estudo camara quente muito bom

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1 SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA – SOCIESC INSTITUTO SUPERIOR TUPY – IST SABRINA MARQUES ESTUDO DE UM BICO CONDUTOR DE CALOR EM UM SISTEMA DE CÂMARA QUENTE PARA INJEÇÃO DE PLÁSTICO Joinville 2011/1

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Page 1: Estudo Camara Quente Muito Bom

1

SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA – SOCIESC

INSTITUTO SUPERIOR TUPY – IST

SABRINA MARQUES

ESTUDO DE UM BICO CONDUTOR DE CALOR EM UM SISTEMA DE CÂMARA

QUENTE PARA INJEÇÃO DE PLÁSTICO

Joinville

2011/1

Page 2: Estudo Camara Quente Muito Bom

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SABRINA MARQUES

ESTUDO DE UM BICO CONDUTOR DE CALOR EM UM SISTEMA DE CÂMARA

QUENTE PARA INJEÇÃO DE PLÁSTICO

Orientador: Prof. Dr. Adriano Fagali de Souza.

Joinville

2011/1

Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Bacharelado em Engenharia Mecânica do Instituto Superior Tupy, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica.

Page 3: Estudo Camara Quente Muito Bom

3

SABRINA MARQUES

ESTUDO DE UM BICO CONDUTOR DE CALOR EM UM SISTEMA DE CÂMARA

QUENTE PARA INJEÇÃO DE PLÁSTICO

Joinville, 28 de Junho de 2011.

______________________________________

Prof. Dr. Adriano Fagali de Souza (Orientador) Instituto Superior Tupy

______________________________________

Prof.: Écio José Molinari Instituto Superior Tupy

______________________________________

Prof.: Walber Ferreira Braga Instituto Superior Tupy

Este trabalho foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica e aprovado em sua forma final pelo curso de Bacharel em Engenharia Mecânica do IST.

Page 4: Estudo Camara Quente Muito Bom

4

À minha mãe, família e amigos.

Pelo incentivo, compreensão e paciência.

Ao Ms. Idezio Tomazelli.

Page 5: Estudo Camara Quente Muito Bom

5

AGRADECIMENTOS

A Deus pela vida, inspiração e a luz durante os momentos mais difíceis para

concretizar mais uma etapa em minha vida;

Em especial a minha mãe e toda minha família, pois nela busquei força e

estímulo para continuar esta árdua jornada;

A todos os amigos que estiveram presentes incentivando e dando força nos

momentos mais difíceis.

Ao professor Dr. Adriano Fagali de Souza pela orientação e constante

motivação, que com suas críticas, sugestões e dicas contribuiu de maneira decisiva

no desenvolvimento deste trabalho.

Aos professores Jackson Miranda e Juliana Bernardini Francischini, pelas

sugestões e dicas.

As empresas Fator e Sim, que permitiram a realização deste trabalho e

disponibilizaram o sistema de câmara quente estudado e os equipamentos

necessários.

A empresa Jeruel Plásticos, que disponibilizou o molde de injeção e o produto

injetado.

A empresa Magma e a Luciana Stuewe, que desenvolveu a simulação e

disponibilizou os resultados.

A SOCIESC, pela oportunidade.

Page 6: Estudo Camara Quente Muito Bom

6

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo estudar a viabilidade do bico condutor de calor em

um sistema de câmara quente através da comparação de resultados obtidos pela

simulação térmica do software Sigma que utiliza um sistema CAE com o teste

prático. Para tanto, foram realizados simulações e testes em bancada para a

obtenção das temperaturas na ponta do bico condutor de calor. Quando utilizado a

temperatura programada no bloco de 250°C, os resultados apontaram que, a

temperatura dos bicos chega muito próximo a do bloco, somente quando são

avaliados em um bloco independente, ou seja, fora do molde. Quando colocados

dentro do molde, perdem calor para as placas, chegando a perder até 20°C.

Contudo, a perda de calor não afeta as condições de processo do molde. Logo este

tipo de molde com bicos condutores de calor é uma escolha apropriada, pois agrega

menor custo ao produto, principalmente pela economia com pontos de controle. Para

diminuir o efeito que a variação de temperatura pode causar durante o processo de

injeção do material PP, a temperatura programada dos blocos deverá aumentar em

torno de 20°C, para que a temperatura na ponta dos bicos fique entre 230°C e

275°C, que é a faixa de temperatura ideal de processamento para o PP.

Palavras-chave: Sistema de câmara quente. Bico condutor de calor. Sistema para moldagem.

Page 7: Estudo Camara Quente Muito Bom

7

ABSTRACT

This work has as objective the study of the viability of the heat conducting nozzle in a

hot runner system by comparing the results obtained in the thermal simulation of the

Sigma software, that use a CAE system, with the practical test. For it, simulations

and stands tests were used to obtain the temperatures in the tip of the heat

conducting nozzle. When the programmed temperature in the block was 250ºC, the

results indicated that the temperature in the both nozzles becomes very close to the

temperature in the block, this occurs only when evaluated in an independent block, in

other words, outside the mould. When it is placed inside the mould, loses heat to the

plates, losing as much as 20ºC. However, the losses of heat don’t affect the mould

process conditions. So, this type of mould with heat conducting nozzles is an

appropriate choice, because aggregates lower cost to the product, mainly because of

the economy with fewer control points. In order to reduce the effect that the

temperature variation can cause during the process of PP injection, the programmed

block temperature should be improved by 20°C so that the temperature in the nozzle

stay between 230ºC e 270°C, the ideal range of temperature for the PP process.

Keywords: Hot runner system. Heat conducting nozzle. Molding systems.

Page 8: Estudo Camara Quente Muito Bom

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Gráfico da comparação da viscosidade versus taxa de cisalhamento dos

fluidos Newtonianos, pseudo plásticos não-Newtonianos e dilatantes não-

Newtonianos. ............................................................................................................. 19

Figura 2 - Efeitos do cisalhamento desenvolvido durante o fluxo na orientação e na

viscosidade do polímero. ........................................................................................... 20

Figura 3 - O efeito da temperatura e taxa de cisalhamento na viscosidade. ............. 22

Figura 4 - Componentes do Sistema de Câmara Quente. ........................................ 24

Figura 5 - Bico aquecido externamente. .................................................................... 28

Figura 6 - Tipos de vestígios: .................................................................................... 29

Figura 7 - Bicos multi-pontos. .................................................................................... 30

Figura 8 - Sistema de câmara quente com bicos condutores de calor, projetado por

E. R. Knowles em 1938. ............................................................................................ 31

Figura 9 - Estudo realizado por E. R. Knowles entre um bico condutor de calor

fabricado em aço e outro em cobre berílio. ............................................................... 32

Figura 10 - Estudos realizados com o bico condutor de calor por E. R. Knowles. .... 32

Figura 11 – Bico condutor de calor apoiando em uma face de assento esférico. ..... 33

Figura 12 - Bico condutor de calor com face de apoio plana..................................... 33

Figura 13 - Controlador de temperatura. ................................................................... 35

Figura 14 - Resistência tubular prensada em sulcos ao longo da superfície do

manifold. .................................................................................................................... 38

Figura 15 – Resistência em espiral. a) com seção transversal circular; b) com seção

transversal retangular. ............................................................................................... 39

Figura 16 – Transferência de calor unidimensional por condução (difusão de

energia). .................................................................................................................... 41

Figura 17 – Desenvolvimento da camada limite na transferência de calor por

convecção. ................................................................................................................ 42

Figura 18 – Irradiação de um corpo negro em um envoltório fechado. ..................... 45

Page 9: Estudo Camara Quente Muito Bom

9

Figura 19 - Condições de perda de calor em um sistema de câmara quente. .......... 45

Figura 20 - Estrutura discretizada como uma montagem de elementos. .................. 47

Figura 21 - Exemplo da aplicação de um elemento triangular................................... 48

Figura 22 - Exemplo da aplicação de um elemento retangular. ................................ 48

Figura 23 - Elemento sólido tetraédrico linear. .......................................................... 51

Figura 24 - Elemento sólido hexaédrico linear. ......................................................... 52

Figura 25 - Dimensões do produto ETP-115, em mm. .............................................. 55

Figura 26 - Distribuição das cavidades no molde e balanceamento de canais. ........ 57

Figura 27 - Espessura das placas e comprimento do bico. ....................................... 57

Figura 28 - Montagem do sistema de câmara quente juntamente com os produtos. 59

Figura 29 – Manifold tipo H. ...................................................................................... 60

Figura 30 - Manifold tipo Y. ....................................................................................... 61

Figura 31 - Bico condutor de calor. ........................................................................... 61

Figura 32 - Fluxograma da sequência das atividades desenvolvidas. ...................... 63

Figura 33 - Materiais dos componentes. ................................................................... 64

Figura 34 - Posição do termopar no bloco. ............................................................... 65

Figura 35 - Posição dos termopares nos bicos. ........................................................ 65

Figura 36 - Elementos que formam a malha do componente. ................................... 66

Figura 37 - Ensaio realizado na empresa Fator. ....................................................... 67

Figura 38 - Parte fixa completa do molde utilizada para a simulação. ...................... 68

Figura 39 - Materiais do molde. ................................................................................. 69

Figura 40 - Posição dos termopares no molde. ......................................................... 69

Figura 41 - Posição das resistências em relação aos bicos no molde. ..................... 70

Figura 42 - Elementos que formam a malha do sistema. .......................................... 70

Figura 43 – a) Posições dos bicos no bloco b) Resultados das temperaturas na

ponta dos bicos no bloco Y após 1 hora de simulação. ............................................ 71

Page 10: Estudo Camara Quente Muito Bom

10

Figura 44 - Resultados dos ensaios realizados na bancada, com os desvios padrão

de cada bico. ............................................................................................................. 73

Figura 45 – a) Posições dos bicos e sensor no bloco b) Resultados da média das

temperaturas na ponta dos bicos no bloco Y. ........................................................... 73

Figura 46 - Resultados simulação x real. .................................................................. 75

Figura 47 – Distribuição simétrica dos blocos no molde. .......................................... 76

Figura 48 - Resultados das temperaturas na ponta dos bicos com todo o sistema de

câmara quente dentro do molde. ............................................................................... 77

Figura 49 - Comparação dos resultados das temperaturas na ponta dos bicos na

simulação entre o bloco independente e a média das temperaturas dos blocos

dentro do molde. ....................................................................................................... 77

Figura 50 - Blocos e bicos montados no molde de injeção. ...................................... 78

Page 11: Estudo Camara Quente Muito Bom

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Diferença de injeção entre moldes convencionais e moldes com canais

quentes. .................................................................................................................... 23

Tabela 2 - Aplicações de alguns bicos aquecidos externamente. ............................. 29

Tabela 3 – Ordem de magnitude dos coeficientes de transferência de calor por

convecção. ................................................................................................................ 43

Tabela 4 - Propriedades do material PP. .................................................................. 56

Tabela 5 - Propriedades mecânica do aço AISI P20. ................................................ 60

Tabela 6 - Propriedades mecânica do NiCr8020. ...................................................... 60

Tabela 7 - Propriedades mecânica do Moldmax HH. ................................................ 62

Tabela 8 - Propriedades mecânica do titânio (Ti6A4V). ............................................ 62

Tabela 9 - Resultados dos ensaios na bancada. ....................................................... 72

Page 12: Estudo Camara Quente Muito Bom

12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABS – Acrilonitrila butadieno estireno

PA – Poliamida

PC – Policarbonato

PE – Polietileno

PID – Proportional integral derivative

PMMA – Polimetil metacrilato

POM – Poliacetal

PP – Polipropileno

PPO – Polioxido de fenileno

PS – Poliestireno

PUR – Poliureteno elastomérico

PV – Variável de processo

SAN – Estireno acrilonitrila

SP – Ponto de ajuste

Page 13: Estudo Camara Quente Muito Bom

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO ................................................................................... 17

2.2.1 Viscosidade ................................................................................................... 19

2.2.2 Temperatura .................................................................................................. 21

2.2.3 Pressão .......................................................................................................... 22

2.3.1 Bucha de Injeção .......................................................................................... 25

2.3.2 Manifold - Bloco de distribuição ................................................................. 25

2.3.3 Suportes ........................................................................................................ 26

2.3.4 Bicos de Injeção ........................................................................................... 27

2.3.5 Bico de injeção aquecido externamente ..................................................... 28

2.3.5.1 Bico de injeção com multi pontas ................................................................. 29

2.3.6 Bico condutor de calor ................................................................................. 30

2.3.7 Controlador de temperatura ........................................................................ 34

2.3.8 Aquecimento do sistema de câmara quente .............................................. 36

2.3.8.1 Resistência tubular do manifold .................................................................... 37

2.3.8.2 Resistência em espiral do Bico ..................................................................... 38

2.4.1 Condução ...................................................................................................... 40

2.4.2 Convecção ..................................................................................................... 41

2.4.3 Radiação ........................................................................................................ 44

2.4.4 Transferência de calor no sistema de câmara quente............................... 45

2.5.1 Elementos bidimensionais ........................................................................... 48

2.5.1.1 Elemento triangular linear ............................................................................. 49

2.5.1.2 Elemento retangular linear ............................................................................ 49

2.5.2 Elementos tridimensionais .......................................................................... 50

2.5.2.1 Elemento tetraédrico linear ........................................................................... 52

2.5.2.2 Elemento hexaédrico linear .......................................................................... 52

2.1 INJEÇÃO DE TERMOPLÁSTICOS .................................................................... 17

2.2 IMPACTO DAS PROPRIEDADES DO POLÍMERO NO SISTEMA DE CÂMARA

QUENTE ................................................................................................................... 18

2.3 SISTEMAS DE CANAIS QUENTES ................................................................... 23

2.4 TRANSFERÊNCIA DE CALOR .......................................................................... 39

2.5 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ............................................................. 46

Page 14: Estudo Camara Quente Muito Bom

14

2.5.3 Elementos Parabólicos ................................................................................ 53

2.6.1 Módulo Hot-Runner ...................................................................................... 54

3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .................................................................... 55

3.1.1 Sistema de câmara quente ........................................................................... 58

3.2.1 Procedimento da avaliação em bancada - Manifold tipo Y + bicos .......... 64

3.2.1.1 Simulação empregando o sistemas CAE ..................................................... 64

3.2.1.2 Ensaio ........................................................................................................... 66

3.2.2 Sistema completo ......................................................................................... 67

3.2.2.1 Simulação empregando o sistema CAE ....................................................... 68

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 71

5 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 79

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................... 80

REFERÊNCIA ........................................................................................................... 81

ANEXOS ................................................................................................................... 83

2.6 SOFTWARE DE SIMULAÇÃO - SIGMASOFT ................................................... 53

3.1 ESTUDO DE CASO: O PRODUTO E O MOLDE ............................................... 55

3.2 PROCEDIMENTOS ............................................................................................ 63

4.1 AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA SIMULADA EM UM MANIFOLD TIPO Y

INDEPENDENTE ...................................................................................................... 71

4.2 AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA REAL EM UM MANIFOLD TIPO Y

INDEPENDENTE ...................................................................................................... 72

4.3 AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA SIMULADA E DA TEMPERATURA REAL EM

UM BLOCO Y INDEPENDENTE ............................................................................... 74

4.4 ANÁLISE ADICIONAL. AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA SIMULADA

CONSIDERANDO O BLOCO Y DENTRO DA ESTRUTURA DO MOLDE ............... 76

Page 15: Estudo Camara Quente Muito Bom

15

1 INTRODUÇÃO

A procura por produtos e serviços mais eficientes vem crescendo com o

aumento da internacionalização dos mercados e de uma economia globalizada,

decorrente da evolução tecnológica que na indústria de plásticos ganhou grande

importância. Ligadas diretamente com esta evolução estão as câmaras quentes,

pois resultam em produtos que ofereçam soluções inovadoras, com maior qualidade,

menor custo e menor tempo de execução, procurando ao máximo atender, e até

mesmo superar, as expectativas do mercado que se encontra cada vez mais

exigente e competitivo, constituído por consumidores cada vez mais conscientes de

suas necessidades (FERRO, 2003).

A utilização de materiais poliméricos no processo de moldagem de

componentes plásticos vem sendo cada vez mais aplicado nos mais variados

setores da economia mundial, como: automobilístico, eletro-eletrônico,

eletrodoméstico, brinquedos, equipamentos cirúrgicos, embalagens, construção civil,

alimentícios entre outros (SILVA, 2009).

Este acréscimo na utilização de materiais poliméricos tem grande influência no

aumento da utilização de tecnologias de canais quentes.

Segundo Sant’Anna (2008), não existem dados oficiais, mas os principais

fornecedores de câmaras quentes para moldes de injeção garantem nos últimos

anos um crescimento em índices bem maiores aos da evolução da economia. A

cada dia, ferramenteiros, transformadores e, em alguns casos, empresas dos mais

variados segmentos que verticalizam a produção de peças plásticas incorporam o

componente em seus moldes, deixando para trás o uso da tecnologia das câmaras

frias. De acordo com representantes dessas companhias, não faltam motivos para

os resultados positivos. O fator fundamental está no alto investimento inicial

necessário. É unânime a opinião de que as câmaras proporcionam a melhora do

desempenho dos moldes e retorno compensador para os transformadores. A

multiplicação de fornecedores nos últimos anos também tem ajudado na expansão

do mercado. A concorrência estimulou a queda de preços e, em conseqüência, a

popularização do uso.

Uma das questões pelo fato destes sistemas possuírem custo elevado é a

necessidade da utilização de bicos de injeção elétricos em grande quantidade. Estes

Page 16: Estudo Camara Quente Muito Bom

16

bicos são relativamente grandes e possuem vários componentes, sendo que entre

os principais está a resistência elétrica que, quando utilizada em grande quantidade,

fará com que este sistema tenha um custo elevado, sendo que o alto consumo de

energia destes bicos e a necessidade de utilização de controladores de temperatura

com maior quantidade de pontos de controle influenciam diretamente na escolha

entre sistemas de canais quentes e canais frios. Perante este cenário, constatou-se

a necessidade de estudar a viabilidade do bico condutor de calor.

O principal objetivo deste trabalho foi estudar a viabilidade do bico condutor de

calor em um sistema de câmara quente através da comparação de resultados

obtidos pela simulação térmica do software Sigma que utiliza um sistema CAE com o

teste prático.

Sendo assim, através da integração entre teoria e prática foi necessário aplicar

conhecimentos de assuntos específicos, de mecânica dos fluidos, resistência dos

materiais e transferência de calor, adquiridos durante o curso de Engenharia

Mecânica. A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas: 1) pesquisa descritiva, onde

serão apresentados no decorrer deste trabalho os fundamentos teóricos dos

sistemas de câmara quente; 2) (pesquisa explicativa, onde serão realizados testes

práticos em bancada e simulações com sistema CAE, para verificar as temperaturas

nas pontas dos bicos, após a apresentação das análises serão apresentados

sugestões e discussões sobre os resultados).

A viabilidade de execução deste estudo foi possível, pois as Empresas SIM,

Fator, Jeruel, Magma, e a instituição de ensino SOCIESC apoiaram e

disponibilizaram os equipamentos necessários para o desenvolvimento da pesquisa.

O trabalho encontra-se organizado em quatro capítulos que, progressivamente,

conduzem o leitor desde a natureza do tema até as conclusões obtidas sobre os

resultados encontrados.

Page 17: Estudo Camara Quente Muito Bom

17

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

Nesta seção são apresentadas as teorias que fundamentam esse estudo.

2.1 INJEÇÃO DE TERMOPLÁSTICOS

Segundo Manrich (2005), polímero é qualquer material orgânico ou inorgânico,

sintético ou natural que possua alto peso molecular com variedades estruturais que

se repetem, sendo que normalmente esta unidade repetida é de baixo peso

molecular.

Os polímeros podem ser classificados de diferentes maneiras, entre elas, em

relação: à sua estrutura química; método de preparação; características tecnológicas

e comportamento mecânico. Com relação à classificação do ponto de vista das

características tecnológicas, os polímeros podem ser divididos em: termoplásticos e

termofixos (MANRICH, 2005).

Termoplásticos são polímeros que podem ser fundidos e solidificados repetidas

vezes, com pouca ou nenhuma variação em suas propriedades básicas (ibidem).

Termofixos são polímeros que, após sofrerem o processo de cura, não podem

ser fundidos ou dissolvidos sem a ocorrência da degradação de sua estrutura

química (ibidem).

A moldagem por injeção é reservada, quase que exclusivamente, aos materiais

termoplásticos que deverão ser extraídos frios das cavidades para não sofrerem

deformações, como empenamento e rechupe. O material é aquecido até a fusão,

injetado nas cavidades frias do molde e solidificado por canais de resfriamento

localizados próximos as regiões das cavidades (PROVENZA, 1976).

Existe uma grande variedade de materiais termoplásticos, onde cada um

apresenta um comportamento diferente durante o processo. O fluido plástico deverá

apresentar um comportamento térmico uniforme e uma boa estabilidade química,

isto é, deverá fundir de forma homogênea, sem decompor-se nem desprender gases

que prejudicariam o produto, a máquina e o ambiente. Antes de ocorrer a

transformação quase todos os termoplásticos precisam de uma secagem prévia, a

fim de eliminar a umidade por eles armazenada. Para obter-se peças com medidas

Page 18: Estudo Camara Quente Muito Bom

18

exatas, é necessário que o plástico apresente uma contração pequena e uniforme.

Em geral a contração dos termoplásticos em direção ao fluxo é de 0,4% e

transversalmente de 0,7% (ibidem).

A viscosidade do material, a construção do molde e o sistema de plastificação,

influenciam diretamente na temperatura, pressão e velocidade de injeção. A

temperatura do molde depende do tipo de plástico e da espessura do produto, peças

simples de pequena espessura requerem temperaturas mais baixas comparadas as

dos moldes para peças de paredes grossas (ibidem).

Para Manrich (2005), em injeção com canais quentes, a temperatura da massa

fundida necessita ser controlada durante o preenchimento pois o fundido, quando

aquecido em excesso, resulta em grande expansão volumétrica e uma massa muito

mole, além de necessitar de maior tempo para resfriamento dentro do molde. Já, a

massa fundida pouco aquecida resulta em uma massa dura que exige maior pressão

de injeção, por perder muita pressão ao longo do comprimento do fluxo. Cada

material, como mostra o Anexo 1, de acordo com as suas propriedades físicas e

químicas, possui uma faixa de temperatura recomendável para que durante o

processo de injeção o polímero permaneça sempre fundido com as propriedades

ideais de injeção.

2.2 IMPACTO DAS PROPRIEDADES DO POLÍMERO NO SISTEMA DE CÂMARA QUENTE

Para Frenkler e Zawistowski (2001, p. 37), as propriedades térmicas e reológicas

do plástico têm maior impacto na concepção do sistema de câmara quente, e muitas

vezes eles realmente governar o potencial para sua utilização. As características

térmicas e reológicas dos polímeros controlam sua capacidade de processamento,

que por sua vez é dependente da estrutura química, da massa molecular, da forma e

da elasticidade e estrutura das moléculas.

Quando o plástico está em estado de processamento, sua composição é uma

mistura de uma série de ingredientes: o próprio polímero, aditivos e cargas para

alterar as propriedades de processamento, corantes e pigmentos. Mesmo dentro de

uma única família de termoplásticos, diferenças consideráveis podem ser vistas

entre as propriedades de processamento, apesar de uma estrutura semelhante. No

Page 19: Estudo Camara Quente Muito Bom

19

caso de ligas, a sua capacidade de processamento depende da porcentagem de

cada um dos polímeros. Os aditivos mencionados também alteram as características

do polímero e, muitas vezes, contraem ou deslocam o intervalo de temperatura de

processamento, que pode exigir uma modificação no projeto do sistema de câmara

quente. Por este motivo a correta seleção de um sistema de câmara quente exige

uma especificação da expanção térmica do plástico, especialmente quando o

fabricante emprega suas próprias composições e tipos de aditivos, tendo a sua

própria denominação e assim dá maior ênfase nas vantagens durante a aplicação do

que sobre as dificuldades e restrições encontradas durante o processamento

(ibidem, p.38)

2.2.1 Viscosidade

Para Frenkler e Zawistowski (2001, p. 50), a fluidez de um material plástico é

definida pelo valor da viscosidade durante o fluxo.

Segundo Beaumont (2007, p. 10), a viscosidade é definida como a resistência

ao fluxo e é determinada pela tensão de cisalhamento dividida pela taxa de

cisalhamento. Quanto menor a viscosidade do material, menor a sua resistência ao

fluxo. A Figura 1 contrasta as características dos fluidos Newtonianos, pseudo-

plástico não-Newtonianos e dilatante não-Newtonianos.

Figura 1 - Gráfico da comparação da viscosidade versus taxa de cisalhamento dos fluidos

Newtonianos, pseudo plásticos não-Newtonianos e dilatantes não-Newtonianos. Fonte: Beaumont (2007, p. 10).

Page 20: Estudo Camara Quente Muito Bom

20

Um fluido com uma viscosidade constante e variações nas taxas de

cisalhamento é referido como um fluido newtoniano. Em taxas de cisalhamento

muito baixas, a viscosidade de um material plástico é essencialmente newtoniana.

No entanto, para a maioria dos materiais plásticos, o fluxo é caracterizado como

pseudo-plástico não-newtoniano que, nas elevadas taxas de cisalhamento

experimentado durante a moldagem por injeção, diminui a viscosidade com o

aumento da taxa de cisalhamento. Em contraste, a viscosidade dos fluidos dilatantes

não-newtonianos aumenta com o aumento da taxa de cisalhamento. (BEAUMONT,

2007, p. 10)

A redução da viscosidade de um fluido pseudo-plástico não-newtoniano resulta

no cisalhamento, que orienta as cadeias poliméricas. Conforme as cadeias passam

a se orientar, o seu emaranhamento é reduzida, como mostra a Figura 2.

Figura 2 - Efeitos do cisalhamento desenvolvido durante o fluxo na orientação e na

viscosidade do polímero. Fonte: Beaumont (2007, p.11).

Isso permite que as cadeias de fluxo passem umas pelas outras com mais

facilidade. Devido a esta característica não-newtoniana dos materiais plásticos, a

viscosidade torna-se mais baixa durante a moldagem por injeção e mais rápido o

material é injetado no molde. Ao contrário do fluido newtoniano, o fato do fluxo do

polímero tornar-se mais rápido pode diminuir a queda de pressão. No caso de

moldagem por injeção, esta característica resulta em um menor tempo e menor

pressão de preenchimento da cavidade no molde (maior taxa de fluxo) (ibidem,

p.11).

Page 21: Estudo Camara Quente Muito Bom

21

Segundo Frenkler e Zawistowski (2001, p. 58), cada plástico manifesta uma

resistência limitada ao cisalhamento, denominada taxa admissível de cisalhamento;

um valor de cisalhamento superior a esse provoca destruição mecânica e ruptura

das moléculas do polímero como um resultado da fricção interna excessiva, que tem

uma influência sobre as propriedades mecânicas, térmicas ou elétricas da peça

moldada. Os plásticos com a maior resistência ao cisalhamento são aqueles de

baixa viscosidade, por exemplo, PP, PE e PS, baixa resistência ao cisalhamento e

alta viscosidade é uma característica de plásticos, como PC, POM-H, PC/ABS e

PMMA.

2.2.2 Temperatura

Segundo Beaumont (2007, p. 11), além da taxa de cisalhamento, o aumento da

temperatura também diminui a viscosidade dos materiais plásticos. Plásticos, em

seu estado fundido, são compostos de longas cadeias moleculares. As ligações

destas cadeias são geralmente constituídas por átomos de carbono. Para manter

esses átomos de carbono em conjunto ao longo da cadeia é necessário que as

ligações covalentes sejam fortes. Essas cadeias poliméricas são unidas por ligações

secundárias relativamente fracas de Van der Waals (secundário eletrostática). Como

o calor é introduzido durante o processamento, os vínculos primários são

enfraquecidos e aumentados de comprimento. Em temperaturas normais de

processamento, esses laços enfraquecidos permitem maior liberdade de movimento,

enquanto eles permanecem intactos. Se o calor excessivo é introduzido, esses laços

serão quebrados totalmente e irão causar uma degradação permanente do polímero.

As ligações secundárias se comportam de forma bastante diferente em

temperaturas normais de processamento. Aqui, as ligações secundárias são

consideravelmente enfraquecidas e fornecem pouca coesão entre as moléculas.

Como resultado, as cadeias poliméricas serão separadas uma das outras. As

distâncias entre as cadeias serão aproximadamente proporcional ao calor

introduzido. O aumento do espaçamento irá reduzir a interação entre as cadeias

poliméricas, reduzindo assim a restrição ao fluxo, criando uma redução na

viscosidade. Nestas condições, a entropia e as forças externas permitem o

movimento relativamente fácil das cadeias poliméricas. A Figura 3 ilustra os efeitos

Page 22: Estudo Camara Quente Muito Bom

22

da temperatura e taxa de cisalhamento na viscosidade com um gráfico da

viscosidade versus taxa de cisalhamento (ibidem, p.12).

Figura 3 - O efeito da temperatura e taxa de cisalhamento na viscosidade.

Fonte: Beaumont (2007, p.12).

2.2.3 Pressão

Beaumont (2007, p. 12), diz que a pressão em um plástico fundido pode ser

bastante elevada tanto durante o preenchimento da cavidade quanto durante as

fases de compensação. Durante o preenchimento, a pressão pode exceder 30.000

psi, com uma pressão máxima no bico de injeção e pressão zero na frente de fluxo.

Durante as fases de compensação, a pressão é geralmente mais baixa, geralmente

inferior a 10.000 psi. As pressões são também um pouco hidrostáticas durante a

compensação, com as pressões no final do preenchimento, sendo quase tão alta

quanto a pressão no bico. Com isso, plásticos com alta pressão são compressíveis.

A compressão aumenta a interação entre as cadeias poliméricas, que por sua vez,

aumentam sua resistência ao fluxo, ou seja, aumentam a viscosidade.

Para Frenkler e Zawistowski (2001, p. 48), a ação de pressão em um plástico

produz compressão do mesmo, e assim uma diminuição no volume específico

através das moléculas. Isso significa que, em contraste com fluidos típicos, os

plásticos são compressíveis.

Page 23: Estudo Camara Quente Muito Bom

23

2.3 SISTEMAS DE CANAIS QUENTES

Câmara quente é um conjunto de elementos eletromecânicos que, quando

instalados em moldes de injeção de termoplásticos, mantém em seu interior o canal

de injeção em estado plástico de fusão controlada, nos quais os canais de injeção /

alimentação / distribuição são mantidos sempre na temperatura ideal de fluxo para

injeção, isto é, permanecem quentes durante todo o tempo, prontos para injeção do

próximo ciclo (HARADA, 2004).

O sistema de câmara quente é também conhecido como sistema de canal

quente (hot runner system em inglês), pelo fato de não possuírem canais de

alimentação das cavidades solidificados na extração do produto, caso que não

acontece em canais frios, onde o canal de alimentação é extraído juntamente com a

peça, sendo necessárias operações de acabamento como corte do canal e

eliminação das marcas deixadas nas peças (MANRICH, 2005).

A diferença entre injeção com canais quentes e canais convencionais (frios) é

mostrado na Tabela 1.

Tabela 1 - Diferença de injeção entre moldes convencionais e moldes com canais quentes.

MOLDES CONVENCIONAIS CANAIS FRIOS

MOLDE COM SISTEMA DE CANAL QUENTE CANAIS QUENTES

Polímero é injetado para dentro do molde na exata quantidade para preencher os canais e as cavidades.

Polímero é injetado para dentro do molde na exata quantidade para preencher somente as cavidades.

As peças e os canais são resfriados até a solidificação.

Somente as peças são resfriadas.

O molde é aberto para extração tanto dos galhos como das peças.

O molde é aberto para extração somente das peças.

Fechamento do molde. Fechamento do molde. Fonte: Manrich (2005).

Através da Figura 4 é possível observar os componentes de um sistema de

câmara quente.

Page 24: Estudo Camara Quente Muito Bom

24

01 – Placa Base Superior; 02 – Placa Porta Manifold; 03 – Placa Porta Cavidades; 04 – Cavidade Superior; 05 – Cavidade Inferior; 06 – Anel de Centragem; 07 – Parafuso de Fixação do Sistema de Câmara Quente;

08 – Pino Guia; 09 – Pino Guia com Cabeça; 10 – Prensa Cabo; 11 – Conector Elétrico; 12 – Produto; 13 – Manifold; 14 – Bucha de Injeção; 15 – Suporte Traseiro;

16 – Suporte Central; 17 – Bico de Injeção; 18 – Resistência do Bico; 19 – Resistência do Manifold; 20 – Parafuso do Manifold; 21 – Termopar.

Figura 4 - Componentes do Sistema de Câmara Quente.

Fonte: Cruz (2002).

A função de um sistema de canal quente pode ser comparada à função do bico

da máquina injetora, sendo considerados como uma extensão do bico da máquina,

conduzindo a resina plástica até o ponto mais próximo possível da entrada na

cavidade com as condições ideais de injeção (temperatura, tempo, velocidade e

pressão). O sistema é composto, normalmente, por um bloco manifold e,

dependendo da complexidade do sistema, até dois blocos são utilizados, com canais

usinados no interior para a passagem do material, aquecidos por resistências para

escoamento da resina plástica em temperatura ideal até as cavidades do molde,

fiação, bicos de injeção, termopares e um equipamento para o controle da

temperatura (GEREMONTE, 2010).

O molde com canal quente é muito utilizado em injeção de peças grandes, já

que em uma injeção convencional o material injetado demoraria muito tempo para

preencher a cavidade, por ela ser muito extensa, endurecendo o material antes de

formar a peça. Este sistema também é aplicado em moldes com múltiplas cavidades,

que necessitam grande produção, economia no processo, diminuição do ciclo de

Page 25: Estudo Camara Quente Muito Bom

25

injeção e qualidade do produto, com isso, elimina-se os canais de injeção e

distribuição, eliminando automaticamente a operação de moer o material para poder

recuperá-lo, pois, neste caso, o desperdício de material é praticamente zero (CRUZ,

2002).

2.3.1 Bucha de Injeção

Este componente de forma cilíndrica tem em uma de suas extremidades um

raio esférico ou cônico, cuja função é a de permitir um perfeito acoplamento do bico

da máquina injetora com o molde, possibilitando através de um canal reto a

passagem do material plástico até os canais de alimentação das cavidades,

diferente dos moldes convencionais onde o canal é cônico, pois existem canais de

alimentação para extrair do molde juntamente com o produto injetado. O canal reto

da bucha de injeção deverá ser bem polido a fim de facilitar o fluxo do material. A

sua confecção normalmente é feita em aço cromo níquel temperado, a sua fixação

no manifold é através de parafusos e seu posicionamento é através do anel de

centragem (UNGER, 2006).

2.3.2 Manifold - Bloco de distribuição

Segundo Unger (2006), o bloco de distribuição, mais conhecido por manifold,

faz a distribuição do material plástico da bucha de injeção para as cavidades do

molde.

Para Frenkler e Zawistowski (2001, p. 146), o manifold é o componente central

de um sistema de câmara quente, em que são os canais de fluxo que levam o

material fundido até os bicos. Para o projeto de um manifold, as seguintes condições

deverão ser atendidas:

� Em moldes com múltiplas cavidades, a disposição das cavidades deverá ser

idênticas;

� Temperatura inalterada do caminho do fluxo para evitar flutuações de

viscosidade de fusão, e em casos extremos superaquecimento e danos térmicos;

Page 26: Estudo Camara Quente Muito Bom

26

� Baixo consumo de energia;

� Bom isolamento térmico entre o manifold e o molde, para reduzir as perdas de

calor e as dificuldades de controle de temperatura;

� Facilidade de purificação, quando a cor é alterada;

� Boa durabilidade e facilidade de substituição da resistência elétrica.

Para reduzir as perdas de calor por condução, é de grande importância utilizar

materiais de baixa condutividade térmica como o titânio nas peças que estão em

contato direto com as placas base superior e porta manifold. Aços do tipo cromo

níquel têm sido muito utilizados para a construção do bloco de aquecimento

(UNGER, 2006).

O bloco distribuidor para apresentar condições mecânicas adequadas e

assegurar uma vida útil máxima e desgaste mínimo, deve ter em função do material

empregado, os seguintes requisitos (ibidem):

� Dureza;

� Resistência mecânica;

� Resistência ao calor;

� Resistência as tensões mecânicas e térmicas;

� Resistência a corrosão;

� Condutibilidade térmica.

2.3.3 Suportes

O bloco de aquecimento é apoiado dentro do molde por suportes traseiro e

central. Tensões são formadas nos suportes como resultado da expansão térmica e

pressão de injeção. Eles devem ser mantidos dentro dos limites permissíveis para

prevenir vazamentos na região do bico (UNGER, 2006).

O suporte central é posicionado no centro do bloco no lado oposto da bucha de

injeção, para compensar a pressão do canhão da máquina injetora. Já os suportes

traseiros são posicionados nos outros pontos de maior pressão, normalmente atrás

dos bicos de injeção para assegurar vedação confiável nesta região durante a

Page 27: Estudo Camara Quente Muito Bom

27

operação. No projeto dos suportes deve ser lembrado que para minimizar a pressão

de carga, a área do suporte deve ser tão grande quanto possível, enquanto que para

evitar perdas altas de calor inaceitáveis, deve ser tão pequena quanto possível

(ibidem).

2.3.4 Bicos de Injeção

Conforme Beaumont (2007, p. 195), o bico distribui o material fundido para o

gate e o bloco de distribuição e os bicos proporcionam o derretimento dos canais de

injeção que não são extraídos junto com a peça, resultando somente em um vestígio

(ponto) no produto. O desafio crucial do gate é permitir que a massa fundida congele

no lado de saída e permaneça derretida no lado de entrada. A distância entre a

entrada e a saída é muitas vezes uma fração de milímetros.

Para Unger (2006, p. 82), a ponta do bico e o gate são indiscutivelmente, os

elementos mais críticos do sistema de canais quentes. Alguns dos requisitos

fundamentais do bico são:

� Condução de calor para o gate (evitar o congelamento do gate durante o

processo de injeção);

� Fornecer isolamento térmico entre o torpedo e a cavidade;

� Fornecer um bom controle de temperatura para o fundido;

� Proporcionar um canal com fluxo contínuo entre o manifold e o gate;

� Minimizar a perda de pressão;

� Evitar vazamentos.

Alguns dos requisitos fundamentais dos gates são:

� Minimizar o calor localizado transferido para a peça;

� Minimizar a perda de pressão;

� Minimizar áreas de fluxo morto;

� Minimizar vestígios do gate proporcionando a separação limpa do fundido e a

peça sólida.

Page 28: Estudo Camara Quente Muito Bom

28

Existem vários tipos de bicos de injeção para câmara quente, os quais serão

apresentados nos próximos tópicos.

2.3.5 Bico de injeção aquecido externamente

Segundo Beaumont (2007, p. 196), bicos aquecidas externamente fornecem

um fluxo ideal para o material fundido que passa pelo canal. Como mostra a Figura

5, eles são normalmente compostos por uma bucha ao redor do corpo.

Figura 5 - Bico aquecido externamente.

Fonte: Beaumont (2007, 196).

A bucha pode ser rodeada por resistência em espiral ou um aquecedor tipo de

banda. O bico, então é rodeado por uma caixa de ar, que ajuda a isolar do molde

frio. Um termopar é colocado na ponta para fornecer a temperatura para o

controlador.

O bico está conectado ao manifold em diferentes métodos. Podendo ser

roscado ou pressionado contra o bloco. O conjunto dos bicos com o manifold

possuem um canal de fluxo aquecido para entregar o material fundido até o gate em

sua temperatura ideal de injeção. Um grande desafio para o bico aquecido

externamente é que deve evitar-se vazamentos devido a alta pressão do fundido ao

entrar no bico (ibidem, p. 196).

Com um único corpo padrão, é possível alterar o tipo de vestígio deixado no

produto injetado, alterando somente a ponta do bico, como mostra a Figura 6. A

Page 29: Estudo Camara Quente Muito Bom

29

ponta que deixa marca anelar e vestígio longo, normalmente é utilizada quando a

injeção ocorre sobre o canal, já os outros tipos de vestígios, normalmente são

utilizados para injeção direta no produto, pois resultam em um melhor acabamento.

(FRENKLER e ZAWISTOWSKI, 2001, p. 91).

Figura 6 - Tipos de vestígios:

a) com marca anelar e vestígio longo; b) com marca anelar e vestígio reduzido; c) com marca anelar longo e vestígio mínimo; d) com vestígio reduzido; e) com vestígio mínimo; f) com marca anelar

reduzida; g) com marca anelar mínima. Fonte: Frenkler e Zawistowski (2001, p. 91).

A Tabela 2 indica algumas aplicações para os vários tipos de bicos existentes.

Tabela 2 - Aplicações de alguns bicos aquecidos externamente.

Fonte: Unger (2006, p.83).

2.3.5.1 Bico de injeção com multi pontas

Para Beaumont (2007, p. 206), existem vários tipos de bico multi-pontos

disponíveis no mercado de câmara quente. Estes são comumente usados em

Page 30: Estudo Camara Quente Muito Bom

30

moldes de peças pequenas com várias cavidades, sendo que cada ponta do bico

injeta uma peça, ou em molde de peças grandes que precisam ter mais de um ponto

de injeção para balancear o preenchimento. O bico multi-pontos elimina a

necessidade de ter bicos de alimentação individual para cada cavidade. Um

aquecedor com apenas um ponto de controle é necessário para controlar a ponta do

bico múltiplo. Isto pode ser considerado uma vantagem e uma desvantagem. O

argumento contra é que não há controle de temperatura individual para cada

cavidade. A Figura 7 mostra alguns bicos multi-pontos de diferentes fornecedores.

(a) (b) (c)

Figura 7 - Bicos multi-pontos. Fonte: a)Husky (2011); b) Incoe (2011); c) Hasco (2011).

2.3.6 Bico condutor de calor

Segundo Unger (2006, p. 186), o princípio do projeto de bicos condutores de

calor que foi patenteado por E. R. Knowles em 1938, parece ser o mais antigo

sistema de canais quentes registrados. Através da Figura 8 é possível observar o

projeto de um sistema de câmara quente com bicos condutores de calor conforme

projetado por E. R. Knowles.

Page 31: Estudo Camara Quente Muito Bom

31

Figura 8 - Sistema de câmara quente com bicos condutores de calor, projetado por E. R.

Knowles em 1938. Fonte: Unger (2006, p. 186).

O desenho indica que os bicos estão encostados em uma placa de cavidade sólida e

são isoladas de forma muito eficaz por um espaço de ar ao invés de uma camada de

material solidificado. Este método de isolamento mostra que naquela época já existia

a preocupação do controle de temperatura em sistemas de câmaras quente.

Para Beaumont (2007, p. 197), a condução de calor do bico acontece através

da utilização de um material de alta condutividade térmica, como por exemplo, o

cobre berílio. Todo o calor para o bico é feito a partir do aquecimento do manifold,

portanto este bico não possui controle individual de calor. O bico, desenvolvido de

um material de alta condutividade térmica, é roscado no manifold para aumentar a

transferência térmica.

Algumas vantagens da utilização deste sistema:

� Baixo custo de fabricação;

� Não necessita de controlador de temperatura para os bicos;

� Sistema com baixo consumo de energia;

Unger (2006, p. 187), mostra os resultados de um estudo sobre o bico condutor

de calor realizado por E. R. Knowles.

Primeiramente ele utilizou um bico fabricado em aço e outro em cobre berílio e

comparou a temperatura na ponta do bico e na ponta da bucha entre os dois bicos.

A Figura 9 mostra o esquema do teste e os resultados obtidos.

Page 32: Estudo Camara Quente Muito Bom

32

Figura 9 - Estudo realizado por E. R. Knowles entre um bico condutor de calor fabricado em

aço e outro em cobre berílio. Fonte: Unger (2006, p. 187).

Como é possível observar que o bico fabricado em cobre berílio obteve melhor êxito,

sendo que com a temperatura do bloco em 239°C, a temperatura na ponta do bico

chegou em 234°C e na bucha 43°C, já o bico fabricado em aço, a temperatura na

ponta atingiu somente 155°C e na bucha 45°C. A diferença na temperatura da bucha

mostra que além de o cobre berílio conduzir maior quantidade de calor para o bico,

ele retém esse calor transferindo menor quantidade para a bucha, comparando com

o bico em aço.

Pode ser observado na Figura 10, em seguida E. R. Knowles, utilizando o bico

em cobre berílio, eliminou o canal de isolamento por ar na bucha e diminuiu o

diâmetro na ponta do bico, aumentando a massa de polímero acumulada ao redor

do bico. O resultado não teve êxito, então ele adicionou o isolamento com ar na

bucha e vendo que o resultado foi melhor que o anterior, aumentou este isolamento

diminuindo a espessura da parede da bucha. No ultimo experimento E. R. Knowles

atingiu as mesmas temperaturas do primeiro experimento, mas agora com a

temperatura do manifold em 236°C, ou seja, 3°C abaixo.

Figura 10 - Estudos realizados com o bico condutor de calor por E. R. Knowles.

Fonte: Unger (2006, p. 187)

Page 33: Estudo Camara Quente Muito Bom

33

Aproximadamente 30 anos depois, o projeto de Knowles foi redescoberto,

como é possível observar na Figura 11. No entanto, agora o bico apoiou contra uma

área de paredes finas, o gating, (s = 1 mm) e não mais na placa cavidade (Figura 8).

Um espaço de ar serviu como isolamento térmico muito eficaz. Este princípio falhou

na prática industrial, porque, dependendo da temperatura do molde, excesso de

perdas térmicas na ponta do bico forçou um aumento na temperatura do manifold da

câmara quente que provoca a degradação térmica do polímero fundido (ibidem,

p.188).

Figura 11 – Bico condutor de calor apoiando em uma face de assento esférico.

a) anel de pressão; b) isolamento térmico com ar; c) assento do bico. Fonte: Unger (2006, p. 188)

Com o bico roscado não é possível compensar a dilatação do manifold na

direção “x”. Para resolver este problema, a ponta do bico foi modificada para uma

forma plana (face deslizante) (ibidem, p.188), como mostra a Figura 12.

Figura 12 - Bico condutor de calor com face de apoio plana.

Fonte: Unger (2006, p. 188)

A dilatação na direção “y” pode ser numericamente previsto e deve ser tomada

em consideração durante o projeto. Se a temperatura desvia-se dos valores

calculados, por exemplo, durante o processo de injeção, pode ocorrer o vazamento

Page 34: Estudo Camara Quente Muito Bom

34

em baixa ou em alta temperatura. Com um bico de dureza de aprox. 45 HRC, a área

do gating se ajusta perfeitamente, já bicos com maior dureza podem causar danos

mecânicos à zona do gating (ibidem, p.188).

Unger (2006, p. 188) diz que, usando o bico condutor de calor facilita o

processamento de um grande número de diferentes plásticos sem nenhuma

dificuldade. No entanto, plásticos com temperaturas de fusão sensíveis, sofre

degradação térmica durante o processamento.

Este projeto de bico condutor de calor se distingue pela sua simplicidade,

facilidade de manuseio, e seus custos razoáveis. Com base em considerações

teóricas, melhorias no projeto do bico devem ser discutidas para cada tipo de

aplicação, mantendo o princípio básico (ibidem, p.188).

2.3.7 Controlador de temperatura

Segundo Cruz (2002), o controlador de temperatura (Figura 13) é indispensável

para que todo o sistema de canal quente funcione perfeitamente. É ele que controla

a temperatura ideal para o bom funcionamento do sistema, através da configuração

do set up da máquina onde é especificado em que temperatura a resistência terá

que desligar e ligar novamente. Este controle de temperatura terá que ser aplicado,

por intermédio de um sensor de temperatura, mais conhecido por termopar, este

podendo ser aplicado quantas vezes forem necessárias, nas regiões mais quentes

do bloco, de preferência onde estiver aquecendo mais e próximo ao canal onde

passa o material, pois se ele estiver em uma região mais fria quando atingir a

temperatura estipulada para desligar, o material que estiver na região mais quente

correrá o risco de degradar. Sendo assim a temperatura é controlada dentro dos

valores necessários para aquecer cada parte do bloco, por intermédio de chaves

digitais do regulador, sendo que cada chave regula individualmente a temperatura

do local aquecido.

Page 35: Estudo Camara Quente Muito Bom

35

Figura 13 - Controlador de temperatura.

Fonte: Fator, 2010

Os controladores de temperatura variam em sofisticação de circuitos abertos,

fechados e controladores PID. Os controladores de circuitos abertos são os mais

básicos e fornecem o mínimo de controle. Neste caso, o controlador fornece uma

corrente constante para o bloco de aquecimento, conforme definido pelo operador. A

corrente é ajustada manualmente até que a temperatura desejada seja atingida. Se

houver mudanças no ambiente ou no processo que altere a corrente, o operador

deverá alterá-lo manualmente para compensar estas mudanças (ibidem).

Sistemas de circuitos fechados devem levar em consideração que as

mudanças no processo ou no ambiente iram ocorrer. Neste sistema são utilizados

termopares para monitorar a temperatura, que reagem automaticamente às

mudanças. Como e quando este sistema reage, depende de sua sofisticação

(ibidem).

Segundo Beaumont (2007), o controle PID fornece um bom nível de controle. O

primeiro nível de controle é o Componente Proporcional (P). Ele monitora a

diferença entre a variável de processo (PV) e o ponto de ajuste (SP). Se há

diferença entre PV e SP, é necessário alterar a saída de energia. Este componente

proporcional sozinho terá a tendência de superar ou compensar a temperatura SP,

em resumo, quanto menor o valor de SP, mais forte é a ação proporcional de

controle.

O segundo nível de controle é o Componente Integral (I). Este componente não

é, isoladamente, uma técnica de controle, pois não pode ser empregado separado

de uma ação proporcional. Consiste em uma resposta na saída do controlador que é

Page 36: Estudo Camara Quente Muito Bom

36

proporcional à amplitude e duração de desvio. A ação integral tem o efeito de

eliminar o desvio característico de um controle puramente proporcional (ibidem).

O terceiro nível de controle é o Componente Derivativo (D). Este componente

não é, isoladamente, uma técnica de controle, pois não pode ser empregado

separado de uma ação proporcional. Consiste em uma resposta na saída do

controlador que é proporcional à velocidade de variação do desvio. Este

componente tem o efeito de reduzir a velocidade das variações do PV, evitando que

se eleve ou reduza muito rapidamente. O derivativo só atua quando há variação no

erro. Se o processo está estável, seu efeito é nulo (ibidem).

Quase todas as resistências absorvem umidade, que pode causar danos ao

aquecimento durante a elevação rápida da temperatura durante a inicialização. Isto

é problemático em regiões de clima úmido. Para ajudar a solucionar este problema,

os controladores de temperatura em um sistema de canais quentes devem ter uma

seqüência de partida suave. Durante o inicio da partida, apenas cerca de 10% da

potência da resistência é aplicada. A temperatura é lentamente aumentada para

cerca de 90⁰C, absorvendo calor de 15 a 20 minutos, tempo durante o qual a

umidade é expulsa do aquecedor. Depois deste tempo, a potência pode ser

aumentada até atingir a temperatura normal de funcionamento (ibidem).

2.3.8 Aquecimento do sistema de câmara quente

Sengundo Unger, 2006, p. 147, durante a fase transiente de aquecimento o

manifold juntamente com o material fundido é aquecido até a temperatura de

processamento (temperatura de fusão), durante um tempo “t”. Após atingir essa

temperatura (fase de quase-estacionário), o calor somente compensa as perdas de

energia devido à condução, convecção e radiação.

Existe uma série de diferentes projetos para elementos de aquecimento. O

manifold serve como uma fonte de calor para o aquecimento indireto dos canais ou

bicos. Ótimas condições de aquecimento são necessárias para atingir a

homogeneidade térmica, o que significa temperaturas uniformes em toda a parte dos

canais do manifold. As perdas de calor são a razão pela qual este objetivo é difícil de

alcançar, mas podem ser minimizados. (ibidem)

Page 37: Estudo Camara Quente Muito Bom

37

A câmara quente necessita de um sistema de aquecimento próprio, que inclui,

aquecedores, meios para distribuir o calor, controladores de aquecimento e

termopares para alimentar as informações nos controladores sobre a temperatura do

sistema.

A seleção adequada dos aquecedores, a sua concepção, a colocação,

instalação e controle são fundamentais para a utilização de sistemas de câmara

quente, para evitar falhas excessivas de tempo de inatividade e para conseguir o

controle desejado do processo. Estes aquecedores são geralmente feitos sob

medida para atender aos requisitos da aplicação. A personalização pode incluir

potência, densidade de watts, distribuição da bobina do aquecedor e de tensão.

(BEAUMONT, 2007, p. 207)

Existem quarto tipos de aquecedores mais utilizados em sistemas de câmara

quente:

� Bobina

� Faixa

� Tubular

� Cartucho (ibidem)

Neste trabalho serão apresentados apenas os aquecedores tubulares, que é o

tipo utilizado no sistema de câmara quente que estamos estudando.

2.3.8.1 Resistência tubular do manifold

Segundo Beaumont, 2007, p. 209, resistências tubulares são muito comuns

como aquecedores externos em manifolds. Esses aquecedores têm um filamento

dentro de um tubo com seus fios positivos e negativos em ambas as extremidades

do tubo. Isso elimina a necessidade de isolamento para separar o arranjo de arame

enrolado utilizado na maioria dos outros aquecedores. Como resultado, essas

resistências são extremamente durável com uma longa vida útil esperada. Os

aquecedores tubulares são maleáveis, permitindo que seja moldado aos contornos

dos sulcos no manifold.

Page 38: Estudo Camara Quente Muito Bom

38

A resistência tubular é geralmente prensada em sulcos ao longo da superfície

do manifold, que seguem um caminho aproximadamente paralelo à do canal de

fluxo, que pode ser observado na Figura 14.

Figura 14 - Resistência tubular prensada em sulcos ao longo da superfície do manifold.

Fonte: Beaumont, 2007, p. 209.

Esta formação proporciona o contato íntimo entre a resistência e o manifold,

resultando em uma boa transferência de calor. Alguns fabricantes preferem a soldar

o aquecedor com uma solda à base de cobre, isso melhora o contato do tubo com o

manifold e pode estender sua vida útil. (ibidem, p. 209)

Para Frenkler e Zawistowski, 2001, p. 179, as resistências tubulares possuem

excelente distribuição de calor ao longo de seu comprimento. No entanto, para

fornecer maior controle de temperatura, a maioria dos manifolds utilizam múltiplas

resistências tubulares posicionados simetricamento nos dois lados do bloco e em

zonas lógicas para fornecer melhor controle de temperatura em todo o bloco.

2.3.8.2 Resistência em espiral do Bico

Segundo Unger, 2006, p. 166, resistências em espiral são comumente usadas

como aquecedores externos em bicos para sistemas de canais quentes. Para atingir

a homogeneidade térmica ao longo do corpo do bico, estes aquecedores em espiral

são produzidos com um número variável de espiras e possuem excelente

durabilidade.

Os aquecedores possuem seção transversal circular ou retangular, como

mostra a Figura 15.

Page 39: Estudo Camara Quente Muito Bom

39

(a) (b)

Figura 15 – Resistência em espiral. a) com seção transversal circular; b) com seção transversal retangular.

Fonte: Frenkler e Zawistowski, 2001, p. 207.

O formato retangular melhora o contato, quando envolvido em torno do corpo do

bico e pode melhorar significativamente a transferência de calor. A distribuição

térmica ao longo do bico pode ser facilmente controlada, ajustando a quantidade de

espiras sobre o bico. A densidade pode ser aumentada em regiões de perda de

calor intenso, tais como pontas e na base onde o bico pode estar em contato

diretamente com o molde em torno da refrigeração (BEAUMONT, 2007, p. 208).

Para que se obtenha boa eficiência de um sistema térmico é fundamental que o

sistema de câmara quente apresente um desempenho ideal, onde o ponto principal

é o seu balanceamento térmico, que deve ser sempre o mais equalizado possível, a

fim de evitar problemas durante o processo de injeção e para isso todos os pontos

onde ocorrem perdas de calor devem ser devidamente verificados (GEREMONTE,

2010).

2.4 TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Uma definição simples, conforme apresenta Incropera e DeWitt (2003, p. 01)

“transferência de calor (ou calor) é a energia térmica em trânsito devido a uma

diferença de temperatura”.

O maior problema para o dimensionamento da transferência de calor, do ponto

de vista da engenharia, é a determinação da taxa de transferência de calor para uma

diferença de temperatura especificada. Deve-se efetuar uma análise detalhada da

transferência de calor para estimar o custo, viabilidade e tamanho do equipamento

Page 40: Estudo Camara Quente Muito Bom

40

necessário para transferir uma quantidade de calor especificada em um determinado

tempo (KREITH, BOHN, 2003, p. 02).

Existem três modos distintos de transferência de calor: condução, radiação e

convecção. O primeiro modo existe quando há um gradiente de temperatura em um

meio estacionário, podendo ser em um sólido ou fluido. Já a convecção refere-se a

transferência de calor que ocorre entre uma superfície em um fluido em movimento,

quando eles se encontram em diferentes temperaturas. Todas as superfícies em

uma temperatura não nula emitem energia na forma de ondas eletromagnéticas.

Neste caso, existe a transferência de calor por radiação na ausência de um meio

que se interponha entre duas superfícies a diferentes temperaturas (INCROPERA e

DEWITT, 2003, p. 01).

2.4.1 Condução

Como apresenta Kreith e Bohn (2003, p. 03) “sempre que existir um gradiente

de temperatura em um meio sólido, o calor fluirá da região de temperatura mais alta

para a de temperatura mais baixa”.

Um exemplo de condução de calor é quando a ponta de uma colher de metal é

imersa em uma xícara de café quente, sendo que a colher será aquecida devido à

condução de energia. Outro exemplo é quando em um dia de inverno há uma perda

de temperatura de uma sala aquecida para o ambiente externo. Essa perda é

devido, principalmente, pela transferência de calor por condução através das

paredes que se separam o ar do interior do ar externo (INCROPERA e DEWITT,

2003, p. 02).

É possível quantificar o processo de transferência de calor através das

equações de taxas de transferência de calor. Para a condução de calor, essa

equação é conhecida como lei de Fourier. Conforme mostrado na Figura 16, para

parede plana a equação da taxa de transferência de calor é dada pelo fluxo de calor

(W/m²) na Eq. (1) (INCROPERA e DEWITT, 2003, p. 02):

"x

Tq K

L

∆= − Eq. (01)

Page 41: Estudo Camara Quente Muito Bom

41

Figura 16 – Transferência de calor unidimensional por condução (difusão de energia).

Fonte: Incropera e Dewitt (2003, p. 02)

onde a constante K é conhecida como condutividade térmica (W/m.K) e é

característica do material da parede. O sinal negativo da equação é consequência

de que o calor é transferido no sentido decrescente da temperatura.

A equação 02 fornece o fluxo de calor (W/m²), sendo que para encontrar a taxa

de transferência de calor por condução, qx (W) através da parade plana de área A, é

necessário multiplicar o fluxo de calor pela área (INCROPERA e DEWITT, 2003, p.

03):

". x xq q A= Eq. (02)

2.4.2 Convecção

O modo de transferência de calor por convecção é composto por dois

mecanismos, os quais operam simultaneamente. O primeiro mecanismo é a

transferência de energia atribuída ao movimento molecular, ou seja, o modo

condutivo. Outro mecanismo é a transferência de energia através do movimento

global ou macroscópico de partículas do fluido. O movimento de fluido resulta do

movimento de suas partículas, cada qual consistindo de um grande número de

moléculas, que se movem em razão de uma força externa. Essa força pode ser

provocada por um gradiente de densidade, como na convecção natural, ou por uma

diferença de pressão gerada por uma bomba ou ventoinha, ou pela combinação dos

dois (KREITH e BOHN, 2003, p. 14).

Page 42: Estudo Camara Quente Muito Bom

42

A transferência de calor por convecção ocorre entre um fluido em movimento e

uma superfície, quando os dois estão a temperaturas diferentes. Considerando um

escoamento de um fluido sobre uma superfície aquecida, conforme a Figura 17, uma

consequência dessa interação é o desenvolvimento de uma região no fluido através

da qual a velocidade varia entre zero, na superfície, e um valor infinito ∞, associado

ao fluxo. Essa região no fluido é conhecida como camada limite hidrodinâmica ou de

velocidade. Também, se as temperaturas da superfície e do fluido que escoa forem

diferentes, existirá uma região do fluido através da qual a temperatura irá variar de

sT em y = 0 a T∞ , associada à região do escoamento afastada da superfície. Essa

região, conhecida como camada limite térmica, pode ser menor, maior ou ter o

mesmo tamanho daquela através da qual a velocidade varia. Em qualquer caso, se

sT T∞

> , ocorrerá transferência de calor por convecção entre a superfície e o fluido

(INCROPERA e DEWITT, 2003, p. 04).

Figura 17 – Desenvolvimento da camada limite na transferência de calor por convecção.

Fonte: Incropera e Dewitt (2003, p. 04)

A classificação da transferência de calor por convecção ocorre de acordo com

a natureza de escoamento. A convecção forçada é quando o escoamento é causado

por meios externos, tais como um ventilador, uma bomba ou ventos atmosféricos.

Para a convecção natural, o escoamento é induzido por forças de empuxo, que são

originadas por diferenças de densidade causadas por variações de temperatura no

fluido (ibidem, p. 04).

A taxa de transferência de calor por convecção entre uma superfície e um

fluido pode ser calculada a partir da relação (KREITH e BOHN, 2003, p. 16):

Page 43: Estudo Camara Quente Muito Bom

43

c cq h A T= ∆ Eq. (03)

Onde:

� qc = taxa de transferência de calor por convecção, W (BTU/h);

� A = área de transferência de calor, m² (ft²);

� ∆T = diferença entre a temperatura da superfície Ts e uma temperatura do

fluido T∞ em algum local especificado (normalmente longe da superfície), K (°F);

� h = coeficiente médio de transferência de calor por convecção sobre a área A

(normalmente chamado de coeficiente de transferência de calor da superfície),

W/m²K (BTU/h ft² °F).

A avaliação do coeficiente de transferência de calor por convecção é difícil, por

tratar-se de um fenômeno muito complexo. É suficiente observar que o valor

numérico de h em um sistema depende da geometria da superfície, da velocidade e

também das propriedades físicas do fluido e, com frequência, até da diferença de

temperatura ∆T. Tendo em vista o fato de que essas quantidades não são

necessariamente constantes sobre uma superfície, o coeficiente de transferência de

calor por convecção também pode variar de um ponto a outro. Os valores típicos da

ordem de magnitude dos coeficientes médios de transferência de calor por

convecção, observados na prática de engenharia, são fornecidos na Tabela 3.

Tabela 3 – Ordem de magnitude dos coeficientes de transferência de calor por convecção.

Fluido Coeficiente de Transferência de Calor por Convecção

W/m² K BTU/h ft² °F

Ar, convecção livre 6-30 1-5

Vapor ou ar superaquecidos,

convecção forçada

30-300 5-50

Óleo, convecção forçada 60-1.800 10-300

Água, convecção forçada 300-18.000 500-3.000

Água, em ebulição 3.000-60.000 500-10.000

Vapor, condensado 6.000-120.000 1.000-20.000

Fonte: KREITH e BOHN (2003, p. 16).

Page 44: Estudo Camara Quente Muito Bom

44

2.4.3 Radiação

Conforme Incropera e Dewitt (2003, p. 05) “radiação térmica é a energia

emitida por toda matéria que se encontra a uma temperatura finita”. Enquanto a

transferência de calor por condução ou convecção requer a presença de um meio

material, a radiação não necessita dele, na verdade, a transferência por radiação

ocorre de forma mais eficiente no vácuo.

Um radiador perfeito ou corpo negro emite energia irradiada de sua superfície a

uma taxa fornecida por:

Eq. (04)

Onde a taxa de calor será expressa em watts se a área da superfície for

expressa em metros quadrados e a temperatura em Kelvin; é uma constante

dimensional com um valor de 5,67 x (W/m² ). A constante é a constante de

Stefan-Boltzmann (KREITH e BOHN, 2003, p. 18).

A Equação 4 mostra que qualquer superfície de corpo negro em temperatura

acima do zero absoluto irradia calor em taxa proporcional à quarta potência da

temperatura absoluta. Apesar de a taxa de emissão de calor irradiado ser

independente das condições da vizinhança, uma transferência líquida de calor

irradiado exige diferença nas temperaturas das superfícies de dois corpos quaisquer

entre os quais ocorrerá a troca. Se o corpo negro irradiar para um envoltório

fechado, como mostra a Figura 18, que também é negro, ou seja que absorve toda a

energia irradiada incidente sobre ele, a taxa líquida de transferência de calor

irradiado é fornecido por:

Eq. (05)

Onde é a temperatura do envoltório fechado, em Kelvin (ibidem, p.18).

Page 45: Estudo Camara Quente Muito Bom

45

Figura 18 – Irradiação de um corpo negro em um envoltório fechado.

Fonte: Kreith e Bohn (2003, p.18)

2.4.4 Transferência de calor no sistema de câmara quente

Conforme Beaumont (2007, p. 213), um dos objetivos da concepção de um

sistema de câmara quente é para conter o calor necessário para aquecer o plástico

nos canais de fluxo. Isso é desejável, a fim de maximizar o controle do calor e a

distribuição de material plástico e para minimizar os efeitos negativos da

transferência de calor para o molde e máquina de moldagem. A Figura 19 ilustra as

condições de perda de calor em um sistema de câmara quente.

Figura 19 - Condições de perda de calor em um sistema de câmara quente.

Fonte: Beaumont (2007, p. 213)

O calor é perdido por condução, radiação e convecção. O meio mais eficaz de

transferência de calor em um corpo de aço é por condução. Portanto, minimizar a

condução de calor da câmara quente para o molde é o foco principal na concepção

do sistema de câmara quente. Para minimizar a condução, os elementos aquecidos

Page 46: Estudo Camara Quente Muito Bom

46

são isolados, rodeados por uma camada isolante de ar ou de plástico. Em áreas

onde o contato direto com o molde é necessário, a área de contato é mantida a um

mínimo. Além disso, materiais de baixa condutividade térmica são usados para

minimizar a transferência de calor, como o titânio, que é comumente utilizado devido

à sua excelente resistência à compressão e baixa condutividade térmica

(BEAUMONT 2007, p. 214).

O manifold aquecido externamente é normalmente suspenso, e apoiado dentro

do alojamento usando suportes. Os suportes são projetados para minimizar o

contato de superfície. Eles normalmente são feitas de materiais de baixa

condutividade térmica, incluindo titânio e cerâmica. Outros pontos de contato com o

molde incluem espaçadores, bicos e manifold, que estão rodeados por ar.

O sistema de câmara quente deve ser todo fechado para minimizar qualquer

perda de calor por convecção. Transferência de calor por radiação pode ser

reduzido ao mínimo, mantendo as superfícies limpas e polidas. Isso vai minimizar a

emissividade das partes aquecidas e a absorção da radiação das superfícies

circundantes.

2.5 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

O método de elementos finitos é cada vez mais abrangente em suas

aplicações, conforme Rosa, 2002, esse método é um processo numérico onde para

obter o comportamento de toda uma estrutura, ele utiliza a solução de um

“elemento” de forma geométrica relativamente simples, tal solução geralmente

obtida com auxilio da teoria de sistemas contínuos.

De acordo com Alves, 2006, sistema continuo é quando uma solução

encontrada para determinado ponto de um corpo pode ser utilizada para representar

através de uma função matemática a solução para os infinitos pontos desse corpo,

ou seja, através do entendimento do comportamento de um elemento diferencial, é

possível o comportamento de todo o corpo. Esse tipo de solução analítica, no

entanto não é disponível para a maioria dos problemas práticos, e para esses tipos

de problemas adota-se a estratégia de tratá-los como sistemas discretos.

Page 47: Estudo Camara Quente Muito Bom

47

A discretização de um sistema continuo, consiste na divisão de uma estrutura

em partes separadas distintas, conectadas através dos pontos discretos, conforme

representada Figura 20. Num sistema discretizado diferentemente do caso continuo,

não se pretende calcular o comportamento dos infinitos pontos de um corpo. São

calculados somente o comportamento do corpo em alguns pontos, que são os nós

do modelo. O número de pontos discretos escolhidos deve ser suficiente para

representar o comportamento do conjunto inteiro de forma aproximada (ALVES,

2006).

Figura 20 - Estrutura discretizada como uma montagem de elementos.

Fonte: ALVES, 2006, p. 9.

O comportamento da estrutura entre os nós do modelo dependerá das

propriedades atribuídas ao elemento escolhido, o qual representará aquele trecho da

estrutura entre os nós, por isso o elemento discreto deve ser muito bem definido.

Desta forma tendo conhecimento sobre os deslocamentos dos nós, é possível

calcular o comportamento interno de cada elemento (ibidem).

Um dos motivos pelo qual o método dos elementos finitos obteve sucesso é por

causa de seu conceito básico, a Discretização, a qual resolve muitas equações

algébricas simultâneas através de procedimentos padrões, não envolvendo decisões

de engenharia, sendo geradas e resolvidas sem problema algum por computadores.

A parte de decisões deve ser tomada na etapa de elaboração do modelo (ibidem).

Page 48: Estudo Camara Quente Muito Bom

48

2.5.1 Elementos bidimensionais

De acordo com Assan (2003), elementos bidimensionais podem ser

considerados como sendo sólidos, cujas dimensões na direção “z” são muito

pequenas, conforme exemplificado na Figura 21, caracterizados por um estado

plano de tensão/deformação, em tal situação as deformações e tensão normal na

direção “z” é nula assim como as tensões tangenciais nos planos “xz” e “yz”. Para

casos como esse utiliza-se basicamente dois tipos de elementos para uma análise

pelo método dos elementos finitos: triangular, no qual o corpo é representado por um

conjunto de triângulos (Figura 21), e retangular, onde o corpo é representado por

um conjunto de retângulos (Figura 22).

Figura 21 - Exemplo da aplicação de um elemento triangular.

Fonte: PEREIRA, 2005.

Figura 22 - Exemplo da aplicação de um elemento retangular. Fonte: BRATTI, 2009.

Outro conceito importante sobre elementos bidimensionais apresentado por

Alves (2006) é que para esse tipo de elemento as deformações estão relacionadas à

primeira derivada das funções que fornecem os deslocamentos, e não a segunda

Page 49: Estudo Camara Quente Muito Bom

49

derivada como ocorre para as vigas, pois esta última, as deformações estão

associadas à curvatura.

2.5.1.1 Elemento triangular linear

Conforme citado no tópico acima o elemento triangular é aquele que representa

o corpo através de um conjunto de triângulos. Esse elemento possui três nós e como

se trata de um estado plano de tensões (há dois componentes de deslocamentos:

“u” e “v”), ou seja, cada nó apresentará dois graus de liberdade, portanto este

elemento terá seis graus de liberdade. Desta forma a matriz das forças nodais tem

dimensão 6x1, a dos deslocamentos nodais terá mesma dimensão e

conseqüentemente a Matriz de Rigidez terá dimensão 6x6. (ALVES, 2006).

Através do conceito de elemento triangular e das informações citadas quanto

a elementos bidimensionais e matriz de rigidez de um elemento qualquer é possível

obter a matriz de rigidez de um elemento triangular. Nesse caso há uma matriz de

rigidez para as deformações normais e outra para as deformações por cisalhamento,

onde a matriz de rigidez do elemento será a soma dessas duas (ibidem).

2.5.1.2 Elemento retangular linear

Assan (2003) afirma que o elemento retangular limita-se apenas à aplicação

em modelos com contorno retangular, no entanto possuem comportamento melhor

que os triangulares, isso por ter mais nós que o triangular, possui quatro nós cada

elemento o que resulta em mais termos em suas funções, Alves (2006)

complementa essa questão mostrando que esses elementos apresentam um

comportamento melhor pelo fato de seus deslocamentos variarem linearmente ao

longo dos contornos comuns de dois elementos adjacentes, e no caso dos nós

comuns os deslocamentos serem iguais, ou seja, sendo “x” constante para uma

dada reta paralela ao eixo “y”, os deslocamentos “u” e “v” variam linearmente com

“y”, da mesma forma, sendo “y” constante, “u” e “v” variam linearmente com “x”.

Page 50: Estudo Camara Quente Muito Bom

50

Conforme apresentado por Alves (2006), a matriz das forças nodais possui

dimensão 8x1 assim como a matriz de deslocamentos nodais, e desta forma a matriz

rigidez terá dimensão 8x8.

A matriz rigidez do elemento retangular pode ser elaborada a partir dos

procedimentos já mostrados anteriormente, de forma semelhante ao elemento

triangular, sendo esta também a soma da matriz de rigidez das deformações

normais com a das deformações por cisalhamento (Alves, 2006).

2.5.2 Elementos tridimensionais

O estudo de elementos tridimensionais para este trabalho será necessário, pois

o software Sigma utiliza este tipo de elemento.

Elementos tridimensionais também são denominados como elementos

sólidos, nesses elementos se tem o estado triaxial de tensões, nesse caso o

deslocamento em qualquer ponto fica definido por três componentes, podendo ser

representados por “u”, “v” e “w”, estando eles respectivamente na direção “x”, “y” e

“z”. (ALVES, 2006).

Há basicamente dois tipos de elementos tridimensionais, sendo eles o

elemento tetraédrico, o qual representa o corpo por um conjunto de tetraedros, como

ilustra a Figura 23.

Page 51: Estudo Camara Quente Muito Bom

51

Figura 23 - Elemento sólido tetraédrico linear.

Fonte: ALVES, 2006, p. 176.

A Figura 24 mostra o elemento hexaédrico, o qual representa o corpo através

de um conjunto de elementos sólidos na forma de paralelepípedos (ibidem).

Page 52: Estudo Camara Quente Muito Bom

52

Figura 24 - Elemento sólido hexaédrico linear.

Fonte: ALVES, 2006, p. 193.

2.5.2.1 Elemento tetraédrico linear

Esse elemento possui quatro nós, em cada nó há três graus de liberdade,

esta forma o elemento terá doze graus de liberdade, ou seja, a matriz de rigidez terá

dimensão 12x12, onde a matriz das forças nodais e dos deslocamentos nodais terão

dimensão 12x1 (ibidem).

2.5.2.2 Elemento hexaédrico linear

Como mostrado por Alves (2006), o elemento hexaédrico linear possui oito

nós, e se tratando de um elemento com estado triaxial de tensão/deformação cada

nó possui três graus de liberdade, esse elemento terá então 24 graus de liberdade.

A matriz de forças nodais do elemento, assim como a matriz de deslocamentos

Page 53: Estudo Camara Quente Muito Bom

53

nodais, terá dimensão 24x1, conseqüentemente a matriz de rigidez terá dimensão

24x24.

2.5.3 Elementos Parabólicos

Uma melhor representação do campo de deformações dentro do elemento é

possível caso a função que representa esses deslocamentos tenha um grau maior,

porém para que isso ocorra, a função polinomial necessita um número maior de

coeficientes desconhecidos. Esse número está diretamente relacionado ao número

de graus de liberdade do elemento, ou seja, para aumentar o grau do polinômio é

necessário aumentar o número de graus de liberdade do elemento, isso é possível

aumentando o número de nós do elemento (ibidem). Só é possível aumentar o grau

de liberdade do elemento adicionando nós intermediários entre os vértices do

elemento, ao adicionar um nó entre cada vértice, o campo de deslocamento “u” e “v”

(para os elementos bidimensionais) ou “u”, “v” e “w” (para os elementos

tridimensionais) varia de acordo com uma função do segundo grau, por isso esses

elementos são chamados de elementos parabólicos também conhecidos por

quadráticos. É possível acrescentar mais de um nó entre os vértices, obtendo uma

melhor representação do campo de deformações, porém na prática isso é pouco

comum. Os elementos parabólicos triangulares, retangulares, tetraédricos e

hexaédricos, têm respectivamente: doze, dezesseis, trinta, e vinte graus de

liberdade por elemento (ibidem).

2.6 SOFTWARE DE SIMULAÇÃO - SIGMASOFT

Segundo KALLIEN e STEINBACH, 2011, Sigmasoft é um software de

simulação, que utiliza elementos tridimensionais. Foi desenvolvido com base no

Magmasoft que vem sendo utilizado em ambientes industriais, por mais de 10 anos,

especialmente na indústria automotiva, para otimizar o fluxo de fluidos, o fluxo de

calor e fenômenos relacionados a tensões para a fundição de metal. O Sigmasoft

importa qualquer modelo sólido 3D gerado por programas CAD. Para transferência

de dados para o pré-processador normalmente o Sigma utilizada arquivos na

extensão STL. Canais e qualquer outra geometria pode ser modelada no próprio

Page 54: Estudo Camara Quente Muito Bom

54

software e adicionado a geometria CAD. A malha 3D inclui a peça e a ferramenta

com todos os canais de aquecimento. Para calcular os fenômenos de fluxo de fluido

o programa utiliza as equações de Navier-Stokes.

2.6.1 Módulo Hot-Runner

Conforme Schermerhorn (2006), os sistemas com canais quentes são

eletricamente aquecidos por resistências elétricas que estão alojados ao redor do

componente em forma de hélice. O Sigma Hot-Runner tem a funcionalidade de

simular a transferência de calor em resistências elétrica e cmponentes de

aquecimento, para isso é necessário importar a geometria da resistência em STL,

em seguida são necessários as propriedades físicas da resistência, a capacidade

térmica e condutividade térmica, todas estas em função da temperatura. Com isso, o

coeficiente de transferência de calor são especificados para a resistência e os

componentes com os quais está em contato. Normalmente as resistências têm uma

seção transversal retangular, fazendo com que os três lados estejam em contacto

com o material no qual está alojada e um lado está em contacto com o ar ou em

contato direto com um componente de metal adjacente.

O software irá simular a temperatura de distribuição de calor na resistência e

simular o fluxo de calor subseqüentes a partir do aquecimento da resistência para o

sistema. E o subsequente fluxo de calor no polímero a partir dos canais da câmara

quente. Enquanto o polímero, dependendo da fase do ciclo de moldagem ou está

parado ou avançando no canal (ibidem).

Os controladores de temperatura através dos termopares no sistema de canais

quentes controlam as resistências elétricas alimentadas para o aquecimento do

manifold. O sistema 3D do Sigmasoft possui termopares, que podem ser

posicionados exatamente na mesma posição que no sistema real, e este termopar

vai ler a temperatura nessa posição específicada durante todo o ciclo de moldagem

por injeção (ibidem).

Page 55: Estudo Camara Quente Muito Bom

55

3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

O objetivo do experimento é encontrar o valor da temperatura na ponta do bico

e discutir a transferência térmica no bico, através da comparação dos resultados

obtidos pela simulação térmica empregando um sistema CAE através do software

Sigma, com os testes práticos realizados na bancada.

O bico condutor de calor é aplicado em um sistema de câmara quente, onde

este bico não possui sua própria fonte geradora de calor, apenas absorve o calor do

bloco que é aquecido por uma resistência elétrica que mantêm a temperatura em

250°C. A condição ideal para o bom funcionamento do sistema é que a ponta do

bico atinja a mesma temperatura do bloco.

Para realizar este estudo foi utilizado um estudo de caso, como apresentado a

seguir.

3.1 ESTUDO DE CASO: O PRODUTO E O MOLDE

Com a colaboração da Empresa Jeruel Plásticos, foi identificado um produto

plástico e um molde.

O produto injetado resulta em peças pequenas, como mostra a Figura 25, que

são empregadas em obras da construção civil como espaçadores para onde haja

tráfego sobre ferragens. Essas peças são denominadas pelo fabricante de ETP115 e

o polímero utilizado é o PP fabricado pela empresa Quattor.

Figura 25 - Dimensões do produto ETP-115, em mm.

Page 56: Estudo Camara Quente Muito Bom

56

Através da Tabela 4 é possível verificar as propriedades do material PP.

Tabela 4 - Propriedades do material PP. Físicas

Índice de Fluidez (250°C) 25g/10min

Densidade (23°C) 0,905g/cm³

Mecânicas

Resistência à Tração no Escoamento (50mm/min) 26Mpa

Alongamento no Escoamento (50mm/min) 6%

Módulo de Flexão (1,3mm/min) 1200Mpa

Resistência ao Impacto Izod @ 23°C 85J/m

Resistência ao Impacto Izod @ -20°C 45J/m

Dureza Shore D (1s) 70

Térmicas

Temperatura de Amolecimento Vicat (10N/Taxa A) 145°C

Temperatura de Distorção Térmica (0,45Mpa) 92°C

Fonte: Quattor, 2011.

O molde de injeção utilizado neste experimento possui 48 cavidades e para

que os canais de alimentação das cavidades, mostrados na Figura 26, sejam

mantidos sempre na temperatura ideal de fluxo com injeção direta no produto, ou

seja, para cada produto existe um bico, aplicou-se um sistema de câmara quente no

molde.

Page 57: Estudo Camara Quente Muito Bom

57

Figura 26 - Distribuição das cavidades no molde e balanceamento de canais.

Segue abaixo algumas particularidades do produto e do molde, que levou à

escolha do sistema de câmara quente adequado:

• O polímero utilizado devido as suas propriedades e principalmente sua baixa

viscosidade, flui facilmente através dos canais de injeção.

• O tamanho da peça é relativamente pequeno, como mostra a Figura 25,

pesando 6,6 gramas e não possui paredes finas.

• A distância do ponto de injeção até a face da placa porta cavidade é de 40,5

mm (Figura 27), logo não será necessário um bico de injeção longo.

Figura 27 - Espessura das placas e comprimento do bico.

Page 58: Estudo Camara Quente Muito Bom

58

• A distância entre as cavidades, como mostra a Figura 26, é pequena,

dificultando a utilização de injeção direta no produto, devido ao espaço que um bico

comum ocupa no molde, principalmente se for aquecido por resistência elétrica que

necessita de espaço para a saída de fiação.

Levando-se em conta todas estas particularidades, escolheu-se o sistema de

câmara quente com bico condutor de calor, que comparando com os outros tipos de

bicos existentes, ocupa menos espaço no molde e consome menos energia elétrica

por não possuir resistência.

3.1.1 Sistema de câmara quente

Para que a injeção seja diretamente no produto e durante o processo de

injeção todas as cavidades preencham ao mesmo tempo e tenham a mesma

pressão de recalque utilizou-se canais de fluxo volumetricamente balanceados

através de um sistema de câmara quente com dois níveis de manifold, como mostra

a Figura 28a.

(a)

Page 59: Estudo Camara Quente Muito Bom

59

(b)

Figura 28 - Montagem do sistema de câmara quente juntamente com os produtos.

O primeiro nível do sistema de câmara quente é composto por um manifold tipo

H e o segundo por oito manifolds tipo Y. Cada manifold tipo Y possui seis bicos

condutores de calor, resultando em um total de 48 bicos.

Projetou-se o sistema em dois níveis e dividiu-se o segundo nível em oito

manifold tipo Y, devido a dilatação térmica do aço, pois cada manifold possui o

centro fixo em um suporte central e sua dilatação ocorre das extremidades para o

centro do manifold, logo um manifold menor, dilata menos que um maior em

unidades de medida, e como o bico condutor de calor é fixado no manifold tipo Y,

conforme o sistema aquece, o manifold dilata e o bico desloca-se em função dessa

dilatação. Este deslocamento é indesejado, pois pode danificar o gate ou até

quebrar a ponta do bico.

Todo o sistema de câmara quente localiza-se na parte fixa do molde, como é

possível verificar na Figura 28b, que é composto pela placa base superior, placa

porta manifold (onde são alojados praticamente todos os componentes do sistema

de câmara quente, exceto o bico), placa porta cavidade e placa cavidade, sendo

essas duas ultimas que alojam o bico de injeção, onde na placa cavidade encontra-

se a região do gate, que é o ponto de alimentação da cavidade.

Os manifolds são fabricados em aço P20 e aquecidos por resistências

elétricas, fabricadas em NiCr8020. Através da Tabela 5 e Tabela 6, é possível

verificar as propriedades do aço P20 e NiCr8020, respectivamente.

Page 60: Estudo Camara Quente Muito Bom

60

Tabela 5 - Propriedades mecânica do aço AISI P20. Composição Química (%) C 0,35 Si 0,4 Mn 0,8 Cr 1,2 Mo 0,35

Temperatura (°C) 20 200 400

Densidade (Kg/m³) 7800 7750 7700

Módulo de Elasticidade (N/m²) 205x10e9 200x10e9 185x10e9

Coef. de Expansão Térmica - 12,7x10e-6 13,6x10e-6

Condutividade Térmica (W/m°C) 29 29,5 31

Calor Específico (J/Kg°C) 460 - -

Fonte: Metals Handbook, 1968, p. 856.

Tabela 6 - Propriedades mecânica do NiCr8020. Composição Química (%) Ni 80 Cr 20

Temperatura (°C) 100

Densidade (Kg/m³) 8400

Coef. de Expansão Térmica 17,6x10e-6

Condutividade Térmica (W/m°C) 13,4

Calor Específico (J/Kg°C) 447

Fonte: Metals Handbook, 1968, p. 1060.

O manifold em formato H, localizado no primeiro nível do sistema, possui

massa de 22,3Kg com oito resistências de 938Watts e 625mm de comprimento

cada, resultando em 336,5 Watts/Kg, que permite o aquecimento dos canais de

passagem de material, como ilustra a Figura 29. Este bloco recebe o material

fundido da bucha de injeção e através dos seus canais, o distribui para os manifolds

tipo Y na temperatura ideal de fluxo.

Figura 29 – Manifold tipo H.

Page 61: Estudo Camara Quente Muito Bom

61

O segundo nível é composto por oito manifolds em formato Y, com massa de

3,6Kg com duas resistências de 975Watts e 650mm de comprimento cada,

resultando em 541 Watts/Kg, que permite o aquecimento dos canais de passagem

de material, como ilustra a Figura 30. Este bloco recebe o material fundido do

manifold tipo H e o distribui para os bicos na temperatura ideal de fluxo.

Figura 30 - Manifold tipo Y.

O bico de injeção, mostrado na Figura 31, é fabricado com a liga cobre berílio,

que possui nome comercial de Moldmax HH, produzido pela empresa Uddeholm,

possui condutibilidade térmica 3 a 4 vezes superior aos aços especiais utilizados em

moldes para plástico, boa dureza e resistência mecânica, com o objetivo de manter

o bico aquecido mesmo sem resistência elétrica.

Figura 31 - Bico condutor de calor.

Page 62: Estudo Camara Quente Muito Bom

62

O bico é fixado no manifold através de uma rosca para aumentar a área de

contato entre bico e bloco de aquecimento e com isso aumentar a taxa de

transferência de calor.

O perfil do alojamento do bico juntamente com o perfil da ponta do bico deixa

um vestígio mínimo no produto injetado.

É possível observar as propriedades mecânicas do Moldmax HH através da

Tabela 7.

Tabela 7 - Propriedades mecânica do Moldmax HH. Composição Química (%) Be 1,9 Co 0,25 Cu bal.

Temperatura (°C) 20 200 300

Densidade (Kg/m³) 8350 8275 8220

Módulo de Elasticidade (N/m²) 131,1x10e9 124,1x10e9 103,4x10e9

Coef. de Expansão Térmica - 17x10e-6 17,8x10e-6

Condutividade Térmica (W/m°C) 110 145 155

Calor Específico (J/Kg°C) 380 480 535

Fonte: Metals Handbook, 1968, p. 934.

O espaçador suporta o manifold que perde o mínimo de calor para o molde, por

ser fabricado em titânio (Ti6A4V), cujas propriedades são possíveis de serem

verificadas através da Tabela 8. Seu alojamento no molde é justo evitando

vazamento de material, sendo que a vedação deste tipo de bico é no bloco de

aquecimento, logo após a rosca, fazendo com que todo o material solidificado que

fica entre bico e molde faça a função de isolante térmico, ajudando para que o bico

perca o mínimo de calor possível para o molde.

Tabela 8 - Propriedades mecânica do titânio (Ti6A4V). Composição Química (%) Al 6,0 V 4,0 Ti bal.

Temperatura (°C) 20 200 300

Densidade (Kg/m³) 8350 8275 8220

Módulo de Elasticidade (N/m²) 131,1x10e9 124,1x10e9 103,4x10e9

Coef. de Expansão Térmica - 17x10e-6 17,8x10e-6

Condutividade Térmica (W/m°C) 110 145 155

Calor Específico (J/Kg°C) 380 480 535

Fonte: Metals Handbook, 1968, p. 1180

Page 63: Estudo Camara Quente Muito Bom

63

3.2 PROCEDIMENTOS

Dividiram-se os procedimentos em cindo etapas:

I) Simulação de transferência de calor empregando um sistema CAE

através do software Sigma e teste prático desenvolvido em bancada somente de um

manifold Y com seis bicos condutores de calor fora do molde de injeção.

II) Simulação de transferência de calor empregando um sistema CAE

através do software Sigma do sistema de câmara quente completo dentro do molde

de injeção em processo.

III) Comparação e estudo dos resultados primeiramente entre simulação e

prática da etapa I e em seguida entre as etapas I e II.

IV) Estudo da influência dos resultados obtidos nas etapas anteriores no

processo de injeção e no produto injetado.

V) Comparação de preço e custo entre o sistema de câmara quente com

bicos condutores de calor e com bicos aquecidos por resistência elétrica.

A Figura 32 resume a sequência utilizada de trabalho.

Figura 32 - Fluxograma da sequência das atividades desenvolvidas.

Page 64: Estudo Camara Quente Muito Bom

64

3.2.1 Procedimento da avaliação em bancada - Manifold tipo Y + bicos

Primeiramente realizou-se a simulação de transferência de calor e teste prático

na bancada, apenas com um manifold tipo Y e seis bicos, para verificar apenas a

capacidade térmica do bico em absorver o calor do bloco, medindo através de

termopares a temperatura na ponta de cada bico.

As simulações foram realizadas através do software Sigma, pela empresa

Magma Engenharia do Brasil Ltda.

3.2.1.1 Simulação empregando o sistemas CAE

Inseriu-se as condições de contorno:

o Temperatura ambiente: 18°C;

o Temperatura programada (SV): 250°C +/-5°C;

o Potência da resistência: 975W;

o Comprimento da resistência: 650mm;

o Tipo de controle de temperatura: PID.

Na sequência definiu-se os materiais de cada componente: NiCr8020, Ti6A4V,

Moldmax HH e P20, conforme mostra a Figura 33.

Figura 33 - Materiais dos componentes.

Indicou-se a posição real do termopar no manifold, pois o ideal é que a

temperatura se mantenha constante em todo o bloco de aquecimento para que a

temperatura dos bicos também seja constante. O termopar indicado na Figura 34

Page 65: Estudo Camara Quente Muito Bom

65

exerce a função de controlar a temperatura do bloco, já que esta temperatura

precisa ficar em 250°C, que é a temperatura programada (SV).

Figura 34 - Posição do termopar no bloco.

Em seguida, definiu-se a posição dos termopares nos bicos, como mostra a

Figura 35, somente como pontos de avaliação para o experimento, pois no sistema

real não existe termopares nesta região.

Figura 35 - Posição dos termopares nos bicos.

Por fim, definiram-se as malhas de elementos finitos, no qual utilizou-se o tipo

de malha tridimensional. Através da Figura 36 é possível verificar os elementos que

formam a malha do componente, sendo que para o manifold tipo Y + bicos, o total de

elementos foi de 4.522.510.

Page 66: Estudo Camara Quente Muito Bom

66

Figura 36 - Elementos que formam a malha do componente.

Finalmente iniciou-se a simulação.

3.2.1.2 Ensaio

O ensaio foi realizado na bancada da empresa Fator Sistemas para Moldagem,

como mostra a Figura 37.

Segue abaixo os equipamentos utilizados e condições de processo:

o Um controlador de temperatura de dois pontos da marca Fator;

o Dois sensores térmicos tipo J da marca Termoshaw, com erro de

leitura de ± 2,5°C;

o Uma placa de cerâmica;

o Seis suportes de titânio;

o Um manifold tipo Y fabricado em P20;

o Seis bicos condutores de calor fabricado em cobre berílio (Moldmax

HH);

o Duas resistências elétrica de 975Watts e 650mm de comprimento

cada;

o Temperatura ambiente: 18°C;

o Temperatura programada no bloco (SV): 250°C (igual à simulação).

Page 67: Estudo Camara Quente Muito Bom

67

Figura 37 - Ensaio realizado na empresa Fator.

Para a realização do ensaio, inicialmente encapsulou-se as resistências uma

de cada lado no manifold, em seguida colocou-se a placa de cerâmica sobre a

bancada, os suportes de titânio sobre a placa, o manifold sobre os suportes e

montou-se os bicos no bloco de aquecimento. Logo após inseriu-se um sensor no

manifold para controlar o aquecimento e um no bico para indicar a temperatura,

conectou-se os cabos das resistências e do sensor do manifold no ponto de controle

PC02 e do sensor do bico no ponto de controle PC01 no controlador de temperatura,

como ilustra a Figura 37.

Para o início do ensaio, ligou-se o controlador e iniciou-se o teste, com

temperatura ambiente de 18°C, utilizando a temperatura programada de 250°C, pois

esta é a temperatura de processo que será utilizada no molde de injeção. Iniciou-se

o teste no primeiro bico e após a temperatura controlada no bloco atingir a 250°C

esperou-se 1 hora para a temperatura estabilizar e marcou-se a temperatura

indicada na ponta do bico. Em seguida tirou-se o sensor do bico 01 e colocou-se no

bico 02, esperou-se a mesma 1 hora e marcou-se a temperatura indicada, o mesmo

processo foi aplicado, sucessivamente nos bicos seguintes. Repetiu-se este mesmo

teste outras duas vezes e calculou-se a média dos três testes para cada bico.

3.2.2 Sistema completo

Após os procedimentos adotados para avaliar um manifold tipo Y e seis bicos

fora do molde de injeção, realizou-se a simulação, utilizando um sistema CAE, de

transferência de calor do sistema completo de câmara quente dentro do molde,

PC - 01

PC - 02

Cabos das resistências

Sensor

do bloco

Sensor

do bico Conector

Page 68: Estudo Camara Quente Muito Bom

68

considerando em processo de injeção, onde inseriu-se termopares na ponta de cada

bico, somente como ponto de avaliação para a obtenção de resultados para a

simulação e verificar o desempenho térmico do bico condutor de calor dentro do

molde.

Pretendeu-se realizar experimentos de injeção no molde em processo para

comparar os resultados da injeção com as simulações. Entretanto, por sigilo

industrial, não foi possível realizar a análise. Desta forma, realizou-se apenas a

simulação do sistema completo.

3.2.2.1 Simulação empregando o sistema CAE

Inseriu-se as definições iniciais:

o Temperatura programada (SV) no manifold: 250°C;

o Potência da resistência manifold tipo Y: 975W e 650mm;

o Potência da resistência manifold tipo H: 938W e 625mm;

o Tipo de controle de temperatura: PID;

o Temperatura da refrigeração na placa porta manifold: 18°C;

Figura 38 - Parte fixa completa do molde utilizada para a simulação.

Na Figura 38 é possível verificar a parte fixa completa do molde utilizada

para a simulação. Como é possível verificar o sistema é simétrico. Para

diminuir o tempo de processamento da simulação foi utilizada a ferramenta

Page 69: Estudo Camara Quente Muito Bom

69

cutbox, que cortou o molde. Sendo assim os resultados serão mostrados para

¼ do molde.

Na sequência definiu-se os materiais de cada componente: Ti6A4V,

Moldmax HH e P20, polímero e ar, conforme mostra a Figura 39.

Figura 39 - Materiais do molde.

A Figura 40 ilustra a posição dos termopares nos manifold e bicos

considerando que nos bicos definiu-se apenas como pontos de avaliação da

temperatura para a simulação CAE.

Figura 40 - Posição dos termopares no molde.

Page 70: Estudo Camara Quente Muito Bom

70

Através da Figura 41, é possível verificar como as resistências dos manifolds

tipo Y e H estão distribuídas no sistema de câmara quente em relação aos bicos.

Figura 41 - Posição das resistências em relação aos bicos no molde.

Por fim, definiram-se as malhas de elementos finitos, no qual utilizou-se o tipo

de malha tridimensional. Através da Figura 42 é possível verificar os elementos que

formam a malha do sistema, sendo que, o total de elementos foi de 51.594.840 para

¼ do molde.

Figura 42 - Elementos que formam a malha do sistema.

Finalmente iniciou-se a simulação.

Page 71: Estudo Camara Quente Muito Bom

71

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são apresentados os resultados da simulação realizada com o

software Sigma do manifold tipo Y com os bicos fora do molde e os resultados do

ensaio prático na bancada. Como uma análise adicional será apresentado os

resultados da simulação realizada do sistema de câmara quente completo dentro do

molde, já que não foi possível realizar o experimento no molde em máquina para a

obtenção da temperatura real na ponta dos bicos, como já foi comentado

anteriormente.

Posteriormente serão apresentadas as discussões comparando estes

resultados e comparando também o consumo de energia entre o sistema de câmara

quente com bicos condutores de calor e bicos com resistência elétrica.

4.1 AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA SIMULADA EM UM MANIFOLD TIPO Y INDEPENDENTE

Seguindo os procedimentos indicados anteriormente, observou-se a

temperatura na ponta dos bicos após 1 hora de simulação. Para uma melhor

visualização a Figura 43 indica em (a) as posições dos bicos e em (b) a temperatura

encontrada na ponta de cada bico através de um gráfico em colunas.

(a) (b)

Figura 43 – a) Posições dos bicos no bloco b) Resultados das temperaturas na ponta dos bicos no bloco Y após 1 hora de simulação.

Page 72: Estudo Camara Quente Muito Bom

72

Através do gráfico é possível observar que existe variação de temperatura

entre um bico e outro, sendo que a diferença é de 0,28% entre o maior e o menor

valor, resultando em uma diferença de 0,7°C.

O resultado apresentado aponta que estas variações na simulação, ocorrem

possivelmente devido ao formato do bloco que faz com que na região dos bicos a

massa que os envolve seja diferente, e acredita-se ainda que o principal motivo para

que isso ocorra é a forma como a resistência está distribuída no bloco. Isso é

possível de ser verificado através da Figura 43a em que os bicos 3 e 4 estão com

maior área de contato com o ambiente e de acordo com o gráfico da Figura 43b são

os bicos com menor temperatura; já nos bicos 1 e 6 esta situação não ocorre, pois

estes bicos estão próximos a entrada da resistência, região inicial da resistência.

4.2 AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA REAL EM UM MANIFOLD TIPO Y INDEPENDENTE

Seguindo os procedimentos já citados, realizou-se os ensaios na bancada da

empresa Fator com um manifold tipo Y e seis bicos condutores de calor fora do

molde de injeção, observando a temperatura na ponta de cada bico após 1 hora,

tempo em que a temperatura estabiliza. A Tabela 9 mostra os resultados de cada

ensaio e a média das temperaturas na ponta de cada bico, considerando que

durante as três horas houve variação na temperatura do bloco de ±2°C.

Tabela 9 - Resultados dos ensaios na bancada. Ensaio Temp. do

Bloco

Tempo de

estabilização

Temperatura no bico (°C)

06 05 04 03 02 01

1° 250°C 1 hora 254,1 252,9 251,2 252,9 248,6 244,7

2° 250°C 1 hora 255,2 251,4 251,6 251,8 248,3 243,9

3° 250°C 1 hora 254,8 253,2 250,2 252,2 247,7 244,9

Média 254,7 252,5 251 252,3 248,2 244,5

A Figura 44 ilustra através do gráfico as temperaturas encontradas na ponta

dos bicos durante o ensaio e o desvio padrão em cada bico.

Page 73: Estudo Camara Quente Muito Bom

73

Figura 44 - Resultados dos ensaios realizados na bancada, com os desvios padrão de cada

bico.

A Figura 45a mostra as posições dos bicos, do sensor no bloco e da região

inativa da resistência e a Figura 45b a média da temperatura encontrada na ponta

de cada bico através de um gráfico em colunas.

(a) (b)

Figura 45 – a) Posições dos bicos e sensor no bloco b) Resultados da média das temperaturas na ponta dos bicos no bloco Y.

É possível observar através do gráfico que existe variação de temperatura

entre um bico e outro, sendo que a diferença é de 4,01% entre o maior e o menor

valor, resultando em uma diferença de 10,2°C.

As explicações possíveis para estas variações são as mesmas citadas para a

simulação, porém nesse caso a diferença é maior, acredita-se que ocorre essa

Page 74: Estudo Camara Quente Muito Bom

74

diferença principalmente por existir duas regiões inativas na resistência, ou seja, que

não aquecem, no inicio e no final, tanto na resistência superior como na inferior,

como é possível observar na Figura 45a a região inativa da resistência, sendo que,

na simulação isso não foi considerado.

Para esta situação os bicos que possuem menor temperatura são os bicos 01 e

02, este fato ocorre possivelmente devido a estes bicos estarem posicionados no

final da resistência, onde existe uma região inativa, ou seja, que não aquece e como

a entrada para a alimentação da resistência é na outra ponta, até que o calor atinja o

final da resistência, este já perdeu parte para o ambiente.

O ensaio também apresenta que em alguns bicos a temperatura da ponta

ultrapassou a temperatura do bloco, o que teoricamente não seria possível, porém

esta situação pode ter ocorrido devido ao posicionamento do sensor que serve para

controlar a temperatura do bloco. Este sensor está posicionado de acordo com a

Figura 45, na parte superior do bloco, sendo que comparando esta face com a

inferior, esta possui maior área de contato com o ambiente, perdendo mais calor que

a face inferior, já que na face inferior os bicos estão roscados no bloco. Comparando

também a área superficial do bloco com a do bico, a taxa de transferência de calor

do bloco com o ambiente é maior que a do bico. Então, uma análise possível, é que

na região do sensor quando a temperatura atingiu 250°C, na região inferior do bloco

próximo aos bicos a temperatura esta mais elevada, e como o moldmax, material

utilizado no bico, possui condutividade térmica maior que o P20, material utilizado no

bloco, o bico conduz a temperatura até a sua ponta com maior velocidade com que

perde para o ambiente, já no bloco ocorre ao contrario. Considerando também que o

sensor possui uma tolerância de ±2,5°C.

4.3 AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA SIMULADA E DA TEMPERATURA REAL EM UM BLOCO Y INDEPENDENTE

Realizou-se a comparação dos resultados obtidos anteriormente através do

gráfico da Figura 46, onde é possível observar as diferenças de temperaturas entre

os valores simulados e os reais.

Page 75: Estudo Camara Quente Muito Bom

75

Figura 46 - Resultados simulação x real.

Os resultados da temperatura de cada bico entre a simulação e o ensaio

apresentam diferenças, ou seja, os bicos 01 e 02 no ensaio apresentam temperatura

menor que a da simulação, já nos demais bicos esta temperatura é maior, como

mostra o gráfico. Essa diferença, como já foi citada anteriormente, é possível que

ocorra, devido a existência de uma área inativa no inicio e no final da resistência do

bloco (Figura 45a), sendo que está área não foi considerada na simulação.

O fato de que a temperatura dos bicos no ensaio está maior que a da

simulação, desconsiderando os bicos 01 e 02, discutido anteriormente, sugere-se

que estas diferenças ocorrem devido as condições em que realizou-se o ensaio, pois

não era possível controlar a temperatura do ambiente. O que também pode ter

influenciado é que o sistema de aquecimento das resistências possui controle PID,

que quando o sensor lê que a temperatura na região onde ele se encontra, está a

250°C, a resistência é desligada, mas mesmo assim por alguns instantes ela ainda

emite calor para o bloco, podendo ultrapassar em alguns graus a temperatura do

mesmo.

Page 76: Estudo Camara Quente Muito Bom

76

4.4 ANÁLISE ADICIONAL. AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA SIMULADA CONSIDERANDO O BLOCO Y DENTRO DA ESTRUTURA DO MOLDE

Seguindo os procedimentos já citados realizou-se como um experimento

adicional, a simulação térmica do sistema completo de câmara quente.

A Figura 47 apresenta a distribuição dos blocos no molde.

Figura 47 – Distribuição simétrica dos blocos no molde.

Os manifolds estão distribuídos de forma simétrica no molde, porém as

temperaturas dos bicos “A” não são iguais aos bicos “B”, pois além dos manifolds

tipo Y existe um manifold tipo H que também é aquecido por resistência e é

posicionado sobre estes blocos de aquecimento, onde sua distribuição não é igual

em todos os blocos, fazendo com que haja transferência de calor para os manifolds

tipo Y, como é possível verificar na figura a cima.

Devido ao sistema ser simétrico, destacou-se apenas 1/4 dos blocos para a

representação dos resultados. A Figura 48a as posições dos bicos e a Figura 48b a

temperatura encontrada na ponta de cada bico através de um gráfico em colunas.

Page 77: Estudo Camara Quente Muito Bom

77

(a) (b)

Figura 48 - Resultados das temperaturas na ponta dos bicos com todo o sistema de câmara quente dentro do molde.

Através do gráfico é possível observar que existe diferença de temperatura

entre os bicos dos manifolds A e B, devido a transferência de calor para o molde e

do manifold tipo H para os blocos.

O gráfico da Figura 49, apresenta a comparação dos resultados das

temperaturas na ponta dos bicos na simulação entre o manifold independente, ou

seja, fora do molde e a média das temperaturas dos manifolds dentro do molde.

Figura 49 - Comparação dos resultados das temperaturas na ponta dos bicos na simulação

entre o bloco independente e a média das temperaturas dos blocos dentro do molde.

O gráfico indica que quando o bloco com os bicos está no molde, é possível

observar que existem grandes diferenças de temperatura entre 8,2°C e 20,8°C, para

menos, comparando com a situação em que é considerado apenas o bloco com os

Page 78: Estudo Camara Quente Muito Bom

78

bicos independente, ou seja, fora do molde, pois como mostra a Figura 50, os bicos

perdem calor para as placas do molde, mesmo não estando em contato direto, por

radiação, já que existe aço em volta de todo o bico, fazendo com que não exista

mais a transferência de calor por convecção entre um bico e outro, como acontece

quando o bloco e os bicos estão fora do molde, sendo que esta reação ajuda os

bicos a manter a temperatura, formando uma espécie de névoa entre eles.

Figura 50 - Blocos e bicos montados no molde de injeção.

Com as grandes variações de temperatura apresentadas, existem bicos que

apresentam temperaturas de aproximadamente 228°C, onde possivelmente a

cavidade deste bico não preencherá corretamente, pois como mostra o Anexo 1, o

polímero PP possui temperatura de fusão entre 230°C e 275°C, logo o material

poderá solidificar antes de entrar na cavidade ou durante o preenchimento, fazendo

com que algumas cavidades preencham e outras não. Sugere-se que uma solução

para este problema é aumentar um pouco a temperatura de processo, em torno de

20°C.

Page 79: Estudo Camara Quente Muito Bom

79

5 CONCLUSÕES

As principais conclusões deste estudo são as seguintes:

1) Os bicos atingem a temperatura de aproximadamente 250°C, somente quando

são avaliados em um bloco independente, ou seja, fora do molde. Quando

colocados dentro do molde, perdem calor para as placas, chegando a perder até

20°C.

2) As variações de temperatura preocupam, pois são prejudiciais tanto para o

processo de injeção quanto para o produto injetado, podendo causar vários defeitos

na peça, como o não preenchimento total das cavidades, tensões internas, entre

outros.

3) Para evitar que algumas cavidades não preencham e diminuir o efeito que a

variação de temperatura pode causar durante o processo de injeção do material PP,

a temperatura programada dos blocos deverá aumentar em torno de 20°C, pois

segundo o Anexo 1, p. 84, a temperatura de processamento do PP é entre 230°C e

275°C, mas conforme o gráfico da Figura 48, é possível verificar que existem alguns

bicos em que a temperatura na ponta é inferior a 230°C.

4) Para o produto que é injetado no molde estudado, a perda de calor não afeta as

condições de processo. Logo este tipo de molde com bicos condutores de calor é

uma escolha apropriada, pois agrega menor custo ao produto, principalmente pelo

baixo consumo de energia.

5) Através da teoria apresentada na p. 19 e da Figura 2, é possível observar que

quanto maior o cisalhamento do polímero, menor sua viscosidade e maior sua

fluidez, logo, sugere-se que para os polímeros que possuem estas características é

possível utilizar os bicos condutores de calor, pois são materiais fáceis de injetar,

como o PP que foi utilizado neste trabalho.

Page 80: Estudo Camara Quente Muito Bom

80

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

1) Melhorar a distribuição da resistência no bloco, fazendo com que ela envolva

todos os bicos igualmente.

2) Rodar uma nova simulação, considerando as regiões inativas da resistência.

3) Realizar experimentos de injeção no molde em processo para comparar os

resultados da injeção com as simulações.

4) Estudar com maior precisão a transferência de calor do bico para o molde.

5) Estudar quais os polímeros que realmente é possível injetar com o bico condutor

de calor.

6) Realizar testes com o produto injetado, para verificar se as diferenças de

temperatura entre os bicos e o manifold influenciam nas propriedades do material

injetado.

Page 81: Estudo Camara Quente Muito Bom

81

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Page 83: Estudo Camara Quente Muito Bom

83

ANEXOS

Anexo 1 - Propriedades para Injeção de Alguns Polímeros Termoplásticos. .......... 843

Page 84: Estudo Camara Quente Muito Bom

84

Anexo 1 - Propriedades para Injeção de Alguns Polímeros Termoplásticos.

SIGLA ASTM

Densidade sólido (g/cm³)

Denside fundido (g/cm³)

Transparente (TP) Translúcido (TL)

Opaco (O)

Amorfo Cristalino

Encolhimento (%)

ASA 1.07 O, TP amorfo 0,4 a 0,6

ABS 1 a 2 0.9 O, TP amorfo 0,5 a 0,6

CA 1.3 TP 0,3 a 0,7

CAB 1.2 TP 0,3 a 0,7

CAP 1.2 TP 0,3 a 0,7

EVA média 0,94 0.8 TL, TP

HDPE 0,93 a 0,97 0.81 O, TP cristalino 1,2 a 2,2

HIPS 1 a 1,1 0.9 O, TP amorfo 0,4 a 0,7

Ionômero 0,94 a 0,95 TP semi crist.

LCP 1,5 a 1,7 TP, TL líqu. Crist. 0,2 a 0,8

LDPE 0,91 a 0,93 TP, TL cristalino 1,5 a 3,0

LLDP 0,90 a 0,92 TP, TL cristalino 1,5 a 5,0

MDPE 0,93 a 0,95 O, TP cristalino 1,2 a 2,2

PA66 1,1 a 1,4 f 1,0 a 1,2 TL cristalino 1,0 a 2,2

PA6 1,1 a 1,4 1,2 a 1,3 TL cristalino 0,8 a 2,1

PAEK 1,3 a 1,5 f 1,4 O semi crist. 0,1 a 0,6

PAI a 1,6 O amorfo 0,1 a 0,2

PAR 1.2 0.77 O amor. Crist. 0,6 a 0,9

PAS média 1,36 O amorfo 0.06

PBT 1,3 a 1,6 f 1,1 a 1,2 TL semi crist. 1,5-2/0,5 f

PC 1,2 a 1,5 f 1.1 TP amorfo 0,4 f a 0,7

PEI 1,3 a 1,5 f O amorfo 0,5-0,7/0,2 f

PEK 1,3 a 1,5 f O semi crist. 0,1 a 0,6

PEEK 1,3 a 1,4 f O 30% crist. 0,1 a 1,4

PES 1,2 a 1,6 f TP amorfo 0,3 f a 0,6

PET 1,4 a 1,7 f 1.2 O, TP amor. Crist. 0,2 a 2,0

PETG 1,2 a 1,3 O, TP amorfo

PMMA 1,1 a 1,2 1,0 a 1,1 O amorfo 0,4 a 0,8

Poliéster 1.3 O amorfo 1,5 a 1,8

POM 1,4 a 1,6 f 1.2 O 80% crist. 0,8 f a 2,0

PP 0.90 a 0,92 0.77 TP, TL semi crist. 1,0 a 2,5

PPO 1,1 a 1,2 f 0,96 a 1,0 O amorfo 0,2 f a 0,7

PPS 1,3 a 1,9 f média 1,5 O 65% crist. 0,1 a 0,5

PS 1,0 a 1,1 0.9 O, TP amorfo 0,4 a 0,7

PSU 1,2 a 1,6 f O, TP amorfo 0.7

PVC 1,2 a 1,4 1,2 a 1,3 TP amorfo 0,2 a 0,5

SAN 1,1 a 1,3 0.9 O, TP amorfo 0,3 a 0,7

TPUR 1,2 a 1,3 O, TP amorfo 0,8 a 2,0

UHMWPE 0,93 a 0,94 0.9 O, TP cristalino 1,2 a 2,2

Page 85: Estudo Camara Quente Muito Bom

85

Continuação

SIGLA ASTM

Secagem Requerida (horas - °C)

Temp. fundido (°C)

Temp. molde (°C)

Velocidade de injeção

Pressão de fechamento (ton/in²)

Pressão de injeção (MPa)

ASA 230-260 40-90

ABS 2-3 / 88-77 195-240 35-93 baixa 4-6 120-140

CA 2-3 / 60-70 180-230 50-80 variável 70-180

CAB 2-3 / 60-70 180-230 50-80 variável 70-180

CAP 2-3 / 60-70 180-230 50-80 variável 70-180

EVA 200-210 20-60

HDPE nada 200-280 10-70 alta 2-2,5 100-200

HIPS nada 180-280 10-85 alta 2-4 100-200

Ionômero nada (8 / 60) 210-260 5-50 bax/mod 2-3 70-110

LCP 4-8 / 150 400-430 240-280 média 2-3 80-120

LDPE nada 170-240 10-50 alta 1,5-2 100-150

LLDP nada 170-200 10-50 alta 1,5-2 100-150

MDPE nada 190-260 10-70 alta 2-2,5 100-150

PA66 3-4 / 71-60 270-320 20-100 alta 4-5 100-150

PA6 3-4 / 71-60 260-310 20-100 alta 3-5 90-150

PAEK 2-4 / 175-150 370-400 160-200 baixa 3-4 (6f) 160-200

PAI 5 / 175 305-370 205-200 alta 5-6 160-200

PAR 3-4 / 175-150 260-380 65-150 moderada 3-5 (4-6f) 140-200

PAS 3-4 / 175-150 340-370 120-155 moderada 140-200

PBT 3 / 150 240-270 50-100 mod/alta 3-5 80-200

PC 3-4 / 120 270-235 80-110 alta 3-5 (6f) 140-200

PEI 4-6 / 150-130 340-425 65-175 med/alta 100-160

PEK 2-4 / 175-150 370-400 160-220 baixa 3-4 (6f) 160-200

PEEK 2-4 / 175-150 370-400 160-220 alta 2-4 (6f) 160-200

PES 3-4 / 150-135 340-380 140-160 alta 5-10 160-200

PET 2-4 / 180-160 260-300 7-80 baixa 2-6 70-160

PETG 4 / 66 190-275 20-30 baix/alta 80-100

PMMA 2-3 / 77-93 200-260 35-60 variável 2,5-3 100-200

Poliéster 2-4 / 120-177 230-260 40-100 baixa 3-5 80-100

POM nada 180-230 80-100 med/alta 3,5-5 100-170

PP nada 230-275 15-65 alta 2-3 100-130

PPO 2-4 / 115-107 250-315 80-110 alta 2,5-5f 120-180 PPS 3-4 / 150 300-360 40-150 baixa 2-3 50-140

PS nada 180-280 10-85 alta 2-4 100-200

PSU 5 / 120 310-400 100-170 baixa PVC nada (2 / 60) 180-204 20-40 baix/mod 70-140

SAN 2-3 / 80-70 220-270 5-60 35-140

TPUR 2-3 / 110-104 190-220 30-65 0,5-2 70-140 UHMWPE nada 200-280 10-70 alta 3-4 130-200

f = polímero carregado (partícula ou fibra); Fonte: Manrich, 2005