elizabete marchante - as plantas invasoras

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29 Junho 2013, Conversas da Terra, LIPOR, Baguim do Monte www.invasoras.uc.pt 1/31 As Plantas Invasoras Elizabete Marchante Centro de Ecologia Funcional/ Universidade de Coimbra [email protected]

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29 Junho 2013, Conversas da Terra, LIPOR, Baguim do Monte www.invasoras.uc.pt 1/31

As Plantas Invasoras

Elizabete Marchante

• Centro de Ecologia Funcional/ Universidade de Coimbra

[email protected]

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Resumo

Invasões biológicas - plantas invasoras

– O que são

– Como chegam até nós

– Que impactes causam

– Situação em Portugal

Algumas plantas invasoras em Portugal

O que podemos fazer?

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As nossas florestas, dunas, lagos, zonas ribeirinhas,… a nossa biodiversidade… e, por vezes, as nossas culturas

estão ameaçados por vários fatores, entre eles as plantas invasoras

Mas o que são plantas invasoras?

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O que são?

• Plantas NATIVAS

(≈ espontâneas, indígenas,

autóctones)

• Plantas EXÓTICAS

(≈ introduzidas, alóctones)

Richardson et al., 2000, Div & Dist. 6: 93-107 Pyšek et al., 2004, Taxon, 53(1): 131-143

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O que são?

Planta INVASORA

Planta INFESTANTE

5

NEM TODAS AS EXÓTICAS SÃO INVASORAS

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Plantas invasoras – como chegam até nós?

As pessoas viajam e transportam muitos produtos por todo o mundo

Introduções intencionais: ornamentais, alimentos, matérias primas, etc.

Introduções acidentais: sementes

e propágulos misturados com

outros produtos, etc.

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Plantas invasoras – de onde vêm?

De todo o mundo!

MAS

MUITAS vêm de regiões/países com climas mediterrânicos Mapa de: http://www.mednscience.org/mediterranean_ecosystem

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E quais os impactes que as plantas invasoras promovem? Porque são uma ameaça?

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• Ecológicos (Vilà et al., 2011. Ecol. Letters, 14: 702–708)

– ameaça à biodiversidade e equilíbrio dos ecossistemas (competiçao com espécies nativas, alteração dos ciclos biogeoquímicos, ex., ciclo do carbono, azoto, água, etc)

– impactes nos serviços dos ecossistemas (alimentos, fornecimento de água e recursos diversos, regulação do clima, cheias, doenças, etc.)

– alteração/uniformização dos ecossistemas/paisagens

– alteração dos regimes de fogo

– alteração das cadeias ecológicas/alimentares

• Económicos (Europa: >10 biliões €/ano; Hulme et al., 2009. Science, 324: 40-1):

– produtividade - espécies que invadem áreas agrícolas, florestais ou piscícolas (aquáticas), pragas, epidemias, etc.

– gestão e controlo de invasoras e recuperação de sistemas invadidos

– turismo, etc.

Impactes das plantas invasoras (1)

Célia Laranjeiro Vitor Carvalho Francisco Caetano

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Impactes das plantas invasoras (2)

• Diminuição da disponibilidade de água nos lençóis freáticos

– espécies muito exigentes no seu consumo, quer pelas suas características, quer pelas densidades elevadas que atingem

• Impactes na saúde pública

– espécies que provocam doenças, alergias, ou funcionam como vectores de pragas

• …

As espécies invasoras são uma das maiores ameaças ao bem-estar ambiental e económico do planeta

GISP (Global Invasive Species Programme)

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Mas a maioria das plantas exóticas não revelam comportamento invasor…

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Plantas invasoras – SITUAÇÃO EM PORTUGAL

• Ca. 3300 espécies NATIVAS

• Ca. 670 espécies EXÓTICAS; destas, ca. 40 são INVASORAS

0

200

400

600

800

Exóticas(casuais +

naturalizadas +invasoras)

Potencialdesconhecido

Com potencialinvasor

(casuais +naturalizadas)

Invasoras

Marchante et al 2008, Almeida e Freitas 2012

?

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Legislação – Decreto-Lei n.º 565/99

Introdução intencional de espécies exóticas na natureza

Exceções “económicas” - agricultura, horticultura, interesse zootécnico

(DL n.º 28039, 14-09-1937

DL n.º165/74, 22 de abril

DL n.º 205/2003, 12 de setembro

Despacho 20194/2009; nº 4, artigo

19º, DL 16/2009, 14 janeiro)

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Alguns exemplos…

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mimosa (Acacia dealbata) – Austrália

Invade principalmente vales e zonas montanhosas, margens de cursos de água e vias de comunicação

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austrália (Acacia melanoxylon) – Austrália

Invade principalmente vales e zonas montanhosas, margens de cursos de água e vias de comunicação

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acácia-de-espigas (Acacia longifolia) – Austrália

Invade principalmente dunas costeiras, cabos e margens de linhas de água

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espanta-lobos (Ailanthus altissima) – China

Invade principalmente junto a vias de comunicação, áreas perturbadas, espaços urbanos; tem aumentado em florestas ribeirinhas

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háquea-picante (Hakea sericea) – Austrália

Invade principalmente áreas perturbadas ou semi-naturais, junto a áreas onde foi plantada (e.g., sebes)

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penachos (Cortaderia selloana) – América do Sul

Invade principalmente dunas costeiras, margens de vias de comunicação e áreas perturbadas

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bons-dias (Ipomoea acuminata) – regiões tropicais do mundo Invade principalmente áreas perturbadas (e.g., edifícios

abandonados) e taludes onde foi plantads

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chorão-das-praias (Carpobrotus edulis) – África do Sul

Invade principalmente dunas costeiras, cabos e taludes onde foi plantado

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azedas (Oxalis pes-caprae) – África do Sul

Invade principalmente áreas de cultivo e abandonadas

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erva-da-fortuna (Tradescantia fluminensis) –América do Sul Invade principalmente sítios sombrios e húmidos, comum

no sub-coberto de matas geridas, bosques naturais, áreas perturbadas, etc

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jacinto-de-água (Eichhornia crassipes) – rio Amazonas

Invade principalmente canais de irrigação, lagoas e lagoachos

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etc. … plantas potencialmente invasoras…

polígono-de-jardim

lantana

Qual o problema de uma planta sozinha? • mimosa - árvores isoladas • erva-das-pampas - milhares de sementes transportadas pelo vento • árvore-do-céu - muitas sementes e propagação vegetativa

•Espécies com comportamento invasor esporádico/começam a dispersar

•Espécies Invasoras noutros locais com clima semelhante ao nosso

•Espécies de géneros com plantas invasoras

•… tempo e estímulos…

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Todos somos intervenientes neste processo. Todos podemos ajudar! “PREVENÇÃO É A MELHOR OPÇÃO”

1. Aprender a identificar as plantas invasoras e NÃO as UTILIZAR

2. Ao comprar plantas, preferir as nativas; se optar por exóticas informar-se sobre o seu caráter invasor

3. Ao passear no campo, verificar que as roupas e sapatos não trazem sementes ou outros propágulos de plantas invasoras

4. Ao limpar os jardins/espaços verdes/terrenos de cultivo, não deitar restos de exóticas na natureza

O que podemos fazer? Alternativas nativas…

...

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5. Organizar ou participar em ações de controlo, palestras, atividades de sensibilização, ou outras, sobre plantas invasoras

6. Mapa de avistamentos de plantas invasoras - projeto de Ciência Participativa, disponível em http://invasoras.uc.pt/mapa-de-avistamentos/

Contribuições através de:

– site – aplicação p/Smartphone Android

7. Linha SOS Ambiente e Território:808 200 520; [email protected]

O que podemos fazer?

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Gestão de Plantas Invasoras (resumido)

Prevenção e Detecção precoce possível a erradicação…

– Educação e sensibilização ambiental são essenciais

– Não usar espécies invasoras

– Não introduzir novas sem avaliar potencial invasor

Estabelecer prioridades (espécies, áreas, etc.)

áreas em início de invasão, árvores isoladas e pequenos núcleos, devem ser prioridade para controlo

Controlo deve considerar SEMPRE a controlos de CONTINUIDADE! (sementes numerosas e com muita longevidade, exemplares que rebentam de touça ou raiz, etc.) Gestão de áreas invadidas deve ser a médio/longo prazo

Identificação correcta da espécie metodologias de controlo adequadas

Aplicação correcta das metodologias de controlo

Muito importante: monitorizar, avaliar, registar, publicitar!

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Referências citadas Almeida JD, Freitas H (2006) Exotic naturalized flora of continental Portugal - a reassessment. Botanica Complutensis

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Hulme, P.E., Pysek, P., Nentwig, W. & Vilà, M. (2009) Will Threat of Biological Invasions Unite the European Union? Science, 40-41.

Marchante, H.. 2011. Invasion of Portuguese dunes by Acacia longifolia: present status and perspectives for the future. Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade de Coimbra. Doutoramento em Biologia, especialidade em Ecologia. 184 pág.

Marchante E, Freitas H, Marchante H (2008a) Guia prático para a identificação de Plantas Invasoras de Portugal Continental. Natura Naturata. Imprensa da Universidade de Coimbra, Coimbra

Ministério do Ambiente (1999) Decreto-lei n.º 565/99 de 21 de Dezembro. In: Diário da República - I Série - A. 295: 9100-9114.

Pyšek P, Richardson DM, Rejmanek M, Webster GL, Williamson M, Kirschner J (2004) Alien plants in checklists and floras: towards better communication between taxonomists and ecologists. Taxon 53 (1):131-143

Richardson DM, Pyšek P, Rejmánek M, Barbour MG, Panetta FD, West CJ (2000) Naturalization and invasion of alien plants: concepts and definitions. Divers Distrib 6:93-107

Vilà M, Espinar JL, Hejda M, Hulme PE, Jarošík V, Maron JL, Pergl J, Schaffner U, Sun Y, Pyšek P (2011) Ecological impacts of invasive alien plants: a meta-analysis of their effects on species, communities and ecosystems. Ecol Lett 14:702-708

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Obrigada!

Mais informação: www.invasoras.pt

[email protected]