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FRANCIELLY TAMARA OLIVEIRA LÁZARO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM PACIENTES ACOMETIDOS POR LESÕES E ALTERAÇÕES CINÉSIO-FUNCIONAIS DO MANGUITO ROTADOR Cascavel 2003

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FRANCIELLY TAMARA OLIVEIRA LÁZARO

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM PACIENTES ACOMETIDOS POR LESÕES E ALTERAÇÕES CINÉSIO-FUNCIONAIS DO MANGUITO ROTADOR

Cascavel

2003

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FRANCIELLY TAMARA OLIVEIRA LÁZARO

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM PACIENTES ACOMETIDOS POR LESÕES E ALTERAÇÕES CINÉSIO-

FUNCIONAIS DO MANGUITO ROTADOR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel, como pré-requisito para a obtenção do Título de graduado em Fisioterapia.

Orientador: Gladson Ricardo Flor Bertolini

Cascavel 2003

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TERMO DE APROVAÇÃO

FRANCIELLY TAMARA OLIVEIRA LÁZARO

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM PACIENTES ACOMETIDOS POR LESÕES E ALTERAÇÕES CINÉSIO-

FUNCIONAIS DO MANGUITO ROTADOR Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como pré-requisito parcial para a

obtenção do título de graduado em Fisioterapia na Universidade Estadual do Oeste

do Paraná.

BANCA EXAMINADORA

............................................................................................

Profº Gladson Ricardo Flor Bertolini – UNIOESTE (orientador)

............................................................................................

Profª Juliana Frare - UNIOESTE

............................................................................................

Profº Rodrigo Daniel Genske - UNIOESTE

Cascavel, 16 de Abril de 2003

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DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais e

minha irmã que compartilharam comigo

meus ideais, que me incentivaram a

prosseguir minha caminhada e que

deixaram alguns de seus sonhos

adormecidos para que eu realizasse os

meus.

A vocês todo o meu amor e consideração.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo Dom da vida.

O meu orientador Gladson Ricardo Flor Bertolini, por tudo que me ensinou, por sua

dedicação, profissionalismo e incentivo em todos os momentos.

A todos os professores e colegas do curso que participaram da minha formação.

Agradeço a todos que contribuíram para que fosse possível a realização deste

trabalho.

A todos os meus amigos, principalmente: Carolina Pellegrim, Fabiana Navarro,

Fabielle Volpi, Patrícia Vieira e Maicon Fernando Eger.

Agradeço também toda a banda “C”, por tudo que passamos juntos. Obrigada

Alexandre, Carol Ikeda, Deborah, Fabiana, Fabielle, Maicon, Mônica e Tati Badke.

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RESUMO

As lesões do manguito rotador representam um distúrbio cada vez mais observado na prática clínica. Estas lesões geralmente estão relacionadas com o impacto das estruturas tendinosas contra o arco coracoacromial, que podem ser muito incapacitantes para os pacientes acometidos. Dentre as modalidades de tratamento, o fisioterapêutico é dos mais recomendados. Dessa forma, objetivou-se avaliar a eficácia do tratamento conservador fisioterapêutico nas lesões e alterações do manguito rotador, utilizando-se um protocolo adotado na Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, no período compreendido entre setembro de 2002 e fevereiro de 2003. Foram estudados 10 pacientes (10 ombros com diagnóstico de síndrome do impacto), 7 mulheres (70%) e 3 homens (30%) com idade média de 44,4 anos (variando de 16 a 63 anos). O lado esquerdo esteve envolvido isoladamente em 4 pacientes (40%) e o direito em 6 (60%). Em nenhum paciente o acometimento foi bilateral. O tratamento foi indicado imediatamente após o diagnóstico fisioterapêutico ser firmado e constitui-se de 4 fases, inicialmente (fase aguda) uso de ultra-som, ondas curtas ou microondas e cinesioterapia (exercícios pendulares de Codman). Passada a fase aguda, foram acrescentados os exercícios visando o ganho de amplitude de movimento, força muscular e propriocepção; com objetivo final de recuperação funcional. Os resultados foram avaliados segundo a escala funcional da UCLA. Dos 10 ombros envolvidos, em 3 (30%) os resultados foram considerados excelentes, em 2 (20%) bons; em 4 (40%) razoáveis; e em 1 (10%), ruim. De acordo com a escala funcional, foi considerado como resultado satisfatório 50% dos casos e insatisfatório, 50%. Apesar dos resultados obtidos, conclui-se que o protocolo utilizado é eficaz, podendo ser adotado para o tratamento de lesões e alterações cinésio-funcionais do manguito rotador, principalmente quando se encontram agudizadas, além disso em todos os pacientes houve evolução do quadro clínico geral.

Palavras chaves: protocolo, manguito rotador e reabilitação.

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SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS...............................................................................13 LISTA DE TABELAS...............................................................................14 LISTA DE GRÁFICOS............................................................................15 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS..................................................16 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...........................................................19 2.1 COMPLEXO DO OMBRO ...................................................................................19

2.2 ASPECTOS BIOMECÂNICOS............................................................................20

2.3 ARTICULAÇÕES ................................................................................................20

2.3.1 Articulação Glenoumeral ..................................................................................20

2.3.2 Articulação Umerocoracoacromial....................................................................21

2.3.3 Articulação Acromioclavicular...........................................................................21

2.3.4 Articulação Esternoclavicular ...........................................................................22

2.3.5 Articulação Escapulotorácica ...........................................................................22

2.4 MÚSCULOS........................................................................................................23

2.5 MANGUITO ROTADOR ......................................................................................26

2.6 RITMO ESCAPULOTORÁCICO E ESCÁPULOUMERAL...................................28

2.7 SÍNDROME DO IMPACTO .................................................................................29

2.7.1 Evolução...........................................................................................................34

2.7.2 Quadro Clínico .................................................................................................34

2.7.3 Diagnóstico.......................................................................................................35

2.8 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA.....................................................................35

2.9 TRATAMENTO....................................................................................................38

3 METODOLOGIA..................................................................................42 4 RESULTADOS ....................................................................................50 5 DISCUSSÃO........................................................................................53 6 CONCLUSÃO......................................................................................57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................58 ANEXO – A.............................................................................................63 ANEXO – B.............................................................................................65 ANEXO – C.............................................................................................68 ANEXO – D.............................................................................................70

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Articulação do ombro direito, após remoção do deltóide............. 22

Figura 2. Ciclo perpetuante da lesão do manguito rotador.......................... 26

Figura 3. Formas do acrômio....................................................................... 27

Figura 4. Aplicação do ultra-som................................................................. 37

Figura 5. Aplicação do microondas............................................................. 37

Figura 6. Exercícios pendulares de Codman............................................... 38

Figura 7. Alongamento ativo de músculo supra-espinhoso......................... 38

Figura 8. Alongamentos de membro superior com bastão.......................... 39

Figura 9. Fortalecimento isométrico de rotadores externos........................ 39

Figura 10. Exercício proprioceptivo com cama elástica................................ 40

Figura 11. Exercício proprioceptivo na bola.................................................. 40

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Fatores estruturais que possibilitam o aumento do impacto

subacromial.................................................................................. 26

Tabela 2. Dados da anamnese.................................................................... 41

Tabela 3. Escala visual analógica pré-tratamento........................................ 41

Tabela 4. Exame físico – ADM ativa (teste de Apley).................................. 42

Tabela 5. Grau de eficiência muscular......................................................... 42

Tabela 6. Exame físico – FM........................................................................ 43

Tabela 7. Exame físico – testes especiais................................................... 43

Tabela 8. Valores da escala da UCLA......................................................... 46

Tabela 9. Escala visual analógica pré e pós-tratamento.............................. 47

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Resultado geral dos pacientes pós-tratamento, pela escala da

UCLA............................................................................................ 46

Gráfico 2. Grau de satisfação do paciente pós-tratamento, pela escala da

UCLA............................................................................................ 46

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABD – Abdução

AD – Adução

ADM – Amplitude de movimento

FM – Força muscular

MO – Microondas

OC – Ondas-curtas

RE – Rotação externa

RI – Rotação interna

UCLA – University of California at Los Angeles

US – Ultra som

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1 INTRODUÇÃO

Até recentemente considerava-se que a dor e a impotência funcional do

ombro fossem devidas a bursite, reumatismo, e mau jeito, e que o tratamento, sem

qualquer tentativa diagnóstica inicial não passaria da tríade clássica: medicação,

infiltração e fisioterapia. Felizmente, evoluiu-se muito desde então.

Sabe-se que a dor no ombro tem grande incidência no consultório ortopédico,

vindo após a dor lombar (LECH, 1995). As lesões do manguito rotador constituem a

causa mais comum de dor no ombro, acometem principalmente mulheres entre a 4ª

e 5ª décadas de vida, e são eventualmente bilateral. Caracterizam-se por dor na

face ântero-lateral do ombro, e que se exacerba à abdução com rotação externa ou

interna da articulação (BARBIERI, MAZER e CALIL, 1995).

O estudo das lesões do ombro deve levar em conta as relações anatômicas

de todo o quadrante superior. Isto se torna fundamental quando analisa-se a

biomecânica de uma articulação em relação às outras (HALBACH e TANK, 1993).

O manguito rotador é constituído pelos tendões dos músculos subescapular,

supra-espinhoso, infra-espinhoso e redondo menor. Quando íntegro, permite a

formação de um espaço articular fechado, sugerindo uma participação na nutrição

da cartilagem e conseqüentemente prevenção de processos degenerativos

(CHECCHIA e BUDZYN, 1991).

Segundo Volpon e Muniz (1997), os componentes do manguito rotador,

particularmente o supra-espinhoso, ocupam espaço relativamente pequeno na

região subacromial que, em algumas pessoas pode ser ainda exíguo em decorrência

do formato do acrômio que, quando muito inclinado leva ao atrito exagerado dos

tendões contra estruturas rígidas, principalmente a borda anterior do acrômio.

A causas mais freqüentes de lesões do manguito rotador são: a síndrome do

impacto, alterações degenerativas e traumatismos (CHECCHIA e BUDZYN, 1991).

Além disso, na região próxima à inserção do músculo supra-espinhoso, existe uma

área de hipovascularização (área crítica), o que torna essa região mais vulnerável à

lesão e de reparo precário (WILK, et al., 1998).

Com relação aos sinais clínicos, os pacientes apresentam geralmente história

de dor intermitente, que piora à noite pelo estiramento das partes moles. Constata-

se, também, arco doloroso entre 70 e 120 graus, crepitação e diminuição na força

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muscular, principalmente nos movimentos de abdução e rotação externa (LECH,

1995; BRASIL, FILARD e MEMMITI, 1993).

Apresenta positividade nos testes irritativos, como os de Neer, Jobe, Hawkins,

Patte e outros (NICOLETTI e ALBERTONI, 1993).

Quanto ao tratamento, tem sido indicadas diferentes metodologias, incluindo:

intervenção cirúrgica, medicamentos hormonais e não hormonais, tratamento

fisioterapêutico, entre outros (CHECCHIA et al., 1994).

O tratamento deve ser inicialmente clínico, mesmo naqueles casos em que é

observada alguma alteração anatômica. Em geral preconiza-se um período de até 6

meses de tratamento clínico antes de se indicar o tratamento cirúrgico (LECH, 1995; GIORDANO et al., 1998).

Dessa forma, o objetivo desse trabalho constitui-se em elaborar um protocolo

de atendimento fisioterapêutico em 10 terapias para pacientes com alterações

cinésio-funcionais do manguito rotador e implementá-lo junto aos pacientes

acometidos com tal doença na Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE. O intuito é

avaliar os resultados obtidos com o tratamento conservador baseado em diatermia

com ondas curtas (OC) e/ou microondas (MO), ultra som (US) e cinesioterapia, e

ainda, fornecer subsídios para a prescrição desse tratamento em casos similares.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 COMPLEXO DO OMBRO

O ombro é uma estrutura capaz de realizar movimentos com mais de 180

graus, graças aos movimentos coordenados das várias articulações que o

compõem, e possui a maior liberdade de movimento do corpo humano (VEADO e

FLÓRA, 1994).

Segundo Souza (2001), no complexo articular do ombro os músculos atuam

sobre três ossos para o desempenho da maior parte dos movimentos proximais do

membro superior: a escápula, a clavícula e o úmero.

A escápula conecta a clavícula ao úmero e é amplamente móvel. Esse osso

tem uma face costal, fossa subescapular, e uma face posterior, da qual se projeta a

espinha da escápula. A espinha continua lateralmente em um processo achatado

denominado acrômio, que se projeta para frente e se articula com a clavícula. Na

região súpero-lateral, a escápula apresenta a cavidade glenóide para articulação

com a cabeça do úmero (MOORE, 1994).

Só a boa estabilidade da escápula contra o tronco é que permite a atuação do

membro com destreza e força. A estabilização da mesma depende basicamente da

ação muscular do trapézio, rombóides, elevador da escápula e serrátil anterior,

esses músculos estão constantemente se contrapondo à ação da gravidade.

Posturas viciosas, desvios do tronco ou posições inadequadas da escápula podem

proporcionar desequilíbrio no espaço subacromial e conseqüências no seu conteúdo

(bursas e tendões) (MORELLI e VULCANO, 1993).

A clavícula estende-se do manúbrio do esterno até o acrômio da escápula.

Esse osso é responsável pela conexão entre o membro superior, esqueleto axial, e

o tronco. Sua extremidade medial articula-se com o esterno na articulação

esternoclavicular, e sua extremidade lateral articula-se com o acrômio da escápula

na articulação acromioclavicular. A clavícula tem três funções: atua como suporte na

manutenção do membro superior livre do tronco, de forma que haja máxima

liberdade de ação; fornece fixações para os músculos e transmite forças do membro

superior para o esqueleto axial (MOORE, 1994).

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O úmero é o maior osso do membro superior. Sua cabeça lisa e esférica

articula-se com a cavidade glenóide da escápula. Próximos da cabeça estão os

tubérculos maior e menor, que servem para a inserção dos músculos que circundam

e movimentam a articulação do ombro. Ântero-lateralmente há uma rugosidade

conhecida como tuberosidade deltóidea para a inserção do deltóide (MOORE,

1994).

2.2 ASPECTOS BIOMECÂNICOS

O ombro é formado por um conjunto de articulações que, associadas,

proporcionam um grande arco de movimento nos três planos. Porém, não é apenas

a somatória de seus movimentos que é importante para o bom desempenho final,

mas também a maneira coordenada que eles ocorrem. Essa harmonia tem como

principais objetivos, a diminuição do esforço a que são submetidas às diversas

estruturas envolvidas e a manutenção da estabilidade articular (MORELLI e

VULCANO, 1993).

O ombro constitui um complexo formado por 5 articulações: glenoumeral,

umerocoracoacromial, acromioclavicular, esternoclavicular e escápulotorácica.

Sendo a articulação glenoumeral a mais importante, devido sua maior mobilidade e

menor estabilidade, que pode ser atribuída à rasa fossa glenóide, à grande e

redonda cabeça umeral (HALBACH e TANK, 1993; BOLLIGER, 1998).

2.3 ARTICULAÇÕES

2.3.1 Articulação Glenoumeral

A articulação glenoumeral é capaz de quatro movimentos combinados: flexão

e extensão, abdução e adução, abdução e adução horizontal e rotação interna e

externa. O movimento do ombro pode ser restrito como resultado das contenções

ósseas que dependem da posição do membro (WILK et al., 1998).

Sua estabilidade é extremamente dependente de fatores dinâmicos: a ação

sinérgica dos músculos do manguito rotador (MORELLI e VULCANO, 1993).

A cavidade glenóide acomoda pouco mais de um terço da grande cabeça do

úmero, é ligeiramente aprofundada e alargada por uma borda fibrocartilaginosa

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denominada lábio glenoidal (MOORE, 1994). O lábio glenoidal, é reforçado pelos

tendões da porção longa do bíceps e do tríceps braquiais, adiciona flexibilidade às

bordas da cavidade glenoidal, mas sua função mais importante é promover ligação

entre os ligamentos glenoumerais (SOUZA, 2001).

Segundo Wilk et al. (1998), a cápsula da articulação glenoumeral possui um

volume duas vezes maior que o da cabeça do úmero, o que torna possível um

afastamento pouco superior a 2,5 cm entre a cabeça do úmero e a fossa glenóide. A

cápsula articular é relativamente fina e bastante frouxa, contribuindo para a

mobilidade e a falta de estabilidade da articulação. A cápsula é reforçada anterior,

posterior e inferiormente por estruturas ligamentares distintas.

Os ligamentos glenoumerais são espessamentos da parte anterior da

cápsula. Os glenoumerais superior, médio e inferior seguem do tubérculo

supraglenóideo da escápula até o tubérculo menor e o contorno da cabeça do úmero

(MOORE, 1994). Outro ligamento capsular anterior é o coracoumeral, que se origina

no bordo lateral do processo coracóide da escápula e se insere na tuberosidade

maior do úmero (HALBACH e TANK, 1993).

2.3.2 Articulação Umerocoracoacromial

O arco coracoacromial, ou espaço subacromial, também foi considerado como

uma articulação fisiológica. É limitado pelo acrômio e pela articulação

acromioclavicular superiormente, pelo processo coracóide anteriormente e pelo

manguito rotador e a grande tuberosidade da cabeça do úmero inferiormente (WILK

et al., 1998).

2.3.3 Articulação Acromioclavicular

Está localizada entre a faceta lateral convexa da clavícula e a porção ântero-

medial côncava do processo acromial. A articulação é protegida tanto superior

quanto inferiormente pelos ligamentos acromioclaviculares. A clavícula também está

firmemente aderida à escápula pelo ligamento coracoclavicular. Este ligamento

apresenta dois fascículos separados: uma banda medial (conóide) e uma porção

lateral (trapezóide) (HALBACH e TANK, 1993).

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Wilk et al. (1998), relatou as principais funções da articulação

acromioclavicular, que são: manter a relação entre a clavícula e a escápula nos

estágios iniciais da elevação do membro superior; e permitir que a escápula realize

uma amplitude adicional de rotação sobre o tórax nos estágios subseqüentes da

elevação do membro.

2.3.4 Articulação Esternoclavicular

É a única articulação entre o membro superior e o esqueleto axial. É uma

articulação do tipo selar, e suas contenções ligamentares, juntamente com o disco

intra-articular, permitem os movimentos fundamentais à dinâmica do complexo

(MOORE, 1994). O deslocamento fisiológico da clavícula, que segue a dinâmica da

escápula, é proximalmente possibilitado pela articulação esternoclavicular, que

oferece pontos fixos para os movimentos da clavícula: para frente (protração de 30º),

para trás (retração de 30º), elevação (55º), depressão (5º) e rotações (45º) (SOUZA,

2001).

Wilk et al. (1998), descreveram que a extremidade proximal da clavícula é

separada do manúbrio por um disco intra-articular ou menisco, que ajuda a absorver

as forças transmitidas ao longo da clavícula a partir de sua extremidade lateral e

ajuda a controlar a tendência da clavícula para deslocar-se medialmente sobre o

manúbrio. O disco articular é contínuo com os ligamentos esternoclaviculares

anterior e posterior, que são espessamento da cápsula fibrosa (MOORE, 1994).

Segundo Kapandji (2000), os estabilizadores da articulação esternoclavicular

são o disco intra-articular, os ligamentos costoclaviculares e esternoclaviculares e as

projeções fibrosas da cápsula articular.

2.3.5 Articulação Escapulotorácica

Segundo Wilk et al. (1998), não é uma articulação anatômica verdadeira, pois

não possui nenhuma das características habituais de uma articulação, como uma

cápsula articular. Entretanto trata-se de uma articulação fisiológica de movimento

livre sem qualquer restrição ligamentar com exceção dos pontos de apoio na

articulação acromioclavicular (HALBACH e TANK, 1993).

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A articulação escapulotorácica, muitas vezes esquecida, não é menos

importante que a glenoumeral. Tem contribuição significativa para o arco de

movimento nos três planos (MORELLI e VULCANO, 1993).

A falta de movimento em alguma das articulações, mesmo nas menores

(acromioclavicular, esternoclavicular) provoca sobrecarga nas outras, podendo ser a

origem de lesões degenerativas ou inflamatórias, além disso qualquer distúrbio

nessas articulações, pode afetar a coordenação rítmica, acarretando prejuízos a

toda cintura escapular (MORELLI e VULCANO, 1993; VEADO e FLORA, 1994).

2.4 MÚSCULOS

Os músculos da região do ombro dão fixação e produzem movimentos da

cintura escapular e controlam as relações escapuloumerais. Os músculos dessa

região podem ser divididos em três grupos: músculos que conectam a cintura

escapular com o tronco, o pescoço e o crânio (serrátil anterior, trapézio, rombóides

maior e menor, peitoral menor e elevador da escápula); músculos que conectam a

escápula e o úmero (deltóide, supra-espinhoso, infra-espinhoso, redondo menor e

maior, subescapular, coracobraquial, bíceps e tríceps braquial); e músculos que

conectam o tronco e o úmero, tendo pouca ou nenhuma fixação na escápula (grande

dorsal e peitoral maior) (SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997).

Serrátil Anterior: esse músculo tem origem nas superfícies externas e bordas

superiores das oito ou nove costelas superiores, e, se insere na superfície costal da

borda medial da escápula. Sua ação, com a origem fixada, abduz a escápula, roda o

ângulo inferior lateralmente e a cavidade glenoidal cranialmente e mantém a borda

medial da escápula firmemente de encontro ao tórax. Além disso, as fibras inferiores

podem deprimir a escápula, e as fibras superiores podem elevá-la ligeiramente

(KENDALL, 1995).

Trapézio: é dividido em três feixes. O feixe superior origina-se da

protuberância occiptal externa, ligamento nucal, apófises espinhosas do áxis até a 4ª

vértebra cervical, dirigindo suas fibras para inserirem-se sobre o terço lateral da

borda posterior da clavícula. O feixe médio origina-se da porção inferior do ligamento

nucal, apófises espinhosas da 7ª vértebra cervical e das torácicas superiores e, após

um percurso horizontal, insere-se sobre a margem medial do acrômio e lábio

superior da espinha da escápula. O feixe inferior provém das apófises espinhosas

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das vértebras torácicas inferiores (de T5 a T10), para inserir-se obliquamente para

cima sobre a parte interna da espinha da escápula (SOUZA, 2001).

O músculo trapézio, com a origem fixada, tem ação de adução da escápula,

efetuada principalmente pelas fibras médias; rotação da escápula, de modo que a

cavidade glenoidal “olhe para cima”, efetuada principalmente pelas fibras superiores

e inferiores, além disso, as fibras superiores elevam e as fibras inferiores deprimem

a escápula. Com a inserção fixada, e atuando unilateralmente, as fibras superiores

estendem, flexionam lateralmente e rodam a cabeça e as articulações das vértebras

cervicais de tal modo que a face se volta para o lado oposto; atuando bilateralmente,

o trapézio também age como músculo acessório da respiração (KENDALL, 1995).

Rombóides maior e menor: o músculo rombóide maior tem origem nos

processos espinhosos da segunda até a quinta vértebras torácicas e se insere por

inserção fibrosa na borda medial da escápula entre a espinha e o ângulo inferior. A

origem do rombóide menor é no ligamento nucal, processos espinhosos da sétima

vértebra cervical e primeira torácica, e sua inserção é na borda medial na raiz da

espinha da escápula (KENDALL, 1995).

Os rombóides retraem a escápula e a rodam para abaixar a cavidade

glenóide. Também fixam a escápula à parede torácica (MOORE,1994).

Peitoral Menor: tem sua origem fixada por quatro tiras tendomusculares da

segunda a quinta costela. Essas tiras musculares convergem com a sua fixação

distal no processo coracóide da escápula. O peitoral menor tem ação de deprimir e

inclinar ventralmente a escápula, bem como elevar a segunda e quinta costelas

(SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997).

Elevador da escápula: o músculo elevador da escápula tem origem nos

processos transversos das primeiras quatro vértebras cervicais, e sua inserção na

parte superior da borda medial da escápula (KENDALL, 1995). Eleva a escápula e

ajuda a inclinar a cavidade glenóide para baixo, através da rotação do escápula.

Também ajuda a retrair a escápula e a fixá-la contra o tronco e a fletir o pescoço

lateralmente. Atuando bilateralemente, este músculo pode auxiliar na extensão da

coluna cervical (MOORE, 1994).

Deltóide: o músculo deltóide é dividido em três feixes. O feixe anterior origina-

se do terço lateral da borda anterior da clavícula, o feixe médio da face externa do

acrômio, e o feixe posterior do lábio inferior da espinha da escápula. Os três feixes

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convergem para inserirem-se sobre a tuberosidade deltóide, na face externa do

úmero (SOUZA, 2001).

A porção anterior do deltóide é forte flexora e rotadora medial do ombro; a

porção média é a principal abdutora do ombro; e a porção posterior é forte extensora

e rotadora lateral do ombro. Na realização desses movimentos, o deltóide atua com

outros músculos. O músculo deltóide tende a estabilizar a articulação do ombro e

ajuda a manter a cabeça do úmero na cavidade glenóide da escápula durante

movimentos do braço (MOORE, 1994).

Quando o músculo deltóide se contrai, ele desloca para cima a cabeça

umeral, causando pinçamento e tornando sua contração menos eficiente para a

elevação do braço, a menos que a cabeça umeral seja estabilizada pelo manguito

rotador e cabeça longa do bíceps (NEER, 1995).

Supra-espinhoso: origina-se da fossa supra-espinhal e, antes de fixar-se

sobre o topo da tuberosidade maior do úmero, atravessa um túnel formado abaixo

pela cabeça do úmero e acima pelo acrômio e ligamento coracoacromial. O supra-

espinhoso atua na abdução da articulação glenoumeral (SOUZA, 2001).

Infra-espinhoso: origina-se da fossa infra-espinhosa da escápula e se insere

na face média no tubérculo maior do úmero. O músculo infra-espinhoso atua na

rotação lateral e adução da articulação glenoumeral (MOORE, 1994; SOUZA, 2001).

Redondo menor: origina-se na borda lateral da região posterior da escápula

até o tubérculo maior do úmero. O redondo menor roda lateralmente o braço e

auxilia na adução (MOORE, 1994).

Redondo maior: origina-se na margem lateral e ângulo inferior da escápula e

se insere no tubérculo menor do úmero (WERNECK, BRAGA e WERNECK, 1995).

O músculo redondo maior aduz e roda medialmente o braço. Também pode ajudar

a estendê-lo a partir da posição de flexão. É um importante estabilizador da cabeça

do úmero na cavidade glenóide durante a abdução do ombro; ou seja, ele mantém a

cabeça do úmero no seu encaixe (MOORE, 1994).

Subescapular: origina-se na cavidade subescapular da escápula e se insere

no tubérculo menor do úmero e cápsula da articulação do ombro. Sua ação é de

rodar medialmente a articulação do ombro e estabilizar a cabeça do úmero na

cavidade glenoidal durante os movimentos dessa articulação (KENDALL, 1995).

Coracobraquial: origina-se no ápice do processo coracóide (unido com a

cabeça curta do músculo bíceps braquial) e se insere nos perímetros ventral e

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medial do meio do úmero (distalmente à crista do tubérculo menor). Na articulação

do ombro faz rotação medial, adução e anteversão (WERNECK, BRAGA e

WERNECK, 1995).

Bíceps e Tríceps Braquial: esses músculos não pertencem ao grupo

escapuloumeral porque não possuem suas fixações distais no úmero. Entretanto, as

duas cabeças do bíceps e a cabeça longa do tríceps cruzam a articulação do ombro

e, portanto, atuam sobre ela. As cabeças do bíceps originam-se no tubérculo

supraglenóideo e no processo coracóide e o tríceps no tubérculo infraglenóideo. O

bíceps é um flexor e um abdutor, e o tríceps é um extensor e um adutor da

articulação glenoumeral. A cabeça longa do bíceps é capaz de elevar o braço

quando o deltóide e o supra-espinhoso estão paralisados (SMITH, WEISS e

LEHMKUHL, 1997). Quando ele se contrai, o tendão, aderido ao tubérculo

supraglenóideo, empurra a cabeça umeral para dentro (KAPANDJI, 2000).

Grande dorsal: este músculo passa entre o tronco e o úmero, atuando sobre a

articulação do ombro e, indiretamente, sobre a cintura escapular (MOORE, 1994).

Origina-se do ângulo inferior da escápula, dos processos espinhosos das seis

últimas vértebras torácicas, das cinco vértebras lombares, de todas as vértebras

sacrais, das quatro últimas costelas e da crista ilíaca. Suas fibras convergem na

direção da axila, fixando-se sobre o fundo da goteira biciptal no úmero (SOUZA,

2001). Tem como principais ações atuar na extensão, rotação medial e adução da

articulação glenoumeral, depressão escapular e elevação da pelve (MOORE, 1994).

Peitoral Maior: tem sua origem na clavícula (metade esternal), esterno e

cartilagens costais da segunda a sétima costelas, e a aponeurose sobre os

músculos abdominais. O peitoral se constitui de três partes: clavicular, esternal e

abdominal. Do ponto de vista da ação, o músculo possui uma porção superior

(clavicular) e uma porção inferior (esternocostal e abdominal). O peitoral maior se

insere na crista da tuberosidade maior do úmero. Tem por função adução e rotação

interna da articulação glenoumeral. A cabeça clavicular efetua flexão da articulação

glenoumeral (SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997).

2.5 MANGUITO ROTADOR

Os músculos supra-espinhal, infra-espinhal, redondo menor e subescapular

formam o manguito rotador. Coletivamente, cada tendão funde-se com a cápsula

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glenoumeral e a reforça, e todos contribuem de maneira significativa para a

estabilidade dinâmica da articulação glenoumeral (WILK et al., 1998).

Superficialmente, encontra-se limitado pelas bursas subdeltóidea e subacromial, que

o separam do arco coracoacromial, facilitando o deslizamento do manguito sob o

referido arco (CHECCHIA e BUDZYN, 1991) (Figura 1)

Figura 1 – Articulação do ombro direito, após remoção do deltóide.

Fonte: WERNECK et al. Sobotta – Atlas de Anatomia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. vol. 1 Cabeça, pescoço e extremidade superior. p. 167.

Segundo Wilk et al. (1998), os músculos do manguito poderiam ser

considerados os sintonizadores delicados da articulação glenoumeral e da cintura

escapular, ao passo que os músculos grande dorsal, redondo maior, deltóide e

peitoral são os motores primários. Os músculos do manguito funcionam também

comprimindo a articulação glenoumeral e agem reduzindo ou controlando o

cisalhamento vertical transmitido na direção da cabeça do úmero (MOORE, 1994).

Souza (2001), relata que os músculos do manguito rotador induzem à

abdução da escápula, que é contrabalanceada pelos músculos rombóides e

elevador da escápula e pelas fibras inferiores do músculo trapézio. Esse equilíbrio

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de ações é fundamental para a adequação dos ritmos escapulotorácico e

escapuloumeral durante os movimentos do membro superior.

O manguito rotador é um estabilizador dinâmico da articulação glenoumeral e

inicia seu movimento através da fixação da cabeça umeral contra a fossa glenóide,

permitindo que o músculo deltóide exerça a função de elevação e abdução do braço,

já que é o músculo que possui o maior braço de alavanca (GODINHO, SOUZA e

BICALHO, 1996).

Quando íntegro, o manguito rotador permite a formação de um espaço

articular fechado, sugerindo uma participação na nutrição da cartilagem e

consequente prevenção de processos degenerativos. É responsável por 45% da

força de abdução, 79% da força de rotação externa e 31% de toda força da

musculatura do ombro (GODINHO, SOUZA e BICALHO, 1996).

O manguito rotador promove a rotação da cabeça do úmero, quando o

músculo deltóide eleva o braço. A rotação externa do úmero permite que a

tuberosidade maior seja liberada debaixo do acrômio, permitindo com isso a

completa elevação do braço (CRAIG, 2000).

2.6 RITMO ESCAPULOTORÁCICO E ESCÁPULOUMERAL

Durante a abdução do ombro, os movimentos conjugados entre a escápula, o

úmero e a clavícula atendem a um ritmo controlado e equilibrado de ações

musculares e articulares, o que permite a máxima eficiência funcional com o mínimo

de agressões sobre as estruturas envolvidas no movimento (SOUZA, 2001).

O trabalho de Inman 1(apud SMITH et al., 1997) demonstrou que ambos os

segmentos escapular e umeral participam através de toda movimentação. A fase

inicial de abdução foi individualmente variável, mas depois de 30o de abdução,

ocorreu uma razão de 2:1 para cada 15o de movimento entre 30 e 170o de abdução,

10o ocorreram na articulação glenoumeral e 5o na articulação escápulotorácica.

Outras investigações observaram que os movimentos não são tão lineares quanto

implica a razão de 2:1, e que há variação nos padrões. O padrão mais comum,

1 INMAN, V. T.; et al. Observations on function of the shoulder joint. J. Bone Joint Surg (Am), 26:1, 1994.

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encontrado por Bagg e Forrest2 (apud SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997) mostrou

maior movimentação glenoumeral ao começo e término da amplitude e mais

movimentação escapular entre 80 e 140o de abdução. A razão média do movimento

articular glenoumeral para o escapulotorácico foi 1,25:1, o mesmo valor obtido por

Poppen e Walker3 (apud SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997), e esses

pesquisadores usaram o plano da escápula para o movimento de abdução,

enquanto Inman usou o plano frontal.

Segundo Souza (2001), o movimento escápulotorácico é importante por dois

aspectos: o primeiro, é o fornecimento de uma base de sustentação para a cabeça

do úmero durante todo o movimento de elevação do membro superior; o segundo é

a garantia de uma relação adequada de comprimento / tensão, a fim de permitir a

máxima eficiência dos músculos escápulotorácicos.

2.7 SÍNDROME DO IMPACTO

Foi em 1972 que Charles Neer descreveu os conceitos clássicos da síndrome

do impacto (impingemente syndrome): o manguito rotador, a cabeça longa do bíceps

e a bursa subacromial (arco ”mole”) são continuamente comprimidos pela porção

anterior e inferior (terço anterior) do acrômio, pelo ligamento córaco-acromial e, às

vezes pela articulação acrômioclavicular (arco “duro”) (LECH et al., 1992).

A síndrome do impacto do ombro é a afecção mais freqüente da cintura

escapular; acomete principalmente mulheres entre a 4ª e 5ª décadas de vida e é

eventualmente bilateral (BARBIERI, MAZER e CALIL, 1995). É assim designada por

se tratar de um impacto que ocorre entre a tuberosidade maior do úmero contra o

arco coracoacromial, principalmente durante os movimentos de elevação do braço,

resultando de microtraumas repetidos aos tecidos que estão no espaço

umerocoracoacromial (HALBACH e TANK, 1993).

Durante os movimentos diários, os músculos do manguito rotador estão

susceptíveis a microtraumatismos repetidos que podem resultar numa lesão

estrutural. Muitas vezes, a fonte da lesão é a colisão com o arco coracoacromial

quando a articulação glenoumeral é abduzida ou fletida (GUIMARÃES, 1995).

2 BAGG, S. D.; FORREST, W. J. A biomechanical analysis of scapular rotation during arm abduction in the scapular plane. Am. J. Phys. Med., 67: 238, 1988. 3 POPPEN, N.; WALKER, P. Normal at the glenohumeral joint in abduction. Clin. Orthop., 135:165, 1978.

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Lech (1995), relatou que lesões por excesso de uso (overuse injuries) ou por

esforço repetitivo com o membro superior acima da cabeça têm sido cada vez mais

reconhecidas como causadoras de lesão dos tendões do manguito rotador,

principalmente do supra-espinhoso.

A própria tendinite da cabeça longa do bíceps, que antes era uma entidade

separada, hoje é melhor considerada junto com o manguito rotador, devido a sua

situação anatômica (VEADO, MEDRADO, OLIVEIRA Jr., 1998).

Nicoletti et al. (1998), relatam que a patogênese das lesões do manguito

rotador é bastante controversa, mas os fatores mais freqüentemente citados são os

mecanismos de trauma, atrito (degeneração), hipovascularização e impacto

subacromial. Um fator que predispõe a síndrome do impacto é a posição em que o

ombro realiza a maioria das atividades, que é em extensão ou elevação o que

determina o impacto da grande tuberosidade do úmero com a superfície inferior e

anterior do acrômio, do ligamento coracoacromial e da articulação acromioclavicular

(DONEUX et al., 1998 - b).

A área do impacto está centrada na “área crítica” (área hipovascularizada de

Codman) do supra-espinhoso e na cabeça longa do bíceps (LECH e SEVERO,

1998).

No que diz respeito aos mecanismos traumáticos da lesão, o paciente refere

que caiu sobre o membro afetado ou que teve luxação traumática como história

pregressa (LECH e SEVERO, 1998).

Vários estudos confirmam a hipótese de que a lesão é iniciada por

hipovascularização na inserção do músculo supra-espinhoso, causada pela

compressão contínua entre a tuberosidade maior do úmero e a porção ântero-inferior

do acrômio. Por outro lado, o impacto subacromial primário, determinante do atrito e

degeneração do manguito, é fenômeno conhecido de longa data, uma vez que a

elevação do membro superior ocorre geralmente em flexão, produzindo o impacto

(LECH e SEVERO, 1998).

Quando a presença de pinçamento subacromial é comprovada, cabe

considerar também se a compressão subacromial é causada por estreitamento

(produzido por esporões ou por acrômios muito curvos), ou se é secundária a outras

alterações, como, por exemplo, o desequilíbrio funcional provocado por instabilidade

glenoumeral ou por alterações degenerativas, que enfraquecem os tendões e

músculos do manguito rotador, tornando-os insuficientes para estabilizar a cabeça

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umeral e susceptível às forças que produzem lesões intrínsecas (NICOLETTI e

MANSO, 1995).

Para Matsen e Arntz4 (apud SOUZA, 2001), a patologia do manguito rotador é

um processo cíclico perpetuante (Figura 2), porém a análise de todo o processo

patológico deve considerar os fatores estruturais que possibiltam o aumento do

impacto subacomial [Tabela 1].

Figura 2 – Ciclo perpetuante da lesão do manguito rotador

Tabela 1 - Fatores estruturais que possibilitam o aumento do impacto subacromial

Fonte: SOUZA, M. Z. Reabilitação do complexo do ombro. São Paulo: Manole, 2001. 141p. p. 38.

Bigliani, Morrison e April5 (apud BARBIERI, MAZER e CALIL, 1995)

estudaram a forma do acrômio em cadáveres e identificaram três tipos: o tipo I, com

a forma retilínea ou chata; o tipo II, encurvado; e o tipo III, em gancho. Um terço dos

casos apresentavam rupturas completas do manguito, 73% das quais associadas

4 MATSEN, F. A.; ARNTZ, C. T. “Subacromial impingement”. In: Roockwood, C. A e Matsen, F. A.; The shoulder. WB Saunders, Philadelphia, 1990. 5 BIGLIANI, L. U., MORRISON, D. E APRIL, E. W.: The morphology of the acromion and its relationship to rotator cuff tears. Orthop Trans 10:228, 1986.

Articulação acromioclavicular Anomalia congênita, formação osteofitária. Acrômio Consolidação viciosa; pseudoartrose; má-

formação; formação osteofitária na face inferior do acrômio; acrômio não fundido.

Apófise coracóide Anomalia congênita. Manguito rotador Espessamento ou irregularidade do tendão,

secundários a depósitos calcificados, a cicatrizações, a retrações após lesões parciais.

Úmero Aumento da tuberosidade maior decorrente de anomalia congênita ou consolidação viciosa

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com o acrômio do tipo III. Desse modo, associaram definitivamente a forma do

acrômio com a síndrome do impacto e a ruptura do manguito rotador (Figura 3).

Figura 3 – Formas do acrômio Fonte: WILK et al. Reabilitação do ombro. In: ANDREWS, J. R.; HARRELSON, G. L.; WILKI,

K. E. Reabilitação Física das lesões desportivas.. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. p. 367.

Bartel et al. 6 (apud LECH, 1995), realizaram um estudo semelhante e

concluíram que 74% dos acrômios eram retos e apenas 26% curvos. O tipo

ganchoso não seria uma forma anatômica, mas uma formação de osteófitos

determinados pelas trações exercidas pelo ligamento coracoacromial.

Quando a origem de dor no ombro é o pinçamento do manguito rotador contra

o arco coracoacromial denominado de “outlet impingement” por Neer, deve-se levar

em consideração a classificação descrita por Bigliani, Morrison e April, para os tipos

de acrômio (tipo I, II e III), que relatam o tipo III responsável pelo pinçamento do

manguito rotador, este fato não pareceu totalmente verídico por Nicoletti et al.

(1998), que realizaram um estudo e constataram que 82% dos pacientes

apresentavam lesão parcial ou tendinite dos músculos do manguito rotador sem

haver pinçamento subacromial, ou seja, para eles a segunda hipótese para tais

lesões seriam falhas intrínsecas do tecido tendíneo.

No estudo de Nicoletti e Manso (1995), verificou-se que não há associação

significante entre os diferentes tipos de acrômio e a presença da lesão subacromial

típica do pinçamento. Segundo Ogata7 (apud NICOLETTI e MANSO, 1995), esses

6 BARTEL, F. et al. “The reliability of the supraespinatus outlet view”. V Congresso ICSS, Paris, julho, 1992. 7 OGATA, S. E UHTHOFF, H. K.: Acromial enthesopathy and rotator cuff tear: a radiological and histologic postmortem investigation of the coracoacromial arch. Clin Orthop. 254: 39-48, 1990.

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achados reforçam as observações de autores que consideram as lesões do

manguito rotador como sendo decorrente do envelhecimento biológico, enquanto o

pinçamento subacromial se estabelece secundariamente ao aparecimento do

enfraquecimento dos tendões do manguito.

Segundo Neer (1995), dentre as principais causas de pinçamento subacromial

figuram as variações morfológicas do acrômio, as disfunções do mecanismo de

estabilização glenoumeral e os desequilíbrios funcionais da musculatura

escapulotorácica. Basicamente, a colisão se dá devido ao espaço limitado abaixo do arco

coracoacromial para passagem de certas partes do manguito rotador. A colisão pode

envolver o tendão do supraespinhoso ou bíceps braquial (SOUZA, 2001). De acordo

com Rasch (1991), a colisão pode ser produzida se o volume da musculatura for

aumentado por hipertrofia ou edema resultante de lesão e se o espaço disponível for

diminuído por crescimento ósseo que invada o tecido.

Brasil et al. (1995), relataram que a etiologia da tendinite dos componentes do

manguito pode ser dividida em extrínsecas (pinçamento primário e secundário) e

intrínsecas. No pinçamento primário existem alterações que estenosam o arco

coracoacromial composto por acrômio, ligamento coracoacromial e articulação

acromioclavicular. No pinçamento secundário, seqüelas de fraturas, instabilidade

glenoumeral e/ou escapulotorácica promovem aumento do atrito dos tendões nas

estruturas ósseas adjacentes, sendo mais comum em atletas com atividade de

arremesso e nadadores (FERREIRA Fº et al.,1992). Segundo Brasil et al. (1995), as

causas intrínsecas seriam aquelas próprias dos tendões do manguito.

A degeneração, dentre as outras causas da síndrome do impacto, parece ser

o denominador comum dessas lesões, uma vez que tendões normais raramente se

rompem. Além disso, as rupturas do manguito rotador são vistas quase que somente

em pacientes de meia idade e idosos (GIORDANO et al., 2000).

Segundo Guimarães (1995), muitos estudos em cadáveres têm sugerido a

degeneração do manguito rotador com o envelhecimento, mostrando número

crescente de ruptura de acordo com a idade. As dissecções cadavéricas revelam

índices elevados de rupturas no manguito rotador. Abaixo dos 70 anos de idade, a

prevalência de rupturas é de 30%; entre os 71 e 80 anos é de quase 60%, e acima

de 80 anos, quase 70% (SANTOS et al., 1995).

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2.7.1 Evolução

Neer (1995), catalogou três fases evolutivas da patologia:

-Fase I: fase de edema e hemorragia, ocorrendo em pacientes jovens, devido

ao excesso de uso do membro superior no esporte ou no trabalho. Esta lesão é

reversível com o repouso, e os tecidos voltam ao normal;

-Fase II: fase de fibrose, espessamento da bolsa subacromial e tendinite do

manguito rotador, ocorrendo de forma crônica e intermitente, em pacientes com

idade entre 25 e 45 anos;

-Fase III: nessa fase ocorrem lacerações parciais ou completas do manguito,

ruptura do bíceps e alterações ósseas. Ocorre geralmente em pacientes acima de 40

a 50 anos.

2.7.2 Quadro Clínico

A dor está presente na sintomatologia do paciente, e em todas as fases de

evolução. Pode ser espontânea e aumentar aos esforços. É proporcional ao grau de

inflamação do músculo e não ao tamanho da ruptura, e é localizada ao redor do

ombro, podendo irradiar-se até a região escapular e cotovelo. A dor se agrava

durante a noite, pois há estiramento das partes moles (LECH e SEVERO, 1998).

Outro sintoma apresentado pelo paciente é a crepitação, que consiste na

ruptura da bursa subacromial. Pode estar presente nas fases II e III de Neer. É um

sinal de alerta importante. Pode ser palpado ou mesmo ouvido. Ainda, o paciente

pode apresentar contratura capsular (capsulite adesiva), que representa o processo

inflamatório que se instala nos tendões e à imobilidade do membro superior,

determinada pela dor. Um aspecto importante da sintomatologia é a força muscular,

que geralmente está diminuída para os movimentos de abdução e rotação externa

no lado envolvido (LECH, 1995).

Constata-se também, arco de elevação doloroso entre 70 e 120 graus, devido

ao impacto subacromial, com a diminuição da dor após os 120 graus de elevação

(GODINHO et al., 1996).

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2.7.3 Diagnóstico

Segundo Neer (1995), a idade do paciente é da maior importância no

diagnóstico das lesões por pinçamento subacromial. Lacerações do manguito são

comuns após os 50 anos, mas muito raras antes dos 40. Pacientes com lacerações

completas por pinçamento têm, em média, 59 anos de idade; e os com incompletas

têm, na média, 52 anos de idade por ocasião da cirurgia.

Para auxílio do diagnóstico Neer (1995), sugeriu radiografias tomadas em

várias posições, cada uma objetivando visibilizar determinados aspectos. Na ântero-

posterior (AP) comum em rotação interna, observaram-se o achatamento, esclerose

e cistos subacromiais no nível da grande tuberosidade. Na AP com 30º caudal, vê-se

nitidamente a presença do esporão ântero-inferior do acrômio. No perfil da escápula

com 10º-15º, estuda-se a forma do acrômio e confirma-se a presença do esporão

acromial.

Os métodos diagnósticos utilizados para demonstrar as rupturas do manguito

são a artrografia, ultra-sonografia, artrotomografia contrastada e a ressonância

nuclear magnética (CHECCHIA e BUDZYN, 1991).

Um teste diagnóstico útil para a presença de pinçamento é o da xilocaína.

Neste teste injeta-se 10 ml de xilocaína no espaço subacromial proporcionando

alívio imediato da dor, negativando os testes “irritativos” e o arco doloroso (LECH,

1995; CRAIG, 2000).

O diagnóstico pode ser baseado nos achados descritos por Neer, e que

consistiam basicamente de um quadro de dor no ombro, referido na face anterior e

lateral, que piora com movimentos de elevação do braço. Tem caráter crônico e

pode ser acompanhado de perda progressiva dos movimentos e sensação de

fraqueza (VOLPON e MUNIZ, 1997).

2.8 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA

O componente vital de um programa de reabilitação é a avaliação inicial, que

possibilita o conhecimento da real situação funcional do paciente. A avaliação do

complexo do ombro, inclui elementos subjetivos e objetivos da prática propedêutica

(SOUZA, 2001). De modo geral, é composta de dados de identificação, anamnese e

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exame físico (inspeção, palpação, amplitude de movimento (ADM), força muscular

(FM), reflexos, sensibilidade e testes especiais).

O exame físico é um importante recurso para o diagnóstico das alterações

que ocorrem no espaço subacromial, sendo confiável, principalmente quando seus

resultados são positivos (NICOLETTI e ALBERTONI, 1993).

Os testes de FM (testes resistidos), fornecem informações quanto ao grau de

envolvimento das estruturas contráteis e o grau da força muscular (SOUZA, 2001).

Segundo Hoppenfeld (1999), o exame muscular do complexo do ombro envolve os

movimentos de flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna e externa,

elevação da escápula e retração da escápula.

Os testes especiais auxiliam a identificar as estruturas envolvidas no quadro

patológico e a evidenciar anormalidade da dinâmica articular. Dor, apreensão,

subluxação, ruídos ou incapacidade funcional são os sinais (sintomas) considerados

positivos para esses testes (SOUZA, 2001).

O teste de Apley (teste da “coçadura”) é a manobra ativa mais rápida para

avaliar a extensão de movimentação do paciente. Inicialmente, para testar a rotação

externa e a abdução (RE + ABD), pede-se ao paciente para alcançar, por trás da

cabeça, o ângulo médio superior da escápula contralateral. A seguir, de modo a

determinar a amplitude de rotação interna e adução (RI + AD), pede-se para tocar o

acrômio contralateral, ou com o braço atrás das costas, tocar o ângulo inferior da

escápula contralateral (HOPPENFELD, 1999). O sinal de Neer está presente quando o examinador eleva passiva

rapidamente o membro superior do paciente causando o impacto ou compressão do

tubérculo maior do úmero contra a porção anterior e inferior do acrômio (GODINHO

et al., 1996).

No teste “irritativo” de Patte, verificado com o membro superior abduzido em

90º. O paciente força em rotação externa, enquanto o examinador faz a contra-

resistência. Avalia a força de rotação externa e o estado dos tendões do músculo

infraespinhoso e redondo menor (LECH, 1995).

O teste de Jobe , é realizado com os membros em elevação de 90º e em

rotação interna, aplica-se uma força na região do cotovelo para baixo, pedindo para

o paciente elevar ativamente contra resistência; o teste será positivo se o paciente

referir dor, além disso pode-se avaliar a força do músculo supra-espinhoso (BRASIL

et al., 1993).

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O teste de Hawkins tem a finalidade de provocar atrito das estruturas

subacromiais com o arco coracoacromial, principalmente com o tendão do músculo

supra-espinhoso. É realizado com o membro superior abduzido e o cotovelo fletido

em 90º, pede-se para o paciente realizar o movimento de rotação externa, enquanto

o examinador faz contra-resistência. Pode desencadear dor e/ou desconforto no

caso de haver irritação e inflamação (LECH, 1995; SOUZA, 2001).

O arco doloroso ocorre quando a dor está presente na elevação do membro,

em rotação interna entre 70 e 120º, é explicado pelo impacto subacromial (LECH,

1995).

No teste de Gerber, se o paciente apresentar dificuldade em manter o

membro superior em rotação interna afastado da região lombar, deve-se considerar

uma ruptura isolada do músculo subescapular (SANTOS et al., 1995).

O teste de Yergason tem a finalidade de verificar se o tendão da cabeça do

bíceps encontra-se estável no interior do sulco biciptal. Para testar deve-se rodar

externamente o braço do paciente até encontrar resistência; e simultaneamente

puxar o cotovelo para baixo (HOPPENFELD, 1999).

O teste de ruptura do supra-espinhoso é positivo quando o paciente em

abdução do ombro é incapaz de abaixar vagarosamente o braço (HOPPENFELD,

1999). Este teste é característico de lesões maciças e ocorre em cerca de 20% a

30% dos casos (GODINHO et al., 1996)

Os testes de instabilidades da articulação glenoumeral também devem ser

realizados por apresentarem relação direta com o impacto subacromial. Warner et

al.8 (apud SOUZA, 2001) descreveram que 68% dos pacientes estudados, que

apresentavam instabilidade anterior, mostraram sinais de impacto.

O teste de apreensão tenta deslocar o ombro , tensionar o manguito rotador e

a cápsula da articulação, é realizado com o ombro em abdução e uma rotação

externa forçada. Dor ou desconforto localizado e um olhar de apreensão na face do

paciente indicam uma instabilidade posterior crônica do ombro (CIPRIANO, 1999;

HOPPENFELD, 1999). A mesma posição pose ser utilizada para o teste de gaveta

anterior, que, quando positivo, difere da apreensão anterior por não induzir à

apreensão, apenas ao deslocamento anormal (SOUZA, 2001).

8 WARNER, J. P. et al. “Patterns of flexibility, laxity and strength in normal shoulders and shoulder with instability and impingement”. Am. J. Sports Med. 18 (4): 336-75, 1990.

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O teste de gaveta posterior é realizado com o paciente sentado e em flexão

do ombro e cotovelo, o examinador estabiliza a região escapular com uma mão,

enquanto a outra, no nível do cotovelo, aplica uma força no sentido posterior. Se o

teste for positivo, um grande deslocamento da cabeça do úmero pode ser notado

(SOUZA, 2001).

O sinal do sulco é verificado quando existe uma distância entre o acrômio e a

cabeça do úmero quando o membro é tracionado. Se o teste for positivo indica

instabilidade multidirecional (SOUZA, 2001).

2.9 TRATAMENTO

Os princípios fundamentais que regem o tratamento de reabilitação do ombro

na síndrome do impacto são: conhecer a mecânica articular e suas alterações;

diagnóstico preciso das condições articulares; conhecer a origem da dor;

conhecimento das sinergias musculares e evitar os traumatismos de repetição

(GREVE, 1995).

Muito tem se discutido a respeito do tratamento das doenças do manguito

rotador, em especial: duração, fases, objetivos e análise de resultados. De acordo

com trabalhos publicados, o resultado do tratamento conservador tem variado entre

33% e mais de 90% de bons e excelentes resultados. A variação pode se dever a

vários fatores, como idade e atividades dos pacientes, tipo de tratamento

administrado e variações anatômicas do acrômio (GUIMARÃES, 1995).

Doneux et al. (1998-a), relataram que o tratamento da síndrome do impacto

baseia-se na reabilitação conservadora por pelo menos três a seis meses e, na falha

deste, pode-se optar pelas diversas técnicas cirúrgicas descritas.

O tratamento da síndrome do impacto deve ser inicialmente clínico, mesmo

naqueles casos em que é observada uma causa anatômica, como esporão

subacromial ou acrômio ganchoso (GIORDANO et al., 2002).

Morelli e Vulcano (1993) preconizam que o tratamento da síndrome do

impacto deva ser conservador, com programa de reabilitação visando à melhora do

quadro doloroso, inicialmente, e trabalho de ganho de arco de movimento e de força

muscular, posteriormente. Esses autores acreditam que a cinesioterapia, na fase

inicial do tratamento, é de pouco valor, pois promove situações de conflito das partes

inflamadas, à exceção dos exercícios pendulares.

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Após a falha do tratamento clínico por um período de três a seis meses, não

se deve protelar a indicação do tratamento cirúrgico, pois uma lesão pequena de

fácil reparação, pode se agravar e passar à lesão grande, com intensa retração dos

tendões, o que leva a difícil reparação e abordagem terapêutica, com resultado

imprevisível e, na maioria das vezes, mau (CHECCHIA et al., 1994).

O tratamento cirúrgico das lesões do manguito rotador associado à síndrome

do impacto dá bons resultados em grande percentagem dos pacientes (78%),

principalmente se as lesões não forem extensas, se a acromioplastia for realizada

corretamente e se for obtida a sutura da lesão (CHECCHIA et al., 1994). Pujadas9 (apud BARBIERI, MAZER e CALIL, 1995), denominou a doença de

“síndrome do ligamento coracoacromial”, recomendando a ressecção desse

ligamento como forma de descomprimir o manguito rotador, que sofreria isquemia

pela pressão.

Neer10 (apud BARBIERI, MAZER e CALIL, 1995), realizou estudos

anatômicos em escápulas dissecadas e observou que em cerca de 10% delas a

ponta do acrômio apresentava alterações degenerativas na sua face ântero-inferior,

“aparentemente causados por impacto repetido do manguito rotador e da cabeça

umeral, com a tração do ligamento coracoacromial”. Correlacionou o impacto com

variações na forma do acrômio e preconizou a acromionectomia parcial, ou

acromioplastia, e a secção do ligamento coracoacromial como tratamento de

escolha.

A técnica cirúrgica proposta por Neer é defendida por muitos autores, consta

de acromioplastia (osteotomia da porção anterior e inferior do acrômio), ressecção

do ligamento córaco-acromial e bursectomia, através de ampla abordagem látero-

anterior do ombro, o que permite igualmente acesso à reparação das rupturas do

manguito rotador, quando presentes (LECH et al., 1992).

Nicoletti e Manso (1995) relataram que apesar de eficaz no alívio da dor, a

acromioplastia não está isenta de morbidade. Na ausência de pinçamento, a

acromioplastia deve ser evitada, já que, nessas condições, a causa da dor e da

lesão dos tendões do manguito rotador deve se produzida por outro fenômeno.

9 PUJADAS, G. M.: Coraco-acromial ligament syndrome. J Bone Joint Surg (Am) 52: 1261-1262, 1970. 10 NEER, C. S. II: Anterior acromioplasty for the chronic impingement syndrome in the shoulder. J Bone Surg (Am) 54: 41-50, 1972.

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Kesell e Watson11 (apud BARBIERI, MAZER e CALIL, 1995), reconheceram

três tipos diferentes da síndrome: a posterior, a anterior e a superior. Os dois

primeiros seriam benignos, evoluindo bem com o tratamento conservador, enquanto

que o último, caracterizado pelo envolvimento mais acentuado do tendão do supra-

espinhoso, seria resistente às formas conservadoras de tratamento. Para esses

casos, recomendaram o tratamento cirúrgico com base na ressecção da

extremidade distal da clavícula, desfazendo a articulação acromioclavicular, e do

ligamento coracoacromial.

Ferreira Fº et al. (1992), encontraram procedimentos cirúrgicos de

bursectomia subacromial parcial, exérese do osteófito acromial, ressecção da

extremidade da clavícula e sutura do manguito rotador, com bons resultados quando

o período pós-operatório foi acompanhado de reabilitação e cuidados permanentes.

Miyazaki et al. (1998), ressaltaram que o reparo das lesões do manguito

rotador por “miniincisão” é uma boa opção operatória para o tratamento de

pequenas e médias lesões, que não possam ser suturadas por artroscopia e que

não necessitam de um procedimento aberto convencional, evitando assim as

eventuais graves complicações da desinserção do músculo deltóide.

Atualmente, a artroscopia com finalidade terapêutica tem sido cada vez mais

indicada por ter menor morbidez pós-operatória. Os procedimentos mais freqüentes

da artroscopia diagnóstica ocorreram em pacientes com dor no ombro, sem

diagnóstico preciso e rebeldes ao tratamento conservador; dúvida diagnóstica,

devido a discordância entre o resultado de exames complementares (normalmente

entre a ultra-sonografia e a artrografia); determinação da fase de evolução da

doença; e para o planejamento do tratamento (CARRERA e PEREIRA, 1992 ).

Segundo Doneux et al. (1998-a) a ressecção artroscópica ântero-inferior da

clavícula distal (mini-Munford) é um procedimento que tem mostrado elevado índice

de complicações. No caso de indicação desse procedimento, sugerem que o melhor

seria a ressecção artroscópica completa, da extremidade distal da clavícula

(Munford).

McLaughlin12 (apud GUIMARÃES, 1995), apresentou cinco razões contra o

reparo do manguito rotador precocemente: 25% dos cadáveres tinham ruptura do

11 KESSEL, L. ;WATSON, M.: The painful are syndrome. J Bone Joint Surg (Br) 59: 166-172, 1977. 12 McLAUGHLIN, H.L.: Rupture of the rotador cuff. J Bone Joint Surg (Am). 44: 979-983, 1962.

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manguito rotador; 50% dos pacientes com ruptura do manguito rotador

recuperavam-se espontaneamente; o reparo imediato não mostrava vantagem geral,

porque a falência do manguito rotador era de característica fibrosante; o diagnóstico

agudo era difícil, o que levaria a cirurgias desnecessárias; e resultado entre o reparo

precoce ou retardado era o mesmo.

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3 METODOLOGIA

Para a elaboração do protocolo de reabilitação foram observados os preceitos

de reabilitação moderna de Lech (1995), visando a melhora do quadro álgico,

recuperação da amplitude de movimento e força muscular. Para isso, utilizou-se

recursos como: eletrotermoterapia e cinesioterapia (Anexo A).

Dividiu-se o protocolo em 4 fases; com objetivos diferentes:

Fase I: reduzir o processo inflamatório, alívio da dor e tumefação. Nesta fase

os recursos utilizados foram US, OC ou MO, exercícios pendulares de Codman e

alongamento ativo de supra-espinhoso (Figuras 4, 5, 6, 7).

Figura 4 – Aplicação do ultra-som

Figura 5 – Aplicação do microondas

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Figura 6 – Exercícios pendulares de Codman

Figura 7 – Alongamento ativo de músculo supra-espinhoso

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Fase II: retardar a atrofia muscular e manter ou aumentar flexibilidade. Nesta

fase foram acrescentados os exercícios de ADM e fortalecimento isométrico (Figura

8).

Figura 8 – Alongamentos de membro superior com bastão

Fase III: restabelecer a amplitude de movimento indolor e reforço muscular.

Nesta fase utilizava-se os aparelhos se necessário e acrescentava os exercícios de

fortalecimento isotônico (Figura 9)

Figura 9 – Fortalecimento isométrico de rotadores externos

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Fase IV: aprimorar desempenho muscular, recuperação funcional e

propriocepção. Nesta última fase, os exercícios proprioceptivos foram incluídos

(Figuras 10, 11).

Figura 10 – Exercício proprioceptivo com cama elástica

Figura 11 – Exercício proprioceptivo na bola

No período compreendido entre setembro de 2002 e fevereiro de 2003, foram

atendidos na Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE 10 pacientes (10 ombros) com

diagnóstico de síndrome do impacto. Desses, 7 eram do sexo feminino (70%) e 3 do

masculino (30%), com idades variando entre 16 a 63 anos (média de 44,4 anos). O

lado esquerdo estava envolvido isoladamente em 4 pacientes (40%), e o direito em 6

(60%), nenhum paciente apresentava sintomatologia bilateral. O membro superior

dominante era o direito em 9 casos (90%), logo estava envolvido em 66,6% dos

pacientes (6 pacientes); o membro superior esquerdo era dominante e estava

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envolvido em apenas 1 paciente (10%). Já o membro superior não dominante estava

envolvido em 30% dos pacientes (3 pacientes) [Tabela 2].

O critério diagnóstico fisioterapêutico baseou-se na anamnese colhida na

primeira consulta e no exame físico.

Em relação à história clínica, todos os pacientes queixavam-se de dor no ombro,

de caráter evolutivo e que piorava aos esforços. Dor noturna estava presente em 6

pacientes (60%). O tempo de sintomatologia variou de 2 dias a 1095 dias (média de

331,9 dias) [Tabela 2].

Tabela 2 - Dados da anamnese

A intensidade da dor foi mensurada através da escala visual analógica. Que

consiste de uma escala de 10 cm (0-10), onde o 0, representa “sem dor”; e o 10, “dor

máxima possível” (TEIXEIRA e PIMENTA, 2001). A mensuração foi realizada na

primeira consulta e na reavaliação do caso, após a 10ª terapia [Tabela 3].

Tabela 3 - Escala visual analógica pré-tratamento Iniciais Antes do TTO ATG 5,5 cm CB 5,0 cm

GRFB 7,5 cm JA 6,0 cm JP 2,2 cm

MCS 5,0 cm MIA 7,0 cm NZ 9,0 cm

RBP 8,4 cm ZDG 7,0 cm

Iniciais Idade sexo Profissão MS dominante

Lado acometido

Tempo de sintomas

Dor noturna

Incapacidade funcional

ATG 55 F Do lar D E 730 dias - - CB 63 M Cozinheiro D D 730 dias + - GRFB 30 M Professor D D 2 dias + + JA 16 F Secretária D E 7 dias - + JP 33 M Auxiliar de

escritório D D 30 dias - +

MCS 74 F Costureira D D 1095 dias + - MIA 34 F Auxiliar de

escritório D D 180 dias - -

NZ 62 F Do lar E E 365 dias + - RBP 26 F Estudante D E 30 dias + - ZDG 51 F Do lar D D 150 dias + -

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O exame físico foi realizado na seguinte seqüência: inspeção, palpação,

amplitude de movimento (ADM) ativa, força muscular (FM), reflexos biciptal e

triciptal, sensibilidade e testes especiais (Anexo B). O lado contra-lateral foi utilizado

como parâmetro para mobilidade e força muscular.

A crepitação articular estava presente em apenas 3 pacientes (30%).

Na avaliação da ADM utilizou-se o teste de Apley que envolve os movimentos

de rotação externa e abdução (RE + ABD), e rotação interna e adução (RI + AD).

Dos 10 pacientes, apenas 1 (10%) não conseguiu realizar a RE + ABD, 5 (50%)

realizaram normalmente, e 4 (40%) realizaram com dor. Na RI + AD, 7 (70%)

realizaram normalmente, e 3 (30%), realizaram com dor [Tabela 4].

Tabela 4 - Exame físico – ADM ativa (teste de Apley) Iniciais RE + ABD RI + AD ATG Não realiza Normal, com dor CB Normal, com dor Normal, com dor

GRFB Normal, com dor Normal JÁ Normal Normal JP Normal Normal

MCS Normal, com dor Normal MIA Normal Normal NZ Normal Normal

RBP Normal Normal ZDG Normal, com dor Normal, com dor

O teste de força muscular envolveu os movimentos de abdução, flexão,

rotação externa e interna. A força encontrada foi graduada em uma escala de 0 a 5

de acordo com o grau de eficiência do músculo [Tabela 5] (HOPPENFELD, 1999).

Todos os pacientes apresentaram déficit de força em alguns dos movimentos ou

relataram dor durante o teste [Tabela 6].

Tabela 5 - Grau de eficiência muscular Gradação muscular Descrição

5 – Normal Movimentação completa contra a gravidade e com resistência total

4 – Bom Movimentação completa contra a gravidade e com alguma resistência

3 – Regular Movimentação completa contra a gravidade 2 – Fraco Movimentação completa eliminada a gravidade 1 – Contrações musculares Evidência de pouca contratilidade, não havendo

mobilidade articular 0 – Ausente Não há evidência de contratilidade

Fonte: HOPPENFELD, S. Propedêutica ortopédica: coluna e extremidades. São Paulo: Atheneu, 1999, 276p. (p. 26).

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Tabela 6 - Exame físico – FM Iniciais Abdução Flexão RE RI ATG Grau 4 Grau 5 Grau 1, com dor Grau 1 CB Grau 5, com dor Grau 4, com dor Grau 5 Grau 5, com dor

GRFB Grau 4, com dor Grau 5, com dor Grau 5, com dor Grau 5 JA Grau 5 Grau 4 Grau 5 Grau 5 JP Grau 4, com dor Grau 5 Grau 5 Grau 5

MCS Grau 4 Grau 3, com dor Grau 5 Grau 5, com dor MIA Grau 4 Grau 5 Grau 5 Grau 4 NZ Grau 4 Grau 4, com dor Grau 4, com dor Grau 4, com dor

RBP Grau 5, com dor Grau 5, com dor Grau 5, com dor Grau 5, com dor ZDG Grau 4 Grau 4 Grau 4 Grau 4

Os reflexos biciptal e triciptal foram testados por cruzarem a articulação

glenoumeral. Em 2 casos (20%), houve alterações de reflexo; 1 caso apresentava

hiperreflexia e o outro hiporreflexia.

Para os testes específicos do manguito rotador, todos os pacientes (100%)

apresentaram sinal Neer positivo; 7 pacientes (70%) apresentaram positividade para

o teste de Patte; e 8 (80%) apresentaram sinal positivo para o teste de Jobe e

Hawkins. Com relação à manobra do arco doloroso, 7 casos (70%) relataram dor; 4

(40%) apresentaram sinal positivo ao teste de Yergason; e 3 pacientes (30%) apesar

de negativarem, demonstraram dor e limitação funcional ao teste de Gerber [Tabela

7].

Tabela 7 - Exame físico – testes especiais

Iniciais Arco doloroso

Gerber Yergason Palm up

Neer Patte Jobe Hawkins

ATG + - - - + - - - CB + + + + + + + +

GRFB + - - + + - + + JA - - + + + + + + JP + + - - + - - +

MCS - - + + + + + + MIA - - - + + + + - NZ + - - + + + + +

RBP + - - + + + + + ZDG + + + + + + + +

Nenhum paciente apresentou positividade para o teste de ruptura do supra-

espinho e apreensão. E apenas um paciente (10%), apresentou sinais de

instabilidade para o teste do sulco e gavetas anterior e posterior.

O tratamento começou em média um dia após o diagnóstico fisioterapêutico

ter sido firmado (variando de 1 a 3 dias). O seguimento de tratamento teve um total

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de 10 sessões realizadas com duração média de 50 minutos. Após completar as 10

sessões, os pacientes foram reavaliados, onde se verificou novamente a escala

analógica de dor, inspeção, palpação, ADM, FM, sensibilidade e testes especiais

(Anexo C).

Os resultados foram avaliados segundo o método desenvolvido pela

University of Califórnia at Los Angeles (UCLA). A escala da UCLA leva em

consideração principalmente a dor, função, flexão ativa e força de flexão anterior. É

um método de somatório de pontos que considera, resultado excelente o valor entre

34-35; bom, entre 28-33; regular, entre 21-27; e ruim, entre 00-20 (Anexo D). A

escala foi utilizada na 1ª e 10ª sessão, com objetivo de comparar os resultados e

verificar a evolução do paciente.

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4 RESULTADOS

De acordo com a escala funcional da UCLA, foi considerado como resultado

satisfatório a pontuação maior ou igual a 27 e, insatisfatório, quando menor.

Segundo a referida escala, 3 pacientes obtiveram resultados considerados

excelentes, 2 bons, 4 razoáveis e apenas 1 pobre (Gráfico 1). Portanto, os casos

satisfatórios ocorreram em 50% dos pacientes e, insatisfatórios também em 50%.

Cada item, isoladamente, apresentou os seguintes resultados:

Dor: no pós-tratamento, 7 pacientes apresentaram melhora da dor, e apenas

3 permaneceram sem alteração. A média pré-tratamento na avaliação da dor foi de

4,3 pontos (fraca, ausente em repouso e presente em atividades leves) e a média

pós-tratamento, de 7,4 (ocasional e fraca). Na tabela, a ausência de dor corresponde

a 10 pontos.

Função: a função, teve média de 4,5 pontos no pré-tratamento (função para

as atividades de trabalho e vida diária) e média de 6,6 pontos (capacidade de dirigir,

pentear-se e abotoar atrás), com melhora de 2,1 pontos. A capacidade funcional

após o tratamento melhorou em 60% dos casos e pemaneceu sem alteração em

40%. Na escala, função normal corresponde a 10 pontos.

Flexão ativa: no pré-tratamento apresentou média de 4,4 pontos (120 a 150º)

e no pós-tratamento, média de 4,7 pontos (120 a 150º). Na escala, flexão de 150º ou

mais corresponde a 5 pontos.

Força de flexão anterior: a força de flexão anterior apresentou média de 4,3

pontos (grau 4, bom) no pré-tratamento, e, 4,8 (grau 4, bom) no pós-tratamento.

Houve uma melhora de apenas 0,5 pontos. A força de flexão normal corresponde a

5 pontos na tabela.

Satisfação do paciente: a pontuação média foi de 4,5; o nível de satisfação

corresponde a 5 pontos. Somente 1 paciente não se sentiu satisfeito com o

tratamento (10 sessões de atendimento) (Gráfico 2).

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0

1

2

3

4

Excelente Bom Razoável Pobre

Gráfico 1 - Resultado geral dos pacientes pós-tratamento, pela escala da UCLA.

0

5

10

Satisfeito Insatisfeito

Gráfico 2 - Grau de satisfação do paciente pós-tratamento, pela escala da UCLA.

Os valores obtidos após o tratamento apresentaram um aumento médio de

8,5 pontos (variando de 00 a 20 pontos) [Tabela 8].

Tabela 8 - Valores da escala da UCLA

Iniciais Antes do TTO Depois do TTO ATG 19 (pobre) 26 (razoável) CB 19 (pobre) 23 (razoável)

GRFB 15 (pobre) 35 (excelente) JA 24 (razoável) 35 (excelente) JP 18 (pobre) 18 (pobre)

MCS 10 (pobre) 27 (razoável) MIA 19 (pobre) 21 (razoável) NZ 25 (razoável) 31 (bom)

RBP 25 (razoável) 35 (excelente) ZDG 21 (razoável) 29 (bom)

Na avaliação da dor pela escala visual analógica, ocorreu uma diminuição da

dor em sete pacientes, em dois houve piora e, em um não houve alteração [Tabela

9].

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Tabela 9 - Escala visual analógica pré e pós-tratamento

Iniciais Antes do TTO Depois do TTO ATG 5,5 cm 6,0 cm CB 5,0 cm 5,0 cm

GRFB 7,5 cm 0,0 cm JA 6,0 cm 0,0 cm JP 2,2 cm 0,1 cm

MCS 5,0 cm 5,5 cm MIA 7,0 cm 5,0 cm NZ 9,0 cm 2,0 cm

RBP 8,4 cm 3,2 cm ZDG 7,0 cm 6,2 cm

Nesta avaliação da dor, ocorreu uma diminuição média de 2,96 cm, tendo

como valor mínimo e máximo pré-tratamento, respectivamente 2,20 cm e 9,00 cm

(desvio padrão de 1,97 e coeficiente de variação de 32%); como valores pós-

tratamento encontrou-se 0,0 cm e 6,20 cm, como valores mínimo e máximo (desvio

padrão de 2,58 e coeficiente de variação de 72%).

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5 DISCUSSÃO

A maioria dos problemas do ombro pode ser tratada sem cirurgia, apenas por

cuidados físicos primários (BELZER e DURKIN, 1996) e, segundo Bartolozzi,

Andreychik e Ahmd (1994), fatores como a idade do paciente, ocupação,

dominância, instabilidade da articulação, entre outros, influenciam os resultados do

tratamento.

Back (1996) relata que a identificação e o diagnóstico dos distúrbios do ombro

devem ser feitos o mais precocemente possível, a fim de se efetuar uma intervenção

intensiva e funcional que objetive, em grande parte, a restituição do equilíbrio

muscular dos estabilizadores dinâmicos do complexo articular do ombro.

Segundo Morelli e Vulcano (1993), a maioria das patologias do ombro devem

ser tratadas conservadoramente. Os autores indicam que o trabalho consiste em

ganho de amplitude e força muscular. Mostram a importante ação da estabilidade e

de depressão da cabeça umeral realizada pelo manguito rotador e a importância da

rotação externa na elevação do membro superior. Porém, relatam que a

cinesioterapia apresenta pouca valia para o tratamento do impacto subacromial, pois

apontam que os exercícios podem promover conflitos da área inflamada contra os

pontos de estenose.

Halbach e Tank (1993) descreveram a importância do fortalecimento dos

músculos estabilizadores da escápula, principalmente os rotadores externos

(trapézio e serrátil anterior), pois, se estes estiverem fracos, a rotação escapular, ou

seja, o ritmo escapuloumeral poderá estar alterado, precipitando o impacto

subacromial. Além disso, os exercícios proprioceptivos devem ser implementados

para o restabelecimento de uma aferência apropriada, que irá determinar um

equilíbrio das forças agonistas e antagonistas, coordenando melhor os movimentos

do ombro (LECH e SEVERO, 1998).

Os objetivos do protocolo proposto foram: diminuição do processo

inflamatório, acelerando o reparo tecidual; diminuição da dor; ganho de flexibilidade;

ganho de força muscular e propriocepção; levando com isso o paciente à retornar

sua função o mais brevemente possível. Para isso utilizou-se de recursos da

eletrotermoterapia (OC, MO, US) e cinesioterapia (exercícios de Codman,

alongamentos, fortalecimento e exercícios proprioceptivos).

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O principal efeito da aplicação da diatermia é o aquecimento dos tecidos. Foi

relatado que há aumento no fluxo sanguíneo; ajuda na resolução da inflamação;

aumenta a extensibilidade do tecido colagenoso profundo; diminui a rigidez articular;

e alivia as dores e espasmos musculares (SCOTT, 1998).

O US foi utilizado por promover regeneração tissular e reparação dos tecidos

moles, além de aumentar a circulação tissular, diminuir espasmos, normalizar o

tônus muscular, aumentar a mobilidade da articulação, aumentar a extensibilidade

dos tecidos ricos em colágeno e aliviar a dor (YOUNG, 1998).

As metas da cinesioterapia incluem a prevenção de disfunção assim como o

desenvolvimento, melhora, restauração ou manutenção de: força; resistência;

mobilidade e flexibilidade; estabilidade relaxamento; coordenação; equilíbrio e

habilidades funcionais (KISNER e COLBY, 1998).

Neste trabalho a distribuição segundo o sexo (3 sexo masculino e 7 feminino)

não mostrou variação com os achados da literatura, assim como a prevalência de

acometimento no membro dominante (7 dominantes e 3 não dominantes), não

houve casos de sintomatologia bilateral. Guimarães (1995), avaliou 189 ombros,

sendo 80% do sexo feminino e 20 % masculino, no seu estudo em 9,6%, houve

acometimento bilateral, em 57,6% (109 ombros), o membro dominante foi afetado,

em 32,8% o membro afetado foi o não dominante.

Quanto ao protocolo do tratamento conservador, é muito difundido o

preconizado por Rockwood e Matsen13 (apud Giordano er al., 2000), dividido em

quatro fases. Na fase 1, termoterapia, exercícios leves, imobilização por curto

período, se necessário, e antiinflamatório não-esteróide. Na fase 2, exercícios

visando ganho de amplitude de movimento. Na fase 3, exercícios visando à

reabilitação da musculatura do ombro. E, na fase 4, manutenção. O protocolo

utilizado neste trabalho, considerou também 4 fases de tratamento. Na fase 1 o

controle da dor e inflamação, nas fases subseqüentes, institui-se progressivamente,

fortalecimento e propriocepção, objetivando o retorno à função anteriormente

realizada.

Na literatura, os resultados do tratamento conservador têm variado

enormemente. O trabalho de Giordano et al. (2000) obtiveram 85,7% de bons e

excelentes resultados, utilizando um sistema de avaliação proposto pela Associação

13 ROCKWOOD, C. A.; MATSEN, F. A. The shoulder. Philadelphia: W. B. Saunders, 1990.

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Americana de cirurgias do ombro e cotovelo. Guimarães (1995) obteve utilizando o

protocolo de Rockwood e Matsen, 80,1% de excelentes e bons resultados ao fim de

dois anos, em um grupo sem ruptura do manguito rotador. Já em um grupo com

ruptura, os resultados ficaram em 42,9% e 21,5%, respectivamente ao fim de um e

dois anos (utilizando o método de avaliação da Sociedade Americana de cirurgiões

do ombro e cotovelo). No trabalho de Bertolini (2000), os resultados apresentaram

85,7% de casos satisfatórios, utilizando um sistema de classificação de Barbieri,

Mazer e Calil.

Bartolozzi, Andreychik e Ahmd (1994), apresentaram os resultados do

tratamento fisioterapêutico em pacientes com distúrbios do ombro e manguito

rotador, após 6 meses de tratamento, obtiveram resultados excelentes em 66% dos

pacientes.

Certamente, essa variação de resultados se deve a não-homogeneidade dos

pacientes, dos protocolos adotados, do tempo de sintomatologia e do método de

avaliação de resultados.

Neste presente trabalho, não houve interesse em diferenciar os pacientes

quanto ao estágio de Neer (1995), por se tratar de uma reabilitação conservadora e

devido à falta de discriminação no diagnóstico clínico. Finalmente, o sistema de

avaliação escolhido foi o da UCLA.

A escala da UCLA leva em consideração: dor, função, flexão ativa e força de

flexão anterior. É um método adequado, pois enfatiza as queixas mais freqüentes do

paciente, que são dor e limitação funcional, além de permitir satisfatória e simples

avaliação objetiva da função do ombro, e avaliação subjetiva com dados

provenientes do paciente.

É um método exigente, que considera resultado excelente acima de 97% da

pontuação, bom acima de 80%, razoável acima de 60% e pobre quando abaixo de

57% da pontuação total.

Utilizando o protocolo, observou-se 50% de excelentes e bons resultados.

Sendo que os melhores resultados ocorreram em pacientes com quadro clínico

agudo. Sabe-se que o tempo de tratamento foi curto, e que um maior número de

sessões aumentaria o índice de resultados satisfatórios, além disso, o número de

pacientes foi pequeno. Neste caso, optou-se por 10 terapias pela desistência e

perda de interesse dos pacientes ao tratamento, tão comum nesse meio.

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A queixa principal dos pacientes que apresentam pinçamento do manguito

rotador é a dor provocada pela agressão aos tendões, decorrente do atrito e impacto

que estas estruturas sofrem contra a tuberosidade maior do úmero, ligamento

coracoacromial e a borda anterior do acrômio (VOLPON e MUNIZ, 1997).

Como a dor tem grande componente subjetivo e emocional, e é difícil de ser

avaliada, utilizou-se a escala visual analógica e os critérios da UCLA para

apreciação dos resultados, pois, assim, vários parâmetros funcionais do ombro

podem ser considerados e pontuados, tornando a análise mais subjetiva. Na escala

visual ocorreu uma diminuição média de 2,96 cm, apesar do desvio padrão e

coeficiente de variação apresentarem valores maiores.

Dos 10 pacientes atendidos, 5 (50%) apresentaram resultados insatisfatórios,

segundo a escala da UCLA, com pontuação menor ou igual a 27. Um desses

pacientes sentiu-se insatisfeito com o tratamento e os outros 4, mesmo com uma

pontuação menor ou igual a 27, referiram satisfação com o tratamento.

O paciente insatisfeito (JP) tinha 33 anos de idade, ocupava-se com setor

administrativo de uma empresa. Ele continuou a realizar suas atividades

normalmente, sem restrição de atividades repetitivas de esforço ou que utilizassem o

membro acima de 90º. Nesse caso as 10 sessões de tratamento foram insuficientes

para a satisfação do paciente. Os dados avaliados: dor, função, flexão ativa e força

de flexão anterior, permaneceram inalterados.

Este paciente após realizar as 10 terapias referentes ao protocolo de

tratamento, realizou mais 10 sessões e obteve como resultado 35 pontos

(excelente).

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6 CONCLUSÃO

Como a escala funcional da UCLA é um método exigente de avaliação

verificou-se que não houve diferença entre os resultados satisfatórios e

insatisfatórios. Porém todos os pacientes apresentaram evolução dentro do quadro

clínico geral.

Os melhores resultados ocorreram nos pacientes com quadro clínico agudo.

E, foram evidentes os benefícios da fisioterapia quanto alívio da dor e melhora da

função.

Dessa forma, conclui-se que o tratamento fisioterapêutico apresenta boas

perspectivas de sucesso na obtenção de resultados satisfatórios.

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ANEXOS

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ANEXO – A

PROTOCOLO DE TRATAMENTO

Fase I

Duração: 2 sessões

Conduta:

• US

• OC

• Exercícios pendulares de Codman: braço perpendicular em uma posição

entre 60º e 90º. Movimentos de flexão, extensão, abdução, adução e

circundação.

• Alongamento ativo de supra-espinhoso

• Orientações quanto à restrição de atividades repetitivas de esforço ou que

utilizem o membro acima de 90º, (causam agravamento dos sintomas).

Número de repetições: 20 x cada movimento

Fase II

Duração: 2 sessões

Conduta:

• US

• OC

• Exercícios de ADM (com uso de bastão): Flexão do ombro e retorno

Abdução e adução horizontal

RI e RE do ombro

• Exercícios de fortalecimento isométrico: RI (forçar para dentro)

RE (forçar para fora)

Abdução (abrir asa)

Flexão (bíceps)

Extensão do ombro (para trás)

Flexão do ombro (para cima)

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Número de repetições: 1 x 10 cada movimento (1ª sessão)

1 x 12 cada movimento (2ª sessão)

Fase III

Duração: 3 sessões

Conduta:

• Eletrotermoterapia se necessário

• Continuar com os exercícios de ADM: idem anterior

• Exercícios de fortalecimento isotônico: RE e RI com thera-band

(uso de haltere e thera-band) Flex/ext com haltere

Abd/ ad com haltere

Flexão de cotovelo

Número de repetições: 2 x 10 (1ª sessão)

2 x 12 (2ª sessão)

2 x 15 (3ª sessão)

Fase IV

Duração: 3 sessões

Conduta:

• Continuar com exercícios de fortalecimento muscular isotônico: idem anterior.

• Exercícios proprioceptivos

Número de repetições: 3 x 10 (1ª sessão)

3 x 12 (2ª sessão)

3 x 15 (3ª sessão)

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ANEXO – B

FICHA DE AVALIAÇÃO

1- Identificação Nome:

Idade:

Sexo:

Profissão:

Endereço: tel:

2- Diagnóstico clínico: 3- Diagnóstico fisioterapêutico:

4- Queixa principal (com as palavras do paciente):

5- Escala analógica de dor:

I I

Sem dor máx de dor

6- MMSS dominante: ( ) direito ( ) esquerdo

7- HDA: Início dos sintomas:

Etiologia: ( ) esforço repetitivo ( ) esporte/ trauma ( ) degenerativo

Tipo de dor: ( ) contínua ( ) descontínua ( ) dor noturna

Agrava-se em quais movimentos:

Período do dia que mais dói:

Ombro acometido: ( ) D ( ) E ( ) Bilateral

Creptação: ( ) sim ( ) não

Infiltração: ( ) sim ( ) não ( ) quantas

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Incapacidade funcional: ( ) sim ( ) não

8- Tratamentos anteriores: 9- Inspeção: Edema:

Alteração de trofismo:

Alteração de pele:

Postura (antálgica):

10- Palpação: P. óssea: Tubérculo maior:

Tubérculo menor:

Acrômio:

Processo coracóide:

Articulação acrômio clavicular:

Espinha da escápula:

P. de tecidos moles: Corredeira bicipital:

Supra-espinhoso:

Infra-espinhoso :

Trapézio:

Deltóide:

11- ADM ativa (teste de Apley) RI + AD:

RE + ABD:

12- FM (por grupos musculares). Graduar de 0 a 5: Abdução:

Flexão:

RE:

RI:

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13- Reflexos: Bicipital:

Tricipital:

14- Sensibilidade: 15- Testes especiais: Arco doloroso:

Teste de Gerber:

Teste de Yergason (estabilidade CLB):

Palm up:

Teste de ruptura do supra-espinhoso:

Irritativos para o MR:

Teste de Neer:

Teste de Patte:

Teste de Jobe:

Teste de Hawkins:

Teste de instabilidade:

Sulco:

Apreensão:

Gavetas:

Observações:

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ANEXO – C

FICHA DE REAVALIAÇÃO Obs: deve ser realizada na 10ª sessão.

1- Identificação Nome: 2- Escala analógica de dor:

I I

Sem dor máx de dor 3- Inspeção: Edema:

Alteração de trofismo:

Alteração de pele:

Postura (antálgica):

4- Palpação: P. óssea: Tubérculo maior:

Tubérculo menor:

Acrômio:

Processo coracóide:

Articulação acrômio clavicular:

Espinha da escápula:

P. de tecidos moles: Corredeira bicipital:

Supra-espinhoso:

Infra-espinhoso :

Trapézio:

Deltóide:

5- ADM ativa (teste de Apley) RI + AD:

RE + ABD

6- FM (por grupos musculares). Graduar de 0 a 5: Abdução:

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Flexão:

RE:

RI:

7- Reflexos: Bicipital:

Tricipital:

8- Sensibilidade: 9- Testes especiais: Arco doloroso:

Teste de Gerber:

Teste de Yergason (estabilidade CLB):

Palm up:

Teste de ruptura do supra-espinhoso:

Irritativos para o MR:

Teste de Neer:

Teste de Patte:

Teste de Jobe:

Teste de Hawkins:

Teste de instabilidade:

Sulco:

Apreensão:

Gavetas:

Observações:

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ANEXO – D

ESCALA FUNCIONAL DA UCLA DOR Presente todo o tempo, insuportável; uso freqüente de analgésicos fortes.

1

Presente todo o tempo, suportável; uso ocasional de analgésicos fortes. 2 Fraca / ausente em repouso, presente em atividades leves; uso freqüente de salicitatos.

4

Presente em atividades pesadas / específicas; uso freqüente de salicitatos.

6

Ocasional e fraca. 8 Ausente. 10 FUNÇÃO Incapacidade de usar o membro. 1 Realização apenas de algumas atividades leves. 2 Capacidade de realização de atividades domésticas e cotidianas. 4 Capacidade de realização de atividades domésticas, de dirigir, pentear-se e abotoar atrás.

6

Restrição leve, capacidade de executar trabalhos acima do ombro. 8 Atividades normais. 10 FLEXÃO ATIVA > 150º 5 De 120 a 150º 4 De 90 a 120º 3 De 45 a 90º 2 De 30 a 45º 1 < 30º 0 FORÇA DE FLEXÃO ANTERIOR (TESTE DE FORÇA MANUAL) Grau 5 (normal). 5 Grau 4 (bom). 4 Grau 3 (regular). 3 Grau 2 (fraco). 2 Grau 1 (contrações musculares). 1 Grau 0 (ausente). 0 SATISFAÇÃO DO PACIENTE Satisfeito e melhor. 5 Insatisfeito. 0 ESCORE MÁXIMO 35 ANÁLISE DO RESULTADO (Ellmann, 1987). 34-35 Excelente28-33 Bom 21-27 Razoável00-20 Pobre Fonte: SOUZA, M.Z. Reabilitação do complexo do ombro. São Paulo: Manole, 2001. p. 84.