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A Biblioteca Sueca da Fábrica de Ferro de Ipanema Prof. Fernando JG Landgraf Com inestimável ajuda de Paulo Eduardo Martins Araújo e Sven Gunnar Sporback

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A Biblioteca Sueca da Fábrica de Ferro de Ipanema

Prof. Fernando JG Landgraf

Com inestimável ajuda de Paulo Eduardo Martins Araújo e

Sven Gunnar Sporback

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programa

•  A história dos livros suecos até 1865. •  A redescoberta da Biblioteca em 2011. •  Onde fica Ipanema? •  O projeto siderúrgico de D. João VI •  Ipanema como ponto turístico industrial do

sec XIX •  A questão tecnológica: o perfil do Alto

Forno

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Carl G. Hedberg, empresário sueco, dono de alto forno em Hagelsrum perto do lago de Hultsfred, foi contratado pelo governo Português, em 31/12/1809, para trazer 14 operários metalúrgicos, máquinas, instrumentos e uma lista de livros. Os melhores livros de siderurgia do mundo, na época!

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Três Clássicos da literatura siderúrgica sueca estavam na lista: Svenska Masmästeriet, de Garney Jern och Stal Foradlingen e Järnets Historia, de Sven Rinman

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Os livros chegaram em Ipanema!

Senador Vergueiro escreveu livro sobre Ipanema, publicado em 1858 com cópia do Inventário feito em 1821. Lá estão os livros.

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A perda dos livros

A Fábrica de Ferro de Ipanema teve história atribulada. Durante a Guerra do Paraguai, em 1865, partes da Fábrica foram desmontadas para envio para o Mato Grosso. Muita coisa se perdeu, e dentre elas citam-se “livros”. O próprio fato de que Hedberg trouxe uma biblioteca foi esquecido pela História, até 2011.

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A redescoberta da biblioteca

Um grupo de pesquisadores do LHC – Laboratório Hubertus Colpaert – da Escola Politécnica tem uma linha de pesquisa em Arqueometalurgia: o uso de modernas técnicas de caracterização microestrutural aplicadas no entendimento de questões históricas mal resolvidas. Esse grupo estudava objetos recolhidos pela arqueóloga Margarida Andreatta em Ipanema, e buscava mais informações sobre Carl Gustav Hedberg, na internet, onde ficamos conhecendo Sven-Gunnar Sporback.

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Nota no site de Sporback, em 2009

•  Carl Gustaf Hedberg föddes 1774-07-09 på Åby komministerboställe i Harakers socken. Han köpte Hangelsrums masugn i Målilla socken år 1795 och grundade Rosenfors Bruck år 1801. Affärerna gick inte så bra, utan Hedberg gjorde konkurs år 1810 och Rosenfors Bruck gick på exekutiv auktion. Hedberg försvann från orten, men vart tog han vägen?

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Sven-Gunnar Sporback •  Engenheiro

metalurgista, formado no , trabalhou na siderurgia sueca até aposentar-se e comprar uma casa do lado do alto forno de Hagelsrum.

!

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Sven Gunnar Sporback

Sven-Gunnar consertando o teto do alto forno de Hagelsrum em outubro de 2012

Nós temos mantido contato desde 2009. Visitamos Hagelsrum em janeiro de 2010, E ele visitou Ipanema em Julho de 2010. Nossa colaboração resultou em 3 artigos sobre a história de Ipanema, com novas informações sobre quem era Hedberg antes de vir ao Brasil.

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A redescoberta da biblioteca

Luciano Regalado e Adolfo Frioli, pesquisadores da história de Ipanema, reeditaram o livro de Vergueiro em dezembro de 2010, comemorando os 200 anos de Ipanema. Foi nesse livro que identificamos a existência da biblioteca e, junto com Sporback, identificamos a lista de livros.

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A surpresa: Sporback doa seis dos livros da lista

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Esclarecendo •  Os livros que estavam em Ipanema

continuam perdidos. Já procuramos por eles em sete bibliotecas brasileiras.

•  O que estamos doando hoje são outros exemplares daqueles livros. Alguns são de edições alguns anos mais novas: 1816, 1820.

•  A importância dos livros está ligada à importância da Fábrica de ferro de Ipanema na História do Brasil.

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Aquarela atribuída ao sueco Dankwarts, trazido por Hedberg. (pintada em 1814?)

Represa do Ipanema, construída por Hedberg

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Onde fica Ipanema? Perto da cidade de Sorocaba

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A Fábrica de Ferro de Ipanema fica junto ao Morro de Araçoiaba,

Em área hoje administrada pelo Instituto Chico Mendes – ICM Bio

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Morro do Araçoiaba, visto da Rodovia Castelo Branco

O Morro contém minério de ferro (magnetita e hematita)

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Represa de Hedberg

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Casa de Hedberg

Altos Fornos de Varnhagen

Local da Fábrica de Hedberg

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Aquarela atribuída ao sueco Dankwarts, trazido por Hedberg. (pintada em 1814?)

Casa de Hedberg Fábrica de Hedberg

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O Projeto siderúrgico •  No século XVIII, todo ferro de Portugal era

importado. •  A reforma da Universidade de Coimbra na

década de 1780 trouxe um professor de química, Domingos Vandelli, que incentivou vários de seus alunos a aprofundarem-se em mineralogia e buscar fora de Portugal mais conhecimentos sobre Siderurgia.

•  Isso foi respaldado pelo governo português, que decidiu bancar várias viagens de estudos.

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Ferro “em grande” •  José Alvares Maciel (um dos inconfidentes)

esteve em Birmingham visitando siderúrgicas na década de 1780. Degregado para Angola, chegou a estabelecer lá uma Fábrica de Ferro, na década de 1790.

•  O governo portugues bancou um treinamento de 10 anos para José Bonifácio e Manoel Camara, que dentre outras coisas estudaram siderurgia em Freiberg, Saxônia, em 1793 e 1794, com

Abraham Gottlob Werner.

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Política Portuguesa •  Em 1792, aos 25 anos, D. João passa a

governar Portugal como Regente. •  Em 1796, retorna a Lisboa depois de 17 anos

como “embaixador” em Turim, D. Rodrigo de Souza Coutinho para ser ministro.

•  Souza Coutinho defendeu a vinda da família real para o Brasil desde 1802.

•  Ele foi um grande incentivador da implantação de Fábricas de ferro em Portugal e no Brasil até falecer, em 1812, no Rio.

•  Esse foi o maior investimento industrial da coroa portuguesa no Brasil.

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Três empreedimentos em 1809

•  Morro do Pilar (região central de MG): Intendente Manoel Ferreira da Camara Bethencourt e Sá iniciava sua construção.

•  em Ipanema, no Morro de Araçoiaba, junto da ocorrência de minério magnetítico, sendo planejado pelo engenheiro Friedrich Ludwig Wilhelm Varnhagen.

•  O terceiro seria criado próximo a Congonhas do Campo em MG e seria dirigido por Wilhelm Ludwig von Eschwege.

•  O maior investimento foi feito em Ipanema.

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Alto-forno é a solução

•  1799. Na Memória sobre a Capitania de Minas Gerais, José Vieira Couto escreve que em “tais fábricas de ferro, e tais fundições, tudo deve ser em um ponto bem grande

•  Naquele momento a Europa toda produzia ferro com altos-fornos, por ser o processo de maior produtividade, apesar de exigir operação ininterrupta por vários meses.

•  1802. Os jovens Eschwege e Varnhagen, respectivamente com 25 e 20 anos de idade, juntamente com outros mestres e artífices, chegam da Alemanha para trabalhar na Ferraria de Foz D’Alge, em Portugal, que dispunha de dois altos fornos.

•  No contrato de Eschwege, uma importante cláusula: “Mestre condutor de afinar o Ferro para o serviço de S.A.R. [em Portugal], ou para ser empregado no Brazil por dez annos consecutivos.”

•  Vê–se claramente que o governo português previa a transferência dos alemães para o Brasil.

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1810

•  Varnhagen e Martim Francisco Ribeiro de Andrada recebem ordens para examinar o minério de ferro de Sorocaba.

•  Instrução de 21 de fevereiro de expedida por D. Rodrigo de Souza Coutinho:

•  Quais fornos convém estabelecer “para se pôr em movimento a extração do ferro coado [produzido no alto forno] e do ferro forjado [...];

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O plano de Varnhagen: é preciso muito ferro para edificar a Fábrica de Ferro

1810 “Modo que se deve adotar: [Na Fábrica Velha] deverão se fazer dois ou três fogos biscainhos [..] que deveriam dar ferro no fim de três meses”.

•  Porém, alerta Varnhagen, “não é a extensão, ou grandeza do Estabelecimento que requer uma tal despesa , mas s im mui to maior par te os preparativos”.

•  Varnhagen pede também a contratação de forneiros alemães para operar os fornos.

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Surpresa para Varnhagen : o Governo Português contrata equipe sueca!

Em 1810 Napoleão já havia conquistado todos os países de língua alemã. Não havia condições para contratar técnicos alemães.

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Ligação com Suécia

•  Portugal e Suécia foram dois países que encontraram soluções originais para enfrentar Napoleão: – O Rei Português abandonou sua capital e

veio para o Rio de Janeiro, governar a partir da Colônia,

– O Rei Sueco faleceu em 1809 e representantes suecos trouxeram um general de Napoleão (Bernadotte) que não era perfeitamente alinhado com o Corso.

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A busca de um diretor sueco

•  Portugal importava muito ferro da Suécia, e exportava sal.

Falta-nos entender quem enviou ordens ao Embaixador Português na Suécia para buscar um diretor e equipe suecas, em 1809. •  Ele encontrou um intermediário para a

busca, o médico da corte Gustav Beyer, que sugeriu o nome de Carl Gustav Hedberg.

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O empresário metalurgista Carl G. Hedberg

•  Em 1795, aos 21 anos de idade, Hedberg assumiu seu primeiro alto-forno (8m de altura) em Hagelsrum, no sul da Suécia, produzindo em média 120 toneladas anuais de gusa.

•  Em 1802 Hedberg inicou uma operação de refino e forja de barras em Rosenfors.

•  Em 1804 assumiu um segundo alto-forno, em Pauliström.

•  É inegável a competência metalúrgica do diretor sueco, pois Hedberg possuía larga experiência nas operações de produção de ferro gusa em altos-fornos e em forjas de refino.

•  Também é verdade que ele faliu, em 1810. A situação da siderurgia sueca estava crítica, pressionada pelo mesmo Bloqueio Continental imposto por Napoleão.

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Lars Hultgren

•  Dentre as 14 pessoas que Hedberg escolheu para trazer ao Brasil figura seu auxiliar direto em Hagelsrum e Rosenfors, Lars Hultgren. Tinha 40 anos quando chegou no Brasil.

•  Ele é o grande nome sueco para o sucesso de Ipanema. Lá trabalhou até sua morte em 1829.

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A biblioteca de Hedberg

•  O contrato assinado em Estocolmo, dia 31/12/1809 rezava:

“Igualmente deve o dito Hedberg procurar, e levar comsigo os desenhos, livros, e instrumentos especificados na memoria appensa n.° 1, os quaes serão aqui pagos antes da sua partida, e de que lhe será livre fazer uso durante o seu tempo de serviço.”

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Lista de livros trazidos por Hedberg

Original title  translation  author  edition  1810  1821  size Jernets Historia  History of Iron  Sven Rinman (1720-1792)  1782  1  14  4v., q. om watterwork  On waterworks  Herren? Akerren?    2     Mineralogie  

Mineralogy  Johan Gotschalk Wallerius (1709-1785) 

  3  17  1v., o. 

Physische Chemie  Physical Chemistry  J. G. Wallerius    4  16  2v., o. Bergwerkslexicon   Mining and metallurgy

lexicon Sven Rinman  1789  5  6  2v., q 

Mechaniken   mechanics  Sven Rinman  1789  6  1  1v, f Markscheiderei  Land surveying, Mine

surveying Horre [?] Hornemans? 

  7     

Försök till hand-bok för bruks-betjenter 

Attempt to a Manual for works employees 

(Josef ) Strömbom,   1802  8     

Om Rysk Tackjärnsblåsning  On Russian pig iron production 

(Johan Erik) Norberg (1749-1818) 

  9     

Svänska Blåswerkens Historia 

History of Swedish Blowing equipment 

Akerreus    10     

Laboratorium chymicum  Chemical Laboratory  (Gustaf von Engeström)    11  15  1v., o. Jernets och stålets förädling

 Refinement and processing of iron and steel 

Sven Rinman    12  12  1v., o. 

Mineralogie  Mineralogy  (Axel Fredrik ) Cronstedt, (1722-1765) 

  13  18  1v., o. 

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“O Alto Forno Sueco”,

Um dos livros trazidos por

Hedberg

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Maquinários, equipamentos e ferramentas comprados na Suécia

•  O cônsul sueco no Rio de Janeiro, Johan Albert Kantzow, relata a chegada dos suecos:

•  Ao Rei, 15 de dezembro de 1810 •  “Todos jovens e enérgicos, peritos em metalurgia sueca.

São acompanhados de um chefe C. G. Hedberg [...]. Trouxe todos os instrumentos e aparelhos necessários, tais como foles, rodas e martelos-pilões com todos os acessórios fabricados na Suécia [...]. A natureza fornece tudo para que esta emprêsa seja benéfica ao país e extremamente nociva à metalurgia sueca. Assim a c h e g a d a d ê s t e s c o m p a t r i o t a s m a g o o u - m e profundamente.”

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Tranquilizando o governo Sueco

•  Gustav Beyer visita o Brasil em 1813 e escreve um belo livro em sueco sobre a viagem.

•  ... Se alguma vez as fábricas forem aperfeiçoadas, havendo sobra para vender, será necessário transportá-la para o porto de exportação mais próximo, que é o Rio de Janeiro... O processo é o seguinte: Em Ipanema o ferro é carregado por animais, por falta de boas estradas, até a Serra do Cubatão onde desce 7000 pés num declive forte, de modo que a carga não pode ser grande. De Cubatão, onde se pagam direitos por ser uma alfândega arrendada, o ferro é conduzido algumas léguas em canoas até a cidade de santos, lugar em que é baldeado de novo para pequenas embarcações cobertas para ser conduzido por 30 léguas ainda, até o Rio de janeiro, onde finalmente pode ser exportado. Considerando agora que todo este trabalho é pago em ouro, vê-se que ferro fica tão caro que não pode dar lucro nenhum, mormente quando já existe uma exportação remuneradora de café, assucar e couros e não pode concorrer com o ferro europeu em preço. Segundo o meu modo de pensar, o resultado final dos novos projectos, isto e, si forem executados, será apenas que uma das mais interessantes províncias do globo, poderá produzir para si todo ferro de que precisa.

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Gestão Hedberg

•  Foi muito difícil. •  O alemão Varnhagen, que queria ter sido

o diretor da Fábrica, é indicado para representante técnico dos acionistas. Ele critica fortemente Hedberg, sempre batendo no mesmo ponto: E o Alto forno?

•  Em 1814, depois de 3 anos como Diretor, Hedberg é demitido e Varnhagen assume seu posto.

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Os fornos de Hedberg em Ipanema

•  É pertinente a crítica de que os fornos planejados por Hedberg não produziriam as quantidades anuais de “ferro refinado” estimadas pelo sueco (480 t a 600 t).

•  Hedberg explicitou sua opção pelos pequenos-fornos de redução direta, defendendo sua escolha em franca oposição ao projeto original de construção de altos-fornos em Ipanema:

•  “A vantagem de se não precisar por neles nem de cal, nem de grüttein [sic] para se juntarem ao mineral na sua fundição, os quais materiais se fazem precisos nos fornos altos”.

•  Segurança: “neste clima [altos-fornos] dariam um calor tal que os operários não lhe pudessem resistir.”

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A gestão Varnhagen

•  Entre 1815 e 1818 Varnhagen construiu rapidamente dois altos fornos, seguindo o modelo da Fábrica em que ele trabalhou em Foz d’Alge, Portugal.

•  Fez duas campanhas prolongadas em 1818 e 1819, mas sua produção ficou bem abaixo das 600t /ano previstas.

•  Hultgren deve ter sido de grande ajuda, como diz Bonifácio quando visita a Fábrica em 1820.

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Ipanema vira ponto turístico

•  Muitos visitantes estrangeiros passam por Ipanema na primeira metade do século XIX: – Saint Hillaire – Edmond Pink – Spix e Martius – Debret Com isso, temos várias imagens de Ipanema naquele período

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Gravura de Lemaitre

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A Fábrica de Ipanema: detalhe do alto forno

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A Fábrica de Ipanema: Edmund Pink, 1823

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Debret, 1827

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A Fábrica de Ipanema: uma narrativa do fracasso?

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A abordagem arqueometalúrgica

•  É possível investigar aspectos mais técnicos da aventura de Ipanema: – A introdução de uma inovação tecnológica: o

alto-forno. – O problema do perfil geométrico do Alto

Forno de Varnhagen – A possibilidade de interpretar o estado da

técnica a partir do estudo metalográfico de peças fabricadas em Ipanema.

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O Alto Forno

Até hoje se produz ferro pelo alto-forno. Seu perfil tem quase a mesma forma. Minério de ferro é transformado em ferro metálico ao longo da descida da carga.

Minério e carvão entram sólidos lá em cima, ferro líquido sai em baixo.

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Altos-fornos gêmeos de Varnhagen

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O perfil do Alto Forno

•  temos várias informações sobre ele, com algum conflito e discussão: – a carta descritiva de Varnhagen de 27/4/1817, – o desenho feito por Rufino Felizardo, em 1820 – a crítica de José Bonifácio, de 1820 – os livros suecos, – o desenho de Dupré. – O desenho de Reaumur

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A descrição de Varnhagen

•  A primeira informação é a carta descritiva de Varnhagen, publicada no livro Pluto Brasiliensis, escrito por Eschwege em 1833. O livro foi publicado em alemão, mencionando as dimensões do forno numa tabela.

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Descrição de Varnhagen Descrição de Varnhagen

Com base nela foi possível reconstruir o perfil geométrico do interior do forno.

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A crítica de Bonifácio

Jose Bonifácio chegou de volta ao Brasil em 1819, depois de quase 30 anos fora. Visitou Ipanema e escreveu um relatório, onde criticou o projeto do AF de Varnhagen:

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Bonifácio

O Rast (rampa), ou encosto superior ao cadinho, he muito baixo e muito pouco esguio, pois tem 45 gráos, sobre a qual se acumula a carga ainda crúa, se resfria na circunferência, e depois se precipita em massa no cadinho e chega ao algaraviz, onde se desregra o vento, que a não pode penetrar e fundir devida e gradualmente;

algaraviz

Rast

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O desenho do Rufino

Rufino Felizardo desenhou Toda a instalação em 1820, mas deixou o perfil do AF de forma estranha.

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Biblioteca de Hedberg

Quem projetou o perfil do AF, Varnhagen ou seu técnico Hultgren? As gravuras de Garney incluem imagens com ângulo muito alto, mais de 70o.

Biblioteca de Hedberg

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O Alto Forno de Reaumur

•  Reaumur registrou o perfil de altos fornos franceses em 1725, mqas esses desenhos só forma publicados em 1761.

•  O formato é muito semelhante ao descrito por Varnhagen.

•  Onde teria Varnhagen encontrado esse desenho?

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Reaumur

O ângulo do Rast, a altura do cadinho e a posição do algaraviz é muito semelhante. O forno frances é mais largo.

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Resumindo

•  O governo D. João VI investiu consideráveis recursos num projeto siderúrgico no Brasil.

•  O relatório de Bonifácio sobre Ipanema mostra que havia um modelo de operação da carga no alto-forno: tecnologia.

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Gratos

•  Fernando JG Landgraf [email protected] •  Paulo Eduardo M Araujo

[email protected]