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aula 4 Gramática

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exercícioS

1. (UeCe, adaptada) o texto a seguir é um excerto de Baú de ossos, do escritor mineiro pedro Nava. leia-o com atenção.

o meu amigo rodrigo Melo Franco de andrade é autor do conto “Quando minha avó morreu”. Sei por ele que é uma história autobiográfica. aí rodrigo confessa ter passado, aos 11 anos, por fase da vida em que se sentia profundamente corrupto. violava as promessas feitas de noite a Nossa Senhora; mentia desabridamente; faltava às aulas para tomar banho no rio e pescar na Barroca com companheiros vadios; furtava pratinhas de dois mil-réis… ai! de mim que mais cedo que o amigo também abracei a senda do crime e enveredei pela do furto […].

Nava, Pedro. Baú de ossos. Memórias 1. p. 308.

sinônimo é um vocábulo que, em determinado texto, apresenta significado semelhante ao de outro e que pode, em alguns contextos, ser usado no lugar desse outro sem alterar o sentido da sentença. Hiperônimo é um vocábulo ou um sintagma de sentido mais genérico em relação a outro. ele abarca vocábulos de sentidos menos genéricos ou mais es-pecíficos. Hipônimo é um vocábulo menos geral ou mais específico, cujo sentido é abarcado pelo sentido do hiperônimo. Considere a ordem em que foram distribuídos os vocábulos do excerto transcrito a seguir e assinale a opção cor-reta: “abracei a senda do crime e enveredei pela do furto…” .

a) os vocábulos “roubo” e “furto” são sinônimos e um pode substituir o outro, indistintamente, em qualquer contexto.b) “Crime” é hiperônimo de “furto”. isso significa que o sentido do vocábulo “crime” é mais genérico do que o sentido

do vocábulo “furto”.c) Nesse contexto, a inversão da posição dos vocábulos “crime” e “furto” seria aceitável: “abracei a senda do furto e

enveredei pela do crime”.d) sendo vereda um caminho estreito e enveredar, seguir por uma vereda, seria lógico dizer “abracei a vereda do crime

e enveredei pelo caminho do furto”.

2. (Fuvest-sp)

e Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados. Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando--lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.

aluísio azevedo. O cortiço.

o conceito de hiperônimo (vocábulo de sentido mais genérico em relação a outro) aplica-se à palavra “planta” em relação a “palmeira”, “trevos”, “baunilha” etc., todas presentes no texto. Tendo em vista a relação que estabelece com outras palavras do texto, constitui também um hiperônimo a palavra:

a) “alma”.b) “impressões”.c) “fazenda”.d) “cobra”.e) “saudade”.

a opção b é a correta, uma vez que a palavra “crime” é hiperônima de “furto” porque tem um sentido mais genérico – assassinatos, latrocínios, estupros, assaltos, furtos são crimes. o “furto” é considerado “crime”, mas de menor dolo.

No texto, podemos entender que a palavra “impressões” tem sentido mais abrangente em relação às palavras “luz”, “calor” e “aroma”.

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3. (Unicamp-sp, adaptada) leia o excerto a seguir, adaptado do ensaio “para que servem as humanidades?”, de leyla perrone-Moisés.

as humanidades servem para pensar a finalidade e a qualidade da existência humana, para além do simples alonga-mento de sua duração ou do bem-estar baseado no consumo. Servem para estudar os problemas de nosso país e do mundo, para humanizar a globalização. Tendo por objeto e objetivo o homem, a capacidade que este tem de entender, de imaginar e de criar, esses estudos servem à vida tanto quanto a pesquisa sobre o genoma. Num mundo informatizado, servem para preservar, de forma articulada, o saber acumulado por nossa cultura e por outras, estilhaçado no imediatis-mo da mídia e das redes. em tempos de informação excessiva e superficial, servem para produzir conhecimento; para “agregar valor”, como se diz no jargão mercadológico. os cursos de humanidades são um espaço de pensamento livre, de busca desinteressada do saber, de cultivo de valores, sem os quais a própria ideia de universidade perde sentido. Por isso merecem o apoio firme das autoridades universitárias e da sociedade, que eles estudam e à qual servem.

PerroNe-MoiSÉS, leyla. “Para que servem as humanidades?” Folha de S.Paulo, 30 jun. 2002. Caderno Mais! (adaptado).

as expressões “agregar valor” e “cultivo de valores”, embora aparentemente próximas pelo uso da mesma palavra, produzem efeitos de sentido distintos. explique-os.

4. (Fuvest-sp) leia este texto, publicado em 1905.

Por toda parte, a 1verbiagem, oca, inútil e vã, a retórica […] pomposa, a erudição míope, o aparato de sabedoria resu-mem toda a elaboração intelectual. […] aceitam-se e proclamam-se os mais altos representantes da intelectualidade: os retóricos inveterados, cuja palavra abundante e preciosa impõe-se como sinal de gênio, embora não se encontrem nos seus longos discursos e muitos volumes nem uma ideia original, nem uma só observação própria. e disto ninguém se escandaliza; o escândalo viria se houvera originalidade.

Manoel Bomfim. A América Latina: males de origem (adaptado).

1verbiagem: falatório longo, mas com pouco sentido ou utilidade; verborragia.a) o sentido que se atribui, no texto, à palavra “retórica” é o de “arte da eloquência, arte de bem argumentar; arte da

palavra” (Houaiss)? Justifique.

b) Mantendo-se o sentido que eles têm no contexto, que outra forma os verbos “se encontrem” e “houvera” poderiam assumir?

a expressão “agregar valores”, bastante empregada no mundo empresarial, equivale a “tornar valioso”, “revestir de alta importância”, e na expressão “cultivo de valores”, o termo “valores”

equipara-se a “princípios”.

Não. o sentido é de “adornos empolados ou pomposos de um discurso” (acepção extraída do Dicionário Aurélio da língua portuguesa).

Considerando-se que a oração “embora não se encontrem nos seus longos discursos e muitos volumes nem uma ideia original, nem uma só observação própria” está na voz passiva

sintética,a outra forma que o verbo “encontrar” poderia assumir, mantendo-se o sentido, seria a voz passiva analítica: “embora não sejam encontradas nos seus longos discursos e muitos

volumes nem uma ideia original, nem uma só observação própria”. Na oração “o escândalo viria se houvera [pretérito mais-que-perfeito do indicativo] originalidade”, o verbo “haver” poderia

ser substituído, sem alteração de sentido, por “houvesse” [pretérito imperfeito do subjuntivo].

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os termos “se embala”, “se embora”, “se embola” são parônimos, ou seja, são escritos de formas diferentes, têm sig-nificados diferentes, mas são parecidos do ponto de vista sonoro. Muitas vezes, a semelhança sonora cria uma tensão semântica na música e na poesia, incorporando novas significações aos termos.

Polissemia

a polissemia (do grego, poli: “muitos”; sema: “significados”) acontece quando uma palavra ou locução adquirem uma multiplicidade de sentidos em um mesmo contexto de uso.

leia a tirinha e, na sequência, resolva o item “a” da questão sobre polissemia, retirada do vestibular da Fuvest-2009.

Quino. Mafalda 2. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

(Fuvest-sp)a) o sentido do texto se faz com base na polissemia de uma palavra. identifique essa palavra e explique por que a

indicou.b) a tirinha visa produzir não só efeito humorístico mas também efeito crítico. Você concorda com essa afirmação?

Justifique sua resposta.

o sentido do texto se faz com base na polissemia da palavra “veículo”, que tanto pode significar “meio usado para transportar ou conduzir pessoas, coisas, animais” quanto “meio capaz

de transmitir, propagar algo”. o efeito humorístico se deve ao fato de Mafalda ter trocado um sentido pelo outro.

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exercícioS

1. (enade-MeC)

Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2014/29_letras_portugues_bacharelado.pdf>.

Verifica-se que a palavra “pena”, na primeira fala, foi empregada com o mesmo sentido que no seguinte trecho: a) “Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.” (Fernando pessoa)b) “aprendi a amar menos, o que foi uma pena, e aprendi a ser mais cínica com a vida, o que também foi uma pena,

mas necessário.” (Tati bernardi) c) “e pra deixar acontecer / a pena tem que valer / Tem que ser com você.” (Jorge e Mateus)d) “a primeira imagem que surge quando o assunto é pena são os pássaros.” (arte no Corpo)e) “De boas palavras transborda o meu coração. ao rei consagro o que compus; a minha pena é como a pena de ha-

bilidoso escritor.” (Bíblia Sagrada, salmo 45)

2. (Unicamp-sp)

Considerando os sentidos produzidos pela tirinha, é correto afirmar que o autor explora o fato de que palavras como “ontem”, “hoje” e “amanhã”:

a) mudam de sentido dependendo de quem fala. b) adquirem sentido no contexto em que são enunciadas. c) deslocam-se de um sentido concreto para um abstrato. d) evidenciam o sentido fixo dos advérbios de tempo.

a palavra “pena”, na charge, é polissêmica. Na fala do primeiro anjo do primeiro quadrinho, ela sugere “tristeza”, “decepção” “desolação”. Na fala do segundo anjo, já tem o sentido de objeto que serve para escrever. a única alternativa que tem o mesmo sentido que se verifica na fala do anjo do primeiro quadrinho é a b. as restantes apresentam os seguintes sentidos: no conhecido verso de Fernando Pessoa, a palavra “pena” tem o sentido de “merecer o esforço”, “convir o esforço”, “valer o esforço”. Nos versos de Jorge e Mateus, “pena” tem sentido aproximado ao do mesmo vocábulo nos versos de Fernando Pessoa. Na alternativa d, o termo “pena” refere-se à estrutura que reveste o corpo dos pássaros. Na e, “pena” refere-se a objeto que serve para escrever, que é o mesmo sentido que se observa na fala do segundo quadrinho.

os advérbios “ontem”, “hoje” e “amanhã” podem adquirir novos sentidos conforme o contexto em que são enunciados. assim, qualquer dia pode ser designado por esses advérbios.

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3. (enem-MeC)

Texto I

resumo: o presente artigo aborda uma questão primordial na publicidade: a criatividade. apesar de aclamada pelos departamentos de criação das agências, devemos ter a consciência de que nem todo anúncio é, de fato, criativo. a partir do resgate teórico, no qual os conceitos são tratados à luz da publicidade, busca-se estabelecer a compreensão dos temas. Para elucidar tais questões, é analisada uma campanha impressa da marca XXXX. as reflexões apontam que a publicidade criativa é essencialmente simples e apresenta uma releitura do cotidiano.

DePeXe, S. D. Travessias: pesquisas em educação, cultura, linguagem e artes, n. 2, 2008.Texto II

Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/60165344992190295/>.

os dois textos apresentados versam sobre o tema criatividade. o texto i é um resumo de caráter científico e o texto ii, uma homenagem produzida por um site de publicidade. De que maneira o texto ii exemplifica o conceito de criatividade em publicidade apresentado no texto i?

a) Fazendo menção ao difícil trabalho das mães em criar os filhos.b) promovendo uma leitura simplista do papel materno em seu trabalho de criar os filhos.c) explorando a polissemia do termo “criação”.d) recorrendo a uma estrutura linguística simples.e) Utilizando recursos gráficos diversificados.

4. (Vunesp)

Tira 1

a palavra “criação”, no anúncio publicitário em homenagem ao Dia das Mães, faz menção ao ato de criar os filhos, promovendo-lhes sustento e educação. No entanto, pelo fato de se tratar de um anúncio de agência de publicidade, também se refere à criação de anúncios publicitários e, nesse caso, o termo diz respeito à criatividade. o exercício não pede, mas há que se lembrar também do caráter metalin-guístico do termo “criação”: a empresa está usando a linguagem para se referir à própria linguagem.

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Tira 2

Tira 3

Tira 4

Por homonímia entende a tradição: “propriedade de duas ou mais formas, inteiramente distintas pela significação ou função, terem a mesma estrutura fonológica, os mesmos fonemas, dispostos na mesma ordem e subordinados ao mesmo tipo de acentuação; como exemplo: “um homem são”; “São Jorge”; “são várias as circunstâncias”. ela é possível sem prejuízo da comunicação em virtude do papel do contexto na significação de uma forma, como sucede com “são” nos exemplos dados.

evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa, 2009 (adaptado).

a) em qual tira o efeito de humor decorre, em larga medida, deste fenômeno linguístico? Justifique sua resposta.

b) elabore duas frases nas quais apareçam dois termos que, com significados diferentes, tenham a mesma forma gráfica e fônica (utilize termos diferentes daquele explorado pela tira e daquele citado pelo gramático evanildo bechara).

Tem-se homonímia na tira 3, pois a palavra “nós”, no primeiro quadrinho, foi usada com o sentido de “unidade de velocidade de embarcação, equivalente a uma milha náutica por hora”

(Dicionário Houaiss), e o tigre harold a entende como pronome pessoal da primeira pessoa do plural (nós) no segundo quadrinho.

um exemplo de homonímia pode ser “manga”, empregada como fruta e como parte de uma camisa: Depois de devorar uma manga deliciosa, eu limpei minha boca na manga de uma

camisa velha.

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1. (enem-MeC)

Sítio Gerimum

este é o meu lugar […]Meu Gerimum é com gvocê pode ter estranhadoGerimum em abundânciaaqui era plantadoe com a letra gMeu lugar foi registrado.

oliveira, h. D. Língua portuguesa, n. 88, fev. 2013 (fragmento).

Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da palavra “Gerimum” grafada com a letra “g” tem por objetivo:

a) valorizar usos informais caracterizadores da norma nacional.

b) confirmar o uso da norma-padrão em contexto da linguagem poética.

c) enfatizar um processo recorrente na transformação da língua portuguesa.

d) registrar a diversidade étnica e linguística presente no território brasileiro.

e) reafirmar discursivamente a forte relação do falante com seu lugar de origem.

2. (Fuvest-sp)

Tornando da malograda espera do tigre, 1alcançou o capanga um casal de velhinhos, 2que seguiam diante dele o mesmo caminho, e conversavam acerca de seus negócios particulares. Das poucas palavras que apanhara, percebeu Jão Fera 3que destinavam eles uns cinquenta mil-réis, tudo quanto possuíam, à compra de mantimentos, a fim de fazer um moquirão*, com que pretendiam abrir uma boa roça.

– Mas chegará, homem? – perguntou a velha. – há de se espichar bem, mulher! uma voz os interrompeu: – Por este preço dou eu conta da roça! – ah! É nhô Jão! Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham

por homem de palavra, e de fazer o que prometia.

aceitaram sem mais hesitação; e foram mostrar o lugar

que estava destinado para o roçado.

acompanhou-os Jão Fera; porém, 4mal seus olhos

descobriram entre os utensílios a enxada, a qual ele

esquecera um momento no afã de ganhar a soma

precisa, que sem mais deu costas ao par de velhinhos

e foi-se deixando-os embasbacados.

José de alencar. Til.

* moquirão: mutirão (mobilização coletiva para au-xílio mútuo, de caráter gratuito).

Considerada no contexto, a palavra sublinhada no trecho “mal seus olhos descobriram entre os uten-sílios a enxada” expressa ideia de:

a) tempo. b) qualidade. c) intensidade. d) modo. e) negação.

3. (iFal) leia o texto a seguir e responda à questão.

resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, ca-

sos passados há dez anos – e, antes de começar, digo

os motivos porque silenciei e porque me decido. Não

conservo notas: algumas que tomei foram inutilizadas,

e assim, com o decorrer do tempo, ia-me parecendo

cada vez mais difícil, quase impossível, redigir esta

narrativa. além disso, julgando a matéria superior

às minhas forças, esperei que outros mais aptos se

ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia, como

adiante se verá. Também me afligiu a ideia de jogar no

papel criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes

que têm no registro civil. repugnava-me deformá-

-las, dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie

de romance; mas teria eu o direito de utilizá-las em

história presumivelmente verdadeira? Que diriam elas

se se vissem impressas, realizando atos esquecidos,

repetindo palavras contestáveis e obliteradas?

raMoS, Graciliano. Memórias do cárcere. São Paulo: record, 2004. p. 33.

No poema, a repetição da expressão “meu lugar”, associada ao topônimo Gerimum (grafado com “g” em vez de “j” como seria recomendado na norma-padrão para designar o fruto vulgarmente conhecido como abóbora), enfatiza a forte relação do eu lírico com o seu lugar de origem. assim, é correta a opção e.

No excerto, “mal” apresenta ideia de tempo, equivalendo a “quando”.

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em um dos trechos abaixo ocorreu uma inadequação relativamente à ortografia do português padrão escrito. Marque a alternativa em que isso se deu.

a) “julgando a matéria superior às minhas forças”b) “Que diriam elas se se vissem impressas”c) “Também me afligiu a ideia de jogar no papel”d) “digo os motivos porque silenciei”e) “cada vez mais difícil, quase impossível”

4. (iFal) para responder à questão, considere o texto que segue:

para efeito de marketing, a empresa que vende o produto que se apresenta nesse rótulo infringe, propositadamente, a ortografia do português padrão. em que palavra isso ocorre?

a) oleosob) poderosac) mixturinha

d) cachose) arrasa

5. (iFsC, adaptada) em português, frequentemente, o mesmo fonema (som) pode ser representado de maneiras di-ferentes na escrita. por exemplo, o fonema /z/ pode ser representado pelas letras ”x”, ”z” e ”s”, como ocorre nas palavras “exame”, “natureza” e “rosa”, respectivamente.a possibilidade de se registrar graficamente o mesmo fonema empregando-se diferentes letras ou dígrafos pode gerar dúvidas que, às vezes, resultam em erros de grafia.Considerando a ortografia, analise as frases a seguir e assinale a alternativa correta.

a) a limpesa dos tanques consome dezenas de litros de detergente. b) se ela soube-se a data da viajem, poderia antecipar o envio da bagajem. c) após duas semanas de paralização, os petroleiros retomaram o projeto. d) a visualização da trajetória do projétil só seria possível à noite. e) Não sei por que você não desisti logo e exclue seu primo da equipe.

em d, a palavra “porque” deveria ter sido grafada como “por que”, já que a ideia trans-mitida não é a de uma conjunção explicativa, e sim equivalente “pelos quais”, ou seja, uma junção da preposição “por” com o pronome “que”.

a palavra “mixturinha” se escreve com s: “misturinha”.

as palavras que estão grafadas de maneira inadequada são “limpesa”, “soube-se”, “viajem”, “bagajem”, “paraliza-ção”, “desisti” e “exclue”. elas devem ser grafadas assim: “limpeza”, “soubesse”, “viagem”, “bagagem”, “paralisação”, “desiste” e “exclui”.

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aulas 6 e 7 Gramática

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6. (UFpr) as duas estrofes a seguir iniciam o poema “Y-Juca-pyrama”, de Gonçalves Dias, publicado em 1851.

No meio das tabas de amenos verdores Cercadas de troncos – cobertos de flores, alteião-se os tectos d’altiva nação; São muitos seus filhos, nos animos fortes, Temiveis na guerra, que em densas cohortes assombrão das matas a imensa extensão

São rudes, severos, sedentos de gloria, Já prelios incitão, já cantão victoria, Já meigos attendem a voz do cantor: São todos tymbiras, guerreiros valentes! Seu nome la vôa na bocca das gentes, Condão de prodigios, de gloria e terror!

Gonçalves Dias. Últimos cantos.

Nesse trecho, o poeta apresenta a tribo dos timbiras. Constatamos, sem dificuldades, que a ortografia da época era, em muitos aspectos, diferente da que usamos atualmente. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas:

1) as palavras paroxítonas terminadas em ditongo não eram acentuadas naquela época, diferentemente de hoje. 2) as formas verbais se alternam entre presente e futuro do presente do indicativo, com a mesma terminação. 3) a 3a pessoa do plural dos verbos do presente do indicativo se diferencia graficamente da forma atual. 4) os monossílabos tônicos perderam o acento na ortografia contemporânea.

assinale a alternativa correta. a) somente a afirmativa 1 é verdadeira. b) somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. c) somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. d) somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. e) as afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

7. (Unicamp-sp) Millôr Fernandes foi dramaturgo, jornalista, humorista e autor de frases que se tornaram célebres. em uma delas, lê-se:Por quê? é filosofia. Porque é pretensão.

a) explique a diferença no funcionamento linguístico da expressão “porque” indicada nas duas formas de grafá-la.

b) explique o sentido do segundo enunciado do texto (”Porque é pretensão“), levando em consideração a forma como ele se contrapõe ao primeiro enunciado. Considere em sua resposta apenas o sentido atribuído à palavra ”pretensão“ que se encontra abaixo.pretensão: vaidade exagerada, presunção.

1) verdadeira. as palavras “temíveis”, “prélios”, “vitória” e “prodígios” comprovam que paroxítonas terminadas em ditongo hoje são acentuadas, ao contrário do que ocorria no momento de publicação da obra referida.2) Falsa. as formas verbais “alteião-se”, “assombrão” e “incitão” indicam conjugação no presente do indicativo.3) verdadeira. as formas verbais “alteião-se”, “assombrão” e “incitão” indicam conjugação no presente do indicativo; hoje, no entanto, a grafia dos verbos conjugados no presente do indicativo se dá pelo uso da consoante -m; já os conjugados no futuro do indicativo são grafados com “-ão”.4) Falsa. os monossílabos tônicos terminados em -a, caso do recorrente “já”, permanecem sendo acentuados.

a expressão “por que”, junção da preposição “por” + pronome interrogativo “que”, tem o significado de “por qual razão” ou “por qual motivo” e é usada em perguntas diretas ou indiretas.

o termo “porque”, conjunção causal ou explicativa com valor aproximado de “pois”, “uma vez que”, é usado em respostas.

a expressão “por que”, por ser usada em perguntas, sugere a curiosidade de quem se interessa pela realidade e busca o sentido da existência. Já o termo “porque”, por ser usado em

respostas, sugere a vaidade de quem julga ter sempre a verdade.