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O Governo vai investir mais de 400 milhões de patacas no sector. O Centro de Saúde de Seac Pai Van arrecada a maior fatia do bolo com cerca de 300 milhões SAÚDE Jackpot para Seac Pai Van PUB Ter para ler 4x4 TELEFONES DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 16 DE SETEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3175 hojemacau PASSAGEM SEM NIVEL ANÁLISE ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA SOCIEDADE PÁGINA 7 SOCIEDADE PÁGINA 6 A liderança Cheong U avaliada por deputados e académicos. Apesar de algumas mudanças na qualidade de vida, fica a certeza de que uma Secretaria desta dimensão deixará sempre coisas por fazer. HOJE MACAU PÁGINAS 2-3 PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB São cada vez mais os alunos e professores que todos os dias têm de atravessar a fronteira para Macau. Uma vida feita em contra-relógio para quem tem de enfrentar filas gigantescas até chegar ao lado de cá. A SUPER PASTA PÁGINAS 4-5 ´

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Hoje Macau N.º3175 de 16 de Setembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 16 SET 2014 #3175

O Governo vai investir maisde 400 milhões de patacas no sector. O Centro de Saúde de Seac Pai Van arrecada a maior fatia do bolo com

cerca de 300 milhões

SAÚDEJackpot paraSeac Pai Van

PUB

Ter para ler

4x4TELEFONES

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 1 6 D E S E T E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 1 7 5

hojem

acau

PASSAGEMSEM NIVEL

ANÁLISE ASSUNTOSSOCIAIS E CULTURA

SOCIEDADE PÁGINA 7

SOCIEDADE PÁGINA 6

A liderança Cheong U avaliada por deputados e académicos. Apesar de algumas mudanças na qualidade de vida, fica a certeza de que uma Secretaria desta dimensão deixará sempre coisas por fazer.

HOJE

MAC

AU

PÁGINAS 2-3

PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

São cada vez mais os alunos e professores que todos os dias têm de atravessar a fronteira para Macau. Uma vida feita em contra-relógio para quem tem de enfrentar filas

gigantescas até chegar ao lado de cá.

PADROEIRO DE LISBOA FOI MILITAR EM MACAU

A SUPER PASTA

PÁGINAS 4-5

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HOJE

MAC

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hoje macau terça-feira 16.9.20142 REPORTAGEM

CECÍLIA L [email protected]

L AO Kin Chio é um aluno do 3º ano da Escola Primária Kao Yip de Macau que mora em Wanchai, do lado de lá da

fronteira, na vizinha Zhuhai. Todos os dias, Lao precisa de cerca de 10 minutos de carro para chegar às Portas do Cerco, onde apanha um autocarro que precisa de mais 20 minutos para o deixar na escola.

Lao, agora, tem sorte. O pai leva-o de carro até Gongbei, na fronteira, desde que o seu irmão mais novo entrou na idade, também ele, de ter de frequentar o jardim infantil, este ano.

“Antes do meu segundo filho ir para a escola, sempre levei o meu filho mais velho a apanhar um autocarro desde Wanchai a Gongbei”, conta-nos a mãe de Lao. “Depois de passarmos a fronteira ainda tínhamos de apanhar mais um autocarro para a escola. Como a fronteira só abre às 7h da manhã, é preciso sempre andar a correr para conseguir que os alunos como o meu filho cheguem à escola a horas.”

A mãe de Lao é da província de Hunan e casou-se com um resi-dente do território. Ao HM, conta que ela e os seus filhos são apenas três entre dezenas de milhares de pessoas que, todos os dias, tentam passar a fronteira exactamente às sete da manhã.

Apesar de entre as 7h e as 8h30 ser possível que as crianças com menos de 14 anos passem a

quem tem de fazer este caminho diariamente.

DO OUTRO LADO É DIFERENTE Os filhos de famílias que não têm BIR são obrigados, como seria de esperar, a viver com os familiares no continente. Lei Man Leng é um destes exemplos: o menino, de nove anos, estuda na mesma escola que Lao Kin Chio, mas mora com os pais e irmãos em Zhongshan, uma cidade a 35 quilómetros de Zhuhai.

Lei Man Leng não só precisa de mais tempo para chegar à fronteira com Macau, como também não pode contar que, do lado de cá, os familiares o venham esperar.

Todos os dias, Lei tem proble-mas em chegar à Kao Yip. Todos os dias, o colega, Lao, também tem de correr para não chegar atrasado à escola, que fica na San Ma Lou.

A mãe de Lao, que acompa-nhamos durante a passagem na fronteira, explica porque é que muitos dos colegas do filho têm este problema: são as próprias famílias quem não opta por ficar em Macau. A mãe de Lao explica porquê.

“Não conseguimos comprar uma casa em Macau porque os preços são muito altos. Uma casa em Zhuhai é muito mais barata e

muito mais razoável”, conta-nos, justificando o facto de não terem comprado casa em Macau, quando toda a família estuda e trabalha no território.

FINTAR AS FILASEstamos na fronteira e consegui-mos ver que, nesta manhã – como

em todas – há cenas de despedida entre os familiares. Alguns alunos têm que se despedir logo na fron-teira, porque os seus pais ou avós não têm visto para os levar para o lado de Macau.

Se tiverem sorte, alguém que não seja da família pode acompa-nhá-los na passagem da fronteira. E, com mais sorte ainda, conse-guem a companhia de um adulto até à escola.

Apesar das medidas especiais, as intenções do Governo não satis-fazem toda a gente. O facto de os canais serem, apenas, destinados a crianças com idade inferior a 14 anos – do lado da China – e inferior a 11 anos – do lado de Macau, não ajuda professores que, também eles, moram em Zhuhai.

ALUNOS DO CONTINENTE QUE ESTUDAM EM MACAU COM DIFICULDADES EM PASSAR A FRONTEIRA

A grande aventurade ir para a escola

As rendas e a política dos vistos obriga a que muitos alunos e professores que estudam e trabalham em Macau morem no continente. Apesar das vias especiais implementadas pelas duas regiões, há muitos problemas para passar as fronteiras que trazem quem, do lado de lá, vem para as escolas do território. Alunos e professores pedem mais medidas

“Depois de passarmos a fronteira ainda tínhamos de apanhar mais um autocarro para a escola. Como a fronteira só abre às 7h da manhã, é preciso sempre andar a correr para conseguir que os alunos como o meu filho cheguem à escola a horas”MÃE DE UM ALUNO DO 3º ANO

“Temos de chegar à fronteira mesmo muito cedo para sermos os primeiros na fila, mas às vezes nem isso é possível”WEI NA Moradora em Zhuai

fronteira para Macau através de uma via especial, nem isso ajuda quando os alunos são muitos. Mas, as vias especiais – engarra-fadas – não são o único problema que as crianças que moram no continente e estudam em Macau têm de enfrentar todos os dias. As políticas dos vistos do terri-tório também em nada ajudam

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3 reportagemhoje macau terça-feira 16.9.2014

O relógio batia 7h45 quando três alunos da

Escola Secundária Hou Kong tentavam apanhar um táxi na saída das Portas do Cerco – a 15 minutos da escola, como todas as outras, começar as aulas.

Mas, se os atrasos dos alunos desta es-cola são tolerados em 30 minutos – porque eles chegam do lado de lá da fronteira -, há muitos outros que não têm tanta sorte.

Por isso mesmo, há quem peça ao Governo mais medidas. Wei Na, professora de dança que falou ao HM, sugere, por exemplo, que o Governo ou as escolas tenham um autocarro especial só para os alunos e profes-sores que têm de passar a fronteira diariamente.

“Depois de passar a fronteira, também temos de lutar por um lugar nos transportes públicos ou táxis. No início descobri uma rota de autocarro que tem menos pessoas,

mas depois outros tam-bém a descobriram e agora tenho de escolher um autocarro que pára mais longe da escola, mas que tem menos passageiros.”

A professora, de Zhuhai, explica-nos que a fila de táxis está sempre cheia de pessoas de manhã. “Antes, a fila de táxis tinha menos pessoas, mas agora os trabalhadores também apanham táxis e, às vezes, há quatro e cinco pessoas na mesma fila

para apanhar um táxi, o que nem sempre dá.”

Wei Na diz-nos que nem sempre as filas são respeitadas, o que ainda complica mais as coisas. A professora, que fala por outros, sugere que a existência de autocar-ros especiais para estes poderia ser uma medida que ajudasse. Um auto-carro que, à semelhança dos turísticos, circule em redor de Macau e chegue às escolas que, pelo menos, têm alunos “transfronteiriços”. - C.L.

PROFESSORES PEDEM MAIS MEDIDAS PARA ALIVIAR CAMINHO

Autocarros mágicos

“De manhã há sempre dezenas de milhares de pessoas, a maioria trabalhadores das obras. Passam na fronteira, como eu, e a fila chega a ser de milhares de metros”, diz--nos uma professora de dança que trabalha numa escola secundária nos NAPE. “Temos de chegar à fronteira mesmo muito cedo para sermos os primeiros na fila, mas às vezes nem isso é possível”, diz-nos Wei Na, que também mora em Zhuhai.

ALUNOS DO CONTINENTE QUE ESTUDAM EM MACAU COM DIFICULDADES EM PASSAR A FRONTEIRA

A grande aventurade ir para a escola

“Como cada vez mais residentes não conseguem aguentar os preços da habitação em Macau, vão comprando casas no continente, especialmente os jovens. Depois, os seus filhos vão ser alunos transfronteiriços e a situação vai ficar mais grave”TAM SEAK TIM Vice-director da Escola Choi Nong Chi Tai

Por isso mesmo, a sorte dos alunos divide-se para que também os professores sejam ajudados: estes só conseguem passar nas vias especiais se estiverem a acompa-nhar um aluno. Caso contrário, terão de esperar na fila, como tantos outros.

[alunos com mais de 14 anos] “Têm que ficar na fila gigante, junto com os trabalhadores não residentes, que são imensos. Podem esperar desde meia hora até uma hora só para passar, logo chegam atrasados”WEI NA Professora de dança

“É normal ver professores a levar um ou outro aluno da mesma escola para passar a fronteira, em vez de a criança ser acompanhada por um familiar. Isso também é uma situação que beneficia os dois, porque o familiar do aluno não pode passar, logo preocupa-se que o filho vá sozinho, e o professor só conse-gue passar nas vias especiais se tiver acompanhado por uma criança.”

ESPECIAIS, MAS SÓ PARA ALGUNS Wei Na explica que nem as vias especiais ajudam os alunos à tra-vessia. Isto porque, e conforme testemunhou o HM, também estas – destinadas apenas aos alunos – estão a abarrotar.

“A fila é tão comprida quanto as outras. Não há diferença. Desde o ano passado que também surgi-ram muitos não residentes e, por isso, todas as filas estão cheias e gasta-se muito mais tempo para passar”, explica-nos.

De acordo com a professora são precisas mais medidas para que os alunos consigam passar a fronteira a tempo das aulas. Até porque, diz-nos, “de repente” houve um aumento de alunos do continente em Macau. Muito, devido às esco-las secundárias.

“O ensino do continente é considerado melhor na escola primária e, por isso, alguns resi-dentes, especialmente os novos imigrantes, preferem deixar os filhos estudar primeiro no conti-nente e muda-los para Macau na escola secundária.”

Um dos problemas reside aqui, precisamente porque as vias espe-ciais são apenas para os alunos com idade inferior a 14 anos, do lado do

continente, pelo que os alunos da escola secundária que já passaram desta idade não a podem usar.

Muitos dos alunos de Wei Na, diz-nos a professora, até já se queixaram do caso. “Têm que ficar na fila gigante, junto com os trabalhadores não residentes, que são imensos. Podem esperar desde meia hora até uma hora só para passar, logo chegam atrasados por causa da fila.”

A mãe de Lao concorda e recorda como, antigamente, até vinha para a fronteira às seis da manhã para conseguir ser uma das primeiras na longa fila de gente. Mas, como ela, também os muitos TNR o fazem, até porque quando a fronteira abre às 7h, abre para todos.

ESPERAR AS SETEO pedido de mais medidas para evitar estas situações é feito tanto por alunos, como professores. (ver texto secundário)

Mas ao que conseguimos apurar, não são todas as escolas que têm medidas a favor dos alunos “trans-

fronteiriços”, como são chamados. A escola Choi Nong Chi Tai, por exemplo, fica a cinco minutos das Portas do Cerco, pelo que não tolera atrasos, mesmo que o toque de en-trada seja às 8h da manhã e muitos dos seus alunos ainda possam, a essa hora, estar “quase” a passar a fronteira.

A questão não incomoda apenas quem estuda nas escolas

chinesas, mas pode vir a tornar-se ainda pior, segundo diz quem sabe. “Como cada vez mais residentes não conseguem aguentar os pre-ços da habitação em Macau, vão comprando casas no continente, especialmente os jovens. Depois, os seus filhos vão ser alunos trans-fronteiriços e a situação vai ficar mais grave”, desabafa Tam Seak Tim, vice-director da Escola Choi Nong Chi Tai.

“Normalmente, o aluno não mora em Macau porque a família considera a vida no continente mais económica ou também porque alguns familiares não conseguem ter um visto para cá viver.”

Entre os 2239 alunos da Choi Nong Chi Tai, há mais de cem alunos transfronteiriços.

Apesar de considerar que a fronteira aberta 24 horas não iria ajudar muitos os alunos, o vice--director da escola diz ao HM que, no entanto, pode ajudar os TNR, e isso é quase a mesma coisa, já que estes, assim, não têm de partilhar as vias com os estudantes.

OCIDENTAIS E ORIENTAIS JUNTOSEm Zhuhai, de manhã, foi possível ao HM testemunhar que não são só os alunos chineses quem sofre com estas passagens eternas nas fronteiras. Há caras ocidentais a passar de Zhuhai para Macau, de mochila às costas e uniformes engomados. Pelos uniformes diferentes que vestem, percebemos que há estudantes de mais de uma dezena de escolas a viver do lado de lá.

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hoje macau terça-feira 16.9.20144 POLÍTICAANÁLISE ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA

FIL IPA ARAÚ[email protected]

“É preciso entender que o Governo de Macau tem muita dificuldade em

planear a médio e a longo prazo e [isso] dificulta o trabalho de qualquer pasta e, por isso, de qualquer Secre-tário”. É assim que começa a análise do deputado José Pereira Coutinho ao trabalho realizado pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U. O facto de este responsável ter a seu cargo uma das maiores tute-las do Governo é o que dá o mote ao deputado para dizer que é difícil cumprir tudo o que a sociedade precisa – pelo menos em termos de educação, serviços sociais, saúde e turismo.

“Tendo em conta que esta pasta é uma super pasta, de-vido à dimensão de subpas-tas que engloba, será sempre difícil dar respostas eficazes aos problemas do povo de Macau”, acrescentou.

Apesar de algumas mudanças para melhorar a qualidade de vida, nem tudo foi um mar de rosas na governação liderada por Cheong U. Contudo, não há dúvidas: um Secretário que assume uma pasta com esta dimensão, nunca conseguirá dar resposta a todos os problemas que se vivem em Macau

Uma super pasta exige um super Secretário

PARA TURISTA VER

Para Pereira Coutinho, nem uma pessoa preparada para ocupar o cargo de Secre-tário – o que, na sua opinião, não é o caso - consegue trazer resoluções a todos os proble-mas que, neste momento, se sentem no território.

“Uma pessoa que nunca esteve ligada às pastas desta

área, que veio do Comissa-riado Contra a Corrupção e que antes disso também nunca foi preparado para ser Secretário, faz com que as coisas se compliquem ainda mais”, defende o deputado ao HM.

ACÇÃO POUCO SOCIALSe há muito que ficou por fazer, na opinião dos especia-listas ouvidos pelo HM, tam-bém é verdade que Cheong U foi fazendo. Pereira Cou-tinho, por exemplo, admite que o Governo “de tempos a tempos” até foi actualizando os montantes dos subsídios - tanto para idosos, como para estudantes e mais necessita-dos – e que foi “tentando” resolver, “caso a caso”, as situações mais graves. Teresa Vong, académica, até acha que, pelo menos no que diz respeito à educação, as coisas estão melhores do que o que estavam. (ver abaixo)

Contudo, Pereira Cou-tinho não deixa de realçar que o nível de vida em Ma-cau “está cada vez pior”. O deputado considera que, de uma forma geral, o trabalho de Cheong U ficou aquém do que era esperado.

“Não foram construídos asilos, creches e espaços de lazer que são tão necessá-

rios”, diz. Na sua visão, “Ma-cau está a perder qualidade de vida” e por essa mesma razão, o processo de enve-lhecimento não acontece num ambiente de qualidade.

Da mesma opinião é a professora de Sociologia da Educação da Universidade de Macau, Teresa Vong, que defende que muito ficou por fazer, ainda que em relação aos jovens. Para a académi-ca, este grupo foi um pouco esquecido. “Nada foi feito em concreto”, conta, defendendo que “apesar de ter existido uma ou outra legislação a este respeito, é tudo muito vago e não se vêem os resultados”.

Pereira Coutinho não deixa de concordar, e adian-ta, referindo-se aos jovens e famílias mais carenciadas, que “é difícil sobreviver em Macau”.

SAÚDE “IGNORADA”A lista nos trabalhos a ser feitos por Cheong U não acaba aqui. Também da sua tutela faz parte a saúde, uma das áreas consideradas mais pobres em Macau.

Pereira Coutinho dá o exemplo: “Há muito por fazer, quer a nível de infra-es-truturas, como por exemplo o novo hospital, quer a nível da formação e contratação de novos médicos”, sublinha.

Da mesma opinião é Fer-nando Gomes, presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas que é médico no serviço público de saú-de. Gomes acredita que “há margem para melhorias”. E reforça: “em todas as áreas”.

O profissional da área acredita que tudo pode ser melhorado, seja em “termos de prestação de serviços, de espaço físico ou em outros aspectos”.

Sem enunciar aspectos positivos e negativos do que foi feito no último mandato do Secretário Cheong U, relativamente à área da saú-de, Fernando Gomes critica

Pereira Coutinho assume que chegou a ter esperança que existisse, durante o mandato de Cheong U, uma diversificação na área do Turismo, outra das áreas a cargo de Cheong U. Segundo o deputado, tal não aconteceu.“Nos últimos quinze anos, e consequentemente neste mandato, o que temos visto é uma dependência do jogo”, diz, reforçando que “o Governo tem dado total apoio, seja a nível de terrenos, facilidades, concessões de benefícios às concessionárias”, estrangulando assim a área do turismo. “Macau não tem pessoal qualificado para desenvolver actividades a nível mundial”, diz Pereira Coutinho, que explica que faltam fundos, infra-estruturas e principalmente capacidade de sedução para atrair pessoas que possam criar

novos momentos culturais, educativos e não só. O deputado não esconde que, a seu ver, um visitante que venha com a sua família conhecer Macau “não tem para onde ir para além dos casinos e lojas de produtos que nada estão relacionadas com o território”. Faltou também a Cheong U apostar num espaço de diversão para as crianças, que “salvo um ou outro cinema não têm mais nada”, frisa Pereira Coutinho.Segundo as estatísticas reveladas dos inquéritos sobre turismo, os visitantes de Macau pernoitam apenas por um dia, ficando apenas com dois dias para visitar o território. Números bastante diferentes de Hong Kong, que anuncia que cada turista fica no território por cinco dias. Valores estes que vêm reforçar a “incapacidade de atracção turística” defendida pelo deputado.

o silêncio de Chui Sai On, Chefe do Executivo, quanto ao assunto. “A área da saúde tem muito por corrigir, assim como a área social, de habi-tação, dos transportes”, de-fende. “Por isso vamos lá ver o que o Chefe do Executivo irá apresentar na Assembleia Legislativa sobre a saúde”, diz o médico, expectante de “melhorias”.

Pereira Coutinho reforça ainda “apesar de Macau con-seguir oferecer os serviços básicos de saúde, não con-segue manter a qualidade”.

Na sua opinião isto acon-tece “porque cada vez há mais pessoas” e por isso a qualidade é posta em causa. “O número de utentes a solicitar os apoios médicos, no sector público, é cada vez maior e isso é visível nas listas de espera para con-sultas de especialidade, por exemplo, que aumentam de ano para ano”, afirma.

Cheong U não conseguiu corresponder às necessida-des médicas que os habitan-tes de Macau necessitam, e isso é claro para o deputado, que diz que a pasta da saúde deveria ser uma pasta inde-pendente, pois é um “assunto muito delicado”.

Recorde-se que o Hospi-tal das Ilhas, por exemplo, está atrasado e não tem data fixa para abrir. Inicialmente,

“Tendo em conta que esta pasta é uma super pasta, devido à dimensão de subpastas que engloba, será sempre difícil dar respostas eficazes aos problemas do povo de Macau”PEREIRA COUTINHO Deputado

“A área da saúde tem muito por corrigir, assim como a área social,de habitação, dos transportes”FERNANDO GOMES Médico e presidente do Conselhodas Comunidades Portuguesas

“ É preciso fazer mais, apesar de termos melhorado muito a nível de ensino, é sempre preciso fazer mais principalmente em relação à juventude”TERESA VONG Professora de Sociologia da Educação da UM

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5 políticahoje macau terça-feira 16.9.2014

Uma super pasta exige um super Secretário

EM “CAMPUS” OPOSTOSRelativamente ao ensino superior, Teresa Vong afirma, em tom de brincadeira, que “é impossível dizer que o novo campus foi uma má ideia”. De facto, para a académica, esta nova área é de forma clara um presságio para a nova fase que se aproxima a nível de educação. “É fácil perceber que o novo campus mostra uma nova fase do ensino superior em Macau e a verdade é que podemos ver que as escolas superiores estão em expansão”, afirma, exemplificando que sinónimo dessa mudança são “os novos cursos disponíveis, assim como o número de inscrições dos alunos”.

Teresa Vong acredita que este movimento será cada vez mais acentuado, ou seja, na sua opinião, o novo campus vai abrir portas a novos alunos e novos cursos. Contrário à sua opinião é Pereira Coutinho, que reafirma que nunca concordou que a Universidade de Macau passasse para um espaço que nem sequer é no território. Para o deputado, a criação do novo campus, serviu apenas para “abrir portas aos estudantes do continente”. Critica a falta de “visão alargada” do Governo na potencialidade social que a Ilha da Montanha poderá ter para Macau.

a abertura estava marcada para este ano, mas não aconteceu.

EDUCAÇÃO POSITIVA, JUVENTUDE FRIAPara Teresa Vong “Cheong U soube fazer”. Quer isto dizer que “pelo menos fez melhor do que foi feito anti-gamente, ou seja, nada”, diz a académica ao HM.

Referindo-se apenas à pas-ta da educação, a professora analisa o trabalho realizado no último mandato no ensino não superior e o superior. No primeiro é clara: “A melhor coisa feita foi a alteração ao currículo escolar”, defende.

Na sua opinião, o ensino não superior está agora mais estruturado, o que mostra claramente “um interesse por parte do Governo na defesa dos direitos dos estudantes e dos professores”.

A académica explica que o Governo tem baseado as suas decisões nos melhores exemplos a nível mundial, dando com referência o ensino na Finlândia, um dos mais conceituados do mundo. Contudo, nem tudo é bom. “Mas é preciso apostar mais e incentivar os alunos, cultivan-do a aprendizagem”, defende.

Teresa Vong diz ainda que a aposta na criação da Comis-são de Desenvolvimento de Talentos foi uma mais valia para Macau e para os seus profissionais. “Esta Comis-são será uma boa forma de facilitar o desenvolvimento do nosso território”, explica, sem deixar a nota que, con-tudo, “é preciso perceber a fundo como é que este grupo funciona”.

Para a académica, ape-sar de este grupo ser uma boa iniciativa por parte de

O Chefe do Executivo parte domingo para Pequim, onde terá encontros com os principais dirigentes do país e receberá

o “decreto de nomeação” para um segundo mandato à frente do Governo da RAEM.

Fernando Chui Sai On manterá no dia 22 encontros com o Presidente Xi Jinping e com o primeiro-ministro Li Kequiang, saindo da capital chinesa com o “decreto de nomeação” que o designa como líder do Governo a partir de 20 de Dezembro.

O Chefe do Executivo foi reeleito a 31 de Agosto, ao receber 380 votos entre os 396 vo-tantes, membros do Colégio Eleitoral.

Candidato único ao cargo, Chui Sai On tinha a eleição assegurada, mas a lei eleitoral obriga à formalidade da votação pelos 400 elementos do Colégio, representantes dos vários sectores da sociedade local. Além dos 380 votos em Chui Sai On, foram ainda registados 13 votos em branco e três nulos, sendo que quatro dos elementos da Comissão Eleitoral não exerceram o seu direito de voto.

Há cinco anos, quando foi eleito pela pri-meira vez chefe do Governo, Fernando Chui Sai On recolheu 282 dos 296 votos expressos, entre 300 possíveis, tantos quantos eram os elementos do colégio eleitoral da altura.

Após o regresso a Macau, e tal como o próprio tinha prometido, é esperado que Chui Sai On revele os nomes dos futuros Secretários do Governo, dos comissários de Auditoria, Alfândega e Contra a Corrupção, além do líder dos Serviços de Polícia Unitários.

C HEONG Kuok Vá, Secretário para a Segurança, vai celebrar um acordo de cooperação com

Portugal na área da segurança pública interna. O anúncio foi feito ontem em despacho publicado em Boletim Ofi-cial mas, segundo informações dadas ao HM pelo gabinete do Secretário, o acordo ainda está em negociação.

Em resposta ao HM, um porta--voz do gabinete de Cheong U ex-plica que o protocolo servirá para uma eventual visita do Ministro da

Administração Interna português a Macau. As informações não especi-ficam, contudo, se esta se realizará em breve.

“A delegação de poderes hoje [ontem] publicada é um acto me-ramente preparatório da eventual outorga, num futuro próximo, de um protocolo na área da segurança pública interna, no caso de se vir a concretizar a visita do Senhor Mi-nistro da Administração Interna”, começa por dizer o gabinete do Se-

cretário ao HM. “Todavia, os termos do protocolo são ainda objecto de negociação e serão exclusivamente relacionados com formação.”

A eventual visita do ministro “trata-se de uma visita a Macau ainda por concretizar”, sendo que o proto-colo vai servir, primeiramente, para formar pessoal policial.

Formação essa que está relaciona-da com a área de formação, no âmbito de um acordo quadro existente entre os dois países. - J.F.

Susana Chou Prosperidade baseia-se em famílias viciadas no Jogo

Cheong U, carece de algumas explicações, assim como o Estatuto das Escolas Parti-culares e o Regulamento dos seus professores. Ainda com tudo em aberto por parte do Governo, Teresa Vong alerta, “a maioria dos professores [das escolas particulares] estão contentes com o pro-gresso da sua carreira e os salários, mas queixam-se muito sobre o regulamento”.

MALDITA BUROCRACIA“A minha opinião, e de muitos professores que en-trevistei para o meu estudo, é que os docentes perdem muito tempo com questões burocráticas, ou seja, é preci-so fazer relatórios para tudo, inclusive para o trabalho de não-docente [organização de visitas de estudo, por exem-plo]”, explica Teresa Vong. O mesmo não acontece com os professores do ensino pú-blico que “têm menos horas de trabalhos não-docente”.

Apesar do balanço po-sitivo, Teresa Vong, alerta “é preciso fazer mais, ape-sar de termos melhorado muito a nível de ensino, é sempre preciso fazer mais principalmente em relação à juventude”.

Também o deputado Pereira Coutinho considera que a prioridade deveria ter sido a qualidade de edu-cação. “Em primeiro lugar está a preparação das futuras gerações que marcarão pre-sença nos diversos sectores importantes para a socie-dade, quer a nível público, quer privado”. Por isso, diz, é importante que esta pasta e o seu Secretário, já que não o fizeram até agora, se dediquem intensamente a esta questão.

CHUI SAI ON DECRETO DE NOMEAÇÃO DIA 22

Viagem a Pequim

SEGURANÇA INTERNA PORTUGAL E MACAU COM ACORDO DE COOPERAÇÃO

Bem vindo, senhor ministro

SUSANA Chou, considera que a prosperidade eco-

nómica de Macau se constrói com base na miséria de famílias viciadas em jogo. Isso mesmo defendeu a ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL), no seu blogue, que diz ainda que não considera Macau preparado para enfrentar o que pode advir da indústria do jogo.

“Embora a vida dos residen-tes de Macau esteja melhor, e sendo eu uma parte integrante da comunidade, não me sinto feliz nem orgulhosa desta economia”, escreve. Por outro lado, diz, “a indústria do jogo não tem capa-

cidade de suporte aos problemas ou dificuldades” que poderá enfrentar, adianta Susana Chou sem mencionar mais pormenores.

Susana Chou recorda que no período do surto do vírus SARS, em 2003, a diminuição de jogado-res influenciou, de forma directa e grave, o sector. “Espero que o Governo da RAEM se empenhe mais em tornar Macau num espécie de ‘Centro de Turismo Mundial’, desenvolvendo outros sectores para além do jogo.”

Na opinião da ex-presidente, o Governo deve acabar com a dependência económica da indústria do jogo. - F.F.

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6 hoje macau terça-feira 16.9.2014SOCIEDADE

É hoje apresentado em conferência de imprensa o concurso público para o “licenciamento de operação das redes públicas de telecomuni-cações móveis terrestres de evolução a longo

prazo e prestação dos correspondentes serviços de telecomunicações de uso público”, a chamada rede 4G.

Segundo o regulamento do concurso, publicado ontem em Boletim Oficial (BO), as empresas podem apresentar as suas propostas até ao próximo dia 18 de Novembro, sendo que serão emitidas quatro licen-ças, ainda que numa fase inicial. “O Governo pode considerar, conforme a situação real do mercado, a emissão da quinta licença durante os dois anos conta-dos da data de emissão das licenças atribuídas na fase inicial”, pode ler-se ainda no regulamento. De acordo com o documento, o Governo planeia emitir licenças de operação de redes públicas de telecomunicações móveis terrestres que adoptem a técnica de evolução a longo prazo (Long Term Evolution – LTE).

A implementação da rede 4G em Macau e a li-beralização do mercado têm sido pedidas em várias intervenções dos deputados no hemiciclo.

Em declarações ao HM, o deputado directo Au Kam San considera que “a técnica de LTE é uma abertura para os serviços de telecomunicação”, pelo que o deputado diz concordar com o concurso público para a emissão das quatro licenças, segundo disse ainda o deputado da ala democrática. Contudo, são precisas condições.

“No concurso público, o Governo deve escolher os operadores que possam trazer maiores acessibi-lidades para os consumidores”, frisa Au Kam San, que considera que a chegada do serviço de LTE pode diminuir a tarifa a pagar pelos utilizadores.

AJUDAR OU NÃO?Menos optimista está o deputado José Pereira Cou-tinho, que considera que a abertura do concurso público não vai resolver o problema da falta de liberalização do mercado.

“O facto de se abrir o concurso público não significa que vá existir uma concorrência saudável. É preciso que as três outras companhias tenham acesso aos equipa-mentos e canais, cabos públicos que o Governo cede de empréstimo à CTM, para que os possam utilizar de forma livre e numa situação de igualdade”, disse ao HM.

Caso não aconteça, Pereira Coutinho acredita que essa situação vai reflectir-se no preço. “Se ti-vermos quatro empresas, mas na realidade só uma conseguir funcionar, as outras três vão fechar portas e vão embora de Macau. Não basta dar as licenças, mas devem criar-se condições satisfatórias para que todos possam concorrer livremente, e só isso irá beneficiar os cidadãos”, defendeu o deputado.

ASSOCIAÇÃO PEDE CLÁUSULAS SOBRE SEGURANÇACheng Chung Fai, presidente da Associação dos Consumidores das Companhias de Utilidade Pública de Macau, sugeriu que o Governo peça, nos futuros contratos, que as empresas executem bem o seu sistema de segurança, protegendo a privacidade dos utilizadores. “Espero que existam medidas preventivas nos contratos para abranger a segurança dos serviços”, disse ao canal chinês da Rádio Macau. “O maior objectivo da rede 4G é trazer uma mudança para todos os serviços de telecomunicações, especialmente a nível comercial”, disse Cheng Chung Fai, que espera ainda que uma maior competitividade traga “maiores vantagens para os consumidores”.

“No concurso público, o Governo deve escolher os operadores que possam trazer maiores acessibilidades paraos consumidores”AU KAM SAN Deputado

REDE 4G ABERTO CONCURSO PÚBLICO PARA QUATRO LICENÇAS

Competitividade precisa-seO Governo abriu o concurso público para ceder quatro licençasa empresas operacionais da rede 4G - concurso há muito prometidoe constantemente adiado. Au Kam San e Pereira Coutinho pedemuma verdadeira competitividade em prol de baixos preços paraos consumidores e criticam alguns dos regulamentos

ANDREIA SOFIA [email protected]

FLORA [email protected]

“Não basta dar as licenças, mas devem criar-se condições satisfatórias para que todos possam concorrer livremente” PEREIRA COUTINHO Deputado

CRITICADA PERCENTAGEMDA TAXA DE EXPLORAÇÃOO regulamento publicado ontem em BO fala ainda de outras regras que as empresas terão de cumprir. A empresa deve apresentar uma proposta que cubra, numa primeira fase, 50% do território de Macau, “com boa qualidade” durante 2015, “providenciando uma cobertura da totalidade do território no ano seguinte”. A licença a atribuir será válida por oito anos, “podendo ser renovada por períodos iguais ou inferiores, a pedido das entidades licenciadas, com a antecedência mínima de dois anos”. É ainda exigido às concessionárias que façam o pagamento ao Governo de uma “taxa anual de exploração”, equivalente a 5% das receitas brutas da empresa. Trata-se de uma percentagem com a qual o deputado Au Kam San não concorda. “A taxa é bastante alta para os serviços de telecomunicações. Actualmente, só na indústria do jogo a taxa de exploração é calculada com base nas receitas brutas. Se a taxa é alta as despesas também aumentam, o que pode levar ao aumento das tarifas. Isso também cria uma desigualdade entre os operadores da rede 3G e de LTE”, disse o deputado, que considerou ainda que o Governo “deve esclarecer o público” face a esta questão.

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hoje macau terça-feira 16.9.2014 7 sociedade

AvisoInício da candidatura para as bolsas de mérito para estudos pós-graduados do ano

académico de 2014/2015Torna-se público que a candidatura para as bolsas de mérito para estudos pós-graduados, do ano lectivo 2014/2015,

decorre entre 16 de Setembro e 30 de Setembro deste ano. Os destinatários a esta candidatura são os residentes permanentes da Região Administrativa Especial de Macau que se encontram matriculados num curso de pós-graduação ou tenham sido admitidos por uma instituição do ensino superior, para frequentarem um curso de pós-graduação, em regime de tempo integral ou parcial. Há 125 bolsas de mérito para atribuir, sendo que 100 são para os cursos de mestrado, cinco (5) para cursos integrados de mestrado e doutoramento e as restantes 20 para cursos de doutoramento.

Para mais informações sobre a candidatura, os interessados podem, por favor, consultar a página electrónica da Comissão Técnica de Atribuição de Bolsas para Estudos Pós-Graduados em: http://www.gaes.gov.mo/ctabe/.

Para outras informações, podem, também, contactar através do telefone 83969366 ou pelo e-mail: [email protected].

Macau, aos 16 de Setembro de 2014.

O PresidenteSou Chio Fai

Trustwell – Materiais de Construção, Limitadacom sede na Estrada de Nossa Senhora de Ká-Hó, s/nº, 2º andar, Coloane, Macau

registada na CRCBM sob o nº 30722, capital social: MOP$50.000,00

Para os efeitos tidos por convenientes, anuncia-se que, por deliberação da Assembleia Geral extraordinária realizada em 15 de Julho de 2014, foi decidido, por unanimidade dos sócios, dissolver e encerrar a liquidação, a partir da referida data, da sociedade comercial por quotas denominada “Trustwell – Materiais de Construção, Limitada”, com sede em Macau, na Estrada de Nossa Senhora de Ká-Hó, s/nº, 2º andar, Coloane, registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o nº 30722, com o capital social de MOP$50.000,00, tendo o respectivo registo sido requerido em 12 de Agosto de 2014.

Macau, aos 16 de Setembro de 2014

JOANA [email protected]

O Governo prepara-se para gastar mais de 400 milhões de pata-cas com adjudicações

relacionadas com construções, consultoria e remodelações de equipamentos de saúde. A maior fatia vai para o centro de saúde de Seac Pai Van, mas também o Hospital das Ilhas vai merecer o gasto de mais de 20 milhões só para consultoria sobre design.

As novas infra-estruturas de saúde e de prestação de cuidados a idosos em Seac Pai Van vão custar aos cofres do Governo mais de 300 milhões de patacas. De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, e assinado pelo Chefe do Executivo, as obras serão levadas a cabo por um consórcio formado pela Companhia de Cons-trução & Engenharia Shing Lung Limitada, Long Cheong — Cons-truções e Engenharia Limitada e AD & C Engenharia e Construções Companhia Limitada.

Estas são empresas que têm vindo a receber a adjudicação de outras grandes obras públicas, como é o caso da habitação públi-ca do Fai Chi Kei, e do pavilhão do panda pequeno e do auto-silo

O Governo lançou uma nova iniciativa que vai permitir a avaliação da qualidade

do ar na vila Ká Hó, em Coloane. Essa será da responsabilidade da empresa americana de engenha-ria AECOM Macau Companhia Limitada, que irá receber mais de quatro milhões de patacas pe-los serviços, de acordo com um despacho publicado ontem em Boletim Oficial e assinado pelo Chefe do Executivo.

De acordo com a publicação, o pagamento será atribuído em dois momentos: este ano a em-presa receberá 2,87 milhões de patacas e o restante pagamento – de 1,47 milhões - no próximo

Metro ligeiro Passagem para hotel será demolidaA passagem superior para peões localizada entre o aeroporto de Macau e o Hotel Golden Crown China vai ser demolida para construir a estação de metro ligeiro do aeroporto. Isso mesmo foi avançado ontem pela Rádio Macau, que cita declarações do Gabinete de Infra-estruturas de Transportes (GIT). O empresário Ng Fok, que construiu a passagem aérea, concorda com a sua demolição e não vai sequer pedir uma indemnização ao Governo. O GIT garantiu ontem, segundo a Rádio Macau, que não será construída outra passagem superior. A actual deverá ser demolida durante três noites, sendo que o GIT ainda não sabe quanto custará essa iniciativa. Quanto à construção da estação do aeroporto, deverá levar seis a oito meses a ser construída.

Vice-reitor da Católica visita Macau José Tolentino Calaça de Mendonça, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), estará de visita a Macau entre os dias 25 e 29 de Setembro. A informação foi avançada pela Universidade de São José (USJ), que afirma, em comunicado, que possui com a UCP “projectos de interesse comum”. José Tolentino Calaça de Mendonça deverá participar em algumas iniciativas públicas, como é o caso da conferência “O contributo da cultura para o desenvolvimento”, que irá acontecer na Fundação Rui Cunha no dia 25. No dia 27 de Setembro o vice-reitor da UCP irá participar na entrega dos diplomas de 300 finalistas da USJ, sendo que no mesmo dia, ao final da tarde, irá estar na Livraria Portuguesa para participar numa sessão de poesia, intitulada “A noite abre meus olhos”.

Os empreendimentos estarão a cargo de um consórcio responsável por outras grandes obras de Macau

SAÚDE MAIS DE 300 MILHÕES PARA SEAC PAI VAN

Dinheiro a jorrar

OBRAS NO SÃO JANUÁRIO CUSTAM 44 MILHÕES As obras do bloco operatório do Centro Hospitalar do Conde de São Januário vão custar aos cofres do Governo mais de 44 milhões de patacas. As obras de remodelação, que vão durar cerca de um ano, ficarão a cargo da empresa MGI (Far East) Limited, de Hong Kong. O Governo tinha anunciado a semana passada que as obras iam acontecer, de forma a que se pudesse aumentar a qualidade do bloco operatório, incluindo a substituição integral do sistema de ar condicionado e de equipamentos.

de Seac Pai Van no caso da AD & C Engenharia e Construções Companhia Limitada.

No total, as obras vão custar 325,9 milhões, valor que será pago até 2016. A construção, que ficará em frente ao edifício de habitação pública Ip Heng, tem uma área de cerca de 7500 metros quadrados e

dez pisos. Está prevista a criação de um centro de saúde, um centro de serviços para idosos e um lar de reabilitação para portadores de deficiência mental.

AJUDA PARA DESENHAR Também ontem, em Boletim Ofi-cial, ficou a saber-se que o design

do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas – o Hospital das Ilhas – vai precisar de consultoria.

A HKS-Arquitectura Limita-da, uma empresa com base em Xangai, vai “prestar serviços de consultoria em design”, pelo mon-tante de 27,6 milhões de patacas, valor que será pago até 2018.

O desenho do hospital das ilhas, recorde-se, ficará a cabo do ateliê de Eddie Wong, membro do Conselho Executivo. O ar-quitecto ficou com a adjudicação por mais de 235 milhões e meio de patacas.

Contudo, segundo o despacho, esta consultoria é dada aos “Ser-viços de Saúde” e não ao ateliê de Eddie Wong. O Boletim Oficial não dá mais detalhes.

As obras do futuro hospital público continuam atrasadas e não há data oficial para que o projecto fique concluído.

KÁ HÓ AECOM RECEBE QUATRO MILHÕES POR AVALIAÇÃO DO AR

Para se respirar melhorano, totalizando os 4,3 milhões de patacas que serão pagos pelo serviço.

A questão da poluição da vila tem sido muito discutida. No início do mês passado, o HM deslocou-se a Ká Hó para per-ceber se as medidas prometidas pelo Governo, onde esta avalia-ção está incluída, estão a trazer resultados positivos. Grande parte da população confirmou que sim. O director dos Serviços

de Protecção Ambiental (DSPA), Cheong Sio Kei, explicou em declarações à imprensa, um mês depois da aplicação das novas medidas, que o Governo “tem tido bons resultados” e que, des-de o início do ano, os níveis de poluição ultrapassaram apenas uma vez os limites permitidos por lei. Ainda na mesma confe-rência, o director explicou que são realizados testes mensais do impacto ambiental, relativamen-

te à qualidade do ar e à poluição sonora.

Não se sabe quando saem os resultados da avaliação.

É também a AECOM, registada em Macau, a responsável pelos trabalhos de Instalação e Operação dos Equipamentos de Monitoriza-ção Online de H2S para a Central de Recolha do Sistema Automático de Resíduos Sólidos (SARS) con-trato que arrecadou o valor de 4,72 milhões de patacas.

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TIAG

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CÂNT

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hoje macau terça-feira 16.9.20148 sociedade

O Tribunal de Segunda Ins-tância (TSI) decidiu que a

marca “Landmark” perdeu a validade de utilização por parte da empresa Hong Kong Property Co, socie-dade com sede em Hong Kong, pelo que poderá vir a ser utilizada por outras empresas, como a Socieda-de de Turismo e Diversões de Macau (STDM).

Segundo um acórdão analisado pelo HM, a caducidade da marca foi evocada pela primeira vez em Março de 2012, após a apresentação de um reque-rimento não só por parte da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), mas também pela Sociedade de Investimento

Passeio custará mais de 77 milhões de patacas Foram ontem publicados em Boletim Oficial (BO) dois despachos que dão à empresa Cheong Kong a concretização de dois projectos públicos. Um deles é a execução da “obra do passeio entre o Jardim do Lago e Vivendas do Carmo na Taipa”, que irá custar mais de 77 milhões de patacas, pagos até 2016. A mesma empresa será ainda responsável pela “empreitada da obra de canalização provisória da Zona B”, nos Novos Aterros, a qual custará mais de 12 milhões de patacas, pagos até ao próximo ano.

MARCAS “LANDMARK” DISPUTADA EM TRIBUNAL

Um caso sério

[o uso da marca “Landmark”] “foi meramente simbólico, esporádico ou em quantidades irrelevantes”TSI

Predial Hong Hock SA, a Novo Macau Landmark – Sociedade Gestora Lda e ainda a Empresa Adminis-tradora de Imóveis Macau Landmark Lda. Esse pedi-do seria diferido em Julho do mesmo ano, tendo a

Direcção dos Serviços de Economia (DSE) conside-rado que a marca “Land-mark” tinha tido “falta de utilização séria pela Hong Kong Property Co durante três anos consecutivos”. De referir que essa empresa

pediu, entre 2003 e 2004, o registo de várias marcas junto do Governo, sendo a “Landmark” uma delas.

RECURSO NEGADOA Hong Kong Property Co acabaria por recorrer dessa

decisão junto do Tribunal Judicial de Base (TJB), que negou o recurso, tendo o caso ido parar às mãos dos juízes do TSI. A empresa invocou dois argumentos contra a caducidade da marca.

“Primeiro, não é ver-dade que nunca utilizou essa marca, pois tem feito anúncio publicitário no One Central de Macau a favor do Hotel The Lan-dmark Mandarin Oriental sito em Hong Kong”, pode ler-se no acórdão. Em segundo lugar, a empresa considerou que “dado que em Macau a maioria dos consumidores é falante da língua chinesa, a re-corrente pretende que a marca ‘LANDMARK’ seja usada juntamente com a correspondente marca em língua chinesa ‘置地’. Como ainda não lhe foram concedidas as duas mar-cas requeridas em língua chinesa ‘置地’ e ‘香港置地’, relativas às quais os processos se encontram em fase judicial, não tem po-dido fazer um uso alargado da marca ‘LANDMARK’, o que constitui um justo

motivo da não utilização dessa marca”, pode ler-se.

SIMBOLISMOS IRRELEVANTESContudo, o TSI considerou que o uso da marca “Lan-dmark” foi “meramente simbólico, esporádico ou em quantidades irrele-vantes”, sendo que “não parece preencher o referido requisito de uso efectivo”.

Depois de ter visto o recurso contra a validadeda caducidade negado pelo Tribunal Judicialde Base, a marca pode agora ser utilizadapor outras empresas

“In casu, a acção promo-cional e publicitária que a recorrente diz ter feito no One Central de Macau a favor do Hotel The Lan-dmark Mandarin Oriental de Hong Kong não se pode considerar como utilização séria da marca ‘LANDMA-RK’ no território, visto que nem o serviço de hotel cabe na classe 42.ª, nem a marca deste Hotel em Hong Kong é a ‘LANDMARK’. Ainda por cima, a não concessão das duas marcas em língua chinesa “置地” e “香港置地” nunca poderia consti-tuir justo impedimento à utilização pela recorrente da marca “LANDMARK”, porque o uso simultâneo das marcas em chinês e da marca em inglês destinadas a assinalar produtos e ser-viços diferentes se deve a razões de mera estratégia comercial, traduzindo-se numa questão de ordem subjectiva que nada tem a ver com a objectividade do facto de não se ter usado a marca”, defendeu ainda o tribunal.

A marca pode, agora, vir a ser utilizada por outras empresas. - A.S.S.

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9 sociedadehoje macau terça-feira 16.9.2014

FLORA [email protected]

A implementação de um exame anti-drogas obri-gatório nas escolas não é possível, diz o Instituto

de Acção Social (IAS). A sugestão de implementação desta política nas escolas está a gerar polémica, com o Chefe do Departamento de Preven-ção e Tratamento da Toxicodepen-dência do IAS, Hon Wai, a frisar que há coisas que só as autoridades com mais poder podem fazer.

300 trabalhadoresda MGM reuniram com a DSALCerca de 300 trabalhadores da operadora MGM dirigiram-se ontem à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) para se queixarem de diversos problemas. Ng Chi Nam, porta-voz dos trabalhadores, disse ao canal chinês da Rádio Macau que foram questionadas as promessas de férias feitas pela MGM aos trabalhadores, tendo ainda sido levantada a questão do fumo nas salas de jogo. Os trabalhadores querem que a DSAL faça uma intervenção tendo em conta os pedidos, mesmo na questão dos benefícios e bónus a pagar aos trabalhadores. Também ontem, a Melco Crown, operadora que detém o City of Dreams, emitiu um comunicado onde garante que o subsídio a pagar aos trabalhadores, caso seja içado o sinal oito, passará a ser de 500 patacas em vez das actuais 200.

Sinal 8 de tufãoiçado ao inícioda madrugada O sinal 8 de aviso de tempestade tropical foi hasteado hoje ao início da madrugada, devido à aproximação do tufão Kalmaegi. O tufão continuava a aproximar-se de Macau, mas deslocava-se em direcção a Hainão. Os serviços meteorológicos chineses emitiram o alerta laranja, o segundo mais severo, para o tufão Kalmaegi. De acordo com o Centro de Meteorologia Nacional, espera-se que o tufão atinja terra entre Yangjiang, na província de Guangdong, e Wanning, na província de Hainan, ainda hoje.

DAR A MÃOO Chefe da Secção Masculina do Desafio Jovem, um centro de prestação de serviços de apoio a toxicodependentes de Macau, Chan Chi Leng considera que actualmente Macau não tem necessidade de implementar a examinação obrigatória nas escolas, se existir mão de obra suficiente para acompanhar e dar aconselhamento aos casos de consumo de droga.

“Do ponto de vista do IAS, tanto na área legislativa como face aos equipamentos de apoio, é mais flexível utilizar o modelo de exame anti-droga voluntário”HON WAI Chefe do Departamento de Prevenção e Tratamentoda Toxicodependência

O uso de drogas é um problema cada vez mais latente e parece não haver dúvidasde que o consumo entre portas não vai parar de crescer

DROGA IAS ADMITE DIFICULDADES. REVISÃO DA LEI EM CIMA DA MESA

“Consumo em casa vai aumentar”

A supervisão obrigatória terá de ser feita durante 24 horas, diz Hon Wai, algo que “pertence ao âmbito da Secretaria para a Segurança”. O responsável sugere mesmo a cria-ção de equipamentos “semelhantes a prisões”, para conter alunos em risco do uso de drogas, mas realça que também essa “não é uma tarefa que o IAS possa fazer sozinho”.

RISCO CADA VEZ MAIORNum seminário sobre a Prevenção de Droga entre a Juventude, orga-nizado pela Associação Promotora de Saúde de Macau, falou-se de um caso de abuso de droga por uma menor de apenas nove anos. Segundo o Chefe do Departamen-to de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência, nos últimos dois anos, o problema da droga entre os jovens tornou-se mais latente, o que fez com que os trabalhos de anti-droga do IAS e o trabalho da polícia estejam mais dificultados.

O responsável prevê que a si-tuação de abuso de droga em casa irá aumentar. “A autoridade espera

conseguir ajudar os pais a perceber o problema, através da medida de ‘Dicas para Pais’, ajudando os pais a ter mais informações sobre o tratamento a dar aos filhos caso consumam a droga em casa.”

REVISÃO DA LEI Hon Wai apontou que a Direcção dos Serviços e Assuntos Jurídicos e a Comissão de Luta contra a Droga vão organizar um grupo para a revisão da Lei de Proibição

da Produção, do Tráfico e do Con-sumo Ilícito de Estupefacientes, sendo que esta política de exame anti-droga obrigatório nas esco-las será o conteúdo principal da revisão da lei. “Apoiamos todas as medidas contra a droga. No entanto, do ponto de vista do IAS, tanto na área legislativa como face aos equipamentos de apoio, é mais flexível utilizar o modelo de exame anti-droga voluntário, porque a implementação do mo-delo obrigatório deve envolver supervisão 24 horas. Actualmente, o IAS vai, através da cooperação com instituições sociais, prestar serviços para eliminar a toxico-dependência.”

Hon Wai diz ainda que, depois da discussão com a Comissão de Luta contra a Droga, em princípio, não vai ser implementado o exame obrigatório para escolas, justifican-do que se não puder implementar um exame obrigatório de droga para adultos, não se pode imple-mentar para os estudantes, porque senão irá violar a Convenção sobre os Direitos das Crianças.

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hoje macau terça-feira 16.9.201410 publicidade

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AMANHÃ Abertura da exposição

“Macau of My Own”

de Eduardo Magalhães

Creative Macau, 18h30

ENTRADA LIVRE

Demonstração culinária

com Susana Foo

MGM, 16h00

ENTRADA LIVRE

QUINTA-FEIRAGalaxy Got

Talented – final

Galaxy

50 PATACAS

Conversa ilustrada

com música (com

Frederico Rato

e Shee Vá)

Fundação Rui Cunha,

18h30

ENTRADA LIVRE

SÁBADOConcurso de Fogo

de Artifício de Macau

Equipa da China

Largo da Torre de

Macau, 21h00

ENTRADA LIVRE

hoje macau terça-feira 16.9.2014 11EVENTOS

UM ENCONTRO • Milan KunderaA mais recente colecção de ensaios de Milan Kundera é uma apaixonada defesa da arte numa era que, segundo o autor, não valoriza a arte e a beleza. Com a cativante mistura de emoções e pensamento presente nos seus romances, Kundera revisita artistas cujas obras permaneceram importantes ao longo da sua vida: reflecte sobre a pintura de Francis Bacon, a música de Leos Janacek, os filmes de Federico Fellini e os ro-mances de Philip Roth, Fiodor Dostoievski e Gabriel García Márquez. Aproveita também para fazer justiça a Anatole France e Curzio Malaparte, que considera serem grandes escritores caídos na obscuridade. Em “Um Encontro” a assinatura de Milan Kundera – os temas da memória e do esquecimento, a vivência do exílio e a defesa da arte modernista – cruza-se com as suas reflexões pessoais e histórias de vida. Elegante e provocador, Kundera segue as pisadas das suas antologias anteriores.

MIZÉ - ANTES GALDÉRIA DO QUE NORMALE REMEDIADA • Ricardo AdolfoNos arredores de Lisboa, Mizé, a boa da vizinhança, tenta conciliar os sonhos de uma vida de estrela com a rotina entre o salão unissexo e o bairro social Esperança. Mas não é fácil. Ela quer mais, muito mais. E está preparada para usar tudo o que tem para o conseguir. Por outro lado, Palha, que largou as saias da mãe para casar com Mizé, só quer manter o pouco que lhe resta - a começar pelo emprego a vender batatas fritas. Numa noite de enganos, Palha descobre aquilo que nunca quis ver. Desesperado, parte em busca da inocência de Mizé e acaba por desenterrar a sua própria mentira.

O QUE FAZER ESTA SEMANA

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

A plataforma que apoia marcas da RAEM vai mudar-se de armas e bagagens para o edifício China Civil Plaza

N UMA nota à impren-sa, o Instituto de Pro-moção do Comércio e do Investimento

de Macau (IPCIM), informou que o Centro de Exposição de Produtos de Macau – Ma-cao Ideas irá mudar as suas instalações para o Centro de Apoio Empresarial de Macau, actualmente situado no edifício China Civil Plaza.

No documento, o IPCIM garante que a exposição dos produtos dos 110 expositores continuará a decorrer na sua normalidade.

MADE IN MACAUA Macao Ideas é uma platafor-ma que permite às pequenas e médias empresas (PME), desde 2011, expor os seus produtos, desde que estes tenham marca de Macau, sejam concebidos no território ou que seja produtos de países de língua portuguesa com agentes no espaço de Macau. “Desde a sua entrada em funcionamento, o número dos expositores aumentou de 80 para 110, tendo os produtos

MGM Demonstração da Chef Susanna Foo A Chef Susanna Foo marcará presença no hotel casino MGM para uma demonstração culinária que será apresentada no restaurante Rossio. Com dois livros de culinária premiados, Susanna Foo tem levado o nome da cozinha chinesa além fronteiras. Nos últimos 30 anos conquistou o público unindo os ingredientes chineses às técnicas da cozinha tradicional francesa. A demonstração terá início às 16 horas e acontecerá esta quarta-feira, com entrada livre.

Galeria da Fundação Rui Cunha (re)inicia ciclo de literatura e ópera A Galeria da Fundação Rui Cunha voltará a abrir as suas portas às conversas com ilustrações musicais da série “Literatura e Ópera”. O próximo momento cultural será já na próxima quinta-feira, dia 18 de Setembro, no 150º aniversário de Richard Strauss. O reinício arrancará com a ópera Salomé, do próprio compositor, e advogado Frederico Rato e o médico Shee Vá serão os comentadores. O enredo conta a história bíblica de uma princesa que pede de presente, numa salva de prata, a cabeça decepada de S. João Baptista depois de este a repudiar. Num curto espaço de tempo, vemos uma casta menina transformar-se numa mulher decadente e lasciva. A Fundação explica ainda que o momento vai incluir também uma a apresentação da “A dança dos sete véus de Salomé” e o seu “monólogo final “.

Final da “Galaxy Got Talented” esta quinta-feira

O concurso de talentos “Ga-laxy Got Talented” verá a

sua final acontecer esta quinta--feira, tendo como objectivo a inclusão da comunidade. Segundo um comunicado divul-gado pela operadora de jogo, o concurso de música terá como convidados uma banda formada por elementos da Associação de Reabilitação Fu Hong.

A Galaxy espera, com o evento, “promover a inclusão social das pessoas portadoras de deficiência e oferecer-lhes a oportunidade de mostrarem os seus talentos artísticos”. Os lucros com a venda dos bilhe-tes vão ainda reverter para a associação Fu Hong, sendo que cada bilhete terá um custo de 50 dólares de Hong Kong.

A final da edição 2014 do “Galaxy Got Talented” contará com dez finalistas que irão dis-putar vários prémios, no valor total de 500 mil patacas. Danny Summer, cantora de Hong Kong, foi também convidada para participar no evento.

MACAO IDEAS CENTRO DE EXPOSIÇÃO MUDA DE LOCAL

De cara lavada

110expositores

1000produtos exibidos

exibidos igualmente aumen-tado, de 600 para 1000. Os principais produtos expostos incluem: vestuários, vestidos de casamento, jóias, produtos alimentares, vinhos, medica-mentos, mobiliário, produtos industriais, produtos da tecno-logia de informação, produtos culturais e criativos, e artigos de artesanato”, explica o instituto.

NOVAS TECNOLOGIASO IPCIM informou ainda que lançou há pouco tempo a sua presença na aplicação WeChat, permitindo aos seus utilizadores ter conhecimento das últimas novidades dos produtos repre-sentados, assim como aceder às reportagens sobre o mundos dos negócios. O Instituto considera ainda que a aplicação poderá “criar mais oportunidades de negócio para as empresas”.

No futuro, a Macao Ideas irá apostar na presença no mundo da publicidade. “Outros canais de promoção serão lançados oportunamente”, pode ler-se no comunicado, tais como “o envio de mensagens por correio electrónico aos compradores, a publicação de banners nas páginas electrónicas dos for-necedores internacionais” e, também, o envio de revistas electrónicas.

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12 CHINA hoje macau terça-feira 16.9.2014

A China anunciou domingo que pre-tende tornar-se no líder mundial

de energia nuclear em 2020, com a concretização de um plano ambicioso de acção que ficará totalmente desenhado em Abril.

O anúncio foi feito pelo director da Administração Nacional de Energia, Wu Xinxiong, que segundo o jornal ‘South China Morning Post’, citado pela agência Efe, falava para uma centena de assessores científicos e engenheiros num encontro em Pequim.

De acordo com o jornal, para conseguir alcançar este

Realizador detido por suspeita de contratar prostitutasAs autoridades chinesas detiveram o realizador Wang Quan’na, vencedor o Urso de Ouro em 2007, acusado de “contratar serviços de prostitutas”, segundo o portal de notícias sina.com. Wang é descrito como um dos realizadores e guionistas chineses mais importantes da actualidade, tendo já sido premiado por duas vezes no Festival de Cinema de Berlim: venceu o Urso de Ouro em 2007 com “O casamento de Tuya”, e ganhou o prémio de melhor guião em 2010 com o filme “Separados, juntos”. Segundo as notícias ontem divulgadas, a detenção já aconteceu na semana passada, em Pequim. As autoridades detiveram também a sua mulher, Lu Moumou, de 31 anos, mas não foram cedidas mais informações. O realizador pertence à chamada ‘sexta geração’ chinesa, que une criadores que se formaram na Academia de Cinema de Pequim e no Instituto Central de Teatro de finais dos anos 1980 a 1990.

Sinopec vai vender 30% das acções da empresaA petrolífera chinesa Sinopec vai vender 30% das acções da empresa a investidores estrangeiros por mais de 17 mil milhões dólares norte-americanos, numa altura em que o país investe em reformas económicas. O Partido Comunista Chinês prometeu, numa reunião em Novembro, que iria permitir que o mercado ocupasse um lugar “decisivo” na distribuição de recursos através de uma série de medidas, como incentivar empresas estatais e operar sob termos comerciais. A medida, já proposta pela empresa em Fevereiro, foi saudada pelos media oficiais que destacaram a Sinopec como sendo a primeira das três grandes companhias energéticas a introduzir regimes de propriedade diversificada. No entanto, os investidores não se mostraram impressionados. Em Xangai, as acções da Sinopec desvalorizaram ontem 1,06%, enquanto em Hong Kong registaram uma descida de mais de 5%.

A família enlutada de Carlos Francisco da Rosa cumpre o doloroso dever de informar familiares e amigos que este seu ente querido faleceu no dia 12 de Setembro. Deixa os filhos Alfredo Rosa, João Rosa, Arnaldo Rosa, Carlos Rosa, Eduardo Rosa e Armando Rosa e as filhas Filomena Rosa e Angélica Rosa e as noras Loi Vai, Fátima M. Conceição da Rosa, Huang Jing e Chan Kam Peng, o genro Leslie Merszei, os netos Cristiano V.C. da Rosa, Vitorino Rosa, Neco Rosa e Edino Rosa, a neta Viviana B. C. Da Rosa e os netos Joseph Rosa Merszei e Ryan Merszei. A família comunica que se realizará o funeral hoje, dia 16, pelas 11 horas no Cemitério de São Miguel Arcanjo. A todos quantos se queiram associar a estes piedosos actos, a família enlutada agradece anteci-padamente.

A família de Olga Baptista da Silva Maneiras agradece a todas as pessoas que tiveram a amabilidade de endereçar condolências, ofereceram flores e grinaldas, e se associaram e solidarizaram, de várias formas, na dor causada pelo falecimento do seu ente querido.Mais se comunica que amanhã, dia 17, pelas 18 horas, será celebrada na Sé Catedral de Macau a missa de 30º dia, em sufrágio da sua alma.A todos quantos se queiram associar a este piedoso acto, a família enlutada agradece antecipadamente.

CARLOS FRANCISCO DA ROSAFalecimento

OLGA BAPTISTA DA SILVA MANEIRASAgradecimento

PEQUIM QUER LIDERAR ENERGIA NUCLEAR EM 2020

Ambição total

18reactores nucleares activos

28em construção

O projecto do governo chinês, que estará concluído em Abril do próximo ano, terá de ultrapassar vários obstáculos como a preocupação dos cidadãosrelativa à segurança

objectivo, a China terá de superar alguns “grandes obs-táculos”, nomeadamente ao nível de conflitos de interes-ses, incertezas tecnológicas

nas infra-estruturas de nova geração, bem como a preocu-pação dos cidadãos relativa à segurança da energia nuclear.

Nos últimos anos, a China

importou parte da tecnolo-gia de reactores nucleares mais avançada do mundo, nomeadamente um projecto da americana Westinghouse e outro do gigante francês Areva.

O país tem neste momen-to três empresas nucleares em operação, a Companhia Geral de Energia Nuclear Estatal, a Companhia de Tecnologia de Energia Nu-clear Estatal e a Companhia Nacional Nuclear da China.

A China está a construir dois reactores de terceira geração, ambos baseados em projectos importados do estrangeiro e a sua constru-ção tem sido adiada devido a problemas técnicos.

A China tem actualmente 18 reactores nucleares acti-vos e 28 em construção.

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13REGIÃOhoje macau terça-feira 16.9.2014

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A Coreia do Nor-te exigiu ontem ao Governo sul--coreano que le-

vante as sanções económicas impostas ao país e suspenda os exercícios militares com os Estados Unidos como condições para retomar o diálogo de alto nível e recu-perar os laços bilaterais. Na mesma altura, as autoridades sul-coreanas acusam Pyon-gyang de estar a desenvolver um novo sistema capaz de lançar mísseis submarinos

“O diálogo e a confronta-ção não podem ser compatí-veis entre si” é o título de um editorial publicado ontem no diário Rodong do Partido dos Trabalhadores no qual Pyonyang expõe que elimi-nar as medidas impostas por Seul “contra a reunificação” é o “primeiro passo” para um novo encontro bilateral.

O texto surge como res-posta do regime de Kim Jong-un à última proposta da Coreia do Sul que em Agosto solicitou a Pyongyang a reali-zação de uma segunda ronda de negociações de alto nível para organizar novos encon-tros de famílias separadas pela guerra na península coreana e outras questões pendentes.

Em Fevereiro, as duas Coreias realizaram o primeiro diálogo de alto nível em sete anos e organizaram a primeira reunião familiar desde 2010.

Pyongyang diz agora que as medidas de “24 de Maio

Direitos Humanos Centro Cambojano pede investigação de mortes

“O diálogo e a confrontação não podem ser compatíveis entre si”EDITORIAL DO DIÁRIO NORTE-COREANO, RODONG

Enquanto a Coreia do Norte exige o levantamento de sanções, o ministro da Defesa sul-coreano acusa Pyongyang de estar a fabricar mísseis submarinos

PYONYANG E SEUL DE COSTAS VOLTADAS

Diálogo de surdos

e a suspensão do programa turístico ao Monte Kumgang obstaculizaram os esforços da reconciliação”.

As medidas do “24 de Maio” são as sanções impostas por Seul ao regime dos Kim em 2010 depois do afunda-mento em Março desse ano da embarcação militar Cheonan, alegadamente com um torpedo disparado pela Coreia do Norte e que provocou 46 mortos.

Já as viagens ao Monte Kumgang são um projecto de cooperação bilateral suspenso em 2008 depois da morte de uma turista da Coreia do Sul, vítima de dis-paros de soldados do Norte.

ACHAS PARA A FOGUEIRAEntretanto o ministro da Defe-sa sul-coreano lançou também ontem novas acusações contra Pyongyang afirmando que a Coreia do Norte está a desen-volver um novo sistema capaz de lançar mísseis submarinos.

Um porta-voz do minis-tério explicou à AFP que, de acordo com os serviços de informações dos Estados Unidos e da Coreia de Sul, foram detectados sinais de que a Coreia do Norte está a desenvolver uma estrutura para mísseis submarinos.

Segundo Kim Min-Seok, o submarino de 3.000 tonela-das de Pyongyang pode estar

a ser modificado de modo a disparar mísseis balísticos de médio alcance.

“No entanto, ainda não há confirmação de que um sub-marino norte-coreano capaz de lançar mísseis balísticos es-teja a operar”, salientou Kim.

A pequena frota de sub-marinos da Coreia do Norte é maioritariamente composta por embarcações soviéticas obsoletas.

Contudo, o centro de estu-dos coreanos da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, disse em Junho que havia indícios de que Coreia do Norte tinha adquirido uma adaptação subaquática de mísseis de cruzeiro russos.

“Ainda não há confirmação de que um submarino norte-coreano capaz de lançar mísseis balísticos esteja a operar”KIM MIN-SEOK Porta-vozdo Ministério da Defesada Coreia do Sul

O Centro Cambojano para os Direitos Humanos (CCHR na sigla inglesa) apelou este domingo ao Governo do Camboja que investigue a morte de, pelo menos, cinco pessoas alegadamente atingidas por disparos da polícia no último ano. Há um ano, Mao Sok Chan morreu durante protestos da oposição reprimidos pelos agentes depois das eleições parlamentares e após as acusações de fraude contra o partido governante, precisou a organização não-governamental

em comunicado. Segundo o CCHR, pelo menos outras quatro pessoas morreram em Janeiro quando uma manifestação de grevistas do sector têxtil foi dispersada a tiro pela polícia. “Ainda que o Governo do Camboja tenha prometido no último ano que irá formular acusações contra os responsáveis da violência cometida durante as manifestações, ainda não aconteceu qualquer investigação pública”, disse Chor Chanthyda, membro dessa organização.

Indonésia Detidos quatro chinesesligados ao Estado IslâmicoA Indonésia identificou quatro chineses da etnia muçulmana uigur detidos durante o fim de semana por pertencer supostamente ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI), informou esta segunda-feira a imprensa local. Os quatro suspeitos foram detidos nas ilhas Célebes (Sulawesi), na região central do arquipélago, quando tentavam entrar em contacto com militantes radicais indonésios em busca de apoio. A Polícia indonésia começou por afirmar

que eram turcos, devido aos passaportes falsos, mas mais tarde informou que são uigures, minoria muçulmana procedente do leste da China onde existe um movimento independentista, segundo o jornal Straits Times. O presidente em fim de mandato da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, ordenou às forças de segurança para aumentar as medidas de segurança e evitar que indonésios saiam do país para se unirem ao EI.

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14 hoje macau terça-feira 16.9.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

V ÁRIOS leitores terão já re-parado que em todos os campos da bebência alcoó-lica tem aumentado extraor-

dinariamente a qualidade e a diversida-de dos produtos. Lembre-se a quanti-dade de vodkas, gins, tequilas, rums, whiskys e whiskeys que tem aparecido nos últimos anos. A qualidade média das bebidas é boa, quase tão boa como o marketing que lhe anda associado.

O sucesso do vinho bom e das cer-vejas de baixa produção, humildes e humanas, é comovente, a qualidade do whisky japonês causa invejas figadais. O triunfo indiscutível da classe média global, ocidental, asiática e africana, produto de décadas de enganadoras vitórias democráticas, celebra-se diária ou semanalmente em bares, restauran-tes, piscinas, jardins, lupanares, barcos de recreio, apartamentos e mansões de todo o globo.

Na Ásia, a quantidade de pessoas que ganhou, nas últimas duas décadas, acesso fácil a bebidas de qualidade de-cente, é larga.

Existem, na mercancia actual do uísque, a bebida que aqui nos traz hoje pela primeira vez, muitas flutuações. O circense ataque que a nomenclatura chinesa lançou sobre a ostentação e o gasto desnecessário provocou diminui-ções na importação de uísque escocês na ordem dos 30% neste país. Os úl-timos estertores engraçados do comu-nismo fazem sentir-se na longínqua Escócia.

As vendas para os Estados Unidos, México e Índia, contudo, aumentaram. Por outro lado, em Taiwan, no Japão e na Coreia do Sul tem-se importado menos.

A produção e exportação de bour-bon atravessa, como se sabe, uma fase zenital. A facilidade de pesquisa e en-comenda que a internet permite, tem feito avançar o consumo e o conhe-cimento global sobre estes assuntos. No meio de toda esta movimentação uísquica o meu afecto repousa numa pequena ilha do sudoeste da amada Es-cócia.

Pessoalmente, o meu desgosto para com o bourbon começou, antes de evoluir para uma rejeição para com a sua doçura, com um preconceito geral contra bebidas americanas de milho. Admito-o hoje apenas em misturas, al-gumas delas muito desejadas e festeja-das em certas ocasiões, em Mint Juleps, Whiskey Sours, Old Fashioneds ou, especialmente, em Manhattans, uma

a revolta do emir Pedro Lystmann

UÍSQUE DA ILHA DE ISLAYmixórdia onde descubro, sempre com alguma surpresa, uma doçura lunar e argentina. Em estado puro desisti do seu patrocínio após umas provas bem intencionadas de Knob Creek, Maker’s Mark ou Baker’s – marcas largamente acessíveis em Macau.

O uísque escocês não figura, des-de uma adolescência marcada pelo furto de blends (Dimple, Old Parr e Black and White, se recordo bem), nos meus hábitos. Durante décadas, posteriores a esta fase criminosa, es-tes uísques desapareceram totalmen-te dos meus copos.

Não me custa admitir que a minha preferência tem descansado sempre junto de bebidas proletárias, como gin, vodka ou tequila (rum pouco) e nunca entre preparações aristocrá-ticas como cognac, armagnac ou al-guns whiskys.

Cumpre lembrar que o uísque es-cocês apenas entrou nos hábitos bri-tânicos gerais há relativamente pouco tempo, e que esta revolução tem ori-gem num fenómeno muito particular. O brandi, e não a “água” escocesa, per-maneceu a bebida de eleição das elites britânicas até à altura em que as vinhas

em França foram vitimadas, em 1880, pela filoxera. A escassez de brandi pro-moveu, então a sua substituição pelo whisky escocês.

O uísque irlandês e canadiano tam-bém não fazem parte do meu costume. O japonês, muito aclamado hoje em dia, tenho bebido com parcimónia, um pouco esquecidamente.

No entanto, conversas recentes e um conjunto de coincidências provo-caram em mim uma atenção mais de-morada nos uísques da Ilha de Islay.

Essa atenção, excitada por algumas provas, poucas, tem crescido. São duas

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 16.9.2014

“O MACALLAN, TEIMOSAMENTE COMPETENTE, PERTENCE A OUTRO NÍVEL E É A CHAVE DE TODA ESTA MOVIMENTAÇÃO. ENTRE OS MAIS DE 400 UÍSQUES QUE OFERECE, 52 PROVÊM DA ILHA DE ISLAY”

as razões que informam esta insistên-cia: uma amor pela Escócia que tem mais de 30 anos e um desejo intenso de me deslocar à lindíssima Ilha de Islay, junta à peculiaridade do paladar deste tipo de uísque.

Esta originalidade obtém-se através do uso de turfa (peat) como combus-tível (arranjado em tijolos depois de seca) durante o processo de secagem do malte. Quanto mais longa é a expo-sição da cevada ao fumo proveniente da turfa, mais fumada (peated) a be-bida se apresenta. Assim, um bebente de proclividades românticas facilmente

sentirá no uísque da Ilha de Islay a pre-sença intensa do seu solo e, se quiser, da sua história. Informe-se que, contu-do, nem todos os produtos de Islay são intensamente fumados.

Avise-se igualmente que este es-criba não percebe nada de uísques de espécie nenhuma. Mas o sabor muito peculiar dos preparados desta pequena ilha do ocidente escocês, onde exis-tem, actualmente, penso que apenas 9 destilarias, levou-o a tentar perceber como a sua bebência se poderá prati-car em Macau. Esta indústria traduziu--se em percorrer alguns supermercados e em procurar, nos bares mais ricos de uísque de malte, as suas entradas mais significativas.

Em supermercado encontro, até agora, apenas 5 marcas: Caol Ila 12 anos; Ardbeg 10 anos; Lagavulin 16 anos; Bowmore 12 anos e Laphroaig 10 anos.

Uma loja do Nape, chamada Pa-cific, dispensa um conjunto mais ou menos diversificado mas a preços sus-peitos: 4 Laphroaig (entre os quais um a 55% e um Cairdeas); 3 Lagavulin; 1 habitual Ardbeg de 10 anos e, ex-traordinariamente, um Bunnahabhain de 12.

Confesso-me, nestas andanças do demónio, muito devedor de um con-junto de mais de 400 vídeos que, sob o título de Ralfy.com, dispensam infor-mação sobre uísques de vários tipos e de muitas proveniências diferentes (e um pouco também sobre outras bebi-das), e também sobre vasilhame apro-priado, uso de miniaturas, colecções, misturas, armazenamento, etc.

Um leitor impaciente poderia ten-tar ler nestas linhas algumas das ca-racterísticas que tornam estes uísques tão particulares. Não irá longe. Poderá consegui-lo em prova própria ou in-vestigando na internet. O autor destas considerações, ignorante, prefere não entrar em pormenores de notas olfac-tivas ou gustativas que não domina. Escolheu, ao invés, partilhar um entu-siasmo que é ainda muito inocente e que pode, ainda, proporcionar muitas surpresas.

Nas estalagens mais conhecidas do território encontra-se uma oferta mui-to suficiente de uísques da Ilha de Islay graças, especialmente, a duas delas.

Bares como o Cinnebar, o Cristal, o Bar Azul, o bar do lobby do Hotel Okura, e o Lan oferecem um conjunto modesto de 2 garrafas, de nomes fáceis de encontrar, geralmente uma mais

acessível e uma de preço mais eleva-do. O bar do Hotel Mandarin, o bar Rendez-Vous e o Macau Soul oferecem 5 escolhas (nas listas dos dois primeiros existem erros). O 38 Lounge, do Ho-tel Altira, exibe uma boa selecção de 7 botelhas.

Outros, como o Lyon’s bar, no MGM, não têm uma única entrada (este último dispensa, no entanto, uma lista de 19 rums raros). Aproveite-se para informar que o simpático Piano Bar, outrora sito no Hotel Okura, e que figurara em quinto lugar na lista dos meus bares preferidos, e onde se mis-turava um saketini que era um amor, já não existe.

Como seria de esperar é no bar Macallan e no whisky bar do Hotel Star World que encontramos uma se-lecção mais competente. Este último oferece, para além de 52 single malts escoceses de outras zonas da Escó-cia, 11 garrafas de matéria de Islay: Caol Ila (1), Lagavulin (3), Bowmo-re, (1), Ardbeg (1), Bruichladdich (1), Laphroaig (3. Aviso: dois não estão no menu) e, até, uma garrafa de uma marca que já não produz, que é difícil de encontrar e cujos preços têm subido muito, Port Ellen.

O Macallan, teimosamente compe-tente, pertence a outro nível e é a cha-ve de toda esta movimentação. Entre os mais de 400 uísques que oferece, 52 provêm da Ilha de Islay. A leitura dos pequenos textos que apresentam, na longa lista, os vários uísques, faz boa leitura. Aí se descobrem, para lá dos es-coceses, irlandeses, norte-americanos, canadianos e japoneses, uísques de proveniências menos comuns como a Escandinávia, a França ou a Índia. As bebidas, como não espanta, vêm ser-vidas em copos muito certos e quem quiser acrescentar água tem-na de qua-lidade própria.

Conclui-se assim que, em termos de marcas, não descubro em super-mercados ou loja de licores, qualquer garrafa de Kilchoman. Em bares, gra-ças ao concurso do Macallan, encon-tram-se, para nosso conforto e alívio, representadas todas as destilarias da ilha amada.

“AVISE-SE IGUALMENTE QUE ESTE ESCRIBA NÃO PERCEBE NADA DE UÍSQUES DE ESPÉCIE NENHUMA. MAS O SABOR MUITO PECULIAR DOS PREPARADOS DESTA PEQUENA ILHA DO OCIDENTE ESCOCÊS, ONDE EXISTEM, ACTUALMENTE, PENSO QUE APENAS NOVE DESTILARIAS, LEVOU-O A TENTAR PERCEBER COMO A SUA BEBÊNCIA SE PODERÁ PRATICAR EM MACAU”

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16 hoje macau terça-feira 16.9.2014h

PIKETTY, O PAPA E O REGRESSO DE KARL MARX

Santiago ZabalaIN ESQUERDA.NET

FAZ AGORA 147 ANOS,

ERA LANÇADO O

PRIMEIRO LIVRO

DE “O CAPITAL”. AO

“ACUSAREM” O PAPA E O

ECONOMISTA FRANCÊS

DE “MARXISTAS”, OS

CONSERVADORES

CONFIRMAM A

ACTUALIDADE DO

FILÓSOFO ALEMÃO

A crítica às desigualdades so-ciais, como exposta no livro “O Capital no século XXI”, do francês Thomas Piket-

ty, não é assim tão diferente da visão do Papa Francisco sobre o capitalismo na sua exortação apostólica Evangelii Gaudium (do latim, “A alegria do Evan-gelho”), publicada em 2013.

O jornal inglês Financial Times tenta provar que a teoria do economista fran-cês é incorrecta. Além disso, conservado-res como Rush Limbaugh e outros acu-sam tanto o economista quanto o sumo pontífice de marxismo, sinónimo de estar errado na opinião do comentador políti-co, obviamente. No entanto, ser rotula-do de marxista não é uma ofensa. É ape-nas um sinal de que Marx regressou das reminiscências do comunismo para con-vidar académicos, activistas e até clérigos a procurar nos seus escritos soluções para recessão global contemporânea.

Embora Piketty e o Papa Francisco (antes Cardinal Jorge Mario Bergolio) neguem qualquer interesse ou fé no marxismo, ambos não serão perdoados tão cedo. Porque, afinal, reconhecer as falhas do capitalismo é como emitir um sinal de alerta máximo no nosso estado de excepção.

O lado bom desse alerta, porém, é a possibilidade de congregar pessoas preocupadas com questões vitais como distribuição de rendimento, saúde e edu-cação, reivindicações vistas na União de Nações Sul-Americanas (UNASUR) e no recente movimento Occupy.

O Papa pede redistribuição, e Pi-ketty sugere um modo de pôr isso em prática com uma tributação progres-siva global sobre o capital ou grandes riquezas. E torna-se também – indirec-

tamente – o economista papal. Para ex-plicar por que a solução do economista francês é apropriada para as preocupa-ções do Papa, é preciso revisitar rapi-damente as duas teses.

O mais interessante de Evange-lii Gaudium não é o clamor por uma distribuição de riqueza mais justa, mas sim tal pedido ser feito a partir do es-pírito da Teologia da Libertação, de Gustavo Gutiérrez.

Segundo o Papa Francisco, uma “re-forma financeira” é essencial não ape-nas “porque o sistema socioeconómico é injusto na sua origem”, mas também “porque os mecanismos económicos actuais promovem um consumo desor-denado”. Um consumismo desenfreado somado à desigualdade é uma combi-nação nociva à sociedade, na medida em que “os excluídos não são mais os ‘explorados’, e sim os rejeitados, os que são considerados redundantes”.

É possível perceber que o Papa co-loca em oposição não apenas um sis-tema económico em que a exclusão é possível, mas um em que ela se tornou a regra, ou melhor, “o resultado de ideologias que defendem a autonomia

absoluta do mercado e da especulação financeira”. Como um veraz filósofo pós-moderno, Papa Francisco conclui as suas observações destacando como “estamos longe do chamado ‘fim da história’”, na medida em que o cresci-mento económico, incentivado pelo livre mercado, em vez de proporcionar uma maior prosperidade para todos,

aumentou “a corrupção desmedida e a deplorável sonegação de impostos, que assumiram dimensões globais”.

Pikkety, ao que parece, apresenta uma justificação tanto histórica quanto económica para a preocupação do Papa sobre uma “economia de exclusão” e so-bre “um sistema financeiro que dita re-gras em vez de servir a sociedade”. Se o capitalismo se tornou esse sistema eco-nómico não é simplesmente pela sua in-clinação natural a uma desigualdade ga-lopante – tese em que o autor se debru-ça através de uma análise detalhada da história –, mas sim porque o capitalismo permite que a concentração de riqueza se perpetue de uma geração à outra (a exemplo da família real espanhola).

Isso ocorre no seguinte momento: quando “a taxa de retorno sobre o capi-tal é maior que a taxa de crescimento de rendimento e produção, o capitalismo automaticamente cria desigualdades ar-bitrárias e insustentáveis que, de forma radical, enfraquece valores meritocráti-cos, fundamentais em sociedades demo-cráticas”. O economista francês sugere então “uma tributação progressiva sobre o capital”, restringindo “o crescimento ilimitado da desigualdade global, que cresce a um ritmo que não pode ser man-tido a longo prazo e constitui motivo de preocupação até mesmo para os defenso-res mais fervorosos do livre mercado”.

Talvez Piketty tenha se tornado o economista de Papa. Não apenas por apresentar uma solução de provável anuência pelo pontífice, mas também por se afastar do rigor científico da sua disci-plina, isto é, o determinismo económico. Mormente, o economista francês acredi-ta que “o reaparecimento da desigualdade social depois da década de 1980” não foi consequência de um movimento natural do capitalismo, mas sim de “recentes de-cisões políticas em temas relacionados com a tributação e fundos públicos”. O clamor do papa para um sistema finan-ceiro que “sirva à sociedade em vez de ditar regras” é diametralmente oposto a tais decisões de quem está no poder. São os mesmos que sempre evitam as refor-mas financeiras recomendadas pelos dois líderes. Embora Pikkety continue a lec-cionar na França em vez de se mudar para o Vaticano, o Papa tem agora um aliado economista durante o seu pontificado em Roma, mesmo com todas as acusações de marxismo. Essas acusações, portanto, não são apenas necessárias para reunir eco-nomistas e a Santa Sé. Servem também como um marco para conter a aceleração da desigualdade capitalista para aqueles que são assim acusados, independente da fé ou da posição social.

EMBORA PIKETTY E O PAPA FRANCISCO (ANTES CARDINAL JORGE MARIO BERGOLIO) NEGUEM QUALQUER INTERESSE OU FÉ NO MARXISMO, AMBOS NÃO SERÃO PERDOADOS TÃO CEDO. PORQUE, AFINAL, RECONHECER AS FALHAS DO CAPITALISMO É COMO EMITIR UM SINAL DE ALERTA MÁXIMO NO NOSSO ESTADO DE EXCEPÇÃO

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HOJE A DAR AO REMO

17DESPORTOhoje macau terça-feira 16.9.2014

C OMBATE confirmado e dia escolhido: Manny Pacquiao vai regressar no-vamente ao território para

um combate contra Chris Algieri já no próximo dia 23 de Novembro.

O evento, intitulado “Clash in Cotai II”, vai ver Pacquiao, o único lutador a ser campeão mundial em oito divisões diferentes, defender o seu título mundial de pesos médios contra Chris Algieri, que detém o título da mesma categoria na divisão de júniores.

A realizar-se pelas 20h na Arena do Venetian, o evento marca o segundo combate de Manny ‘Pacman’ Pacquiao em Macau.

O filipino diz mesmo que Algieri pode ser um osso duro de roer. “Chris Algieri travou um excelente combate em Junho para conquistar o título mundial contra Ruslan Provodnikov. Estou impressionado e intrigado pela

Primeira Liga Portuguesa Penáltis ditam empate entre vimaranenses e dragões

A caminho da Luzcom todas as “estrelas” «Rumo a Lisboa» foi a legenda para a fotografia que Ezequiel Garay colocou no Twitter, onde aparece com vários companheiros do Zenit no avião que transporta a equipa para a capital portuguesa. Esta terça-feira, a formação de São Petersburgo joga no Estádio da Luz com o Benfica na primeira jornada do Grupo C da Liga dos Campeões. O treinador André Villas Boas anunciou, antes da viagem, a lista de convocados, onde aparecem as principais “estrelas” da equipa: o ex-benfiquistas Axel Witsel, Javi García e Ezequiel Garay, o ex-portista Hulk e os portugueses Danny e Luís Neto. A equipa realiza pelas 19 horas o habitual treino de adaptação ao relvado do palco do jogo, antes, pelas 18.30 horas, Villas Boas irá à sala de imprensa acompanhado de um jogador, provavelmente um ex-benfiquista, para projectar a partida.

Mourinho «Selecção? Não faz sentido...» Mourinho falou ao «Contragolpe» (TVI24) sobre a possibilidade de treinar a selecção. Começou por revelar o que se passou quando Carlos Queiroz saiu e concluiu dizendo que desta vez nem vale a pena conversar. «Falaram comigo naquela altura, quando Carlos Queiroz saiu. Foram a Madrid e foram directos ao coração. Queriam muito que eu assumisse a selecção. Conversei em minha casa com Gilberto Madail e João Rodrigues. A verdade é que aceitei, fui falar com o presidente do Real Madrid, que não fechou a porta. Senti que a situação não selecção estava fácil, a qualificação não era simples. Aceitar foi uma reacção emocional. Eles falaram com Florentino, que não disse que não. Eu convenci-me que ia. A seguir disse-me que era impossível e fiquei chateado. Depois de pensar vi que era incompatível. Desta vez nem vale a pena pensar nisso», afirmou José Mourinho este domingo à noite.

Ramón Calderón «Ronaldo está farto da política do actual presidente» Ramón Calderón, presidente do Real Madrid entre 2006 e 2009, identifica sinais inequívocos de insatisfação em Cristiano Ronaldo com a política que está a ser seguida por Florentino Pérez. «Tenho a sensação de que Ronaldo está farto da política do actual presidente. Quando ele chegou ao Real Madrid com Arjen Robben pensava que iriam formar uma boa dupla, mas depois Robben foi vendido. Há dois anos saiu Gonzalo Higuaín e ele não ficou satisfeito. No ano passado considerou um erro deixar Ozil sair e a última gota foram as vendas de Xabi Alonso e Di María», disse Calderón à talksport.

“Ele (Algieri) pode ser o atleta mais esperto e mais bem treinado que eu já alguma vez defrontei, o que faz dele o mais perigoso”MANNY PACQUIAO

BOXE PACQUIAO ELOGIA ALGIERI ANTES DO COMBATE EM MACAU

Honras e louvoressua análise científica do boxe. Ele pode ser o atleta mais esperto e mais bem treinado que eu já alguma vez defrontei, o que faz dele o mais perigoso. Trabalhei muito duro para conquistar este título e vou continuar a fazer o mesmo para garantir ganhar no dia 23 de Novembro”, disse Manny,

citado por um comunicado da Sands China.

SINAL DE RESPEITOPor sua vez, Algieri diz que “é uma grande honra lutar contra uma pessoa como Pacquiao, que vai em breve ser instaurado na ‘Hall of Fame’”, sendo que o lutador está entusiasmado por

ser introduzido a um novo mercado na Ásia. “A minha última luta contra Ruslan Provodnikov obteve a aten-ção do mundo, agora vou mostrar do que sou realmente capaz. Tenho o máximo respeito por Manny e toda a sua equipa, mas não tenham dúvidas que estou aqui para ganhar e para derrotar uma lenda do boxe”.

Na mesma noite, vão também combater Zou Shiming e Ik Yang da China, Rex Tso de Hong Kong, o prodígio de Macau Ng Kouk Kun e Gilberto Ramirez do México.

Os bilhetes para o evento cus-tam entre 880 e 24.080 patacas e já estão à venda.

Equipa de Barco-Dragão do Hoje Macau na competição ontem realizada em Macau a propósito do Festival da Lua

FOI um jogo intenso, dentro e fora do relvado. Tanto que até

esteve sete minutos interrompido, na primeira parte, devido a desa-catos nas bancadas que levaram adeptos para as imediações do terreno de jogo.

O Vitória nunca se encolheu. E com uma pressão constante, prin-cipalmente sobre o meio-campo portista, foi travando a criação de jogo por parte do adversário. Os golos chegaram apenas na segunda parte (incluindo um lance polémi-

co). De penálti, Jackson adiantou os dragões, ao minuto 61. Também de grande penalidade, Bernard empatou tudo, aos 70’.

Depois, o FC Porto queixou-se de um golo aparentemente mal anulado a Brahimi (ao minuto 72). O franco-argelino desmarcou-se e rematou cruzado, sem hipóteses para Douglas, mas o árbitro con-siderou que estaria ligeiramente adiantado (em relação ao último defesa rival) quando recebeu o passe de Jackson. Até final, os

dragões continuaram à procura do golo do triunfo (até estrearam Aboubakar, já perto dos 90), mas não o conseguiram.

Com o empate, Vitória de Guimarães e FC Porto (que tinham chegado 100% vitoriosos à 4.ª jor-nada), continuam no topo da Liga. Têm 10 pontos e estão igualados com o Rio Ave (que empatou no sábado, 1-1, em casa do Moreiren-se) e o Benfica (que os alcançou após vencer em casa do Vitória de Setúbal, na sexta-feira, por 0-5).

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T E M P O A G U A C E I R O S M I N 2 4 M A X 2 8 H U M 8 0 - 9 8 % • E U R O 1 0 . 3 B A H T 0 . 2 Y U A N 1 . 3

ACONTECEU HOJE 16 DE SETEMBRO

João Corvofonte da inveja

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

18 hoje macau terça-feira 16.9.2014

U M L I V R O H O J E

(F)UTILIDADES

Uns acreditam que o mundo é um mistério. Outros que é um milagre. Mas outros há ainda que não acreditam sequer no sentido de acreditarem nisto ou naquilo.

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE EXPENDABLES 3 [C]Um filme de: Patrick HughesCom: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jet Li14.30, 19.15

CAFE • WAITING • LOVE [B]FALADO EM MANDARIM E LEGENDADO EM CHINÊSUm filme de: Chiang Chin LinCom: Vivian Chow, Megan Lai, Pauline Lan, Lee Luo16.45, 21.30

SALA 2BEGIN AGAIN [C]Um filme de: John Carney

Com: Keira Nightley, Matk Ruffalo, Hailee Steinfeld14.30, 19.30

THE EXPENDABLES 3 [C]Um filme de: Patrick HughesCom: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jet Li16.30, 21.30

SALA 3BUT ALWAYS [B]Um filme de: Snow ZouCom: Nicholas Tse, Gao Yaun-yuan, Tong Da-wei14.30, 16.30, 19.30, 21.30

BEGIN AGAIN

Dia Mundial para a Preservação da Camada de Ozono• Hoje assinala-se o Dia Mundial para a Preservação da Camada de Ozono, data instituída pela ONU, com o objectivo de alertar consciências para a necessidade da protecção do planeta.Neste dia 16 de Setembro, em 1987, é assinado o Protocolo de Montreal, para a redução da emissão de gases nocivos à camada de ozono. Em comemoração, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou a data como Dia Mundial para a Preservação da Camada do Ozono.Esta comemoração mundial pretende ser uma oportunidade para alertar o mundo para a necessidade de uma acção global, nacional e regional, tendo em vista a protecção da camada de ozono.Nasceram a 16 de Setembro Lauren Bacall, actriz norte--americana (1924), BB King, músico norte-americano (1925), Mickey Rourke, actor norte-americano (1952), e David Copperfield, ilusionista norte-americano (1956).Morreram neste dia D. Carlos V de França (1380), Edward Whymper, alpinista britânico (1911), Alexander Friedmann, matemático e cosmólogo russo (1925), Victor Jara, cantor e compositor chileno (1973), Maria Callas, cantora lírica norte-americana de origem grega (1977), Jean Piaget, biólogo e psicólogo suíço (1980), e Mary Travers, cantora norte-americana (2009).

Afinal temos tufãoAfinal temos tufão. Que saudades dele. Já não me lembro da última vez que chegou, aquela vez em que os meus colegas não precisavam de vir trabalhar e ficaram em casa ouvir o som da chuva a cair.

O som da chuva. Também isto é algo que já quase me esqueci. Tenho saudades da chuva na Primavera em Macau. Sempre chuva. Como em Inglaterra, a chuva é sempre o “tema” principal do tempo.

Vamos ver um filme. É sempre bom assistir a um filme quando chove, ainda que esta também seja uma boa ideia quando estivermos de folga num dia em que o sono aperta.

Com tufão, um grande que nós gatos jornalistas vimos trabalhar com os pequeninos, não precisamos de nos mexer, nem pensar. Meditação é tudo o que precisamos. Sempre. A meditação é uma actividade que não se pode perder em tempo de tufão.

Amor em Tempos do Cólera é um romance escrito por Gabriel García Márquez. Acho que, como vivemos em Macau, podemos escrever um romance que se chama Amor em Tempos de Tufão.

THE TIME TRAVELER’S WIFE AUDREY NIFFENEGGER (2003)

O tempo é algo que tomamos como garantido, pelo menos no que toca à sua ordem. O dia tem sempre 24 horas, o futuro é sempre o que vai acontecer amanhã ou daqui a uma hora e o passado já lá foi. Para Henry, contudo, as coisas não funcionam bem assim. Em “The Time Traveler’s Wife”, Henry tem um problema genético que o faz viajar pelo tempo. Sem que o consiga controlar. Numa das suas viagens, entre o passado e o futuro, Henry conhece Claire. Mas, aquela que vai ser a sua futura mulher tem apenas seis anos e Henry tem 40. É apenas em alguns momentos que Henry e Claire se conse-guem juntar, ser namorados “normais” e aproveitar o tempo – essa condição sem piedade – juntos. - Joana Freitas

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hoje macau terça-feira 16.9.2014

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19OPINIÃO

Mais que perfeito

A CRISE DO ÉBOLAcartoonpor Stephff

“O laboratório do futuro fica no Alentejo?” A pergunta era feita, há dias, na P2, a revista do Público, a propósito de Tamera, o “Centro Internacio-nal de Pesquisa para a Paz, Modelo para o Futuro, Paraíso em

Construção” que existe em terras de Odemi-ra. Foi criado em 1995 e, actualmente, tem cerca de 150 habitantes permanentes. Apenas nove são portugueses. Quase todos, 90 por cento, são alemães. Todos acreditam que “é possível viver fora do sistema”.

Na Alemanha, de onde saíram, eram con-siderados um culto. Na planície alentejana, conseguiram até pôr de acordo o Bispo de Beja e Noam Chomsky, ambos impressio-nados com o “exemplo” e “visão”.

No manifesto que subscrevem, os ta-merianos dirigem-se à “geração jovem que já não encontra nenhum futuro na actual sociedade”. “A auto-suficiência alimentar, usando a permacultura e a correcta gestão da água, e a independência energética com a luz solar são as soluções apresentadas para a crise planetária”, sintetiza o repórter Paulo Moura. Mas isso é apenas uma parte.

“A revolução de que o mundo precisa não se fará apenas mudando as estruturas sociais e económicas. É preciso ocuparmo--nos também das estruturas interiores”. O grande objectivo é a paz e, para isso, é preciso destruir a “matriz global de medo e violência”. E o mal, já se sabe, corta-se pela raiz.

“As raízes da violência, dos impulsos de posse e de conquista, que levam à opres-são e à guerra, estão na mente humana. Se não destruirmos isso em nós próprios, não vale a pena construir sociedades perfeitas, porque estarão condenadas ao fracasso”, recita o jornalista a partir da cartilha tameriana.

Encorajando a partilha e a transparência, não tolerando a posse, pretende-se eliminar a esfera privada. A ideia é reforçar o sentido de comunidade.

Tudo se faz e tudo se discute em conjun-to. “Os consensos e a unanimidade surgem naturalmente no convívio da comunidade. Como todos querem o mesmo, têm as mes-mas opiniões”. Discórdia, aqui, anda lado a lado com o ódio e a violência. Benjamin von Mendelssohn, 41 anos, o chefe do go-verno tameriano, defende que “é uma ilusão acharmos que as pessoas pensam de forma autónoma”.

Os tamerianos acreditam que a “mudan-ça social vai fazer-se por um fenómeno de

próximo or ienteHUGO PINTO

ressonância mórfica, em vários aspectos idêntico ao conceito de consciência colec-tiva, de Karl Jung”, que juntamente com Karl Marx, Sigmung Freud e Wilhelm Reich oferece as ideias inspiradoras. “A mudança de sistema é uma mudança de poder. O novo poder não consiste no domínio sobre os outros, mas na reunificação com as leis sagradas da vida”, escreve Dieter Duhm no “Manifesto de Tamera”, mostrando--se convencido que o mundo vai pronta e alegremente copiar o “novo paradigma”, num “processo planetário que já não pode ser detido porque está de acordo com as energias da enteléquia da vida”.

Mas o que é a “enteléquia da vida”? O que é esta essência da vida? Ter resposta a esta pergunta é, de algum modo, deter e exercer um poder. Será a partir da definição desta “essência” que todos os tamerianos quererão “o mesmo”, mas até esta “reuni-ficação com as leis sagradas da vida” vai depender da interpretação de alguém, que depois a ditará de um qualquer pedestal.

Também por aqui anda um desejo antigo de poder. Para salvar o mundo, primeiro é preciso controlá-lo.

São incontáveis os exemplos de colecti-vidades, “retiros” onde se quis viver “fora do sistema”. Na maioria, havia apenas o desejo de fugir do mundo. Em Tamera, isso não basta: é preciso mudá-lo, uma pulsão tão antiga quanto o próprio mundo.

Na sua reportagem, Paulo Moura subli-nha que, antes de tudo, é preciso aprender a linguagem própria de Tamera, na qual se dizem coisas como “ele tem boa frequência”, “isso faz parte do campo morfogenético”, “aquilo tem um imenso poder de cura” ou se “descondicionam” pessoas. É que “o paraíso são as palavras”.

No entanto, apesar da polissemia, a lin-guagem continua a representar um mundo há muito construído. E encerra, além de relações de poder e autoridade, também amor e ódio, paz e violência.

É também através da linguagem que a humanidade se tem organizado em sistemas e em sociedades e é assim que se tem mostra-do capaz de mudanças e até de revoluções. Todavia, não conseguimos tornar o mundo e nós próprios definitivamente melhores. Que se continue a tentar é, ao mesmo tem-po, motivo de admiração e apreensão. Uma esperança e um desespero.

Não há futuro que não seja pretérito. E só assim ele será mais que perfeito.

“Não conseguimos tornar o mundo e nós próprios definitivamente melhores. Que se continue a tentar é, ao mesmo tempo, motivo de admiração e apreensão. Uma esperança e um desespero”

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hoje macau terça-feira 16.9.2014

Ex-ministra da Educação condenada a três anos e seis meses de prisão A ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues foi ontem condenada a três anos e seis meses de prisão com pena suspensa, por prevaricação de titular de cargo político. João Pedroso, irmão do antigo ministro socialista Paulo Pedroso, e João da Silva Batista, secretário-geral do Ministério da Educação à data dos factos, foram também condenados a três anos e seis meses de prisão, igualmente com pena suspensa. A arguida Maria José Morgado, que foi chefe de gabinete da ex-ministra, foi absolvida.

Tailândia Dois turistas britânicos encontrados mortos na praiaDois jovens turistas britânicos foram encontrados mortos e nus esta segunda-feira numa praia de Koh Tao, pequena ilha do sul da Tailândia, informou a polícia que abriu uma investigação do duplo assassínio. Os corpos dos dois britânicos, um homem e uma mulher de cerca de 25 anos, foram encontrados a alguns metros do seu bungalou. A polícia não informou ainda sobre o possível motivo dos crimes, mas, segundo os agentes, os suspeitos provavelmente ainda se encontram na ilha. Koh Tao, no Golfo da Tailândia, é um destino apreciado pelos admiradores do mergulho. A Tailândia recebeu um número recorde de 26,5 milhões de visitantes estrangeiros no ano passado.

O deputado Chan Meng Kam entregou uma interpela-

ção escrita ao Governo onde critica os casos excepcionais de dispensa de concurso pú-blico em projectos públicos de construção, sendo que muitos deles, diz, “envolvem milhões de patacas”. O deputado eleito pela via directa escreveu ainda que o Executivo não apresenta “justificações claras” sobre a ausência de concursos públicos.

“Em situações de falta de supervisão criam-se oportuni-dades para os departamentos públicos abusarem dos cofres públicos, existindo ainda sus-peitas por parte da população sobre a eventual transferência de benefícios entre o Governo

e as empresas concessionárias”, defendeu Chan Meng Kam.

O deputado questiona ainda o Governo sobre quais serão as medidas de supervisão toma-das em situações de dispensa de concurso público. Chan Meng Kam sugere mesmo a criação de um organismo para coordenar, rever e avaliar os concursos públicos, por forma a unificar os procedimentos e critérios a tomar pelos diversos organismos.

Chan Meng Kam pede, por isso, maior transparência na concessão de projectos públi-cos, porque muitas vezes, con-sidera, a população desconhece os motivos do Governo para tal decisão. - F.F.

Governo Chan Meng Kam pede mais “transparência”