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Enviado Julho 2012 Sustentado e sustentável - O navio do Greenpeace Especial

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Revista produzida pelos participantes do Jornalismo sem Fronteiras.

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EnviadoJulho 2012

Sustentado e sustentável - O navio do Greenpeace

Especial

Há mais de 200 anos, uma velha índia Cree previu a destruição do meio ambiente pelo descaso dos homens e o surgimento de uma raça de guerreiros que viria para defendê-lo. Em 1971, dois jornalistas foram ao Alasca numa tentativa de impedir um teste nuclear dos Estados Unidos e conheceram a tribo, que finalmente confirmou a profecia na mobilidade e na confiança desses homens. Assim surgiu o grupo e o espírito que viriam a se chamar Greenpeace, hoje responsável pelo êxito de inúmeras denúncias e progressos pela preservação da natureza. Em 1977, o nome citado na profecia indígena, Rainbow Warrior (Guerreiro do Arco-Íris), batizou o barco que a organização procurava para ser usado contra navios baleeiros irlandeses e, que também serviu muito nas ações de combate a testes nucleares e a caça predatória de focas. É este barco, ou melhor a terceira edição dele,O barco, totalmente ecológico,que foi para o Porto Madero, em Buenos Aires, no dia 11 de julho para celebrar os 25 anos da organização na Argentina, após passar pelo Porto de Santos (SP). Pode ser visitado aos finais de semana e ficará na cidade até o dia 22.

Os passos do guerreiroA bandeira que anuncia o barco e

complementa a sua proa é a da Holanda, local que sedia o Greenpeace. Do lado esquerdo, as cores na bandeira são as da Argentina, indicando a passagem do Warrior pelo país. A pintura do casco também ecológica – verde com a imagem de um arco-íris – é uma exclusividade da sua 3ª edição.

O barco original, encontrado em 1977 na Ilha dos Cães, em Londres, e comprado com 4 mil libras arrecadadas e mais 40 mil doadas pela organização WWF (World Wild Fund), gerou pela primeira vez um alerta internacional contra a caça às baleias até a metade da década de 80. Entretanto, após transportar uma frota pacifista em protesto aos testes nucleares franceses nas Ilhas Muroroa, em 1985, o primeiro Rainbow Warrior foi bombardeado e afundado pelo serviço secreto francês.

A segunda embarcação foi lançada em 1989 após dois anos de reparos e participou de diferentes ações. Entre elas estão os movimentos contra a exploração de

petróleo e a pesca predatória no Alasca e o combate aos testes nucleares na costa leste da Rússia. Em 1992, ele foi novamente protagonista da campanha em Muroroa, e pela primeira vez foram captadas imagens dos confrontos com a Marinha francesa.

Passou também pela Rio 92 e em 1994 visitou alguns países do Oriente Médio para despertar a consciência das pessoas para os problemas ambientais, mas os conflitos com a França continuaram. Em 1995, comandos franceses entraram a bordo e tomaram o navio, solto devolvido só em 1996 em terrível mal estado.

A segunda edição do barco serviu às causas do Greenpeace até 2011, quando foi doado a um hospital humanitário. Ele foi substituído pelo atual barco em exposição, exclusivamente construído para suportar as viagens do grupo e continuar na linha de frente da luta contra os abusos ambientais.

Sustentado e sustentávelO navio do Greenpeace, que representa o espírito da organização alimentada por doações, chega a Buenos Aires.

Por Júlia Barbon

Greenpeace

Uma organização global e independente que atua para defender o ambiente e promover a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos.

Foto: Greenpeace A

rgentina

Nos tempos de hoje

O terceiro Warrior, que tem capacidade para transportar até 32 pessoas, entre elas profissionais e voluntários, parece comportar todos os acessórios que um navio especial como esse precisa. A cabine de comando abriga um telefone – entre muitos outros – de emergência, que funciona por uma espécie de manivela, assim como radares e uma estrutura anticolisões.

O navio conta com uma estação de tratamento de água e uma instalação de reciclagem dos resíduos. Possui até um heliponto e um inesperado estacionamento para helicópteros, que têm cujas suas asas devem ser dobradas. Essa estratégia é essencial para a apreensão de caçadores ilegais de baleias.

As imagens e informações sobre as ações realizadas em diferentes regiões do mundo também são mandadas via satélite diretamente do barco. Esse sistema serve para que as manifestações não percam o seu impacto, crucial para que elas atinjam seus objetivos. Há também uma sala de conferência no andar de baixo, onde a imprensa é recebida e onde são organizadas as mobilizações durante as viagens, para que não se perca tempo.

“No transamos con nadie"

Seja nas ruas de Buenos Aires ou na televisão Argentina, a presença e o investimento midiático da organização no país chamam atenção. A maioria dos anúncios frisa o caráter independente do grupo, que também é bastante destacado pelos voluntários durante a visita ao barco. O Greenpeace prioriza essa autonomia política e econômica, que acaba

exigindo esforços dos voluntários para conquistar pessoas que façam doações e possibilitem a organização, os chamados sócios.

Esse dinheiro é usado nas ações promovidas pelo grupo, que têm como princípio contar ao mundo o que está se passando e barrar as práticas que prejudicam o meio ambiente. Em geral essas ações se caracterizam por serem criativas e chamativas, principalmente quando incluem meios não tão convencionais e autorizados, como o comentado episódio de 2006 em que a rainha de carnaval de Gualeguaychú interrompeu a reunião do G20 seminua. Ela segurava uma placa que fazia alusão ao conflito entre Argentina e Uruguai pelo veto da primeira à construção de duas fábricas de celulose na fronteira entre os dois países.

Segundo a coordenadora de imprensa Sol Gosetti, a repercussão das ações do Greenpeace depende do lugar em que acontecem e da causa que defendem. Normalmente as mais comentadas são as campanhas visuais e impactantes. "A relação entre os meios de comunicação e a organização é de muito respeito” – reforça ela – “Eles nos ajudam a divulgar o nosso trabalho".

No Greenpeace, diferentemente de outras organizações militantes, as ações não podem ser feitas por qualquer voluntário. O participante que se inscreveu através do e-mail do grupo deve ainda passar por um treinamento: "No início o voluntário é responsável por captar sócios, ajudar em eventos como este (a visita ao Rainbow Warrior) e ir a escolas explicar o nosso trabalho", relata Fernando Diaz, que participou de uma mobilização no ano passado para parar as atividades de uma mineradora canadense.

Foto: Greenpeace A

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