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Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de
novembro de 2014. ISSN 2359-084X.
EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO PRECOCE EM PORTADOR DE SÍNDROME
DE DOWN: CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO “CAMINHAR”
Lays da Silva Ferreira¹; Débora Paes do Couto¹; Flávio Costa e Costa¹; Ivete Furtado
Ribeiro Caldas²
¹Discentes de Fisioterapia; ²Fisioterapeuta e Docente de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Introdução: O Serviço do Projeto “Caminhar”, foi estabelecido em 2002, no Hospital
Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), apresentando como finalidade
diagnosticar e realizar acompanhamento clínico em crianças até 12 anos de idade. É
direcionado, prioritariamente àquelas que apresentam alterações de crescimento e/ou
desenvolvimento infantil. Além disso, oferece oportunidade de prática em
desenvolvimento infantil para acadêmicos da área da saúde da Universidade Federal do
Pará. Dentre as patologias acompanhadas no projeto, está a Síndrome de Down (SD),
também conhecida como trissomia do cromossomo 21, a alteração genética mais
comumente encontrada. O portador da doença possui alguns aspectos específicos,
apresentando características particulares, como retardo mental, pregas epicantais nos
olhos, baixa implantação do pavilhão auricular, protusão de língua, hiperflexibilidade
nas articulações, hipotonia muscular, dentre outros. Essas peculiaridades podem se
apresentar de maneira variável e, trazem consigo prejuízos no desenvolvimento
cognitivo, proprioceptivo, adaptação social, bem como, no desenvolvimento motor da
criança. A hipotonia da musculatura, no entanto, apresenta-se como um dos principais
fatores contribuintes para o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (ADNPM),
assim como, atrasos, tanto na motricidade fina, quanto na motricidade grossa da criança
portadora de Síndrome de Down. Diversas são as evidências existentes acerca do atraso
nas aquisições dos marcos motores básicos de portadores da SD, onde a estimulação
precoce tem papel primordial, pois é baseada em exercícios que visam o
desenvolvimento de acordo com a fase em que a criança se encontra. Vale ressaltar a
necessidade de uma identificação precoce, no primeiro ano de vida, de distúrbios que
possam resultar no atraso neuropsicomotor, pois quanto mais precoce for a intervenção,
maiores são as chances de prevenir e/ou minimizar maiores danos. Objetivo: Relatar a
experiência de acadêmicos de fisioterapia da Universidade Federal do Pará, em parceria
com o Projeto Caminhar, a respeito da realização da estimulação precoce em paciente
portador de Síndrome de Down. Métodos: Este é um estudo de natureza descritiva, do
tipo relato de experiência, realizado no ambulatório de neuropediatria, da Faculdade de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional (FFTO), da Universidade Federal do Pará (UFPA),
em parceria com o Projeto “Caminhar” do Hospital Universitário Bettina Ferro de
Souza (HUBFS), executado pelos discentes do nono semestre de fisioterapia da UFPA,
no período do estágio supervisionado, desenvolvido no decorrer de um mês. O objeto de
estudo foi um menor, do sexo feminino, com três meses de idade e diagnóstico de
Síndrome de Down. Foi realizada anamnese, contendo dados da criança, dados da mãe,
referentes à gestação e ao parto e, a avaliação física do paciente. Nesta última, foi
identificada presença de padrão postural extensor, hipotonia muscular global e ausência
de reações de retificação. Reflexos de preensão plantar e palmar, RTCA e marcha
reflexa presentes. Dentre os marcos motores que se relacionam a idade do paciente, não
apresentou controle cervical e não rolava. Além disso, não fixava objetos na linha média
por mais de três segundos, não acompanhava objetos e não levava as mãos à linha
média. Para tal, foi proposto um protocolo de tratamento com objetivos de curto, médio
Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de
novembro de 2014. ISSN 2359-084X.
e longo prazo. A curto prazo, estímulo de controle cervical, estímulo para alcance de
linha média e estímulo de rolar, foram traçados como objetivos; Médio prazo, estímulo
do arrastar e sentar com apoio e, por fim, a longo prazo, estímulo de engatinhar, sentar
sem apoio e a bipedestação. Para aquisição dos objetivos propostos, as condutas
realizadas foram de estimulação de controle cervical, tanto ântero-posterior, quanto
látero-lateral, com utilização de bola suíça - 45 cm e rolo; Estímulo para alcance de
linha média, através de brinquedos; Estímulo de rolar; Estímulo à reação de proteção
anterior; Mobilização em diagonais de membros superiores para fortalecimento. É
importante ressaltar que em todas as condutas realizadas, foram utilizados estímulos
audiovisuais. Foram realizados seis atendimentos, duas vezes na semana, em dias
alternados, com duração de 30 a 40 minutos cada e, ao final dos atendimentos eram
feitas orientações ao responsável para reprodução dos estímulos em casa. Avaliação foi
feita ao início da primeira sessão, e reavaliada ao final do último atendimento.
Resultados/Discussão: O paciente beneficiado pelo Projeto “Caminhar” após seis
sessões de atendimento fisioterapêutico, apresentou como resposta ao tratamento, ganho
das reações de retificação, membros superiores levados à linha média, aumento do
tempo de fixação de objetos, passando de 3 segundos à dois minutos, acompanhamento
de objetos a 180º, início da atividade voluntária de membros superiores e,
desaparecimento do RTCA e da marcha reflexa. Além disso, apresentou melhora no
controle cervical antero-posterior e latero-lateral e, segundo relatos da mãe, em casa,
realizou o movimento de rolar, porém durante os atendimentos foi somente observado o
rolar parcial da paciente. Pode-se observar ainda, melhora expressiva nas interações
interpessoais e com o ambiente. Conclusão: Através deste trabalho foi possível ratificar
a importância da estimulação precoce em portadores de Síndrome de Down, tendo em
vista a ótima evolução da paciente em questão em um curto período de tempo,
aproximando ao máximo aos marcos de desenvolvimento motor adequados a sua faixa
etária. Vale ressaltar ainda, a importância da participação e compromisso dos
cuidadores durante todo o processo, devendo, portanto, haver uma boa interação entre
terapeuta e os pais para que os primeiros possam orientar quanto ao manuseio, posturas
e posicionamentos adequados, visto que a prática das atividades tem influência decisiva
sobre a evolução da criança.
Referências:
HALLAL, CZ; MARQUES, NR; BRACCIALLI, LMP. Aquisição de habilidades
funcionais na área de mobilidade em crianças atendidas em um programa de
estimulação precoce. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento
Humano. São Paulo, vol. 18, n. 1, abr., 2008.
MATTOS, BM; BELLANI, CD. A importância da estimulação precoce em bebês
portadores de Síndrome de Down: Revisão de Literatura. Revista Brasileira de
Terapia e Saúde. Curitiba, vol. 1, n. 1, p. 51-63, jul./dez., 2010.
RODRIGUES, et al. Comparação das habilidades motoras em crianças com síndrome
de Down e crianças sem distúrbios de desenvolvimento. Brazilian Journal of Motor
Behavior. vol. 6, n. 1, pp.45-55, 2011.
RIBEIRO, CTM, et al. Perfil do atendimento fisioterapêutico na Síndrome de Down em
algumas instituições do município do Rio de Janeiro. Revista de Neurociências. Vol.
15, n. 2, p. 114-119, 2007.
Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de
novembro de 2014. ISSN 2359-084X.
Universidade Federal do Pará. Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS).
Belém, 2011. Disponível em: <http://www.bettina.ufpa.br> Acesso em: 06 de outubro
de 2014.