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DEPENDENCIA QUIMICA: MANEJO NAS INTOXICAÇÕES AGUDAS POR
ALCOOL E DROGAS
Dr. Alexei Magier Kachava - CRM/SC 12.689 PSIQUIATRA - RQE 8093
Florianopolis (SC), 06 de outubro de 2018.
OBJETIVO
• Diagnostico intoxicações mais comuns: álcool, cocaina e derivados e cannabis
• Manejo emergencial intoxicações: álcool, cocaina e derivados, cannabis
• Principios manejo especifico • Considerações legais
ESTATISTICAS II LENAD
• II Levantamento Nacional de alcool e drogas,2012 • Alcool: 59% populaçao brasileira bebedora já
bebeu em binge (> 5 doses) • Tabaco: 17 % da população fuma regularmente • Cocaina: uso na vida (1x) 3,8% população
brasileira já usou 1x na vida de cocaina • Prevalencia anual de uso de crack : 800 mil
brasileiros (0,7% populacao) • Maconha: 8 milhoes de pessoas já utilizaram na
vida
ALCOOL
ALCOOL
1) Manifestações clinicas (conforme alcoolemia): 50-150 mg/dl: verborragia, redução reflexos, excitação , depressão SNC, visão turva 150-300 mg/dl: ataxia, confusão mental, logorreia 300-500 mg/dl: incoordenação motora acentuada, torpor, convulsões, distúrbios eletrolíticos > 500mg/dl: coma, falência respiratória/circulatoria
ALCOOL
• Enfalopatia Wernicke: nistagmo, paralisia facial e ocular (VI e VII) pares, ataxia (marcha ampla e oscilante), desorientação temporal/espacial, sonolência, lentificacao respostas. Associada a síndrome abstinência alcoolica
• Sindrome abstinência alcoolica: náuseas, vômitos, tremores, sudorese,hiperreflexia, delirium, convulsões
SUBSTANCIAS ILICITAS
• Intoxicações: emergência médica • Estimulantes SNC: Cocaína, crack, anfetaminas • Cannabis: ação perturbadora SNC • Demais substâncias, associações (poliusuarios) • Tratamento clinico urgencia
COCAINA, CRACK, ANFETAMINAS
COCAINA, CRACK, ANFETAMINAS
1) Cocaina, crack, anfetaminas (MDMA, MDA...) • Anfetaminas (ilicitas): derivados da MDMA (3,4-
metilenodioxianfetamina): MDA, DOB, MDA, MDAN-OH, MDEA, MET, DOET, DOM, PMA, TMA. Nomes populares: ecstasy, ice, cristal Meth, speed...
• Anfetaminas (uso médico): metilfenidato, lisdexanfetamina, modafinila, mazindol fenpropoporex, anfepramona.
• Crack: pedras contendo de 50 a 100 mg de cocaina (mistura bicarbonato sodio/hidroxido sodio), fumada
COCAINA, CRACK, ANFETAMINAS
• Agentes simpatomiméticos (estrutura semelhantes à noradrenalina).
• Liberação central e periférica monoaminas (noradrenalina, dopamina e serotonina) + bloqueio recaptação neuronal + inibição degradação (monoaminoxidase – MAO)
• Tolerancia variavel, maioria efeitos estimulação adrenergica em SNC e cardiovascular ( Obito: 1 g VO ou 20 mg EV )
COCAINA, CRACK, ANFETAMINAS
• Quadro clínico: Agitação psicomotora, sudorese, midríase, náuseas, vômitos, dor abdominal, hipertensão, taquicardia, dor torácica, cefaleia, hiperventilação.
• Sintomas psiquicos: agitação psicomotora, delirios persecutorios, alucinações auditivas, visuais).
• Sintomas abstinencia especificos (após 24 horas intoxicação): sono, fome intensa, exaustão, humor deprmido.
COCAINA, CRACK, ANFETAMINAS
• Intoxicações graves: Hipertermia (> 40ºC),
desidratação, arritmias • Complicações sistêmicas: Hipertensão, infarto
agudo do miocárdio, dissecção de aorta, acidente vascular cerebral, insuficiencia renal e hepatica, colite isquemica, rabdomiolise, pneumotorax, morte súbita.
COCAINA, CRACK, ANFETAMINAS
• Sintomas abstinencia (3-4 dias): “Crash”. 3-4 dias, hipersonia, esgotameno fisico, sintomas depressivos
• Sintomas abstinencia (15 -120 dias): extincao (sintomas afetivos).
• Sintomas asbstinencia (meses e anos): extincao, anedonia, planejamento
CANNABIS
CANNABIS
• Fumada a partir da confecção de cigarros • Haxixe: a partir da resina (folhas da parte superior
das inflorescências femininas da Cannabis indica) • Narguilé • “Bango”: apresentação líquida ou na forma de
doces. Consumido VO. • Crazy cake: bolo preparado com a maconha. • Outras apresentações: biscoitos, barra de cereais,
gomas, chicletes, pirulitos de maconha
CANNABIS
• Dose toxica variável: tolerância • Sinais físicos: hiperemia ocular, ataxia, fala arrastada,
boca seca, aumento do apetite, taquipnéia, taquicardia.
• Hipotensão ortostática e hipertensão arterial ( doses mais elevadas)
• Efeitos psíquicos: relaxamento, euforia, risos espontâneos, aumento do apetite, prejuízo da memória/coordenação/ atenção, alteração da orientação espaço-tempo, perturbações sensoriais (alucinações, ansiedade), reagudização psicose prévia.
MANEJO GERAL
MANEJO GERAL 1) Avaliação inicial • ABCDE (ACLS, ATLS): abertura vias aereas, Respiração,
Circulação/cardiovascular, Neurologico, exame fisico geral. • Sinais vitais • Nível e estado de consciência • Pupilas (simetria, reatividade à luz): miose, midriase • Temperatura e umidade da pele • Hidratação • Saturação oxigenio (Oximetria de pulso) • Ventilação • Acesso venoso
MANEJO GERAL 1) Avaliação inicial (achados) • sinais de trauma, infecção, marcas de agulha ou edema de
extremidades. • Quais substancias usadas, qual a mais letal no momento • Qual via foi utilizada • Quanto tempo após o uso os sintomas se iniciaram • Uso de álcool associado • Gravidez • Lesões de mucosa nasal, presença restos substâncias,
aparatos de uso, queimaduras • Busca ativa de complicações
MANEJO GERAL
2) Exames complementares • Laboratorio geral: eletrolitos, funcao renal e
hepatica, hemograma, gasometria, enzimas cardiacas (CK, CK-MB, troponina).
• ECG: obrigatorio • Imagem: RX simples, Tomografias (conforme
suspeita complicações) • Endoscopia digestiva
MANEJO GERAL
3) Exames toxicologicos • Praticidade • Tempo resultados: 2horas (minimo) • Amostra urina: cocaina/crack/anfetaminas,
cannabis. • Kits especificos • Duvida diagnosticas: poliusuários
MANEJO GERAL 4) Complicações • ACLS/ATLS: cardiovascular, neurologico (AVC, IAM, IR,
rabdomiolise, hipovolemia..) • Lavagem gastrica ingestão recente (<2h) de medicações
em associação • Carvao ativado: associação com medicações de
circulação entero-hepatica meia vida longa (p. ex. anticonvulsivantes)
• Alcalinizacao urina (bicarbonato sodio): idem • Hemodialise/hemoperfusao: raridade • Antidotos: pouca utilidade susbtancias ilicitas
MANEJO ESPECIFICO NAS INTOXICAÇÕES
1) Medicações e cuidados • Pesquisar multiplas susbtancias • Tiamina 200mg EV: alcool e hidrocarbonetos • Vit B12: alcool e hidrocarbonetos,
polineuropatia, disturbios marcha. Administração EV (ataque) ou IM (semanal)
• Fluidoterapia (hipotensao postural, desidratacao, protecao cardiovascular/renal)
MANEJO ESPECIFICO NAS INTOXICAÇÕES
• Benzodiazepinicos parenterais: diazepam (EV), midazolam (IM). Indicado agitação psicomotora e convulsões.
• Antipsicoticos: delirios, alucinacoes persistentes. Haloperidol 5mg IM ou VO (até 15 mg/dia), em associação com prometazina 25mg (até 50mg/dia).
• Convulsoes e mal epileptico: Midazolam, diazepam, fenobarbital.
• Delirium: rebaixamento consciencia + oscilação Glasgow = investigação ativa de complicações não manifestas
MANEJO ESPECIFICO NAS INTOXICAÇÕES
2) Abstinencia alcoolica e complicações • Encefalopatia Wernicke: Tiamina 100MG EV
em SF ou SG (ou IM) + VO • Diazepam EV/VO • Fenobarbital/Anticonvulsivantes
MANEJO ESPECIFICO NAS INTOXICAÇÕES
• Notificação compulsoria: Portaria GM/MS Nº 204 de 17 de fevereiro de 2016
• CID10 F10-19 • Obito: grupo T (36-65)
Portaria GM/MS Nº 204 de 17 de fevereiro de 2016
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Intoxicação aguda = emergência clínica • Avaliação integral • Dependência química não exclui protocolo
inicial de atendimento (ATLS, ACLS) • Complicações: Confusão Mental (Delirium) X
Delirios/sintomas transtornos especificos • Avaliação especializada = último tratamento • Avaliação e manejo especializado
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Perguntar + avaliar e Aconselhar + preparar: PAAP • Padrao de uso, tentativas de cessar, dificuldades
em parar, aconselhamento ativo. • Nao julgar, confrontar ou competir: vinculo • Remover barreiras, evocar duvidas • Estagios motivacionais: pre-contemplação,
contemplação, preparação, ação, manutenção • Encaminhar e acompanhar: dividir cuidados. • Abordagens multiprofissionais: AA, NA,
internamentos, ambulatorial, saude mental
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Nenhum tratamento é efetivo para todos • Necessita ser disponível • Deve atender as varias necessidades e não
somente ao uso de drogas • Deve ser constantemente avaliado e
modificado de acordo com as necessidades do paciente
National Institute of Drug Abuse – NIDA, 2009 (EUA)
REFERÊNCIAS
• Hernandez EMM, Rodrigues RMR, Torres TM. Manual de Toxicologia Clínica: Orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas / São Paulo: Secretaria Municipal da Saúde, 2017. 465 p. Disponivel na URL: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/MANUAL%20DE%20TOXICOLOGIA%20CL%C3%8DNICA%20-%20COVISA%202017.pdf
• Diehl A, et al. Dependencia Quimica: prevencao, tratamento e politicas publicas. Artmed: Porto Alegre,2011.