entropias poéticas

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entropias poéticas mário henrique silveira bueno

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Este é um pequeno agrupamento de textos e poemas de autoria de Mário Henrique Silveira Bueno, coletados ao acaso, sem ordem cronológica ou temática específica. Há apenas um tímido fio condutor entre tudo isso: a vida. Autorizada a reprodução e o compartilhamento, desde que citada a fonte. Conheça também meu trabalho fotográfico em: www.facebook.com/mariohsbueno www.mariobueno.com.br

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Page 1: entropias poéticas

entropias poéticasmário henrique silveira bueno

Page 2: entropias poéticas

entropias poéticasmário henrique silveira bueno

Este é um pequeno agrupamento de textos e poemas de minha autoria, coletados ao acaso, sem ordem cronológica ou temática específica.Há apenas um tímido fio condutor entre tudo isso: a vida. Autorizo a reprodução e o compartilhamento, desde que citada a fonte.Conheça também meu trabalho fotográfico em:www.facebook.com/mariohsbuenowww.mariobueno.com.br

Page 3: entropias poéticas

Viver é como estar na beira de um abismo,

onde muitas vezes damos um passo à frente. //

Page 4: entropias poéticas

Queria ter o dom da palavra.

Lamber a palavra, cheirar a palavra, moldar a palavra...

Palavra seca, palavra molhada, palavra dura, palavra mole...

Palavra esguia, palavra macia...

Palavra reta, palavra certa.

Palavra que palavreia, palavra que serpenteia, palavra que te volteia

Que traz você assim e coloca dentro de mim

Que mostra como é mudo o meu mundo sem você. //

Page 5: entropias poéticas

Só me restam o amor e a poesia. O amor me achou, a poesia encontro eu. //

• • •

Enquanto (te) espero, esse enigmático céu alaranjado-rosa invade minha meia-noite. //

• • •

Bicicletas fálicas carregam amores nos alforjes. //

Page 6: entropias poéticas

Com você me fiz pessoa. É difícil guardar tudo isso só em mim. Minha morada é pequena demais e preciso transbordar. //

Page 7: entropias poéticas

Semente improvável

Uma semente improvável foi lançada ao vento

E encontrou refúgio em mim

Terreno árido, seco

Impróprio para o cultivo

Mesmo assim, brotou

Com força desproporcional

Crescendo para cima

E para os lados

Com velocidade e poder

Vieram as folhas e frutos

Precoces

Porém coloridas, espaçosas; adocicados e vistosos

Page 8: entropias poéticas

Uma tormenta, porém, girando e possuindo tudo

Descabelou a imensa árvore

Lançando tudo ao chão

Surpresa enorme foi ver

A árvore continuar a crescer

Pois o produto da colheita do vento

Não se perdeu

E serviu de alimento para a própria árvore

Suas raízes vasculhavam o inferno

Enquanto galhos tocavam o céu

Assim é a vida de quem

Nasceu plantado no chão

Num belo dia de sol,

Com nuvens de algodão

Page 9: entropias poéticas

A pessoa que lançara a semente

À sombra da árvore descansou

E a ela se juntou

São essas as mãos da pessoa que plantou os sentimentos mais belos e

avassaladores

que alguém poderia ter. //

Page 10: entropias poéticas

Chiclé do amor

Desde a primeira vez

Foi tão fácil amar você

Eu era o cobrador da roda gigante

dando voltas,

esperando sua vez de passar

A jogar seu meio sorriso

Como quem não quer nada

Olhando despretensiosamente de lado

Eu seguia você pelo parque

Para entregar uma maçã do amor

Tentando conquistar seu coração

Page 11: entropias poéticas

Ter algodão doce em nuvens na minha cabeça

E montanha russa no estômago

Só de me aproximar de você

Cheiro da chuva

Lembrança boa

E seu olhar cortante

A penetrar o meu

À tarde correio elegante mandando beijo

Pipoca, milho verde e quentão

E a gente juntos de mãos dadas na prisão

À noite

Dançar de rostinho colado

Ouvindo Jeneci

Page 12: entropias poéticas

Falando baixinho no seu ouvido

Te amo, te amo

Sem você a vida não vale a pena

Quero grudar em você

Quero você só pra mim

E quero ser somente teu

No trocadilho dos versos

Sou clichê do amor //

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• • •

Page 14: entropias poéticas

Trata-se um repente virtual

Cada um com suas quimeras

Enviando suas mensagens

Em sinais de fumaça

Que se desfazem no ar

Num eterno desencontro //

Page 15: entropias poéticas

Gostava das frases doentes e

defeituosas, manoelescas, daquelas

com o poder do desconcerto e do

improvável, das que fazem as ideias

dançarem. Mas ele sempre num

silêncio surdo e ansioso. Ela tentou

diversas vezes encaixar as palavras e

tinha certeza que, nesse mundo,

alguém a ouvia. Só não sabia onde. //

Page 16: entropias poéticas

• • •

o amor chegou primeiroapareceu logo em janeiroque durasse o ano inteironão passou de fevereiro //

• • •

ao sabor do ventoa bolha frágil levava consigoo ar do meu último suspirovocê assoprou, acabei-meacabou-se //

• • •

Page 17: entropias poéticas

o guarda tivesse cuidado

desse amor irracional

teríamos sido felizes

mas o guarda descuidado

de farda engomada

e nariz empinado

cometeu grande deslize

o guarda guarda quem?

o guarda não guarda ninguém //

Page 18: entropias poéticas

me ensinao desgosto

o não gostoa desgostar de você

facilita o trabalhode me salvar de mim //

Page 19: entropias poéticas

solidão é quando...está longenamoraamaestá pertorespiratranspiragemegozaconversatrabalhacaminha

solidão é quando...você....

solidão é isso. //

Page 20: entropias poéticas

para bom sofredor, meia porrada basta

para bom sofredor, mei porrada basta

para bom sofredor, mei porra basta

para bom sofredor, me porra basta

para bom sofredor, me por basta

basta

basta me por só //

Page 21: entropias poéticas

Ficar à derivaMe perderNo infinito desse seu olharAcalma encontrarOceano sem ilha, sem costa, sem marde onde e para onde não se enxerga lugar //

Page 22: entropias poéticas

A primeira primavera de um homem

como não se apaixonar pela primaveradas flores reais e inventadasdas flores imaginadas e mesmo as não sonhadaspela única florque foi criadae que não pode ser copiada //

Page 23: entropias poéticas

Eu

Hoje vestirei pele riscada,

Para parecer mais madura

Ou justificar minhas dores, tão somente.

Quero vestir batons e brilhos,

Para esconder minha tristeza

Ou beijar-lhe, docemente.

Hoje vou vestir-me de cordeiro,

Para esconder minha maldade

E conseguir o seu perdão.

Quero me vestir de lobo,

Para não parecer tão ingênua.

Vou morder-lhe à traição.

Page 24: entropias poéticas

Hoje vestirei lantejoulas,

Para esquecer meus infortúnios

E brincar o carnaval.

Quero me olhar no espelho,

Não para ver a verdade,

Mas quem nunca fui, afinal.

Eu não troco mais de máscaras...

Eu não quero mais brincar...

Eu apenas cansei de ser. Eu. //

Page 25: entropias poéticas

O que ficou

Na borda do copo, o batom

Na xícara suja, o café

No quarto, a cama desarrumada

No banheiro, a toalha jogada

E na vida, o sofisma

Dos argumentos

Que tentam explicar porque você se foi

Na memória a imagem onírica

da mulher metade real metade Afrodite

Cuja extrema força não foi capaz

De sustentar a minha fraqueza

Ficou também o perfume, o beijo e o sorriso cortante

Page 26: entropias poéticas

Presos numa delicada bolha de sabão

Vagando ao sabor do vento

Que vai estourar ao toque do copo

Da xícara

Da cama

Ou mesmo com o carinho da minha mão

Um pequeno universo que não aceita proteção. //

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Memórias

Mantenho as memórias limpas e organizadas em caixinhas de papel.

Separadas por cor, cheiro, tamanho, sensações, textura e data.

Memórias do passado e do futuro, porque as do presente não existem.

Só existe o que é história ou o que é sonho.

Esse átimo que se chama presente está sempre com um pé no que se foi

ou no que virá.

Outro dia procurei a memória do dia em que nos conhecemos, mas a

caixa estava vazia.

Fui encontra-la na mesma caixa do dia em que nos desconhecemos

(algumas memórias têm vontade própria).

Voltei ela pro lugar.

Espero que ela continue junto das caixas do cheiro bom, sorriso farto,

frio na barriga e palpitação //.

Page 28: entropias poéticas

• • •

a estrela indecisa

o sol assedia

a estrela dá trela

mas dorme com a lua

quando finda o dia //

• • • • •

a mesma lesma

a lesma lenta

ou a lesma lerda

é a mesma coisa

a mesma merda //

• • • • • • • • •

Page 29: entropias poéticas

Quem me dera ser Manoel

Para amanhecer passarinho

E desentortar o dia

Caminhar pelo tempo

Com sopa de letras na cabeça

Preocupado com o cu da formiga

Nada mais que isso

Manoel me abisma //

Page 30: entropias poéticas

Prefiro as tangentes. As paralelas nunca se beijam. Nunca se encontram............................................... Nunca se encontram................................................ //

Page 31: entropias poéticas

Sai de mim poesia, que hoje não te aguento.Bate outro dia.