isso, concluía, ‘parte dos terrenos será destinada à construção de habitação pública’ coordenando-se essa política com a ‘elaboração de estudos sobre estratégias de desenvolvimento de habitação pública (2010-2020)’.

Cinco anos depois não se pode afirmar que esse desiderato esteja cumprido, no essencial. Na verdade, o anterior Secre-tário para as Obras Públicas promoveu estudos vários e fez negociar na Assem-bleia Legislativa uma Lei de Habitação Económica (Lei n.º 10/2011) que veio estabelecer um novo regime de construção e acesso a essa tipologia de habitação, in-cumbindo um dos serviços do território de o fazer implementar e pondo à disposição do mercado ‘apoiado’ 19 mil fogos com

crepúsculo dos ídolosArnAldo GonçAlves

Fracassou o propósito de dar à população de Macau uma visão estratégica e de médio prazo de que cidadese quer construir nos próximos vinte anos, tendo em conta que os actuais 31 quilómetros de área territorial não resistem a quaisquer cálculos de projecçãode evolução da população urbana

Macau 2015-2019: as LAG e as pessoastipologias T1, T2 e T3, apartamentos que se destinavam às pessoas de baixos rendi-mentos. Tratavam-se de fogos localizados em terrenos anteriormente concessionados para exploração imobiliária entretanto não aproveitados, assim como um terre-no, com alguma dimensão, localizado na área que correspondia à antiga pedreira de Coloane. No último concurso público lançado em 2013 foram apresentadas 6100 candidaturas (por agregado familiar e individualmente) sujeitas a um sistema de pontuação tendo em conta a qualidade das condições sócio-económicas e habi-tacionais dos mesmos agregados. Nessa data, havia uma lista de espera de 7000 pessoas, tendo sido atribuídas 3400 fogos. Novos concursos foram lançados em 2005 e 2009 verificando-se uma lista de espera de 2000 pessoas neste último concurso.

Fora da acção do legislador ficou o res-tante regime de habitação pública, destinado aos agregados familiares que não dispõem de rendimentos suficientes para aquisição de casa própria e que apenas podem recorrer ao mercado privado de arrendamento. mercado que se encontra inflacionado por três razões: o aumento da população não residente que trabalha nos casinos e na hotelaria; o des-tinar da maioria dos fogos devolutos para venda especulativa a cidadãos do continente e de Hong Kong; a recusa do Governo em ‘intervir’ no mercado imobiliário por razões de ‘filosofia’.

fracassou o propósito de dar à popu-lação de Macau uma visão estratégica e de médio prazo de que cidade se quer construir nos próximos vinte anos, tendo em conta que os actuais 31 quilómetros de área territorial não resistem a quais-quer cálculos de projecção de evolução da população urbana. Recorde-se que em 2009 foi negociado com o Governo Central a disponibilização de novos aterros que compreendem as zonas A, B, C, D e e. A primeira na ordem dos 138 hectares e que constitui uma ilha artificial no encontro terrestre da ponte Hong Kong-Zhuhai-macau; a segunda de 47 hectares situada entre o Centro de Ciência e o Centro Cultural; a terceira e a quarta de 33 e 29 hectares situadas na zona norte da ilha da Taipa; a quinta de 73 hectares a nordeste da ilha da Taipa. É peculiar que essa negociação se tenha feito sem que existisse, do ponto de vista do planeamento urbanístico, uma visão estruturada sobre a geografia da cidade e a definição dos seus principais pólos de desenvolvimento.

Tem sido alegado que as fundações desse planeamento se fazem através da auscultação da população. Mais uma vez este ano é prevista uma consulta pública sobre o Plano dos Novos Aterros1. Não está em causa o princípio de audição da população mas em qualquer sistema de re-presentação política a audição faz-se com os representantes eleitos e também com

Page 23: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

23 opiniãohoje macau quinta-feira 2.4.2015

pub

Sr. deputado Dr. Coutinho,

Relativamente às perguntas que dirigiu em 30-03-2015 ao SEF, Dr. Lionel Leong, tenho que

esclarecer publicamente que fui a res-ponsável pela Sociedade para o De-senvolvimento dos Parques Industriais de Macau até 31-08-2012 e que de todos os contratos de subarrendamen-to das parcelas de Terrenos do Parque Industrial da Concórdia e do Parque Industrial Transfronteiriço, existem informações e relatórios que enviei, quer para o SEF, quer para as outras entidades fiscalizadoras e todas as alte-rações das redacções das cláusulas dos contratos de subarrendamento são sub-metidas previamente ao SEF e depois de aprovadas pelo Chefe do Executivo , as alterações e as novas redacções das cláusulas alteradas são publicados em Boletim Oficial. Como jurista sempre cumpri rigorosamente a Lei, comuni-cando todas as situações dos terrenos , por escrito ao Governo da RAEM, incluindo o Comissariado de Audito-ria e a Direcção dos Serviços de Obras Públicas e Transportes. Quando deixei o lugar de presidente da SDPIM ,em fins de Agosto de 2012, elaborei um relatório muito completo sobre a si-tuação de cada terreno e este relatório não só foi enviado ao então SEF, Dr. Tam Pak Yun, como também ao Co-missariado de Auditoria. Tenho acom-panhado a leitura do Boletim Oficial, como a minha profissão exige e verifi-quei que de facto desde que o SEF deu término ao cargo que eu desempenha-va na SDPIM, deixaram de se publi-car as novas redacções das alterações das cláusulas de todos os contratos de subarrendamentos no Boletim Ofi-cial. Este facto origina, obviamente, o desconhecimento das alterações das cláusulas e situação dos contratos dos terrenos subarrendados . Faço lembrar que o então SEF, Dr. Tam Pak Yun, disse à Comunicação Social que to-mou a decisão de me substituir porque já não necessitava de um jurista para este cargo, mas fiquei depois a saber que, após a minha saída, os assuntos que foram tratados na SDIPM foram exactamente as alterações das cláusu-las dos contratos de subarrendamento e outros assuntos relacionados com contratos de concessão, tudo do foro legal. Este é apenas um resumo para conhecimento dos Srs. Deputados e também do Público. Possuo a legis-lação e os relatórios das situações de todos os terrenos subarrendados, mas entendo que não é ainda a altura para eu dar a conhecer ao Público o que se passou, espero que este esclarecimen-to possa tirar alguma dúvida sobre a minha responsabilidade enquanto pre-sidente do Conselho de Administração da SDPIM.

Com os melhores cumprimentos

Paulina Santos

carta aberta

1 - RAEM, Relatório das Linhas de Acção Governativapara o ano financeiro de 2015, 23 de Março de 2015, p. 233.

as associações provindas da sociedade civil. Em Macau favoreceu-se um siste-ma de recomendação em posta-restante que não tem lógica e é de reduzidíssima eficácia, uma vez que as opiniões são múltiplas e insusceptíveis de formarem correntes de opinião. Das duas uma: ou se pretende deixar o futuro da RAEM ao sabor da oscilação da indústria do jogo e da especulação imobiliária ou o governo desistiu de chamar a si a função nobre de qualificar o desenvolvimento urbano.

Já no domínio do trânsito e dos trans-portes, o agravamento das condições de circulação urbana, a degradação da quali-dade de resposta dos transportes públicos (e das concessionárias) e os atrasos inexpli-cáveis de concepção e execução do metro ligeiro criaram uma pressão urbana sobre a vida quotidiana das pessoas que roça o insuportável. Macau tem um problema histórico grave que é ausência de hábitos de planeamento e uma gestão urbana feita ‘em cima do joelho’. Muitas vezes se diz que o território não dispõe de técnicos preparados para a realização dos estudos e que essa é a razão de atrasos e deficiências. O argumen-to é falacioso porque esses técnicos e esses serviços de consultoria estão disponíveis no mercado internacional já que Macau não tem centros nas universidades capazes de corresponderem à qualidade técnica exigível. O Banco Mundial, as Nações Unidas, o Banco Asiático de Desenvolvi-mento têm, há várias décadas, projectos e mecanismos de assessoria dos governos em matéria de estudos de desenvolvimento e planeamento urbano integrado que são abundantemente usados por vários governo da Ásia-Pacífico.

Finalmente, a questão da política ambiental. Macau está localizada numa zona do Sul da China onde a deterioração ambiental tem sido agravada por uma industrialização desordenada, por uma acelerada construção urbano e pela eli-minação de áreas verdes que representam os pulmões das cidades. O modelo de construção em altura, a estreiteza das vias de circulação e o crescimento do número de veículos em circulação têm agravado as condições ambientais em Macau. O território tem já algumas zonas da pe-nínsula onde (Rua do Campo) onde se registaram em 2014 dias com a qualidade do ar muito insalubre e cerca de 59 dias com ar insalubre. O mesmo se diga do parque urbano da Taipa, onde a taxa de insalubridade do ar tem crescido de forma preocupante (mais 39 dias que em 2013). Em matéria de captação de resíduos do-mésticos e industriais os números revelam também um crescimento significativo de lixo recolhido o que se agravará com a urbanização dos Novos Aterros.

Um dos aspectos em que se revela a maior ou menor habitabilidade das cidades diz respeito às condições que se transmi-tem às novas gerações. Não basta replicar o compromisso com a implementação do Protocolo de Quioto mas ter objectivos concretos e medidas corajosas.

Page 24: Hoje Macau 2 ABR 2015 #3304

cartoonpor Stephff

irão prolonga negociações sobre o nuclear...

hoje macau quinta-feira 2.4.2015

Angola/ BrasilAcordos na energiae agriculturaOs governos de Angola e do Brasil assinaram ontem dois novos acordos para facilitar o investimento em áreas como a agricultura e energia, no âmbito da visita do ministro das Relações Exteriores brasileiro a Luanda. Em causa está um acordo de cooperação e de facilitação de investimentos e um Memorando de Entendimento para se fazerem investimentos específicos em várias áreas, da agricultura à geologia, energia ou serviços. Os dois acordos, que se inserem nos objectivos da parceria estratégica entre os dois países, foram assinados em Luanda pelos ministros das Relações Exteriores de Angola e do Brasil e para o chefe da Diplomacia angolana “abrem um novo campo”. “Não só para investidores privados, entre a República do Brasil e Angola, mas também em sectores específicos como a agricultura e a energia, para poder consolidar projectos de interesse comum”, sublinhou Georges Chikoti, no final da cerimónia.

UE Rússia não é alternativa para GréciaA porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva, recusou fazer comentários sobre a aproximação entre a Grécia e a Rússia e, especialmente, sobre a visita do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, na quarta-feira a Moscovo, onde vai reunir-se com o presidente russo, Vladimir Putin. A porta-voz recordou, no entanto, declarações recentes do comissário europeu Pierre Moscovici: “É claro que a Rússia não é alternativa para a Grécia, o lugar da Grécia é na zona euro”. Sobre a oposição da Grécia à continuação das sanções à Rússia, a propósito da crise na Ucrânia, Mina Andreeva lembrou apenas que o último Conselho Europeu - em que participaram todos os líderes dos 28 Estados-membros - aprovou a manutenção das sanções até que haja o cumprimento completo dos acordos de paz de Minsk, o que deve significa que estas se prolongam para já até final do ano. Alexis Tsipras vai à Rússia em 8 de Abril, numa visita que se pode tornar incómoda para os parceiros europeus, face à interrogação sobre se o Governo grego vai pedir algum tipo de ajuda financeira a Moscovo.

Estado Islâmicoataca 18 mil refugiadosOs militantes do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) atacaram esta quarta-feira um campo de refugiados em Damasco, capital da Síria, onde se encontram cerca de 18 mil refugiados palestinianos e sírios. O Daesh atacou esta quarta-feira o campo de refugiados palestino Yarmouk e actualmente controla a maior parte do terreno. A informação é avançada pela AFP e pelo director dos Assuntos Políticos da Organização para a Libertação da Palestina, Anwar Abdel. O campo foi outrora refúgio para mais de 150 mil palestinianos e sírios. Devido aos combates que abalam o país, o campo ficou reduzido a 18 mil pessoas, segundo a AFP.

Futebol Lopetegui analisado pela APAFA Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) revelou ontem estar a analisar as declarações do treinador do FC Porto, Julen Lopetegui, quando este disse que “não podem ser os árbitros a decidir o campeonato”. “Estamos a analisar”, disse o presidente da APAF, José Fontelas Gomes, dizendo que o organismo faz isso para esta, como fez para outras situações. O responsável pela APAF salientou que o organismo se reserva sempre ao direito, como já o fez, de “enviar para os órgãos disciplinares quaisquer declarações em que se sinta ofendido na honestidade e boa conduta”. Para a APAF, declarações negativas sobre a arbitragem, antes e depois dos jogos, devem ser escrutinadas. “Têm que ser criados mecanismos para que seja o conselho de disciplina e a comissão de instrução a avaliar estas declarações que são feitas antes, durante e depois dos jogos e fazer de uma forma automática esse tipo de penalização, ou não”, acrescentou o presidente da APAF.

Mulher mais velha do mundo morreu ontemA pessoa mais velha do mundo, a japonesa Misao Okawa, morreu ontem aos 117 anos por causas naturais, informou a estação pública nipónica NHK. Misao Okawa morreu pouco antes das sete da manhã locais (noite de terça-feira em Lisboa) num lar em Osaka, no oeste do Japão, onde residia, disseram fontes médicas à NHK. Desde fevereiro de 2013, Okawa era reconhecida como a mulher mais velha do mundo pelo “Guinness Book of Records”, e desde Agosto desse mesmo ano como a pessoa mais velha viva. Okawa nasceu a 05 de março de 1898 em Osaka, e tinha três filhos, quatro netos e seis bisnetos. Os seus segredos para a longevidade eram viver sem ‘stress’, dormir pelo menos oito horas diárias e comer o que gostava e de forma abundante, explicou em várias ocasiões à imprensa japonesa.

Voo da Turkish com destino a Lisboa regressa de emergência a Istambul

U m avião ao serviço da Turkish Airlines que fazia esta quarta-feira a ligação entre Istambul

e Lisboa foi forçado a regressar à capital turca. Uma porta-voz da companhia aérea adiantou à Reuters que a decisão foi tomada depois de ter sido encontrada ba-gagem a bordo sem proprietário atribuído.

O único voo marcado para esta quarta-feira da Turkish Airlines com destino a Lisboa, o TK1759, tinha como hora prevista de chegada a Portugal as 14h45. A bordo seguiam 170 passageiros e sete tripulantes. O avião aterrou em segurança em Istambul, tendo os passageiros sido transferidos para outro aparelho que deverá ter chegado a Lisboa ontem à tarde.

A companhia aérea não adian-ta mais informações quanto à bagagem que esteve na origem do problema.

O advogado e ex-secretário de Estado do Ambiente José Eduar-do Martins confirmou ao Expres-so a ameaça de bomba no avião

da Turkisk Airlines que fazia a ligação entre Istambul e Lisboa.

“Tínhamos descolado há cerca de uma hora quando avi-saram que devido a um problema técnico teríamos de regressar a Istambul. Quando aterrámos dis-seram que, afinal, não se tratava de um problema técnico mas de uma ameaça de bomba”, conta ao Expresso o ex-governante, minutos antes de embarcar num outro aparelho rumo a Lisboa.

José Eduardo martins precisa que o aparelho voltou para trás a velocidade maior do que aquela em que seguia rumo à capital portuguesa.

Este é o terceiro incidente re-gistado no espaço de uma semana com voos assegurados pela Turkish Airlines. Na última segunda-feira, um avião que partiu de São Paulo, Brasil, aterrou de emergência em marrocos, após uma nota com uma ameaça de bomba ter sido encontrada a bordo. A ameaça revelou-se falsa e os passageiros acabaram por regressar ao avião e seguiram viagem.

Um dia antes, um voo entre Is-tambul e Tóquio, Japão, foi forçado a regressar à Turquia também devi-do a uma falsa ameaça de bomba.

Segunda-feira em CaSablanCaNa segunda-feira, o avião da Turkish Airlines, desviado por causa de uma ameaça de bomba, aterrou em segurança no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, com mais de três horas de atraso. O Boeing 777 com 256 passageiros seguia de Istambul, na Turquia, para São Paulo, mas teve de pousar em Casablanca, marrocos, depois de um bilhete com a palavra “bomba”, escrita em turco, ter sido encontrado na casa de banho do avião. Uma inspecção deixou claro que a ameaça era falsa e o voo seguiu a sua rota.

O Boeing pousou em São Paulo por volta das 22h e os passageiros relataram que a tri-pulação se absteve de informar que a paragem não programada em Casablanca aconteceu devido a uma ameaça de bomba. “Disse-ram que tínhamos que aterrar por causa de um problema técnico, mas que já tinha sido resolvido”, relatou um passageiro.

O director no Brasil da companhia aérea turca, Atagun Kutluyuksel, disse que a empresa preferiu manter sigilo por moti-vos de segurança e para evitar o pânico dentro do avião. Os passageiros só ficaram a saber da razão para a aterragem ao consultar a internet ou falar com familiares por telefone.