esclerose sistemica progressiva
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Esclerose Sistêmica Progressiva
Medicina UAM
70 Período - 2011
Profa Guadalupe Pippa
Definição Doença inflamatória crônica idiopática auto-imune
Caracterizada por endarterite proliferativa e proliferação do tecido conjuntivo da pele e órgãos internos
Incidência: 4 -19/milhão
Afeta principalmente mulheres: 3 – 15 M:H 1
Faixa etária: 30 – 50 anos
Aspectos Clínicos Fenômeno de Raynaud
Endurecimento e espessamento da pele (escleroderma)
Envolvimento de órgãos internos: trato gastro-intestinal, pulmões, coração e rins
Risco do envolvimento visceral fortemente ligado à extensão e progressão do escleroderma
Esclerose Sistêmica Progressiva
Caracteriza-se pela inflamação, fibrose e atrofia de diversos sistemas do organismo, principalmente pele, trato digestivo, sistema músculo-esquelético e pulmões.
Superprodução e acúmulo de colágeno e de outras proteínas da matriz extracelular; envolvimento de mecanismos imunológicos, dano vascular e ativação de fibroblastos.
É pouco freqüente, tendo prevalência que varia entre 30-290 casos por milhão de habitantes
Predomínio no sexo feminino (3-8:1), não tendo preferência por raças e costuma se iniciar entre os 30-60 anos
Curso clínico mais agressivo no sexo masculino e mulheres negras
É pouco freqüente em crianças e adolescentes
Esclerose Sistêmica: Epidemiologia
MULTIFATORIAL: genéticos, ambientais, imunológicos, a ativação endotelial e a fibrose.
A rede de Linfócitos T é bastante ativa na ES.
Dentre as anormalidades sorológicas mais comuns no paciente com ES, destaca-se a produção de auto-anticorpos contra antígenos celulares e tissulares.
Esclerose Sistêmica: Etiopatogenia
No endotélio da ES, ocorre um “estado funcional alterado” caracterizado pelo aumento da permeabilidade e da vasorreatividade
Na ES, a regulação do processo biológico de formação de tec. fibroso também está alterada,resultando em um grande estímulo à produção de colágeno e outros componentes da matriz celular
Esclerose Sistêmica: Etiopatogenia
Diversos fatores ambientais, como os solventes orgânicos (tolueno, benzeno, ....), a sílica, o silicone (prótese mamárias) e o uso de drogas (inibidores do apetite, bleomicina....) parecem estar envolvidos na gênese da ES.
Esclerose Sistêmica: Etiopatogenia
Etiologia
Indefinida
Patogênese Fibrose tecidual e lesão vascular são as
alterações características
Ativação do sistema imune e células
endoteliais
Liberação de citocinas ( TGF-, IL-4 e
outras) pelas plaquetas, macrófagos, células-
T e -B
Ativação dos fibroblastos pelas citocinas
aumento da produção da matriz extracelular
Presença de auto-anticorpos em 90% dos
casos, alguns dos quais específicos
A sobrevida média em ES é de 60 a 70% em cinco anos e de 40 a 50% em dez anos.
Fatores de mau prognóstico: sexo masculino, cor negra, acometimento cutâneo difuso e acometimento visceral (notadamente fibrose pulmonar restritiva, hipertensão pulmonar, miocardioesclerose, pericardite aguda sintomática e crise renal esclerodérmica
Esclerose Sistêmica: Prognostico I
PORTANTO, o estabelecimento do diagnóstico precoce da ES e de seus comprometimentos viscerais é imprescindível, a fim de se tentar melhorar o prognóstico desses pacientes.
Esclerose Sistêmica: Prognostico II
Fase edematosa:
edema difuso, depressível em mãos e pés inicialmente, com progressão centrípeta;
queixa inespecífica;
prurido intenso;
Esclerose Sistêmica: PELE
Esclerose Sistêmica:PELE
Fase indurativa:
- Com regressão do edema, começa a ocorrer endurecimento progressivo da pele, iniciando-se nas extremidades;
Esclerose Sistêmica:
PELE
Fase atrófica:
- - espessamento cutâneo acentuado, levando a retrações tendíneas;
- evolui para contraturas em flexão;
- - nas mãos ocorre a garra esclerodérmica;
Face:microstomia, afilamento
do nariz, perda dos sulcos perilabiais e ausência
progressiva de anexos.
Esclerose Sistêmica:
Calcinose: acúmulo de cristais
de cálcio em locais de uso excessivo ou traumatismos (cotovelos, joelhos) e naqueles afetados pelo fenômeno de Raynaud.
Telangiectasias: acomentem face, lábios, língua, dedos das mãos e áreas periungueais.
Esclerose Sistêmica:
Alterações vasculares:
- Fenômeno de Raynaud em 4% a 11% da população geral, e principalmente em mulheres em 95% a 98% das pacientes;
- - associado a fibrose tecidual, úlceras e amputações digitais.
- - em 70% dos pacientes é a manifestação inicial da doença.
- - é comum o aparecimento de microulceraçõesisquêmicas.
Alterações articulares e musculo-esqueléticas
- Artralgias e mialgias são sintomas iniciais;
- Artrite de punhos, dedos, joelho, tornozelo e punhos;
- Dor e rigidez são maiores que os sintomas inflamatorios;
- Crepitações tendíneas causadas pela inflamação e fibrose das bainhas tendinosas(mau prognóstico);
- Contraturas em flexão dos dedos das mãos, fraqueza e atrofia muscular desuso e
cronicidade da doença.
Esclerose Sistêmica:Osteomioarticular
-podem acometer todo o sistema gástrico desde orofaringe até o reto;
-90% dos pacientes com ES sendo causa comum de morbidade e rara de mortalidade.
-Esôfago é acometido em 90% dos casos, disfagia a alimentos sólidos, logo líquidos, dispepsia, perda de peso, dor retroesternal e regurgitação.
-Observa-se no Rx redução da das ondas peristálticas, dilatação esofágica e hérnia hiatal.
Esclerose Sistêmica:Gastrointestinais
Esôfago esclerodérmico
Esôfago é acometido em 90% dos casos
Observa-se no Rx redução da das ondas peristálticas, dilatação esofágica e hérnia hiatal.
Gastrointestinais
Gastrointestinais
- Envolvimento gástrico é pouco frequente,
- Queixas clínicas: epigastralgia em queimação e lentidão da digestão,
- Comprometimento do Intestino delgado pode ocorrer em 40% dos casos, sendo pouco sintomático,
- Síndrome de má absorção, devido à dilatação e atonia intestinal decorrente de supercrescimento bacteriano,
- causando diarréia e caquexia.
Esclerose Sistêmica
Gastrointestinais- Pseudo-obstrução-intestinal constipação
intestinal, dores abdominais intensas e pneumatose cística intestinal,
- Intestino grosso e reto assintomáticos, com constipação intestinal,
- Disfunção anorretal pode agravar a constipação intestinal.
Esclerose Sistêmica :
Esclerose Sistêmica :Pulmões
- Principal causa de morte!!!
- Doença pulmonar restritiva, hipertensão pulmonar, doença pleural, pneumonia aspirativae neoplasia.
- Restritiva em 50% - 90% casos, com quadro de dispnéia progressiva ao esforço, tosse seca e dor pleural podendo evoluir para cor pulmonale, favo de mel.
- Hipertensão pulmonar em 5 -40% isolada, associado a doença pulmonar restritiva, podendo evoluir a insuficiência cardíaca direita.
Esclerose Sistêmica
Cardíacas
- Em 30 – 90% dos casos, em estudos de necropsia,
- Clinicamente aparece em 5 -20% dos casos
mau prognóstico,
- Pode manifestar-se como pericardite,
miocardite e arritmia cardíaca.
Esclerose Sistêmica
Renais- Manifestação visceral mais grave da ES,
- Ocorre em 20 -25% casos na forma clinica difusa,
- Início abrupto de HAS grave, insuficiência renal progressiva, hematúria, proteinúria, retinopatia, convulsões, insuficiência cardiacaesquerda e anemia hemolítica.
- Niveis plasmáticos de renina elevados.
Esclerose Sistêmica
Sistema nervoso
- envolvimento neurológico é pouco frequente.
- mas há relatos de neuralgia do trigêmeo.
Esclerose Sistêmica Progressiva : Pulmões
Acometimento:
Fibrose intersticial difusa, indistinguível daquela do tipo usual que ocorre na Pneumonia Intersticial Fibrosante Idiopática.
Hipertensão arterial pulmonar em 1o% dos pacientes (processo fibroproliferativo primário acometendo vasos pulmonares).
O envolvimento pleural significativo é incomum.
Esclerose Sistêmica Progressiva
Quadro clínico:
Tosse improdutiva, dispnéia; mais raramente hipocratismo digital (em relação à FPI).
Rx com fibrose pulmonarRx com hipertensão pulmonar
ESP - complicações principiais
HAS + insuficiência renal
Fibrose pulmonar
Hipertensão pulmonar
ESP - manifestações clínicas: Resumo
Digestivas: disfagia (hipomotilidade, esofagite), diarréia, cirrose biliar primária.
Reumáticas: artralgias.
Renais: proteinúria, HAS severa.
Pulmonares: fibrose intersticial, hipertensão pulmonar.
Outras: febre, alterações cardíacas, miopatias, Sínd. de Sjögren...
Diagnóstico
Historia, exame físico
Alterações laboratoriais são inespecíficos e diretamente relacionadas com envolvimento visceral,
Anemia leve, anemia hemolítica, pancitopenia,
Aplasia medular,
Provas de atividade inflamatória: VHS, PCR, mucoproteínas, estão elevadas na fase ativa da doença.
Níveis de complemento sérico são normais.
Esclerose Sistêmica
Diagnóstico
Auto-anticorpos:
- Mais de 90% dos pacientes com ES apresentam auto-anticorpos, associados com aspectos clínicos e o curso evolutivo da doença.
- Os principais auto-anticorpos envolvidos são os
- antinucleares,
- anticentrômero.
- antinucleolares (RNA polimerase I, II, III),
- Anticolágenos I e IV
- Antitopoisomerase I (Scl-70).
Esclerose Sistêmica
São inespecíficas e diretamente ligadas à intensidade do envolvimento visceral
Ex: anemia leve, havendo tbm casos descritos de anemia hemolítica, pancitopenia e aplasia de medula
VHS, PCR, MUCOPROTEÍNAS estão elevados nas fases ativas da doença, notadamente na ES DIFUSA.
FAN- superior a 90%
Anticorpo anticentrômero – 32%
Esclerose Sistêmica: Alterações Laboratoriais
ESP - alterações laboratoriais
ANA positivo, anemia moderada, VHS,
alterações no sedimento urinário.
Anticorpo anticentrômero (formas
localizadas), Scl-70 (formas difusas):
mais específicos.
Esclerose Sistêmica Progressiva
Exames complementares: Radiografia de tórax: opacidade
intersticial difusa, podendo preceder aos sintomas clínicos da doença.
Tomografia de tórax: atenuação com aspectos de ¨vidro despolido¨, de reticularidade subpleural ou faveolamento.
Cintilografia ou Manometria esofágica, demonstrando diminuição no peristaltismo.
Critérios diagnósticos (1 maior ou 2 menores)
Maior: escleroderma proximal : endurecimento e
espessamento da pele dos dedos e da região proximal das articulações MCFs e MTFs.
Menores: especificidade 100% ; sensibilidade
90%
1) esclerodactilia
2) úlceras ou microcicatrizes de polpas digitais
3) perda de substância de polpas digitais
4) fibrose intersticial basilar bilateral
Classificação
Classificação Classificação conforme o grau de envolvimento
clínico da pele
Escleroderma difusa
espessamento da pele no tronco, face, extremidades proximal e distal
Escleroderma limitada
espessamento da pele restrito a áreas distais aos cotovelos/joelhos e
face
Sinônimo: síndrome CREST
C-Calcinose subcutânea,
R-fenômeno de Raynaud,
E-Esofagopatia,
S-eSclerodactilia,
T-Telangectasias
Esclerose sistêmica sem esclerodermia
Auto-anticorpos associados à esclerose
sistêmica
Auto-ac Freqüência Forma Envolvimento de
órgãos e sistemas
FAN 90 – 95% Ambas NSA
Anti-Scl-70 20 – 30% Difusa Envolvimento
visceral extenso
Anti-centromérico 50 – 90% Limitada Envolvimento
visceral menor
Fenômeno de
Raynaud
Primário
Fenômeno de
Raynaud na
Esclerose
sistêmica
Sexo (M:H) 20:1 4:1
Idade de início Puberdade > 25 anos
Frequência < 5/dia > 5-10/dia
Precipitantes Frio, estresse Frio
Lesão isquêmica Ausente Presente
FAN Ausente 90-95%
Diagnóstico diferencial do fenômeno de
Raynaud
Esclerodermia limitada com úlceras digitais
Esclerodermia limitada
com esclerodactilia
Esclerodermia limitada com
FR severo em extremidades
com necrose digital
Esclerodermia limitada com FR severo
em extremidades e necrose de tecidos
secundário a isquemia crônica
Esclerodermia limitada com
telangectasias
Esclerodermia limitada com limitação
da abertura oral
Rx de mãos com
acro-osteólise
Rx de mãos com calcinose
subcutânea
Medidas gerais
Proteção ao frio
Evitar fumo e β-bloqueadores
Fisioterapia e terapia ocupacional
Tratamento medicamentoso
Corticóides
Uso restrito a manifestações inflamatórias
D-penicilamina
Anti-fibrótico
Ciclofosfamida
Imunossupressor indicado na pneumonite intersticial progressiva
Tratamento de manifestações especificas
Fenômeno de Raynaud
vasodilatadores orais (bloq-canais de Ca, bloq-ECA)
Hipertensão pulmonar
Antagonistas do receptor da endotelina (bosentam), sildafenil
Crise renal esclerodérmica
Inibidores da ECA
Manifestações gastrintestinais
Inibidores da bomba de prótons ou inibidores H2, medidas anti-refluxo, drogas pró-cinéticas
Tratamento
Esclerose Sistêmica Progressiva
Tratamento:
Corticoesteróides: a resposta terapêutica depende do estádio da doença, sendo obtidos melhores resultados naqueles casos em que a infiltração pulmonar encontra-se em fase precoce (LBA com linfocitose ou eosinofilia e TCAR com atenuação tipo ¨vidro despolido¨ ao invés de faveolamento).
O seguimento deve ser feito através da Espirometria – defeito restritivo como padrão de evolução ou boa resposta à terapêutica.