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Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade
Nmero Temtico: Diagnstico e Controle de Espcies Exticas Invasoras em reas Protegidas
Alexandre Bonesso Sampaio1& Isabel Belloni Schmidt2
Espcies Exticas Invasoras em Unidades de ConservaoFederais do Brasil
RESUMO Invases biolgicas esto entre as principais causas de perda de biodiversidade. Mesmo reasprotegidas tm sofrido srias consequncias das invases biolgicas, como a alterao da composio deespcies e dos processos ecossistmicos, e em casos extremos a extino local de espcies. A ocorrnciade espcies exticas invasoras (EEI) em Unidades de Conservao ainda pouco estudada, mas dados
secundrios permitem uma primeira aproximao do problema de modo a orientar aes emergenciaisde preveno e controle. Para tal, foi feito um levantamento das EEI registradas nas 313 unidades deconservao (UC) federais do Brasil. Este levantamento foi baseado em duas fontes principais de dados: osPlanos de Manejo para 41 UCs federais e o conjunto de dados do RAPPAM (Avaliao Rpida e Priorizaodo Manejo de Unidades de Conservao Rapid Assessment and Prioritization of Protected AreasManagement) para 181 UCs federais. Para complementar esses dados, foram levantadas informaes naliteratura e foi feita uma consulta aos gestores de 15 UCs federais. No total, foram listadas 144 espcies,sendo: 106 de plantas vasculares, 11 de peixes, 11 de mamferos, 5 de moluscos, 3 de rpteis, 3 de insetos,2 de cnidrios, 1 de anfbio, 1 de crustceo, 1 de ispoda. As espcies citadas para um maior nmero deUCs foram: Canis familiaris co domstico (53 UCs);Felis catus gato (34 UCs);Apis mellifera- abelhaafricana (33 UCs);Mangifera indica mangueira (31 UCs); Urochloa maxima- capim colonio (28 UCs);
Melinis minutiflora capim-gordura (26 UCs). A lista compilada fornece um primeiro retrato das invasesbiolgicas nas UC federais e alerta para a necessidade do estabelecimento de aes de monitoramento e demanejo para o controle das EEI.
Palavras-chave: invaso biolgica; reas protegidas; conservao da biodiversidade.
ABSTRACT Biological invasions have been indicated as one of the main causes of biodiversity loss. Eventhe protected areas (PA) have been affected by the serious consequences of the biological invasions, such asshifts in species composition and ecosystem processes, and, in extreme cases, species local extinctions. Theoccurrence of Invasive Alien Species (IAS) in Protected Areas in Brazil is still poorly known, but secondarydata brings a first approximation to the problem in order to guide urgent actions for prevention and control.In this sense, we carried out a survey for the IAS recorded in the 313 federal protected areas of Brazil (PA).This survey was based on two main sources of information: management plans available for 41 protected
areas and the data from RAPPAM (Rapid Assessment and Prioritization of Protected Areas Management) for181 PAs. Furthermore, it was gathered data from literature and additional PA managers from 15 PAs wereconsulted. The checklist has 144 species, among which: 106 species are vascular plant species, 11 are fishes,11 mammals, 5 mollusks, 3 reptiles, 3 insects, 2 cnidarians, 1 amphibian, 1 crustacean, and 1 isopod. The
Recebido em 10/06/2013 Aceito em 17/09/2013
Afiliao
Centro Nacional de Pesquisa e Conservao da Biodiversidade do Cerrado e Caatinga (CECAT)/ICMBio.2 Departamento de Ecologia, Instituto de Biologia, Universidade de Braslia.
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Espcies Exticas Invasoras em Unidades de Conservao Federais do Brasil
most frequent species accross PAs were: Canis familiaris domestic dog (53 PAs);Felis catus domestic cat(34 PAs); Apis mellifera- honey bee (33 PAs);Mangifera indica mango tree (31 PAs); Urochloa maxima-guinea grass (28 PAs);Melinis minutiflora molasses grass (26 PAs). The checklist brings up the first attemptabout biological invasions in federal Brazilian PAs and raises awareness to the need for monitoring andmanagement actions to control IAS.
Key-words:invasion biology, protected areas, biodiversity conservation.
RESMEN Invasiones biolgicas han sido sealadas como una de las principales causas de prdida debiodiversidad. Incluso las reas protegidas han sido afectadas por las graves consecuencias de las invasionesbiolgicas, tales como la alteracin de la composicin de especies y los procesos de los ecosistemas, y ensituaciones extremas la extincin local de especies. La presencia de las especies exticas invasoras (EEI) enunidades de conservacin federales (UC) ha sido poco estudiada, pero datos secundarios permiten unaprimer aproximacin del problema para orientar acciones emergenciales de prevencin y control. De estamanera, fueran levantadas las EEI registradas para las 313 UCs federales de Brasil. Este levantamientofue basado en dos fuentes principales de datos: Planes de Manejo disponibles para 41 UCs federales y elconjunto de datos del RAPPAM (Evaluacin Rpida y Priorizacin del Manejo de reas Protegidas The
Rapid Assessment and Prioritization of Protected Areas Management) para 181 UCs federales. Adems, serecogieron datos de la literatura y 15 administradores de las UCs fueran consultados. La lista cuenta con 144especies, donde: 106 especies son de plantas vasculares, 11 son de peces, 11 de mamferos, 5 de moluscos,3 de reptiles, 3 de insectos, 2 de cnidarios, 1 de anfibia, 1 de crustceo, 1 de ispodo. Las especies msfrecuentes en las UC fueron: Canis familiaris co domstico (53 UCs);Felis catus gato (34 UCs); Apismellifera- abelha africana (33 UCs); Mangifera indica mangueira (31 UCs); Urochloa maxima- capimcolonio (28 UCs); Melinis minutiflora capim-gordura (26 UCs). La lista compilada fornece un primerretrato de las invasiones biolgicas en UCs federales y alerta para la necessidad del establecimiento deacciones de monitoreo y manejo para el control de EEI.
Palabras-clave:invasiones biolgicas, reas protegidas, conservacin de la biodiversidad.
IntroduoDesde o incio da agricultura, espcies de praticamente todos os grupos taxonmicos tm
sido transportadas pelos homens para alm das barreiras naturais que delimitavam sua distribuiooriginal. Este transporte de espcies tomou escala global aps o incio das grandes navegaes aoredor do mundo, definido pelo retorno de Colombo Europa em 1492 aps descobrir as Amricas.Desde ento, o transporte de espcies vem ocorrendo pelos mais diversos motivos, principalmentepara produo de alimento e outros usos comerciais, como paisagismo e criao de animais deestimao e at mesmo para fins ambientais. Alm destes transportes intencionais de espcies haqueles que acontecem sem inteno direta ou de forma acidental. Uma troca de espcies vemcrescendo continuamente entre diversas regies do globo, tendo, provavelmente, dado saltos com arevoluo industrial, a revoluo verde, e atualmente, com a globalizao. As possibilidades atuais
de uma espcie ser transportada ao redor do globo esto bastante diversificadas e intensificadas.O transporte de uma espcie mesmo sem inteno bastante provvel devido ao grande fluxo deembarcaes, aeronaves e veculos terrestres (Davis 2009). J o transporte intencional de espciesocorre principalmente para uso ornamental e para criao de animais de estimao. Podemoscitar, por exemplo, a entrada de plantas em diversos pases para uso ornamental (Myers & Basely2003). No Brasil, o uso ornamental e a criao de animais de estimao representam juntos 40%das introdues de espcies exticas invasoras (EEI) (Leo et al.2011).
Quando uma espcie transportada para alm de sua distribuio original, esta fica expostaa novas condies biticas e abiticas. Para a maioria das espcies introduzidas, ou exticas, ascondies so to distintas que a sobrevivncia e reproduo so possveis apenas mediante oscuidados do Homem. Diversas barreiras parecem contribuir para que isso acontea: por exemplo,plantas fora de sua ocorrncia nativa podem no dispor de polinizadores ou dispersores desementes, o que restringiria sua reproduo ao cultivo humano (Davis 2009). Alm disso, condies
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abiticas desfavorveis podem influir na capacidade de uma espcie se reproduzir, inviabilizandoo investimento de recursos na reproduo (Carlton & Ruiz 2005). Porm, algumas espcies podemse adaptar a novas condies, se estabelecer e se reproduzir sem auxlio humano, alm de sedispersar para alm do local de introduo. Alguns mecanismos, como plasticidade fenotpica,podem conferir a uma espcie a capacidade de se estabelecer e reproduzir em ambientes diversos,
bastante diferentes at mesmo da regio de ocorrncia original (Davis 2009). Somando-se a isso,a ausncia de inimigos naturais, tais como patgenos, predadores, herbvoros e/ou competidoresna regio de introduo podem fazer que uma espcie tenha taxas de crescimento populacionalbem acima do que ocorre em sua distribuio original onde as interaes biticas restringem aspopulaes (Keane & Crawley 2002).
As espcies exticas capazes de ultrapassar barreiras colonizao, reproduo e dispersoimpostas por ambientes estranhos podem se tornar espcies invasoras, causando impactos aosambientes invadidos, suas espcies nativas e/ou para as atividades humanas. Este processoconhecido como invaso biolgica decorre da vantagem competitiva e dominncia da espcieinvasora em relao s espcies locais (Valry et al.2008). A intensidade com que a introduode uma espcie ocorre, ou presso de propgulo, medida pelo nmero de propgulos ou deindivduos que so transportados, e a frequncia com que isso ocorre, influencia diretamente achance de estabelecimento. Como nem todos os ambientes so propcios ao estabelecimento deuma espcie, quanto maior a presso de propgulo, maior ser a chance de indivduos encontraremambientes propcios e da espcie se estabelecer (Colautti et al.2006).
Uma vez estabelecida, a espcie pode no ser capaz de se reproduzir ou se dispersar paraalm do local de introduo, permanecendo em estado de latncia. Muitas espcies introduzidaspermanecem restritas a locais como jardins botnicos, ou criatrios no caso de animais, que socomumente pontos de incio do processo de invaso. O perodo de latncia definido como otempo entre a introduo e o incio da disperso espontnea para alm dos locais de introduo.
Ao longo do tempo, algumas espcies introduzidas podem se adaptar ao ambiente de introduo,se reproduzindo e se dispersando localmente, e, eventualmente, gerando por meio de processosevolutivos proles capazes de colonizar novos ambientes. Este perodo de latncia, quando aespcie introduzida aparenta ser incapaz de se tornar invasora, pode durar anos ou dcadas. Emum estudo no Hava (EUA), foram avaliados registros de introduo de espcies em um jardimbotnico e registros de monitoramento de espcies exticas (Daehler 2009). Para as 23 espciesanalisadas, foi encontrada uma mdia de 14 anos de latncia para as espcies arbreas e de 5anos, para as herbceas. Na ausncia de um programa de monitoramento sistemtico, o trminoda fase de latncia e a invaso biolgica s sero percebidos quando a espcie j tiver atingidouma grande extenso. Muito comumente, gestores ambientais s percebem as invases biolgicasquando estas atingem extenses alarmantes e passam a causar prejuzos facilmente mensurveis.Isso acontece possivelmente devido ao fato de que humanos respondem mais comumente scrises que se apresentam de forma impactante (GISP 2007).
As EEI apresentam diversas caractersticas relacionadas capacidade de invaso de umnovo ambiente. Espcies que formam populaes com altas taxas de reproduo e dispersoapresentam grande chance de se tornarem invasoras. Para plantas, caracteres relacionados altastaxas de reproduo e disperso parecem ser os mais consistentes entre as espcies invasoras(Rejmnek et al.2005). Por outro lado, Funk e Vitousek (2007) encontraram que plantas invasoraseram mais eficientes que as nativas em utilizar nutrientes e luz. Apesar de caractersticas relacionadas capacidade de rpido crescimento e reproduo e disperso eficiente serem comuns a muitasespcies invasoras, no h um conjunto de caracteres nico que descreva todas as espcies que setornam invasoras (Davies 2009). Alm disso, mesmo que uma espcie no tenha as caractersticasesperadas para se tornar invasora, estas caractersticas podem aparecer ao longo de processosevolutivos; ou, ainda, os impedimentos biticos ou ambientais que limitam a disperso da espciepodem mudar ao longo do tempo, por exemplo, pela introduo de outras espcies exticas queatuem como facilitadoras (Olyarnik et al.2008) ou devido s mudanas climticas (Hellmann et al.
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2008). Adicionalmente, a alta presso de propgulo pode ser mais importante que outros fatorescomo determinante da capacidade de invaso de uma espcie (Colautti et al.2006).
Por meio de anlises de risco considerando as caractersticas de uma espcie possvelpredizer a probabilidade desta se tornar invasora, sendo esta a forma mais eficiente e barata
de controle dessas espcies, sucedida por aes de deteco precoce e erradicao. Na anlisede risco so consideradas diversas caractersticas das espcies e calculada uma probabilidadede que esta se torne invasora. At o momento, a melhor informao para a deteco de umapossvel EEI em uma anlise de risco tem sido o fato de uma espcie j ter invadido outras reas(Marchetti et al.2004).
Alm das caractersticas das espcies e da presso de propgulo, as caractersticas do ambientetambm so cruciais para determinar o processo de invaso. Nem todas as espcies so capazesde invadir todos os ambientes disponveis. Cada espcie tem maior ou menor chance de invadiruma rea dependendo das caractersticas do ambiente. Diversas caractersticas dos ecossistemasparecem influenciar a susceptibilidade destes a invases biolgicas, como a diversidade de espcies(quanto maior diversidade, menores chances de invaso), a heterogeneidade do ambiente
(ambientes mais heterogneos seriam mais facilmente invadidos), a variao na disponibilidadede recursos (quanto mais recursos disponveis, maiores as chances de invaso), as interaesbiolgicas (presena de espcies inimigas na comunidade diminui a chance de invaso e a presenade espcies nativas facilitadoras aumenta a chance de invaso) e o nvel de estresse ambiental(por exemplo zonas ridas ou de elevada altitude teriam menores chances de serem invadidas)(Davies 2009). Estes fatores interagem e variam entre regies e com o tempo, o que dificultaas generalizaes, pois, dependendo da combinao de fatores, praticamente qualquer tipo deambiente pode ser invadido por uma EEI. De forma geral, a variao espacial e temporal nadisponibilidade de recursos o parmetro que melhor explica a vulnerabilidade de um ambientes espcies invasoras (Davies 2009). Um incndio disponibiliza nutrientes no solo e causa amortalidade na biota nativa possivelmente facilitando as condies para a colonizao de espciesinvasoras. Gramneas invasoras alteram o regime de fogo, aumentando as chances de incndiose promovendo as condies para a sua manuteno no sistema. Este processo conhecido comociclo gramneas-fogo (DAntonio & Vitousek 1992). Espcies lenhosas invasoras tambm socapazes de alterar processos ecossistmicos, inclusive o regime de fogo, de forma a promover suamanuteno e expanso (Mandle et al.2011). Espcies que alteram processos ecossistmicos ou aestrutura do ambiente invadido so chamadas de espcies engenheiras e geram grandes impactosnos ambientes invadidos (Lockwood 2007).
Uma vez amplamente dispersas e sendo capazes de colonizar diversos ambientes, as espciesinvasoras causam impactos biticos e abiticos que interferem na conservao da biodiversidadee dos ecossistemas. As EEI podem causar os mais diversos tipos de impactos nas espcies eecossistemas nativos, dentre eles a predao e herbivoria da fauna e flora; competio por recursos;
alteraes de hbitats, do ambiente fsico e de processos ecossistmicos, tais como regimes dequeima, ciclo de gua ou nutrientes pelas invasoras; a disseminao de doenas sendo as espciesinvasoras os vetores ou os prprios patgenos; transporte ou facilitao da introduo de outrasespcies invasoras; e a hibridao das espcies invasoras com as espcies nativas (Davis 2009).Em fases avanadas do processo de invaso, sem que haja esforos de controle, as alteraescausadas por espcies invasoras podem modificar irreversivelmente os ecossistemas e extinguirlocalmente espcies nativas (Davies & Svejcar 2008; Mason & French 2008).
As invases biolgicas tm sido indicadas como uma das principais causas de perda debiodiversidade no mundo (UNEP 2005). Um exemplo disto seria a indicao de que 50% dasextines de espcies de peixe no mundo esto relacionadas com EEI (Baillie et al. 2004). Pelomenos 38% das extines de animais foram relacionadas s invases biolgicas (Brown & Lomolino
1998). E 49% das espcies listadas como em perigo de extino dos E.U.A. so ameaadas diretaou indiretamente pela invaso biolgica (Simberloff 2000). Ainda que no haja extino local,espcies invasoras comumente provocam alteraes na representao de grupos funcionais nos
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ambientes por ela colonizados, o que pode modificar o funcionamento de ecossistemas (Mason& French 2008). Processos ecolgicos alterados pela invaso afetam a resilincia do sistema detal forma que mesmo aps a retirada dos organismos invasores pode no acontecer o retorno aoestado pr-invaso (Lockwood et al.2007).
A ameaa das espcies invasoras no se restringe a reas naturais desprotegidas legalmente,Unidades de Conservao (UC) no mundo inteiro tm sofrido seriamente as consequncias dasinvases biolgicas (GISP 2007). Em 2007, Maj De Poorter, poca coordenador do Grupo deEspecialistas em Espcies Invasoras (Invasive Species Specialist Group apoiado peloInternationalUnion for Conservation of Nature, IUCN), como parte do Programa Global de Espcies Invasoras(Global Invasive Species Programme- GISP), produziu um relatrio com o objetivo de retratar opanorama do conhecimento sobre o impacto da invaso biolgica em UCs em todas as regies doglobo (GISP 2007). Para a Amrica do Norte, Europa e Austrlia j existiam dados que permitiamminimamente traar a amplitude do impacto das invases biolgicas e, em alguns casos, as rotasde introduo so conhecidas, havendo um acompanhamento de todo o processo de disperso einvaso. Porm, para as demais regies do mundo, os dados so bastante esparsos e insuficientespara delimitar adequadamente o impacto das espcies invasoras. No relatrio foram consideradasapenas seis UCs brasileiras. Ao todo, 487 UCs, em 106 pases, foram identificadas com a presenade espcies invasoras e, um total de 326 espcies invasoras foram listadas nestas reas. O estudoaponta que praticamente todos os ecossistemas do globo apresentam EEI, mesmo zonas remotascomo montanhas de elevada altitude e ilhas subantrticas desabitadas. Dado a grande lacuna deconhecimento, a presena de espcies invasoras em estado de latncia, e as mudanas climticasglobais, foi previsto que o nmero de EEI e de UCs infestadas deveria crescer muito nos anosseguintes ao estudo (GISP 2007).
O primeiro passo para se entender a magnitude do problema identificar quais espcies estoinvadindo e causando impacto em quais regies. Ainda h uma grande lacuna de conhecimentoque precisa ser preenchida para que possamos tomar aes estratgicas de erradicao e controlede EEI (GISP 2007). Por outro lado, aes proativas para a preveno, controle e erradicaode EEI so urgentes para que sejam evitadas perdas ainda maiores que se acumulam com otempo de no-ao. Estima-se, para os Estados Unidos que a alterao de ambientes naturais temcrescido 1.000 hectares por ano, ou a uma taxa anual de 14% (GISP 2007). Mesmo com todo oinvestimento realizado para preveno, controle e erradicao de invasoras, estima-se que maisde 120 bilhes de dlares so gastos por ano para remediar os prejuzos causados por EEI nosEUA (Pimentel et al.2005). Quanto mais tempo se espera para agir, mais as espcies invasorasse dispersam e alteram os ecossistemas de forma irreversvel, de modo que o custo de controle ede restaurao dos ecossistemas invadidos aumenta exponencialmente com o tempo transcorridoentre o incio da invaso e a implementao das aes.
A ateno para as EEI bastante recente no Brasil, a despeito do grande nmero de
invasoras j estabelecidas em territrio nacional, com algumas espcies introduzidas desde o incioda colonizao europia no sculo XVI. O esforo de listar essas espcies iniciou-se com o InformeNacional sobre Espcies Exticas Invasoras, em 2005, quando foi publicada a primeira lista nacional(MMA 2005), quando foram listadas 109 EEI para o Brasil (MMA 2005). Mais recentemente, umalista nacional compilada pelo Instituto Hrus de Desenvolvimento e Conservao Ambiental traz348 EEI registradas em territrio nacional (http://i3n.institutohorus.org.br/).
Nos ltimos anos, listas oficiais foram produzidas nas diferentes esferas do governo, porvariados instrumentos legais. O municpio de Curitiba foi o primeiro (por meio do Decreto no.473/2008, seguido pelo municpio de Baur (Decreto no. 10987/2009), estado de Santa Catarina(Resoluo CONSEMA SC, no. 11/2010), municipio de So Paulo (Portaria SVMA SP 19/2010),municpio do Rio de Janeiro (Decreto no. 33814/2011). Uma lista para o nordeste brasileiro foi
publicada em 2011 (Leo et al.2011) e em 2012 foi colocada para consulta pblica uma listapara o estado do Rio de Janeiro. Algumas destas listas incluem normas para regular o cultivo dasEEI. Por ltimo o governo do Rio Grande do Sul publicou em outubro de 2013 a lista de EEI
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para este estado (Portaria SEMA-RS no. 79/2013). O decreto do municpio de Curitiba estabelece,por exemplo, que sete espcies de rvores so proibidas de plantio pelo governo na rea domunicpio, incluindo rvores populares como as dos gneros EucalyptusePinus. Apesar destesesforos regionais, e da constante atualizao da lista nacional realizada pelo Instituto Hrus, noh uma lista de EEI para o Brasil reconhecida oficialmente pelo governo federal.
Apesar da lista nacional de espcies invasoras compilada pelo Instituto Hrus incluir dadossobre diversas UCs, especialmente UCs estaduais e municipais, a maioria das UCs federaisno est representada nesta lista (h apenas 79 UCs federais includas nesta base de dados,
ver artigo nesta revista). A partir da compilao de informaes secundrias sobre registros deocorrncia de EEI nas UC federais, o presente estudo tem por objetivos: (i) chamar a atenopara a magnitude do problema das EEI em UCs federais e (ii) propor diretrizes iniciais para queo problema seja tratado. A partir deste diagnstico centrado nas UCs federais, espera-se queaes de manejo possam ser planejadas e executadas de forma a melhorar a efetividade degesto destas UCs.
MtodosPara sistematizar dados de ocorrncia de EEI no interior de UCs federais, foram compiladas
informaes sobre as espcies consideradas exticas biota nativa, introduzidas espontnea ouintencionalmente no Brasil, que estejam dispersando espontaneamente para alm dos locais deintroduo, cultivo ou criao e que estejam potencialmente causando impacto biota e aosecossistemas nativos. Para tal, foram consultados planos de manejo de 119 UCs federais e oconjunto de dados obtidos pelo RAPPAM (Avaliao Rpida e Priorizao do Manejo de Unidadesde Conservao Rapid Assessment and Prioritization of Protected Areas Management), realizadoem 2010 para as 313 UCs federais (este nmero no inclui as Reservas Particulares do PatrimnioNacional - RPPN). Alm destas fontes, informaes complementares foram buscadas na literatura
especializada e por consulta aos gestores de 15 UCs participantes do curso Espcies ExticasInvasoras: Conceitos e Prticas de Campo, realizado em novembro de 2010. Aps compiladas asinformaes, a lista resultante de espcies exticas ao Brasil foi comparada com a lista de EEI doBrasil, organizada pelo Instituto Hrus (http://i3n.institutohorus.org.br/). As espcies encontradasnos dados secundrios, mas no encontradas na lista do Instituto Hrus, foram procuradas emlistas de outros pases, e descartadas da lista final caso no constassem em nenhuma destas.
Antes da finalizao da lista de EEI, esta foi disponibilizada para consulta e avaliao a todos osanalistas ambientais do ICMBio, os quais proveram informaes atualizadas sobre a ocorrnciadas espcies, validando os registros e eliminando eventuais erros.
Para as EEI identificadas em UCs federais, foi verificado se estas estavam listadas entre as100 espcies consideradas como piores invasoras globalmente (segundo critrios estabelecidos por
Lowe et al.(2000). Adicionalmente, a partir de consultas na base de dados do Instituto Hrus ediversas listas de cultivo e oferta de venda de espcies, as espcies foram classificadas em espciescultivadas atualmente ou no no Brasil.
Resultados
Ao todo foram avaliados 1.583 registros de ocorrncias de espcies exticas em UC federais.Destes registros foram considerados 802 para compor a lista, os quais trazem dados referentes aEEI. Dos registros utilizados, 36% foram obtidos a partir dos dados RAPPAM, 28% de informaesoriundas de planos de manejo, 21% dos registros foram includos aps a consulta aos gestores deUCs, 13% dos registros foram obtidos na base de dados do Instituto Hrus e, por fim, 2% dos
registros so orinundos de um relatrio tcnico (Gatti et al; http://www.mma.gov.br/estruturas/174/arquivos/174_05122008112901.pdf, acessado em 28/11/2013).
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Os 802 registros utilizados so referentes a 144 EEI. A maior parte das espcies listadas foiobtida a partir de dados dos planos de manejo (79 EEI), 21 espcies foram acrescidas pelos dadosRAPPAM, 18 EEI vieram da lista do Instituto Hrus e por fim, 26 EEI foram includas a lista pelosgestores, a posteriori.
A maior parte das EEI registradas em UCs de plantas (106 espcies, Tabela 1), alm distoesto listadas como EEI em UCs federais, 11 espcies de peixes, 11 de mamferos, 5 de moluscos,3 de rpteis, 3 de insetos, 2 de cnidrios, 1 de anfbio, 1 de crustceo, 1 de ispoda. As espciescitadas para um maior nmero de UCs foram: Canis familiaris co domstico (53 UCs);Felis catus gato (34 UCs); Apis mellifera abelha africana (33 UCs);Mangifera indica mangueira (31 UCs);Urochloa maxima capim colonio (28 UCs);Melinis minutiflora capim-gordura (26 UCs).
Tabela 1 Lista de Espcies Exticas InvasorasEEI encontradas em UCs federais. Cultivo indica espciesque so cultivadas, sendo que as indicadas por s/ info no se tem informao. As espcieslistadas entre as 100 piores EEI do mundo (segundo critrios estabelecidos por Lowe et al.2000) so indicadas na tabela.
Table 1 Checklist of Invasive Alien Species in Federal Protected Areas (PA) in Brazil. Cultivo meansspecies that are nowadays cultivated outside PAs and s/ info means species without information.The 100 worst Alien Species are pointed out in the table (according to Lowe et al. 2000).
Grupo Espcie Cultivo 100piores EEI Nome comum
Angiosperma Acacia decurrensWilld. sim Accia-negra
Angiosperma Acacia farnesiana(L.) Willd. sim Esponginha
Angiosperma Acacia mangiumWilld. sim Accia-australiana
Angiosperma Agave americanaL. sim Agave
Angiosperma Agave sisalanaPerrine ex Engelm. sim Sisal
Angiosperma Aleurites moluccana(L.) Willd. sim Nogueira-de-iguapeAngiosperma Andropogon gayanusKunth sim Capim-andropogon
Angiosperma Archontophoenix cunninghamianaH. Wendl. &Drude sim Palmeira-real
Angiosperma Artocarpus heterophyllusLam. sim Jaqueira
Angiosperma Arundo donaxL. sim x Cana-do-reino
Angiosperma Azadirachta indicaA. Juss. sim Neen
Angiosperma Bambusa vulgarisSchrad. ex J.C. Wendl. sim Bambu
Angiosperma Calotropis procera(Aiton) W.T. Aiton sim Algodo-de-seda
Angiosperma Carica papayaL. sim Mamo
Angiosperma Caryota urensL. sim Palmeira-rabo-de-peixeAngiosperma Casuarina equisetifoliaL. sim Casuarina
Angiosperma Centella asiatica(L.) Urb. sim Centela
Angiosperma Cirsium vulgare(Savi) Ten. s/ info Cardo
Angiosperma Citrus limon(L.) Osbeck sim Limo
Angiosperma Citrus sinensis(L.) Osbeck sim Limo-cravo
Angiosperma Clitoria fairchildianaR.A. Howard sim Sombreiro
Angiosperma Coffea arabicaL. sim Caf
Angiosperma Cordyline terminalis(L.) Kunth sim Cordiline
Angiosperma Coreopsis tinctoriaNutt. s/ info Margaridinha-escura
Angiosperma Crocosmia crocosmiiflora(Lemoine) N.E. Br. sim TritniaAngiosperma Crotalaria spectabilisRoth sim Crotalria
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Espcies Exticas Invasoras em Unidades de Conservao Federais do Brasil
Angiosperma Cryptomeria japonica(Thunb. ex L. f.) D. Don sim Criptomeria
Angiosperma Cynodon dactylon(L.) Pers. sim Capim-coast-cross
Angiosperma Cyperus rotundus sim Tiririca
Angiosperma Dieffenbachia amoenaBull. sim Comigo-ningum-pode
Angiosperma Dracaena fragrans(L.) Ker-Gawl. sim Dracena
Angiosperma Elaeis guineensisJacq. sim Dend
Angiosperma Eragrostis planaNees no Capim-anoni
Angiosperma Eriobotrya japonica(Thunb.) Lindl. sim Nspera ou ameixa-amarela
Angiosperma Eucalyptus albaReinw. ex Blume sim Eucalipto
Angiosperma Eucalyptus angulosaSchauer sim Eucalipto
Angiosperma Eucalyptus citriodoraHook. sim Eucalipto
Angiosperma Eucalyptus crebraF. Muell. sim Eucalipto
AngiospermaEucalyptus dunnii
Maiden sim EucaliptoAngiosperma Eucalyptus grandisW. Hill sim Eucalipto
Angiosperma Eucalyptus maculataHook. sim Eucalipto
Angiosperma Eucalyptus paniculataSm. sim Eucalipto
Angiosperma Eucalyptus rostrataCav. sim Eucalipto
Angiosperma Eucalyptus salignaSm. sim Eucalipto
Angiosperma Eucalyptussp. sim Eucalipto
Angiosperma Eucalyptus tereticornisSm. sim Eucalipto
Angiosperma Eucalyptus viminalisLabill. sim Eucalipto
Angiosperma Eucalyptus robustaSm. sim EucaliptoAngiosperma Furcraea foetida(L.) Haw. sim Piteira
Angiosperma Grevillea banksiiR. Br. sim Grevlea
Angiosperma Grevillea robustaA. Cunn. ex R. Br. sim Grevlea
Angiosperma Hedychium coronariumJ. Knig sim Lrio-do-brejo
Angiosperma Hovenia dulcisThunb. sim Uva-do-japo
Angiosperma Hyparrhenia rufa(Nees) Stapf sim Capim-jaragu
Angiosperma Impatiens wallerianaHook. f. sim Maria-sem-vergonha
Angiosperma Leucaena leucocephala(Lam.) de Wit sim x Leucena
Angiosperma Ligustrum lucidumW.T. Aiton sim x Ligustro
Angiosperma Lonicera japonicaThunb. s/ info Maderessilva
Angiosperma Mangifera indicaL. sim Mangueira
Angiosperma Melia azedarachL. sim Cinamomo ou santa-brbara
Angiosperma Melinis minutifloraP. Beauv. sim Capim-gordura
Angiosperma Monstera deliciosaLiebm. sim Costela-de-ado
Angiosperma Morus albaL. sim Amora-branca
Angiosperma Morus nigraL. sim Amora-preta
Angiosperma Musa ornataRoxb. sim Bananeira-ornamental
Angiosperma Musa rosaceaJacq. sim Banana-flor
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Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade
Nmero Temtico: Diagnstico e Controle de Espcies Exticas Invasoras em reas Protegidas
Angiosperma Pennisetum clandestinumHochst. ex Chiov. sim Capim-quicuio
Angiosperma Pennisetum purpureumSchumach. sim Capim-elefante
Angiosperma Persea americanaMill. sim Abacate
Angiosperma Phyllostachys bambusoidesSiebold & Zucc. sim Bambu-verde
Angiosperma Prosopis juliflora(Sw.) DC. sim Algaroba
Angiosperma Prunus persica(L.) Batsch sim Pessegueiro
Angiosperma Psidium guajavaL. sim Goiabeira
Angiosperma Pyrus communisL. sim Pra
Angiosperma Ricinus communisL. sim Mamona
Angiosperma Rubus fruticosusL. s/ info Amora-preta
Angiosperma Rubus rosifoliusSm. s/ info Framboesa-silvestre
Angiosperma Sansevieria trifasciataPrain sim Espada-de-so-jorge
AngiospermaSchefflera arboricola
(Hayata) Merr. sim ChefleraAngiosperma Spartium junceumL. s/ info Giesta
Angiosperma Syngonium podophyllumSchott s/ info P-de-galinha ou singnio
Angiosperma Syzygium cumini(L.) Skeels sim Jambolo
Angiosperma Syzygium jambos(L.) Alston sim Jambo
Angiosperma Syzygium malaccense(L.) Merr. & LM Perry sim Jambo-vermelho
Angiosperma Tecoma stans(L.) Juss. ex Kunth sim Ip-de-jardim
Angiosperma Terminalia catappaL. sim Sete-copas
Angiosperma Thunbergia alataBojer ex Sims sim Cip-africano
Angiosperma Tipuana tipu(Benth.) O. Kuntze sim TipuanaAngiosperma Tithonia diversifolia(Hemsl.) A. Gray sim Girassol-mexicano
Angiosperma Tradescantia zebrinaHeynh. sim Zebrina, Lambari
Angiosperma Ulex europaeusL. s/ info x Tojo
Angiosperma Urena lobataL. no Carrapicho-do-mato
Angiosperma Urochloa brizantha(Hochst. ex A. Rich.) R.D.
Webster sim Braquiaro
Angiosperma Urochloa decumbens(Stapf) R.D. Webster sim Braquiria
Angiosperma Urochloa humidicola(Rendle) Morrone & Zuloaga sim Braquiria-kikuio
Angiosperma Urochloa maxima(Jacq.) R.D. Webster sim Capim-colonioAngiosperma Urochloa mutica(Forssk.) T.Q. Nguyen sim Capim-angola
Angiosperma Urochloa plantaginea(Link) R.D. Webster sim Braquiria
Angiosperma Urochloasp. sim Braquiria
Angiosperma Urochloa subquadripara(Trin.) R.D. Webster sim Braquiria
Angiosperma Zantedeschia aethiopica(L.) Spreng. sim Copo-de-leite
Gimnosperma Cupressus lusitanicaMill. sim Cedrinho
Gimnosperma Pinus caribaeaMorelet sim Pinus
Gimnosperma Pinus elliottiiEngelm. sim Pinus
Gimnosperma Pinussp. sim Pinus
Gimnosperma Pinus taedaL. sim Pinus
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Espcies Exticas Invasoras em Unidades de Conservao Federais do Brasil
Cnidrio Tubastraea coccinea(Lesson 1829) no Coral-sol1
Cnidrio Tubastraea tagusensis(Wells, 1982) no Coral-sol2
Crustceo Macrobrachium rosenbergiiDe Man sim Camaro-da-malsia
Inseto Apis melliferaLepeletier sim Abelha
Inseto Pheidole megacephala(Fabricius, 1793) no x Formiga-cabeuda-urbana
Inseto Sirex noctilio no Vespa-da-madeira
Isopoda Agabifornius lentus(Budde-Lund, 1885) no Tatu-de-jardim
Molusco Achatina fulica(Bowdich, 1822) sim x Caramujo-gigante-africano
Molusco Bradybaena similaris(Ferussac, 1821) no Caracol
Molusco Corbicula fluminea(Muller, 1774) no Molusco-bivalve
Molusco Isognomon bicolor(C. B. Adams) no Molusco
Molusco Limnoperna fortunei(Dunker) no Mexilho-dourado
PeixeAristichthys nobilis
(Richardson, 1845) sim Carpa-cabea-grandePeixe Clarias gariepinus(Scopoli) sim Bagre-africano
Peixe Ctenopharyngodon idella(Valenciennes, 1844) sim Carpa-capim
Peixe Cyprinus carpio(Linnaeus) sim x Carpa
Peixe Hypophthalmichthys molitrix sim Carpa-prateada
Peixe Ictalurus punctatus(Rafinesque) sim Bagre-de-canal
Peixe Micropterus salmoides(Lacepde) sim x Largemouth-black bass ouachig
Peixe Oncorhynchus mykiss(Walbaum) sim x Truta
Peixe Oreochromis niloticus(Linnaeus) sim Tilpia-do-nilo
Peixe Poecilia reticulata(Peters, 1859) sim Guppy ou guar
Peixe Tilapia rendalli(Boulenger, 1897) sim Tilpia
Anfbio Lithobates catesbeianus(Shaw, 1802) sim x R-touro
Rptil Trachemys dorbigniDumril and Bibron sim Tartaruga-tigre-dgua
Rptil Trachemys scripta elegans sim Tartaruga-do-ouvido-ver-melho
Rptil Hemidactylus mabouia(Moreau de Jonns, 1818) no Lagartixa-de-parede
Mamfero Bubalus bubalisLinnaeus sim Bfalo
Mamfero Canis familiarisLinnaeus sim Co-domstico/feral
Mamfero Capra hircusLinnaeus sim x Caprinos
Mamfero Equus caballusLinnaeus sim Cavalo
Mamfero Felis catusLinnaeus sim x Gato-domstico
Mamfero Lepus europaeusPallas sim Lebre-europia
Mamfero Mus musculusLinnaeus sim x Camundongo
Mamfero Oryctolagus cuniculusLinnaeus sim x Coelho-europeu
Mamfero Rattus norvegicusBerkenhout no Ratazana
Mamfero Rattus rattusLinnaeus no x Rato
Mamfero Sus scrofaLinnaeus sim x Javali
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Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade
Nmero Temtico: Diagnstico e Controle de Espcies Exticas Invasoras em reas Protegidas
Ao todo foram registradas 125 UCs que apresentam EEI, sendo a maior parte delas nobioma Mata Atlntica (Tabela 2). Nas UCs da Mata Atlntica foi listado tambm o maior nmero deespcies e registros de ocorrncia. Os biomas Cerrado e Costeiro/Marinho apresentaram nmerosintermedirios de UCs infestadas e EEI. Amaznia e Caatinga tiveram um nmero ainda menor deUCs infestadas e EEI. Nos Pampas e no Pantanal houve poucas UCs e espcies listadas.
Tabela 2 Espcie exticas invasoras (EEI) por bioma brasileiro.Table 2 Invasive Alien Species listed by Brazilian biomes.
Biomas Nmero de UCs comregistros de EEINmero total
de UCsNmero de registros
de EEI Nmero de EEI
Amaznia 30 118 77 28
Caatinga 9 26 34 26
Cerrado 19 44 118 56
Marinho/Costeiro* 21 29 161 65
Mata Atlntica 43 90 402 116
Pampas 1 4 4 4
Pantanal 2 2 6 5
* Definio poltica adotada pelo ICMBio para gerenciamento das UCs, contempla UCs na costa (bioma Mata Atlntica), em ilhasocenicas e no mar.
Das 10 UCs que apresentaram maior nmero de EEI listadas a maior parte delas da MataAtlntica, porm a UC com maior nmero de registros o Parque Nacional de Braslia, no biomaCerrado (Tabela 3). O Parque Nacional do Capara e Juruena foram as UCs da Amaznia que
apresentaram o maior nmero de EEI listadas, sete espcies, o que bastante abaixo do encontradoem UCs nos biomas Cerrado, Mata Atlntica, Marinho/Costeiro e Caatinga. As UCs dos biomasPampas e Pantanal assim como aquelas da Amaznia tambm apresentaram poucas EEI registradas,
APA de Ibirapuit (4 EEI Pampas) e Parque Nacional do Pantanal Matogrossense (4 EEI).
Tabela 3 Lista das 10 Unidades de Conservao com o maior nmero registrado de espcies exticasinvasoras (EEI).
Table 3 The 10 Protected Areas with higher number of occurences of Invasive Alien Species.
Bioma UC Nmero de EEI
Cerrado PARNA de Braslia 36
Mata Atlntica PARNA de Itatiaia 34
Mata Atlntica PARNA do Iguau 29
Mata Atlntica FLONA de Irati 24
Marinho/Costeiro* APA de Fernando de Noronha 22
Mata Atlntica PARNA de Aparados da Serra e Serra Geral 22
Mata Atlntica PARNA da Serra da Bocaina 22
Marinho/Costeiro PARNA de Ilha Grande 21
Marinho/Costeiro APA de Canania-Iguap-Perube 19
Caatinga PARNA de Ubajara 16
* Definio poltica adotada pelo ICMBio para gerenciamento das UCs, contempla UCs na costa (bioma Mata Atlntica), em ilhasocenicas e no mar.
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Biodiversidade Brasileira, 3(2): 32-49, 2013
Espcies Exticas Invasoras em Unidades de Conservao Federais do Brasil
Discusso
A lista de EEI aqui compilada fornece o retrato mais completo das invases biolgicas nasUCs federais. Para o Brasil, so listadas atualmente 348 espcies exticas invasoras (http://i3n.institutohorus.org.br/) e de acordo com o presente estudo h 144 EEI j presentes em UCs federais.
Esta lista de EEI para as UCs federais est certamente incompleta. Do total de 313 UCs federais,apenas 125 UCs apresentaram algum registro de EEI. Talvez UCs mais remotas, como no interiorda Amaznia (apenas 13 EEI de plantas so listadas para este bioma na lista brasileira, Zenni &Ziller 2011), no apresentem nenhuma espcie invasora, porm ainda h uma grande lacunade conhecimento mesmo para as UCs prximas de centros urbanos, onde a chance de invasesbiolgicas tende a ser alta. H uma tendncia de um maior nmero de registros de EEIs emUCs em que foram feitos estudos direcionados para este tema. O que indica que levantamentoscuidadosos e voltados deteco de EEI nas UCs federais elevariam consideravelmente o nmerode EEI registradas.
Alm das provveis lacunas de conhecimento, a lista compilada inclui somente espciesexticas oriundas de fora do Brasil. Espcies brasileiras translocadas entre biomas no foram
includas devido ausncia de dados e a dificuldade de determinao de sua origem. No entanto,h alguns casos conhecidos e documentados deste tipo de invaso biolgica. Por exemplo aintroduo do saimiri amaznico (Saimiri sciureus) e mico-estrela (Callithrix penicillata) emreas de Mata Atlntica; invaso de moc (Kerodon rupestris) e tei (Tupinambis merianae)em Fernando de Noronha; e vrias espcies de peixes amaznicos invadindo outras regiesdo pas como piranhas (Serrasalmus spilopleura ePygocentrus nattereri), tambaqui (Colossomamacropomum), tamoat (Hoplosternum littorale) e tucunar (Cichlaspp.) (Leo et al.2011). Paramanter o padro de sistematizao proposto neste trabalho, nenhum destes casos foi includo nalista aqui compilada. No entanto, aes de controle so urgentes nas UCs em que estas invasesforam detectadas, especialmente onde h riscos iminentes de extines locais devido competioentre espcies filogeneticamente prximas e predao de espcies que no coevoluram com
predadores terrestres.Em diversas UCs, no h informaes consistentes para afirmar que roedores domsticos e
outras espcies sinantrpicas, como gato (Felis catus) e cabra (Capra hircus), estejam colonizandoreas de vegetao nativa e causando impactos. No entanto, visto que estas espcies foramdescritas como invasoras causando impacto na biota nativa em outras partes do mundo (Coblentz1978, Nogales et al.2003, Jones et al.2007) e considerando sua alta habilidade de colonizao edisperso, prudente mant-las na lista de invasoras e, sobretudo, criar mecanismos de detecoprecoce e controle de sua ocorrncia em UCs.
Neste artigo, o co domstico (Canis familiaris) foi considerado espcie invasora, apesarde que evidncias indicam que a espcie nem sempre se comporta como tal. Por outro lado, h
evidncias claras de que esta espcie pode estabelecer populaes selvagens independentes dasatividades antrpicas e dos cuidados humanos (Lacerda 2002). Por isto, a manuteno desta espciena lista de EEI de potencial impacto para UCs importante, inclusive para o estabelecimento deaes de controle precoce da proliferao de ces no interior e entorno de UCs. Especialmenteconsiderando o impacto que estes animais podem ter devido competio e transmisso dedoenas para espcies nativas (Lacerda 2002).
Diversas espcies de aves exticas, como pardal (Passer domesticus), gara-vaqueira(Bubulcus ibis), bico-de-lacre (Estrilda astrild) e pombas (Columba livia) so encontradas em UCs,porm no h indcio de que estejam impactando estas reas, ou qualquer outra parte do mundo.
Assim, estas espcies no foram includas na presente lista.
Aproximadamente 85% (122 espcies) das EEI registradas so atualmente cultivadas ou
criadas pelo Homem. Muitas das EEI mais frequentemente registradas nas UCs tm registrosantigos de introduo, provavelmente do sculo XVI, exceto Apis mellifera (introduzida em
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Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade
Nmero Temtico: Diagnstico e Controle de Espcies Exticas Invasoras em reas Protegidas
1840, Delariva & Agostinho 1999). Por exemplo, o capim-gordura,Melinis minutiflora, invasoradetectada em 26 UCs federais cultivada at hoje para pastagens, no entanto seu cultivo foireduzido a partir da dcada de 1970, quando foi amplamente substitudo por outras gramneasafricanas mais produtivas como braquiria (Urochloa spp.) e capim colonio (Urochloamaxima) (Martins 2006). Todas as EEI de peixes listadas para as UCs federais so amplamente
difundidas para criao e pesca, tendo sido introduzidas ativamente em rios e lagos. Apenasduas espcies de plantas vasculares EEI no so cultivadas, mas se proliferam em reas decultivo como pragas agrcolas.
Estes resultados indicam claramente que poucas so as EEI ocorrendo dentro das UCs federaisque foram introduzidas acidentalmente no Brasil. Estas espcies tm alta capacidade de dispersoe colonizao e esto infestando as UCs devido ao adensamento e proximidade das atividadesantrpicas, urbanas e rurais, no entorno (Mckinney 2002) ou mesmo devido a atividades dentrodas UCs antes ou depois da criao das Unidades.
Das 144 espcies listadas como EEI para as UCs federais no Brasil, 16 esto ranqueadasentre as 100 piores espcies invasoras do mundo (Lowe et al. 2000, Tabela 1). O fato destas
espcies serem amplamente cultivadas ou criadas em todo o territrio nacional ou intimamenteligadas presena humana e de j terem sido registradas como invasoras em diversas partes domundo indica que, muito provavelmente, estas EEIs ocorrem em um nmero muito maior de UCsfederais do que o indicado pelo presente estudo. Dentre estas espcies esto por exemplo: abelha-africana (Apis mellifera), co (Canis familiaris), gato (Felis catus), rato (Rattus rattus), camundongo(Mus musculus), cabra (Capra hircus).
Outro aspecto importante que esta lista revela que diversas espcies podem estar emestado de latncia nas UCs federais. Por exemplo, h evidncias claras que algumas espcies degramneas africanas tm se dispersado e expandido sua rea de dominncia, excluindo a biotanativa de vastas reas dentro e fora de UCs. Andropogon gayanus um exemplo de gramneaafricana amplamente distribuda em pastagens e ao longo de estradas, mas que, at recentemente
parecia no ser capaz de invadir reas de vegetao nativa de Cerrado. Na ltima dcada, noentanto, as barreiras que impediam a invaso biolgica por esta espcie parecem ter diminudoou mesmo desaparecido. Em 2002, Andropogon gayanusocorria apenas no entorno do ParqueNacional de Braslia em uma pequena extenso, hoje ocupa mais de 70 km ao longo das estradase destas est rapidamente invadindo as reas adjacentes dentro de reas nativas, mesmo na zonaintangvel desta UC (Horowitz & Sampaio, dados no publicados; Sampaio et al.2013). Estaevidncia de que ao menos algumas gramneas exticas podem ter passado ou ainda estarpassando por estado de latncia que precede sua rpida expanso extremamente preocupante,especialmente pelo seu cultivo em vastas reas do territrio nacional para a pecuria. O expressivoimpacto de gramneas africanas mundialmente descrito e no Brasil apesar de poucos estudos,
j existem resultados contundentes sobre as consequncias negativas que estas espcies podem
causar para a conservao da biodiversidade, especialmente no bioma Cerrado (Pivello 2011). AsEEI de gramneas modificam significativamente o regime de fogo nas reas invadidas (grass-firecycle, DAntonio & Vitousek 1992) e so espcies engenheiras, que alteram o ambiente de formaa dificultar o estabelecimento de espcies nativas (tanto rvores quanto gramneas) e facilitar suaprpria expanso. Todas estas caracterstas tornam as EEI de gramneas provavelmente a piorameaa efetividade de conservao de UCs em diversas partes do Pas.
A distribuio das EEI nas UCs por bioma possivelmente apenas um indcio de carnciade informao, a qual parece est mais concentrada no sudeste. O baixo nmero de espcies na
Amaznia pode ser, pelo menos em parte, consistente com a realidade, levando-se em conta quea colonizao da regio mais recente, o trfego de pessoas e bens menor devido aos limitadosacessos, h uma menor densidade populacional e menos reas urbanas. No entanto, muito
provvel que diversas UCs amaznicas, especialmente aquelas mais prximas a centros urbanos ede ocupao humana mais antiga, tenham nmeros maiores de EEI do que o aqui registrado.
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Espcies Exticas Invasoras em Unidades de Conservao Federais do Brasil
Por outro lado, o inverso ocorre para as UCs da Mata Atlntica onde a grande maioriadas EEI foi encontrada. Por ter sido o primeiro bioma a ser colonizado pelos europeus, onde seencontram as maiores concentraes humanas e atividades agropecurias mais antigas do Brasil.Diante disso, devido a Mata Atlntica ser o bioma mais degradado e com menor rea nativaconservada, provavelmente tambm o bioma brasileiro mais afetado por EEI, dentro e fora de
UCs. Grande parte (42% - 9 UCs) das UCs federais do bioma Marinho/Costeiro aqui listadas compresena de EEI esto em ilhas, que so ambientes notadamente mais susceptveis s invasesbiolgicas devido a seu isolamento natural (Reaser et al. 2007). Alm disto, o intenso transportemartimo pode ajudar a explicar o alto nmero de EEI registradas nas UCs deste bioma. Porm,deve-se considerar que h uma maior concentrao de pesquisadores e esforo de coleta na regiosudeste, o que certamente implica em um viz para um maior nmero de registro de EEI na Mata
Atlntica. Este mesmo padro de maior nmero de registros para o sudeste tambm encontradopara a lista compilada pelo Instituto Hrus (Zenni & Ziller 2011).
O nmero de EEI presentes em UCs nos Estados Unidos foi estudado com vistas a entenderquais fatores estariam explicando o processo de invaso. O fator que melhor explicou a riquezade invasoras das UCs americanas foi o inverso da riqueza de espcies nativas. Ou seja, reas combaixa diversidade de espcies nativas tenderam a apresentar maior nmero de EEI estabelecidas.Outros fatores importantes levantados neste estudo foram o tempo de ocupao da rea desdea colonizao europia e o nmero de habitantes nos municpios vizinhos. Clima, nmero de
visitantes, extenso de estradas e o formato das UCs no influenciaram no nmero de espciesinvasoras encontradas (Mckinney 2002).
Quanto maior o nmero de espcies invasoras, maior a chance de estas causarem grandesimpactos. No entanto, h exemplos no mundo, em que a ocorrncia de uma nica EEI causadrsticas alteraes nos ecossistemas e a extino de dezenas ou centenas de espcies. Como, porexemplo, a cobra-marrom-das-rvores (Boiga irregularis), a rvore micnia (Miconia calvescens),ou a malria aviria (Plasmodium relictum) em ilhas do Pacfico, ou ainda a perca do Nilo (Latesniloticus) no Lago Victoria (Lockwood 2007). Desta forma, ainda que algumas UCs brasileirastenham poucas EEI, isto no significa que elas estejam imunes aos efeitos negativos das invasesbiolgicas. Especialmente se as EEIs presentes so espcies predadoras de topo de cadeia (comoo caso dos teis, Tupinambis merianae, em Fernando de Noronha), ou espcies engenheiras, taiscomo o bfalo (Bubalus bubalis) que modifica fisicamente reas alagadas e/ou cursos dgua egramneas africanas que alteram o regime de fogo (ver artigos nesta revista sobre bfalo e sobre arelao de gramneas africanas e fogo).
No Brasil, o objetivo primordial das Unidades de Conservao de Proteo Integral (UCPI) a manuteno da biodiversidade e dos processos ecolgicos e evolutivos (Lei Federal No.9.985,Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza - SNUC, 2000). H diversas ameaas conservao da biodiversidade nas UCPI impostas por efeitos diretos e indiretos da ao antrpica.
Dentre os efeitos diretos esto impactos bastante evidentes, como incndios e desmatamentos. Almdestes impactos mais evidentes, h aqueles que nem sempre so facilmente identificveis como acaa e a explorao desordenada de recursos naturais. Menos perceptveis ainda podem ser os efeitosindiretos das aes antrpicas como as invases biolgicas, especialmente nos estdios iniciais deinfestao ou durante perodos de latncia. Provavelmente, por esta dificuldade de deteco inicialde impactos, as invases biolgicas sejam negligenciadas e apenas percebidas quando seus impactosse tornam comparveis aos impactos de desmatamentos e da consequente fragmentao. Ainda queuma UC esteja hipoteticamente protegida de ameaas antrpicas diretas, seus ecossistemas podemser seriamente alterados pela invaso de espcies exticas caso no sejam implementadas aes dedeteco e de manejo destas espcies e dos ecossistemas que elas invadem.
O SNUC proibe a introduo de espcies no autctones (exticas) nas UCs. As invases
biolgicas so reconhecidas como a segunda causa de perda de biodiversidade no planeta. Estetrabalho, apesar de suas limitaes e provvel subestimativa, mostra claramente que EEI ocorremem larga escala, em diversas UCs brasileiras. Apesar disso, o tema no tratado como prioritrio
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Nmero Temtico: Diagnstico e Controle de Espcies Exticas Invasoras em reas Protegidas
na gesto de UCs no Brasil. Atualmente, existem apenas iniciativas isoladas de controle de EEI,e a falta de sistematizao de informaes dificulta ainda mais o trabalho de deteco, controle eerradicao de EEIs nas UCs brasileiras.
Apesar de o levantamento de espcies exticas constar como exigncia no roteiro
metodolgico para realizao de planos de manejo das UCPIs (IBAMA 2002), at recentemente,poucos destes planos apresentam levantamento detalhado de EEI. Na maioria dos casos, h apenasregistro assistemtico de informaes, com o registro de espcies exticas eventualmente coletadasdurante levantamentos das espcies nativas, muitas vezes nem destacando claramente a origemda espcie extica. Grande parte destes levantamentos so compilaes de dados secundrios, einformaes sobre EEI so ainda pouco consistentes. H, porm, algumas UCs com informaesdetalhadas sobre as EEI como o PN Ubajara, a APA e o PN Fernando de Noronha, o PN Aparadosda Serra e Serra Geral, o PN Serra dos rgos, o PN Braslia e o PN Serra do Cip.
A Estratgia Nacional sobre Espcies Exticas Invasoras (Resoluo CONABIO no. 5 de2009) prev UCPI como reas prioritrias para que sejam realizadas aes de: identificaodas EEI; avaliao de risco; avaliao de impacto; e definio de medidas para preveno,
erradicao, mitigao e controle e monitoramento. A lista de espcies aqui apresentada paraas UCs federais, o primeiro passo previsto na estratgia nacional para as UCs e poder servirde base para a construo de uma estratgia emergencial de manejo, prevenindo a invaso denovas reas e permitindo o planejamento de aes de manejo e controle. Estas informaesservem para sensibilizar e buscar apoio de tomadores de deciso e financiadores, alm desubsidiar a elaborao de estratgias que identifiquem aes mnimas de manejo para o controlee erradicao de EEI. A lista permite, sobretudo, a priorizao de aes por espcies e/ou regiesa serem trabalhadas emergencialmente.
Recomendaes
Divulgao e Sensibilizao Informaes sobre os impactos de EEI e esta lista de EEInas UCs federais devem ser amplamente divulgadas para chamar a ateno de tomadores dedeciso e da populao em geral, de forma que recursos sejam destinados para o controle deespcies exticas invasoras nas UCs brasileiras. Um aspecto importante para garantir o sucessode aes de controle de EEI um esforo consistente de comunicao sobre o assunto. Diversastcnicas de manejo e controle de EEI podem ser polmicas, ou mal interpretadas pelo pblicoleigo que pode interpretar o corte de rvores e o sacrifcio de animais como contraditrios comos objetivos de conservao da biodiversidade. Cabe, portanto, s instituies gestoras das UCsdesenvolver e implementar programas de comunicao continuados para apoiar aes de controlede EEI que garantam que as UCs brasileiras conservem sua biodiversidade nativa e os processosecossistmicos dos quais elas dependem, conforme seus objetivos de criao e manejo.
Monitoramento - Esta compilao lista espcies-alvo para que se inicie programas demonitoramento dos processos de invaso. Ao se monitorar as espcies invasoras, ser possvelconhecer suas taxas de expanso e utilizar estes dados para priorizar espcies para o controle.Porm, emergencialmente, mesmo sem conhecer empiricamente a taxa de expanso das EEI, possvel priorizar as espcies pelo conhecimento existente sobre elas e o conhecimento empricodos gestores sobre o impacto das espcies no espao. Desta forma, possvel selecionar espciese reas dentro das UCs para iniciar aes de controle.
Pesquisa Estudos devem ser fomentados para avaliar a distribuio e o impacto de espciesinvasoras nas UCs. O conhecimento sobre EEI nas UCs dos biomas Caatinga, Pampas e Pantanal ainda mais escasso do que em outras regies. Esta lacuna de conhecimento deve ser consideradana priorizao de recursos para fomento de estudos nestas regies. Outra forma de priorizar osestudos pode ser pela ameaa, seja pelo nmero de EEI nas UCs, seja pelo impacto potencial dasEEIs nos ecossistemas nativos.
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Espcies Exticas Invasoras em Unidades de Conservao Federais do Brasil
Manejo adaptativo - Mesmo diante de escassas informaes cientficas que subsidiem ocontrole de EEI nas UCs brasileiras, a melhor forma de tratar a questo por meio do manejoadaptativo. Um mtodo bastante claro e prtico que pode ser adotado para o planejamento dasaes de controle, descrito por Leo et al.(2011). Uma vez iniciado o controle das EEI a partir dosconhecimentos existentes, e a partir do monitoramento das aes de controle, possvel aprimorar
as aes de manejo, gerando novos conhecimentos e aumentando a efetividade de aes demanejo. Aes emergenciais devem ser tomadas para evitar desastres biolgicos eminentes, comoa extino local, regional ou global de espcies nativas. Medidas simples como a roagem da beirade estradas invadidas por capins exticos na poca da florao pode reduzir a disperso destasespcies para UCs.
Deve-se ponderar que as aes de controle de EEI tm um custo menor se tomadasprecocemente, nos primeiros estgios de invaso. E que os eventuais impactos que podem sercausados pelas aes de controle, ainda que estas aes no sejam as ideais, so, em geral, menoresdo que aqueles causados pelas espcies exticas invasoras quando estas no so controladas.
Agradecimentos Dra. Ktia Torres (Coordenadora da COAPE/CGPEQ/DIBIO/ICMBio) pela motivao
inicial de realizar este estudo. Dra. Silvia Ziller (Instituto Hrus) por importantes contribuies lista. Ao Carlos Henrique Velasquez Fernandes (Coordenador da COMAN/DIMAM/ICMBio) peloapoio busca aos planos de manejo. Lilian Letcia Mitiko Hangae (COMAG/DIMAM/ICMBio)pelo acesso aos dados do RAPPAM. A todos os gestores e pesquisadores que contriburam para aconstruo da lista.
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