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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT
ENGENHARIA MECÂNICA
MECÂNICA DOS FLUIDOS - II
PERDA DE CARGA EM TUBO RETO DE PVC
Alunos: André Truppel Vernizi
Fábio Leonardo Magnabosco
Sérgio Perin Júnior
Stefano Orzechowski
Prof.: José Aldo Silva Lima
Joinville
Abril, 2008
1 – Introdução
Uma importante característica nas conexões em geral é a perda de carga relacionada ao trecho analisado. Para este relatório busca-se a análise da perda de carga em tubo reto de PVC, bem como o fator de atrito para cada vazão e a rugosidade do material.
2 - Objetivos
- Calcular e comparar as perdas de carga distribuída em um tubo reto de PVC, considerando a hipótese de tubo liso, utilizando o diagrama de Moody ou a correlação de Blasius e a fórmula de Flamant;
- Cálculo do fator de atrito, no diagrama de Moody, baseado nos resultados das medições;
- Cálculo da rugosidade relativa, e/D, usando a equação de Colebrook e os fatores de atrito obtidos pelo diagrama de Moody;
- Obter a curva característica do tubo de PVC em questão.
3 - Desenvolvimento Teórico
A perda de carga refere-se a uma perda energética no escoamento, que acontece devido uma redução da pressão no escoamento, causada pela rugosidade do tubo, ilustrada na figura abaixo, tomando como base os pontos 1 e 2. Para efetuar a leitura da perda de carga, utiliza-se um piezômetro, dispositivo o qual indica a diferença de altura (altura de coluna d’ água) entre dois pontos escolhidos, com esta diferença de altura, calcula-se a diferença de pressão.
Figura 1. (L) comprimento analisado no tubo, (l)- Comprimento de entrada necessário para que o perfil de velocidades se desenvolva.
Podemos deduzir a expressão da perda de carga pela equação da continuidade:
Equação da continuidade:
Equação de Bernoulli mais as perdas de 1 para 2:
A perda de carga pode ser calculada através da diferença de pressões, onde as alturas e velocidades do escoamento nos pontos de tomada de medidas são iguais, tem-se z1
= z2 e v1 = v2 então:
logo; temos:
Pode-se expressar que:
(1)
Sendo: L é o comprimento do tubo, D é o diâmetro, é a velocidade média do escoamento, é a densidade do fluido e H é a perda de carga expressa em metros.
Número de Reynolds (Re) - é o indicador do tipo de escoamento.
ou (2)
onde D, e ρ são as variáveis definidas acima, e µ é a viscosidade do fluido.
Para o escoamento laminar (Re<2300):
. (3)
Ou ainda podemos encontrar f pelo diagrama de Moody.
Para o escoamento Turbulento (Re>2300):
O valor de f é uma função do número de Reynolds e da rugosidade relativa. São necessários métodos experimentais para obter seu valor.
- Diagrama de Moody , é um gráfico que relaciona o número de Reynolds, rugosidade relativa e o fator de atrito.
Figura 2. Diagrama de Moody
Equação de Colebrook , onde f é o fator de atrito calculado iterativamente.
(4)
- Equação de Blasius
Para escoamento turbulento em tubos lisos, a correlação de Blasius, é válida para .
(5)
- Equação de Flamant
Equação aplicada em métodos práticos para água, em tubos com diâmetro variando entre 12,5 a 100 mm.
mas: , portanto: (6)
4 – Procedimento Experimental
- Liga-se a bomba;- Abre-se todo o registro;- Espera estabilizar o processo;- Faz-se a leitura das alturas no piezômetro, estabelecendo uma altura de coleta pré-estabelecida pelo grupo e cronometrando o tempo de enchimento;- Faz-se o mesmo procedimento para 3 tipos de vazões diferentes;- Anota-se todas as medições;- Desliga-se a bomba.
5 – Resultados e Análises
- Dados do Tubo:
Diâmetro de referência: Tubo 1” (25 mm) conforme catálogo da TIGRE®Diâmetro Externo, DE = 33 mm;Espessura da parede, e = 3,2 mm;Diâmetro Interno, DI= 33 – 2 x 3,2 = 26,6 mm;Comprimento do Tubo, L= 1115 mm.
Figura 3. Geometria do Tubo
Dados do fluído, considerado a temperatura da água como sendo 20º C, temos que:23 /.10 msN
33 /10 mkg
5.1 – Cálculos
- Registro totalmente aberto:
Medidas Altura (mm)Tempo (s) Volume (m³) Vazão (m³/s)
∆h (mm) ∆P (Pa) H(m)
1 233 15,07 0,0231 0,00153 415 4071,15 4,071
2 240 16,02 0,0238 0,00149 415 4071,15 4,071
3 242 15,80 0,0240 0,00152 408 4002,48 4,002
4 237 15,46 0,0235 0,00152 409 4012,29 4,012
5 239 15,46 0,0237 0,00153 406 3982,86 3,983
Média 238,20 15,56 0,02364 0,00152 410,6 4027,99 4,028Tabela 01 – Dados Experimentais
5.1.1 - Cálculo do Fator de Atrito experimental (f)
Pelo uso da equação (1) tem-se:
Analisando o tipo de Escoamento:
> 2300; logo é escoamento turbulento.
5.1.2 - Perda de carga teórica considerando o tubo liso
Pela correlação de Blasius (equação 5) para tubos lisos, usando Re = encontramos o fator de atrito calc= 0,01924.
Logo a perda de carga teórica usando a equação (1) já substituído o valor de é:
5.1.3 - Perda de carga por Flamant
Pela equação (6) temos que:
= 3,21 m
Agora faz-se os mesmos cálculos para os casos de registro semi aberto e pouco aberto, e apresenta-se uma tabela comparativa das perdas de carga calculada pelos métodos de Blasius e Flamant e dos fatores de atrito.
- Registro semi-aberto:
Medidas Altura (mm)Tempo (s) Volume (m³) Vazão (m³/s)
∆h (mm) ∆P (Pa) H(m)
1 124 12,66 0,0123 0,00097 184 1805,04 1,805
2 121 12,28 0,0120 0,00098 186 1824,66 1,825
3 122 12,36 0,0121 0,00098 186 1824,66 1,825
4 124 12,56 0,0123 0,00098 185 1814,85 1,815
5 125 12,57 0,0124 0,00099 185 1814,85 1,815
Média 123,20 12,49 0,01222 0,00098 185,2 1816,81 1,817Tabela 02 – Dados Experimentais
- Registro pouco aberto:
Medidas Altura (mm)Tempo (s) Volume (m³) Vazão (m³/s)
∆h (mm) ∆P (Pa) H(m)
1 80 15,08 0,0079 0,00053 60 588,6 0,589
2 80 15,16 0,0079 0,00052 61 598,41 0,598
3 83 15,40 0,0082 0,00053 60 588,6 0,589
4 81 15,76 0,0080 0,00051 60 588,6 0,589
5 83 15,86 0,0082 0,00052 59 578,79 0,579
Média 81,40 15,45 0,00808 0,00052 60 588,60 0,589Tabela 03 – Dados Experimentais
5.2 Análise do fator de atrito e perda de carga
Com as perdas de carga e os fatores de atrito calculados para todos os casos, apresenta-se o resultado nas tabelas 4 e 5.
Medidas Vazão (m³/s) E (%)1 0,00152 0,02569 0,01924 25,12 0,00098 0,02787 0,02147 22,93 0,00052 0,03209 0,02516 21,6
Tabela 04 – Comparativo dos fatores de atrito calculado e experimental. O vem da equação de Blasius.
Pela tabela acima percebe-se o erro do fator de atrito quando este for calculado considerando tubo liso. Na qual a estimativa de considerar um tubo PVC como liso nem sempre é satisfatória, pois o erro agregado é alto.
Medidas H(m)Experimental
H(m)Blasius
H (m)Flamant
E (%)Blasius
E (%)Flamant
1 4,028 3,017 3,210 25,1 20,32 1,817 1,399 1,657 23,0 8,813 0,589 0,4617 0,4906 21,6 16,7
Tabela 05 – Comparativos de Perda de Carga
Na tabela 5 comparamos os valores de perda de carga de Blasius e de Flamant com a do experimento. Constata-se um menor erro no valor da perda quando utilizado a equação de Flamant.
5.3 Diagrama de Moody
No diagrama de Moody abaixo pode-se visualizar o fator de atrito considerando um escoamento em tubo liso. Através das linhas vermelhas observa-se a intersecção entre o número de Reynolds e a curva de tubo liso e por seguinte o valor do fator de atrito f.
Tabela 06 – Comparação dos fatores de atrito entre Blasius e Moody
Pela tabela 6 fica claro que uma aproximação do fator de atrito do diagrama de Moody pode ser obtida pela correlaçao de Blasius, pois o erro é muito baixo.
Usando a equação de Colebrook, entramos com f Blasius e Re, obtém-se e/D:
Medidas Vazão E (%)1 0,00152 0,019 0,01924 1,262 0,00098 0,021 0,02147 2,193 0,00052 0,024 0,02516 4,61
Re e/D
0,01924 7,28.10 9,06.10-5
0,02147 4,69.10 8,02.10-5
0,02516 2,49.10 2,55.10-4
Tabela 07 – Cálculo da Relação e/D
O cálculo da rugosidade relatica, e/D, também poderia ter sido feita através do diagrama de Moody ao invés da equação de Colebrook.
Pode-se fazer uma média da rugosidade do material tomando os três valores encontrados de e/D, portanto:
Portanto:
5.2 – Curva Característica
Também pode ser definida a curva característica do tubo de PVC, esta curva relacionada à perda de carga pela vazão.
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
3,500
4,000
4,500
0,00000
0,00020
0,00040
0,00060
0,00080
0,00100
0,00120
0,00140
0,00160
Vazão (m³/s)
Per
da
de
carg
a (m
)
Figura 4. Curva Característica do tubo
Esta equação é de fundamental importância na mecânica dos fluídos pois é através dela que conseguimos por exemplo analisar o ponto de operação de um sistema ulilizando bombas e também fazer análise de cavitação.
6. Conclusão:
Ao se observar os resultados obtidos e plotados, no figura 4 de perda de carga e de
vazão, verifica-se que a perda de carga é diretamente proporcional ao quadrado da vazão
(curva parabólica), ou seja, aumentando-se a vazão aumenta-se a perda de carga
A consideração de tubo PVC como liso leva a um fator de atrito com erro de
aproximadamente 20% se comparado ao resultado teórico, item 5.2 – tabela 4.
O valor da perda de carga calculado que mais se aproxima-se do teórica é pelo
método de flamant, item 5.2 – tabela 5.
A aproximação de tubo liso pela correlação de Blasius é satisfatória. Pela tabela 6
pode-se constatar um pequeno erro quando comparado o fator de atrito calculado por
Blasius e pelo diagrama de moody.
Com relação a rugosidade do tubo PVC, pode-se ter um resultado mais preciso se
fosse coletado mais alguns pontos de vazão e por consequência seus (e/D). E neste caso
tem-se um valor de mais próximo do verdadeiro (Teorema do limite central).
Sabe-se que muitos usuários tentam resolver os problemas de perda de carga
simplesmente aumentando o valor nominal da vazão, conclui-se que esta atitude esta
incoerente, verifica-se isso muito facilmente no gráfico de perda de carga versus vazão,
percebe-se que cada vez que você aumenta a vazão, a perda de carga também aumenta.
Sugere-se ao usuário ao invés de aumentar a vazão que eleve o valor do diâmetro da
tubulação a fim de minimizar as forças viscosas atuando na parede do tubo.
7. Bibliografia:
FOX, Robert, PRITCHARD, Philip J. e MCDONALD, Alan, “Introdução à Mecânica dos Fluídos”, LTC Editora AS, 6ª Edição, 2006, Rio de Janeiro.