entrelinhas - jornal laboratório unifae - n61

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A intensa busca por melhores condições de vida fez com que diversos povos, ao longo da história, saíssem de seus territórios e se aventurassem em lugares distantes. Persas, Hebreus, Maias, Medos, Gregos, Romanos, enfim, muitos perderam suas vidas por desejar melhor sorte para seus familiares. No Brasil após 1888, com a Abolição da Escravatura, houve incentivo por parte do governo para a entrada de imigrantes europeus, para substituir o trabalho dos negros africanos. Vieram principalmente para auxiliar como mão-de-obra nas plantações de café do estado de SP. Uma das colônias estrangeiras que mais cresceram foi a dos italianos, a maior do mundo fora do país de origem.A Itália no BrasilEm 1931, nascia Anselmo Zagaroli, em Roma, Itália. Seus pais morreram muito cedo, vítimas da guerra. Anselmo relata emocionado que, por diversas vezes, ele e os irmãos passaram fome. Com 18 anos, sofrendo péssimas condições, recebe o convite de um amigo para trabalhar na Argentina, como músico. Durante dois anos “não conseguiu realizar os sonhos”.Em 24 de abril de 1951 chega a São Paulo, novamente em busca de emprego. Frustrado por não conseguir nenhuma vaga, embarca para São João da Boa Vista. Quando chegou, havia na cidade apenas 10 carros e cerca de 20 mil habitantes. Seu primeiro trabalho foi na Fábrica Sartorelo, como técnico de Acordeom. Casado com uma sanjoanense, diz que “se sente muito feliz e grato por tudo o município lhe ofereceu”. Pai de três filhos, Zagaroli deixou os acordeons no passado e hoje desfruta de uma vida tranquila como aposentado. “Isseis” ao marUm fator que contribuiu para a saída dos isseis (como são designados os japoneses que saem do Japão) foi o crescimento populacional desordenado que o país apresentava. A economia passava por desaceleração que, aliada a falta de emprego e a fome fizeram com que imigrassem para o Brasil. Em 18 de junho de 1908 chega ao porto de Santos o navio Kasato Maru, com 165 famílias japonesas vindas para trabalharem nas lavouras de café do oeste paulista.Com a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), o número de imigrantes japoneses cresceu significativamente. É o caso de Tatakishi Sasaoka. Nascido em Maebashi, província de Gunma, interior do Japão, chegou ao Brasil com 37 anos para trabalhar numa fazenda

A história de personagens que ajudaram a construir uma São João de muitos países

de tomate, em Indaiatuba. Com as economias ganhas, Sasaoka comprou terras em São João, se mudando com a mulher e os dois filhos. Hoje é um agricultor bem sucedido. Segundo ele, uma de suas grandes dificuldades “foi aprender a nova língua”. Com um sorriso, diz que gosta muito do Brasil e não sente saudade de seu país.Chineses, vidas dedicadas ao comércioNatural de Guang Dong, China, Camila, nome brasileiro de Chen Xing Xiu, reside atualmente em São João. No Brasil há oito anos, diz que não tinha uma vida fácil na terra natal. Ela viajou 24 mil quilômetros num navio até o porto de Santos. Hoje, trabalha como comerciante e, mesmo em melhor situação financeira, não esquece as dificuldades do passado. Sobre voltar ao país de origem, diz que “morre de medo de avião e que pra lá não pretende retornar para morar”. Com dois filhos brasileiros, explica que tem dificuldade em se adaptar, principalmente quando o assunto é alimentação. “Nossa comida é composta por muitas verduras e legumes. Tenho problemas em encontrar condimentos e produtos que utilizava regularmente em Guang

Dong”. Com os olhos marejados, confessa que quer regressar para ver os pais em 2010.

Uma das grandesdificuldadesfoi aprendera novalíngua- Tatakishi Sasaoka -