hoje macau 16 abr 2015 #3311

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TIAGO ALCÂNTARA AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB CASO LUÍS AMORIM DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 16 DE ABRIL DE 2015 ANO XIV Nº 3311 hojemacau Em busca do tempo perdido HABITAçãO ECONóMICA CANDIDATURAS ACELERADAS A Lei da Habitação Económica vai finalmente ser alterada. Aprovada pelo Conselho Executivo, a nova medida permitirá que as famílias não tenham de esperar um ano pelos resultados das suas candidaturas. A entrada em vigor da alteração vai fazer com que ao fim de um mês todos passarão a saber se foram, ou não, seleccionados. Em mais uma sessão de julgamento relacionado com o falecimento do jovem em 2007, os dois médicos legistas ouvidos deram testemunhos antagónicos. Se por um lado, é afastado o cenário de queda da ponte como causa da morte, por outro, é argumentado precisamente o contrário. Portugal e Brasil já são membros fundadores do novo banco asiático PÁGINA 4 GRANDE PLANO PÁGINA 3 SOCIEDADE PÁGINA 6 CHINA PÁGINA 12 100.000 CEM | APAGãO ficaram sem energia durante uma hora

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Hoje Macau N.º3311 de 16 de Abril de 2015

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Page 1: Hoje Macau 16 ABR 2015 #3311

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Em busca do tempo perdido

habitação Económicacandidaturas acElEradas

A Lei da Habitação Económica vai finalmente ser alterada. Aprovada pelo Conselho Executivo, a nova medida

permitirá que as famílias não tenham de esperar um ano pelos resultados das suas candidaturas. A entrada em vigor

da alteração vai fazer com que ao fim de um mês todos passarão a saber se foram, ou não, seleccionados.

Em mais uma sessão de julgamento relacionado com o falecimento do jovem em 2007, os dois médicos legistas ouvidos deram testemunhos antagónicos. Se por um lado, é afastado o cenário de queda da ponte como causa da morte, por outro, é argumentado precisamente o contrário.

Portugal e Brasil já são membros fundadores donovo banco asiático

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100.000cEm | apagão

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2 hoje macau quinta-feira 16.4.2015

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macau

por Carlos Morais José

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l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Edite Ribeiro; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

diárioDE

boRDo

horahCERCA DE 400 pessoas foram dadas como desaparecidas num naufrágio de um barco com migrantes que tentavam chegara Itália. A informação veio da Save the Children baseada em testemunhos de sobreviventes salvos pela Marinha italiana

“Está em testea transmissãoem directo de todos os eventos que aqui acontecem e a partir do nosso terceiro aniversário todos os eventos serão transmitidos”Rui Cunha• Presidente da fundação com o seu nome, sobre o projecto de transmissão televisiva e online de eventosda mesma

“O que eu entendo é que há uma má aplicação da lei, nomeadamente à aplicação da prisão preventiva em Macau. Por isso é quea cadeia está cheia”PedRo LeaL• Advogado, sobre a aplicaçãoda pulseira electrónica a presosem regime de prisão preventiva

“No futuro temosque criar [um centro] de formação médicaou especializadapara que os profissionaisdos hospitais sepossam inscrever nesses cursos”aLexis Tam• Secretário para os AssuntosSociais e Cultura, sobre a criaçãode um centro de formação médicano prazo de dois anos

O que nos entonteceo que nos entontece não é a complexidade do mundo, nem a perversidade das pessoas. Como não o é a grandeza dos espaços, nem a estranheza dos sonhos; nem a beleza das galáxias ou a miséria dos subúrbios. O que nos entontece é não dispormos de tempo para pensar nisso tudo, para não fazer nada e nesse nada, nesse momento de intimidade, processar-mos o que vamos aprendendo, mes-mo quando não demos por aprender,

e o que julgamos ser, para esquecer o supérfluo, para meditar no dia de hoje e no de amanhã, talvez nas semanas e nos meses, quem sabe nos anos a haver e talvez, por uma vez, fazê-lo com calma, sem tempo, sem ser no meio de uma tontura.O que nos entontece é o tempo fugidio, ardiloso, o carrossel in-cessante, do qual pouco se nos dá para saltar em andamento e ficar a olhar o diabo que foge, por vezes às voltas, doutras rectilíneo, nos

piores momentos aos solavancos e ele é agora comboio. O maquinista, amiúde, esquece-se de apitar. E entontece-nos não saber quando sair, em que estação desembarcar. Os cais são fundamentalmente os mesmos em todo o mundo, também porque pouco espaço nos dão para os conhecer. E em cada estação vegeta o mesmo vendedor de castanhas; do outono de cada cais ergue-se o homólogo fumo de um fogareiro.

Entontecem-nos estas homo-logias como se fossem coin-cidências e por isso delas não tivéssemos o dom de duvidar. Melhor atribuir a dúvida à tontura. Ao tempo sôfrego. Ao carrossel instantâneo, em pó, basta retirar a água e beber para entontecer mais um pouco.O que nos entontece é, finalmente, a sofreguidão. A gula que (ouvi dizer) nos faz comer os próprios filhos.

“Supondo que esta revisão seja aprovada em Julho pelos deputados,em Agosto o IH poderá concluir a apreciação preliminar dos candidatos. Um ano

é uma grande diferença e penso que é uma boa notícia para qualquer pessoa”Leong heng Teng, porta-voz do Conselho executivo, sobre a alteração à Lei da habitação económica | P. 4

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3grande planohoje macau quinta-feira 16.4.2015

Joana [email protected]

Se Duarte Nuno Vieira, anti-go presidente do Instituto de Medicina Legal de Portugal, considera mais correcta a

tese de agressão, já O Heng Wa, médico legista de Macau recusa essa ideia e assegura que as lesões do jovem são típicas de quem cai de uma ponte.

em mais uma sessão do caso que opõe a família Amorim à RAeM, que ontem decorreu no Tribunal Administrativo, o mé-dico legista português – actual presidente do Conselho europeu de Medicina Legal e professor universitário da área – disse que o corpo de Luís Amorim aparentava sinais de “perfuração” no braço e na perna, tão semelhantes que “faziam pensar na actuação de um instrumento que perfura”. “[As lesões] mostram que foi algo que actuou de fora para dentro. Não posso afirmar taxativamente que foi agressão, mas é de fora para dentro sem dúvida, até as fibras das calças o demonstram.”

Duarte Nuno Vieira - que é con-selheiro do Tribunal dos Direitos Humanos em Haia – garante que as lesões apresentadas nos braços do jovem são características de alguém que se tenta defender. “Ao longo da minha vida avalio muitas situações de tortura e isto é típico de situações de sinais de defesa de uma agressão. Indiscutivelmente.”

OpOstOsAinda que tenha frisado por vá-rias vezes que “não há sempre, nem nunca” na medicina legal e que “não pode excluir a hipótese de queda de lugar elevado”, algo defendido pelas autoridades de Macau, que rotularam o caso como suicídio, Duarte Nuno Vieira diz que “não faz sentido” porque não há outras lesões compatíveis com esta hipótese.

Opinião totalmente contrária tem O Heng Wa, um dos médicos legistas de Macau que fez a au-tópsia a Luís Amorim. “Este caso é compatível com queda de local

Luís Amorim TesTemunhos conTradiTórios sobre causa da morTe

Duelo de legistasContinuam as divergências face às lesões encontradas no corpo de Luís Amorim, que apareceu morto debaixo da Ponte Nobre de Carvalho em Setembro de 2007

elevado”, referiu o profissional, admitindo contudo que os médi-cos legistas “nunca souberam se foi suicídio ou homicídio”, tendo até colocado as duas hipóteses no relatório da autópsia. “Nunca conseguimos determinar o motivo da morte.”

O Heng Wa, que trabalha na área há 19 anos, explica por que acredita na queda da ponte e refuta todas as teses apresentadas pelo médico legista português. Sobre as perfurações encontradas na perna e no braço – que são círculos vermelhos e que provocaram a fractura do osso – o profissional descarta que tivessem sido feitas de fora para dentro. Diz ainda que se tivesse sido usado um objecto perfuro-contundente “haveria he-matomas à volta” e que “ao bater no chão o osso poderia ter feito essa perfuração” no braço ou até “uma pedra”, no caso da perna.

Sobre o ferimento que causou fractura no lado interior do braço perto do pulso, que Vieira caracte-riza como sinal de defesa de uma agressão, O Heng Wa caracteriza

como defesa, mas de queda. “É um instinto básico de defesa ao cair”, explicou. Algo refutado pelo médi-co português, que diz que se fosse queda, a fractura seria ao contrário do que foi detectado, ou seja perto do pulso mas do lado de fora.

O médico legista de Macau assegura que as fracturas na face foram feitas “todas ao mesmo tempo” e que estas seriam “apenas possíveis devido a queda de altura”. Já Duarte Nuno Vieira, assegura que mostram indícios de “murros ou com um objecto” e que diferem na coloração, o que indica lesões repetitivas. Fotos da autópsia fo-ram mostradas em tribunal, com O Heng Wa a acrescentar que houve fracturas semelhantes nas maçãs do rosto, detectadas “ao toque” e sem necessidade de uso de raio--x ou abertura. Já os médicos de Portugal indicam não ter havido essas fracturas.

Luís Amorim tinha ainda abra-sões no pescoço e no abdómen, algo também justificado por am-bos os médicos, mas novamente de forma diferente. Duarte Nuno

Vieira chama-lhes “lesões por ar-rastamento”. O Heng Wa explica que a ferida no pescoço “pode ter sido causada pela queda, já que o jovem pode ter-se movido de lugar depois de cair”.

ROupas e diveRgências Os médicos legistas de Portugal analisaram, ao contrário dos de Macau, as roupas do jovem. Vieira admite que a roupa “foi cortada no hospital de acordo com os pro-cedimentos” para a prestação de socorro, mas frisa que havia “sinais de rasgões na manga esquerda e botões arrancados”.

O médico português criticou a forma como foram entregues as roupas ao advogado da família, Pedro Redinha, já que “vinham dentro de um saco de plástico, que não permite a recolha de eventuais provas de ADN”, por-que as destrói. “É o pior que se pode fazer”, diz, acrescentando: “já vi muitos casos de suicídio e nunca vi em caso nenhum lesões no vestuário”.

Já do lado de Macau, o médico

legista não analisou as roupas, que ficaram, de acordo com o que disse, na posse da PJ. “Na autópsia não vi as roupas, o cadáver estava já nu e as roupas estavam na PJ”, que seria quem teria de investigar, frisou.

A questão levantou dúvidas a Redinha, que confrontou O Heng Wa com a sua própria admissão de que há dúvidas sobre o motivo da morte. “Se a vossa dúvida fosse realista, não teria feito sentido examinar as roupas do menor? Há roupa rasgada, eu pedi o exame das roupas seis vezes.”

O médico afirmou que, caso o MP tivesse pedido uma perícia, a teria feito, mas que não é o método de Macau ser o médico legista a fazer a análise.

OutRas difeRençasDivergências também no caso da morte do jovem ter sido ou não imediata. O médico de Macau afirma que sim porque um dos motivos foi a “ruptura da aorta”. O de Portugal diz que seria pouco provável que a aorta tivesse rom-pido não só por haver “falta de sangue na caixa torácica”, que O Heng Wa diz ter-se espalhado pelo corpo, mas também porque Luís apresentava um edema cerebral, o que só acontece em vida.

“Da altura que seria, a queda teria sido significativa e faria com que a morte fosse imediata, mas o jovem tinha um edema cerebral muito significativo, o peso do en-céfalo era de 1600 gramas, mais 20% acima do normal. Houve tempo de vida e não faz sentido dizer que houve ruptura da aorta, porque isso não dava tempo para o edema se formar.”

O Heng Wa contrapõe. “A mor-te foi quase instantânea. O edema era leve, tinha aumento de peso, mas pode acontecer até com álcool ou a falta de oxigénio”, frisou, acrescentando que não se pode traçar relação com uma agressão.

Confrontado pelas diversas hipóteses de queda de ponte, tanto pelo MP, como pelo tribunal, Duar-te Vieira foi peremptório: “Não há lesões de queda. Às vezes vemos coisas novas, mas não vejo nada plausível. Posso por a hipótese de queda acidental devido ao álcool [1,75gr/l], pode ter-se debruçado para vomitar, mas é mais favorável a agressão. era preciso que, neste caso, fosse tudo absolutamente fora do normal.”

Duarte Nuno Vieira notou ainda algumas insuficiências no relatório da autópsia feita em Macau, classificando-o como uma “descrição insuficiente” e “não exaustiva”, algo contraposto pelo MP, que indica falhas na tradução. O Heng Wa admitiu que nem todas as lesões foram descritas, por não serem “importantes e serem leves”.

Recorde-se que a família pede uma indemnização civil de 15 milhões de patacas por negligência na investigação.

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4 hoje macau quinta-feira 16.4.2015política

AndreiA SofiA [email protected]

c onhecido por ser um processo burocrático e moroso, a candidatura a uma habitação do Gover-

no vai ficar mais fácil. Isto porque o Conselho Executivo já concluiu a discussão sobre a primeira altera-ção a ser feita à Lei de Habitação Económica, que vem introduzir a apreciação preliminar dos candi-datos, a ser feita pelo Instituto da Habitação (IH).

Segundo explicou Leong Heng Teng, porta-voz do Conse-lho Executivo, os candidatos já não vão ter de esperar até 2016 para saber se foram ou não se-leccionados para o concurso de atribuição das casas.

“Há 1900 fracções de habitação pública a serem atribuídas e se adoptássemos o modelo antigo os trabalhos seriam feitos até 2016 e só depois é que se seleccionavam as candidaturas. Introduzindo a apreciação preliminar, o processo vai ser mais célere e no final de um mês essa selecção ficará feita”, apontou.

Leong Heng Teng disse ainda que “esta é a melhor forma de proceder, porque o volume de trabalho é muito grande e é difícil analisar as 42 mil candidaturas e depois atribuir as 1900 fracções. Mais de dois terços das opiniões recolhidas consideram que esta é a melhor opção”.

Tratando-se da primeira parte

Mudanças em prol da rede 4GO Conselho Executivo concluiu também a análise ao regulamento administrativo sobre a “Alteração à Tabela Geral de Taxas e Multas Aplicáveis aos Serviços Radioeléctricos”, com vista à chegada da rede 4G ao mercado de telecomunicações. Foram afixadas as taxas a serem cobradas para este tipo de equipamentos, as quais serão 80% das taxas que se recebe da rede 3G, disse Leong Heng Teng.

Vitor Ng continua como presidente da Comissão de Actividade PrivadaO presidente da Comissão de Apreciação de Pedido Relativos ao Exercício de Actividade Privada por parte dos Ex-Titulares do cargo de Chefe de Executivo e dos principais cargos, Vitor Ng, viu renovada a sua nomeação por mais dois anos. De acordo com um despacho publicado em Boletim Oficial (BO), também Philip Xavier permanecerá na Comissão pelo mesmo período. O mesmo despacho, assinado por Chui Sai On, Chefe do Executivo, designa Kou Peng Kuan como membro da mesma Comissão, cargo que entra em vigor no início do próximo mês.

Habitação económica NOVA LEi ACELERA PROCESSOS DE CANDiDATuRA

a rapidez que faltava O Conselho Executivo aprovou a alteração à Lei da habitação económica, que introduz a apreciação preliminara ser feita peloinstituto da habitação a todasas candidaturas.A medida permite que as famílias possam saberresultadosde selecçãoao fim de ummês, ao invésde esperarematé 2016

“Há 1900 fracções de habitação pública a serem atribuídas e se adoptássemos o modelo antigo os trabalhos seriam feitos até 2016 e só depois é que se seleccionavam as candidaturas. Introduzindo a apreciação preliminar, o processo vai ser mais célere e no finalde um mês essa selecção ficará feita”Leong Heng teng Porta-voz do conselho executivo

de revisão do diploma, o porta-voz do Conselho Executivo explicou que a celeridade do processo é o principal objectivo. “O Governo pretende rever já esta parte da lei e entregar à Assembleia Legislativa (AL), para que os candidatos a uma fracção possam o mais cedo possível saber a sua situação e ver o que podem fazer da sua vida, se arrendam uma casa ou se ficam à espera.”

“Supondo que esta revisão seja aprovada em Julho pelos de-

putados, em Agosto o ih poderá concluir a apreciação preliminar dos candidatos. Um ano é uma grande diferença e penso que é uma boa notícia para qualquer pessoa”, exemplificou Leong Heng Teng.

Prometida mais fiscalizaçãoFeita a apreciação preliminar, o ih pode começar a agrupar os pedidos, entre os mais urgen-tes, os que ficam excluídos ou aqueles que serão admitidos ao concurso de atribuição de casas.

“Das 42 mil pessoas que espe-rariam até 2016, poderia haver algumas que não preenchiam os requisitos [de candidatura], mas só iriam saber a apreciação em 2016. Agora podem fazer-se agrupamentos dos que têm e não têm requisitos, e podem ver-se os casos prioritários, como as famílias com idosos”, explicou Leong Heng Teng, que garantiu que não haverá quaisquer direitos dos candidatos lesados.

Quanto à segunda parte da

revisão da lei, o Governo garante necessitar de mais dois meses para compilar as opiniões da consulta pública e avançar com mudanças. Um dos pontos a rever será a forma como as casas atribuídas são utilizadas pelos candidatos. Segundo Leong Heng Teng, 20% das casas atribuídas não estão a ser habitadas.

“A primeira consulta pública não se focou neste aspecto, mas há opiniões de que se devem vender as casas só para quem preenche os requisitos, porque Macau tem recursos limitados. O Governo está a reforçar os trabalhos de fiscalização sobre isso. Pode ha-ver situações em que as pessoas deixam as casas vazias ou dão a outras pessoas para viverem. Na próxima fase de consulta vamos assegurar que as casas servem mesmo para a habitação, é esta a opinião da sociedade”, concluiu.

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5 políticahoje macau quinta-feira 16.4.2015

Leonor Sá [email protected]

O deputado José Pereira Coutinho pediu escla-recimentos ao Gover-no quanto ao método

de contratação dos músicos que integram a Orquestra de Macau e a Orquestra Chinesa de Macau. De acordo com a interpelação escrita, enviada ao Governo, o deputado alega que estes funcionários au-ferem, em termos mensais, menos do que os funcionários públicos da RAEM, apontando mesmo que os seus ordenados se fixam em determinados níveis. “Na Orques-tra de Macau, o salário médio de um música corresponde ao nível salarial de 360 da Função Pública e um cantor principal recebe um salário correspondente ao índice 457. Na Orquestra Chinesa de Macau, os salários situam-se em níveis ainda mais baixos”, critica Pereira Coutinho no documento.

Outra das questões que o de-

FLora [email protected]

U M professor da escola Cham Son acusa a instituição de distribuir de forma não

adequada os subsídios públicos destinados aos estudantes com necessidades educativas especiais, frisando mesmo que as avaliações dos professores são abafadas pela direcção da escola.

A carta, publicada no órgão Macau Concelears, refere que o professor, que não quis avançar o nome, garante que na Cham Son estudam cerca de 30 estudantes com necessidades educativas especiais, mas que apenas dois professores estão encarregues da sua educação.

Contudo, o documento enviado à Direcção dos Serviços de Educa-ção e Juventude (DSEJ), analisado pelo docente que faz a queixa, terá sido assinado pelo director da escola e mais dez professores, por forma a receberem subsídios do Governo. O docente acha “ridí-culo” o facto da direcção da escola receber o dinheiro e não garantir a educação destes alunos.

Director do São Januário colabora no novo hospital

O Secretário para os As-suntos Sociais e Cultura,

Alexis Tam, disse ontem aos jornalistas que o actual director do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Chan Wai Sin, que vai deixar o cargo no final do mês, “irá desempenhar novas funções, as quais inte-gram acompanhar os trabalhos ligados à construção do novo centro hospitalar das Ilhas”. Quanto à substituição por Kuok Cheong U, anunciada na Assembleia Legislativa (AL), Alexis Tam referiu que a mu-dança “representa apenas uma mobilidade de pessoal normal”, uma vez que Kuok Cheong U “tem uma enorme experiência, profissionalismo e capacidade de coordenação, que pode vir a beneficiar, a longo prazo, a reforma do sector da saúde em Macau”. Quanto a Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde que viu a sua comissão de serviço ser renovada por mais um ano, Alexis Tam diz que “apenas teve boas intenções”. O Secretário disse também que “se compararmos com outros países e regiões, Macau é uma cidade onde existem boas políticas e que, no geral, os residentes apresentam um estado de saúde relativamente bom, com acesso fácil a uma consulta médica, incluindo no hospital público”.

Pereira Coutinho quer esClareCimentos sobre Contratação de músiCos

Será que cantar rende?José Pereira Coutinho interpelou o Governo para saber em que regime de contratação estão inseridos os músicos de duas das principais orquestras locais. No entanto, o deputado vai mais longe e afirma que alguns deles auferem valores de nível básico e não estão incluídos no regime de previdência que permite a atribuição de uma reforma

putado levanta é o facto destes profissionais terem tanto direito de se inscrever no regime do fundo de previdência como os funcionários da Administração, mas nada ainda ter sido feito no sentido de efectuar o seu registo. “Os músicos dessas orquestras têm o direito de se inscreverem no regime do fundo de previdên-cia, mas lamenta-se o facto de, até agora, não ter sido efectuado o respectivo registo”, adianta o também presidente da Associa-

ção de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). Para Pereira Coutinho, o Executivo deveria ter em conta a situação corrente dos países circundantes no que diz respeito a esta matéria, já que, de acordo com o docu-mento que enviou, “em Hong Kong, em Taiwan e no interior da China, os músicos de orques-tras profissionais usufruem de um regime de aposentação”, ao contrário do que alegadamente acontece no território.

Que critérios ?Assim, o responsável da ATFPM questiona o Governo sobre o mecanismo através do qual estes

profissionais são contratados. “Qual é o regime de provimento a que está sujeita a contratação dos músicos da Orquestra de Macau e da Orquestra Chinesa de Macau?”, questionou. Além disso, o deputado pergunta ainda quais são os critérios estabelecidos pelo Executivo para determinar o salário destes músicos. A segunda questão prende-se com o pedido urgente pela integração dos mes-mos no regime de previdência que serve à Administração local, justificando que o Governo lhes deve “proporcionar a protecção de um regime de aposentação e atrair a permanência dos talentos musicais” para a RAEM.

A última questão do deputado está relacionada, uma vez mais, com a formação contínua deste tipo de talentos, argumentando Pereira Coutinho que o Governo tem vindo a mostrar vontade de apostar em políticas que tenham em vista o desenvolvimento da cultura local.

“Qual é o regime de provimento a que está sujeita a contratação dos músicos da Orquestra de Macau e da Orquestra Chinesa de Macau?”

EnSino ESpEcial EScola cham Son SuSpEita dE abuSo dE SubSídioS

Pagar para não educarO mesmo professor diz ainda que depois da implementação do qua-dro geral do pessoal docente das escolas particulares do ensino não superior, em 2012, os profes-sores precisam de ser avaliados todos os anos. Na escola Cham Son, como as avaliações são fei-tas pelo director e os directores de turma, não haverá coragem para denunciar a situação, para que os professores não reprovem nas avaliações.

A Associação Novo Macau (ANM), que tem membros na Macau Concelears, encontrou-se entretanto com o Centro de Apoio Psico-Pedagógico e Ensino Espe-cial da DSEJ, tendo pedido uma investigação mais detalhada do caso. A ANM sugere ainda que não podem ser apenas pedidas opiniões dos directores das escolas, mas também dos directores de turma. Lou Pak Sang, vice-director da DSEJ, afirmou a semana passada que será lançado dentro de duas semanas um relatório sobre a situação do ensino especial, sen-do que os subsídios poderão ser suspensos caso sejam verificadas irregularidades.

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6 hoje macau quinta-feira 16.4.2015sociedade

Leonor Sá [email protected]

M acau sofreu ontem mais um apagão de energia, que afectou ontem, durante pou-co mais de uma hora, um

quarto da área de Macau e um universo de cem mil clientes. a companhia de Electricidade de Macau (cEM) garante que não houve acidentes de maior, mas o Governo já pediu um relatório sobre o incidente.

a subestação do canal dos Patos teve uma falha num dos seus equipamentos de alta tensão às 10h56. O incidente provocou falhas a vários níveis, já que a estação situada na Ilha Verde abastece quatro outras unidades, que fornecem energia a um quarto da área do território, como explicou o coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE), arnaldo Santos. Os problemas deram-se nomeadamente no Hospital conde São Januário, no campus da Ilha da Montanha da universidade de Macau, em habitações nas zonas de S. Paulo, do Porto Exterior, tendo tido mais intensidade na areia Preta.

De acordo com dados da cEM e dos Bombeiros, foram registados 75 casos de pessoas presas em elevadores e 13 se-máforos apagados. No centro Hospitalar conde de S. Januário também foi possível “manter o bom funcionamento”. contudo, os telefones de emergência do corpo de Bombeiros (como o 119 e o 120) foram afectados pelo corte, ao contrário da linha aberta 999 da PSP.

Desculpas pela interrupçãoainda assim, os incidentes não causaram sinistros ou feridos graves. a electricidade acabou por ser reposta a 100% perto das 12h20 horas.

Este é o já o segundo apagão da cEM em menos de mês, tendo o primeiro afecta-do o posto fronteiriço das Portas do cerco por um período inferior a dez minutos.

“Em nome da cEM, peço as minhas desculpas e lamento pela inconveniên-cia causada”, afirmou o presidente da comissão Executiva da empresa, Bernie Leong, garantindo que actualmente o fornecimento é estável, citado pela Lusa. “Temos de estudar mais aprofundada-mente para saber onde é que surgiu este problema”, disse.

a empresa de electricidade irá agora apurar os factos e causas da falha de energia e os resultados deverão ser conhecidos daqui a pouco mais de um mês, ainda que a empresa tenha uma semana para apresentar um relatório preliminar sobre as causas do incidente.

“Temos que estudar mais aprofunda-damente para saber onde é que surgiu este problema”, afirmou Bernie Leong. O cabo de alta tensão que sofreu a falha foi posto em funcionamento há seis anos, mas a cEM garante ter feito uma inspecção em Março último.

Habitação Empréstimos mais que duplicam

criticaS àUM por faLta de gerador de reServa O vice-presidente da associação Geral de Estudantes chong Wa de Macau, Lei Siu chou criticou, em declarações ao canal chinês de Rádio Macau, a universidade de Macau pela falta de medidas preventivas para fazer face às falhas de electricidade. as declarações do responsável surgiram ontem. a falta de um gerador eléctrico provoca, na perspectiva de Lei, impacto no normal funcionamento dos horários das aulas e do sistema informático e equipamentos electrónicos da universidade. O vice-presidente espera assim que a uM crie medidas de prevenção contra este tipo de incidentes, preparando um gerador adequado. Esta deverá ser acompanhada de instruções sobre o comportamento no caso de suspensão da electricidade. - F.F.

centroS de Saúde afectadoSOs Serviços de Saúde confirmaram que o apagão de electricidade que afectou ontem uma grande parte da vida da cidade influenciou também parte do funcionamento dos centros de saúde da areia Preta e do Porto Interior. No entanto, o organismo afirmou que os serviços do Hospital S. Januário não foram afectados, uma vez que foi possível activar o sistema do gerador particular da instituição. Foram recebidos, de acordo com a PSP, pedidos de ajuda de pessoas que ficaram presas no teleférico da Guia durante cerca de dez minutos. - F.F.

a cEM voltou ontem a ver-se a braços com maisuma falha de electricidade que desta vez não afectou apenas a zona norte, mas também algumas das principais artérias da cidade. Durante mais de uma hora, o problema afectou semáforos, linhas de emergênciae elevadores, mas sem consequências graves

CEM Nova falha Na subestação do CaNal dos Patos afeCta Cidade

A corrente segue dentro de momentos

O valor dos empréstimos hipotecários para habitação em Fevereiro mais que

duplicou face ao mês homólogo do ano anterior para 5.259,3 milhões de patacas, foi ontem anunciado.

De acordo com dados relativos aos empréstimos revelados pela autoridade Monetária de Macau (aMcM), a subida do valor dos novos empréstimos hipotecários para habitação em Fevereiro foi de 37,8% face ao primeiro mês do ano. Os residentes de Macau assumiram responsabilidades de 5.151,4 milhões de patacas, ou mais 39,6% face a Janeiro e mais 106,7% contra Feve-reiro de 2014 enquanto os não residentes contraíram empréstimos no valor de 107,9 milhões de patacas, menos 15,7% do que no mês de Janeiro deste ano, mas mais 17,3% do que em Fevereiro do ano passado.

No final de Fevereiro, o saldo bruto dos empréstimos hipotecários para habitação totalizava 155.892 milhões de patacas, mais 27,5% do que em Fevereiro de 2014. Destes 146.784 milhões de patacas, ou mais 26,3% do que em Fevereiro de 2014, é dívida detida

por residentes de Macau e 9.107,6 milhões de patacas, ou mais 51,5% do que no mesmo mês do ano passado, por não residentes.

Já as reservas cambiais atingiram, no final de Março, 136,9 mil milhões de patacas, indi-cam dados oficiais ontem divulgados. Segundo estimativas preliminares publicadas pela aMcM, o valor traduz um aumento de 1,9%

face aos dados rectificados do mês anterior. a taxa câmbio efectiva da pataca – que mede as paridades cambiais contra as divisas dos principais parceiros comerciais ponderadas pelas suas quotas relativas do comércio – foi de 105,19 em Março de 2015, registando um crescimento de 1,52 pontos e 8,42 pontos, respectivamente, em termos mensais e anuais.

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7 sociedadehoje macau quinta-feira 16.4.2015

Fil ipa araú[email protected]

D esde o início de 2012, data em que a Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo

entrou em vigor, até ao final do mês passado foram inspeccionados cerca de 750 mil estabelecimentos, sendo que foram registadas mais de 26 mil infracções.

Números avançados pelos servi-ços de saúde (ss) indicam que “só este ano” foram realizadas 68.447 inspecções a estabelecimentos, uma média de 761 inspecções diárias. Nos primeiros quatro meses do presente ano foram registados 1851 fumadores ilegais e foram detectados oito casos de venda de produtos de tabaco que não satisfaziam as normas de rotulagem.

explicam os ss que os infracto-res, registados em 2015, são maiori-tariamente fumadores do sexo mas-culino (717 casos), ou seja, 92,8%, contrastando com os 7,2% dos casos de infractores do sexo feminino (134 casos). Relativamente à nacionalida-de, as autoridades explicam que a maioria, 61,5% dos casos, é cidadão residente do território, sendo que 34,2% são turistas – um total de 633 multas – e 79, ou seja, 4,3%, são trabalhadores não residentes (TNR).

O advogado Pedro Ribeiro e Castro voltou a unir-se ao jovem empresário Alberto Carvalho Neto e criaram, com outro membro, a Federação sino Países de Língua Portuguesa e espanhola. Já há vinte associações do mundo português e espanholque querem pertencer à entidade

Nova federação uNe empresários chiNeses, portugueses e espaNhóis

Um comércio mais latino

“Já temos 20 associações em fase de inscrição, dos mais variados países, e por isso é que temos a necessidade de criar a federação. Sentimos que podemos fazer mais coisas e melhor”Pedro ribeiro e Castro Fundador da aJePC

tabagismo mais de 26 mil inFraCções desde Criação da lei

Noc noc, é a inspecção

anDreia SoFia [email protected]

O s estatutos da Fede-ração sino Países de Língua Portuguesa e espanhola, que terá

sede em Macau, foram ontem pu-blicados em Boletim Oficial (BO) e a ideia é, segundo Pedro Ribeiro e Castro, estabelecer uma ponte que chegue também à América Latina. Tudo começou com a Associação de Jovens empresários Portugal--China (AJePC), que tem estado bastante presente em Macau em diversos eventos de comércio. Mas os dois membros fundadores da AJePC, Pedro Ribeiro e Castro e Alberto Carvalho Neto, juntamente com José Farinha, resolveram ir mais longe e chegar ao mercado em língua espanhola.

“Já temos 20 associações em fase de inscrição, dos mais variados países, e por isso é que temos a necessidade de criar a federação. sentimos que podemos fazer mais coisas e melhor”, disse Pedro Ri-beiro e Castro ao HM.

A Federação visa “fazer uma melhor ligação entre a China, os

países de língua portuguesa e es-panhola”, explicou Pedro Ribeiro e Castro, até porque, diz, “tem havido um interesse cada vez maior dos empresários dos dois sentidos, não só por parte de empresas de língua portuguesa e espanhola em investir na China mas também o contrário”. “Temos visto cada vez mais a China a investir em África e na América Latina”.

Os contactos prévios já existiam. “Temos tido essa sensibilidade e a criação da Federação visa ter associações e empresas que lidam nestes mercados, de modo a criar

pontes e facilitar mais negócios entre estes países”, acrescentou Ribeiro e Castro.

O espíritO de semprePara já, a AJePC mantém-se com a mesma actividade que tem le-

vado a cabo. “A Associação teve por base o mesmo espírito [da Federação], mas no sentido mais limitado e bilateral, entre Portugal e China. A Associação expandiu--se, teve contacto com outras mais vai continuar a ter o mesmo papel

Quanto aos espaços, os dados relatam que é nos cibercafés que se regista o maior número de infracções, seguindo-se os esta-belecimentos com máquinas de diversão e jogos e, por último, os parques e zonas de lazer.

Relativamente aos casinos, onde a medida entrou em vigor no início deste ano, o ss indi-cam que foram realizadas, até ao momento, 112 inspecções, resultando num acusação de 110 infractores. destes, 106 são do sexo masculino, quatro do sexo feminino, sendo que 88 eram turistas e 22 residentes. Telefo-nicamente foram atendidas cerca de mil chamadas: mais de 650 correspondiam a queixas.

Feitas as contas, até ao mo-mento, foi necessário pedir o auxílio das forças de segurança 84 vezes e, desde o início do ano, 1402 pessoas pagaram multa por desrespeito à lei.

“saliente-se que durante o passado mês de Março, foram as-sinalados pelos ss 146 locais com maior incidência de infracções. Nestes locais foram realizadas 277 inspecções e foram emitidas 157 acusações, ou seja, a taxa de acusação foi cerca de 56,7%”, rematam as autoridades.

no seu âmbito bilateral. A AJePC vai ser um membro fundador desta associação, tal como outras associações no Brasil, Argentina, Angola, Chile e Bolívia e que já mostraram o interesse de fazer parte”, explicou.

Quanto a projectos ou activida-des, Pedro Ribeiro e Castro garante ser cedo para levantar a ponta do véu. “sei que a Federação está a tentar agendar para Macau um evento, ain-da este ano ou no próximo ano, mas estamos ainda numa fase embrioná-ria. Temos jovens empresários com vontade de fazer mais e melhor.”

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8 sociedade hoje macau quinta-feira 16.4.2015

pub

AnúncioHM - 1ª vez - 16.4.2015

Execução de Sentença sub a forma CV3-12-0054-CAO-B 3º Juíze CívelSumária n.º

EXEQUENTE: XIAO JIANJUN, masculino, residente na China (廣東省佛山市綠景三路22號帝景卡士603室).EXECUTADO: TSYUY, VEYDUN, masculino, com última residência conhecida em Macau, na Avenida da Amizade, San Hau On, nº 1163-C, La Oceania, 8 A, ora ausente em parte incerta.

***

Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos da executada para, no prazo de QUINZE DIAS, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenham garantia real e que é o seguinte:

Imóvel penhorado Denominação:”A8” do 8 º andar “A”.Situação: Avenida da Amizade, nº 1137-A a 1163-G e Rua

de Xiamen, nº 18-U a 18-Y.Fim: Para habitação. Número de matriz:073494Número de descrição na Conservatória do Registo

Predial:22659 a fls.85. do Livro B76K.Macau, 16 de Janeiro de 2015.

AndreiA SofiA [email protected]

J á está oficializada a criação da Fundação ligada ao casino Ga-laxy. Os seus estatu-

tos foram ontem publicados em Boletim Oficial (BO) e

A bolsa de Hong Kong tem vindo a registar recordes e ganhou

já este ano 16,76%, num mercado que beneficia do “excesso de liquidez” na China e continua a ver os títulos dos operadores de Jogo de Macau em queda.

Apesar de alguma re-cuperação já em 2015, os títulos dos operadores de Jogo continuam com uma tendência negativa tendo perdido entre 7,68% - caso da Melco Crown - e 17,24% - caso da MGM China - só em 2015.

Ao longo de 2014, as acções dos operadores de Jogo perderam entre 34,55% (Melco Crown) e 51,79% (Sociedade de Jogos de Macau), com todas as com-panhias a registarem quebras de valor superiores a 34%.

Depois de valorizar em 2014 1,28% para os 23.605,04 pontos, o índice

Wonderful World reestruturado sem lista negra de devedores

Galaxy cria Fundação com o mesmo nome

Casino social e filantropo Já estão publicados em Boletim Oficial os estatutos da Fundação Galaxy Entertainment Group, instituída pela subsidiária Galaxy Casino S.A. A entidade arranca com fundos sociais superiores a 1,3 milhões de patacas e terá Lui Che Woo como presidente e Neto Valente como um dos membros

determinam que a Funda-ção Galaxy Entertainment Group, instituída pela em-presa subsidiária Galaxy Casino S.A., se destina a fins sociais e educacionais.

Esta terá por finalidade promover o desenvolvi-mento de “programas filan-

trópicos e infra-estruturas relacionadas com educação, formação e desenvolvimento académico da juventude, cultura, desporto, actividades recreativas e outras activida-des filantrópicas, na RAEM e outros locais onde os seus fins possam ser úteis”, pode ler-se nos estatutos, que refe-rem ainda que a entidade não terá fins lucrativos.

O presidente da Fundação será Lui Che Woo, também presidente do grupo Galaxy e um dos homens mais ricos da Ásia. Como vice-presidente ficará o actual directo-exe-cutivo do grupo, Francis Lui. Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), será um dos membros da Fundação, jun-tamente com Wong Yue Kai

e Lao Ngai Leong, membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

AceitAm-se donAtivosA entidade arranca com fun-dos sociais superiores a 1,3 milhões de patacas, sendo que a injecção inicial será de 308 mil patacas, seguindo-se as contribuições anuais a serem pagas pela Galaxy Casino S.A. Nos estatutos é ainda referido que, além de injec-ções de capital e rendimentos obtidos com as actividades, a Fundação da Galaxy poderá receber “qualquer donativo concedido pelo Governo ou por qualquer outra entidade pública ou privada ou pessoa individual da RAEM, ou de qualquer outra região ou país”.

A Fundação poderá ainda

“adquirir, alienar ou one-rar qualquer tipo de bens, assim como constituir sob qualquer forma, obrigações sobre esses mesmos bens, e obter financiamento”. Pode também “aceitar doações, heranças, legados ou dona-tivos”, bem como “negociar

bolsa Casinos de MaCau no verMelho no heng seng index

Aparentemente não há criseHang Seng da bolsa de Hong Kong já valorizou 16,76% em 2015 e fechou terça-feira nos 27.561,49 pontos.

Para a fonte contacta-da pela Lusa, a tendência negativa dos títulos das operadoras é fruto das que-das homólogas das receitas brutas que se verificam desde Junho de 2014.

Um analista do mercado junto do sector financeiro disse à Lusa que, como os

números do jogo continuam negativos em termos homó-logos, “isso não ajuda os títulos dos operadores além de que estão a adicionar capacidade com novos em-preendimentos numa altura em que o sector passa por uma recessão”, salientou.

ilusõesEsta análise, contudo, “terá de ser enquadrada, ou seja, é preciso perceber que a crise de Macau não é em nada idêntica ao que se passou em Las Vegas nos anos de 1970 e 1980”.

“Em Las Vegas nos anos de 1970 e 1980 foi adiciona-da capacidade na esperança de que esta motivasse uma subida dos visitantes e em Macau isso não é assim porque aquilo que existiam não chega para a procura”, acrescentou.

A mesma fonte salientou também que a ‘crise’ dos

casinos é apenas ‘aparente’ dado que os “resultados continuam muito positivos face aos custos de operação na cidade”, além de que os títulos recuperaram algum valor entre 16 de Março e 10 de Abril.

“Por um lado foi regis-tada alguma recuperação e, por outro, não pode ser ignorado que os operado-res estão, praticamente, a auto-financiarem-se para os novos investimentos e que, apesar de resultados menos positivos, os lucros continuam a ser avultados”.

Nesse sentido, disse ainda, “os casinos de Ma-cau podem suportar esta situação de ganhos menores indefinidamente, apesar das perspectivas positivas já que o mercado turístico chinês está ainda pouco explorado e basta abrir mais uma ou duas províncias para que tudo se possa alterar”. - lusa/hM

e entrar em contratos finan-ceiros e prestar garantias com o objectivo de optimizar o valor dos seus bens e a materialização dos seus ob-jectivos”. A Fundação pode ainda “usar os seus próprios recursos para realizar inves-timentos estáveis”.

CHARLiE Choi, res-ponsável pelo site

“Wonderful World”, re-feriu que vai alterar o website para promover aplicações de telemóvel e técnicas de jogo, mas pretende eliminar a lista de negra de devedores nos casinos de Macau, depois de ter sido acusado de violar a Lei de Protecção de Dados Pessoais.

Charlie Choi garantiu, em declarações à edição local da revista EastWeek, que vai mesmo decorrer a primeira audiência do caso, hoje, sendo que o homem está acusado do crime de desobediência qualificada por não ter eliminado as informações do “Wonder-ful World”. Charlie Choi explicou que depois de discussões com os parceiros do projecto, o website vai

focar-se apenas nos jogos online e oferta de prémios e publicidade.

“Na exposição G2E Asia, que terá lugar em Macau no próximo mês, o Wonderful World vai participar com novos ele-mentos para atrair clientes, incluindo a apresentação de jogos electrónicos que não envolvam apostas e aplicações de telemóveis semelhantes aos jogos em casinos. Como temos apoio do sector do Jogo, pode ain-da oferecer prémios para os melhores jogadores.”

Adiantou o responsável que vão ser criadas “salas de aula de jogo”, através da cooperação de casinos estrangeiros online, sendo que os clientes possam aprender como investir com maiores oportunida-des de vitória. -F.F.

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9 sociedadehoje macau quinta-feira 16.4.2015

Fil ipa araú[email protected]

A Assembleia Geral Or-dinárias da Associação dos Aposentados, Refor-mados e Pensionistas de

Macau (APOMAC) tem um fundo de reserva na ordem dos cinco milhões de patacas, valor que “é suficiente” para que a associação funcione “sem qualquer apoio material do Governo, pelo menos por mais um ano e meio”. Isso mesmo disse ontem ao HM Jorge Fão, presidente da Assembleia Geral, que ontem decorreu.

Em declarações ao HM, Fão explicou que, relativamente ao tra-balho realizado em 2014 o “saldo é muito positivo”.

“Os associados estão muito contentes com o trabalho realizado pela APOMAC e isso viu-se duran-te a assembleia de hoje, não houve um único voto contra, não houve uma única abstenção, tivemos unanimidade”, afirmou.

Jorge Fão olha para o ano que passou como um ano de bom

APOMAC Fundos garantidos por mais um ano e meio

Batalha por mais espaço continuatrabalho e contentamento geral. Relativamente às contas, um dos fundadores da associação indica que 2/3 dos valores empregues pela APOMAC “foram dispendidos a favor dos associados”.

“Estamos a prever que no próximo ano se gaste o mesmo valor, ou seja, dois milhões e 700 mil patacas”, avança, frisando que “todo o trabalho desenvolvido a favor dos associados, implica mais ou menos este valor”.

A mesmA teclASem desistir, a APOMAC continua a batalha para aumentar as instalações da associação. A direcção da APO-MAC continua a lutar para que o Governo atribua mais um piso.

“Gostaríamos de expandir os nossos serviços, em termos de apoio à terceira idade, queríamos criar um serviço de estomatologia e um servi-ço de medicina tradicional chinesa”, explica. Este desejo há muito que faz parte dos planos da APOMAC que acredita, depois das declarações do Secretário para os Assuntos Sociais

e Cultura, Alexis Tam, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa, no início desta semana, que o Governo vai aumentar o apoio às pessoas da terceira idade.

O pedido de extensão foi entregue há duas semanas, diz, sendo que a associação não espera outra coisa se não uma resposta positiva por parte do Executivo. “O que precisamos não é só apoio monetário, precisa-mos também de apoios a nível de estrutura. Precisamos de aumentar para melhorar”, argumenta.

Depois desse aumento de espaço outras planos podem ser concretiza-dos, tais como o aumento do número de associados e serviços disponíveis. “Este é o nosso sonho”, remata.

“O que precisamos não é só apoio monetário,precisamos também de apoios a nível de estrutura. Precisamosde aumentarpara melhorar”JOrge FãO Presidente da Assembleia geral da APOMAC

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10 hoje macau quinta-feira 16.4.2015eventos

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

o ColapSo do eSTado SoCial • antónio xavierO Modelo Social Europeu foi uma das principais conquistas civilizacionais dos tempos modernos, instituindo a solidariedade entre os mais favo-recidos e os menos protegidos, sedimentando um clima de paz. Contudo, este paradigma está ameaçado por uma série de alterações a nível mundial, potenciadas pelo processo da globalização.

oS RiCoS • John KampfnerOs objectos de cobiça podem ter mudado, mas as regras continuam a ser as mesmas. Aos escravos, concubinas, ouro e castelos de outrora correspondem os actuais jactos privados, ilhas de férias e clubes de futebol. Será o início do século XXI um ponto de viragem ou irá a história mostrar-nos que a elite dos super-ricos está condenada a triunfar? Da República Romana a Roman Abramovich, um número minúsculo de super-ricos tem controlado a economia e a política das suas épocas. Do banqueiro do papa, Cosme de Médicis, ao magnata sem escrúpulos Andrew Carnegie, a origem de uma fortuna é rapidamente esquecida quando o seu proprietário financia a construção de igrejas e bibliotecas e se torna um mecenas da arte e do conhecimento.

Semana da Biblioteca arranca no sábadoÉ já no próximo dia 18 que começa a edição deste ano da Semana da Biblioteca, cuja cerimónia de inauguração terá lugar no edifício do antigo tribunal, por volta das 11h00. A Semana da Biblioteca conta com organização do Instituto Cultural, Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, Direcção dos Serviços de Educação e Juventude e Associação de Bibliotecários e Gestores de Informação de Macau.

Galaxy Festival Internacionalde Filme de Macau A primeira edição do Festival Internacional de Filme de Macau vai ter lugar no cinema do Hotel Galaxy durante 25 a 30 de Abril. Organizada pela Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau e pelo Instituto de Estudos de Filme da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), com outros apoios. O tema do festival é “Restauração de Filmes”, tenho sido escolhidas seis obras que vão ser exibidas no festival, incluindo a edição do filme ‘The Godfather I’ – um filme americano do ano 1972.

AndreiA SofiA SilvA [email protected]

o estilista local Paulo de Senna Fernan-des venceu os prémios de bronze, com a colecção “Imagine”, e de menção honrosa no concurso “International

Design Award”, nos Estados Unidos. Segundo um comunicado enviado pelo próprio, este é o oitavo prémio obtido em 15 anos de carreira, sendo que, para Paulo de Senna Fernandes, “é uma honra, e também para Macau”.

“Neste concurso apresentei uma colecção de alta costura da minha categoria, porque quis mostrar a mão-de-obra local e que temos costureiros de qua-lidade em Macau. O mais importante é apresentar a nossa indústria da moda e é meu dever promover a nossa indústria criativa a nível internacional”, conta o designer.

Paulo de Senna Fernandes, que concorreu com a sua própria colecção de alta costura, marcada por vestidos de noite, considera que os prémios são importantes porque consegue aumentar a fama e confiança junto dos seus clientes, logo, diz, consegue aumentar a produção de vestuário.

Quem aPoia?Ser distinguido num concurso norte-americano é, para o estilista macaense, muito importante, mas

leonor Sá [email protected]

o Instituto Ricci volta a orga-nizar mais uma edição da série de seminários MRI

e que desta feita acontece no dia 25 de Abril, das 15h00 às 17h30. A presente iniciativa, que calha a um sábado, versa sobre música de países ocidentais, a sua influência na Ásia e a forma como alterou as vivências e culturais locais. Os oradores são a filipina Maria Ale-xandra Inigo-Chua, o académico de Hong Kong Ching-chih Liu, o músico Aurelio Porfiri e César Guillén-Nuñez.

InstItuto RIccI semInáRIo sobRe a InfluêncIa da músIca ocIdental na ásIa

Uma série de feitos históricos“A questão das funções sociais

da música e a importância destas para a reconstrução identitária vai ser analisada através da ob-servação da comunicação cultura e sua significação para a região [asiática]”, explica a organização em comunicado.

Inigo-Chua é professor no Conservatório de Música UST e lecciona História da Música e ou-tras disciplinas relacionadas com

Musicologia. A cidadã das Filipinas estudou Piano na Universidade de Santo Tomas e é mestre em Mu-sicologia pela Universidade das Filipinas. A oradora vai focar-se no intercâmbio cultural durante a época cristã nas Filipinas. Já Liu é especialista e investigador na Ins-tituto de Humanidades e Ciências Sociais da Universidade de Hong Kong, preparando-se para, no próxi-mo dia 25, falar sobre a influência da

música europeia na China. Aurelio Porfiri, que é originário de Itália, mas vive actualmente em Macau, planeia explicar um pouco sobre a história da presença do padre Ferdinando Maberini no território entre 1923 e 1928.

Actualmente, Porfiri desem-penha funções de coordenação do coro do Colégio de Santa Rosa de Lima. César Guillén-Nuñez é o quarto e último orador é de origem

sul-americana e cumpre presente-mente funções de investigador na área de História de Arte no Instituto Ricci. O seu background académico passa pela conclusão de cursos em universidades de Londres e da Pen-silvânia. O académico irá abordar questões relacionadas com a música religiosa e clássica produzida no Ocidente, naturalmente mencio-nando a passagem dos Jesuítas por estas paragens.

O estilista local conseguiu já obter oito prémios em 15 anosde carreira, mas pede mais apoios

moda PAUlO DE SEnnA FERnAnDES DISTInGUIDO nO InTERnATIOnAl DESIGn AwARD

macaense de bronze e de honra

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11 eventoshoje macau quinta-feira 16.4.2015

Literatura David Machado vence prémio da UE

O escritor português David Machado é um dos ven-

cedores da edição deste ano do Prémio de Literatura da União Europeia (“European Union Prize for Literature”, em inglês), cujos nomes foram anunciados esta terça-feira durante uma ce-rimónia em Londres, Inglaterra.

O autor nacional foi dis-tinguido com o galardão, “que reconhece os melhores autores emergentes da Europa”, pela obra “Índice Médio de Felicidade”, que, no seu site oficial, descreve como um livro “sobre felicidade e esperança” que conta a história de um homem em crise numa época de crise.

“O absurdo sempre me fasci-nou e o nosso mundo tornou-se, de repente, um lugar onde todos os absurdos parecem fazer senti-do”, explica David Machado, que admite que esta é uma história que queria escrever “há muito tempo”.

“ A felicidade foi sempre muito importante para mim. E depois, nos últimos anos, so-bretudo após o nascimento dos meus filhos, surgiu em mim uma ideia de futuro que não existia de todo antes. De modo que é um romance sobre o futuro”, acrescenta o escritor.

Ao todo, o European Union Prize for Literature (EUPL) dis-tinguiu, este ano, 12 autores de países da União Europeia.

Cada um deles vai receber um prémio no valor de 5.000 euros e “beneficiar de promoção adicional e visibilidade inter-nacional” nas principais feiras do livro europeias, como a de Frankfurt, Londres e Paris, des-taca a organização do concurso em comunicado.

Desde que o galardão come-çou a ser atribuído, em 2009, a União Europeia já financiou a tradução de livros de 56 vence-dores do EUPL para 20 línguas europeias diferentes.

A prestigiada plataforma norte--americana online Architizer A+ distinguiu quatro projec-

tos portugueses, na 3.ª edição dos A+Awards.

O concurso conta com mais de 90 categorias diferentes e um júri de 300 especialistas, entre eles nomes conceituados na área da arquitectura e na área do Design, como Sou Fuji-moto, Rem Koolhaas, Steven Holl, entre muitos outros.

Os portugueses premiados desta-caram-se em diferentes categorias. O Atelier de Tiago do Vale Arquitectos, em Braga, conquistou um primeiro prémio na categoria de reabilitação, com um projecto designado Chalé das Três Esquinas. Este edifício é uma construção oitocentista e foi alvo de um projecto de reabilitação por parte do bracarense.

Rui Vieira Oliveira e Vasco Manuel Fernandes venceram na categoria residencial pelo projecto da Casa Taíde, em Póvoa de Lanhoso.

Pedro Reis, na subcategoria de instalações educativas, foi distingui-do pelo projecto da Escola Superior de Desporto e Lazer de Melgaço. Por último, Jorge Mealha foi premiado pelo projecto Parque Tecnológico de Óbidos.

ArquitecturA Projectos Portugueses PremiAdos nos euA

Prestígio com marca lusitanaApesar de estes terem sido os

quatro premiados, foram seis os portugueses que conseguiram chegar à final e que estavam entre os 250 finalistas do concurso.

Público também votaO site de arquitectura Architizer A+ faz a divulgação de todos os projectos participantes, sendo que os vencedores não só escolhidos pelo júri mas também pelo público em geral. O júri faz uma primeira

selecção, escolhendo cinco finalistas para cada categoria. Depois disso, os projectos ficam abertos a votação pública.

“A votação é uma maneira de fazer com que a tua voz seja ouvi-da”, refere Olafur Eliasson, artista e membro do jurado. Durante as duas edições anteriores a esta, o concurso contou com cerca de 200.000 votos.

A entrega de prémios vai decorrer dia 14 de Maio em Nova Iorque. Para além disso, os vencedores terão a

oportunidade de poder ver os seus projectos reunidos num livro a cargo da editora britânica de artes e design, Phaidon.

Actualmente a plataforma online The Architizer tem cerca de 1 milhão de visitantes por mês e cerca de 150 mil utilizadores registados. Para além disso, está presente em todas as redes so-cais como Facebook, Instagram, Twitter ou Tumblr, com mais de 2 milhões de seguidores.

O estilista local conseguiu já obter oito prémios em 15 anosde carreira, mas pede mais apoios

modA Paulo de Senna FernandeS diStinguido no international deSign award

macaense de bronze e de honra

“O mais importante é apresentar a nossa indústria da moda e é meu dever promover a nossa indústria criativa a nível internacional”

defende que são necessários mais apoios. “Para se ser reconhecido lá fora é preciso haver mais talentos a concorrer e é preciso competir para ir em busca da própria fama, para que possamos conhecer mais pessoas importantes da área da indústria da moda ou desfilar nas Semanas da Moda, mas para isso é preciso ter apoio financeiro. Se as pessoas ignoram a moda é evidente que não a apoiam, por isso fazer deslocações ao exterior é importante para conhecer pessoas da área da moda, dos media, fotografia ou produção.”

No território, Paulo de Senna Fernandes não se queixa de falta de trabalho. “Ao nível da alta costura há sempre mercado em Macau porque os meus clientes são, na sua maioria, actrizes, cantoras e empresárias. Há muitos clientes que procuram a beleza e os vestidos mais belos, para jantares, cerimónias, para estarem vestidas com elegância”, concluiu.

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12 china hoje macau quinta-feira 16.4.2015

P ortugal e Brasil inte- gram a lista dos 51 fun-dadores do novo banco internacional proposto

pela China, o asian Infrastructure Investment Bank (aIIB), divul-gada ontem pelo Ministério das Finanças chinês.

Mais países poderão ainda solicitar a adesão ao aIIB, mas já não terão direito ao estatuto de fundador, que permite participar na definição das regras do novo banco.

Estados unidos, Japão e Ca-nadá estão ausentes do projecto, mas entre a lista dos fundadores figuram outras grandes economias mundiais, entre as quais a alema-nha, França, reino unido, Itália, Coreia do Sul e rússia.

Visto inicialmente em Wa-shington como um desafio à ordem financeira internacional, em com-petição com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, o aIIB foi lançado em outubro passado em Pequim com o apoio de 21 países asiáticos.

O objectivo é financiar a cons-trução de infra-estruturas na Ásia--Pacifico, empreitada que, segundo algumas estimativas, deverá custar cerca de 8 biliões de dólares ao longo da próxima década.

Em meados de Março passado, o reino unido anunciou a adesão ao aIIB e, a seguir, muitos outros países europeus fizeram o mesmo.

Peso euroPeuMetade dos 28 Estados-membros da união Europeia são fundadores do novo banco: alemanha, Áustria, Croácia, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Holanda, Itália, luxem-burgo, Malta, Polónia, Portugal, reino unido e Suécia.

o Brasil é o único país latino--americano da lista e do continente africano só há dois (África do Sul e Egipto).

austrália, Suíça, Islândia, Norue-ga e Nova Zelândia fazem igualmen-te parte do núcleo fundador do aIIB.

Da Ásia, além do Japão, fal-tam pouco mais do que os países em guerra ou muito isolados, nomeadamente Coreia do Norte, afeganistão, Iemen, Síria e Iraque.

taiwan - a ilha onde se refugiou o antigo governo da China depois de o Partido Comunista tomar o

Economia abrandou mas “permaneceu estável” Oposição em Taiwan lança candidata à Presidência

Portugal e Brasil na fundação do novo Banco asiático

Com assinatura lusófona

Mais países poderão ainda solicitar a adesão ao AIIB, mas já não terão direito ao estatuto de fundador, que permite participar na definição das regras do novo banco

poder no continente, em 1949 - poderá integrar o aIIB, mas com “uma identidade apropriada” e não como membro fundador, estatuto reservado a estados soberanos re-conhecidos como tal por Pequim, indicou um porta-voz chinês na segunda-feira passada.

Pequim considera taiwan uma província da China e não uma po-litica soberana, apoiando apenas a sua participação em organismos internacionais com o nome de “Chinese taipei” ou “taipei, Chi-na” (taipei é a capital de taiwan).

o novo banco será formalmente estabelecido ainda este ano, com um capital inicial de 50.000 mi-lhões de dólares e sede em Pequim.

Mudanças aMericanasHá duas semanas, depois de uma visita à China, o secretário norte--americano do tesouro, Jacob lew, indicou que os Estados unidos mudaram a sua visão acerca do projecto: “Fiquei encorajado com as conversações que tive em Pequim, nas quais os líderes da China esclarecem que eles dese-jam satisfazer elevados padrões e acolhem parcerias”.

“os Estados unidos estão pron-tos a saudar novos contributos para o desenvolvimento da arquitectura internacional, incluindo o asian Infrastruture Investment Bank, desde que essas instituições completem as instituições financeiras internacio-nais existentes e partilhem o forte empenhamento da comunidade in-ternacional num genuíno processo de decisão multilateral e melhorem os padrões e garantias dos emprésti-mos”, afirmou também Jacob Lew.

o crescimento da segunda economia mundial abrandou para 7% no primeiro trimestre de 2015, mas quanto ao emprego, preços e expectativas do mercado, “permaneceu estável”, anunciou ontem o gabinete nacional de estatísticas da china. apesar do abrandamento de 0,3 pontos percentuais face ao trimestre anterior, “acumularam-se factores positivos” e “o trabalho de reestruturação económica adquiriu novo ímpeto”, indicou o gabinete. a produção industrial da china no

1.º trimestre do ano cresceu 6,4%, menos 2,3 pontos percentuais do que em igual período de 2014, e o investimento em infra-estruturas e outros activos fixos diminuiu 4,1 pontos percentuais, para 13,5%. as vendas a retalho, um dos principais indicadores do consumo interno, subiram 10,6% - menos 1,4 pontos percentuais do que a média de 12% registada no ano passado.contudo, as vendas ‘online’ aumentaram 41,3%, somando 760.700 milhões de yuan.

o principal partido da oposição em taiwan anunciou ontem

que a sua líder vai candidatar-se às próximas eleições presidenciais e que defende a manutenção da situação actual nas relações com Pequim, o maior tema político da actualidade local.

De acordo com a aFP, a líder do Partido Democrático Progres-sista, tsai Ing-wen, de 58 anos, aceitou a nomeação do seu partido e disse que sobre as relações da

ilha com a China, a sua posição é a de manter a situação actual, ou seja, abrandamento da crispação política e aproximação económica, o que aliás tem sido a principal marca da política externa seguida pelo Presidente de taiwan, Ma Ying-jeou.

China e taiwan estabeleceram em Fevereiro do ano passado um diá-logo histórico entre os seus governos, o que aconteceu pela primeira vez desde o fim da guerra civil, em 1949.

a China é o maior parceiro comercial de Taiwan, beneficiando também do aumento do turismo proveniente do continente, mas uma boa parte da população está preocupada com a crescente in-fluência da China na ilha.

taiwan é a ilha onde se refugiou o antigo governo da China depois de o Partido Comunista tomar o poder no continente, em 1949 e Pequim considera-a uma província da China.

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pub

13 chinahoje macau quinta-feira 16.4.2015

O líder espiritual tibe-tano, dalai lama, está a desperdiçar “uma oportunidade muito

valiosa para se arrepender” e me-lhorar a sua relação com Pequim, no âmbito da reforma do país, aponta um relatório oficial chinês publicado ontem.

“Após o início das reformas e abertura, o Governo central chinês ofereceu ao 14.º dalai lama uma oportunidade para se arrepender, mas ele decidiu manter o seu apoio à independência”, refere um Livro Branco sobre o Tibete.

A China considera que a re-gião é, desde há séculos, parte do seu território, enquanto os locais argumentam que o Tibete foi du-rante muito tempo virtualmente independente, até à sua ocupação pelas tropas chinesas em 1951.

No texto, as autoridades chi-nesas instam o prémio Nobel da Paz a “abandonar as suas ilusões” quanto a futuras conversações sobre o futuro da região.

Em 2011, o dalai lama anun-ciou a sua “retirada política” e a demissão dos representantes que tinham sido a sua voz com o go-verno chinês.

Desde então, criticam as au-toridades, o dalai lama declarou que só falaria com Pequim “em nome do Governo no exílio”, o

Dalai lama está a DesperDiçar “oportuniDaDe muito valiosa”

Advertências de Pequim“Após o início das reformas e abertura, o Governo central chinês ofereceu ao 14.º dalai lama uma oportunidade para se arrepender, mas ele decidiu manter o seu apoio à independência”Livro BrAnco soBre o TiBeTe

que “destruiu qualquer contacto ou negociação”.

AcusAções centrAisPequim questiona a sinceridade do dalai lama e insiste na ideia de que o líder espiritual “instiga as

imolações” de monges para pedir a libertação do Tibete, acusações por ele negadas em várias ocasiões.

“O seu objectivo é dividir o país”, refere o livro branco, que indica que o dalai lama “planeou actividades de sabotagem” como violentos distúr-

bios ocorridos em 2008 – coincidindo com os Jogos Olímpicos em Pequim – em Lhasa, e os casos de imolações.

Para as autoridades chinesas, o “velho sistema” no Tibete chegou a o fim e a região beneficia agora de um grande desenvolvimento.

“A única alternativa para o dalai lama e os seus seguidores é aceitar que o Tibete faz parte da China desde a antiguidade, e abandonar os seus objectivos de dividir a China e procurar a independência”, assinala o relatório.

O líder espiritual dos tibetanos, o dalai lama, galardoado em 1989 com o Prémio Nobel da Paz, vive exilado na vizinha Índia, na se-quência de uma frustrada rebelião contra a administração chinesa, há 56 anos.

Situada na cordilheira dos Hi-malaias, a atual Região Autónoma do Tibete, com apenas três milhões de habitantes, ocupa uma área cerca de 14 vezes maior que Portugal.

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14 hoje macau quinta-feira 16.4.2015

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fichas de leitura* Manuel afonso Costa

“T odos os nomes” é um romance escrito em 1997 por José saramago. o romance conta a história

de um escriturário do principal cartório de registo civil da cidade que resolve ar-ranjar um entretenimento para se distrair do seu trabalho. o trabalho no registo civil é muito enfadonho e por isso, a personagem decide coleccionar recortes informativos de pessoas famosas. Quan-do descobre que são todas semelhantes, as vidas dessas pessoas famosas, meras imagens que estão sempre a chegar e a partir, decide então mudar de estratégia e começar a coleccionar pormenores e detalhes da vida de gente simples e nada conhecida.

“Quando acabei de falar, ela pergun-tou-me, E agora, que pensa fazer, Nada, disse eu, Vai voltar àquelas suas colecções de pessoas famosas, Não sei, talvez, em alguma coisa haverei de ocupar o meu tempo, calei-me um pouco a pensar e respondi, Não, não creio, Porquê, Repa-rando bem, a vida delas é sempre igual, nunca varia, aparecem, falam, mostram--se, sorriem para os fotógrafos, estão constantemente a chegar ou a partir (...)”.

Até que um dia aquela mulher des-conhecida irá mudar radicalmente a sua vida, pois agora tem diante de si o mistério e o enigma da vida de uma pessoa anónima. Agora, em vez de se adequar aos factos, o sr. José tem pela frente uma procura, uma investigação. ora, só o que não se sabe entretém e estimula, aliás como a própria vida. As vidas de desconhecidos apresentam mais interesse que a vida dos famosos.

Esta procura não é contudo a deman-da de um Graal ou de um tesouro, pois ela é a procura por excelência, a procura do outro. Mas procurar o outro é tam-bém, como bem se sabe, uma procura da identidade e nessa perspectiva uma investigação sobre a existência. “Nada no mundo tem sentido” diz a personagem central do romance. E viver parece ser assim procurar o sentido.

o sr. José tinha vivido a falácia de que a vida é viver o presente, o dia que passa, fazendo assim jus ao paradigma da mediocridade, ou seja, ao tão glosado “Carpe diem”, que resolveu transgredir essa fronteira da mediania e da bana-

*No quadro da colaboração de Manuel afonso Costa com a Biblioteca Central de Macau-instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.

lidade. o Romance é a epopeia dessa transgressão. E essa transgressão é afinal a procura daquilo que dentro de nós não tem nome, sendo que isso será o que so-mos. saramago disse: “Há dentro de nós uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos”. Atrevo-me a considerar que nesta locução saramago anda perto de Giorgio Agamben, de um texto do seu livro intitulado Profanações. o texto a que me refiro designado por genius, esse deus ao qual, segundo os latinos, cada homem se encontra confiado no momento do seu nascimento, explora de uma forma originalíssima esta questão, que a meu ver também é colocada por José saramago neste Todos os Nomes. A vida, em larga medida é esse encontro inevitável entre o ser e o seu genius, encontro que na maior parte dos casos pressupõe uma demanda, uma porfiada procura, como se afinal possuíssemos dois nomes e duas identidades, e está no romance de saramago plasmada na frase, “Conheces o nome que te deram, não conheces o nome que tens”. É o que

Saramago, José, Todos os nomes, Caminho, Lisboa, 1997.Descritores: Identidade, Alteridade, demanda, ontologia. Enraizamento e Cosmopolitismo, IsBN: 978-972-21-1137-9, 279 p.

Cota: 821.134.3-31 sar

A essenciAl e insensAtA demAndA de umA identidAde

JoSé Saramago, poeta (os Poemas Possíveis, 1966, Provavelmente Alegria, 1970, o Ano de 1993, 1975; dramaturgo ( A Noite, 1979, Que Farei com Este Livro?, 1980, A segunda Vida de Francisco de Assis, 1987, In Nomine dei, 1993, don Giovanni ou o dissoluto Absolvido, 2005 e romancista (Terra do Pecado, 1947, Manual de Pintura e Caligrafia, 1977, Levantado do Chão, 1980, Memorial do Convento, 1982, o Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984, A Jangada de Pedra, 1986, História do Cerco de Lisboa, 1989, o Evangelho segundo Jesus Cristo, 1991, Ensaio sobre a Cegueira, 1995, Todos os Nomes, 1997, A Caverna, 2000, o Homem duplicado, 2002, Ensaio sobre a Lucidez, 2004, As Intermitências da Morte, 2005, A Viagem do Elefante, 2008, Caim, 2009, Claraboia, 2011), sobretudo, conduziu uma vida intelectual e cultural, marcada pelo auto didactismo e pelo comprometimento social e político. Nasceu no distrito de santarém, na província geográfica do Ribatejo, no dia 16 de Novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi membro do Partido Comunista Português e foi director-adjunto do diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a defesa da Cultura (FNdC). Casado, em segundas núpcias, com a espanhola Pilar del Río, saramago viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias. Foi galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou, em 1995, o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. saramago foi considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.

verdadeiramente somos que procuramos. E essa procura só pode chegar a bom porto através do outro, da sua hospita-lidade. Ele é que será a nossa casa.

Este modo de procura é um acon-tecimento recente na cultura contem-porânea. Além de Lévinas e Agambem, também Peter sloterdijk, por exemplo, no livro “o Estranhamento do Mundo” glosa a questão do encontro com a nossa subjectividade. Mas curiosamente o encontro com a nossa identidade mais própria pressupõe uma saída do ser, e o outro é quem neste processo nos oferece o lugar. Quero dizer que sem o outro a especularidade essencial para o reconhe-cimento não poderia dar-se, porque o outro é, apesar da sua inalienável alteri-dade, a erupção (fenomenologicamente outra) de mim mesmo. o outro sou eu separado da minha auto-consciência. o outro sou eu sem o abrigo da minha identidade. o senhor José, tarde, mas a tempo, empreende esta demanda por si, através de uma demanda aparentemente insensata, mas afinal essencial.

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15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 16.4.2015

Q uando diego viu pela primeira vez o mar, dis-se ao pai: “ajuda-me a olhar!”. Com esta metáfo-ra Eduardo Galeano re-

corda-nos, num dos seus contos, que nem mesmo olhar é uma acção tão evidente. aquilo que vemos transporta a sua carga de história, de hábito, de ideologia. a obra de autores como ele é uma das ajudas com que contamos para o ver doutra forma.

durante os meus anos de professor, quando explicava na aula a teoria da dependência, um dos textos que man-dava os meus estudantes ler era um frag-mento do seu livro “as Veias abertas da américa Latina”. Porque Galeano não

Pablo IglesIas*

“Um mestre contraa impotência”

Galeano não era apenas um imenso poeta e narrador, capaz de tornar bonitas as coisas tristes, de tornar simples as questões complicadas. era também um lúcido analista que nos explicou como funcionam o poder e a História

era apenas um imenso poeta e narrador, capaz de tornar bonitas as coisas tristes, de tornar simples as questões complica-das. Era também um lúcido analista que nos explicou como funcionam o poder e a História, retratando com uma prosa insuperável o passado de um continente que quis devolver ao lugar que os mapas oficiais lhe negavam.

Este livro recordava a exploração dos escravos africanos nas colónias americanas para a subtracção de ouro e prata e a obtenção de matérias primas no século XVI, um saque cuja memória é fundamental para se poder entender a acumulação de capital na Europa.

Pouco depois, alguns companhei-ros que trabalhávamos para – como ele

dizia – mudar o que somos, visitámo-lo em Montevideu. Ele ouviu o que lhe con-távamos e disse-nos logo: “Vocês são os inimigos da impotência”. Talvez não lhe tenhamos dito então que para superar a impotência ajuda-nos o que encontramos nos seus livros: essa sua maneira de olhar o passado que é também um modo de nos ajudar a olhar o futuro. “a história é um profeta com o olhar virado para trás”, deixou-nos escrito: “Pelo que foi, e contra o que foi, anuncia o que será”. na com-panhia da tua memória, Eduardo, conti-nuamos a caminhar, contra a impotência.

*Pablo Iglesias é secretário-geral do Podemos. Artigo publicado no El País. Tradução de Luís Branco para o esquerda.net

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16 publicidade hoje macau quinta-feira 16.4.2015

1. Entidade que põe a obra a concurso: Serviços de Saúde.2. Modalidade de concurso: Concurso Público.3. Local de execução da obra: Centro Hospitalar Conde de São Januário.4. Objecto da Empreitada: Realização da Obra de Substituição de Equipamentos das Casas de Banho Públicas do Edifício de Internamento.5. Prazo máximo de execução: 300 (trezentos) dias.6. Prazo de validade das propostas: O prazo de validade das propostas é de 90 (noventa) dias, a contar da data do Acto Público do Concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso.7. Tipo de empreitada: A empreitada é por Série de Preços.8. Caução provisória: MOP 100 000,00 (cem mil patacas), a prestar mediante depósito em numerário, garantia bancária ou seguro-caução nos termos legais.9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar).10. Preço Base: Não há.11. Condições de admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição.12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: Secção de Expediente Geral dos Serviços de Saúde, que se situa no r/c do Edifício do Centro Hospitalar Conde de São Januário; Dia e hora limite: Dia 26 de Maio de 2015 (Terça-feira), até às 17:45 horas. Em caso de encerramento dos Serviços Públicos da Região Administrativa Especial de Macau, em virtude de tempestade ou motivo de força maior, a data e a hora estabelecidas para a entrega de propostas, serão adiadas para o primeiro dia útil seguinte, à mesma hora. 13. Local, dia e hora do acto público: Local: Sala do «Museu» situada junto ao Centro Hospitalar Conde de São Januário; Dia e hora: Dia 27 de Maio de 2015 (Quarta-feira), pelas 10:00 horas. Em caso de encerramento dos Serviços Públicos da Região Administrativa Especial de Macau, em virtude de tempestade ou motivo de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público de abertura das propostas do concurso público, serão adiadas para a mesma hora do dia útil seguinte. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público de abertura de propostas para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M, de 8 de Novembro, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.14. Visita às instalações: Os concorrentes deverão comparecer no Departamento de Instalações e Equipamentos do Centro Hospitalar Conde de São Januário, no dia 21 de Abril de 2015 (Terça-feira), às 15:00 horas, para visita ao local da obra a que se destina o objecto deste concurso.15. Local, hora e preço para consulta do processo e obtenção da cópia: Local: Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar. Hora: Horário de expediente (das 9:00 às 13:00 horas e das 14:30 às 17:30 horas). Preço: MOP 92,00 (noventa e duas patacas), local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde.16. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação:

A Preço razoável 40%B Programa de execução da obra 15%C Progresso do projecto e o prazo de execução 15%D Experiência em execução das obras 15%E Materiais e equipamentos duradouros e de boa qualidade. 10%F Integridade e honestidade 5%

17. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, a partir de 15 de Abril de 2015 (Quarta-feira) até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Serviços de Saúde, aos 9 de Abril de 2015

O DirectorLei Chin Ion

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO N.º 11/P/15

Obra de Substituição de Equipamentos das Casas de Banho Públicas do Edifício de Internamento

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Sábado ApreSentAção do ep dA bAndA ConCrete/LotuS

Caobox, Avenida do Almirante Lacerda

Entrada livre

FeStivAL de MúSiCA do Mundo de beiShAn

beishan, Zhuhai, 17h00

Bilhetes a 99 patacas

SeMAnA dA bibLioteCA

edifício do Antigo tribunal, 18h00

Entrada livre

domingo FeStivAL de MúSiCA do Mundo de beiShAn

beishan, Zhuhai, 14h00

Bilhetes a 99 patacas

diariamente expoSição de FotogrAFiA de erwin oLAF

(Até 8 de MAio)

Casa garden

Entrada livre

expoSição “LAndFALL”, de eriC Fok (Até 25 AbriL)

Art for All

Entrada livre

expoSição “hoMenAgeM A MeStreS inSpirAdoreS”

(Até 10 de MAio)

Armazém do boi

Entrada livre

expoSição “vALquíriA”, de JoAnA vASConCeLoS

(Até 31 de outubro)

MgM Macau, grande praça

Entrada livre

17hoje macau quinta-feira 16.4.2015 (F)utilidadestempo pouco nublado min 19 max 27 hum 40-80% • euro 8 .4 baht 0 .2 yuan 1 .2

João Corvo fonte da inveja

C i n e m aCineteatro

O que fazer esta semana

AcontEcEu HojE 16 de AbriL

Morre Francisco Goya, pintor espanhol de finais do séc.XVIII• Filho do mestre dourador José de Goya e de Gracia Lucientes, começou os estudos em Saragoça, ensinado pelo pintor José Luzán, instruído em nápoles, professor na Academia de desenho de Saragoça, e foi, mais tarde, em Madrid, pupilo do pintor da corte espanhola Francisco Bayeu, tendo casado com a irmã deste em Julho de 1773.em 1770 foi para itália continuar os estudos, pelos seus próprios meios, regressando no ano seguinte a Saragoça, onde foi encarregado de pintar frescos para a Catedral local. Em 1780 foi eleito membro da Real Academia de São Fernando de Madrid, sendo admitido com um quadro intitulado «Cristo na Cruz». em 1785 tornou-se director-adjunto de pintura da Academia e no ano seguinte foi nomeado pintor do rei Carlos iii. desta época pertencem os primeiros retratos de personagens da corte espanhola. retratos em poses convencionais, mas de uma elegância que os relaciona com os retratos de velasquez. Nomeado Pintor da Câmara pelo novo rei de Espanha, Goya torna-se neste período, que acabará em 1808, com a invasão francesa da espanha, o artista mais bem sucedido de espa-nha naquela época. em 1792, viajando pela Andaluzia, sem autorização real, adoece gravemente, só se restabelecendo em Abril de 1793, ficando surdo. São desta época as pinturas de gabinete que representam cenas que representam diversões típicas, mas que terminaram em 1799 com «o Manicómio». em 1803 deu ao rei as chapas dos «Caprichos», em troca de uma pensão para o filho Francisco Xavier, nascido em dezembro de 1784. em 1808, o general palafox chama-o a Saragoça para pintar as ruínas e episódios da defesa heróica da cidade contra os franceses. Mas em Dezembro de 1809 Goya jura fidelidade a José Bonaparte, «nomeado» rei de Espanha pelo irmão Napoleão, imperador dos franceses, recebendo em 1811 a condecoração da Ordem Real de Espanha. É desta época a realização dos «Desastres da Guerra» que se prolongarão até 1820, e que, devido ao seu estilo impressionista influenciarão pintores franceses do século xix, como Monet.1824. em Setembro desse ano instala-se em bordéus, mor-rendo em 1828.

as irmãs este, Danielle e alana respiram música quase desde o berço, tendo crescido a ouvir os vinis dos pais que marcaram os anos 70. antes da maioridade, criaram uma banda de família, com a mãe a estrear-se na guitarra e o pai na bateria. a partir daí, o trio feminino passou a inseparável e foram produzindo música até finalmente lançarem ‘Days are Gone’, cheio de uma série de bons sons como são “Forever”, “Don’t Save Me” ou “Falling”. O álbum, lançado em 2013, transparece aquilo que parece ser um background intenso de conhecimentos musicais de três jovens determinadas e com vozes distintas, que assim parecem fazer jus ao sonho dos seus progenitores. Haim são, tal como The Corrs ou Oasis, mais uma banda de família mas que, ao contrário da última, se espera que dura por mais uns belos anos. - Leonor Sá Machado

“DAyS ArE GonE”(HAIM, 2013)

U m D i S c o H O j e

Sala 1faSt and furiouS 7 [c]Filme de: Jame wanCom: paul walker, vin diesel, Dwayne Johnson14.15, 16.45, 21.45

faSt and furiouS 7 [3d] [c]Filme de: Jame wanCom: paul walker, vin diesel, Dwayne Johnson19.15

Sala 2child 44 [c]Filme de: daniel espinosaCom: Tom Hardy, Gary Oldman, noomi rapace14.15, 16.45, 19.15, 21.45

Sala 3the water diviner [c]Filme de: russell CroweCom: Russell Crowe, Olga Kurylenko, Jai Courtney14.30, 16.30, 19.30, 21.30

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Só há mais um deserto, mas não tenho pressa de lá chegar.

tHE wAtEr DIVInEr

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18 opinião hoje macau quinta-feira 16.4.2015

O fim da ordem dos pactos militares, a implosão da União Soviética e dos territórios que controlava a Ocidente, a década de grande florescimento eco-nómico que coincidiu com estes acontecimentos ali-cerçou a convicção, par-tilhada por gente intelec-

tualmente bem preparada, do arranque de um ciclo de prosperidade e paz sem fim à vista.

Francis Fukuyama e outros escritores liberais escreveram livros importantes em que prognosticaram o fim da história, a mundialização do modelo político da sociedade liberal, e a distensão de vários conflitos internacionais e intra-nacionais que haviam marcado, de forma sombria, o século XX. Contra este optimismo desproporcio-nado ergueram-se, em contraponto, vozes avisadas como as de Samuel Huntington chamando a atenção para os vários pontos de clivagem e de ruptura que pairavam no horizonte, ditados uns pela história, outros pelas identidades nacionais e furores re-ligiosos. Pontos de clivagem esses que, a não serem compreendidos e controlados, levariam o mundo a guerras tão brutais e destruidoras como as que o mundo viveu entre as décadas de 1910 e 1940.

Rapidamente esses vaticínios foram criticados como irrealistas e fruto de ideo-logias conservadoras, replicando liberais e multiculturalistas que o mundo dispunha de estruturas e instituições consistentes como as Nações Unidas que evitariam qualquer nova conflitualidade de grande escala e que a cultura de observância universal dos direitos humanos, plasmada na Declaração de 1948 e nos Pactos Convencionais de 1966, era incontornável. Tal cultura vingaria sem problemas de maior à medida que a educação e nível de vida das populações aumentasse, garantindo direitos inalienáveis e auto--evidentes que qualquer governo legítimo respeitaria pois relativos à condição humana.

Nem as notícias que surgiam, de tempos a tempos, sobre crispações nacionalistas e etno-religiosas em países que pouco tempo antes haviam iniciado a sua transição para a democracia, nem a violência sectária que acompanhou a intervenção americana no Iraque e o envolvimento ocidental no Afe-ganistão, nem o ressurgimento do terrorismo sunita que sucedeu à alegada decapitação da Al Qaeda levou esses espíritos pios a perceber que a utopia da paz duradoura e da congénita harmonia da vida internacional era uma falsidade e, mais do que isso, uma impostura miserável.

Talvez seja por isso necessário relembrar a actualidade do pensamento daqueles que deixaram avisos sérios para um futuro não muito risonho mas dividido, antagonizado, fragmentado, sectarizado, entre poderes e interesses de diversa dimensão. Um mundo quase pronto a mergulhar num novo conflito mundial detonado por uma questiúncula

crepúsculo dos ídolosArnAldo GonçAlves

A volúpia da paz duradoura

No mundo dos nossos dias, marcado por conflitos étnicos e choque entre civilizações, a crença na universalidade da cultura ocidental é não apenas falsa mas imoral e perigosa

nacionalista sobre um ‘direito natural’ a um penhasco inabitável perdido no meio do oceano, sobre o carácter sagrado de um monte que se admite segundo um texto sa-grado ter sido a morada do Profeta na sua ascensão ao Jannah ou por um tiranete asiá-tico que dominando o seu povo pelo terror e pela humilhação se acredita predestinado.

Um mundo em que as identidades culturais – étnicas, nacionais, religiosas, civilizacionais – são centrais e em que as afinidades e diferenças culturais marcam as alianças, antagonismos e as políticas dos estados têm três implicações significativas para a nossa civilização, lembra Samuel Huntington, no último capítulo do seu ‘Choque de Civilizações’. A primeira que os homens de Estado podem apenas alterar construtivamente a realidade se a reconhe-cerem e a compreenderem. Designadamente, perceberem o significado fundamental da linha divisória que separa o mundo cristão, do mundo ortodoxo e do Islão. Aqueles que não aceitam essas divisões essenciais estão condenados a serem malogrados por

elas. A segunda que as políticas que foram definidas durante a guerra-fria para conter as principais ameaças decorrentes do cerco soviético às democracias ocidentais, fazem pouco sentido num tempo em que as ameaças se estendem mais para leste, para o Médio Oriente e de forma mais atomizada para Jihadismos dispersos na Ásia e em África. Terceiro, que a diversidade cultural e civi-lizacional põe em causa a crença americana e ocidental na relevância universal desta cultura e que todos os povos abraçarão esses valores, instituições e culturas porque eles são superiores, luminosos, racionais e mais modernos.

No mundo dos nossos dias, marcado por conflitos étnicos e choque entre civilizações, a crença na universalidade da cultura ocidental é não apenas falsa mas imoral e perigosa. Falsa porque vinte e seis anos depois da queda do Muro de Berlim, a cultura ocidental encontra ainda resistências à sua penetração em culturas que se agarram à sua singularidade e aos cos-tumes dos seus antepassados para preservarem a sua identidade. Imoral porque a história do Ocidente está cheia de actos de rapacidade, de aniquilamento de outros povos e minorias em nome da superioridade rácica do homem branco e da religião de Cristo. Perigosa porque nos retira a compreensão dos outros povos e culturas – designadamente os que por razões económicas e outras se acolhem nas nossas comunidades – de uma outra maneira de pensar, de constituir família, de olhar a sexualidade e o género. A crença mais estereotipada é da inevitabilidade da assimilação cultural pela superioridade endógena da cultura de acolhi-mento dessas minorias. É o mito do menino sel-vagem face ao deslumbramento da civilização no curioso filme de 1970 de François Truffaut.

Esta semana assinalou-se o primeiro

aniversário do rapto pelo grupo terrorista Boko Haram de 219 jovens de uma escola nigeriana, da vila de Chibok, no Nordeste do país. Segundo relatos de raparigas que se conseguiram evadiram do cativeiro, as jovens raptadas são forçadas a trabalho es-cravo, tendo sido violadas e mantidas à força como mulheres dos terroristas islâmicos. De acordo com as Nações Unidas, as incursões e o rapto de rapazes e raparigas pelo grupo Boko Haram já levaram a 15 000 mortos e cerca de 1.5 milhões de refugiados, que se encontram dispersos por campos em países vizinhos. A comunidade internacional não encontrou até agora solução para o problema.

Também esta semana se assinalou o centésimo aniversário do massacre de 1.5 milhões de arménios pelo exército do Im-pério Otomano, crime contra a humanidade assinalado pelo Papa como o primeiro ge-nocídio da história moderna, dirigido contra uma minoria cristã. A evocação de Francisco despertou a indignação do governo turco que considerou a evocação uma alegação infundada, ‘incitando ao ressentimento e ao ódio’, nas palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia. A Turquia sempre recusou a responsabilidade do genocídio e a mera referência ao evento é considerado um crime grave, punido pelo Código Penal. A Turquia é, segundo várias fontes, um aliado importante (mas discreto) dos Jihadistas do Estado Islâmico e o presidente do país, Recep Tayyip Erdoğan, um adepto claro de um novo Califado islamita com a capital em Ancara. A Turquia é membro da NATO e pediu já a adesão à União Europeia.

As expectativas – lembra Huntington – não devem ser sempre tomadas como realidade, porque não sabemos quando ficaremos desapontados.

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19 opiniãohoje macau quinta-feira 16.4.2015

A doro americanos. Juro, a sério. Primeiro porque não tenho nada contra “America-nos”, no sentido de naturais do continente americano, ou mesmo na sua interpretação mais redutora, cidadãos dos Estados Unidos da América – afinal não pediram para nascer lá, coitados. Nesse

contexto estamos a falar dos detentores de um quarto de toda a riqueza do planeta, e é possível que quando dizemos “os ame-ricanos” estejamos apenas a evitar dizer “aqueles badamecos”. Enquanto russos, árabes e outros “anti-yankees” militantes dizem “os americanos” e de seguida cospem no chão quando terminam de pronunciar a palavra, nós europeus olhamos para eles com desprezo, e até arranjamos paciência de vez em quando para aturar os seus “okays”, “camones” e “alright buddies”. Eles odeiam--nos e chamam-nos de “eurotrash” (lixo europeu), ao que sorrimos e com cortesia agradecemos: “obrigado...americanos”, e eles mordem-se todos de raiva. Convém ser pelo menos cordial, não vão eles fazer birrinha e bombardear de novo Belgrado.

Por muitas guerras que ganhem, dóla-res que gastem ou virgens nicaraguenses que desflorem, os americanos não têm as coisas que nós temos, e que nem com todo o dinheiro do mundo poderiam comprar. Por exemplo? Sei lá, igrejas e castelos no estilo gótico e romanesco? E este é apenas um exemplo de como podemos levar um americano “aos arames”, e entre outros igualmente divertidos estão perguntar-lhes onde ficam as ruínas romanas mais conhe-cidas dos Estados Unidos, ou discutir com ele qual a corrente do neoclássico que mais realça a sua natureza antropocêntrica, coisas que mesmo que ele entenda podemos sempre contra-argumentar com o facto de ele ser americano. E o que pode ele fazer quanto a isso? Atirar-nos com o “goulash” à cabeça? Claro que não, é americano, e não húngaro. Se perguntarem aos americanos quais são os seus “pratos nacionais” eles respondem “corn on the cob” – milho assado na própria maçaroca, algo que nós europeus conside-ramos “exótico”, talvez por uma receita datada do Paleolítico Inferior. Vão reparar ainda que eles vão demorar a responder a essa pergunta, julgando tratar-se de uma “rasteira” – de tudo o que não sabem por lhes faltar o que não podem comprar, ainda vão sabendo que os “hot-dogs”, as “pizzas” ou os “hamburguers” são corrupções de ideias importadas do “velho continente”. Tudo o que precisaram de fazer foi “americanizar” aquilo, corromper o original, em suma, fizeram-lhe o mesmo que fazem às virgens nicaraguenses.

bairro do or ienteLeocardo

Gosto de americanos (mas prefiro americanas)A Democracia é a arte de, da gaiolados macacos, gerir o circo.Henry Mencken

Os americanos não têm o toque de Midas, mas sim o de Merdas, em que transformam tudo aquilo em que metem as patarronas em cima

É injusto afirmar que os Americanos não têm cultura, quando do seu contributo para a Literatura mundial constam nomes como Edgar Allan Poe, Mark Twain ou Emily Dickinson, ou ainda Hemingway, Fitzgerald ou (e é importante mencionar) Henry Miller entre os contemporâneos, e sem esquecer o cinema, que teriam in-ventado não fossem os franceses fazê-lo primeiro, e como aproveitaram tão bem aquela invenção de um senhor escocês, a televisão – tão bem e tão mal, mas isso resolve-se mudando de canal. O problema é que nada disto é genuíno, não saiu de dentro do ser dos americanos, que têm um sinal de dólar no lugar da alma. Reparem como até alguns dos seus maiores contributos para a humanidade têm raiz no mal: os direitos

cívicos, o “jazz”, o “soul” ou os “blues” são produtos da opressão e da injustiça que é apanágio dos americanos, e o resultado da reacção da (pouca) gente inteligente e com bom gosto que por lá anda.

os americanos não têm o toque de Midas, mas sim o de Merdas, em que transformam tudo aquilo em que metem as patarronas em cima. Pegaram no “hip--hop”, originalmente uma ideia interes-

sante, e tornaram-no numa indústria que vai contra tudo o que representava a sua mensagem inicial. E como se explica que Warhol tenha pintado numa tela uma lata de sopa e vendido aquilo por uma fortuna, enquanto Da Vinci pintava retratos para ter sopa para comer? Se explicamos a um

americano que “A Gioconda” tem um valor incalculável, ele pergunta quanto é, e se insistimos que “é incalculável, não tem preço”, ele teima “sim, mas quanto é?”. Se for texano puxa da caneta e do livro de cheques.

Tudo o que têm, fizeram, pensaram ou realizaram foi graças ao vil metal, e para o efeito ainda beneficiaram da localização geográfica privilegiada, e de uma língua

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lfranca que nem é sua mas que lhes permitiu uma maior penetração à escala mundial, e mais importante, correram com os nativos que ocupavam aquela terra, que bem vistas as coisas sempre foram suas, pois foram para lá mandados “por Deus” – ou vieram no “Mayflower”, tanto faz.

Quando digo que “gosto de america-nos”, digo-o com a mesma convicção de quando me perguntam se gosto de animais, e respondo: “claro que sim, são deliciosos”. Dito isto, é melhor especificar que gosto de americanos em geral, mas prefiro as americanas em particular. Os americanos divertem-me, mesmo quando têm a mania das grandezas, são uns “faz-me rir”, um prato. Só não lhes acho tanta graça quando fazem uso da sua condição que os leva a serem idolatrados em bairros de lata de Bombaim e afins, únicos lugares onde ainda existem pessoas que preferiam ter nascido americanas, e desatam a impôr as suas “american ways”, e a única coisa que inventaram sozinhos: o capitalismo impe-rialista e desalmado. Assusta-me ouvi-los dizer que “a China ganharia mais com uma democracia parlamentar e representativa”, e pouco importa como ou quando – mandem aquilo abaixo e depois logo se vê. É típico de um povo que nunca meteu os pés numa caravela pensar que o modo de vida que lhe serve é o ideal, todos devem segui-lo, e que quem não pensa assim é terrorista. Nem se incomodam em perguntar se alguém está interessado em ser um palerma igual a ele, que nunca conheceu outro sistema que não aquele, para o qual não contribuiu com nada, e que para o usufruir bastou-lhe apenas nascer ali – se calhar considera que foi por uma boa razão, e não por mero acaso. Eu também acho que a América tem imensos defeitos, e nem por isso vou a Washington pedir aos senhores que façam o favor de arrumar a trouxa, que o seu povo “tem mais a ganhar com a implantação de um califado”.

Tem graça como se preocupam tanto que os chineses abatam monges tibetanos pelas costas, quando ainda hoje discutem que cor da pele deve ter quem dispara sobre quem, ou que o facto de uma mulher se candidatar à presidw ência tenha ênfase e género e não na pessoa ou na sua capaci-dade. Como ousam apresentar-se como “o farol do mundo para, se ainda há coisa de 50 anos tinham um sistema segregacionista semelhante ao “apartheid” sul-africano? Podia ficar aqui a enumerar exemplos da célebre incoerência americana, mas para su-marizar basta dizer que se preocupam tanto o défice democrático em países a milhares de quilómetros de distância, quando a sul partilham a fronteira com um semi-narco--estado que não é exemplo de “democracia” para ninguém. Se calhar até lhes convém que assim seja, pois quando querem ser badalhocos e (ainda mais) boçais poupam na viagem, e o mundo fica a ganhar com mais...virgens nicaraguenses.

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cartoon por Stephff

hoje macau quinta-feira 16.4.2015pu

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Habitação SocialPedido sistema para“casos excepcionais” O deputado Si Ka Lon espera que o Instituto de Habitação (IH) ofereça “permissões excepcionais” para pessoas ou famílias que precisam de ajuda urgente em entrarem na habitação social. Numa interpelação escrita, o deputado apontou que tinha recebido pedidos de ajuda de pessoas ou famílias que são pobres ou que e estão sem alojamento por causa de acidentes repentinos e que, no entanto, pediram habitação social ao IH e não conseguiram ajuda oportuna devido à falta de um mecanismo de avaliação de “permissões excepcionais”. O deputado considera preocupante esta situação e questiona se o IH oferece habitação social a estas pessoas ou se existem um mecanismo deste tipo.

China Oferecido equipamentode escritórioa Cabo Verde

A China entregou esta terça--feira um conjunto de equi-

pamento de escritório a Cabo Verde avaliado em cerca de 750 mil euros e que serão destinados ao Ministério das Relações Exte-riores e outras instituições locais.

O certificado de entrega do donativo foi assinado pelo novo embaixador da China em Cabo Verde, Du Xiaocong, e pela se-cretária de Estado dos Negócios Estrangeiros, Maria Jesus Veiga Miranda, que enalteceram a importância dos equipamentos e realçaram que se trata de mais um gesto para o reforço das relações de cooperação entre os dois países.

O embaixador chinês disse esperar que o equipamento pos-sa ajudar Cabo Verde a realizar muitos dos seus trabalhos e ga-rantiu que a China vai continuar com este tipo de cooperação, oferecendo equipamento a ins-tituições cabo-verdianas.

A entrega dos equipamentos de escritório foi o primeiro ato oficial do diplomata em Cabo Verde, que substituiu Su Jian, após entregar na semana passada as cartas credenciais ao Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca.

Por sua vez, a secretária de Estado dos Negócios Estran-geiros cabo-verdiana, Maria Jesus Veiga Miranda, ressaltou a importância do equipamento recebido, dizendo que vai “mu-dar para melhor” a capacidade do país na prestação de serviços.

Recordando que as relações de cooperação com a China datam deste os primórdios da indepen-dência de Cabo Verde (5 de Julho de 1975), Maria Jesus Veiga Mi-randa afirmou que o país asiático é um dos maiores financiadores do desenvolvimento do país.

Estrada da Vitória Edifício de 16 andares pronto até 2018

A porta número 22 da Estrada da Vi-tória – paralela ao jardim Vasco da

Gama e onde se localiza o Hotel Royal – vai albergar um novo prédio com 16 andares e três deles serão subterrâneos. O anúncio, publicado ontem em Boletim Oficial (BO), dita que a obra deverá ficar pronta em cerca de dois anos e meio, ou seja, em início de 2018.

O começo da história deste terreno, com 790 metros quadrados, remonta a inícios de 1998, quando a obra de cons-trução estava já concluída, mas faltou a vistoria e a emissão de licença para a sua utilização. De acordo com o anúncio do BO, “a autorização ficou condicionada ao pagamento das duas últimas pres-tações do prémio em dívida”, ou seja, do valor que os alegados proprietários teriam de pagar ao Governo para ficar com o terreno. O contrato de concessão foi executado agora, após 17 anos, entre o Governo e uma sociedade formada por residentes locais e a Companhia de Investimento de Propriedade Wai Ian Limitada.

A concessão vai custar à sociedade de proprietários cerca de 82,5 milhões de patacas por uma obra que deverá ter início efectivo dentro de menos de quatro meses, após aprovação do projecto da obra, do pedido de emissão das licenças de obra e da apresentação do pedido para o início da construção. Tudo isto, refere, inclui a apreciação do projecto e da emissão de licenças pelos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes em 18 meses.

Flora [email protected]

H ETzER Siu, presidente da Macau Special Olym-pics, considera que a

disparidade entre os prémios entregues aos desportistas sem e com deficiência vai ser ainda maior, depois da revisão prometida recentemente. O di-rector do Instituto do Desporto (ID), José Tavares, referiu que é altura de rever o Regulamento dos Prémios do Desporto para deficientes, apontando, contu-do, que os futuros prémios não poderão igualar os que já são disponibilizados aos atletas sem deficiência.

Ao HM, Hetzer Siu frisou que actualmente os prémios pagos aos atletas com de-ficiências são um décimo do que ganham os restantes desportistas. O director do ID defendeu que as condições de competição e as instalações desportivas para atletas com e sem deficiência não são iguais, sendo “impossível avaliar os atletas com os mesmos crité-rios”, pelo que nem os prémios de desporto poderão vir a ser iguais. Mas Siu considera que o Executivo tem de ter em conta a questão de igualdade e espera que a disparidade dos prémios “possa diminuir gradualmen-te”, para que os atletas com deficiência possam reforçar a sua identidade.

Deficientes Queixas De continuação De DispariDaDes

Diferença sem igualdade?“Quando os atletas participam nos Jogos Paralímpicos, estão no nível mais elevado de competição. Mas quando ganhamos prémios, os montantes pagospelo Governo são menos do queo que é ganho nos Jogos Asiáticos”Hetzer siu presidente da Macau special olympics

“Quando os atletas partici-pam nos Jogos Paralímpicos, estão no nível mais elevado de competição. Mas quando ganham os prémios, os mon-tantes pagos pelo Governo são menos do que o que é ganho nos Jogos Asiáticos”, frisou ainda.

Aprender com o exteriorJosé Tavares responde ao deputado Chan Meng Kam, que numa interpelação escrita entregue ao Governo revelava que há países com o mesmo re-gime de atribuição de prémios para atletas com e sem deficiên-cia, questionando as razões por

não existir semelhante sistema em Macau. No entanto, José Tavares considera que é ne-cessário rever o Regulamento dos Prémios do Desporto para Deficientes, tendo já sido consultadas as opiniões da Macau Special Olympics, a Associação de Desporto de Surdos de Macau e o Comité Paralímpico de Macau-China, estando as opiniões em fase de análise. O anúncio da revisão foi também feito na Assem-bleia Legislativa.

Chan Meng Kam tinha ain-da questionado as razões pelas quais os atletas de Macau não poderem candidatar-se ao pro-jecto de apoio financeiro para formação de atletas de elite. José Tavares respondeu que há dois atletas com deficiência mental que ganharam prémios nos Jogos Para-Asiáticos em Inchon, Coreia do Sul, no ano passado, e que têm condições em participar no projecto, pelo que vai aconselhá-los a participar.