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ESPN FC, maio de 2016 1 What’s the story, Maine Road glory Oasis e Manchester, união perfeita Legado de Ronaldinho Gaúcho R10 poderia ser maior? Fair Play de Kahn e a mãe de Cañizares O motivo do abraço entre os goleiros Maio de 2016

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Trabalho para a disciplina de Edição Gráfica. Curso de Jornalismo UNIVALI (5º período - 2016)

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ESPN FC, maio de 2016

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What’s the story, Maine Road gloryOasis e Manchester, união perfeita

Legado de Ronaldinho GaúchoR10 poderia ser maior?

Fair Play de Kahn e a mãe de CañizaresO motivo do abraço entre os goleiros

Maio de 2016

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ESPN FC, maio de 2016

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ESPN FC, abril de 2016

FUTEBOL ESPANHOL

O dia que o Atlético de Madrid parou o Ajax de Cruyff

GUSTAVO MAGNUSSON, do Canto ColChoneroPor

(da esquerda para a direita) Gerrie Muhren, Dick van Dijk, Johan Neeskens e Johan Cruyff: o brilhante Ajax da década de 70 já sucumbiu para o Atlético de Madrid

Nesta terça-feira, o Atlético de Madrid volta a en-frentar o PSV Eindhoven pela UEFA Champions

League. Uma simples vitória no Vicente Calderón nos coloca nas quartas-de-final da competição pela tercei-ra vez consecutiva.

O momento é oportuno para revirarmos o baú do futebol europeu e relembrarmos a vitória mais emble-mática do Atlético de Madrid sobre uma equipe holan-desa.

Para isso, é necessário voltar 45 anos no tempo. Mais precisamente para o dia 14 de abril de 1971. O Atlético de Madrid era o atual campeão espanhol e estava nas semi-finais da Copa do Campeões da Europa.

Após despachar times como Cagliari e Legia Varsó-via, o adversário da vez era nada menos do que o Ajax de Johan Cruijff.

Assim como o Atlético, o Ajax nunca havia conquis-tado um título internacional naquela altura. Para am-bos, era a grande chance de entrar pela primeira vez no seleto grupo dos grandes campeões do continente.

Sob a batuta do treinador francês Marcel Domingo, o Atlético de Madrid foi a campo com: Rodri; Jesus Mar-tinez Jayo, Francisco Melo, Iselin Ovejero e Luis Ara-

gonés; Isacio Calleja (C), Adelardo, Alberto Fernadez e Eulugio Gárate; Javier Irureta e Armando Ufarte.

Já o Ajax, comandado pelo lendário Rinus Michels, entrou com: Heinz Stuy; Bernardus Hulshoff, Ruud Krol, Wim Suurbier e Velibor Vasovic (C); Gerardus Mühren, Johan Neeskens e Reinier Rijnders; Jesaia Swart e Johan Cruyff.

O atacante basco Irureta marcou aos 43 minutos do primeiro tempo e garantiu a vitória apertada. Caso queira assistir ao registro da partida, na íntegra, clique aqui.

A decisão da vaga ficava então para o jogo de duas semanas depois, em Amsterdam. Pena que não teve jeito. O futebol total de Rinus Michels veio como uma avalanche para cima do Atlético. Com gols de Keizer, Suurbier e Neeskens, o Ajax se garantiu na final contra o Panathinaikos. E a sequência da história talvez você deva conhecer. O Ajax enfileiraria três troféus euro-peus, um em seguida do outro, entre 1971 e 1973.

O Atlético de Madrid de Luis Aragonés poderia ter impedido pelo menos a primeira conquista da hegemo-nia holandesa. Como não conseguiu, só nos resta dizer que um dia derrotamos o Ajax de Cruyff.

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EXPEDIENTE

Equipe de Edição

Erickson Stocker

Lucas Filus

Bernardo Marucco

Redator e editor-chefe. Viciado em espor-tes, música e atrasos ocasionais. Mais um nadador nesse oceano que chamamos de fa-culdade, tentando escapar do afogamento/reprovação.

Estrela do grupo, Lucas Filus vive e respi-ra o futebol. Ao contrário da maioria, tem qualidade com a bola nos pés mas prefere a escrita. Fã de Lionel Messi e do zagueiro Manoel.

DiagrAMADOR geral. Curte Poker e Rock pesado. Vive comendo pra viver, e vive es-tudando pra trabalhar. Trabalhará para comprar comida. Comerá para viver, viverá para...

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UMA PONTE PARA O FUTURO!

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Fair Play de Kahn e a mãe de Cañizares

BRUNO SECCO, do Bayern a SeCCoPor

23 de maio de 2001 é um dos dias mais felizes da his-tória do Bayern. Afinal, esta é a data em que o clu-

be sagrou-se tetracampeão da Champions League, após 25 anos de seca e três outras tentativas na trave (Aston Villa/1982, Porto/1987 e Manchester United/1999).

Antes do apogeu bávaro, no entanto, estavam no gra-mado do San Siro duas equipes que haviam sofrido dois baques imensos nas duas temporadas anteriores da com-petição continental: o Bayern havia perdido a dolorosa decisão de 1998/1999 para o Manchester United e o Va-lencia, a de 1999/2000 para o Real Madrid.

Era uma decisão que envolvia os dois últimos vice-cam-peões da liga milionária e obviamente os jogadores de am-bas as equipes sentiam uma pressão a mais, afinal, o gosto amargo do quase ainda podia ser sentido na boca de cada um deles.

Como se não bastasse todo esse sentimento envolvido, as circunstâncias que ditaram a história daquele jogo não ajudaram e a final tratou de ser extremamente desgastan-te, marcada por algo que mexe com os nervos de qual-quer torcedor: pênaltis. Pênalti convertido pelo Valencia (Mendieta) logo no começo do jogo, pênalti perdido por Mehmet Scholl ainda na primeira etapa, outro pênalti

para o Bayern, desta vez convertido pelo capitão Stefan Effenberg, empate, prorrogação, disputa de pênaltis.

Quase todos os jogadores estavam com o emocio-nal destruído, em frangalhos, e isso foi refletido nas cobranças: várias ruins. Os goleiros Oliver Kahn e Santiago Cañizares aparentavam certa tranquilidade, até o goleiro bávaro levar a melhor, defender a última cobrança e confirmar o título para o Gigante da Ba-viera.

Foi exatamente a partir deste momento que uma cena emblemática entrou para a história da Cham-pions League e talvez do futebol mundial. Um gran-de momento de Fair Play que ganhou ares, digamos, mais “traumáticos”. Cañizares desabou no choro após a cobrança errada de Pellegrino e, enquanto todos os jogadores do Bayern comemoravam a volta ao topo da Europa, Oliver Kahn, demonstrando total espon-taneidade, foi até a lenda dos Morcegos consolá-lo, como você pode ver no vídeo abaixo.

FUTEBOL EUROPEU

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A história que passou a ser contada a partir deste momento é a de que Kahn foi consolar Cañizares pela perda da mãe, já que o goleiro espanhol teria ficado sabendo de seu falecimento antes das disputas de pê-nalti. Palavras como “Não se preocupe, Cañi, sua mãe está te assistindo agora no céu e está orgulhosa de ter parido um goleiro lendário” teriam sido proferidas, segundo diversos sites nada confiáveis.

Esse pequeno relato por si só já é absurdo. Quem em sã consciência contaria para um goleiro que sua mãe faleceu quando ele está prestes a disputar pênal-tis valendo o título mais importante do continente? E sobre estas supostas palavras de Kahn, elas dão a entender que o goleiro e os jogadores do Bayern tam-bém sabiam do suposto falecimento da mãe de Cañi-zares antes mesmo da disputa de pênaltis (deu tempo de o espanhol receber a ligação e todo mundo ficar sabendo do suposto ocorrido, claro).

Pois bem. Já sabendo que a história é absurda, por que não ouvir alguém que estava lá no momento? Tentei e não consegui contato com Oliver Kahn até a

publicação deste post, mas Giovane Élber, titular na-quela decisão, um dos bávaros a consolar Cañizares depois de Kahn e presença vip aqui no Bayern a Secco (leia sua ótima entrevista para o Blog aqui), falou um pouco para nós sobre aquele momento.

Resumindo: ninguém foi consolá-lo pela perda da mãe. As lágrimas de Cañizares, como muitos suspei-tavam, foram mesmo pela perda do título e, segundo ele próprio declarou em uma entrevista, também por saber que não teria mais a chance de disputar uma final de Champions League (de fato, não teve). Kahn também já disse que a intenção era consolá-lo por ter vivido aquela sensação dois anos antes. Ou seja: con-cluímos que essa história de que Cañi chorou após a decisão pela perda de sua mãe e que todos foram até ele por isso é falsa, uma bravata.

Se depois de tudo isso você ainda não ficou con-vencido, bem, vamos ao “golpe de misericórdia”: se-gue abaixo um tuíte de Cañizares do dia 28 de agosto de 2013 (pouco mais de 12 anos depois da decisão), onde ele diz ter passado a tarde com sua... mãe.

Canizares e sua mãe, em 28 de Agosto de 2013

Fonte: twitter.com/santicanizares

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Tipo Ceni. Só Que Não...

JAVIER FREITAS, do ManCheSter ConneCtion

Por

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Tipo Ceni. Só Que Não...

O dia em que o City colocou

um goleiro no ataque

Domingo, 15 de maio de 2005 - 38ª rodada da Premier League.

O City receberia o Middlesbrough no então City of Manchester para o encerramento da temporada em um jogo que determinaria quem iria para a Copa da UEFA na época seguinte.

O City era o oitavo colocado com 51 pontos, ao passo que o Boro estava imediatamente uma posição acima com 54. O outro interessado na rodada era o Tottenham, que estava no nono lugar com os mesmos 51 pontos do City, mas com desempenho inferior no saldo de gols.

Aliás, é interessante destacar tal critério de desem-pate já a esta altura. Em caso de vitória, o City iria a 54 pontos e igualaria-se ao Middlesbrough, mas passaria seu concorrente direto justamente pelo saldo de gols, uma vez que antes mesmo do início da rodada, o City tinha +8 enquanto o Boro possuía +7.

O City, comandado por Stuart Pearce desde março daquele ano, foi a campo com a seguinte escalação: James; Mills, Onuoha, Distin, Thatcher; Shaun Wri-ght-Phillips, Barton, Reyna, Musampa; Fowler e Si-bierski.

Enquanto isso, o Middlesbrough, com Steven Mc-Claren à beira do gramado, tinha seu onze inicial com: Schwarzer; Parnaby, Ehiogu, Southgate, Queu-drue; Parlour, Boateng, Doriva, Zenden, Nemeth; Hasselbaink.

Precisando única e exclusivamente dos três pontos, o City, na condição de dono da casa, partiu pra cima do Boro desde os primeiros instantes do jogo, princi-palmente em uma chegada de Shaun-Wright Phillips que assustou Schwarzer. No entanto, os visitantes não deixaram por menos e volta e meia apareciam no ata-que, como em um chute de fora da área do holandês Zenden.

Aos 23 minutos, Hasselbaink, em uma cobrança de falta de muito, mas de muito longe mesmo, acertou um daqueles chutes de raríssima felicidade e abriu o marcador em Manchester. Se o empate já bastava ao Boro, o 1 a 0 era muito melhor que a encomenda. O City continuava buscando o resultado, mas o empate só veio nos primeiros instantes da etapa complemen-tar, quando Musampa invadiu a área em velocidade, deixou os marcadores para trás e bateu na saída de Schwarzer.

A história já é velha: o City precisa do resultado e vai

martelar o adversário até o último instante do jogo. Sim, o Typical City.

Aos 43 do segundo tempo, uma das substituições mais emblemáticas e curiosas da história da Premier League. Stuart Pearce sacou Claudio Reina e promo-veu a entrada de Nicky Weaver no gol. Sim, aquele Nicky Weaver. Mas a essa altura você deve estar se perguntando: Claudio Reina não era volante? Pois é: Weaver foi, de fato, para o gol e David James, en-tão goleiro reserva do English Team, do alto de seus 1,94m, foi jogar como centroavante.

À primeira vista, pode até parecer uma substituição completamente non-sense e baseada em puro deses-pero, do tipo: coloque um cara qualquer de quase dois metros dentro da área e dá-lhe chuveirinho.

Aliás, essa foi, por muito tempo, uma das premissas do futebol inglês. Pergunte a Peter Crouch. Ele vai sa-ber explicar melhor que eu.

Enfim, por mais que parecesse algo varzeano, a his-tória mostra que era algo que já estava nos planos de Stuart Pearce. Afinal, no momento da substituição surgiu uma camisa de linha com o nome de James e o número #1 estampado nas costas. Uma bizarrice devi-damente arquitetada.

Já no ataque, James até tentou fazer alguma coisa com a bola nos pés. Sambou pra lá, sapateou pra cá e bateu no gol, mas acabou travado. Apesar do registro histórico, a empreitada ofensiva de James não teve su-cesso e, por consequência, não surtiu o efeito espera-do. Mas mesmo assim, nos acréscimos o Typical City dava sinais de que iria acontecer de qualquer maneira. Já nos instantes finais, o árbitro Rob Styles assinalou um pênalti para o City. Era tudo o que o time precisa-va naquela altura. A torcida fervia nas arquibancadas do City of Manchester.

Mas eis que Robbie Fowler foi pra bola e: perdeu. O lance já havia começado errado quando o camisa 8 colocou a bola à frente da marca da cal. Equívoco devidamente notado pelo árbitro e corrigido. Na co-brança, Fowler bateu rasteiro e com pouca força, dan-do assim a Schwarzer a chance de defender sem nem ao menos dar rebote.

Na sequência, o arqueiro australiano deu um balão e o jogo acabou no 1 a 1. O Middlesbrough estava clas-sificado para a UEFA Cup na temporada 2005-06 e o City não. Naquele dia o Typical City falhou.

O Chaves sempre dizia que teria sido melhor ver o filme do Pelé. Nesse caso, penso que teria sido melhor se James tivesse batido o pênalti.

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JOGADORES

O legado de Ronaldinho poderia ter sido ainda maiorVINICIUS ALEXANDRE, do Blog nouPor

Seguir o Barcelona em 2006 não era tão fácil quan-to é hoje. O Twitter havia acabado de ser criado,

a Internet banda larga ainda estava no processo de se popularizar e TV por assinatura não era uma realida-de de muitos brasileiros, inclusive este que vos escre-ve.

Mesmo assim, dava para acompanhar alguns jogos que passavam nos canais abertos. A Liga dos Cam-peões conquistada naquele ano veio com a narração do inesquecível Luciano do Valle. Ainda que sem a popularidade de hoje, muitos brasileiros ligavam suas TVs para acompanhar o Barcelona, e há um grande responsável por isso.

Aquela temporada de 2005/06 foi a última em que vimos Ronaldinho ser mágico e decisivo para o Bar-celona. Nas duas seguintes, sua decadência técnica e física contribuíram para os dois anos sem títulos que antecederam a Era Guardiola. Aqueles dois anos, en-tretanto, não apagaram o brilho da passagem do ca-misa 10 pelo clube, fundamental no ressurgimento do Barça e abrindo caminho para uma geração de brasi-leiros que torcem para a equipe.

Quando conquistou a Champions naquele ano, Ro-naldinho tinha 26 anos. Ainda era jovem e estava no que esperávamos ser o início do auge de sua carreira. Ao mesmo tempo em que desfrutava dos lances mági-cos do camisa 10, um outro pensamento habitava mi-nha cabeça: como será a vida pós-Ronaldinho? Daqui a 5, 10 anos, como o Barcelona estará sem o brasileiro jogando da forma que joga hoje?

Eu, nem ninguém, poderia imaginar que não pre-cisaríamos esperar tanto tempo para saber a resposta dessa pergunta. Dois anos depois, aos 28 anos, Ro-naldinho, já em baixa, deixou o Barça para jogar no Milan. Foi um dos primeiros atos de Guardiola para reformular a equipe. O triplete ao fim da temporada 2008/09 provou que o treinador estava certo: o brasi-leiro não fazia mais parte do presente nem do futuro do Barcelona.

Hoje é um dia simbólico para lembrar disso, dessa era, desses medos de um torcedor que não conse-guia imaginar o time sem seu maior ídolo. Ronaldi-nho está completando 36 anos. Os 10 anos que eu me perguntava como seriam já se passaram. Para o Barcelona, uma grande década, com tantos títulos, personagens e grandes momentos.

Já Ronaldinho, ainda que tenha vivido alguns gran-des momentos nesses anos, especialmente com a Li-bertadores pelo Atlético Mineiro, não teve a carreira que esperávamos. Seus últimos anos, com passagens pelo futebol mexicano e um curto e desastroso perí-odo pelo Fluminense, dão um tom melancólico ao final da carreira de um jogador fundamental para o ressurgimento de um gigante do futebol.

Nada disso vai apagar a história que Ronaldinho construiu nos anos em que vestiu azul e grená. Mas ficaremos pra sempre imaginando o que poderia ter sido da carreira do brasileiro se seu grande momen-to, vivido nos primeiros anos de Barcelona, tivesse durado mais tempo, se seu auge tivesse sobrevivido o suficiente para dividir espaço com um Messi mais maduro, se seu comprometimento com o time fosse outro e se ele tivesse feito parte da Era Guardiola. O legado que ele deixou no clube é eterno, mas a sen-sação de que poderia ser ainda maior permanecerá para sempre.

O aniversário é uma oportunidade que temos todo ano para celebrar tudo o que Ronaldinho fez e re-presenta no futebol. E também um momento para brincar com a ilusão de que seus últimos 10 anos po-deriam ter sido bem diferentes do que foram.

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What’s the story, Maine Road glory:

a banda e o estádio

CAPA

JAVIER FREITAS, do ManCheSter ConneCtion

Por

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Duas coisas movem a ci-dade de Manchester: o

futebol e a música. City e Uni-ted protagonizam uma das maiores rivalidades do mun-do e que começou lá em 1881, quando o City atendia por West Gorton e o United se chamava Newton Heath.

Já no campo musical, a cida-de industrial é conhecida por

ser uma verdadeira fábrica de bandas. No final dos anos 70, uma apresentação dos Sex Pis-tols para uma audiência de 42 pessoas foi responsável pela formação de nomes como Joy Division, Smiths, The Fall e Simply Red. Tal história é me-lhor contada pelos filmes Con-trol e 24 Hour Party People.

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No início dos anos 80, com o suicídio de Ian Curtis, vocalista da Joy Divi-sion e torcedor fanático do City, outra

das bandas mais influentes do mundo foi fundada na cidade com os membros remanescentes: o New Order, que juntamente com os Smiths e os Stone Roses, foi uma das bandas definitivas do período.

Mas aí chegaram os anos 90 e, com eles, o mundo presenciou uma nova invasão britânica na música. Liderados por Oasis e Blur, o movimen-to chamado Britpop dominava as paradas e fazia shows sold out ao redor do mundo.

Em 1996, o Oasis, liderado pelos irmãos Liam e Noel Gallagher, já era uma banda consolidada apesar de ter apenas dois discos lançados, os in-críveis Definitely Maybe, de 1994, e (What’s the Story) Morning Glory?, de 1995. Com o sucesso dos discos e shows grandiosos semana após sema-na, não demorou pra que os clubes se tornassem pequenos o Oasis virasse uma “banda de estádio”.

E como era de se supor, a banda recebeu algu-mas ofertas para se apresentar em Old Trafford, campo do United. Mas torcedores fervorosos do City que são, Liam e Noel recusaram todas as propostas, por mais atrativas que elas fossem fi-nanceiramente falando. O que os irmãos queriam mesmo, era tocar no estádio do clube do coração. O estádio que podia ser visto da janela da casa dos Gallagher, conforme Noel faz questão de contar em quase toda entrevista que dá.

Em 27 de abril daquele ano, Liam e Noel fi-nalmente iriam realizar o sonho de tocar em Mai-ne Road para pouco mais de 40 mil pessoas. Em Manchester não se falava de outra coisa semanas antes do show. A divulgação era imensa e a im-pressão era que o City estava prestes a disputar uma final.

Quando Noel apareceu no palco, a reação do público soava como se o City tivesse marcado um gol. Por sua vez, Noel, antes mesmo de pegar sua clássica guitarra com a bandeira do Reino Unido para dar os primeiros acordes de Swamp Song, foi até perto da grade para vibrar junto com os pre-sentes, agindo como se fosse Nial Quinn come-morando um tento anotado.

Público lotou o Etihad Stadium no show do Oasis em julho de 2005; banda tocou na casa do seu time.G

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Saltava aos olhos o fato de que aquele era, sim, o melhor dia de sua vida até ali.

Durante o instrumental de início, Liam entrou no palco e também demonstrou estar vivendo seu maior momento de glória. Os soquinhos no chão e o berro de “Manchester, Maine Road. Mad fer it!” ao microfone não poderiam significar outra coisa.

Ao abrir o show com a pedrada Acquiesce e com o hit Supersonic, seguidas por Hello e os então recentes sucessos Some Might Say, Roll With It e Morning Glory, eles mostraram que estavam dis-postos a entregar aos fãs a melhor apresentação da banda até aquele momento.

Até por conta disso, não surpreende que a data é marcada como sendo a primeira vez em que Liam cantou Cast No Shadow e Wonderwall ao vivo. Não, não era pra ser apenas mais um show. Não era pra ser um dia comum. O Oasis, definitivamente, pa-recia ter guardado sua melhor forma para o dia em que fosse tocar em Maine Road pela primeira vez.

O ambiente também ajudava. O lugar, as rou-pas, os cabelos. Era um verdadeiro suco de anos 90 em uma atmosfera brit até os ossos.

Ao final, uma sequência de hinos da banda como The Masterplan, Don’t Look Back in Anger e Live Forever sintetizaram todo o sentimento do que era para o estádio e para aquelas 40 mil pessoas ter o Oasis tocando ali. Catarse coletiva com aque-les refrões sendo cantados a plenos pulmões. Exa-tamente como se faz num jogo de futebol. Como a torcida do City sempre fez.

O final com os covers dos Beatles e do Slade, com I Am the Walrus e Cum on Feel the Noize co-roaram uma noite memorável para fãs, banda, tor-cedores e, claro, lugar.

O Oasis fez uma centena de tantos outros shows incríveis até 2009, inclusive um deles presenciado em Curitiba por este que vos escreve. Mas aquele dia 27 de abril de 96, mesmo pra quem não viveu na pele, foi unicamente especial.

E você se pergunta: mas e o City? O que fez na-quele ano? Bem, foi rebaixado à segunda divisão junto com QPR e Bolton, mas os torcedores tinham algo do que se orgulhar: aqueles que lideravam a maior banda do mundo eram dois dos seus.

Público lotou o Etihad Stadium no show do Oasis em julho de 2005; banda tocou na casa do seu time.

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NÃO AO GOLPE!