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GESTÃO DO CONHECIMENTO E COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL: ESTUDO DA APLICAÇÃO DE UM MODELO DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL PARA DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO Cláudio Oliveira Gonçalves Djenane da Silveira Filuszteck Ramos Marcio Sá dos Santos PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇAO EM ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM GESTÃO DO CONHECIMENTO E INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL. Aprovado por: _______________________________________________ Prof. Marcos do Couto Bezerra Cavalcanti, D.Sc. _______________________________________________ Prof. Paulo Josef Hirsch, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL DEZEMBRO / 2009

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GESTÃO DO CONHECIMENTO E COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL: ESTUDO

DA APLICAÇÃO DE UM MODELO DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL PARA

DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO

Cláudio Oliveira Gonçalves

Djenane da Silveira Filuszteck Ramos

Marcio Sá dos Santos

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DOS PROGRAMAS DE

PÓS-GRADUAÇAO EM ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO

GRAU DE ESPECIALISTA EM GESTÃO DO CONHECIMENTO E INTELIGÊNCIA

EMPRESARIAL.

Aprovado por:

_______________________________________________

Prof. Marcos do Couto Bezerra Cavalcanti, D.Sc.

_______________________________________________

Prof. Paulo Josef Hirsch, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL DEZEMBRO / 2009

- 2 -

GONÇALVES, O. CLAUDIO; RAMOS, F. S. DJENANE;

SANTOS. SÁ. MÁRCIO

Gestão do Conhecimento e Comunicação

Organizacional: Estudo da aplicação de um modelo de

comunicação organizacional para disseminação do

conhecimento / Cláudio Oliveira Gonçalves, Djenane da

Silveira Filuszteck Ramos, Márcio dos Santos Sá, - Rio de

Janeiro: UFRJ/COPPE, 2009.

XII, 83 p.: il.; 29,7 cm

Orientador: Paulo Josef Hirsch

Especialização (Projeto Final) –

UFRJ/COPPE/Programa de Engenharia de Produção, 2009.

Referências Bibliográficas: p. 81-83.

1. Gestão do Conhecimento. 2. Comunicação

Organizacional. 3. Cultura Organizacional. 4. Tecnologia da

I. Hirsch, Paulo Josef. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia de Produção. III.

Título.

- 3 -

AGRADECIMENTOS

Nesse tão singelo momento, gostaríamos de agradecer em primeiro lugar a Deus,

autor e consumador de nossa fé, por nos fazer fortes quando já não tínhamos força, por nos

fazer enxergar quando nossos olhos não podiam ver, por nos fazer sonhar quando nossos

sonhos já se encontravam em ruínas, por aumentar nossa fé quando tudo parecia perdido.

Foi Ele quem nos proporcionou a oportunidade de vivenciar este desafio e ao mesmo tempo

condições para cumpri-lo.

Gostaríamos também de agradecer a todos os nossos familiares que, sem exceção,

foram nossos portos seguros após momentos de muita tempestade, fazendo com que

repousássemos calmamente para termos motivação de enfrentar esse mar novamente.

Além do grupo, muitas pessoas tiveram a disposição de colaborar prestando

informações, sugerindo correções, dispondo de seus tempos para auxiliar e incentivar o

propósito deste estudo, entre outros. A todas elas o nosso sincero agradecimento e que Deus

as abençoe.

Agradecemos também ao nosso orientador Paulo Josef por acreditar em nosso

potencial, fazendo com que cada encontro fosse uma injeção de ânimo em nossa trajetória

acadêmica e profissional.

Aos professores que cruzaram nossos caminhos durante a trajetória do MBKM,

compartilhando seus conhecimentos e nos orientando inúmeras vezes em nossa caminhada

pessoal e profissional.

Por fim, à Paula Salgado pela disponibilidade e simpatia que nos conduziu nesse

período dedicado ao MBKM.

Aqueles que não citamos por serem muitos, mas tão importantes quanto, a nossa

eterna gratidão.

- 4 -

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado a minha esposa Gisela que sempre me incentivou e se manteve confiante na trajetória percorrida nesse período do MBKM, compartilhando angústias, receios, descrenças, esperanças. Aos meus pais, eternos mestres, que, saindo um dia de uma terra distante, sonharam com esse momento e não mediram esforços para que se concretizasse. E, finalmente, aos meus grandes amigos que tanto me apoiaram e fizeram com que tivesse forças para continuar nessa caminhada, em especial, ao Jeferson e à Renata.

Claudio Gonçalves

Dedico este trabalho à minha amada família, minha amiga Fabi pelos momentos e experiências vividos juntos, e pelo carinho e cuidado que tiveram comigo, nos mais diversos e difíceis momentos que passei durante este estudo e ainda para a querida Ivone que, desprendidamente nos enriqueceu com todo seu conhecimento para que pudéssemos concluir com êxito esta obra.

Djenane Filuszteck

A minha família, que sempre me apoiou, pela sua compreensão, paciência, nos momentos que fui ausente para perseguir este objetivo, quando agiram de maneira compreensiva e companheira ao longo do estudo.

Márcio Sá

- 5 -

Resumo do Projeto Final apresentado à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Especialista em Gestão do Conhecimento e

Inteligência Empresarial.

GESTÃO DO CONHECIMENTO E COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL: ESTUDO DA

APLICAÇÃO DE UM MODELO DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL PARA

DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO

Cláudio Oliveira Gonçalves

Djenane da Silveira Filuszteck Ramos

Marcio Sá dos Santos

Dezembro/2009

Orientador: Paulo Josef Hirsch

Programa: Engenharia de Produção

O presente trabalho tem o propósito final de promover uma mudança

comportamental/cultural em uma empresa brasileira de capitalização, líder de mercado em

sua área de atuação se utilizando, para isso, de um estudo sobre o processo de

comunicação organizacional e da gestão de conhecimento no ambiente corporativo. Assim,

o que se pretende com este trabalho é se utilizar da inexistência de uma política de

comunicação organizacional para promover a construção da mesma se utilizando de

práticas de gestão do conhecimento. Através dessa adoção de práticas de Gestão do

Conhecimento, procura-se contemplar sugestões de melhorias que iniciem um processo de

Gestão do Conhecimento, estabelecendo uma política de comunicação interna através do

uso de ambientes colaborativos que facilitarão também a questão mais eminente relatada

pelos colaboradores, que é o problema de busca de documentos que, hoje, estão

impactando na efetividade nas rotinas diárias. Com isso, pretende-se semear a mudança

comportamental/cultural instaurada numa organização que possui forte influência do “jeito

conservador” do sócio majoritário.

Palavras-chave: comunicação organizacional, gestão do conhecimento, cultura

organizacional e ambiente colaborativo.

- 6 -

Abstract of Final Project presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of specialist in knowledge Management and Enterprise

Intelligence.

KNOWLEDGE MANAGEMENT AND ORGANIZATIONAL COMMUNICATION: A STUDY

OF THE APPLICATION OF A MODEL OF ORGANIZATIONAL COMMUNICATION FOR

DISSEMINATION OF KNOWLEDGE

Cláudio Oliveira Gonçalves

Djenane da Silveira Filuszteck Ramos

Marcio Sá dos Santos

December/2009

Advisor: Paulo Josef Hirsch

Departament: Industrial Engineering

This work has the ultimate purpose of promoting behavior/cultural change in a

Brazilian capitalization company, the market leader in its area of operation is using for this, a

study on the process of organizational communication and knowledge management in

corporate environment. So what we propose in this paper is to use the absence of a policy of

organizational communication to promote the building is using the same practices of

knowledge management. Through this adoption of practices of Knowledge Management,

seeks to include suggestions for improvements to begin a process of Knowledge

Management, establishing a policy of internal communication through the use of

collaborative environments which would also question the most prominent reported by

employees, who is the problem of searching for documents that today are impacting on the

effectiveness in daily routines. Thus, it is intended to sow behavioral change / cultural

established organization that has a strong influence of the "conservative way" the majority

stakeholder.

Keywords: organizational communication, knowledge management, organizational

culture and collaborative environment.

- 7 -

SUMÁRIO

1. Introdução ................................................................................................................... - 12 -

1.1. Objetivos .............................................................................................................. - 13 -

1.1.1. Objetivos Gerais ............................................................................................. - 13 -

1.1.2. Objetivos Específicos ..................................................................................... - 13 -

1.2. Procedimentos metodológicos .............................................................................. - 14 -

2. Caracterização do Problema ....................................................................................... - 14 -

3. Contextualizando o tema ............................................................................................. - 16 -

4. Contextualização da Empresa ..................................................................................... - 18 -

5. Diagnóstico do Problema ............................................................................................ - 19 -

6. Relevância do Trabalho ........................................................................................... - 23 -

6.1. Delimitações do Trabalho ..................................................................................... - 24 -

7. Gestão do Conhecimento ............................................................................................ - 24 -

7.1. Abordagem Conceitual ......................................................................................... - 27 -

7.1.1. Conhecimento ................................................................................................ - 27 -

7.1.2. A Conversão do Conhecimento ...................................................................... - 32 -

7.2. Informação e Conhecimento no Contexto Organizacional .................................... - 34 -

8. Comunicação Organizacional ...................................................................................... - 37 -

8.1. Conceito de Comunicação .................................................................................... - 37 -

8.2. Definições de Comunicação Organizacional ......................................................... - 37 -

8.2.1. Evolução da comunicação organizacional ...................................................... - 39 -

8.2.2. O Processo de Comunicação nas Organizações ........................................... - 40 -

8.2.3. Fluxos da Comunicação ................................................................................. - 42 -

8.3. Comunicação Organizacional como suporte à Gestão do Conhecimento ............. - 43 -

8.3.1. Evolução – Comunicação “Um para Muitos” na Web ..................................... - 45 -

8.3.2. Evolução – Comunicação “Muitos para Muitos” na Web ................................ - 46 -

8.4. Comunicação Organizacional como Estratégia de Negócios ................................ - 47 -

- 8 -

9. Tecnologia da Informação ........................................................................................... - 50 -

9.1. As Tecnologias da informação e comunicação: o papel nas organizações .............. - 51 -

9.2. A Tecnologia da Informação e comunicação na Gestão do Conhecimento........... - 55 -

9.3. Ferramentas Tecnológicas de Apoio a Gestão do Conhecimento ......................... - 58 -

10. Estudo de Caso ......................................................................................................... - 62 -

10.1. Estrutura organizacional ..................................................................................... - 62 -

10.2. Perfil das pessoas .............................................................................................. - 62 -

10.3. Ferramentas tecnológicas usadas para disseminação do conhecimento ............ - 63 -

10.4. Processo de criação e armazenagem do conhecimento organizacional ............. - 65 -

10.5. Soluções propostas ....................................................................................... - 66 -

10.6. A Solução ...................................................................................................... - 70 -

10.7. Análise dos resultados do estudo .................................................................. - 75 -

11. Considerações Finais ........................................................................................... - 77 -

11.1. Sugestões de melhorias em estudos futuros ...................................................... - 79 -

12. Referências Bibliográficas .................................................................................... - 81 -

- 9 -

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: O processo de comunicação e gestão do conhecimento. 16

Figura 2: Modelo que ilustra as relações entre processos de comunicação, cultura e gestão

do conhecimento. 22

Figura 3: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de

comunicação, cultura e gestão do conhecimento. 22

Figura 4: Abrangência dos termos: Dados x Informação x Conhecimento. 31

Figura 5: Modos de conversão do conhecimento. 33

Figura 6: Espiral do Conhecimento. 34

Figura 7: Representação dos tipos de fluxos de comunicação nas organizações. 42

Figura 8: Gráfico de Geração de Riqueza. 44

Figura 9: Modelo de comunicação de massa – um para muitos. 45

Figura 10: Modelo de comunicação de massa – muitos para muitos. 47

Figura 11: Evolução da tecnologia da informação e comunicação nas organizações. 53

Figura 12: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de

comunicação, cultura e gestão do conhecimento. 68

Figura 13: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de

comunicação, cultura e gestão do conhecimento. 69

Figura 14: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de

comunicação, cultura e gestão do conhecimento. 78

- 10 -

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Conceitos de Gestão do Conhecimento. 25

Tabela 2: Os princípios da organização do conhecimento. 28

Tabela 3: A evolução da Literatura científica relacionada a gestão do conhecimento. 29

Tabela 4: Diferenciando dados, informação e conhecimento. 31

Tabela 5: Evolução dos Sistemas de Informação. 56

- 11 -

GLOSSÁRIO

Blogs - abreviação de weblogs. Eles já são usados há algum tempo, mas eram tratados

como diários pessoais, nos quais as pessoas escreviam sobre hábitos, preferências e

rotinas.

Competência – combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes que

permitam expressar o desempenho demandado no contexto de atuação.

Estratégia – categoria geral ou tipo de ação para se atingir determinado objetivo.

FAQ - acrônimo da expressão inglesa Frequently Asked Questions, que significa Perguntas

Frequentes. Um FAQ, quando usada num contexto pluralista, significa uma compilação de

perguntas frequentes acerca de determinado tema.

Fórum – espaços privilegiados para a discussão e compartilhamento de idéias, informações

e experiências. Com isso, essa prática contribui para a disseminação de conhecimentos e

para o desenvolvimento de determinadas competências.

Intranet – prática que visa preservar a memória organizacional. Além disso, tem a função de

divulgação de assuntos de interesse da organização e dos seus colaboradores.

GC – Gestão do Conhecimento.

Organização - agrupamento formal de pessoas e diversos recursos que tem como propósito

alcançar metas e objetivos, como a produção de mercadorias e serviços.

TICs – tecnologias de informação e comunicação.

Wikis - sites que permitem a edição da própria página utilizando ferramentas de formatação,

sem necessidade de conhecimentos sobre HTML.

- 12 -

1. Introdução

A área de estudo que trata do tema “Gestão do Conhecimento” ou da ”Gestão de

pessoas na era do conhecimento”, ao longo de sua trajetória, tem dedicado cada vez mais

esforços em busca da compreensão dos contextos nos quais ocorrem os processos de

comunicação e como eles se relacionam com o conhecimento e seu respectivo

gerenciamento. Esse fato se torna mais evidente quando se percebe que a gestão do

conhecimento não existe de forma isolada, influenciando também as teorias de gestão de

pessoas, de tecnologia da informação, de gestão organizacional, de processos, entre outras.

Prova disso é o cenário traçado pelas organizações, ao longo de suas trajetórias,

buscando transformações importantes em suas estruturas e processos em função do

aparecimento e, da conseqüente, evolução das formas de se gerir as pessoas, os

processos, enfim, o próprio conhecimento. Todavia, sabe-se que mudanças geram

incertezas, receios e resistências quando não são comunicadas de forma clara e

transparente. Esse fato faz com que as organizações busquem não só uma forma mais

equilibrada de gerir as pessoas, mas também procuram constantemente encontrar

alternativas de melhorar a comunicação para diminuir o impacto dessas mudanças sobre os

colaboradores. E nesse momento, algumas ferramentas e/ou práticas de gestão do

conhecimento são fundamentais para uma melhor disseminação, geração e

compartilhamento das informações sobre a empresa.

Neste contexto, significa dizer que a informação se utiliza de formas de linguagem

distintas, ou seja, escrita, falada e audiovisual, para transmitir uma mensagem. Seguindo

essa linha de raciocínio, segundo MORESI (2000), a informação é um recurso importante

para a organização e pode ser utilizada como instrumento de gestão. O conhecimento,

segundo DAVENPORT e PRUSAK (1998), é definido como o resultado entre experiências

construídas, valores, informação contextual e perspicácia do especialista que provê uma

estrutura para avaliar e incorporar novas experiências e informação. Nas organizações,

ainda segundo os autores, o conhecimento se encontra não só em documentos e arquivos,

mas também em rotinas organizacionais, procedimentos, diretrizes e normas.

Nesse momento, pode-se perceber que tanto a informação como o conhecimento

podem ser analisados e entendidos em diferentes contextos, teorias ou abordagens, porém

nunca de forma dissociada e estanque. Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como

objetivo estabelecer o elo fundamental entre informação, comunicação e conhecimento,

demonstrando que a informação tem estreita e fundamental relação com o estudo da

- 13 -

comunicação organizacional, especificamente quanto à qualidade dos fluxos de informações

desses processos no âmbito das organizações.

Segundo KUNSH (2003), processos comunicacionais são processos que ocorrem

nas organizações conduzindo uma mensagem e são constituídos por determinados

elementos como fonte, codificador, canal, mensagem, decodificador e receptor.

Para isso, busca-se compreender as questões relativas à comunicação

organizacional em uma empresa de capitalização brasileira à luz da gestão do

conhecimento. O objetivo, com isso, é a discussão e proposição de um modelo de

comunicação organizacional que propicie uma estrutura mais adequada para gerenciar

melhor as informações, contribuindo dessa forma para a incorporação de novas

experiências que possibilitem a gestão dos conhecimentos já existentes dentro da

organização. Através da introdução dessas ferramentas e/ou práticas de gestão do

conhecimento, visa-se uma mudança comportamental/cultural da empresa com a adoção de

um ambiente colaborativo para o estabelecimento de uma política de comunicação.

1.1. Objetivos

Este trabalho tem como objetivo principal promover uma mudança

comportamental/cultural em uma empresa de capitalização, líder do mercado em seu

segmento, se utilizando com pano de fundo a implantação de práticas de gestão do

conhecimento auxiliando na criação de uma política de comunicação organizacional

orientada a um ambiente colaborativo.

1.1.1. Objetivos Gerais

Analisar as questões relativas à comunicação organizacional e gestão do

conhecimento através de um estudo de caso de uma empresa privada líder do segmento de

capitalização que possam servir como alicerce para a implantação de uma nova cultura

organizacional nessa mesma organização.

1.1.2. Objetivos Específicos

Nesse presente trabalho, têm-se como objetivos específicos:

- 14 -

• Relacionar os conceitos de gestão do conhecimento aos de comunicação

organizacional, observando a total dependência existente entre ambos;

• Estudar possíveis razões que levam a empresa em questão a estar aquém

de seu melhor desempenho operacional;

• Identificar a relação entre conhecimento tácito e explícito e os modelos de

comunicação existentes na empresa, abordando a questão da perda da

memória organizacional;

• Identificar os elementos que pertencem ao processo de gestão do

conhecimento no âmbito da comunicação organizacional.

• Promover a mudança comportamental/cultural na empresa através da adoção

de práticas de gestão do conhecimento.

1.2. Procedimentos metodológicos

Considerando os vários tipos de pesquisa existentes, optou-se por um estudo de

caso o qual a não existência de uma política de comunicação bem como de iniciativas

coerentes e integradas de gestão de conhecimento de uma empresa líder de mercado no

setor de capitalização fizesse com que o desempenho operacional da empresa ficasse

abaixo do que poderia render, existisse uma perda de tempo na busca de documentos,

caracterizando a dificuldade na recuperação da informação, além de existir um retrabalho

por parte dos empregados em refazer o que já foi feito, culminando com a perda de memória

organizacional. Com isso, a manutenção da atual cultura é favorecida pela forte influência

do “jeito conservador” do sócio majoritário. Pretende-se, com este trabalho, plantar a

semente da colaboração, do compartilhamento e da construção conjunta de documentos e

de ações, mudando, mesmo que paulatinamente, o comportamento/cultura dos

colaboradores dessa organização.

2. Caracterização do Problema

As mudanças no cenário mundial, a transição de uma sociedade industrial para uma

sociedade do conhecimento, a velocidade e o volume da informação, a rapidez com que a

tecnologia mudou o cotidiano, novos códigos e comportamentos fizeram com que as

pessoas e as organizações mudassem seus valores, hábitos e costumes frente a questões

como consumo, relacionamento, interação, competitividade, cooperação e competição.

- 15 -

Uma das respostas para essas alterações é o conhecimento. Hoje se convive com

jatos de última geração, telefones conectados totalmente ao mundo através da Internet,

blogs, redes sociais, sites de relacionamento, enfim, inúmeras ferramentas tecnológicas que

possuem como base a comunicação, que jamais seriam obtidas sem o investimento no

conhecimento.

Esses poucos exemplos citados já demonstram a iniciativa dos nossos ancestrais ao

longo da história em reter o conhecimento, em transformar as experiências práticas,

cotidianas, tácitas, em documentos explícitos, utilizáveis e reutilizáveis, moldando até hoje a

nossa sociedade através do seu legado deixado em cavernas, em livros e papiros,

guardados em templos, bibliotecas e universidades.

Quer-se falar a partir desses exemplos que o homem, independente da época que

viveu, teve sempre uma preocupação exacerbada em armazenar o conhecimento, para

garantir que o mesmo pudesse ser reutilizado. O homem sempre primou pela construção de

uma base de conhecimento que propiciasse a ele uma fácil recuperação da informação.

Entretanto, o mundo atual nos revela outra realidade: dados estatísticos

comprovaram que a humanidade gerou a mesma quantidade de informação nos últimos 50

anos que nos cinco mil anteriores. Em 2010, a informação duplicará a cada 11 horas.

(Fonte: CENADEM).

Por conseqüência, a informação produzida atualmente é imensamente maior que a

capacidade de absorção do indivíduo, fazendo com que seja imperativa a criação de

sistemas de armazenamento da informação, cada vez mais intuitivos, para que a

recuperação das informações solicitadas seja feitas de forma ágil (Fonte: Palestra realizada

no Ministério do Planejamento em Fevereiro de 2002 na PUC-PR).

Essas mudanças também impactam de forma direta as organizações, fazendo com

que criem instrumentos que desenvolvam competências para enfrentar esses desafios. Uma

das formas muito utilizadas são as práticas e/ou ferramentas de gestão do conhecimento

que propiciam a geração, disseminação e compartilhamento das informações.

Nesse momento, uma pista da interdependência entre conhecimento, informação e

comunicação nos é apresentada. Estudos feitos relacionando os temas comunicação e

gestão do conhecimento têm indicado a necessidade de se inserir a comunicação como um

elemento chave da gestão do conhecimento. Ash (2000) afirma que uma comunicação

efetiva é essencial para qualquer programa de gestão do conhecimento. Da mesma forma,

Jensen (1998), afirma que a comunicação e a gestão do conhecimento estão ligadas, sendo

que a diferença entre uma e outra é que a gestão do conhecimento está voltada para a

- 16 -

sistematização, retenção e reutilização do que a organização necessita e a comunicação é a

responsável pelas interações, trocas, compartilhamentos.

Segundo TEIXEIRA FILHO (2001), os processos de comunicação organizacional são

essenciais para a organização. Ele afirma que esses processos devem superar todos os

impedimentos existentes nas organizações para fins de captura, tratamento e comunicação

da informação tanto para os empregados da organização como para o ambiente externo

(clientes, fornecedores, parceiros, etc.)

Ainda segundo o autor, os processos de comunicação eficazes são responsáveis

diretos para a eficácia das ações de gestão do conhecimento nas organizações, pois esses

processos possibilitam que a informação correta chegue a quem deve chegar, da forma

como deve se apresentar e de maneira que o entendimento seja claro e transparente.

Assim sendo, a gestão do conhecimento é “uma coleção de processos que governa

a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos

da organização” (TEIXEIRA FILHO, 2000) conforme ilustração da figura 1.

Figura 1: O processo de comunicação e gestão do conhecimento

Fonte: Elaboração própria

3. Contextualizando o tema

Atualmente, a condição de uma organização bem-sucedida não se limita mais à

questão econômica, extrapolando muito esses limites. A organização que hoje se destaca

preza pelo conhecimento que possui, sabendo investir tanto na retenção como na aquisição

do conhecimento, criando-o, explicitando-o e transmitindo-o. Em suma, é a organização que

aprende constantemente (TEIXEIRA FILHO, 2000).

Segundo Davenport e Prusak (1998) conhecimento é uma mistura fluida de

experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual

proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e

informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. O conhecimento é

- 17 -

transmitido por pessoas e para pessoas, através de alguns meios como vídeos, livros,

documentos, páginas Web e outros.

Além disso, as pessoas obtêm conhecimento daqueles que já o têm, pelo

aprendizado interpessoal e o compartilhamento de experiências e idéias. Nesse contexto

surge a preocupação em gerenciar todo esse conhecimento que circula no ambiente

organizacional. (TERRA e GORDON, 2002).

Na empresa em questão, apesar de já existirem alguns canais que a auxilie na

disponibilização de informação, tais como jornais, revista impressa, email, livretos de

procedimentos e intranet, essas iniciativas não têm se mostrado muito efetivas, uma que vez

que todos estes canais são utilizados apenas para divulgar informações, não havendo

nenhuma espécie de troca ou retroalimentação.

Atualmente, dentre os canais existentes, a Intranet é o veículo de divulgação de

informação mais utilizado pela abrangência e pela questão da memória organizacional.

Entretanto, não é correto afirmar que esta venha sendo efetiva em seu papel de viabilizar

mecanismos que fomentem o enriquecimento do conhecimento, haja vista existirem

informações muitas vezes desatualizadas e em não conformidade com as novas

determinações, gerando, segundo os colaboradores, um canal desgastante, desinteressante

e principalmente um canal que não favorece a interatividade (via de “mão dupla”).

Com isso, um dos primeiros campos a ser prejudicado é o desempenho operacional

da empresa que, muitas vezes fica completamente prejudicado haja vista existirem graves

problemas no que tange a perda de tempo na obtenção de documentos, um retrabalho

constante por parte dos colaboradores em refazer o que já foi idealizado anteriormente,

além de todo um problema de perda de memória organizacional.

Nesse contexto, aliado a um perfil desprendido, jovem e curioso que os

colaboradores se mostram, acredita-se que uma solução seria a aplicação de uma

ferramenta colaborativa que fomentasse a participação e a troca de experiências visando

com isso introduzir uma mudança comportamental/cultural na organização, similar as que

são utilizadas, pelos mesmos, em ambientes mais descontraídos, como por exemplo, em

momentos de lazer.

Aliado a essa falta de sistematização nas práticas de gestão de conhecimento e

comunicação existentes na organização, vem a inexistência de uma política de comunicação

organizacional, favorecendo a manutenção da atual cultura da empresa que se baseia na

comunicação realizada de forma descendente, ou seja, da direção para os colaboradores

sem nenhum tipo de discussão, consulta ou construção coletiva prévia.

- 18 -

Nesse caso, para inserir paulatinamente uma cultura colaborativa e visando a

necessidade de se construir uma política de comunicação, considerando a visão dos

colaboradores, será implantada, como pano de fundo, práticas de gestão do conhecimento

tais como fóruns de discussão, blogs e wikis.

O Fórum de discussão, por exemplo, servirá para que os colaboradores criem

espaços para discutir, homogeneizar e compartilhar informações, idéias e experiências a

respeito de práticas de sucesso e experiências em relação ao tema comunicação.

Com o objetivo de identificar a percepção dos colaboradores na utilização da

ferramenta colaborativa e de criar um espaço na empresa o qual o colaborador pode inserir

suas principais competências, publicar textos e indicar livros, utilizar-se-á um Blog

Corporativo.

Por fim, para sanar a questão da dificuldade do acesso às informações, usar-se-á a

ferramenta wiki. Em um primeiro momento, os documentos piloto estariam relacionados a

soluções de Tecnologia da informação.

Com a adoção dessas práticas, visa-se inserir no âmbito corporativo uma cultura

completamente diferente da vigente na organização. A idéia é a promoção de um ambiente

colaborativo, o qual o compartilhamento das informações seja privilegiado e os

colaboradores se sintam parte integrante do processo, aumento assim a valorização do

profissional, a motivação e a mudança comportamental/cultural dessa empresa.

4. Contextualização da Empresa

A Empresa alvo de nosso estudo foi criada em 1995 a partir de uma parceria entre

um grande banco controlado pelo governo federal e algumas empresas da iniciativa privada.

Em seu primeiro produto, revolucionou o mercado de capitalização devolvendo 100% da

aplicação do cliente em apenas 36 meses.

Atualmente, possui uma operação abrangente, pois atende um dos maiores bancos

brasileiros no que tange a produtos de capitalização. Visa segmentar os produtos por perfil

de clientes, preocupando-se em atender todos os tipos e tamanhos de “sonhos”. Conta hoje

com mais de três milhões de títulos ativos e uma carteira de aproximadamente dois milhões

de clientes. Embora conte com basicamente todos os processos e atividades de empresas

de grande porte, possui um grupo restrito de colaboradores, aproximadamente 500,

divididos em 12 gerências e 21 coordenadorias de áreas, o que configura a necessidade de

atuação das pessoas de forma mais generalista e com o uso extensivo de tecnologia.

- 19 -

Tem como missão garantir as melhores soluções em capitalização, contribuindo para

a concretização dos sonhos e projetos de clientes e parceiros. A visão é ser reconhecida

como a empresa de referência no mercado de capitalização tendo como valores a ética,

qualidade, respeito, valorização, transparência, inovação e cidadania.

Em um ambiente como este é natural que ocorram concentrações de conhecimento

setorizado. Em 14 anos de existência, vem ocupando a liderança do mercado em que atua,

internalizando as melhores práticas, talentos e tecnologias a fim de cumprir sua missão.

No primeiro semestre de 2009, as receitas dessa empresa superaram os R$ 1,1

bilhão, sendo que o mês de junho obteve o maior faturamento da história com R$ 205

milhões.

O fato de ter como negócio produtos caracterizados como de oferta, onde o

conhecimento tem alto valor agregado, determina que as informações e os sistemas de

informação têm que ser precisos, imediatamente disponíveis no tempo e espaço, e em um

formato que facilite seu uso.

Porém, mesmo com todos esses números e toda a confiabilidade passada pela

empresa aos clientes e fornecedores, atualmente, ela ainda não contempla uma estratégia

de gestão de conhecimento, com processos que auxiliem na criação, coleta,

compartilhamento, disseminação, uso e armazenagem constante das informações que

podem agregar mais valor ao negócio, nem mesmo na intranet.

Nesse contexto, diversos autores tais como Nonaka e Takeuchi (1997), Leonard-

Barton (1998), Gomes e Braga (2001), Probst, Raub e Romhardt (2002) já ressaltavam a

importância de coletar informação e conhecimento não somente com os clientes, mas

também com fornecedores, distribuidores, órgãos governamentais, colaboradores e até

mesmo com os concorrentes no intuito de gerar novas idéias de negócio. Vale ressaltar que

o colaborador deve fazer parte desta cadeia de informação.

5. Diagnóstico do Problema

Durante a etapa de diagnóstico da empresa, através de conversas informais e de

vivência diária na organização, um fato despontou entre os mais observáveis e despertou o

desejo de estudar o assunto: a ausência do entendimento de que a informação, quando

estruturada e inserida em um processo contínuo de retroalimentação, se transforma em

conhecimento. A partir desse dado, ficou bastante evidente que a primeira barreira a ser

vencida para se fazer gestão do conhecimento nesta empresa era fazer com que os

- 20 -

colaboradores percebessem que a informação, o conhecimento e a comunicação faziam

parte de uma mesma tríade, indissociáveis e dependentes.

Mesmo com alguns canais de comunicação existentes, observa-se claramente que

ainda há uma grande divergência na forma como essa informação existente é gerenciada,

pois desde as informações mais elementares às mais complexas, o colaborador não tem

ciência sobre qual mecanismo poderá acionar para encontrar um determinado

conhecimento. Em decorrência desse fato, ainda há uma grande lacuna entre a informação

desejada e o colaborador, gerando falta de agilidade e baixa tempestividade na tomada de

decisão, mantendo assim a cultura que conhecimento é poder.

A constatação de que a empresa não está voltada para esta questão – o

conhecimento como valor agregado - se evidenciou ainda mais quando observamos a

ausência de uma política de comunicação organizacional e conseqüentemente a falta de um

direcionamento institucional para gerar conhecimento. Com isso, percebe-se claramente a

idéia de alguns membros da alta administração em manter o conhecimento e a

disseminação da informação ainda nas mãos de poucas pessoas, mantendo assim uma

cultura de não compartilhamento da informação. Portanto, não se percebem iniciativas

corporativas que privilegiem a criação de ambientes colaborativos muito menos de retenção

de conhecimento. Não há nem a percepção por parte da empresa que o investimento em

capacitação poderia ser revertido em conhecimento para a empresa caso fosse

compartilhado e existissem instrumentos de retenção e disseminação. Caso esta fizesse uso

de mecanismos que possibilitassem, não somente a retenção do conhecimento, mas,

sobretudo o compartilhamento, com implantação de um ambiente que apresentasse

mecanismos de gerir o conhecimento, fatalmente a organização teria mais um diferencial

competitivo, tendo as informações e os conhecimentos armazenados e as pessoas como

componentes do patrimônio da empresa.

Torres (2004, p.4) afirma que, “por meio de uma comunicação e colaboração interpessoais eficazes, as pessoas podem criar, aprender e transmitir seu conhecimento e assim colaborar para o sucesso da organização”.

No que tange a utilização de ferramentas web, a empresa possui algumas maneiras

(escritas e verbais) de divulgar informações. Porém, especificamente a intranet, que é o

canal web na qual nos referimos, não é reconhecida pelos colaboradores como um canal

atrativo de acesso e divulgação das informações.

Fato esse que não causa espanto, haja vista ter-se o conhecimento que a última vez

que se pensou em modificações na intranet ocorreu no ano de 2003. E, esta, já na sua

- 21 -

criação, teve mais foco na “harmonia de layout” do que na arquitetura da informação.

Também não foram considerados conceitos básicos necessários para que uma empresa

fizesse uso de ferramentas web para comunicação.

Ao conhecermos os outros veículos de comunicação desta empresa, tais como:

revista impressa e jornal mural, verificou-se que ambos retratam muita atenção quanto à

estética, pois são harmoniosos, mas também não apresentam uma estrutura que contemple,

minimamente, o uso e a aplicação da informação. Quer-se dizer que independente se a

informação é estratégica, gerencial ou operacional, enfim, não se considera em sua

estrutura, a finalidade do canal. Por isso, a forma mais utilizada de comunicação entre os

colaboradores desta empresa, são as verbais e as enviadas por emails.

Além disso, outro fator bastante externalizado pelos colaboradores foi o grande e

negativo impacto que a estrutura atual da intranet gera pela forma como são armazenados

procedimentos, normativos, projetos, planejamento estratégico, manuais de instruções,

informações de mercado, informações de faturamento, notícias mais recentes, entre outros.

Percebe-se que, mesmo sendo uma ferramenta web, a maneira como está

estruturada esta taxonomia, atualmente, tem gerado grande angustia ao colaborador que

precisa localizar quaisquer informações neste canal.

Outro fato identificado pelo grupo, que corrobora a urgência de ações que

transformem este modelo de operar a informação nesta empresa, foi a constatação de que

algumas áreas, no intuito de manter as informações minimamente organizadas, facilmente

encontradas, gerenciadas e, principalmente, disponibilizadas para todos, estão construindo

suas próprias soluções, independentes de um alinhamento estratégico e de iniciativas

corporativas. Podem-se encontrar ações isoladas em diversas áreas como wikis, blogs

departamentais e diretórios protegidos por senha, onde somente um determinado grupo tem

acesso. Esse fato contribui efetivamente para a manutenção da linha de pensamento

baseada no conhecimento e no poder que ele acarreta. Os departamentos vão se fechando

em verdadeiras ilhas corporativas, não dando acesso a nenhuma outra área, facilitando

assim a manutenção dessa cultura.

Nesse momento, a partir dessas reflexões feitas em torno do que acomete a

empresa no que tange a gestão do conhecimento e a comunicação organizacional, é correto

afirmar que essa organização, da mesma forma que em qualquer outro ambiente

organizacional a relação entre comunicação, cultura organizacional e a gestão do

conhecimento pode e deveria ser representada da seguinte forma:

- 22 -

Figura 2: Modelo que ilustra as relações entre processos de comunicação, cultura e gestão do conhecimento.

Fonte: Leite (2006).

Com esse fluxo implantado, fatalmente vários processos seriam otimizados, além da

atual cultura instalada na organização dar espaço a um novo modo de pensar e agir frente

aos desafios que o mundo contemporâneo coloca frente às organizações na sociedade do

conhecimento.

Entretanto, atualmente o que vemos na organização foco do estudo é representado

no fluxo abaixo:

Figura 3: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de comunicação, cultura e gestão

do conhecimento

Fonte: Elaboração própria.

- 23 -

6. Relevância do Trabalho

O conhecimento, sempre presente no processo evolutivo do homem e das

sociedades, adquire uma nova conotação no meio organizacional, sendo percebido como

um dos principais recursos para a economia da era do conhecimento. A riqueza dessa nova

era é produto do conhecimento. “O conhecimento e a informação - não apenas o

conhecimento científico, mas a notícia, a opinião, a diversão, a comunicação e o serviço -

tornaram-se as matérias-primas básicas e os produtos mais importantes da economia

(Stewart, 1998).

Já para Davenport e Prusak (1998) conhecimento é uma mistura fluida de

experiência condensada, valores, informação contextual e intuição, a qual proporciona uma

estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem

origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações ele costuma estar

embutido não só em documentos, ou repositórios, mas também em rotinas, processos,

práticas e normas organizacionais.

Portanto, mais relevante se torna tratar a questão da comunicação interna de

qualquer organização como fator de grande atenção, já que a falta ou a ineficácia deste

processo é fator crítico de sucesso para a mudança e sedimentação da cultura

organizacional, para a transmissão de valores e para o estabelecimento de uma estratégia

de Gestão do Conhecimento. Ou seja, a comunicação interna é considerada um instrumento

que promove não só a simples comunicação de determinados fatos importantes da

organização, mas que também promove a melhoria nas relações, nos processos e nos

resultados da empresa.

Caso os processos de Comunicação e de Gestão do Conhecimento estivessem

alinhados e estruturados de maneira correta, fornecendo ao colaborador as informações

disponibilizadas com facilidade de acesso e dando a possibilidade de colaboração

observando que sua contribuição estaria agregando valor à empresa, mais facilmente o

colaborador se sentiria motivado e poderia assim contribuir para melhorias em diversos

processos, divulgar êxitos das áreas e assim alavancar ainda mais a organização e seus

resultados modificando com isso a atual postura da empresa frente à cultura da

organização.

- 24 -

6.1. Delimitações do Trabalho

No presente trabalho, procura-se abordar o tema da comunicação interna nas

organizações como estratégia de gestão do conhecimento em uma empresa do setor de

capitalização para fins de mudança comportamental/cultural. Dessa forma, nosso intuito

será elencar os aspectos positivos em relação à importância da comunicação organizacional

nas empresas que sobrevivem nessa sociedade do conhecimento, onde o valor do

intangível é o grande diferencial competitivo, como também apontar como a falta de

estratégias de comunicação bem definidas para os processos operacionais dessa empresa

de capitalização pode agir no caminho contrário ao desenvolvimento, gerando falta de

transparência, desconhecimento, desinformação e falta de capacitação para os

colaboradores.

Nesse estudo, dar-se-á foco em fazer uma análise dos benefícios e da importância

da construção de uma política de comunicação organizacional de maneira colaborativa,

utilizando uma ferramenta que tem como proposta não só a introdução de ferramentas e/ou

práticas de gestão do conhecimento, mas também uma mudança comportamental/cultural

na empresa em questão. Desta forma, além de construir-se um documento, contemplando a

visão dos colaboradores, dando importância a voz da organização, introduziremos na

empresa o uso de ambientes colaborativos e os benefícios trazidos por ele.

Outro fator importante que a solução propõe é a melhoria no processo de busca de

documentos, haja vista a solução proposta oferecer um ambiente colaborativo com a

funcionalidade de busca de documentos. Esse fato certamente possibilitará uma melhoria

visível ao acesso às informações, especialmente aos processos e procedimentos,

acarretando mais agilidade ao acesso as informações e conseqüentemente mais efetividade

nas rotinas diárias e celeridade nas ações e decisões.

7. Gestão do Conhecimento

A Gestão do Conhecimento é, atualmente, um tema muito discutido, seja no meio

empresarial como no meio acadêmico; empresários, estudantes, acadêmicos e consultores

apontam a Gestão do Conhecimento como um dos principais ativos das organizações e a

forma de compartilhá-lo é a chave para a vantagem competitiva e fonte para o sucesso,

sendo apontada como o modelo emergente de gestão do século XXI por diversos autores do

tema.

- 25 -

Halcimara Souza (2007 apud Carvalho, 2003) resume o conceito de Gestão de

Conhecimento apresentado por diversos autores, fazendo uma divisão em três áreas

distintas:

• Gestão do Conhecimento como processo

• Gestão do Conhecimento como gestão do capital intelectual

• Gestão do Conhecimento como gestão de ativos intangíveis.

A tabela a seguir demonstra o pensamento de diversos autores do tema Gestão do

Conhecimento a respeito da divisão proposta acima, demonstrando a variabilidade do tema.

Tabela 1: Conceitos de Gestão do Conhecimento.

Autor

Gurteen 1998

Harris et al 1999

Spek e Spijkervet 1995

Diepstraten 1996

Sprenger 1995

1. Habilidade de absorção - Assimilar um novo conhecimento

2. Difusão da capacidade - envolve a troca de conhecimento

3. Geração de conhecimento - significa desenvolver novo conhecimento através de conhecimento já existente.

4. Extração - o conhecimento é aplicado em nome da organização.

5.Distribuição e uso do conhecimento.

6.Aquisição de conhecimento dos fornecedores.

Gestão do Conhecimento é o conjunto visível do desenho e dos princípios organizacionais, processos, estruturas, aplicações e tecnologias que ajudam os trabalhadores a alavancar sua criatividade e habilidade para adicionar valor ao negócio.

Gestão do Conhecimento é um processo de negócio para o gerenciamento empreendedor do ativo intelectual. É uma disciplina que promove uma aproximação integrada e colaborativa para criação, captura, organização, acesso e uso da informação. Ex.: informações textuais como polí tica e documentos de procedimento.

Gestão do Conhecimento é central para a criação dos processos da organização onde o novo conhecimento é desenvolvido e distribuído para todos que dele necessitam para realizar bem suas atribuições, torna-se acessível para futura utilização, inclusive coletiva e os campos de conhecimento são combinados.

Gestão do Conhecimento é como um fluxo ou um processo contínuo em uma organização, que é realizado em quatro fases:

Conceitos de Gestão do Conhecimento como Processo.

Gestão do Conhecimento é um processo que compreende seis fases:

1. Extração de conhecimento para adicionar valor aos clientes.

2. Desenvolvimento de um novo conhecimento

3.Disseminação, associação ou combinação de diferentes conhecimentos.

4.Disponibilizar uma documentação com o conhecimento.

- 26 -

Autor

Stewart 1998

Sullivan 2000

Weggeman 1997

Assim a Gestão do Conhecimento é um processo contínuo e cíclico por sua própria natureza. A visão, a missão, os objetivos e a estratégia da organização são as forças direcionadoras da rede de valor de conhecimento.

A gerência sistemática do capital intelectual gera aumento do valor para os acionistas. Realiza-se isso, entre outras coisas, através da reciclagem contínua e de uma utilização criativa do conhecimento e da experiência compartilhados. Isso, por sua vez, requer a estruturação e o acondicionamento de competências com a ajuda da tecnologia, de descrições do processo, manuais, redes, e assim por diante, a fim de assegurar a permanência da competência da empresa quando os funcionários forem embora. Uma vez acondicionados, esses elementos tornam-se parte do capital estrutural da empresa – ou mais precisamente, seu capital organizacional.

Capital intelectual é o conhecimento que pode ser t ransformado em lucro. Ele possui dois componentes principais: o capital humano e os at ivos intelectuais. A principal dist inção entre capital humano e ativos intelectuais reside no fato que o capital humano, se não convertido em ativos, não pode ser possuído pelos acionistas. Assim, o maior desafio dos gestores se constitui em transformar o capital humano em ativos.

Gestão do Conhecimento significa uma rede de valor que inclui as seguintes fases:

1. Determinar o conhecimento de acordo com a estratégia da organização.

2. Listar os conhecimentos disponíveis.

3. Desenvolver conhecimento.

4. Compartilhar conhecimento.

5. Aplicar e avaliar o valor do conhecimento para o negócio.

Gestão do Conhecimento como Gestão do Capital Intelectual

Autor

Davenport e Prusak 1998

Rowley 2003

A Gestão do Conhecimento não é algo totalmente novo. Ela baseia-se em recursos existentes, com os quais organizações já podem estar contando. Deste modo, novo é reconhecer o conhecimento como ativo corporativo e entender a necessidade de geri-lo e cercá-lo do mesmo cuidado dedicado aos ativos tangíveis. A gestão do conhecimento incorpora três processos: geração, codificação e transferência de conhecimento. Embora o termo gestão conhecimento implique a transferência formalizada, um de seus elementos essenciais desenvolvimento de estratégias específicas para incentivar estas trocas espontâneas.

Gestão do conhecimento implica na extração e desenvolvimento de ativos do conhecimento de uma empresa com objetivo de promover os objetivos organizacionais.

2007 Apud Carvalho 2003 - adaptação

Gestão do Conhecimento como gestão de Ativos Intangíveis

Apesar das diversas definições e pensamentos sobre o tema, eles possuem forte

semelhança, enfatizando que o pensamento dos teóricos do assunto é muito similar,

diferindo apenas na forma de enfatizar o assunto, que podem ser:

• A importância da cultura organizacional.

• A importância dos recursos humanos.

• A importância dos ativos humanos.

Nonaka e Takeuchi (1997) descrevem a Gestão do Conhecimento como um

processo interativo de criação do conhecimento organizacional, definida literalmente como

“a capacidade que uma empresa tem de criar conhecimento, disseminá-lo na organização e

incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas”.

Podemos sintetizar as definições de uma forma geral e considerar que a Gestão do

Conhecimento é um processo moderno e sistemático de aprendizagem organizacional com

distribuição do saber coletivo, apoiado na geração, codificação, disseminação, apropriação

- 27 -

do conhecimento e habilidades individuais, baseado num processo de inovação continua, de

modo a fazer com que a informação certa chegue à pessoa certa, na hora certa, buscando a

excelência organizacional e valorização humana.

7.1. Abordagem Conceitual

7.1.1. Conhecimento

As empresas vêm, ao longo de anos, passando por diversos processos evolutivos,

os quais podemos destacar a gestão como o principal foco de mudanças. As organizações

passaram por diversas formas e modelos de gestão diferentes para conseguirem se adaptar

aos novos desafios impostos pela sociedade vigente naquele determinado período

contribuindo para que muitas atravessassem as várias fases que a economia passou nos

últimos séculos.

O conhecimento, entretanto, sempre esteve presente nas diversas eras da

economia, começando na era agrícola, passando pela revolução industrial e se alongando

até ao dias de hoje como um fator marcante, mas quase sempre despercebido. Foi a partir

da segunda metade do século XX que o tema Gestão do Conhecimento se tornou mais

notória e o conhecimento passou a ser algo mais evidente e valorizado. Segundo TOFFLER

(1994), a diferença desta fase atual de desenvolvimento capitalista fomentada a partir de

uma “Revolução da Informação” e as fases passadas, é que agora existe uma maior

necessidade de se gerar inovações, sendo dessa forma um fator crucial para a

sobrevivência das organizações.

Dentre os fatores que mudaram o foco de uma sociedade industrial para uma

sociedade do conhecimento, podemos destacar desde transformações na economia até a

mudança de perfil exigido para um funcionário conseguir destaque numa organização.

Segundo SVEIBY(2002) as organizações do conhecimento são aquelas que contam

com uma estrutura focada no conhecimento e não no capital, são aquelas cujos ativos

intangíveis são muito mais valiosos que os tangíveis, cuja qualificação do trabalhador é fator

chave para o seu crescimento. A tabela 2 demonstra essa idéia de mudança de uma

maneira bem resumida, demonstrando a contribuição de diversos autores sobre o tema.

- 28 -

Tabela 2: Os princípios da organização do conhecimento

Item Vistos pelo paradigma

Industrial

Vistos pelo paradigma

do Conhecimento

Pessoas Geradoras de custos ou

recursos Geradores de Receita

Base de poder dos

gerentes

Posição na hierarquia

organizacional Apoio aos colegas

Manifestação da produção

Predominantemente

tangível (hardware) –

trabalhadores físicos

processando recursos

físicos para criar produtos

tangíveis

Predominantemente

intangível (conceito de

software) – trabalhadores

do conhecimento

convertendo conhecimento

em estruturas intangíveis

Estrangulamento na

produção

Capital financeiro e

habilidades humanas Tempo e Conhecimento

Modelo da produção Estruturas intangíveis Estruturas Intangíveis

Fluxo de produção Regido pela máquina –

seqüencial

Regido pelas idéias –

caótico

Fluxo da Informação Via hierarquia –

instrumento de controle

Via rede – ferramentas

para o recurso da

comunicação

Forma básica de receita Tangível – dinheiro

Intangível (aprendizado,

novas idéias, novos

clientes, P&D)

Efeito da pane Economia de escopo das

redes

Economia de escopo das

redes

Relacionamento com o

cliente Unilateral pelos mercados

Interativo pelas redes

pessoais

Conhecimento

Uma ferramenta ou um

recurso entre outros

existentes

Foco empresarial

Finalidade do aprendizado Aplicação de novas

ferramentas Criação de novos ativos

Inovação Itinerante Constante

- 29 -

Infra-estrutura Ênfase no transporte físico Ênfase em infovias

Velocidade das

transações Rápidas Em tempo real

Valores do mercado

acionário Regidos pelo ativo tangível

Regidos pelos ativos

intangíveis

Fonte: Sveiby (1998)

Essas mudanças de paradigmas descritas na tabela a seguir começaram a ser

abertamente discutidas a partir da década de 1980 com o surgimento dos autores do

conhecimento. Krücken (2000), conforme a tabela 3, demonstra as principais idéias dos

autores do conhecimento e a década que foram propostas essas idéias:

Tabela 3: A evolução da Literatura científica relacionada à gestão do conhecimento

ÉPOCA AUTOR FOCOS E TERMOS UTILIZADOS

Porter Conhecimento estratégico

Nonaka; Takeuchi Compartilhamento do conhecimento

Drucker Sociedade do conhecimento

Senge 5ª disciplina, pensamento sistêmico

Quinn Inteligência organizacional

Linpnack, Stamps Networking

Nonaka; Takeuchi Teoria da criação do conhecimento organizacionalSveiby Ativos intangíveis

Wigg Métodos de gestão do conhecimento

Stewart Capital intelectual

Devenport; Prusak Ecologia da informação

Ruggles Ferramentas de gestão do conhecimento

Geus Empresa viva

Amidon Conhecimento e inovação

Von Krogh; Ichijo; Nonaka

Consolidação da teoria da criação de conhecimento organizacional

Pesquisadores diversos

Consolidação de conceitos, discussão interdisciplinar, difusão de conhecimento, estudos de casos em inteligência emocional e gestão do conhecimento.

Fonte: Krücken - Gestão do conhecimento aplicada a novos produtos.

Década de 80

Década de 90

A partir de 2000

Tabela 2.2 : A evolução da Literatura científica relacionada a gestão do conhecimento

Fonte: Krucken – Gestão do conhecimento aplicada a novos produtos.

Assim, para entender essa seqüência cronológica citada acima, é necessário

entender por completo o que é Gestão do Conhecimento e qual o seu papel na visão

estratégica das empresas. Para isso precisamos antes entender o que é conhecimento.

- 30 -

Apesar de não ser uma base científica, a Wikipédia define que conhecimento é

aquilo que se sabe; é o conjunto de todo saber de um indivíduo ou sociedade e ela ainda

define a gestão do conhecimento como:

“A Gestão do Conhecimento possui o objetivo de controlar, facilitar o acesso e manter um gerenciamento integrado sobre as informações em seus diversos meios. Entende-se por conhecimento a informação interpretada, ou seja, o que cada informação significa e que impactos no meio cada informação pode causar, de modo que a informação possa ser utilizada para importantes ações e tomadas de decisões.”

Davenport e Prusak (1998) definem conhecimento como uma mistura fluida de

experiência, valores e informações que servem para gerar novas informações, ou seja,

novos formas de conhecimento, dando ao conhecimento uma conotação similar a um

sistema de feedback, ou seja, o conhecimento gera conhecimento. E que ao longo do tempo

se desenvolve, seja por experiências, por livros, por formações curriculares ou mesmo por

uma forma informal, como num dialogo entre amigos.

Nonaka e Takeuchi (2001) citam que conhecimento não é a mesma coisa que

informação, pois conhecimento diz respeito a crenças e compromissos e a informação é

uma função de uma perspectiva ou atitude, haja vista a informação estar relacionada à

atitude. Ou seja, o conhecimento é a verdade sobre algo do ponto de vista de quem o detém

ou utiliza.

Para compreender o conhecimento, devemos, também, distingui-lo de dados ou

informação, e para isso a tabela a seguir resume essa distinção pelo pensamento de

importantes autores do tema:

- 31 -

Tabela 4: Diferenciando dados, informação e conhecimento

Autores Dado Informação Conhecimento

Churchuman - -É o resultado da interação dos usuários de um conjunto de

informações

Nonaka e Takeuchi -É um fluxo de mensagens

é criado por um fluxo de informações, suportado por

crenças e valores

Davenport e PrusackÉ o conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a um evento

É um conjunto de dados organizados

com finalidade definida

É a soma de experiencias, valores e insights

SpenderÉ um sinal sem significado

É um sinal cujo significado pertence a

uma pessoa

São implicações da informação

Davenport, Long e Beers

- -É a informação combinada

com experiencias

Telles e TeixeiraÉ um simbolo ou um

conjunto delesé um conjunto

organizado de dadosÉ o elemento que dá forma a

informação

LamfrancoÉ um conjunto de ruídos e hipóteses

São dados com pensamento crítico

São informações com um propósito

Fonte: Ricardo Luiz Paixão “Gestão do conhecimento: Estudo de caso: Estudo de caso do setor público”

Segundo Ricardo Paixão (2002), as definições apontadas pela tabela acima

possuem algo em comum, o que demonstra um consenso entre os autores mais expressivos

da Gestão do Conhecimento. Ele propõe que existe uma hierarquia entre esses termos que

pode ser exemplificada como uma sendo um subconjunto da outra, melhor demonstrada na

pela figura abaixo:

Figura 4: Abrangência dos termos: Dados x Informação x Conhecimento

Fonte: Ricardo Luiz Paixão “Gestão do conhecimento: Estudo de caso: Estudo de caso do setor público”

Portanto, podem-se interpretar as diversas definições como uma só: conhecimento é

a soma de dados com informações, seguindo regras pessoais de crenças e valores,

- 32 -

agregando experiências pessoais como uma nova parcela dessa equação, e assim definir

conhecimento com algo mais amplo.

7.1.2. A Conversão do Conhecimento

Para poder ser compartilhado entre as pessoas da organização, o conhecimento

tácito necessita ser convertido em conhecimento explícito e o conhecimento explícito

também tem de ser convertido em conhecimento tácito. Essas conversões são as

responsáveis pela criação do conhecimento organizacional que por sua vez é responsável

pelo processo de aprendizagem organizacional, o qual os participantes da organização

compartilham experiências, informações e conhecimento.

Nonaka e Takeuchi, (2001), apresentam quatro formas para compor essa

transformação de conhecimentos denominada de Técnica SECI (Socialização,

Externalização, Combinação e Internalização). Segundo os autores a interação social é o

fator que determina a criação e expansão do desenvolvimento humano nas organizações:

Socialização – Conversão do conhecimento tácito em conhecimento tácito – Criação

do conhecimento tácito, como modelos mentais e habilidades técnicas, através do

compartilhamento de experiências por meio de conversas e práticas.

Externalização – Conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito – faz

referencia à criação de novos conceitos. O conhecimento tácito pode ser, através de

ferramentas específicas, convertido em conhecimento explícito.

Combinação – Conversão do conhecimento explícito em conhecimento explícito – a

combinação ocorre quando indivíduos trocam ou combinam conhecimentos explícitos

através de documentos, normas ou treinamento formal.

Internalização – Conversão do conhecimento explícito em conhecimento tácito – está

relacionado à prática de atividades em conjunto com outros indivíduos da organização

visando transferência de conhecimento através de documentos, manuais ou transferência

oral (aula).

Essa técnica pode ser sintetizada na figura abaixo, onde Nonaka e Takeuchi, (2001),

introduzem o conceito de espiral do conhecimento, que ajuda a compreender o equilíbrio

- 33 -

existente nos diversos modos de conversão do conhecimento tácito (de difícil articulação)

em conhecimento explicito (linguagem formal) compartilhado em nível de grupos,

organizações e inter organizações.

Figura 5: Modos de conversão do conhecimento.

Do

Conhecimento

Tácito

Conhecimento Explicito

Conhecimento

Tácito

Conhecimento

Explicito

Dialogo

Constru

ção do

Campo

Asso

ciação do

Conhecim

ento

Explicito

EM

Socialização

Conhecimento Compartilhado

Externalização

Connhecimento Conceitual

Internalização

Conhecimento Operacional

Combinação

Conhecimento Sistêmico

Fonte: adaptado de Nonaka e Takeuchi.

Nonaka e Takeuchi (2001) escrevem:

“Em primeiro lugar, o modo da socialização normalmente começa desenvolvendo um ‘campo’ de interação. Esse campo facilita o compartilhamento das experiências e modelos mentais dos membros. Segundo, o modo de Externalização é provocado pelo “diálogo ou reflexão coletiva” significativos, nos quais o emprego de uma metáfora ou analogia significativa ajuda os membros da equipe a articularem o conhecimento tácito oculto que, de outra forma, é difícil de ser comunicado. Terceiro, o modo de combinação é provocado pela colocação do conhecimento recém-criado e do conhecimento já existente provenientes de outras seções da organização em uma “rede”, cristalizando-os assim em um novo produto, serviço ou sistema gerencial. Por fim, o aprender fazendo provoca a Internalização.”

Consuelo Lara, (2001 apud Nonaka e Takeuchi 2001), cita que a espiral do

conhecimento demonstra que os novos conhecimentos sempre se originam das pessoas.

Um pesquisador brilhante tem um insight que resulta em uma nova patente. A criação de

novos conhecimentos envolve tanto ideais quanto idéias. Com isso, auxilia na compreensão

da questão do equilíbrio, ficando esse processo de transformação continuada, como

demonstrado na figura abaixo.

- 34 -

Figura 6: Espiral do Conhecimento

Fonte: Nonaka e Takeuchi, 2001

Takeuchi e Nonaka (2001) destacam que existe uma grande dificuldade em se

trabalhar com o compartilhamento de conhecimento tácito numa organização, pois esse

conhecimento foi adquirido por meio de experiências pessoais e não por técnicas

documentadas, e por isso são de difícil transmissão.

Apesar de difícil, sempre se deve tentar converter o conhecimento tácito em explícito,

pois essa é a única forma do conhecimento não se perder. Apesar das pessoas

pertencerem à organização, as mesmas não são a própria organização. Portanto, a perda

de um membro de equipe pode significar a extinção de um conhecimento especifico e de

experiências adquiridas durante a realização de atividades. E é esse um dos focos da

Gestão do Conhecimento.

7.2. Informação e Conhecimento no Contexto Organizacional

É impossível tentarmos dissociar o conhecimento encontrado nas empresas e o

conhecimento das pessoas que fazem parte de sua estrutura organizacional. Esse

conhecimento adquirido, tácito ou explícito, se desenvolve ao longo da trajetória pessoal e

- 35 -

profissional do colaborador, através da experiência, e pode abranger, também, o que se

absorve de cursos e treinamentos, de leituras e do aprendizado informal. Nesse sentido

Davenport e Pruzak (2003, p.9) afirmam que:

“o ‘conhecimento’ nascido da experiência reconhece padrões que nos são familiares e pode fazer inter-relações entre aquilo que está acontecendo agora e aquilo que antes aconteceu”.

O conhecimento do ponto de vista organizacional também pode ser encontrado em

documentos e repositórios, em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais. Um

dos grandes desafios das empresas e, em especial neste estudo, é o de reter o

conhecimento de seus colaboradores.

Davenport e Pruzak (2003), afirmam que existe uma grande dificuldade de se

conceituar o que é conhecimento e que muitos teóricos passam a vida tentando definir o que

significa a palavra “conhecer”. Nessas condições, os autores definem que:

Conhecimento é uma mistura fluída de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações, ele costuma estar embutido não só em documento e repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais (DAVENPORT; PRUZAK, 2003, p. 6).

As empresas têm grande necessidade de utilizar a informação para manterem-se

vivas em ambientes cada vez mais competitivos e, inúmeras são as variáveis a serem

analisadas, a qual a informação é imprescindível.

Atualmente obter grandes quantidades de informação sem possuir um valor

agregado e trabalhar apenas com informações de caráter interno não é mais o que se

anseia. Quer-se hoje a informação tratada, analisada, compreendida em seu contexto e

que seja de interesse da organização. A facilidade de acesso a redes e a inúmeros

bancos de dados coloca ao alcance de todos uma quantidade de informações

impossível de ser absorvida como um todo. Nesse contexto, Carvalho (2001) assegura

que é necessária a criação de profissionais da informação, assim como sistemas que

permitam a gestão dessa informação.

Nas organizações, a informação possui diversas denominações com o intuito de

diferenciá-la quanto ao seu ambiente de origem, sua formatação, sua aplicação. As

classificações de informação, segundo Moresi (2000) e Falsarella et all (2003), são:

- 36 -

Quanto ao ambiente de origem: Informações internas: são as produzidas no ambiente interno da

empresa, ou seja, aquelas produzidas pelos seus sistemas administrativos, por exemplo: contas a pagar, contas a receber, folha de pagamento, compras, controle de estoque entre outros.

Informações externas: são as que vêm de fora da empresa, sejam

das instituições com as quais a empresa mantém algum relacionamento direto e contatos ou realiza negócios, sejam as que a empresa busca no mercado com a intenção de conhecer o cenário em que opera, o qual pode ser econômico, político, social, etc.

Quanto à formatação: Informação estruturada: é a codificada, sistematizada numa estrutura

previamente estabelecida, o que permite a comparação entre informações do mesmo tipo em períodos de tempos diferentes, por exemplo.

Informação não estruturada: é a não contextualizada, a qual, vista de

modo isolado, não contribui para uma conclusão efetiva de uma determinada situação. Configura-se como dado. Pode-se citar como exemplo: o volume de venda de um determinado produto, sem que apresente relação com um determinado período.

Quanto ao uso/aplicação: Informação estratégica ou de nível institucional: é a disponibilizada

para o nível estratégico das instituições, normalmente responsável em delinear as estratégias competitivas da empresa. Esse tipo de informação tem uma característica macro, pois contempla a empresa em sua totalidade, é a interação entre a informação interna e a informação externa. Tem como finalidade monitorar e avaliar o desempenho, o planejamento e as decisões de alto nível.

Informação gerencial ou de nível intermediário: permite à média

gerência observar variáveis presentes tanto no ambiente interno quanto no externo, assim como monitorar e avaliar seus processos.

Informações transacionais ou de nível operacional: possibilita ao nível

Operacional executar suas atividades e tarefas, ao monitorar o espaço geográfico sob sua responsabilidade. São as informações referentes à operacionalização e ao controle das atividades imprescindíveis ao funcionamento da instituição, e visa a auxiliar o planejamento e a tomada de decisão de nível operacional (MORESI, 2000; FALSARELLA; JANNUZZI; BERAQUET, 2003).

Independente de seu tipo, nível ou classificação, a informação tem como seu maior

objetivo o auxílio nos processos de tomada de decisões (REZENDE, 2003). A não

adequação de informações ao seu uso específico são queixas comuns dos executivos, o

que para o autor, decorre da informatização, do não conhecimento específico por parte do

pessoal de processamento de dados e da visão coletiva de quem prepara as informações. É

mais fácil preparar informes coletivos do que ‘a la carte’ (LEVY, 1993).

- 37 -

Deve-se considerar a gestão da informação na empresa tão importante quanto a

própria informação, portanto, deve ser tratada como um processo.

“Trata-se de um conjunto estruturado de atividades que incluem o modo como as empresas obtêm, distribuem e usam a informação e o conhecimento” (DAVENPORT, 2003, p. 173).

As informações resultam de um processo e devem ser comparadas a um produto

que pode ter sua qualidade, quantidade, custo e utilidade questionados, como é feito com

qualquer outro produto (MAÑAS, 1999).

A informação nas empresas não deve possuir donos, e sim, clientes. Deve

concentrar seu enfoque nas necessidades e na satisfação dos mesmos, o que torna a

administração mais efetiva (DAVENPORT, 2003).

8. Comunicação Organizacional

8.1. Conceito de Comunicação

De acordo com a definição etimológica, a palavra comunicação vem do latim

comumnicatio, ónis, que significa a ação de tornar algo comum a muitos. A comunicação

pode ser considerada como um processo intermediário que permite a troca de informação

entre as pessoas (LE COADIC, 2004, p.11).

Na visão de Ferreira (et al. 1998), comunicar significa e, de certa forma, edifica um

entendimento recíproco. Os autores descrevem que só há comunicação quando, de alguma

forma, o conteúdo da mensagem é interpretado pelo receptor. O que leva à ocorrência de

algum tipo de retorno da mensagem transmitida, ou seja, feedback.

Corroborando essas definições, Maximiniano (2000, p.282) afirma, também, que a

comunicação diz respeito ao processo de transferir e receber informações. Diante disso, a

comunicação pode ser considerada como um processo que permite a ocorrência de

relacionamentos e a permuta de informações por meio da transmissão de pensamentos e

sentimentos entre indivíduos.

8.2. Definições de Comunicação Organizacional

No contexto organizacional, a comunicação da informação abrange todas as formas

de comunicação formal ou informal usadas nas organizações nos processos de

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comunicação para contribuir no relacionamento e na interação entre os seus indivíduos

(KUNSCH, 2003). Segunda a autora:

A comunicação formal é a que procede da estrutura organizacional propriamente dita, de onde emana um conjunto de informações pelos mais diferentes veículos impressos, visuais, auditivos, eletrônicos, telemáticos e outros, expressando informes, ordens, comunicados, medidas, portarias, recomendações, pronunciamentos e discursos (KUNSCH, 2003, p.84).

Kunsch (2003) aponta que a comunicação informal tem a sua origem no convívio e

no relacionamento diário dos integrantes da organização, no ambiente interno ou nas

relações sociais.

Somando-se as afirmações de Kunsch (2003), a ação da comunicação pode ser

ampliada, extrapolando a simples difusão da mensagem; pois, conforme afirma Berlo

(1997), a comunicação pode influenciar o ambiente e as pessoas. É em diversos ambientes

que a comunicação assume características influentes no processo de criação e

compartilhamento de conhecimento e de facilitação para a ocorrência da aprendizagem

organizacional.

Na opinião de Torquato (2002), a comunicação organizacional é um processo

utilizado para se comunicar, ligado à identidade, à imagem, à cultura e ao clima. O autor

afirma, ainda, que a comunicação é uma forma de poder. Esse poder atua no ambiente

interno da organização e é consolidado nas estruturas, na linguagem e na forma de

emprego de canais que serão utilizados para comunicar a informação.

Para Scroferneker (2000), a comunicação organizacional abrange todas as formas

de comunicação utilizadas pela organização para relacionar-se e interagir com seus

públicos.

A comunicação organizacional é considerada como um processo dinâmico por meio

do qual as organizações se relacionam com o meio ambiente e por meio do qual as sub-

partes da organização se conectam entre si. Por conseguinte, a comunicação organizacional

pode ser vista como o fluxo de mensagens dentro de uma rede de relações interdependente

(GOLDHABER, 1991). O autor acrescenta em suas afirmações que existem vários pontos

que podem caracterizar a comunicação organizacional:

A comunicação organizacional ocorre em um sistema complexo e aberto que é influenciado e influencia o ambiente; a comunicação organizacional implica mensagens, seu fluxo, propósito, direção e o meio empregado; a comunicação organizacional implica pessoas, suas atitudes, seus sentimentos, suas relações e habilidades (GOLDHABER, 1991)

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Do ponto de vista de Casali (2002), a comunicação organizacional pode assumir

duas formas distintas de comunicação empregadas por uma organização. A primeira forma

refere-se à difusão de informação e a segunda diz respeito ao emprego dos processos

comunicativos existentes na organização para propiciar as relações sociais. Segundo a

autora, as organizações, como sistemas sociais, têm na comunicação uma condição

essencial para seu funcionamento, pois elas gerenciam informações relativas a processos

de trabalho que permitem a racionalização das atividades e a persecução dos objetivos

organizacionais.

De outra forma, Bueno (2003) define comunicação organizacional como sendo um

conjunto complexo de atividades, ações, estratégias, produtos e processos desenvolvidos

para criar e manter a imagem da organização junto a seus indivíduos.

Assim, é possível entender que a comunicação organizacional pode ser considerada

um mecanismo que, por meio de processos comunicacionais formais ou informais,

possibilitam os relacionamentos ou interações entre os indivíduos na organização.

8.2.1. Evolução da comunicação organizacional

Torquato (2002) mapeia a cronologia que marca a história da comunicação

organizacional no Brasil. Torquato (2002) estabelece uma importante relação entre o

estabelecimento da comunicação organizacional e o desenvolvimento econômico, político e

social do país desde a década de 50. Entretanto, a década de 60, segundo o autor, é o

marco inicial do emprego da comunicação organizacional.

De forma cronológica, Torquato (2002, p.3) descreve as fases que marcaram a

evolução da comunicação organizacional:

O início foi a década de 50, com a concentração da comunicação na ênfase ao produto, deixando a imagem da organização em segundo plano;

Na década de 60, a comunicação passa a ser empregada como um suporte para o marketing empresarial; tanto a imagem do produto como a imagem da organização tornavam-se importantes;

Na década de 70, foi marcado pelo início do emprego da comunicação organizacional para promover o clima interno da organização. Nessa década, a comunicação começa a assumir uma escala de posicionamento estratégico com influência em diversas áreas – recursos humanos, relações públicas, marketing, vendas e jornalismo. Surgem os primeiros modelos corporativos, integrando as diversas áreas de atuação direcionadas para a comunicação;

Na década de 80, ocorreu a consolidação da construção de modelos integrados de comunicação e seus efeitos na definição de parâmetros de eficiência e eficácia organizacional. Nessa década, as organizações passaram a utilizar o conceito estratégico com mais intensidade. Ou seja, a era da informação trazia a necessidade de a organização ser a primeira no

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mercado. Surgiram assim novos modelos de gestão em que a comunicação visava à centralização das chamadas funções-meio (planejamento, recursos humanos e comunicação) e a descentralização das chamadas funções-fim (fabricação, vendas e distribuição).

A consolidação de todas as atividades relativas à comunicação organizacional ocorreu na década de 90, agregando o surgimento de novas formas de gestão e de tecnologias. Isso possibilitou que a comunicação organizacional viesse à tornar-se importante para o equilíbrio dos ambientes internos. Assim, a era da informação passou para a era do conhecimento, despertando a atenção de outras áreas que se interessam em estudar a disseminação da informação. Como por exemplo, a Ciência da Informação, que passou a inserir em seus estudos outros contextos que abordam o estudo da informação e do conhecimento.

Hoje, a comunicação organizacional pode ser vista pelas organizações como um

recurso importante que possibilita o seu funcionamento. Sem comunicação, a organização

provavelmente não conseguiria sobreviver. Nesse sentido, Kunsch (2003) afirma que a

comunicação organizacional é um fator estratégico para o desenvolvimento da organização.

Nas organizações, a comunicação pode ser empregada de diversas mineiras. Neste sentido

Torquato (2002) faz a seguinte afirmação:

De um lado, forma-se um conjunto de comunicações técnicas, instrumentais, burocráticas e normativas. Em paralelo, ocorrem situações de comunicação expressivas nas capacidades das fontes em suas habilidades, comportamentos e posturas (TORQUATO, 2002, p.27)

Por sua vez, Lima (2003) destaca que, no ambiente organizacional, a comunicação

constitui-se um meio que possibilita integrar as partes da organização, propiciando a

coordenação das atividades de forma que os seus objetivos sejam alcançados.

Na opinião de Kunsch (2003, p.69), as organizações têm de se comunicar

internamente entre si, sendo que o sistema organizacional pode funcionar por meio do

sistema de comunicação existente. Se o sistema de comunicação não for eficaz a

organização entrara em um processo de declínio organizacional. A autora afirma, ainda, que

muitas organizações apresentam um discurso moderno referente ao tema; porem, suas

ações, quando colocadas em pratica, apresentam pouca efetividade no ato da comunicação.

8.2.2. O Processo de Comunicação nas Organizações

Vários problemas enfrentados pelas empresas atualmente podem ser atribuídos às

falhas existentes nos processos de comunicação. Cabe ressaltar que os ruídos existentes

na comunicação não necessariamente são os únicos causadores de problemas de gestão.

Sendo assim, conclui-se que, da mesma forma que a gestão do conhecimento não é trivial,

- 41 -

compreender o processo de comunicação organizacional também não é das tarefas mais

fáceis. Para que a comunicação ocorra, a princípio é necessária a ocorrência de uma série

de fatores para que o emissor e o receptor se correspondam. A comunicação se torna eficaz

a partir do momento em que ambas as partes se compreendem.

O processo de comunicação envolve cinco componentes: o emissor (é a origem do processo e seu objetivo é codificar a mensagem de forma tal que o receptor a compreenda facilmente), a mensagem (é o conjunto de idéias que está sendo enviado ao público, que deve ser interpretado de forma significativa), o código (é a forma pela qual a mensagem está sendo transmitida), o canal que conduz a mensagem do emitente ao receptor (é o destinatário da mensagem) e a decodificação (é a forma como o receptor interpreta a mensagem) (OLIVEIRA, 2004, p.10).

Nas instituições, como um todo, existem os fluxos de comunicação. Podemos

descrevê-los da seguinte forma:

• Comunicação descendente, onde a mensagem parte do superior ao

subordinado;

• Comunicação ascendente, a partir do momento em que subordinados emitem

informações aos seus superiores;

• Fluxo horizontal, onde pessoas com atribuições equivalentes se comunicam.

Todos esses fluxos pertencem às redes formal e informal de comunicação. A formal

caracteriza-se por ordens, ou seja, mensagens repassadas por quaisquer elementos

formais, trazendo “peso” à informação. Já a rede informal é representada por informações

não oficiais, muitas vezes desconhecendo-se a origem das mesmas. Para isso, a

comunicação institucional tem um grande dever neste processo, principalmente este último

caso, proporcionando análise, sugestões e esclarecimentos, segundo Oliveira (2004, p.28):

“É preciso, no entanto, reconhecer que a rede informal tem funções úteis na empresa: é fonte de comunicação para cima, na hierarquia, especialmente de informações sobre o que as pessoas estão fazendo e o que elas sentem em certas situações”.

Dentro das organizações, a comunicação tem forte papel na consolidação de bons

relacionamentos, dinamização de impactos e entrelaçamento de setores e diversos públicos.

Ela precisa ser realizada de forma profissional e estratégica, uma vez que a

identidade de uma empresa está em jogo.

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8.2.3. Fluxos da Comunicação

Para que as mensagens transmitidas cheguem aos seus destinatários, é necessário

que ela venha a percorrer diversos caminhos, os quais podem ser descritos como fluxos da

comunicação.

Torquato (2002, p.39) afirma que os fluxos da comunicação influenciam os processos

de comunicação e descreve quatro tipos de fluxos:

Descendente: refere-se a comunicação que ocorre de cima para baixo, formal e normalmente em excesso, causando congestionamento nos canais utilizados. Existe neste tipo de fluxo, o emprego de um filtro para não compartilhar informação, em decorrência de idéia que ela tem poder e não pode ser dividida;’

Ascendente: a comunicação acontece de baixo para cima,

normalmente menos formal, mais lenta, não tendo a mesma influencia que o fluxo descendente. A maioria das mensagens utiliza canais informais na comunicação, possibilitando falta de controle do que está sendo transmitido;

Lateral: é a comunicação que ocorre entre níveis hierárquicos na

mesma posição no organograma da organização, o qual possibilita a sistematização e uniformização de idéias. Porem, nem sempre todas as informações são compartilhadas, devido a concorrências entre os setores; e

Diagonal: diz respeito à comunicação entre superior e subordinado

localizado em outro setor da organização. Esse tipo de fluxo, conforma mostra a figura 6, se destaca por agilizar o processo decisório, não obedecendo à hierarquização à qual o individuo está subordinado e mais presente nas organizações mais abertas e menos burocráticas.

Figura 7: Representação dos tipos de fluxos de comunicação nas organizações.

Fonte: Torquato, Tratado de comunicação organizacional e política, 2002, p.40.

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De outra maneira, Gibson et al. (1998) descrevem os fluxos da comunicação de

como sendo vertical e horizontal.

O fluxo da comunicação vertical pode ocorrer em dois sentidos, de cima para baixo e

de baixo para cima. A comunicação no sentido de cima para baixo ocorre por meio de

memorando e tarefas. Esse fluxo, segundo os autores, pode gerar a falta de informação

enquanto que a comunicação no sentido de baixo para cima ocorre por meio de caixa de

sugestões, de encontros grupais e de métodos de reclamação. Esse tipo de fluxo toma a

comunicação mais difícil, porem necessária, pois segundo as afirmações dos autores,

permite auxiliar a tomada de decisão.

O fluxo da comunicação horizontal se processa nos departamentos da organização,

no mesmo nível hierárquico. Os autores afirmam que esse fluxo é necessário para

possibilitar a coordenação e integração das diversas funções organizacionais.

É importante destacar que a comunicação tem seus fluxos apoiados por meio da

tecnologia da informação, como a finalidade de buscar a máxima efetividade nos processos

comunicacionais, inseridos no ambiente da organização.

8.3. Comunicação Organizacional como suporte à Gestão do Conhecimento

Nas organizações, o conhecimento sempre foi, direta ou indiretamente, base de

discussão das teorias administrativas. A Gestão do Conhecimento é considerada um tema

central em qualquer organização atualmente. Podemos afirmar que ela sempre existiu, mas

atravessou a história com diversas nomenclaturas e com inúmeros enfoques, deixando

algumas cicatrizes e muitas possibilidades de melhoria nas organizações.

Com isso, mais especificamente na década de 1980 surgiu o conceito da “Sociedade

do Conhecimento” e com isso surgem as idéias de gestão estratégica de pessoas e,

conseqüentemente, do conhecimento.

Com o surgimento do “novo” interesse pelo conhecimento, logo surgem os teóricos

do conhecimento que, por meio de seus estudos, demonstraram a importância de se ter

uma gestão especifica para esse tema e assim permitir que o conhecimento não seja

perdido, demonstrando que gerir o conhecimento é fator chave do sucesso empresarial.

Drucker (1993) assevera que o recurso econômico básico não é mais o capital, nem os

recursos naturais ou a mão-de-obra, mas sim o “conhecimento”.

Apesar de não existir uma métrica para se avaliar o quanto de conhecimento,

inovação e trabalho intelectual foi atribuído ao produto, é correto afirmar que o

conhecimento é hoje uma vantagem, um diferencial competitivo de qualquer empresa.

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Exemplificando essa idéia, Peter Drucker (1997), ressalta que empresas que

produzem ou distribuem bens e produtos tangíveis não estão mais ocupando lugar de

destaque entre as organizações geradoras de maior riqueza e que seu substituto são

empresas produtoras e distribuidoras de conhecimento. Assim cria-se uma nova sociedade,

a qual a riqueza será gerada pela inovação, e esta, pela capacidade de agregar

conhecimento aos produtos e serviços oferecidos.

Figura 8: Gráfico de Geração de Riqueza

Fonte: OCDE (2003).

Já Stewart (1998), considera que hoje em dia os ativos capitais necessários para se

criar riqueza não são mais a terra nem o trabalho físico ou máquinas, mas sim os ativos

baseados em conhecimento. Até João Paulo II, em sua encíclica Centesimus Annuns, de

1991 percebeu a revolução do conhecimento ao declarar “Se antes a terra, e depois o

capital, eram os fatores decisivos da produção... hoje o fator decisivo é, cada vez mais, o

homem em si, ou seja, o conhecimento”.

A Gestão Estratégica de Pessoas é, portanto, uma união dos recursos humanos

(conhecimento) existentes em uma organização com os objetivos estratégicos, visando uma

melhoria significativa dos resultados da organização.

Segundo Dutra (2002),

“a tônica da Gestão de Pessoas ainda é o controle sobre os indivíduos, entretanto as organizações estão buscando novas formas de gestão de Pessoas baseadas na aprendizagem da organização e das pessoas”.

Dessa forma, Dutra (2002, p. 17) conceitua Gestão de Pessoas como “um conjunto

de políticas e práticas que permitam a conciliação de expectativas entre a organização e as

pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo”.

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Com isso, inúmeras ferramentas de gestão baseadas no conhecimento tomam forma

e ganham notoriedade, haja vista essa rendição das organizações sobre a importância do

conhecimento (pessoas) para a melhoria dos resultados e como diferencial competitivo.

Em virtude dessa mudança de paradigma de uma sociedade industrial para uma

sociedade do conhecimento, outros impactos são sentidos nas organizações. Um deles é o

impacto econômico, já que a produção hoje se dá de uma forma muito mais flexível e

personalizada.

Com isso, o trabalhador da era do conhecimento também se diferencia do

trabalhador tradicional, já que na economia do conhecimento, ele precisa se pautar em

alguns aspectos importantes como a flexibilização da produção, a intangibilidade, a

necessidade de formação de redes de contato, o compartilhamento de conhecimento, entre

outros. E nesse momento surge um dos maiores obstáculos à gestão da informação e do

conhecimento: a comunicação.

8.3.1. Evolução – Comunicação “Um para Muitos” na Web

Figura 9: Modelo de comunicação de massa – um para muitos

Fonte: Adaptação Milestone (2008).

Para auxiliar na interpretação da figura 9, temos como aliada a nossa primeira rede

de interação de massa, à distância, potencialmente multidirecional, a Internet. O surgimento

dessa rede data da década de 60 através da necessidade de instituições militares dos

Estados Unidos criarem uma rede interligada que antecipassem ataques inimigos.

Desse momento em diante, vários foram os progressos tecnológicos até que na

década de 70 foi desenvolvido um programa que conectava duas universidades americanas.

- 46 -

Estava dessa forma estabelecida e concretizada uma espécie de rede acadêmica, fora do

âmbito militar. O desenvolvimento dessas redes durante muitos anos foram privilégios das

universidades até que em meados da década de 90 as instituições comerciais começam a

fazer parte dessa grande rede mundial de computadores, entrando no ar o World

(http://www.world.com), o primeiro provedor de acesso à Internet comercial do mundo.

Esse período que compreende a fase de formação do ambiente de rede, saindo do

âmbito acadêmico à entrada das instituições comerciais e seu conseqüente povoamento

devido à massificação do uso da Internet denomina-se Web 1.0. Esse conceito de web 1.0

tem entre outras características, a convergência de mídias, tornando-se um meio de

comunicação de um para muitos, e a forte presença comercial na rede.

O número de pessoas conectadas à internet crescia vertiginosamente da mesma

forma que as empresas, observando esse fato, também se expandiam na rede, colocando

cada vez mais ao dispor do usuário informações sobre seus produtos e serviços. Porém, a

interatividade e a comunicação entre os vários sites e os usuários praticamente não

existiam, tornando o usuário um simples espectador, sendo incapaz de incluir quaisquer

tipos de comentários nas páginas visitadas.

8.3.2. Evolução – Comunicação “Muitos para Muitos” na Web

Quando essa limitação foi superada, isto é, quando informações, vídeos e músicas

passaram a ser compartilhadas na rede, a telefonia via Internet aparecendo em detrimento

da telefonia fixa, os blogs, videologs, orkut, my space, entre outras ferramentas de

interatividade, passaram a se tornar realidade, fazendo do usuário um elemento ativo, surge

o conceito de Web 2.0. A principal característica dessa nova versão da Internet, a Web 2.0,

é a convergência de pessoas, pois foi o primeiro meio de interação de massa existente, ou

seja, o primeiro meio de muitos para muitos, conforme representado na figura 9, ao contrário

da web 1.0 que era de um para muitos.

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Figura 10: Modelo de comunicação de massa – muitos para muitos

Fonte: Fonte: Adaptação Milestone (2008).

A Web 2.0 privilegia a troca de informações e plataformas, que permitem a criação

de novos conceitos, gerando assim conhecimento.

Com isso, várias organizações, pautadas no mesmo conceito de ambientes

colaborativos, estão criando redes dinâmicas de compartilhamento de informações. “Orkuts”

corporativos, comunidades de prática, entre outras ferramentas, estão sendo desenvolvidos

para que haja uma melhor distribuição da informação, fazendo com que o conhecimento

circule na organização, visando a otimização dos processos, retendo conhecimento,

aumentando seu capital intangível e, conseqüentemente melhorando os resultados da

organização.

8.4. Comunicação Organizacional como Estratégia de Negócios

Inseridas neste ambiente de elevada competição, as empresas vem buscando se

organizar no sentido de acelerar o processo de acumulo e transmissão dos conhecimentos

fundamentais às suas estratégias empresariais. Neste contexto, segundo Moresi (2001) é

que Gestão do Conhecimento precisa ser vista como um conjunto de atividades que busca

desenvolver e controlar todo tipo de conhecimento em uma organização, visando sua

evolução e desenvolvimento. Por isso, é preciso estabelecer políticas, procedimentos e

tecnologias que auxiliem a Comunicação Organizacional, tornando-a capaz de coletar, criar

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e desenvolver, distribuir e utilizar efetivamente o conhecimento, representando fator de

mudança no comportamento organizacional.

Segundo Terra (2003), no mundo moderno, com todas as ferramentas tecnológicas,

ainda nos colocamos frente a um curioso paradoxo: o tempo, que deveria ser otimizado por

meio das facilidades hoje disponíveis, através dos sistemas de informação, tem se tornado

cada vez mais escasso. Isso pode se dar por diversos fatores, na qual serão mencionados

alguns dos principais, no ponto de vista do estudo.

Segundo Torquato (2002), o primeiro fator está relacionado às fontes que, se

indevidamente afinadas, com as temáticas a serem abordadas, o resultado comunicativo

será precário. Segundo o autor, a falta de sintonia entre as fontes e temas, provocam falhas,

distorções e prejuízos na comunicação. Uma comunicação eficaz deve ter: clara definição

de objetivos, capacidade de codificação/expressão, domínio psicológico e capacidade de

compreender o meio ambiente.

O segundo fator está relacionado aos níveis de comunicação, na qual são

conhecidos como Nível intra, Nível inter, Nível grupal e Nível coletivo. Respectivamente, o

primeiro diz respeito à capacidade de o gerente operar internamente a comunicação, ou

seja, está muito relacionado à sua capacidade codificar/descodificar a informação, no trato

das palavras escrita e falada, nas habilidades de raciocínio, e de leitura e interpretação. O

segundo está relacionado à comunicação entre dois interlocutores. É a chamada

comunicação direta, bilateral, recíproca e privada. Neste nível a possibilidade de problemas

é um pouco menor quando a comunicação se dá no mesmo nível hierárquico, pois o

elemento inibidor que aparece em níveis hierárquicos diferentes, neste caso não

influenciará. O terceiro nível é o grupal, que abarca as reuniões, quando ocorrem de

maneira lateral (grupos de mesmo nível hierárquico), e as palestras, quanto um expositor

apresenta um conjunto de informações/analises/argumentos/opiniões para um grupo de

pessoas. Nesse nível os problemas podem se relacionar com a monotonia dos encontros,

fruto da falta de sintonia entre o grupo e o apresentador. O quarto nível é usado os meios

clássicos de comunicação organizacional, normalmente usado pela alta direção, como

jornais, revistas, boletins – para transmitir mensagem a públicos específicos ou gerais.

Neste nível ocorrem muitos ruídos pela distância entre fontes e receptores.

Outro fator que gera grande influência na eficácia da disseminação da informação e

construção do conhecimento está relacionado aos fluxos da comunicação. Segundo autor,

essa complexidade depende do tipo de Organização, podendo aduzir que companhias

complexas com variados graus de hierarquias, apresentem mais ruídos no processo

comunicativo, quando que as companhias menos complexas, com pequena variedade de

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graus hierárquicos, tendem apresentar poucos ruídos no processo comunicativo. De acordo

com o autor, são os fluxos da comunicação que constituem os caminhos, os desvios, e os

degraus porque atravessa a informação dentro de uma Organização.

O primeiro fluxo de informação, que tem causado gargalo nos canais de

comunicação é o fluxo descendente. Nesse fluxo, o qual a informação vem de cima para

baixo, seus padrões são mais formais e freqüentemente, em excesso. Quando ocorre entre

a cúpula – entre os altos executivos e entre os níveis mais intermediários são mais eficazes,

do que para níveis hierárquicos diferentes. O fator principal, segundo o autor está

relacionado a heterogeneidade sociocultural.

Outro grande entrave do sistema de comunicação neste nível hierárquico diz respeito

à retenção das informações pelas chefias intermediarias. Por mais contraditório ao conceito

de gestão de conhecimento que possa parecer, neste nível, ainda existem aqueles que

acham que os “donos da informação” detêm o poder. E que, por isso, imaginam que, se

repartirem o que sabem com os subordinados, dividem o poder com eles por meio da

partilha da informação.

O segundo fluxo gerador de gargalos é o ascendente, ou seja, de baixo para cima –

tendem a ser menos formais. São mais lentas quando veiculadas para cima.

Estatisticamente, segundo autor, pode-se prever cerca de 80% a 90% de

informações de fluxo descendente e entre 10% a 20% de fluxo ascendente.

Para uma empresa que visa um ambiente colaborativo e que está em busca da

elevação do seu capital intelectual, o percentual que representa a freqüência do fluxo de

comunicação ascendente pode ser um bom indicador de que será difícil elevar o valor do

capital intelectual de uma organização.

O terceiro fluxo é muito estratégico para efeitos de ajuste e integração de propósitos

com vistas à execução de metas. No fluxo lateral, o grande problema de gargalo se dá por

conta da síndrome do “esconderijo” de informações. Neste fluxo, os colaboradores

acreditam que não devem fornecer tudo que se passa em certas áreas ou setores, pois

acreditam que com isso eles podem diminuir seus poderes competitivos.

É importante destacar que, tanto no fluxo lateral quanto no descendente e

ascendente, quem trabalha de maneira mais aberta, tem menos probabilidade de ter

problema de comunicação.

O ultimo fluxo que pode gerar obstáculo entre a fonte de informação e o receptor é o

fluxo diagonal. Neste, há troca de mensagens entre um superior e um subordinado de áreas

diferentes e é comum em organizações mais abertas, menos burocráticas e com forte peso

nos programas interdepartamentais.

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Apesar de não mencionados, necessariamente em todos os outros fluxos mesmo

servindo muitas vezes de gargalos, também tem seus pontos positivos. No caso do

diagonal, a rapidez, tempestividade e transparência, podem ser muito positivos no processo

decisório. Mas, não diferente dos outros fluxos, este tem ruídos provocados pelo famoso by

pass (termo inglês que deu origem ao neologismo baipassar, que significa passar por cima,

ultrapassar chefia imediata).

Na seqüência dos fatores que interferem na eficácia da disseminação do

conhecimento por meio da comunicação organizacional, aparecem os canais. São visíveis e

apreciáveis as diferenças técnicas entre os canais de comunicação. Uns são tempestivos

(como os e-mails via internet), rápidos (como os boletins noticiosos), simultâneos (como as

conversas pessoais ou telefônicas); outros são mais lerdos e complexos (como os canais

impressos, os jornais e as revistas). Alguns permitem ampla visibilidade, difusão e sentido

de atração (reuniões gerais, eventos, convocações, comunidades oficiais de impacto, etc.);

outros são seletivos, destinando-se a receptores específicos e privilegiados (relatórios

técnicos e confidenciais para determinada faixa de publico). Quando há uma escolha

equivocada de um canal para coletar, armazenar e transmitir uma informação, seguramente

a possibilidade de gerar conhecimento é limitada.

9. Tecnologia da Informação

A dinâmica e constante evolução tecnológica que sofre o mundo, as organizações e

as pessoas atingem praticamente todas as atividades e favorece a veiculação livre e rápida

de grande volume de informações por diversos meios de comunicação, principalmente pela

rede de computadores. A grande velocidade de evolução da área de tecnologia da

informação (TI), segundo Schreiber et al. (2002), em vista da necessidade de tecnologias

padronizadas e eficientes na melhoria da qualidade dos processos e de modelos práticos e

ágeis. Esses autores destacam dois elementos-chave para dirigir este processo:

• O rápido crescimento da rede mundial de computadores (“world wide web (www) ou

internet”, que estabeleceu uma infraestrutura de compartilhamento do conhecimento;

• A identificação do conhecimento como capital impreterível na cadeia de produção,

além de outros capitais do conhecimento.

Destaca-se a forte abrangência das TICs quanto a organização, disseminação,

armazenamento, tratamento e uso de informações, assim como para a criação e

- 51 -

compartilhamento de conhecimentos. Seu apoio vem se tornando fundamental para a

operacionalização da gestão do conhecimento, por meio de sistemas e ferramentas de

software, possibilitando atividades como as de seleção, refinamento e compartilhamento de

informações entre os membros da organização.

A seguir, procura-se destacar a participação das TICs no ambiente organizacional,

bem como os principais sistemas e ferramentas utilizados que se adéqüem ao contexto

deste trabalho.

9.1. As Tecnologias da informação e comunicação: o papel nas organizações

As TICs podem ser representadas por uma gama de elementos como computadores,

telecomunicações, dispositivos eletrônicos entre outros

Segundo Takahashi (2000), a tecnologia da informação e a comunicação de dados

são constituídas por um conjunto de sistemas e equipamentos que apresentam funções de

tratamento, organização e disseminação de informações.

Para Foina (2001, p. 21), as TICs constituem um “conjunto de métodos e

ferramentas, mecanizadas ou não, que se propõe a garantir a qualidade das informações

dentro da empresa”. Numa visão mais abrangente, Rabaca e Barbosa (2001, p. 709)

definem as TICs como “conjunto de conhecimentos, pesquisas, equipamentos técnicos,

recursos e procedimentos relativos a aplicação da informática em todos os setores da vida

social, economia, administração, entretenimento, educação e telecomunicações”.

Já Resende e Abreu (2001, p. 76), compreendem as TICs como “recursos

tecnológicos e computacionais para geração e uso da informação.” Para Rosini e Palmisano

(2003), as TICs representam uma variedade de hardwares e softwares no qual provêem a

coleta, processamento, armazenamento e acesso a números e imagens para controle de

equipamentos e processos de trabalho, assim como permitem conectar pessoas, funções e

escritórios dentro das organizações e fora delas.

Os autores Spohr e Sauvé (2003) mencionam que as TICs surgiram através da

junção das funcionalidades das áreas de informática e telecomunicações, tornando-se uma

ferramenta de grande utilidade para toda e qualquer área. Segundo Spohr e Sauvé (2003,

p.5), as TICs se caracterizam por ser “um processo de transformação dos conceitos,

conhecimentos e equipamentos das áreas de Informática e Telecomunicações, em

aplicações úteis a todas as outras áreas em todo e qualquer contexto, onde elas (as TICs)

possam ser efetivamente aplicadas”.

- 52 -

A partir de tais definições, pode-se observar que as tecnologias da informação e

comunicação compreendem o conjunto de recursos não humanos representados por

equipamentos advindos das áreas de informática e telecomunicações, os quais possibilitam

o armazenamento, processamento e comunicação da informação, sendo capazes de

executar um conjunto de tarefas de forma integrada. Uma forte característica das

tecnologias da informação e comunicação está em apresentar um ciclo de vida cada vez

mais curto, visto que constantemente novas versões impregnadas em equipamentos de

hardware e software surgem oferecendo em pouca amplitude temporal, novos recursos e

funcionalidades.

Acompanhando o processo de desenvolvimento tecnológico, as TICs interferem cada

vez mais nas atividades das organizações promovendo a quebra de paradigmas no sentido

de permitirem diferentes formas de tratamento da informação e possibilitando meios

alternativos de comunicação no âmbito inter e intra-organizacional. Segundo os autores

Spohr e Sauvé (2003, p.5), “a tecnologia da informação e comunicação quebra barreiras e

se permite disponível e acessível a todos os segmentos que necessitem de informação e

comunicação com completa integração”.

As tecnologias da informação e comunicação segundo Rosseti e Morales (2007,

p.124) podem ser utilizadas nas organizações com o objetivo de

acompanhar a velocidade com que as transformações vêm ocorrendo no mundo; para aumentar a produção, melhorar a qualidade dos produtos; como suporte à análise de mercados; para tornar ágil e eficaz a interação com mercados, com clientes e até com competidores. È usada como ferramenta de comunicação e gestão empresarial, de modo que organizações e pessoas se mantenham operantes e competitivas nos mercados em que atuam.

Os autores Terra e Gordon (2002) destacam que com a explosão das tecnologias da

informação e comunicação, estas provocaram de fato mudanças nos negócios

organizacionais alterando conceitos quanto ao tratamento dos fluxos de informação, além de

permitirem a interação dos diversos atores envolvidos em sua cadeia produtiva, promovendo

maior participação entre os mesmos.

As autoras Oliveira e Bertucci (2003) reforçam esse conceito, afirmando que o papel

das TICs é de propiciar às organizações um fluxo de informação interno e externo

organizado e dinâmico.

A evolução da tecnologia da informação e comunicação nas organizações pode ser

observada na figura 11. As tecnologias passaram a ganhar espaço no meio empresarial

especialmente a partir da década de 1980 com o intuito de tratar, obter e utilizar informações

- 53 -

de forma estratégica. Spohr e Sauvé (2003) comentam que com a crescente compreensão

de valor da informação no meio organizacional, o seu uso estratégico tendo como apoio as

tecnologias da informação e comunicação, as organizações passaram a ter melhores

condições de atuar no mercado face aos desafios impregnados no turbulento e competitivo

mundo globalizado.

Seguindo esse argumento, os autores Spohr e Sauvé (2003) observam que a

tecnologia da informação e comunicação passou a ser vista nas organizações como um

recurso capaz de alavancar sua competitividade, auxiliando-as no sentido de manipular as

informações de maneira mais rápida e eficiente, criando assim um diferencial estratégico e

competitivo.

Figura 11: Evolução da tecnologia da informação e comunicação nas organizações

Fonte: Adaptada com base em Rossetti e Morales (2007).

Nesse contexto, as TICs (figura 11) passaram a ser inseridas nos processos de

negócios sendo utilizadas como meio de suporte facilitando a criação, disseminação,

monitoração, controle e armazenamento de informações, auxiliando também no processo de

tomada de decisão dos gestores.

A dinâmica do cenário econômico cada vez mais competitivo impulsionou as

organizações a perceberem os ativos da informação e do conhecimento como os bens de

maior valor (ROSSETTI; MORALES, 2007). Tendo em vista esse contexto, as organizações

inseridas nesta economia passaram a se preocupar não apenas com os ativos da

informação, mas também os do conhecimento. Nessa perspectiva, as organizações

- 54 -

precisaram se adequar e atualizar seus modelos de negócios no sentido de terem uma infra-

estrutura e métodos de gestão alinhados a seus processos.

O ambiente organizacional regido a partir da combinação da informação,

conhecimento e seus fluxos como elementos chaves para a evolução organizacional, com o

advento tecnológico passou a relacioná-los sinergeticamente com os processos que

compõem o contexto organizacional, especialmente com as pessoas que atuam neste. As

tecnologias da informação e comunicação caracterizadas inicialmente pelos sistemas de

informação possuem importante papel no sentido de ajudar, facilitar e propiciar eficiência

nos processos (decisórios, produtivos, entre outros); além de tratar e estruturar a informação

no meio organizacional.

Com o surgimento das tecnologias mais recentes, sobretudo das redes de

computadores (Internet, Extranet e Intranet), um novo cenário amparado pelas tecnologias

da informação e comunicação passou a fazer parte das organizações baseando-se na

disseminação e acessibilidade das informações, bem como no apoio a criação de

conhecimento, representado pelo produto da informação analisada.

Diante desta perspectiva, as TICs voltaram-se no contexto organizacional para, além

de apoiar a gestão eficiente da informação, sustentar as práticas que envolvem os

processos de conhecimento provendo meios que promovam a interatividade, a colaboração,

a criatividade, a troca de experiências e idéias entre os colaboradores, a fim de facilitar a

inovação, a aprendizagem e, por fim, a gestão do conhecimento organizacional.

Essa abordagem vai ao encontro de Pereira (2002, p.158), a qual afirma que:

informação e conhecimento são elementos-chave da nova gestão empresarial, e cabe aos gerentes e dirigentes das organizações a busca por formas mais eficientes de obtê-los e disponibiliza-os. Daí decorre a ânsia vivida nos últimos anos pela absorção de novas técnicas e o conseqüente aumento na aquisição de novas tecnologias pelas organizações.

A tecnologia das redes facilitou o compartilhamento de relatórios, projetos, idéias em

diversos setores internos das organizações como departamentos de marketing, produção,

recursos humanos dentre outros, bem como com atores externos como clientes e

fornecedores, permitindo maior interação entre os atores da cadeia produtiva, eliminando

qualquer tipo de barreira geográfica.

Com a criação desse contexto colaborativo, os autores Rossetti e Morales (2007)

observam que o impacto do desenvolvimento intensivo de novas tecnologias possibilitou o

surgimento de novas formas de redes de organizações, as quais se baseiam em redes

informais dentro e entre organizações.

- 55 -

Desde então, as tecnologias da informação e comunicação passaram a ser

associadas a qualquer atividade das organizações como importante instrumento de apoio à

transferência e incorporação do conhecimento em seus produtos, processos e serviços.

9.2. A Tecnologia da Informação e comunicação na Gestão do Conhecimento

A partir do momento em que o conhecimento ganhou destaque e passou a ser o

principal elemento gerador de vantagem competitiva sustentável, as tecnologias da

informação e comunicação foram remodeladas para que o mesmo fosse introduzido e

incorporado no ambiente das organizações a fim de que colaborasse para um melhor

desempenho organizacional. A crescente utilização da TIC vem possibilitando aos gestores

auxílio na seleção de informações relevantes além de apoiar os processos que permeiam a

gestão do conhecimento.

Por meio da TIC, pode-se prover a dinamização e o gerenciamento dos fluxos de

conhecimento embutidos nos processos organizacionais de modo que estruturas (ou redes)

voltadas ao conhecimento sejam construídas. Nesse sentido, ambientes são estabelecidos

visando a conexão entre as informações e os conhecimentos dispersos no meio

organizacional para que num processo sinergético, através da interação social, sejam

criados novos conhecimentos. Dessa forma, a TIC buscam auxiliar as organizações

incrementando seus processos de negócios, tornando-os eficientes através da adoção de

novos conhecimentos e orientando-os ao aprendizado contínuo. Drucker (1994) destaca a

relação entre TIC e o conhecimento, compreendendo que ambos podem impulsionar e

adicionar valor ao negócio da organização, sobretudo colaborando na geração de novos

produtos e serviços.

Para os autores Rossetti e Morales (2007), o papel da TIC frente à gestão do

conhecimento consiste em ampliar o alcance e acelerar a velocidade de transferência do

conhecimento. Segundo Rossetti e Morales (2007, p. 133), a função da TIC é “identificar

e/ou desenvolver e implantar tecnologias e sistemas de informação que dêem apoio à

comunicação empresarial e à troca de idéias e experiências. Isso facilita e incentiva as

pessoas a se unirem, a tomarem parte de grupos.”

Tais tecnologias, se integradas à gestão do conhecimento podem contribuir em razão

de estabelecer uma maior sustentabilidade em cada uma das atividades e processos que

envolvem a gestão do conhecimento destacados por Leornard-Barton (1998) e Probst, Raub

e Romhardt (2002): identificação, retenção, aquisição, utilização, desenvolvimento e

distribuição. Terra (2000) comenta que a associação entre a tecnologia de informação e

- 56 -

comunicação e gestão do conhecimento está relacionada ao uso de sistemas de

informação, principalmente para a seleção e compartilhamento de informações ou

conhecimentos afetando os processos de geração, difusão e armazenamento de

informações nas organizações. Conforme tabela 5 que mostra evolução dos sistemas de

informação.

Tabela 5: Evolução dos Sistemas de Informação

Percebemos que cada fase de operação, sistemas tem apoio de outras estruturas ou

ferramentas essenciais para a eficiência e eficácia de suas funções, conforme tabela acima

Carvalho e Tavares (2001) compreendem que as tecnologias da informação e

comunicação são fundamentais na gestão do conhecimento, no sentido de assegurar a

agilidade e confiabilidade no acesso às informações necessárias para a produção do

conhecimento e a sua distribuição.

Oliveira (2003, p.113.) afirma que “As TICs manipulam a informação, agregando

valor (produtos e serviços), seja por meio de seu armazenamento ou, principalmente pela

sua difusão”. O mesmo autor complementa dizendo que as TICs permitem tornar concreto

os ativos intangíveis da organização (informação e conhecimento), seja provendo

mecanismos de armazenamento de forma ilimitada, ou pela disseminação que hoje

potencialmente não possui fronteiras.

Pode-se mencionar que as TICs de fato, atuam como um instrumento facilitador e

agregador para a gestão do conhecimento, pois apóia seus processos proporcionando maior

- 57 -

consistência a suas etapas, possibilitando a seleção de informações advindas do ambiente

interno e externo, assim como também promove um contexto favorável para a criação de

novos conhecimentos a partir da interação social potencializando a comunicação entre as

pessoas.

A aplicabilidade das diversas ferramentas tecnológicas pode contribuir no

desenvolvimento de uma maior interatividade entre as pessoas, estimulando e dinamizando

o fluxo de conhecimento no contexto organizacional, no entanto, a essência para a criação

do conhecimento depende das pessoas devido ao fato de que o conhecimento, ao contrario

da informação é único, concebido e analisado pelas pessoas mediante processos cognitivos

através de insights, instintos, idéias e experiências.

Para que ocorra o processo de criação do conhecimento organizacional, os autores

Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que as informações tanto no ambiente interno como do

externo devem ser obtidas e posteriormente selecionadas para agregar conhecimento à

organização visto que vivencia-se um momento de explosão de informações.

Com o desenvolvimento tecnológico, os sistemas de informações assumem um

importante papel tratando do grande volume informacional, captando, classificando e

codificando as informações internas e externas. Desse modo, tais sistemas identificam e

tratam as informações para que posteriormente as mesmas sejam acessadas, disseminadas

e analisadas. Deitos (2002) diz que as informações para contribuírem efetivamente para a

capacitação da empresa, é preciso que circulem e as pessoas sejam incentivadas e

estimuladas a utilizá-las em seu processo decisório. Assim, após o tratamento das

informações, as mesmas são compartilhadas a fim de que sejam utilizadas servindo de base

para tomada de decisões e a partir de um determinado contexto, estimulem a formação de

novos conhecimentos e conseqüentemente de novas idéias. Por sua vez, a existência de

um contexto voltado às práticas participativas e orientadas para o compartilhamento pode

potencializar a geração de idéias e a solução de problemas. Deitos (2002, p.108) também

ressalta a importância de estabelecer políticas para circulação do conhecimento e da

informação. Ela compreende que tais políticas podem ser apoiadas pelo uso da tecnologia

da informação em um ambiente colaborativo:

Na atualidade estas políticas podem ser apoiadas por sistemas informatizados que possibilitam a documentação dos conhecimentos e competências e uma maior rapidez e acesso aos dados armazenados. Mas isto só se torna real se as pessoas envolvidas no processo estiverem suficientemente motivadas e conscientes da necessidade e dos benefícios na troca de conhecimentos e informações. Nesse sentido o desafio envolve a própria cultura da empresa, e os seus modos de gestão.

- 58 -

A autora finaliza dizendo que o compartilhamento e expansão do conhecimento

organizacional deve ser fomentado através de um ambiente favorável à troca de idéias e ao

trabalho em grupo. Dessa forma, tais ações poderão construir, manter e proteger a base de

conhecimentos e competências da empresa.

Um ambiente colaborativo voltado para o compartilhamento do conhecimento

também é defendido pelos autores Nonaka e Takeuchi, (1997), no qual destacam a

importância da interação entre as pessoas, visto que novos conhecimentos são criados

quando ocorre a troca de conhecimentos de cada individuo (tácito e explicito) e entre

indivíduos (a nível intra e interorganizacional). Para os autores, o processo fundamental

para a criação do conhecimento organizacional deve ser intensivo em nível de grupo.

Nessa perspectiva, as tecnologias da informação e comunicação a partir de diversas

ferramentas como portais corporativos e ferramentas groupware, apóiam os modos de

conversão do conhecimento organizacional conforme apontam os autores Davenport e

Pruzak (1998, p.151) “a função principal das tecnologias da informação e comunicação é

estender o alcance e aumentar a velocidade e transferência do conhecimento.” Almeida

(2002, p.76) acrescenta destacando que:

O desafio da tecnologia da informação é permitir a identificação, o desenvolvimento e a implementação de sistemas de informação que possam apoiar a comunicação empresarial e a troca de experiências de maneira a facilitar e incentivar a união das pessoas em redes informais.

Diante de tais observações, constatou-se que as tecnologias da informação e

comunicação constituem um meio importante para incrementar o conhecimento

organizacional, dinamizando a comunicação entre as pessoas a fim de viabilizar a

ocorrência dos modos de conversão do conhecimento assim como sua gestão.

9.3. Ferramentas Tecnológicas de Apoio a Gestão do Conhecimento

A Internet e as intranets, entre outras aparecem no cenário da tecnologia da

informação como ferramentas de apoio estratégico ao conhecimento. Nessa mesma linha,

“novas tecnologias de informação e comunicação” têm surgido como forma de “extração do

conhecimento” explícito, interoperabilidade (principalmente como sistemas abertos,

habilidade de intercambiar e transmitir dados, informações e conhecimento, uniformidade na

interação com o usuário e a construção de interfaces customizáveis), “análise de redes”,

“governo eletrônico” e tantas outras. A exemplo dessa pequena amostra de evolução da

tecnologia da informação e comunicação cresce exponencialmente o número das chamadas

- 59 -

“ferramentas de gestão do conhecimento”, como: APIs – Aplicativos de Interfaces

Padronizadas; BI – Business Intelligence; COINS – Communities of Interests Networks

(Redes de Interesses de Comunidades); CRM – Customer Relationship Management;

CSCW – Computer Supported Cooperative Work (Trabalhos colaborativos apoiados por

computador); EIPs – Enterprise Information Portals; EISs – Executive Information System;

ERP – Enterprise Resources Planning; ETD – Engagement Team Database (Banco de

dados de comprometimento de grupos); GED – Gerenciamento de documentos; PdCCs –

Portais de conhecimentos corporativos; SGC – Sistemas de Gestão de Conteúdos;

Forecasting e Technology Assessment, entre tantas outras. Observa-se, pois, que há

incessante busca pela tecnologia como instrumento de extração do conhecimento humano;

de incorporação desse conhecimento, tanto na cultura quanto nos processos de gestão

organizacionais e até como forma de gestão do conhecimento (GC). Embora se trate de

excelente recurso e valioso suporte à GC, convém lembrar que só a tecnologia não é

suficiente.

A Gestão do Conhecimento vai além da simples utilização de ferramentas de TI,

deve ocupar-se de outros fatores intrinsecamente ligados a características humanas, muitas

das quais impenetráveis pela tecnologia, apesar de ainda pouco exploradas. Enquanto a

tecnologia da informação e comunicação começou a ser utilizada pelas organizações na

década de 1950, o conceito de estão do conhecimento, segundo Sveiby (2003, p.3), surgiu

no início da década de 1990, a partir do período, segundo o autor, “a gestão do

conhecimento não é mais uma moda de eficiência operacional. Faz parte da estratégia

empresarial”. Sob a ótica da economia do conhecimento, em contraposição à economia

industrial, por exemplo, surge a preocupação com a gestão desse novo capital – O

Conhecimento.

A internet surgiu a partir de pesquisas militares nos períodos áureos da Guerra Fria.

Na década de 60, quando dois blocos ideológica e politicamente antagônicos exerciam

enorme controle e influência no mundo, qualquer mecanismo, qualquer inovação, qualquer

ferramenta nova poderia contribuir nessa disputa liderada pela União Soviética e por

Estados Unidos: as duas superpotências compreendiam a eficácia e necessidade absoluta

dos meios de comunicação.

A Internet chegou comercialmente ao Brasil em torno de 1995 através de acesso via

Embratel, e através de outros provedores, em geral antigos BBS que se transformaram em

provedores nos anos seguintes.

O HTML também foi criado por em uma estação NeXTcube usando o ambiente de

desenvolvimento NeXTSTEP. Na época a linguagem não era uma especificação, mas uma

- 60 -

coleção de ferramentas para resolver um problema de Tim: a comunicação e disseminação

das pesquisas entre ele e seu grupo de colegas. Sua solução, combinada com a então

emergente internet pública (que tornaria-se a Internet) ganhou atenção mundial.

As primeiras versões do HTML foram definidas com regras sintáticas flexíveis, o que

ajudou aqueles sem familiaridade com a publicação na Web. Atualmente a sintaxe do HTML

é muito mais rígida, permitindo um código mais preciso. Através do tempo, a utilização de

ferramentas para autoria de HTML aumentou, assim como a tendência em tornar a sintaxe

cada vez mais rígida. A linguagem foi definida em especificações formais na década de

1990, inspiradas nas propostas originais de Tim Berners-Lee em criar uma linguagem

baseada em SGML para a Internet.

Os sites eram esteticamente muito simplistas, em geral tinham fundo branco ou

cinza, com muitos textos. No ano seguinte, em 1997, a Internet se tornou uma verdadeira

“caça ao tesouro”, quando profissionais de diversas áreas deixaram seus empregos para

trabalhar com a construção de sites mais dinâmicos e melhores esteticamente. Em 2001 a

questão da Usabilidade e Acessibilidade ganharam fôlego, foi como se descobrissem de

uma hora para outra que o elemento mais importante na Internet era o usuário. Este foi o

ponto de partida para a chamada Web 2.0, que é um termo criticado por especialistas. O

termo web 2.0 foi apropriado do nome de um evento de Tim O’Reilly, o evento chamava-se

web 2.0 e tratava das novas tendências da Internet. Esta chamada revolução web 2.0

trouxe mais alguns benefícios como a ascensão, que são padrões de desenvolvimento para

internet que tornam os sites acessíveis a partir de qualquer dispositivo, o que está sendo

utilizado largamente na gestão do conhecimento.

Atualmente usamos a internet, as extranets e as intranets como a principal

ferramenta de disseminar o conhecimento no ambiente corporativo, utilizando

principalmente ferramentas colaborativas, como: wiki, portais, blogs, fóruns, redes sociais

entre outros.

O wiki é uma termologia havaiana que significa “rápido” e que tem se popularizado

como uma ferramenta simples e eficaz de edição de textos colaborativos. Foi criado por

Ward Cunningham, que disponibilizou pela primeira vez em 1995 e chamado originalmente

de Portland Pattern Repository. O objetivo de Cunninghan era desenvolver um site onde os

próprios usuários gerassem conteúdo. Com o sucesso do desenvolvido, diversos clones

surgiram com objetivo de retenção de conhecimento fornecido pelos próprios usuários e

para a gestão do conhecimento em empresas e instituições educacionais.

No livro The Wiki Way, Leuf e Cunningham (2001, p. 14) definem um Wiki como

“uma coleção livremente expansível de páginas web interligadas num sistema de hipertexo

- 61 -

para armazenar e modificar informações de um banco de dados, onde cada página é

facilmente editada por qualquer usuário com um browser”.

Uma das mais notáveis realizações baseadas no princípio wiki é a Wikipédia, uma

enciclopédia on-line que organiza 3,5 milhões de artigos e mais de 720 milhões de palavras

em 205 idiomas e dialetos. Os artigos são construídos e modificados por voluntários e

muitos de seus artigos são de qualidade inquestionável, pois foi submetido 50 verbetes

científicos para avaliação de especialistas, onde foi constatado que apenas 10% entre mais

de mil doutores ou pesquisadores ligados a revista científica Nature contribuem para a

Wikipédia. Essa avaliação resultou em média quatro revisões para a Wikipédia contra três

para a Enciclopédia Britânica.

Com a rápida divulgação da Wikipédia, muitas pessoas estão familiarizadas com o

conceito wiki. Sérgio Lozinsky (apud MOREIRA, 2006) da IBM, apresenta algumas dicas

sobre o uso de wikis no meio corporativo que utilizam esse sistema ou outras ferramentas

baseadas em internet de cunho colaborativo:

• Massa Crítica – Necessário número significativo de membros capacitados;

• Cultura – Os wikis são ferramentas colaborativas que poderá funcionar se a

organização de fato tiver interesse em consultar e/ou colaborar;

• Atualização – Os conteúdos devem estar sempre atualizados com a realidade

corporativa, para que todos percebam sua eficácia;

• Administração – Designação de pessoas responsáveis pela publicação das

atualizações para aqueles que consultem, pela segurança e ainda a

infraestrutura do projeto;

• Investimentos – Os wikis são softwares livres e podem ser hospedados em

servidores de baixo custo, por isso possui uma infraestrutura barata, mas

precisa dispor dos recursos humanos que fiquem responsáveis pelo conteúdo

e pelo funcionamento do sistema.

Os sistemas wikis permitem criar espaços interativos para que ocorram a gestão do

conhecimento de uma forma organizada e ampla entre os colaboradores, permitindo criar

uma via de acesso à aprendizagem de processos operacionais em diferentes níveis

hierárquicos e entre diferentes setores.

- 62 -

10. Estudo de Caso

10.1. Estrutura organizacional

A empresa pesquisada possui uma estrutura hierárquica verticalizada com 3 (três)

níveis de gestão: Diretoria, Gerências Executivas e Gerências de Equipe. A diretoria está

dividida em 4 (quatro) especialidades: Presidência, Comercial, Administrativa e Financeira e

Tecnologia e Infraestrutura. Já as gerências executivas estão distribuídas da seguinte forma:

1 (uma) na Presidência, 3 (três) subordinadas a Diretoria Comercial, 4 (quatro) subordinadas

a Diretoria Administrativa e Financeira e 3 (três) subordinadas à diretoria de Tecnologia e

Infraestrutura. As gerências de equipe são subordinadas às executivas, totalizando 24 (vinte

e quatro).

Com esta estrutura, a companhia mostra-se muito hierarquizada e burocrática na

condução de seus processos de trabalho. Cada nível hierárquico possui um grau de alçada

e responsabilidades diferentes, fazendo com que projetos e outras deliberações

administrativas passem a ser discutidos e aprovados em muitas instâncias.

Com tantas interveniências no processo decisório, a empresa não garante a

tempestividade da implantação de ações necessárias para a manutenção de sua vantagem

competitiva.

Adicionalmente, a estrutura organizacional estudada promove certa competição entre

suas diretorias, fator que não agrega em nada a disseminação e retenção do conhecimento

interno. Com a verticalização, a comunicação é feita de forma setorial, não havendo um

padrão de discurso. Somado a isso, foi observado que a falta de integração entre as

gerências executivas e gerências de equipe faz com que o conhecimento gerado em uma

gerência não seja compartilhado com as demais.

10.2. Perfil das pessoas

A empresa conta com aproximadamente 500 (quinhentos) funcionários em seu

quadro de trabalho, sendo 65% (sessenta e cinco por cento) do sexo feminino e 50%

(cinqüenta por cento) do público total com idade de 18 a 30 anos. Com um público jovem, a

empresa apresenta em suas relações pessoais, certo grau de informalidade.

Das pessoas que trabalham nessa companhia, 40% (quarenta por cento) possuem

nível superior completo e 60% (sessenta por cento) cursando faculdade ou nível médio

completo.

- 63 -

No perfil comportamental, destacam as seguintes competências: foco no resultado,

capacidade empreendedora e foco no cliente. Em geral esses colaboradores são

extremamente inteligentes, comprometidos, muito críticos e trabalham bem sob pressão

(típico de mercado financeiro).

Já tecnicamente falando, seus funcionários destacam-se em suas áreas de atuação.

Especialmente, nos segmentos diretamente ligados ao negócio da companhia, os

colaboradores possuem formações técnicas específicas o que garante as competências

necessárias para a realização de suas atividades cotidianas.

Como dito ao longo do trabalho, foi detectado que alguns colaboradores

pertencentes à alta administração e alguns colaboradores, por questões de manutenção da

cultura da empresa, usam as informações que possuem para demonstração de poder e

também para estratégia de negociação.

10.3. Ferramentas tecnológicas usadas para disseminação do conhecimento

A empresa investe fortemente em tecnologia. Cerca de 70% (setenta por cento) dos

processos de trabalho são automatizados contribuindo para a integração entre os

colaboradores e para a gestão do negócio.

Os processos de negócio estão em bases tecnológicas próprias e também em

sistemas fornecidos pelos sócios, sendo, portanto, descentralizado o conhecimento de uso e

manutenção dos sistemas. Já os processos administrativos estão sob plataformas próprias,

o qual a empresa tem total domínio tecnológico de tal modo que as necessidades exclusivas

da empresa são traduzidas em customizações rapidamente.

Na empresa estudada, as ferramentas mais utilizadas para disseminação da

informação são:

• Uso interno: Intranet, email e revista.

• Uso externo: site corporativo e extranet.

A rede interna é protegida naturalmente e seus usuários também têm perfis

diferentes de acesso. As informações ficam disponibilizadas em pastas públicas (diretórios

de rede), onde todos têm acesso, e pastas restritas, onde apenas um grupo tem acesso.

A intranet é estruturada da seguinte forma:

- 64 -

• 1 (uma) página principal contendo espaço para publicação de notícias

internas e externas (o que está acontecendo no mercado) e código de ética.

• 3 (três) páginas complementares, sendo a primeira dedicada às informações

administrativas (exemplo: normas, manuais, procedimentos, etc.), a segunda

exclusiva para a gestão de projetos da companhia e a seguinte para auto-

atendimento, ou seja, contendo informações do funcionário para o mesmo se

autoservir (exemplo: contracheque, pedido de férias, etc.).

A empresa conta também com a publicação de uma revista periódica.

Bimestralmente todos os funcionários recebem a versão impressa que abrange umas

informações institucionais (como resultados financeiros, patrocínios diversos, novos

projetos, etc.), matérias motivacionais, dicas de programa (viagens, leituras, etc.), dicas da

língua portuguesa e principais realizações corporativas, tais como eventos de

endomarketing e ações de prevenção a saúde. Foi observado que este canal de

comunicação, como ferramenta de disseminação do conhecimento, tem se mostrado

ineficaz uma vez que a sua atualização ocorre em intervalos muito distantes, além da

desfavorável relação custo e benefício. Em pesquisas internas realizadas, foi constatado

que diversas matérias publicadas neste canal, não foram assimiladas pelos usuários, pois

os mesmos ficam mais atraídos pelas imagens e fotos de seus colegas de trabalho do que

propriamente o conteúdo associado.

O site corporativo, de acesso controlado, que é disponibilizado aos clientes e ao

público em geral via internet, é um canal pouco explorado nessa companhia. Neste

ambiente é possível a publicação das condições gerais de cada um de seus produtos e

história da empresa. É sabido que a internet é um celeiro de oportunidades de negócio.

Neste contexto, a empresa está aquém do desejado, uma vez que não utiliza seu site

corporativo para comercialização do seu produto e principalmente para se relacionar com

seus clientes. O produto desta empresa é comercializado no site corporativo de seu sócio

majoritário, fator este que dificulta o relacionamento do cliente da empresa direto com seus

clientes, pois o nível de relacionamento está condicionado a política de o acesso de uma

outra empresa, neste caso, o Banco.

As ferramentas tecnológicas dão um apoio imprescindível aos poucos projetos de

gestão do conhecimento, visto que facilitam e incentivam as pessoas a se unirem, a tomar

parte de grupos e a interagir em redes de aquisição e troca de informações, além de

compartilhar problemas, perspectivas, idéias e soluções em seu dia-a-dia. Mas, na

- 65 -

companhia pesquisada isso não tem sido uma realidade absoluta uma vez que a cultura

organizacional tem influenciado significativamente nesse processo.

Um extenso estudo feito por Pereira (2002) sobre as ferramentas tecnológicas que

dão suporte aos processos de gestão do conhecimento apresenta que as ferramentas mais

fortemente relacionadas com o compartilhamento do conhecimento identificado por ele

foram: Agentes Inteligentes, CRM, Internet, Intranet, Extranet, ERP, Groupware, E-mail.

Dessas ferramentas tecnológicas, a mais apontada para a disseminação do conhecimento,

de acordo com a E-Consulting (2004), nas organizações que fazem gestão do conhecimento

é o e-mail, seguida dos fóruns e listas de discussão, devido à simplicidade. Além disso, o e-

mail, os fóruns e as listas de discussão disseminam um conhecimento bem próximo do

formato tácito, devido ao uso de uma linguagem informal, que se aproxima ao máximo do

modo como nós falamos.

Vale dizer ainda que a tecnologia é apenas um meio que possibilita tal

compartilhamento. Ela não é o fim em si mesmo e, portanto não poderá substituir o ser

humano como pensaram os "apocalípticos" da tecnologia. Ou seja, o que precisamos

lembrar é que esta nova tecnologia da informação é somente um sistema de distribuição e

armazenamento para intercâmbio do conhecimento. Ela não cria conhecimento e não pode

garantir nem promover a geração ou o compartilhamento do conhecimento numa cultura

corporativa que não favoreça tais atividades.

10.4. Processo de criação e armazenagem do conhecimento organizacional

Muitos teóricos e profissionais que lidam e estudam os fenômenos relacionados à

informação têm discutido sobre a importância da informação no âmbito organizacional.

Nesse contexto, Davenport e Prusak (1998, p.12) compreendem a informação sob a ótica da

“Ecologia da Informação”, isto é, os autores enfatizam

[...] o ambiente de informação em sua totalidade, levando em conta os valores e as crenças empresariais sobre informação (cultura); como as pessoas realmente usam a informação e o que fazem com ela (comportamento e processos de trabalho); as armadilhas que podem interferir no intercâmbio de informações (política); e quais sistemas de informações já estão instalados apropriadamente (sim, por fim a tecnologia).

Esses autores abordam e discutem a importância da informação no ambiente

organizacional, ou seja, consideram-na elemento essencial a todas as atividades e tarefas

realizadas na organização, bem como a consideram elemento fundamental à construção da

cultura organizacional, ao estabelecimento de um comportamento corporativo dinâmico,

- 66 -

para o uso de tecnologias, para o planejamento e os processos de trabalho, para as

políticas corporativas etc. Assim, a informação perpassa todo o ambiente organizacional,

sendo considerada um importante insumo de desenvolvimento e competitividade

organizacional.

Na abordagem da “Ecologia da Informação” defendida por Davenport e Prusak

(1998, p.14),

“a informação não é facilmente arquivada em computadores [...] quanto mais complexo o modelo de informação, menor será sua utilidade; a informação pode ter muitos significados [...] a tecnologia é apenas um dos componentes do ambiente de informação”.

Nesse contexto, ressalta-se que se considera “modelo de informação”, tanto no

aspecto de sua representação (descrição), quanto no aspecto de seu significado (conteúdo),

fundamental para a recuperação dessa informação à qual o usuário terá acesso, e que deve

ser apresentada de modo a ser compreensível.

Nessa abordagem, os autores se referem aos dados como sendo o que é facilmente

armazenado em computadores (de fácil estruturação), compreendendo a informação como

algo mais elaborado (necessita de um nível de análise). Além disso, o modelo de

armazenagem da informação deve ser simples e útil aos seus usuários, estando de acordo

com suas necessidades.

Atualmente o conhecimento da empresa estudada se encontra de forma restrita aos

funcionários mais antigos e/ou aos líderes setoriais, sendo necessário que o empregado que

desconheça, por exemplo, os procedimentos operacionais, consultem os líderes ou os

funcionários mais antigos. Para esse exemplo, podemos usar uma ferramenta colaborativa

baseada no wiki, pois possui uma grande abrangência por ser um conceito bem difundindo,

baixo custo de implantação, de fácil localização do conhecimento divulgado e a

possibilidade de hierarquizar a divulgação do conteúdo, ou seja, que exista um moderador

que divulgue para a instituição o conhecimento descrito por alguém de seu setor.

10.5. Soluções propostas

Após essa etapa de análise da empresa em estudo, acredita-se que a organização

estudada possui um ambiente favorável à implantação de soluções que fomentem um

ambiente mais colaborativo, facilitando assim a disseminação e compartilhamento do

conhecimento existente nas áreas. Através da vivência e de algumas conversas informais

com os colaboradores pertencentes à esta instituição, percebeu-se que eles sentem essa

- 67 -

necessidade de compartilhar idéias, experiências, de ter acesso mais tempestivo às

informações como processos de trabalhos e procedimentos. Entretanto, para isso, seria

necessária a introdução de um processo que viabilizasse a adoção de algumas práticas de

gestão do conhecimento nesta empresa.

Mesmo os colaboradores possuindo essa pré-disposição à mudança, sabe-se que,

em qualquer circunstância, realizar mudança significa em uma primeira análise retirar o

empregado da “zona de conforto”. Além disso, a implantação de qualquer processo de

mudança está vinculada ao processo de aprendizado e amadurecimento da organização.

Portanto, para tal, será preciso tempo, ouvir mais do que falar, muita tolerância para

explicar, explicar mais de uma vez o que já foi dito, se necessário, e, principalmente,

persistência diante das resistências naturais do ser humano. Ao final, espera-se encontrar

um colaborador envolvido com o contexto, uma vez que percebeu os benefícios efetivos

para a sua área, a ponto de se comprometer com a legitimidade do processo.

E, neste caso, a proposta do estudo prevê que as pessoas sejam os agentes de

mudança para que a organização se transforme. Todavia, ela pode aceitar tranqüilamente a

transformação ou reagir de maneira dura, explicita ou velada. Por isso a proposta de se

iniciar essa mudança cultural sutilmente e sem dar ênfase no meio, mas, especialmente no

fim, que é a criação de um documento com inteligência compartilhada.

Visto que esta empresa possui inúmeras necessidades, conforme descritas durante o

estudo e que estão relacionadas fundamentalmente a uma mudança cultural motivada pela

falta de estruturação e veiculação da informação dentro da organização, conclui-se que a

proposta para a solução deve estar pautada contemplando três estratégias simultâneas,

mas que se complementam entre si (figura 12).

- 68 -

Figura 12: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de comunicação, cultura e

gestão do conhecimento

Fonte: Elaboração própria.

Partiremos do pressuposto que, para trabalharmos com um processo complexo de

mudança, precisa-se ter cautela no que tange o assunto cultura da organização. Para isso,

se utilizará como pano de fundo a inserção de algumas ferramentas de redes sociais no

ambiente corporativo, fomentando a necessidade da criação de uma Política de

Comunicação Interna, em que os autores seriam os próprios colaboradores.

Esta se daria através da disponibilização de premissas básicas de uma política de

comunicação organizacional, com o uso de um Fórum de Discussão. Esse espaço seria

destinado aos colaboradores para que pudessem, de forma livre, a partir de um documento

inicial, postar suas contribuições. Essa ferramenta seria utilizada como uma espécie de

“validador” de idéias pelos colaboradores, ou seja, seria um espaço de captação da

percepção dos colaboradores sobre assuntos da organização. Esse espaço teria como

premissas:

• Liberdade na emissão de opiniões;

• As contribuições não são documentos oficiais;

• Não há anonimato nas contribuições;

• Não existe um validador do conceito.

Caso o tema iniciado tivesse uma repercussão significativa, o mesmo seria levado a

uma outra ferramenta: o blog corporativo. Neste momento, a função do blog seria se tornar

um ambiente de exposição de idéias estruturadas por área, ou especialistas nos assuntos,

para serem testadas, criticadas e/ou aceitas pelos colaboradores. Essa ferramenta também

teria como premissa dar voz às opiniões dos colaboradores, demonstrando a importância da

contribuição, não se colocando em posição de soberania em relação ao conhecimento.

- 69 -

Por fim, após a fase de validação e aceite dos temas tratados, inseriríamos em uma

outra ferramenta colaborativa o resultado dessas discussões. No caso, se adotaria o Wiki

que teria como função principal ser o Repositório dos documentos oficiais, construídos ou

não, nos ambientes colaborativos (Fórum ou Blog). Essa ferramenta gerará uma maior

percepção de “evolução/melhoria” no processo de comunicação interna e gestão do

conhecimento, já que irá auxiliar o colaborador no acesso ao que procura de maneira mais

rápida e efetiva.

E, neste caso, a ferramenta é efetivamente uma das possibilidades que, por criar

espaços interativos para que ocorra a gestão do conhecimento de uma forma organizada e

ampla entre os colaboradores, permite também criar uma via de acesso à aprendizagem de

processos operacionais em diferentes níveis hierárquicos e entre diferentes setores. Com

isso, certamente contribuirá para solucionar uma questão que tem causado bastante

desconforto que é a morosidade na busca das informações. Além disso, a sua efetividade é

indiscutivelmente visível, haja vista ser uma ferramenta de custo zero e de fácil manuseio.

Figura 13: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de comunicação, cultura e

gestão do conhecimento

Fonte: Elaboração própria.

Pode-se perceber que a construção de uma política de comunicação organizacional

é apenas o “mecanismo” utilizado para fazer a organização experimentar o ganho que terá

se utilizarem os benefícios do uso de uma ferramenta colaborativa no debate de assuntos

estratégicos da organização.

Para que a chance de sucesso dessa iniciativa seja potencializada, utilizar-se-á a

área de Recursos Humanos da empresa como piloto do projeto. A escolha da área se deve

- 70 -

ao fato de ser uma área com forte influência organizacional, recepcionar e ser a responsável

pela ambientação do novo colaborador, gerir a capacitação e o desenvolvimento, além de

ser a responsável pela estratégia de mobilização dos colaboradores.

Vale ressaltar, que as soluções propostas visam despertar a organização para um

repensar a respeito de sua cultura organizacional, tendo como base de discussão o seu

modelo de comunicação organizacional e o uso do conhecimento como fator crítico de

sucesso da empresa, já que seu principal produto tem o conhecimento como alto valor

agregado.

Após esta fase experimental, certamente será possível identificar os principais

benefícios que esta empresa obterá ao se adotar ferramentas colaborativas em seu

processo de construção e compartilhamento de conhecimento. Por possuírem uma melhor

forma de organizar e compartilhar conteúdos de um jeito livre e estruturado, as informações

não permanecem em repositórios exclusivamente humanos, circulando na organização e

agregando valor ao negócio.

10.6. A Solução

Neste projeto, as fases de implantação fazem parte do processo de construção de

uma cultura colaborativa, já que a premissa para o sucesso de qualquer projeto desta

natureza é a transformação da maneira de se comportar da organização. A mudança na

forma de se comunicar e de disseminar o conhecimento é fator crítico de sucesso para a

implantação de um processo estruturado de gestão do conhecimento.

Portanto, abaixo traduziremos através de alguns protótipos já criados no ambiente

organizacional, como se darão as interações previstas com a adoção de wikis, blogs e

fóruns para a criação de uma política de comunicação.

- 71 -

Tela Principal:

- 72 -

Pesquisa:

Fórum de Discussão:

- 73 -

- 74 -

Blogs:

- 75 -

10.7. Análise dos resultados do estudo

Para fundamentar o estudo, foi construída uma Matriz SWOT como ferramenta de

apoio na identificação dos pontos Fortes, Fracos, Oportunidades e Ameaças do processo de

comunicação organizacional e gestão do conhecimento da empresa em questão.

Para um melhor entendimento da escolha dessa metodologia, no momento da

elaboração dessa matriz SWOT tivemos que ter cautela na análise dos ambientes externo e

interno à organização. Este cuidado foi necessário porque a organização tem que agir de

forma diferente em um e em outro caso e é muito comum confundirmos os conceitos.

O ambiente interno esta relacionado a tudo que pode ser controlado pela

organização, ou seja, quando percebemos um ponto forte em nossa análise, devemos

ressaltá-lo ainda mais; quando percebemos um ponto fraco, devemos agir para controlá-lo

ou, pelo menos, minimizar seu efeito.

- 76 -

Já o ambiente externo está totalmente fora do controle da organização. Dessa forma,

não podemos controlá-lo, mas talvez monitorá-lo e procurar aproveitar as oportunidades da

maneira eficiente e evitar as ameaças enquanto for possível.

Resumindo, o ambiente externo corresponde às oportunidades e ameaças, enquanto

que o ambiente interno corresponde às forças e fraquezas.

O cruzamento entre os quatro quadrantes, conforme visto no transcorrer do módulo,

fornece insumos para que a organização possa desenvolver melhor suas vantagens

competitivas unindo “oportunidades” e “forças”, por exemplo.

No caso do cruzamento entre “oportunidades” e “fraquezas”, pode-se estabelecer as

bases para modificações no ambiente interno, de modo a poder aproveitar melhor as

“oportunidades”.

O cruzamento entre ”ameaças” e “forças” pode representar a possibilidade de se

investir na modificação do ”ambiente”, de modo a torná-lo favorável à empresa, o que não é

uma tarefa fácil de ser conseguida.

Caso no cruzamento entre ”ameaças” e ”fraquezas” houver situações de alta

relevância para a empresa, provavelmente, trata-se de ocasião para modificações profundas

na empresa, incluindo sua manutenção no próprio negócio.

Seguem abaixo nossos principais resultados decorrentes da aplicação da matriz

SWOT no estudo em questão:

Pontos Fortes:

� Engajamento dos empregados;

� Receptividade para inovação;

� Investimento em Tecnologia;

� Cultura de capacitação;

� Equipe jovem com elevado grau de instrução;

� Renovação no quadro de Gestores.

Pontos Fracos:

� Comunicação interna incompatível com o perfil dos colaboradores;

� Comunicação interna dificultada por depender do conhecimento do empregado

responsável;

- 77 -

� Ausência de uma estrutura de comunicação orientada para o compartilhamento de

conhecimento;

� Iniciativas conflitantes e redundantes de comunicação.

Ameaças:

� Perda de colaboradores com conhecimento do negócio para o mercado.

Oportunidades:

� Iniciativas de gestão do conhecimento para os procedimentos operacionais;

� Utilização de ferramentas de captação de informações de mercado e concorrentes;

� Localização de talentos e planejamento para capacitação e sucessão de

empregados.

11. Considerações Finais

O presente trabalho pode ser considerado um instrumento que irá proporcionar uma

grande mudança comportamental/cultural para a empresa em estudo. A partir da

experiência da criação coletiva de um documento que se tornará oficial, usando para isso

algumas ferramentas colaborativas, trará para o colaborador a certeza da facilidade do

acesso às informações, a disponibilização delas de maneira mais rápida e eficiente e,

sobretudo, a certeza que sua voz foi “ouvida” pela alta administração, acarretando com isso

um sentimento de valorização e motivação.

Somado a esses fatores, a possibilidade de reter o conhecimento adquirido com

estas experiências, certamente irá despertar um novo olhar da alta direção quanto a

necessidade de se ter, no âmbito corporativo, um modelo que foi construído com o objetivo

de analisar, estruturar e direcionar a empresa em busca da sua visão de futuro, a partir de

ações estratégicas, com ênfase na geração de valor a partir da retroalimentação do

conhecimento.

Além disso, essa mudança além de proporcionar satisfação aos colaboradores como

já dito anteriormente, irá despertar indiretamente a otimização dos investimentos em

capacitação, uma vez que o conhecimento adquirido pode ser compartilhado em canais

mais atrativos e de fácil acesso.

- 78 -

O modelo apresentado neste trabalho (figura 14) propõe um novo olhar para a

empresa, através da mudança da cultura em relação ao valor das informações e na troca de

conhecimento no ambiente interno, e quem sabe, em um futuro próximo, no externo.

Figura 14: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de comunicação, cultura e

gestão do conhecimento

Fonte: Elaboração própria.

O que nos impulsionou a ousar em um projeto desta natureza, foi o fato de, ao

termos acesso aos objetivos estratégicos, encontrarmos a Gestão do Conhecimento,como

um dos desafios da companhia.

Embora não tenhamos o “modelo ideal”, acreditamos que, face a cultura vigente na

empresa, a melhor forma de inserir a questão da Gestão do Conhecimento no âmbito

corporativo, é utilizar-se de um projeto piloto, adotando o modelo no segundo semestre de

2010, na área de Recursos Humanos e, ainda em fase de pequenos refinamentos

estratégicos, em uma das áreas de TI.

- 79 -

Desta forma, poder-se-á efetivamente observar como os colaboradores reagirão

operando em ambiente onde a colaboração fosse mais oportunizada.

Além disso, tanto o capital intangível como o tangível da empresa estará sendo

potencialmente elevado, haja vista iniciarmos um despertar da cultura colaborativa como

uma pratica que flui naturalmente, não somente na criação de políticas organizacionais, mas

também para tornar público documentos de interesse organizacional de maneira ágil,

possibilitando uma melhor relação com os clientes internos e externos.

Com a adoção de todas essas medidas também seriam sentidas vantagens no

âmbito do clima organizacional, o qual teríamos como ganho a sensação de transparência e

respeito que a empresa tem com seus colaboradores.

Outro fato que corroborou para a tomada de decisão de seguir o estudo por este

caminho, foi a observação em diversas áreas da organização que já vêm demonstrando

veementemente a necessidade de inserir o assunto gestão do conhecimento na pauta

diária. Todavia, em função do acúmulo de atividades relacionadas com lançamentos de

produtos, revisão de processos e atividades cotidianas de suas áreas, ainda não tiveram

tempo suficiente para sinalizar à alta direção o quanto a empresa se tornaria mais ágil com a

adoção destas soluções, muitas vezes simples, mas efetivas.

Espera-se que a partir de sua implantação, as áreas que possuem influências e

alçadas para propor projetos e/ou mudanças desta natureza sejam capazes de considerar,

ao estabelecer objetivos a serem perseguidos pela organização, o aprimoramento constante

da estratégia de Gestão do Conhecimento, gerando um ciclo contínuo de ajustes e

melhorias no modelo.

A possibilidade de desenvolver um modelo que procurou harmonizar os conceitos de

gestão do conhecimento com os conceitos de comunicação organizacional foi uma

experiência enriquecedora e gratificante pela oportunidade de estruturar, com base em

dados reais, o modelo proposto para uma pequena empresa, porém com uma forte

influência política no âmbito nacional.

Vale ressaltar que este modelo pode ser aplicado em outras organizações de

diferentes tipos e tamanhos.

11.1. Sugestões de melhorias em estudos futuros

O presente trabalho não encerra em si a possibilidade de estudos futuros, visto que o

processo de gestão do conhecimento nesta empresa ainda se encontra em uma fase muito

embrionária. Portanto, se justifica a ocorrência de novos estudos sobre o tema abordado.

- 80 -

Neste sentido, visando o aperfeiçoamento contínuo deste processo, recomenda-se:

• Aplicar uma pesquisa quantitativa e qualitativa para avaliar a percepção dos

colaboradores quanto às possibilidades de uso de ferramentas web para

fomentar a disseminação do conhecimento;

• Acompanhar constantemente a relação custo (tempo) x benefício (velocidade

de acesso às informações) do uso das ferramentas web no aumento de

produtividade;

• Estudar a implantação de um Programa de Incentivo a Disseminação do

Conhecimento como forma de fomentar e manter essa cultura na

organização;

• Analisar a possibilidade de implantar outras formas de gestão da informação

com uso da web para aperfeiçoamento do modelo “piloto”.

- 81 -

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