história comparada do telejornalismo: brasil/espanha

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Page 1: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

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Page 2: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

Profª Drª Ruth Penha Alves Vianna - [email protected]

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SULPós-doutoranda do Programa de Pós – Doutorado da ECA-USPRio de Janeiro – Maio de 2003

2

Page 3: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

IntroduçãoA pré-história do telejornalismo

história dos

noticiários

audiovisuais

começam com a pré-

história dos noticiários do

cinema. O aparecimento

do primeiro jornal em

imagens se produziu em

1909, por iniciativa dos

irmãos Lumiére, ou

melhor dito pela Casa

Lumiére, que se havia

dedicado a registrar em

filmes acontecimentos de

importância histórica,

como por exemplo a

coroação do Zar Nicolás II

A

no mês de maio de 1896,

ou simplesmente, como

assinalaram vários

historiadores, “cenas

curiosas de todo o mundo

o que logo chamariam os

ingleses Travelong”1. A

Espanha também se

beneficiou destes

registros, havendo

conservado fatos públicos

de sua história em filmes

como o casamento do Rei

Alfonso XIII de Espanha

na Igreja de San

Jerónimo, o Real de

Madri2, assim como no

decorrer da história se

conservaram em celulóide

“a inauguração do canal

Kiel, a guerra anglo-boer,

o enterro do presidente

norte-americano William

McKinley e o terremoto de

1906 na cidade de San

Francisco”3. Imagens que

tinham ampla aceitação

do público no mundo

inteiro. Assim que antes

de falarmos dos

telejornais espanhóis e

brasileiros seria

interessante revermos a

história dos primeiros

noticiarios de actualidad

ou noticieros como eram

conhecidos, não só

porque foram os primeiros

modelos aplicados em

Espanha com o seu NO-

DO e no Brasil com

Notícias dos Primos

Carbonare, mas também

porque observamos nos

informativos televisivos

atuais algumas

características muito

semelhantes às de que se

faziam nos anos 30 e 40.

Semelhanças que nos

podem induzir a pensar

que “que estamos indo

(voltando) ao início da

televisão”4.

Romà Gubern, na

sua obra La mirada

3

Page 4: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

opulenta. Exploración de

la iconosfera

contemporánea

(Barcelona, 1987, pág.

340) enfatiza sobre o

importante papel do rádio

e dos noticiarios de

actualidad (jornalismo

cinematográfico) na

origem do jornalismo

eletrônico:

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9

Page 10: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

1- Jornais em movimento

ercorrendo pela

pré-história do

noticiário do

cinema, importantes

pesquisadores como

Romà Gubern (1992);

Nilson Lage (1986); José

Luiz Sáez (1986) entre

outros afirmam que o

primeiro produto deste

gênero em nível comercial

foi o Pathé Journal de

Charles Pathé em 1909,

que foi dirigido por

P

Armand Verhylle e Lucien

Doublo. Sáez, na sua obra

En el lugar del hecho

(Ecuador, 1986), escreveu

que inicialmente “cada

uno de estos periódicos

cinematográficos estaba

compuesto de fragmentos

o reportajes incipientes,

filmados por los

corresponsales de Pathé

destacados em todo el

mundo”6.

Não obstante, os

norte-americanos vão se

interessar por este projeto

dois anos mais tarde e “el

Pathè Journal tendrá una

versión norteamericana,

circulando los martes y

haciendo competencia

com los noticiarios

ingleses”7. Os noticiários

cinematográficos

produzidos até então

pelos ingleses eram

Warwick Chronicle,

Topical Budget e The

Williamson News; o

francês era o Éclair

Journal e os norte-

americanos eram The

Vitagraph Monthly of

Current Events, The

Mutual Weekly e

Kinograms. Além disto se

podia ver a versão norte-

americana do francês The

Gaumont Animated

Weekly, conforme afirma

Sáez, “que en su edición

internacional se editaba

simultáneamente en

Nueva York, Londres y

París”8.

Igualmente

ocorrerá na televisão anos

depois, a censura também

estará presente no

noticiário do cinema,

devido a ampla

proliferação por todo o

mundo. As proibições, a

princípio, 1909, serão

isoladas, com a pintura de

alguns fotogramas com

10

Page 11: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

cenas de parte do corpo

humano. Mas depois se

fará mais presente com o

fato ocorrido em 1914

com a proibição da

divulgação do filme na

França em casos fortes

como o que se havia

filmado uma execução no

cárcere e o ministro do

Interior francês o proibiu,

alegando questões de

segurança. França e os

Estados Unidos não

deixaram filmar a guerra

de 1914.

Com relação ao

formato e ao estilo dos

primeiros jornais em

movimento, Sáez (1986,

pág. 27) afirma que “no

diferen tanto de los que

hemos conocido en los

años cincuenta y sesenta

en las salas de cines, e

incluso la televisión

incluye com frecuencia en

su programación

documentales elaborados

a base de material

entresacado del archivo

de noticieros de los años

diez y vinte”9.

Sáez afirma

também que estes

noticieros mantinham

correspondentes em

várias cidades das mais

importantes da Europa ou

das Américas. Também,

segundo este autor, já

havia todo um

procedimento de

captação, montagem e

divulgação do material

gravado: “el material

recibido, tanto de los

corresponsales fijos como

de los flotantes, pasaba al

departamento de edición o

montaje, establecido en la

casa central (París,

Londres, Nueva York,

etc.), y un director dicidiría

los temas y el orden en

que aparecerían los

reportajes en cada

entrega del noticiero”10.

1.1. Importância do sensacionalismo

importante notar

que desde esta

época já haviam

normas de divisão de

trabalho e também uma

preocupação pela

estrutura gramatical

cinematográfica. Isto é,

“um acontecimento de

importância exigia

destacar vários

camarógrafos para o lugar

do ocorrido, e estes

deveriam ajustarem-se ao

estilo de filmagem do

noticiero, que se fixava

até o tipo de

enquadramento a ser

utilizado”. Também os

profissionais desses

jornais em movimento já

tinham claro os gêneros

É

11

Page 12: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

que poderiam interessar

ao público.

Acontecimentos

dramáticos, o

sensacionalismo serão os

preferidos dos então

correspondentes, porque

“se encomendava

encarecidamente aos

correspondentes que

deviam ter sentido o

sensacional e filmar suas

reportagens, sabendo que

seu material ia ser

montado junto a outros

temas em um noticiário

que devia conservar um

sentido unitário”11.

Segundo Sáez (1986,

pág. 28) “una vez

montadas esas

actualidades, se sometían

a la censura de los

departamentos

correspondientes”, como

por exemplo ao Ministério

do Interior e o de

Informação francês, que

revisava todo o noticiero

para só depois autorizar a

sua divulgação12.

A estrutura desses

noticieros tinham as

seguintes características:

montagem de um noticiero

ameno e ágil; os temas

tratados deviam ser de

esportes, acontecimentos

dramáticos “sucesos”

mundiais, catástrofes,

amenidades, trivialidades

e, sobretudo, noticias

sobre as figuras políticas

de maior realce no

momento.

Outra observação

importante é que igual ao

que se faz hoje nos

noticiários de televisão, os

acontecimentos como os

problemas sociais, como

era de se supor não era

coisa inusitada aos

noticieros do princípio do

século, pelo menos até o

aparecimento das

reportagens monográficas

nos anos trinta sob a

influência da Escola

Documentarista Britânica.

1.2. Semelhanças e diferenças

obre os temas

escolhidos

naqueles

noticieros do início do

século e os temas

apresentados hoje em dia

nos noticiários televisivos,

se pode notar algumas

semelhanças quanto a

sua seleção e forma de

tratamento dado. Mas não

somente os elementos e

características da eleição

dos temas, mas também a

estrutura, características e

gramática da linguagem

cinematográfica.

S

Para Eduardo

Rodríguez Merchán

professor da Faculdad de

12

Page 13: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

Ciencias de la Información

da Universidad

Complutense de Madrid,

“los códigos del cine están

presentes en la televisión

no solamente en el género

de ficción”13. Estão

também, e principalmente

agora com o

desenvolvimento

tecnológico sofisticado, na

área da captação,

produção e montagem

jornalística, também nos

telediários.

1.2.1. Competência norte-americana

Do ponto de vista

mercadológico, a

estratégia é a mesma que

ocorrerá anos mais tarde

com a televisão e a

globalização da

informação a que

assistimos agora. Isto é,

seguindo a história do

cinejornalismo, vemos que

já em 1914 este já havia

se transformado em uma

próspera multinacional.

Sáez exemplifica este

acontecimento ao

escrever que:

“Umas

semanas

antes de la

tragedia de

Sarajevo, el 8

de junio de

1914, la Casa

Pathé –

convertida

prácticamente

en una

multinacional

del

periodismo

cinematográfi

co – convirtió

su noticiero

semanal en

diario,

facilitando a

los

exhibidores

material más

reciente en

carretes de

unos cinco

minutos de

duración”14.

Um dos motivos

disto é que a casa Pathé

vinha de uma crise devido

a outros competidores que

apareciam no mercado e

que ampliavam sua

circulação e divulgação.

Seus competidores, que

quatro anos mais tarde

romperiam definitivamente

a concorrência, eram os

norte-americanos Hearst-

Selig News Pictorial que

logo passou a ser The

Hearst-Vitagraph Weekly

News e quatro anos mais

tarde se converteria em

Hearst-Pathé Neews.

O cinejornalismo nos

anos que seguem à

13

Page 14: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

Primeira Guerra Mundial

não só prosperavam mas

tinham uma aceitação

muito grande por todo o

público, ao mesmo tempo

que havia também

prosperidade na indústria

do cinejornalismo.

14

Page 15: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

2- Os documentários e a propaganda política

os anos 20,

segundo Nilson

Lage,

assistíamos ao

aparecimento de um novo

tipo de noticiero, que eram

os documentários

realizados em 1922 pela

ex-União Soviética.

N

Compartindo deste

raciocínio Sáez escreveu

que “la Unión Soviética,

com fines distintos a los

noticieros franceses y

norteamericanos y, sobre

todo, com una base

estética e informativa

distinta (...), cuya labor del

documentalista y teórico

soviético Dziga Vertov

(1896-1954), y sus

noticieros Kino-Nedelia

(1918-1919), Kino-Pravda

(1922-1925), Kino-

Kalendar (1923-1925) y

Novosti Dnia (1944-1954)

constituyen uno de los

ejes principales en torno a

los cuales gira la historia

del periodismo audiovisual

de este siglo”15. Desta

forma enfatizamos a

necessidade de

compreender a origem do

cinejornalismo como o

modelo no qual se

inspirou os informativos

televisivos, não só no

Brasil e Espanha como

em todo o mundo.

2.1- Brasil (Primos Carbonare) e Espanha (NO DO) seguem o mesmo modeloDistanciando muito da

perfeição nazi, o

cinejornalismo e os

documentários

apresentados no Brasil e

na Espanha, tentou-se

recorrer o mesmo

caminho desde a mesma

origem, até chegar ao

jornalismo televisivo de

hoje em dia. Somente

para ilustrar, é importante

registrar o exemplo e o

impacto que se deu com

o aparecimento dos

noticieros na Alemanha,

Itália e Espanha,

sobretudo os de caráter

propagandísticos. No

Brasil dos anos 30

15

Page 16: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

também se fará presente

este fenômeno, momento

no qual – 1930 – na

Alemanha já se produzia

este tipo de noticieros de

forma regular.

Foi o Ministério de

Propaganda do terceiro

Reich o encarregado de

incrementar o uso dos

noticieros de propaganda,

sobretudo a partir de

1930. Noticieros que eram

traduzidos a dezesseis

idiomas diferentes e

distribuídos em todo o

mundo, fonte esta que

seguramente nós

brasileiros bebemos

também com as

produções de Primos

Carbonare e o seu

cinejornal aos moldes dos

cinejornais italianos

veiculados na Itália do

Duce Mussolini. Não há

como se esquecer

também o modelo dos

documentaristas ingleses,

nos anos vinte e trinta, e

os magazines dos norte-

americanos na época da

Segunda Guerra Mundial,

The March of Time e This

is America. Este último

modelo de informativo

audiovisual prospera nos

Estados Unidos na época

em que se introduziu a

televisão no Brasil e seis

anos depois na Espanha.

Não obstante,

sobretudo os

cinejornalismo e os

noticieros nazis, cuja

“perfeição e qualidade

técnica eram

excepcionais”,

influenciaram as

produções realizadas em

outros países, como as de

Itália, Espanha. Sáez

afirma que “muchas de las

lecciones aprendidas en

esa época contagiaron al

periodismo

cinematográfico y

probablemente al

televisivo más adelante en

esos países”16.

Itália, por

exemplo, tinha

interesse quase

exclusivo por

recuperar o

mercado

cinematográfico

mundial:

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Experiência vivida

tanto pela Espanha com o

seu NO-DO quanto pelo

Brasil com os cinejornais

produzidos pelos Primos

Carbonare e outros do

gênero. Cinegiornale não

gozava nem de artifícios

nem de refinamentos

estéticos, estando

preocupado quase que

19

Page 20: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

exclusivamente em

apresentar os aparatosos

discursos operísticos de

Mussolini ou a recepção

de dignitários nazis.

O estilo do

jornalismo

cinematográfico espanhol

desta época não se

diferencia muito do

italiano. As circunstâncias

da guerra civil espanhola

e, posteriormente, do

afiançamento da ditadura

do general Franco

imprimem certa tônica ao

cinema documentário

espanhol e

posteriormente ao

jornalismo televisivo.

Seguindo a

trajetória do

cineperiodismo e do

periodismo audiovisual

espanhol é preciso

assinalar que entre 1936

e 1939 se editaram na

Espanha mais de dez

noticieros semanais, tanto

na chamada zona

nacional como por parte

dos organismos de

propaganda do Governo

legítimo ou dos grupos

sindicais, como a

Confederación Nacional

del Trabajo (CNT) ou o

Consejo Obrero de la

República Española.

Como exemplo destes

noticieros temos España

Gráfica (1936-1939),

editado pelo Comité

Regional de Cataluña

(CNT), e España al día,

noticiero, semanal de

Film Popular (Barcelona).

Em todo o mundo se

distribuía um noticiero

quinzenal da mesma

empresa, mas centrando-

se nas noticias

estrangeiras, além de

edições em francês e

inglês de España al día.

20

Page 21: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

3- O Noticiero español e o No-Do

ntes do

surgimento do

NO-DO em 1º de

janeiro de 1943, se

produzia na Espanha o

Noticiero Español, que

tinha uma duração de sete

a dez minutos e parou de

ser editado em seu

número 19, praticamente

A

ao terminar a guerra civil

espanhola. Desde esta

data e até 1943, o público

espanhol se viu obrigado

a importar os noticiero da

UFA (antiga União

Federativa da Alemanha),

que completavam a

programação

cinematográfica.

Os Noticiarios e

Documentales

Cinematográficos NO-DO

tinham seu primeiro

número nas telas

espanholas em 1943. Sua

periodicidade era semanal

de atualidades até 1947,

quando passou a sair com

dois números por semana

nas salas de estréia e ir

aos cinemas mais

populares. NO-DO

ostentava em sua

apresentação o chamativo

tema: “(“El mundo entero

al alcance de los

españoles”) O mundo

inteiro ao alcance dos

espanhóis”18.

Como ocorreu nos

demais países onde

prosperou os noticieros

deste gênero, Espanha

também tentará abrir seu

mercado de produção,

distribuição e divulgação

no exterior, buscando ao

mercado latino-americano

e português, como está

fazendo agora com as

produções televisivas de

telefonia móvel (celular) e

TV por assinatura,

oferecendo também

serviços de distribuição de

produção televisiva em

vários idiomas,

particularmente em

espanhol, e agora com a

entrada de TV3 de

Catalunya e TVG –

Galícia, em catalão e

galego entre outros.

Com o mesmo

objetivo, mass sem o

21

Page 22: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

mesmo êxito de agora

Espanha havia lançado o

No–Do Color, à base de

reportagens unicamente,

alternando com um

magazine misto de

nacional e internacional

que saia a cada semana

com o nome de Imágenes

e que enchia a primeira

meia hora da

programação de qualquer

sala de cinema

espanhola, igual o que

ocorria nas salas de

cinema brasileiros com os

documentários de

cinejornalismo da época.

O No-Do foi utilizado por

Franco como instrumento

de propaganda política do

regime franquista através

da seguinte montagem:

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Page 23: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

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9.

Estratégias que

vemos ainda hoje nos

telejornais brasileiros e

espanhóis. Não obstante,

buscando espaço ainda

maior de influência, No-

Do, na opinião de vários

autores espanhóis, como

também de Sáez (1986),

enquanto aparelho de

propaganda do regime

espanhol de pós-guerra,

substituiu-se os noticiários

estrangeiros que

chegavam a Espanha por

aqueles inflados de

propaganda e ficou

garantida uma informação

a se perpetuar os

23

Page 24: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

sucessos do regime

franquista. Seu estilo um

tanto triunfalista, às vezes

com as mesmas vozes

que narravam os partidos

de futebol.

24

Page 25: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

4. O monopólio de Assis Chateaubriand

o Brasil os

informativos

televisivos

surgem em setembro de

1950 com a próprio

aparecimento da televisão

no país, seis anos antes

de chegar a televisão na

Espanha, trazida pelas

N

mãos de Assis

Chateaubriand, que

construiu o maior

monopólio de

comunicação no país com

o grupo de rádio, televisão

e jornal Diários

Associados. Não

obstante, este gênero de

programação

(telejornalismo,

entrevistas, debates,

grandes reportagens,

documentários) durante

muito tempo não era

considerado pelas

emissoras de televisão

como prioritário, devido à

questões políticas vividas

em nosso país, ou seja

desde seus primórdios a

televisão brasileira esteve

vinculada ao poder, a seu

serviço, submetida à ele,

não cumprindo, portanto,

com o seu papel de

informar livremente.

Imagens do Dia é

considerado o primeiro

informativo televisivo

brasileiro nascido em

1950 com a TV Tupi de

São Paulo. Este noticiário

era marcado pela

improvisação das

programações televisivas

daquela época. Não tinha

horário fixo. Podia

começar às 9 e meia da

noite ou meia hora depois,

dependendo da

instabilidade da

programação e dos

problemas de

funcionamento da TV nos

seus primeiros dias de

funcionamento no Brasil.

Autores como

Sérgio Mattos (1990,

pág.3 e Squirra (RJ, 1993,

pág.104) afirmam que o

novo meio de

comunicação no Brasil

esteve sob os paradigmas

de produção aplicados ao

25

Page 26: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

rádio, diferentemente da

televisão norte-americana,

que se desenvolveu

apoiando-se fortemente

na indústria

cinematográfica, a

brasileira teve que se

submeter á influência do

rádio, utilizando

inicialmente sua estrutura,

e o mesmo formato de

programação, assim como

seus técnicos e artistas20.

26

Page 27: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

5. Herança do rádio e do cinema

m comparação

com a televisão

espanhola o

formato e modelo seguido

pela Espanha como já

vimos anteriormente na

fala de Romà Gubern foi

inicialmente a do rádio, do

teatro, mas muito mais a

dos cinejornais e do

E

cinema. Igualmente a esta

tendência, Nilson Lage

(1986, pág.27) afirma que

“historicamente, a

televisão descende do

rádio, mas à medida que

se desenvolveu sua

tecnologia de imagem, foi

aproximando-se do

cinema”. Segundo este

mesmo autor, “no caso do

telejornalismo os

primeiros noticiários eram

lidos diante das

câmaras”21. Mas logo se

constatou que o fator

analógico da mensagem

radiofônica ganhava nova

dimensão com a presença

da imagem do locutor ou

apresentador. “Colocado

face a face, frente a

frente, o espectador tende

a ver nele o jornalismo

sem uma expressão

axiomática: aparência,

emoção, entonação e

expressão facial se

convertem no marco que

determina a compreensão

dos acontecimentos”22.

Na Espanha em

1953 já se fazia

experiências da

implantação da televisão

neste país, mas foi

somente em 1956 que o

fenômeno televisivo foi

implantado

definitivamente. O

desaparecimento do No-

Do como instrumento de

propaganda política do

regime franquista ao

aparecimento da televisão

e dos telediários foi todo

um processo como explica

Sàez:

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Page 38: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

6- Novos caminhos para o telejornalismo espanhol

avier Fombona

Cadavieco (Madri,

1996, pág. 123 e

124) e Calderón, Pérez

J

(1990, pág.83)

demonstram que a

história da televisão

espanhola pode ser

dividida em duas etapas

claramente diferenciadas:

“una primera etapa

comprende desde los

inicios de la información

audiovisual hasta finales

de los años ochenta y una

Segunda etapa a partir de

los años noventa, cuando

la proliferación de

emisoras autonómicas y

comerciales há

configurado un nuevo

espacio informativo

televisual”. Cadavieco

(1996, pág. 123 y 124

traça também o seguinte

quadro cronológico desta

evolução do modelo

televisivo espanhol):

1954 – Primeros informativos de TVE;

1964 – Primeras emisiones de la Segunda Cadena de TVE;

1971 – Emisiones de los Centros Territoriales de TVE1980 – Ley del Estatuto de RTV;1983 - Ley del Tercer Canal de Televisión;

- Creación de Euskal Telebista (Euskadi)

- Creación de TV· (Cataluña)

1984 – Creación de la Compañia RTVG (Galicia)1985 – Criação de Tele Sur (Andaluzia)1988 – Ley de Televisión Privada

- Creación de ETB2 (Euskadi)

38

Page 39: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

1989 – Creación de Tele Madrid1990 – Creación de Tele 5

- Creación de Antena 3

- Creación de Canal Plus

- Creación de canl 33 (Cataluña)

1991 – Creación de Canal 9 (Valencia)

Diferentemente do

Brasil a televisão privada

da Espanha ainda é muito

recente. Na pesquisa que

realizamos neste país,

constatamos que

Espanha vive atualmente

a sua terceira e quarta

fase da televisão em

períodos muito curtos

provocados pela

tecnologia digital que a

colocou em pé de

igualdade com a televisão

brasileira e a dos países

mais desenvolvidos como

a dos Estados Unidos,

rompendo com o longo

período histórico

franquista que a separava

do resto do mundo.

39

Page 40: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

7- Anos dourados do telejornalismo brasileiro

ão obstante,

nos primórdios

da televisão

brasileira, dois anos

depois, já se produzia no

Brasil “uma retórica visual

que impunha como se

vestir (roupas escuras) e

falar no vídeo”. Em 1952,

Imagens do Dia foi

substituído pelo

Telenoticias Panair que

era levado ao ar

pontualmente ás 9 horas

da noite, mas teve vida

curta, e foi substituído

pelo Repórter Esso que

teve durante muitos anos

muito sucesso.

N

O estilo norte-

americano de apresentar

telejornal que somente

ocorreu em 1990/2000

com os telejornais

espanhóis já em 1953

acontecia com os nossos

telejornais no Brasil. Em

17 de junho de 1953,

seguindo a linha e o estilo

dos informativos norte-

americanos, é implantado

o primeiro telejornalismo

de prestigio, o Repórter

Esso, que era

apresentado por Khalil

Filho. Repórter Esso

também era apresentado

no Rio de Janeiro um ano

depois por Gontijo

Teodoro, que lhe dará

muito êxito, através de

sua conhecidíssima voz:

“Repórter Esso, o

testemunho ocular dos

fatos”, mantendo-o no ar

durante os 20 anos

seguintes.

Neste inicio da

história da televisão tanto

no Brasil como na

Espanha, os programas

adotavam não somente os

nomes dos

patrocinadores, ao estilo

norte-americano, como

também sua dinâmica

mercadológica publicitária.

Na Espanha embora o

estilo de telejornalismo

adotado nos primeiros

anos de televisão

espanhola estivessem

moldados ao antigo No-

Do, a parte da

programação publicitária

era regida igualmente ao

modelo norte-americano

que se praticava no Brasil.

Repórter Esso era

um modelo que vinha do

rádio brasileiro criado a

partir de uma solicitação

da Esso através da

agência de propaganda

norte-americana McCan-

40

Page 41: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

Erickson que foi lançado

na noite de 28 de agosto

de 1941 pela Rádio

Nacional do Rio de

Janeiro (Squirra, 1993,

pág. 105), que

vislumbrava o mercado

brasileiro como um

mercado potencial de

negócios e de

manipulação política. “O

programa que era uma

cópia semelhante a

existente nos EEUU tinha

quatro emissões diárias:

ás 8.00 h, 12:55h e

22.55h.24”

Segundo Mello

Souza (1984), “o Repórter

Esso era realizado na

Redação da UPI, era um

jornal norte-americano

que dava uma ênfase

maior á informação

internacional”25. Para os

pesquisadores Squirra

(1993) e Mello e Souza

(1984), a Segunda Guerra

Mundial é apontada

também como um dos

motivos da criação deste

programa jornalístico no

rádio e depois na

televisão, pois tinha o

objetivo de manter o povo

brasileiro informado das

noticias da guerra, como

era o objetivo do NO-DO

na Espanha.

41

Page 42: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

8- Manual de estilo

ascia ai

também as

norma e o

estilo de escrever para

telejornais no Brasil ao

estilo norte-americano.

Segundo vários

pesquisadores brasileiros

“os padrões norte-

americanos

determinavam um estilo

preciso. As frases nunca

N

deviam ter mais de trinta

palavras, e cada noticia

devia durar, como no

máximo, 14 a 16

segundos”26.

Também aos estilo

dos noticieros que

contamos sobre a pré

história do telejornalismo

“era obrigatória uma

linguagem popular mas

correta e dizer sempre a

procedência da noticia.

Repórter Esso não

informava sobre suicídios,

crimes horríveis ou

desastres que não fosse

fatos de grandes

repercussões na

comunidade. Somente

pessoas muito

importantes eram

chamadas pelos seus

nomes”27. Segundo

Squirra (1993), “sempre

que Repórter Esso falava

de um candidato em

época de eleições, falava

dos outros candidatos

também. Entretanto, este

telediário jamais

informava sobre as

tensões sociais ou as

perturbações de ordem

pública e sociais”28.

Como se pode ver,

muitas das regras

introduzidas no programa

jornalístico dos anos 50,

modelo estritamente

norte-americano, estão

presentes hoje em dia

nos telejornais tanto

brasileiros como

espanhóis. Podemos

observar que os

telejornais espanhóis

somente vieram a adotar

religiosamente estas

normas a partir da

revolução tecnológica nos

anos 90 e da entrada das

televisões privadas no

país, pois o governo

franquista é quem ditava

as normas do estilo que

42

Page 43: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

devia se utilizar nos

informativos até finais dos

anos 80.

No caso brasileiro,

entre as normas que

foram criadas pelo Manual

de Produção de Repórter

Esso desde a sua

criação, se introduziam o

princípio da organização

do processo de produção

de programa e davam a

noção da estrutura de

montagem que tinham o

espelho do telejornal e os

blocos do informativo.

“Cada edição de Repórter

Esso devia conter pelo

menos 40% de noticias e

informações locais; uns

40% de noticias nacionais

e 20% de internacional”.

Anos mais tarde, em

1983, Rede Globo lançará

o seu Manual de

Telejornalismo ao estilo

norte-americano.

Na Espanha, en

sua fase inicial dos anos

de 1956-, a instituição

TVE foi a única empresa

dedicada á difusão dos

programas televisivos no

território espanhol durante

o período de 1956 a 1985

através de suas cadeias

TVE-1 e TVE-2. Segundo

Vázquez Montalbán

(1973, pág.136), “com la

llegada de la democracia

supuso informativamente

el domínio de las

imágenes”29. Para

Fambona Cadavieco

(1996) “una de las

acciones más

significativas de los

servicios informativos de

Televisión Española es la

potencialización del

servicio español de

noticias en Iberoamérica

(SIN), que inicia su

funcionamiento en 1971 y

que realiza Televisión

Española para los

canales asociados a la

OIT”30.

O modelo de

telejornalismo imposto

pelo Repórter Esso durou

vinte anos no Brasil, com

33 minutos de duração a

cada edição. Na TV Tupi

– Rio de Janeiro, com a

apresentação de Contijo

Teodoro o informativo

recebeu o nome de O seu

Repórter Esso. O

desaparecimento de

Repórter Esso da

televisão brasileira

ocorreu nos anos 70

depois de várias

tentativas de transmitir o

noticiário em nível

nacional, mas devido a

muitos problemas “o

primeiro telejornalismo

‘organizado’ da televisão

brasileira acabou

morrendo no dia 31 de

dezembro de 1970”31.

43

Page 44: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

9- Liberdade de expressão e censura

iferentemente

do modelo de

televisão

espanhol que era único

mantido pelo governo

franquista, a televisão

brasileira por ter optado

pela iniciativa privada vivia

em ciclos e oscilações

provocado mercado

D

econômico,

principalmente o

internacional. A morte do

Repórter Esso foi um

pouco deste reflexo

econômico no setor

audiovisual brasileiro.

Muitos autores brasileiros

confirmam que “TV Tupi

não conseguiu

acompanhar o ritmo de

desenvolvimento e os

custos de implantação dos

programas de

telejornalismo nacionais; o

declínio dos Diários

Associados de Assis

Chateaubriand e

principalmente o

aparecimento da Rede

Globo de Televisão, que

reorganiza o processo de

produção de estes

informativos já não mais

dependente de uma

agência de publicidade

como havia sido até então

Repórter Esso, e também

a adoção dos princípios

dinâmicos mercadológicos

implantados por Rede

Globo, que segundo os

estudiosos “ninguém mais

aceitava o patrocínio de

um único anunciante”32.

Não obstante,

enquanto o telejornalismo

espanhol mantinha uma

linha e estilos únicos de

apresentar seus

informativos por mais de

trinta anos, no Brasil

houve a oportunidade de

experimentar uma

linguagem diferenciada e

genuinamente brasileira,

mas não por muito tempo.

Isto porque, depois de

Imagens do Dia, que

esteve por apenas dois

anos no ar (1950 a

1952)-, Telenoticias

Panair e o Repórter Esso

(1953 a 1970), surgia em

1962, na TV Excelsior-

Rio de Janeiro, o

44

Page 45: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

informativo televisivo

Jornal de Vanguarda

criado e apresentado

pelo jornalista Fernando

Barbosa Lima. Este

informativo, que era

produzido e apresentado

por jornalistas, foi um dos

únicos noticiários com

posturas críticas,

inovadoras e que tentava

dar noticias mais

aprofundadas, além de

criar uma linguagem mais

original, nova e adequado

ao meio televisivo. Foi

portanto, o Jornal de

Vanguarda que começou

uma linguagem nova e

com mais qualidade no

telejornalismo brasileiro.

Em entrevista que realizei

recentemente com

Fernando Barbosa Lima,

o jornalista relembrou que

Jornal de Vanguarda foi

merecedor do prêmio

Ondas de Teleperiodismo

na Espanha, que é o mais

significativo prêmio

espanhol de

jornalismo.Com Jornal de

Vanguarda vivíamos os

anos dourados do

telejornalismo no Brasil.

Em 1963 Fernando

Pacheco Jordão produzia

na mesma TV Excelsior –

São Paulo o Show de

Noticias.

45

Page 46: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

10- Surge a Rede Globo

principio a

liberdade de

inovar na

linguagem telejornalística

que nós brasileiros

pudemos desfrutar,

experiência que os

informativos televisivos

espanhóis não

vivenciaram, foi soterrada

pelas atrocidades da

ditadura militar que se

A

implantou no Brasil em

meados dos anos 60,

autoritarismo conhecido

desde o princípio da

televisão na Espanha. A

ditadura militar brasileira

usou a seu gosto os

meios de comunicação

como fizera Franco na

Espanha. O Jornal de

Vanguarda de Barbosa

Lima foi aplastado pelo

Ato Institucional nº5,

instrumento de repressão

do Exército brasileiro que

matou o que havia de

mais criativo, crítico, com

independência e

diversificação das fontes,

além da qualidade visual

implantada por este

telediário na informação

audiovisual do Brasil33.

A ditadura militar

tinha projetos claros

quanto ao uso da

televisão no Brasil e ao

consolidar seu projeto

tecnológico deu as

estruturas para a criação

da Rede Globo de

Televisão, com

investimento de capital

estrangeiro, do Grupo

Time Life, surgia a 1º de

setembro de 1969 o

primeiro programa em

rede nacional da televisão

brasileira: o Jornal

Nacional á imagem e

semelhança do

informativo norte-

americano, que foi

dirigido por Armando

Nogueira, para o qual

criou toda uma equipe de

profissionais, que foram

treinados nos EEUU.

Jornal Nacional desde

aquela época até hoje é

produzido no Rio de

Janeiro e transmitido

diretamente ás demais

emissoras da rede. Em

palavras de Sérgio

Caparelli (1982) e Squirra

46

Page 47: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

(1993) “o surgimento do

Jornal Nacional é

considerado a primeira

experiência jornalística da

televisão brasileira que

conseguiu unificar

instantaneamente todo o

país”. Esta é considerada

a Segunda fase da TV

brasileira, momento em

que a Embratel fazia

possível a interconexao

dos diversos pontos do

Brasil via satélite ou

microondas. José

Marques de Melo (1988,

pág.16) explica com

maior clareza este fato ao

dizer que:

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Page 48: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

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No caso espanhol,

o espaço audiovisual do

telejornalismo somente

iria se alterar no final

dos anos oitenta.

Segundo observou

Fambona Cadavieco, os

anos oitenta é

classificado como

aquele que supõem uma

variação substancial nos

conteúdos tratados, em

relação a todos os

anteriores; as fórmulas

de entretimento,

baseadas no esporte,

dão passos aos

conteúdos políticos.

Neste período se

sucedem a estagnação

e incursões políticas,

demissões e mudanças

de diretores de TVE,

monopólio que será a

única até o surgimento

das televisões

autonômicas, apesar de

que em 1989 não

conseguirá uma

cobertura de 100% de

sua população e seu

segundo canal chegava

somente os 50%.

Nestes anos oitenta no

espaço televisivo

espanhol se destacavam

três pontos

fundamentais, conforme

afirmou Martínez Chilón

(1985, pág.108):

Situação de oficialismo e

de concorrência entre as

diferentes edições de

TVE (surge o informativo

de reflexão Punto y

Aparte); a necessidade

de especialização e

centralização por áreas

e, a necessidade de

descentralizar e de

potencializar a

informação nacional e

de sociedade35.

Nestes três pontos

em apenas dois deles a

televisão brasileira e seu

telejornalismo saia a

frente: especialização e

potencializaçao, mas se

igualava de forma

pesarosa na falta de

liberdade de expressão

provocada pela ditadura

militar que se instalara

no país e se igualava ao

totalitarismo franquista

que também era

limitador de expressão,

mas que nos anos 80 os

espanhóis já se

ressentiam

enormemente disto e

buscavam outras

alternativas como se

57

Page 58: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

comprovará mais tarde

com a Lei do Terceiro

Canal e a, da criação

das televisões

autonômicas e a Lei da

televisão privada36.

O estilo norte-

americano seguido pelo

telejornalismo brasileiro

desde praticamente seu

inicio chegará também a

Espanha, com a

mudança política

provocada pela morte de

Franco e a nova política

adotada pelo Rei Dom

Juan Carlos. Somente ai

é que o estilo dos

noticieros de televisão

se desligaram do estilo

canonizado pelo

noticiero

cinematográfico dos

anos quarenta. Saéz

afirma que somente aí é

que o telejornalismo

espanhol adotou um

formato mais parecido

ao noticiário norte-

americano enquanto ao

ritmo, redação e

locução, prescindindo

inclusive das

interrupções comerciais,

ao estar agora nas mãos

da lógica de mercado do

capitalismo do Estados

Unidos37.

58

Page 59: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

11- Os pontos comuns e as diferenças

Desta forma os

elementos de

comparação entre o

telejornalismo brasileiro

e espanhol que

podemos fazer são os

seguintes:

Brasil e Espanha começam a Ter contato com o mundo da informação audiovisual mediante o cinejornalismo de características primeiramente francesas e inglesas, depois as norte-americanos (anos 20 e 30) e depois mais concretamente segundo os modelos de caráter oficialista e ao serviço da propaganda política nazi e de Mussolini, e no caso brasileiro, além destes dois, também os de Franco. Não obstante, no Brasil dos anos 50, quando inaugurou a televisão, adotara-se claramente o modelo norte-americano de produção da informação, fenômeno que somente ocorreria na Espanha

no final dos anos 70, mas de forma não totalmente integral.

De forma conclusiva, a informação televisiva, os telediários descendem do formato utilizado no rádio tanto no Brasil como na Espanha, enquanto que sua gramática televisual é descendente do cinema.

No Brasil já em seus primeiros telediários se apresentará o formato e o estilo norte-americano desde 1950, época do surgimento da televisão no país trazida por Assis Chateaubriand, enquanto na Espanha o estilo norte-americano será seguido pelo telediário espanhol somente com a

59

Page 60: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

mudança política iniciada nos anos 60 e depois mais fortemente no anos 80 e 90. Entretanto, a tecnologia empregada em ambos os países foi mais hegemonicamente utilizada a que era empregada nos Estados Unidos, porque segundo vários estudiosos, o mercado tecnológico e a indústria televisiva já estavam nos anos 50 nas mãos dos Estados Unidos.

Se observa inclusive, considerando o interregno existente entre a ditadura franquista e a dos militares no Brasil e a data oficial de surgimento da televisão nos dois países – que tem seis

anos de diferença entre um e outro -, muitas das características que vão determinar o modelo atual dos informativos televisivos nos dois países ao muito semelhantes:

a) O cinejornalismo é o primeiro noticiário em ambos os países antes do surgimento da televisão tanto na Espanha como no Brasil;

b) As características e utilização do cinejornalismo como instrumento de propaganda política são iguais na Espanha e no Brasil, mas nos países latino-americanos sua influência foi menor;

c) O meio televisivo surgirá em ambos países nos anos 50,

época de mudanças políticas importantes em todo o mundo, que ficou dividido e organizado de forma diferente depois da Primeira e Segunda Guerras Mundiais;

d) O rádio na época nos dois países já estava consolidado e levou seu formato á televisão, inclusive os gêneros de programas e os profissionais, que não tinham uma formação adequada á que se deveria empregar ao estilo de linguagem televisiva;

e) A tecnologia utilizada na televisão do Brasil e da Espanha é norte-americana, levando a adoção o espaço publicitário aos telejornais, seguindo as mesmas estratégias utilizadas

60

Page 61: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

nas produções norte-americanos, que é o da vínculo do programa aos patrocinadores, além de encher sua programação de produções importadas de diferentes países, principalmente dos EEUU;

f) A censura foi um denominador comum entre a experiência televisiva e de telejornais nos dois países e funcionou como elemento desestabilizador da informação e da linguagem na construção dos informativos televisivos. A censura esteve presente no Brasil e na Espanha nos mesmos anos – 1950 a 1980, quando se produz a transição

democrática mudando, em parte, a forma de conteúdo e narratividade dos telejornais de ambos os países;

g) Houve transição política no mesmo período nos dois países, caminhando para a democracia. A democracia na Espanha é mais acentuada enquanto que no Brasil damos passos mais lentos. Neste mesmo período o cenário audiovisual dos dois países encontram-se em importante estágio de evolução tecnológica inerentes ao processo de globalização dos mass mídia, uma nova ordem mundial de comunicação, de economia e de política se estabelecem no

panorama mundial ao qual o Brasil terá que se adaptar, e,

h) O grau de democratização ocorrida em ambos os países – Espanha e Brasil -, serão profundamente diferentes. No Brasil há uma ‘democracia’ de direito, mas não de fato, enquanto que o processo de democratização espanhol foi maior, alcançando mais capas sociais. A imprensa, os meios de comunicação em geral, tiveram uma maior participação e um papel fundamental nesta liberalização e construção de um estado de direitos, de liberdade de expresso. Entretanto, como afirmam muitos pesquisadores

61

Page 62: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

importantes de Espanha, “o Governo espanhol no deixou de controlar e manipular os meios de comunicação de Espanha, mas se conseguiu avançar bastante á época franquista”. No Brasil a situação é muito pior: além da crise política, há uma crise institucional, uma crise ético - profissional, de cidadania, educacional, política, cultural entre outras.

Nos anos que se

sucederam após o Golpe

Militar e a implantação

definitiva da rede Globo

de Televisão, tendo como

seu carro –chefe o Jornal

Nacional, o

endurecimento do regime

militar caminhava paralelo

ao projeto militar de do

Palácio do Planalto de

unir o país via televisão,

aplicando ao máximo o

poder centralizador na

divulgação das noticias,

num exercício contínuo

de verticalizaçao da

informação, introduzindo

o conceito de netwwork

no telejornalismo

brasileiro (Squirra, 1993;

Leal Filho, 1988;

Caparelli, 1982; Miceli,

1972 e Kehl, 1986)38.

O antagonismo

entre o oficialismo e a

tecnologia sofisticada,

influenciavam diretamente

no resultado final do

conteúdo da informação

transmitida (Squirra,

1993). Tanto Marques de

Melo como Cláudio Mello

Souza são categóricos ao

afirmar que que a

credibilidade do público á

Rede Globo não ocorreu

de imediato. Somente

passado os meses de

incerteza é que o JN

conquistaria a liderança

de audiência que foi

mantido quase que

intacto praticamente até

hoje, se não fossem as

mudanças econômicas

produzidas pelo Plano

Econômico de Fernando

Henrique cardos e a

inserção de novos

telejornais no mercado

audiovisual brasileiro de

outras emissoras de TV

como o SBT, o

ressurgimento de Record

entre outras.

Assegurada a

fidelidade e a

credibilidade do público

ao JN, a emissora Globo

produzirá vários formatos

ao estilo de seu jornal vip:

Bom Dia São Paulo(1977)

e em seguida os “Bom

Dia” de todas as capitais

brasileiras; criará o

62

Page 63: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

primeiro diário dirigido ás

mulheres em 1986, o TV

Mulher; o Fantástico (que

é o show da vida), com

mais de vinte anos de

existência; o Globo

Repórter; o Globo Rural;

o Globo Esporte; o Jornal

Hoje entre outros estilos e

formatos39. As infovias

digitais viriam no início

dos ano 90, igualmente

ocorreu na Espanha.

Tanto Rede Globo como

Tele 5 e Antena 3, depois

Radiotelevisión Española

se digitalizam nos anos

de 1998 /2000,

modificando o seu padrão

de produzir a informação.

O engenheiro de Rede

Globo, Gesuald A Braz

(1998) nos dizia que:

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As normas de redação

de estilo e estrutura de

linguagem utilizadas tanto

no Brasil com na Espanha

seguem basicamente os

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Page 70: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

mesmo princípios neste

final dos anos 90. No

Brasil desde os anos 60

utilizamos uma linguagem

mais light. Esta linguagem

fugirá completamente do

estilo apresentado no

rádio e no jornalismo

impresso. São noticias

rápidas, curtas,

visualmente mais

elaboradas que

constituíram um

jornalismo mais dinâmico,

passando a se constituir,

ela mesma, numa espécie

de “fábrica de ilusões”41,

conforme afirma

Marcondes Filho (1992,

págs. 225 a 247).

O processo de

produção vivenciado

inicialmente no relato

visual dos

acontecimentos se dá

igual nos dois países,

através de fitas utilizadas

no cinema, que sofria um

difícil processo de

revelação e de

montagem. Depois as

transmissões ao vivo

eram acompanhadas por

um diretor diante de uma

mesa de corte (switch),

que selecionava

estrategicamente as

imagens das câmaras a

serem emitidas, que

vinham de um veículo

externo ou unidade

móvel. Estas imagens

para chegar até a

emissora e ser

reproduzidas por ela,

eram transmitidas via

microondas. O mesmo

acontecia com o telejornal

espanhol.

Nos anos 90 o

telejornalismo brasileiro

que trabalhava uma

linguagem visual já

dinâmica (cortes,

aproximações de

detalhes, planos gerais e

closes, zoom-in e zoo-

out) passa a ter uma

linguagem mais

sofisticada ainda, ao

estilo do videoclip, com

tempos e duração das

noticias e de sua

linguagem vidográfica

muito pequenos e velozes

como se vai ver também

na produção de vários

telejornais espanhóis que

tiveram uma mudança

radical, saindo do estilo

do No-Do para ir

diretamente ao estilo mais

sofisticado existente hoje

em dia.

Nestes anos 80/90 o

telejornalismo brasileiro

viverá algumas mudanças

significativas com a

adoção do anchorman

nascido no SBT na figura

de Boris Casoy que passa

a apresentar em 1980 o

TJ Brasil, telejornal

totalmente diferente do

70

Page 71: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

apresentado na Rede

Globo, ganhando pontos

de audiência abalando o

primeiro lugar da até

então rainha

inquestionável Rede

Globo. O telejornalismo

inovará também no relato

visual com planos

seqüências ao estilo

Glauber Rocha com o

programa informativo

Aqui e agora onde se

utilizava palavras e

discurso dentro dos

padrões da dramaturgia

radiofônica e o planos

seqüência de Glauber42.

71

Page 72: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

12- Os padrões impostos pela tecnologia digital

om a

instabilidade

econômica

surgem no cenário

audiovisual brasileiro

programas diferentes de

cunho religioso e muita

telebasura como dizem os

C

espanhóis. Os canais por

assinatura e canal 24

horas de noticia também

produziram mudanças

significativas nos

formatos de programas

jornalísticos produzido em

todo o Brasil. O mesmo

se procederá no

telejornalismo espanhol

no início dos anos 90,

embora haja diferença de

jornalismo praticado nas

emissoras autonômicas e

na tradicional

Radiotelevisión Española,

que mantém a

modernidade sem fugir de

seus traços culturais

mediterrâneos.

Por exemplo as

mudanças que vamos

assistir no telejornalismo

brasileiro do final dos

anos 90 é a proibição do

contraplano pela Rede

Globo que passa a ser,

segundo eles, uma

“grande mentira”. Com a

potencializaçao da

Internet os telejornais

buscam a integração das

mídias, para conseguir

uma linguagem de

interatividade e isto vai

ocorrer também nos

telejornais espanhóis,

passa-se a explorar mais

no visual com planos de

todos os tipos ao estilo do

cinema; os cenários antes

físicos passam a ser

virtuais ao mesmo tempo

que se usa o videoword

com imagens de

tamanhos ínfimos até os

bestiais, o uso de cores é

reforçado e as

vestimentas dos

apresentadores mais

estilizadas; a iluminação

passa a ser a fria para dar

mais interatividade; há um

empobrecimento do

discurso verbal e a morte

das grandes reportagens,

72

Page 73: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

as noticias passam a ser

“anedóticas, anódinas e

estúpidas”, conforme

afirma Enrique

Bustamante (1998)43.

Haverá muita “prensa del

corazón”, informativos de

“color rosa”; não se fará

mais reportagens no lugar

dos acontecimentos; o

menosprezo ao som

continuará existindo; a

produção dos telejornais

continuam a ser um

mecanismo totalmente

autoritário, pois estará em

vigor a agenda setting, os

newsmaking e os

gatekeepers; o público

continua sendo um

grande desconhecido;

passam a surgir gêneros

considerados insólitos

segundo sentenciou

Enrique Bustamante,

importante catedrático da

Universidad Complutense

de Madri:

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”4

4

.

Se observa nestes

anos 1990/2000 nos

telejornais brasileiros

espanhóis que ainda

persiste a falta de cultura

do som. Tanto nossas

investigações de campo

como em entrevistas com

especialistas este fato se

confirma. Ángel

Rodriguez Bravo,

professor da Universidad

Autonóma de Barcelona

(UAB,1998) afirma que:

“los profesionales de la

televisión menosprecian

estúpidamente el sonido”.

Para Bravo, “está claro

esto, porque la imagen es

lo más fácil de manejar y

es lo que se manipulan.

No digo que no tenga

influencia. Lo único que

digo es que se

menosprecia

estupidamente el sonido.

Este menosprecio no

viene solo, está

intimamente ligado a la

falta de conocimiento de

una cultura sonora por

parte de los profesionales

de televisión que no

saben manejarlo”45. Este

problema é sentido

também enquanto a

narratividade do som na

noticia. No Brasil, a Rede

Globo somente passou a

utilizar o som ambiente

em 1998.Segundo seus

editores o som ambiente

foi proibido durante estes

anos todo pela direção da

empresa na época da

ditadura por ser ele

revelador de conteúdos e

realidades.

Verifica-se também

que há um uso ilegal de

publicidade em nos

telediários brasileiros e

espanhóis. As

intervenções publicitárias

nos telejornais. Na

Espanha é proibida pela

Directiva de Televisión

Sin Fronteras, mas

segundo Bustamante,

“nadie la respecta. Em

Espanha, igual que en

otros paaíses europeos,

la corrupción de la

legislación empezó a

hacerse com la

información sobre el

tiempo, desglosando esta

información del cuerpo

del telediário para poder

hacerla patrocinar por

unas marcas de

anunciantes. En muchos

telediários, públicos o

provados la publicidad

84

Page 85: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

irrumpe ccortando la

información, cosa, que

insisto, es completamente

ilegal en toda Europa y

que en España se sigue

haciendo sencillamente

porque el Gobierno no

tiene ninguna medida de

control sobre la televisión,

sobre el cumplimiento de

la publicidad relativa a

ella”46. A questão da

irregularidade da

publicidade também

ocorre nos telejornais

brasileiros.

Outros elementos

de comparação e que são

preocupações iguais dos

jornalistas e

pesquisadores da área

entre os telejornais

brasileiros são as

questões referentes á

alargar ou não a duração

dos telediários; o perigo

da fragmentação da

informação; estar em

linha direta com o

telespectador; a

linguagem de videoclip

transformando o

telejornalismo em show,

espetáculo de cada dia; a

intensificação do prestigio

da imagem do canal; a

utilização da imagem

espetacular com o

objetivo chamar a

atenção do telespectador

pela emoção e não pela

razão, pela cognição; a

homogeneização dos

formatos e estilos de

telejornal, e

principalmente da

mudança da formação do

jornalismo audiovisual

com a digitalização da

informação que vivemos

agora.

13- Notas e referências bibliográficas

1. SAÉZ, José Luis. En el

lugar del hecho.

(Ecuador, 1986, págs.

21 a 39)

2. Ibidem.3. Ibidem.4. Ibidem.5. GUBERN, Romà. La

mirada opulenta. Exploración de la iconosfera contemporánea(Barcelona,1987, pág.340)

6. SAÉZ, José Luis. En el

lugar del hecho.

(Ecuador, 1986, págs.

21 a 39)

7. Ibidem.8. Ibidem

85

Page 86: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

9. Ibidem.10. Ibidem11. Ibidem12. Ibidem13. Entrevista com

Eduardo Rodriguez Merchán (Faculdad

Complutense de

Madrid) por Vianna, Ruth , 1998,

cassetesnº4 e 5. Tesis

Doctoral La palabra, la

imagen y el sonido en

los informativos

televisivos de Brasil y

España: estudio

comparativo y análisis

del lenguaje

audiovisual, textual y

narrativo (Barcelona,

1995-2000).

14. SAÉZ, José Luis. En

el lugar del hecho.

(Ecuador, 1986, págs.

21 a 39)

15. Ibidem.

16. Ibidem.

17. Ibidem.

18. Ibidem.

19. Ibidem.

20. MATTOS, Sérgio

(1999, pág.3);

SQUIRRA, Sebatiao

(1993, pág. 104)

21. GUBERN, Romà. La

mirada opulenta.

Exploración de la

iconosfera contemporánea (Barcelona,1987, pág.340)

22. Ibidem.23. SAÉZ, José Luis. En el

lugar del hecho.

(Ecuador, 1986, págs.

21 a 39)

24. FOMBONA CADAVIECO, Javier (1996, págs. 123 e 124)

e CALDERÓN, PÉREZ

(1990, pág. 83)

25. SOUZA, MELLO (1984).

26. VIANNA, RUTH. Tesis

Doctoral, La palabra, la

imagen y el sonido en

los informativos

televisivos de Brasil y

España: estudio

comparativo y análisis

del lenguaje

audiovisual, textual y

narrativo (Barcelona,

1995-2000).

27. MATTOS, Sérgio

(1999, pág.3);

SQUIRRA, Sebatiao

(1993, pág. 104)

28. Ibidem.29. MONTALBÁN,

Vázquez (1973, pág. 136).

30. FOMBONA CADAVIECO, Javier (1996, págs. 123 e 124)

31. SQUIRRA, Sebatiao

(1993, pág. 104)

32 FERNANDO BARBOSA LIMA (Rede Manchete de Televisão, Rio de Janeiro, 1998) entrevista para VIANNA, RUTH. . Tesis Doctoral,

La palabra, la imagen y el

sonido en los informativos

televisivos de Brasil y

España: estudio

comparativo y análisis del

lenguaje audiovisual,

86

Page 87: História comparada do telejornalismo: Brasil/Espanha

textual y narrativo

(Barcelona, 1995-2000).

33. Ibidem.34. MELO, JOSÉ

MARQUES (1988, PÁG. 16).

35. CHIÓN, MARTINEZ 81985, PÁG.108) IN FOMBONA CADAVIECO, JAVIER (Madrid, 1996).

36. Ibidem.37. SAÉZ, José Luis. En el

lugar del hecho.

(Ecuador, 1986, págs. 21

a 39)

38. SQUIRRA (1993); LEAL, FILHO (1988); CAPARELLI (1982); MICELI (1972) E KEHL (1986).

39. MELO, JOSÉ MARQUES (1988, PÁG. 16).

40. BRAZ, GESUALD A Entrevista para VIANNA, RUTH. . Tesis

Doctoral, La palabra, la

imagen y el sonido en los

informativos televisivos

de Brasil y España:

estudio comparativo y

análisis del lenguaje

audiovisual, textual y

narrativo (Barcelona,

1995-2000). Fitas nº 6, 7

e 8

41. MARCONDES FILHO, Ciro (1992, págs. 225 a

247).

42. SQUIRRA (1993);43. BUSTAMANTE, Enrique

(Em entrevista a VIANNA, RUTH – MADRID, junio de 1998). Fita nº4

44. Ibidem.45. RODIRGUEZ BRAVO,

ÁNGEL (Em entrevista a VIANNA, RUTH, BARCELONA, OCTUBRE DE 1998).

46. BUSTAMANTE, Enrique (Em entrevista a VIANNA, RUTH – MADRID, junio de 1998). Fita nº4

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