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SUMÁRIO

Educação ReligiosaA Sagrada Engenharia

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IgrejaUnidade e solidariedade

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Vida CristãPecado Zero, Viva o lado santificado da vida!

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Saúde EmocionalDo solidário ao solitário – percurso amigo no viver de irmão

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Apresentação27

28 O que é culto

32 Cultuar é necessário

36 Adoração extravagante, 1

40 Adoração extravagante, 2

44 Adoração sincera

48 Deus: o principal oficiante do culto

52 Estilos de culto

56 Música na Bíblia, 1

60 Música na Bíblia, 2

64 Cristo: assunto central no culto

68 Músicos ou Levitas?

72 Viver para cultuar

76 Adoração e Missão

10Palavras do redatorO que é adorar?

05Primeiras PalavrasVivendo um novo tempo!

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Quero parabenizar o pastor José Gomes da Silva (Igreja Batista de Ponte Preta – Queimados – RJ), pelo excelente comentário sobre o livro de “Neemias”, em que o autor abordou com muita propriedade a “Destruição de Jerusalém”, pelos Babilônicos, dando início ao cativeiro. A cidade foi totalmente arrasada, os judeus sofreram muito. Quero ressaltar a visão de Neemias na restauração dos muros de Jerusalém em cinquenta e dois dias, sofrendo oposição de Sambalate, Tobias e outros, mas não recuou um só instante. Quantos sofrimentos, quantas vidas destroçadas, até a cultura do povo foi prejudicada. Confesso que aprendi muito nestas 13 lições em que o autor abordou com muita profundidade, extraindo de um “Resumo Histórico” acontecimentos de um povo que foi escolhido por Deus para ser o porta-voz às nações, mas negligenciaram e foram derrotados pelos opositores babilônicos.

Quero registrar também meus cumprimentos aos autores das demais matérias publicadas na revista e solicito ao pastor Francisco Nicodemos Sanches que escreva as 13 lições sobre o livro de Jó, pelo qual tenho muita apreciação, pelo seu conteúdo doutrinário profundo, que certamente trará muita contribuição às igrejas batistas.

Fica aqui registrada a minha contribuição.

Cordialmente,Ailton Marques

1ª IB Mesquita / RJ

Quero mas uma vez parabenizar a revista Palavra e Vida, que já faz parte da minha vida, pois todos os dias estudo as lições e tenho aprendido muito. Quero parabenizar o pastor Lécio Dornas pela iniciativa de colocar o significado de palavras não muito comuns no nosso vocabulário diário. Falei sobre isso na revista outubro/novembro/dezembro 2009, sobre a dificuldade de pessoas entenderem as lições, por muitas delas não terem acesso a dicionários, por isso quando olhei a revista deste trimestre fiquei muito feliz. A paz do Senhor para todos.

André Marcos Porto Nascimento3ª IB de Macaé - RJ

Olá, queridos! Graça e Paz!

As lições do 4º trimestre estão ótimas, contextualizadas. Aliás, as lições do 2º e 3º estão se complementando. Parabéns!

Quero salientar a necessidade de uma revisão detalhada, cuidadosa, com relação aos vocábulos empregados nas lições. Se estamos em uma “Escola” precisamos ser práticos e facilitadores.

Gosto das palavras rebuscadas, mas elas se encaixam melhor nos “halls” das universidades e não nos bancos da EBD. Deduz-se que, caso os professores tenham alguma dificuldade, recorram ao dicionário ou internet, mas, e aqueles alunos que não têm acesso estes? Sem

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falar que pode interromper uma linha de raciocínio enquanto se vai à busca de ajuda.

Salomão, o mais sábio dos homens, escreveu “teses” profundas, mas de fácil assimilação. O que dizer de Jesus, o Mestre dos mestres, a essência da sabedoria, que usava as coisas simples para ensinar grandes verdades. Até as crianças estavam ao redor dele!

Faço questão de ler as “prédicas” dos pastores José Maria de Souza e Marcos Zumpichiatte, quanta profundidade com tanta simplicidade! E as palavras da Lucimery (tive a honra de conhecê-la no Congresso de EBD em Austin (ela é bênção pura!) falou exatamente o que aconteceu comigo em 2010 quando eu quis recusar ser diretora de EBD: Deus me perguntou o que eu tinha nas mãos e me fez lembrar o milagre que foi conquistar o bacharelado. E quando as coisas ficaram complicadas e resolvi parar, Deus me levou até Eclesiastes 9.4,10. Por isso, enquanto eu tiver o sopro da vida e a graça de Deus, procurarei ajudar aqueles que Deus me confiou. Glórias, honras, adoração e louvor ao único que é digno de receber: o Deus Todo-Poderoso! Um forte abraço a todos.

Jaine P. S. Alexandrino

1ª IB em Piraí/RJ

Olá, Irmã Lucimery

Ontem recebi a revista do trimestre e fiquei muito feliz em ler um artigo seu.

Realmente Deus a abençoou com o dom da escrita, porém mais que isso, o discernimento que você tem, a visão do todo. Irmã, me identifiquei muito. Sou do tipo que utiliza todos os recursos disponíveis... se não tem isso, uso aquilo, e assim realizamos a obra.

Eu era membro de uma igreja maior, mais cidade. Quando me transferi para Vila Brasil em Itaboraí e apareci na EBD com tiras de papel com tópicos previamente escritos. Para minha surpresa a classe amou, o diretor veio me parabenizar. Eu pensei: Se aparecesse na outra igreja com isso seria chamada de arcaica.

Fiz recentemente o estudo do Manual na JCA utilizando um álbum seriado, confeccionado por mim. Foi um sucesso e serviu de exemplo no treinamento de professores da EBD.

Obrigada por reforçar a ideia que o que vier às nossas mãos precisa ser bem-feito com os recursos disponíveis.

Deus a abençoe constantemente, como tem feito.

Fico aqui orando e aguardando sua próxima palavra.

Beijão, Nilma Beltrão

[email protected]

Escreva para nossa redação.

Mande suas sugestões, críticas e observações.

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“Então lhes contou esta parábola: ‘Ninguém tira um remendo de roupa nova e o

costura em roupa velha; se o fizer, estragará a roupa nova, além do

que o remendo da nova não se ajustará à velha. E ninguém põe vinho novo em vasilha de couro

velha; se o fizer, o vinho novo rebentará a vasilha, se derramará,

e a vasilha se estragará. Ao contrário, vinho novo deve ser

posto em vasilha de couro nova.’” Lucas 5.36-38

Naturalmente que no Mundo Antigo não havia vasilhames de vidro e plástico, senão cantis

feitos de peles de animais e moringas feitas de barro. O texto antes fala do remendo novo que não deve ser colocado em roupa velha, pois esta não resistiria e acabaria se rompendo causando desperdício de tempo e recursos.

Dentro da cultura do seu tempo, como lhe era de costume, Jesus usa estas duas figuras: remendo novo em roupa velha e vinho novo em odres velhos, para falar de mudanças e transformações.

De um modo geral podemos afirmar que há um princípio claro nessa parábola: realidades e situações novas requerem estruturas novas para serem vivenciadas. De um outro ponto de vista, podemos afirmar que se desejamos resultados diferentes em um novo tempo, precisamos ter ações ou atitudes diferentes, caso contrário, como temos aprendido, é insanidade.

Se você vai para uma atividade nova, seja um esporte, um trabalho, uma situação nova,

Primei

Vivendo um novo tempo!

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normalmente isso vai exigir de você que aprenda habilidades novas. Por exemplo, se você vai entrar num relacionamento novo no emprego, nos estudos, na vizinhança, e até mesmo no casamento e vida em família, isso vai requerer de você a capacidade de adquirir novas atitudes.

Se você deseja viver um novo tempo, se as nossas igrejas desejam experimentar um novo tempo, ainda que entremos num novo ano, isso não ocorre de modo automático. Quantas e quantas vezes vemos pessoas, famílias, empresas, igrejas entrarem num novo tempo (ano) e não experimentarem nada novo. Sem dúvida, um novo tempo vai estar relacionado sempre a novas atitudes.

Aplicando à vida pessoal, o que poderia ser chamado de odres velhos ou remendos velhos? Velhas maneiras de pensar, hábitos velhos, velhos modos de agir, de falar, de responder. Aplicando à vida da igreja, poderíamos falar de estratégias que já deram certo e hoje pela conjuntura atual já não funcionam mais, ainda que no passado tenham produzido bons frutos, mas hoje já não produzem mais.

Que tal diante de um novo ano, fazermos uma revisão dos nossos procedimentos, de nossos hábitos, de nossas estratégias? Nós não

precisamos abrir mão de nossas convicções, para nos abrirmos para novas estratégias e metodologias.

Considerando esta possibilidade quero desafiá-lo a, diante dos novos problemas, reagir com criatividade; diante das novas pressões reagir com convicção e diante das novas possibilidades, reagir com coragem.

Em primeiro lugar, diante dos novos problemas reaja com criatividade. Se você tem dúvidas, eu tenho certeza que você enfrentará muitos problemas em 2013 e vários deles se apresentarão de forma que você não estava acostumado a enfrentar. Tenho aprendido que ser inteligente é ter a capacidade de estar aberto a novas ideias e até mesmo a procurar por elas. Posso afirmar, pela observação, que a maioria das pessoas gasta mais tempo e energia girando em volta dos problemas do que tentando resolvê-los com criatividade. Ser criativo na busca de solução dos velhos e novos problemas implica você deliberadamente evitar endurecer em suas opiniões.

Lembro-me muito bem quando fazia os meus trabalhos de seminário e com muito custo usava a máquina de escrever, quando era possível. Pode rir, mas sou desse tempo. Algum tempo depois, numa instituição, mesmo com a chegada do computador, ainda era

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proibido entregar os trabalhos de pós-graduação digitados, tinham que ser datilografados. Hoje, é impossível se pensar num trabalho de pós-graduação que não seja preparado em um computador. Diante dos novos problemas, vamos reagir com criatividade.

Em segundo lugar, diante das novas pressões, reaja com convicção. Uma coisa é a capacidade criativa para buscar estratégias novas e outra coisa é manter a nossa convicção diante das pressões da vida. “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Romanos 12.2

O ensino do texto é que não se pode permitir que o mundo molde você, as suas convicções, mas ao contrário você vai se deixar ser moldado por Deus. Nada pode ser mais valioso do que o conjunto de crenças que temos conosco. De acordo com o que cremos vamos ser bem ou malsucedidos em nossas vidas em todas as áreas. A guerra não é uma coisa boa, mas apenas para ilustrar, a guerra para alguns é apenas uma tarefa que se cumpre em nome de algum país, enquanto para outros, é uma questão de honra, de luta por um

ideal. O diferencial é o que se crê, são os valores que se tem.

Pergunto eu: quais são os valores em que você acredita pessoalmente, como família? Quais são os valores inegociáveis de sua igreja? Um líder sem convicção não vai a lugar algum com os seus liderados. Pessoas sem convicção não realizam grandes coisas.

Diria que uma frase que revela convicção seria: Farei somente a coisa certa não importando quais sejam as consequências.

Daniel, o servo de Deus da Bíblia, fez isso. Diante do manjar do Rei, posicionou-se em não comê-lo, correndo todos os riscos. O resultado foi a bênção de Deus sobre sua vida. Faça uma reflexão pessoal, diante da oportunidade de viver um novo ano, rever os seus valores e suas convicções, sendo eles coerentes com Deus e com a sua Palavra, reafirme-os e Deus abençoará você.

Em terceiro lugar, diante das novas possibilidades, reaja com coragem. Se um novo ano traz consigo novas possibilidades isso pode significar uma oportunidade de crescimento. Quando uma porta se abre, se temos a certeza de que é de Deus para nós, devemos reagir com fé, com coragem. Eu creio que Deus ao nos dar um novo tempo, está nos dando também novas possibilidades. Precisamos estar

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com os olhos abertos para elas e nos lançarmos para realizá-las, ainda que isso signifique correr algum risco. A bem da verdade, você se lembra de algum ato de fé na Bíblia que não tinha consigo riscos iminentes?

Que tal identificar velhos e maus hábitos e lutar contra eles mudando para novos e bons hábitos abençoados por Deus? Que tal adotarmos uma disciplina específica seja relacionada à vida espiritual, física, familiar ou até mesmo profissional, visando obtermos resultados novos e duradouros? O que você espera colher de forma diferente do que você tem colhido até aqui, requer que você semeie. Uma colheita diferente na vida familiar, financeira, física, espiritual, familiar, profissional, requer uma semeadura diferente e corajosa. Diz a Bíblia: “Pois o que o homem semear, isso

também colherá” (Gálatas 6.7). Se você deseja que sua vida material cresça, que sua vida espiritual cresça, que a sua igreja cresça, você precisa estar aberto a assumir novos compromissos com coragem e fé.

Vivendo um novo tempo: diante de novos problemas ou situações, use a sua criatividade dada por Deus; diante das pressões sejam elas quais forem, aja com convicção e baseado nos seus valores; diante das novas possibilidades, mantenha a coragem e a fé.

Aproveite a ocasião de um novo ano, para que com ele você viva de fato um novo tempo do agir de Deus em sua vida, em sua história, em sua liderança e na vida da sua igreja.

José Maria de Souza Pastor, diretor executivo da CBF

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O que é adorar?

“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores

adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a

tais que assim o adorem.” (João 4.23)

Jesus afirma com autoridade que

o Pai procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade, porque Deus sempre quis do homem uma atitude de adoração verdadeira e voluntária. Por isso nós, que hoje nos levantamos como adoradores, se queremos adorar ao Senhor da maneira certa devemos antes entender o verdadeiro significado da adoração.

ADORAR: O dicionário Aurélio

define adoração como culto a uma divindade; culto, reverência e veneração. O mesmo dicionário define o verbo adorar como render culto a (divindade); reverenciar, venerar (Dicionário Aurélio

Eletrônico). No original grego encontramos a palavra proskuneo, que tem como significado: prostrar-se, vergar-se, obedecer, mostrar reverência, homenagear, louvar, adorar.

Na adoração a Deus não existe uma fórmula exata de como fazer ou um modelo de adoração predefinido. A adoração é algo que deve ser feito com espontaneidade, voluntariedade, em espírito e em verdade como o próprio Jesus falou.

A mulher samaritana trouxe a Jesus uma pergunta muito difícil de ser respondida, pois qualquer um que não fosse entendido diria que o modelo certo de adoração

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seria o da sua igreja. Aquela mulher sendo samaritana sabia que os seus pais adoravam nos montes, mas ela também sabia que Jesus era judeu e que os judeus adoravam em Jerusalém, no Templo feito para adoração. Porém Jesus conhece o verdadeiro significado da adoração e ao responder Ele nos dá uma lição, uma grande lição.

Não existe lugar específico para adorar a Deus. Os samaritanos subiam os montes para adorar, mas ao descer esqueciam todo o sentido da reverência e o verdadeiro amor ao Pai, enquanto que os judeus iam ao Templo para adorar, faziam longas viagens até Jerusalém no intuito de adorarem a Deus, mas também não conseguiam entender o verdadeiro sentido da adoração. Jesus responde: nem nos montes, nem em Jerusalém, mas em espírito e em verdade.

O que será que Jesus quis dizer com este “adorar em espírito e em verdade”? Adorar em espírito e em verdade, implica buscar a Deus de todo o nosso coração: Deus nos garantiu que o acharíamos, ao buscá-lo de todo o nosso coração (Jr 29.12,13 – “Então vocês clamarão a mim, virão orar a mim, e eu os ouvirei. Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração” ).

O rei Davi entendeu muito bem este fato e escreveu salmos lindos, contando este fato:

Sl 111.1 “Aleluia! De todo o coração renderei graças ao Senhor, na companhia dos justos e na assembleia”.

Sl 138.1,2 “Render-te-ei graças, Senhor, de todo o meu coração; na presença dos poderosos te cantarei louvores. Prostrar-me-ei para o teu santo templo e louvarei o teu nome, por causa da tua misericórdia e da tua verdade, pois magnificaste acima de tudo o teu nome e a tua palavra”.

Deus está à procura de adoradores. Mas Ele não quer “qualquer tipo” de adoradores e sim os “verdadeiros adoradores”. Como já vimos, o verdadeiro adorador é aquele está ansioso por desenvolver diariamente com o Senhor um relacionamento íntimo e de comunhão.

As lições deste trimestre irão enfocar o tema “Adoração & Adoradores – princípios bíblicos para o culto cristão”, e foram escritas por Elildes Junio Macharete Fonseca, pastor titular na Primeira Igreja Batista no Bairro São João (São Pedro da Aldeia/RJ). Desfrute destas lições que falam de Adoração baseadas no Culto Cristão.

Pr. Marcos Zumpichiatte MirandaDiretor de Educação Religiosa

Redator da Revista

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A Sagrada Engenharia

"Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês vai

completá-la até o dia de Cristo Jesus.� Filipenses 1.6

Na arquitetura ou na engenharia a capacidade de elaboração e avaliação dos projetos, da

observância e cumprimento das normas técnicas e padrões de qualidade são competências essenciais para que um profissional alcance excelência em seus empreendimentos. Construir é � em linhas simples e gerais � gerenciar etapas preestabelecidas por um projeto sem deixar de preencher as exigências dos órgãos reguladores da construção civil, no caso de um edifício, por exemplo. No Brasil, quem dita tais critérios é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e quem habilita e fiscaliza o profissional da construção é o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA). Sendo assim, aprendemos que toda

construção obedece a um padrão. E essa lógica também opera em nosso caminho de santificação. Deus está realizando uma obra sublime em nós e o seu referencial de perfeição é a imagem de seu Filho Amado. A esse processo chamo de A Sagrada Engenharia. Vamos compreender um pouco mais dessa transformação a partir dos ensinos paulinos e da vida de Jesus.

O Projeto do PaiLogo no início de sua carta aos

Filipense, o apóstolo Paulo apresenta sua convicção de que o Pai atua

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contínua e diretamente na vida dos que se sujeitam à sua autoridade. É no coração de Deus que a transformação da humanidade encontra sua origem. O texto bíblico nos revela que Deus é quem começa em nós uma boa obra. Ele nos amou primeiro, veio ao nosso encontro na pessoa histórica de Jesus de Nazaré, nos salvou graciosamente na morte e ressurreição do Cristo e opera em nós e conosco a santificação pela obra libertadora do Espírito. Na jornada de nos fazer sua habitação, Deus mesmo é quem efetua toda a engenharia santificadora. Nas palavras do Dr. Russel Shedd: �Se Deus já começou a operar em você, cuidado! Pois é muito difícil escapar de seus braços insistentes e amorosos”.

O próprio Pai, na condição de construtor da nossa espiritualidade, tem um referencial em mente ao trabalhar na vida de cada um de nós. O paradigma de excelência de Deus é Jesus, O Filho que lhe apraz e que lhe honra a santidade. A finalidade do projeto de Deus é construir a imagem de Jesus em nós. O propósito de Obra de Deus é que a semelhança com Filho nos faça seus familiares. Jesus é o protótipo da nova humanidade e a Meta da obra redentora. O Irmão mais velho da Casa ao qual o Pai quer que seus filhos mais novos se assemelhem. O exemplo de perfeição do Filho é a norma que Deus usa para efetuar em nós suas intervenções santificadoras (Romanos 8.29). Outro texto bíblico que relata este projeto de crescimento

e de transformação que tem Jesus como padrão é o de Gálatas 4.19: “Meus filhos, por quem sofro de novo dores de parto, até que Cristo seja formado em vó” (grifo do autor). Quando Deus concluir sua obra, o que se verá é uma nova família de pessoas justificadas pelo Cristo e perfeitas como Jesus, em tudo. Enquanto não chega o "dia de Cristo", estamos em obra!

Na prática o que é ser como Jesus?É evidente que quando falamos

sobre semelhança com Cristo não estamos nos referindo a questões estéticas. Não se trata se uma aparência de santidade. A semelhança com Jesus ocorre quando o caráter do Messias molda nosso caráter; quando nascemos em Cristo e nos identificamos com sua vida, valores, visão e formas de atuação no mundo. Ser como Jesus é encarnar uma vida plena de sentido, abundante: assumindo a mente santa e sábia do Filho de Deus, a ética revolucionária do Cristo, sua paixão constrangedora pela Missão e suas atitudes libertadoras, humildes e compassivas em direção aos injustiçados, aos inválidos, aos miseráveis e aos oprimidos de seu tempo. Ser como Jesus é viver em adoração voluntária ao Pai e em obediência e serviço incondicionais às suas palavras.

Esse processo de similaridade acontece de forma natural e

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espontânea, e não mecânica e burocrática. É na relação com a pessoa de Jesus e não num contato filosófico com seus ensinos que nos assemelhamos a Ele. A fé cristã não é acúmulo sistemático de conteúdos "sagrados", é, sim, nutrição afetiva e relacionamento estreito com uma pessoa real e amável – Jesus Cristo. Ele é nosso padrão e nossa "norma" de santidade, não porque regulamenta e moraliza nosso comportamento por meio de rígidos códigos de conduta religiosa e prescrições morais,mas, sim por SER um exemplo de ser humano, um modelo de vida e de como se vive. Ser discípulo de Jesus, portanto, é acolher na consciência e no afeto sua vida admirável – real e realizável. A mera recepção fria e dogmática de suas verdades não nos fará seus seguidores, não nos fará seus imitadores, seus familiares. Quanto mais nos rendemos à sua escandalosa graça e nos sujeitamos à operação renovadora da Palavra que santifica, tanto mais semelhantes ao Primogênito seremos.

Quem garante o sucesso do projeto?

Ainda no texto de Paulo aos Filipenses, o apóstolo nos ensina que pertence a Deus o querer e o efetuar (2.13) e na carta aos Tessalonicenses (1Ts 5.24) qualifica o Engenheiro responsável pela boa obra como fiel. Qualquer obra exige responsável técnico qualificado, ainda mais a obra da santificação. Logo, quem garante que a construção do Cristo em nós será um sucesso é a fidelidade que o engenheiro tem ao amor que nutre pela sua criação. Por fidelidade a Ele mesmo e à sua Palavra, nos redimirá, por completo, observando a mais linda expressão de santidade – a vida do Filho. Deus não nos abandonará inacabados. Ele não deixa suas obras pela metade. Até o dia de Cristo seremos como Cristo, para glória de Deus-Pai.

Pr. Fellipe dos AnjosIgreja Batista Maria Paula

Presidente da [email protected]

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Unidade e solidariedade

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A solidariedade está conectada a unidade, seja pessoal ou coletiva. Vejamos os irmãos

primitivos. Como eles eram unidos e solidários (Atos 2.42-47; 4.32-37)! A solidariedade não tem segundas intenções, pois está intimamente ligada à unidade de pensamento e de coração em Cristo, em contraposição à esquizofrenia deste mundo pós-moderno. Paulo ensina esta verdade em Filipenses 2.1,2. Brennan Manning citando Nouwen, diz: “Conforto é o grande presente humano que gera a comunidade. Aqueles que se unem em uma vulnerabilidade mútua ficam presos uns aos outros por uma força nova que os torna um só corpo”. Isto é ser Igreja.

Ser bondosos e compassivos uns para com os outros significa

o exercício da solidariedade. Conheço um irmão que, ao sair de casa de carro, viu uma senhora pobre levando uma bolsa e um móvel bem incômodos para serem carregados. Ela passou por ele carregando o móvel velho e parava por causa do peso... Ele saiu com o carro e passando por ela seguiu em frente. Mais adiante, certo do seu amor cristão, ele voltou, emparelhou com ela, ofereceu carona, colocando o móvel no banco de trás, conduzindo-a ao lar. O que ele fez? Agiu com solidariedade.

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Sejamos imitadores de Deus, pois Ele é perfeitamente Solidário. Como filhos amados, vivamos em amor (Ef 5.1). A natureza de Deus é amor (1 João 4.8). Andemos em amor como Cristo nos amou e a Si mesmo se entregou a Deus por nós como oferta e sacrifício com aroma suave (Ef 5.2). Olhemos para a vida do Salvador nos evangelhos e veremos o quanto Ele realizou para cumprir toda a vontade do Pai, fazendo sempre o bem.

Precisamos de solidariedade neste mundo voltado para si mesmo. Há muitos solitários que precisam de solidariedade. Jan Vanier, catedrático, professor da Universidade de Toronto, com todo o conforto do primeiro mundo, largou o seu trabalho, movido por amor ao próximo, e foi para os arredores de Paris, onde alugou uma casa e adotou dois jovens com paralisia cerebral. Foi assim que começou as comunidades L’Arche (A Arca) com mais de 100 unidades ao redor do mundo.

Nós precisamos parar de olhar para o nosso umbigo, centrado em nós mesmos, e olharmos para os necessitados. Exercermos a solidariedade. Quando andamos em amor, deixamos de olhar somente para os nossos interesses e nos importamos com o outro.

Há muita gente vivendo para si mesma, inclusive em nossas igrejas. Neste mundo pós-moderno, as pessoas estão cada vez mais voltados para si mesmas, para a satisfação do ‘deus do entretenimento’. O solitário precisa do solidário.

A Igreja que vive a unidade a partir do amor fraterno ensinado por Jesus, se torna uma Comunidade Solidária, voltada para as necessidades mais profundas das pessoas. Uma igreja em que seus membros entram no processo de cura pela prática da diaconia, do serviço ao outro em profundo amor. Reter é pecado, mas doar-se é viver uma vida de santificação, “sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

Ser solidário a partir da nossa unidade em Cristo é agir com amor. Este amor intercede, se importa, busca, cuida, persevera, ensina, aprende, louva, cura e caminha na dependência do Pai. Sejamos solidários num mundo cheio de gente solitária e egocêntrica. Tenhamos as atitudes e os atos de Jesus, vivendo para a Glória de Deus, nosso Pai sempre SOLIDÁRIO – Aquele que, em Si mesmo, tem unidade e solidariedade.

Oswaldo Luiz Gomes Jacob, pastor. IB Barra Mansa, 2ª.

[email protected]

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Pecado Zero, Viva o lado santificado da vida!

Introdução605 a.C - O cenário: escravidão,

opressão e imposição de uma cultura sobre outra.

É assim que começa a história de quatro rapazes que foram retirados de suas famílias para viver dentro do palácio do rei Nabucodonosor com a missão de viver, aprender e posteriormente disseminar a cultura egípcia para todo o povo oprimido de Judá. Daniel, Hananias, Misael e Azarias não deviam ser muito diferentes dos jovens da Barra da Tijuca. Jovens fortes, com saúde, inteligentes viviam próximo à

nobreza de israel e por isso foram selecionados para aprender toda a cultura babilônica.

Tudo, tudo que a cultura babilônica ordenava fazer era pra eles como se fosse uma afronta, pois a cultura israelita era completamente diferente do cultura do governo dominante. Mas escravos não têm escolhas e esses jovens passam a conviver no palácio sjueitos à sorte e a uma cultura imposta, mas nada disso foi suficiente para restrigir um poder muito maior, o poder de Deus.

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A história pode ser simples, quatro rapazes que fazem uma opção por não comer da refeição do rei, mostrando o quanto isso era saudável. Também confirmam suas convicções a respeito do que aprenderam durante boa parte de sua vida. O resultado não poderia ser diferente: estes rapazes se destacam em todos os sentidos, passam a ser referência, tornam-se funcionários do palácio e muito bem quistos pelo rei.

Mas o que de fato posso aprender com essa história? Por que a decisão destes rapazes foi fundamental para alcançar tantas bênçãos num momento tão dificil para seu povo? O que podemos aplicar ao nosso contexto diário e em que sentido a santidade se aplica neste contexto?

A Primeria lição é a seguinte: Você está enserido num mundo de valores completamente diferentes dos seus. O Fato: É preciso resistir. (Daniel 1.1-4)

A segunda lição: A tentação para que se quebrem determinados valores pode acontecer de qualquer forma ou de qualquer jeito. O fato: é preciso persistir. (Daniel 1.5)

Terceira lição: Mesmo inseridos num �mundo� é possível vencer as tentações. O fato: É preciso ter sabedoria e disciplina. (Daniel 1.8-15)

Quarta lição: O mundo nos considerar verdadeiros “estranhos”. Deus sempre está ao nosso lado nos protegendo. O fato: É preciso reconhecer essa proteção. (Daniel 1.19)

Quinta lição: A vitória está ao seu alcance. O fato: É preciso foco na santificação. (Daniel 1.19-21)

ConclusãoSer diferente num mundo tão

opressor como o de hoje é começo para uma vida vitoriosa em todos os sentidos. O segredo é antigo: se seguirmos os ensinos deixados por Deus na Bíblia, vamos alcançar uma vida santa, sem ser monótona, e vitoriosa. (Efésios 5.1-21)

Perguntas1. É possível, assim como Daniel

e seus amigos, viver e vencer em santidade em um mundo pecaminoso?

2. Cite circunstâncias que se igualam aos manjares do rei e que podemos vencer com uma vida santa.

3. Que tipo coisa precisamos renunciar nos dias de hoje para alcançarmos uma vida santa, e por conseguinte a vitória tão desejada?

Pr. Hugo Pereira Sampaio Email: [email protected]

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Do solidário ao solitário – percurso amigo no viver de irmão

Jesus ensinou que o resumo dos mandamentos é o amor a Deus e ao próximo (Mt 22.38,39). Isto

resume o Antigo e o Novo Testamento nas relações humanas. A família é o lugar ideal para ensinar, experimentar e expressar esse amor de irmãos. Infelizmente, desde Caim até os nossos dias, muitos integrantes da família têm desobedecido ao mandamento. Em resumo: não é opcional; é cumpri-lo ou desobedecer-lhe, pois foi o próprio Jesus que ensinou: “Um novo mandamento vos dou, que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amo” (Jo 13.34). Salomão em todos os seus livros exaltou a fidelidade de irmão, referindo-se principalmente à amizade em família: “Em todo tempo ama o amigo...”; “há amigo mais chegado do que um irmão” (Pv

17.17; 18.24) e em 27.10b, ensina: “Mais vale o vizinho perto que o irmão longe”. Este longe não é só distância geográfica, mas psicológica, como disposição para socorrer. Diria então: “Nem todo irmão é amigo, mas todo amigo é um irmão”. Neste texto serão apresentadas três situações de angústia vividas em família:

O solitário, até mesmo, no seio da família.

O sintoma de uma doença de relação, segundo a psicologia, é o AUTISMO (um “certo prazer” de viver isoladamente, como se não houvesse pessoas a sua volta). A agitação e a competição, mesmo em família, têm produzido falta de prazer nas trocas familiares. Com os problemas no relacionamento, um familiar pode escolher isolar-se e em alguns casos tornar-se o “bode expiatório”, como o culpado por todos os erros

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ali cometidos. Com isso torna-se excêntrico no comportamento, afastando-se das trocas e assumindo estilo diferenciado de viver socialmente. Os outros membros do grupo e até da família passam, também, a tratá-lo com certa indiferença. Esta pessoa pode ser um filho, o pai ou a mãe, ou até alguém do convívio estreito (sogra, cunhado, etc.). Há outra doença na família que surge, quase sempre, em decorrência do citado acima:

Viciado: toda familia teve, tem ou terá um.

O viciado é alguém que precisa de estímulos externos, como álcool, tabaco, maconha, crack, cocaína, medicamentos como Frisiun, Lexotan, Diazepan e outras formas de estímulos. O viciado é um dependente físico, social e/ou emocional que se tornou-se o bode espiatório e tomará, por sua fragilidade e pressão do grupo, a culpa por todas as questões dos atritos em família. Há uma tendência, quase natural, de envolver-se no alcoolismo e em drogas ilícitas: praticamente toda família vive, direta ou indiretamente os efeitos dessas dependências. São chamadas de codependentes seja em cuidados exagerados de uns ou desprezo de outros. Assim, todos na família contribuíram para haver viciado(s).

O problema daquele pode ter fatores físicos hereditários; ou os sociais, definidos por “certa rejeição” vinda

do ventre pela não expectativa de sua vinda; crises de relacionamento, questões congênitas (incidentes na gravidez) e mais o contexto socioeconômico e cultural, como a desnutrição coletiva e o medo produzido pela violência social. Cada ato na família que reforce a culpa em alguém, como desejo de punição ao errado, reafirma o bode expiatório. Os problemas de relacionamento conjugal são definidores de motivos para que se “escolha” quem ocupará aquele lugar. A saída para o viciado de qualquer substância dependerá da consciência de todos na família, como serão tratados.

Desemprego e falência econômicaEsvaziando o bolso e enchendo de

angústia a alma e o coração. As últimas décadas de instabilidade econômica no país, aliadas à tradição cultural de competição fora e dentro da família, têm feito muitos brasileiros perderem as condições de vida e, conseqüentemente, a paz no relacionamento familiar. O índice de desemprego e o número de empresas, grandes e pequenas, que têm perdido a condição de produção, e o fechamento, aliado à falta de novos postos de emprego, faz com que cerca de 50 milhões de pessoas vivam situações de miséria. Naturalmente que todas as famílias, atualmente, têm desempregados, subempregados ou pequenos empresários vivendo situações de penúria econômica financeira. Vale destacar que nem

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só a falência e desemprego geram angústia na família. Há um fator ético que precisa ser considerado: o sucesso econômico e social desproporcional de um dos familiares. Quando um familiar se destaca economicamente pode gerar angústia em dois lados diferentes da relação em família. O que cresceu e, algumas vezes, desprezou a família; até os pais, os que ficaram pobres e desenvolveram inveja/ciúme e até certa dependência exploratória daquele que cresceu. Uma e outra posição são posturas antiéticas; doenças de personalidade que precisam de tratamento. A melhor forma de corrigir tais distorções é:

O solidário acolhendo o dependente/carente

Levai a carga uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo (Gálatas 6.2). O desempregado, o falido, o viciado são, ou se tornarão solitários. Da mesma forma que este se torna o bode expiatório. Haverá alguém que se sustentará, equilibrado, naquela família. Mesmo sendo uma carga muito pesada sobre seus ombros. É este (pais ou irmãos) que deverá liderar um movimento de solidariedade para reacender a comunhão em família. As armas espirituais serão a busca de Deus por intermédio da oração própria e de amigos mais chegados que um irmão (cumprindo o que diz Tiago 5-13 a 16). A comunhão espiritual nas orações e súplicas a Deus resultará em equilíbrio.

Outra arma, que também precisa ser vista como Ação Social da igreja é assumir o lugar profético em meio às perversões sociais; considerando os desmandos, injustiça e desonestidade bastante ocultas até mesmo por líderes evangélicos que, na vida política, têm sido coparticipantes dessas questões. Cada crente e cada igreja assumindo a posição de João Batista, mesmo correndo o risco de perder a cabeça, mas até que tal aconteça manter-se de cabeça erguida.

ConclusãoSê fiel até (se preciso) a morte e dar-

te-ei a coroa da vida (Apocalipse 2.10). A igreja como instituição, ou cada membro como cidadão do Reino neste mundo, precisa ser um SOLIDÁRIO EM BUSCA DO SOLITÁRIO; seja ele dentro da família, na sarjeta ou até nos palácios, proclamando o que o próprio Jesus se autodenominou, reafirmando o que o profeta Isaías afirmou: “O Espírito do Senhor é sobre mim... para dar liberdade aos cativos” (Lucas 4.18). Se reconhecemos que também sobre nós está o Espírito Santo, assumamos o lugar de mensageiros de Deus, arautos da justiça divina e se preciso for: Um guerreiro como Davi. Entendendo, assim, que a luta é contra o mal, por meio das astutas ciladas do diabo (Ef 6.10 a 19).

Pr. Alfredo Neves Brum

E-mail [email protected]

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Culto é um assunto que envolve diretamente todos os cristãos. É a primeira prática em que somos

inseridos. Esta edição de Palavra & Vida se dedica ao assunto, a partir do tema “Adoração & Adoradores – princípios bíblicos para o culto cristão”.

Nossa proposta é analisar passagens bíblicas que tratem de princípios para o culto cristão, coletiva e individualmente. A partir desses textos selecionados, desenvolvemos conceitos bíblicos, teológicos e

doutrinários, sempre com caráter aplicativo.

Quanto às leituras diárias, lançamos um prazeroso desafio: ler todos os Salmos durante o trimestre. Será uma rica experiência devocional, investindo tempo na meditação de grandes verdades registradas num estilo poético. Sem dúvida, lendo diariamente os Salmos, nossas mentes e corações serão tocados pela graça redentora de Deus.

Bom estudo!

Elildes Junio Macharete Fonseca é casado com Thaís Caetano de Miranda Fonseca, pastor titular na Primeira Igreja Batista no Bairro São João (São Pedro d’Aldeia/RJ) e doutorando em Teologia pela PUC-Rio. Mestre e bacharel em Teologia pelo Seminário do Sul e licenciado em letras (português/grego) pela UFF. Foi vice-presidente da Convenção Batista Fluminense e presidente da Associação Batista Gonçalense. É professor no Seminário do Sul (licenciado), no Seminário Teológico Ministerial Batista Litorâneo e no Seminário Teológico Batista da Região dos Lagos. Atualmente, é membro do Conselho Deliberativo da Convenção Batista Fluminense.

Quem escreveu?

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Data do Estudo

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O que é culto

Texto Bíblico: Romanos 12.11

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Introdução

Pela graça de Deus, estamos iniciando uma abençoadora caminhada, refletindo sobre

princípios para o culto cristão. Um passo necessário é definir o que entendemos por culto.

Há diversas definições de culto, que competentes estudiosos registraram. Selecionamos uma, de Nelson Kirst, que diz que “culto é o encontro da comunidade com Deus e liturgia é o conjunto de elementos e formas através dos quais se realiza esse encontro” 1.

Essa definição nos ajuda a compreender algo muito importante: culto é a essência e liturgia, a forma, os elementos.

Embora as formas de culto possam ser variadas, a sua essência deve permanecer inalterada. O culto de anos atrás, quando as igrejas tinham menos recursos – algumas utilizavam lamparinas, inclusive – é o mesmo de hoje, com vários instrumentos, boletim, multimídia etc. O que mudou de lá para cá? Os recursos, as formas, ou seja, a liturgia, mas não a essência que caracteriza um verdadeiro culto cristão.

Se essa essência foi mudada, alguma coisa está errada. Será preciso rever o valor do culto e a importância dos seus elementos.

1 KIRST, Nelson. Nossa liturgia: das origens até hoje. São Leopoldo: Sinodal, 2003, p. 11.

O que não é cultoLamentavelmente, não basta

definir o que é culto, também se faz necessário dizer o que não é culto.

Denise Frederico afirmou que “o culto cristão não é um show, como se vê na televisão, com um apresentador famoso lá na frente, tentando ganhar pontos no Ibope para a sua emissora. Não é uma performance, com atrações variadas, apresentações pessoais e coletivas para abrilhantar e fazer a plateia sair satisfeita por ter usado bem seu tempo e seu dinheiro”2.

A pluralidade deste tempo tem dominado as mentes. As pessoas estão sendo “engolidas” pela febre do imediato, do descartável e do clientelismo. Essa visão de mercado, se não houver cuidado, acaba chegando aos membros da igreja. São aquelas pessoas que se acham no direito de serem clientes dos cultos das suas igrejas, para usufruir bons produtos “sacros”.

O pior de tudo acontece quando a liderança acredita e transforma o culto em show. Esquece-se de que se deve agradar ao Senhor e passa-se a agradar aos “clientes”. Aí acaba valendo tudo e, por conseguinte, “não tem nada a ver”. Que desastre!

Culto é sacrifício vivoO apóstolo Paulo exortou os

romanos – e a nós, também – a 2 FREDERICO, Denise. O Que é Liturgia? Rio de Janeiro: MK, 2004, p. 13.

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se apresentarem integralmente a Deus, “como sacrifício vivo, santo e agradável” (Romanos 12.1). Esse é o culto espiritual!

Aqui, vale a pena destacar duas nuances do culto: a individual e a coletiva. Ao longo dos estudos, faremos destaques desses dois aspectos.

Prestamos culto a Deus na individualidade. O culto pessoal não tem intervalos, é contínuo, dura a vida toda. Como servos do Senhor, todos os nossos pensamentos e atitudes se constituem em culto, ou seja, devem glorificar a Deus.

É colocar o nosso corpo, a nossa vida, por inteiro, à disposição de Deus. É um oferecimento ininterrupto. É como diz o hino 543 do Hinário Para o Culto Cristão: “em palavras, ações e atitudes refletirei sua luz”.

Refletindo Cristo, cultuamos a Deus, exaltando a sua pessoa e testemunhando os seus feitos poderosos e inigualáveis.

Prestamos culto a Deus na coletividade. Somos família de Deus, integramos o corpo de Cristo. A dimensão do culto é tanto individual quanto coletiva.

A Bíblia é clara ao recomendar: “não abandonemos a prática de nos reunir, como é costume de alguns, pelo contrário, animemo-nos uns aos outros, quanto mais vedes que o Dia se aproxima” (Hebreus 10.25). Deus sempre externou o seu desejo de ver o povo reunido para cultuá-lo: “deixa

o meu povo ir para que me cultue” (Êxodo 7.16).

O culto litúrgico sempre reúne pessoas. A própria palavra liturgia significa “ação do povo”. É uma resposta coletiva ao amor de Deus, que nos faz próximos em Cristo Jesus.

O domingo é um dia muito esperado por nós, pois nele a comunidade de fé, a família espiritual se ajunta para adorar a Deus.

Não devemos vir para o culto coletivo com o rosto fechado, com o semblante caído, como quem é forçado a fazer algo indesejável. Não! A vinda para o ajuntamento solene é motivo de festa, de regozijo espiritual, pois é o próprio Deus, o Rei dos reis, o Criador, quem nos convida.

Servir a Deus e pertencer à sua família é um privilégio que deve ser valorizado ao extremo.

Pra que serve a liturgia“A liturgia serve para moldar o culto

cristão, ou seja, ‘desenhar’ o culto”.3 Dela fazem parte todos os elementos que são usados para se ordenar o culto.

Denise Frederico diz que “fazer liturgia é como projetar uma casa”4 e sugere imaginar-se como um arquiteto que vá desempenhar um projeto para um cliente. Uma das necessidades primeiras é conhecer bem o cliente. Se a condição financeira for boa, o 3 FREDERICO, Denise. O Que é Liturgia?, p. 15.4 FREDERICO, Denise. O Que é Liturgia?, p. 15.

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arquiteto poderá até projetar uma casa grande, mas, se não for, será colocado no papel o mínimo essencial. Logo, assim como no processo de construção de uma casa, na construção de uma liturgia há coisas que poderão ser descartadas e outras não.

Na igreja, no início, não havia uma forma de culto, mas os cristãos foram criando formas próprias de culto, ao mesmo tempo em que frequentavam o templo. A Bíblia era o único livro litúrgico utilizado (parte do Antigo Testamento e, mais tarde, o Novo Testamento). Entre os primeiros cristãos não havia regras litúrgicas precisas. Apenas era mantida uma tradição comum.

A busca da liturgia nas páginas do Novo Testamento será pouco produtiva, pois a igreja primitiva não sacralizou uma liturgia. Entretanto, nas páginas do Novo Testamento, observa-se que a ênfase no culto não está nos feitos dos homens, mas nos feitos de Deus.

Esse assunto não agrada muito, pois, como característica humana, as pessoas querem ser invocadas e aplaudidas. O culto não é para isso. Nele são enfatizados os feitos de Deus.

Resumindo, liturgia é o somatório de todos os elementos que constituem a ordem do culto cristão.

Para pensar e agirCultuar a Deus é privilégio e

compromisso do cristão. Quando

cultuamos, reconhecemos quem Deus é e quem somos.

Uma tendência daninha tem sido difundida por alguns, ensinando o erro de se exigir de Deus o atendimento das vontades humanas. É justamente o contrário. Deus é o Senhor e nós nos adequamos à sua vontade. Ele manda, nós obedecemos.

Cultos que não celebram a Deus e os seus feitos devem ser repensados. É possível idolatria numa celebração evangélica, basta tirar o foco de Deus. Às vezes, pensamos que idolatria só acontece diante de uma imagem, mas a questão é muito ampla. Quando os feitos humanos roubam a cena dos feitos de Cristo, a celebração é idólatra.

Por isso, a recomendação paulina deve estar sempre viva em nossas mentes, pois culto é “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. É para Ele e por Ele que cultuamos.

Não gastemos tempo com questões secundárias, mas aproveitemos bem cada oportunidade de celebrar a Deus, com vida santificada e agradecida pela bênção da salvação.

Salmos 1 e 2Salmos 3 e 4Salmos 5 e 6Salmo 7Salmo 8Salmo 9Salmo 10

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Data do Estudo

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Introdução

Tem crescido o número daqueles que defendem que o culto coletivo não é necessário. Eles

afirmam que o culto útil a Deus é aquele que se traduz em serviço ao próximo. É uma espécie de culto “indireto”, ou seja, Deus é adorado por intermédio do serviço prestado aos outros.

Texto bíblico: Salmo 100.22

Cultuar é necessário

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Não há dúvidas de que a prática das boas obras é uma ação da fé cristã que glorifica a Deus, quando nascidas na sinceridade do coração, mas não é razão para apagar da “agenda” do cristão o culto da comunidade de fé. É um erro de interpretação bíblica tal concepção! Uma coisa não pode ser elevada em detrimento da outra.

O culto é necessário. Refletiremos sobre quatro justificativas dessa necessidade1.

1. O culto é necessário por ter sido instituído por Jesus Cristo

Cristo não só instituiu mas também ordenou o culto. Quando a igreja celebra o culto, simplesmente obedece à ordem de Jesus. Culto não é invenção da igreja, mas odediência: “Fazei isto em memória de mim” (Lucas 22.19; 1Coríntios 11.24,25).

A igreja se reúne para reviver a memória do sacrifício perfeito, da entrega suficiente, da morte e ressurreição do Salvador. Cultuar é anunciar o sacrifício e a volta de Jesus, envolvidos no memorial da ceia do Senhor (1Coríntios 11.26).

Relembrar o sacrifício de Jesus na cruz e o túmulo que ficou vazio faz da nossa adoração uma demonstração de gratidão, que gestos e palavras não dão conta de expressar.1 Para este estudo, tomamos emprestados os tópicos das justificativas levantadas por VON ALLMEN, J. J. O Culto Cristão: teologia e prática. São Paulo: Aste, 2005, p. 109-114.

Um culto que não começa e termina em Jesus está carente de propósito, podendo até ser transformado numa reunião social.

O chamado de Jesus ao culto envolve a comunhão com o Pai e entre os irmãos, ambas possíveis pela mediação dele. Em Jesus, as nossas individualidades e preferências dão lugar à coletividade e ao bem comum. O cristão que pensa que o culto é para ser realizado do seu jeito está muito enganado. Há outros que se comportam como se estivessem sozinhos no templo ou como se Deus apenas olhasse para eles. Pobre raciocínio. Quem não aprende a viver em comunhão evidencia que não ouviu o chamado de Jesus para o culto.

2. O culto é necessário porque é suscitado pelo Espírito Santo

Negar a necessidade de culto é contestar a ação do Espírito Santo na vida do salvo (2Coríntios 1.22). É o próprio Espírito que “dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus” (Romanos 8.16).

O culto é uma celebração de gratidão daqueles que estão sendo preparados por Deus, na garantia do seu Espírito (2Coríntios 5.5).

A ação de graças daqueles que foram alcançados pelos milagres de Cristo, conforme registram os evangelhos, são notáveis exemplos da necessidade de culto suscitada pelo Espírito Santo: o paralítico,

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curado, voltou para a sua casa gloricando a Deus (Lucas 5.25); a mulher enferma, curado por Jesus num sábado, se endireita e dá glória a Deus (Lucas 13.13); o leproso, que diferentemente dos outros nove, compreendeu o significado da sua cura, retonou “glorificando a Deus em alta voz” (Lucas 17.15); o cego de Jericó, curado, decide seguir a Jesus, dando louvores a Deus (Lucas 18.43). Não só aqueles que foram alvos das ações miraculosas de Jesus foram movidos a render graças, mas todos que alcançaram a salvação em Cristo. A própria confissão de que Jesus é o Senhor é pelo Espírito Santo (1Coríntios 12.3).

Cultuando a Deus, rendemos graças pelo seu perdão, que nos restituiu a capacidade de adorar, perdida por causa do pecado. Aquele que tem a presença do Espírito Santo de Deus na vida é movido a cultuar.

3. O culto é necessário porque é um dos meios de efetivação da história da salvação

O fato de Jesus ter morrido de uma vez por todas pela salvação do mundo não significa que toda a humanidade está salva automaticamente. Para que o ser humano seja salvo é necessário arrependimento dos pecados e fé em Jesus Cristo como único e suficiente Salvador. É assim que tem

prosseguimento a história da salvação.O Espírito Santo nos convence do

pecado, da justiça e do juízo (João 16.8), passamos a fazer parte do corpo de Cristo – a igreja – e nele somos mantidos.

No culto, celebramos a Palavra da salvação, relendo a narrativa bíblica. O ser humano, criado por Deus à sua imagem e semelhança, pecou e foi separado de sua glória (Romanos 3.23). A recompensa do pecado é a morte (Romanos 6.23). Deus mesmo providenciou o meio de reconciliação e o fez conhecido na sua encarnação (João 1.14). Em Jesus, todos têm acesso a Deus. Esse caminho de retorno é celebrado no culto cristão e efetivado por obra do Espírito Santo na vida do pecador que se arrepende.

Portanto, afirmar que o culto não é necessário ao salvo equivale a desprezar a fonte da graça e a esquecer as palavras de Jesus.

4. O culto é necessário porque o reino de Deus ainda não se manifestou em todo o seu poder

A igreja terrena é militante. Somente no céu a igreja será triunfante. Quando estivermos no céu, não precisaremos congregar nos templos, pois o santuário será o próprio Senhor Deus, o Todo-Poderoso, e o Cordeiro (Apocalipse 21.22). Enquanto na terra, é necessário o ajuntamento do povo de Deus para o culto.

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O reino de Deus já está presente entre nós, mas não em sua plenitude. Os que se comportam como se tudo na terra já fosse o reino de Deus erram por não considerar a dimensão escatológica da igreja no mundo. Noutras palavras, este mundo passará e a igreja, santa e purificada, continuará viva na eternidade de Deus.

O culto celebra a esperança da volta de Jesus, reafirmando, de contínuo, que não estamos sozinhos na caminhada, mesmo que enfrentemos lutas e privações, tão naturais à realidade humana.

No céu, não precisaremos nos ajuntar para o culto, porque sempre estaremos juntos e em culto diante do Cordeiro de Deus, gloricados por Ele, definitivamente livres da presença do pecado.

Para pensar e agirCultuar é necessário, mas não como

quem “bate cartão” por obrigação numa empresa, mas com voluntária alegria (Salmo 100.2).

Li uma história narrada por um pastor, como verídica, que dizia o seguinte: “ao final do ano, um irmão (daqueles “cheios de cargos”) disse ao pastor que não assumiria nenhum cargo ou ministério para o ano seguinte, pois queria um tempo de “descanso, sombra e água fresca” (aspiração de quem está prestes a se aposentar, mas de “impossível”

aplicação na igreja de Cristo). Mesmo orientado pelo pastor, o irmão manteve-se irredutível em sua decisão. Poucos dias após, exatemente no dia 31 de dezembro, o dito irmão faleceu (como qualquer mortal), mas o pastor observou alguns fatos curiosos: o irmão descansou exatamente no último dia dos “compromissos assumidos”; seu sepultamento deu-se à sombra de uma frondosa amendoeira, e, como só acontece em casos especiais, num calor de 40 graus, ao término do sepultamento, caiu uma pesada chuva (daquelas que, nem correndo, dá tempo de não se molhar) e regou abundantemente a sepultura. Curioso, – deduziu o pastor – o irmão teve seu pedido atendido integralmente: descansou, foi sepultado à sombra de uma frondosa amendoeira e recebeu água fresca em abundância”.

Não percamos tempo, abrindo mão de participar do culto coletivo por motivos infundados. Valorizemos as oportunidades, priorizemos as celebrações. Cultuar é necessário. Façamos a nossa parte.

Salmos 11, 12 e 13Salmos 14 e 15Salmos 16 e 17Salmo 18Salmo 19Salmos 20 e 21Salmo 22

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Data do Estudo

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Introdução

Estamos diante de um gesto de adoração bastante incomum. Os quatro evangelhos registram

o gesto extravagante de Maria ao ungir os pés de Jesus. O fato de cada evangelista ressaltar um aspecto do episódio tem levado estudiosos a pensar que houve dois casos da unção. Eles podem estar certos, embora as duas situações apresentem pontos comuns.

Mateus mostra o evento dizendo que ele se deu “estando Jesus em

Texto Bíblico: Lucas 7.36-383

Adoração extravagante, 1

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Betânia, casa de Simão, o leproso” (Mateus 26.6). Ressalta, também, que o vaso de alabastro estava “cheio de um bálsamo muito caro” (v.7).

Marcos também faz menção da casa de Simão, mas destaca mais a bênção que Jesus dirigiu à mulher. Lucas apresenta um relato mais detalhado. Informa que Simão era fariseu e que a mulher era uma pecadora (Lucas 7.36,39), deixando a entender que era uma prostituta.

João informa também que o episódio ocorreu em Betânia, mas ascrecenta que o banquete foi realizado na presença de Jesus e de Lázaro, a quem ressuscitara (João 12.1,2). O nome da mulher é citado – Maria – e o efeito do perfume, destacado: “e a casa se encheu com o perfume do bálsamo” (João 12.3).

Somadas as informações dos quatro evangelhos, temos diante de nós uma “história na íntegra”. Cornwall, ao analisar o episódio, assim sintetizou: “um fundamentalista a quem Jesus havia curado de lepra resolveu dar uma festa para celebrar a ressurreição de Lázaro. Era uma espécie de comemoração pela volta dele. O relato dá a entender que Lázaro estaria sentado à cabeceira da mesa, no lugar de honra, enquanto Jesus era apenas um dos convidados” 1.

Os registros bíblicos deixam claro que Jesus não foi alvo de nenhuma das atenções geralmente dirigidas 1 CORNWALL, Judson. Adoração como Jesus ensinou. Venda Nova: Betânia, 1995, p.124.

aos convidados. Era comum lavar os pés dos convidados ilustres, ungir a sua cabeça e saudarem com um beijo (que no Oriente corresponde ao nosso aperto de mão).

Lucas registra, inclusive, a repreensão de Jesus: “E, voltando para a mulher, disse a Simão: vês esta mulher? Entrei em tua casa, e tu não me deste água para os pés; mas ela os molhou com suas lágrimas e enxugou-os com seus cabelos. Não me cumprimentaste com beijo; ela, porém, não para de beijar-me os pés, desde que entrei. Não colocaste óleo sobre a minha cabeça; mas ela derramou perfume sobre os meus pés” (Lucas 7.44-46).

1. Lágrimas de arrependimento e gratidão

a) contexto joaninoConsiderando o relato do quarto

evangelho, ninguém poderia estar mais feliz de ver Lázaro ressuscitado e recebendo os seus amigos do que Maria, sua irmã.

A morte do “homem da casa” era um risco enorme para as mulheres. Certamente, o padrão de vida cairia. Seria muito difícil para Maria manter propriedades e valores que partilhava com seu irmão. A injustiça era grande com as viúvas, mas também com as solteiras que dependiam dos seus falecidos irmãos.

O retorno de Lázaro à vida e, consequentemente, à família, era

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muito significativo. Era o retorno da estabilidade no lar de Maria e Marta.

b) contexto sinótico Mateus, Marcos e Lucas são

chamados evangelhos sinóticos, por terem uma mesma forma de apresentação. E o relato deles evidencia que Jesus estava sendo ignorado pelo anfitrião. O desprezo foi tamanho que a honraria partiu de uma mulher desprezada pela sociedade.

A pecadora, com a desenvoltura de uma mulher que conhece os homens no que têm de pior, foi abrindo caminho entre os presentes – alguns certamente lhe opunham resistência – e chegou até onde Jesus se encontrava reclinado à mesa. Aos pés de Jesus, chorou intensamente.

As lágrimas da mulher corriam pelos pés de Jesus, molhando-os a ponto de serem lavados. Lágrimas brotavam como uma fonte.

Simão se lembrou da antiga vida daquela mulher. Ela também, podendo até estar diante de alguns dos seus antigos clientes, talvez tenha recodado a sua vida pregressa. Certas recordações, em comparação com a mudança operada pela graça redentora de Jesus, tendem a levar às lágrimas.

Vale destacar que ela chorou muito, mas chorou diante de Jesus. Não foram lágrimas de remorso, foram lágrimas de gratidão, extravasando emoções de amor.

Nós também, motivados por orgulho, rebeldia e iniquidade, nos mantivemos longe do amor do Senhor, até que Deus nos mostrou tais condições, chamando-as de pecado.

Pensando na mulher pecadora, suas lágrimas podem ser denominadas, também, de lágrimas de alívio, por ter se arrependido dos seus pecados e desfrutado do perdão de Jesus.

Nem sempre um choro será de arrependimento, mas, diante de Jesus, o ideal é que nossas lágrimas demonstrem arrependimento e gratidão. Arrependimento porque sabemos que somos pecadores e gratidão porque a Bíblia nos dá a certeza do perdão, que nos coloca na condição de libertos da condenação (Romanos 8.1).

Ver-se como alvo do amor de Deus é algo tão maravilhoso que é difícil conter as lágrimas. Ainda bem que na presença de Jesus não precisamos reprimir as lágrimas, mas podemos extravasá-las, desde que sinceras.

Jesus valorizou as lágrimas daquela mulher, pois Deus valoriza as lágrimas dos seus adoradores: “Tu contas minhas aflições; põe minhas lágrimas no teu odre; não estão elas registradas no teu livro?” (Salmo 56.8).

Deus tem o poder de ver o choro de tal forma, discernindo-o como demonstração de força, e não de fraqueza. E chorar também não é necessariamente evidência de descontrole emocional.

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A Bíblia também registra que Jesus chorou e, ainda mais, que tal reação demostrou o seu amor por Lázaro (João 11.35,36). Uma amizade tão especial que as lágrimas foram inevitáveis.

Assim como a mulher pecadora chorou prostrada aos pés de Jesus, não se importando com as pessoas que estavam a sua volta, Jesus também chorou diante do túmulo de Lázaro, independentemente do que poderiam dizer.

O exemplo de Jesus deve ser seguido por nós. É apreciável ter amigos e demonstrar o valor devotado às amizades. O exemplo da pecadora chorando aos pés de Jesus também deve ser seguido por nós, pois Ele merece toda a nossa demonstração de arrependimento e gratidão.

Para pensar e agirA próxima lição será a continuação

desta, mas não podemos concluir uma reflexão sem alguns compromissos de aplicação à vida. É essencial, diante da Palavra de Deus, tomar decisões que nos levem a imitar Cristo no dia a dia.

O fato de termos alcançado o perdão de Jesus não nos leva, de imediato, para o céu. A vida continua neste mundo. Se estamos estudando esta lição, é porque ainda estamos peregrinando por aqui.

Vivemos neste mundo, sujeitos às tentações e continuamos pecadores. O que nos distingue daqueles que

ainda não tiveram um encontro com Jesus, reconhecendo-o como Salvador e Senhor, é que não temos mais prazer no pecado. Quando pecamos, logo nos arrependemos, porque nos machuca entristecer a Deus.

Uma vez que continuamos pecadores, o arrependimento deve ser nosso companheiro na jornada cristã. É muito difícil lidar com alguém que não se arrepende dos seus erros. De igual forma, é muito difícil a caminhada cristã sem o arrependimento, pois os frutos não aparecerão.

Reconhecer nossos pecados e nos arrepender deles é condição essencial para uma adoração verdadeira.

Assim como o arrependimento, a gratidão também deve ser companheira inseparável do cristão. Não somos ingratos, pelo contrário, somos agradecidos por tudo o que Jesus fez por nós.

“Arrependimento e gratidão” é uma receita básica demonstrada nas lágrimas da mulher pecadora na casa de Simão. Colocando-a em prática, comprovaremos a bênção de uma vida em dia com Jesus.

Salmos 23 e 24Salmos 25 e 26Salmos 27 e 28Salmos 29 e 30Salmo 31 e 32Salmos 33 e 34Salmo 35

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Data do Estudo

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Introdução

A lição de hoje é a continuação da anterior. Releia o texto bíblico que narra o evento-base da

reflexão que prosseguiremos.Trazendo à memória o estudo

passado, estamos diante de um gesto

Texto Bíblico: Lucas 7.36-384

Adoração extravagante, 2

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de adoração bastante incomum, e já analisamos o primeiro aspecto dele: as lágrimas intensamente vertidas pela mulher chamada pecadora. Aprendemos que foram lágrimas de arrependimento e gratidão e firmamos o compromisso de uma vida cristã com essas virtudes.

Agora, veremos mais dois aspectos dessa adoração extravagante, sempre na perspectiva de relacionarmos princípios bíblicos para o culto cristão.

2. Um ato de coragemNa opinião das pessoas presentes

na casa de Simão, a atitude daquela mulher foi de rebaixamento. Afinal, ela se colocou aos pés de Jesus, em adoração, chorou a ponto de molhar-lhe os pés, e os secou com os cabelos.

Para uma mulher judia, o cabelo tinha grande significado. Era a sua “arma de sedução”, cuidado e guardado, por isso quase não era exposto. Naquela época, nenhuma mulher usava o cabelo solto em público. Ela só o soltava dentro de casa e na presença do marido.

Aquela mulher rompeu com a opinião pública e, num ato de coragem, usou os próprios cabelos para secar os pés do Mestre. Interessante que Simão logo a chamou de “pecadora”, ao invés de dizer “ela era pecadora”, porque Jesus a libertara dessa condição.

É possível que os seus atos tenham dado a Simão a impressão de

que talvez ela ainda não estivesse totalmente liberta, que vinha apenas se reprimindo. A incredulidade do anfitrião o fazia julgá-la. Ele teve olhares para a antiga vida da mulher, mas não foi sensível para perceber a sua nova vida, após o contato com Jesus.

A coragem dela foi tamanha, que demonstrou maturidade e entendimento de que reputação é simplesmente aquilo que os outros pensam de nós. A essência do que somos é o nosso caráter.

Por mais que o seu ato tenha sido alvo de críticas, assim como a aceitação de Jesus, no íntimo, a mulher sabia que Ele em nada comprometeu o seu caráter, muito pelo contrário. Quando expressamos amor a Jesus, adorando-o sinceramente, o nosso caráter é edificado.

Aquela mulher arriscou-se, mas não deixou de render a sua adoração a Jesus. Mais do que a preocupação com o que “os outros pensarão de mim”, o cristão precisa se preocupar com “o que Jesus pensará de mim”.

Realmente a adoração dessa mulher foi extravangante, um legítimo ato de coragem. Ela usou o melhor, pois o frasco de óleo perfumado valia, pelo menos, o salário de um ano de um trabalhador. Possivelmente era toda a sua riqueza, pois naquela época era comum as pessoas investirem seu dinheiro em ouro e especiarias. Não

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eram usuais os depósitos bancários como o fazemos hoje.

A verdade incontestável é que aquela mulher ofereceu o seu melhor a Jesus. Foi um ato tão corajoso e singular que Jesus disse que “em todo o mundo, onde quer que seja pregado o evangelho, também o que ela fez será contado em sua memória” (Marcos 14.9).

É emocionante constatar que a palavra de Jesus não se perdeu com o passar dos anos. Nós, os seus seguidores deste tempo, temos contado este episódio e perpetuado a memória daquela mulher.

3. Amor demonstrado em açãoQuando o fariseu viu o ato

extravangante de adoração, pensou com ele mesmo que Jesus não era profeta, porque, se o fosse, saberia que aquela mulher era uma pecadora, uma pessoa de conduta reprovada.

Mas Jesus, numa demonstração do seu poder, respondeu ao pensamento de Simão, fazendo-lhe uma pergunta, cuja resposta certamente o levou a arrepender-se de ter duvidado da divindade de Jesus.

Jesus exaltou as atitudes da criticada mulher que deveriam ser as atitudes de Simão, como anfitrião (Lucas 7.44-47). A mulher tida como repugnante pelo fariseu foi exemplo de amor demonstrado em ação. Simão se achava bom nas

palavras, mas Jesus lhe mostrou que era falho nas ações.

Enquanto Simão recebeu a repreensão, a mulher recebeu o perdão: “Jesus disse à mulher: os teus pecados estão perdoados (...). A tua fé te salvou; vai em paz” (Lucas 7.48 e 50).

Nada do que fizermos poderá se igualar à grandeza do amor de Deus, resumida (e ampliada) na morte de Jesus na cruz, para propiciar o reencontro entre Criador e criatura. Mas Deus espera que o amemos, muito mais que palavras. O culto aceitável é fruto do amor verdadeiro.

Jesus disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (João 14.21). E ainda: “Quem não me ama não obedece às minhas palavras” (João 14.24).

O amor é provado em ações. A mulher pecadora provou o seu amor em ações, assim como Deus fez: “Mas Deus prova o seu amor para conosco ao ter Cristo morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Romanos 5.8).

O exemplo vem de cima, vem do Deus eterno e perfeito. Ele nos amou e provou, amplamente, o seu amor.

Ouvi, certa vez, de um grande pregador, a seguinte ilustração: “Havia na Índia um trem da meia-noite, conhecido como ‘corujão’.

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Numa dessas viagens da madrugada, adentrou um passageiro falando alto, dando gargalhadas, contando piadas, e as pessoas pediam que falasse mais baixo porque precisavam aproveitar a viagem para descansar. Só que não adiantava; quanto mais as pessoas pediam que fizesse silêncio, mais aquele homem as atormentava. Até que alguém disse: moço, o senhor sabe quem é essa pessoa à sua frente? É Mahatma Gandhi, o libertador da Índia. Diz a ilustração que o homem se espantou e exclamou: é o Dr. Gandhi! Logo abriu a sua bolsa, pegou o seu violino e começou a tocar uma belíssima música. Ao concluir, todos o aplaudiram, menos Gandhi. O homem perguntou: Dr. Gandhi, o senhor não gostou da minha música? Gandhi respondeu: não gostei, porque você não sabe obedecer”.

A simples ilustração nos ajuda a entender que sem obediência, sem ação, o amor fica comprometido, pois se resume a discurso, a oratória, a falação.

A mulher da narrativa de Lucas poderia entrar na casa de Simão e fazer um impecável discurso de amor a Jesus, mas não seria tão contundente quanto a sua ação silenciosa. O amor, princípio fundamental no culto cristão, deve ir além da letra das músicas e ganhar o sentido real das Escrituras: “o amor seja sem fingimento” (Romanos 12.9).

Para pensar e agirMexe conosco saber que um

episódio tão antigo ainda fala tão alto. Isso nos ensina o valor da adoração. Aquela mulher nos ensinou que para adorar a Deus, verdadeiramente, é preciso compromisso de vida.

Faz lembrar uma fábula muito interessante: Certa vez, a galinha procurou o porco e propõs que oferecem um delicioso café da manhã na floresta. O porco gostou da ideia e começaram a fazer os prepartivos para o cardápio da efeméride. Foi quando a galinha sugeriu ao porco: já sei o que podemos preparar! Bacon com ovos! Eu dou os ovos e você o bacon.

A moral é obvia. A galinha daria algo de si e o porco daria a própria vida. A galinha, após o café, continuaria viva, pondo outros ovos. Já o porco...

Cultuar é mais do que envolvimento, é compromisso. Cultuar é celebrar a Deus pela nova vida, pela vida ressuscitada, pelo dom perfeito: “não sou mais eu quem vive, mas é Cristo quem vive em mim. E essa vida que vivo agora no corpo, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2.20).

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mais no pleno conhecimento e em todo entendimento, para que aproveis as coisas superiores, a fim de serdes sinceros e irrepreensíveis até o dia de Cristo” (Filipenses 1.9,10). O apóstolo utilizou o vocábulo grego significando, ao pé da letra, “julgado à luz do sol”, ou seja, examinado para se verificar sua autenticidade.

Noutra passagem, Paulo disse: “Porque não somos mercenários da palavra de Deus, como tantos

Introdução

Josué, sucessor de Moisés, pouco antes de morrer, desafiou o povo de Israel ao culto sincero: “Temei

o Senhor e cultuai-o com sinceridade e com verdade. (...) Cultuai o Senhor” (Josué 24.14). O termo sinceridade aqui empregado significa “sem mácula, não adulterado”.

Paulo, dirigindo-se aos filipenses, registrou: “E peço isto em oração: que o vosso amor aumente cada vez

Texto Bíblico: Mateus 15.21-285

Adoração sincera

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outros; mas falamos em Cristo com sinceridade, da parte de Deus e na sua presença” (2Coríntios 5.17). O termo empregado nesse verso quer dizer “legítimo, genuíno”.

Cornwall apresentou uma interessante informação, que “cai como uma luva” para esclarecer o termo: “A palavra ‘sincero’ provém do termo latino sincerus, formado pela aglutinação de dois outros: sin, “sem”, e caries, “deterioração”. Portando, o significado básico de ‘sincero’ é ‘sem deterioração’.

No passado, os negociantes de metais preciosos costumavam promover sua mercadoria afirmando que ela era ‘sincera’, isto é, ‘sem cera ou enchimento’. Era muito comum os artífices desonestos encobrirem as falhas de um produto aplicando-lhe uma cera da mesma cor, que lhe dava a aparência de acabamento perfeito. Mas se alguém chegasse o artigo ao fogo, a cera derreteria e escorreria, e a falha seria exposta. Quando algum negociante anunciava um produto ‘sincero’ queria dizer que ele não fora retocado com cera” 1.

Deus requer de nós que lhe prestemos um culto sincero, autêntico, genuíno, não adulterado e sem deterioração.

1. Interesse sinceroO interesse de adoração esboçado

por Herodes foi mentiroso: “Então 1 CORNWALL, Judson. Adoração como Jesus ensinou. Venda Nova: Betânia, 1995, p.132.

Herodes chamou secretamente os magos e procurou saber deles com precisão quando a estrela havia aparecido. E, enviando-os a Belém, disse-lhes: ide e perguntai cuidadosamente sobre o menino. Quando o achardes, avisai-me, para que eu também vá adorá-lo” (Mateus 2.7,8).

A boca de Herodes falou uma coisa, mas a intenção dele era outra. É nítido que ele não queria adorar Jesus, pelo contrário, ele queria eliminar um possível rival. Herodes disse “adorar”, mas queria mesmo era “destruir”.

O desejo de adoração do rei Herodes não passaria no teste da sinceridade. Sua real intenção era manipular circunstâncias.

Temos de nos cuidar para não repetir o erro de Herodes, salvas as devidas proporções. Não queremos e nem podemos matar o “recém-nascido Rei dos judeus”. A falta de sinceridade, a mentira em nossa adoração pode acontecer de outras formas. O simples fato de estar num culto por obrigação caracteriza uma adoração falsa, porque nada brotará do coração e sim de um ritual mecânico. Uma espécie de “culto de corpo presente e mente e coração ausentes”.

O fato de o ajuntamento solene do povo de Deus acontecer regularmente não significa que será uma repetição sem sentido, pois todo culto é uma novidade. Cada celebração é uma nova oportunidade de encontro, de

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reflexão, de crescimento, e deve ser vivida como se fosse a última, ou seja, valorizada intensamente.

Pobre Herodes... ele podia enganar a muitos, menos a Deus. Os magos foram avisados em sonho para não regressarem a Herodes e um anjo do Senhor disse a José para fugir com o menino e a mãe para o Egito (Mateus 2.12,13). Esse é o nosso Deus, digno de adoração! Ninguém pode parar o seu agir!

Um bom exercício espiritual é fazer como Davi: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Salmo 139.23,24).

2. Disposição sinceraÉ curioso observar que muitos dos

que adoraram a Jesus nos evangelhos não eram judeus. O primeiro emprego do termo “adoração” no Novo Testamento refere-se aos magos do Oriente. O grande discurso de Jesus sobre adoração foi dirigido à mulher samaritana. Um chefe romano adorou a Jesus pedindo que ressuscitasse a sua filha. Gregos também vieram adorá-lo. Um nobre de Cafarnaum foi outro que o adorou.

A explicação joanina é convincente: “Ele veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes a prerrogativa de

se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do desejo da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1.11-13).

É claro que há também exemplos de adoradores do povo de Jesus, mas é interessante que o primeiro mencionado por Mateus foi um leproso (Mateus 8.2). João menciona um cego (João 9.38). Os primeiros a se prostrar foram os que mais reconheciam suas carências e aflições.

O texto-base do nosso estudo apresenta o episódio da mulher cananeia. Mateus nos conta que depois de um confronto com os escribas e fariseus, “Jesus seguiu para a região de Tiro e Sidom. Uma mulher cananeia, vindo daquelas redondezas, pôs-se a gritar: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada” (Mateus 15.21,22).

Diante de um pedido tão veemente, é intrigante que Jesus nada respondeu à mulher, identificada por Marcos como sendo grega, de origem siro-fenícia (Marcos 7.26). Ela persistiu, e continuou seguindo Jesus, insistindo no seu pedido.

Os discípulos se aproximaram e rogaram a Jesus que mandasse a mulher embora, porque estava aos gritos atrás deles. Imagino que os discípulos já estivessem irritados com ela.

O apelo da cananeia apresentava um argumento que não se aplicava a ela. Sendo grega, ela não tinha

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o direito de reivindicar o favor de Jesus como Filho de Davi. Alguns comentaristas sugerem que a mulher estava alegando ser filha de Israel, quando não o era, e que possivelmente teria visto Jesus ser assim chamado por outros, atendendo seus pleitos. Logo, ela quis aproveitar uma fórmula que deu certo com outros.

É mais fácil ir até Jesus com fórmulas prontas, mas Ele busca pessoas que queiram segui-lo, que queiram caminhar com Ele; isso significa relacionamento.

Quem procura por Jesus com um relacionamento inexistente, certamente receberá o silêncio como resposta, mesmo que utilizem fórmulas corretas.

Um coração com disposição errada não será respondido. Hebreus 10.22 é uma boa dica: “Aproximemo-nos com coração sincero, com a plena certeza da fé, com o coração purificado da má consciência e tendo o corpo lavado com água limpa”. Adorador que não é sincero merece o silêncio de Jesus.

Jesus foi categórico e esclarecedor na sua resposta aos discípulos: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mateus 15.24). Ele não estava sendo insensível, sua ação foi para o bem daquela mulher, retirando a sua máscara, levando-a a um nível mais profundo de relacionamento com Deus.

No instante em que aquela mulher demonstrou sinceridade em sua

adoração, prostrando-se e adorando com disposição correta, Jesus a respondeu: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito a ti como queres” (Mateus 15.28).

Para pensar e agirAquele que deseja uma resposta

positiva de Jesus precisa ser sincero na adoração. O ensinamento é claro: “Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem no Espírito e em verdade” (João 4.24).

A encarnação de Cristo, ou seja, a sua vinda ao mundo tomando a forma humana, nos possibilitou a comunhão imediata com Deus. O Filho, que é a perfeita manifestação de Deus, colocou ao nosso alcance a capacidade de adorá-lo em espírito e em verdade.

Vale a pena parar e refletir: qual a real motivação da nossa adoração? Temos sido sinceros? Passamos no teste da exposição à luz?

O desejo de Deus, explícito na Palavra, é que sejamos achados fiéis e verdadeiros adoradores.

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Data do Estudo

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Introdução

Na lição 1, aprendemos um pouco mais sobre o que é culto. Nela, definimos alguns termos, como

culto (coletivo e individual) e liturgia. Vale a pena rever esses conceitos antes de prosseguir. Fica a dica.

Quando a igreja se reúne para cultuar, todos se constituem em oficiantes do culto. Essa tarefa não é só do pastor ou do dirigente. O único que assiste ao culto é Deus, pois é o alvo exclusivo da adoração.

É sempre positivo relembrar que não é correto dizer que vamos ao templo assistir ao culto. Na verdade, vamos ao templo prestar culto, participando, ativamente dele.

Vamos ao teatro assistir a um espetáculo, vamos ao estádio assistir a uma partida de futebol, mas não vamos ao templo assistir a um culto.

Há, porém, um cuidado que temos de ter quando pensamos no relacionamento entre Deus e o culto. Embora o Senhor seja assistente, ele também é o principal oficiante. Ele é

Texto Bíblico: Mateus 18.206

Deus: o principal oficiante do culto

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o recebedor da adoração, bem como o propiciador da oportunidade de adoração.

1. Participação de Deus no cultoDe tanto sabermos que Deus

se faz presente na reunião do seu povo (Mateus 18.20), temos tanto a tendência de tomar a sua presença como pressuposta, como evidente, que na maior parte das vezes a omitimos como presença oficiante do culto.

É a ordem de Deus que transforma o ato de culto em algo mais do que mero desejo ou anseio. É a sua presença que faz dele algo mais do que uma simples ilusão.

É a presença de Deus que nos redime do perigo da vaidade, que nos cura da cegueira espiritual. É o amor de Deus que impede que o culto se transforme num cerimonial mecânico individualista. A liberdade de Deus eleva o culto acima do nível de uma espécie de chantagem espiritual.

Com isso, temos de aprender que Deus é, ao mesmo tempo e de forma perfeita, sujeito e objeto do culto cristão. No culto, Deus serve e é servido, ordena e recebe a celebração, fala e escuta. Deus é aquele a quem imploramos e que concede o que pedimos.

O culto seria uma farsa criminosa sem a presença de Deus, seria uma grande mentira.

Von Allmen nos brinda com uma profunda declaração: “É por meio

da fé que a igreja percebe que o seu culto não é nem criminoso, nem mentiroso, nem enganoso, porque sabe que é Deus que a chama à adoração, na qual Ele se dá à igreja e a acolhe” 1.

2. Participação do pastor no cultoVamos tratar da figura do pastor,

mas também se inclui aqui todo aquele que participa como dirigente do culto ou pregador, no caso de não ser o pastor.

Logo de início, é importantíssimo destacar que o culto não é do pastor, mas da comunidade. Às vezes, corremos o risco, pela habitualidade, de pensar que a igreja ajuda o pastor a celebrar o culto. É justamente o contrário. O pastor é quem ajuda a igreja a celebrar o culto, ele é um facilitador da ação conjunta da comunidade de fé.

Quando o pastor é elevado à categoria de oficiante exclusivo (solitário) do culto, nasce a tentação de se achar “estrela”. São os chamados “showmen”, aqueles “pastores” que transformam o culto em performances pessoais. Parece que se eles não estiverem presentes, não há culto. Eles são “os caras”. Se não tomar cuidado, se colocam acima do próprio Deus.

Devemos aprender com a discrição de Jesus. Como Pastor Supremo, 1 VON ALLMEN, J. J. O Culto Cristão. São Paulo: Aste, 2005, p.183.

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Jesus levou os seus seguidores a um relacionamento profundo com o Pai. Jesus sabia que o povo do Senhor deveria cultuar pela fé, noutras palavras, deveria cultuar além do que se pode ver.

O pastor ou dirigente de culto é tão somente um servo, destacado entre os outros servos, para auxiliar a congregação no culto coletivo. Não se adora pastor. Só Deus é digno de adoração.

Diante de Jesus, pastor também é ovelha. A igreja precisa entender isso. Os pastores também precisam de oração e cuidado. Nunca uma igreja deve agir com o pastor como se estivesse agindo com uma máquina. Pastor se cansa, precisa de tempo e tem o dever de ser adorador.

3. Participação da congregação no culto

O cristão deve assimilar a graça de poder celebrar culto a Deus como um direito e um dever. Um direito outorgado pela obra salvífica de Cristo e um dever prazerosamente assumido como resposta a esta mesma obra.

Alguns requisitos devem ser atendidos por todos nós, quando reunidos em culto:

SINCERIDADE. A congregação deve ser íntegra na sua celebração. Não vale de nada se reunir corporalmente e mentalmente permanecer distante. A adoração deve ser sincera, noutras palavras,

a verdade deve imperar na mente e no coração dos celebrantes. Vir ao templo e ficar pensando maldades, conversando sobre a vida alheia (a popular fofoca) é uma atitude repugnante perante Deus.

REVERÊNCIA. É triste celebrar a Deus com uma congregação indisciplinada. Ambiente leve, informal e descontraído não significa irreverência. O culto ao Senhor, embora não seja formalista, não é uma desordem ou confusão. Quando lemos a Bíblia, por exemplo, lemos a Palavra de Deus, logo, somos “boca de Deus” ao proclamar a Palavra. Isso não pode acontecer de qualquer maneira. Devemos evitar o famoso “levanta e sai” a todo instante no culto. Ficamos duas horas assistindo a um filme no cinema, por que não podemos ficar o mesmo tempo (ou menos, geralmente) em reverência no culto? É uma questão de prioridade e valorização. Parece que estamos nos “acostumando” demais com a presença de Deus a ponto de faltar com o respeito. Deus é nosso amigo, mas nunca deixará de ser nosso Senhor. Volto a dizer que culto não é uma ditadura, mas também não é uma anarquia. Deus não é um ditador, mas governa sobre nós, exigindo “decência e ordem” (1Coríntios 14.40).

UNIDADE. No culto individual, somos nós e Deus, mas, no culto coletivo, que é o nosso caso aqui, somos nós, os outros e Deus.

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É uma experiência em grupo, reunindo pessoas diferentes, mas que devem nutrir um ideal comum. Daí a necessidade de unidade na celebração litúrgica. A conhecida ilustração das batatas cai bem agora, pois batatas dentro de uma mesma sacola simbolizam união e batatas cozidas, amassadas e feitas em purê simbolizam unidade. As batatas juntas na sacola se espalham se a abrirmos, mas um purê de batatas selará a unidade das batatas daquele momento em diante. O culto é comparado ao purê de batatas. Fomos todos cozidos, amassados e transformados em purê pelo Espírito Santo de Deus. As preferências individuais serão sempre secundárias diante das coletivas.

HUMILDADE. Há muitos outros requisitos, mas concluiremos nossa lista com a humildade. Há um ditado popular que afirma que “ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar”. Uma verdade visível e possível no culto por intermédio da humildade exemplificada por Cristo. Não devemos ficar “armados”, bloqueando o aprendizado de coisas novas, pelo contrário, devemos nos submeter a Deus, humildemente, rogando que Ele continue usando seus servos para nos ensinar. Na igreja não deve haver preferências e honrarias por titularidades acadêmicas ou eclesiásticas. Ninguém será preferido por ser doutor e preterido por não

ter concluído o ensino médio, por exemplo. Não somos reconhecidos na celebração litúrgica pelos títulos conquistados, embora tenham a sua importância, mas sim pelo amor, que é o vínculo especial. A igreja é realmente algo sublime, pois nela todos aprendem e ensinam. É uma troca mútua, na mediação de Jesus.

Para pensar e agirO culto cristão deve ser centrado

em Deus. Nossas celebrações precisam ser cristocêntricas. É um perigo para a fé apoiar-se em extremos, ou seja, o culto será frio e vazio de sentido se o adorador entender Deus como alguém totalmente distante dele, demasiadamente transcendente. Por outro lado, o culto será irreverente e desvalorizado se o adorador entender Deus como alguém à sua altura, uma pessoa como qualquer outra. O ideal é o entendimento de que Deus é sempre mais do que nós, embora se faça nosso amigo próximo. É intimidade respeitosa. É submissão alegre. Enfim, é relacionamento saudável.

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Data do Estudo

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Introdução

Falar em estilos de culto coletivo é falar em liturgia. Enquanto batistas usamos pouco o termo

liturgia. Para alguns, liturgia é “coisa de católico”. Para outros, liturgia traz a ideia de algo formatado, quadrado, limitado. Nossa caminhada pelas lições anteriores nos permite entender que, na verdade, liturgia não é nem uma coisa nem outra. Liturgia é tão somente a “parte visível” do culto, é a nossa tradicional “ordem de culto”, que contém os elementos de tudo o que acontece numa celebração.

Texto Bíblico: Efésios 5.19; Colossenses 3.167

Estilos de culto

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Uma vez que liturgia é algo secundário em relação ao culto, a variação de estilos litúrgicos em si não é um problema. Problema seria a variação do culto, porque comprometeria a essência. Mas, para facilitar o nosso entendimento, utilizaremos o termo “culto” entendendo-o, nesta lição, como “liturgia”. Com a devida explicação, passemos a refletir no tema de hoje: estilos de culto.

1. Culto nas igrejas batistasDiferentemente das lições

anteriores, começaremos esta com um pouco da história do culto batista1.

Há, pelo menos, três teorias sobre a origem dos batistas. Sem entrar no mérito, pois o propósito aqui não é este, uma dessas teorias afirma que a denominação batista nasceu na Inglaterra. Isso aconteceu por intermédio do ex-anglicano John Smyth, um pastor da ala separatista, que estava sendo perseguido. Face à perseguição, Smyth mudou-se para a Holanda e desligou-se dos separatistas ingleses.

Smyth era contrário aos manuais litúrgicos, pois entendia que esses livros eram obstáculos à adoração no culto. O culto de Smyth era longo, 1 Denise Frederico, nossa irmã em Cristo e membro de uma igreja batista da CBB, publicou algumas obras interessantes sobre esse assunto, que foram úteis durante as pesquisas de preparação das lições. Indico, nesta ocasião, a leitura de FREDERICO, Denise. O que é liturgia? Rio de Janeiro: MK, 2004.

centrado no sermão, mas dando oportunidade para que os presentes debatessem o assunto explicado pelo pastor. Eram cultos parecidos com o modelo atual de Escola Bíblica Dominical.

O Pastor Smyth também não permitia que fossem utilizados materiais impressos. Para ele, o importante era que a Palavra fosse pregada e que o Espírito Santo tivesse liberdade para orientar a ordem litúrgica.

Nos dias atuais, há várias tendências de estilos de culto nas igrejas batistas. Vejamos algumas2:• A que segue uma estrutura de

culto baseada em Isaías 6.1-8, transplantada pelos missionários norte-americanos, que a ensinaram nos seminários teológicos. Essa liturgia seria “tradicional” ou “erudita”, porque praticamente só é usada nas igrejas onde há ministros(as) de música ou pastores que tenham sido alunos de seminários da denominação.

• Existe uma liturgia que se pode rotular como “temática”, uma vez que nela são comemoradas datas de interesse denominacional, tais como: Dia de Missões Nacionais, de Missões Mundiais, do Pastor, de Educação Religiosa, além de outras datas. Sendo assim, a ordem de culto visa prestigiar cantos e leituras que abordem o tema do dia.

2 Adaptação de FREDERICO, Denise. A música na igreja evangélica brasileira. Rio de Janeiro: MK, 2007. p.119.

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• A liturgia que segue o tema do sermão do pastor para aquele dia e que pode ser denominada de “liturgia homilética” 3.

• Existem igrejas que mantêm, no culto dominicial da noite, uma ordem de culto oriunda dos metodistas “da fronteira”. James White cita essa liturgia, que ficou conhecida como “liturgia sanduíche”. Ela consiste, resumidamente, em música, mensagem e música, sempre com ênfase evangelística.

• Existe a “liturgia renovada”. Talvez seja a que mais esteja se expandindo dentro das igrejas batistas: é aquela livre, espontânea, influenciada pelos neopentecostais. Sua estrutura é praticamente igual à das igrejas carismáticas. Existem duas partes: a primeira, com o chamado período de louvor, em que inúmeros cânticos são entoados, entremeados por orações espontâneas feitas pela equipe de cantores e instrumentistas que lideram o momento. A segunda parte consiste na exposição da Palavra.

Ainda há aquelas igrejas que fazem uma mistura de muitos dos tipos descritos acima. Fica, então, difícil, dar um nome para essa liturgia. Talvez o nome mais apropriado seja “liturgia livre”.3 Homilética, numa explicação simples e direta, é a arte de preparar e pregar sermões. Por isso, falar em “liturgia homilética” significa dizer que a ordem de culto (liturgia) será elaborada à luz do assunto da mensagem (homilética).

2. Princípios para o cultoDiante de tantos estilos, não seria

sábio brigar por um ou mais deles. De igual forma, não é o melhor caminho buscar uma uniformidade. Creio que o razoável é primar pelos princípios que fazem de nós o que somos. Destacarei dois elementos fundamentais para a nossa reflexão:

MÚSICA. Esta é uma das questões mais importantes quando se fala em zelo pela liturgia, porque a música fica mais facilmente gravada em nossas mentes. A seleção das músicas para o culto cristão deve ser muito bem feita, passando um rigoroso “pente fino”.

Quando se fala em seleção de músicas para o culto, deve-se levar em conta a comunidade de fé. Não devemos moldar a liturgia esquecendo-nos das pessoas que participam do culto. O teólogo Erik Routley afirmou que a qualidade básica para que uma música sirva à liturgia é que ela seja acessível às pessoas comuns. Ao usar o termo comuns, ele se referiu à variedade de pessoas que vão aos cultos: gente de classes sociais diferentes, de idades diversas, de culturas distintas. Regra geral, as músicas que ficam em nossa mente e que nos pegamos cantarolando no dia a dia têm essas características. Geralmente são simples, com frases musicais curtas e repetições que ajudam a gravá-las.

Pensando na música para o culto, deve-se também pensar na

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Salmos 74 e 75Salmos 76 e 77Salmo 78Salmos 79 e 80Salmos 81 e 82Salmos 83 e 84Salmo 85

sua teologia. Nossas crenças, como batistas, precisam transparecer nas músicas que cantamos. É muito triste mentir, mesmo que seja cantando com a congregação no culto. Cantar o que não se crê, só porque está “bonbando” na mídia, é incoerente.

DOUTRINA. O mau uso do termo desgatou um pouco o valor da doutrina em algumas igrejas. Há pessoas que têm verdadeiro pavor quando se fala em doutrina, pois pensam logo em algo limitador da adoração. Doutrina não é limitadora, é norteadora. Toda igreja tem uma doutrina, mesmo que assuma não tê-la. Nós, batistas, temos nosso corpo de doutrinas. São esses os ensinos que devemos proclamar no culto: ensinos de Cristo. Doutrina é a forma como sistematizamos, no dia a dia da comunidade de fé, o aprendizado dos ensinamentos de Cristo, exarados na Palavra.

Descuidar da doutrina é entregar o culto coletivo aos devaneios dos modismos. É possível um culto vibrante, dinâmico, participativo e bem doutrinado, pois doutrina está acima de estilo de culto.

Para pensar e agirNa maioria das vezes, mais

importante do que conhecer o “porquê” de alguma coisa é saber o “para que”.

Certa vez uma pessoa perguntou ao pastor o que ele achava de orar com

a mão para cima. O pastor respondeu que achava a mesma coisa de orar com a mão para baixo.

Quando a igreja se prende às coisas secundárias ela se perde no caminho. Devemos nos focar no essencial, no que faz o culto ser verdadeiramente culto.

Há uma velha ilustração de uma igreja que se dividiu em três por causa de uma bobagem. Um professor da EBD começou a pensar que, se Adão não tinha nascido da barriga de uma mulher, não teria cordão umbilical, logo, não teria umbigo. Então ele começou a defender a tese de que Adão não tinha umbigo. Um grupo concordou, outro grupo discorcou efusivamente e outro ficou na dúvida, esperando o grupo vencedor para se unir a ele. Foi uma confusão, porque havia aquele irmão que não falava com o outro porque não cria no umbigo de Adão.

É muito triste quando a igreja, que tem tanta coisa para fazer por Cristo, se prende a detalhes insignificantes, como o umbigo de Adão. Fujamos dessas mediocridades e avancemos na qualidade litúrgica que Deus merece.

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nos é valioso demais o princípio da autoridade da Bíblia como única regra de fé e prática.

Por isso, vamos caminhar, de forma bem resumida, pelas páginas bíblicas, com a finalidade de extrair o que a Palavra diz sobre a música na prática coletiva de culto.

1. Música no Antigo TestamentoOs judeus tinham músicas para

diversas ocasiões. Quando o povo passou pelo mar Vermelho, entoou com Moisés o hino que lemos como texto de referência nesta lição (Êxodo 15.1-18).

É um primitivo cântico religioso lindíssimo, acompanhado de instrumentos e de uma responsiva antífona, dirigida por Miriã, irmã de Moisés: “Cantai ao Senhor, porque

Introdução

A música, embora tão admirada, ainda tende a ser um assunto controvertido no culto,

lamentavelmente. O problema não está na preferência de determinado estilo musical, mas na intolerância com os outros estilos musicais.

Entre nós, batistas, a inclusão da música no culto não foi um assunto fácil. Benjamim Keach foi quem introduziu o canto nas igrejas batistas inglesas. Keach conseguiu, em 1673, que a igreja em Horsleydown cantasse um hino no fim da ceia, permitindo que os contrários se retirassem antes de ser cantado1.

Nesta e quaisquer outras questões, a Bíblia é quem define, até porque

1 FREDERICO, Denise. Liturgia: das origens até os batistas brasileiros. Porto Alegre: EST, 1994, p. 36.

Texto Bíblico: Êxodo 15.1-188

Música na Bíblia, 1

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triunfou gloriosamente; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro” (v. 21).

Moisés, no fim do seu ministério, podemos assim dizer, deixou um hino para Israel (Deuteronômio 32.1-43), introduzido no capítulo 31: “Então Moisés proferiu todas as palavras deste cântico, enquanto toda a assembleia de Israel o ouvia” (v. 30). Após o cântico, o verso 44 arremata: “Então Moisés veio e proferiu todas as palavras deste cântico na presença do povo, ele e Oseias, filho de Num”. Antes de morrer, Moisés deixou uma música para o seu povo!

Davi é outro exemplo de líder que dava à música um lugar de destaque. Foi com música que ele levou a arca do concerto para o tabernáculo. “Davi ordenou que os chefes dos levitas escolhessem alguns músicos, dentre seus parentes, para tocarem instrumentos musicais, com lira, harpas e címbalos, e cantarem com alegria” (1Crônicas 15.16). O verso 28 volta a falar dessa ordem, agora cumprida: “Assim, todo Israel levou a arca da aliança do Senhor, com júbilo, ao som de cornetas, trombetas e címbalos, acompanhado de liras e harpas.”

Em 2 Crônicas 5, encontramos a música sendo utilizada na dedicação do Templo construído por Salomão. Interessante, também, é o fato do maior livro da Bíblia – Salmos – ser um hinário2.2 Indico como leitura sobre o assunto a obra de McCommom, que foi muito útil na pesquisa: MCCOMMON, Paul. A Música na Bíblia. Rio de Janeiro: JUERP, 1995.

2. Louvor e Adoração no Antigo Testamento

A expressão “louvor e adoração” tem sido muito comum nas celebrações para designar o momento em que a congregação, conduzida por uma equipe de músicos, entoa cânticos avulsos. O perigo está em confundir o momento de cânticos espirituais como único momento de louvor e adoração no culto. Os cânticos são uma das expressões possíveis de louvor e adoração.

Philip Yancey afirmou que “adorar a Deus hoje significa preencher aos brados todo e qualquer silêncio” e, ainda, falou sobre um autor de várias canções que se disse preocupado com a música de adoração que está pondo o foco nos músicos e não em Deus3. Temos de fugir desse erro!

G. Wainwright disse que “o louvor público é também testemunho diante do mundo. Deve ter Deus como seu propósito (...). Um hino cuja intenção não seja o louvor a Deus de alguma forma deveria ser considerado uma idolatria”4.

O verdadeiro ambiente de adoração, conforme a visão de Isaías 6.1-8, é aquele que conduz o adorador à consciência dos 3 YANCEY, Philip. Prostar-se e beijar. In: Revista Enfoque Gospel, jul/95, p. 98. 4 Geoffrey Wainwright foi citado em FREDERICO, Denise. A Música na Igreja Evangélica Brasileira. Rio de Janeiro: MK, 2007, p. 43.

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seus pecados e à necessidade de se buscar a santidade de Deus, que sempre nos impulsiona ao cumprimento da missão e ao serviço.

As referências de culto no Gênesis falam de Abraão, Isaque e Jacó (12.9, 13.4, 26.25 e 33.20). Eram pequenas cerimônias litúrgicas.

Nos mandamentos, conforme Êxodo 20.1-6, Deus orienta Moisés e o povo judeu sobre como deveria ser a adoração. A ordem de abandonar outros deuses foi clara. São vários os textos no Antigo Testamento que mostram a correção divina face à adoração corrompida e idólatra. Isso nos ajuda a entender que, para Deus, não importa o estilo de música no culto e, sim, a vida dos adoradores. O que Deus pede para que o culto seja aceito é santidade: “Eu detesto e desprezo as vossas festas; não me agrado das vossas assembleias solenes. Ainda que me ofereçais sacrifícios com as vossas ofertas de cereais, não me agradarei deles; nem olharei para as ofertas pacíficas de vossos animais de engorda. Afastai de mim o som dos vossos cânticos, porque não ouvirei as melodias das vossas liras. Corra porém a justiça como águas, como o ribeiro perene” (Amós 5.21-24). Há outros textos que reforçam a mesma ideia, como 2Crônicas 26.26-20 e Isaías 1.11-17.

3. Louvor e Adoração nos SalmosEmbora o Antigo Testamento tenha

sido comentado no tópico anterior, daremos um destaque aos Salmos, por se tratar do hinário do povo judeu.

Os salmos evidenciam expressões de louvor e adoração de todos os povos (22.27; 66.4; 89.9; 96.6). É um tema bem abordado na coletânea.

Davi, embora seja o autor da maioria dos salmos, não foi o único. Os filhos de Coré, Asafe, Moisés e até Salomão também compuseram salmos.

O livro é dividido em cinco partes, tornando-o semelhante às leis judaicas – Torá – que também estão contidas em cinco livros.

Os quatro primeiros livros terminam com a expressão “bendito seja o nome do Senhor”. O último, com “todo ser que respeira louve o Senhor”.

DIVISÃO DOS SALMOSLivro I 1 a 41

Livro II 42 a 72

Livro III 73 a 89

Livro IV 90 a 106

Livro V 107 a 150

Apresentaremos a classificação dos salmos elaborada pelo estudioso Hans-Joachim Kraus5:5 Informações complementares dessa classificação podem ser obtidas em FREDERICO, Denise. A Música na Igreja Evangélica Brasileira. Rio de Janeiro: MK, 2007. p. 50-52.

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Salmos 86 e 87Salmo 88Salmo 89Salmos 90 e 91Salmos 92 e 93Salmos 94 e 95Salmo 96

Salmos de louvor. São aqueles que começam com uma expressão hebraica que foi traduzida por “canção de louvor”. Estão arrolados nesta categoria, por exemplo, todos os salmos que contêm a expressão “Louvai ao Senhor” ou “Aleluia” (Exemplo: Salmo 146).

Cantos de oração. Aqui estão elencados os salmos para oração individual, nos quais o pronome pessoal “eu” é usado. “Salve-me, ó Deus”, por exemplo (Salmo 54).

Salmos de ação de graças. “Rendei graças ao Senhor, invocai o seu nome; anunciai seus feitos entre os povos” (Salmo 105.1).

Salmos “reais”. São aqueles que falam acerca de reis. Contêm elementos também encontrados na literatura do Oriente Próximo, como oráculo e prosperidade para o rei (Exemplo: Salmo 72.15).

Cantos de Sião. Como diz o nome, são os que citam essa cidadela, conforme o Salmo 125.1.

Salmos didáticos. Apresentam expressões hebraicas equivalentes à sabedoria e entendimento. São ainda colocados nessa mesma classificação aqueles que trazem sabedoria proverbial (Exemplos: Salmos 90, 127 e 133).

Salmos que falam de adoração. Kraus afirma que é necessário ter cautela, pois não é tarefa fácil dizer com exatidão onde são encontrados os cultos no Antigo Testamento. Aponta três salmos: 50, 81 e 95.

Para pensar e agirDeus requer de nós santidade.

Nós, humanos, pelas limitações peculiares, nos limitamos, na maioria das vezes, à aparência. Como Deus nos conhece perfeitamente, Ele é o único que tem o poder de reconhecer a verdadeira adoração.

O melhor caminho para nós é buscar a santificação e deixar os assuntos de menor importância como secundários. Podemos trocar ideias sobre estilos musicais, mas sem descuidar do estilo de vida que estamos vivendo, diante de Deus (adoração), principalmente, e diante da sociedade (testemunho).

Uma boa disciplina espiritual para o crescimento em santidade é a oração e a leitura da Palavra. Aproveito para relembrar o desafio deste trimestre: a leitura de todo o livro dos Salmos, conforme as orientações das leituras diárias.

Na próxima lição, continuaremos no mesmo tema, com ênfase no Novo Testamento.

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Introdução

Na lição anterior, estudamos sobre a música no Antigo Testamento, destacando nele, também, o

entendimento da expressão “louvor e adoração”, além do destaque para os Salmos. Continuaremos na mesma

temática, agora, com ênfase no Novo Testamento.

1. Música no Novo TestamentoAo ler o Novo Testamento,

continuamos a ser advertidos sobre a importância da música na adoração.

9Texto Bíblico: Lucas 1.46-55

Música na Bíblia, 2

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Lucas registrou que as milícias celestiais surgiram no firmamento com o seu “glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens a quem ele ama” (2.14). Fala também que “os pastores voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, como lhes fora falado” (2.20). Simeão, já com a idade avançada, louvou entusiasticamente a Deus, ao ter Jesus em seus braços (2.28).

O próprio Jesus, enquanto realizava o seu ministério terreno, foi visto constantemente no Templo, participando dos cultos solenes de adoração, e não há registro algum de que Ele proferiu palavras de reprovação às músicas entoadas para o louvor do Pai celestial. Na noite em que foi traído, inclusive, Jesus realizou a ceia com os discípulos e cantou com eles (Mateus 26.30). Estudiosos registram que foram cantados no fim da ceia os chamados “Salmos de Hallel” (hallel significa “louvor”).

O apóstolo Paulo exortou, em suas cartas, ao ensino com cânticos (Efésios 5.19; Colossenses 3.16). Na prisão, ele e Silas, à meia-noite, cantaram hinos de louvor a Deus e fizeram orações (Atos 16.25).

João, o último dos doze, quando estava no exílio na Ilha de Patmos, ouviu e escreveu sobre uma música jamais ouvida pela humanidade, antes e depois daquele tempo: “Ouvi um som do céu, como o barulho de um grande temporal e o estrondo de um grande trovão. O som que ouvi era

como o de harpistas que tocavam suas harpas” (Apocalipse 14.2).

Tanto no Antigo como no Novo Testamento, a música tem lugar na celebração a Deus.

2. Louvor e Adoração no Novo Testamento

Diferentemente do Antigo, o Novo Testamento não fornece tantos detalhes acerca do culto, da liturgia ou do canto no culto.

No evangelho de Lucas, capítulos 1 e 2, são encontrados os chamados “cânticos de infância”: o de Maria, conhecido como Magnificat (1.46-55); o de Zacarias, conhecido como Benedictus (1.68-79); o dos anjos, que ficou conhecido como Gloria in Excelsis Deo (2.14); o de Simeão, também denominado Nunc dimittis, que equivale a “podes despedir em paz o teu servo” (2.29-32). Todos esses cânticos registrados por Lucas foram entoados quando do nascimento de Jesus, baseados em textos do Antigo Testamento.

O texto que narra o encontro de Jesus com a mulher samaritana é um dos primeiros que fala sobre louvor e adoração no Novo Testamento. Ela tinha dúvida sobre o local em que se deveria adorar a Deus. Jesus a esclareceu com um conceito novo até para os judeus (João 4.23), pois Ele falava sobre a espiritualidade do culto: “adoração em espírito e em verdade”, que é muito mais importante do que hora e lugar.

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Na igreja primitiva, louvor e adoração foi considerado atividade diária (Atos 2.42-47). Paulo também se referiu à entrega da vida como ato de culto em Romanos 12.1: “Portanto, irmãos, exorto-vos pelas compaixões de Deus que apresenteis o vosso corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”.

O autor da carta aos Hebreus falou sobre o valor da reunião como igreja de Cristo: “Não abandonemos a prática de nos reunir, como é costume de alguns, mas, pelo contrário, animemo-nos uns aos outros, quanto mais vedes que o Dia se aproxima” (Hebreus 10.25).

Apocalipse, último livro da Bíblia, é recheado de referências acerca da igreja e do seu futuro, quando adorará a Deus para sempre (19.1-8). Fato interessantíssimo é que no fim da visão, João assim registra: “Eu, João, ouvi e vi todas essas coisas. Quando as vi e ouvi, prostei-me aos pés do anjo que as mostrava a mim, para adorá-lo. Mas ele me disse: olha, não faças isso, porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus” (22.8,9).

Uma coisa é totalmente enfatizada em toda a Bíblia: Deus é o único que deve receber a nossa adoração.

3. Considerações• A Bíblia dá ênfase à música no

culto, mas nem tudo no culto

é música. Noutras palavras, o culto não é só música. Outro cuidado que devemos ter é não considerarmos a música como preparação para o culto, pois a música faz parte do próprio culto e deve proclamar a Palavra de Deus com a mesma seriedade e profundidade do sermão. De forma alguma a música no culto deve ser vista como intervalo entre alguma coisa e outra, como descanso para a congregação ou como tempo para a acomodação das pessoas no templo.

• Graças a Deus, superamos as antigas insistências de que determinados instrumentos não devem ser usados no culto (o piano e a bateria, por exemplo, em épocas diferentes, foram vítimas desses argumentos). Sabemos que o Novo Testamento traz poucas referências a instrumentos, mas não podemos desconsiderar o fato de que no tempo do Novo Testamento as congregações não podiam gastar muito dinheiro com instrumentos caros, como faziam no tempo do Antigo Testamento. A maior parte das igrejas do Novo Testamento, devido à perseguição, mudava-se e, portanto, dispunha de pouco ou de nenhum tempo para desenvolver a música ou capacitar seus músicos. Não devemos esquecer, também, que as igrejas do Novo Testamento, em seus primeiros passos, usaram,

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Salmos 97, 98 e 99Salmos 100, 101 e 102Salmos 103 e 104Salmo 105Salmo 106Salmo 107Salmos 108 e 109

tanto quanto possível, o mesmo programa dos tempos do Antigo Testamento, pois a maioria dos cristãos era constituída de judeus.

• A música, além de ser uma bênção no culto coletivo, também deve ser usada como expressão de sentimento devocional do nosso coração e de consagração ao nosso Salvador. A música também deve ser empregada no lugar secreto de nossas devoções particulares, quando temos comunhão com Deus e nos derramamos em sua presença.

• Não devemos menosprezar o valor didático da música. Regra geral, ela fica mais na mente do que o sermão. A música é um meio eficiente para a pregação do evangelho. Certa ocasião, André Fletcher disse: “Dai-me o direito de compor as canções de uma nação e eu não me preocuparei com quem faz as suas leis”. A música tem grande poder de influência. Devemos utilizá-la com sabedoria.

• A música, ou qualquer outro assunto, não deveria causar divisões na igreja. Tudo tem o seu tempo e qualquer fato novo tende a ser rejeitado de início. É comum e lamentável ouvir de divisões por questões culturais. A igreja é uma comunidade e, como tal, deve ser trabalhada para o equilíbrio. Para que alcancemos esse equilíbrio, não é a cabeça de um e de outro

que decidirá por todos. Pelo contrário, a comunidade deve ser ouvida e respeitada.

Para pensar e agirNum dos cultos na Primeira

Igreja Batista no Bairro São João, onde tenho a alegria de servir, juntamente com a minha esposa, fui profundamente tocado quando entoávamos a canção “Jesus, Essência do Louvor” (1ª IB Curitiba). Transcrevo parte da letra, que, certamente, nos provocará à reflexão e ação:

Quando o som se vai tudo se desfaz, eu me achego a ti para dar-te, ó Deus, algo de valor, que alegre a ti. Dar-te hei mais que uma canção, pois a música em si não é o que queres de mim. Tu sondas meu interior, sabes tudo que sou e queres meu coração. Quero adorar-te com minha alma, és o meu Salvador, a essência do meu louvor. Perdão, Senhor, é o que mais quero. És o meu Redentor, a essência do meu louvor.

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É preocupante que numa igreja outros assuntos ganhem mais evidência que Cristo. É um sinal de afastamento da missão, o que requer retorno à santidade. Qualquer voz que tente competir com a de Cristo deve ser refutada.

Em diversos momentos na história da igreja cristã surgiram falsas vozes, buscando encontrar espaço entre os servos de Cristo, promovendo ensinos daninhos à fé verdadeira: “Mas entre o povo também houve falsos profetas, assim como entre vós haverá falsos mestres. Às ocultas, introduzirão heresias destruidoras, negando até o

Introdução

Fanny Jane Crosby, ao compor a letra do hino 547 do Hinário Para o Culto Cristão, registrou:

“Sabeis falar de tudo que neste mundo há, mas não dizeis palavras de Deus que tudo dá?

“Falamos do mau tempo, do frio e do calor. Oh, bem melhor seria falar do Salvador!”. E prosseguiu, exortando: “Irmãos, irmãos, falemos de nosso Salvador”.

O principal assunto da igreja é Cristo. Ele é a Boa-Nova para a humanidade (Lucas 2.10,11). Fora dele, não há igreja; pois igreja é uma comunidade de pessoas regeneradas por Cristo, biblicamente batizadas e comprometidas em segui-lo, imitando-o em pensamentos, palavras, ações e atitudes. Simplificando, igreja é um grupo de pessoas que querem ser como Cristo.

Texto Bíblico: 1Coríntios 3.1-2310

Cristo: assunto central no culto

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Senhor que os resgatou e trazendo sobre si mesmos repentina destruição” (2Pedro 2.1).

Uma igreja ocupada com Cristo saberá discernir entre o que é bíblico e o que é vã filosofia humana (Colossenses 2.8). A recomendação divina é clara: “Já que fostes ressuscitados com Cristo, buscai as coisas de cima, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas de cima e não nas que são da terra; pois morreste, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Colossenses 3.1-3).

O próprio Jesus, após libertar o gadareno da opressão maligna, o “ocupou” com o assunto mais importante para um cristão: “Volta para a tua casa e conta tudo o que Deus te fez. E ele foi, aunciando por toda a cidade tudo quanto Jesus lhe havia feito” (Lucas 8.39).

Se Cristo é assunto que não se esgota nem fica ultrapassado, que a igreja viva, pense, imite, siga e fale de Cristo. E que esse estilo de vida em Cristo ganhe visibilidade no culto, individual e coletivo.

1. Culto à personalidadeLamentavelmente, o “culto à

personalidade” não é apenas uma estratégia dos políticos em campanhas eleitorais. Numa definição simples, “o culto de personalidade ou culto à personalidade é uma estratégia de propaganda política baseada

na exaltação das virtudes – reais e/ou supostas – do governante, bem como da divulgação positivista de sua figura. Cultos de personalidade são frequentemente encontrados em ditaduras, embora também existam em democracias” (Fonte: Wikipédia).

Sabemos que Deus reprova cabalmente a prática da idolatria. O perigo é pensarmos em idolatria somente em relação às imagens e descuidarmos da idolatria de pessoas, até porque o conceito de idolatria não se resume aos cultos pagãos. Idolatria é toda e qualquer honraria e veneração a alguma coisa ou a alguém no lugar de Deus.

Quando Cristo deixa de ser o assunto central no culto, fatalmente a idolatria entrará em cena. Cultuar é adorar e, se Deus não é o adorado, alguém ou alguma outra coisa o será.

Temos de tomar cuidado para não competirmos com a glória que é exclusivamente de Deus. Há pessoas que se julgam tão importantes, que chegam a pensar que são indispensáveis para a qualidade do culto na sua igreja.

Há também o erro de só ir ao culto se o pastor fulano pregar, se o irmão tal cantar, etc. Será que isso não pode ser uma espécie de idolatria, de culto à personalidade?

Está na moda, mais do que nunca, o “pastor pop star”. São estrelas, artistas, hipócritas, menos pastores de

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verdade. São falsificadores da fé, que levam as pessoas a se curvarem diante deles, a engordarem suas contas bancárias, menos a se arrependerem dos seus pecados e confessarem a Cristo como Salvador e Senhor.

Às vezes, pensamos que isso está longe de nós e que somos inatingíveis. Pensar assim é andar à beira do precipício. Temos de nos vigiar constantemente e pedir a Deus que nos livre da assimilação do erro da autoidolatria.

2. Culto ao mercadoAssim como a idolatria, o culto ao

mercado é um grande estrago para a igreja. O que queremos dizer com “culto ao mercado”? É abrirmos mão de nossos princípios para “comprar” o que está na moda, o que todo mundo faz, mesmo que seja contrário ao que cremos.

Exemplificando: uma determinada música está caindo na graça do povo, mas a sua letra contraria o que cremos e, mesmo assim, a cantamos, só para “estar na moda”, para manter o culto da igreja “atualizado” com o que está “bombando” no mercado gospel. Isso não acontece só com a música, é claro.

Não podemos esquecer a exortação bíblica: “não acompanhe a maioria para fazer o mal” (Êxodo 23.2).

Contextualizar o culto é preciso, mas isso não significa banalização de princípios em busca de sucesso

e de falso crescimento. Nem tudo o que está no mercado é “produto” apropriado.

3. Fundamento do cultoNo texto bíblico de referência

para esta lição, encontramos o ensinamento paulino sobre a carnalidade, que causa divisões na igreja. Ele repreendeu os sintomas da “espiritualidade infantil” dos coríntios, que não podiam tolerar verdades espirituais mais profundas, pois ainda careciam de conhecimento dos fundamentos básicos da fé.

Os coríntios competiam entre si, tentando mostrar superioridade e exaltando determinados pregadores, aliando-se a um e a outro, criando partidos rivais. Eles pensavam que eram sábios (1Coríntios 3.18), grandes conhecedores e cheios de espiritualidade. Estavam cegos para as suas verdadeiras necessidades espirituais.

Paulo ensinou a inferioridade dos pregadores em relação a Cristo, pois são simplesmente servidores daquele que faz a obra crescer. Também deixa claro que nenhum cristão precisa “reivindicar” nada, porque Deus nos deu todas as coisas em Cristo.

A igreja é o edifício de Deus, tendo Cristo como fundamento. Paulo instrui que Cristo é o “material” exclusivo para a fundação. Noutras palavras, Cristo é o próprio fundamento, o alicerce (3.11).

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Salmos 110 e 111Salmos 112 e 113Salmos 114 e 115Salmos 116, 117 e 118Salmo 119.1-32Salmo 119.33-64Salmo 119.65-96

Somos cooperadores na construção sobre o fundamento, que é Cristo, até porque nós mesmos estamos edificados nele. Não devemos fazer parte do grupo daqueles que tentam, frustradamente, destruir o fundamento com falsos ensinos.

O fundamento para o culto é Cristo. Qualquer celebração edificada fora dele ruirá. Se Cristo não for o foco, não for o centro, o culto será falso.

Para pensar e agirSomos cristãos porque assumimos

um compromisso com Cristo. Como casa edificada na rocha, somos igreja edificada em Cristo (Mateus 7.24-29). Não dependemos de circunstâncias para a firmeza na fé, porque a firmamos em Cristo, e Cristo não é circunstancial e temporal, como nós. Ele é eterno, suficiente e perfeito.

Partindo desse pressuposto evidenciado pela Palavra de Deus e comprovado no dia a dia da igreja, atentemos para alguns detalhes que fazem toda a diferença:• Cristo é o ponto de partida e de

chegada. Lembremos que “todas as coisas são dele, por ele e para ele” (Romanos 11.36). Cristo não é pretexto para o culto, e sim o assunto principal.

• Culto não é palco para lançamento de celebridades. Só há uma pessoa em evidência na celebração, e se chama Cristo

Jesus. Essa afirmação não pode ser apenas retórica. Estamos todos abaixo de Jesus e em igualdade entre nós. Essa ideia de “supercrente”, de “guro espiritual” não combina com as nossas doutrinas neotestamentárias. O sacerdócio universal de todos os crentes deve ser constantemente relembrado. Noutras palavras, todos temos livre acesso a Deus por meio de Jesus, único e suficiente mediador.

• Piedade e compromisso com a excelência são fundamentais. A piedade nos leva a uma postura de servo, com humildade e profundo respeito às coisas de Deus. Junto à piedade, precisa estar o compromisso com a excelência, porque ser humilde não é sinônimo de aceitar que o culto aconteça de qualquer maneira. Deus merece o melhor, sempre. A cada culto, a igreja precisa demonstrar mais qualidade. O discurso de que determinada programação não ficou boa, mas deixa assim mesmo porque é para Deus não é correto. Temos de buscar a excelência em todo o tempo.

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Introdução

O assunto pode até ser batido entre nós, mas a verdade é que vez por outra é ouvida a expressão

levita em relação aos músicos nas igrejas, especialmente àqueles que participam da “equipe de louvor”. É correto chamar os músicos das igrejas de levitas?

1. Quem são os levitas?A Bíblia nos informa sobre a

importância da música no culto. No tempo de Davi e Salomão, o ministério da música era uma parte integrante do culto hebraico. Os músicos vinham

da tribo levítica e eram obreiros de tempo integral, separados para o trabalho do culto.

“Dos trinta e oito mil levitas, quatro mil foram separados para servir ao Senhor, com os instrumentos musicais feitos por Davi”1.

Em 1Crônicas encontramos os deveres dos diferentes levitas e, entre eles, os músicos. Quenanias, chefe dos levitas, foi citado como encarregado dos cânticos (1Crônicas 15.22).

Os levitas eram pessoas separadas para ministrar a vida espiritual de Israel. Eles tinham 1 MCCOMMON, Paul. A Música na Bíblia. Rio de Janeiro: JUERP, 1995. p. 76.

Texto Bíblico: Números 8.5-2611

Músicos ou Levitas?

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também a responsabilidade de cuidado e manutenção do Templo.

O levita era isento de alguns compromissos: “vos notificamos que não é permitido cobrar impostos, tributos ou taxas de nenhum dos sacerdotes, levitas, cantores, porteiros, servidores do templo e de outros que trabalham nesse templo” (Esdras 7.24).

A questão fundamental é que nos tempos do Antigo Testamento, todo músico era levita, mas nem todo levita era músico.

Levi, terceiro filho de Jacó e Lia (Gênesis 19.34), e sua tribo foram eleitos por Deus para cuidar das questões que envolviam o culto em Israel. Moisés e Arão eram da tribo de Levi (Êxodo 2.1, 4.14, 6.16-27). Esta tribo foi separada das demais, sendo incumbida de conduzir os sacrifícios, de desmanchar, transportar e erguer o tabernáculo no tempo de peregrinação.

Os levitas tinham um ministério auxiliar aos sacerdotes. O serviço dos levitas começava quando atingiam a idade de vinte e cinco anos, indo até os cinquenta (Números 8.24-26). Posteiromente, quando Davi estabeleceu um local fixo para a arca da aliança, a idade foi baixada para vinte anos.

O sustento dos levitas vinha do dízimo do povo. Eles não possuíam herança na terra; nenhuma porção da Terra Prometida lhes coube (Números

18.23). Por outro lado, os israelitas tinham grandes responsabilidades com os filhos de Levi (Deuteronômio 12.12, 18-19; 14.28-29).

2. Temos levitas hoje?Com essa interrogação latejando

em minha mente, pesquisei algumas opiniões sobre o assunto. É sempre difícil a tendenciosa tarefa de selecionar uma ou outra dentre tantas opiniões, mas, por questões de tempo, espaço e concordância, fiquei com duas, como seguem:

José Barbosa Júnior foi tão enfático e preciso que o citarei na íntegra: “Como tirados de folhas amareladas pelo tempo, eles surgem para atrapalhar a já atrapalhada igreja evangélica de nossos dias. São os “levitas”, os grandes homens e mulheres que ministram louvor em várias igrejas pelo país. Um pouquinho só de conhecimento bíblico já nos faz ver que por trás disso tudo há um grande equívoco. Um movimento re-judaizante, com fortes tendências neo-pentecostais traz em seu bojo figuras como essa, tema de nosso breve comentário. (...) Quem se diz levita, não sabe o que está dizendo. Creio que o desejo de ser levita surge, antes de qualquer coisa, de uma vontade de possuir títulos nobres, o que é bem comum em nosso meio. Apóstolos, bispas, bispos, que assim se autodenominam são comuns em nossos arraiais. Gente

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povo de Israel. Esse papel hoje é perfeitamente cumprido por Jesus, nosso supremo Pastor e sumo sacerdote.

4. Chamar os músicos de hoje de levitas cria uma divisão entre crentes “levitas” e “não levitas”. Essa razão é mais prática que teológica. Essa divisão entre os “ministros de louvor” e a congregação não é saudável e traz problemas no entendimento da verdadeira espiritualidade. Sabemos que aqueles que vão à frente para ministrar devem ter um cuidado todo especial com as suas vidas, mas isso não faz deles “supercrentes”, não os coloca numa condição superior aos demais. Todos somos aceitos por Deus, todos o louvamos, não só um determinado grupo no culto.

As opiniões que acabamos de conhecer são valiosas, mas cada um de nós deve entender a razão pela qual não é correto associar os músicos de hoje aos levitas do Antigo Testamento. É mais do que uma questão de nomenclatura, e não deve ser assimilada sem pensar ou por autoritarismo. É necessário entender que o ministério levítico é muito mais abrangente do que o ministério da música.

3. Poderíamos ter levitas hoje?O fato é que, biblicamente falando,

não os temos, mas poderíamos? Não

que carece de profundidade bíblica e de seriedade no modo de encarar a verdade revelada. Gente que fica buscando no Antigo Testamento coisas que já foram abolidas há muito tempo, há pelo menos 2.000 anos” 2.

A segunda opinião vem de Josaías Júnior, que publicou um interessante artigo com o título “7 razões para não chamar músicos de ‘levitas’” 3. Citarei algumas razões, comentando-as:1. Nem todos os levitas eram

músicos. Já falamos sobre isso no tópico anterior. A Bíblia fala de levitas que cuidavam da música, mas também fala de outras atividades levíticas envolvendo o ambiente de culto, como os sacrifícios e tarefas administrativas e operacionais (limpeza e organização do espaço, por exemplo).

2. O chamado levítico originalmente envolvia toda a humanidade. O chamado para a adoração e o cuidado do “templo” é para todos, dado aos nossos primeiros pais, assim como o casamento, a família, o trabalho e o descanso.

3. O levita tinha um papel de mediador, assumido por Cristo. Os levitas, como ungidos do Senhor, tinham o papel de mediar a aliança entre Deus e o

2 http://www.pulpitocristao.com/2010/03/socorro-os-levitas-voltaram/3 http://iprodigo.com/textos/7-razoes-para-nao-chamar-musicos-de-%E2%80%9Clevitas%E2%80%9D.html

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seria justo ressuscitar a figura do levita do Antigo Testamento assumindo somente os bônus da função. Há coisas mais leves no ministério levítico, mas há aquelas bem mais pesadas.

Devemos lembrar que os levitas eram escolhidos, consagrados e separados para o trabalho em tempo integral, ou seja, dedicação exclusiva, e recebiam por isso. Mas, poderia ser que hoje o sustento do levita ficasse aquém do mercado de trabalho.

Um levita atual teria de estar disposto a limpar o templo, abrir e fechar, esperando que a última pessoa se retire, com paciência e amor, repetidas vezes. Caberia ao levita a zeladoria da igreja. Não sei se seria muito bom misturar as coisas. Penso que não seria produtivo o trabalho do músico acumulando tantas outras responsabilidades.

Por outro lado, voltar ao sistema levítico afetaria drasticamente o voluntariado na igreja. Formaríamos equipes de levitas para todas as áreas, em tempo integral e com seus sustentos, e os que quisessem servir voluntariamente naquelas áreas ficariam no “banco de reservas”.

Na verdade, a questão é complexa. Há muitos outros argumentos, até mesmo os favoráveis.

Posso estar errado, mas tomo a coragem de afirmar que um retorno ao ministério levítico

hoje, além dos problemas bíblico-teológicos, é uma questão de vaidade, nada além de vaidade. Um cristão que deseja trabalhar para o Senhor não precisa se rebaixar a uma questão de nomenclatura.

Para pensar e agirSeria ideal se pudéssemos dar

condições para que todos os músicos da igreja atuassem em tempo integral, cuidando do culto, diariamente. Mas essa realidade está distante da maioria absoluta de nossas igrejas. Os recursos não são suficientes para tamanha estrutura.

Mas, embora não recebendo dinheiro, é importante que cada pessoa dê o seu melhor no exercício do ministério cristão, nas suas múltiplas áreas.

Vale a pena a reflexão: estamos exercendo os nossos dons e ministérios da melhor forma possível, ou estamos “empurrando com a barriga”? Que nota daríamos para o nosso compromisso com Deus e a sua igreja?

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Introdução

Desde a primeira lição, temos visto princípios bíblicos para o culto cristão, individual e coletivo.

Por se tratar de estudos para toda a igreja, temos dado mais ênfase às celebrações coletivas, ao ajuntamento solene do povo de Deus.

Hoje, de forma específica e não menos importante, nos voltaremos exclusivamente para o culto individual. É mais difícil tratar deste assunto, porque cada pessoa nutre a sua intimidade com Deus, mas passaremos pelo “caminho comum” do culto individual.

Quando pensamos nas reuniões do povo de Deus para o culto coletivo,

Texto Bíblico: Gálatas 2.2012

Viver para cultuar

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podemos até citar dia e horário, início e fim de uma celebração litúrgica, mas, em relação ao culto individual, não há dia e hora, pois viver em Cristo é viver cultuando, em todos os dias e em todas as horas.

Paulo disse que a sua vida não era mais vivida por ele, mas pela fé no Filho de Deus (Gálatas 2.20). Era a vida de Cristo dando sentido a sua vida. Também disse que todo o corpo deve ser oferecido em culto a Deus (Romanos 12.1).

Todas as ações do cristão devem ser dignas de culto. Uma simples refeição precisa ser um ato para a glória de Deus e em oferecimento a Ele.

1. Culto na famíliaTodos lutamos pelo ideal

de Josué: “eu e a minha casa serviremos (cultuaremos) ao Senhor” (24.15). Isso é nobre e deve ser mesmo o nosso ideal. Mas há um porém, há uma condição por vezes esquecida. Também deveríamos parafrasear Josué e dizer: eu na minha casa servirei (cultuarei) ao Senhor.

Sabemos que dentro de casa somos mais nós mesmos. Na rua ou no templo, não somos tão nós mesmos. Em casa usamos roupas que não usaríamos diante de pessoas que não compoem o nosso círculo de intimidade. Saímos bem vestidos, preparados para respostas mansas e politicamente corretas.

É por isso que em casa há mais conflitos, porque há mais verdade. Fora de casa há menos conflitos, mas também há menos verdade.

No culto coletivo, somos “santíssimos” e dentro de casa, o inverso. Isso pode acontecer, não é verdade? Mas não deveria.

O cristão da rua e do templo deve ser o mesmo cristão dentro de casa, quando os olhares da sociedade não o alcançam.

Não adianta de nada abraçar a todos no templo, doar sorrisos mil, estampar etiquetas e viver emburrado com a família. A pessoa que age assim cultua só no templo, porque em casa desfaz tudo. Logo, o culto no templo ficou comprometido, porque foi falso diante de Deus.

Há famílias que, quando saem de casa para ir ao templo, vão brigando, reclamando, dizendo para os seus vizinhos, com tais atitudes, que não vale a pena eles se converterem e frequentarem os cultos, porque não faz a menor diferença.

Deveria ser justamente o contrário. Sair com a família para o templo é momento de festa, é privilégio e enriquecimento.

Mas, às vezes, estamos tão preocupados com o que acontece fora de casa, que não cultuamos a Deus em nossas casas.

Temos de cuidar de nós, para que não sejamos “coronéis” na igreja com uma vida horrível na família. A palavra paulina foi

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fortíssima: “Mas, se alguém não cuida dos seus, especialmente dos de sua família, tem negado a fé e é pior que um descrente” (1Timóteo 5.8).

Penso que um bom começo para ajustar o cultuar na família é admitir que não somos perfeitos e passarmos a viver a experiência da ajuda mútua pela busca de uma espiritualidade verdadeira.

Todos ensinamos e aprendemos quando somos família!

2. Culto nos relacionamentosUma vez que a nossa vida

é um culto a Deus, os nossos relacionamentos devem fazer parte dele, pois tudo deve ser para esse fim: “Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Coríntios 10.31).

Como no templo e em casa, a nossa vida deve ser culto agradável a Deus nos nossos relacionamentos com a sociedade em geral.

Podemos ampliar a exigência bíblica, pois “o que se requer de pessoas assim encarregadas é que sejam encontradas fiéis” (1Coríntios 4.2).

Essa fidelidade, que, em nossa lição, se traduz numa vida ininterrupta de culto a Deus, deve ser presente no ambiente de trabalho, na escola e/ou na faculdade.

A dedicação ao estudo deve ser tamanha, porque é para a glória

de Deus, em primeiro lugar. Se um estudante se empenhar para que seus estudos sejam dignos de culto ao Senhor, certamente esses estudos serão capazes de fazer dele um ótimo estudante, acumulando conhecimentos para a vida e também para atender às demandas de sua complexidade, como os vestibulares, por exemplo.

Não estou dizendo que, ao invés de estudar, a pessoa deve ficar orando em sala de aula. Definitivamente não! Não defendo um retorno radical ao pietismo. Estou afirmando que a dedicação ao estudo, encarada como um ato de glorificação a Deus, fará desse estudante um brilhante aluno, porque a consciência da glória de Deus nos impulsiona para a excelência em todas as coisas de que lançamos mão (Eclesiastes 9.10). Um cristão verdadeiro não deveria aceitar a mediocridade nos estudos. É uma questão de santidade.

De igual forma, as atividades profissionais exercidas por um cristão devem ser para a glória de Deus, vividas como um ato de culto. Um cristão, no exercício de uma função pública, por exemplo, nunca aceitará suborno, porque a ética que vem da imagem e semelhança com o Criador, restaurada em Jesus, o impedirá. Santidade moral. É lamentável quando um cristão não dá exemplo, porque ele sabe que a sua vida deve glorificar a Deus. Mais triste ainda é quando “os de fora”, como alguns gostam de

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chamar, dão aula de ética para “os de dentro”, e ainda dizem: mas não é você que segue a Jesus que deveria ser exemplo para nós?

Sei que este assunto causa polêmica, mas, às vezes, temos religiosos nas igrejas e não cristãos. Temos pessoas comprometidas com culturas de guetos religiosos e não com os ensinos transformadores de Cristo Jesus. Seguem valores institucionais, mas não vivem os valores bíblicos.

Não é sábio, nem santo, julgar as pessoas, especialmente nesse quesito, pois “quem é idôneo para essas coisas?” (2Coríntios 2.16). É fato que “não há um justo, nem um sequer” (Romanos 3.10). Olhemos para nós e nos avaliemos, diante de Deus.

Às vezes, somos tentados ao erro de institucionalizar o pecado. O que é isso? Criamos a nossa lista do que é pecado. Com isso, pecado acaba sendo o que eu não gosto de fazer e o outro faz. Assim é fácil demais! Pecado não é uma lista feita por mãos humanas. Pecado é tudo o que Deus condena. Ele tem a exclusiva autoridade e competência de aceitar ou rejeitar o culto que a nossa vida tem oferecido.

Como andam os nossos relacionamentos? São dignos de culto a Deus?

Para pensar e agirO cristão é aquele que vive para

cultuar, pelo profundo etendimento

bíblico de que todas as coisas devem ser para a glória de Deus.

Mas, embora conscientes dessa verdade, erramos, porque somos pecadores. Só que não devemos nos acomodar com a realidade da natureza pecaminosa, pelo contrário, devemos avançar em santificação.

Quando crianças, pensamos que o limpo é aquele que pouco se suja. Quando vamos amadurecendo, constatamos que o limpo é aquele que muito se lava. Isso é uma realidade também na vida espiritual. Pecamos, até mesmo não intencionalmente, porque somos de natureza humana, maculada pelo erro. Viver é estar exposto ao erro e ao acerto. Ao alcançarmos a maturidade desse entendimento, buscamos nos lavar, ou seja, nos santificar, para que o culto da vida seja sincero.

A Bíblia é repleta de orientações para a santificação. Reafirmamos uma receita básica, que nos ajuda na percepção e na assimilação da vontade de Deus para nós: leitura da Bíblia e oração.

O diálogo com o Criador faz a criatura ser melhor!

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sem consciência de missão pode ser alienante, e missão sem consciência de adoração pode ser apenas uma militância ideológica.

Como família de Deus, temos de fugir das águas correntes do extremismo. Adotar um extremo como estilo de vida é mais fácil que buscar o equilíbrio. As circusntâncias, até mesmo eclesiásticas, podem nos empurrar para os extremos, assim como as águas do mar fazem com um bainhista, que, para sobreviver, fugirá da correnteza.

Introdução

Chegamos ao fim de uma série de estudos sobre princípios bíblicos para o culto cristão.

Há muito que se falar sobre o assunto, mas, durante o trimestre, pudemos pelo menos oferecer lampejos, “pontapés iniciais” para reflexões mais profundas e extensas.

Hoje, veremos que a adoração da igreja está intimamente relacionada com a missão. Um tema chama o outro. Adoração e missão andam de mãos dadas, até porque adoração

Texto Bíblico: Mateus 17.1-8, 14-2013

Adoração e Missão

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Faz parte da mensagem cristã a vida futura. O céu é um tema bíblico e deve ser cantado e pregado nas celebrações litúrgicas e fora delas. Mas a esperança do céu deve nos levar à missão e não à acomodação.

O reino de Deus é futuro, mas também é presente. O “venha o teu Reino” (Mateus 6.10), da oração conhecida como Pai-Nosso, continua e sempre continuará sendo verdade absoluta de Deus. O problema não é a vinda do reino de Deus, e sim o comprometimento parcial dos cristãos com ele. Temos falhado por nos doarmos tão pouco à causa do Reino, talvez pela ilusão da ocupação com causas menores.

1. Adoração na TranfiguraçãoLemos o belíssimo relato da

Transfiguração. É um dos textos que mais me encantam na Bíblia. Julgo-o essencial para entender o significado da adoração e da missão. Passar de lado diante desse registro sagrado é perder um elo precioso entre os Testamentos.

Seis dias depois da confissão de Pedro em Cesareia de Filipe (Mateus 16.13-16), aconteceu o episódia da Transfiguração. Ele não é um acaso na história da igreja, porque Jesus trabalhou por aproximados três anos para que os discípulos entendessem que Ele era o Messias, o enviado da parte de Deus, e para que chegassem à profundidade da adoração que leva à missão.

Com a confissão, Jesus passa a orientar os seus discípulos para outro momento em sua trajetória terrena: a morte de cruz (a paixão). Antes da crucificação, era de suma importância que os discípulos entendessem que Jesus é o Emanuel, o Eterno, O Deus-Homem. A Transfiguração é o ponto central desse entendimento, porque naquele monte os três discípulos da linha de frente (Pedro, João e Tiago) viram o Pai transfigurar o Filho: “o seu rosto resplandeceu como o Sol e suas roupas tornaram-se brancas como a luz” (v.2).

Estava sendo anunciado o que Paulo registrou em Colossenses 2.9: “[Em Jesus] habita corporalmente toda a plenitude da divindade”. Jesus não é um homem comum; Ele é especial, é divino, é o próprio Deus morando entre a humanidade.

Ainda aparecem Moisés e Elias conversando com Jesus. Lucas informa o assunto da conversa deles: “apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém” (Lucas 9.31). Moisés tipifica a lei, e Elias, os profetas. Diante dos discípulos, portanto, estão a lei, os profetas e a nova revelação: Jesus.

Na Transfiguração, os discípulos aprenderam a centralidade cristológica da adoração. Moisés e Elias foram muito importantes, mas passaram. Seus ministérios foram circunstanciais. Jesus é diferente, pois o seu ministério é perfeito, pleno, suficiente e cabal.

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A igreja é de Cristo e qualquer voz que tente competir com a dele, deve ser refutada. Só Deus é digno de adoração!

2. Missão na TransfiguraçãoEstava tudo tão bom lá em cima,

que Pedro sugeriu que ficassem por lá mesmo: “Senhor, é bom estarmos aqui; se quiseres, farei aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias” (v.4). Essa proposta excluía a missão e foi reprovada pelo Pai.

Pedro e os outros discípulos ficaram maravilhados com tudo o que estavam vendo. Era um presente ver Moisés, Elias e Jesus conversando, especialmente no imaginário de um judeu. Imaginem a emoção de contemplar a lei, os profetas e o Messias! Mas essa contemplação não era o propósito de Deus para eles. A Transfiguração tinha um sentido muito mais profundo para o reino de Deus.

Pedro ainda estava falando e veio uma nuvem, que os cobriu, e Deus falou do meio dela: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado; a ele ouvi” (v.5). Pedro queria a contemplação e Deus os estava preparando para a missão.

Ficar no monte é muito bom, é ótimo até, mas a vida cristã real acontece no vale. O monte dá uma ideia de estabilidade, mas a adoração que ganha sentido prático acontece no vale.

Os discípulos precisavam entender que não seriam Moisés e Elias aqueles que dariam suporte para a missão no vale, mas Jesus Cristo, o Senhor da igreja. Foi Jesus quem disse: “e indo, pregai, dizendo: o reino do céu chegou” (Mateus 10.7). E também: “ide, fazei discípulos de todas as nações (...) e eu estou convosco todos os dias” (Mateus 28.19,20).

Interessante que os discípulos ficaram com medo quando ouviram a voz de Deus (v.6). Eles foram confrontados diante de uma postura equivocada, por mais que possa ter sido bem intencionada.

Jesus os consolou, reanimando-os, e eles perceberam que não havia mais ninguém a não ser Jesus (v. 7,8). Vale a pena aproveitar e lembrar que todos podem nos abandonar, mas Jesus nunca nos abandona. Ele tratou os discípulos e tem nos tratado constantemente. Glória a Jesus!

Pensando em missão, o episódio seguinte ao da Transfiguração é muito apropriado. Os discípulos queriam continuar na contemplação, mas, ao descerem do monte, a vida real já se apresentou duramente. Um homem procura a Jesus e diz: “Senhor, tem compaixão de meu filho, porque ele tem convulções e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes, na água. Eu o trouxe aos teus discípulos, mas eles não conseguiram curá-lo” (v.15,16). Jesus reprovou os discípulos, chamando-os de geração incrédula e perversa (v.17). É claro que

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Jesus também expulsou o demônio, contemplando, assim, o pedido daquele pai (v.18).

No monte Jesus é glorificado, no vale os demônios agem ferozmente. Volto a dizer que adoração e missão têm de andar de mãos dadas porque é no mundo, ou seja, no meio das pessoas que Jesus nos quer como sinalizadores do seu Reino. É no vale que acontece o nosso ministério.

Temas como esperança, paz e justiça também precisam fazer parte dos repertórios das músicas e dos sermões nas celebrações litúrgicas. Os cultos devem abordar a adoração, sem falhar com a missão. Noutras palavras, cumprir a missão é expressão de adoração.

Devemos entrar no templo com mente e coração voltados para a adoração, mas devemos sair dele inflamados com a missão. A igreja se reúne e se espalha. Tão importante quanto a sinceridade da adoração para a reunião, é o compromisso com a missão para o envio. Sair do templo é sair para o nosso campo missionário.

Um dos momentos que mais me comovem no culto (são tantos, na verdade) é quando dispeço os meus irmãos em nossa igreja com a bênção pastoral em nome de Jesus. Mexe comigo saber que aquele povo, espalhado pela cidade, está em missão, na autoridade do Supremo Comissionador.

Para pensar e agirJesus é o nosso modelo perfeito

de adoração e missão. Temos de aprender com Ele e enraizar o ideal maior de querer ser iguais a Jesus.

No fim do século 19, o pastor americano Charles Sheldon escreveu um livro que marcou muitas gerações: “Em seus passos, o que faria Jesus?”. A obra de ficção, mas cheia de realismo, fala de uma igreja em que o pastor Maxwell ia muito bem até que lá chegasse um bêbado. Durante décadas, esse livro foi o mais lido depois da Bíblia. Ele inspirou, no passado, muitos cristãos a se despojarem de bens para colocarem em primeiro lugar o reino de Deus, principalmente vendo no próximo a figura de Jesus.

Tomando emprestada a questão levantada por Charles Sheldon, concluindo a lição – e também o trimestre – sugiro que, em todas as circunstâncias da vida, nos perguntemos: em meus passos (ou em meu lugar) o que faria Jesus, aqui e agora?

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Seja mordomoAlgumas Igrejas poderão estar recebendo mais

revistas que o número de jovens e adultos matriculados na EBD ou em outro grupo de estudo bíblico. Por favor, avise a Convenção se for este o

seu caso. Queremos investir seu dízimo também em outros projetos.

www.batistafluminense.orgVeja no novo site: sugestões didáticas

Revista da Convenção Batista FluminenseAno 10 - nº36 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2013

Diretor Executivo: Pr. José Maria de Souza

Diretoria da Convenção Batista Fluminense:Presidente - Pr. Geraldo GeremiasPrimeiro Vice-Presidente – Pr. Nilson Gomes GodoySegundo Vice Presidente – Pr. Ceza Alencar Rodrigues DuarteTerceiro Vice-Presidente – Pr. José Laurindo FilhoPrimeira Secretária – Jane Célia da Silva RodriguesSegundo Secretário – Pr. Gerson JanuárioTerceiro Secretário – Pr. Juvenal Gomes da SilvaQuarto Secretário – Pr. Ozéas Dias Gomes da Silva

Diretor de Educação Religiosa: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda

Redação: Pr. Marcos Zumpichiatte MirandaRevisão Bíblico-Doutrinária: Pr. Francisco Nicodemos Sanches Pr. Paulo Pancote Patricia Conceição Grion Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob

Revisão Geral: Adalberto de Souza

Produção Editorial: oliverartelucasDireção de Arte: Rogério de OliveiraProjeto Gráfico: Vitor CoelhoDiagramação: Andréa Menezes

Distribuição:Telecarga Express Transporte Rodoviário Ltda

Convenção Batista FluminenseRua Visconde de Morais, 231 - Ingá - Niterói / RJCEP 24210-145Tel.: (21) 2620-1515 E-mail: [email protected]

Esta revista foi elaborada pela Convenção Batista Fluminense, com o dízimo dos crentes batistas, com a participação de sua igreja no Plano Cooperativo e com a contribuição das Associações Regionais. A distribuição desta revista é gratuita.

Currículo 2013Primeiro TrimestreAdoração e adoradoresPrincípios bíblicos para o culto cristãoPr. Elildes Fonseca

Segundo TrimestreLibertos para Servir – Lições GálatasPr. Davi Freitas

Terceiro TrimestreVidas que marcaram seu tempo - Personagens do antigo testamentoPr. José Gomes

Quarto TrimestreViva bem – ProvérbiosPr. Antonio Regly


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