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Relato de Experiência:

“AS GEOTECNOLOGIAS PARA O ENSINO DE CARTOGRAFIA”

Eixo Temático: Práticas de Ensino: Novas Tecnologias e Outras Geografias

Guilherme Rodrigues da Silva

e-mail: [email protected]

Jéssica Marson Maria

e-mail: [email protected]

Lilian Dias Evangelista

e-mail: [email protected]

Graduandos em Licenciatura – Geografia

IGCE / UNESP – Rio Claro/SP

Profa. Dra. Andreia Medinilha Pancher

e-mail: [email protected]

DEPLAN/IGCE – UNESP – Rio Claro/SP

INTRODUÇÃO

As alterações do mundo contemporâneo, cada vez mais informacional e tecnológico,

acarretam na necessidade de modificações também no ensino, pois estas “tecnologias estão se

aprimorando e ampliando as possibilidades para tornar o aprendizado em sala de aula mais

eficaz e prazeroso, tanto para o professor e, sobretudo para os alunos” (PANCHER, MARIA,

2014, p.2).

A Geografia é sem dúvida, umas das disciplinas escolares que mais se beneficia dos

avanços tecnológicos dentro das salas de aula, e isso é possível pelo advento das

Geotecnologias, que consiste na introdução de recursos da Cartografia Digital, do

Sensoriamento Remoto, do SIG na Cartografia, ou seja, corresponde a introdução da

informática na Cartografia e ganhou força a partir da década de 1970 (RAMOS, 2005),

oferecendo atividades que podem ser trabalhadas dentro e fora da sala de aula.

A linguagem cartográfica vem se reafirmando desde o início da escolaridade como um

instrumento de grande necessidade para o ensino de geografia e demais áreas do

conhecimento. A elaboração, análise e interpretação de mapas e cartas tornam-se

fundamentais para um conhecimento integrado e crítico do espaço geográfico. Assim, a

Alfabetização Cartográfica demonstra-se de grande importância educacional e também na

formação de cidadãos, “pois o indivíduo que não consegue usar um mapa está impedido de

pensar sobre o território” (CESÁRIO, COSTA, LIMA, 2007, p.2).

Deste modo, se faz necessária a efetiva Alfabetização Cartográfica, visto que é

extremamente importante

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(...) na análise geográfica por parte dos alunos e na construção de uma

sociedade espacial menos desigual, já que conhecer o espaço de sua

vivência pode possibilitar a modificação de desigualdades espaciais e

sociais estabelecidas pelo capitalismo. Além disso, levar o aluno às

mais diversas formas de representação espacial e também no estudo

dos mapas é essencial e prioritário, ocasionando aos alunos a

penetração cada vez mais profunda na estruturação espacial ao nível

de sua concepção e representação (MENDES, 2011, p. 112).

Neste contexto, o projeto de extensão, buscou, através de oficinas pedagógicas, com o

desenvolvimento de atividades teórico-práticas, contribuir para a complementação na

formação dos alunos da rede pública de ensino, essencialmente os alunos da 8a série da escola

E.M. Engº. Rubens Foot Guimarães - Escola Agrícola, bem como preparar um completo

material de apoio aos professores da rede que será disponibilizado no site do projeto,

denominado Geoencart. O presente projeto de extensão foi coordenado pela Profa. Dra.

Andréia Medinilha Pancher e composto por alunos do curso de graduação em Geografia:

Guilherme Rodrigues da Silva, Jéssica Marson Maria e Lilian Dias Evangelista. Este buscou a

aproximação com a comunidade utilizando-se os conhecimentos de Cartografia, para o

aprimoramento do ensino, incentivando os alunos desta unidade escolar no que diz respeito ao

ensino de Geografia, principalmente relacionado a Cartografia e as Geotecnologias.

Portanto, a realização deste projeto foi motivada pela necessidade de aproximar a

universidade das escolas, promovendo uma troca mútua de conhecimentos, permitindo-se o

efetivo aprendizado em sala de aula.

Assim, ao longo do ano de 2014, o presente projeto de extensão teve como objetivo

uma (re)alfabetização cartográfica de alunos de geografia de ensino fundamental, devido a

necessidade de se construir um conhecimento sólido e integrado dos conteúdos de Geografia,

principalmente porque este assunto muitas vezes é trabalhado com dificuldade pelo próprio

professor da disciplina.

Para definir os conteúdos a serem trabalhados, levou-se em consideração a análise do

material didático de geografia para o ensino fundamental e médio e do currículo de Ciências

Humanas de Geografia do Estado de São Paulo, realizada no ano de 2012 pelos alunos

bolsistas do projeto. Tal análise serviu de base para a elaboração dos conteúdos de

Cartografia, bem como as atividades práticas, destacando-se a Cartografia Sistemática

representada pela Escala, Generalização Cartográfica, Sistemas de Coordenadas Geográficas e

UTM, Projeções Cartográficas, Planimetria e Altimetria, Cartografia Temática e

Geotecnologias.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a efetivação das ações na E.M. Engº. Rubens Foot Guimarães - Escola Agrícola,

iniciaram-se as atividades com a elaboração de um cronograma das aulas a partir da análise do

material didático de geografia para o ensino fundamental e do currículo de Ciências Humanas

de Geografia do Estado de São Paulo.

Primeiramente, realizou-se uma atualização bibliográfica, abrangendo a leitura de

textos e livros que pudessem auxiliar no ensino da Cartografia e Geotecnologias; também,

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todos os membros deste projeto participaram, como ouvintes, da disciplina “Tópicos

Especiais: Geovisualização Temática na Cartografia”, oferecida pelo Programa de Pós-

Graduação em Geografia, ministrada pelo Prof. Dr. José Jesús Reys Nuñez, da universidade

de Hungria.

Com base na revisão bibliográfica, na análise dos conteúdos indicados pelo governo

do estado, nas experiências adquiridas nos anos anteriores da realização deste projeto de

extensão (desde 2011), bem como nos conhecimentos adquiridos na referida disciplina,

efetuou-se a revisão das atividades teóricas e práticas, com vistas a atualizar os conteúdos e as

estratégias de ensino, buscando-se uma efetiva aproximação com os alunos participantes e

uma aprendizagem prazerosa e eficaz.

Posteriormente, e com maior enfoque deu-se continuidade a elaboração do site, no

qual serão apresentados todos os conteúdos de cartografia, propostas de atividades práticas,

exercícios teóricos, indicações de referências e de vídeos como apoio didático, até então

desenvolvidas pelo projeto, com vistas a auxiliar os professores da rede pública de ensino,

alunos e demais interessados.

PREPARAÇÃO DOS CONTEÚDOS E DAS ATIVIDADES PRÁTICAS

Após a realização de releituras das análises do Caderno do Professor e a identificação

dos aspectos passíveis de melhora e até mesmo a seleção de novos assuntos, foi realizada uma

revisão das oficinas de aprimoramento, de modo a contribuir para uma formação com aulas

teóricas e práticas, abrangendo conteúdos como interpretação de mapas e de imagens orbitais,

GPS, Google Earth, Google Maps, Google Fusion Table, etc.

O grupo buscou explorar as alternativas de geotecnologias disponíveis, tanto para

apresentar a base teórica, como para evidenciar os recursos digitais para o desenvolvimento

das atividades práticas, criando-se oportunidades para os alunos manusearem softwares de

visualização cartográfica e de mapeamentos temáticos. Neste sentido, as atividades práticas

foram elaboradas visando a aplicação dos conhecimentos adquiridos no decorrer do curso.

Intencionou-se mostrar aos alunos da 8ª série a importância da cartografia, não apenas

no ensino, mas também no dia a dia das sociedades. Para tal utilizaram-se aulas teóricas e

práticas, nas quais permitiram utilizar recursos de fácil disponibilidade de acesso e,

prioritariamente, recursos “free”- como é o caso do Google Earth e Google Maps.

Buscou-se relacionar os conteúdos com os eventos do cotidiano dos alunos, visando o

presente e o futuro dos mesmos e tendo em mente a grande influência da internet na vida

desses jovens, e como as geotecnologias influenciam de forma soberana no mundo

globalizado.

Os recursos utilizados foram: o software Google Earth, o aplicativo do Google Fusion

Table, dez (10) equipamentos GPS, dez (10) bússolas analógicas e oito (8) pares de fotos

aéreas; estes recursos são do Departamento de Planejamento Territorial e Geoprocessamento

(DEPLAN), do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), da UNESP de Rio Claro.

A Escola Agrícola “Engº. Rubens Foot Guimarães” localiza-se na área rural do

município de Rio Claro, e caracteriza-se por um ensino diferenciado e muito zelo para com os

alunos, motivos esses que nos levaram a selecionar esta unidade de ensino. Outro aspecto, é

que devido situações de localização e/ou renda, os alunos não podem usufruir ou ter contato

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com tecnologias “relativamente simples” como a internet. A escola não possui adequada

infraestrutura de informática, destacando-se a precariedade no acesso à internet. Diante deste

quadro, as atividades relativas ao uso de softwares foram aplicadas no DEPLAN, do, do

campus da UNESP de Rio Claro. Assim, considerando-se que neste departamento há

excelente estrutura física, destacando-se o laboratório de Geoinformática e recursos materiais,

além de disponibilidade de ônibus da universidade para a locomoção dos alunos até o referido

campus, foi possível a realização das atividades planejadas.

REALIZAÇÃO DO CURSO DE APRIMORAMENTO EM CARTOGRAFIA E

GEOTECNOLOGIAS

O curso foi ministrado ao longo de uma semana, de 08 a 12 de dezembro de 2014. As

três primeiras aulas foram ministradas na UNESP, utilizando-se o Laboratório Didático de

Geoinfomática no DEPLAN, e as demais aulas foram realizadas na Escola Agrícola Engº.

Rubens Foot Guimarães. O transporte dos alunos da escola até UNESP foi de ônibus,

disponibilizado pela universidade; nos dias em que as atividades foram realizadas na escola, a

Profa. Dra. Andréia Medinilha Pancher, coordenadora do projeto, e os alunos do curso de

graduação integrantes do projeto foram até o local.

O curso foi composto predominantemente de atividades práticas, uma vez que a

intenção era aproximar os alunos dos conteúdos de Cartografia e de Geotecnologias de modo

dinâmico, adotando-se estratégias inovadoras, a fim de despertar o interesse dos alunos na

disciplina de Geografia.

APLICAÇÃO DAS ATIVIDADES DE CARTOGRAFIA E GEOTECNOLOGIAS

No primeiro dia (08/12) as atividades iniciaram contando com 16 alunos, todos do 9º

ano, mas de salas diferentes. A temática central desta aula foi a História da Cartografia, a qual

foi apresentada através de slides e vídeos. Após a exposição do filme, os alunos foram

questionados sobre a importância de conhecer o histórico da cartografia. De modo geral os

alunos evidenciaram que é importante conhecer o passado para melhor entendimento da

cartografia hoje (figura 1).

Figura 1: Explicação sobre a importância da cartografia e sua história.

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Ao término deste assunto, foi introduzido o conceito de Escala, evidenciando a

importância deste recurso na redução dos elementos representados no mapa. Com base na

explicação, foi proposto aos alunos que desenhassem a escola em uma folha, e para que toda a

escola pudesse ser representada, esta teria que ser reduzida, ou seja, teriam que fazer uso da

escala. Durante o período estipulado para realização do desenho, muitos e variados

comentários foram feitos pelos alunos, destacando-se: “a escola é muito grande não cabe no

papel”, “eu não desenho muito bem, você não vai entender nada”, “precisa colocar legenda?”,

“tenho que desenhar a escola toda mesmo?”, “mas não cabe nem o porco”.

Intencionava-se com esta atividade, verificar qual o nível de conhecimento

cartográfico dos alunos, bem como se os mesmos fariam uso da escala pra representar toda a

área da escola na folha de sulfite. Posterior a esta atividade, foi distribuída aos alunos uma

lista de exercícios de escala; no decorrer da atividade os alunos solicitavam o auxílio dos

alunos da graduação, integrantes do projeto, para a resolução. Devido ao horário, não foi

possível os alunos terminarem a atividade neste dia.

O segundo dia (09/12) de atividades, com um total de 17 alunos, iniciou-se com a

retomada da lista de exercício da aula anterior; àqueles que já haviam terminado foi

requisitado que ajudassem os colegas.

Após o termino da atividade de escala, iniciou-se a apresentação do conteúdo de

Coordenadas Geográficas; primeiramente, houve um diálogo com os alunos, a fim de

verificar o conhecimento destes sobre esta temática. Inicialmente não houve nenhuma

manifestação, mas quando questionados se sabiam como um GPS funcionava, estes

começaram a responder “serve pra achar as coisas”, “pra localizar um lugar que quer chegar”.

A partir das respostas, os alunos foram questionados também se eles conheciam os paralelos e

os meridianos; uma aluna respondeu que são “aquelas linhazinhas que tem no globo”.

Com base nas respostas, o conteúdo foi apresentado, procurando-se fazer uma

associação com os aspectos que os alunos já haviam evidenciado. Em seguida, foram

aplicadas atividades sobre o tema. No decorrer da realização das atividades, alguns alunos

apresentaram suas dúvidas e pediram para expor a figura que ilustrava as coordenadas

geográficas, pois estes faziam confusão entre a latitude e a longitude.

A fim de facilitar o entendimento dos alunos acerca do assunto, utilizou-se o Google

Earth; foram fornecidas aos alunos valores de coordenadas para serem inseridas no programa;

por outro lado, foram fornecidos nomes de lugares para que os alunos identificassem no

programa e anotassem suas coordenadas. Essa atividade tinha como fim exemplificar a

importância das coordenadas, como elas podem ser usadas e mostrar que qualquer lugar da

superfície da terra possui uma coordenada específica. A turma demostrou muito interesse em

procurar suas casas e “passear” pelo globo utilizando os recursos do Google Earth (figura 2).

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Figura 2: Atividade de localização, a partir de coordenadas geográficas, no Google Earth.

Posterior a esta atividade, iniciou-se a apresentação sobre projeções cartográficas, as

dificuldades de representar o globo em um plano, as principais representações utilizadas pela

cartografia escolar e cientifica, suas características e usos.

No terceiro dia (10/12), com a presença de 16 alunos, inicia-se a aula com explicação

de elementos cartográficos presentes na carta topográfica e a interpretação e convenções. Para

tal foi utilizada uma carta digital do município de Rio Claro, evidenciando-se os elementos

presentes neste tipo de documento.

Depois desta apresentação, foi realizada uma atividade no aplicativo do Google Drive,

denominado Fusion Table, abordando a cartografia temática. Explicou-se aos alunos que a

cartografia sistemática é essencial para o mapeamento temático e foram então exemplificados

diversos mapas temáticos.

O mapeamento realizado abrangeu o município de Rio Claro (SP), integrando-se a

base cartográfica ao banco de dados disponibilizados pelo IBGE, referentes ao Censo 2010. O

primeiro mapeamento – Coleta de lixo – foi realizado em conjunto com os alunos, seguindo o

passo a passo do tutorial preparado previamente pelo grupo do projeto, bem como auxiliando

de forma individual alguns alunos.

Concluída a elaboração deste primeiro mapa, foi solicitado que confeccionassem mais

um, podendo-se escolher o tema abastecimento de água ou domicílios. Muitas dificuldades

surgiram nesta atividade, sendo sanadas de forma individual ao longo da confecção dos mapas

(figura 3).

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Figura 3: Ao fundo - na projeção - visualiza-se o mapa elaborado em conjunto com os alunos.

No quarto dia (11/12), as atividades foram desenvolvidas na escola. Foi entregue à

turma um recorte da carta topográfica de Rio Claro, que representa a área do distrito de Ajapí

(localização da escola). O mapa distribuído estava propositadamente incompleto, e a atividade

proposta aos alunos, foi que completassem o mesmo com as informações necessárias: título,

coordenadas, escala, fonte e legenda. Para a complementar, explicou-se aos alunos sobre

coordenadas UTM e cálculo de escala, utilizando-se conceitos matemáticos. Os elementos

foram representados sem maiores dificuldades.

Findando tal atividade, iniciaram-se as explicações sobre o funcionamento e uso do

aparelho de GPS, demonstrando os recursos disponíveis neste aparelho, bem como os dados

que este oferece. Além do GPS, foi utilizado também bússolas analógicas. Ao término destas

explicações e esclarecimentos de dúvidas, iniciou-se a saída em campo a fim de coletar dados

fornecidos pelo GPS de determinados pontos do terreno da escola. Os dados observados

foram: altitude, latitude e longitude, sendo estas fornecidas em coordenadas UTM. As

coordenadas tiveram pouca variação de valor, pois o percurso foi curto, entretanto, a alteração

dos valores de altitude foram mais significativas, sobretudo porque um dos pontos

selecionados para coleta de dados localiza-se próximo ao córrego Cachoeirinha.

Aproveitando-se esta alteração na altitude, explicou-se sobre tal diferença de forma a

esclarecer algumas dúvidas existentes (figura 4).

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Figura 4: Apresentação das funções do aparelho GPS aos alunos para a atividade em campo.

No quinto dia (12/12) as atividades também ocorreram na Escola Agrícola. Neste dia

as atividades desenvolvidas visaram verificar os conhecimentos que de fato foram adquiridos

pelos alunos e apresentar-lhes fotografias aéreas e o uso do estereoscópio. Para verificar o

entendimento dos alunos do conteúdo ministrado ao longo da semana, foi solicitado que estes

fizessem um novo croqui da escola, utilizando os conceitos cartográficos aprendidos.

Após esta atividade, explicou-se sobre fotografias aéreas e os alunos puderam

visualizar pares de fotos aéreas com o uso do estereoscópio, para visualização da imagem em

3D; tal atividade despertou grande interesse dos alunos.

ANÁLISE DAS ATIVIDADES

1º Croqui: nesta atividade os alunos confeccionaram um croqui da escola. Analisando-

se os resultados, observaram-se dificuldades quanto a visão superior e redução (escala) do

local. Tais dificuldades foram verificadas pela existência de grande detalhamento, na maioria

dos trabalhos, e representação de vista lateral de muitos elementos (figura 5).

Figura 5: Exemplo de um croqui que apresenta grande detalhamento da área da escola.

Escala: esta atividade consistiu na resolução de 10 questões, as quais em sua maioria

exigiam conhecimentos prévios das operações matemáticas, em especial a “regra de três”. As

maiores dificuldades observadas foram com relação a conceitos de matemática e a associação

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do nível de detalhamento para cada tipo de escala. Inferiu-se que esta informação necessita de

maior contato com o conteúdo, o que não foi possível devido ao tempo limitado das aulas.

Coordenadas Geográficas: foram desenvolvidas duas atividades acerca deste conteúdo;

a primeira foi uma lista de exercícios, sendo a maior dificuldade observada na associação das

linhas de latitude e longitude com suas devidas “posições” no globo. O mesmo ocorreu com

as orientações Norte, Sul, Leste e Oeste, mas ao analisar esses últimos exercícios a maioria

acertou, salvaguardando alguns casos que esqueceram as orientações quando escritas as

coordenadas geográficas.

A segunda atividade desenvolvida foi à localização de cidades no Google Earth a

partir de coordenadas geográficas fornecidas aos alunos; notou-se um amplo interesse nesta

atividade e um bom desempenho de toda a turma. Além disso, foi observada grande

curiosidade e facilidade dos alunos em procurarem suas casas e locais que lhes eram comuns.

Projeções Cartográficas: esta atividade consistia numa lista de exercícios acerca do

conteúdo. Notou-se uma grande dificuldade quanto aos conceitos e características de cada

uma das projeções. Apesar do auxílio e novas explicações, o índice de erros nesta atividade

foi muito grande, demostrando a necessidade de se trabalhar de forma mais eficaz, com outra

didática talvez, nos próximos anos.

Fusion Table: a atividade consistiu na elaboração de mapas temáticos a partir do

aplicativo do Google, o Fusion Table, cujo objetivo foi reforçar o conhecimento sobre as

convenções cartográficas, bem como apresentar de forma prática a cartografia temática,

utilizando-se um recurso on line gratuito para a confecção de mapas temáticos. As

dificuldades apresentadas foram com relação ao uso do programa, como era esperado, e a

definição das cores para representação dos dados. Mesmo com essas dificuldades a atividade

foi realizada com interesse e os alunos tiveram acesso a um software disponível para

elaboração de mapa temático, conhecendo-se sua funcionalidade e finalidade.

O objetivo desta aula consistiu na elaboração de mapas temáticos relacionados a

Coleta de Lixo, Abastecimento de Água e Domicílios do município de Rio Claro (SP),

utilizando o aplicativo Fusion Table.

Para a realização desta atividade, foi necessário criar para cada aluno uma conta de

acesso ao Google Drive (e-mail vinculado ao Gmail), além da inserção dos dados e do mapa

base, o qual deve estar no formato KML, material este disponível no site do IBGE.

O material utilizado foi a base gráfica (mapa da cidade e perímetro urbano) e base de

dados (numérica) do Censo de 2010, por setores censitários. Estes dados estão organizados

por setores e variáveis. E para a elaboração dos mapas desta atividade foram utilizadas

algumas variáveis, para COLETA DE LIXO (V035, V036 e V037), ABASTECIMENTO DE

ÁGUA (V013, V014 e V015), SANEAMENTO BÁSICO (V017 e V018) e DOMICÍLIOS

(V001).

As figuras 6 e 7 demonstram alguns exemplos de mapas de Abastecimento de Agua

confeccionados pelos alunos.

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Figura 6: Mapa de abastecimento de água de Rio Claro, elaborado por um aluno.

Nota: As áreas sem preenchimento não tiveram os dados disponibilizados pelo IBGE, Censo de 2010.

Figura 7: Mapa de abastecimento de água de Rio Claro, elaborado por um aluno

Nota: As áreas sem preenchimento não tiveram os dados disponibilizados pelo IBGE, Censo de 2010.

Na definição da cor, o aluno mencionou que seria azul devido a temática do mapa ser

água. A figura 8 evidencia um mapa de domicílios; no entanto o aluno não inseriu a legenda.

Figura 8: Mapa de domicílios de Rio Claro, elaborado por um aluno, porém sem legenda.

Nota: As áreas sem preenchimento não tiveram os dados disponibilizados pelo IBGE, Censo de 2010.

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Mapa de Ajapí: esta atividade teve o intuito de verificar os conhecimentos adquiridos

ao longo do curso, na qual os alunos deveriam completar o mapa com elementos básicos

necessários nas representações cartográficas. A turma participou ativamente, preenchendo as

informações que faltavam no mapa e onde os elementos deveriam ser colocados na folha

(figuras 9 e 10).

Figura 9: Atividade desenvolvida por um aluno, demonstrando complementação adequada dos

elementos cartográficos.

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Figura 20: Atividade desenvolvida por aluno, há a complementação dos elementos cartográficos, com

equívoco na localização adequada da escala.

2º Croqui: esta atividade também tinha por objetivo analisar os conhecimentos

cartográficos adquiridos, a partir de uma comparação deste material com o 1º Croqui

elaborado. Notou-se uma ampla mudança, com maior generalização dos elementos e presença

de elementos cartográficos como título, fonte e legenda (figuras 11 a 13). Deste modo,

concluímos que houve contribuição do projeto no conhecimento dos alunos, pois estes

participaram ativamente na complementação do material cartográfico.

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Figura 31: Exemplo do 2° croqui elaborado pelos alunos.

Figura 42: atividade desenvolvida por uma aluna. Nota-se a representação de uma área maior da

escola, bem como a generalização e uso de legenda no croqui.

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Figura 53: Atividade desenvolvida por uma aluna. Verifica-se a representação de uma área maior da

escola, bem como o uso de legenda, generalização e demais elementos cartográficos.

Fotos aéreas: esta atividade consistiu na visualização de um par de fotos aéreas com o

uso de estereoscópio de bolso, permitindo aos alunos contato com este material que não

conheciam. Durante a atividade foi percebido grande interesse dos alunos pelo instrumento,

pois este permite visualizar pares de fotos aéreas em 3D. Os alunos perceberam que as fotos

tinham partes iguais e questionaram o grupo sobre este aspecto. Além disso, foi mostrado

como as fotografias devem ser posicionadas para a obtenção da visão 3D. Os alunos

demonstraram muita curiosidade nesta atividade.

RESPOSTAS AO QUESTIONÁRIO

A partir da aplicação de um questionário, buscou-se um feedback das atividades

desenvolvidas, bem como a importância destas para seu aprendizado. Com base nas respostas

nota-se que este curso possibilitou uma ampliação nos conhecimentos cartográficos, bem

como permitiu contato com ferramentas das geotecnologias que comumente não são utilizadas

em sala de aula, além de colaborar com a maior afinidade dos alunos com a geografia.

As ferramentas utilizadas, segundo comentários no decorrer das aulas, foram mais

interessantes do que as atividades escritas, o que também pode ser observado a partir de

algumas respostas ao questionário como: “diminuir as atividades escritas”, “ter mais

dinâmica”, “o que mais gostei no curso foi a tecnologia e o modo como os professores nos

ensinaram”, “gostei de ter procurado coisas no Google”.

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Os resultados demonstraram que há necessidade de complementar a formação dos

alunos para o ensino da Geografia com o auxílio das Geotecnologias. Desta forma, percebeu-

se que a adoção de atividades dinâmicas, permitiram atingir os resultados esperados ao se

analisar o conhecimento por estes alunos adquiridos, apesar de o curso ter um número

reduzido de aluno nas ultimas aulas. Tal analise se baseia no resultado das atividades

desenvolvidas ao longo da semana e na participação dos alunos nas aulas, notando-se uma

evolução de conhecimento geográfico ao longo do curso ministrado.

CONCLUSÃO

O dia a dia em sala de aula pode, muitas vezes, torna-se repetitivo e desta forma

comprometer a dinâmica escolar e o processo de aprendizagem dos alunos. Portanto é preciso

uma busca constante, por parte do professor e demais membros que participam da rotina

escolar, de estratégias para dinamizar o ensino-aprendizagem e estimular alunos e professores

a participarem mais ativamente no processo educacional.

Desta forma, acredita-se que as oficinas pedagógicas podem representar uma

mudança, pois correspondem a um espaço em que os ideais de transformação e diálogo são

realidades em permanente construção. E a partir destas oficinas pode-se observar uma

construção do conhecimento mais efetiva por parte dos alunos, e para tal é imprescindível que

professores dominem os conteúdos, neste caso o de Cartografia, para assim serem capazes de

desenvolverem conteúdos e práticas complementares àqueles conteúdos básicos propostos

pela rede pública, além de dinamizarem suas aulas tornando-as mais prazerosas e estimulantes

para seus alunos.

Dinâmica esta que pode ser ampliada pelo uso de tecnologia nas aulas, pois os jovens

vivem inseridos neste contexto, o qual lhes desperta grande interesse. Assim, a cartografia e o

sensoriamento remoto vêm sendo incluídos cada vez mais no dia-a-dia, demandando

constante atualização de conhecimentos e adequação nos materiais didáticos.

Este trabalho não visou somente apresentar os recursos de geotecnologia, mas também

mostrar a contribuição dessa tecnologia para a construção do conhecimento e compreensão da

realidade, possibilitando aos alunos exercerem a cidadania e poderem intervir na realidade.

Estas geotecnologias despertam a curiosidade destes jovens e, se utilizadas de forma

adequada, podem facilitar o ensino de Geografia e tornar o aprendizado efetivo. Assim, as

escolas e os professores devem estar preparados para receberem os jovens desta geração e se

adequarem à melhor forma de ensino, coerente com o mundo contemporâneo. Esta

experiência de ensino e aprendizagem em que educadores e educandos construíram juntos os

conhecimentos geográficos possibilitou a aproximação com a sociedade, levando o

conhecimento desenvolvido além os muros da universidade.

REFERENCIAS

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