faculdade betesda-curso de teologia-avanÇado-mÓdulo 11

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DIGITALIZADO POR: PRESBÍTERO

(TEÓLOGO APOLOGISTA) PROJETO SEMEADORES DA PALAVRA

VISITE O FÓRUMh t t p : / / s e m e a d o r e s d a p a l a v r a . f o r u m e i r o s . c o m / f o r u m

HISTÓRIA DA IGREJA III (Da reforma até 0 Século XX)

CURSO DE TEOLOGIAMODULO 11

HISTÓRIA DA IGREJA III ARQUEOLOGIA BÍBLICA II

LÍNGUA HEBRAICA II LÍNGUA GREGA II

POLÍTICA(MATÉRIA SUPLEMENTAR)

B E faculdade teológica betesdaΙ ΐ β M o ldando vocacionados

SUMARIOIN T R O D U Ç Ã O ........................................................................................................................................................................13

1. A G U ER R A DOS TRIN TA A N O S........................................................................................................................... 14

2. O C R ISTIA N ISM O NA FR A N Ç A .............................................................................................................................. 152.1 GALICANISMO EULTRAM ONTANISM O........................................................................................................152.2 DISSOLUÇÃO DA COMPANHIA......................................................................................................................... 152.3 PERSEGUIÇÃO AOS HUGUENOTES.................................................................................................................162.4 A IGREJA CATÓLICA ROMANA E A REVOLUÇÃO FRANCESA........................................................... 16

3. O PR O TESTA N TISM O NA A LEM A N H A ........................................................................................................... 183.1 DECLÍNIO RELIGIOSO APÓS A REFORM A.................................................................................................... 183.2 O PIETISM O................................................................................................................................................................. 183.3 OS IRMÃOS MORAVIOS........................................................................................................................................ 20

4. A E R A DA R A Z Ã O ......................................................................................................................................................... 21

5. PR O TESTA N TISM O NA IN G LA TER R A ........................................................................................................... 235.1 O PURITANISMO..................................................................................................................................................... 235.2 A RESTAURAÇÃO...................................................................................................................................................255.3 AREVOLUÇÃO......................................................................................................................................................... 255.4 DECLÍNIO RELIGIOSO NO SÉCULO XVIII....................................................................................................265.5 REAVIVAMENTO DO SÉCULO XVIII...............................................................................................................265.6 OS RESULTADOS DO REAVIVAMENTO........................................................................................................28

6. O PR O TESTA N TISM O NA E SC Ó C IA E NA IR LA N D A ................................................................................. 296.1 OS PACTUANTES...................................................................................................................................................296.2 O SÉCULO XVIII NA ESCÓCIA........................................................................................................................296.3 O PRESBITERIANISMO NA IRLANDA..............................................................................................................30

7. O SÉCU LO X IX NA EU R O PA .....................................................................................................................................317.1 O CATOLICISMO ROM ANO................................................................................................................................ 317.2 O CONCILIO DO VATICANO................................................................................................................................327.3 O PROTESTANTISMO............................................................................................................................................32

8. O SÉCU LO XX NA EU R O PA .....................................................................................................................................348.1 O CATOLICISMO ROM ANO............................................................................................................................... 35

8.1.1 Relações do papado com os estados europeus............................................................................................ 378.1.2 Restauração do Poder Temporal...................................................................................................................368.1.3 História Geral.................................................................................................................................................. 36

8.2 O PROTESTANTISMO.............................................................................................................................................. 378.3 A IGREJA ORTODOXA ORIENTAL...................................................................................................................... 408.4 O MOVIMENTO ECUM ÊNICO............................................................................................................................... 41

C O N C L U SÃ O ............................................................................................................................................................................42

R E FE R Ê N C IA S ........................................................................................................................................................................ 43

MÓDUL0111 HISTÓRIA DA IGREJA III

INTRODUÇÃOג

Entramos na ultima seção sobre o decorrer da História Cristã no mundo.Em História da Igreja I estudamos os prímórdios: como tudo começou, a fundação da igreja, as viagens mis-

sionárias de Paulo, as perseguições primeiro por parte dos Judeus, em seguida por parte dos romanos. E por fim alguns dos principais personagens da igreja primitiva.

Na segunda parte nos concentramos no período conhecido como “Idade M édia” ; A partir do Imperador Cons- tantino que pôs um fim a perseguição contra os seguidores de Cristo, e tomando o cristianismo como religião oficial do Império Romano. Conhecemos alguns dos principais teólogos da cristandade, como Agostinho de Hi- pona e Jerônimo. Também podemos ter uma certa noção das conseqüências que a decisão de Constantino trouxe para a Ekklesia. Aquilo que parecia uma grande vitória de Cristo sobre o mundo, mostrou-se até certo ponto uma decadência moral muito grande. A grande prova disso foram as cruzadas: empreitadas militares patrocinada pela igreja, afim de reconquistar a Terra de Israel dos maometanos. Após vários séculos de declínio religioso uma nova luz brilha em meio as trevas. Falamos da Reforma Protestante; movimento revolucionário que trouxe um despertamento muito forte para o seio da igreja.

Nessa ultima etapa, analisaremos como a igreja seguiu seu curso, a partir da Reforma. São muitos eventos, porém tentamos englobar as atividades mais importantes que marcaram a trajetória Cristã no mundo.

13CURSO DE TEOLOGIA

MÓDULO 111 HISTÓRIA DA IGREJA III

A GUERRA DOS TRINTA ANOS

A contra reforma foi a causa direta de uma das guerras mais cruéis, mais destruidoras de toda a História. A guerra dos Trinta Anos (1618-1648) foi o resultado da união dos governos católicos da Alemanha para destruí- rem o Protestantismo no império.

A guerra iniciada em 1618 teve como pretexto a demolição de duas igrejas Luteranas, na Boêmia, contrarian- do a liberdade religiosa que vigorava desde o reinado de Rodolfo II.

O imperador do Sacro Império Romano Germânico Fernando II e o arquiduque da Bavária colocaram os católicos romanos contra os príncipes protestantes. Foi então que o grande Gustavo Adolfo, rei da Suécia, salvou a causa protestante. Com uma série de brilhantes vitórias, livrou o protestantismo do colapso. Embora tivesse acontecido que, depois da sua morte numa batalha, a guerra se tomasse desfavorável ao protestantismo, as van- tagens que alcançou tiveram caráter permanente. O protestantismo europeu ficou devendo a sua sobrevivência, nesse momento crítico, a Gustavo Adolfo.

Em 1648, a paz de Westifália pôs fim à guerra. A paz de Augsburgo foi confirmada e foram estendidos ao cal- vinismo os mesmos direitos que tinha o luteranismo. Os protestantes foram colocados em pé de igualdade com os católicos romanos em todos os negócios do império. Concordou-se que todas as partes do império conservariam as formas de religião, fosse protestante ou católica, que tinham em 1624. Esse acordo sustou a agressão da Contra Reforma e também o progresso do protestantismo.

Até 1930, o caráter religioso das regiões da Alemanha ainda permanecia o mesmo desde o tratado de paz. A tolerância religiosa garantida pelos governantes foi assegurada desde então, até aos dias atuais. Foi uma grande conquista no terreno da liberdade de consciência. Só a Reforma conseguiria isso.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Qual foi a causa direta da Guerra dos Trinta anos?2) Quando se deu inicio a Guerra dos Trinta anos?

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MÓDULO 111 HISTÓRIA DA IGREJA III

0 CRISTIANISMO NA FRANCAג

O século XVII foi para a França uma era de grande desenvolvimento, quando a nação prosperou tão rapida- mente que veio a alcançar o primeiro lugar entre as nações européias. Todas as suas energias e possibilidades foram grandemente desenvolvidas. Esta atividade alcançou seu ponto culminante no longo e brilhante reinado de Luiz XIV (1661 -1715), e era de muitos dos homens mais famosos da historia francesa.

2.1 GALICANISMO E ULTRAMONTANISMOA Igreja Romana na França participou desse fortalecimento da vida nacional, demonstrando sua energia re-

ligiosa na pregação, nas obras de filantropia e no trabalho missionário. Este geral fortalecimento tanto na vida religiosa como no acentuado patriotismo francês deu origem ao movimento conhecido como Galicanismo. Este, numa palavra, representava uma tentativa de conciliar a qualidade de bom católico com a de bom francês.

Os Galicanos eram devotos e profundamente ligados à Igreja Católica Romana e reconheciam absoluta auto- ridade desta em assuntos religiosos. Mas acreditavam igualmente que o papa nâo tinha que interferir na política nacional. Nesta esfera só admitiam uma autoridade, a do rei: anos mais tarde chegaram mesmo a admitir que o papa não era um monarca absoluto na própria igreja e que sua autoridade era inferior à dos concílios gerais.

Em oposição ao Galicanismo levantou-se um partido chamado Ultramontano. A palavra “ultramontano” tor- nara-se muito comum nas discussões que envolviam questões políticas e eclesiásticas, da Europa, desde o século XVII, pois este termo expressa muito bem o espírito e a atitude de pessoas e partidos então existentes.

Ultramontano é quem, em negócios da igreja e do Estado, obedece ao papa antes que a qualquer outra autorida- de. Por essa época, na França, a força do Ultramontanismo estava com os jesuítas, sempre os fiéis soldados do papa.

2.2 DISSOLUÇÃO DA COMPANHIADurante a última parte do século XVII e durante ο XVIII, os jesuítas experimentaram forte oposição por parte

dos mais hábeis e melhores homens da Igreja Romana na França. Estes homens energicamente protestavam con- tra as idéias falsas, dolosas e oportunistas a respeito da moral e de certos princípios, idéias realmente perigosas que os jesuítas espalhavam através do confessionário.

Ainda se opunham aos jesuítas por causa da escravidão destes ao papa, e reputavam tal atitude prejudicial tanto à religião como ao sentimento patriótico. Os jesuítas combateram esta oposição com tenacidade e feroci- dade incríveis. Eles haviam submetido tanto o papa como o rei Luiz XIV à sua influência e conseguiram auxílio poderoso e ativo por parte dessas grandes autoridades.

O clero francês foi compelido pelos papas e pelo rei a condenar as idéias dos que se opunham ao jesuitismo. Não obstante, os jesuítas foram perdendo mais e mais a sua popularidade. Foi se desenvolvendo o sentimento de que essa poderosa organização secreta, embora vivendo na França, prestava a sua obediência última e definitiva a um governo estrangeiro, sendo, portanto, perigosa e traiçoeira.

Quando Portugal, em 1759, expulsou os jesuítas, a opinião pública francesa exigiu que se fizesse o mesmo na França o que foi conseguido em 1764. Este foi o começo do fim dos jesuítas. Logo após, a Espanha também os expulsava; depois, o reino de Nápoles. Em todos os casos, a razão da sua expulsão era: os jesuítas eram desleais e perigosos aos governos.

Finalmente o papa Clemente XIV, sob a pressão dos reis de todos esses países, dissolveu a Ordem em 1773. Por mais estranho que pareça, os jesuítas que, em seguida a este golpe, resolveram manter secretamente a sua organização, encontraram refúgio num país protestante, a Prússia; e também na Rússia, onde dominava a Igreja oriental ou ortodoxa.

IICURSO DE TEOLOGIA

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2.3 PERSEGUIÇÃO AOS HUGUENOTESA esplêndida era de Luiz XIV teve um lado negro nos terríveis sofrimentos infligidos aos protestantes fran-

ceses. Pelo Edito de Nantes, em 1598, os Huguenotes (Huguenotes é a denominação dada aos protestantes fran- ceses) alcançaram completa liberdade de consciência; liberdade para exercer o culto público em muitos lugares, plenos direitos civis e o governo de um grande número de cidades.

Entre 1598 e 1659, não obstante o governo tirar deles o controle sobre as cidades, não perturbou a liberdade religiosa. Nessa época de paz os protestantes franceses constituíram-se um grande corpo, cheio de uma vida religiosa plena de entusiasmo. Eram mais de um milhão mais do que o número atual. Tinham um ministério de caráter elevado e de preparo notável. As suas igrejas, muitas das quais grandiosas, estavam cheias de crentes entusiastas.

A importância que tinham os huguenotes e a influência que exerciam no país, estava muito acima da sua pro- porção numérica. Entre eles havia muitos líderes das várias profissões, no comércio e na indústria e muitos dos melhores artífices e trabalhadores. Eram franceses patriotas, de uma lealdade a toda prova. A França não possuía na sua população outro elemento tão valioso.

Mas o clero Católico Romano, hipócrita e fanático, não podia tolerar este protestantismo tão próspero. Sobre este clero romano caíram e ainda permanece o vitupério, a culpa e a principal responsabilidade do terrível desas- tre que sobreveio à França nesse tremendo ataque contra os Huguenotes. Sob a pressão desse clero, o governo começou o ataque em 1659. As primeiras medidas contra os protestantes foram: à suspensão total dos direitos civis e a perseguição em grande escala, para obrigá-los a professar o catolicismo romano.

Em 1681, Luiz XIV levou a efeito, com muita pertinácia, um esforço selvagem para esmagar o protestantis- mo. Tal campanha atingiu o seu clímax quatro anos depois, com a revogação do Edito de Nantes. Os protestantes não tinham sequer a menor segurança, perante a lei. Muitas leis, com as penalidades mais bárbaras, proibiam-nos de emigrar. Toda a natureza de opressão è crueldade foi usada a fim de obrigá-los a voltar para o catolicismo romano.

O resultado de tudo isto foi uma perda irreparável para a França. Milhares dos seus mais excelentes cidadãos foram levados à morte, outros tantos viram-se submetidos a horríveis torturas e prisão. Muitos outros corajosos, por causa da sua fé, enfrentando os perigos da emigração, fugiram do país. Nesse período, cerca de quatrocentos mil huguenotes deixaram a França. A saída deles resultou num triste desastre para a nação. O comércio e a indús- tria muito sofreram. Pior ainda foi para a nação francesa a perda moral, perda que jam ais foi reparada.

Os huguenotes foram para toda a parte, para a Inglaterra, I lolanda, Alemanha, protestante e América. Foi assim que a Reforma francesa deu o melhor das suas forças para erigir o protestantismo em outros países.

Depois de 1685 o protestantismo na França, embora vergonhosamente perseguido, levou uma vida de hero- ísmo por quase oitenta anos. Foi quando cessou a perseguição, mas a liberdade religiosa não veio antes de 1789, concedida pelo primeiro dos governos da Revolução francesa.

2.4 A IGREJA CATÓLICA ROMANA E A REVOLUÇÃO FRANCESAQuando a Revolução rebentou (1789), a Assembléia que representava o povo, demonstrou amargo desagrado

e hostilidade para com a Igreja Católica Romana. As causas dessa atitude vinham operando desde muitos anos. A perseguição contra os protestantes tomou o povo desgostoso e fê-lo sentir horror por uma instituição cujos lide- res foram os causadores de tais barbaridades. Muitos patriotas franceses consideravam a Igreja como inimiga do espírito de lealdade nacional, porque o seu clero colocava a autoridade do Papa acima da autoridade do governo.

Além disso, o século XVIII viu, na França, o desenvolvimento da dúvida e a negação das verdades do cristia- nismo. Isto naturalmente causou indiferença ou oposição ao grande representante do cristianismo, naquele país, a Igreja Católica Romana. Por mais estranho que pareça, este ceticismo contribuiu, em grande parte, para acabar com a perseguição ao protestantismo. Homens que não tinham a fé cristã condenavam, naturalmente, o uso da força para que uma forma de cristianismo tentasse destruir a outra.

Possivelmente a maior causa da hostilidade à Igreja papal foi sua enorme riqueza e o uso egoísta que ela fazia

CURSO DE TEOLOGIAlê

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de tão grandes bens. A situação econômica era bem difícil, especialmente para a grande massa da população pobre, que já estava arruinada por impostos pesados e cruéis. Mas as riquezas dessa igreja eram usadas principal- mente para sustentar a imponência do seu alto clero, que era luxurioso e preguiçoso, e em muitos casos, imoral. Os párocos, os únicos membros do clero que serviam ao povo, eram miseravelmente pagos. Tudo isto contribuiu para encher o povo de indignação.

A primeira legislatura da Revolução, a Assembléia Nacional (1789 - 1790), confiscou as propriedades da Igreja Romana e vendeu boa parte delas para enfrentar as necessidades nacionais. A Assembléia estabeleceu completa liberdade religiosa. Aboliu as ordens monásticas e reorganizou completamente a Igreja Católica Ro- mana, deixando-a apenas nominalmente sujeita ao Papa.

Finalmente, não só a Igreja Papal, mas o próprio cristianismo foi objeto do ódio público. Isto foi devido, em parte, ao desenvolvimento da incredulidade, e, de outro lado, pelo fato de muitos julgarem a Igreja Romana e o Cristianismo como coisas idênticas, e culpavam a religião por todos os males dessa igreja.

Em 1793, foi abolido o culto cristão, negado formalmente a existência de Deus, e estabelecido o culto da Deusa Razão. O domingo, ou Dia do Senhor, foi substituído por um dia em cada dez, para descanso e diversões.

Todavia povo se opôs a tudo isto. Em 1795, foi restabelecido, pelo governo, o culto cristão. Todas as agre- miações religiosas tiveram permissão de exercer formas de culto, contanto que se mantivessem sem auxílio do governo. Este acordo foi quebrado por Napoleão que possuía suas próprias idéias acerca das relações entre a Igreja e o Estado.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1 ) 0 que era o movimento conhecido como “Galicanismo” ?2) Em que difere o Ultramontanismo do Galicanismo?3) Qual a importância que os Huguenotes tinham para a França?

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PROTESTANTISMO NA ALEMANHA

3.1 DECLÍNIO RELIGIOSO APÓS A REFORMAA história do protestantismo alemão durante os anos que se seguiram à reforma é desalentadora. A grande

onda de reavivamento religioso, que a obra de Lutero tinha provocado, logo arrefeceu. Teve inicio uma triste era de disputas teológicas inúteis. Mesmo antes da Paz de Augsburgo (1555), os luteranos disputavam entre si a respeito de questões de doutrina. Além disso, havia entre os luteranos e os teólogos reformados discussões dou- trinarias que alargavam cada vez mais a brecha entre esses dois grupos do protestantismo.

Um dos resultados dessas disputas foi a elaboração, pelos luteranos, em 1577, de um longo credo chamado de Fórmula de Concórdia. Julgava-se que essa fosse a expressão final do credo luterano, que definia como deveria permanecer toda a questão. Ela condenava o calvinismo, especialmente a doutrina da predestinação, perpetuando assim a separação dos grupos luterano e reformado. Todavia, definiu-se, afinal, sobre todos os assuntos discuti- dos entre os luteranos, conseguindo boa medida de harmonia entre eles mesmos. A Fórmula de Concórdia veio a ser considerada por eles, uma expressão completa da verdade cristã, um credo tão perfeito que não podia ser melhorado. Foi essa a razão por que os ministros luteranos dedicaram a vida à exposição e defesa desse credo, em vez de procurarem fortalecer a vida espiritual do povo, induzindo-o ao serviço cristão. Eles estavam mais in- teressados na defesa da ortodoxia da doutrina luterana do que os resultados da verdade cristã na vida dos crentes.

Essa foi a razão do declínio religioso do luteranismo alemão ao fim do século XVI e inicio do XVII. O êxito da Contra Reforma nos distritos luteranos foi devido, principalmente, a essa condição. O enfraquecimento reli- gioso e as contínuas disputas teológicas entre luteranos e calvinistas explicam o papel obscuro do protestantismo alemão nos primeiros anos da guerra dos Trinta Anos. A guerra não trouxe qualquer beneficio; pelo contrário, produziu grave prejuízo espiritual, como resultado da ruína e do barbarismo que provocara.

É assim que encontramos a vida religiosa do protestantismo alemão depois de 1648: terrivelmente enfraque- cida. A situação era a mesma, tanto entre luteranos como entre os reformados. O ministério era pobre quanto à religião pessoal. A ortodoxia era considerada a característica mais importante de um ministro. Não se pensava que fosse necessária uma profunda experiência cristã que produzisse cristãos zelosos, consagrados. A pregação consistia, naturalmente, em grande parte de discussões teológicas; e pouca ênfase era dada à necessidade de se procurar viver um cristianismo vitalizado, rico de experiências e de frutos. As igrejas eram frias, cheias de for- malidades e inativas. Não havia idéia de missões cristãs na sua pátria, o protestantismo estava longe de ser uma força agressiva e entusiástica, como veio a ser depois.

3.2 O PIETISMONessa época quando era tão necessária uma nova vida, ela apareceu com grande vigor no movimento conhe-

cido pelo nome de “Pietismo” .O Pietismo foi um movimento que surgiu no final do século XVII tendo como precursor Phillip Jacob Spe-

ner. Ainda moço ele foi convencido da necessidade de uma reforma moral e religiosa nos círculos eclesiásticos. Podemos dizer que a reforma proposta por Lutero e companhia em seu inicio imediato revitalizou o cristianismo há um padrão moral incrível, mas com o passar do tempo ocupou espaço apenas nos círculos teológicos e inte- lectuais (embora não fosse essa a intenção dos reformadores); somente no que diz respeito aos ensinamentos por parte da igreja que houve uma mudança, porém a vida dos cristãos na pratica, a santidade e piedade, marcas do cristianismo bíblico continuaram os mesmos, a mesma frieza e a mesma forma mecânica de devoção.

CURSO DE TEOLOGIA18

MÓDUL01 1 1 HISTÓRIA DA IGREJA III

Como pastor em Frankfurt do Meno (1666-1686), Spener muito se esforçou para que seu povo alcançasse um Cristianismo ardente, sincero, e purificasse a sua vida em todos os aspectos. Ele pregava sermões de caráter pratico, fervoroso e simples, evitando aquele estilo rígido de oratória tão em moda na época. Insistia na verdade da regeneração, aquela mudança produzida no coração do homem de fé; pelo Espírito de Deus; insistia no fato de que, ser nascido de Deus, e levar uma vida de santidade e serviço, era infinitamente mais importante do que ter pontos de vista ortodoxos quanto à doutrina. Embora seja difícil de acreditar, essa idéia era, então, nova e muito estranha. Spener reavivou as doutrinas básicas da Reforma, o sacerdócio universal dos crentes, e provou que um dos sentidos práticos dessa doutrina era que os leigos deviam participar dos serviços religiosos, ensinando e ajudando uns aos outros. Realizava reuniões na própria casa para estudo devocional da Bíblia, orações e mútua instrução, nas quais os leigos tomavam parte ativa. Realizava grande serviço pastoral e dispensava atenção es- pecial à educação religiosa das crianças. O fato de que tanto seu ensino como os seus métodos serem novos para a vida da igreja do seu tempo, era a melhor indicação de como era séria a situação eclesiástica então existente.

O ministério de Spener teve como resultado um autentico reavivamento em muitas pessoas de Frankfurt. Foi assim que teve inicio o movimento Pietista, como depois foi chamado, isto é, o Reavivamento da Piedade do Cristianismo real, dinâmico, em contraste com a mera ortodoxia quanto à doutrina. Esse movimento cresceu de- pois, principalmente por causa do livro de Spener “Pia Desideria ” (Desejos Piedosos), no qual apontava os ma- les e as condições espirituais difíceis do seu tempo e indicava como solução os ensinos e os métodos que usava.

Analisando a Pia D esideria de Spener, podem os destacar quatro características principais do m ovim en- to, a saber:

1. Experiência Religiosa; a experiência religiosa assume um caráter preponderante na vida do crente.

2. Biblicismo; seus padrões doutrinários emanam da bíblia, ainda que o catecismo (catecismo menor de Lutero, 1529) deva ser ensinado às crianças e aos adultos.

3. Perfeccionismo; preocupação com o desenvolvimento espiritual, bem como com a proclamação do Evan- gelho e com a pratica social de socorro aos necessitados.

4. Reforma na Igreja; desejo de reformar a igreja, combatendo a sua letargia espiritual, bem como as suas praticas mundanas.

Em meados de 1685, o Pietismo tomou-se a influencia dominante no Protestantismo alemão, revigorando-o espiritualmente, enchendo de nova vida a religião cristã. Apesar de que também sofreu forte oposição por parte dos teólogos de ordem ortodoxos, mas nada impediu o êxito do movimento.

Como todos os reavivamentos genuínos, o Pietismo inspirou os crentes à realização de obras cristãs. Nesse aspecto do grande movimento, entramos em contato com o seu segundo grande líder, Augusto Frank, pastor e professor da Universidade de Halle desde 1694. Essa cidade e a sua universidade tomaram-se o centro do Movi- mento Pietista. O Pietismo tem a honra de ter produzido a obra das primeiras missões estrangeiras protestantes.

Além, do que alcançou na vida religiosa na Alemanha, o Pietismo inspirou, em outras terras, forte impulso de poder espiritual, o que produziu grandes resultados. A irmandade da Moravia foi, em parte, um resultado desse movimento. Por intermédio dos irmãos moravianos, o espírito do pietismo tocou John Wesley e o tomou um dos lideres mais poderosos que a igreja cristã já possuiu. Por influência de um ministro pietista alemão de Raritan, Nova Jersey, Gilbert Tenent recebeu um reavivamento pessoal e, pleno desse espírito, a sua pregação tomou-se um a das causas do Grande Reavivamento na América do Norte.

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3.3 OS IRMÃOS MORÁVIOS yO fundador da irmandade moraviana foi o conde Nicolau Von Zinzendorf (1700 - 1760), nobre austríaco que

foi profundamente influenciado pelo Pietismo. Quando moço, teve a idéia de reunir numa comunidade um gran- de número de pessoas verdadeiramente religiosas, que se tomassem uma fonte de vida espiritual para as igrejas e comunidades religiosas vizinhas.

Quando tinha apenas 21 anos de idade, comprou um território na Saxônia, com o intuito de levar a termo o seu plano. Em pouco tempo essa região foi habitada de um modo providencial. Certos membros da irmandade Boêmia, corpo religioso resultante da obra de John Huss, tendo sido perseguidos e expulsos dos seus lares na Moravia, conseguiram a permissão de Zinzendorf para se estabelecerem no território a ele pertencente. Assim começou a formação dessa comunidade que tomou o nome de “Hermhut” (“Abrigo do Senhor”). Foi por causa desses moravianos que o grupo tomou o nome de Irmandade dos Moravianos, não obstante haver entre eles grande numero de alemães da redondeza. O próprio Zinzendorf foi morar com sua família nessa comunidade, qual dedicou sua vida com incansável labor e constantes orações. Embora houvesse diferenças entre os seus membros, ele os conduziu a uma verdadeira unidade e conseguiu inflamá-los de sincera devoção a Jesus Cristo.

As obras missionárias, que tomaram famosos os moravianos, começaram em 1731. Dois deles foram envia- dos a S. Tomás, nas índias Ocidentais, e dois outros foram para a Groenlândia, onde o herói norueguês, Hans Egede, já tinha introduzido o evangelho. Seguiu-se a estes uma verdadeira torrente de missionários, de sorte que, durante a vida de Zinzendorf, havia muitos de seus irmãos trabalhando na Europa, na Ásia, na África, na América do Norte e na América do Sul. Em poucos anos, a pequena Hermhut enviou mais missionários do que o Protestantismo europeu o fizera em duzentos anos. Eles foram aos lugares mais difíceis, e perigosos, e aos povos menos promissores. Em toda parte demonstravam alegria cristã, fé inabalável e lealdade a Cristo á toda prova, inspirados também pelo hino de Zinzendorf: “Cristo ainda nos conduz” . Eles revelavam, em qualquer lugar que se encontrassem a mesma coragem, consagração e amor a todos os homens.

CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 HISTÓRIA DA IGREJA III

A ERA DA RAZÃO

A Era da Razão foi um movimento do século XVIII que surgiu imediatamente depois do misticismo, da reli- gião e da superstição da Idade Média. A Era da Razão representou uma gênese no modo como o homem via a si próprio, a busca do conhecimento e o universo. Neste período de tempo, os conceitos de conduta e pensamento que o homem anteriormente tinha agora podiam ser contestados verbalmente e por escrito. Medos de ser procla- mado herege ou queimado na fogueira foram descartados. Este foi o início de uma sociedade aberta em que os indivíduos eram livres para buscar a felicidade individual e a liberdade. Os conceitos imperiais sobre sociedade e política do mundo medieval foram abandonados. A Era da Razão também incluiu o período mais curto chama- do de Iluminismo. Durante este tempo ocorreram grandes mudanças no pensamento científico e na exploração. Novas idéias encheram o horizonte e o homem estava ansioso para explorá-las livremente. O filósofo alemão, Immanuel Kant, definiu o Iluminismo desta forma: “Esse movimento foi a libertação do homem do seu estado auto-provocado de minoria. A minoria é a incapacidade de usar um entendimento sem a direção de outra pessoa. Este estado é auto-causado quando a sua fonte não reside na falta de entendimento, mas na falta de determinação de usá-lo sem a ajuda de outro.” .

A Era da Razão não precisa necessariamente ser vista como um ponto culminante na história do homem. O homem começou a abraçar uma crença exagerada na perfeição da humanidade com base na razão e pensamento claro, alegremente abandonando a confiança na verdade bíblica e no temor de Deus. Ao deixarem os extremos medievais de misticismo e superstição, eles oscilaram aos outros extremos da razão e da racionalidade, negligen- ciando as sutis nuanças cinzentas entre eles.

Era da Razão - Racionalidade, Razão e o Iluminismo.

A Era da Razão trouxe uma grande mudança à história da trajetória do homem na terra. A razão, racionalidade e iluminação tomaram-se os novos ‘deuses’. Durante os 1700 anteriores, a perfeição do homem só podia ser obtida através da graça após a morte. A Revolta Protestante contra a Igreja Católica e as subsequentes ‘guerras santas’ não fizeram nada para mudar as subjacentes crenças aceitas pela sociedade: a revelação era a fonte da verdade suprema e só podia ser recebida como uma comunicação de Deus. Esta era à base do Cristianismo. Agora, nesta nova era, o homem sentiu-se obrigado a seguir o seu próprio intelecto, não a verdade ‘revelada‘. A Terra e a ênfase na natureza tomaram-se os novos dogmas. Os milagres, profecias e rituais religiosos eram meras superstições. A razão, filoso- ficamente, é definida como a habilidade de formar e operar sobre os conceitos de abstração, reduzindo as informa- ções ao seu conteúdo elemental, sem emoção. A racionalidade carrega a implicação dupla de inferência ordenada e compreensão juntamente com a compreensão e explicação. A iluminação é mais ou menos a aplicação da razão e da racionalidade a crenças anteriores, resultando em um pensamento mais amplo e mais claro.

A Era da Razão viu a introdução da Revolução Científica e de várias progressões das novas escolas de pen- samento. O Dualismo, defendido por Descartes, ensinava que Deus (a mente) e o homem (a natureza) eram dis- tintos. Baruch Spinoza introduziu a idéia do P an te ísm o . ou seja, que Deus e o universo são um, e também que “Deus era uma substância constituída por infinitos atributos.” Os crentes no D e ísm o , descrito como a religião da j azão, rejeitaram o Cristianismo como um conjunto de revelações misteriosas e incompreensíveis. A revelação־de Deus, de acordo com os deístas, era simples, lógica e clara, uma religião natural que sempre havia existido.

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Era da Razão - A Visão Cristã

A Era da Razão foi caracterizada pela rejeição de Deus, negação dos milagres e ataques às básicas crenças cristãs. Durante a Era da Razão, na tentativa de separar-se do misticismo da Idade Média, o homem aplaudiu o intelecto e desdenhou o espírito. Acreditava-se que Deus era incognoscível, se é que existia, e certamente não havia necessidade de comunicação ou revelação divina. A revelação da natureza era o bastante, mostrando tudo o que precisava ser conhecido sobre Deus. O homem agora estava livre para postular suas próprias teorias da existência e idéias sobre a Terra e a sua relação com o sol.

A ironia do período é que embora o homem tenha procurado a Iluminação e tenha acreditado estar iluminado, ele deixou de enxergar as verdades básicas que teriam ficado claras se não tivesse endurecido o seu coração na denúncia de Deus. Sim, de fato, Deus se revela na natureza: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fa la disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite” (Salmo 19:1 -2). A glória de Deus é claramente revelada nas obras das mãos de Deus. Só Ele é a fonte da sabedoria e do conhe- cimento. Em desviar-se da Bíblia, a Palavra de Deus, como a verdade absoluta, o homem tem formulado todos os tipos de teorias para explicar o seu mundo. Entretanto, como 1 Coríntios 3:19a diz: “Pois a sabedoria deste mundo é loucura aos olhos de Deus”.

Deus só pode ser encontrado através de um coração de fé. Deus criou o homem com a capacidade de pen- sar, descobrir e raciocinar. Entretanto, toda busca primeiramente necessita começar com Deus, reconhecendo־o como o autor de todas as coisas e o único com o poder absoluto e autoridade. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; todos os que cumprem os seus preceitos revelam bom senso. Ele será louvado para sempre!” (Salmo 111:10).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Defina o Iluminismo.2) Qual o marco definitivo da Era da Razão?3) Cite algumas das escolas de pensamento que surgiram na Era da Razão.

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PROTESTANTISMO NA INGLATERRA5.1 O PURITANISMO

O Puritanismo foi um movimento que surgiu dentro do protestantismo britânico no final do século XVI. A Inglaterra estava separada da submissão papal, mas não da doutrina, liturgia, e ética católica. O rei inglês Hen- rique VIII por motivos pessoais, e não por convicção teológica liderou uma reforma política no Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales) que defendia o rompimento com a Igreja Católica Romana, vindo a originar-se a Igreja Anglicana. O monarca inglês faleceu e o seu filho, Eduardo VI, tomou-se rei em seu lugar. O jovem regente inglês possuía conselheiros influenciados pela Reforma Protestante. Alguns teólogos e professo- res foram convidados para liderar a Reforma na Inglaterra. Entretanto, este projeto não foi adiante, pois o novo rei veio a falecer prematuramente. A sua irmã mais velha, M aria Tudor, a sanguinária, assumiu o trono ordenando a morte de todos os protestantes, prendendo e expulsando muitos outros do Reino Unido.

Em 1559, Elizabeth sucedeu à sua meia-irmã Maria Tudor. A nova rainha da Inglaterra era simpatizante da Reforma. Ainda em 1559, solicitou a revisão do Livro Comum de Oração, e editou em 1562, os 39 Artigos de Fé como padrão doutrinário da Igreja Anglicana. Autorizou a volta dos reformadores ingleses exilados. Todavia, os que retomaram estavam insatisfeitos com a lenta e parcial Reforma eclesiástica que Elizabeth estava realizando. Justo L. González comenta que os que foram expulsos “trouxeram consigo fortes convicções calvinistas, de modo que o Calvinismo se estendeu por todo o país.” Eles haviam contemplado o que os princípios da Reforma poderiam fazer em outros países, agora estavam comprometidos em aplicá-los em sua terra natal.

Os que defendiam que a Igreja Anglicana carecia de uma completa Reforma foram apelidados jocosamente de “puritanos” . De fato, os puritanos acreditavam que a igreja inglesa necessitava ser purificada dos resquícios do romanismo. Eles clamavam por pureza teológica, litúrgica, e moral! Henrique VIII embora discordasse da Igreja Católica acerca dos seus divórcios, ele morreu sustentando o título de Defensor da fé Católica. Mas, os puritanos também ansiavam por mudanças litúrgicas, pois, mesmo a Inglaterra se declarando protestante, a missa ainda era rezada em latim, eram usadas as vestimentas clericais, velas nos altares, e o calendário litúrgico e as imagens de santos eram preservadas. Era uma incoerente ofensa aos reformadores ingleses.

A começar pela liderança da Igreja, a prática do evangelho não estava sendo observada. Os puritanos exigiam não apenas mudanças externas, religiosas e políticas, mas mudanças de valores manifestos numa ética que agra- dasse a Deus, de conformidade com sua palavra. Foi por causa deste último ponto que o apelido puritano tomou-se mais conhecido. Eles eram considerados puros demais, porque queriam ter uma vida cristã coerente com a Escritura.

Os puritanos não pretendiam abandonar a igreja do seu país e, de fato, não podiam fazê-lo, visto que a lei exigia que todas as pessoas assistissem ao culto da igreja nacional. O que eles queriam era remodelar a Igreja segundo as suas idéias. Durante o reinado de Elisabete, tinham propagado vigorosamente seus pontos de vista e se fortalecido bastante. Tinham muita esperança no próximo reinado de Tiago I. Dele, porém, só conseguiram a ordem para uma revisão da Bíblia, da qual resultou a maravilhosa “versão do Rei Tiago” (King James version), de 1611. Durante os últimos anos do Reinado de Tiago, e durante o do seu filho Carlos I, a política do govemo nos assuntos da igreja era ditada pelo arcebispo Laud. Este cria que o govemo da igreja por intermédio dos bispos era divinamente autorizado. Insistia no estabelecimento, em todo o país, de uma forma de culto que mantinha muitos dos elementos medievais, os quais eram odiosos aos puritanos. O arcebispo era um homem intolerante, e tirano, e tudo fez para suprimir o Puritanismo, não hesitando mesmo em lançar mão de torturas e de prisão. Muitos puritanos, perdendo a esperança de ver uma igreja nacional como aspiravam, emigraram para a América à procura de liberdade religiosa.

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Mas os puritanos avançavam resolutos. Uma das causas desse avanço foi a leitura generalizada da Bíblia, movimento que, tendo se iniciado em 1580, cresceu ininterruptamente por mais de cinqüenta anos. A Inglaterra tomou-se o povo de um livro, e esse livro era a Bíblia. Nesse tempo, em que não havia jornais nem revistas, e os livros eram muito poucos, a Bíblia tomou-se para o povo, um livro didático, usado para leitura e estudos. E m \ virtude disso, desenvolveu-se na vida do povo inglês um sentimento religioso profundo e sincero. O espírito nacional, o caráter do povo, cada vez mais se aproximava do ideal puritano. Outra causa do crescimento do ideal puritano foi a grande luta do povo contra a tirania de Tiago I e Carlos I, a fim de estabelecer um govemo consti- tucional representativo.

A sucessão de acontecimentos que levaram o puritanismo ao controle da Inglaterra começou na Escócia. Car- los I governava ambos os paises, como fizera Tiago I. Em virtude da influencia de Laud, o rei tentou introduzir na igreja da Escócia o uso de um livro de orações, como o da igreja da Inglaterra, que continha muitas coisas que os escoceses odiavam e, consideravam como “papismos” . Por isso, a Escócia uniu-se para resistir a isso. Foi então, redigido o famoso Acordo ou Concerto, em que todos os signatários pediam que a igreja nacional fosse mantida como tinha sido estabelecida na Reforma. O acordo foi assinado em 1683, numa grande assembléia em Edimburgo, em meio a grande entusiasmo, e enviado depois por todo o pais para angariar mais assinaturas. Em consequencia disso, a assembléia geral da igreja da Escócia depôs, nesse ano, os bispos que Tiago I impusera à igreja, e foi assim, restaurado o presbiterianismo. Foi então, organizado um exército escocês que atravessou as fronteiras em direção à Inglaterra, em rebelião aberta. Assim agindo, os escoceses obtiveram a grande vitória para a liberdade inglesa, pois o rei Carlos I, não dispondo de recursos financeiros para guerrear contra os rebeldes, foi forçado, depois de ter governado ilegalmente por muitos anos sem parlamento, a convocar uma assembléia.

O “Grande Parlamento”, que se reuniu em 1640, representava a Inglaterra dessa época com uma maioria de- cididamente puritana. Desse modo, tiveram eles, a oportunidade de remodelar a igreja inglesa como desejavam.

Conseguindo maioria no Grande Parlamento, os puritanos, afinal, alcançaram o poder para tom ar a Inglaterra como desejavam. Com esse propósito, o Parlamento convocou a Assembléia de Westminster (1634 - 1649), composta pelos principais teólogos puritanos.

Sua tarefa foi preparar e apresentar ao Parlamento os planos para uma reforma definitiva da Igreja nacional.A Assembléia escreveu e submeteu à apreciação do Parlamento uma constituição completa para a Igreja da Ingla- terra. Além do esquema para o govemo eclesiástico, foi apresentada a Confissão de fé, considerada como credo para uso da igreja, além de instruções para o culto e a disciplina e dois catecismos, o maior e o breve. O projeto da Assembléia para o govemo da igreja foi aprovado pelo parlamento, que ratificou o sistema presbiteriano. Mas este nunca foi aceito de modo geral. Muitos eram independentes, outros congregacionais. Outros eram batistas que concordavam com a forma de govemo dos independentes. E havia vários outros grupos que também discor- davam. Estes desejavam plena liberdade religiosa, nada de conformidade. Fosse presbiteriana, ou qualquer outra forma, a escolha deveria ser livre. Esse sentimento era forte no exército puritano.Foi nessa época que apareceu a Sociedade dos amigos ou dos Quaeres. Por muitos anos, a Inglaterra vinha sendo sacudida pelas disputas religiosas, principalmente as que se relacionavam com a forma de govemo eclesiástico, os sacramentos, o ministério e o culto. Isso tudo aborrecia muitas pessoas, que resolveram seguir os ensinamen- tos de George Fox. Este ensinava que a igreja deveria ser guiada e instruída diretamente pelo Espírito Santo, e que não deveria haver qualquer sistema fixo de govemo, ou um ministério especialmente indicado, ou formas regulares e fixas de culto. George Fox foi um dos mais poderosos lideres religiosos de seu tempo e fervoroso evangelista que alcançou grande numero de conversões.

Sob o govemo da comunidade, os puritanos tiveram oportunidade de realizar seu ideal concernente ao pró- prio govemo, isto é, que este fosse um instmmento para fortalecer a religião, e o caráter moral do povo. O parlamento decidiu não indicar ninguém como chefe, a não ser aquele cuja verdadeira piedade cristã agradasse ao Parlamento. As leis aprovadas exigiam um alto padrão de moralidade pessoal. A severidade do Espírito Pu- ritano manifestou-se no ataque às diversões populares. Os teatros foram fechados; os esportes brutais e alguns divertimentos inocentes, muito do gosto popular, tais como os festejos do Natal e as danças populares do mês de

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maio, foram proibidos. A política dos puritanos com respeito às diversões provocou grande oposição às regras disciplinares. Muitas pessoas também reprovaram a tentativa de se impor o Puritanismo à nação por meio de uma legislação oficial e secular. Não obstante a sua esplendida prova de caráter, havia nos puritanos certa tirania e estreiteza de visão que tomaram o govemo deles impopular. O melhor que podiam fazer pela Inglaterra não deveria ser realizado pela força da lei.

5.2 A RESTAURAÇÃOA imposição dos puritanos seguiu-se uma tremenda reação contra tudo que eles tentavam introduzir e

realizar. A monarquia foi restaurada em 1660, com Carlos II, filho do rei que fora levado à morte. Logo, o novo govemo restaurou a Igreja nacional àquela forma que tinha existido antes da vitória dos puritanos, a do tempo da Reforma. Os bispos voltaram às suas sedes e o livro comum de oração voltou a ser o manual de culto. O parla- mento exigiu que todos os ministros declarassem sua plena aprovação a esse livro.

Por se oporem a isso, cerca de dois mil ministros presbiterianos, congregacionalistas e batistas foram expul- sos das suas igrejas. Apesar de enfrentarem os perigos da lei, muitos deles continuaram a pregar em reuniões fora das igrejas, e milhares dos seus paroquianos arriscavam-se a ser presos por ouvi-los. Foi nessa “Grande expul- são” de 1662, quando esses adeptos do puritanismo foram expulsos da Igreja da Inglaterra, que foram lançados os fundamentos da Igreja livre desse país.

Seguiram-se varias tentativas de supressão dos dissidentes. Atos oficiais proibiam assistência às reuniões religiosas que não fossem da Igreja oficial, sob penas severas. Por uma falta dessa natureza, John Bunyan, o célebre escritor, ficou preso por doze anos e foi na prisão de Bedford que ele escreveu “O Peregrino”. Porém, a despeito de tudo isso, a oposição continuou. A oposiçãoao puritanismo, liderada pelo Parlamento, resultou no apreciamento de uma terrível onda de imoralidade que atingiu a aristocracia inglesa e afetou grandemente outras camadas sociais, nos anos que se seguiram a 1660. De- pois da severidade da regra puritana, a situação descambou para o outro extremo. O exemplo de um rei corrupto contribuiu para agravar essa tendência. Por essa época, parecia que o puritanismo tinha sido aniquilado. Porém, quando cessou a reação isso não aconteceu. O puritanismo tinha realizado uma obra profunda e duradoura no povo inglês, inculcando-lhe um caráter sincero e um fervor que jam ais desapareceram.

5.3 A REVOLUÇÃOOs acontecimentos dessa época mostraram, todavia, que a maioria do povo preferia que a Igreja nacional

permanecesse como ao tempo da Reforma, em vez de seguir o sistema introduzido pelos puritanos. Isso não significava que o Protestantismo inglês fosse vacilante, e a prova se viu quando Tiago II, sucessor de Carlos II, tentou transformar a Igreja nacional em Católica Romana. A nação revoltou-se contra o seu propósito e contra a tirania com que ele tentou leva-lo a efeito. Os lideres de ambos os partidos políticos apelaram para Guilherme, príncipe de Orange e chefe do Estado da Holanda, cuja esposa, Maria era filha do rei, para que ele viesse com um exercito defender a liberdade da Inglaterra e o Protestantismo. O país levantou-se para apóia-10 quando o prínci- pe desembarcou. O rei da França fugiu e Guilherme e a esposa tomaram-se os soberanos da Inglaterra.

Essa incruenta revolução de 1689 decidiu a favor da Inglaterra varias questões da mais alta importância. Fi- cou decidido que o poder supremo pertencia ao povo, pois Guilherme e Maria tomaram-se soberanos por decisão do Parlamento, por meio do qual a vontade do povo foi expressa. Assim a prolongada luta contra os reis tiranos, pela liberdade do povo, luta em que os puritanos se distinguiram desde o reinado de Tiago I, terminou afinal com a vitória. Aqui vemos a relação existente entre o Protestantismo e a liberdade política. A doutrina do sacerdócio universal dos crentes, segundo a qual cada homem tem acesso a Deus, como um direito próprio alcançado por Cristo, contribuiu para que os homens conhecessem e pleiteassem seus direitos políticos.

Em segundo lugar, ficou firmado o caráter da Inglaterra como nação protestante. O Parlamento declarou isso, modificando apenas o juramento da coroação de modo a poder o rei jurar lealdade à religião reformada, estabe- lecida segundo a lei.

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Em terceiro lugar, foi conseguida a liberdade de culto para os protestantes ortodoxos que discordavam da igreja da Inglaterra. Pelo ato de Tolerância de 1689, a Inglaterra, finalmente, abandonou a idéia de obrigar a todas as pessoas a aceitarem uma só forma de religião. Daí em diante, não somente a igreja da Inglaterra, mas igualmente os não conformistas, como são algumas vezes chamadas as igrejas livres, tinham o direito de decidir^ sobre sua vida religiosa. Todavia foi negada, ainda essa vez, a liberdade de culto à Igreja Romana.

Durante o Reinado de Guilherme e Maria, surgiu na igreja da Inglaterra uma cisão que foi de grande efeito na vida religiosa nacional e até mesmo na América do Norte. Os dois grupos em que a Igreja se dividiu foram chamados “Alta Igreja” e “Baixa Igreja” . O motivo da separação foram questões do govemo eclesiástico e de ministério. Os clérigos da Alta Igreja afirmavam que o govemo da igreja pelos bispos era divinamente ordenado, e que os bispos vinham em sucessão ininterrupta desde os apóstolos, e que o único ministério valido era o da ordenação pelas mãos do bispo. Daí ele consideraram os não conformistas sem ministério regular e legitimo. Os clérigos da Baixa Igreja, embora aprovassem o govemo eclesiástico por meio dos bispos, não sustentavam esses “altos” pontos de vista e queriam muito reconhecer o ministério dos não conformistas, ou das igrejas livres.

5.4 DECLÍNIO RELIGIOSO NO INICIO DO SÉCULO XVIIIA vida religiosa da Inglaterra, por quase cinqüenta anos depois da revolução, apresenta um quadro triste

de indiferença generalizada e de estagnação. A maioria do clero era constituída de homens de pouco fervor. Muitos deles eram mundanos e egoístas, simples ocupantes do cargo. Os deveres dos bispos e dos ministros das paróquias foram em grande parte negligenciados. A pregação consistia principalmente em discussões teo- lógicas, destituídas de valor e sem vida. Muito pouco se fazia pelas necessidades religiosas do povo, razão por que muitos perderam contato com a igreja e se desinteressaram das suas atividades. Por vários anos não houve qualquer movimento religioso, nem paróquias organizadas, nem trabalho missionário de qualquer espécie. Os não conformistas, porém, eram mais vigorosos na sua vida religiosa do que a Igreja da Inglaterra. O espírito geral da religião na Inglaterra era apenas de formalismo e de frieza. As formas exteriores da religião eram comumente observadas, mas era raríssimo o entusiasmo religioso oriundo de uma fé sincera.

Havia grande necessidade de um cristianismo pratico, de vida real e abundante, para extirpar os males grosseiros da vida nacional. Os vícios que dominavam a alta sociedade desde o tempo da Restauração atingiam também outras classes. Era baixo o nível moral. A embriaguez tomou-se muito comum na primeira metade do século XVIII. A pobreza seguiu-lhe os passos e se espalhou ainda mais; os impostos que recaiam sobre os pobres foram triplicados entre 1714 e 1750. Os crimes e as desordens eram muito comuns nas cidades, apesar da seve- ridade das penas legais. Um dos piores aspectos da situação era a ignorância das classes mais altas da sociedade e a indiferença destas quanto à situação das classes menos favorecidas.

5.5 O REAVIVAMENTO DO SÉCULO XVIIIA Inglaterra passou por tal crise até o momento em que surgiu Jonh Wesley. Um homem de Deus que fora le-

vantado para sacudir a vida religiosa da Inglaterra e trazer ao mundo o impulso religioso mais forte que ocorreu depois do tempo da Reforma.

Logo no início do século XVIII, em Oxford na Inglaterra, lá se reuniu ao redor de Jonh e Charles Wesley, um grupo de homens jovens que vieram ser conhecidos como o “Clube Santo” . Eram extraordinariamente escru- pulosos e metódicos em suas observâncias religiosas e deveres escolares. Por esse motivo ficaram conhecidos como “M etodistas” . Assim a denominação que Wesley fundou adquiriu 0 seu nome. John Wesley nasceu em Lincolnshire na paróquia de seu pai em Epwort. Ele foi educado em Oxford, e se tom ou um diácono na igreja em 1725. Dois anos mais tarde tomou-se o assistente do seu pai. Em 1735, foi para a América com seu irmão Charles onde foi missionário no Estado da Geórgia. Durante a viagem tempestuosa ele conheceu alguns mis- sionários moravianos, nos quais descobriu uma alegria e uma confiança cristã fora do comum e que ele próprio jam ais experimentara. Começou, então, a sentir uma profunda mudança religiosa em sua vida. Voltando depois à Inglaterra, continuou sob a influencia de outros moravianos. Esse contato culminou na sua “conversão”, que

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ocorreu em 1738, durante um movimento religioso em Londres. Naturalmente essa conversão não tem o sentido comum que damos a essa palavra. Mas a verdade é que experimentou uma nova compreensão, maravilhosa, da salvação que vem por meio da fé em Cristo, e apoderou-se dessa salvação de maneira muito mais intensa que outrora, de modo que essa experiência foi para ele como um novo nascimento. “Senti que confiei em Cristo, em Cristo somente, para minha salvação, e alcancei grande segurança e a certeza da purificação dos meus pecados, dos meus próprios pecados, e livrei-me da lei do pecado e da morte.”

No ano seguinte, Wesley realizou o primeiro trabalho que o firmou como líder do grande reavivamento. Em março de 1739 pregou ao ar livre a um grupo de pessoas humildes, desprezadas, perto de Bristol, às quais George Whitefield tinha pregado por algumas semanas. Em 1735, Whitefield tivera uma experiência muito semelhante à conversão de Wesley. Logo depois, tornou-se um pregador de notável poder, que atraia grandes multidões para ouvi-lo. Ele substituiu Wesley na Geórgia. Durante uma visita a Inglaterra, pregou a esses desprezados carvoei- ros das proximidades de Bristol. Para ajuda-lo nesse trabalho convidou Wesley.

A partir daí, e quase por cinqüenta anos, Wesley trabalhou de modo infatigável e tremendo. A principio, sua atenção se voltou principalmente para certas classes de pessoas de Bristol, Londres e Newcastle. Em 1742, deu inicio à sua obra maravilhosa como evangelista itinerante. Por mais de quarenta anos, viajou de quatro a cinco mil milhas a cada ano e pregou cerca de quinze vezes por semana. Visitou toda a Inglaterra e realizou grande trabalho na Escócia e na Irlanda. Teve de enfrentar muita oposição e algumas vezes ataques da população enfu- recida; jamais, porem, esmoreceu diante de qualquer obstáculo. Onde quer que pregasse, organizava as “socie- dades” metodistas, que na realidade não passavam de igrejas, embora não fossem reconhecidas como tais. Para cuidar dessas organizações eclesiásticas, preparou um grupo de pregadores leigos que muito fizeram para tomar permanentes os resultados da grande obra de Wesley.

Dois outros poderosos cooperadores no reavivamento foram Charles Wesley e Whitefield. Charles foi grande e eficiente pregador, mas sua principal contribuição foi dada por meio dos seus hinos, dos quais escreveu cerca de seis mil. Esses hinos, eram avidamente recebidos pelas “sociedades” e se constituíram numa inspiração po- derosa no movimento de revivificação. Muitos desses hinos alcançaram registro permanente nos hinários ainda hoje existentes em muitas igrejas.

Por muitos anos, Whitefield desenvolveu enorme atividade como evangelista itinerante. Ele não trabalhou com Wesley, pois logo no inicio eles se separaram por causa de pequenas diferenças teológicas. Fez longas excursões pelas Ilhas Britânicas e também pela América do Norte, a qual visitou sete vezes. Por quinze anos, pregou cerca de quarenta vezes por semana. Contam-se casos extraordinários do seu poder como orador sobre seus ouvintes. Era diferente de Wesley por ser somente pregador, pois nada realizava quanto à organização do seu trabalho. Todavia, exerceu grande influencia por meio de suas pregações.

Não obstante os irmãos Wesley e Whitefield serem ministros da Igreja da Inglaterra, foram proibidos de pre- gar nas igrejas oficiais. Por muito tempo o clero anglicano quase que ignorou totalmente o valor e a natureza da grande obra desses pregadores. O alvoroço às vezes provocado pela pregação desses ministros era desagradável para aquela época caracterizada pela moderação e restrição em todas as coisas. O costume deles era pregar em paróquias de outros ministros e isso provocava grandes protestos. Por esse motivo, eram excluídos das igrejas e sofriam amarga oposição de muitos clérigos da igreja oficial.

Não era possível que tão grande movimento deixasse de afetar a vida da igreja inglesa. Surgiu um partido poderoso, denominado de “Evangélicos”, composto de clérigos e de leigos que foram influenciados pelo movi- mento revivificador. Essa influencia se fazia sentir na religião pessoal, na pregação e em toda a obra ministerial, como também no trabalho dos leigos. Desse grupo faziam parte John Newton, Toplady, o autor de “Rocha eter- na”, e Guilherme Wilberforce, o grande líder abolicionista. Perto do final do século, os evangélicos tomaram-se a força dominante na igreja. Pelo fato de muitos deles serem pessoas ricas e altamente colocadas, exerceram grande influencia na vida da Inglaterra.

A pregação do reavivamento não tinha, como disse Wesley, nada de novo. Era a proclamação da livre graça de Deus em Cristo Jesus, e da salvação livre, gratuita pela fé no Salvador e o convite de Deus ao arrependimento e à

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fé. Os hinos do reavivamento ensinavam e revelavam essas grandes verdades e o povo as entendia e as aceitava. Entre esses hinos podemos citar “Jesus amado Salvador”, Rocha Eterna e um grande numero de outros. A velha história e a antiga mensagem, que por muitos não era conhecida da Inglaterra, aprecia agora anunciada com zelo e paixão verdadeiros.

5.6 OS RESULTADOS DO REAVIVAMENTOUm dos grandes resultados do reavivamento foi à formação de uma nova igreja, a Metodista. Wesley não de-

sejava este resultado. Tinha muito amor à Igreja da Inglaterra e desejava que todos os convertidos por intermé- dio do seu trabalho e dos seus cooperadores fossem recebidos pela Igreja nacional. A organização da nova igreja foi algo que foi forçado a aceitar e a reconhecer. Por muitos anos o clero anglicano o antipatizou e hostilizou, até que os “Evangélicos” se tomaram bastante fortes em número e influência. Até mesmo os não-conformistas, isto é, das Igrejas Livres, não apoiavam nem auxiliavam 0 seu trabalho. Gradualmente ele transformou suas socieda- des, com os respectivos pregadores, em igrejas e, em 1784, a Igreja Wesleyana ou Metodista foi definitivamente organizada. Sete anos depois, quando faleceu Wesley, a igreja contava com setenta e sete mil membros.

Outro resultado ainda maior do reavivamento foi o soerguimento espiritual da Inglaterra, o qual afetou o país tanto em extensão como em profundidade. Milhares de pessoas que dantes viviam num paganismo prático, por assim dizer, em virtude da negligência da igreja inglesa, foram arrolados como Membros das “sociedades” e eram pessoas inteiramente despertadas para a verdadeira vida cristã, e foi assim que uma poderosa influência espiritual dominou esta parte da sociedade inglesa.

O maior de todos os resultados do reavivamento foi o moderno movimento missionário. Varias influencias o estimularam, particularmente as então recentes descobertas do sul do Pacifico, os “Mares do Sul” . Porém, sem o impulso para o serviço cristão provocado pelo reavivamento religioso, jam ais teria surgido o santo desejo para a obra missionária de além-mar. A grande honra de avivar a obra missionária pertence a Guilherme Carey, sapatei- ro e pregador leigo batista. A despeito de sofrer oposição e desdém, ele impressionava seus ouvintes com a visão que tinha de converter o mundo pagão, o mundo que desconhecia Jesus Cristo. Finalmente, em 1792, organizou a Sociedade Batista para a Propagação do Evangelho entre os pagãos. O primeiro missionário foi o próprio Carey, enviado a realizar um nobre trabalho na índia. O exemplo dos batistas foi logo imitado. A Sociedade Missionária de Londres foi organizada em 1795, principalmente pelos congregacionais, e a Sociedade Eclesiástica Missioná- ria, em 1799, pelos evangélicos da Inglaterra. Os metodistas também organizaram logo os seus trabalhos missio- nários. Todos os grandes corpos religiosos da Inglaterra sentiram a inspiração missionária ao fim desse século. E esse entusiasmo se espalhou pela Escócia, pela América do Norte e pelo Continente Europeu.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1 ) 0 que foi o Puritanismo?2) Como nasceu o Puritanismo?3) Como Surgiu a Igreja Anglicana?4) Quais eram os ensinamentos de George Fox?5) Como era a política dos Puritanos?6) Quais foram as conseqüências da oposição ao puritanismo?

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MÓDULO I I I HISTÓRIA DA IGREJA III

PROTESTANTISMO NA ESCÓCIA E NA IRLANDA

6.1 OS PACTUANTESNa descrição que fizemos neste capitulo fizemos do que ocorreu na Inglaterra, vimos a devoção da Escócia

ao Presbiterianismo, manifesto na Liga Solene e no Grande Pacto. Mas a restauração de Carlos II foi seguida de uma reação, semelhante à que houve na Inglaterra. Em 1661, o parlamento escocês restabeleceu os bispos na Igreja da Escócia e declarou o rei como chefe da Igreja. Removeu também das suas paróquias muitos ministros, que foram substituídos por homens incompetentes. O povo protestou contra essa atitude, e muitas pessoas aban- donaram as igrejas para ouvir os ministros expulsos em suas casas, ou nas praças públicas. O govemo, então, resolveu forçar o povo a assistir às reuniões nas igrejas, valendo-se de leis opressivas.

Levantaram-se os Covenanters ou Pactuantes, poderoso grupo de pessoas que insistia em permanecer fiel à antiga forma presbiteriana e contrária às interferências do govemo nos negócios eclesiásticos. Contra essas pessoas foi movida uma selvagem perseguição, cujo resultado foi tomá-las mais firmes. Essa oposição ao gover- no, afinal, transformou-se em rebelião armada que terminou na batalha da Ponte Both well em 1679, na qual os rebeldes foram derrotados. Depois disso alguns pactuantes prometeram ficar em paz. Outros, porém, conhecidos como “cameronianos”, com seu chefe, Ricardo Cameron, nem se submeteram, nem reconheceram um govemo que lhes exigia o^que eles próprios consideravam um erro. No leste da Escócia essas pessoas foram perseguidas por toda parte; homens e mulheres preferiam abandonar suas profissões e lares a violar suas convicções quanto as que julgavam ser a vontade de Deus. O período mais cruel para eles foi o dos “Tempos de M assacre” ou Killing Times, de 1684 a 1688, quando muitos sofreram às mãos do terrível Claverhouse e dos seus dragões.

O fim dessa perseguição veio com a ascensão ao poder de Guilherme e Maria, em 1689. O Presbiterianismo foi, então, restaurado na Escócia para nunca mais ser perturbado. Alguns dos “cameronianos” não aprovaram de todo essa restauração, pelo fato de não ter sido feita a referencia especial ao Pacto ou Acordo, que para eles era de tanta importância e estima. Daí eles se recusarem a tomar parte na Igreja reorganizada da Escócia. Deles procedeu a organização que tomou o nome da Igreja Reformada Presbiteriana.

6.2 O SÉCULO XVIII NA ESCÓCIAA Igreja Nacional, que tinha se tomado presbiteriana em 1689, era a igreja oficial da Escócia não apenas

em nome, mas ela realmente representava as legitimas opiniões e os sentimentos religiosos do povo. A grande maioria era presbiteriana e quase todas as pessoas, exceto poucas, faziam parte dela. A união dos Parlamentos na Inglaterra e da Escócia, em 1707, deixou este ultimo país sem Parlamento ou qualquer instituição política que lhe fosse própria. A Igreja Nacional tomou-se, então, a grande organização do povo escocês.

A vida^eligiosa da Escócia durante o século XVIII foi assinalada por indiferença generalizada e por uma inatividade semelhante à que existiu na Inglaterra antes do grande reavivamento. Não havia interesse nem entu- siasmo pelo ministério. Quando Wesley e Whitefield entraram no país, sofreram a mesma oposição que tinham experimentado na Inglaterra. O reavivamento geral na Inglaterra não teve a mesma correspondência na Escócia, que esperou até o século XIX para experimentar o movimento renovador e vivificador. O entusiasmo pelo traba- lho missionário afetou também a Escócia, e duas sociedades foram organizadas em 1796. Mas, no mesmo ano, a Assembléia Geral da Igreja Escocesa aprovou o indigno ponto de vista de que “Espalhar o conhecimento do Evangelho entre os bárbaros das nações pagãs é um absurdo inominável” . Essa Igreja não cuidou de missões até o ano de 1824.

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Há, porém, um fato a registrar: houve grupos que se opunham a esse espírito, e que revelavam mais zelo e mais amor à causa. Não diferiam da Igreja quanto ao govemo Presbiteriano, mas eram crentes cheios de entu- siasmo, pregadores do evangelho, parecidos com os seguidores de Wesley e Whitefield. Por isso não eram vistos com bons olhos pela Igreja Nacional. Eles faziam forte oposição ao antigo sistema pelo qual o ministro de uma paróquia não era escolhido pelo povo, mas pelo maior proprietário da paróquia - o “patrono” . Esse era o método adotado para a escolha de um ministro na Igreja Escocesa. O maior senhor feudal ou proprietário de terras é que decidia sobre a escolha do ministro. Por essa razão, dois grupos consideráveis se separaram da Igreja Escocesa e formaram Igrejas Presbiterianas Independentes.

6.3 O PRESBITERIANISMO NA IRLANDADurante a primeira metade do século XVII, grandes extensões de terra ao norte da Irlanda foram tomadas pelo

govemo inglês pelo fato de os proprietários se terem rebelado. Os irlandeses que residiam nessas propriedades fi- caram desabrigados e emigraram para o sul. Suas propriedades foram ocupadas pelos novos colonos que o gover- no fez vir da Escócia e da Inglaterra, principalmente daquela. Mais tarde, durante os Killing Times ou “Tempos de M assacre”, outros escoceses fugiram para a Irlanda. Foi assim que a província do Ulster veio a ser habitada principalmente por escoceses, quase todos presbiterianos. Essa é a origem do povo “escocês-irlandês” . Durante o século seguinte, essas pessoas foram terrivelmente maltratadas pelos proprietários das terras. Foram também acossadas pela Igreja oficial da Irlanda que era Episcopal, como a da Inglaterra. Por isso, entre os anos de 1713 e 1775, muitos milhares de escoceses-irlandeses emigraram para a América do Norte, onde desempenharam um papel notável na formação do povo norte-americano.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Quem foram os pactuantes?2) O que foi a batalha de Ponte Bothwell?3) O que assinalou a vida na Escócia no século XVIII?

CURbO 3E TEOLOGIA3#

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O SÉCULO XIX ΝΑ EUROPACom certeza a descoberta (ou afirmação) da ciência ocupou o espaço de grandeza ou novidade deste século,

ou melhor, de todo este início do período que chamamos de Contemporâneo. Os seres humanos, ou pelo menos aqueles que tinham condições concretas para isto, encantaram-se com seu próprio saber, seu próprio conheci- mento acumulado e como este poderia vir a ser metodológico. Grande parte da intelectualidade ocupava-se da construção destes processos e metodologias do saber, difundido como “ciência”. Os “Homens cultos do período não estavam apenas orgulhosos de suas ciências, mas preparados para subordinar todas as outras formas de ati- vidades intelectuais a ela.”

Muitas foram as descobertas e as novas terminologias utilizadas por esta classe de novos intelectuais ‘cien- tíficos’ que surgia:

“As palavras - chave da filosofia e ciência em meados do século passado eram “natureza”, “meio ambiente”, “história”, “evolução” e “crescimento”. Marx havia dito que a consciência humana era um produto da base mate- rial de uma sociedade. Darwin mostrou que o homem era produto de uma longa duração biológica e o estudo de Freud sobre o inconsciente deixou claro que as ações dos homens frequentemente são devidas a certos impulsos ou instintos “animais”, próprios de sua natureza”

Devemos nos situar, percebendo que o mundo da fé deste momento já não era mais monopolizado pela Igreja Católica, a Europa já havia passado por quase dois séculos de modificações protestantes. Estava repleto de igre- jas nacionais, igrejas protestantes independentes. Grupos e instituições de fins missionários protestantes levavam esta nova fé a muitos povos que logo deixavam de ser Católicos, Ortodoxos, etc. Porém podemos perceber que os reflexos destas novas teorias (evolucionismo, antropocentrismo, etc) que se difundiram, foram os mais diversos, dependendo da instituição.

7.1 O CATOLICISMO ROMANOO século XIX encontrou o papado em grande humilhação. Em 1801, Napoleão, o imperador da França, reali-

zou com o papa Pio VII a concordata, tratado que definia as relações da Igreja Romana na França com o govemo. Por esse tratado “a igreja ficava sujeita ao Estado”, ou pelo menos a ele atrelada e dele dependente. Os termos da Concordata envolviam uma séria perda de autoridade da parte do papa, e de fato, este ficou impotente diante do poderoso Napoleão. Quando o papa, como soberano dos estados papais, desobedeceu às suas ordens quanto à política européia, Napoleão entrou em Roma com um exército, anexou os estados papais ao seu império (1809) e aprisionou 0 papa.

Depois da queda de Napoleão, Pio VII voltou a Roma e os estados papais foram restabelecidos. Entre os go- vemos europeus de então havia muita simpatia pela Igreja Romana, porque esta era uma força conservadora com relação a política, contraria ao progresso da democracia, como também uma salvaguarda contra movimentos do tipo da revolução francesa. Além disso, toda a tendência do pensamento europeu nessa época era racionaria. O que pertencia ao passado era enaltecido em detrimento das tendências do mundo moderno. Essa condição era simpática ao catolicismo romano que era uma forma de Cristianismo desenvolvida na Idade Média e, então, como hoje, de caráter substancialmente medieval. De sorte que a Igreja Romana, depois de sofrer uma certa pres- são no século XVIII e no inicio do XIX, entrava agora numa fase de reavivamento. Voltando ao seu clima e de- senvolvendo todos os seus elementos medievais, enfrentou poderosamente todos os surtos do progresso humano.

IICURSO DE TEOLOGIA

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O mais importante de seus elementos medievais era a absoluta supremacia do papa. Uma das mais audazes e significativas vitórias no reavivamento da Igreja Romana foi o restabelecimento, em 1814, da Ordem dos Jesuítas, os fiéis soldados do papa. Principalmente sob a direção deles, foi exaltada a monarquia papal, e forte campanha nesse sentido se espalhou por toda a parte no interior da Igreja.

Todas essas tendências encontraram sua maior expressão em Pio IX, que viveu o mais longo dos pontifica- dos, de 1846 a 1878. Durante esses anos, ele moldou a política que a Igreja Romana ainda segue nos dias atuais. Sem duvida ele acreditava, como qualquer papa da Idade Média, que a plena autoridade lhe pertencia por direito divino. Em 1854, definiu como matéria de fé, a Doutrina da Imaculada Conceição da Virgem Maria, que a Igreja deveria receber sem discutir. Assumiu, assim, o direito de definir e declarar doutrinas, direito que até então havia sido exercido somente pelos Concílios Gerais. Naturalmente, ele emprestou seu tremendo prestigio à ordem em curso, que tinha por objetivo engrandecer o cargo papal.

A hostilidade do papado ao progresso do mundo moderno manifestou-se de vários modos desde o inicio do século XIX e encontrou sua máxima expressão no Silabus, de Pio IX, publicado em 1864. Nesse documento, um grande numero de elementos preciosos das liberdades moderna e da civilização foram denunciados como “erros” , tais como a liberdade de consciência e de culto, a idéia de que a Igreja não deve usar de força para impor sua vonta- de; a separação entre a Igreja e o Estado; a idéia de o Estado ter maior autoridade do que a Igreja, etc. O sucessor de Pio IX, Leão XIII, afirmou (1878) que as declarações do Silabus tinham o cunho da infalibilidade. Portanto, essas declarações tinham de ser aceitas como a legitima expressão do espírito do papado no século XIX.

7.2 O CONCILIO DO VATICANOFoi um Concilio Geral, o primeiro a se realizar depois do de Trento. A sua convocação e as suas decisões

foram o resultado da campanha da exaltação do papado e, também o clímax de toda a política de Pio IX. Ele tinha manipulado tudo cuidadosamente, antes e durante o concilio, de modo que este decidisse todas as coisas como ele próprio planejara. O concilio era composto de mais ou menos setecentos bispos. A quarta parte destes se opunha ao bem conhecido propósito do papa e dos jesuítas de assegurarem a infalibilidade papal. Tanto no caráter como na educação, esses homens se constituíam a parte mais poderosa do concilio. A oposição, todavia, foi inútil e os decretos do concilio foram, afinal, sancionados quase por unanimidade, em julho de 1870.

Entre os decretos, o que se referia à infalibilidade despertou maior atenção. Houve também outra decisão muito importante, a que declarou a autoridade do papa ilimitada e imediata em todas as atividades da Igreja. Essa decisão tom ou o papa um monarca absoluto. A declaração da doutrina da infalibilidade papal foi expressa de um modo cauteloso, razão por que tem havido sérias disputas entre os próprios católicos romanos quanto ao que ela significa. Ela não afirma que em tudo o papa é infalível, mas que o “Soberano Pontífice Romano quando (...) define uma doutrina concernente à fé ou à moral, para ser aceita pela Igreja Católica (...) possui aquela infa- libilidade que o divino redentor desejou que sua Igreja possuísse ao definir doutrinas que se relacionassem com a fé e a m oral” . Tanto por essa decisão como por aquela que se referia à autoridade do papa, a supremacia papal não poderia ser contestada de modo algum.

7.3 O PROTESTANTISMONa França:“Napoleão Bonaparte concedeu a liberdade e reconheceu a Igreja protestante, mas ligada ao Estado, e paga

pelos fundos nacionais. No século XIX esta Igreja foi dividida, e os mais fieis separaram-se do Estado” .Na Inglaterra:“No ano de 1859 houve uma revivificação no Norte da Irlanda e no Norte da Escócia, e a Inglaterra sentiu seu

efeito. Durante dez anos em seguida houve uma grande onda de evangelização no país, e muitos foram conver- tidos. Poucos anos depois veio D.L. Moody da América do Norte para suas campanhas de pregações, e com ele Sankey, o cantor evangélico. Visitaram todas as cidades principais dos três reinos, e milhares foram convertidos. Nos maiores salões das cidades não cabia metade do povo que queria assistir às suas pregações” .

CURSO DE TEOLOGIA»

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Nas áreas urbanas inglesas:“Preocupados com o clamor dos pobres, Willian Booth e sua esposa, Catherine fundaram em 1865 uma mis-

são aos pobres, localizada em uma área periférica de Londres, o East End. Aquele começo em uma humilde tenda deu início ao Exército de Salvação. Ao redor do casal de evangelistas estavam lares superlotados, nos quais havia violência familiar, bebedeira prostituição e desemprego. A prosperidade marca da classe média vitoriana, não se estendia a região de East End” .

N a Escócia:“Havia lugares remotos das cidades grande, no Norte da Escócia, onde o povo continuava meio-selvagem. A

revivificação de 1859 alcançou estes lugares” .

Na Suíça:“No princípio do século XIX houve um avivamento espiritual. Roberto Haldane, um escocês, pregou em Ge-

nebra, e diversos estudantes de Teologia receberam uma grande bênção espiritual; como Malan, Teodor Monod, Merle d ’Aubigné, que vieram a ser pregadores notáveis, havendo o último escrito a “História da Reforma” obra traduzida em diversas línguas” .

Itália:“O Conde Guicciardini foi convertido desta maneira, e achando grupos de crentes, que eram pessoas humil-

des, reuniu-se a eles. No ano de 1851 foi promulgada uma lei, instigada pelos jesuítas, proibindo as reuniões e o Conde foi obrigado a sair de sua pátria, e ir para a Inglaterra, onde gozava de comunhão com os crentes. Ele foi o meio da conversão de um patrício de nome Rosseti. Quando veio a liberdade, no ano de 1871, Guicciardini voltou à Itália, pregou e ensinou até a sua m orte”.

Na Irlanda:“João Nelson Darby, (era) um ministro da igreja Irlandesa, cargo que deixou para ministrar a Palavra de Deus

em diversos países. Outro pregador independente, no princípio do século XIX, foi Gideão Ousely, que viajava a cavalo e pregava mesmo a cavalo nas aldeias e cidades. Pertencia a uma antiga família irlandesa de boa posição, mas associava-se com os humildes camponeses, conversando sobre o Evangelho de maneira muito simples. Um ministro evangélico independente chamado Thomas Kelly, formou diversas congregações na Irlanda no princí- pio do mesmo século, e escreveu muitos hinos que estão em uso geral na língua inglesa, e alguns estão traduzidos em português. No Norte, no Ulster protestante, no ano de 1859, houve um revivificação, e nesta ocasião centenas de pessoas foram convertidas entre todas as classes” .

Na Rússia:“Membros da Sociedade dos Amigos (Quakers) visitaram a Rússia e foram bem recebidos pelo Tsar, que

sempre mostrou muita amizade a esta denominação (...) O Imperador concedeu todas as facilidades à Sociedade Bíblica Britânica para propagar a Palavra de Deus em seu vasto domínio. A Sociedade enviou um agente chama- do Melvillt^ que didicou 60 anos de sua vida a divulgação das Escrituras na Rússia” .

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Quais eram as palavras chaves da Filosofia no século XIX?2) Qual foi o Papa aprisionado pelo imperador francês Napoleão Bonaparte?3 )0 que o Papa Pio IX definiu em 1854?

33CURSO DE TEOLOGIA

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0 SECULO XX

Durante a Guerra, em Março de 1917, rebentou a Revolução Russa. Derrubada a monarquia, o país caiu nas mãos dos extremistas do Bolchevismo, que era uma ala do partido socialista. Logo no início de 1920, a Rússia foi organizada como União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.), governada pelo partido comunista, cujo chefe, Lenine, veio a ser o primeiro ditador. Quando este faleceu em 1924, foi sucedido por Stálin. Desde então a indústria, a agricultura e a educação em geral têm sido dominadas e orientadas segundo o programa e o propósito do Partido que, afinal de contas, exerce um govemo absoluto indiscutível sobre todos os aspectos da vida na Rússia, tomando o Estado verdadeiro objeto do culto de todos os seus povos.

Na Alemanha, o regime imperial foi varrido por uma revolução popular, já nos últimos dias da guerra. Em no- vembro de 1918, foi proclamada a República alemã que, em 1919, aprovou a chamada constituição de Weimar. A república permaneceu em segurança até 1930. Sobreviveu ao caos econômico depois de 1920 e passou por uma época de prosperidade depois de 1924. O início do declínio econômico em 1926, deu oportunidade ao Partido Nacional Socialista ou Partido Nazista, dirigido por A dolf Hitler, de assumir a liderança política.

Em 1933, este partido, por meio da propaganda e da violência, assumiu o controle do govemo e Hitler tomou- -se ditador. A doutrina nazista sobre o Estado Totalitário foi posta em prática, e, segundo a mesma, o Estado é supremo; a ele todos os cidadãos deviam prestar obediência absoluta, desaparecendo assim a liberdade e a de- mocracia.

Todos os partidos políticos, exceto o nazista, e todas as organizações trabalhistas, exceto a estabelecida pelo Estado, foram abolidos. Toda oposição foi esmagada por uma perseguição implacável. Foi lançado um grande programa a fim de tom ar a Alemanha poderosa com um objetivo em vista: alcançar, mesmo com a guerra, a anexação de novos territórios e o poder político econômico internacional.

Na Itália, a I Grande Guerra foi seguida pela desorganização da indústria e do comércio, queda do câmbio, desemprego em larga escala, e miséria por toda a parte. Como resultado de tudo isto, grupos revolucionários pro- vocaram ainda m aior confusão. Surgiu, então, um partido que se propunha manter a Ordem e fortalecer o país - o Partido Fascista, do nome fascio, que significa um feixe de varas e um machado, símbolo da antiga autoridade do cônsul romano.

O chefe dinâmico do partido era Benito Mussolini. O partido conseguiu o domínio absoluto do país em vir- tude da sua organização e pelo uso das armas e da violência. Em 1922, M ussolini levou a efeito a marcha sobre Roma, com um exército fascista; apoderou-se do govemo e o rei teve de submeter-se. Tomou-se, então, Ditador e tratou de solidificar seu poder, até que em 1928 foi eleito um completo Parlamento Fascista no qual só os fas- cistas tinham o direito de voto. A vida toda do país foi organizada em bases totalitárias, ou seja, sujeição absoluta ao Estado.

Como na Alemanha, o totalitarismo visava à glorificação do país tendo como último objetivo a guerra, a fim de consolidar o poder nacional. Foi assim que a Rússia, a Itália e a Alemanha criaram uma nova religião: o culto ao Estado.

Ao fim da guerra, cinco Estados foram criados ou restaurados nas fronteiras da Rússia: Polônia, Finlândia, Letônia, Estônia, Lituânia. Em lugar do Império Austro-Húngaro apareceram a Áustria, a Hungria, a Tchecos- lováquia. À Sérvia e à Rumânia foram anexados certos territórios do seu primitivo império e a Sérvia tomou 0 nome de Iugoslávia. A França recebeu a Alsácia e a Lorena, da Alemanha. A Polônia também recebeu pequeno território da Alemanha.

CURSO DE TEOLOGPI *

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8.1 CATOLICISMO ROMANOUm acontecimento significativo na história da Igreja Romana, no inicio do século XX, foi o M ovimento Mo-

dem ista e a sua supressão, movimento que surgiu depois de 1890. Consistia, então, na aplicação da cultura ao estudo da Bíblia e da História Eclesiástica, por homens que se rebelaram contra os métodos medievais impostos por Pio IX e Leão XIII.

Este movimento tomou um caráter teológico progressivo. Os modernistas não eram protestantes, mas sus- tentavam que a vida intelectual da igreja deveria expressar-se livremente. O modernismo era favorável à liber- dade religiosa, à separação entre a Igreja e o Estado. Em 1900, este movimento espalhou-se pela Itália, França, Alemanha è Inglaterra. Eram numerosos os jornais, livros e revistas que expressavam e publicavam suas idéias.

Pio X, em 1907, deu início à campanha contra esse movimento. As publicações, o ensino e os estudos foram limitados e supervisionados pela igreja com suas disciplinas e ameaças. O ilustre francês Loisy foi excomunga- do e virtualmente o foi também o teólogo irlandês George Tyrrell. Lançando mão de todos os meios possíveis, a Igreja Romana conseguiu sufocar esse movimento, pelo menos em sua propaganda aberta, embora o mesmo continuasse secretamente, mas sem expressão.

8.1.1 Relações do papado com os estados europeusNos fins do século XIX, depois da luta por causa das Leis Anti-Romanas, veio um período de regular enten-

dimento entre o govemo alemão e o papado, entendimento que se acentuou durante a Primeira Grande Guerra, depois da qual_a influência romana cresceu ainda mais na Alemanha. Mas o aparecimento do Estado Totalitário de Hitler criou uma situação inteiramente nova. A determinação estatal de controlar absolutamente a vida do país era intolerável para a igreja.

Depois de muitas lutas e franca controvérsia, durante a qual, muitos clérigos denunciaram abertamente a pretensão do govemo nazista de autoridade ilimitada, realizou-se uma Concordata em 1933, entre Pio XI e o govemo. Este documento, por certo tempo, parecia ser uma base para a harmonia. Mas logo rebentou de novo o conflito e pelas alturas de 1935 as relações entre o papado e o govemo alemão eram sem dúvida, de hostilidade, embora não se verificasse rompimento definitivo.

Na França, a oposição à Igreja Romana levantou-se na última parte do século XIX, porque nos primeiros anos da Terceira República, isto é, a partir de 1870, a Igreja era favorável a uma monarquia. O sentimento anticlerical cresceu em virtude das enormes riquezas das ordens monásticas e de sua forte influência através das suas escolas.

Em 1901, a Lei das Associações Religiosas exigia que todas as ordens pedissem licença ao Estado para funcionar, e proibia que os membros de ordens licenciadas ensinassem. Como resultado, muitas ordens abando- naram o país e a educação caiu inteiramente nas mãos das escolas oficiais do Estado, isto é, das escolas leigas.

A controvérsia surgida por causa desta lei, entre Pio X e o govemo, provocou a hostilidade popular contra a Igreja. O. resultado foi a separação entre a igreja e o Estado em 1905. O govemo denunciou a concordata feita com o papado em 1801. Acabou com o auxílio que dava às igrejas e cessou a autoridade do Estado sobre elas.

As grandes propriedades sobre as quais a Igreja Católica Romana exercia domínio desde a Revolução foram transferidas para o Estado. A igreja não podia desfrutar livremente dessas propriedades desde que elas estivessem em mãos,de associações leigas sujeitas ao Estado.

Pio X combateu tudo isto, denunciou a separação da igreja e o Estado e evitou que se tomasse qualquer passo enquanto existisse tal lei de separação. Depois de dois anos de conflito, nova lei veio permitir aos sacerdotes o uso das propriedades das igrejas sob contrato com os prefeitos das cidades. Foi uma vitória parcial da Igreja Romana, mas esta e o Estado continuaram separados. As propriedades da igreja romana foram tomadas bem público. E outros edifícios, excetuando os templos, foram usados para fins públicos.

A falta do auxílio governamental resultou num bem espiritual para essa igreja. O povo teve novos estímulos para demonstrar sua devoção. A Primeira Grande Guerra provocou uma melhora de sentimentos entre a igreja e a nação. Muitos sacerdotes lutaram nas fileiras e a “sagrada união” de todos os franceses contribuiu para sanar a brecha existente. Uma espécie de armistício foi celebrado em 1924, por Pio XI. Com tudo isto havia apenas 10

35CURSO DE TEOLOGIA

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milhões de católicos numa população de mais de 41 milhões, segundo afirmação da própria igreja.Na Espanha, a constituição da república estabelecida em 1931, separou a igreja do Estado, transferiu para

este as propriedades eclesiásticas, permitiu liberdade religiosa e colocou a educação sob o controle estatal. Pio XI protestou contra a constituição espanhola e a oposição continuou apoiando a revolta contra a nova ordem iniciada em 1936.

8.1.2 Restauração do Poder TemporalNo início do século XX e durante a Primeira Grande Guerra o papado continuou o seu protesto contra o que

considerava usurpação dos seus direitos, ou seja, um govemo temporal, na Itália. O aparecimento do Fascismo criou novas condições. O Fascismo e a Igreja tinham certa afinidade por representarem a autoridade e se oporem ao liberalismo, embora fossem autoridades que se rivalizavam. Além disso, Mussolini apoiava tudo que trouxes- se prestígio a Roma e à Itália.

Por essa razão foi assinado, em 1929, um tratado entre a Santa Sé e o reino da Itália, pelo qual se reconhecia um novo Estado, a Cidade do Vaticano, compreendendo o palácio do Vaticano, a Catedral de S. Pedro e uma pe- quena área adjacente, sobre a qual o papa exercia govemo absoluto. Pôde, assim, o papado reassumir sua posição de soberania sobre um território.

O papado reconheceu também o reino da Itália, tendo Roma como capital. Foram feitos outros arranjos mu- tuamente vantajosos. Os bispos deveriam jurar fidelidade ao govemo, o casamento ficaria sujeito à lei da Igreja; o ensino religioso católico seria compulsório nas escolas. De 1929 em diante, houve certas dificuldades porque o Fascismo com o seu culto do Estado e seu domínio absoluto sobre todos os aspectos da vida, era realmente incompatível com a igreja. Mas externamente havia relações harmoniosas entre a Igreja Romana e o Estado.

8.1.3 História GeralA Igreja Católica Romana expressou de modo absoluto sua autoridade por meio da nova Lei Canônica pro-

mulgada em 1918, pelo Papa Bento XV, que obrigava todos os católicos romanos. Por esta lei se declara que a Igreja é um poder soberano vindo de Deus; que é uma sociedade perfeita, isto é, que tem competência para ser uma organização completa, perfeita para a vida humana; que tem direitos soberanos de propriedade e propagan- da; que não é sujeita a qualquer govemo civil e, em caso de conflito, a autoridade da igreja deve prevalecer. De modo que as pretensões da igreja da Idade Média ainda permanecem, embora que, por motivos de conveniência, elas não sejam praticamente impostas e defendidas. A ênfase que a Igreja Romana, por vários meios, tem dado à questão da sua autoridade, diz respeito particular e especialmente ao papado. Na sua interpretação prática de religião, a Igreja Romana visa à exaltação do papado. A Igreja é aquele poder aperfeiçoado pelo Concilio do Vaticano.

No que se refere ao movimento para unidade Cristã do século XX, a Igreja Católica Romana tem tomado bem claro o fato de que ela não reconhece, de modo algum, como cristãs, as outras igrejas. Ela sustenta sua pretensão de ser a única igreja cristã. E não atende a qualquer pedido de aproximação com as demais igrejas.

Depois da Primeira Grande Guerra afirmou-se algumas vezes que foi a Igreja Católica Romana quem a ven- ceu. Os novos países da Polônia e da Áustria eram predominantes e totalmente romanistas. Concordatas foram conseguidas pelo papa com vários países da Europa Central, como a Bavária, as quais muito fortaleceram a posição do romanismo.

As relações diplomáticas do papado foram alargadas com o fim de ampliar a influência da igreja. Sedes de bispados e ordens monásticas tomaram-se consideravelmente numerosas no Continente. As atividades educa- cionais e beneficentes foram ampliadas. O movimento da Juventude Católica atraiu grande parte da mocidade. Em virtude do desespero e desordem existentes em muitas partes da Europa Central, após a guerra, a unidade da igreja e seu ensino autoritário encontraram muita ressonância e constituíram um forte apelo ao espírito de muita.

Um aspecto notável da grande atividade da Igreja Católica Romana após a guerra foi um despertamento in- telectual. Vários pensadores notáveis apoiaram os ensinos da Igreja. Surgiu uma nova escola filosófica, a escola

a R*;c DF TEOLOGIAu

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neotomista com o propósito de restaurar o pensamento de Tomás de Aquino, grande teólogo medieval.Apareceu uma torrente de livros e periódicos católicos. Surgiram muitas instituições educacionais que mui-

tiplicaram o número de estudantes das escolas romanistas. Embora a Igreja não tenha afrouxado seu combate a qualquer contestação da sua autoridade ou dos seus ensinos, como no caso do Modernismo, tem sido, por outro lado, muito feliz na tentativa de se aliar ao progresso intelectual. Este esforço tem trazido alguns intelectuais que se têm aproximado do Catolicismo Romano.

8.2 O PROTESTANTISMO NO CONTINENTE

Alemanha

Antes da primeira Grande Guerra a organização protestante na Alemanha encontrava-se como a descrevemos no capítulo precedente. As igrejas protestantes eram quase todas as igrejas dos vários Estados, sob estrito con- trole do govemo. A vida religiosa não era bastante forte em virtude de uma onda de Racionalismo estéril entre os clérigos e pela propaganda que o govemo fazia, nas igrejas, da política nacionalista. O socialismo anti-religioso provocou o afastamento de muita gente das igrejas oficiais.

Na revolução de 1918, a igreja e o Estado estavam separados. Mas não havia hostilidade à igreja como na Rússia, e as igrejas protestantes não queriam perder todo o contato com o Estado. Por isso, sob as novas leis da República Alemã e dos Estados, embora as igrejas não fossem oficiais, mantinham certa relação com o Estado e tinham direito de arrecadar contribuições.

Em 1921, foi organizada a Federação das Igrejas Evangélicas Alemãs, abrangendo vinte e oito dessas igrejas dos vários Estados: Evangélicas, Luteranas e Reformadas, incluindo a maioria dos protestantes alemães. Além destas havia as igrejas Livres: Luterana, Reformada, Batista, M etodista e outras. As igrejas oficiais foram se re- organizando gradualmente para se adaptarem à nova situação. Com as suas novas constituições, que concediam aos leigos pronunciarem-se sobre os negócios eclesiásticos, elas se tomaram verdadeiramente igrejas do povo, como jam ais o tinham sido.

As igrejas protestantes sobreviveram às terríveis condições resultantes da Primeira Guerra Mundial e, ao fim do decênio 1920-30, apresentaram considerável vitalidade. Surgiu um movimento de Missões Internas para evangelização e serviços sociais, e um ativo trabalho da mocidade. Grupos pietistas deram nova vida ao senti- mento devocional. O govemo totalitário nazista exigia subordinação ao Estado, por parte das igrejas protestan- tes, como de outras organizações. O anti-semitismo nazista precipitou os acontecimentos. O govemo exigia a observância do “Parágrafo Ariano”, restringindo o privilégio de membros de igrejas aos Arianos. Muitas pessoas e várias igrejas submeteram-se, tomando-se “Cristãos Alemães”. Um grande grupo resistiu mantendo-se nas igrejas confessionais, assim consideradas porque sustentaram uma luta gloriosa em prol dos seus direitos, a fim de serem fiéis ao Evangelho. Sofreram prejuízos financeiros, prisões de pastores e de leigos, fechamento de es- colas e seminários para o preparo de ministros, etc. Ao rebentar a Segunda Guerra Mundial a situação era difícil de se descrever.

rA França

A separação da igreja e do Estado, em 1905, compeliu os protestantes a manterem suas próprias igrejas, o que logo aprenderam e muito bem. A separação também contribuiu para organizações eclesiásticas: a União das Igrejas Evangélicas e a União das Igrejas Reformadas, esta última teologicamente mais liberal.

Em 1905-1907 foi organizada uma Federação das Igrejas Protestantes incluindo, além das Reformadas, as Luteranas, Evangélicas Livres, Batistas e Metodistas. Durante a Primeira Guerra Mundial, o protestantismo francês experimentou perdas severas em vidas e em finanças, mas ao fim da guerra recuperou-as um pouco com a anexação das igrejas luteranas e reformadas da Alsácia e da Lorena.

mCURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 HISTÓRIA DA IGREJA III

Após a guerra reapareceu intensa atividade religiosa. O Protestantismo realizou especialmente um importante trabalho na evangelização nacional e nos serviços de caráter social, além de missões no estrangeiro, educação teológica do mais alto tipo. Demonstrou também muito zelo na vida religiosa das suas igrejas. Tal era a situação quando sobreveio a Segunda Guerra Mundial, em 1939.

Holanda, Suíça e Escandinávia

Na Holanda, a situação do protestantismo no século XX era mais ou menos a mesma do século XIX. Cerca de metade da população pertencia às igrejas reformadas, tanto oficiais como livres; havia também outros grupos protestantes, comparativamente poucos.

Na Suíça, no princípio deste século, houve em três importantes cantões uma separação parcial, isto é, algumas igrejas se separaram do Estado. Em 1920, foi organizada a Federação Eclesiástica Suíça, dela participando todas as igrejas cantonais e algumas igrejas livres. Depois da Primeira Grande Guerra Mundial o protestantismo suíço experimentou interesse extraordinário nos movimentos representativos do cristianismo Mundial.

Muitas reuniões importantes de natureza ecumênica verificaram-se na Suíça, tais como a Conferência sobre a Fé e Ordem, em Lausane, em 1927 e várias outras conferências, todas de caráter ecumênico.

Após separar-se da Suécia, em 1905, a Noruega tomou-se um reino independente. A sua população desde a Reforma é quase totalmente luterana. A Igreja Luterana oficial é teologicamente dividida, mas tem recebido estímulo pela influência que sua interpretação social do cristianismo exerce em outros países.

A Suécia tem forte Igreja Luterana oficial, é ativa no trabalho missionário, tanto no país como no estrangeiro. No século atual tem contribuído grandemente para a unidade teológica e eclesiástica, principalmente por influ- ência do Arcebispo Soderblom, um dos grandes líderes do cristianismo, no mundo atual.

A Dinamarca também é quase totalmente luterana e tem uma Igreja Luterana oficial, cuja vida e trabalho são do mais alto padrão. O que a tom a mais notável é o trabalho ativo por parte dos leigos.

Europa Central

Quando a Checoslováquia tomou-se uma república independente em 1918, verificou-se uma revolução re- ligiosa. Um grupo de cerca de 30 por cento dos checos deixou a Igreja Católica Romana. Foi organizada uma igreja católica independente, bastante numerosa, separada de Roma.

Entrou também em grande atividade a Igreja Evangélica dos Irmãos Checos, uma igreja antiga ali existente e de caráter reformado. Havia também igrejas luteranas alemãs e eslovenas, e uma Igreja Reformada Magiar. O protestantismo fez rápido progresso enquanto existiu a república.

Na Áustria, no início do século XX, constatou-se um importante movimento de separação da Igreja Católica Romana que continuou após a Primeira Guerra Mundial. Quando a Áustria tomou-se independente, não obstante o país permanecer fortemente católico, suas igrejas luterana e reformada demonstraram vigor e atividade consi- deráveis.

Em virtude das perdas territoriais impostas à Hungria depois da primeira Guerra Mundial, a Igreja Reformada foi reduzida a cerca da metade do que era. Mas ainda existem um milhão e meio de membros sustentando 0 seu trabalho no meio da confusão política reinante no país. Hungria tem também uma igreja luterana de cerca de um terço do número de membros da igreja reformada.

Os Países do Oriente

Enquanto a Polônia teve vida independente, os protestantes representavam quatro por cento duma população, da qual três quartos eram católicos romanos. Suas igrejas, a Luterana, a Reformada, e a Evangélica cumpriam corajosamente sua tarefa enquanto a Polônia existiu.

CURSO DETEGLOGIAiI I

MÓDUL0111 HISTÓRIA DA IGREJA III

Na Estônia, Letônia e Lituânia, quando independentes, havia igrejas luteranas ativas, consistindo, em cada país, na maioria da população. Na Finlândia, 0 povo era quase todo luterano e possuía uma longa história da sua esplêndida vida eclesiástica luterana.

Na Rússia, após a Revolução de 1917, havia protestantes de vários ramos: luteranos, reformados, menonitas, batistas, metodistas, etc. A subseqüente política anti-religiosa do govemo tom ou quase impossível á vida das igrejas cristãs nesse país.

Inglaterra

a) A igreja da Inglaterra

Os três movimentos descritos no capítulo 5 continuavam sua obra com energia na Inglaterra. Um grupo con- siderável tinha o nome de “Evangélico״ . De modo geral pode-se dizer que este grupo continuava a tradição dos Evangélicos do século XIX. Eles, porém, tinham sido bastante influenciados pelo movimento liberal e pela inter- pretação social do cristianismo. Continuavam devotados ao trabalho missionário. Eles são uma força poderosa, tendendo a uma união com as chamadas Igrejas Livres. Embora não sejam tão fortes como há cem anos, ainda são bastante ativos, na evangelização, nas publicações religiosas e na manutenção de instituições educacionais.

Os anglo-católicos estão organizados na União de Eclesiásticos Ingleses. Agruparam muitos clérigos de ca- pacidade, educação, piedade religiosa, e também muitos leigos de grande influência. Um dos seus líderes assim interpreta o sentido do anglo-catolicismo na prática religiosa. “A dignidade do culto, a veneração pelo ofício ministerial, o ensino de caráter impositivo, a necessidade da absolvição, a notável ênfase geral quanto à graça sacramentai, a concepção da Eucaristia como dependente da presença de Cristo crucificado” .

No culto, a tendência para os costumes e idéias romanistas mencionadas no capítulo precedente, aparece de modo especial na observância da “M issa”, o ensino da Presença Real nos elementos consagrados, a reserva do sacramento e o culto dos elementos reservados. Entre os anglo-católicos há muita idéia radical quanto à relação do cristianismo para com a sociedade. Embora não seja um movimento da maioria, o anglo-catolicismo tem sido bastante forte para fazer a política da igreja influir nas suas relações com as demais igrejas, favorecendo a apro- ximação com a Igreja Ortodoxa do oriente que tem estado segregada.

Os anglo-católicos se opõem à união com as igrejas livres.

b) As Igrejas Livres

As Igrejas Livres, Batistas, Congregacionais, Metodistas, Presbiterianas, Sociedades dos Amigos, etc. estão fortes e ativas como no século XIX, mas um pouco menos inclinadas a se oporem à Igreja da Inglaterra, igreja oficial. Isto é devido a um sentimento mais forte existente entre as igrejas da Inglaterra, tendente a um movimen- to unionista.

Á m esm a tendência apareceu na organização de uma federação das Igrejas Livres e na união de todos os ra- mos do Metodismo inglês. Entre os três movimentos da vida religiosa da Inglaterra a oposição das Igrejas Livres é, em geral, a mesma descrita no capítulo precedente. O número dos seus membros é mais ou menos o mesmo da Igreja Inglesa. Todo o trabalho no país como nos campos missionários é realizado sob o mais alto senso de responsabilidade. A importância e a influência dessas igrejas livres na vida nacional são muito maiores do que podemos descrever neste breve esboço.

39CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 HISTÓRIA DA IGREJA III

Escócia

Em 1901, havia duas grandes igrejas presbiterianas que reuniam a grande maioria dos cristãos escoceses: a Igreja Unida Livre e a Igreja da Escócia. Eram concordes em tudo, exceto em que uma era livre e a outra ofi- cializada. As tentativas de união foram interrompidas pela Primeira Guerra Mundial, mas prosseguiram após a guerra. Um Ato do Parlamento, de 1921, reconhecendo que a Igreja da Escócia era, de direito, livre do controle do Estado, removeu o obstáculo principal. As duas igrejas uniram-se em 1929 como Igreja da Escócia.

Esta medida unificou a organizada e poderosa obra missionária dessas igrejas, tanto no país como no estran- geiro, como também a alta educação teológica que sempre as distinguiu. Na Escócia havia também três pequenas igrejas presbiterianas separadas das uniões, além das igrejas Batistas, Congregacionais e Metodistas. No século atual a Igreja Católica Romana tem crescido extraordinariamente por causa da imigração da Irlanda.

8.3 A IGREJA ORTODOXA ORIENTAL

A Rússia

A primeira revolução de 1917 implantou a liberdade religiosa e abriu o caminho para a reconstrução da Igreja na Rússia. Mas em poucos meses a subida dos Soviéticos ao poder alterou fundamentalmente a situação. Em janeiro de 1918, a Igreja e o Estado se separaram de modo que a igreja perdeu o seu grande subsídio; todas as propriedades da igreja foram nacionalizadas; todo o controle da educação pela igreja foi abolido; foi proibida qualquer instrução religiosa às crianças.

A resistência que a igreja ofereceu a esse programa, especialmente à confiscação das suas propriedades, motivou uma guerra entre a igreja e o governo que deu ocasião a que a igreja fosse considerada “inimiga da revolução” . Houve uma divisão dentro da igreja resultante da tentativa de um grupo que desejava negociar uma concordata com o governo.

Em 1929, o governo deu início abertamente à sua política anti-religiosa. As igrejas só era permitido ter suas reuniões de culto; toda organização, ensino e serviços sociais foram proibidos; inúmeras igrejas foram fechadas: foi abolida a observância da guarda do domingo; foi lançada, em grande escala, uma sistemática propaganda ateísta que visava principalmente à infância e à mocidade.

Muitos sacerdotes e pessoas imbuídas de espírito religioso foram encerradas em prisões e apareceram várias outras formas de perseguição. O resultado dessa política, que ainda hoje em dia persiste, foi reduzir a igreja russa a uma sombra do que fora.

Há poucas igrejas abertas e somente pessoas idosas as freqüentam. E muito forte 0 sentimento anti-religioso. Há ainda alguns grupos religiosos que lutam por sua sobrevivência, mesmo sob perseguição.

Outros Países Orientais

A Igreja Ortodoxa Oriental consiste de igrejas independentes em cada país, que mantém a unidade através da sua doutrina e tradição. Essa igreja não tem chefe, como o Papa, na Igreja Católica Romana. A Igreja Russa per- tence a essa família de igrejas. O patriarcado de Constantinopla, que a princípio incluía os cristãos ortodoxos da Turquia, perdeu muito com a expulsão dos gregos das terras turcas depois da Primeira Guerra Mundial. A Igreja da Grécia tem passado por uma vida atribulada desde a Guerra por causa de distúrbios políticos.

Enquanto a Polônia foi, independente houve uma igreja ortodoxa numerosa na parte que tinha sido território russo; mas este voltou novamente ao domínio da Rússia. Esta tem sido a mesma história com relação às igrejas ortodoxas da Estônia e da Lituânia.

Quando a Sérvia viu aumentados seus territórios e tomou-se na Iugoslávia, foi organizada uma igreja na-

CURSO DE TEOLOGIAm

MÓDUL0111 HISTÓRIA DA IGREJA III

cional muito mais forte que a ex-igreja sérvia. A igreja da Rumânia teve sua comunidade crescida em número quando ao país foram adicionados novos territórios, porém muito tem sofrido com as perdas recentes. De um modo geral, a história do século XX registra severas perdas para as igrejas do oriente.

8.4 O MOVIMENTO ECUMÊNICOA Conferência M issionária de Edimburgo, em 1910, fez muito mais do que fortalecer a causa missionária.

Deu nova energia ao movimento de unidade cristã, que se estendeu por uma geração. Desta conferência resultou a proposta apresentada pela Igreja Episcopal Protestante dos Estados Unidos, para uma Conferência Mundial das Igrejas Cristãs, no propósito de fortalecer a união entre todas. Adiada por causa da guerra, a Conferência Mundial sobre “Fé e Ordem” finalmente se reuniu em 1927, em Lausane na Suíça. A esta Conferência acorreu grande representação das Igrejas Cristãs do mundo inteiro, exceto a Igreja Católica Romana. Foi significativo o fato de que estavam presentes delegados das igrejas ortodoxas do oriente que se juntaram a este movimento para a unidade cristã mundial.

A Conferência manifestou forte desejo de unidade e de geral acordo em doutrina, mas foram muitas as dificul- dades encontradas com relação à ordem, isto é, quanto ao ministério e governo das igrejas. Foi organizada uma comissão permanente para realizar estudos sobre o assunto e também orientar os planos preparativos para outra Conferência Mundial. Enquanto essas idéias se desenvolviam surgiu outra manifestação do espírito de unidade. Pouco antes de rebentar a Primeira Guerra Mundial houve uma notável reunião em Constança, na Suíça, da qual resultou a “Aliança Mundial Pró Solidariedade Internacional Pelas Igrejas”. Logo após o conflito esta organiza- ção levantou a idéia de um concilio inter-eclesiástico para considerar “as tarefas de caráter prático na vida e no serviço cristãos”, e neste sentido promover a unidade cristã. Daí surgiu a “Conferência Cristã Universal sobre Vida e Serviço”, reunida em Estocolmo, em 1925, que deu origem ao “Concilio Cristão Mundial sobre Vida e Trabalho” , uma organização permanente com sede central em Genebra, na Suíça.

Assim, entre 1925 e 1927 houve duas grandes realizações que expressaram esforços pró unidade: “Fé e Or- dem”, “Vida e Trabalho”, provocando a aproximação entre as igrejas cristãs do mundo. Além disto, o “Concilio M issionário Internacional” trabalhou poderosamente para o mesmo propósito, como se verificou na Conferência de Jerusalém, em 1928. Em 1937, o movimento de unidade cristã ou movimento ecumênico, como é atualmente conhecido, encontrou mais uma oportunidade para expressar-se. A Conferência de Oxford sobre a “Igreja, a Co- munidade e o Estado” foi organizada pelo “Concilio Sobre Vida e Trabalho”, imediatamente depois da segunda “Conferência Mundial sobre Fé e Ordem” reunida em Edimburgo. Estas conferências foram os ajuntamentos mais representativos do mundo cristão jam ais congregados. O espírito delas estava expresso no lema da Confe- rência de Oxford: “Nós somos um em Cristo” . As Conferências produziram documentos de muita influência que expressavam o pensamento cristão quanto às questões ou assuntos sobre “Vida e Trabalho” e “Fé e ordem”. Elas fortaleceram grandemente o espírito de unidade entre os cristãos de todo o mundo. Adotaram planos para um “Concilio Mundial de Igrejas” que já está organizado em grau muito adiantado.

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MÓDUL0111 HISTÓRIA DA IGREJA III

CONCLUSÃOPodemos observar um pouco a respeito da trajetória da Igreja Cristã na Terra. Acompanhamos os principais

acontecimentos que deixaram marcas no tempo, e definiram seus caminhos que perpetuaram sua existência como a maior religião do mundo. Outra verdade é que em todo decorrer da história da Igreja, vemos quantas aberra- ções foram feitas em nome de Deus. Quantos pecados cometidos devido a fanatismo exacerbado, e por falta do conhecimento do Deus verdadeiro. E triste lembrar-mos de quantas mortes, guerras e outros males fora cometida por essa instituição, por desconhecer a vontade de seu dono; Jesus.

O desejo de Cristo à sua igreja, era que ela se tomasse Luz para o Mundo, e Sal na Terra. Que influenciasse povos pela integridade, e não pela conversão forçada. Que fosse conhecida entre os homens não por suas mazelas egoístas, mas sim pelo Amor, Que as pessoas fossem atraídas não por medo, ou mesquinhez, e sim pelo Espírito Santo. A história Cristã no decorrer dos séculos, não é a mais bela expressão daquilo que seu Senhor ensinou, mas verdade é que apesar de tudo a Igreja continua sendo o plano, e veiculo pelo qual Deus se utiliza para levar as boas novas de salvação a todos homens, e todas as nações. Por mais corrompido que um sistema possa estar, Jesus ainda conta com pessoas que entenderam o projeto dele através da Ecclésia.

Se o passado da Igreja não é de glórias, uma coisa positiva ainda pode ser tirada: Em todos os tempos, nas mais variadas circunstancias, nos mais distantes paises, e em diferentes denominações, por mais que apresentas- sem fissuras, houve homens cheios do Espírito Santo que entenderam a proposta de Deus para suas vidas e para a Igreja; por isso não mediram esforços e lutaram pela igreja, pois acreditaram que os planos de Deus não serão frustrados por causa de um grupo inconsistente com as escrituras, mas se doaram em prol do Reino.

Tanto a história negativa (os males cometidos pela igreja), quanto a história positiva (os momentos de Glória, e os grandes homens que se levantaram) servem-nos didaticamente: Olhando para os erros cometidos no pas- sado, podemos aprender como não agir. O passado por mais negro que seja, nos dá uma lição no presente; Não é isso que devemos ser, não podemos nos tom ar irrelevantes como muitos foram no passado. O lado positivo podemos tomar como modelo de como mesmo diante das crises podemos confiar em Deus e em sua palavra e dela jam ais nos afastar.

Que Deus nos ajude nessa caminhada a sermos reconhecidos como a verdadeira Igreja de Cristo na Terra.“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns

aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. (João 13:34-35)

CURSO DE TEÓLOGAm

MÓDUL0111 HISTÓRIA DA IGREJA III

REFERENCIAS

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mCURSO DE TEOLOGIA

faculdade teológica betesdaMoldando vocacionados

AVALIAÇÃO - MÓDULO XIג

HISTÓRIA DA IGREJA III1) Qual foi a causa direta da Guerra dos Trinta anos?2) O que era o movimento conhecido como “Galicanismo”?3) Com o a Igreja R om ana contribuiu para o grande desenvolvim ento que houve na França no

século XVII?4) Descreva como era a vida dos jesuítas na França no século XVII e o que houve após a expulsão deles

de Potugal.5) Quem eram os Huguenotes?6) Qual era a situação do Protestantismo na Alemanha após a Reforma?7) O que era a Fórmula de Concórdia?8) Qual a im portância de Phillip Jacob Spener para o pro testan tism o alem ão?

Q uais os resultados de sua obra?9) Comente sobre a irmandade moraviana.10) Quais as conseqüências positivas e negativas que trouxe a Era da Razão?1 1 )0 que foi e como surgiu o Puritanismo?12) Quem foi John Wesley?13) Como surgiu o nome metodista?14) Como surgiu o movimento Evangélico?15) Qual foi o resultado do avivamento produzido por John Wesley?16) O que foi a batalha de Ponte Bothwell?17) O que houve com o papado no século XIX?18) Como a igreja Católica enfrentou o progresso científico no século XIX?19) O que foi e o que ocorreu no Concilio do Vaticano?20) Em geral como se encontrava o Protestantismo no século XIX?21) Quais as conseqüências da Primeira Guerra mundial para toda Europa?22) O que era o culto ao Estado?23) Como era a relação da Igreja Católica com os países Europeus?24) Qual a relação entre o fascismo e a igreja Católica?25) Em geral qual a situação das igrejas protestantes no século XX?

CARO(a) ALUNO(a):

• Responda cada QUESTÃO acima em folhas pautadas (com linhas) em letras de forma ou digite no computador, se preferir enviar via e-mail.

• Tanto via correio ou via e-mail, envie-nos as 5 Avaliações desse Módulo todas juntas, de acordo com as Regras Gerais (p.6):

Via Carreio: CAIXA POSTAL 12025 - CEP 02046-010 - SÃO PAUIO/SP Via E-mail: [email protected]

Em caso de dúvidas ligue para 0 nosso SAA - Serviço de Atendimento ao Aluno.

ARQUEOLOGIA BÍBLICA

SUMÁRIOINTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 51

1. COMO TRABALHAM OS ARQUEÓLOGOS................................................................................... 53

2. ESCAVANDO UM SITIO ANTIGO.................................................................................................55

3. INTERPRETANDO UM SITIO...................................................................................................... 58

4. EVIDÊNCIAS DO DILÚVIO..............................................................................................................604.1 AS DIMENSÕES DA ARC A .................................................................................................................................. 624.2 CONTRADIÇÕES F ÍS IC A S ..................................................................................................................................654.3 EVIDÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS.....................................................................................................................67

5. OS DINOSSAUROS............................................................................................................................70

CONCLUSÃO...................................................................................................................................... 76

77REFERÊNCIAS

MÓDUL0111 ARQUEOLOGIA BÍBLICA II

INTRODUÇÃOג

A Ciência nos três últimos séculos tem feito grandes avanços dentro da biologia, química, física, e outras áreas do saber científico. Infelizmente os grandes cientistas do século XIX e principalmente dos séculos XX e XXI, se colocaram como antirreligiosos e inimigos de Deus; a partir de suas análises matemáticas, usando argu- mentos lógicos, descartam Deus e sua criação como produto de mentes pequenas, pessoas vulgares, e suicídio intelectual. Acreditar em um Deus pessoal, criador e sustentador do universo é motivo de chacotas nas grandes universidades, afinal a Bíblia é um livro incoerente com aquilo que a ciência moderna tem descoberto a cerca da origem da humanidade e do funcionamento do universo.

Os grandes avanços tecnológicos, as grandes explorações pelo universo e toda sorte de facilidades que os cientistas tem trazido a humanidade serve de argumento para alegarem que, após o ser humano ter ocupado o centro do universo (antropocêntrismo), o mundo se tomou um mundo melhor. A ciência trouxe grandes avanços na medicina, trazendo curas á varias doenças. Outro avanço fantástico é a globalização; a possibilidade de/o mundo se conectar e obter informações dos acontecimentos que se passam no outro lado do planeta simultanea- mente. São inúmeros benefícios; em contra partida cita-se o período da Idade Média, em que Deus era o centro do universo (Teocêntrismo), e o mundo era atrasado e ignorante. A igreja dominava todas as áreas das relações humanas; e nesse período não houve nenhum tipo de avanço científico.

A verdade esta m uito longe disso: de fato a ciência trouxe grandes benefícios para nosso mundo, isso é adm issível. Porém, a hum anidade tem, a cada dia que passa novos dilem as, novas dúvidas, novos anseios e novos desafios que a ciência m oderna não consegue de m aneira algum a resolver; O que vimos no século XX, século do grande avanço científico, foi um mundo em caos: Duas grandes Guerras M undiais, e muitas outras Guerras de Nações em busca do poder; um verdadeiro banho de sangue. O homem resolveu se lançar em descobertas e explorar a natureza, contudo devido sua irresponsabilidade gerou um grande desequilíbrio no ecossistem a, levando nosso planeta a beira de uma hecatombe: A deformidade dos climas, o desapareci- mento da fauna, a escassez de água e ar.

As facilidades, ao invés de, trazer conforto, tem transformado pessoas em robôs, lançando o homem no auge de sua inércia, formando pessoas cada vez mais individualistas, menos críticos e pensantes, cada vez mais soli- tárias, e por conclusão cada vez mais deprimidas. A indústria farmacêutica é umas das que mais cresce, pois as pessoas tem se tomado dependentes de remédios para dormir, para ter paz e mais disposição, afinal é isso que a ciência moderna tem gerado, pessoas ociosas. Os consultórios psiquiátricos são cada vez mais procurados, ape- sar de toda facilidade, há no homem um vazio do tamanho de Deus.

A ciência nos últimos tempos tem se mostrado vulnerável, enquanto que. a Bíblia Sagrada, mesmo rejeitada pelos “intelectuais” tem se mostrado como a única capaz de responder as grandes indagações da humanidade. Além de se mostrar inteiramente fidedigna em suas histórias de seus personagens.

A Arqueologia Bíblica sem duvida, é uma das ciências mais fascinantes para o contexto teológico. Sua po- sição hoje, nos círculos acadêmicos, tem estabelecido de uma vez por todas a veracidade histórico-textual da Bíblia Sagrada. Descobertas após descobertas, tem confirmado aquilo que a Bíblia diz ser: A Verdade, a Palavra de Deus, Inerrante, imune a falhas.

Todas as tentativas de rebaixar as Escrituras como mero livro supersticioso, contendo lendas de um determi- nado povo (os Hebreus), tem encontrado sua pedra de tropeço naquilo que as areias do tempo resolveu através da pá do arqueólogo revelar. Segredos há muito tempo escondido, tem vindo a tona, graças a um trabalho feito

51CURSO DE TEOLOGIA

MÓDULO 111 ARQUEOLOGIA BÍBLICA II

com esmero e dedicação. Hoje podemos saber com certo nível de exatidão como era a vida patriarcal, como eram feitas as casas, como sobreviviam as pessoas. As areias do tempo tem revelado grandes segredos ocultos por séculos. E o mais importante: Tem definido á como verdadeira, como fiel, como fonte confiável tanto no que diz respeito ao campo da moral, da fé e no campo da historicidade.

CURSO DE TEOLOGIASI

MÓDULO 111 ARQUEOLOGIA BÍBLICA II

COMO TRABALHAM OS ARQUEOLOGOSA tarefa dos arqueólogos consiste em tomar a evidência e exprimi-la, a fim de compreender, tanto quanto

possível, a vida passada. As vezes isto é chamado de “reconstruir o passado”, mas é uma forma exagerada de falar; certamente, podemos entender o passado, mas de forma simplificada, por causa da limitada evidência e da vasta extensão de tempo de que se trata.

Portanto, os arqueólogos tomam os restos de aspectos de atividade humana, que pode ser chamada de cultura material, e trabalham com eles para compreender a vida passada. Ocasionalmente, a imagem pode ser muito completa, como na cidade de Pompéia, na Itália, enterrada por uma erupção vulcânica no ano 79 da nossa era. Conservam-se edifícios completos e seus conteúdos até o menor detalhe, e a catástrofe é descrita nos documentos históricos de então.

Mas para o passado distante o arqueólogo conta com muito menos para trabalhar. Os primeiros povoadores deixaram poucas impressões diretas em seu ambiente, já que com frequência dormiam ao relento protegidos por quebra-ventos de galhos ou, no melhor dos casos, em frágeis cabanas. Também sua tecnologia era muito simples, consistindo principalmente em utensílios de pedra ou madeira, provavelmente complementados pelo uso de pro- dutos animais, tais como peles ou nervos. Quando existem tão poucos vestígios dos acontecimentos originais, é preciso um trabalho mais cuidadoso e laborioso para tirar o máximo proveito das provas que restam.

Podemos perguntar: Quando começa a documentação arqueológica? A maior parte da atividade humana não deixa rastro, perde-se no momento em que acontece. No entanto, conservam-se algumas coisas. Em primeiro lugar, temos sinais de atividade, como pegadas ou, até, marcas de dedos. Também há objetos feitos pelo homem, que vão desde o mais simples utensílio de pedra até alguns produtos tão complexos como mapas ou mesmo embarcações. Há restos de alimentos, normalmente de ossos, mas às vezes há até restos de plantas. Finalmente, existem os lugares mais permanentes que os homens criaram para si, o mais simples dos quais pode ser uma fileira de pedras para sustentar um quebra-vento, e o mais elaborado, uma cidade completa.

Para o arqueólogo, os objetos individuais tem um interesse limitado, a não ser que procedam de um sítio ar- queológico bem documentado. Considerado fora de contexto, um achado perde a maior parte de seu valor para informar-nos sobre o comportamento humano. Um sítio, composto por um conjunto de objetos dentro do seu contexto, continua a ser a unidade mais importante para a investigação arqueológica.

Um sítio é um lugar onde a atividade humana produziu a acumulação do tipo de evidência mencionado ante- riormente. Em geral, remanescem devido à deposição de sedimentos, mas em alguns lugares os utensílios sim- plesmente permanecem na sua superfície durante longos períodos. Ocasionalmente, em tempos mais recentes, a atividade humana é responsável pelo soterramento de restos anteriores. Um exemplo clássico disso são os tells ou montículos do Oriente Médio, onde se constroem casas sobre os restos de povoados anteriores.

Um sítio isolado tem o inconveniente de apresentar uma visão muito local, talvez idiossincrásica. Portanto, os arqueólogos tentam trabalhar em certo número deles, investigando modelos de povoados.

Dessa maneira podemos tentar chegar a uma compreensão equilibrada de qualquer período do passado. Custa tanto realizar uma escavação, que nunca alcançamos uma visão completa, mas felizmente se pode obter muitas informações de prospecções. Estas são menos caras, cobrem áreas mais amplas, reúnem mais informação geral e com frequência indicam que lugares são mais adequados para escavar.

Com frequência, depois de uma prospecção na qual se examina sistematicamente toda uma área, pode-se deduzir a existência de diferentes tipos de povoados. E possível então selecionar ou descartar certos lugares, preferir em determinadas estações montanhas ou vales etc. Os mapas são utensílios fundamentais para os reco-

53CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL011) ARQUEOLOGIA BÍBLICA II

nhecimentos, especialmente os mapas geológicos, e seria ideal poder utilizá-los junto com fotografias aéreas.É pouco frequênte que se conservem áreas completas dos primeiros períodos, razão por que são escolhidos

lugares individuais, mas é claro que um sitio não é igual a outro da mesma época, razão porque são feitos todos os esforços possíveis para investigar esta “variabilidade”, palavra muito usual no vocabulário arqueológico.

Este modelo de trabalho mais amplo pode ser aplicado também a outras áreas fora dos lugares arqueológicos. Este método, desenvolvido pelos arqueólogos Glynn Isaac e Robert Foley, requer fazer mapas de grandes exten- sões com baixa densidade de vestígios arqueológicos. Isto proporciona uma visão geral daquelas partes - talvez áreas ecológicas - que foram mais ocupadas pelo homem primitivo.

Para compreender estes modelos amplos, o arqueólogo necessita situar os sítios dentro de um marco de tem- po. Aqui a estratigrafia, um conceito tomado originalmente da geologia, é a ferramenta mais fundamental para a interpretação arqueológica. Os sedimentos, tanto geológicos como arqueológicos, se depositaram em camadas, e, naturalmente, os superiores são os mais recentes. Desta evidência podemos estabelecer uma seqüência relati- va, ainda que não saibamos, em um sentido absoluto, a antiguidade das camadas.

Em geologia, as seqüências podem ser complexas como resultado da erosão, do desmoronamento, das depo- sições recentes ou de erupção vulcânica. Em arqueologia, são com frequência os traços peculiares da atividade humana - tais como a construção de um poço - o que tom a a história complicada, mas a estratigrafia arqueoló- gica e a geológica não estão necessariamente separadas. No Paleolítico, os sítios arqueológicos se encontram em forma de rastros relativamente menores dentro de uma série de leitos geológicos, razão por que a estratigrafia feita pelo homem, como, por exemplo, a formação de montículos a partir de cidades, que podem ter vários me- tros de espessura.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Qual a tarefa do arqueólogo?2) E correto utilizar a expressão “reconstruir o passado”? Por quê?3) Qual a dificuldade que há em explorar o passado distante?

CURSO DE TEOLOGIA Im

MÓDUL0111 ARQUEOLOGIA BÍBLICA II

ESCAVANDO UM SITIO ANTIGO

Quando um sítio é localizado, os arqueólogos devem decidir se vale a pena escavá-lo. As vezes a decisão é intuitiva, mas com mais frequência se baseia em uma série de pistas que sugerem a conveniência de fazê-lo.

No que se refere aos sítios do Paleolítico, uma consideração importante, que às vezes não se leva em conta, é que seja um lugar tranqüilo. Só então se pode esperar determinar a data do sítio com precisão, compreender suas diferentes fases e recuperar informação valiosa sobre o que ocorreu.

Os arqueólogos buscarão na superfície objetos como utensílios de pedra deixados à intempérie. Se forem afiados e estiverem bem conservados e não houver sinais de outros utensílios de diferentes períodos, e até se os sedimentos forem de grão fino e aparentemente não foram tocados, pode ser que se trate de um bom lugar. Mas, até então, pode ser que não se comece escavar, se a posição dos achados da superfície não sugerir que se possa responder a alguma pergunta de interesse especial.

Quando ao final se tomou a decisão, e se prevê um trabalho longo, um dos primeiros passos será fazer um mapa geral do lugar. Isto é de grande ajuda para ter uma idéia da localidade e decidir qual é o melhor lugar para levar adiante as escavações. Normalmente, o mapa pode ser feito com um equipamento bastante simples de to- pografia, como estacas, cordas e fitas.

Uma mesa de desenho pode ser útil (um tabuleiro com um mapa montado sobre um tripé usado com instru- mento de observação), já que permite dividir o lugar a partir de um pequeno numero de pontos bases. Também é importante a altura dos diferentes estratos e achados, razão por que se leva um nível de topógrafo para medi-los e até para plasmar os contornos do lugar, se preciso.

15CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 ARQUEOLOGIA BÍBLICA II

(a sobreposição de estrato) (geólogo com um nível de topógrafo)

Em escavações realmente grandes, pode ser conveniente a precisão de um teodolito, e atualmente começam a ser usados instrumentos eletrônicos para fazer planos mais precisos e mais rapidamente.

(teodolito digital)

Um método comum para os sítios abertos do paleolítico é começar por uma escavação escalonada (que desce por um lugar inclinado como se fosse uma escada), em lugares que prometem. Essas valetas proporcionam uma visão clara de todas as camadas com mínimo esforço. O passo seguinte pode ser fazer pequenas escavações nas áreas mais interessantes. Então talvez se decida concentrar todos os esforços em uma grande escavação que até pode ser levada a efeito posteriormente.

A medida que avança a escavação, o propósito dos arqueólogos é anotar toda a informação importante, tanto arqueológica, como geológica. Naturalmente, é desejável a colaboração de geólogos e sedimentólogos. É preciso situar essa informação dentro de um marco, que normalmente toma a forma de uma grelha tridimensional, habi- tualmente medida em metros quadrados e ás vezes se utiliza um nível para medir a escala vertical. A cada metro quadrado se dá um numero ou uma letra.

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(ambiente sedimentares)(sedimentação e rochas)

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A cada escavador se dá uma pequena porção para cavar, com freqüência de um só metro quadrado (que pode ser trabalhada em subdivisões de, por exemplo, 50 x 50cm). Então se tira porção de determinada espessura e se anotam cuidadosamente todos os achados A porção pode ter 5 ou 10cm de profundidade, mas é importante seguir a estratigrafia; se nela se distinguirem duas camadas, os achados devem ser reparados. Se não se faz isso, a mistura de achados de diferentes idades pode gerar confusão.

As ferramentas usadas para cavar são escolhidas de acordo com a dureza dos sedimentos. Na areia e em terra normal, o ideal são pequenas espátulas, mas em um terreno mais duro é necessário um instrumento parecido com um escopro.

Se possível, quando se faz um achado, anota-se a posição por meio de três coordenadas. A cada um se dá um numero que é registrado em um catalogo, e ele é posto no saquinho onde é guardado. É desejável duplicar as anotações. Os materiais que são usados para o armazenamento são importantes, porque devem ser resistentes e não contaminantes. Os sacos de plástico, as provetas de vidro e as etiquetas metálicas são os mais adequados.

A terra que é escavada não deve ser tirada imediatamente, porque ainda pode conter informações. Deve ser passada por uma peneira para isolar pequenos fragmentos de pedras ou restos de microfauna, tais como o den- te de um roedor. Com frequência, isto pode ser feito só com uma peneiração a seco, mas às vezes é preferível fazê-lo com água, já que o liquido arrasta melhor os sedimentos. Parte da terra é guardada para outros estudos, como, por exemplo, a analise do pólen, a sedimentológica ou a flutuação para a recuperação de restos diminutos de plantas.

A medida que o trabalho avança, anotam-se os progressos dia a dia nos cadernos de notas do sítio. Fazem-se planos e fotografias das características e das estruturas. Depois, quando as escavações chegaram tão profun- damente quanto possível ou se esgotaram as camadas arqueológicas, começam as ultimas etapas do trabalho. Desfazem-se as secções e retiram-se os achados. Então, segue-se um período de analise de laboratório que pode ser muito mais longo que o trabalho de campo, podendo durar anos.

Algumas grandes escavações continuam ano após ano, com o inconveniente de que pode levar toda uma vida fazer informe definitivo. Todo arqueólogo gostaria de evitá-lo, mas a melhor arqueologia é a que se baseia no trabalho de campo.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Qual a importância dos mapas geológicos?2) O que deve ser feito após a descoberta de um achado relevante?3) Quais ferramentas são necessárias para se escavar um sítio?

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INTERPRETANDO UM SITIO

Quando se encontra uma concentração de material arqueológico, como, por exemplo, utensílios de barro, pedra, misturados com outras pedras e ossos, é lógico considerar que encontramos um sítio e imaginar que, se for escavado, poderemos começar a “ler” sinais de atividade humana. Infelizmente, com frequência as coisas não são tão simples.

Os sedimentos que cobrem e preservam um sítio foram depositados por água ou por vento, o que pode ter alterado restos. Os ossos podem ter sido mordidos por carnívoros, e os restos podem ter estado deteriorando-se ao ar livre antes de ser finalmente cobertos.

Os paleontólogos, ao contrário da maior parte dos arqueólogos, estudam com frequência ossos fossilizados de animais que foram acumulados de forma natural, de maneira que, quando examinam materiais parecidos que estão misturados com objetos humanos, se perguntam legitimamente: como podemos saber se a erosão e a água não juntaram artificialmente ossos e pedras que a principio estavam separados?

Em alguns casos existe uma boa resposta a esta pergunta. No povoado de Mwanganda, em Malaui, o profes- sor J.D. Clark encontrou o cadáver de um elefante sacrificado que não havia sofrido nenhuma alteração posterior, porque o esqueleto estava articulado e os utensílios de pedra estavam agrupados ao redor dele. As forças naturais não criam formas estruturadas.

Mas, com frequência, as interpretações são muito menos certas, e desenvolveu-se uma nova disciplina, a tafo- nomia (Tafonomia do grego tafós, enterramento, sepultura e nómos, lei é a disciplina paleontológica que estuda os processos de transferência dos restos biológicos, ou melhor, da informação biológica da Biosfera do passado para a Litosfera do presente), para investigar a influência das forças exteriores sobre materiais abandonados. Tanto os arqueólogos como os paleontólogos utilizam regularmente estas técnicas a fim de compreender melhor a evidência arqueológica e fósseis.

Como podemos determinar se uma torrente de água moveu os achados de um sitio? Uma prova sensata é fazer a experiência de colocar objetos em arroios, em lugares onde serão movidos pelas águas. Quando os utensílios de pedra são arrastados, as peças grandes e pequenas tendem a separar-se, porque as pequenas são movidas com mais facilidade e são levadas para mais longe. A principio, é um bom sinal de que um lugar esta em seu “contexto original” (relativamente não alterado), se junto com utensílios grandes se encontram restos de lascas de menos de lcm de comprimento.

Pelo mesmo motivo, também pode ser de grande ajuda o estudo da distribuição do peso dos achados de um sitio. Se os encontramos “colocados”, como, por exemplo, para um fogo de campo, tanto as peças grandes como as pequenas guardam certa ordem, e é muito pouco provável que a água pudesse causar este efeito.

Outra prova que tenta reconhecer as alterações produzidas pela água trata da orientação das peças. Pode-se medir a direção em que se acham os utensílios de pedra ou os ossos com um compasso e podem ser planificados os resultados em “diagramas rosa”. A partir daqui, os arqueólogos comprovam se a maior parte das peças se en- contram na mesma direção. Um caudal de água insuficiente para mover as pedras e os ossos pode, não obstante, realinhá-los, razão por que este teste, como outros, dá apenas uma pista do que sucedeu.

Os mesmos sedimentos podem proporcionar provas de perturbações. O cascalho pesado pode indicar fortes movimentos de água, enquanto as partículas finas de argila se depositam somente em condições muito estáveis. Portanto, os lugares onde há argila são os mais promissores para a pesquisa, mas até neles existe a possibilidade de que acometidas repentinas de água tenham deixado poucos rastros.

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As provas arqueológicas mais diretas são proporcionadas pelas lascas de pedra e pelos ossos quebrados. Se as peças podem ser encaixadas como num quebra-cabeça, pode-se fazer uma considerável reconstituição de ati- vidades. Esta técnica de “recomposição” era praticada desde o século XIX, mas seu grande potencial só foi reco- nhecido recentemente, no trabalho de vários sítios da Idade de Pedra, como os de Pincevent e Meer, na Europa, os do deserto do Neguev, em Israel, e os de Kapthurin e do Leste de Turkana, na África. Ela pode ser aplicada a sítios de todas as épocas. O sucesso desse método não é uma garantia absoluta de que o estado do lugar seja “puro”, mas proporciona um índice aceitável de perturbações.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) O que é a Tafonomia?2) Qual o problema de vestígios terem sido depositados em certo lugar por vento ou água?

Qual problema isso pode gerar?

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EVIDÊNCIAS DO DILÚVIO

Um dos eventos Bíblicos mais atacados pelos críticos da Fé Cristã, sem duvida tem sido o Dilúvio, relatado no livro do Gênesis capítulo seis. Argumentos que buscam se apoiar na física, química, biologia e geologia, são colocados como aferidores no intuito de provar discrepâncias nos Textos Sagrados.

Para começar os ataques cita-se às dimensões nos quais a arca fora construída (“£ desta maneira a farás: De trezentos côvados o comprimento (137, 16 mts) da arca, e de cinqüenta côvados a sua largura (22, 86 mts), e de trinta côvados a sua altura( 13, 76 m ts /’. Gênesis 6:15), alegando que uma embarcação em tais dimensões não seria capaz de comportar todas as espécies de animais que havia na Terra. Lembrando que não fora colocado apenas um casal de cada espécie (De todos os animais limpos tomarás para ti sete e sete, o macho e sua fêm ea; mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêm ea Gênesis 7:2). São sete casais de animais puros e um casal de animal impuro (lista de animais puros e impuros encontra-se em Levíticos 11).

O segundo argumento é que mesmo que, se coubesse aquela quantidade de seres vivos na arca, seria impos- sível que, qualquer um deles, conseguiria sair daquele lugar com vida, pois estiveram ali por pouco mais de um ano. Sabendo que a arca fora construída de madeira e revestida em seu interior por uma substancia inflamável, Betume (“Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e a betumarás p o r dentro e po r fo ra com betume” Gênesis 6:14). Ou seja, uma arca com essas dimensões, revestida por betume e com apenas um a pequena janelinha de 45 cm.

Além dessas criticas concernente a arca em si, há citações físicas e geológicas no qual nega-se a possi- bilidade de haver um Dilúvio com as proporções que a Bíblia menciona. Vejamos:

“E era Noé da idade de seiscentos anos, quando o Dilúvio das águas veio sobre a Terra.Noé entrou na arca, ele com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos, por causa das águas do Dilúvio.Dos animais limpos e dos animais que não são limpos, e das aves, e de todo o réptil sobre a Terra, entraram de dois em dois para junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a Noé.E aconteceu que passados sete dias, vieram sobre a Terra as águas do Dilúvio.No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram, e houve copiosa chuva sobre a terra, quarenta dias e quarenta noites.E no mesmo dia entraram na arca de Noé, seus filhos Cão, Sem e Jafé, sua mulher e as mulheres de seus filhos. Eles, e todo animal conforme a sua espécie , e todo o gado conforme a sua espécie, e todo réptil que se arrasta sobre a Terra conforme a sua espécie, e toda ave conforme a sua espécie, pássaros de toda quali- dade. E de toda a carne, em que havia espírito de vida, entraram de dois em dois para junto de Noé na arca. E os que entraram eram macho e fêmea de toda a carne, como Deus lhe tinha ordenado; e o Senhor o fe- chou dentro. E durou o dilúvio quarenta dias sobre a Terra, e cresceram as águas, e levantaram a arca, e ela se elevou sobre a Terra. E prevaleceram as águas e cresceram grandemente sobre a Terra; e a arca andava sobre as águas. E as águas prevaleceram excessivamente sobre a Terra; e todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu, foram cobertos. Quinze côvados acima prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos.

CURSO PETEOlOGfcjj60

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E expirou toda a carne que se m ovia sobre a Terra, tanto de ave, como de gado e de feras, e de todo réptil que se arrasta sobre a terra, e todo o homem. Tudo que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo que havia em terra seca morreu. Assim foi destruído todo o ser vivente que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao anim al, até ao réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou som ente Noé, e os que com ele estavam na arca. E prevaleceram as águas sobre a terra cento e cinqüenta dias” (Gn 6; 6-24).“E aconteceu que no ano seiscentos e um, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, as águas se secaram de sobre a terra. Então Noé tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava enxuta. E no segundo mês, aos vinte e sete dias do mês, a terra estava seca. Então falou Deus a Noé dizendo:Sai da arca, tu com tua mulher, e teus filhos e as mulheres de teus filhos” (Gênesis 8:13-16).

Bem a primeira crítica que é feita ao texto baseia-se na física: Noé, família e animais numa arca feita de ma- deira, impermeabilizada com betume. Bom, as emanações dos gases hidrocarbonetos (que são inflamáveis) de- veriam ter empesteado o ambiente. Para alimentar os animais, deveriam usar lamparinas; não tinha como entrar luz, pois o aguaceiro não parava e, como dito antes, só havia uma janelinha. Portanto, uma dessas duas coisas deveriam ter acontecido:

1) Todo mundo teria se asfixiado.2) A Arca explodiria por causa da inflamação dos vapores combustíveis com uma pequena vela.Outra questão que os céticos levantam é a respeito dos fatores climáticos: De onde veio tanta água? É neces-

sário classificar as nuvens: As nuvens são classificadas com base em dois critérios aparência e altitude.Com base na aparência, distinguem-se três tipos: Cirrus, Stratus e Cumulus: Cirrus são nuvens fibrosas,

altas, brancas e finas. Stratus são camadas que cobrem grande parte ou todo o céu. Cumulus são massas in- dividuais globulares de nuvens, com aparência de domos salientes. Qualquer nuvem reflete uma destas formas básicas ou é combinação delas.

Com base na altitude, as nuvens mais comuns na troposfera são agrupadas em quatro famílias: Nuvens altas, médias, baixas e nuvens com desenvolvimento vertical. As nuvens das três primeiras famílias são produzidas por levantamento brando sobre áreas extensas. Estas nuvens se espalham lateralmente e são chamadas estrati- formes. Nuvens com desenvolvimento vertical geralmente cobrem pequenas áreas e são associadas com levan- tamento bem mais vigoroso. São chamadas nuvens cumuliformes. Nuvens altas normalmente tem bases acima de 6000 m; nuvens médias geralmente tem base entre 2000 a 6000 m; nuvens baixas tem base até 2000 m. Estes números não são fixos. Há variações sazonais e latitudinais. Em altas latitudes ou durante o inverno em latitudes médias as nuvens altas são geralmente encontradas em altitudes menores.

Devido às baixas temperaturas e pequenas quantidades de vapor d ’água em altas altitudes, todas as nuvens altas são finas e formadas de cristais de gelo. Como há mais vapor d ’água disponível em altitudes mais baixas, as nuvens médias e baixas são mais densas.

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M Ó ttitO ll I ARQUEOLOGIA BÍBLICA II

TIPOS B#e,״' rte nc UI״ (CW

Nuvens finas, delicadas, fibrosas, formadas de cristais de gelo.

Nuvens finas, brancas, de c ris ta is de gelo, na form a de ondas ou massas g lobulares em linhas. É a menos com um das nu- vens altas.

Camada fina de nuvens brancas de cristais de gelo que podem dar ao céu um aspecto leitoso. As vezes produz halos em torno do sol ou da Lua.

Nuvens brancas a cinzas constitu ídas de glóbulos separados ou ondas.

Camada uniform e branca ou cinza, que pode produzir precipita- ção m uito leve.

Nuvens cinzas em rolos ou formas globulares, que formam uma camada.

Camada baixa, uniform e, cinza, parecida com nevoeiro, mas não : baseada sobre 0 solo. Pode produzir chuvisco.

Camada amorfa de nuvens cinza escuro. Uma das mais associa- das à precipitação.

Nuvens densas, com contornos salientes, ondulados e bases freqüentem ente planas, com extensão vertical pequena ou mode- rada. Podem ocorrer isoladamente ou dispostas próximas umas das outras.

Nuvens altas, algumas vezes espalhadas no topo de modo a for- mar uma “ bigorna” . Associadas com chuvas fortes, raios, granizo e tornados.

Observação: Nim bostratus e Cum ulonim bus são as nuvens responsáveis pela maior parte da precipitação.

Bom, segundo Gênesis 7:20, o nível das águas chegou a quase 7 metros (15 côvados x 45,72cm) dos picos mais altos. Considerando que o Everest tem cerca de 8.844 metros, as águas chegaram a 8.851 metros. E muita água! E mais um detalhe: As chuvas viriam de um lugar acima das nuvens. Ou seja, as nuvens estariam cho- vendo debaixo d ’água. Mesmo porque, não há vapor d ’água a determinada altura. E mesmo que houvesse, o frio transformaria a água em granizo. Então, as pessoas e animais não morreriam afogadas, mas de traumatismo craniano dado o tamanho das pedras de gelo.

Para cada 10 metros que um mergulhador desce no mar, a pressão atmosférica sofre um acréscimo de uma unidade. Se ele descer a 20 mts, estará sob uma pressão de 3 atm (1 atm da pressão ao nível do mar, mais 2 atm porque ele desceu 20m). Com 8.85 lm , a pressão no que seria originalmente o nível do mar sofreria um acréscimo de mais de 880 atm! Sob essa pressão, nada existiria sobre a Terra. Nenhuma pintura rupestre ou fóssil.

Bem como podemos perceber, os argumentos levantados são fundamentados em estudos científicos; Vamos trabalhar sobre cada uma dessas críticas:

4.1 AS DIMENSÕES DA ARCA:Conforme vimos acima, a Arca media 300 côvados de comprimento, 50 côvados de largura e 30 de altura. Um

côvado corresponde aproximadamente á 45, 72 cm. Ou seja, a arca possuía 137, 16 mts de comprimento, 22,86 mts de largura e 13, 76 mts de altura. A principio o espaço interno da arca pode parecer pequeno para comportar todas as espécies de animais. Apesar da impressão que se há nos círculos eientíficos-acadêmicos de que a arca era uma embarcação muito pequena, verdade é que a arca tinha aproximadamente 44,000 m ! (quarenta e quatro

Cirrus (Ci)

C irrocum ulus (Cc)

Cirrostratus (Cs)

N-.wn■■ jlt.1*. (acim a de 6000 111!

Altocum ulus (Ac)

A ltostratus (As)

Stratocum ulus (Sc)

Stratus (St)

Nimbostratus (Ns)

Nuvens médias (2000 - 6000 m)

Nuvens baixas (abaixo de 2000 m)

Cumulus (Cu)

Cum ulonim bus (Cb)

Nuvens comdesenvolvimentovertical

CURSO DE TEOLOGIA-i t

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mil metros cúbicos). Em um espaço de 44,000 m 3 é possível colocar um prédio de 46 andares, com andares de 322 m 2 (trezentos e vinte e dois metros quadrados). Em um espaço interno como o da arca, poderia colocar 360 containers de 40 pés. Também daria para colocar 3,400 jaulas de 12 m 3. A grande maioria dos animais tem o tamanho de uma ovelha; seria possível colocar dentro da arca 120,000 animais do tamanho de uma ovelha, e não ficariam espremidos, haveria um bom espaço para se locomoverem.

E notável que à afirmação feita a respeito da arca deve ser repensada. Seu espaço interno não era tão pequeno como pensam.

Segunda analise é a respeito dos animais que entraram na arca. Em Gênesis 7; 2 é afirmado: “De todos os animais limpos tomarás para ti sete e sete, o macho e sua fêm ea; mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêm ea Ao contrário do que alguns acreditam, a Bíblia declara que dos animais puros seriam sete casais, ou catorze animais. A lista sobre animais puros e impuros encontra-se em Levíticos 11; 3-23:

“Dentre os animais, todo o que tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas, e rumina, deles comereis. Destes, porém, não comereis; dos que ruminam ou dos que têm unhas fendidas; o camelo, que rumina, mas não tem unhas fendidas; esse vos será imundo; E o coelho, porque rumina, mas não tem as unhas fendidas; esse vos será imundo; E a lebre, porque rumina, mas não tem as unhas fendidas; essa vos será imunda. Também o porco, porque tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas, mas não rumina; este vos será imundo.Das suas carnes não comereis, nem tocareis nos seus cadáveres; estes vos serão imundos.

De todos os animais que há nas águas, comereis os seguintes: todo o que tem barbatanas e escamas, nas águas, nos mares e nos rios, esses comereis. Mas todo 0 que não tem barbatanas, nem escamas, nos mares e nos rios, todo o réptil das águas, e todo o ser vivente que há nas águas, estes serão para vós abominação. Ser-vos-ão, pois, por abominação; da sua carne não comereis, e abominareis o seu cadáver. Todo o que não tem barbatanas ou escamas, nas águas, será para vós abominação.Das aves, estas abominareis; não se comerão, serão abominação: a águia, e o quebrantosso, e o xofrango, E o milhano, e o abutre segundo a sua espécie. Todo o corvo segundo a sua espécie, E o avestruz, e o mocho, e a gaivota, e o gavião segundo a sua espécie. E o bufo, e o corvo marinho, e a coruja, E a gralha, e o cisne, e o pelicano, E a cegonha, a garça segundo a sua espécie, e a poupa, e o morcego. Todo o inseto que voa, que anda sobre quatro pés, será para vós uma abominação. Mas isto comereis de todo o inseto que voa, que anda sobre quatro pés: o que tiver pernas sobre os seus pés, para saltar com elas sobre a terra. Deles comereis estes: a locusta segundo a sua espécie, o gafanhoto devorador segundo a sua espécie, o grilo segundo a sua espécie, e o gafanhoto segundo a sua espécie. E todos os outros insetos que voam, que têm quatro pés, serão para vós uma abominação” .

Toda essa lista faz parte de um conjunto de animais que conhecemos hoje. O que precisamos entender é o sentido da palavra “espécie” nesse contexto: A palavra hebraica traduzida como “espécie” é “m ”, que tem o sentido de um “tipo” ao dividirmos, por exemplo, uma coleção de objetos em várias categorias. A frase “de acordo com sua espécie” e outras semelhantes são usadas em três contextos: Gênesis 1; Gênesis 6 e 7; Levítico11 e Deuteronômio 14. Os contextos podem ser ilustrados pelas seguintes passagens. Em Gênesis 1:21 é dito que Deus criou seres “de acordo com as suas espécies.”* Em Gênesis 6:20 o texto declara que os animais entraram na arca “de acordo com as suas espécies.” Em Levítico 11:14 as aves impuras incluem o falcão “de acordo com a sua espécie”. Nenhum desses textos se refere à reprodução, ou se as “espécies” podem ou não mudar. Pelo contrário, é claro que frases como “de acordo com a sua espécie” estão descrevendo uma diversidade inclusa num termo único como criaturas marinhas, seres rastejantes, falcões, etc. Por exemplo, Gênesis 1:21 se refere às criaturas aquáticas “conforme as suas espécies.” O texto poderia ser também traduzido como “todas as espécies de criaturas que vivem na água” (TEV). Isso não quer dizer que as espécies criadas não poderiam mudar. A Bíblia prediz que as espécies mudariam. Um dos resultados do pecado foi a maldição sobre as plantas, que pro-

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duziriam espinhos e cardos. Como poderia esse ser o resultado de maldição se tivessem feito parte da criação original? O fato de representarem mudança constitui evidência de que as plantas mudaram desde a Criação. A maldição sobre a serpente mostra que os animais também podem mudar. Como poderia ser maldição o rastejar sobre o ventre, se a serpente tivesse sido criada assim? Isaías 65:25 sugere que Deus não desejava que lobos devorassem cordeiros, nem que leões fossem predadores, mas que tudo na criação vivesse em pacífica harmonia. A existência de parasitas e aves que não voam são evidências adicionais de que as espécies podem mudar.

Entendendo o significado da palavra “espécie” fica claro que Deus não ordenou que fossem colocados todas as variações de uma mesma espécie. Por exemplo, hoje existe uma grande variedade de raças de cães; Sabemos que geneticamente, um casal de cães, um casal de hienas e um casal de lobos específicos, através do cruzamento entre eles, poderia ser produzidas, todas as raças de cães, hienas e lobos que existem hoje no planeta. Portanto, na questão das espécies, o sentido bíblico é de que um tipo básico de cada espécie entraria na arca, não todas as variações de uma espécie. Isso diminui o numero de animais dentro da arca.

Existem hoje catalogados um total de 1,300,000,00 (um m ilhão e trezentos mil) espécies. Desse um m ilhão e trezentos mil espécies, cerca de aproxim adam ente 1,000,000 (um m ilhão), esta relacionado com peixes e insetos. Duas coisas que não precisariam ter na Arca. E tam bém não m orreram no dilúvio. O nu- m ero vai dim inuindo cada vez mais.

Finalizando essa primeira parte a respeito das dimensões e o espaço físico na arca, muitas pessoas tem dificul- dades com a idéia de como colocar dentro da arca um casal de elefantes, quando na verdade iremos descobrir que não era apenas um casal, e sim sete casais. E não apenas os elefantes, mas todos os animais de grande porte. E também como manter a organização entre esses animais durante um ano trancafiados dentro daquele barco?

Precisamos fazer a seguinte pergunta: Será que Noé colocou dentro da arca animais adultos ou filhotes? A res- posta parece óbvia; apesar de não haver uma descrição no texto, é muito lógico afirmar que Noé colocou animais filhotes! Quando se transporta animais da África para algum zoológico, leva-se animais pequenos, por causa da facilidade em transportá-los e também pela adaptação em seu novo contexto ou habitát. Parece bem claro que a idéia de carregar animais adultos seria ilógica, afinal o Senhor com certeza entregou um projeto organizado ao seu servo, não uma idéia suicida. Portanto é muito mais inteligente concluir que Noé colocou animais filhotes dentro da arca, dessa maneira o espaço interno ficava confortável. No que diz respeito a organização interna, ou seja como manter a ordem tendo animais carnívoros como o leão convivendo junto com um cordeiro. Parece que a resposta encontra-se em Gênesis 1; 30: "E a todo animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde lhes será por mantimento. E assim fo i”. Quando Deus criou os animais, originalmente todos eram herbívoros, é isso que nos informa o texto acima. Dessa forma não havia esse perigo de animais carnívoros devorarem outros, pois todos eram herbívoros. A única preocupação de Noé era levar bastante alimentação para os animais, e essa alimentação seria vegetal. Outro detalhe importante é pensar como Noé fazia com os excrementos? Como morar em um barco por mais de um ano, com aquele monte de bi- chos, e só havia uma janelinha de 45, 72 cm. Vale lembrarmos que Deus mandou que Noé construísse a arca com três subdivisões, três compartimentos (Gn 6; 16). Essa divisão deve ter servido exatamente para separar grupos de animais. A bíblia vai nos informar que as águas do dilúvio prevaleceram até quinze côvados acima dos mais altos montes, isso implica que os dois pisos inferiores da arca, estavam abaixo do nível da água. Com certeza os dois primeiros pisos eram frios e escuros. Nessas condições climáticas, os animais da terra entrariam em um pro- cesso chamado de hibernação e as aves em estado de torpor. Nesse estado há um sono profundo, o metabolismo é alterado e uma diminuição do ritmo cardíaco. Isso implica em pouca alimentação, poucos resíduos biológicos e um processo lento de desenvolvimento. Os estudos mostram que os animais tem condições de hibernar até durante 18 meses. Esse povo ficou na arca apenas 13 meses. Daria para manter todos os animais dentro da arca sem nenhuma contradição científica.

CURSO DE TEOLOGIAêk

MÓDULO !11 ARQUEOLOGIA BÍBLICA il

4.2 CONTRADIÇÕES FÍSICASComeçando pelo argumento usado com base na impermeabilização da arca, fica claro pelas explanações aci-

ma que a vida dentro daquela embarcação seria possível, sem grandes complicações. O grande ataque por parte dos céticos ao episódio do dilúvio será: de onde veio tanta água?

Em 1980 o engenheiro mecânico Walter Brown, propôs em seu livro "In the Beginning: Compelling Evidence fo r Creation and the Flood” (No principio: Evidências da criação e do dilúvio), uma teoria chamada “Teoria das Hidroplacas”, que explica com lucidez todo o processo. Sua proposta básica diz que o planeta Terra possuía na sua forma original, ou seja, antes do dilúvio um lençol de águas subterrâneo, homogêneo, de aproximadamente12 km de profundidade. Essa teoria explica a uniformidade de climas no planeta, e também explica a fonte das águas do dilúvio. No ano de 1970 um grupo de cientistas empreenderam uma expedição na conhecida “área de transição”, na tentativa de descobrir o que há entre o granito e o basalto. Dois poços foram perfurados na penín- sula de Kola na Rússia, e outro na Bavária. A perfuração na península de Kola chegou á 12 km e na Bavária á 9 km. Numa profundidade de 12 km, ou seja, muito mais profundo do que poços artesianos ou lençóis marinhos, encontrou-se água aquecida, com duas vezes mais salinidade do que se encontra na água do mar hoje. Não há explicações geofísicas de como essa água fora parar ali. A única explicação plausível é que essa água faz parte da criação original de Deus. Afinal o Dilúvio não foi apenas chuva; “No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram” (Gênesis 7:11). Os eventos que descrevem a teoria das hidroplacas são divididos em quatro etapas: fase de ruptura, fase de inundação, fase da deriva continental e fase de acomodação.

FASE DE RUPTURASegundo Brown, por volta de 4.500 anos atrás, a Terra teria apresentado características diferentes das atuais,

com pressão atmosférica elevada (aproximadamente 6 atm), relevo de 2 km de altitudes e oceanos com apenas 3,5 km de profundidade e de baixa salinidade. Também teria possuído um único supercontinente (Pangéia) e um lençol de água subterrâneo homogêneo de aproximadamente 1 km de espessura, com cerca de metade da atual quantidade de água dos oceanos, que se situaria cerca de 12 km abaixo da superfície.

(pangéia)

A fase da ruptura vai nos explicar como as águas que estavam ali embaixo chegaram lá em cima. A evidência mais forte é que houve um aumento de pressão da água subterrânea sobre rochas com menor resistência. Isso teria promovido uma ruptura da crosta terrestre, lançando violentamente uma enorme mistura de água, e terra, ou seja, um lamaçal. O que é interessante nesse contexto é sabermos como são formados os fósseis em rochas sedimentáveis; eles são presos na lama rapidamente.

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A pressão crescente da água subterrânea esticou a crosta acima dela. Eventualmente, este escudo de rocha alcançou seu ponto da falha. A falha começou com uma rachadura microscópica na superfície da terra. Uma vez que o stress em tais rachaduras é concentrado nas extremidades, as extremidades cresceram rápido (aproxima- damente 2 milhas por segundo) dentro de alguns segundos, esta rachadura abaixo da câmara subterrânea seguiu o trajeto de menos resistência em torno da terra. As extremidades da rachadura, viajando em sentidos opostos, circundaram a terra em 2 ou 3 horas. A maior parte da pressão foi aliviada quando uma extremidade da rachadura se encontrou com a outra. Em algum lugar no lado oposto onde a ruptura começou, ela se abriu em um grande ân- guio, em forma de um “T” ou um “Y ”. Devido a forte pressão as águas podem ter atingidos uma altura de 20 km.

FASE DA INUNDAÇÃOAo chegar á estratosfera, a água lançada teria congelado rapidamente, produzindo cristais de gelo que, ao

caírem, teriam originado uma forte chuva torrencial, ao mesmo tempo que, teriam promovido o congelamento instantâneo de animais como o mamute, encontrado na Sibéria e no Alasca.A água em alta pressão emergindo das rupturas teria produzido o grande volume de sedimentos que agora co- brem todo o globo terrestre. Esses sedimentos teriam soterrado plantas e animais, formando os registros fósseis. A Bíblia descreve a inundação global como sendo o Dilúvio e, segundo ela, teria ocorrido em quarenta dias de chuvas contínuas.

FASE DA DERIVA CONTINENTALA erosão promovida pela água em alta pressão teria alargado rapidamente o tamanho das rupturas da crosta

terrestre, promovendo a compressão de rochas. O leito do oceano, que até então era plano, teria começado a emergir, formando as cordilheiras mesoceânicas, cobrindo 74.000 km ininterruptos do fundo oceânico.As placas continentais, definidas como hidroplacas, ainda contendo água subterrânea lubrificante, teriam desli- zado rapidamente pelo oceano. Ao encontrarem resistência, as rochas das hidroplacas teriam sido comprimidas como uma espécie de “efeito mola”, formando as montanhas acima do oceano e as fossas abissais abaixo deste. Isso teria acarretado o surgimento de oceanos mais profundos, e, ao mesmo tempo, por causa da compactação de rochas, continentes mais altos.

FASE DA ACOMODAÇÃOO movimento dos continentes, em velocidades aproximadas de 60 km/h, teria aberto profundas bacias oceâni-

cas, nas quais as águas da inundação teriam se retraído. Nos continentes, cada cavidade teria moldado depressões ou bacias, as quais naturalmente teriam sido preenchidas com água, produzindo os lagos. A erosão das águas continentais teria produzido cânions em pouco tempo.

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4.3 EVIDÊNCIAS ARQUEOLÓGICASVimos explicações físicas e geofísicas sobre a Arca e o Dilúvio. Vejamos agora o que a arqueologia tem a

nos mostrar:Quanto ao mundo pré-diluviano, há relativamente poucas referências arqueológicas, pois o Dilúvio “varreu a

terra” . Há, por exemplo, as cerca de doze cópias da Lista dos Reis Sumérios, escritas em cuneiforme e encontra- das em Babilônia, Nínive e Susã. A mais importante é conhecida como prisma de Weld-Blundell. A Lista registra o Dilúvio universal como evento histórico, e contém o nome de cada soberano da Suméria, desde o primeiro até o rei Sin-Magir (aproximadamente 1820 a.C.). A Lista dos Reis Sumérios não apenas foi aceita como registro histórico fidedigno pelo historiador babilônico Beroso (no século IV a.C.), mas até hoje é tida como um dos principais documentos da antiga história suméria.

Há um relato bastante distorcido do Dilúvio na chamada “Epopéia de Gilgamesh”. Descoberta pelo orienta- lista britânico George Rawlinson em 1850, trata-se de um conto religioso babilônico em doze tabletes escritos em cuneiforme, datado de aproximadamente 2000 a.C.

A Encyclopaedia Britannica, comparando os dois relatos, comenta a respeito das causas do cataclismo: “Na história babilônica a destruição do dilúvio foi o resultado do desacordo entre os deuses; no Gênesis resultou da corrupção moral da história humana.” As conseqüências também são diferentes: “Além disso, após sua sobrevi- vência, Utnapishtim e sua esposa são admitidos no círculo dos deuses imortais; mas Noé e sua família recebem a ordem de empreender uma renovação da história1” . O Dr. Gleason L. Archer conclui: “As semelhanças com a narrativa de Gênesis são tais, que sugerem uma origem comum da antiga tradição oral, mas as diferenças são grandes demais para permitirem a teoria de que uma possa ter emprestado da outra”. Ele acrescenta: “a inviabi- lidade duma arca em forma de cubo, e a inundação do mundo por apenas quatorze dias de chuva, se contrastam com as dimensões navegáveis e o lento desaparecimento das águas segundo o registro bíblico2” .

Inspirado pelos relatos mesopotâmicos do Dilúvio, Sir Charles Leonard Wooley escavou diversos sítios na Mesopotâmia desde 1923 e encontrou uma extensa camada de aluvião (de 630 km de comprimento por 160 km de largura) que aparentemente dava testemunho de um grande dilúvio local, envolvendo toda a região. Era o que os críticos da Bíblia precisavam: agora podiam afirmar que o Dilúvio bíblico era apenas uma enchente local. Afirmaram também que o relato bíblico havia sido baseado no de Gilgamesh, visto que há elementos comuns entre as duas narrativas.

O problema com a teoria de um dilúvio local é que narrativas de um Dilúvio global, com elementos comuns ao relato bíblico, não são encontradas apenas na Mesopotâmia. Entre os muitos povos que preservaram as tradi- ções do Dilúvio, a Encyclopaedia Britannica cita os nativos do continente americano, desde o Alasca até o Cabo Horn, da Austrália, da Melanésia, da Polinésia e de diversas outras ilhas, tais como o arquipélago indiano (Su- matra, Boméu e Celebes) e a Nova Guiné, todos eles isolados geograficamente da Mesopotâmia. Além disso, há o folclore de diversos países europeus, como Gales, Itália, Grécia, Lituânia e Romênia, além da Rússia oriental, Vietnã e nativos ao longo da Ásia Meridional, para não falar dos africanos (como os massais e a referência no Livro dos Mortos do Egito). Tratando especificamente do continente americano, podemos mencionar que nativos do Alasca, Canadá, México, Cuba, Peru e Bolívia preservam tradições do Dilúvio. Talvez seja impossível fazer uma lista completa, pois como afirma a Encyclopaedia Britannica: “A maioria das civilizações registra uma tra- dição a respeito deste evento”3. Por que todos esses povos preservariam as tradições de um grande Dilúvio se ele tivesse sido apenas local?

Mais evidências: Estima-se que haja aproximadamente cinco milhões de mamutes congelados na Sibéria (foram encontradas manadas de mamutes mortos em países não-polares, mas estavam fossilizados, pois não havia gelo para preservá-los). Nas proximidades dos mamutes encontraram-se também diversos outros animais congelados. Em cavernas na França foram descobertas gravuras que representam a caça a esta raça extinta de

1. (Encyclopaedia Britannica Online [www.eb.com:180], acessada em 20/01 2010)2. (Archer, 1974; c f Bibliografia)3. (Benton, W. & University o f Chicago: Chicago, 1964, v. 9, p. 455-456)

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elefantes. Alguns são descobertos em condições excepcionais de conservação. Foram mortos tão subitamente que são encontrados feijões, flores, grama verde e outros alimentos ainda não digeridos em seus estômagos e bo- cas. Muitos são encontrados em pé, na posição vertical (o mamute Berezovka, que foi encontrado em pé, estava com a pelvis, uma clavícula, e uma perna esmagada, mas não apresentava sinais de agonia, o que indica que seu corpo foi submetido a elevadas pressões após a morte). Houve casos em que cães famintos atacaram e comeram pedaços de alguns deles antes que os cientistas chegassem. O que teria causado a morte súbita e o congelamento de tantos mamutes? Por causa das gravuras com cenas de caça, alguns cientistas levantaram a hipótese de que eles haviam sido dizimados pelo homem. No entanto os mesmos cientistas dizem que eles viveram há diversos milênios, e estimam que nessa época talvez não houvesse mais do que 30.000 pessoas no mundo. Ou seja, não havia homens suficientes para matar sequer os mamutes da Sibéria. Levantou-se outra hipótese para sua morte súbita: teriam morrido em resultado de acidentes.

Os mamutes não são animais preparados para a vida em ambientes glaciais (nem tampouco os animais e plantas encontrados nas proximidades dos mamutes). O exame revelou que, exatamente como as outras raças de elefantes, não possuem glândulas excretoras de óleo, presentes em todos os mamíferos que vivem no Ártico. Um mamute tem aproximadamente o mesmo tamanho e peso das outras raças de elefantes; por isso, precisa de muito alimento: um elefante consome cerca de 150 kg de alimento por dia, e gasta dezesseis horas por dia fazendo isso. O mamute de Adams, um macho descoberto na Sibéria em 1799, era tão gordo que sua barriga chegava até abaixo dos joelhos. Como os cinco milhões de mamutes poderiam se alimentar na Sibéria? Alimento abundante requer no mínimo um clima temperado (muito mais quente do que o atual na região). Entre os alimentos encontrados no sistema digestivo dos mamutes há pedaços de flores, o que indica que não morreram em uma estação fria (as evidências sugerem o final do verão ou o início do outono). Evidentemente o clima mudou muito rapidamente. Os mamutes e rinocerontes precisaram ser congelados imediatamente após sua morte, ou sua carne não teria sido preservada (quando o animal não é aberto, o processo de decomposição ocorre mesmo em ambientes glaciais, pois a inércia térmica do interior do organismo é suficiente para permitir a ação das enzimas e da atividade microbiana). Foram enterrados no gelo, a salvo dos predadores (incluindo pássaros e insetos).

Há diversos outros “cemitérios de animais” em todo o mundo que dão evidência de um cataclismo que destruiu subitamente quantidades imensas de seres vivos. Fósseis de animais isolados evidentemente são comuns, mas fo- ram encontrados também diversos leitos com grandes quantidades de animais que vivem em comunidades, colônias e rebanhos, especialmente os que se ajuntam em manadas em situação de perigo. O Dr. Henry M. Morris expõe:

“Há grandes leitos de restos de mamíferos fósseis (e.g.: os leitos de elefantes na Sibéria, os leitos de hipopótamos na Sicília, etc.), grandes leitos de anfíbios (e.g.: as grandes quantidades de anfíbios extintos nos leitos Permianos do Texas, [nos] Estados Unidos, etc.), leitos tremendamente grandes de plantas fósseis (e.g.: os estratos de carvão), e assim por diante. Praticamente todas as espécies de organismos que vivem hoje no mundo também foram encontradas no mundo fóssil, frequentemente na forma de cemitérios fósseis contendo grande número de exemplares4”.

Por que tantos animais morreram juntos?Todos os cientistas admitem que o petróleo é matéria orgânica. A maioria dos geólogos acredita que os leitos

de petróleo resultam do sepultamento de milhões de animais mortos. E eles teriam de ter morrido ao mesmo tempo, pois caso contrário a decomposição de seus corpos se integraria ao ciclo ecológico comum, e não forma- ria petróleo (por esta razão, não existe petróleo sendo formado atualmente). Mesmo que falássemos de animais marinhos ou de quaisquer outros seres vivos, o fato é que a morte rápida de milhões deles já caracteriza um cata- clismo. E incontáveis milhões de barris de petróleo têm sido extraídos da terra durante os últimos cem anos.

Outra evidência do Dilúvio bíblico também foi apresentada pela arqueologia: há muito tempo tem sido en- contrada grande quantidade de fósseis de peixes (inclusive marinhos), conchas e corais no alto de montanhas de todo o mundo. São testemunhas silenciosas de que houve uma ocasião em que, conforme diz a Palavra de Deus, as águas cobriram a terra.

4. (Morris, 1995; cf. Bibliografia)

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VERIFICAÇÃO DE APREDIZAGEM

1) Cite algumas das críticas feitas contra o dilúvio?2) Qual era a medida da arca?3) Como são classificadas as nuvens?4) Como é o nome do autor da teoria das hidroplacas?5) Quais as quatro fases da teoria das hidroplacas?6) Qual a relação que pode haver entre a arqueologia bíblica, os fósseis e o petróleo?

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MÓDULO I I I ARQUEOLOGIA BÍBLICA II

OS DINOSSAUROS

Outro assunto que desperta muita curiosidade por parte dos cristãos, e também é alvo de ataques ferozes por parte dos críticos, é a respeito dos dinossauros. A ciência moderna define a existência dos dinossauros há 230 milhões de anos atrás. Pelas Sagradas Escrituras o mundo não passaria hoje dos 8,000 anos. Por conta dessa dis- cordância cronológica, muitos cristãos preferem desacreditar da possibilidade de ter existido dinossauros, afinal a Bíblia não os menciona.

O que precisa ficar bem claro em primeiro lugar é que o fato de a Bíblia não mencionar o termo “dinossau- ro”, não exclui a existência de tais seres. Várias espécies do reino animal como o Gato, o Mico-leão-dourado, as Iguanas e tantas outras não são mencionadas, nem por isso elas não existem. A Bíblia não é uma enciclopédia mundi expondo todos os elementos que existem no universo, todas as espécies de mamíferos, aves, répteis ou peixes. A Bíblia é a revelação do Deus Todo Poderoso, A presença de milhares de fósseis, revelam claramente que tais seres habitaram nosso planeta.

A palavra dinossauro é um termo recente; Foi cunhada pelo paleontólogo e biólogo anatomista Sir Richard Owen. Após a descoberta no sul da Inglaterra de fósseis de répteis gigantes, chamados de Megalosaurus, Jgua- nodon e Hylaeosaurus, Owen resolveu batizar o grupo, e em 1842 chamou-os de “dinosauria”, que significa “lagartos terríveis” . Esse é o motivo pelo qual não se encontra na Bíblia a palavra dinossauro. A existência dos dinossauros é algo que não deixa a menor duvida.

Os primeiros fósseis de dinossauros foram encontrados por volta do século XIX pelo Dr. Gideon Mantell. A pesquisa paleontológica é uma ciência recente.

A teoria evolucionista diz que os dinossauros viveram em nosso planeta há 230 milhões de anos atrás e foram extintos há 65 milhões de anos. O motivo de sua extinção foi um meteoro, de grande proporção, com tamanho entre 6 e 14 km, colidindo com a Terra a uma velocidade aproximada de 72.000 Km/h, mais precisamente na costa leste do México, isso provocou a abertura de uma cratera de aproximadamente 200 km de diâmetro.

Após a colisão, restou um rastro de destruição na área atingida, sem contar que levantou uma camada de po- eira que impediu a entrada de luz solar, alguns cientistas dizem que essa nuvem de poeira permaneceu por seis meses na atmosfera.

A partir daí foram sucessivas perdas, primeiramente a terra entrou em um processo de resfriamento, como conseqüência as plantas não puderam realizar a fotossíntese, então os animais que dependiam das plantas para se alimentar (herbívoro) acabaram morrendo de fome, assim como seus predadores.

Pela própria evolução é fácil mostrar como essa teoria é falha: Se analisarmos as rochas que segundo a evolu- ção antecedem o aparecimento dos dinossauros, há muitos organismos nelas fossilizados, que mostram que esses bichinhos e plantas existiram antes dos dinossauros. O problema é que esses organismos que segundo a evolu- ção já existiam, são muito mais sensíveis á uma catástrofe nessa proporção do que os próprios dinossauros. Ou seja, se houvesse uma hecatombe como essa descrita pela ciência, todos esses organismos teriam desaparecidos completamente junto com os dinossauros. No entanto todas essas plantinhas e animais continuam vivos hoje. Utilizando a própria teoria da evolução essa teoria sobre o meteoro é totalmente desqualificada.

A grande questão é se os dinossauros não desapareceram nesse evento descrito pela ciência, porque eles de- sapareceram?

Sempre fora dito que era impossível a convivência de seres humanos com dinossauros, devido haver grandes espécies de carnívoros. Porém devemos nos lembrar do texto de Gênesis 1; 30 “E a todo o animal da terra, e a

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toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim fo i״ . Os dinossauros foram criados por Deus junto com os demais animais, e todos os animais original- mente eram herbívoros. O registro fóssil nos diz que seres humanos e dinossauros andaram juntos.

Em 1909 foi encontrado no leito do Rio Paluxy, perto de Glen Rose, Texas, uma evidência muito forte da existência de homens e dinossauros na mesma época. Encontrou-se, pegadas de homens e dinossauros na mesma camada de rocha calcária! Tal importante descoberta, entretanto, não recebeu a atenção devida até 1938 quando Roland T. Bird do American Museum o f Natural History visitou o local. Anos mais tarde, quando esquentou o debate sobre criação versus evolução, geólogos evolucionistas rejeitaram esta evidência criacionista alegando que as pegadas humanas foram forjadas enquanto que as pegadas dos dinossauros seriam verdadeiras (se a pega- da dos homens foram forjadas, dos dinossauros também foi). Se as pegadas estavam na mesma camada de rocha, isso quer dizer que o máximo de tempo que poderia ocasionar entre o caminhar de um ao outro seria de sete dias. Ou seja, homens e dinossauros caminharam juntos, na mesma época. Além do Rio Paluxy há outros sete lugares no planeta com as mesmas evidências.

Como vimos acima os fósseis de dinossauros começaram ser descobertos no século XIX. O problema é: Como explicar pinturas rupestres, produzidas pelos homens das cavernas de Pterossauros, Dinossauros? Se eles não conheciam esses seres, afinal foram extintos há milhões de anos antes da existência humana e os fósseis não tinham sido descobertos? A única explicação é que esses homens viram esses animais.

(P intura encontrada na austrália. Os cientistas dizem ter 4 0 m il anos)

Observe a figura abaixo:

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Essa imagem tem aproximadamente 600 anos, e fora encontrada em uma rocha no Peru. O povo Inca tinha o costume de fazer desenhos em pedras, contando a história de alguém que morreu. A imagem acima mostra um guerreiro Inca usando um Trícerátopos como tanque de guerra. Como eles poderiam fazer um desenho como este se nunca tivessem conhecido um animal desta espécie? Existem milhares de outras imagens de pinturas rupestres com dinossauros nos mais variados grupos, desde culturas civilizadas á não civilizadas.

Outra pintura que encontram os feita pela tribo Kuku Yalanji da A ustrália, m ostra nativos dessa tribo enfrentando um estranho anim al, mas que para nós é bem conhecido em descobertas fósseis como sendo um Plesiossauro.

(P intura da tribo kuku yalanji datada 1670)

Esta pintura foi feita cerca de 100 anos antes dos ingleses chegarem á Austrália. Como explicar este fato com- provado, sem afirmar que dinossauros vivos conviveram com este povo? Vale lembrar que nem mesmo haviam descobertas referentes a fosseis de plesiossauros, pois eles só foram descobertos no final do século XIX.

Muitos outros povos têm desenhos que fazem parte da sua estrutura de animais pré-históricos: Os Maias, os Astecas, os índios Americanos os Egípcios, enfim, a idéia de Grandes Répteis voadores, ou seja, as evidências de que povos antigos tiveram contato com os dinossauros são incontestáveis.

Outro exemplo são as descobertas do grupo “Chupicuaro” no México. Foram encontrados mais de 33, 500 objetos de cerâmica, pedras, facas (mais afiadas do que as de aço utilizadas em cirurgia do coração!) entre outros, sem duplicatas! Os artefatos são semelhantes aos achados na área com a Cultura de Chupicuaro Pré-clássica (entre 800 AC 200 DC). Junto com esses objetos, também achou estátuas que variavam de 2 centímetros a 1,8 metros de comprimento de grandes répteis, alguma delas em associação ativa com humanos - geralmente os comendo (mor- dendo), mas em algumas estatuetas estranhas foi indicada uma associação erótica. Cerca de 10% destas criaturas se assemelham a dinossauros e foram encontradas protegidas por areia em grupos de 20 a 30 peças.

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(Várias espécies de dinossauros moldados com perfeição)

Eram centenas de estátuas de dinossauros onde foram identificadas cientificamente muitas espécies. Dinos- sauros como o de bico de pato Tracodonte, Gorgossauro, Monoclonio de chifre, Omitolestes, Titanossauro, Triceratopos, Estegossauro, Diplodoco, Podocossauro, Estrutiomimos, Plesiossauro, Maiassaura, Ramforinco, Iguanodonte, Braquiossauro, Pteranodonte, Dimetrodonte, Ictiome, Tiranossauro Rex, Rinococefalia e outros desconhecidos ou espécies ainda não identificadas. Incluso estava o Leviatã, a serpente semelhante ao dragão das culturas antigas como a da China. Muitas dessas figuras demonstram um bom nível de inteligência nesses animais, concordando com a teoria dos paleontólogos John Ostrom e Bob Bakker.

De 1945 a 1946, Carlos Perea era 0 Diretor de Arqueologia do Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México. Ele não teve nenhuma duvida de que os achados eram autênticos.

O que devemos analisar é que mesmo que alguns relatos e lendas da existência de dinossauros sejam falsos ou tratem-se apenas de enganos, todavia não é possível que todos os registros e relatos sejam mentirosos. Deve- mos levar em consideração a grande quantidade destes e também suas origens dentro de varias culturas, muitas vezes isoladas umas das outras. Mesmo que estas culturas tivessem vindo de uma única origem, não invalidaria a existência destas lendas devido ao fato de muitas serem bem atuais, algumas em nossos dias. Alem disso muitos dos relatos foram feitos por tribos e pessoas que nunca se quer viram o desenho de um dinossauro, ou mesmo ouviram esta palavra.

Sendo assim o que houve com os dinossauros? Como, quando e porque foram extintos? A grande questão é: Será que foram totalmente extintos? Isso pode parecer um grande disparate, afinal com toda a tecnologia que há hoje em nosso planeta, se houvesse algo do tipo vivo já teriam encontrado! O problema é que de todas as áreas possíveis de pesquisa em nosso planeta, são centenas de milhares de quilômetros quadrados que temos para pes- quisar, menos um por cento já foi explorado.

Outra questão a ser levada em consideração é qual seria o tamanho dessas criaturas hoje? Se eles ainda tivessem a longevidade pré-diluviana, provavelmente teriam seus vinte (ou mais) metros de altura. Mas se após o dilúvio a longevidade diminuiu, vivem menos do que na época de Noé, eles teriam tamanho menor. Criaturas como o Dra- gão de Cômodo, ou as Iguanas das Ilhas de Gálapagos são animais que fazem parte da família dos dinos.

Um relato interessante diz respeito a uma criatura chamada “Mokele Mhemhe": A saga do mokele-mbembe (que significa “aquele que interrompe o fluxo dos rios” em lingala) começa em 1776, com uma descrição deta- lhada da viagem de padres franceses ao centro-oeste da África. Falam de um animal “que não foi avistado, mas que deve ser monstruoso, pois deixa marcas das patas no solo com 90 cm de circunferência” .

73CURSO DE TEOLOGIA

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(Pegada do Mokele Mbembe)

Em 1913,0 governo alemão enviou o capitão Freiherr Von Stein para estudar Camarões. Em seu relatório, ja- mais publicado, existem relatos de experientes guias de caça do Congo (fronteira), sobre um animal do tamanho de um elefante, cor cinza-amarronzado, pele lisa, pescoço e cauda articulável compridos e musculosos e cabeça de serpente, alguns dizem que tem um chifre (ou um só dente). Vive nas grutas de barro da margem do rio e alimenta-se exclusivamente de vegetais. Aos poucos os naturalistas passam a definir o “monstro enorme, meio elefante, meio dragão” como um dinossauro, aparentemente próximo dos Saurópodes.

Será apenas lendas de tribos no Congo e parte da imaginação de padres ou caçadores?

O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE OS DINOSSAUROS?Hoje em dia circula uma teoria a respeito dos dinossauros conhecida como “Teoria da recriação”. Seus de-

fensores usam como base os textos Gênesis 1; 1 -2 (No principio criou Deus, os céus e a Terra. A Terra porém estava sem form a e vazia; havia trevas sobre a fa ce do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre as águas). Distinguem que entre Gênesis 1; 1 e Gênesis 1;2 há um abismo de milhares anos, pois Deus não criou a Terra vazia. (Is 45; 18). Segundo eles a tradução mais correta seria: “A Terra se to m o u sem form a e vazia”.

Deus criou uma primeira Terra, e essa primeira criação perdurou por milhões de anos, e foi nessa época que viveram os dinossauros. E concordando com a ciência, de fato eles foram extintos por um grande meteoro que caiu na Terra; esse meteoro era na verdade Satanás quando caiu (Is 14;12-15 Ez 28; 13-13 Lc 10; 18).

Essa teoria mirabolante nada mais é do que uma tentativa de adaptar a Bíblia à ciência. Porém não é a Bíblia que precisa se adaptar a ciência, e sim a ciência que deve concordar com as Sagradas Escrituras.

Essa teoria se desmantela em dois aspectos: Primeiro que a tradução sugerida (se tomou) não se encaixa dentro dos originais. Todas as Bíblias em português traduzem corretamente por “estava” . Não há contradições com o texto de Isaias 45; 18 (Porque assim diz o SENHOR que tem criado os céus, o Deus que form ou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o SENHOR e não há outro). De fato Deus não criou a Terra para ser vazia, a criou para ser habitada, porem o processo da criação não foi instantâneo, durou sete dias.

Segundo aspecto que essa teoria se perde é que se os dinossauros existiram e foram mortos antes de Adão quer dizer que a morte entrou no mundo antes do pecado. Paulo diz em Romanos 3;23 que a morte é consequencia do pecado.

O primeiro texto à trabalharmos com seriedade sobre esse assunto nas Escrituras esta no Livro de Jó: “Con- templas agora o beemote, que eu f iz contigo, que come a erva como o boi. Eis que a sua força está nos seus lombos, e o seu poder nos músculos do seu ventre. Quando quer, move a sua cauda como cedro; os nervos das suas coxas estão entretecidos. Os seus ossos são como tubos de bronze; a sua ossada é como barras de ferro. (Jó 40:15-18)” . Algumas traduções traduzem a palavra “beemote” por “hipopótamo” . Porém a descrição que o texto faz não coaduna com as características do Hipopótamo: “A sua força esta nos seus lombos, e o seu poder nos músculos do seu ventre” . A barriga do Hipopótamo é saliente, não se encaixa com a descrição do beemote. “Move

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MÓDUL0111 ARQUEOLOGIA BÍBLICA II

sua cauda como o c e d r o a cauda do hipopótamo mede 40 cm. “seus ossos são como tubos de b r o n z e o osso do hipopótamo é relativamente pequeno. Essa descrição de Jó pode se referir a um animal com um a composição física que se assemelha muito à um Braquiossauro.

(Hipopótamo)(Cedro)

A segunda citação aparece em Salmos e também no Livro de Jó: “Fizeste em pedaços as cabeças do leviatã, e o deste por mantimento aos habitantes do deserto’’־' (SI 74.14). “Poderás tirar com anzol o leviatã, ou ligarás a sua língua com uma corda? (Jó 41:1)” . O termo é hebraico: “ liw jatharí\ cujo significo é “animal que se en- rosca”, sendo modificado pelo latim para “ leviathan” . Também é conhecido como “o monstro marinho” do caos primitivo e cujas origens remontariam à mitologia fenícia, na qual encarna a resistência oposta a Deus pelos poderes do mal. Alguns pensam tratar-se do nosso popular crocodilo, um réptil de grande porte que vive quase que constantemente na água, porém existem outras palavras em hebraico para crocodilo.

A criatura também é citada em Ezequiel 29.3 e 32.2, como sendo um “dragão” .A pergunta é: os dinossauros desapareceram? Não sabemos! Podemos afirmar que eles viveram junto com os

seres humanos, isso não resta duvidas. E que pelo menos eles viveram até pouco tempo atrás fica bem claro pelas evidênicas e pelas Sagradas Escrituras.

nCURSO DE TEOLOGIA

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CONCLUSÃOA Bíblia como palavra de Deus é infalível. Não a aceitamos a partir de uma fé cega e que contraria as verda-

des históricas. Não é um livro que retrata as mitologias de um certo povo, faltando com a realidade. Pelo con- trário, todos os eventos nela descrito estão de acordo com a geologia, a física, biologia e arqueologia. Verdade é que dificilmente um cientista de linhagem evolucionista ira considerar uma descoberta arqueológica e científica que apóia o criacionismo como relevante.

Nós que entendemos que a Bíblia não se trata apenas de um livro com ensinamentos excelentes no campo da moral (minimalista), mas também estabelece marcos importantíssimos no campo historiográfico (maximalista). Como um dos grandes nomes da arqueologia do século XX Sir Willian Foxwell Albright disse ao escavar as regiões de Ur: “Eu escavei usando a Bíblia em uma mão e pá em outra” . Indicando que cada sítio que procurava descobrir algo sobre o passado ele tinha como bússola a Palavra de Deus, e por isso é considerado um dos maio- res arqueólogos do século XX.

A ciência originalmente não precisa ser inimiga da fé, ambas podem andar juntas, desde que a Bíblia não precise ser reinterpretada para melhor satisfazer aqueles que não a aceitam como infalível.

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MÓDULO 111 ARQUEOLOGIA BÍBLICA II

REFERENCIASA R C H ER JR ., Gleason. Merece confiança o Antigo Testamento? São Paulo; Vida Nova, 2006 BRITANNICA, Encyclopaedia Online [www.eb.com: 180], acessada em 20/01/2010BROW N, Walter. In the Beginning: Compelling Evidence fo r Creation and the Flood. Center for Scientific Creation; 1995.DANIKEN, Erich Von. Eram os Deuses Astronautas. Ed. Circulo do Livro; São Paulo, 1968.EIDOUX, Henri Paul. Grandes Civilizações da Arqueologia - Realidades e Enigmas da Arqueologia. C Otto Pierre Editores; São Paulo, 1977.G O W LETT, John. Arqueologia das Primeiras Culturas. Ediciones Folio, S.A Rambla Catalunia; Barcelona, 2007.K E L L E R , Werner. E a Bíblia Tinha Razão. Edições Melhoramentos; São Paulo, 1958.M O RRIS. Henry Μ. O Enigma das Origens - A Resposta. Editora Origens - Associação Brasileira de Pesquisa da Criação; Belo Horizonte - MG, 1974.PR IC E , Randall. Arqueologia Bíblica. CPAD; São Paulo, 2006.

nCURSO DE TEOLOGIA

faculdade teológica betesdaMoldando vocacionados

AVALIAÇÃO - MODULO XI ARQUEOLOGIA BÍBLICA1) Em sua opinião qual a importância da arqueologia Bíblica?2) Porque um objeto fora do contexto de um sítio perde seu valor?3) O que é um sítio arqueológico?4) Quais os primeiros passos a se determinar se o lugar encontrado é um sítio a ser escavado?5) Como saber se os objetos encontrados em um sítio foram depositados ali naturalmente, ou por fenôme-

nos externos como chuva ou vento?6) Dentro de um espaço físico como o da arca, haveria possibilidade de colocar todas as espécies de ani-

mais existentes? Justifique sua resposta.7) Acreditamos que o Dilúvio foi um ato sobrenatural da píyte de Deus, porém estes acontecimentos ocor-

reram em um período demarcado pelo tempo, com pessoas e em um lugar. Sendo assim há de se supor que existe uma explicação dentro dos critérios da física. Qual seria essa explicação?

8) Quais as descobertas arqueológicas relacionadas com o dilúvio?9) Comente sobre a relação entre a fé cristã e a ciência.10) Como explicar o desaparecimento dos dinossauros?

CARO(a) ALUNO(a):

• Responda cada QUESTÃO acima em folhas pautadas (com linhas) em letras de forma ou digite no computador, se preferir enviar via e-mail.

• Tanto via correio ou via e-mail, envie-nos as 5 Avaliações desse Módulo todas juntas, de acordo com as Regras Gerais (p.6):

Via Correio: CAIXA POSTAL 12025 - CEP 02046-010 - SÃO PAULO/SP Via E-mail: [email protected]

• Em caso de dúvidas ligue para 0 nosso SAA - Serviço de Atendimento ao Aluno.

LINGUA HEBRAICA II

SUMARIO

IN T R O D U Ç Ã O ..........................................................................................................................................................................85

1. A T R A N SLITER A Ç Ã O DO ALFABETO H EB R A IC O ........................................................................................861.1 VOGAIS E SI MI VOGAIS......................................................................................................................... 87

2. FLEX Ã O DE PALAVRAS................................................................................................................................................ 91

3. P R E P O S IÇ Õ E S ................................................................................................................................................................. 93

4. O ESTADO C O N STR U T O .............................................................................................................................................. 95

5. SUFIXOS PR O N O M IN A IS.............................................................................................................................................96

6. OS PR O N O M E S..................................................................................................................................................................976.1 PRONOMES PESSOAIS................................................................................................................................976.2 PRONOMES INTERROGATIVOS............................................................................................................... 986.3 PRONOMES DEMONSTRATIVOS............................................................................................................99

7. O A D JE T IV O ......................................................................................................................................................................100

8. O COM PARA TIVO E O SU PER LA TIV O ............................................................................................................. 101

9. OS DIAS DA SEM A NA ............................................................................................................................................... 102

R E FE R Ê N C IA S....................................................................................................................................................................... 103

MÓDUL0111 LÍNGUA HEBRAICA II

INTRODUÇÃOIniciamos nossa segunda e ultima etapa da disciplina Língua Hebraica. Na primeira parte (módulo VII), de-

mos maior ênfase na alfabetização; de forma minuciosa fora transmitida exercícios, afim de que o aluno pudesse se familiarizar com a grafia da língua. Essa ultima parte veremos um pouco mais de gramática.

O Hebraico que estudamos não é o hebraico moderno que é falado hoje em Israel, mas sim, o hebraico bíbli- co. O idioma utilizado pelos escritores do Antigo Testamento. Nossa proposta dentro desse estudo, não é exaurir todas as nuances desse tão belo idioma. Nossa intenção é transmitir os princípios basilares da língua, no intuito de inserir o aluno no mundo da exegese bíblica.

85CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LÍNGUA HEBRAICA II

A TRANSLITERAÇÃO DO ALFABETO HEBRAICO

A transliteração consiste em representar os caracteres de uma escrita pelos de um a outra. N este caso, os caracteres hebraicos serão representados pelos caracteres latinos.

Valor Numérico Som da Pronúncia Corresp. em Port. Nome da LetraLetra

Hebraica

1 - Muda* Álef א

2 Voto /Bolo V / B Vêit / Bêit ב / ב

3 Goma G Guímel ג

4 Dama D Dá let ר

5 Resto H (RR) Hê ד,

6 Verdade V Vav ו

7 Zebra Z Záyn ­ז

8 Rua CH alemão Hêt ח

9 Teste T Têt ט

10 Ilha X I Yud י.

20 Terra / _Çampo K / CH alemão - rr) H af/ Kaf כ / פ

20 Carro ( CH alemão - rr) Kaf Final ד

30 Lagoa L Lâmed ל

40 Muito M Mêm מ

40 Mesmo M Mêm Final ם

50 Nariz N Nun נ

50 Nome N Nun Final ו

60 Cansado SS Sâmekh ס

70 - Muda* Áyn ע

80 Faca / Pedra F /P Fê /Pê פ / פ

CURSO DE TEOLOGIA86

MÓDULO 111 LÍNGUA HEBRAICA II

80 Final F Fê Final ף

90 Pizza TS, TZ Tsadí צ

90 Pizza TS, TZ Tsadí Final ש

100 Queda Q, K kôf ק

200 Palavra R Rêsh ר

300 Santo / Shalom S /SH Sin / Shin ש יש /

400 Terra T Tav π

1.1 VOGAIS E SEMI VOGAISOs sons vocálicos são representados por pequenos sinais diacríticos sob, sobre e ao lado das consoantes.

Eles também são chamados de sinais massoréticos, porque foram criados pelos massoretas que viveram entre os séculos V e X d.C. O nome massoreta vem de massorah, que significa tradição. Os massoretas criaram os sinais vocálicos aproximadamente em 800 d.C. Estes sinais são chamados também de extra-textuais porque não fazem parte do texto original. Eles foram utilizados para que a pronúncia das palavras não se perdesse.

As vogais se classificam em BREVES1 e LONGAS2:

VOGAL Símbolo Massorético Nome

A 1 / 2 τ

Patach / Qamats Gadol

E 1 / .. 2 Segôl / Tserê

I 1/ י. 2 Hiríq katon/ Hiriq

0 / 1/ ן 2 ·1τ

Qamats katon / Holâm

U 1 / ן. 2 Kubuts / Shuruq

F o n e tica m en te não há d iferen ça en tre as voga is breves e longas.

Semi-vogal Símbolo Massorético

Ê - breve (Shevá) .

A - (H atu f Patach) ·־

A / 0 (H atu f qamats gadol) :־י־

E (H atu f segôl) v:

mCURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LÍNGUA HEBRAICA II

• Uma semi-vogal é composta por um Shevá (:) sozinho (Shevá Simples) ou um Shevá + as vogais A, E, O (Shevá composto). A semi-vogal pode ser muda (SECANTE) ou vocálica (SONORA). Ela é SECANTE quando fecha uma sílaba. Serve para indicar a ausência de vogal e é colocada sob uma consoante sonora não final (exceto o haf sofit ך ou o tav final com daguesh Fl).

Ex.: (discípulo, aprendiz, aluno) ד תלמי• A semi-vogal será Composta quando ocorrer sob uma letra GUTURAL. Ela será sempre sonora Ex.: ( Naomi ) י מ ע נ /'// ( ‘Deus’, deuses) ם הי אל

COMO TRANSLITERAR UM TEXTO:

Salm o 121:1

ים עיני אשא ־ ו ן אל־הה י מא עזרי יביא :/

Essa’ - א & אτ V

Einai - י נ עי El-heharim - ם י ר ה ה ־ ל א

Meayin - ]י א מ Yavo’ - א בי י

τ

Ezrí - רי עז

E s s a ’E in a i E l-h eh a rim m eayin Yavo ’Ezri.

Salmo 133:1

נה וב ה ־ט ו-מה־נעים מה• ■ך - - ·

ים שבת יחד· אח גם־Hineh - Π3Π

mah-tov - ב ו ט ־ ה מ

um ah-na’im - ם3-ו־מה עי• τ ־

shévet - ת ב ש

achim - □חי א gam-yachad 3 ד-ם ח ־ י

Hineh mah-tov um ah-na’im shévet achim gam-yachad.

CURSO DE TEOLOGIA

MÓDULO 111 LÍNGUA HEBRAICA II

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEMTranslitere os textos Bíblicos seguintes de acordo com o exemplo abaixo:

S a lm o 1 2 1 :1 -8ת ישיר 121.1 שא למעלו ם עיני א הו־י ה ל־ א מאין־ א ב עזרי: ;״וארץ: ־שמים עישה ךהוה מעם עזרי 121.2תך 121.3 ט אל־י מו ף; אל־ינו-ם רכלף ל מר ש

מר ןיישך ןל־א ל־א־ינו·□ ה3ה 121.4 .ישראל: שוך ןהוה שימרף ןו־ןה 121.5 ל ךמ;נף: על־־ןד צם 121.6 מ ה’ השמיש 'ו בכ א־י ה: ררדו לי ל בלןה 121.7 את־כפישך: שמיר’:־ מפל״־ר־ע .ישמרך ירו

ף יהוה 121.8 ת א צ ר־ מ ש עולם: מעתה ו-בואף * עו־- ו

S a lm o 1 2 1 :1 -8Í-2.Í.3- SJvr la iw ía a to tj e s sa ' e y * \a y e l - h e h a r iw í t™.eaytv\ y a v o ’ ez.ri.X2.3..2 . E z r i (vieiVvv H a s k e w (o u A .d o v \a y ) osseh. ska tw \ayi*v\v a a r e t s .Í..2.3-.3 Al - y i t e v \ la w \o t r a g le c h a a t -y a tx u hw s k o m r e c h a .3-2■ 1—4■ H in e h Io yav\yyv\. v e lo y iskam . s/׳vomer Isra e l.X 2 .X .S H a s h e m s h o m -r e c h a H a s k e m . t s i l c h a a t - y a d yet™,iv\eck.A. ||t|j

. -ב2ב ~.& Yornam h .a sh e w .e sh l o - y a k e k a h v e y a r e a c h b a ta y la h .l-2.%.~7 H ash .ew \ y s h m ^ a r c h a w \ i k o l - r a ' y i 's h in o r e t - nafskecha.l i l . s H a s h e s y i s k tv io r t s e ’t c h a u v o e c k a M e a ta W vead■ 'o la m . ^

89CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LÍNGUA HEBRAICA II

TRANSLITERE O SALMO 122. CONFORME O EXEMPLO ANTERIOR:

Salmo 122:1-9

נלך: יהוה בית לי בא׳מרים ע£מחתי לדוד למעלות ישיר 122:1J ·־־ ־ ־ · ” T· * * · · ך ■ ן ·

.יחשלים: שעריך ב רגלינו· היו· עימדות 122:2יחדו: שחברה־לה כעיר הבנו-יה יחישלים 122:3

; τ ! ” * τ ; ״ τ τ ί *·. V ־ : τ

אל עדו-ת שבטי־יה שבטים עלו· ישישם 122:4 בר להידות לי ·.·ί τ ; · · τ 5 τ τ״τ ί :יהוה: לשם

τ : ;

דויד: לבית כסאות למשפט כסאות יישבו· שמה כי 122:5· τ · · · τ ; · ; · · ; τ τ τ ·

שלים שלום ישאלו· 122:6 איהביך: ןשליו· ןחשלוהיבארמנותיך: בחילך יהי־ישאם 122:7

· : τ : - I · τ : ־ : : I · τ

א ורעי אחי למען־ 122:8 בך: שלום אדברה־נן - - . - - *τ ; ־ ־ :Ι τ τ τ τ

לך: טוב אבקשה אליהינו· בית־יהוה למען 122:9

122.1:

122.2 :

122.3:

122.4:

122.5:

122.6 :

122.7:

122.8 :

122.9:

CURSO DE TEOLOGIA90

MÓDUL0111 LÍNGUA HEBRAICA II

FLEXÃO DE PALAVRASEm relação ao gênero, em hebraico há o masculino e o feminino, como em português. Em relação ao número,

além do singular e do plural, há o dual, que será explicado mais adiante.Cada substantivo regular em hebraico possui uma terminação que indica seu gênero e número

Substantivos Femininos no SingularOs substantivos regulares terminam com uma dessas letras:

Π ou Π

I I τ I I I τת | ה l ת I ת I ית I ר-ת

Exemplos:

Mulher [ishah] אישה III Reino [malchut] מלכו-ת Israelita [israelit] ת שראלי ת III Porta [délet] י דל

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

Substantivos Femininos no Plural Os substantivos regulares no plural possuem a seguinte terminação:

ou ni חExemplos:

Tabemáculos [sukôt] ntec ou n’3Ç = Tabemáculo [sukah] סו-כה Éguas [sussôt] niC-IC = Égua [sussah] HÇ-IC

Substantivos Masculinos no SingularOs substantivos regulares terminam com

todas as letras do alfabeto hebraico, exceto: Π e Π

י ט ח ז 1 ד ג ב אש י ר ק צ פ ע ס נ מ ל כ

Exemplos:

Homem [ish] איש Rei [mélech] ך ל צ Coração [lev] לב Altar [Misbeach] מזבח

CURSO DE TEOLOGIA <«

MÓDUL0111 LÍNGUA HEBRAICA II

Substantivos Masculinos no PluralOs substantivos regulares no plural possuem a seguinte terminação:

ם. י

Exemplos:Canções [shirim] □ך י ע = Canção[shir] ישיר

Anjos [malachim] ם אכי מל = Anjo [malach] ך א ל מ

Substantivos no Dual O D U AL é uma forma hebraica de plural. Ele é usado como o plural

de coisas que ocorrem aos pares na natureza.

Exemplos:Mãos [yadim] ידים_ = Mão [yad] T

Pernas [ragláyim] □רגלי = perna [raglay] רגל

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Quais as terminações do substantivo feminino singular?2) Quais as terminações do substantivo masculino plural?

CURSO DE TEOLOGIAn

MÓDULO η I LÍNGUA HEBRAICA II

PREPOSIÇÕESAlém das preposições inseparáveis ל כ ב (que vem junto ao substantivo), existem outras

preposições que aparecem com frequência no texto bíblico. São elas:

Para, em direção אל

De (origem) ­מו Porque, pois פי

Até עד Sobre, acima על

Com עמד Com, jun to à ti(

EXEMPLOS DO EMPREGO DE CADA PREPOSIÇÃO:

Preposição אל Para, em direção à

ל .יהוד, וי·ישע ב ה ל־ תו א ח מנ אל־ וVayisha5 Adonay el-Hevel veel-minchatô

E atentou o Senhor para Abel e para sua oferta (Gênesis 4 :4 )

ם וי-לכו■ ף־ישלחם .יהושע ברכם ך ה לי ה א ל־ א

Vayevarechem Yehoshua vayeshalchem vayelchú e/-ohaleyhem

E Josué os abençoou e os enviou, e eles foram para suas tendas.(Josué 22:6)

****************************************************************************

Preposição כי Porque, pois

ה ;· לו ל פי־נעים אלהיט־· .זמרה כי־טוב ה

Halelú Yah ki-tov zamrah Elocheinu ki-naim

Louvai ao Senhor porque é bom cantar, pois é agradável (Salmo 147:1)

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * ** * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

93CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LÍNGUA HEBRAICA II

Preposição "|מDe, do, deste, desta (indicando origem)

ר יהוה כי־משחית את־העיםזצאו- יקומו· ך-׳אמר קו מ ה ך הז-ה מ

Vaiomer kumu tse’u m in-hamakom hazeh ki-mashchit Adonay et-ha’ir E disse: Levantem-se e saiam deste lugar, pois o Senhor destruirá a cidade

(Gênesis 19:14)★ ********************★★***********·***********************■**********★***·*****

Preposição על Sobre, acima

ם ורו-ח המים על־פני מרחפת אלהי

Veruach Elohim merachéfet al-pnei hamayim E o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas

(Gênesis 1:2)* ★ * * ★ * * * * * * * * * * * * * * * * * * ★ * * ★ ★ * * ★ ★ * ★ ★ ■ i t * * * * * · * * * * * * ׳ ׳*** ׳* *★ ׳*** **********· ׳******** *★

Preposição ר ע Até

ה שו-בף עד לחם תיאכל אפיך בזעת מ ד א ה ל־ א

B eze’at apeich tochal léchem ad shuvchá el-haadamah

Do suor do teu rosto comerás [teu] pão até que retomes à terra (Gênesis 3:19)

CURSO DE TEOLOGIAm

MÓDULO 11I LÍNGUA HEBRAICA If

0 ESTADO CONSTRUTOO Estado Construto transmite a ideia de posse (indicando que algo pertence à alguém). Ele funciona como

uma forma de ligação entre duas palavras relacionadas. Eqüivale ao nosso “de”.

Construto Masculino SingularNão há alteração gráfica no sujeito, mas a palavra seguinte recebe o artigo definido.

Ex.: Cavalo do rei [sus-/mmélech] ל לן מ ה ס־ ־ סו*****************************************************************************ו

Construto Masculino PluralHá uma alteração gráfica no sujeito.

O Plural □ yim” é substituído“ יpela terminação י “ei”

Ex.: Filhos de Israel [bent׳/ Israel] י נ ל ב א ר ש י .

Construto Feminino SingularHá algumas alterações gráficas no sujeito e palavra seguinte recebe o artigo definido. Os substantivos fe-

mininos terminados em hê “n”, possuem essa terminação substituída por: ta “Π”. Os já terminados em t nãosofrem alteração gráfica e fonética

Ex.: A menina da cidade [/?«yaldah-/m'yirj ת ד ל ־ ר הי י ע ה:־ ה ״ ״ז ד ל ת = י ד ל י

־ : T T } T

* * * ★ * * * * * * * ★ * * * * * * * * * * * * * * * * * ★ * * * * * * * * * * * * · * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * ★ * * * * * * * · * *זיל

Construto Feminino PluralNão há alteração gráfica no sujeito, mas a palavra seguinte recebe o artigo definido.

Ex.: Nas portas da casa [badelaôí Aabeyt] ת ו ת ל ד ת ב י ב ה

Em hebraico, a idéia de posse é expressa pelo uso de sufixos. Cada pessoa gramatical possui seu próprio sufixo, e isso auxiliará na identificação daquele que detém a posse.

95CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LÍNGUA HEBRAICA II

SUFIXOS PRONOMINAISEm hebraico, a idéia de posse é expressa pelo uso de sufixos. Cada pessoa gramatical possui seu

próprio sufixo, e isso auxiliará na identificação daquele que detém a posse.

Sufixos Pronominais Masculinos

batey/7w בתינו·T

מו· beyt/ ביתי ר.

bateyc/7ê/77 בתיכםV τ

כס beyt chá ביתך ף

beyta/w ביתםT

ם םτ ·.·

beyto ביתו ו

Sufixos Pronominais Femininos

bateynu בהינו· מו■ beyt/ ביתי ר

bateychên בתיכן כם beyteec/7 ביתך η

beyta/7 ביתן ם.ם.. beytá ביתה ו

CURSO DE TEOLOGIA96

MÓDULO 111 LÍNGUA HEBRAICA li

OS PRONOMES

6.1 PRONOMES PESSOAIS

Pronomes Pessoais Masculinos

Nós anachnu ו נ ח נ ­א■·· “ • · •

E Eu Ani ­ י נ ס / א י נ אΤ • ־ :

Vós Atêm ם ת א T Tu Atah ה ח אΤ ־

Eles Hatén ם ה E Ele Hu׳ הו-א

Pronomes Pessoais Femininos

Nós Anachnu ו נ ח נ ­א■·· _ • · •

Eu Ani י נ י / א כ י אנτ · - :

Vós Aatén ! ח א Tu At ת א

Elas Harên ליו Ela H i׳ א י ה

EXEMPLOS:

הי אנכי ל ך א הי אבי הי אברהם אל אלהי יצחק אל יעקב וי :־ ־ Ι τ : · ν: τ τ ; - ·.*: I · τ Α ״.·; · τ

Anochi Elohei avicha Elohei Avraham Elohei Itschaq vElohei Yaaqov (Exodo 3:6)

א ואני לי דודיDodí li vaani lô (Cantares 2:16)

אדמת־קדיש עליו עומד אתה אישר המקוםV י ־־ : ־ τ τ τ ־ V ־ : Λ I t -

Hamaqom asher atah omed alav admat-kôdesh (Exodo 3:5)

נזכיר אלהינו· בישם־יהוה !אנחנו·E nó s faremos mensão do nome do Senhor nosso Deus (Salmo 20:8)

97CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LINGUA HEBRAICA II

6.2 OS PRONOMES INTERROGATIVOS

Por quê? Madu’aמדו-ע

Por quê? Lâma למהτ T

Quem? Mi מי 0 que? Mah מה / מהT ־

De onde? Me’ayin ן י מא Quando? Matai י מתτ ־

EXEMPLOS:Por quê? - ה למ

ה אליז אלי מ עזבתני ל

Eli Eli lâma azavtani M eu Deus, meu Deus por que me abandonaste?

(Salmo 22:2)' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' j t ' j c ' k ' k ' k ' k - k ' k ' k ' k - k ' k ' k - k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k J i ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k ' k

Por quê? ־ מהו-ע

ף חן מצאתי מדו-ע נכרי-ה ואניכי להכירני בעעי

M adua’ matsaati chen beeyneycha lehakireni veanochi nachriah

Por que achei graça aos teus olhos sendo eu uma estrangeira?(Rute 2:10)

O c!uê? - /ה מה מ ה אל ה־ אדיני מ

M a-ele Adoni O que é isso meu senhor?

(Zacarias 4:4)*י*·***★*************·******·*■***********★★*★**★*********★★*★*******************

Quem? - י מם איהב חי־ים החפץ מי־האייש מי א ; טוב ת1לך

M i-haish hechafets chayim ohev yamim L ir’ot tov

Quem é o homem que deseja vida e longos dias para ver o bem?(Salmo 34:13)

★ **·*׳*·*׳*·*·**·*׳*★**★*★★★★★★★★★★★*★**★*★**★*******★*****************★*★★★*★★★★★★*

[ י א De onde? - מ

א ^ א אל־ההח־ם עיני א בי ן; אי עזרי מ

CURSO DE TEOLOGIAJ

MÓDULO 111 LÍNGUA HEBRAICA II

Essa’ eynay el-heharim meayin yavo’ ezri Elevo os meus olhos para os montes,

de onde virá o meu socorro?(Salmo 121:1)

****************************************************************************

Quando? — ית£3עמך בתפלת עישנת זעד־מתי

A d-m atay ashanta bitfilat amêcha Até quando te indignarás contra a oração do teu povo?

(Salmo 80:5)

6.3 PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Esta Zôt זיאת Este Zê ה ז · •

Estas Êleh ה ל א Estes Êleh ה ל א

Aquela H i’ א י ה Aquele Hu הו-א

Aquelas Hênah ה תΤ

Aqueles Hêmah ה ט הΤ

99CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LÍNGUA HEBRAICA II

0 ADJETIVO

À semelhança dos pronomes demonstrativos, 0 adjetivo hebraico deve concordar em Gênero e Número com o substantivo.

Grafia em Hebraico

שמן א־ש

עירגחלה

טעימר. עוגה

חגמים ילד׳ט

וזעממת חבחונ

Transliteração

Ish shamên

'tr gdolá

Ugá Te’ima

Yetadim Chahamfm

Chaverôt Hashuvôt

Grafia em Português

Homem gordo

Cidade grande

Bolo saboroso

Meninos inteligentes

Amigas importantes

CURSO DE TEOLOGIA100

MÓDULO 111 LÍNGUA HEBRAICA II

0 COMPARATIVO E O SUPERLATIVONão há uma forma especial do adjetivo que expresse o comparativo ou o superlativo.

• O co m p ara tiv o de sup erio rid ad e e in ferio rid ad e é ex p resso p e las p rep o sição מ 19 Ex.: (o mestre [é] maior que o discípulo) ה ר ו ט ל ה ו ד ד ג י מ ל ת ה מ

Ex.: (Saul é menor que Davi) ל - ו א ן ש ט ן ד כ ו ד מ '

• O com p ara tiv o de ig u ald ad e é ex p resso p e las p rep o sição 3

• O superlativo relativo se expressa pelo uso do artigo ao adjetivo.

Ex.: (o meu amigo menor) י ר ב ־ ח ן ט ק ה

• O su p erla tiv o tam b ém p ode ser ex p resso p o r um ad je tivo em estad o co n stru to ou co m sufixo

pronom inal.

Ex.: (os grande do Brasil) !!!™?"ל י·י■ : ;

O su ״ p erla tiv o abso lu to p o d e ser ex p resso p e lo s advérb ios: ד - - ע ד א מ ד ב א מ• · · —• ·

através de hebraísmos (expressões idiomáticas).

Ex.: (isto [é] muito bom) ב ו ד ט א מ rn (santíssimo) ו ד ש ש ק ו ד ש ק ו ד ק

• O superlativo e o comparativo podem ser exemplificados de maneira clara na tabela a seguir:

ou

ל ו ד ן ג COMPARATIVO DE Superioridadeמ

ל ו ד COMPARATIVO DE Igualdadeכ ג

COMPARATIVO DE Inferioridade

SUPERLATIVO Relativo ל ו ד ג ן ה ט ן פ ה• · · · « ·

SUPERLATIVO Absoluto <— ש ו ד ש ק ו ד ש ק ו ד ק

CURSO DE TEOLOGIA m

MÓDUL0111 LÍNGUA HEBRAICA II

OS DIAS DA SEMANA

D om ingo ראשון יום

Segunda F e ira שני יום

Terça Feira שלישי יום

Quarta F e ira רביעי יום

Quinta F e ira שי יום חמי

Sexta Feira ישישי יום

Sábado ישבת

CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LÍNGUA HEBRAICA II

REFERENCIASALONSO SCHÕKEL, Luis. Dicionário Bíblico Hebraico-Português. São Paulo: Paulus, 1920.BEEKMAN, J. e CALLOW J. A Arte de Interpretar e Comunicar a Palavra Escrita - Técnicas de tradução da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1992.BÍBLIA Hebraica Stuttgartensia. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 1997.BROW N — DRIVER - BRIGGS — GESENIUS. The new Brown — Driver - Briggs — Gesenius Hebrew-English Lexicon. Massachussets: Hendrickson, 1979.DICIONÁRIO Hebraico-português e aramaico-português. 11a edição. Petrópolis: Sinodal-Vozes, 2000. DICIONÁRIO Internacional de teologia do Antigo Testamento. Organizadores: R. Laird Harris, Gleason L. Archer Jr. E Bruce Waltke. São Paulo: Vida Nova, 2001.FRANCISCO, Edson de Faria. M anual da Bíblia hebraica - Introdução ao texto massorético. São Paulo: Vida Nova, 2003.KELLEY, Page H. Hebraico Bíblico - Uma gramática introdutória. São Leopoldo: Sinodal, 1998.KERR, Guilherme. Gramática elementar da Língua Hebraica, Rio de Janeiro: Junta da Educação Religiosa e Publicações, 1979.KRÜGER, René e CROATTO, José Severino. Métodos Exegéticos, Buenos Aires: EDUCAB, 1993. LAMBDIN, Thomas O. Gramática do Hebraico Bíblico. São Paulo: Paulus, 2003.PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Fundamentos para exegese do Antigo Testamento: Manual de Sintaxe He- braica, São Paulo: Vida Nova, 1998.RABIN, Chaim. Pequena História da Língua Hebraica. São Paulo: Summus Editorial, 1973.

103CURSO DE TEOLOGIA

faculdade teológica betesdaMoldando vocacionados

AVALIAÇÃO - MÓDULO XI LINGUA HEBRAICA II

1) Translitere o Salmo 23:, Salmo 23

א רעי יהוד, לדוד מזמור 23:1 אחסר: לא בנאות 23:2 ע ינהלני: ־׳מנדווה‘ ־על־מי ירביצני ד

למע־ך׳שמו: ילדזני'במענלי־צדק יעובב נעשי 23:3 פי־אתה ״רע לא״אירא בגייא׳צלמיות' פי־אלךר:גם 23:4 τ" ־ ז ז המדל·־ינחמני:־ ו-משענתף ^שבטזל עמדי

בשמו דשנו! צדרי ד5נ שלהן“ :לנ*ני קעו־1 23:5ה: כוסי ריאישי ז··־ הי : νν ז־ ־ : ■ ' " ־

ושבתי חי-י כל־ימי ירדפוני וחסד טוב אך 23:6־" ״ : τ" : T ׳ : 5 ’'ימי□:זלא־ר בבית־יהוה

Τ · . · : τ : :·

2) Translitere a oração do Pai Nosso:6:9-13 Pai Nosso - Mateus

וניבא שדקתי,מימשבש ןזמשי 9 אובת ןזתוכלנ£'יהשעי נוצר!ןז 10

. ןב,םימשבל ץראב תא מחל ףבל!חזות ונל סויה 11

׳ חלסו' ונל לעז וניאטח 12 ומב מיחלוסש :םג ונחנא פיאטוחל ונל

13 , ׳ לאו ונאיבת־ ידיל ןוים'נ יכ מא ונצלח ! h] .ערה

יכ ןזל הר־ובגהיו,הכלממה תראפתהוימאעל םיי^לוע ■

'ןמא3) O quem vem a ser os sinais massoréticos?4) O que é o Estado Construto?5) Cite os pronomes pessoais hebraicos.

CARO(a) ALUNO(a):

* Responda cada QUESTÃO acima em folhas pautadas (com linhas) em letras de forma ou digite no computador, se preferir enviar via e-mail.

• Tanto via correio ou via e-mail, envie-nos as 5 Avaliações desse Módulo todas juntas, de acordo com as Regras Gerais (p.6):

Via Correio: CAIXA POSTAL 12025 - CEP 02046-010 - SÃO PAULO/SP Via E-mail: [email protected]

* Em caso de dúvidas ligue para 0 nosso SAA - Serviço de Atendimento ao Aluno.

LINGUA GREGA I

SUMARIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................... Ill

1. INTRODUÇÃO AOS VERBOS............................................................................................................. 1121.1 ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO VERBO........................................................................................................1141.2 DEFINIÇÕES GERAIS............................................................................................................................................... 1151.3 PRESENTE DO INDICATIVO................................................................................................................................. 1161.4 FUTURO DO INDICATIVO.....................................................................................................................................1171.5 OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE O SUBJUNTIVO.........................................................................................1191.6 MODO IMPERATIVO................................................................................................................................................. 1201.7 MODO PARTICIPIO..................................................................................................................................................... 1211.8 M ODO OPTATIVO........................................................................................................................................................121

2. INTRODUÇÃO AOS SUBSTANTIVOS............................................................................................ 1232.1 SEGUNDADECLINAÇÃO........................................................................................................................................ 1232.2 ORDEM DAS PALAVRAS........................................................................................................................................ 1252.3 PRIM EIRADECLIN AÇÃO........................................................................................................................................ 126

3. INTRODUÇÃO AOS ADJETIVOS......................................................................................................................... 1283.1 DECLINAÇÃO DOS ADJETIVOS...................................................................................................................... 1283.2 DECLINAÇÃO DO ARTIGO DEFINIDO..............................................................................................................1283.3 USO DOS ADJETIVOS........................................................................................................................................... 129

4. INTRODUÇÃO AOS PRONOMES......................................................................................................1304.1 ENCLÍTICA...................................................................................................................................................................1304.2 PRONOMES PESSOAIS............................................................................................................................................1304.3 USO DOS PRONOM ES................................................................................................................................................1314.4 PRESENTE DO INDICATIVO DE ειμ ι................................................................................................................. 132

5. INTRODUÇÃO AS PREPOSIÇÕES.................................................................................................. 134

6. INTRODUÇÃO AS CONJUNÇÕES.................................................................................................. 1376.1 CONJUNÇÕES COORDENATIVAS....................................................................................................................1386.2 CONJUNÇÕES SUBORDINA UVAS.................................................................................................................. 139

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 142

MÓDUL0111 LINGUA GREGA li

INTRODUÇÃOג

Esta é a segunda parte do nosso estudo sobre a Língua Grega. Na matéria T (módulo IX), nosso foco foi à al- fabetização; levar o aluno a se familiarizar com o alfabeto grego, reconhecer suas letras. Nesta segunda e ultima parte, estudaremos um pouco de gramática. Não pretendemos aqui, fazer um tratado exaustivo do assunto, pois assim como a Língua Portuguesa, o grego é uma língua riquíssima e complexa, sendo impossível preencher todas as suas lacunas.

Nosso objetivo nessa ultim a parte do assunto, é fazer com que o aluno tenha um esclarecim ento das regras elem entares, necessárias para conseguir ler o N ovo Testam ento Grego. Portanto no anseio por um co- nhecim ento m aior sobre a m atéria, recom endam os que o aluno inscreva-se em um curso específico presen- ciai de grego, e tam bém adquira algum as obras. Sugerim os os seguintes temas: Noções do Grego Bíblico, do professor Lourenço Stelio R ega e Johannes Bergm ann, Chave L ingüística do N ovo Testam ento Grego do Rienecker, Léxico do N ovo Testamento Grego do W ilbur e claro um N ovo Testam ento Grego, pode ser o Interlinear, com o tam bém o texto integral.

111CURSO DE TEOLOGIA

MÓDULO 111 LÍNGUA GREGA II

VERBOSVerbo é toda palavra que designa ação (caminhar, estudar), estado {ser, ficar), fenômeno natural (amanhecer,

chover), ocorrência (acontecer, suceder) e outros processos.No Grego como em português, o verbo tem número, pessoa, modo, voz e tempo:

1) NÚMERONo grego, tanto os verbos, como substantivos admitem três números: singular, plural e dual (não há nenhuma

ocorrência do dual no Novo Testamento).

2) PESSOAServem de sujeito ao verbo as três pessoas gramaticais:

I aPessoa: àquele(s), àquela(s) que fala.* Singular - Eu ouço.* Plural - Nós ouvimos.2 aPessoa: àquele(s), àquela(s) pra quem se fala;* Singular - Tu respondes* Plural - Vós respondeis.3 aPessoa: àquele(s), àquela(s) de quem se fala;* Singular - Ele, ela responde.* Plural - Eles, elas respondem.

3) MODOO modo indica a maneira em que se realiza uma afirmação verbal. No grego existem os seguintes modos:

a) IndicativoModo em que os verbos exprimem com independência e positivamente o estado ou a ação que significam.

Afirma fatos como se fossem uma realidade.

b) SubjuntivoO subjuntivo é o modo da probabilidade, da incerteza, da dúvida; usa o subjuntivo quem fala com hesitação,

expressando um fato como possível. E também o modo que expressa desejo, expectativa.

c) ImperativoO fato é anunciado como uma ordem, não é um simples pedido, mas uma proibição. Também pode expressar

exortação ou conselho. Ex: “ide por todo o mundo...” .

d) OptativoO modo optativo pode expressar um desejo (que poderia se cumprir), ou uma mera possibilidade. A probabi-

lidade de que o desejo ou a possibilidade se tome realidade parece ser mais remota do que no modo subjuntivo.

CURSO DE TEOLOGIA112

MÓDUL0111 LINGUA GREGA II

e) InfinitivoPodemos considerar o infinitivo como um substantivo verbal, um modo verbal que, em português exprime

ação, sem determinar número ou pessoa. Nem sempre o infinitivo grego deverá ser traduzido como no português.

f ) ParticípioO particípio tem uma função de adjetivo-verbal, isto é, qualidade.

4) VOZA voz expressa a relação entre o sujeito e a ação. No grego existem três vozes:

a) AtivaÉ àquela que o agente sujeito, pratica à ação verbal. Ex: “e Paulo orou..” (Paulo praticou a ação da oração).

b) MédiaA voz média no grego corresponde a voz reflexiva em português. E àquela que indica que o agente sujeito,

realiza uma ação verbal em benefício próprio. Ex: “eu comprei um campo para mim”.

c) PassivaIndica que o agente, sujeito sofre a ação verbal. Ex: “o templo foi derrubado por Sansão”.

5) TEMPOQuando se fala em tempo verbal grego é importante prestar especial atenção às diferenças que existem entre

o tempo verbal no grego e no português: Em português o tempo verbal explicita o “quando” (presente, passado ou futuro) acontece à ação. Em grego diferentemente o tempo indicará a “qualidade” (Aktionsart1) da ação. Isso indica que o tempo verbal no grego indica por exemplo: se uma ação esta em andamento, em progresso, se de- senvolvendo ou se já foi concluída, acabada; também pode transmitir a idéia de um estado que é conseqüência de alguma ação acabada anteriormente.

O tempo verbal no grego se desenvolve pela maneira que o autor enxerga a ação.

a) PresenteO tempo grego chamado presente denota uma ação continua ou num estado incompleto. A ação é descrita

como em progresso, em andamento.Exemplo: Eu vivo.

b) FuturoO futuro indica algo que acontecerá.Exemplo: Jesus voltará.

c) ImperfeitoO imperfeito indica, expressa uma ação que foi contínua por algum tempo no passado, mas que já cessou. Exemplo: Jesus proclamava o Reino dos céus.

d) Ao ris toO aoristo indica a ação de uma maneira simples, indefinida, sem especificar a sua duração. Faz referencia ao

fato puro em si.Exemplo: Eu canto.

1. Em algumas gramáticas ao invés de qualidade da ação, aparece o termo "Aktionsart" palavra alemã que se refere a espécie da ação.

113CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LINGUA GREGA II

e) PerfeitoO perfeito é o tempo que indica o processo de uma ação e, ao mesmo tempo, a existência real dos seus resul-

tados. Em geral, expressa o estado atual como resultado de uma ação acabada no passado.Exemplo: O amor de Deus foi derramado em nossos corações (e continua ali) (Rm 5;5).

f ) Mais que perfeitoO mais que perfeito refere-se a uma ação acabada no passado que produziu certos resultados que continuaram

a existir por algum tempo até que cessaram. Em certo sentido, é um perfeito trasladado ao passado.Exemplo: Pedro ficou esperando do lado de fo ra (Ele ficou lá durante certo tempo, até que esse tempo findou)

(Jo 18; 16).

1.1 ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO VERBOUma forma verbal pode perfeitamente apresentar os seguintes elementos estruturais, isto é, o que compõe o verbo:

a) Radical: “parte invariável de uma pa la vra ”(die. Aurélio).

É o elemento básico de uma palavra, que expressa o significado essencial do verbo. O radical é a parte do verbo que permanece inalterável durante a fiexão. Para se intensificar um radical de uma forma verbal, é preciso tirar a vogal temática e sua terminação.

Ex: Vender radical: vend-λ ο γ ο ς - radical: λ ο γ palavra).β ά λ λ ω - radical: β α λ λ - (eu jogo).γ ιυ ω σ κ ω - radical: γ ινο σ (conheço)

b) Vogal temáticaÉ a vogal que caracteriza a conjugação, isto é, uma vogal que fica apresentada entre o radical e sua terminação

final, a vogal temática serve de ligação entre o radical e a terminação.

Ex: vender vogal temática -eλ ο γ ο ς - vogal temática -oβ ά λλεις- vogal temática -ε

c) TerminaçãoO próprio nome já responde sua finalidade, é a partir do verbo que se presta à flexão, indica a pessoa grama-

tical, isto é, numero e voz, ambos já foram estudados. Com o estudo dos três pontos de estudo da estrutura do verbo, fica muito fácil de encontrar:

A - Radical;B - Vogal temática;C - Terminação.

CURSO DE TEOLOGIA114

MÓDUL0111 LINGUA GREGA II

1.2 DEFINIÇÕES GERAISPara encontrar um verbo grego nos dicionários e léxicos do NT, devemos procurar diferente do português.

Em grego os verbos terminados em ”CO” (que são a maioria), estará sempre no modo indicativo ativo, isto é, no modo indicativo e na voz ativa. Se o aluno for procurar um verbo flexionado, exemplo: λεγω μευ (nós estamos dizendo), o aluno não irá achar, porque neste caso 0 verbo já se encontra flexionado, porém, o aluno deverá pro- curar o verbo ainda não flexionado, neste caso à forma não flexionado de λεγόμεν é λ εγ ώ , observe que o verbo termina com a letra ômega, pois este é o modo indicativo ativo.

Grego Tradução Texto

άγαλλιάω. estar cheio de alegria LC 10. 21άγαττάώ amar, gostar JO 3. 16άγνοεω. ignorar RM 2. 4αγοράζω. comprar :: MT 13. 44άγρέθω. apanhar MC 12.13άγω. guiar, trazer MT 21. 6βασανίζω. torturar MT 8. 6βεβαιόω. confirmar I Í t l . 6βαστάζω. JOIO. 31βλέπω. ver, olhar JO 9. 7γαμέω. ;.casar MT 5. 22γινώσκω. saber, conhecer MT 13. 11δαπανάω. desperdiçar LC 15. 14δέρω. bater MT 12. 13διακρίνω. diferenciar ÀT 11. 12διαστάσσω. ordenar MT 11. 1

115CURSO DE TEOLOGIA

MÓDULO ti I LINGUA GREGA II

1.3 PRESENTE DO INDICATIVOO verbo no presente do Indicativo, e na voz ativa, é o verbo que tem a ação contínua, isto é, num estado que

não está completo.Ex: O verbo grego “α γ ω ” eu guio, está no presente do indicativo e na voz ativa, Quer dizer que eu guio

continuamente, diariamente, etc! Vamos conhecer a tabela de flexão do presente do indicativo ativo.

TABELA PIA Presente do indicativo ativo (forma final).PESSOA SINGULAR PLURAL1: — cd (eu). - Ο μ ε ν (nós).2: ~ βις (tu). ״ Έτε (vós).3: ־£1 ־ fe/e, e ta j. - Ο υ σ ι (eles, elas).

Flexionando os verbos gregos no Presente do indicativo ativo

Tabela de flexão no presente do indicativo e na voz ativa. Verbo σχίζω. Eu rasgo

VERBO PESSOA NUMERO TRADUÇAO

σχίζω I : Singular Eu estou rasgandoσχίζεις 2: = tu estás rasgandoσχίζει 3: — ele, ela está rasgandoσχίζομεν I : Plural nós estamos rasgandoσχίζετε 2: — vós estás rasgandoσχίζουσι ν 3: — eles, elas estão rasgando

Flexionando os verbos presente do indicativo na voz média e passiva

Até aqui estudamos os casos na voz ativa, passaremos a estudar agora as vozes média e passiva. Lembrando que o modo do verbo permanece o mesmo, a alteração acontece apenas na voz. A forma final das vozes média e passiva são iguais, neste caso as diferenças só podem ser localizadas de acordo com o contexto.

CURSO DE TEOLOGIA116

MÓDUL011 i LINGUA GREGA II

Tabela PIMP presente do indicativo voz média e passiva forma finalPESSOA1;2;3;

SINGULAR --ομαί eu -η tu — εταί ele, ela

PLURAL —0|1εθ(χ nos

״ εσθε VÓS

-o vta i eles, elas

Tabela de flexão no presente do indicativo e na voz média e passiva verbo θελω

VERBO PESSOA NUMERO TRADUÇAÔ

θελομαι 1: Singular eu sou desejadoθελη 2: = tu és desejadoθελεται 3; = ele, ela é desejadoθελομεθα 1: Plural nós somos desejadosθελεσθε 2: = vós sois desejadoθελουται 3: eles* elas são desejados

1.4 FUTURO DO INDICATIVOO verbo no futuro do indicativo é um verbo que indica o que vai acontecer, o próprio termo já nos diz; futuro.

Como no presente do indicativo, vamos começar com a voz ativa, depois, média e passiva.

TABELA NO FUTURO DO INDICATIVO VOZ ATIVA FORMA FINALFtessoa1:2:3:

Sngular-~σω eu —σεις tu —σει ele, ela

Rural—σομεν nós —σετε vós —σουσι eles, elas

Flexionando os verbos no futuro do indicativo nas vozes média e passiva

Vamos passar a estudar agora, em continuação o futuro do indicativo nas vozes média e passiva. Não deve- mos nos esquecer da regra do σ que ficará sempre, entre o radical e a vogal temática, servindo para todas as vozes no futuro do indicativo.

117CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LINGUA GREGA II

Tabela de flexão no futuro do indicativo voz média e pass. Verbo βλέπω. Eu vejoVERBO PESSOA NUMERO TRADUÇAO

βλεψομαι 1: Singular eu verei para mimβλέψη ·ל׳ - tu ver;as paea siβλεψεται 3: — ele. ela verá para siβλεψομετα 1: Plural nos veremos para nosβλεψεσθε 2: = vós vereis para vósβλεψονθαι 3: = eles, elas verào para sí

Obs: O aluno deve estar se perguntando, no futuro do indicativo na voz média e passiva não é ο σ que vem depois do radical? Sim é ο σ que vem depois do radical, acontece que aqui, tem algumas exceções, no futuro do indicativo, os radicais que terminarem em consoantes labiais e guturais sofrem as seguintes alterações:

k , γ, χ , + σ = ξ π, β, φ, + σ = Ψ

Como ο verbo βλεπ- termina com uma consoante labial, aí tem a mudança.

Tabela de flexão no futuro do indicativo voz média e pass. Verbo λυω. Eu soltoVERBO PESSOA NUMERO TRADUÇAO

Λυσομαι 1: Singular eu soltareiλυση 2: — tu soltarás para tiλυσεται 3: — ele, ela soltará para síλοσομετα 1: Plural nós soltaremos para nósλυσεσθε 2: = vós soltarei para vósλυσουται 3: = eles, elas soltarão para si

CURSO DE TEOLOGIA118■

MÓDULO 111 LÍNGUA GREGA II

1.5 OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE O SUBJUNTIVOPara formação do modo subjuntivo é utilizado as mesmas terminações primarias do modo presente do indica-

tivo. Uma diferença básica entre o modo indicativo e subjuntivo é vista no alongamento da vogal temática (que estudamos anteriormente), conforme o exemplo abaixo:

o —ω ε — η

Então no modo subjuntivo a letra O (omicrom), será alongado pelo ω (ômega), e ο ε (épsilon), será alongado pelo η (êta).

Flexionando os verbos no presente do subjuntivo ativo

Tabela de flexâo no pres. Do subjuntivo na voz ativa, verbo ΣχίζωVERBO PESSOA NUMERO TRADUÇÃO

σχίζω Ia SINGULAR Que eu rasgueοχιζης 2a = Tu que rasgueσχιζη 3a Que ele(a) rasgueσχιζωμεν Ia PLURAL Que nós rasguemosσχιζητε 2a Que vós rasgueisσχιζωσι 3a Que eles(as) rasguem

Flexionando os verbos no pres. do subjuntivo vozes média e passiva

Tabela de flexão no pres. Do subjuntivo na voz média e passiva, verbo σχίζωVERBO PESSOA NUMERO ..............TRADUÇÃO..................

Σχιζωμαι 1: Singular que eu rasgue para mimσχιζη 2: = tu que rasgue para siσχιζηται 3: = que ele, ela raspem para siσχιζωμεθα 1: Plural que nós rasgaremos para nósσχιζησθε 2: = que vós rasgueis para vósσχίζονται 3: que eles, elas rasguem para si

!19CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LÍNGUA GREGA li

1.6 IMPERATIVOO imperativo é o modo da vontade, sendo por conseguinte o modo que expressa o mandato, a exortação ou

a súplica. Em função de ser uma vontade apelando à outra, dirige-se sempre a uma segunda ou terceira pessoa, tanto no singular como no plural, nunca na primeira pessoa.

Tabela de flexão no pres. Do im perativo voz ativa, verbo χω ρ ίζω . apartoVERBO PESSOA NUM ERO T R A D U Ç A O ..........

Χ ώ ριζε 2: Singular separe, aparte-seχ ω ρ ιζετω 3: separe, (ele, ela)

χω ρ ίζε τε 2: plural separai (vós)χ ω ρ ιζ ε τω σ α ν 3: = separai (eles, elas).

Tabela de flexão do Imperativo médio e passivo.

Tabela de flexão 1x0 pres. Do im perativo na voz média epassiva, verbo AutoVERBO PESSOA N UM ERO

I a S IN G U L A R

λ υ ο υ 2a =

λυεσθοο 3aI a P L U R A L

λ υ εσ θ ε 2aλ υ ε σ θ ω σ α ν 3a

CURSO DE TEOLOGIA120

MÓDULO 111 LÍNGUA GREGA II

1.7 MODO PARTICIPIOAo Pé da letra o modo particípio, é um adjetivo verbal, é quando uma das formas do verbo, que pode consti-

tuir um processo verbal ou ter função de um adjetivo, pois tem e participa ao mesmo tempo da natureza verbal, veja abaixo um gráfico sobre o modo particípio.

Tabela deflexão do particípio presente ativo, médio e passivo.

Particípio presente ativo Particípio presente ativoS I N G U L A R Ρ L U R A L

Masculino feminino Neutro Masculino feminino neutroN V λύων λύουσα λύον λύοντες λύουσα1 λύονζαGen λύοντος λύουσης λυοντος λύοντων λύουσων λύοντωνDat λύοντι λυουση λυοντι λύονσι v λύουσαις λύουσι ν

acu λύοντα λύουσαν λύον λύοντας λύουσας λύοντα

Particípio presente médio/passivo Particípio presente médio/passivo

S I N G U L A R Ρ L U R A L

masculino feminino Neutro Masculino feminino Neutro

Ν V λύομενος λυόμενη λύομενον λύομενοι λύομεναι λύομενα

Gen λύομευον λυόμενης λύομενως λύομενως λύομενων λύομενων

Dat λύομενοω λυόμενη λύομενω λύομενοις λύομεναις λύομενοις

acu λύομενου λυομένην λύομενον λύομενους λύομενας λύομενα

1.8 MODO OPTATIVOO modo optativo, era de uso comum no grego antigo, mas, com o passar do tempo, começou a ser substitu-

ído mais e mais pelo subjuntivo, com quem tem algumas características comuns. Como consequencia disso, na época do grego koiné, o optativo quase não era usado mais. Por isso, no NT o seu uso é muito raro, ocorrendo apenas 67 vezes.

Usado numa oração principal, o optativo expressa (1) um desejo que poderia se cumprir, ou (2) uma mera possibilidade. Neste sentido é semelhante ao subjuntivo, só que no optativo a probabilidade de que o desejo ou a possibilidade se tome realidade parece ser mais remota, mais distante da realidade.

121CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LINGUA GREGA II

PRESENTE DO OPTATIVO DE λυω

N° Pess VOZ ATIVA VOZ MÉDIA Ε PASSIVA

Ia λιοιμι λυοι μηνS 2a λυοις λυοιο

Òλυοι λυοι το

P1a2a λυοιμεν λυοιμεθα3a λυοιτε λυοισθε

λυοιευ λυοιντο

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Qual a diferença do Tempo verbal grego para o tempo verbal em português?2) Quais os elementos que compõem o verbo grego?3) Qual é a terminação do verbo na primeira pessoa, presente do indicativo ativo masculino?4) Qual é a terminação do verbo na terceira pessoa do presente, imperativo, médio, masculino?

CURSO DE TEOLOGIA111

MÓDUL0111 LINGUA GREGA 11

INTRODUÇÃO AOS SUBSTANTIVOS>De acordo com os expositores da língua portuguesa, substantivo é a palavra que serve para nomear pessoas,

animais, lugares ou coisas. Indo um pouco a fundo, é algo que determina existência, exemplo:

a) Animada: Deus, anjos, homem, etc!b) Inanimada: pau, ferro, mesa, etc!c) Real: casa, homem, etc!d) Imaginária: assombração, fantasma.e) Concreto: ferro, pedra.f) Abstrato: pureza, bondade.

2.1 SEGUNDA DECLINAÇÃODECLINAÇÃO: é a mudança que ocorre na forma dos substantivos (incluindo pronomes, adjetivos e verbos

no particípio), com o propósito de indicar sua relação com o restante da sentença. Há 3 declinações em grego. A primeira, com a predominância do “a ” - e por isso chamada de declinação “a ”, a segunda em “o”; e a terceira com predominância de consoantes. Porém, aprenderemos em primeiro lugar a Segunda Declinação por razão de conveniência, por ser mais fácil.

Os substantivos, no grego, têm gênero, número e caso. Vejamos:

GÊNERO: existem 3 gêneros: masculino, feminino e neutro. Os gêneros devem ser decorados juntamente com a palavra. Quase todos os substantivos da Segunda Declinação terminados em “ó ç ” são masculinos; e em “ov” são neutros. O gênero é indicado no vocabulário (e também nos dicionários), pelo artigo posto em frente à palavra. O artigo masculino é “o”, o feminino “η” e 0 neutro é “τ ο '” .

Exemplos: δούλο?, 6 (masculino); γρα φ ή , ή (feminino); δώ ρου, τό (neutro).

OBSERVAÇÃO: em grego não há artigo indefinido, nem no singular, nem no plural. Assim, αδελφός· pode significar “irmão” ou “um irmão” . No entanto, existe o artigo definido, e quando este aparece à tradução no Por- tuguês também deve contar o artigo definido. Assim, ά νθρ ω π ο ι significa “homens” ou “uns homens”, mas não pode ser traduzido por “os homens”.

NUMERO: como no Português, existem 2 números (singular ou plural). Verbos concordam com o sujeito em número. Vejamos:

δούλος λυει = um servo/escravo está soltando/destruindo.δούλοι λυουσι = uns servos/escravos estão soltando/destruindo.

CASO: é a função que um substantivo (declinado) exerce na sentença. Caso é uma questão de função; decli- nação é uma questão de forma. Existem 5 casos: Nominativo, Genitivo, Dativo, Acusativo e Vocativo. Como exemplo, vejamos a declinação de ά νθ ρ ω π ο ς (homem).

!23CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LINGUA GREGA II

Singular PluralNominativo άνθρωπο? Um homem άνθρωποι Uns homens

Genitivo ανθρώπου De um homem ανθρωπων De uns homens

Dativo ανθρωπω Para; a um homem άνθρωποι? Para; a uns homens

Acusativo ανθρωπονον Um homens ανθρώπου? Uns homensVocativo άνθρωπε πε 0 , homem! άνθρωποι O, homens!

OBSERVAÇÃO: O Tema (radical) é a parte constante, ao qual as terminações são adicionadas. O Tema de άνθρωπο? é “άνθρωπο”, daí ser chamada declinação “o” ; mas devemos decorar como “ανθρωπ” e - o?, —ou, —ω, — ov, etc., como sendo as terminações. Observe, entretanto, que o “o” é a vogal predominante na última sílaba. Vejamos, então, as funções:

a) Nominativo: O sujeito de uma sentença aparece sempre no Nominativo. Assim, α π ο σ το λ ο ς γ ινω σκει sig- nifica “um apóstolo conhece (está conhecendo)” .

b) Genitivo: Expressa possessão, bem como origem ou derivação. O Genitivo tem outros usos, os quais deverão ser aprendidos por observação; mas por enquanto, iremos ficar com estes dois usos principais. Ex: δούλος α ποσ τολου γραφ εί - “um servo de um apóstolo escreve/está escrevendo”, λογο ι αποστολοον - “umas palavras de uns apóstolos” .

c) Dativo: E o caso do objeto indireto, ou seja, a quem a ação do sujeito se refere. Ex: ά νθ ρ ω π ο ς γράφ ει αδελφ ω - “um homem está escrevendo/escreve para um irmão” . O Dativo (como o Genitivo), também tem outras funções que deverão ser aprendidas posteriormente.

d) Acusativo: E o caso do objeto direto, ou seja, sobre quem a ação do sujeito. Ex: αδελφός γράφ ει λογους α ν θ ρ ω π ω - “um irmão está escrevendo umas palavras para um homem”.

e) Vocativo: E o caso de invocação ou exclamação, άνθρω πε - “ó, homem!” ou “homem!” . O Vocativo plural em todas as declinações é semelhante ao Nominativo plural.

Declinação substantivo masculino:

SINGULAR PLURALN ......................... υ ιός ................... υιοιG ......................... uiou ................. υ ιω νD ......................... υ ιω ................. υ ιο ιςA ......................... υιον .................... υ ιούςV ........................ υιε ..................... υιοι

CURSO DE TEOLOGIA1Μ

MÓDULO וו I LINGUA GREGA fl

Declinação substantivo neutro:

SINGULAR PLURALN .V .......... δ ώ ρ ο υ ............................................ δω ραG ................. δ ώ ρ ο υ ..........................................δω ρω υD ................. δ ω ρ ω ........................................... δω ρο ιςA ................. δ ώ ρ ο υ ........................................... δω ρα

OBSERVAÇÃO: δώ ρου, το é um substantivo neutro. Os vocativos de substantivos neutros em todas as de- clinações são idênticos aos nominativos (singular e plural). O nominativo, acusativo e vocativo plural terminam com “a ” breve.

2.2 ORDEM DAS PALAVRAS1) A maneira normal de construir uma sentença é: sujeito, verbo e objeto. Ex: “O homem fala palavras” . Já no

grego a ordem das frases é determinada pela ênfase que se quer dar à sentença. Ex: ά νθ ρ ω π ο ς λεγει λ ο γο υ ς - seria a ordem correta; no entanto, λεγει αυθρωττος λ ο γ ο υ ςou ou λο γο υ ς αυθρω ττος λεγει são corretamente possíveis.

Assim sendo, a tradução para o Português deve ser feita observando as terminaçõe e não a ordem das pa- lavras. Primeiramente procura-se o sujeito, um substantivo no Nominativo (ou um pronome determinado pelo verbo), depois o verbo e, finalmente, os objetos direto e indireto - esta é a ordem de construção no Português.

Ex:

βλεπετε νομούς־ Και οίκου?Verbo Objeto direto Conjunção Objeto indireto

Tradução: Vós vedes leis e casas/estais vendo umas leis e umas casas.

2) O “v” móvel. Quando a terminação “ουσι” vem antes de uma vogal ou no final de uma sentença, ο “υ” é acrescentado. Ex: βλεττουσιυ αττοστολους. Obs: às vezes pode também aparecer antes de uma palavra que começa com consoante.

3) Identificação ou análise de substantivos: Deve-se identificar o caso, gênero, número, raiz e significado. Obs: a raiz de um substantivo é o nominativo singular do mesmo. Vejamos um exemplo de como identificação ou análise.

Palavra Caso gênero Número Raiz Significado

oo Acusativo Masculino Singular λ ο γο ς Uma palavraυ ιος Nominativo Masculino Singular υ ιος Filho

δω ρ ο ις Dativo Neutro Plural δώ ρου Para uns donsδούλος Genitivo Masculino Singular δούλος De um servo

125CURSO DE TEOLOGIA

MÓDULO וו I LINGUA GREGA If

2.3 PRIMEIRA DECLINAÇÃOTodos os substantivos da primeira declinação que terminam em “a ” ou “η” são femininos.Os substantivos que terminam em “a s ” e “η ?” são masculinos (serão vistos posteriormente).As terminações no plural de todos os substantivos da primeira declinação são iguais. Exemplo - Vejamos a

declinação de copa, ή (hora):

Singular Plural

N.V. copa Uma hora N.V. copai Umas horas

G. copaç De uma hora G. copcov De umas horas

D. copaPara/a uma

horaD. copais

Para/a umas horas

A. copav Uma hora A. copaç Umas horas

O radical de copa é capa, por isto a primeira declinação é chamada de declinação “a ”, mas já que o “a ” combina com as diversas terminações é melhor pensar no radical como “cop” e a , a s , a , av, como sendo as terminações.

Quando um substantivo da primeira declinação termina “a ”, precedido de “ρ, ε e 1” o “a ” é mantido nas terminações do singular.

Quando o “a ” do Nominativo singular é longo (pode ser observado pelo acento agudo na penúltima sílaba), ele é longo em todos os casos com exceção do Nominativo Plural.

O Genitivo Plural mostra uma exceção à regra de acentuação. Todos os Genitivos Plurais da primeira decli- nação têm um acento circunflexo na última, independente da acentuação no Nominativo singular. Note que o Genitivo Singular e o Acusativo Plural são idênticos.

Mais um exemplo - Vejamos a declinação de λη θεια, rj (verdade):

Singular PluralN.V. ληθεια uma verdade N.V ληθειαι umas verdades

G. ληθε!α5 de uma verdade G. ληθειον de umas verdadesD. ληθεια para/a uma verdade D. λ η θ ε ια ^ para/a umas verdadesA. ληθειαυ uma verdade A. ληθεια$ umas verdades

OBS: Todas as regras acima se aplicam a esta declinação com a seguinte exceção: o Nominativo singular termina com “a ” curto (o acento cai na penúltima sílaba), assim, além do Nominativo Plural o Acusativo singular é curto também.

Outro exemplo - Vejamos a declinação de δόξα, η (glória):

Singular PluralN.V. δοξα uma glória N.V δοξαι umas glórias

G. ô c ^ s de uma glória G. δοξω υ de umas glóriaD. δοξη para/a uma glória D. δοξα!5 para/a umas glóriaA. δόξαν uma glória A. δοξα5 umas glória

CURSO DE TEOLOGIA126

MÓDULO 111 LINGUA GREGA II

Q uando o N om inativo S ingu lar term ina em “ a ” não precedido de “ p, e, 1” , usa-se ο “η ” no G enitivo e D ativo Singular.

Exemplo - Vejamos a declinação de γραφ ή , ή (escrito, escritura):

Singular PluralN.V. γραφ ή Um escrito N.V γρ α φ α ι Uns escritos

G. γρ α φ ή ς De um escrito G. γρ α φ ο ν De uns escritos

D. γραφ ή Para/a um escrito D. γ ρ α φ α ις Para/a uns escritosA. γραφ ήν Um escrito A. γ ρ α φ α ς Uns escritos

Quando o Nominativo Singular termina em “η” este é mantido nas terminações do singular.Na primeira declinação, como na segunda, quando a última sílaba é acentuada, leva acento circunftexo no

Genitivo e Dativo de ambos os números, e o restante leva o acento agudo.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1 ) 0 que são as declinações?2) O que são os casos da Lingua Grega? Quais são eles?

!27CURSO DE TEOLOGIA

MÓDULO 111ÜNGUA GREGA II

INTRODUÇÃO AOS ADJETIVOSג

De acordo com os manuais de gramática na língua portuguesa, 0 adjetivo é uma palavra variável que modi- fica, indica a qualidade do substantivo, logo traz uma atribuição de características aos seres nomeados por eles. Vejamos a frase abaixo;

“ 0 αυθρω ος ó α μ α ρ τω λ ό ς” (o homem pecador), observe que o adjetivo (α μ α ρ τω λ ό ς , pecador), qualifica o substantivo grego (ά νθρω πό , homem). No grego do NT, encontramos três variações para que o adjetivo seja flexionado, o adjetivo vem concordando com o substantivo em gênero, caso e número.

3.1 DECLINAÇÃO DOS ADJETIVOSUsaremos como exemplo o adjetivo γαθός- (bom):

Singular PluralCaso Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino NeutroN.V. ya0 ó ç γαθη γαθου γαθο ι γα θα ι γα θ α

G. γαθου γα θη? γαθου γα θ ω υ γα θ ω υ γα θ ω υD. γ α θ ω γαθη γ α θ η ω γ α θ ο ις γ α θ α ι? γα θ ο ι?A. γαθου γαθηυ γαθου γαθου? γα θ α ? γα θ α

OBSERVAÇÃO: o masculino e neutro são idênticos às terminações da Segunda Declinação. O feminino segue as mesmas regras da Primeira Declinação. Como a terminação não é precedida de “p, e, 1” um “a ” longo é usado. Este é o caso de μικρός־, á , όυ.

3.2 DECLINAÇÃO DO ARTIGO DEFINIDO

Singular PluralCaso Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino NeutroN.V. f

oזη

/

το οιΓ

αι τ α ’G. του τη S' του τώ υ τώ υ τώ υD. τ ω τη Τ ώ το7? τα7? τοΤ?A. του τηυ τό ’ Του? τα ? τ α ’

OBSERVAÇÃO: as formas “ó, ή, τό ” são proclíticas, isto é, têm acentos próprios e são pronunciadas com a palavra seguinte. O artigo é declinado como o adjetivo γ α θ ό ς com as seguintes exceções: 1) as proclíticas men- cionadas acima; 2) O Nominativo e Acusativo Neutro singular têm “τό ” ao invés de “του”; e, 3) O Nominativo Masculino é “ó” ao invés de “ó ç” .

CURSO DE TEOLOGIA128

MÓDUL0111 LINGUA GREGA II

CONCORDÂNCIA: Os adjetivos, incluindo os artigos, concordam com os substantivos que eles modificam, em gênero, número e caso. Vejamos alguns exemplos:

• ó λ ό γ ο ς , του λογδυ , τ ώ λ ο γ ώ , β λεπ ώ το 'ν λογου, οι λ ο γο ι, τω ν λ ό γ ω ν , β λ έπ ω το υ ς λο γο υ ς .• τό δω ρον, του δώ ρου, η ω ρ α , β λ έπ ω την ω ρσ ν , αι ω ρσ ι.• óôos־, τη? οδου, τη οδω, βλέπω την οδον, αι οδοι, Tais oôoiç, βλέπω τας oôouç.• καλός λόγος, καλού λογδυ, καλη ωρα, καλη ό δ ό ζ , καλόν ιερόν.

3.3 USO DOS ADJETIVOSOs adjetivos podem ser usados de 3 maneiras: Atributivo, Predicativo e Substantivado. Esta distinção é àbase

de algumas características mais importantes na língua grega.

a) Adjetivo Atributivo: o adjetivo atributivo qualifica o substantivo (dá-lhe um atributo). Neste caso, o artigo sempre precede o adjetivo. Ex:

ο γ α θ ο ς λ ο γ ο ς = a boa palavra estas duas são as formasó λ ο γ ο ς ο γ α θ ό ς = a boa palavra mais comuns do NT.λ ό γ ο ς ó γ α θ ό ς = a boa palavra

b) Adjetivo Predicativo: este destaca a qualidade do substantivo. O artigo não procede o adjetivo. Ex:

ó δούλος π ισ τ ό ς = o servo é fiel π ισ τό ς ó λ ό γ ο ς = a palavra é fiel.

OBSERVAÇÃO: quando não há artigo numa frase, 0 uso do adjetivo, atributivo oupredicativo, é determinado pelo contexto. Assim γ α θ ό ς λ ό γ ο ς ou λ ό γ ο ς γ α θ ό ς pode ser traduzido “uma

boa palavra” ou “uma palavra boa” .

c) Adjetivo Substantivo: um adjetivo pode ser usado como um substantivo, principalmente com o artigo, quando não há nenhum substantivo modificado por ele. Vejamos:

ó γ α θ ό ς = o homem bom ot α γαθο ί = os homens bonsη α γ α ω η = a boa mulher αι α γα θ α ι = as boas mulheresτό α γα θ ό ν = a boa coisa τα α γα θ α = as boas coisas

OBSERVAÇÃO: algumas vezes, no português, os adjetivos, especialmente os masculinos, têm esse mesmo uso como substantivos: ó νεκρός = o morto (homem); οι νεκροί = os mortos; ó γ α θ ό ς = o bom (homem); oi α γα θο ί = os bons.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Para que servem os adjetivos?2) Para que serve o artigo definido?3) Quais as três maneiras que o adjetivo pode ser usado?

I f fCURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LINGUA GREGA II

INTRODUÇÃO AOS PRONOMESנ

O pronome é uma palavra que substitui o substantivo ou o que 0 acompanha, isto serve para evitar as repeti- ções desnecessárias. Este nome que o pronome substitui, é chamado de antecedente, quando o nome é substituído pelo pronome, este concorda em;

a) Gênero - Existem no grego três, masculino, feminino e neutro.b) Número - Singular e plural.

Estudo dos pronomes pessoais

ε γ ω ..............................pronome, eu 81 μ t ......................eu souσ υ .................................. pronome, tu δ ε .conjunção, mas, eα υ τό ς , η, ó ............... pronome, ele

OBSERVAÇÃO: a conjunção “δε” é “pós-positiva” , isto é, ela nunca vem em primeiro lugar numa sentença; geralmente aparece em segundo. Ex: ό δούλος γινω σκει του α ποσ τολον , βλεπει το ν κύριον (Ο servo conhe- ce ο apóstolo, e o apóstolo vê o Senhor).

4.1 ENCLÍTICA“Enclítica” é uma palavra que se liga intimamente à palavra que a procede, de modo que é pronunciada junto

com ela, e não tem acento próprio. Enclítica deve ser distinguida de “Proclítica” . Uma palavra enclítica modifica a acentuação da palavra que a procede. Você não precisa saber estas regras, mas lembre-se de que se encontrar al- gum acento incomum ou que não aprendeu, provavelmente ele é resultado da presença de uma palavra enclítica.

Ex: ά νθ ρ ω π ο ς μου; δω ρον σου; ά νθ ρ ω π ο ς εστιν.

4.2 PRONOMES PESSOAISa) A declinação do pronome pessoal da primeira pessoa é:

Singular PluralN.

rε γ ω Eu ημείς Nós

G. εμου, μου De mim, meu ημω ν De nós/ nossoD. εμοι, μοι A/ para mim Ημιν A/ para nósA. εμε, με Me, mim ημας Nos

OBSERVAÇÃO: os Genitivos devem ser traduzidos por “meu, nosso” . As formas εμου, εμοι, εμε, são usadas quando há necessidade de ênfase.

CURSO DE TEOLOGIA130

b) A declinação do pronome pessoal da segunda pessoa, é:

MÓDUL0111 HISTÓRIA DA IGREJA III

Singular PluralN. συ Tu υμείς- VósG. σου De ti, teu, seu υμω ν De vós/ vossoD. σοι A/ para ti Υμιν a/ para vósA. σε te υμάς־ Vos

OBSERVAÇÃO: embora a forma própria seja a segunda pessoa (tu, vós), no Português moderno também podemos usar a terceira pessoa “você, vocês” - porém, para que se não confunda com a terceira pessoa de fato, prefere-se que se faça o uso correto, ou seja, o da segunda pessoa. As formas σου, σοι, σε, são enclíticas, exceto quando são enfáticas. A tradução do Genitivo também pode ser “seu, seus”.

c) declinação do pronome pessoal da terceira pessoa, é:

SINGULARMasculino Feminino Neutro

N. αυτο ί eles α υ τα ι Elas α υ το istoG. αυτου dele seu αυτς- dela sua αυτου distoD. Α υτω a para ele αυτη a para ela α υ τω a para istoA. αυτου lhe, 0 αυτήν lhe, a α υτο isto, 0, a

PLURALMasculino Feminino Neutro

N. α υτο? ele αυτη Ela α υ τα estesG. α υ τώ ν deles seus α υ τώ ν Delas suas α υ τώ ν destesD. auToiç a para eles α υ τα ι? a para elas αυτο ις־ para estesA. αυτου? lhes, os α υ τα ? lhes, as α υ τα estes, os, as

OBSERVAÇÃO: deve-se notar que a declinação de “α υ τό ς” é parecida com “α γ α θ ο ί”, exceto a omissão do Vocativo e a forma “α υ το ” no Nominativo e Acusativo Neutro Singular.

4.3 USO DOS PRONOMESUm pronome é uma palavra usada no lugar de um nome (ou substantivo). Exemplo: “João está na escola, ele

está estudando” . O pronome “ele” está substituindo “João” . O nome João é chamado de antecedente do pronome. Há 3 coisas que consideraremos acerca dos pronomes pessoais:

a) O pronome pessoal concorda com o antecedente em gênero e número, mas não necessariamente em caso. O caso do pronome pessoal é determinado por sua função na sentença.

Ex: β λ έπ ω του μαθητηυ και δ ιδάσκω αυτού - “eu vejo ο discípulo e ο ensino (estou ensinando-lhe)”. Aqui μαθητηυ é o antecedente de αυτού, e já que μαθητηυ está no masc., sig., αυτού também está no masc., sig. Por ambos exercerem a mesma função na sentença (objeto direto), eles estão no Acusativo.

Ex: ó αποστολος■ διδάσκει του δούλου και ο δούλος- βλεπει αυτού - “Ο apóstolo ensina ao servo e o ser- vo o vê” . Αποστολος■ é o antecedente de αυτου, pois concordam em gênero e número (masc./sing., respectiva­

mCURSO DE TEOLOGIA

mente). No entanto, eles não concordam em caso devido à função que exercem; α π ο σ το λ ο ς está no Nominativo (porque é o sujeito da primeira sentença) e αυτού está no Acusativo (porque é o objeto direto).

Ex: βλεπο τον οικον μου και μενω εμ α υ τω - “Eu vejo a minha casa e permaneço nela” . O antecedente οίκον é masc., sing., e o pronome também. Mas οίκον está no Acusativo por ser objeto direto, e α υ τω no Dativo por causa da preposição, que também modifica a tradução.

Ex: ακούει την μου - “Ele está ouvindo minha voz” . O pronome μου é Genitivo masc., sing., e não tem an- tecedente, pois é usado como Genitivo de Possessão.

b) O pronome pessoal não é usado no Nominativo, a não ser que haja ênfase. Quando não são usados, o su- jeito é expresso pela pessoa do verbo. Ênfase normalmente é causada por contraste.

Ex: ε γ ω λ εγ ω , ου δε γ ρ ά φ ε ις - “Eu (e não neutro) falo, mas tu (e não outro) escreves” . Ε γ ω e συ são enfáticos porque estão em contraste um com o outro. Na sentença ε γ ω λ εγω , “eu digo”, a implicação natural é que “outra pessoa não fala”. O uso enfático (duplo) de ε γ ω (que é o pronome do verbo) sugere um contraste implícito.

Α υτός quase nunca é usado no Nominativo, como sendo um pronome pessoal.

* APLICAÇÃO: Jesus fez muito uso do pronome no sentido enfático, quando dizia: “Eu sou (e não outra pessoa)”. Vejamos os seguintes textos como exemplo: Jo 6.35; 8.12; 10.9,11,14; 11.25; 14.6; 15.1.

c) O uso das formas enfáticas e enclíticas.Para expressar possessão a forma enclítica do Genitivo deve ser usada. Ex: “Minha palavra” - ó λ ό γ ο ς μου;

“tua/sua palavra” - ó λ ό γ ο ς σου. Se há uma ênfase na idéia possessiva “minha palavra” (e não de outra pessoa), usa-se um adjetivo possessivo, que será estudado mais tarde.

Depois da preposição usam-se as formas enfáticas. Ex:

εξ εμου e não εκ μου εμ εμοι e não εμ μοι

Porém, ττρός με é comum.

OBSERVAÇÃO: a vogal final de uma preposição normalmente é contraída antes de palavras que começam com vogais, sendo que um apóstrofo a substituiu.

4.4 PRESENTE DO INDICATIVO DE ειμι

MÓDULO 111 LINGUA GREGA II

S IN G U L A R P L U R A L

1. ε ιμ ι Eu sou Εσμευ Nós somos2. Ei Tu és Εστε Vós sois3. εστ'ι(ν) Ele, ela é ε ισ ι(υ ) Eles/elas são

OBSERVAÇÃO: todas as formas são enclíticas exceto ei. O verbo não tem voz, pois mostra um estado e não ação. As formas εστι(ν), εισι(ν) usam “v” móvel. O verbo requer um complemento (no Nominativo) e não um objeto (no Acusativo) para complementar seu significado. O complemento é chamado de Predicado Nominativo.

Ex: ο α π ο σ το λ ο ς ά νθ ρ ω π ο ς εστιν - o apóstolo é um homem.ο α π ο σ το λ ο ς εστιν α γ α θ ό ς - o apóstolo é bom (um homem bom).Como falamos a princípio, a palavra

pessoa, no caso, não refere-se a “ser humano”. A implicação aqui é meramente gramatical, pois refere-se a dife- rentes papéis que pessoas e coisas desempenham na comunicação verbal.

CURSO DE TEOLOGIA132

MÓDULO 111 LINGUA GREGA li

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Em que o pronome pessoal não concorda (alternativa)a) Gênerob) Numeroc) Caso

2) Qual caso nunca se utilizará dos pronomes?

CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LINGUA GREGA If

INTRODUÇÃO AS PREPOSIÇÕESכ נ

Preposição é um a palavra que auxilia o substantivo a expressar 0 seu caso ou sua função na oração. É cham ada de “p re -p o sição ” porque geralm ente é posicionada na frente do substantivo ao qual auxilia expressar a sua função.

r ~ ^ ו \ ו ר _ / ·ץ׳ r v ׳ ~ י E x : ... εκ τη ? σ υ ν α γ ω γ ή ? εςελθοντε? ηλθον ε!? την ο ικίαν Σ ιμονο? και Ανορεου (Mc 1:29).Saindo da sinagoga foram para casa a casa de Simão e André.

ז יAs preposições εκ e ει? indicam respectivamente, que eles saíram de dentro da sinagoga para dentro da casa.Segue abaixo um quadro com todas as preposições gregas e seus respectivos casos:

Mesmo que uma preposição sirva para esclarecer o caso, não é ela quem governa o caso. Muito pelo contrá- rio: na língua grega, é o caso que determina o significado de uma preposição. Isto significa que uma preposição pode ter um determinado significado quando usada com um certo caso, e significados diferentes quando usada com outros casos. O significado de uma preposição depende então do caso com o qual ela é usada.

Para expressar a relação de um substantivo com os verbos ou outras partes da oração, uma preposição pode indicar localização, direção ou relação. É possível ilustrar o significado básico das preposições gregas da seguin- te maneira:

m

MÓDUL0111 LÍNGUA GREGA I!

1) Preposições com um só caso

a) Genitivoa v a . Em vez de (oposto) εκ, e i s . De, de dentro de από. De, da parte de. προ. Ante, antes de, em nome de ά ντι. Em vez de

b) Dativoεν. Em, dentro de συν. com

c) Acusativoe is . A, para dentro av a . Para cima

2) Preposições com dois casos

δια. Com genitivo: através de.Com acusativo: Por causa de.

κατα . Com genitivo: contra, debaixo de. Com acusativo: segundo

ύπερ. Com genitivo: sobre, a favor de. Com acusativo: Para além de

μετα. Com genitivo: com.Com acusativo: depois de

3) Preposições com três casos

επι. Com genitivo: sobre (super).Com dativo: por causa de.Com acusativo: Para, contra.

π α ρ α . Com genitivo: de, junto de.Com dativo: junto de.Com acusativo: Para junto de.

wpos. Com genitivo: de, junto de.Com dativo: junto de, além de. Com acusativo: Para, contra.

CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 LINGUA GREGA II

Com genitivo: sob, debaixo de, por. Com dativo: debaixo de.Com acusativo: Para baixo de.

Com genitivo: de.Com dativo: à volta de.Com acusativo: acerca de, à volta de.

υπό.

περι.

136

MÓDUL0111 LINGUA GREGA II

INTRODUÇÃO AS CON JUNÇÕES3 ג

Conjunções são palavras indeclináveis que ligam palavras ou orações. As vezes se confundem com as prepo- sições, mas enquanto as preposições ligam dois vocábulos quaisquer, as conjunções, ao ligarem orações, ligam verbos. Tanto as conjunções como as preposições são palavras conectivas invariáveis. As conjunções, quando parecem ligar termos ou palavras, de fato ligam orações ou proposições elípticas, coordenando-as ou subordi- nando-as. Com a utilização das conjunções podemos compor períodos de ilimitada extensão e assim expressar ideias e pensamentos complexos.

Classificam-se as conjunções em dois grandes grupos ou classes: conjunções coordenativas e conjunções subordinativas.

As conjunções que ligam orações do mesmo nível, da mesma função ou ordem chamam-se coordenativas, havendo delas três espécies, a saber, conjunções coordenativas adversativas, alternativas e conclusivas. As con- junções que ligam uma oração subordinada a uma oração principal denominam-se conjunções subordinativas. Os cinco grupos em que se distribuem as conjunções subordinativas, de conformidade com a idéia que acrescentam à oração subordinada, são: conjunções causais, comparativas, condicionais, finais e temporais. A melhor maneira de aprender este vasto conjunto de palavras é relacioná-las com as conjunções do português, procurando no di- cionário sua tradução em grego, e fixando-as através de exemplos.

13fCURSO DE TEOLOGIA

MÓDULO וו I LINGUA GREGA H

6.1 CONJUNÇÕES COORDENATIVASa) Conjunções adversativas

As conjunções adversativas estabelecem uma relação de oposição entre dois termos ou orações.

• αλλά Esta conjunção aparece com certa frequência em todo o NT.• Português: mas, contudo, porém, entretanto.α λ λ ά pode receber reforço se acompanhado com outros termos, tais como: και, γε . Mas o sentido de α λλα é sempre em estabelecer oposição entre os termos.

• δε :• Português: mas, e, também, ora.Esta conjunção além da oposição, indica também, transição (VER Mc 6; 1), na maioria das vezes δε, é omitido da tradução para 0 português.

• πλήν:• Português: contudo, todavia, entretanto, mesmo assim.ττλην é um termo amplo e é usado, não somente, como conjunção as vezes tem um sentido de advérbio e até preposição. Quando πλήν junta-se com ότι é intensificado o sentido da função “adversativa”, πλήν ό τ ι, passa ser “senão que, exceto que” (At 20; 23).

b) Conjunções alternativas

As conjunções alternativas estabelecem uma relação de alternativa entre dois termos ou duas orações.Esta “alternativa” é tida por motivo que os fatos não podem acontecer ao mesmo tempo.

·η ;• Português: ou, do que, ora.Aparece mais de 330 vezes no NT. As alternativas podem ser em formas de interrogações, mas sempre com

o sentido alternativo (Lc 13; 4).

• καν:• Português: e se, também se, até mesmo.Na verdade καν, é uma junção de duas conjunções as quais são: και + εάν = καν. esta não aparece tanto

como a conjunção acima, mas é citada em alguns lugares (Lc 12; 38), sempre com o sentido alternativo.

c) Conjunções conclusivas

Neste particular as conjunções estabelecem uma relação de conclusão. Alguns eruditos as chamam de ilativas. outros conclusivas.

• ãpa:• Português: então, pois, conseqüente, desta forma.A conclusão da conjunção é para expressar resultados, enfim, é uma conjunção conclusiva, recebe também o

reforço quando acompanhada de γε , ouv.

MÓDULO 111 LINGUA GREGA II

• έτταυ:• Português: quando, tão logo que, pois.Aparece com menos frequência em todo o NT, na maioria das sentenças, ela é usada com o modo subjuntivo,

sempre com o sentido de conclusão.

• 'έως ־• Português: até que, ainda.Esta é usada mais com o modo indicativo, que έ ω ς junta-se com μή fica; enquanto não.

• κα ־ 1'• Português: e, também, mesmo, assim, portanto.É a conjunção mais completa, e aparece com mais freqüência no NT. και, quando junta-se com outras con-

junções recebe variações no emprego na sua tradução.

6.2 CONJUNÇÕES SUBORDINATIVASA subordinação é um tipo de contração em que as orações não estão apenas em seqüência, mas são dependen-

te, isto me refiro a forma sintática delas, ou seja, a oração é completada ou determinada por outra, veja a frase abaixo;

É pouco provável / que as escolas acabemPrimeira oração Segunda oração

Neste exemplo, o processo empregado acima é a subordinação, sendo assim, ligam orações dependentes, subordinam uma oração a outra, veremos elas no NT.

a) Causais (Subordinativas).

Nesta caso, estas conjunções iniciam uma oração que indica circunstância de causa, o motivo do nome desta função.

·y à p :• Português: pois, por que, ora, de fato.Algo interessante y à p , que nunca aparece como primeira palavra em algumas orações, mas sempre com o

sentido subordinado a causa.

• ότι:• Português: por que, visto que, que.Observe o sentido especial que dar o bom entendimento da frase em (MT 5. 3), com o conhecimento da con-

junção ό τ ι, no sentido causai.

• πρίν:• Português: geralmente, mas, antes.π ρ ίν , é usado com o modo subjuntivo, em algumas sentença no infinitivo.

139CURSO DE TEOLOGIA

MÓDULO 111 LINGUA GREGA1I

b) Comparativas (Subordinativas).

Esta indica que, inicia uma oração que é o segundo elemento de uma comparação, ele é interessante. Se observarmos a frase de Paulo que dizia “que o homem age como criança”, observe que a conjunção compara “homem com criança” .

• ώς:• Português: como, quando, qual.Não podemos de maneira nenhuma confundir a conjunção comparativa com os pronomes, ω ς sua principal

evidência é mesmo a comparação que exerce.

c) Condicionais (Subordinativas).

Iniciam uma oração que indica condição ou hipótese, para que o fato principal se realize ou não. Neste caso, estas conjunções são mais usadas do modo subjuntivo e o indicativo.

• ε’ι:• Português: se.Esta conjunção é usado no indicativo e no subjuntivo, com indicativo em referência gerais como é o caso do

texto de (Lc 16; 11, Rm 2; 17), mas, ε’ι , sempre como condicional.

• bòcv:• Português: se.Da mesma forma que ει, a conjunção εαν, tem o sentido condicional. Em algumas sentenças com o sentido

do “presente”. Juntando-se com δε, terá a seguinte tradução “mas se” .

d) Finais (Subordinativas).

As conjunções finais iniciam uma oração que indicam circunstância de finalidade.

·iva:• Português: a fim de que, para que.Ele é usada mais com o modo subjuntivo e as vezes com o modo indicativo. Ma maioria das vezes iva, indica

propósito.

• ό π ω ς :• Português: que, a fim de que.Esta conjunção é usada muito com o subjuntivo, e aparece com certa freqüência no NT.

e) Temporais (Subordinativas).

Estas conjunções iniciam uma oração que indica circunstâncias de tempo.

• ότα ν :• Português: no tempo que, quando, sempre que.

CURSO DE TEOLOGIA

Conjunção usada muito com o subjuntivo e indicativo, veja o sentido temporal de ότα ν , em (MT 24. 15).

• ότε:• Português: enquanto, quando, tanto quanto.Esta conjunção pode Ter o sentido de “geralmente”, e será usada no tempo Aoristo (ver Rm 13; 11).

MÓDULO 1! I UNGUA GREGA li

141CURSO DE TEOLOGIA

I LINGUA GREGA II !ו MÓDULO

REFERENCIASALLAND, Kurt. The Greek New Testament. United Bible; 1984.DANIELLOU, Maria da Eucaristia. Curso de Grego I Gramática. Rio de Janeiro: Biblioteca Científica Brasi- leira Coleção do Estudante III, 1957.DAVIS, Guilermo. Gramatica Elemental del Grego del Nuevo Testamento. (PASO, Bautista). 1979.DEMOSS, M atthew S. Dicionário Gramatical do Grego do Novo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2004 DOBSON. John H. Aprenda o Grego do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1994.FREIRE, Antonio. Gramática Grega. São Paulo: Martins Fontes, 2008.FRIBERE, Barbara. O Novo Testamento Grego Analítico. São Paulo: Vida Nova, 1987.GINGRICH, F. Wilbur. Léxico do Novo Testamento, Grego/Português. São Paulo: Vida Nova, 1984.NOVO Testamento Interlinear Grego/Português. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2004.NOVO Testamento Grego com Introdução em Português e Dicionário Grego-Português. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.PETTER, Hugo. La Nueva Concordancia Grego-Espanhola del Nuevo Testamento (paso hispano), 1982. REGA, Lourenço Stelio; BERGMANN, Johannes. Noções do Grego Bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2004. RIENECKER, Fritz. CLEON, Roger. Chave Lingüística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida Nova, 1998.TAYLOR, Willian. Dicionário do Novo Testamento Grego/Português. Rio de Janeiro, Batista, 1978. WALLACE, Daniel. Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento. São Paulo: Editora Batista Regular, 2009.

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faculdade teológica betesdaMoldando vocacionados

AVALIAÇÃO - MÓDULO XI LINGUA GREGA II

/1) Flexione o verbo γ ιν ω σ κ ω no presente do indicativo ativo.2) Em qual classe gramatical encontra-se o verbo Θ ελετα ι?3) Decline o substantivo κύριο? no masculino e no feminino?4) Qual a diferença entre a primeira e a segunda declinação?5) Decline o adjetivo α μ α ρ τω λ ό ς .6) Cite um exemplo de cada adjetivo: Atributivo, Predicativo e Substantivado.7) Quais são os pronomes pessoais gregos?8) Diferencie palavras enclíticas de proclíticas.9) Para que servem as preposições?10) Encontre no texto abaixo todas as conjunções.

1 Π α ύλος δέσμιος Χ ρίστου Ιησού και Τ ιμόθεος 6 αδελφ ός Φ ιλημονι τ ώ α γα ττη τώ και σ υνεργώ ημώ ν 2 και Α πφ ία τη αδελφή και Λ ρ χ ίπ π ω τ ώ σ υ σ τρ α τ ιώ τη ημώ ν και τη κα τ ο ’ικόν σου εκκλησία 3 χ ά ρ ις ύμ7υ και εΐρηυη ά π ό θεού π α τ ρ ό ς ημώ ν και κυρίου Ιησού Χ ριστού (F ilem on 1: 1-3).

CARO(a) ALUNO(a):

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POLÍTICA

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................................... 149

DEFINIÇÃO DE TERMO.........................................................................................................................150

1. A ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DA POLÍTICA............................................................. 1511.1 A POLÍTICA NA GRÉCIA ANTIGA...............................................................................................................1511.2 A POLÍTICA NO IMPÉRIO ROM ANO.........................................................................................................1521.3 A POLÍTICA NA IDADE M ÉDIA................................................................................................................... 1541.4 A POLÍTICA NA IDADE M ODERNA...........................................................................................................1551.5 OS ESTADOS ABSOLUTOS........................................................................................................................... 1561.6 O CAPITALISMO...................................................................................................................................................1561.7 A POLÍTICA NO MUNDO ATUAL............................................................................................................... 157

2. AS DIFERENTES ACEPÇÕES DO FENOMENO POLÍTICO......................................................1592.1 O DIREITO, O PODER E A COMPLEXIDADE DO FENÔMENO POLÍTICO .................................1602.2 ESTADO DE DIREITO E A JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA............................................................ 161

3. A POLÍTICA E O ESTADO................................................................................................................................. 1633.1 ORIGEM DO ESTADO................................................................................................................................. 1643.2 JUSTIFICAÇÃO DO ESTADO............................................................................................................................166

4. A CONCEPÇÃO DE ESTADO..................................................................................................... 1674.1 O JUSNATURALISMO LOCKEANO............................................................................................................... 1674.2 O QUE É LIBERALISM O?................................................................................................................................. 1674.3 O QUE É SOCIALISM O?................................................................................................................................ 1684.4 AS DIVERSAS FORMAS DE ESTADO SOCIAL NAS CONSTITUIÇÕES............................................169

5. PARTIDOS POLÍTICOS.......................................................................................................... 171

6. A IGREJA E A POLÍTICA......................................................................................................... 1756.1 A POLÍTICA NOS DIAS DE CRISTO....................................................................................................... 1756.2 O PAPEL POLITICO DA IGREJA HOJE................................................................................................... 176

REFERÊNCIAS...................................................................................................................................................................... 177

MODULO 111 POLÍTICA

INTRODUÇÃOג

Falar de política, não é difícil. Mas difícil é dar uma resposta clara e objetiva, pois, a política é muito abran- gente. Na maioria das vezes, acredita-se que tem muito haver com discussão entre as pessoas no intuito de buscar uma solução para “o problema” .

Apesar da importância deste assunto, são poucos os interessados, pois, a maioria da sociedade foge do tema política, achando que isso é dever somente de quem está no poder, mas não sabem que, são eles que acabam fortalecendo ainda mais a chance dos desonestos corromperem-se com facilidade e continuar enganando o povo. Quem não participa da política, será só mais um tendo o trabalho de votar, além disso, estará votando em vão.

O porquê do desinteresse pela política toma-se de fácil compreensão quando levamos em consideração, que vivemos numa sociedade onde uma fração de indivíduos que no seu agir politicamente procura, nada mais, nada menos, beneficiar-se. Mas Política é a arte de governar, é o uso do poder para defender seus direitos de cidadania. A idéia da Política é ter uma forma de organizar a sociedade, em seus diversos âmbitos evitando que chegue a um caos sem ordem ou a uma bagunça tratando da convivência dos diferentes. E isso que a tom a tão complexa e consequentemente, interessante.

A política é a liberdade de se expressar e de ter uma opinião. Sua finalidade é m anter a ordem pública, defesa do território nacional e o bem social da população. Ela é fundamental na vida de todos, pois através da política se constrói a vida da população, não podemos ingenuamente nos abster, cabe a população a discussão e pressão dos governantes.

A política na atualidade encontra-se bastante deteriorada. Precisando urgentemente de uma reforma. Com mais responsabilidade partidária, com mais definições e execuções dos seus representantes.

Política é coisa séria e não apenas para ser lembrada em períodos de eleições, onde somos praticamente obri- gados a votar, senão sofreremos uma sanção. No entanto, todos os indivíduos são passíveis de análise política, pois, tal ciência perde validade se não expressar a preocupação de inserir todos os indivíduos no processo de construção da sociedade.

mCURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 POÜTiCA

DEFINIÇÃO DE TERMOג

O termo política é derivado do grego πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou Cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto Cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana.

O livro de Platão traduzido como “A República” é, no original, intitulado “π ο λ ιτ ε ία “ (Politeía).Mas o conceito de “pólis” é mais abrangente do que o nosso conceito de município. Na Grécia

antiga, entre os séculos VIII e VI a.C, surgiram as “pólis” , que eram, ao mesmo tempo, a cidade e o território agropastoril em seus arredores, que formavam uma unidade administrativa autônoma e independente: uma Cidade-Estado, quase como um país nos dias de hoje. Atenas e Esparta são as cidades-Estado mais famosas da Antiguidade grega.

De qualquer modo, inicialmente, a expressão política referia-se a tudo que é urbano, civil, público. O significado do termo, porém, expandiu-se graças à influência de uma obra do filósofo Aristóteles (384-322 a.C), intitulada Política. Nela, 0 filósofo desenvolveu 0 primeiro tratado sobre a natureza, funções e divisão do Estado - ou seja, o conjunto das instituições que controlam e administram um país - e sobre as várias formas de governo.

Política, então, passou a designar a arte ou ciência do governo, isto é, a reflexão sobre essas questões, seja para descrevê-las com objetividade, seja para estabelecer as normas que devem orientá- las. Durante séculos, o termo passou a ser usado para designar obras dedicadas ao estudo das atividades humanas que de algum modo se refere ao Estado. Entretanto, nos dias de hoje, perdeu seu significado original, que foi gradativamente substituído por outras expressões, como “ciência política”, “filosofia política”, “ciência do Estado”, “teoria do Estado”, etc. Política passou a designar mais as atividades, as práticas relacionadas ao exercício do poder de Estado.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Qual o conceito de Polis na Grécia Antiga?2) Qual o significado do te m o Política?

CURSO DE TEOLOGIA150

MÓDULO 111 POLÍTiCA

A ORIGEM E DESENVOLVI- MENTO DA POLÍTICA

A política surge na Grécia clássica, período da história humana no qual o pensar mítico é fagocitado pelo pensar racional. Vários foram os fatores que deram origem à política. O surgimento da Pólis (Cidade-Estado) foi o elemento norteador para que a política fosse criando suas bases no mundo grego, e assim, nas cidades, nascesse a grande preocupação em como administrar bem a Pólis.

1.1 A POLÍTICA NA GRÉCIA ANTIGAA organização política da Grécia era dada pelas condições geográficas e econômicas, pois ela era dividida

em pequenas unidades econômicas, assim não foi capaz de criar grandes sistemas políticos. Para se proteger de ataques, constroem refúgios fortificados no topo das colinas, e o começo das cidades, que logo se tomam o cen- tro da vida religiosa, social e política, morada dos reis e dos sacerdotes. O sistema de vida dessas comunidades é descrito por Homero (poeta grego séc. VIII ou VII a.C) na Ilíada e na Odisséia. “Esses poemas descrevem o passado, não o presente: eles se referem ao tempo em que a redistribuição dos ramos gregos estava ocorrendo por toda parte, e quando não poucas características do passado Egeu eram observáveis na vida da aristocracia” O que se observa é que, econômica, social e politicamente o elemento dominante comum a todas as cidades descritas por Homero é a aristocracia, corporificada nas famílias. Cada família é dividida em grupos - fatrias - de natureza militar e religiosa, abaixo vem à população, dividida segundo a ocupação, posição social e residência. Os mem- bros dessa classe plebéia é que formam o Demos (subdivisão de terras nas áreas rurais), há os que possuem terras, outros são locatários ou servos e cultivam a terra dos senhores, outros alugam seu trabalho, existem os artesãos que vivem nas cidades e há também os escravos produtos das guerras. Não se sabe como surgiu esse sistema social; considera-se essas famílias governantes como descendentes de heróis, isso está mais relacionado com os mitos mais antigos sobre deuses e heróis. Apesar da origem divina, o rei não era um déspota, não se considerava um deus nem senhor dos seus súditos, era sim o líder o chefe do clã, da família que tinha descendência divina.

Com o avanço das tribos guerreiras (Dórios, Eólios) houve uma migração e uma redistribuição do povo grego na Ásia Menor, no platô de Anatólia. “Uma das conseqüências das invasões dórias teria sido a destruição quase total da civilização micênica” Quando os grupos vindos da Grécia conquistaram os reinos da Anatólia, a primeira providência foi a de estabelecer seu poder, definir as relações com os colonos. Eles pouparam os templos, essa política pode ser vista na cidade de Efeso no famoso templo de Artemis, com toda probabilidade os gregos e a aristocracia governante nas cidades conquistadas se uniram para criar uma só classe dominante, com a população local de lavradores e pastores trabalhando para eles. A prosperidade dos gregos da Ásia M enor afeta a sua vida social e política, ao lado da aristocracia surgem os mercadores, os proprietários das vinhas e das fabricas e isso leva a uma ruptura nas famílias. A vida do fazendeiro pobre expulso pelos grandes para as colinas e pântanos é descrita na poesia de Hesíodo, um camponês beócio. “Ele descreve a vida árdua num pequeno pedaço de terra sem nenhuma animação no presente, e com a constante preocupação pelo amanha e sem nenhuma esperança para o futuro.” As despesas da minoria, o luxo com que se cercavam a exploração das massas e o número maior de escravos não foi suportado e gerou uma luta desumana e cruel entre as classes. Durante os séculos que se seguiram a invasão dos Dórios, nasceu lentamente à civilização grega propriamente dita, não como um milagre, e sim pelos conhecimentos aprendidos e adaptados de outras civilizações era uma unidade cultural básica, mas apresentava variantes em relação ao elemento humano que a compunha, as regiões, as paisagens e as influências. O desenvolvimento político e social da Grécia acompanhou o crescimento econômico, a formação e estabeleci­

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MÓDUL0111 POLÍTICA

mento das Cidades-Estado é a principal característica, mas esse processo não foi simultâneo ou idêntico em todo lugar. Durante muitos séculos algumas regiões mantiveram o sistema de governo do tipo clã e todas as peculia- ridades do período homérico. Nas Cidades-Estado. a vida política é concentrada num único lugar a cidade, ela é considerada o centro religioso, econômico e político do distrito unido em tomo dela, todos os habitantes desse território são cidadãos e, juntos organizam a vida política, econômica e social. Os estrangeiros, servos e escravos são os únicos excluídos da categoria de cidadão. Nessas Cidades-Estado, o poder político passa das mãos do rei do clã para um grupo de cidadãos, primeiro para as famílias importantes ligadas ao antigo rei, em seguida para os proprietários rurais e, finalmente para os cidadãos, o primeiro momento é chamado “aristocracia” e o ultimo “democracia” .

No inicio a cidade grega verá muito rapidamente a diminuição do poder dos reis e um controle reforçado dos nobres sobre o conjunto social e político, foi nos círculos aristocráticos e guerreiros que se pensaram os modelos políticos que serão utilizados pelas cidades, com a expansão progressiva do número de pessoas que deveriam fazer parte desse novo modelo político. Ao fim das monarquias o que se viu foi o monopólio dos nobres sobre os assuntos coletivos, com o controle da justiça e da religião, a base do poder dos nobres era o controle da terra, em sua maior parte a produção nos campos assegurava o ajuste das massas rurais. As lutas políticas se desen- volviam no interior destes grupos, cujo poder era garantido pela força da sua ideologia. No entanto certas forças vão levar à mudança, uma crise agrária ameaçava o Demos com a escravidão, este processo foi resolvido durante algum tempo com a colonização, a exigência de justiça serviu para que o povo ficasse mais consciente na luta por maiores direitos. As lutas nas classes aristocráticas já não se resolviam no interior da sua camada, o clima tenso obrigou os aristocratas a aceitar legisladores que colocassem ordem nos assuntos coletivos e trouxessem a paz, através de medidas que quase sempre contrariavam seus interesses, como o perdão das dividas. Governando entre as rachaduras internas e o descontentamento popular muitas vezes com o apoio dos ramos secundários das elites, nasce o tirano, personalidade nova que inaugura o poder pessoal, no lugar do antigo poder aristocrático, esse golpe de estado se faz contra a aristocracia e o seu exclusivismo em alguns casos parte da nobreza se entende com o tirano e até o apóia.

Ele busca no Demos apoio contra o monopólio aristocrático, quando o golpe é violento, ele exila as famílias nobres e faz a partilha das suas terras, no meio urbano pratica a política das grandes obras (fontes, templos, tea- tros), no social quebra os quadros que garantiam o controle dos nobres sobre o povo e por fim para limitar o papel desempenhado pelos nobres na justiça rural, cria os juizes itinerantes dos Demos. Como lhe faltam tradições e justificações religiosas, o tirano atrai para sua corte poetas e sábios de todo tipo que interferem no domínio cultu- ral e religioso. No campo político ele pouco ou nada intervém, só toma o cuidado de preencher os cargos de ma- gistrados com aqueles que são fiéis a sua pessoa. Por suas próprias medidas eles fazem desaparecer as causas que possibilitaram a sua ascensão ao poder e prepararam uma intervenção mais autônoma do Demos nos assuntos da Polis. Os gregos inventaram a política, o fato de a política ser central na vida do ser humano era algo tão claro para eles, que é isso o que os faz distinguir o homem dos deuses e dos animais. O homem é um animal político, está, portanto destinado a viver em sociedade segundo a célebre expressão de Aristóteles. N a Grécia Antiga o que vai prevalecer na época clássica e a divisão entre os que têm, possuem o direito de participar e os que não têm e não possuem nenhum direito, quando os gregos pensam em política, eles pensam primeiro nos cidadãos, seus debates, instituições e lutas. A mobilização política não é um fim em si, age-se em certas condições, na medida das possibilidades do momento, a procura de algum resultado, o esforço necessário e o sucesso são avaliados em relação aos resultados esperados.

1.2 A POLÍTICA DO IMPÉRIO ROMANOA história política de Roma está dividida em três períodos: Monarquia ou Realeza (753-509 a.C.), República

(509-27 a.C.) e Império (27 a.C. -476 d.C.). Cada período da história romana possui características próprias, que demonstram a evolução sócio-econômica e política dessa sociedade.

Nos primeiros tempos, antes da dominação etrusca, Roma assemelhava-se à antiga sociedade grega, ou seja,

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MÓDUL0111 POLÍTICA

baseava-se na organização em comunidades gentilicas. O regime gentílico se estruturava em tomo dos gens ou genos, que reuniam famílias identificadas por laços de consangüinidade e religião. Não havia a propriedade pri- vada da terra - esta pertencia à comunidade.

A autoridade máxima de cada grupo era exercida pelo “pater famílias” (o pai-chefe familiar). Com a domina- ção etrusca, iniciou-se o processo de desagregação da antiga organização em comunidades gentilicas. A expan- são do comércio provocou o desenvolvimento das cidades e o aumento do número de habitantes.

Roma transformou-se em um grande centro urbano e começaram a surgir às desigualdades sociais entre a população. A divisão do trabalho deu origem ao processo de apropriação privada da terra por parte dos chefes das famílias gentilicas - os “pater״ . Os agregados em tomo dos “pater” mantinham seu nome e suas tradições, formando a aristocracia romana.

Monarquia Romana (753? -510 a.C.)

Embora se creia que os nomes pertençam à ficção, existem provas sólidas da existência de uma antiga mo- narquia, do crescimento de Roma e suas lutas contra os povos vizinhos, do estabelecimento de uma dinastia de príncipes etruscos e de sua derrubada e abolição da monarquia. Também é provável a existência de certa organi- zação social, como a divisão dos habitantes em duas classes: patrícios e plebe.

República Romana (510 a.C. - 2 7 a.C.)

Em lugar do rei, o conjunto da cidadania elegia anualmente dois cônsules. Apenas os patrícios podiam ocupar as magistraturas, porém o descontentamento da plebe originou uma violenta luta e a progressiva aparição da discriminação social e política.

A conquista de Veyes, em 396 a.C., iniciou a decadência da civilização etrusca. Roma obteve o controle da Itália central. As coalizões formadas por etruscos, umbros e gauleses, ao norte, e por lucanos e samnitas, ao sul, foram finalmente derrotadas.

Em 264 a.C., Roma começou sua luta contra Cartago pelo controle do Mediterrâneo. Cartago, que era a potência marítima hegemônica, após as duas primeiras Guerras Púnicas perdeu sua posição em favor de Roma. A Gália Cisalpina, Córsega, Sardenha e Hispânia foram submetidas. A Macedonia foi enfrentada nas Guerras Macedônicas, depois das quais Roma conseguiu apoderar-se da Grécia, adotando boa parte de sua cultura, e da Ásia Menor. N a terceira Guerra Púnica, Públio Comélio Cipião Emiliano conquistou e destruiu Cartago. Roma havia criado, em 131 anos, um império que dominava o Mediterrâneo.

Algumas famílias plebéias extremamente ricas aliaram-se às famílias patrícias para excluir o resto dos ci- dadãos das magistraturas e do Senado. Enquanto isso, a gradual desaparição dos camponeses desenvolveu um proletariado urbano cuja opinião política não era tida em consideração. O conflito entre o partido aristocrático e o popular era inevitável.

Após a Guerra Social, os povos itálicos conseguiram a cidadania romana.No ano 67 a.C., Cneu Pompeu Magno foi encarregado de liderar a guerra contra Mitrídates. Enquanto isso,

seu rival Caio Júlio César adquiriu grande prestígio como líder do partido popular e encontrou um aliado em Marco Licínio Crasso. Pompeu, Crasso e César constituíram o denominado primeiro triunvirato. César obteve o comando da Gália, onde realizou importantes conquistas. Pompeu recebeu o comando da Hispânia e Crasso, o da Síria. A morte deste último originou o conflito entre César e Pompeu. Roma caiu em um período de desordens.

César tomou Roma e obrigou Pompeu a se retirar para a Grécia. Introduziu reformas econômicas e adminis- trativas em uma tentativa de vencer a corrupção e restaurar a prosperidade. Continuou a guerra contra Pompeu e, após a vitória, regressou como ditador vitalício.

César atraiu a inimizade da aristocracia ao ignorar as tradições republicanas e foi assassinado. Marco Túlio Cícero tentou restaurar a República, porém Marco Antônio se uniu a Marco Emílio Lépido e a Otávio para

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formarem o segundo triunvirato. Os triúnviros proscreveram e assassinaram seus opositores republicanos e re- partiram entre si o controle do Império. Otávio, que havia reforçado sua posiçào no Ocidente ao privar Lépido de seu território, viu-se apenas diante de Marco Antônio. Após a batalha de Actium (31 a.C.), Otávio obteve a supremacia total sobre o território.

A literatura latina experimentou um notável desenvolvimento durante o chamado período ciceroniano (70-43a.C.), representado por César, Cícero, Terêncio, Catulo e Lucrécio.

Império Romano (27 a.C. - 476 d. C.)

O Império sucedeu à República de Roma. Augusto reorganizou o território, acabando com a corrupção e ex- torsão que haviam caracterizado a administração do período anterior. Esse período representa o auge da idade de ouro da literatura latina, em que se destacam as obras poéticas de Virgílio, Horácio e Ovídio e a obra em prosa de Tito Lívio.

Os imperadores seguintes da dinastia Júlio-Cláudia foram: Tibério, Caligula, Cláudio I e Nero. Durante os últimos anos, cometeram-se muitos excessos de poder.

Vespasiano, junto com seus filhos Tito e Domiciano, constituíram a dinastia dos Flávios. Ressuscitaram a simplicidade do início do Império e tentaram restaurar a autoridade do Senado e promover o bem-estar do povo.

Marco Cocceius Nerva (96-98) foi o primeiro dos denominados cinco bons imperadores, junto com Trajano, Adriano, Antonino Pio e Marco Aurélio. Com Trajano, o Império alcançou sua máxima extensão territorial e seus sucessores estabilizaram as fronteiras. A dinastia dos Antoninos terminou com o sanguinário Lúcio Aurélio Cômodo.

Trajano foi imperador de Roma no ano 98 e expandiu 0 Império pela Europa Central e Mesopotâmia graças às suas vitórias militares. Empreendeu importantes projetos de engenharia civil (construiu estradas, canais e portos). Também instituiu reformas sociais para reconstruir as cidades e reduzir a pobreza.

Constituíram a dinastia dos Severo: Lúcio Sétimo Severo, hábil governante; Caracala, famoso por sua bruta- lidade; Heliogábalo, imperador corrupto; e Alexandre Severo, que se destacou por sua justiça e sabedoria.

Dos 12 imperadores que governaram nos anos seguintes, quase todos morreram violentamente. Os impe- radores ilírios conseguiram que se desenrolasse um breve período de paz e prosperidade. Esta dinastia incluiu Cláudio II, o Gótico, e Aureliano.

Diocleciano levou a cabo um bom número de reformas sociais, econômicas e políticas. Após seu mandato, houve uma guerra civil que só terminou com a ascensão de Constantino I, o Grande, que se converteu ao cris- tianismo e estabeleceu a capital em Bizâncio. Teodósio I reunificou o Império pela última vez. Após sua morte, Arcádio se converteu em imperador do Oriente e Honório, em imperador do Ocidente.

Os povos invasores empreenderam gradualmente a conquista do Ocidente. Rômulo Augústulo, último impe- rador do Ocidente, foi deposto no ano de 476. O Império do Oriente, também denominado Império Bizantino, perduraria até 1453.

1.3 A POLÍTICA NA IDADE MÉDIACom o fim do Império Romano em 476 de nossa era, inaugura-se a Idade-Média. O mundo conhecido nessa

época era um mundo “cristão” . A igreja exercia uma influência em todas as áreas da vida humana.O sistema político, social e econômico desse período era o feudalismo. A sociedade feudal era estática (com

pouca mobilidade social) e hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, vis- condes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira ca- mada da sociedade era formada pelos servos (camponeses) e pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais, tais como: corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da produção), banalidade (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudal).

CURSO DE TEOLOGIA154

MÓDUL0111 POLÍTICA

A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam moedas na Idade Média, porém eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e mercadorias eram comuns na economia feudal. O feudo era a base eco- nômica deste período, pois quem tinha a terra possuía mais poder. O artesanato também era praticado na Idade Média. A produção era baixa, pois as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente rudimentares. O arado puxado por bois era muito utilizado na agricultura.

Prevaleceram na Idade Média as relações de vassalagem e suserania. O suserano era quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade e ajuda ao seu suserano. O vassalo oferece ao senhor, ou suserano, fidelidade e trabalho, em troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se estendiam por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso.

Todos os poderes, jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras.

A partir do século XI, inicio da Baixa Idade Média, começa ocorrer na Europa uma série de transformações que irão provocar o declínio do sistema feudal: A Grande Fome. Foi consequencia do crescimento demográfico, das más colheitas e da alta dos preços dos cereais. A fome afetou principalmente as populações urbanas, que devido à escassez de alimentos, abandonavam as cidades e migraram para 0 campo. A Peste Negra. Foi um surto da peste bubônica, que agravado pelas precárias condições de alimento e higiene e alimentação da população, dizimou um terço dos europeus. A Guerra dos Cem anos. Travada entre Inglaterra e França, devastou a agricul- tura e desarticulou o comércio no Ocidente Europeu.

Nesta época o Islamismo havia conquistado o Oriente próximo, o Norte da África, e toda Jerusalém. A Igreja Católica patrocinou uma empreitada militar, com o objetivo de retomar o poder da Terra Santa. Essas expedições militares ficaram conhecidas como Cruzadas. Uma das principais conseqüências do movimento das Cruzadas foi a retomada do comércio entre a Europa e o Oriente através do Mar Mediterrâneo. Entre os séculos XI e XIII, esse processo impulsionou o renascimento das atividades comerciais que haviam praticamente desaparecido, no continente europeu, durante a Alta Idade Média. O desenvolvimento do comércio, por sua vez, incentivou o renascimento urbano, ou seja, o ressurgimento dos burgos ou cidades que também haviam se despovoado no período anterior.

O sistema feudal não atendia mais as crescentes necessidades da sociedade européia. Sua economia agrária e sua sociedade rural estavam sendo abaladas pela expansão comercial, pelo ressurgimento do dinheiro e pelo repovoamento das cidades. Nas brechas do feudalismo decadente começavam a se desenvolver as forças de um novo sistema econômico, social, político e cultural: O Capitalismo.

1.4 A POLÍTICA NA IDADE MODERNAOs séculos XV e XVI marcam o começo de um período histórico chamado Idade Moderna, que se estende

até o final do século XVIII. Três grandes acontecimentos se destacam nesse período: a Expansão Marítima, o Renascimento e a Reforma.

Esses acontecimentos alteraram profundamente a política, a economia, a sociedade e a cultura. Em consequ- ência disso, as pessoas passaram a adotar modos de vida bem diferentes daqueles dos homens que viveram na Idade Média.

O primeiro acontecimento significativo da Idade M oderna foram as Grandes Navegações. Entre os séculos XV e XVI, alguns países europeus descobriram novas terras, povos e produtos, ampliando sua riqueza e seu poder. Os dois países que mais se destacaram nesses descobrimentos foram Portugal e Espanha.

As descobertas de novas rotas marítimas e novas terras abriram caminho para as comunicações com todo do mundo.

O Renascimento cultural firmava novos valores e princípios, contestando os valores medieval-feudais.Na religião, a Reforma Protestante, marcou o processo de decadência da Igreja, a principal representante da

ordem feudal, adequando a religião aos Tempos Modernos.Na política, a formação das monarquias nacionais iniciada durante a Baixa Idade Média, submetendo a no-

155CURSO DE TEOLOGIA

módulo 111 política

breza e a Igreja, consolidou-se na Idade Moderna, com o surgimento dos Estados Absolutos.A Idade Moderna foi assim, o período de desmontagem progressiva do que ainda restava do feudalismo e de

edificação gradual da nova ordem capitalista.

1.5 OS ESTADOS ABSOLUTOSComumente compreendida como uma forma de governo que veio superar os entraves do mundo feudal, a

ascensão dos Estados Nacionais Absolutistas envolve um conjunto de fatores bem mais amplos que simples mudança de um sistema sócio-econômico. E bem verdade que, desde o século XI, com o reaquecimento das atividades comerciais pela Europa, alguns costumes e práticas da Idade Média perderam espaço para o início de um novo período histórico. Porém, existem outros fatores de ordem cultural, geográfica e filosófica importantes para a compreensão desse processo.

Dessa forma, não foi só pelo interesse da burguesia comercial que os Estados Nacionais conseguiram se fir- m ar em solo Europeu. Os chamados teóricos do absolutismo, que surgiram principalmente no século XVI, tam- bém serviram de base para que essa nova forma de regime político pudesse se estabelecer. Mesmo defendendo novas idéias, podemos também compreender que as teorias absolutistas não promoveram uma ruptura completa com alguns pontos da sociedade feudal.

No Estado Absolutista, a autoridade máxima era representada pela figura do rei, que na grande maioria dos casos tinha origem nobre. A partir disso, podemos evidenciar que a nobreza detentora de terras, poderosa du- rante o mundo feudal, também participou dos mais elevados quadros políticos da Idade Moderna. É importante lembrar que os nobres, dentro do Estado Absolutista, desfrutavam de grandes privilégios como, por exemplo, a isenção de impostos.

Contundo, não podemos deixar de frisar o papel da burguesia, que via na unificação e nas padronizações político-adminstrativas um meio eficaz para ampliar seus ganhos comerciais. A descentralização política, o pa- gamento de tributos feudais e a falta de uma unidade monetária limitavam imensamente os ganhos comerciais. Com a criação de um território unificado, onde só o Estado cobrava impostos e existia uma mesma moeda, era possível aumentar os lucros da burguesia.

Para a criação dos estados, além do interesse da burguesia e da nobreza, também deveriam ser desenvolvidas um novo conjunto de valores culturais e ações geopolíticas que legitimassem a nova ordem estabelecida. Dessa forma, os Estados Nacionais procuraram definir seus territórios, promoveram a criação de símbolos nacionais, criaram uma única moeda, estabeleceram uma língua oficial e, até mesmo, recontaram as origens do povo per- tencente àquela nação. Outro fator importante na construção do Estado Nacional foi à adesão da Igreja ao novo poder, proclamando o caráter divino do rei.

Assim, devemos compreender que a formação dos Estados Nacionais como um processo lento e gradual. As monarquias nacionais foram surgindo na Europa ao custo de diversas batalhas e tratados que vão dar a es- tabilidade necessária a esse tipo de governo. Entre outras batalhas podemos destacar a Guerra da Reconquista, que expulsou os árabes da península Ibérica; e a Guerra dos Cem Anos, que marcou disputas territoriais entre a Inglaterra e a França como exemplos das disputas que marcaram a formação das Monarquias Nacionais.

1.6 O CAPITALISMOConforme vimos, a origem do sistema capitalista encontra-se na passagem da Idade M édia para a Idade

Moderna. Com o renascimento urbano e comercial dos séculos XIII e XIV, surgiu na Europa uma nova classe social: a burguesia. Esta nova classe social buscava o lucro através de atividades comerciais.

Neste contexto, surgem também os banqueiros e cambistas, cujos ganhos estavam relacionados ao dinheiro em circulação, numa economia que estava em pleno desenvolvimento. Historiadores e economistas identificam nesta burguesia, e também nos cambistas e banqueiros, ideais embrionários do sistema capitalista: lucro, acúmu- lo de riquezas, controle dos sistemas de produção e expansão dos negócios.Primeira Fase: Capitalismo Comercial ou Pré-Capitalismo

CURSO DE TEOLOGIA156

MÓDUL0111 POLÍTICA

Este período estende-se do século XVI ao XVIII. Inicia-se com as Grandes Navegações e Expansões Marí- timas Européias, fase em que a burguesia mercante começa a buscar riquezas em outras terras fora da Europa. Os comerciantes e a nobreza estavam à procura de ouro, prata, especiarias e matérias-primas não encontradas em solo europeu. Estes comerciantes, financiados por reis e nobres, ao chegarem à América, por exemplo, vão começar um ciclo de exploração, cujo objetivo principal era o enriquecimento e o acúmulo de capital. Neste contexto, podemos identificar as seguintes características capitalistas: busca do lucro, uso de mão-de-obra as- salariada, moeda substituindo o sistema de trocas, relações bancárias, fortalecimento do poder da burguesia e desigualdades sociais.

Segunda Fase: Capitalismo Industrial

No século XVIII, a Europa passa por uma mudança significativa no que se refere ao sistema de produção. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, fortalece o sistema capitalista e solidifica suas raízes na Europa e em outras regiões do mundo. A Revolução Industrial modificou 0 sistema de produção, pois colocou a máquina para fazer o trabalho que antes era realizado pelos artesãos. O dono da fábrica conseguiu, desta forma, aumentar sua margem de lucro, pois a produção acontecia com mais rapidez. Se por um lado esta mudança trouxe benefícios (queda no preço das mercadorias), por outro a população perdeu muito. O desemprego, baixos salários, péssimas condições de trabalho, poluição do ar e rios e acidentes nas máquinas foram problemas enfrentados pelos traba- lhadores deste período.

O lucro ficava com o empresário que pagava um salário baixo pela mão-de-obra dos operários. As indústrias, utilizando máquinas à vapor, espalharam-se rapidamente pelos quatro cantos da Europa. O capitalismo ganhava um novo formato.

Muitos países europeus, no século XIX, começaram a incluir a Ásia e a África dentro deste sistema. Estes dois continentes foram explorados pelos europeus, dentro de um contexto conhecido como neocolonialismo. As populações destes continentes foram dominadas a força e tiveram suas matérias-primas e riquezas exploradas pelos europeus. Eram também forçados a trabalharem em jazidas de minérios e a consumirem os produtos indus- trializados das fábricas européias.

Terceira Fase: Capitalismo Monopolista-Financeiro

Iniciada no século XX, esta fase vai ter no sistema bancário, nas grandes corporações financeiras e no mer- cado globalizado as molas mestras de desenvolvimento. Podemos dizer que este período está em pleno funcio- namento até os dias de hoje.

Grande parte dos lucros e do capital em circulação no mundo passa pelo sistema financeiro. A globalização permitiu as grandes corporações produzirem seus produtos em diversas partes do mundo, buscando a redução de custos. Estas empresas, dentro de uma economia de mercado, vendem estes produtos para vários países, manten- do um comércio ativo de grandes proporções. Os sistemas informatizados possibilitam a circulação e transferên- cia de valores em tempo quase real. Apesar das indústrias e do comercio continuarem a lucrar muito dentro deste sistema, podemos dizer que os sistemas bancário e financeiro são aqueles que mais lucram e acumulam capitais dentro deste contexto econômico atual.

1.7 A POLÍTICA NO MUNDO ATUALNo fim do século 19, as potências imperialistas travaram, entre si, um violento conflito pelo domínio do

mundo. O preço da ambição foi alto: milhões de mortos na Primeira Guerra Mundial, arrastados para os campos de batalha por um nacionalismo frenético; e, em seguida, a crise mundial de 1929. Esta propiciou a ascensão do projeto mais cruel de conquista do mundo: o nazismo. O delírio de Hitler foi imaginar todo o planeta dominado

157CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL01! I POLÍTICA

por uma suposta raça superior. O projeto nazista foi derrotado na Segunda Guerra Mundial.Dos escombros da guerra, emergiram a hegemonia capitalista americana e o comunismo soviético, que dispu-

taram à supremacia mundial por quase meio século. A utopia igualitária comunista tinha escala planetária. Mas os desvios do socialismo soviético e similares transformaram a utopia em desconfiança e ceticismo. Com a queda do comunismo, instaurou-se a nova ordem mundial e a globalização da economia.

Todo esse processo foi acompanhado por um desenvolvimento científico e tecnológico sem precedentes. A conquista do mundo foi, de fato, propiciada pela globalização e pelos “poderes miraculosos” da ciência, estimu- lados pela ambição capitalista. Invenções cada vez mais sofisticadas revolucionaram os transportes (automóveis e aviões) e as comunicações (cinema, rádio, televisão e internet), mudando a relação do homem com o tempo e com o espaço. O mundo ficou pequeno. O próprio homem assimilou e incorporou a máquina, alterando sua sensibilidade e seu modo de vida. O progresso produziu graves contradições. A ciência e a tecnologia trouxeram conforto material, mas não para a maioria; impuseram à velocidade na vida cotidiana, agravando a efemeridade das relações humanas; propiciaram a criação da sociedade do espetáculo, movida pela imagem, mas iludiram de- sejos e sentimentos autênticos. O homem do século XX pisou na Lua e viajou pelas estrelas, mas, aqui na Terra, não conseguiu erradicar as guerras, a intolerância e a fome. O homem dominou a natureza e conquistou o mundo, colocando em risco a sobrevivência do planeta.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Onde nasceu a política?2) O que eram os Demos?3) Como era a vida de um camponês Beócio?4) Quantos períodos se divide a história política de Roma? Quais são?5) Quem participou do primeiro triunvirato?6) Em que era baseada a economia no período do feudalismo?7) Cite as principais mudanças ocorridas na Idade Moderna.8) Quais as principais características do capitalismo?9) Quais as conseqüências trazidas pelo capitalismo?

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AS DIFERENTES ACEPÇÕES DO FENÔMENO POLÍTICO

O homem é um ser social! Esta afirmativa é recorrente àqueles que se dedicam as ciências sociais ou huma- nas, seja no plano da história, da sociologia, da ciência jurídica e mesmo na ciência política.

O professor Celso Bastos chega a ponderar ser um truísmo referida afirmação. De fato, com a evolução do homem se percebe, desde o passado remoto, que este supera a vida individual, isolada, para se relacionar, cons- tituindo comunidades.

Aparecem, neste passo, a família, as tribos, os grandes impérios e reinos, cidades-estados, etc., como estrutu- ras em que se verifica a coexistência social entre os homens. Nas palavras de Aristóteles:

A comunidade constituída a partir de vários povoados é a cidade definitiva, após atingir o ponto de uma auto-suficiência praticamente completa; assim, ao mesmo tempo que já tem condições para assegurar a vida de seus membros, ela passa a existir também para lhes proporcionar uma vida melhor. Toda cidade, portanto, existe naturalmente, da mesma forma que as primeiras comunidades; Estas considerações deixam claro que a cidade é uma criação natural, e que o homem é por natureza um animal social, e um homem que, por natureza, e não por mero acidente, não fizesse parte de cidade alguma, seria desprezível ou estaria acima da humanidade.

Efetivamente, o homem, quando perfeito, é o melhor dos animais, mas é também o pior de todos quando afastado da lei e da justiça (...) a justiça é a base da sociedade; sua aplicação assegura a ordem na comunidade social, por ser meio de determinar o que é justo1.

Deste modo, pode-se afirmar que não somente a vida em sociedade, mas também a relação entre os indivíduos e o poder que disciplina tais relações como instrumento de pacificação, remontam a um passado longínquo.

Com efeito, da interação social decorrem algumas implicações e conseqüências: Destacam-se, neste passo, a existência de conflitos de interesses e a imperiosa necessidade de solucioná-los, sob pena de inviabilização da vida em sociedade, ainda mais quando se sabe que, na medida da evolução do ser humano e dos fenômenos a esta decor- rentes, crescem também as disputas, especialmente no que se refere ao domínio, à propriedade privada.

Destarte, imprescindível e inerente à coexistência humana é a sua regulação. Ora, considerando que a vida em coletividade visa, em larga medida, a consecução do bem comum, e que a existência de conflitos de interesse é ínsita à vida na comunidade, necessário se faz um meio, um instrumento que assegure a pacificação social. Sur- ge, assim, como decorrência da interação e integração da sociedade o poder. Este não se confunde com a força? A despeito desta última, em alguns momentos históricos tenha sido o fundamento legitimador daquele. É, em definição sumária, a existência de uma autoridade superior que detém a prerrogativa de solucionar os conflitos, de forma preventiva ou repressiva.

Não é por outra razão que na antiguidade os filósofos já se deparavam com estas relevantes questões. Na Grécia antiga há escritos de Platão que discorrem acerca do Estado, elevando-o a um plano ideal. Ainda neste período há que registrar a existência, de fato, de comunidades organizadas, as Cidades-Estados, as quais tam- bém foram, objeto de apurado estudo de um dos mais importantes filósofos da humanidade; trata-se do já citado Aristóteles, que nos seus estudos vislumbrou as comunidades, as Cidades-Estados existentes em concreto, deno- minadas Polis. Dedicou-se à análise de seus aspectos estruturais, organizacionais e, especialmente, o finalístico: o de proporcional a vida feliz. Fala-se, desde então, de política, como filosofia e ciência.

Todavia, a idéia de política vigente não mais se mostra de acordo com o quadro pioneiramente propagado por Platão, seguido por Aristóteles, ou mesmo pela noção que conformava as castas, as famílias, tribos, reinos, impérios, jungidos desde a Antiguidade até a Idade Média. Daí a necessidade de estudá-lo com base em um novo

1. ARISTÓTELES, 1988: 15-16

!59CURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 POLÍTICA

contexto, sob o prisma das diversas relações com outras ciências, em especial a do Direito, sem olvidar, de outra banda, a necessidade de se evitar incidir em um sincretismo metodológico prejudicial aos resultados ótimos e verdadeiros próprios da pesquisa científica.

2.1 O DIREITO, O PODER E A COMPLEXIDADE DO FENÔMENO POLÍTICODiante da com plexidade inerente à m atéria e do quadro acim a proposto, o D ireito, o Poder e o Fenô-

m eno Político são eleitos com o decisivos para obtenção das conclusões alm ejadas pelo presente estudo. A ssim com o o hom em e a vida em sociedade, a idéia de poder passa, concom itantem ente, por um a evolu- ção a qual culm ina com a necessidade de sua própria disciplina, sujeição a regras e lim ites. Isto decorre, em larga m edida, da existência de dois poderes: o Poder Social e o Poder Político: O prim eiro é inerente à com unidade. Já o Poder Político concentra-se naquele quem , dado m om ento h istórico , possui autoridade, exercendo-a para ating ir o interesse coletivo.

Como dito, a evolução do homem e de suas relações, em conjunto com os diversos fatores de influencia (sociais, econômicos, históricos e mesmo políticos), ensejaram a necessidade de disciplina do próprio poder disciplinador (seja o social ou 0 político). É neste momento que nasce o fenômeno político tal qual concebido na atualidade, com todos os reflexos na organização da vida em sociedade.

O Poder Político e Social necessita de ordem, regulação, limites. Isto porque, até a Idade Moderna, experi- menta-se o exercício do poder de forma absoluta, autoritária, com benefício de determinadas classes em detri- mento das demais. Noberto Bobbio doutrina que: “A relação de poder político é apenas uma das infinitas formas de relação de poder existentes entre os homens. Para caracterizá-la, pode-se recorrer a três critérios distintos: a função que ela exerce os meios dos quais se serve, o fim ao qual atende” . (BOBBIO, 2000: 217).

As revoluções desencadeadas na Idade Moderna assumem, neste sentido, relevante papel. Merecem destaque a implantação das noções de: Estado de Direito, onde todos, mesmo os exercentes do poder, estão submetidos à lei; separação de poderes e sistema de controle e balanceamento entre os mesmos; e a idéia de soberania. Estas, breves noções históricas são premissas imprescindíveis para correta compreensão do fenômeno político. Isto porque, da simples constatação da evolução do homem, da vida em sociedade, da noção de poder, verifica-se, sem maior esforço, que a política é fenômeno complexo, abarcando diversas realidades, sendo confluência de fatores sócio-econômicos, históricos, filosóficos e outros. Portanto, indubitável que o fenômeno político encontra suas bases em diversas realidades. Entretanto, duas delas não podem ser olvidadas: a realidade social e a jurídica.

Ao tratar sobre a Teoria Geral do Estado e a Ciência Política, leciona Celso Ribeiro Bastos que:A primeira tem como finalidade precípua o seu estudo e dos seus elementos. Mas também estuda a atividade

política, razão pela qual, esta disciplina vê o Estado como um fenômeno complexo, que envolve realidades de toda a sorte. Portando, para ser bem compreendido, faz-se necessário analisá-lo sob os prismas das ciências jurí- dicas e sociais... Assim, o Estado é uma realidade sociológica a partir do momento em que o analisa como uma evolução do homem para se chegar a uma sociedade política capaz de resolver as suas necessidades. E também realidade jurídica posto que toda a organização estatal esta pautada e, normas jurídicas2.

Como poder, exercício mesmo de autoridade para regulação da vida em comunidade em prol do bem comum, o fenômeno político decorre dos fatos e conformações sociais. Como poder, limitado, delimitado e devidamente orga- nizado por ordem coativa de conduta humana, o fenômeno político é jurisdicizado, sendo, assim, objeto do Direito.

Na escola de Paulo Bonavides:O objeto da Ciência do Direito começa com o enunciado da lei, ao passo que a Sociologia Jurídica, precisamente

por fazer a vinculação essencial entre o fato jurídico e os demais fatos sociais, procede antes a uma indagação genética da norma, parra descobrir, na matéria viva da experiência social, os elementos geradores do direito. O jurista se con- tenta com a aplicação da lei, depois de uma operação lógica em que reproduz o caso concreto a uma norma extraída dos códigos ou da jurisprudência. O sociólogo-jurista levanta o problema da maior ou menor eficácia da lei, medindo o grau de sua adequação à realidade, pela aceitação ou recusa que encontra na consciência social3.

2. BASTOS, 2002: 23. BONAVIDES, 1973:332

CURSO DE TEOLOGIA160

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Foi afirmado alhures que a noção de Estado e de política não é recente. Acompanham, desde a antiguidade, a evolução do homem e da sociedade. Asseverou-se também que o fenômeno político e a noção de Estado, tal como concebidos hodiemamente, são fruto da evolução, especialmente em razão das revoluções ocorridas ao início da Idade Moderna, onde a necessidade de controle do próprio poder controlador é posta, pois bem, é desse processo que se constrói a ciência política, sempre atrelada ás noções de sociedade e poder, também por esse processo é que surge 0 Estado nos moldes atuais. Por isso mesmo é que existem diversos sistemas de governo (Monocracia, Oligarquia, Democracia, Tirania, Ditadura), regimes de governo (Presidencialista, Parlamentaris- ta, Monárquico, Republicano) e formas de Estado (Unitário, Composto, Federado).

Oportuna a advertência de Celso Ribeiro Bastos: “Esta multiplicidade que se apresenta em tomo do fenôme- no estatal não prejudica seu estudo. Ao contrário, é por força desta multiplicidade que se pode ter um a compre- ensão cabal do que seja o Estado” (BASTOS, 2002:3).

Fincadas as premissas na qual se fundam este estudo e revelada, ademais, a complexidade do fenômeno poli- tico, passemos a discutir a questão central proposta: o direito, o fenômeno político e sua judicialização.

2.2 ESTADO DE DIREITO E A JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICAPonto modal pertinente ao fenômeno político, nos dias atuais, é a judicialização da política. Com a necessida-

de de disciplina do próprio poder, o direito amplia seu objeto, sendo ordem de conduta humana e de delimitação e organização do poder. Todos, inclusive os detentores do poder, estão sujeitos à lei.

Já tivemos oportunidade de nos manifestar acerca do tema, asseverando que, a despeito de outras ciências (...) objetivarem a melhoria, a organização e, em alguma medida, a ordenação da vida em sociedade, esta fica, em última análise, a cargo do Direito.

Kelsen afirma que, quando confrontamos uns com os outros os objetos que, em diferentes povos e diferen- tes épocas, são designados como “Direito”, resulta logo que todos eles se apresentam como ordens de conduta humana. Precisas são as palavras de Lourival Vilanova: “O Direito é uma técnica de esquematizar classes de condutas para poder dominar racionalmente a realidade social. Generaliza em esquemas abstratos a vida em sua concreção existencial, para ofertar a possibilidade de previsão de condutas típicas, indispensável à coexistência social” (VILANOVA, 2005).

Para este mister, necessário se faz um poder superior, não individual e que assegure a isonomia e generalidade de tratamento aos integrantes de dada sociedade. Emerge, assim, a figura do Estado, detentora de um Poder pró- prio, responsável pela elaboração, fiel execução e - mediante a figura do Estado-juiz por dizer, mediante decisão final imutável, qual o direito aplicável em determinado caso concreto. Seu fim último é 0 bem estar coletivo.

Destarte, O Estado-poder cria e faz cumprir as regras regendo as relações das pessoas dentro do Estado- -sociedade. Quem não as cumpre espontaneamente, sujeita-se ao uso da força, pelo Estado-poder, para obtenção da obediência.

Como ordem coativa da conduta humana, o Direito prescreve determinados comportamentos porque os con- sidera valiosos para a comunidade. Para tanto, se vale das normas jurídicas, que são regras prescritivas de con- duta, as quais impõem a todos um dever-ser, imperativo a ser atendido sob pena de, em não sendo cumprido, sujeitar o infrator à sanção correspondente.

Em suma, infere-se do quanto até aqui exposto que são elementos essenciais que compõem 0 fenômeno poli- tico: a sociedade, o poder e o Estado soberano. E neste diapasão, insta salientar a forma pela qual modernamente o direito incorpora o fenômeno político. Com efeito, sociedade, poder e soberania, são conceitos básicos, funda- mentais. Não é por outra razão que a sua disciplina deve ser levada a efeito mediante norma básica, fundamental. E, portanto, a Constituição, compreendida como norma hierarquicamente superior, base do sistema, constituída legitima e originariamente, quem dispõe acerca da matéria.

Merece destaque, aqui, o surgimento das constituições, também denominadas Cartas Políticas, formadas por sistema de normas (princípios e regras) que ordenam direitos e garantias individuais do homem, bem como a organização política do Estado, a repartição dos poderes, das competências, a afirmação da soberania, enfim, o

161CURSO DE TEOLOGIA

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sistema, regime de governo e forma do Estado, além de outras disposições.Figure-se como exemplo a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. No plano político, es-

tabelece referido diploma normativo que o Estado brasileiro submete-se ao regime de governo Republicano - Presidencialista, com sistema Democrático, sob a forma de Federação. Fixa, ademais, a separação de poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), regulamentam os partidos políticos, os direitos políticos (de votar e ser vo- tado para exercício do Poder Executivo e Legislativo) e a repartição de competências entre os Entes da federação em cada esfera do Poder.

Prescreve, ademais, como princípio fundamental a dignidade da pessoa humana e 0 bem estar social, positi- vando, para tanto, uma série de direitos sociais e políticas públicas, verdadeiros dever ser, concretizados median- te ações afirmativas as quais devem ser efetivadas para a consecução daqueles princípios basilares.

Por fim, cumpre anotar que a Constituição eleva a República Federativa do Brasil ao status de Estado Sobe- rano, cujo exercício se dará pela União Federal. Ou seja, alem de disciplinar as questões de políticas interna, ma- nifesta, o multimencionado plexo normativo, regras de política externa, fazendo referencia à soberania, mas sem deixar de lado as relações internacionais a serem travadas com outros Estados soberanos. Outrossim, importante destacar que as relações entre Estados soberanos e a globalização é questão de grande relevância para ciência política e jurídica nos dias atuais. Vive-se momento em que cada vez mais tais relações se estreitam, surgindo Blocos Econômicos (MERCOSUL, União Européia), Organismos (OMC, ONU), bem como Normas (Tratados Internacionais) e Jurisdição (Tribunais Internacionais), colocando-se em cheque conceitos teóricos jurídicos- -políticos como soberania, ordem interna, além de outras questões com alto enredamento, tal qual a disciplina jurídica dos referidos blocos regionais.

Portanto, é da denominada judicialização do fenômeno político que se extraí o conceito, a concepção de Es- tado Moderno, como sendo a ordem jurídica soberana, cuja finalidade é a consecução do bem comum de deter- minado povo organizado em determinado território, na feliz acepção de Dalmo Dallari. (DALLARI, 1972:104).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Como o ser humano consegue superar a vida individual?2) Qual a diferença entre poder e força?3) Quais os elementos essenciais que compõem o fenômeno político?

CURSO DE TEOLOGIAlê l

MODUL0111 POLÍTICA

A POLÍTICA E O ESTADOPara que possam os entender a organização do Estado, precisam os prelim inarm ente conhecer o que é

Estado. Para isso, precisam os conceituá-lo e para obterm os um C onceito de Estado devem os partir de um questionam ento inicial: O que é Estado? Para responderm os a esta questão, nos filiam os ao entendim ento de Celso R ibeiro B astos onde diz:

O Estado é, portanto, uma espécie de sociedade política, ou seja, é um tipo de sociedade criada a partir da vontade do homem e que tem como objetivo a realização dos fins daquelas organizações mais amplas que o homem teve necessidade de criar para enfrentar o desafio da natureza e das outras sociedades rivais. O Estado nasce, portanto, de um ato de vontade do homem que cede seus direitos ao Estado em busca da proteção e para que este possa satisfazer suas necessidades sempre tendo em vista a realização do bem comum. N a medida em que começam a se alargar as esferas de atuação do poder coletivo, é dizer, na medida em que a própria comple- xidade da vida social começa a demandar uma maior quantidade de decisões por parte dos poderes existentes, faz-se, portanto imprescindível que um único órgão exerça esse poder4.

Como vimos o Estado nasce da necessidade do homem diante das dificuldades enfrentadas, seja pelo meio hostil em que vive, seja pelo conflito com outros humanos. Diante dessas situações e das necessidades da orga- nização da vida em sociedade, que a cada dia se tom a mais dinâmica e complexa, o homem viu-se compelido a delegar poderes para um órgão abstrato que serviria para dirimir os conflitos e organizar e gerir a sociedade. Mas o homem não viveu sempre em sociedade e, mesmo nas comunidades primitivas, não se conhecia o Conceito de Estado, surgindo este num momento histórico bem definido, tendo surgido no século XVI, momento de tran- sição entre a Idade Média e a Idade Moderna. Não podemos negar que as Cidades-Estado Gregas, bem como o Império Romano, na Antiguidade Clássica, já apresentavam primórdios e indícios de uma organização estatal, mas não contemplavam todas as características próprias de Estado que são na definição de Celso Ribeiro Bastos: “Povo, Território e Poder Soberano” (Bastos, 2004). Assim, o surgimento do moderno conceito de Estado fica localizado, historicamente, no início dos Tempos Modernos, mais precisamente no Século XVI. Um dos pontos divergentes sobre o conceito de Estado diz respeito a sua relação com a sociedade política. Alguns defendem que Estado e sociedade política se identificam, outros entendem que o Estado é uma das espécies de Sociedade Política, considerado o mais importante destas espécies.

Devemos, portanto, ao estudar o fenômeno estatal, ter em mente duas correntes diferentes. A primeira dá maior importância aos caracteres materiais do Estado: seu povo e seu território. A segunda corrente prioriza a organização normativa ou, o poder coercitivo que possui o Estado. Esta segunda corrente considera que não há Estado sem povo ou território. Na prática, não é possível se distinguir as duas correntes, uma vez que estas se complementam, mas para fins didáticos, é importante haver essa distinção, neste sentido manifestou Bastos:

No fundo, no entanto, o Estado é simultaneamente as duas coisas e só por conveniência de estudo, ou em vir- tude das limitações da ciência que não se consegue dar conta do real senão secionando-o ou restringindo-o a uma única dimensão, é que se há de reluzi-10 a alguma de suas múltiplas manifestações, mas a verdade é que o Estado ésimultaneamente um fato social e como tal passível de estudo pela sociologia, como também é um fenômeno

4. BASTOS, 2004, p. 42/43.

163CURSO DE TEOLOGIA

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normativo e, nessas condições, conhecivel e estudável pelo Direito5..E bom lembrar que o moderno conceito de Estado nasceu na conturbada transição entre a Idade Média e a

Idade Moderna, influenciando esse contexto social e político na sua formação. Concluindo, podemos dizer, de acordo com Bastos:

(...) que o Estado é a organização política sob a qual vive o homem moderno. Ela caracteriza-se por ser resul- tante de um povo vivendo sobre um território delimitado e governado Entendemos que a corrente mais correta é a segunda, que considera o Estado como uma espécie de Sociedade Política, sendo que 0 Estado Moderno que conhecemos - que pode ser definido pelo conjunto de seu povo, território e poder político é apenas um dos vá- rios tipos de Estado existentes, conforme estudaremos nas próximas aulas por leis que se fundam num poder não sobrepujado por nenhum outro externamente esupremo internamente6.

3.1 ORIGEM DO ESTADOPara que possamos nos aprofundar na origem do Estado, começaremos por entender a origem etmológica da

palavra Estado. Estado deriva da palavra latina “status” , que pode ser traduzida como estado, posição e ordem. Já em seu sentido ontológico, a palavra Estado é, de acordo com Bastos: “um organismo próprio dotado de fun- ções próprias, ou seja, o modo de ser da sociedade politicamente organizada, uma das formas de manifestação do poder” . (BASTOS, 2004, p.49). Quanto á origem, vários foram os autores que discutiram o seu surgimento ou a sua origem, sendo que estes autores formularam diversas teorias com a finalidade de explicar o surgimento do Estado, entre elas podemos destacar:

Doutrina Teológica:

Seus principais estudiosos foram São Tomás de Aquino, Santo Agostinho e Jaques Bossuet. Essa doutrina defendia que o poder advinha de Deus e, dessa forma, o Estado era criação divina, assim como todas as coisas.

Dentro da Doutrina Teológica, haviam duas correntes: a “Teoria Pura do Direito Divino-Sobrenatural”, que teve seus maiores defensores na França, durante a Idade Média e que defendia, segundo Bastos, que “o Estado era obra imediata de Deus, e que ele próprio designaria o homem ou a família que deveria exercer a autoridade estatal” (BASTOS, 2004, p .51), o que servia para reforçar a força do rei e das monarquias absolutistas, um de seus maiores defensores foi o rei Luís XIV da França, que afirmava que todo Poder advinha de Deus, e, portanto, tal poder não poderia ser contestado e só caberia ao rei (que representava todo o Poder Estatal) prestar contas a Deus, que era quem lhe conferia o poder e só Ele poderia tirá-lo. A Outra corrente era a da “Teoria do Direito Di- vino Providencial” que, segundo Bastos, defendia “a idéia de que o estado foi instituído pela providência divina, que o dirigia de maneira indireta através da direção providencial dos acontecimentos e das vontades humanas (livre arbítrio)” (BASTOS, 2004, p.52), a maior defensora dessa corrente foi a Igreja Católica.

Doutrina Jusnaturalista:

Essa teoria surgida no final da Idade Média início da Idade Moderna, vinha para contraditar a teoria teoló- gica, uma vez que buscava separar os valores humanos da religião, defendia que o Estado surgia das próprias exigências da natureza humana, bem como de suas necessidades, baseando-se no fato de que anterior ao Direito Positivo havia um Direito Natural, inerente aos seres humanos.

Partindo desses pressupostos, os jusnaturalistas defendiam que o Estado surgia da própria necessidade do ho- mem de viver em sociedade e era o aperfeiçoamento natural dessa vida comum, já que os princípios de solidarie- dade e amizade eram inerentes ao homem, servindo o Estado apenas para normatizar aquilo que já era inerente ao ser humano e de tom ar exigíveis esses princípios, Os povos antigos não utilizavam a palavra Estado para definir a

5. BASTOS, 2004, p . 446. BASTOS, 2004, p. 48

CURSO DE TEOLOGIA164

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sua organização social, ela foi introduzida por Maquiavel em sua obra “O Príncipe” de 1531. Servindo o Estado como o meio para se atingir o bem comum, sendo o Estado uma forma de aperfeiçoamento da vida em sociedade, surgindo naturalmente de forma necessária à continuidade da busca de uma sociedade perfeita, em busca de uma formação jurídica que desse ao homem a garantia da proteção a seus direitos individuais dentro da coletividade.

Assim, Segundo Bastos, “No direito natural os princípios que imperavam eram os de que ninguém deve pre- judicar ninguém e que deve se der a cada o que é seu ”(BASTOS, 2004, p .52).

Doutrina do Contrato Social:

A base desta doutrina se deu com Aristóteles na Grécia Antiga, sendo retomada e intensificada na Idade Mé- dia. Para os defensores desta doutrina, o Estado surgia por meio de um pacto celebrado entre os homens, onde estes abrem mão de seus interesses pessoais em prol da coletividade. Dessa forma, o Estado surge da vontade do homem, que diante das necessidades celebra com a coletividade um pacto com a finalidade de criar um Estado forte, dotado de personalidade jurídico política, capaz de proteger os interesses individuais ao mesmo tempo em que busca o bem comum. E é através destes pactos, que o homem construiu o Estado. Estes, assim como os jusnaturalistas, defendem o progresso do Estado natural para um estado social. Essa teoria teve como seus principais expoentes, Jean Jaques Rousseau, Thomas Hobbes e Jonh Locke. Hobbes “ [...] defendia a idéia de que a sociedade política foi criada a partir da celebração de um contrato social firmado entre os homens, em busca de harmonia, paz, segurança e proteção de direitos e bens” (BASTOS, 2004, p. 53). Locke dizia que “ [...] o que instituiu a sociedade política foi o consentimento de todos os homens em unir-se para fundar um só corpo social, dotado de poder” (Bastos, 2004, p. 56).

Já para Rousseau, no contrato social “ [...] o homem cede todos os seus direitos naturais em prol da sociedade política, pois dando cada um o todo inteiro, a condição passa a ser igual para todos e sendo assim ninguém terá interesse em tom á-la onerosa aos outros” . (BASTOS, 2004, p. 57).

Doutrina da Força do Estado:

Para os defensores desta teoria o Estado nasce da supremacia dos mais fortes sobre os mais fracos, sendo que os mais fortes impõem sua vontade aos mais fracos através do Estado, sendo, portanto este, simples instrumento de dominação. Os principais defensores desta teoria foram Jean Bodin e Luwig Gumplowicz. Bodin admitia a possibilidade de o Estado nascer através de duas formas distintas, através da força do mais forte sobre o mais fraco, ou pelo contrato social, mas tendo por princípio de que qualquer uma das formas tinha por finalidade principal a manutenção da vida.

Já Gunplowicz defendia que o Estado era nascido naturalmente da luta do mais forte para subjugar o mais fraco, constituindo-se em uma forma de manutenção dessa soberania.

Teoria Familiar:

Esta teoria defende que o Estado surge diretamente da família que através de sua expansão surge como so- ciedade política, em que o poder estatal é exercido pelo chefe da família, sendo, portanto um poder patriarcal, que teria como base a transferência do poder divino para a pessoa do pai, fundando-se em características divinas.

Diversas são as teorias que buscam explicar a origem do Estado, mas nenhuma delas sozinha consegue expli- car satisfatoriamente a origem deste, uma vez que o surgimento do Estado está ligado a inúmeros fatores, sociais, religiosos, econômicos entre outros, e não há unicamente um destes como defendem as diversas teorias apre- sentadas. Portanto, podemos concluir que a origem do Estado deve ser estudada sem nos filiarmos a nenhuma destas teorias, uma vez que todas elas possuem parte da razão, pois o Estado surge de um somatório de fatores que devem ser estudados juntos para se concluir todo o desenvolvimento, desde 0 seu surgimento até o que ele

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é atualmente. Tais teorias serviam como forma de legitimação dos Estados, que sempre precisaram destas para garantir a obediência as suas normas.

3.2 JUSTIFICAÇÃO DO ESTADOBastos assim define a justificação do Estado:

No que se refere a justificação do Estado, pode-se dizer que ele se justifica na segurança jurídica a que transmite, todavia isso não implica em dizer que está ele restringido a uma mera organização judicial ou até mesmo a simples elabo- ração de uma legislação. Na verdade isso significa apenas que o Estado tem como uma de suas funções aplicar e também executar os princípios gerais do direito. Nesse sentido cumpre dizer que o Estado tem como um de seus fins o jurídico, é dizer, cabe a ele garantir e proteger o Direito7.

Diante disso, fica claro que o Direito é inerente ao Estado, sendo este um meio para se chegar a um dos fins que é o Direito, e consequentemente a organização da sociedade e o alcance do bem comum. Constitui-se, portanto, como uma das finalidades do Estado a busca do bem comum, mas sem deixar de valorar os interesses pessoais dos membros da coletividade. Os interesses do Estado não podem se sobrepor aos valores da pessoa humana, sendo o Bem Comum, a finalidade permanente do Estado.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Defina o que é Estado.2) Como surge o Estado?3) Quais as teorias sobre a origem do Estado? Explique cada uma delas.4) Qual a finalidade do Estado?

CURSO DE TEOLOGIA166

7. BASTOS, 2004, p. 60

MÓDULO 111 POLÍTICA

CONCEPCÃO DE ESTADOצ

4.1 O JUSNATURALISMO LOCKEANOO jusnaturalismo lockeano está na base da própria concepção liberal política e econômica, a qual, por sua vez,

sendo uma das chaves de compreensão do modo de produção capitalista, está estreitamente ligado às origens do Estado Moderno.

Modo de Produção é a totalidade das forças produtivas e das relações de produção de certa sociedade, ou seja, é a maneira como a sociedade produz seus bens e serviços, e, bem assim, o modo como os utiliza e a forma como os distribui. Capitalismo é o modo de produção que se baseia na propriedade privada dos meios de produção e distribuição de bens e riquezas, num mercado em que haja livre concorrência entre as empresas, na busca do lucro e no trabalho livre e assalariado. Meios de Produção são os meios empregados por qualquer tipo de traba- lho para a produção de bens. As instalações (edifícios, armazéns etc), os instrumentos de produção (máquinas, ferramentas), as várias formas de energia e os meios de transporte utilizados na produção de qualquer bem. O principal meio de produção na agricultura é a terra. Fazem parte dos meios de produção também as jazidas e outros recursos naturais. (OLIVEIRA, 2004, pp. 242, 251-252).

As diferentes formas de pensamento jusnaturalista têm como ponto em comum a afirmação de que todos os homens, sem distinção, são, por força da própria natureza e, independentemente de sua própria vontade, deten- tores de certos direitos fundamentais.

O jusnaturalismo pode ser definido como doutrina segundo a qual existem leis não postas pela vontade hu- mana, das quais derivam, como em toda e qualquer lei moral ou jurídica, direitos e deveres que são, pelo próprio fato de serem derivados de uma lei natural, direitos e deveres naturais. (BOBBIO, 2005, p. 11)

John Locke (1632-1704) parte do estado de natureza, no qual o homem possuía perfeita liberdade e igualdade e, ao ser governado pela lei da natureza, ele sabia que ninguém poderia provocar danos à vida, à saúde, à liber- dade ou à propriedade das outras pessoas.

Toda uma formulação teórica foi elaborada para justificar a proteção, diante do soberano detentor do poder político, de esferas pessoais de ação humana e de propriedade privada.

Para Locke, o poder que as pessoas tinham sobre as coisas decorria do estado de natureza, ou seja, nada tinha a ver com o Estado e a instituição da sociedade política. Em outras palavras, 0 estado de natureza seria o momen- to econômico anterior e determinante do poder político. Em suma, no estado de natureza ou na sociedade natural, os homens vivem segundo as leis naturais, inclusive as da livre concorrência econômica. Logo, para Locke, a política está a serviço da economia. Esse mesmo pensamento é que ajuda a construir o pensamento liberal.

4.2 O QUE É LIBERALISMO?A essência do pensamento liberal ou liberalismo é a limitação do poder do Estado na ordem política e na or-

dem econômica. N a compreensão dos liberais, o poder não pode ser absoluto, ou seja, existem limites à sua atu- ação. O Estado tem poderes e funções limitados. Deve-se ter em conta que essa limitação dos poderes e funções estatais se desdobra em dois aspectos que precisam ser distinguidos: Um deles é a distribuição dos poderes entre órgãos políticos diversos, com o objetivo de impedir 0 abuso e o excesso de poder, protegendo a sociedade de danos ao regime de liberdades gozado por ela. A esse primeiro aspecto corresponde a idéia de Estado de Direito, como sendo aquele em que as decisões políticas se tomam com observância das normas, de cuja observância as autoridades não podem se descuidar. O outro aspecto é o da limitação de atuação do Estado no campo da proprie- dade privada, revelando-se ilegítima qualquer intromissão no âmbito de livre disposição das coisas ou dos bens

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pelos particulares, ou seja, qualquer empecilho ao livre comércio e gozo. O ideal era, assim, o do Estado mínimo, ou seja, aquele que intervém somente para garantir a ordem pública interna e externa, protegendo os cidadãos de ilegalidades praticadas por outros, bem como zelando pela estabilidade da pátria no plano das relações interna- cionais. O liberalismo revela uma concepção individualista da sociedade.

O individualismo sugere que primeiro existe o indivíduo isoladamente considerado, com as suas necessida- des e os seus interesses e, depois, vem a sociedade. Assim, o indivíduo é considerado na sua capacidade de auto formação, de desenvolvimento, de progresso intelectual e moral num regime de máxima liberdade em relação a qualquer norma externa que lhe seja imposta pela força. Reinvidica-se, então, plena liberdade individual na esfera espiritual e na esfera econômica.

As Revoluções Liberais

A mais notável conseqüência histórica da efetivação da concepção liberal foi o surgimento de revoluções voltadas à derrocada dos regimes monárquicos de poder absoluto.

Consoante assinalado por Bobbio, o resultado das revoluções comandadas por certas forças sociais contra a monarquia foi a celebração de novos acordos ou pactos entre o soberano e os súditos, nos quais se vislumbrava um novo sistema de direitos e deveres, onde se passava a resguardar de abusos do poder a vida, a liberdade e a propriedade privada. Assim, a mais famosa revolução liberal se confunde com o maior acontecimento do século XVIII: a Revolução Francesa.

Pelas revoluções liberais veio a se afirmar o rol dos direitos fundamentais de primeira geração ou dimensão. Ou seja, direitos de prestação negativa, os direitos de liberdade civil e política, enfim, direitos de resistência ou de oposição perante o Estado, no dizer de Bonavides. No meio dos direitos então assegurados e constitucionali- zados, se encontra o da liberdade econômica dos cidadãos.

4.3 O QUE É SOCIALISMO?A Revolução Francesa, inspirada pelos ideais liberais, muito embora tenha gerado várias transformações

na idéia de Estado e de suas relações com os cidadãos, acabou se contentando com um a sociedade dividida em classes e cheia de desigualdades econômicas e culturais.

A Revolução Francesa foi um movimento político-social liderado pela burguesia, que marcou a ruptura com o Estado absoluto, estabelecendo, na França, uma série de limitações ao exercício do poder político, expressas na Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 27 de agosto de 1789. Ao lado do prevalecimento das teorias liberais, a revolução industrial, com todas as profundas mudanças por ela operadas nas relações econômicas, levou a um quadro de exploração do proletariado, transformando homens em máquinas de trabalho e produção, em terríveis condições de vida.

Nesse quadro, fortalece-se o socialismo utópico o qual, se constituía num protesto contra a sociedade dividida entre possuidores dos meios de produção e trabalhadores semi-escravizados. O socialismo utópico, representado por Proudhon, Fourier, Owen, Babeuf, entre outros, teceu uma série de críticas de cunho negativo, visando uma sociedade mais igualitária, criticando a discrepância observável entre liberdade e igualdade formal asseguradas nas Constituições e a liberdade e igualdade reais, que não se verificavam nas situações do dia a dia da maior parte da população.

Com a passagem do tempo, sobreveio o socialismo científico, cujas bases científicas foram propostas pelos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), os quais tinham em comum com o socialis- mo utópico a busca por uma sociedade igualitária, mas deste se diferenciava pelo fato de seguir um método de observação e de avaliação das relações econômico-sociais. No pensamento de Marx e Engels, a sociedade é mecanicista, servindo como instrumento de poder da classe forte e privilegiada, enquanto a sociedade, em nada orgânica, é a expressão de classes irreconciliáveis e antagônicas entre si. Como proposta política e científica estava a extinção do Estado e, portanto, da opressão de uma classe sobre as outras, entrando em jogo a teoria da

CURSO DE TEOlOGiAÍlê l

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superação das classes e a dialética marxista. O socialismo científico propunha que, através da tomada violenta do poder pelo proletariado, os meios de produção passariam à propriedade estatal, e o Estado, após isso, diante de sua inutilidade, seria automaticamente extinto, acabando assim qualquer luta de classe.

As Revoluções Socialistas:

Os ideais socialistas também se traduziram, historicamente, em revoluções que mudaram radicalmente a própria concepção de Estado, reclamando-se daí em diante um Estado intervencionista, o qual agiria na esfera tida até então como privada, tencionando o estabelecimento de condições de vida igualitárias e justas. A grande revolução socialista foi um dos maiores acontecimentos do século XX, a Revolução de Outubro na Rússia, a qual destronou os czares. A obra revolucionária socialista resultou no reconhecimento, em diversos sistemas constitu- cionais, de direitos econômicos, sociais e culturais, bem como de direitos coletivos ou de coletividades. Assim, o resultado foi a formação de várias espécies de Estado Social, os quais dominaram o cenário principalmente após a segunda guerra mundial.

4.4 AS DIVERSAS FORMAS DE ESTADO SOCIAL NAS CONSTITUIÇÕESE nos nossos dias, qual resultado pode ver do confronto entre os ideais liberal e socialista? Podemos dividir

em quatro os Estados, cujas Constituições os descrevem como sociais: o Estado Social conservador, o Estado Social da concretização da igualdade e da justiça social, o Estado Social transformador do status quo, que abre caminho à concretização do socialismo, e o Estado Social das ditaduras.

O Estado social conservador

E aquele em que a Constituição o define como social, mas 0 seu compromisso mais profundo é com os princí- pios do liberalismo econômico, cujo cumprimento é reclamado pela ingerência do capital e de seus fatores reais de poder, os quais acabam por prevalecer na interpretação da Constituição, fazendo-a peça decorativa de um Estado conservador de cunho efetivamente liberal. Nesses sistemas, geralmente se deixa ao legislador a tarefa de concretizar os princípios de justiça social e igualdade. Pois a constituição, embora os proteja, acaba por colocar nas mãos do legislador a definição de uma política.

Assim, entra aquela frase de Kelsen, no sentido de que a Constituição finge dar com uma das mãos enquanto retira com a outra. E, então, um Estado Social apenas no nome e na proposta, a qual se tom a sem resultado no plano dos anseios populares de igualdade e justiça social.

Estado Social da concretização da igualdade:

Nessa espécie de Estado Social, vê-se o compromisso e a prática efetiva, através de políticas públicas da igualdade, criando-se condições sociais melhores, nos mais diversos âmbitos: educação, saúde,moradia, traba- lho, previdência social etc.

Estado Social transformador do status quo:

O Estado Social transformador do status quo é uma concepção que, sem abrir mão da perspectiva democrá- tica, do livre embate e debate das idéias e dos meios constitucionais de ascensão ao poder político, propõe que a Constituição não somente enseja a concretização da igualdade, mas vai além, dando abertura à substituição do sistema capitalista e a adoção Estatal de um socialismo.

lê fCURSO DE TEOLOGIA

MÓDUL0111 POLÍTICA

Estado Social das ditaduras

O estado social das ditaduras é na verdade a afirmação de justiça social e igualdade por parte de regimes totalitários, que se, querem legitimar no poder, através do uso de um aparente compromisso transformador da sociedade.

Enquanto as Constituições liberais são marcadas pela falta de alusão aos direitos sociais, no Estado Social das ditaduras ocorre, em nome de projetos de justiça social, a eliminação da democracia e do pluralismo político.

Significado constitucional do Estado Social

Por muito tempo foi sustentada a tese, segundo a qual, as normas constitucionais referentes a direitos sociais como a moradia, a educação, o trabalho seriam meramente programáticas, destituídas de eficácia, já que somen- te poderiam servir de conselho ou de regra de boa conduta para os exercentes do poder político. Sendo assim, nunca poderia sequer ser ajuizada uma ação para resolver o problema da falta ou omissão do poder público no tocante à concretização desses direitos. Porém, o moderno constitucionalismo democrático, rejeita esse posicio- namento entendendo, segundo J. J Gomes Canotilho, que as normas constitucionais, referentes ao Estado Social, contêm uma imposição obrigatória dirigida aos órgãos de direção política.

Desse caráter impositivo derivam várias conseqüências jurídico políticas:Em primeiro lugar o legislador esta autorizado a concretizar a transformação e a modernização das estruturas

econômicas, usando para isso dos meios necessários.Em segundo lugar, é impedido o retrocesso social, ou seja, desde que obtido um certo grau de realização dos

direitos sociais e econômicos, o Estado não pode criar políticas públicas ou fazer normas que resultem na ani- quilação dessas vantagens sociais, sem que, em troca, forneça efetiva e justa compensação ao desgaste criado.

Em terceiro lugar, as normas constitucionais asseguradoras do Estado Social devem ser tidas em conta na interpretação da Constituição, levando o poder público a se abster de fazer leis que firam os projetos constitucio- nais de igualdade e justiça social.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1) Defina o conceito Jusnaturalista.2) Como podemos definir o conceito liberalista de Estado?3) O que é o socialismo utópico?4) Qual a diferença entre socialismo utópico e socialismo científico?

CURSO DE TEOLOGIA17#

MÓDUL0111 POLÍTICA

PARTIDOS POLITICOSMuitas definições têm sido propostas com o intuito de expressar a essência de um partido político, ou seja,

revelar os elementos básicos que o integram e compõem a sua razão de ser. O partido político é uma organização formada por pessoas que, motivadas por ideais e interesses comuns, tencionam, observando normalmente os meios legais, conquistar o poder e nele se conservarem, visando a efetivação dos seus objetivos. (BONAVIDES, 2004 ,p . 346)

Para ele, os elementos básicos de definição de um partido político sempre envolvem: um grupo social organi- zado, um conjunto de idéias comuns, o intuito de tomada e conservação do poder político.

Grupos de Pressão e Partido Político

Convém distinguir, para evitar confusão, as noções diversas de grupos de pressão e partido político.A expressão “grupos de pressão” traz à mente, a um só tempo, a existência de uma organização formal de pes-

soas congregadas em tomo de interesses e uma modalidade de ação do próprio grupo em vista da consecução de seus fins: a pressão. Por pressão se pode indicar a possibilidade de utilização de sanções negativas, as quais soam como verdadeiras punições, e sanções positivas, de que são típicos as dádivas e privilégios, no intuito determinar em certo sentido os rumos do poder político.

Assim como os partidos políticos, os grupos de pressão são organismos colocados entre os cidadãos se o Es- tado, bem como representam ambos os interesses dos seus membros, fazendo-os conhecidos no âmbito do poder político. Então, você pode se perguntar: o que distingue os grupos de pressão dos partidos políticos?

Alguns doutrinadores elencam vários critérios de distinção, vejamos alguns:1) os partidos políticos buscam assumir o poder, enquanto os grupos de pressão tencionam apenas influir

sobre o processo de tomada das decisões políticas, pretendendo assegurar os seus interesses;2) os partidos políticos sustentam uma visão global da sociedade e do Estado, enquanto os gmpos de pressão

se restringem aos interesses, cujo prevalecimento se dedicam;3) enquanto os grupos de pressão exercem uma atividade sem responsabilidade social e com propósitos mui-

tas vezes ocultos, os partidos políticos têm uma responsabilidade política e expõem seus programas aos olhos de todos.

Observa-se, no entanto, que muitas vezes se confundem as ações e propósitos dos partidos políticos e dos grupos de pressão, não se podendo furtar ao reconhecimento de que existem verdadeiros gmpos de pressão à base de partidos políticos.

Diante desse quadro, alguns pensadores têm sugerido que as marcas que distinguem os partidos políticos dos gmpos de pressão podem ser encontradas somente naquelas atividades que os partidos exercem sozinhos, ou seja, a título exclusivo. Colocam-se, assim, as funções de competição eleitoral e participação direta no poder, através dos titulares cargos políticos neles filiados. O problema passa a ser, então, de direito e da maneira como as normas.

Resistência à criação dos Partidos Políticos

A prim eira e m ais fundam ental resistência histórica à criação dos partidos políticos vem dos teóricos do poder político absoluto. Assim, Thom as Hobbes (1588-1679) via os partidos como fontes geradoras de

171CURSO DE TEOLOGIA

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sedução e violência, sendo os verdadeiros responsáveis pelo ódio e violência sociais. M as o interessante é que mesmo entre teóricos im portantes da dem ocracia representativa, nom es influentes na história da poli- tica como Abraham Lincoln, John M arshall e John Adams se posicionaram contra a instituição de partidos, vendo-os como causa de constante perigo para a m antença da unidade da com unidade política e subsistência do próprio regim e dem ocrático.

No capítulo X da obra intitulada "Federalista”, não se poupou palavras duras sobre o que chamou de violência das facções, tratando como vício perigoso a tendência de formação de partidos. Para ele, as facções ou os parti- dos são dirigidos por homens dominados pelos impulsos de paixões contrárias aos direitos dos outros cidadãos e ao interesse constante e geral da sociedade.

Tais resistências chamam nossa atenção para uma colocação de Norberto Bobbio, no sentido de que a con- cepção originária de democracia nunca admitiu ou levou em conta a existência de partidos políticos. A referida oposição aos partidos políticos gerou, por muito tempo, lacuna na literatura política e jurídica, sendo considerá- vel também o silêncio guardado nas Constituições democráticas a respeito de tais agremiações.

Λ admissão doutrinária dos Partidos Políticos:

Quando se concebeu a democracia, sempre se teve o cuidado de afirmar que por ela se instauraria o governo da vontade geral, ou seja, do interesse de todos e não de alguns.

Rousseau (1712-1778), teórico da democracia direta, recusava toda idéia de intermediação de que resultasse empecilho à participação imediata de todo povo no processo de tomada das decisões políticas. Porém os teóricos da democracia representativa acentuavam a necessidade de orgãos de representação da soberania popular, com- postos de pessoas eleitas pelo povo, segundo regras previamente estabelecidas. O que nenhuma das perspectivas de governo democrático via com bons olhos era a formação de partidos políticos. Entretanto, o seu crescimento acompanhou o próprio desenvolvimento da democracia e de suas instituições. (BONAVIDES, 2004, p. 350)

Classificação dos Partidos Políticos

Várias classificações de partidos políticos têm sido esboçadas no âmbito teórico. David Hume (1711-1776) dividiu os partidos políticos em pessoais e reais.

Os partidos políticos pessoais são aqueles fundados sobre sentimentos de amizade pessoal ou hostilidade com os membros de partidos diversos. Já os partidos políticos reais são aqueles que se assentam em distinções reais de opinião e interesse político. Os reais se subdividem em três: partidos de interesse, partidos de princípio e par- tidos de afeição. Nos partidos de interesse, o que domina é a busca pelos interesses econômicos dos integrantes de cada uma das agremiações políticas. Nos de princípio, a agremiação tem origem em concepções abstratas e especulativas de vida. Nos de afeição, tudo se assenta na dedicação especial dos homens a certas famílias e indi- víduos, pelos quais desejam ser governados. Max Weber divide os partidos políticos em dois grupos, os partidos de patronagem e os partidos ideológicos.

Nos partidos de patronagem, o objetivo é galgar o poder a fim de satisfazer meros interesses de posições políticas e de vantagens materiais, notadamente empregos públicos para os correligionários e beligerantes. Nos partidos ideológicos, a tônica de sua ação está em transformar a estrutura estatal e social, com base em concep- ções de cunho filosófico. Para Georges Burdeau, as agremiações políticas são classificadas em partidos políticos de massa e partidos políticos de opinião.

Os partidos de massa partem da noção de uma sociedade dividida em classes e da necessidade de participação popular ativa para o refazimento das estruturas de poder. Assim, o que neles se busca é a defesa de interesses econômicos e ideologias de transformação social.

Os partidos de opinião são aqueles em que, pelas mais diversas formas, se disfarça o mero interesse na man- tença do status quo social, ou seja, a subsistência das coisas como estão.

CURSO DE TEOLOGIA171

MÓDUL0111 POLÍTICA

A concepção kelseniana de Partido Político

Hans Kelsen (1995, p. 287), ao falar sobre a importância dos partidos políticos dentro de uma democracia, deixou claro que é essencial num regime democrático que seja assegurada liberdade ampla na formação de parti- dos políticos. Além disso, no pensamento de Kelsen, também vemos que, embora a Constituição pudesse sujeitar a formação e a atividade dos partidos a algum controle do governo, jam ais poderia dar a algum deles uma posi- ção privilegiada ou mesmo um monopólio. Essas proposições doutrinárias kelsenianas derivavam de sua sólida convicção democrática e da democracia como relativismo político, em cujo âmbito as minorias são sempre pro- tegidas contra a maioria, havendo técnicas que possibilitam a alteração das normas e decisões políticas segundo novas composições de força.

Sistemas Partidários AS ESPÉCIES DE SISTEMAS PARTIDARIO!

No decorrer da história partidária moderna, encontram-se basicamente três sistemas partidários, sendo eles o do partido político único, o sistema bipartidário e o sistema multipartidário. Georges Burdeau importante cons- titucionalista francês notável pelas suas incursões no campo da Ciência Política.

Hans Kelsen foi importante jurista e filósofo austríaco, o qual deixou profundo legado no direito,sobretudo através de sua obra Teoria Pura do Direito e de seus estudos em direito internacional e jurisdição constitucional. No partido único ou totalitário, a ordem é imposta de cima e tem a qualidade de ser indiscutível.

O partido e o Estado se confundem, virando uma só realidade de domínio político. Como exemplo histórico dessa espécie de sistema partidário, a experiência nacional-socialista alemã, comandada por Hitler.

O sistema do partido único tem sido o preferido dos regimes totalitários, a ponto de se poder dizer, com Paulo Bonavides, que as ditaduras do século XX encontraram nele o mais poderoso instrumento de mantença do poder, interditando a liberdade e o pluralismo político.

No sistema bipartidário, parte-se do pressuposto que a sociedade, em suas questões políticas fundamentais, tem sempre a tendência de se dividir em duas correntes. Por isso, também há somente a necessidade de dois partidos. Para o sucesso desse sistema, dois pressupostos são necessários:

1) acordo quanto às regras básicas do jogo democrático, havendo respeito mútuo no consenso e no dissenso;2) acordo quanto aos fundamentos básicos de organização da comunidade política, ou seja, quanto à estrutura

constitucional do Estado.O sistema multipartidário se encontra quando três ou mais partidos disputam o domínio do poder político

dentro de certo Estado.Os partidos Políticos nas constituições modernas por muito tempo, dada a resistência no reconhecimento dos

partidos políticos como algo natural à atividade política num regime democrático, as Constituições se silencia- ram sobre eles. Contudo, já se pode falar numa realidade de constitucionalização dos partidos políticos, sendo que a Constituição da República Federativa do Brasil reserva tratamento especial aos partidos políticos.

Segundo a doutrina lusitana, por causa do reconhecimento constitucional dos partidos políticos e da sua influência para a formação da vontade política, alguns já disseram que os partidos exerciam funções de órgãos do poder político, sendo órgãos do Estado. A constitucionalização dos partidos políticos ou a sua incorporação constitucional apenas fez com que eles deixassem de ser somente uma realidade sociológica e política, passando a ser entidades jurídico constitucionais de relevo.

O reconhecimento constitucional da relevância dos partidos, que não corresponde à sua transformação em entidade estatal, ou seja, pertencente à estrutura do Estado. Os partidos gozam de liberdade externa e liberdade interna. Por liberdade externa, indica-se que é livre tanto a criação de partidos políticos, quanto a sua atuação. Por liberdade interna dos partidos políticos, sugere-se, em primeiro lugar, que essas agremiações são livres de qualquer controle ideológico e de qualquer manipulação de seus programas e, também, que têm autonomia para estruturarem a sua organização externa.

173CURSO DETEOLC

MÓDULO I I I POLÍTICA

Na Constituição Federal brasileira, os partidos políticos são tratados no artigo, o qual assegura aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, devendo seus estatutos es- tabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias.

Também diz a Constituição brasileira que é livre a criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos poli- ticos. Ressalte-se, ainda, que os partidos políticos devem ter caráter nacional, sendo lhes vedada a utilização de organização paramilitar.

CURSO DE TEOLOGIA1 n

MÓDUL0111 POLÍTICA

A IGREJA E A POLÍTICAA postura apolítica da igreja foi formulada a partir de eoneeituações equivocadas sobre o seu papel no seio

da sociedade. Historicamente, a experiência negativa da relação “igreja-estado” a partir do terceiro século da Era Cristã fez com que a igreja perdesse a sua razão de ser. O seu papel missionário de pregar o Evangelho de Cristo tomou-se uma justificativa para a expansão política.

Líderes da igreja coroando e descoroando reis, influenciando sobre guerras e conflitos e o abuso do poder eclesiástico foram suficientes para nascer a reforma protestante. Gmpos cristãos voltados para santidade passa- ram a omitir-se de qualquer envolvimento com políticas. Através dos séculos da era cristã a questão política tem dividido opiniões e tem provocado cisões na igreja como um todo.

6.1 A POLÍTICA NOS DIAS DE CRISTO.Desde os tempos de Cristo quando o Império Romano subjugava o mundo de então, a Palestina que vivia em

constantes revoltas internas na sua política, precisava de “algo novo” capaz de mudar a vida das pessoas. João Batista, profeta do deserto, foi capaz de tomar-se um dos mais ferrenhos críticos ao sistema governante da Pales- tina. Havia alguns gmpos políticos na época, os quais desenvolviam um tipo de política atrelado à religiosidade, especialmente, ao judaísmo.

Havia o partido dos herodianos que tinha no rei Herodes, rei da Judéia, a esperança de mudança, uma vez que o reino de Israel era submisso ao império romano. Herodes era idumeu, descendente de Esaú, e fora imposto pelo Imperador, por isso, seu partido não tinha boa aceitação entre os judeus. Na verdade, política e religião definiam as posições partidárias dos israelitas, e o quadro social da Palestina se mostrava inseguro e agravado pelos pro- blemas econômicos de pobreza e miséria social na vida do povo.

Especialmente, na Palestina, os partidos políticos eram também religiosos. O partido dos saduceus era cons- tituído por membros da aristocracia sacerdotal e por pessoas leigas, mas que tivessem possessões. O partido dos farizeus era um partido separatista. Seus membros não se misturavam com o povo. Seguiam uma linha espiritualista, ao contrário dos saduceus que tinham uma visão mais filosófica e legalista. Ligados, também, ao judaísm o, os farizeus eram liderados pelos escribas, os quais se ufanavam de serem intérpretes da lei de Moisés e dos Profetas.

Porém, numa dissidência do farizaismo surgiu o partido dos Zelotes (Zelosos), que também era constituído de legalistas quanto à lei de Moisés, mas tinham uma característica revolucionária em termos de política. Sonha- vam com a independência nacional e criam e esperavam a vinda do Messias que haveria de expulsar o opressor romano e instalaria um govemo de paz. Esse partido era extremista e, entendia que sua revolução política, visava preparar o mundo para a vinda do Messias.

Os essênios formavam um partido que abrigava os chamados alienados, excluídos da sociedade. Eram volta- dos para uma vida de reclusão, uma vida monástica no deserto, com uma idéia de purificação social. Naqueles dias, a situação política, extema e interna, em Israel, era complicada. Os romanos queriam estabelecer um do- mínio mundial, e para tal, qualquer ameaça a esse afa romano, era destruída. Nesse período caótico político e religioso apareceu Jesus para fazer a diferença.

Seu projeto era revolucionário, novo e singular. A pregação da chegada do Reino de Deus entre o povo se constituía numa ameaça aos gmpos políticos e religiosos.

CURSO DE TEOLOGIA־175

MÓDUL0111 POLÍTICA

6.2 O PAPEL POLITICO DA IGREJA HOJE.“(...) Daí pois a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus" (Mt 22: 21). Parece que este texto é o mais

esclarecido quando o assunto é a relação entre igreja e política.A grande confusão hoje em dia paira sobre; até que ponto a igreja pode se envolver com a política e até que

ponto ela deve não se misturar? Por mais simples e claro que seja tal assunto nas Escrituras, continua-se havendo muitos equívocos.

Em primeiro lugar, os cristãos devem entender que a Igreja de Cristo não precisa de políticos que a defendam. Quem defende a Igreja é o Senhor Jesus. A Igreja não precisa de pessoas na câmara dos deputados e vereadores para pleitearem a favor dos cristãos, pois quem luta pela igreja é Deus. O Senhor Jesus disse à Pedro: “(...) Sobre esta pedra eu edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevaleceram contra ela” (Mt 16:18), a Igreja é edificada por Cristo, de forma que, se ele quiser a perseguição seremos perseguidos, afinal não foi assim com a igreja primitiva? Os primeiros cristãos entenderam que era necessário sofrer por causa do evangelho, e não negociaram a fé, nem recorreram aos magistrados, pelo contrário, aceitaram de bom grado os açoites.

Segundo lugar um irmão em Cristo pode sim afiliar-se a um partido político, e engajar-se na carreira política, mas isso não quer dizer que o cristão lá dentro vai lutar pelos direitos da igreja, o político deve lutar pela justiça, pela igualdade, pela democracia, a favor de todos os cidadãos, e não apenas dos cristãos. O crente que decide seguir essa carreira deve trabalhar honestamente, não englobar apenas a bancada evangélica e sim a todos.

Jesus deixou bem claro, César é César, o que pertence a ele fica com ele, a igreja pertence a Deus, sendo assim, nosso papel político é lutar pela justiça em todo o país a favor de todas as pessoas, mas entendendo que isso não é nosso papel como cristãos e sim como cidadãos, é claro que ser um cristão implica em ser um bom cidadão, e isso se dá através do direito para todos.

Jesus disse que agora fazem os parte de um Reino, o Reino de Deus, e dentro desse Reino não devemos incluir ajudas externas, nossas vidas esta nas m ãos do Senhor, portanto continuem os sim buscando uma sociedade mais honesta, mais justa, mas isso como cidadãos, pois como cristãos lutam os de outra forma e por outra pátria (Fp 3: 20).

CURSO DE TEOLOGIAm

MÓDUL0111 POLÍTICA

REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Martins Fontes, 1998.BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 6a Edição, São Paulo: Celso Bastos Editora, 2004.BOBBIO, N. (org.) Dicionário de Política. 2 vols. Brasília: Ed. UnB, 1993.___________ . Teoria geral da política : a filosofia política e as lições dos clássicos. Organizado por MichelangeloBovero. Rio de Janeiro: Campus, 2000.___________ . Locke e o Direito Natural. 2. ed. Tradução de: Sérgio Bath. Brasília: Unb, 1997.BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado. 5a Edição, São Paulo: Malheiros, 2004.DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado, 25a Edição, São Paulo: Saraiva. 2005 HOBBES, Thomas. Do Cidadão. Tradução, apresentação e notas de Renato Janine Ribeiro. 2a ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado. São Paulo: Martins Fontes, 1995.______________ . A Democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2000MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Tradução de Lívio Xavier. São Paulo: Ediouro, 2002.PLATÃO. A República. São Paulo: Editora Escala, 1998.TOCQUEVILLE, A. de. A Democracia na América. Tradução de Eduardo Brandão. 2 vols. São Paulo: Martins Fontes, 1998.VILANOVA, Lourival. Estruturas Lógicas e o Sistema de Direito Positivo. São Paulo: Editora Noeses, 2005. WEBER, Max. A instituição estatal racional e os partidos políticos e parlamentos modernos (Sociologia do Estado). I n :_____ Economia e Sociedade. Vol. 2. Brasília: Ed. UnB, 1992.

177CURSO DE TEOLOGIA

faculdade teológica betesdaMoldando vocacionados

AVALIAÇÃO - MODULO XI POLÍTICA1) Defina com suas palavras o que é Política.2) Qual a influência causada pela obra de Aristóteles, “A Política”?3) Como se deu o desenvolvimento das Cidades-Estado gregos?4) Como eram organizadas as com unidades em Rom a antes da dom inação E trusca e o que causou sua

desintegração?5) Descreva como funcionava o Feudalismo.6) O que norteou as grandes mudanças na Idade Moderna?7) A vida em comunidade (sociedade) é importante para o ser humano. Porém a vida social tem suas prerro-

gativas: A medida que uma comunidade cresce, crescem também as disputas, e os conflitos de interesses pessoais, sendo assim, qual seria o meio pelo qual deve ser assegurado a pacificação comunitária?

8) Segundo Celso Ribeiro Bastos, quais as características próprias de um Estado?9) Qual a relação entre o Estado e o indivíduo dentro do liberalismo?10) Em sua opinião, qual deve ser o posicionamento do cristão frente a política?

CARO(a) ALUNO(a):

• Responda cada QUESTÃO acima em folhas pautadas (com linhas) em letras de forma ou digite no computador, se preferir enviar via e-mail.

• Tanto via correio ou via e-mail, envie-nos as 5 Avaliações desse Módulo todas juntas, de acordo com as Regras Gerais (p.6):

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