franz bardon frabato o mago

155
FRABATO O MAGO 1

Upload: caz-zordic

Post on 24-Nov-2015

133 views

Category:

Documents


24 download

TRANSCRIPT

  • FRABATO O MAGO 1111

  • FRABATO O MAGO 2222

  • C O N T E D OC O N T E D OC O N T E D OC O N T E D O

    SobreAutor............................................................................................5

    Captulo I..............................................................................................8

    Captulo II...........................................................................................18

    Captulo III..........................................................................................30

    Captulo IV..........................................................................................40

    Captulo V............................................................................................50

    Captulo VI...........................................................................................64

    Captulo VII.........................................................................................88

    Captulo VIII........................................................................................95

    Captulo IX........................................................................................113

    Captulo X..........................................................................................124

    Captulo XI.........................................................................................143

    Eplogo...............................................................................................161

    InMemoriam......................................................................................153

    FRABATO O MAGO 3333

  • S O B R E O A U T O R

    Franz Bardon nasceu em 01 de dezembro de 1909, em Katherein,

    perto de Opava, na atual Repblica Tcheca. Vindo a falecer em 10

    de Julho de 1958, em Brno, tambm na Repblica Tcheca. F.B

    frequentou a escola pblica em Opava, e logo virou aprediz de um

    mecnico. Seu nome artstico foi "Frabato"; que a abreviao de

    Franz-Bardon-Troppau-Opava.

    A natureza especial deste trabalho exigiu sria considerao antes

    de que pudesse public-lo sob o nome de Franz Bardon; a

    importncia do assunto finalmente decidiu a questo. Para pagar

    tributos verdade, no gostaria de ocultar do leitor o fato de que,

    na realidade, Franz Bardon forneceu apenas o esboo dos fatos

    deste livro. Sendo pressionado pelo tempo, ele deixou toda sua

    concluso e embelezamento sua secretria, Otti Votavova.

    Infelizmente, o manuscrito pstumo de Bardon no ficou pronto

    para impresso, e portanto, tive que reconsiderar.

    Gostaria de passar algumas das informaes que, de acordo com

    Otti Votavova, ela recebeu diretamente de Franz Bardon: Segundo

    ela, Adolf Hitler era um membro da Loja 99. Alm disso, Hitler e

    alguns de seus confidentes eram membros da Sociedade Thule, que

    era simplesmente o instrumento externo de um grupo de poderosos

    magos negros tibetanos que usaram esta sociedade para seus

    prprios propsitos. Hitler tambm empregou uma srie de duplas

    em vrias ocasies como camuflagem.

    Franz Bardon atraiu a ateno dos Nazistas pela negligncia de

    seu aluno e amigo: Wilhelm Quintscher (Rah Omir Quintscher).

    Quintscher no teria destrudo sua correspondncia com Bardon,

    embora tivesse sido solicitado por Bardon a assim fazer; e foi assim

    que os nacional-socialistas tornar-se informados sobre ele.

    Enquanto eles eram chicoteados, Quintscher perdeu o controle.

    Ele proferiu uma frmula cabalstica, no qual os torturadores

    ficaram completamente paralisados imediatamente. Mais tarde,

    FRABATO O MAGO 5555

  • quando ele neutralizou o efeito da frmula, acabou sendo baleado

    por vingana.

    Foi oferecido altos cargos no Terceiro Reich de Adolf Hitler para

    F.B, mas exceto em troca de sua ajuda na vitria da guerra com

    suas habilidades mgicas. Ademais, Adol Hitler esperava que Franz

    Bardon revelasse a localizao das outras 98 loja ao redor do

    mundo. Quando recusou-se a ajudar, foi exposto a mais cruel das

    torturas. Entre outras coisas, Cirurgias foram realizadas em F.B

    sem ele estar anestesiado. Forjaram anis de ao em volta de seus

    tornozelos e fixaram pesadas bolas de ferro neles.

    Franz Bardon compartilhou o destino de seus companheiros de

    priso em campos de concentrao nazistas durante trs anos e

    meio. Em 1945, pouco antes da guerra terminar, ele foi

    sentenciado morte. Contudo, antes da sentena poder ser

    realizada, a priso em que ele estava foi bombardeada. Frabato foi

    resgatado do edifcio profundamente danificado por alguns

    prisioneiros russos e conseguiu se esconder da polcia em seu pas

    natal at o final da guerra. Ento, ele voltou sua vila natal.

    Aps a guerra, Franz Bardon usou suas habilidades mgicas para

    determinar que Adolf Hitler fugira ao exterior, e que ele havia

    passado por uma srie de cirurgias no rosto para no ser

    reconhecido.

    As fotografias de Hermes Trismegisto, Lao Tse, Mahum Tah-Ta e

    Shambalah apresentadas neste volume foram publicadas

    originalmente no livro "Das Buck vom Buddha das Westens", de

    Hans Albert Muller (Verlag der Ordens des Weltvollendung, 1930).

    Este fato tornou-se conhecido a mim recentemente; estas fotos

    foram primeiro pintadas por um artista medinico pelo espelho

    mgico de Franz Bardon.

    Este o fim do relato dos fatos de Otti Votavova. Em muitos anos

    de minha convivncia com ela, fui capaz de me convencer de seu

    amor de verdade. Em seu livro" A Prtica da Evocao Mgica",

    Franz Bardon escreveu em detalhes acerca do fato que certas

    desvantagens devem sempre ser tomadas em conta quando

    qualquer espcie de pacto feito. Qualquer um que tenha estudado

    cincias ocultas meticulosamente no encontrar dificuldades em

    julgar lojas, ordens, seitas e grupos. Deve-se sempre estar em

    extrema guarda, sempre que o dinheiro ou juramentos so exigidos

    FRABATO O MAGO 6666

  • em troca de instruo espiritual, e onde quer que os segredos

    sejam guardados pelos graus mais altos e escondidos dos

    inferiores.

    As evidncias ao tocante dos eventos relatados neste livro sero

    reservadas s pessoas treinadas e desenvolvidas espiritualmente. A

    humanidade dever resignar-se ao fato de que uma grande

    quantidade de provas relativas ao funcionamento de nosso cosmo

    s podem ser efetuadas atravs dos meios espirituais.

    Wuppertal, Junho 1979, Dieter Rggeberg.

    FRABATO O MAGO 7777

  • C A P T U L O IC A P T U L O IC A P T U L O IC A P T U L O I

    O abarrotado auditrio do clube foi tomado por intensa agitao

    devido ao suspense que a primeira parte do programa despertou, gerando

    uma acalorada discusso:

    "Quem este Frabato?"

    "Aqui esto os fatos, afinal!"

    "Isso tudo no passa de truque e iluso!"

    Poderia algum desconfiar dos prprios sentidos? Uma mistura de

    alegria e entusiasmo preencheu a mente de todos e quando o som do sino

    marcou o fim do intervalo, a platia rapidamente acomodou-se, diminuindo a

    conversao. Ao tempo em que as luzes apagavam-se no auditrio, a cortina

    do palco subiu lentamente. O cenrio dava poucos indcios de que um

    mgico iniciaria sua apresentao, devido ausncia do tradicional aparato

    dos shows de mgica. Um grande lustre de cristal iluminava o palco, no

    centro do qual havia uma mesa redonda coberta por uma toalha de brocado

    azul-escuro. Dez cadeiras dispostas atrs da mesa formavam um semi-

    crculo, enquanto direita, o pblico podia ver uma solitria poltrona.

    Frabato entrou calmamente, saudando a platia com uma informal

    reverncia. Apesar do tom srio conferido pelo smoking, seu sorriso

    simptico colocava vontade os que normalmente aterrorizavam-se com

    experincias mgicas. Quando os aplausos diminuram, dirigiu-se ao pblico:

    FRABATO O MAGO 8888

  • "Senhoras e senhores - Aps explicar a vocs na primeira parte do

    programa, os fundamentos da sugesto e auto-sugesto e t-los

    demonstrado, gostaria de passar agora a outro tema. O magnetismo animal

    de grande importncia prpria existncia da humanidade. Sendo assim,

    no gostaria de negligenciar a oportunidade de introduzir este poderoso

    conhecimento a vocs... Tudo neste mundo controlado por foras eltricas

    e magnticas. No entanto, a capacidade que determinadas substncias tm

    de acumular e conduzir essas foras varia muito. Este conhecimento de

    grande importncia quando confeccionamos amuletos - mas por ora no

    entraremos nessa questo. Ao invs disso, explicarei a essncia do

    magnetismo provando sua existncia, com demonstraes prticas.

    "O magnetismo animal o elemento mais perfeito da vida. Energia Vital

    e Matria Fundamental, eis os constituintes bsicos da vida terrena. Esse

    magnetismo vital liga o globo terrestre sua zona circundante, a qual

    comumente chamada mundo astral ou simplesmente "o alm". O

    Magnetismo vital tambm conecta as pessoas entre si por meio das

    irradiaes energticas humanas, as quais so puramente animais. O poder e

    pureza destas energias so dependentes da vontade das pessoas, de suas

    caractersticas e de sua maturidade mental. Sua sade depende dessas trs

    qualidades ao mesmo tempo .

    "O magnetismo especialmente forte nas pessoas que conscientemente

    treinam seus espritos e almas, possuindo auto-controle e sabendo como

    dominar seus destinos. Atravs dessa energia vital so capazes de fortalecer

    seus pensamentos, impulsos da vontade e consequentemente, realizam feitos

    FRABATO O MAGO 9999

  • extraordinrios.

    "Visto que o magnetismo animal uma fora objetiva, pode ser

    utilizado tanto para fins positivos quanto negativos. O ditado "O que voc

    semear, tambm dever colher " uma expresso da justa lei Krmica e

    portanto o verdadeiro mago deve perseguir apenas objetivos positivos. Um

    mago treinado pode ser muito bem sucedido na cura de pessoas atravs do

    magnetismo vital e por isso sempre tive grande interesse nesse fenmeno.

    Atravs de uma srie de manifestaes, pretendo mostrar outros segredos e

    foras ligados ao magnetismo animal e para isso, peo a ajuda de trs

    voluntrios. "

    Como Frabato imaginara, um murmrio ouviu-se por todo o salo. Para

    estimular a platia, disse sorrindo: "Vocs no precisam temer. Ningum

    ser prejudicado. Basta que venham at o palco. "

    Uma atraente loira levantou-se e aproximou-se hesitante. "Vejam s",

    brincou Frabato, "As pessoas sempre dizem que as mulheres so o sexo

    frgil, mas esta senhora provou o contrrio a todos os colegas presentes

    nesta sala." A platia riu e instantaneamente outro rapaz dirigiu-se ao palco,

    seguido por uma mulher idosa.

    "Muito obrigado pela ajuda", disse Frabato aos voluntrios. "Agora

    gostaria que colocassem alguns de seus pertences pessoais minha

    disposio sobre a mesa, por favor."

    A loira antecipou-se, colocando seu relgio de prata sobre a mesa. O

    jovem rapaz, um tipo extrovertido, acomodou sua carteira ao lado do relgio

    de pulso. Depois do sorriso encorajador de Frabato, a senhora idosa retirou

    FRABATO O MAGO 10101010

  • seu colar e adicionou-o aos outros dois objetos.

    "Como introduo," disse Frbato, voltando-se ao pblico: "Vou dar-lhes

    uma breve demonstrao da Psicometria. Isso vai lhes provar que cada ser

    humano deixa vestgios de sua energia nos objetos com os quais seu corpo

    toma contato A idade do objeto no tem nenhuma conseqncia. Mesmo que

    um objeto tenha milhares de anos, tudo o que foi gravado nele revelado aos

    olhos clarividentes. Com a ajuda destes trs objetos, vou revelar-lhes a

    validade desta declarao." Frabato aproximou-se da mesa, pegou o relgio

    de pulso prateado e caminhou lentamente de um lado a outro,

    profundamente absorto em seus pensamentos. Repentinamente parou,

    colocou o relgio de pulso sobre a testa e por alguns momentos permaneceu

    completamente imvel, com uma expresso distante no olhar. Sbito, como

    se despertasse de um sonho, virou-se para a loira.

    "Voc parece duvidar seriamente de minhas habilidades, caso

    contrrio, no teria trazido ao palco um relgio que tomou emprestado de

    sua irm. Posso ver que o utiliza muitas vezes, e sem o seu conhecimento , j

    que ela trabalha em Berlim. Este relgio foi um presente de uma falecida tia,

    morta em um acidente, motivo pelo qual, alis, sua irm no o usa mais.

    Certamente seria constrangedor se ela soubesse que voc o carrega consigo.

    "

    Pde-se ver claramente o embarao refletido no rosto da mulher,

    deixando claro que Frabato estava realmente correto.

    O rapaz rapidamente tentou retirar sua carteira da mesa mas Frabato

    antecipou-se, pegando-a e pesando-a cuidadosamente.

    FRABATO O MAGO 11111111

  • "Voc parece estar com a conscincia pesada, senhor. Permita-me

    investigar os motivos... " Depois de analisar a carteira de perto por alguns

    segundos, prosseguiu:

    "Apesar de muito jovem, voc j foi um pouco longe demais, rapaz...

    est enganando duas garotas! A pessoa cuja fotografia voc carrega na

    carteira comeou a demonstrar seu afeto aps os castelos de areia que voc

    lhe construiu.... - ela acreditou neles.

    Alm disso, vejo uma carta de amor endereada a outra jovem que

    conheceu recentemente em um evento, a qual chamou sua ateno pela

    sensualidade. Sua vida vida amorosa no do meu interesse... mas posso

    garantir que no ser feliz com nenhuma das duas. "

    O jovem ficou bastante envergonhado ao perceber que tivera sua

    intimidade exposta e com ntida insegurana, disse: "No gostaria de viver

    perto de voc. No me sentiria seguro com meus pensamentos mais ntimos

    mostra. " Frabato colocou a carteira de volta na mesa, pegando em seguida

    o colar, que manejou por entre os dedos, examinando-o.

    "J sobre esta jia eu poderia escrever um romance...", disse ele

    proprietria, " pois ele carrega a marca de bons e maus momentos... seus

    primeiros proprietrios eram ricos aristocratas franceses que foram para a

    guilhotina durante a revoluo... e pelo que posso ver este colar tambm

    trouxe a cada um dos seus donos uma certa dose de infelicidade - depois que

    seu marido foi morto na Grande Guerra, voc teve que viver numa pequena

    penso militar durante um longo perodo. Vejo que a jia passou pelo penhor

    duas vezes, mas voc sempre conseguiu recuper-la. "

    FRABATO O MAGO 12121212

  • Frabato silenciou quando a mulher comeou a chorar. A platia ficou

    imvel aps ouvir a fatalidade. Frabato colocou o colar de volta na mesa e

    novamente dirigiu-se ao pblico:

    "Senhoras e Senhores, como acabo de comprovar a vocs, cada objeto

    carrega a sua prpria histria. Alm disso, tiveram a oportunidade de se

    convencer das vrias aplicaes da clarividncia ".

    Aplausos entusiasmados da platia aliviaram a tenso e quando todos

    silenciaram Frabato prosseguiu: "Agora, gostaria de pedir aos trs

    voluntrios que deixassem a sala, acompanhados por dois observadores

    neutros".

    Um senhor de culos e uma mulher com um vestido escuro

    concordaram em acompanhar os voluntrios.

    "Para demonstrar-lhes os efeitos do magnetismo em relao fora de

    vontade, impregnarei esses objetos com sensaes peculiares que sero

    despertadas naqueles que os tocarem. Gostaria saber quais tipos de

    sensaes vocs preferem. Por favor, digam-me quais sensaes estes trs

    objetos sobre a mesa devem evocar primeira pessoa que os tocar. "

    Um cavalheiro no meio da sala sugeriu que o relgio de prata

    provocasse gargalhadas. Frabato concordou. A segunda sugesto tambm foi

    aceita por todos: a de que a carteira deveria causar choro e lgrimas.

    Ainda restava a sugesto sobre o colar. Uma mulher na primeira fila

    falou:

    "J que esse colar trouxe infelicidade a vrias pessoas, sugiro que seja

    impregnado de tal forma que a primeira pessoa que o tocar seja obrigada a

    FRABATO O MAGO 13131313

  • jog-lo fora por repulsa".

    Aplausos prolongados tornaram qualquer outro comentrio

    desnecessrio.

    Frabato disps os trs objetos sobre a mesa deixando um espao bem

    definido entre eles. Ficou totalmente imvel diante de cada item e com

    intensa concentrao fez alguns gestos com a mo direita sobre os objetos.

    Ento, dirigiu-se ao pblico novamente.

    "Senhoras e senhores, meu trabalho est feito. A fim de que ningum

    possa dizer que utilizei hipnose, devo ir agora para Hall de entrada do Clube.

    Dois observadores independentes da platia iro acompanhar-me at l e

    depois traro de volta os voluntrios, pedindo-lhes que peguem seus

    pertenes. Voltarei ao palco em exatos dez minutos. "

    Frabato deixou a sala acompanhado por dois colegas, que voltaram com

    os voluntrios e seus acompanhantes pouco tempo depois. Um tanto

    receosos, a mulher loira, o jovem e a senhora idosa aproximaram-se da mesa.

    O pblico foi tomado pela expectativa.

    Chegando ao palco, os voluntrios foram informados pelos colegas que

    os acompanhavam que poderiam recolher seus objetos pessoais e retornar a

    seus lugares. A loira estava apressada e com um movimento rpido agarrou

    seu relgio de pulso para no momento seguinte soltar uma gargalhada

    contagiante que rapidamente se espalhou por todo o auditrio.

    Quando voltou ao seu lugar os outros dois voluntrios estavam l,

    hesitantes e um tanto surpresos. Ento o jovem pegou sua carteira. Mal

    terminara de coloc-la no bolso, lgrimas rolaram-lhe pelo rosto, as quais

    FRABATO O MAGO 14141414

  • tentou esconder com as mos. Recuperou-se aps alguns instantes e deixou

    o palco acompanhado por aplausos.

    Diante das estranhas experincias que os voluntrios anteriores tinham

    acabado de vivenciar, a senhora idosa ficou hesitante diante do colar.

    Finalmente o pegou, mas aps alguns instantes atirou-o imediatamente num

    canto do palco. Ainda surpresa com a prpria reao, aceitou quando um

    cavalheiro da platia devolveu-lhe a jia, prestativamente. Aplausos ecoaram

    da platia.

    Como no havia mais ningum no palco, a porta de acesso ao Hall foi

    aberta e Frabato reapareceu, saudado entusiasticamente pela platia.

    Lentamente caminhou para o palco e disse com um sorriso: "Que grande

    atmosfera aqui! Parecem ter gostado do desempenho. Agora eu gostaria de

    convidar dez pessoas que estejam aflitas, com algum tipo de enfermidade, a

    subirem ao palco. "

    Um grande nmero de espectadores correu para o palco. As dez

    cadeiras atrs da mesa foram tomadas rapidamente forando muitos a

    retornarem a seus lugares

    Frabato passou por todos, parando diante de cada pessoa por alguns

    segundos e em seguida, usando a terminologia mdica adequada, descreveu

    a doena das dez pessoas que se mostraram surpresas com o diagnstico

    rpido e correto. Ele ento dirigiu-se a eles:

    "Meus queridos visitantes, posso ver por suas expresses que tm uma

    grande confiana em mim e que esperam uma recuperao completa, ou

    pelo menos alvio para suas doenas. Com a ajuda da minha fora de vontade

    FRABATO O MAGO 15151515

  • treinada, tentarei ajudar a todos tanto quanto possvel. Embora uma cura

    completa possa no ser possvel de imediato para os casos graves, posso

    prometer a todos pelo menos um alvio perceptvel. Por favor, permaneam

    calmos e acomodem-se em uma posio confortvel e relaxada. "

    Ele pediu silncio platia e sentou-se em uma cadeira a fim de que

    todos pudessem v-lo claramente. Em seguida fechou os olhos e em poucos

    segundos parecia estar completamente relaxado. Aps um minuto, abriu os

    olhos novamente, saltando da cadeira e perguntando a seus pacientes como

    se sentiam.

    "Excelente!" "Maravilhoso." "Que alvio!" , foram as respostas. Os

    semblantes dos pacientes estavam iluminados pela influncia do aumento da

    vitalidade, e cada um deles manifestou seus agradecimentos pessoais antes

    de deixar o palco.

    "Este o fim do show por hoje", anunciou Frabato. "No entanto, no

    posso deixar de convid-los para minha prxima apresentao, depois de

    amanh. Boa noite a todos. "

    Ele foi para o camarim, acompanhado pelos reiterados aplausos. Pouco

    depois, deixou o auditrio atravs de uma porta lateral e pegou um txi para

    o hotel. L chegando, pediu um refresco e ento trancou-se no quarto.

    Mal terminara de concluir as meditaes, executadas todas as noites,

    quando algum bateu porta. O mensageiro do Hotel desculpou-se pelo

    incmodo quela hora informando que um senhor queria falar-lhe

    urgentemente e que o aguardava no lobby do hotel.

    Cuidadosamente, Frabato leu o singular carto de visitas que o

    FRABATO O MAGO 16161616

  • mensageiro lhe entregou. No centro, havia dois crculos concntricos

    coroados por um tringulo com duas linhas intersectadas. Em ambos os

    lados do crculo externo havia dois drages e no verso do carto apenas um

    nome: "Hermes". O carto estava impresso em ouro.

    Depois de rpida anlise, Frabato instruiu o jovem a que escoltasse o

    visitante at seu quarto. Alguns momentos depois, recebia um grisalho e

    muito bem-vestido cavalheiro.

    Quase amanhecia quando o visitante deixou o hotel e seu semblante

    perturbado parecia sugerir que tivera uma experincia extraordinria.

    FRABATO O MAGO 17171717

  • C A P T U L O C A P T U L O C A P T U L O C A P T U L O I I I I I I I I

    Os membros da loja secreta F.O.G.C muito temida nos crculos

    ocultistas haviam se reunido para uma assemblia geral em Dresden. A

    sala de reunies ficava numa grande casa de campo, escondida no meio de

    um parque privado por trs de uma cerca alta e de rvores de grande porte.

    O Gro-Mestre da Loja convidara noventa e oito dos noventa e nove

    membros para comparecer reunio. Muito antes do incio da reunio, os

    membros tomaram seus lugares em duas longas mesas.

    Todas as conversas no salo emudeceram-se quando o Gro-Mestre

    entrou acompanhado do segundo homem no comando, que tambm atuava

    como Secretrio. Havia uma plataforma oposta entrada do salo, onde o

    Gro-Mestre sentou-se atrs de uma mesa. Ele tocou uma sino, e ento, tudo

    ficou em completo silncio. Numa voz intensa e penetrande, ele se dirigiu

    aos irmos:

    "Meus queridos irmos, sinto-me honrado em abrir a reunio de hoje,

    fico satisfeito que todos vs tenhais aceito meu convite. Como sabeis, de

    acordo com as leis de nossa loja, uma assemblia geral tal como esta s

    convocada em casos muito especiais. J deveis ter notado que o Irmo

    Silesius no est presente. Infelizmente, ele foi considerado culpado por

    revelar segredos da loja e; como primeiro ponto da agenda, discutiremos sua

    sentena. O segundo ponto ser relativo a Frabato , o mago, que tem se

    FRABATO O MAGO 18181818

  • tornado bem conhecido aqui em Dresden.

    "Caros irmos, todos sabes que o irmo Silesius chegou ao vigsimo

    quinto grau de iniciao em nossa loja, e, portanto, deve ter plena

    conscincia de suas violaes. Seu zelo excessivo seduziu-lhe a revelar para

    um de seus amigos os rituais que usamos para invocar os seres elementais.

    De acordo com as leis de nossa loja, a quebra de um juramento e a

    divulgao de nossos segredos so punveis com a morte. Contudo, a

    sentena s se tornar definitiva aps a votao secreta por todos os

    membros presentes. Embora a pessoa em questo seja meu amigo, no

    posso perdoar seu comportamento e ,assim, Deixou-lhe sobre vosso

    julgamento. "

    A tenso rapidamente oprimia a fraternidade; os membros sussurravam

    excitadamente entre eles. Alguns exibiam raiva, outros ficaram sentados

    como se estivessem paralisados. O secretrio distribuiu envelopes com um

    pedao de papel em branco a todos os presentes. Um simples "sim" ou "no"

    determinaria a vida ou morte de um irmo. "Sim" significaria morte por

    ataque psquico, "no" significaria liberdade e vida.

    Muitos escreveram seus julgamentos rapidamente, outros hesitaram

    por um momento, e alguns eram at mesmo incapazes de controlar suas

    mos trmulas enquanto escreviam seus veredictos. Embora Silesius fosse

    querido por muitos deles, um falso sentimento de compaixo seria um

    equivoco, pois a traio por apresentar segredos da loja poderia ser muito

    perigosa a todos os interessados.

    Por fim, o Secretrio recolheu todos os envelopes numa pequena caixa

    FRABATO O MAGO 19191919

  • de madeira, pegou as tiras de papel, e dividiu-as em duas pequenas pilhas;

    de acordo com as respostas dadas. Todos os presentes assistiam em silncio.

    O secretrio contava as tiras de papel cuidadosamente, fazendo uma

    anotao do resultado. Sua face normalmente rossa empalidecera enquanto

    verificou o resultado novamente.Deste modo, ele enviou sua anotao ao

    Gro-mestre, que olhava fixamente aos nmeros; sua face refletia o choque

    um grande amigo havia sido condenado morte. O gro-mestre levantou-se,

    bastante perturbado. "Queridos irmos", disse ele numa voz trmula,

    "infelizmente, a votao foi contra Silesius, que foi inrrevogavelmente

    condenado morte por uma margem de 51 a 47. De acordo com nossas leis,

    esta sentena deve ser executada dentro de um ms, mas desde que, usando

    suas faculdades ocultas, Silesius informar-se- o que foi decidido na loja para

    ele e, provavelmente, tentar escapar da morte. Ns devemos executar esta

    sentena num prazo de 24 horas. O amigo a quem ele revelou os segredos de

    nossa loja sofrer o mesmo destino. Convido os vinte e um irmos que so

    mestres em combate telepticos a permanecerem aqui aps a reunio e

    auxiliar-me no ataque psquico."

    Mesmo que o veredicto tivesse agitado profundamente o Gro-Mestre,

    ele rapidamente se reabilitou e continuou a falar numa voz mais calma:

    "Desde que o ponto n 1 da agenda foi decidido, vamos tratar agora o

    caso de "Frabato". Alguns dos irmos presentes assistiram suas

    performances e foram capazes de convencer a si mesmo de suas habilidades

    de perto. J foi provado que ele trabalha sem a ajuda de truques

    convencionais. Seus experimentos obtiveram xito acima de todas as

    FRABATO O MAGO 20202020

  • expectativas, e sim; eles foram melhores realizados do que muitos de nossos

    irmos foram capazes de desempenhar. Hermes, um de nossos irmos mais

    versteis, fez uma visita a Frabato, a fim de test-lo. Agora, ele dizer-nos-

    sobre sua experincia. "

    O distinto cavalheiro que visitara Frabato tarde da noite, agora surgiu

    entre os irmos.

    "Escolhi a melhor hora astrolgica para minha visita a Frabato.

    Tambm levei em conta as correspondncias dos elementos de modo a

    colocar-me numa posio inicial favorvel. Alm disso, Esperava que ele

    estivesse esgotado aps a exibio que ele acabara de realizar; que serei

    uma vantagem. Expliquei-lhe a hora invulgar de minha visita, dizendo-lhe

    que tinhaa uma viagem para fazer, e que no poderia ser postergada. Ao

    ouvir isso, Frabato olhou para mim de forma penetrande e, ento, sorriu

    levemente, sem proferir uma nica palavra.

    "Ento, pintei um quadro bem colorido dos membros de nossa loja ,

    apontanto suas muitas vantagens; prometendo-lhe uma grande soma de

    dinheiro de nossos fundos caso ele decidisse participar. Mas Frabato ignorou

    completamente minhas propostas e comeou a falar sobre suas viagens, suas

    apresentaes e abruptamente, um efeito exaustivo caiu sobre meu corpo.

    Eu no desejava parecer um nscio, e reunindo toda minha fora de vontade,

    consegui ficar acordado por toda a demonstrao.

    "A luz opalescente iluminava todo o quarto, todavia, ela gradualmente

    comeou a vaporizar-se dentro de uma esfera. Havia nuvens multi-coloridas

    flutuando dentro dela, mas, logo se dissolveram e foram substitudas por um

    FRABATO O MAGO 21212121

  • nuana violeta. Em seguida, a imagem de nosso Grande Mestre condensou-

    se, como num panorama. As figuras moviam-se rapidamente, da sua infncia

    at os dias atuais. Muitos dos eventos que vi chocaram-me; um arrepio

    corria em minha espinha. A mais incriveis imagens l foram reveladas, e no

    podia evita-las, pois era incapaz de me mover. "

    A cor do rosto do Gro-Mestre mudou algumas vezes. Quando Hermes

    comeou a relatar alguns dos acontecimentos mais surpreendentes da vida

    do Gro-Mestre, como revelados a ele no espelho mgico, o lder

    discretamente deu-lhe a entender que isto no era desejvel. Hermes

    entendeu, e habilmente moveu-se a temas mais gerais.

    "Depois que tive a oportunidade de seguir de um modo oculto o

    destino de nosso gro-mestre, e de todos os membros da loja at os dias

    atuais, Frabato fez um crculo sobre a esfera com sua mo direita com seu

    dedo indicador , desenhando uma figura que no conhecia . As imagens

    desapareceram.

    "Um tanto aliviado, quis me afastar da esfera, quando inesperadamente

    a forma de nosso secretrio condensou-se dentro dela. Sua vida ,tambm,

    passou como um filme diante dos meus olhos. Todos os crimes da loja eram

    revelados sem piedade. Desta forma, Frabato continuou a expor-me a vida

    dos sete membros mais velhos de nossa loja. Quando ele quis mostrar minha

    prpria vida, me senti to constrangido e envergonhado que ele se deteve.

    Depois, ele desenhou outra figura sobre a esfera e murmurou uma frmula; a

    luz finalmente desapareceu.

    "Frabato levantou-se, acendeu a luz e extinguiu a chama do lampio.

    FRABATO O MAGO 22222222

  • Silenciosamente, ele recolocou a esfera e o lampio em suas caixas

    respectivas e trancou tudo em sua mala. Quando terminou, ele me perguntou

    com ar de desdm: "Agora, senhor, tu ainda gostarias de me recomendar

    algo mais?"

    "Fiquei completamente confuso com o poderes daquele homem e,

    conseqentemente, incapaz de pronunciar uma nica palavra. Peguei meu

    chapu e meu casaco e me precipitei porta sem se atrever a fazer qualquer

    comentrio. Nem sequer coloquei minhas vestimentas quando cheguei ao

    corredor, e ento deixei o hotel s pressas. Minha crena no poder de nossa

    loja fora fortemente abalada; nem pude descanar naquela noite . "

    O relato desta experincia com Frabato causara uma forte impresso

    em todos os presentes. Ningum ousou se mover; um silncio mortal pesava

    sobre eles . O Gro-Mestre levantou apressadamente e quebrou o silncio

    desanimador com uma voz aguda:

    "Caro irmo Hermes, em nome de nossa irmandade, Agradeo-te pelo

    esforo nesta difcil misso. Considero as revelaes de Frabato acerca das

    atividades de nossa loja e de alguns de nossos mais elevados e antigos

    membros como um grande insulto. Juro pelo nome do Senhor das Trevas

    que liberaremos toda a colra do inferno em Frabato, de modo que ele

    aprender com o qu est a lidar! No permitirei que nossa loja seja

    insultada! Ele ser submetido ao poder fatal de nossa vibrao, at que

    perea miseravelmente! Qu seja condenado em nome de Satans, em nome

    de Ashtaroth, e emo nome de Belial!

    O enraivecido gro-mestre gritara sua terrvel maldio; A mais severa

    FRABATO O MAGO 23232323

  • maldio que j havia proferido em pblico. Nenhuma vitma poderia

    escapar de tal maldio, ou mesmo escapar da perseguio da Ordem.

    Depois de pedir que os 21 executores da loja permanecessem,

    agradeceu a assemblia pela cooperao e encerrou a sesso tocando o sino.

    Alguns foram para casa aps fazer o sinal secreto da loja, desaparecendo no

    trnsito da cidade. O comportamento velado era uma das regras mais

    estrictas da Loja, era necessrio para que a Ordem no incitasse a ateno

    do grande pblico ou de curiosos.

    O Gro-Mestre sentou em seu lugar novamente, um sorriso de

    contentamento estava pregado em seu rosto. Sentia-se instintivamente que

    estre era um oponente poderoso, no entanto, no havia volta aps proferir

    seu discurso. Esta batalha seria combatida at o final, mesmo que isso

    significasse sua prpria vida. Sob circunstncia alguma ele poderia permitir

    que sua autoridade sobre os irmos fosse perdida, ou mesmo debilitada.

    Os presentes discutiam detalhadamente como Frabato poderia ser

    melhor atacado. Muitos sugestes diferentes eram feitas e registradas pelo

    Secretrio, a fim de ser submetida votao na prxima reunio.

    O caso do irmo Silesius era para ser resolvido da maneira tradicional,

    e, portanto, no era necessrio discutir o assunto. Aps um sinal do Gro-

    Mestre, o secretrio deixou a sala e entrou num quarto situado na parte de

    trs da casa. Este aposento, que no tinha janelas e que as portas estavam

    equipadas com fechaduras especial, continha armrios com formas bizarras,

    onde vrios instrumentos mgicos estavam guardados. O mago negro abriu

    uma arca de ferro e removeu um caixo de tamanho mdio.

    FRABATO O MAGO 24242424

  • Nele estava contido a figura de um homem de cera. De um cofre na

    parede, ele pegou uma grande garrafa marrom selada com uma rolha de

    vidro. Posteriormente, colocou os objetos numa mesa no meio da sala. Com

    um canivete, ele soltou uma pequena placa da tampa do crnio da figura de

    cera, revelando uma pequena abertura. Um canal da largura de um dedo

    corria por toda a extenso da parte traseira da figura.

    Assim, o secretrio tirou o selo e abriu a garrafa; cuidadosamente

    derramou lquido suficiente para que ficasse ele preenchido at a cabea.

    Em seguida, ele cobriu a abertura com a placa e a fixou com cera lquida. Ele

    modelou e alisou a cera, ocultando qualquer vestgio da abertura. Fechou a

    garrafa e a selou com a ajuda de seu anel de sinete.

    Havia um crculo aplanado no peito da figura, no qual o secretrio

    agora escrevia o nome da vtima da loja. Pegando um dirio no armrio e, no

    cdigo secreto da Loja, escreveu a data do dia e o nome do homem a ser

    executado, colocando o dirio devolta em seu lugar. Aps isso, ele abriu a

    gaveta de uma mesa em que estavam adagas de vrios tamanhos, formas e

    comprimentos. Desta coleo, ele escolheu um punhal que era pequeno e

    afiado. Aps verificar que no havia esquecido nada, ele colocou tanto a

    figura de cera eo punhal no caixo, em seguida, saiu da sala.

    Com o caixo debaixo do brao, o secretrio cuidadosamente trancou a

    porta e voltou sala de reunio. O Gro-Mestre pegou o caixo. Verificando

    se a figura tinha sido corretamente preparada, posicionando o caixo

    verticalmente no cho. Trs grandes velas foram acesas e as luzes foram

    desligadas.

    FRABATO O MAGO 25252525

  • Os 21 executores agora formavam um crculo sobre a figura, o gro-

    mestre permanecia fora da roda, com o propsito de ser um observador. Os

    irmos deram as mos,e comearam a rodearam vagarosamente a figura

    sete vezes; encarando-a intensamente sem nenhuma interrupo. Eles

    comearam a respirar ritmicamente em unssono, levantando e abaixando os

    braos. Cada vez que expiravam e abaixavam os braos, uma frmula era

    repitida, cada vez mais alto.

    A cerimnia toda foi repetida e o andamento acelerava. Um nevoeiro

    comeou a se formar em torno da figura, condensando-se em nuvens e,

    eventualmente, solidificando numa forma esfrica que engoliu toda a figura

    de cera. A cor acinzentada que era visvel no incio agora ficava vermelha.

    Figuras negras pareciam ser condensadas nela, e, em pouco tempo, a

    formao de nuvens adquiriu uma cor vermelha gnea. O Gro-Mestre se

    aproximou, e fez um sinal no ar com a mo direita. Ento, quebrou a

    corrente formada pelos irmos. Lentamente, a nuvem rubra que

    desapareceu dentro da figura de cera. Os Irmos exaustos sentaram-se.

    O Gro-Mestre pegou a figura e a colocou no caixo. Solenemente, ele

    acendeu as velas no candelabros que se situavam em cada extremidade da

    urna morturia. A sala estava em completo silncio. Os 21 irmos ficaram

    imveis com o suspense, no ousando se mover.

    O rosto do gro-mestre estava imvel, como uma mscara. Seus olhos

    eram frios e fixos enquanto ele alcanava a adaga espera para o servio.

    Sua mo subiu lentamente, seus olhos estavam cravados no objeto - o crculo

    com o nome da vtima. Ento, a lmina brilhou na luz das velas e perfurou o

    FRABATO O MAGO 26262626

  • peito da figura. Um estampido estrondoso abalou da sala s suas fundaes;

    um enorme brmido enchia o ar, como se uma tempestade estivesse prestes

    a eclodir. Isso durou alguns instantes, logo, este fenmeno comeou a cessar

    gradualmente, se tornando um troar distante, finalmente retrocedendo

    totalmente, tomou lugar uma estranha calma.

    O rosto do Gro-Mestre espelhava o triunfo, pois ele sentia que era o

    senhor da vida e da morte. Aliviado, ele despencou numa cadeira prxima.

    Embora todos os presentes estivessem familiarizados com tais

    fenmenos, eles eram, apesar de tudo, feridos com o terror cada vez que

    realizavam rituais daquela espcie. O secretrio foi o primeiro a se

    recuperar. Ele acendeu a luz, apagou as velas, e removeu o caixo.

    Os outros irmos tambm recuperaram sua compostura. O fenmeno

    que eles haviam experimentado era a prova que o propsito de seus esforos

    havia sido alcanado. Eles conversaram calmamente entre si enquanto o

    mestre escrevia os dados daquela operao mgica no dirio. Ento,

    levantou e se dirigiu a eles.

    "Queridos irmos, agradeo-vos pela participao bem sucedida. Nosso

    irmo Silesius morreu de ataque crdiaco s 10 horas da noite. Executamos

    a sentena de acordo com as regras de nossa santa ordem , e , assim,

    vingamo-nos da traio por ele cometida. Seu amigo foi condenado morte

    tambm, mas sua execuo ocorrer em uma data posterior. Discutiremos as

    razes para isso em nossa prxima reunio. A admisso de um novo membro

    para substituir o Irmo Silesius poder ser combinada com a reunio do dia

    de So Joo. Espero-vos ver aqui amanh noite, s oito horas. O caso de

    FRABATO O MAGO 27272727

  • Frabato est na agenda. Assim sendo, a sesso de hoje est encerrada. Boa

    noite".

    Um aps outro, os irmos deixaram a loja e desapareceram

    discretamente na noite.

    O ponteiro dos minutos no grande relgio eltrico na estao de trem

    se movia vagarosamente em direo das 10:00. No ptio da estao alguns

    viajantes estavam espera do trem expresso de Bad Schandau a Berlim.

    Uma voz no alto-falante anunciava a chegada do trem, e aqueles que

    estavam espera subiram na plataforma rapidamente, pois o trem ficaria

    parado em Dresden por apenas alguns minutos. Frabato estava parado na

    frente da lista de horrios do trem, fazendo algumas anotaes. Logo que o

    trem chegara, Frabatou colocou seu caderno de anotaes no bolso. A porta

    do compartimento abriu diretamente na frente dele, um jovem rapaz num

    terno saltou do trem, correndo barraca de refrescos. Pagou por um pacote

    de bolachas e logo estava de volta a seu percurso para o trem, quando,

    depois de poucos passos, bruscamente levou as mos ao peito e desmaiou

    com um gemido. Contorceu-se com a dor por apenas alguns segundos, sua

    face se deformou num espamo; ento, seu corpo jazia imvel.

    Curiosos imediatamente se reuniram em torno do rapaz. A polcia

    chegou rapidamente e levou o corpo sem vida ao escritrio da estao.

    Algum chamou um mdico pelo telefone e as testemunhas deram seus

    depoimentos.

    Observando de perto, Frabato silenciosamente observava o curso dos

    eventos. Instintivamente, ele sabia que o homem desconhecido no havia

    FRABATO O MAGO 28282828

  • morrido por uma morte natural, e, como um magista, tambm sabia que era

    muito tarde para ajud-lo. Lentamente, ele deixou a estao e caminhou em

    direo do Leipzigerstrae. Depois de um passeio de cerca de uma hora,

    parou em um pequeno bosque na periferia da cidade e sentou-se para

    descansar.

    A noite estava maravilhosamente suave, a lua e as estrelas brilhavam

    num cu limpdo. Absorvido nesta meditao, Frabato ficou l mais um

    pouco, s mais tarde voltando para seu Hotel. Ele parou um txi perto do

    porto de Elba e pegou carona pelo resto do caminho. Eram duas horas da

    manh quando ele entrou em seu quarto. Trancando porta, pegou sua mala e

    preparou sua esfera mgica. O que ele viu nela confirmou suas suspeitas: a

    morte do moo fora causada por uma violenta ao da parte da F.O.G.C.

    Frabato trancou a bola dentro de sua mala, e retirou-se pela noite.

    Na manh seguinte, ele comprou uma cpia do maior jornal de

    Dresden, e achou o que ele estava procurando na primeira pgina. O relato a

    seguir fora dado abaixo da chamda: " Morte na Estao Central de Dresden".

    "O Popular autor Dr. Alfred M. morreu subitamente na estao central

    s dez da noite passada, nossa cidade lamenta o fim imprevisto deste jovem

    e promissor talento, cujos trabalhos eram saudados com tanto entusiasmo".

    Seu ltimo drama, O testamento, s recentemente foi impresso. Manteremos

    este talentoso e ambicioso homem em nossos coraes, em memrias fieis."

    FRABATO O MAGO 29292929

  • C A P T U L O I I I C A P T U L O I I I C A P T U L O I I I C A P T U L O I I I

    Conforme fra combinado, os 21 especialistas na arte do ataque

    psquico reuniram-se mais uma vez com o Gro-Mestre da Loja FOGC.

    Trataram primeiramente da questo do Diretor Z., presidente de uma grande

    instituio financeira e sabedor de importantes segredos dos 28 graus da

    Loja de Silesius. No sendo um irmo oficial da confraria, havia apenas duas

    sadas para o Diretor Z.: ou tornava-se um membro, ou teria que perder a

    vida. Como sua personalidade no se adequasse loja, foi determinado que

    deveria morrer. Seu cargo, porm, conferia-lhe grande poder e influncia,

    sendo decidido que primeiramente seria usado como instrumento para

    angariar altas somas em dinheiro.

    A loja era constituda basicamente por poderosos capitalistas cujas

    posses e riquezas, obtidas por meios ocultos, tambm lhes permitia acesso

    s principais fontes do capital, mesmo em tempos difceis. Estavam eles

    prontos a empregar quaisquer meios para atingir seus objetivos, mesmo

    custa de vidas humanas. Eram hbeis em explorar os mecanismos legais do

    estado para objetivos pessoais e por meio de complexos mtodos,

    treinamento, experincia, exerciam negcios criminosos sob o nariz de

    todos, sem despertar a menor suspeita - explorao facilitada pela pouca

    ateno dispensada pelo pblico alemo ao estudo das leis mentais e

    poderes ocultos.

    FRABATO O MAGO 30303030

  • Frequentemente a Loja realizava apresentaes pblicas sobre o

    ocultismo, destinadas a convencer a populao de que o tema era apenas um

    amontoado de mentiras e fraudes - sabiam muito bem que um conhecimento

    generalizado sobre filosofia oculta criaria uma nova ordem social a qual

    dificultaria enormemente seus objetivos. Alm disso, suas palestras tambm

    funcionavam como uma forma de desacreditar os ocultistas genunos, magos

    brancos, que poderiam denunci-los ao mundo.

    Naturalmente que o trabalho realizado por Frabato, ao demonstrar de

    modo convincente a existncia de leis e poderes espirituais, despertava a

    hostilidade da loja. Fosse ele apenas um dos muitos e to populares pseudo-

    ocultistas, a FOGC no teria motivos para intervir - o Gro-Mestre

    particularmente, nutria-lhe imenso dio, no o perdoando por revelar seu

    passado ao irmo Hermes. Assim, os membros da loja decidiram usar de

    todos os meios possveis para impedir que Frabato continuasse seu trabalho.

    Antes, porm, era necessrio preparar a morte do director Z. O secretrio foi

    ao subsolo buscar Elli, filha do zelador e acostumada a atuar como mdium

    clarividente em vrios experimentos da loja. A menina vivia com o pai, tendo

    a me morrido vrios anos antes. Elli tinha dezoito anos, era magra e tinha

    os cabelos castanhos-ondulados contrastantes com os imensos olhos azuis.

    Embora no gostasse de ser mdium, no ousaria recusar uma ordem da

    loja, ato que custaria o trabalho do pai.

    Aps alguns minutos, Elli apareceu na sala de reunies acompanhada

    pelo secretrio. Um sinal foi dado e um sof revestido por uma capa de seda

    branca colocado no centro da sala. Uma segunda capa de seda foi mantida

    FRABATO O MAGO 31313131

  • prxima caso fosse necessrio isolar a mdium durante o experimento.

    O Gro-Mestre deu o sinal para iniciar a sesso. Elli deitou-se no sof e

    o Secretrio, sentado numa cadeira ao lado, olhou-a profundamente

    sussurrando poderosas palavras. Em instantes Elli entrou no primeiro

    estgio hipntico e atravs de passes magnticos o mago conseguiu coloc-la

    no estado mais profundo possvel, enfatizando a regio da garganta, para

    que a garota pudesse falar durante a sesso.

    Elli estava to habituada a esses estados de transe que era capaz de

    executar qualquer comando sem dificuldades. Primeiramente, foi-lhe

    ordenado que visitasse Frabato mentalmente a fim de descobrir o que fazia

    naquele exato momento; ela imediatamente informou que o mago realizava

    experimentos mgicos em um palco. Ao ouvir isso, o secretrio rapidamente

    chamou o esprito da jovem de volta, temendo que Frabato pudesse not-la e

    assim descobrisse as atividades.

    Elli foi ento ordenada a relatar as atividades do Director Z. A jovem

    respondeu que ele se encontrava sozinho em casa, lendo os jornais do dia.

    De posse deste conhecimento, o Gro-Mestre fez um sinal e os irmos

    formaram um crculo em torno de Elli e do Secretrio. O grupo carregou-os

    magnticamente e quando a tenso tornou-se suficientemente forte, o Gro-

    Mestre ordenou jovem que fizesse o diretor adormecer para que pudessem

    control-lo mais atentamente.

    Assim, no demorou muito para que Z. fosse tomado por uma repentina

    sonolncia, adormecendo assim que colocou a cabea no travesseiro. Atravs

    deste ataque mgico, Z. tornara-se alvo do poder da loja.

    FRABATO O MAGO 32323232

  • O secretrio, com expresso grave, imprimiu o nome de Z. em um disco

    de cera especialmente preparado para a atividade. Colocou-o no centro do

    plexo solar, estabelecendo assim estreita relao espiritual com a vtima. Em

    seguida, o disco foi colocado na testa da garota por alguns minutos a fim de

    tornar o esprito do diretor suscetvel a receber ordens longa distncia. O

    secretrio tocou os ouvidos e o corao da mdium, aps o que afastou-se

    silenciosamente.

    A corrente formada pelos irmos abriu-se por um instante, o sof com a

    jovem foi arrastado para um canto e o Gro-Mestre acomodou-se no centro

    do crculo. Em seguida, aqueceu ligeiramente o pequeno disco de cera e

    moldou-o em forma de concha. Entoando continuamente uma frmula

    mgica, colocou-se em um estado de transe de modo a estabelecer contato

    psquico profundo com o receptor, enquanto ele mesmo recebia o poder

    energtico do crculo, formado pelos irmos. Com uma voz preenchida com o

    poder da sugesto, dirigiu-se ao pequeno artefato de cera que trazia nas

    mos:

    "Um jovem ir ao seu escritrio amanh de manh, pontualmente s

    11:45. Ele estar vestindo um terno escuro e uma gravata vermelha. Este

    homem vai lhe pedir um emprstimo de um milho de marcos para um

    projeto de construo na Sua. Voc ser incapaz de resistir e prontamente

    far o que lhe foi pedido. Depois que ele tocar a testa com a mo direita trs

    vezes, voc assinar um cheque de um milho de marcos e o entregar ao

    homem. Aps isso, sentir-se-ir muito cansado e adormecer por exatamente

    cinco minutos. Quando despertar esquecer tudo o que ocorreu e em

    FRABATO O MAGO 33333333

  • nenhuma hiptese vai lembrar a aparncia do homem. Todos os detalhes do

    incidente desaparecero de sua memria e desse momento em diante, voc

    comear a sentir-se mal, ter as mesmas sensaes de algum

    profundamente doente, sendo assombrado por terrveis pensamentos. Sua

    mente ficar completamente desordenada durante algumas horas e a cada

    novo dia, voc se sentir cada vez mais cansado e deprimido. Ficar irritado

    com as menores coisas e, conseqentemente, no encontrar descanso em

    coisa alguma. Nada neste mundo poder lhe trazer alegria e finalmente,

    quando todos sua volta j no puderem suportar sua presena... voc, aps

    exatos 14 dias, cometer suicdio com seu revlver. "

    Diretor Z. era considerado um homem honrado, famoso por seu talento

    financeiro. Certa vez em Londres fra roubado e desde ento tornara-se

    muito cauteloso, mantendo sempre uma pistola consigo. Aps o Gro-Mestre

    ter concluido suas sugestes hipnticas, olhou para a concha de cera por

    mais alguns minutos, fez um sinal ritual e envolveu o artefato no tecido de

    seda lils que o secretrio trouxera.

    Lentamente os irmos dissolveram o crculo mgico, tomando seus

    lugares na sala. O sof com a mdium ainda em transe foi levado de volta ao

    centro e o secretrio ordenou que o esprito da garota voltasse da casa do

    diretor para ser novamente enviada a Frabato,

    o qual a esta altura j terminara sua apresentao encontrando-se em

    visita casa de um amigo. A mdium deu aos irmos o endereo exato,

    relatando que os membros daquela casa j dormiam, exceto pelos dois

    homens que dissertavam animadamente sobre os problemas do ocultismo. O

    FRABATO O MAGO 34343434

  • nimo da conversa impediu Frabato de notar que era observado.

    Tendo recebido estas informaes, o secretrio chamou o esprito da

    mdium novamente e com alguns passes magnticos seguidos de frmulas

    correspondentes, Elli voltou conscincia, sem ter a menor idia do trabalho

    que realizara para a loja. Ela sempre achara sinistras aquelas reunies, mas

    consentia em troca de um dinheiro extra. O secretrio ento gentilmente

    conduziu-a para fora da sala, dando-lhe algumas notas como recompensa.

    Um dos segredos dos membros da FOGC era sua capacidade de colocar

    algum em estado de sono profundo, despertar esse algum, torn-lo doente

    ou saudvel, revigor-lo ou at mesmo mat-lo, sempre que quisessem. Os

    principais membros da Loja, entretanto, s adquiriram estes conhecimentos

    atravs do pacto celebrado com um prncipe dos demnios. Com seus

    mtodos mgicos, eram capazes de influenciar qualquer pessoa

    inexperiente, a qual tornava-se totalmente incapaz de descobrir a fonte das

    influncias malignas.

    Frabato era um caso especial para a loja, j que alm de estar

    totalmente familiarizado com prticas ocultas de toda espcie, estava

    tambm sob a proteo dos Irmos da Luz, j conhecidos da FOGC, mas no

    em profundidade, pois estes desconheciam a verdadeira extenso dos

    poderes daquela fraternidade branca. Decidiram ento, aps breve

    discusso, colocar Frabato sob um ataque mgico e para isso o secretrio

    trouxe da sala de mquinas um aparelho chamado Tepaphone e colocou-o

    cuidadosamente no centro da sala. Essa arma era o segredo mais importante

    e letal do arsenal da loja: um instrumento mgico vibratrio cujas

    FRABATO O MAGO 35353535

  • irradiaes eram capazes de matar distncia. Seu funcionamento consistia

    na colocao de uma fotografia (ou o boneco representativo de qualquer

    animal, humano ou no) sob seu foco vibratrio, fazendo com que a vtima

    fosse afetada em seus corpos astral e fsico. Substncias de qualquer espcie

    poderiam ser destrudas por este instrumento e alm disso ele tambm

    servia como um transmissor energtico sem fio - algo desconhecido da

    cincia poca. Como qualquer tipo de pensamento pudesse ser transmitido

    pelo aparelho, as vrias mazelas causadas por ele, entre as quais doenas

    nervosas e envenenamentos, frequentemente confundiam a medicina.

    Tipicamente, uma imagem ou objeto pessoal era suficiente para estabelecer

    contato com a vtima - lembrando que no havia limites de distncia.

    Como Frabato era uma personalidade pblica, no foi difcil FOGC

    obter uma foto do mago nos jornais para o ataque. Assim, para iniciar a

    sesso Gro-Mestre disps a imagem de Frabato na mira do raio do

    Tepaphone e acendeu o combustvel composto por elevada porcentagem de

    lcool. Ao mesmo tempo os outros irmos formaram um crculo mgico em

    torno do aparelho para iniciar o combate teleptico, condensando o

    elemento fogo no plano fsico. Os magos negros geralmente recorrem a este

    mtodo de aniquilamento no caso de a vtima possuir grandes habilidades

    ocultas. Usado frequentemente para as execues da loja, o Tepaphone

    nunca falhara em seus resultados letais sendo o bito de suas vtimas

    habitualmente diagnosticados como "acidente vascular cerebral."

    Frabato prosseguia em animada conversa na casa de seu amigo, to

    absorto na discusso que a princpio no percebeu o ataque empreendido

    FRABATO O MAGO 36363636

  • pela FOGC. Foi somente quando sentiu um repentino excesso de

    transpirao que notou circunstncias anormais sua volta. Desconfiado,

    subiu e desceu do quarto algumas vezes, procurando a causa do calor

    incomum, o qual nunca experimentara antes. A temperatura elevou-se

    progressivamente, atingindo o outro homem na sala, o que fez Frabato

    compreender que a causa do sbito aumento de temperatura no estava em

    seu corpo fsico. Quando o relgio e o anel comearam a queimar-lhe a pele,

    no teve dvidas de que alguma fora estranha tentava destru-lo. Tentou

    lutar e confrontar o poder, mas o calor j era de tal modo intenso que no

    lhe foi possvel se concentrar, deixando-se cair numa cadeira, observado pelo

    perplexo e impotente amigo. O que se poderia fazer num caso destes?

    Procurar ajuda mdica no teria sentido - o que um mdico poderia fazer

    contra ataques mgicos? O sangue fervia-lhe nas veias e embora tentasse

    resistir, no conseguia influenciar o corpo atravs da mente. Desesperado,

    rogou a Deus por ajuda e inspirao. Estava convencido de que se esse no

    fosse o momento final de sua encarnao, conseguiria a ajuda necessria.

    O amigo tentou magnetiz-lo mas logo recuou devido ao insuportvel

    calor na sala. Subitamente, Frabato ouviu uma voz interior dizendo: "Desvie

    com gua!" Ele abriu os lbios e sussurrou: "gua! Muita gua! "

    Rapidamente seu amigo saiu pela porta, retornando com um balde

    cheio e instantaneamente Frbato recobrou a clareza e o poder de seus

    pensamentos. A gua foi ficando mais e mais quente enquanto o amigo trazia

    mais baldes cheios. O calor continuou sendo transferido para a gua por um

    longo tempo, visto que o ataque da loja continuou incansvel. Como as

    FRABATO O MAGO 37373737

  • vibraes destrutivas tornaram-se ineficazes sobre seu corpo, Frabato logo

    se sentiu forte o bastante para empregar a clarividncia. Espiritualmente,

    rastreou o campo energtico descobrindo que tinham sua origem na Loja

    FOGC.

    "Vocs iro se arrepender por me atacarem desta forma", pensou.

    "Tanto quanto permitir a lei espiritual, trabalharei para derrotar todos os

    seus planos futuros."

    Frbato prosseguiu desviando as sombrias energias para a agua.

    Atravs da clarividncia, observou que a sesso macabra na FOGC ainda

    prosseguiria por uma hora e aps seu trmino os magos interromperam o

    crculo mgico, retirando a foto de Frabato da mira do Tephaphone; o Gro-

    mestre e o secretrio fecharam o perigoso aparelho trancando-o em seguida

    na sala de equipamentos. Ainda conversaram por um breve perodo,

    satisfeitos ao imaginarem a morte de Frbato estampada nas manchetes dos

    jornais com o posterior cancelamento de suas apresentaes. Outro encontro

    foi marcado para a prxima noite, a fim de comemorarem a vitria sobre o

    odiado inimigo, sendo os trabalhos dissolvidos naquele dia.

    Nesse momento Frabato abandonou as observaes e como no tinha

    conhecidos em seu hotel, aceitou o convite do amigo para passar a noite por

    ali mesmo. Antes de ir para a cama, porm, pediu um pedao de fio de cobre

    ou ferro e uma faca de cozinha afiada. Seu amigo atendeu ao estranho

    pedido e observou o mago puxando o fio em volta da cama, ligando-os s

    extremidades da faca e colocando-os no cho. Concentrou-se profundamente

    por alguns momentos, carregando o fio protetor nos trs mundos. Com esse

    FRABATO O MAGO 38383838

  • procedimento, isolava-se contra qualquer influncia espiritual nociva.

    Aps despedir-se do amigo, Frabato agradeceu a Deus pelo maravilhoso

    resgate e logo adormeceu profundamente.

    FRABATO O MAGO 39393939

  • C A P T U L O I V C A P T U L O I V C A P T U L O I V C A P T U L O I V

    O gro-mestre da F.O.G.C sentou-se num elegante caf em

    Pragerstrae, bebia um copo de caf e folheava as pginas do jornal de

    Dresden.

    "Nenhuma notcia sobre a morte de Frabato? Isso no pode ser

    verdade! O tepafone nunca falhou. E por qual outro motivo ns fizemos um

    pacto com o princpe dos demnios?

    Estes eram os pensamentos que martelavam em sua mente.

    Raiva e desapontamento fadigavam seus nervos. Os irmo da Loja

    queriam celebrar o sucesso naquela noite e agora esta desgraa! Tal falta,

    sem dvida, abalaria a convico de alguns membros no poder da loja. E

    acima de tudo, o gro-mestre tambm notava que sua prpria autoridade

    estava em perigo.

    Ele ordenou o cancelamento da reunio daquela noite e foi Loja

    sozinho. Logo que chegou, foi para uma sala do templo usada apenas para

    operaes magicas executadas pelo gro-mestre.

    A sala tinha uma nica janela que podia ser tapada com uma cortina.

    Perto da parede leste, um coluna tetragonal ornamentada com signos

    mgicos servia como um altar; o equipamento magico j esta disposto l.

    Acima dela, estava a figura de Baphomet, o supremo deus dos magos negros.

    A paredes estavam cobertas com um veludo azul escuro. Havia um grande

    FRABATO O MAGO 40404040

  • lustre pendurado no centro de um forro azul claro. No altar estava um

    pequena lmpada magica, chamada de "Laterna Magica" pelos ocultistas,

    nela brilhavam as setes cores do arco-ris, simbolizando aa aliana com as

    sete esferas planetrias. Em cada canto da sala, havia duas velas grandes,

    em magnficos candelabros de prata. Embora a sala pudesse ser iluminada

    por luz eltrica, apenas as velas e a laterna magica foram usadas para a

    operao mgica.

    O Gro-Mestre tirou um casaco de seda azul escuro e um leno de

    cabea da mesma cor de um armrio. Ele fechou a porta do templo, despiu-

    se, e vestiu o leno e o casaco. A parte do leno que cobria sua testa era

    ornamentada com um pentagrama invertido bordado em prata. Um par de

    chinelos de seda violeta adornavam seus ps. Ele abriu um cofre e retirou

    dele uma enorme capa branca, que colocou no cho. A capa era bordada com

    um crculo mgico multi-colorido, em forma de uma cobra cujas costas eram

    ornamentadas com vrios nomes. Havia um tringulo acima do circulo

    bordado; ele apontava para cima e havia letras em seus cantos. O centro do

    crculo continha um pentagrama invertido, bordado em vermelho prpura.

    Cada canto do pentagrama era ornamentado com uma letra, lidas juntas

    como "Satan".

    O Grande Mestre colocou uma travessa come incenso sobre o tringulo

    e ps cinco velas lisas em volta do crculo. Ento, ele examinou

    cuidadosamente cada parte do equipamento mgico , pois nada deveria ser

    esquecido durante as invocaes que ele tencionava fazer. Apesar da

    proteo que ele havia adquirido atravs do pacto demonaco, o menor

    FRABATO O MAGO 41414141

  • descuido poderia ter severas conseqencias.

    Aps a adio do p de incenso, O gro-mestre acendeu o carvo no

    turculo e um forte odor preencheu a sala. Logo, ele acendeu as velas e

    desligou as luzes. As cortinas mantinham fora a luz do dia.

    O Gro-Mestre entrou majestosamente no crculo mgico. Sua mo

    esquerda agarrou a espada mgica, a mo direita a baqueta . No seu

    pescoo estava pendurado um lamen com o selo da criatura que estava

    prestes a invocar. De frente para o leste, ele recitou a frmula de invocao

    com fervor:

    "Estou unido a vs, salamandras e espirtos do fogo infernal. Vosso

    elemento est sujeito a mim em todos os trs mundos. Chamo-te e invoco,

    prncipe dos espritos do fogo infernal! Invoco-te, em nome de Satan, teu

    sagrado mestre, que nosso lorde e soberano! Como aliado de teu mestre, te

    ordeno em seu nome a sucumbir a minha vontade e apoiar meus propsitos

    atravs de teu elemento. Imponho-te minha espada mgica, e te foro a

    absoluta obedincia. Demando de ti que teus cruis espirtos do fogo sejam

    submetidos minha vontade e que eles me ajudem com meus planos em

    qualquer hora. Em nome de teu mais elevado lorde e soberano, com quem

    sou ligado pelo pacto, te ordeno a perseguir e destruir Frabato. Prncipe dos

    espritos do fogo infernal! Aparea aqui agora, visvel ante o crculo, para

    confirmar a recepo de minhas ordens!"

    Aps o grande mestre ter recitado apaixonadamente esta evocao, as

    chamas das velas aumentaram e o cho comeou a vibrar. Um raio brilhante

    apareceu no meio do tringulo e uma voz estridente agora era ouvida: " Eu

    FRABATO O MAGO 42424242

  • ouvi seu pedido, grande mago!" Ns devemos te servir, pois nosso supremo

    lorde est submetido a ti. Por isso, meus sditos e eu perseguiremos Frabato

    onde a influncia de nosso elemento tornar isso possvel. Porm, eu no

    posso garantir sucesso total Pois Frabato deve cumprir uma misso

    especial na Terra. Seu destino no como os dos simples mortais!"

    A forma da criatura se tornava cada vez mais visvel, lnguas de fogo

    danavam ao seu redor. Um calor intolervel emanava da criatura, cujo

    poder era to penetrante que o prprio gro-mestre se sentia em perigo. Ele

    levantou sua espada e apontou entidade. A ser de fogo sumiu com o

    estalido de um trovo, fazendo o cho abaixo dos ps do gro-mestre vibrar.

    Depois de descanar e se concentrar por algum tempo, o mago negro

    virou-se ao sul:

    "Vs, foras do elemento do ar! Todo meu ser est agora em contacto

    com vosso elemento. Rei das criaturas demoniacas do ar, oua meu chamado

    e obedea minha vontade. Como um aliado de teu altssimo lorde, te evoco

    no nome dele! Tu e teus espritos alados que passam atravs da atmosfera

    em tremendas velocidades devem obedecer s minhas ordens. Eu te invoco,

    rei dos espritos demoniacos do ar! Torne-se visvel aqui ante meu crculo e

    confirme a recepo da demanda, Caso tu hesites, pois caso assim faa,

    tortur-lo-ei e atorment-lo-ei em nome de teu mestre! Rei do ar, aparea

    para mim agora!"

    Em meio a gritos ensurdecedores, o esprito do ar tornou-se visvel no

    tringulo mgico. "Seu verme! Se tu no fostes aliado de meu altssimo

    lorde, Eu cortaria-te em pedaos com meu elemento. Como se atreve a

    FRABATO O MAGO 43434343

  • ameaar-me de tal maneira? somente devido ao teu pacto que devo-lhe

    obedincia. Agora, fale logo! "

    "Eu peo a destruio de Frabato", o Gro-Mestre gritou

    autoritariamente.

    Teus espiritos do ar persegui-lo-o continuamente e frustraro cada

    ao dele. Faa-o um fraco impotente. "

    Farei o que estiver dentro do meu poder, mas no posso prometer

    nada, pois os irmos de luz esto do lado de Frabato" O rei do ar respondera

    desdenhoso e ento ele tambm se foi. A menao da posio especial de

    Frabato, seu poder e a fonte de sua proteo causaram ataques de dio e

    raiva na alma do gro mestre. Neste estado de espirito, ele virou-se ao oeste:

    " Foras da gua, eu vos conjuro! Oua minha demanda, seres elementais

    da gua! Possante prncipe demnio das guas, eu te invoco. Sou unido ao

    teu Elemento e falo tua lngua. Te chamo em nome de Satan, teu lorde. Eu, o

    aliado de seu soberano, devo ser obedecido imediatamente; suba do oceano

    bribombante e torne-se visvel aqui ante o meu crculo para confirmar a

    recepo de meu pedido. No recuse vir ou eu persegui-lo-ei em nome de teu

    regente infernal com o elemento fogo! Prncipe das guas, aparea para

    mim! "

    Com um estrondo imenso, um estranho ser, metade peixe, metade

    humano, materializou no tringulo mgico e dirigiu-se ao mago com uma voz

    rouca:

    " Tu me evocaste pelo meu elemento, mesmo ainda sabendo detesto

    grandes cidades. Se tu no foste aliado de meu mestre, eu teria te aflingido

    FRABATO O MAGO 44444444

  • pelo meu elemento, graas as tuas ameaas. Agora, diga-me o que tu queres

    e farei isso rapidamente! Fervilhando de raiva e dio, o gro-mestre clamou:

    " eu no te chamei das profundezas do mar sem razo. Em nome de teu

    Senhor e Mestre, exijo a perseguio e destruio de Frabato. Ele o

    primeiro a resistir nossa loja, e, portanto, quero ele destruido! "

    "Tentarei cumprir teu desejo. O que est em meu poder ser feito, mas

    o sucesso no pode ser garantido. " Muito depender se pudermos agarrar

    Frabato num momento de fraqueza." O mago dispensou a criatura com sua

    baqueta magica; ela desapareceu.

    O gro-mestre ficou enraivecido que os prncipes dos elementos no

    prometeram-lhe sucesso pleno; ele comeou compreender as grandes

    dificuldades que estavam por vir. Para poder completar seu quadrado

    mgico, foi evocado o prncipe da terra tambm. Ele virou-se ao Norte e

    disse: "Tervel prncipe infernal do elemento terra, o aliado de teu senhor te

    chama. Em nome de Satan, saia das profundezas e aparea ante meu crculo

    e confirme que recebestes meu desejo. Obedea meus comandos

    imediatamente, seno atorment-lo-ei em nome de teu mestre. Prncipe da

    Terra, aparea agora! "

    O cho sob os ps do grande mestre estremeceu e, com um rugido

    estridente, um pequeno homem com o cabelo cinza e um longo queixo

    apareceu no tringulo mgico. Seus grandes, escuros e profundos olhos

    cintilavam para o mago negro. Em sua mo direita, ele erguia uma lanterna

    que emitia uma luz estranhamente opaca, contudo intensa. O esprito da

    terra olhava para o mago com um olhar penetrande, e disse:

    FRABATO O MAGO 45454545

  • " Relutante, deixei meu reino para tua vontade obedecer. De acordo

    com as leis espirituais e pelo teu pacto devo obedincia a ti at morrer. Qual

    ... teu desejo? " A voz profunda e o poderoso olhar geldo da criatura

    causavam arrepios na espinha do magista. De repente, ocorreu-lhe que em

    sua morte, ele se tornaria um servo desta criatura.

    O prncipe de elementais da terra esperava calmamente no tringulo

    mgico. Ele podia ler os pensamentos e sentimentos do magista facilmente, e

    parecia ench-lo de grande prazer que aquele homem louco seria seu vassalo

    no futuro. Embora quase paralisado, o Gro-Mestre se recomps, dizendo:

    "Eu sei o que me espeta; mas no presente momento no posso permanecer

    inativo e assitir um estranho celebrar seu sucesso e ridicularizar nossa loja."

    Portanto, exijo que tu persigas e destruas Frabato com todos os teus

    poderes. Leve-o s profundezas de teu reino e o cerque com um vu de

    escurido, assim ele no poder escapar. Esta a minha vontade! O

    extermnio de Frabato servir imagem de teu mestre e de nossa

    fraternidade ". "Farei o que est em meu poder", respondeu o esprito da

    terra " mas no posso garantir o pleno sucesso no caso de um homem como

    Frabato".

    O esprito da terra desapareceu e todo o edifcio tornou-se silencioso

    como um cemitrio. A evocao dos seres elementais havia esgotado o gro-

    mestre de tal maneira que ele permaneceu no crculo mgico como se

    estivesse fisicamente castigado. Respirava pesadamente e um vazio invadira

    sua mente. Ele viu o esprito que o servia todos os dias em p num canto da

    sala. Esta entidade estava ao seu lado por muitos anos, o ajudando a realizar

    FRABATO O MAGO 46464646

  • suas vontades; o magista havia se tornado completamente dependente da

    criatura. Ele estava ciente que no mais tinha poder para soltar a si mesmo

    de suas correntes; as leis espirituais no lhe davam nenhuma chance para

    anular seu pacto com os regentes das foras demonacas. O poder que ele

    havia ganhado atravs do pacto no duraria para sempre, e , tal como era

    um mestre hoje, poderia ser um escravo amanh. O gro-mestre era incapaz

    de satisfazer sua cobia por poder material e riqueza com suas habilidades

    ocultas; deste modo, acabou sucumbindo a tentao do pacto. Um

    sentimento de dependncia recaa sobre ele como um pesadelo; neste exato

    momento, O gro-mestre sofria tormentos infernais que nunca antes haviam

    sido experimentados na vida. Seu dio por Frabato era imenso, no obstante,

    sua averso fora incendiada pelo fracasso dos prncipes dos quatro

    elementos em lhe garantir sucesso.

    A pergunta era: "Que poderosa autoridade est por detrs de Frabato?"

    Isso martelava a cabea dele. "Quero ele destruido, mesmo que eu tenha que

    arriscar minha prpria vida!" Dirigido por estes pensamentos, o gro-mestre

    decidira evocar o grande mestre das foras infernais ele mesmo, para pedir

    que ele satisfazesse seu desejo. O mago negro colocou a espada no cho,

    dentro do crculo, e logo posicionou seu p esquerdo em cima dela. Ento,

    levantou a varinha mgica com a mo direita e desenhou o selo da escurido

    no ar, o acordado sinal que evocaria o demnio supremo.

    Ele mal havia completado o selo quando um raio brilhante ascendeu do

    solo e iluminou todo o quarto . O Gro-Mestre estava ali, como se atingido

    por um raio, lutando para se manter consciente; j que o quarto estava

    FRABATO O MAGO 47474747

  • preenchido com uma vibrao paralisante e mortal. Nenhum mortal comum

    estaria apto a sobreviver quela terrvel energia; apenas o pacto do gro-

    mestre o salvava da aniquilao imediata.

    Uma figura muito peculiar condensou-se lentamente no tringulo,

    onstentando uma cabea com chifres de um bode, e um peito humano com

    plos. As mos da criatura eram bizarras, com dedos semelhante garras,

    seus ps eram como cascos de um boi. Uma cauda longa e grossa

    completava a figura.

    Depois que apario tornou-se totalmente visvel, o raio de desapareceu

    no cho. Muito raramente o magista havia visto este esprito, pois isto era

    Baphomet, o mestre dos demnios!

    Baphomet falou ironicamente para o vacilante gro-mestre:

    "Bem, grande mago, conheo seu desejo de destruir Frabato. uma

    boa idia e apoi-la-ei com todas minhas foras. No entanto, no ser fcil,

    pois este Frabato um homem com uma misso espiritual especial. por

    isso que os nossos mtodos falharam at agora. Caso voc insista em teu

    pedido, enfrentaremos uma tarefa difcil. Talvez tu devesses gastar o resto

    de tua vida aproveitando outros prazeres."

    Uma batalha era travada entre a conscincia do gro-mestre, seu medo

    e seu dio. Finalmente, o dio fora vitorioso e numa fria cega ele balbuciou,

    " Eu fiz este pacto para qu? Tu ests obrigado a ajudar-me at o final de

    minha vida. Talvez tu possas triunfar sobre mim aps minha morte, mas

    agora exijo tua ajuda para exterminar Frabato. S assim terei prazer em

    minha vida. Qu ele seja eternamente condenado!"

    FRABATO O MAGO 48484848

  • Aps o magista ter proferido sua maldio, o sinistro visitante

    desapareceu sem nada responder. A tenso paralizante havia se dissolvido.

    Completamente esgotado, o Gro-Mestre proferiu a frmula de despedida

    para todos os seres que tinham sido evocados, ao passo que fora feito a

    adio de algumas frmulas de proteo, apenas por precauo. Ele trancou

    apressadamente todo o aparato mgico em seus respectivos armrios e

    deixou o templo.

    Logo, ele estava caido num sof numa sala adjacente, incapaz, por

    algum tempo, de pensar com clareza. depois de uma forte xcara de caf, o

    gro-mestre se sentia um pouco revivado, todavia, era incapaz de abandonar

    os dramticos eventos do dia.

    O sol estava brilhando no cu azul, mas o Grande Mestre estava

    carrancudo enquanto deixava a Loja, rapidamente fazendo o seu caminho de

    casa.

    FRABATO O MAGO 49494949

  • C A P T U L O V C A P T U L O V C A P T U L O V C A P T U L O V

    Na noite desse mesmo dia, as reservas para a sala de conferncias do

    clube Eccentric estavam esgotadas. Frabato realizava uma entrevista

    coletiva para um seleto grupo de jornalistas e cientistas - entre os quais

    alguns membros FOGC, o que mostrava que a loja tinha representantes em

    todas as classes sociais.

    Quando a sesso terminou, os jornalistas inundaram Frabato com

    perguntas, as quais foram respondidas rapidamente de modo a satisfazer os

    sensacionalistas. Em seguida Frabato retirou-se para outra sala a fim de

    manter uma discusso mais aprofundada com um grupo menor. Ao ser

    levantado o assunto da hipnose, explicou com pesar que no mais realizaria

    as sesses pois fra admoestado pelo inspetor de policia sobre uma nova lei,

    proibindo demonstraes pblicas do fenmeno e a qual ele prometera

    respeitar.

    A meno sobre a nova lei provocou imediata reao no grupo. Um

    reprter gritou: "Aposto quinhentos marcos que voc no ter mais coragem

    de realizar demonstraes de hipnose em suas apresentaes!"

    Frabato sentiu-se constrangido. No fazia parte de sua tica

    transgredir o cdigo civil mas por outro lado, ia contra sua dignidade ser

    chamado de covarde - sobretudo aps ter sido fortemente assediado pelos

    sensacionalistas da mdia. Confiante de que alguma idia pudesse lhe

    FRABATO O MAGO 50505050

  • ocorrer, aceitou a aposta.

    Deixou o clube em seu carro, rumando para o hotel e na manh

    seguinte refletiu uma vez mais sobre os acontecimentos. Desconfiava que a

    aposta fosse na verdade uma cilada da Loja FOGC e sbito, teve a idia de

    como escapar da armadilha. Vestiu-se rapidamente e saiu para uma

    caminhada, aperfeioando cada detalhe de seu plano. Depois do almoo

    verificou sua caixa de correspondncias e em seguida dirigiu-se para a

    cidade.

    Entrou numa grande loja de msicas em Wilhelmstrae, que possua

    nos fundos um pequeno estdio de gravao. Dirigiu-se vendedora e

    perguntou se era possvel gravar sua voz imediatamente, levando o disco

    naquele mesmo dia. A mulher consentiu, encaminhando-o ao anexo do qual

    s saiu na parte da tarde levando consigo um grande nmero de registros

    com os quais, alegremente, rumou de volta ao hotel.

    Os corredores principais da galeria de arte estavam animados naquela

    noite. Reprteres dos jornais de Dresden, ansiosos, perdiam-se no fluxo

    constante de pessoas em direo ao auditrio, j lotado, a fim de

    testemunhar as manifestaes do misterioso Frabato que sorrindo, apareceu

    no palco. Quando os aplausos acolhedores cessaram, dirigiu-se platia:

    "Senhoras e senhores, agradeo pelas calorosas boas-vindas e pelo

    grande interesse em minhas apresentaes. Em uma de minhas palestras

    anteriores indiquei que existem muitas coisas entre o cu e a terra que os

    mortais comuns no podem compreender ou dominar facilmente. Fui

    autorizado a apresentar-lhes, com a evidncia do poder magntico, a

    FRABATO O MAGO 51515151

  • influncia da vontade humana a qualquer distncia, bem como o poder da

    clarividncia e telepatia.

    "Como nas performances anteriores, precisarei de um voluntrio para

    me ajudar nas demonstraes. Para comear quero apresent-los ao mundo

    dos mortos, mostrando que a existncia humana no finaliza com o que

    chamamos morte, mas pelo contrrio, nesse ponto que a verdadeira vida

    inicia. A vida no corpo fsico deve ser considerada como uma espcie de

    preparao para esse momento.

    Vou abster-me de mesas girantes ou similares j que estes so mtodos

    tradicionalmente empregados por charlates. Espero proporcionar-lhes um

    espetculo ainda mais impressionante, chamando para c alguns espritos

    que em nosso plano so conhecidos como "mortos". "

    Um murmrio percorreu o salo seguido de silenciosa expectativa. Por

    fim, um cavalheiro deixou seu lugar e subiu ao palco.

    "Meu nome Schneider", disse ele, apresentando-se a Frabato, " sou

    professor de qumica. Voc fala de forma muito convincente sobre os

    poderes espirituais e sobre entidades cuja existncia so, at o momento,

    negadas pela cincia ortodoxa. Ficaria muito grato se pudesse fornecer-me

    qualquer prova dos poderes espirituais que descreve... Sendo um cientista e

    um ctico, no serei facilmente convencido. "

    Frabato perguntou platia se tinha a permisso dos presentes para

    responder s perguntas do professor com evidncias relevantes. A resposta

    foi um unnime "sim" seguida de aplausos entusiasmados. Todos estavam

    ansiosos e curiosos para saber que tipo de experimento Frabato iria realizar.

    FRABATO O MAGO 52525252

  • Frabato indicou ao professor um lugar no canto do palco e pediu-lhe

    que fosse paciente por alguns momentos pois primeiramente introduziria

    alguns ensinamentos sobre Espiritismo platia. Entretanto, mal dissera a

    primeira frase, o voluntrio transformou-se visivelmente. O homem tornou-se

    plido, olhos voltados para o espao e em segundos caiu de sua cadeira,

    como que possudo, prostrando-se rgidamente no cho. Alguns gritaram,

    outros levantaram-se de seus assentos, esticando o pescoo para ver o que

    acontecera.

    Durante o tumulto, Frabato manteve-se impassvel, sequer olhando o

    professor. Tranquilamente levantou as mos pedindo silncio:

    "Senhoras e senhores, por favor... nenhum mal ocorrer ao professor.

    Para surpresa de vocs, eu desloquei parte de minha personalidade

    enquanto falava e a enviei para que pudesse extrair certa quantidade de

    vitalidade astral desse senhor. Ao fazer isso, induzi-o a um estado

    semelhante ao da morte. Ele no mais respira e os batimentos cardacos

    cessaram. Um diagnstico mdico relataria insuficincia cardaca ". Frabato

    pensava na FOGC - que tinha membros espalhados pelo pblico - e o quanto

    estariam apreensivos j que a experincia demonstrava claramente que a

    insuficincia cardaca podia ser causada por meios ocultos.

    Frabato dirigiu-se ento ao professor, apoiando-o qual uma marionete

    rgida e logo sendo auxiliado pelos assistentes que colocaram o homem

    suspenso sobre duas cadeiras dispostas em distncia suficiente para

    suportar-lhe o pescoo e os calcanhares.

    Depois que um cobertor foi colocado sobre o corpo, Frabato subiu no

    FRABATO O MAGO 53535353

  • abdmen do professor, pedindo a seus assistentes que o acompanhassem;

    logo havia trs pessoas de p sobre o corpo imvel do voluntrio que

    suportava o peso dos trs homens, como se fora feito de ao.

    Quando os trs desceram, a tenso da platia explodiu em aplausos. A

    um sinal de Frabato os assistentes levaram o professor ao cho e o mago

    apoiou-o com os braos, pedindo silncio. Mirou um canto distante do palco

    e imperceptivelmente,

    a aparncia do professor transformou-se por completo. A rigidez de seu

    rosto desapareceu dando lugar a uma colorao normal.

    Frabato fitou o professor que aps um curto perodo de tempo,

    comeou a respirar e movimentar normalmente as plpebras.

    Como que despertando de um sono profundo, estendeu as pernas e

    olhou o entorno, atnito, at avistar Frabato, que lhe sorriu:

    "Bem, professor, estou certo de que poderia relatar ao pblico sua

    interessante experincia."

    Como as pernas ainda estivessem trmulas, o voluntrio sentou-se em

    uma das cadeiras, ajudado pelos assistentes. Frabato tornou a olh-lo

    fixamente por alguns segundos, restaurando-lhe o estado em que se

    encontrava no incio do fenmeno. O professor levantou-se empurrando a

    cadeira para o lado e apertou a mo Frabato, entusiasticamente.

    "No esperava por algo assim! Vou lembrar desse momento at o fim

    dos meus dias. ...embora esteja ainda completamente confuso sobre como

    pde ter me influenciado dessa forma durante a apresentao.

    Com uma risada, Frabato respondeu: "Essa capacidade resultado de

    FRABATO O MAGO 54545454

  • vrios anos de meditao e treinamento... voc experimentou por si mesmo

    como ela eficaz. Mas por favor, no faa o pblico aguardar por seu

    depoimento, professor..."

    "Como estava ouvindo atentamente as palavras de Frabato", comeou o

    professor, "No percebi que estava sob uma influncia externa. Mas de

    repente senti minha cabea completamente vazia e fui incapaz de me mover.

    Para meu horror, vi meu prprio corpo cair no cho do palco e a rigidez

    abandonou-me, dando lugar a uma sensao de liberdade, tranqilidade e

    leveza que nunca experimentara antes. Pude flutuar sobre o palco

    livremente, ligado ao corpo fsico apenas por um fino cordo de prata. Dessa

    maneira, testemunhei o que Frabato e seus assistentes fizeram, ficando

    extremamente aliviado ao perceber que no havia perigo na experincia.

    Quando um dos assistentes caminhou sobre mim, percebi que meu corpo no

    projetava nenhuma sombra, apesar de me sentir totalmente como um ser

    carnal; depois, quando os assistentes apoiaram novamente meu corpo no

    cho, Frabato olhou-me de maneira profunda e vinculei-me ao meu corpo

    como se atrado por um im. Embora tentasse resistir a essa fora, meus

    esforos foram em vo e perdi a conscincia. Quando acordei, vi-me de volta

    ao corpo fsico.

    "No tenho mais qualquer dvida de que o esprito humano sobrevive

    morte do corpo fsico, e que este esprito move-se na forma descrita por

    Frabato em sua palestra."

    Tendo prestado a Frbato calorosos agradecimentos, o professor voltou

    ao seu lugar, acompanhado por aplausos. A expectativa espalhou-se

    FRABATO O MAGO 55555555