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21/10/2015 10:50 / atualizado 21/10/2015 20:21PUBLICIDADERIO - Uma equipe internacional de astrnomos liderada por um brasileiro encontrou o mais quente e macio sistema binrio de estrelas, isto , com dois astros do tipo, j visto, e a dupla esto to prxima que as estrelas chegam a se tocar. Batizado de VFTS 352, o sistema est a cerca de 160 mil anos-luz de distncia da Terra, na Nebulosa da Tarntula, um dos mais ativos berrios de estrelas da nossa vizinhana no Universo, localizado na Grande Nuvem de Magalhes, galxia-an que orbita nossa Via Lctea. Segundo os cientistas, as estrelas caminham para um fim dramtico, em que podem se fundir, formando uma estrela ainda mais gigantesca que cada uma do par original, ou explodirem separadamente em supernovas, deixando para trs um sistema binrio de buracos negros.O VFTS 352 composto por duas imensas estrelas jovens, com cerca de 4 milhes de anos de idade cada uma, muito quentes e brilhantes, atingindo temperatura prxima de 40 mil graus Celsius. Elas tm uma massa total conjunta equivalente a 57 vezes a do Sol e orbitam uma a outra em pouco mais de um dia, com seus centros separados por apenas 12 milhes de quilmetros. Como os astros esto to prximos, suas superfcies chegam a se sobrepr e uma ponte de material foi formada entre eles, no que os astrnomos chamam de estrela binria de contato. Isso porque, diferentemente da maioria dos sistemas binrios, em que em geral um astro menor e mais compacto suga material do companheiro maior, num fenmeno conhecido como estrela vampira, no VFTS 352 as duas estrelas so praticamente idnticas em tamanho, compartilhando cerca de 30% de seu material conjunto por esta ponte. Existem apenas trs outros objetos com esta caracterstica conhecidos no Universo observvel, mas todos muito menos macios e quentes que o VFTS 352 destaca Leonardo Almeida, professor do Instituto de Astronomia, Geofsica e Cincias Atmosfricas da USP (IAG/USP) e primeiro autor de artigo sobre a descoberta, publicado na ltima edio do peridico cientfico Astrophysical Journal. Isso acontece porque esta fase na vida de um sistema binrio muito curta com relao idade das estrelas, o que faz com que seja muito difcil de ser flagrada.Segundo Almeida, esto previstos dois possveis futuros para este sistema, que classificou como extremo. Na primeira hiptese, considerada mais provvel, as duas estrelas continuaro a se aproximar at que, num prazo mximo de 100 mil anos, seus ncleos se toquem, desencadeando um rpido processo de fuso que vai liberar uma enorme quantidade de energia e talvez um pouco do material da dupla. Deste processo resultar uma gigantesca estrela com 55 a 57 vezes a massa do Sol que ir consumir rapidamente seu combustvel nuclear, explodindo em uma chamada hipernova, ainda maior que as supernovas, num prazo de 4 a 5 milhes de anos, e emitindo um grande flash de raios gama de longa durao, num dos fenmenos mais poderosos conhecidos no Universo. Como o sistema est a 160 mil anos-luz de distncia, se seu caminho for a fuso isso provavelmente j deve ter acontecido lembra Almeida.J a segunda possibilidade, explica o astrnomo brasileiro, que as estrelas continuem a evoluir sem chegarem a se fundir completamente. Neste caso, elas levaro de 3 a 4 milhes de anos para esgotarem seu combustvel nuclear individualmente, quando ento explodiro em supernovas e seu ncleos superdensos colapsaro em dois buracos negros.PUBLICIDADE Estes buracos negros eventualmente tambm vo se fundir, num processo que dever emitir intensas ondas gravitacionais, uma das ltimas previses da Teoria da relatividade Geral de Einstein que ainda precisam ser comprovadas diz.De acordo com Almeida, como as estrelas esto to prximas e o sistema to distante, a descoberta do VFTS 352 s foi possvel graas utilizao do VLT, um dos telescpios mais poderosos do mundo, operado pelo Observatrio Europeu do Sul (ESO) no Chile. Com um achado to raro em mos, ele e sua equipe requisitaram tempo de utilizao do telescpio espacial Hubble, tendo sido agraciados com oito rbitas do equipamento, num total de cerca de 10 horas de observaes. Estamos terminando de receber estes dados do Hubble para comear a analis-los num estudo ainda mais detalhado do sistema em que esperamos ter uma ideia mais clara de qual dos caminhos evolutivos possveis ele est seguindo conta o astrnomo brasileiro. Vamos continuar monitorando o VFTS 352 para verificar se seu perodo orbital comeou a decrescer de tal maneira que poderia indicar um tempo para fuso ainda menor que o mximo de 100 mil anos previsto. Esta dupla to extrema e est numa fase to crucial de sua vida que esperamos obter muitas informaes sobre a evoluo estelar com seu estudo.


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