dissertacao joana palas

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Redes Prediais – Patologias e Reabilitação de Redes de Abastecimento de Água e de Drenagem de Águas Residuais Domésticas JOANA ISABEL DOS SANTOS PALAS Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES Orientador: Professor Doutor Carlos Alberto Baptista Medeiros MARÇO DE 2013 MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2012/2013

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Dissertação

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  • Redes Prediais Patologias e Reabilitao de Redes de Abastecimento de gua e de

    Drenagem de guas Residuais Domsticas

    JOANA ISABEL DOS SANTOS PALAS

    Dissertao submetida para satisfao parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAO EM CONSTRUES

    Orientador: Professor Doutor Carlos Alberto Baptista Medeiros

    MARO DE 2013 MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2012/2013

  • DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Tel. +351-22-508 1901

    Fax +351-22-508 1446

    [email protected]

    Editado por

    FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Rua Dr. Roberto Frias 4200-465 PORTO Portugal Tel. +351-22-508 1400

    Fax +351-22-508 1440 [email protected] http://www.fe.up.pt

    Reprodues parciais deste documento sero autorizadas na condio que seja mencionado o Autor e feita referncia a Mestrado Integrado em Engenharia Civil - 2012/2013 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2013.

    As opinies e informaes includas neste documento representam unicamente o ponto de vista do respetivo Autor, no podendo o Editor aceitar qualquer responsabilidade legal ou outra em relao a erros ou omisses que possam existir.

    Este documento foi produzido a partir de verso eletrnica fornecida pelo respetivo Autor.

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    Aos meus pais e ao meu irmo.

    O sal, quando tomado s, amargo, mas d sabor agradvel comida; as dificuldades so o sal da vida.

    Baden Powell

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    AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar quero agradecer e reconhecer o meu orientador, o professor Doutor Carlos Medeiros, pelos ensinamentos que me transmitiu ao longo destes meses de trabalho, pelo apoio incondicional e sobretudo pela disponibilidade e prontido em ajudar. Quero ainda agradecer minha famlia pelo amor, apoio e pacincia, no s durante a tese, mas tambm durante todo o meu percurso acadmico.

    Ao Eng. Fernando Guedes pela amabilidade e disponibilidade em me facultar a possibilidade, junto dos seus contactos, de poder ter acesso a visitar obras de reabilitao da SRU Porto Vivo.

    Agradeo especialmente aos meus amigos que, direta ou indiretamente, contriburam para a realizao desta dissertao. Aos que acompanharam o meu percurso e sempre me deram a fora que, por vezes, me faltou.

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    RESUMO A reabilitao de edifcios uma rea estratgica que incide no s nas construes histricas, mas tambm em edifcios recentes, que merecem intervenes de adequao face s exigncias modernas de desempenho, em prol da melhoria da qualidade.

    A crescente tendncia de atuao na requalificao de edifcios demonstra a necessidade de satisfazer uma determinada metodologia de interveno, recorrendo a sugestes de tcnicas para correo de uma determinada patologia, e formas para atenuar a mesma.

    As instalaes prediais de guas e esgotos constituem, em Portugal, uma das principais causas de patologias em edifcios, mesmo em casos de construo recente. Por serem sistemas ativos do edifcio, as patologias nas redes prediais traduzem-se em significativos fatores de desconforto e incomodidade para os utilizadores.

    O presente estudo incide sobre as redes prediais de abastecimento de gua e de drenagem de guas residuais domsticas, efetuando uma anlise relativa s patologias mais correntes nestas redes partindo da definio de metodologias de interveno, e sequente proposta de solues que as eliminem ou minimizem.

    PALAVRAS-CHAVE: REDES PREDIAIS, ABASTECIMENTO DE GUA, DRENAGEM DE GUAS RESIDUAIS DOMSTICAS, QUALIDADE, PATOLOGIA, ANOMALIA, REABILITAO, INTERVENO.

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    ABSTRACT Buildings rehabilitation is a strategic area that focuses, not only on historic buildings, but also on modern constructions that need some update interventions to become adequate facing the demands of modern performance to improve building quality.

    The growing trend of performing rehabilitation of buildings demonstrates the need to satisfy a particular intervention methodology, using suggestions of techniques for correction of an identified pathology, and ways to mitigate it.

    The water and sewer building installation in Portugal are one of the main causes of diseases in buildings, even in recent construction. Because they are active systems of the building, the pathologies in buildings water networks translate into significant factors of discomfort and inconvenience for their users.

    The present study focuses on buildings water networks that include water supply and drainage of domestic sewage, performing an analysis on the most common pathologies in these networks based on the definition of intervention methodologies and suggesting solutions that eliminate or minimize those pathologies.

    KEY WORDS: WATER SUPPLY SYSTEMS, DRAINAGE OF DOMESTIC SEWAGE WATER, QUALITY, PATHOLOGY, ANOMALY, REHABILITATION, INTERVENTION.

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    NDICE GERAL

    AGRADECIMENTOS ...................................................................................................................................... i

    RESUMO ................................................................................................................................................... iii

    ABSTRACT ................................................................................................................................................. v

    1. INTRODUO .......................................................................................................................... 1 1.1. GENERALIDADES .............................................................................................................. 1 1.2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 2 1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................... 2 1.4. LEGISLAO EM VIGOR ..................................................................................................... 3

    2. IMPORTNCIA DO ESTUDO DAS PATOLOGIAS NA CONSTRUO ..... 5 2.1. GENERALIDADES .............................................................................................................. 5 2.2. MTODOS GERAIS DE DIAGNSTICO DE ANOMALIAS EM EDIFCIOS ....................................... 8 2.2.1. GENERALIDADES............................................................................................................ 8 2.2.2. DEFECT ACTION SHEET BRE (1982) ......................................................................... 9 2.2.3. FICHAS DE REPARAO DE ANOMALIAS LNEC (1985) ............................................... 10 2.2.4. CASES OF FAILURE INFORMATION SHEET CIB (1993) ................................................ 12 2.2.5. METODOLOGIA DE QUANTIFICAO CAUSA-EFEITO QCE (1994) ................................... 12 2.2.6. FICHES PATHOLOGIE DU BTIMENT AQC (1995) ....................................................... 13 2.2.7. METODOLOGIA DE DIAGNSTICO DE PATOLOGIAS EM EDIFCIOS DPE (2001) .............. 14 2.2.7.1. Diagnstico de intervenes pontuais ..................................................................... 15 2.2.7.2. Diagnstico de intervenes globais ....................................................................... 16 2.2.8. SISTEMA PERICIAL DE APOIO AO DIAGNSTICO DE PATOLOGIAS EM EDIFCIOS DIAGNOSTICA (2003) ......................................................................................................... 17 2.2.8.1. Programa DIAGNOSTICA..................................................................................... 18 2.2.9. FICHAS DE DIAGNSTICO E DE INTERVENO FDI (2003) .......................................... 18 2.2.10. CONSTRUDOCTOR (2003) ........................................................................................ 21 2.2.11. PATORREB (2004) ..................................................................................................... 23 2.2.12. SISTEMA DE APOIO INSPEO E DIAGNSTICO DE ANOMALIAS IST (2005) .............. 25 2.2.13. MTODO SIMPLIFICADO DE DIAGNSTICO DE ANOMALIAS SDA (2005) ...................... 26 2.2.14. MTODO DE AVALIAO DO ESTADO DE CONSERVAO DE IMVEIS MAEC (2006) ... 28

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    3. REDES PREDIAIS EVOLUO E CARATERIZAAO ................................. 31 3.1. GENERALIDADES ............................................................................................................ 31 3.2. EVOLUO HISTRICA DOS SISTEMAS HIDRULICOS PREDIAIS .......................................... 32 3.2.1. EVOLUO HISTRICA DOS APARELHOS E DISPOSITIVOS DE UTILIZAO .......................... 33 3.3. SISTEMAS PREDIAIS DE ABASTECIMENTO DE GUA .......................................................... 34 3.3.1. GENERALIDADES ......................................................................................................... 34 3.3.2. TIPIFICAO DOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO PREDIAL DE GUA ................................ 35 3.3.3. SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIO DE GUA FRIA ...................................................... 38 3.3.3.1. Reserva predial de gua para abastecimento domstico ........................................ 40 3.3.4. SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIO DE GUA QUENTE ................................................ 41 3.3.4.1. Isolamento das tubagens ........................................................................................ 42 3.3.4.2. Circuito de recirculao (circulao forada) ou de retorno ..................................... 43 3.3.4.3. Aparelhos produtores de gua quente..................................................................... 43 3.3.5. TRAADO E INSTALAO .............................................................................................. 45 3.3.6. ELEMENTOS ACESSRIOS DA REDE ............................................................................... 47 3.3.6.1. Torneiras e Fluxmetros.......................................................................................... 47 3.3.6.2. Vlvulas .................................................................................................................. 47 3.3.6.3. Contadores ............................................................................................................. 48 3.4. SISTEMAS PREDIAIS DE DRENAGEM DE GUAS RESIDUAIS ................................................. 48 3.4.1. GENERALIDADES .......................................................................................................... 48 3.4.2. DRENAGEM DE GUAS RESIDUAIS DOMSTICAS .............................................................. 49 3.4.3. DRENAGEM DE GUAS PLUVIAIS .................................................................................... 53 3.4.4. TRAADO E INSTALAO .............................................................................................. 54 3.4.4.1. Ramais de descarga ............................................................................................... 54 3.4.4.2. Ramais de ventilao .............................................................................................. 55 3.4.4.3. Tubos de queda ...................................................................................................... 57 3.4.4.4. Colunas de ventilao ............................................................................................. 58 3.4.4.5. Coletores prediais ................................................................................................... 59 3.4.4.6. Ramais de ligao ................................................................................................... 59 3.5. MATERIAIS ..................................................................................................................... 60 3.5.1. TUBAGENS METLICAS ................................................................................................. 60 3.5.1.1. Ao (Ferro Preto) .................................................................................................... 61 3.5.1.2. Ao Galvanizado ..................................................................................................... 61 3.5.1.3. Ao Inox .................................................................................................................. 62

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    3.5.1.4. Cobre ...................................................................................................................... 62 3.5.1.5. Ferro Fundido ......................................................................................................... 63 3.5.2. TUBAGENS TERMOPLSTICAS ....................................................................................... 64 3.5.2.1. Polietileno de alta densidade (PEAD) ..................................................................... 64 3.5.2.2. Polietileno reticulado (PEX) ..................................................................................... 65 3.5.2.3. Policloreto de Vinilo (PVC) ...................................................................................... 66 3.5.2.4. Polipropileno (PP) ................................................................................................... 67 3.5.3. TUBAGENS DE OUTROS MATERIAIS ............................................................................... 67 3.5.3.1. Tubagens de Grs Cermico .................................................................................. 67 3.5.3.2. Tubagens de Beto ................................................................................................. 68

    4. A QUALIDADE NAS INSTALAES PREDIAIS ................................................. 71 4.1. GENERALIDADES ............................................................................................................ 71 4.2. DESEMPENHO DAS INSTALAES .................................................................................... 73 4.2.1. DESEMPENHO TCNICO ............................................................................................... 74 4.2.2. DESEMPENHO HUMANO ............................................................................................... 74 4.2.3. DESEMPENHO ECONMICO .......................................................................................... 75 4.2.2. DESEMPENHO AMBIENTAL ............................................................................................ 75

    5. PATOLOGIAS NAS REDES PREDIAIS ................................................................... 77 5.1. GENERALIDADES ............................................................................................................ 77 5.2. TIPOS DE PATOLOGIAS NAS REDES PREDIAIS DE DISTRIBUIO DE GUA ........................... 80 5.2.1. DEFICIENTES NVEIS DE PRESSO E CAUDAL .................................................................. 80 5.2.2. ROTURA NAS TUBAGENS DE DISTRIBUIO DE GUA ....................................................... 81 5.2.3. RUDOS NAS INSTALAES DE ABASTECIMENTO DE GUA ............................................... 83 5.2.4. DEFICINCIAS NO FORNECIMENTO DE GUA QUENTE ...................................................... 84 5.2.5. DEFICIENTE DESEMPENHO DOS MATERIAIS, ACESSRIOS, EQUIPAMENTOS E DISPOSITIVOS DE UTILIZAO ...................................................................................................................... 84 5.3 TIPOS DE PATOLOGIAS NAS REDES PREDIAIS DE DRENAGEM DE GUAS RESIDUAIS DOMSTICAS ......................................................................................................................... 85 5.3.1. ODORES ...................................................................................................................... 85 5.3.2. RUDOS NAS INSTALAES DE DRENAGEM DE GUAS RESIDUAIS DOMSTICAS ................. 87 5.3.3. OBSTRUES .............................................................................................................. 88 5.3.4. ROTURAS NAS TUBAGENS DE ESGOTOS DOMSTICOS..................................................... 88

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    5.3.5. DEFICIENTE DESEMPENHO DOS MATERIAIS .................................................................... 89 5.3.6. DEPRESSES E SOBREPRESSES ................................................................................. 89

    6. GRADUAO DAS PATOLOGIAS NAS REDES PREDIAIS ......................... 91 6.1. GENERALIDADES ............................................................................................................ 91 6.2. ANOMALIAS NAS REDES PREDIAIS DE ABASTECIMENTO DE GUA ....................................... 92 6.2.1. ANOMALIAS LIGEIRAS ................................................................................................... 93 6.2.2. ANOMALIAS MDIAS ...................................................................................................... 93 6.2.3. ANOMALIAS GRAVES ..................................................................................................... 94 6.2.4. ANOMALIAS MUITO GRAVES .......................................................................................... 95 6.3. ANOMALIAS NAS REDES PREDIAIS DE DRENAGEM DE GUAS RESIDUAIS DOMSTICAS ......... 96 6.3.1. ANOMALIAS LIGEIRAS ................................................................................................... 96 6.3.2. ANOMALIAS MDIAS ...................................................................................................... 97 6.3.3. ANOMALIAS GRAVES ..................................................................................................... 98 6.3.4. ANOMALIAS MUITO GRAVES .......................................................................................... 98

    7. REABILITAO DAS REDES PREDIAIS ................................................................ 99 7.1. GENERALIDADES ............................................................................................................ 99 7.2. INTERVENO NAS INSTALAES PREDIAIS DE DISTRIBUIO DE GUA E DE DRENAGEM DE GUAS RESIDUAIS DOMSTICAS ............................................................................................. 99 7.2.1. INTERVENO NAS INSTALAES PREDIAIS DE ABASTECIMENTO DE GUA ...................... 102 7.2.1.1. Deficientes nveis de presso e caudal ................................................................. 103 7.2.1.2. Roturas nas tubagens ........................................................................................... 104 7.2.1.3. Deficiente desempenho dos materiais e equipamentos ......................................... 104 7.2.1.4. Rudos e Vibraes ............................................................................................... 105 7.2.1.5. Deficincias no fornecimento de gua quente ....................................................... 107 7.2.2. INTERVENO NAS INSTALAES PREDIAIS DE DRENAGEM DE GUAS RESIDUAIS DOMSTICAS ....................................................................................................................... 108 7.2.2.1. Odores .................................................................................................................. 109 7.2.2.2. Rudos ................................................................................................................... 110 7.2.2.3. Obstrues ............................................................................................................ 110 7.2.2.4. Roturas ................................................................................................................. 110 7.2.2.5. Deficiente desempenho dos materiais e aparelhos sanitrios ............................... 111 7.2.2.6. Depresses e Sobrepresses ............................................................................... 111

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    7.3. FICHAS DE REABILITAO DAS REDES HIDRULICAS PREDIAIS ........................................ 114

    8. CONCLUSES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS .................................... 115 8.1. CONCLUSES ............................................................................................................... 115 8.2. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ..................................................................................... 116

    BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 117

    ANEXOS.............................................................................................................................. 121

  • NDICE DE FIGURAS

    Figura 2.1 Leis de Hammurabi (traduzido por R. F. Harper no livro Falhas na Construo de Jacob Field, publicaes Wiley&Sun Inc.,Nova Iorque, 1992). .............................................................. 5 Figura 2.2 Exemplo de uma Defect Action Sheet . .......................................................................... 10 Figura 2.3 Exemplo de uma ficha de anomalia proposta pelo LNEC ............................................... 11 Figura 2.4 Exemplo de uma ficha proposta pela AQC ....................................................................... 14 Figura 2.5 Fluxograma de Diagnstico de uma Interveno Pontual. ............................................... 16 Figura 2.6 Exemplo de identificao de GMA na anlise de uma fachada. ...................................... 17 Figura 2.7 Exemplo de uma Ficha de Diagnstico Preliminar. .......................................................... 19 Figura 2.8 Exemplo de uma Ficha de Diagnstico Especfico. .......................................................... 20 Figura 2.9 Exemplo de uma Ficha de Interveno. ........................................................................... 21 Figura 2.10 Exemplo de um Pr-Diagnstico de anomalia. ............................................................ 22 Figura 2.11 Exemplo de uma Ficha de Patologia. ............................................................................. 24 Figura 2.12 Exemplo de uma Ficha de Anomalia do IST. ................................................................. 26 Figura 2.13 Matriz de Fichas de Reabilitao para o elemento Instalao de guas e Esgotos. .. 27 Figura 2.14 Ficha de Reabilitao SDA. ............................................................................................ 28 Figura 2.15 Ficha de Avaliao do MAEC. ........................................................................................ 29

    Figura 3.1 Rede de distribuio de gua. .......................................................................................... 34 Figura 3.2 Sistema direto. .................................................................................................................. 36 Figura 3.3 Sistema indireto com reserva superior. ............................................................................ 37 Figura 3.4 Sistema indireto com bombeamento e reservatrio inferior. ............................................ 37 Figura 3.5 Sistema indireto com bombeamento direto. ..................................................................... 37 Figura 3.6 Sistema misto. ................................................................................................................... 38 Figura 3.7 Caudais de clculo em funo dos caudais acumulados ................................................. 40 Figura 3.8 Esquema-tipo de um reservatrio de gua potvel. ......................................................... 41 Figura 3.9 Isolamento para tubagens de gua quente. ..................................................................... 42 Figura 3.10 Esquema de um sistema de recirculao. ...................................................................... 43 Figura 3.11 Aparelhos de produo de gua quente. ........................................................................ 45 Figura 3.12 Declive das tubagens ...................................................................................................... 45 Figura 3.13 Instalao de tubagens sem acessrios ......................................................................... 46 Figura 3.14 Instalao de tubagens de gua quente e fria. ............................................................... 46 Figura 3.15 Instalao das tubagens. ................................................................................................ 46 Figura 3.16 Inundao de cave e possivel sistema elevatrio de drenagem .................................. 50 Figura 3.17 Sistema de drenagem de guas residuais domsticas. .................................................. 51 Figura 3.18 Valores mnimos do prolongamento do tubo de queda acima da cobertura .................. 52 Figura 3.19 Sistema de drenagem de guas residuais domsticas com ventilao secundria. ..... 52 Figura 3.20 Sistema de drenagem de guas pluviais. ....................................................................... 54 Figura 3.21 Ligao de vrios aparelhos a um nico ramal de descarga atravs de caixas de reunio ou curva de concordncia ....................................................................................................... 55 Figura 3.22 Ligao dos ramais de descarga a tubos de queda e a coletores prediais ................... 55 Figura 3.23 Ligao do ramal de ventilao ao de descarga ............................................................ 56 Figura 3.24 Aparelhos instalados em bateria (que no bacias de retrete e similares) ...................... 56 Figura 3.25 Ligao do tubo de queda cmara de inspeo. ......................................................... 57 Figura 3.26 Ligao da coluna de ventilao ao coletor e tubo de queda. ....................................... 59 Figura 3.27 Exemplos de alguns tipos de abraadeiras .................................................................... 60

  • Figura 3.28 Tubagens e acessrios de ao (ferro preto) ................................................................... 61 Figura 3.29 Tubagens e acessrios de ao galvanizado ................................................................... 62 Figura 3.30 Tubagens e acessrios de ao inox. ............................................................................... 62 Figura 3.31 Tubagens e acessrios de cobre .................................................................................... 63 Figura 3.32 Tubagens e acessrios em ferro fundido. ....................................................................... 64 Figura 3.33 Tubagens e acessrios em PEAD .................................................................................. 65 Figura 3.34 Tubagens e acessrios em PEX ..................................................................................... 66 Figura 3.35 Tubagens e acessrios de PVC-U .................................................................................. 66 Figura 3.36 Tubagens e acessrios em PP ....................................................................................... 67

    Figura 4.1 Evoluo no tempo do nvel de desempenho de um edifcio. .......................................... 71 Figura 4.2 Esquema que ilustra o conceito de patologia associado de falta de qualidade em edifcios. ................................................................................................................................................. 72 Figura 4.3 Desempenho nas instalaes prediais. ............................................................................ 73

    Figura 5.1 Distribuio por elemento afetado. ................................................................................... 78 Figura 5.2 Repartio em % dos custos de reparao das anomalias. ............................................. 79 Figura 5.3 Repartio por tipo de manifestao anmala (em % de elemento afetado). .................. 79 Figura 5.4 Diferentes tipos de corroso em tubagens metlicas ....................................................... 82 Figura 5.5 Exemplo de rotura em tubagem termoplstica, por excesso de presso ......................... 82 Figura 5.6 Rudos areos e rudos de percusso. ............................................................................. 83 Figura 5.7 Fenmeno de auto-sifonagem .......................................................................................... 86 Figura 5.8 Sifonagem induzida ........................................................................................................... 86 Figura 5.9 Dupla sifonagem. .............................................................................................................. 87 Figura 5.10 Diagrama de presses num tubo de queda quando ocorrem descargas simultneas em 2 pisos consecutivos .............................................................................................................................. 90

    Figura 6.1 Exemplos de anomalias ligeiras em redes de abastecimento de gua. ........................... 93 Figura 6.2 Exemplos de anomalias mdias em redes de abastecimento de gua. ........................... 94 Figura 6.3 Exemplos de anomalias graves em redes de abastecimento de gua ............................ 95 Figura 6.4 Exemplo de anomalia muito grave em rede de abastecimento de gua. ......................... 96 Figura 6.5 Exemplo de anomalia ligeira em rede de drenagem de guas residuais domsticas. ..... 97 Figura 6.6 Exemplo de anomalias mdias em redes de drenagem de guas residuais domsticas. 97 Figura 6.7 Exemplo de anomalias graves em redes de drenagem de guas residuais domsticas . 98 Figura 6.8 Exemplo de anomalias muito graves em redes de drenagem de guas residuais domsticas ............................................................................................................................................. 98

    Figura 7.1 Reservatrios de amortecimento (Pedroso,2006). ......................................................... 105 Figura 7.2 Isolamento de tubagem relativamente a elementos de construo (Pedroso,2006)...... 106 Figura 7.3 - Junta de dilatao e fixao de tubagem (Freitas et al.,2012). ....................................... 106

  • NDICE DE QUADROS (OU TABELAS)

    Quadro 3.1 Caudais mnimos nos dispositivos de utilizao. ............................................................ 39 Quadro 3.2 Tubagens Metlicas e Outras mais usadas nas redes prediais. .................................... 69 Quadro 3.3 Tubagens termoplsticas mais usadas nas redes prediais. ........................................... 70

    Quadro 6.1 Graduao das anomalias. ............................................................................................. 91 Quadro 6.2 Graduao das anomalias ao nvel das instalaes em edifcios. ................................. 92

    Quadro 7.1 Quadro-Sntese das principais patologias, causas e solues de interveno possveis nas redes prediais de abastecimento de gua. .................................................................................. 112 Quadro 7 2 Quadro-Sntese das principais patologias, causas e solues de interveno possveis nas redes prediais de drenagem de guas residuais domsticas. ..................................................... 113

  • SMBOLOS E ABREVIATURAS

    H presso mnima (KPa) n nmero de pisos acima do solo incluindo o piso trreo

    ts taxa de ocupao

    ACRRU reas Crticas de Recuperao e Reconverso Urbanstica ANQIP Associao Nacional para a Qualidade nas Instalaes Prediais AQC Agence Qualit Conctruction ARU rea de Reabilitao Urbana BRE Building Research Establishment

    CAM Comisso Arbitral Municipal

    CIB Conseil International du Btiment

    DPE Metodologias de Diagnstico de Patologias em Edifcios

    EFM Elemento fonte de manuteno

    ENCORE Encontro sobre Conservao e Reabilitao de Edifcios de Habitao

    ETAR Estao de Tratamentos de guas Residuais FDI Fichas de Diagnstico de Interveno

    FEUP Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

    GMA Grupo de Manifestaes Afins

    ISO International Organization for Standardization

    IST Instituto Superior Tcnico

    LFC Laboratrio de Fsica das Construes

    LNEC Laboratrio Nacional de Engenharia Civil

    LPD Lista de Possveis Diagnsticos

    MAD Mdulo de Apoio Deciso

    MAEC Mtodo de Avaliao do Estado da Conservao

    MAI Mdulo de Apoio Inspeo

    NRAU Novo Regime de Arrendamento Urbano

    PATORREB Grupo de Estudos da Patologia da Construo

    PEAD Polietileno de Alta Densidade

    PEX Polietileno Reticulado

    PP Polipropileno

  • PVC Policloreto de vinilo

    QCE Metodologias de Quantificao Causa-Efeito RAC Reservatrio de Ar Comprimido

    RGSPPDADAR - Regulamento Geral dos Sistemas Pblicos e Prediais de Distribuio de gua e Drenagem de guas Residuais RJUE Regime Jurdico da Urbanizao e da Edificao

    SDA Mtodo Simplificado de Diagnstico de Anomalias

    SIMEH Sistema Integrado de Manuteno em Edifcios de Habitao

    SRU Sociedade de Reabilitao Urbana

    SYCODS Systme de Collecte Dsordres

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    1 INTRODUO

    1.1. GENERALIDADES O estudo de edifcios existentes (antigos ou mais recentes) representa um interesse crescente, dada a evidente importncia que tem vindo a ser atribuda ao patrimnio construdo. Aceita-se hoje, cada vez com mais clareza, que esse patrimnio engloba, de forma marcante, no s os edifcios monumentais mas tambm os edifcios habitacionais, industriais e comerciais (Appleton,2003). A reabilitao uma rea estratgica que incide no s nas construes histricas, como tambm em edifcios que merecem intervenes de adequao face s exigncias atuais, melhorando pois, os nveis de qualidade do edificado. Por outro lado, na sociedade atual, o conceito de qualidade tem vindo a ganhar cada vez mais robustez, impulsionando o mercado e a inovao tecnolgica, proporcionando um variado leque de opes de materiais e constituintes, a preos cada vez mais competitivos. Esta evoluo de desempenho em geral, est diretamente relacionada com os materiais constituintes das redes prediais de guas e esgotos.

    As instalaes hidrulicas de guas e esgotos, constituem em Portugal, uma das principais origens de problemas em edifcios, mesmo em casos de construo recente, traduzindo-se em enormes fatores de desconforto para os utilizadores. As causas desta situao devem-se a erros e defeitos tanto na fase de projeto como na fase de construo ou vida-til dos materiais que constituem as redes muitas vezes de forma sistemtica (Afonso,2004). As operaes de reabilitao nas redes prediais de guas e esgotos, so em geral dispendiosas muito devido dificuldade de acesso s mesmas. H que ter em conta que estas foram muitas vezes executadas aps a construo do edifcio (modernizao), o que representou ou pode representar problemas de obteno de adequados nveis de satisfao para os utilizadores, funo de novas exigncias funcionais.

    A evidente necessidade de dotar os edifcios antigos com condies de conforto comparveis com as dos edifcios modernos, faz com que as patologias sejam um problema muito atual, justificando a anlise destas situaes patolgicas pela repercusso que tm na qualidade do construdo e a procura de solues tipificadas para futuras intervenes (Appleon,2003).

    A importncia do tema surge principalmente pela escassez de informao sintetizada nomeadamente o que refere metodologia de interveno das redes prediais.

    O presente estudo ir apenas incidir sobre os sistemas prediais de abastecimento de gua e de drenagem de guas residuais domsticas, porque ao serem sistemas ativos dos edifcios afetam diretamente o conforto dos seus utilizadores e de forma significativa.

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    1.2. OBJETIVOS O principal objetivo da dissertao a de efetuar um estudo relativo s patologias mais correntes em redes prediais de abastecimento de guas e de drenagem de guas residuais domsticas partindo da definio de mtodos simplificados de reabilitao das referidas redes, aps prvia caraterizao das respetivas patologias e sequente proposta de solues que as eliminem ou minimizem.

    1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO O presente documento est estruturado da seguinte forma:

    Captulo 1 Introduo: neste captulo apresenta-se o enquadramento do tema, bem como os objetivos do mesmo.

    Captulo 2 Importncia do estudo das patologias na construo: neste captulo so apresentados os principais mtodos de diagnstico de anomalias em edifcios. So ainda definidos alguns conceitos importantes.

    Captulo 3 Redes prediais. Evoluo e caraterizao: neste captulo so caraterizados os sistemas hidrulicos prediais de abastecimento e de drenagem de guas residuais. Dessa caracterizao fazem parte os seus objetivos e a constituio, instalao e traado, bem como o funcionamento de cada uma das redes. So ainda descritos os principais tipos de materiais que as constituem.

    Captulo 4 A qualidade nas instalaes prediais: este captulo incide na qualidade e no desempenho das instalaes, introduzindo o conceito de necessidade de reabilitao das redes, e relacionando-o com os anteriores.

    Captulo 5 Patologias nas redes prediais: neste captulo so descritas as principais patologias nas redes prediais de abastecimento de gua e drenagem de guas residuais domsticas

    Captulo 6 Graduao das patologias nas redes prediais: neste captulo feito o levantamento das anomalias mais frequentes nas redes prediais de abastecimento de gua e drenagem de guas residuais domsticas segundo uma escala de graduao, bem como o respetivo nvel de interveno.

    Captulo 7 Reabilitao das redes prediais: este captulo incide sobre as operaes de interveno possveis para solucionar as patologias previamente apresentadas. So ainda feitas fichas de reabilitao de patologias nas redes de abastecimento e de drenagem de guas residuais domsticas

    Captulo 8 Concluses e desenvolvimentos futuros: onde so tecidos alguns comentrios que se consideram pertinentes, em jeito de concluso com o previamente apresentado, e feitas algumas consideraes para futuras intervenes.

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    1.4. LEGISLAO EM VIGOR Atualmente em Portugal, o documento que regula as regras de conceo de redes prediais de distribuio de gua e de drenagem de guas residuais, em Portugal, o Decreto Regulamentar 23/95 de 23 de Agosto Regulamento Geral dos Sistemas Pblicos e Prediais de Distribuio de gua e de Drenagem de guas Residuais (RGSPPDADAR) . A Lei n 159/99, de 14 de setembro, atribui competncias para as autarquias locais, incumbindo os municpios de assegurar o abastecimento de gua, como tambm de saneamento de guas residuais e de gesto de resduos urbanos, possibilitando a criao de sistemas multimunicipais. Assim sendo, cabe a cada municpio prever regulamentos que se apoiem no Regulamento Geral, mas com algumas variantes, que melhor se adequem atividade gestora.

    Como complemento ao RGSPPDADAR, existem publicaes com especificaes da responsabilidade do LNEC (Laboratrio Nacional de Engenharia Civil) assim como documentos de homologao de materiais e equipamentos.

    As normas europeias aplicveis no domnio das redes prediais so essencialmente a EN806 para o clculo e instalao de redes prediais. J no caso do clculo de redes prediais de drenagem de guas residuais serve a EN 12056.

    Relativamente reabilitao, a regulamentao atualmente vigente em Portugal o Decreto-Lei n. 26/2010 de 30 de Maro republicao do Decreto-Lei n. 555/99, de 16 de Dezembro que introduziu no Regime Jurdico da Urbanizao e da Edificao (RJUE) uma vasta simplificao administrativa com uma nova delimitao do mbito de aplicao dos diversos procedimentos de controlo prvio, promovendo e valorizando a responsabilidade de cada interveniente.

    No mbito da presente dissertao, acha-se pertinente distinguir as vrias obras que podem integrar as intervenes relativas a uma operao de reabilitao. Assim, e segundo o art. 2. do RJUE podem-se definir as mais importantes, sendo elas:

    - Obras de reconstruo: obras de construo subsequentes demolio total ou parcial de uma edificao existente, das quais resulte a manuteno ou a reconstituio da estrutura das fachadas, da crcea e do nmero de pisos;

    - Obras de ampliao: obras de que resulte o aumento da rea de pavimento ou de implantao, da crcea ou do volume de uma edificao existente;

    - Obras de alterao: obras de que resulte a modificao das caractersticas fsicas de uma edificao existente ou sua frao, designadamente a respetiva estrutura resistente, o nmero de fogos ou divises interiores, ou a natureza e cor dos materiais de revestimento exterior, sem aumento da rea de pavimento ou de implantao ou da crcea;

    - Obras de conservao: obras destinadas a manter uma edificao nas condies existentes data da sua construo, reconstruo, ampliao ou alterao, designadamente as obras de restauro, reparao ou limpeza.

    O art. 60. deste decreto de lei refere que em edificaes existentes, e aquando da alterao das mesmas, podem ser adotadas solues menos exigentes, desde que tais obras no originem ou agravem

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    desconformidade com as normas em vigor, e no ponham em causa as condies de segurana ou da salubridade da edificao. No entanto a lei pode impor condies especficas para o exerccio de certas atividades em edificaes j afetas a tais atividades. Pode ainda condicionar a execuo das referidas obras, desde que mostrem necessrios para a melhoria das condies de segurana e salubridade da edificao.

    Relativamente utilizao e conservao do edificado, o RJUE impe (Artigo 89.) a realizao de obras de conservao no mximo em cada ciclo de oito anos, ou sempre que se considere necessrio. Pode ainda a Cmara Municipal ordenar a realizao de obras de conservao, em qualquer momento, sempre que o edifcio constitua ameaa para a segurana ou salubridade dos utilizadores ou para terceiros.

    Devem ainda ser atendidos os Regulamentos Municipais de Urbanizao e da Edificao, elaborados no mbito do Regime Jurdico da Urbanizao e da Edificao.

    A reabilitao urbana assume-se hoje como uma componente indispensvel da poltica das cidades e da poltica de habitao, na medida em que nela convergem os objetivos de requalificao e revitalizao das cidades, em particular das suas reas mais degradadas, e de qualificao do parque habitacional, procurando-se um funcionamento globalmente mais harmonioso e sustentvel das cidades e a garantia, para todos, de uma habitao condigna.

    Ao atual quadro legislativo da reabilitao urbana corresponde-lhe, sobretudo, a disciplina das reas de interveno das sociedades de reabilitao urbana (SRU) contida no Decreto- Lei n. 104/2004, de 7 de Maio, e a figura das reas Crticas de Recuperao e Reconverso Urbanstica (ACRRU). No entanto, em 23 de Outubro de 2009, o Decreto-Lei n104/2004, de 7 de Maio foi substitudo pelo novo Regime Jurdico de Reabilitao Urbana (RJRU), regulado pelo D.L. n. 307/2009, de 23 de Outubro. Este novo regime introduz um enquadramento procedimental mais vasto e complexo que o anterior, deixando de estar limitado a zonas histricas e s reas crticas de reconverso e recuperao urbansticas (ACRRU), passando a ser o regime jurdico de reabilitao urbana em reas de Reabilitao Urbana (ARU), entendendo-se estas como a rea territorialmente delimitada que, em virtude da insuficincia, degradao ou obsolescncia dos edifcios, das infraestruturas, dos equipamentos e dos espaos urbanos e verdes de utilizao coletiva, designadamente no que se refere s suas condies de uso, solidez, segurana, esttica ou salubridade, justifique uma interveno integrada, podendo ser delimitada em instrumento prprio ou corresponder rea de interveno de um plano de pormenor de reabilitao urbana (RJRU). Foi estabelecido um regime transitrio, com a durao de cinco anos, para que os municpios convertessem as zonas de interveno das sociedades de reabilitao urbana constitudas ao abrigo do Decreto-Lei n 104/2004, de 7 de Maio, em uma ou mais reas de reabilitao urbana.

    Finalmente, relativamente ao projeto e s competncias necessrias, a Portaria n. 701-H/2008, de 29 de Julho, indica os procedimentos e normas a adotar na elaborao e faseamento de projeto de obras pblicas, sendo que o artigo 21 da seco II relativo s instalaes, equipamentos e sistemas em edifcios, sendo tratadas na subseco I, instalaes, equipamentos e sistemas de gua e esgotos.

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    2 IMPORTNCIA DO ESTUDO DAS PATOLOGIAS DA CONSTRUO

    2.1. GENERALIDADES Embora o tema Patologia da Construo possa parecer recente, a preocupao associada reparao de defeitos nas construes remonta j ao ano 2200 a.C., nomeadamente atravs do Cdigo de Construo de Hammurabi's (Rei da Babilnia), que ditava punies severas em caso de ocorrncia de falhas, mostrando o conceito de responsabilidade associado a este tema (Lopes,2005).

    Figura 2.1 Leis de Hammurabi (traduzido por R. F. Harper no livro Falhas na Construo de Jacob Field, publicaes Wiley&Sun Inc.,Nova Iorque, 1992) (Sousa,2004).

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    Atualmente o conceito bem mais complexo, devido ao nvel de complexidade e exigncias impostas s construes atuais, nomeadamente das crescentes exigncias de desempenho e funcionais inerentes aos dias de hoje, pelo que se torna imprescindvel um maior conhecimento tcnico e cientfico por parte de todos os intervenientes dos vrios projetos e da construo. A rea do conhecimento que se dedica ao estudo das anomalias existentes nos edifcios designa-se por patologia palavra que tem origem em duas palavras gregas, nomeadamente pathos (doena) e logos (cincia) (Calejo,2001). Esta palavra associada expresso patologia da construo designa-se como a cincia que estuda as anomalias e as respetivas causas que surgem numa construo, aps a sua execuo (Lopes,2005).

    Uma anomalia, no mbito da patologia da construo, um indcio de um possvel defeito ou problema, que diretamente visvel ou mensurvel e que no satisfaz as exigncias funcionais do elemento ou componente construtivo relacionado. Em casos mais complexos, considera-se que uma anomalia resulta de um conjunto de manifestaes associadas a uma determinada cadeia de relaes causa-efeito que lhe est subjacente (Sousa,2004). Importa referir que a cada anomalia pode estar associada uma causa, ou um conjunto de causas a ocorrer em simultneo. A origem dessa(s) causa(s) pode ser humana derivada de erros em diversas fases do empreendimento ou acidental sendo que nessa situao deriva de acontecimentos imprevisiveis, como por exemplo devido s aes naturais ou desastres provocados pelo homem (Lopes,2005) As anomalias existentes podem ser consideradas de trs tipos (Lopes,2005):

    - Anomalias prematuras: so fenmenos patolgicos que ocorrem antes do previsto;

    - Anomalias reincidentes: fenmeno de repatologia so anomalias que reaparecem aps uma deficiente interveno, em geral, provocada por um diagnstico inadequado ou inexistente;

    - Anomalias correntes: todas as outras que no se inserem nas acima descritas.

    O diagnstico palavra grega diagnostiks, cujo significado capaz de discernir o conjunto de procedimentos independentes e organizados com o objetivo nico de compreender e explicar uma patologia atravs da observao de manifestaes e da realizao de um exame (Calejo,2001). O principal objetivo do diagnstico, ento, o de determinar a origem da causa que levou ao aparecimento de uma dada manifestao patolgica, para que se possa proceder sua correta correo.

    O estabelecimento de diagnsticos em edifcios passa pela compreenso do seu funcionamento em fase de utilizao, o que requer uma investigao aprofundada por parte de um tcnico especializado, uma vez que necessrio um vasto conhecimento de tcnicas construtivas, de caractersticas e comportamento dos materiais utilizados. Por outro lado h que ter em conta que o diagnstico deve ser realizado com cuidado, dado que todos os casos so diferentes (Giocoechea,Monjn,2006). A preocupao na realizao de diagnsticos corretos toma grandes propores, dado que ainda se verificam fenmenos correntes de repatologia a ocorrncia destes fenmenos denuncia o insucesso frequente de muitas intervenes, normalmente resultantes da inexistncia ou da inadequao de diagnsticos (Calejo,2001).

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    Convm salientar que, em Portugal, nas ltimas dcadas do sc. XX, verificou-se uma construo desmedida, o que associado falta de uma construo sustentvel acentuou o aumento da no qualidade e portanto o aumento de anomalias nas construes ditas recentes.

    Dentro do sector da construo, a atividade tende a deslocar-se, cada vez mais, da construo nova para as operaes de manuteno e reabilitao das construes existentes, o que poder resultar em grandes vantagens para a sociedade e para o pas, quer em termos econmicos, quer sociais, ambientais e culturais (Cias,2006). Em Portugal existe um vasto patrimnio edificado de interesse cultural e histrico, e desde h alguns anos a reabilitao tem sido um sector que, apesar de diversas vicissitudes, tem registado um franco desenvolvimento (Reis,2011). Reabilitao a rea do conhecimento que se destina a reequacionar o desempenho do edifcio (ou das suas solues construtivas) definindo intervenes destinadas a incrementar o seu desempenho (Calejo,2001). Assim sendo, a reabilitao pode ser destinada no s a construes histricas ou a edifcios antigos, mas tambm queles que o tempo de utilizao exige intervenes de adequao face s exigncias atuais (Freitas,2006). importante frisar que, a definio de reabilitao, na sua essncia, passa por preservar ao mximo os elementos existentes e em boas condies, devendo essas intervenes ser o menos intrusivas possvel. Uma manuteno contnua , por isso, essencial, para a conservao dos edifcios numa atitude de respeito pelo existente (Reis,2011).

    Torna-se ainda necessrio no presente captulo distinguir edifcios antigos de edifcios recentes. De uma forma genrica, estes distinguem-se pela sua tecnologia de construo.

    Entende-se por edifcios antigos todos aqueles que foram construdos antes da generalizao da aplicao de beto armado. Inclui-se neste grupo de edifcios o patrimnio monumental, edifcios classificados e o patrimnio edificado corrente em que a pedra, a madeira, a cal e o vidro so materiais dominantes (Freitas,2012). Os edifcios recentes surgiram por abandono ao nvel tecnolgico das alvenarias resistentes e pisos em madeira, para as atuais estruturas porticadas de beto armado. Estes, para alm de utilizarem tecnologias construtivas em beto armado, incorporam em geral materiais considerados novos, produzidos industrialmente.

    Dada a complexidade inerente ao processo de anlise e compreenso das anomalias, torna-se essencial apoiar a investigao em metodologias, devidamente sustentadas por procedimentos cientficos, de modo a estabelecer diagnsticos corretos e devidamente fundamentados (Calejo,2001). Esta necessidade determina que se proceda a uma anlise, mesmo que sucinta, dos mtodos gerais de diagnstico de anomalias em edifcios, como primeiro momento do trabalho a desenvolver.

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    8 Verso para discusso

    2.2. MTODOS GERAIS DE DIAGNSTICO DE ANOMALIAS EM EDIFCIOS 2.2.1. GENERALIDADES Como j foi referido anteriormente, um edifcio constitudo por vrios elementos construtivos, que se interligam entre si. Ora, quando existe uma anomalia, importante que se proceda sua correta interveno, sem afetar o conjunto. Para tal, recorrer a uma metodologia de diagnstico, facilita toda a realizao do processo.

    Nas ltimas dcadas, foi reunida uma inmera quantidade de informao disponvel sobre a patologia da construo. No entanto, essa informao encontrava-se desorganizada e dispersa. Foi, a partir de 1993, atravs dos encontros do CIB W086 Building Pathology, que surgiu a necessidade de se estabelecer uma metodologia de diagnstico de anomalias, que catalogasse as falhas de construo mais frequentes, com vista sua reduo (Lima,2009). As metodologias de diagnstico de anomalias em edifcios tm como principal funo agrupar, sistematizar, e divulgar a informao caraterizadora e corretiva relativamente s manifestaes patolgicas mais frequentes (Lima,2009). A correo de uma patologia deve comear com um diagnstico que caraterize a situao existente. Assim, uma metodologia de interveno fundamental para otimizar a explicao da anomalia (Calejo,2001). A definio de uma estratgia de reabilitao por vezes subjetiva, tendo em conta que existem diversas solues para a correo de uma dada patologia, sendo que todas elas podem estar corretas. Note-se que para um adequado diagnstico, se torna necessrio identificar a soluo mais adequada situao concreta.

    Assim, atualmente existem diversas metodologias de anlise e diagnstico de anomalias, como a base para propostas de reabilitao. Assim, expem-se, por ordem cronolgica, as mais relevantes:

    - Defect Action Sheet BRE (1982); - Fichas de Reparao de Anomalias LNEC (1985); - Cases of Failure Information Sheet CIB (1993); - Metodologias de Quantificao Causa-Efeito QCE (1994); - Fiches Pathologie du Btiment AQC (1995); - Metodologia de Diagnstico de Patologias em Edifcios DPE (2001); - Sistema Pericial de Apoio ao Diagnstico de Patologias em Edifcios DIAGNOSTICA (2003); - Fichas de Diagnstico e de Interveno FDI (2003); - ConstruDoctor (2003); - PATORREB (2004): - Sistema de Apoio Inspeo e Diagnstico de Anomalias IST (2005); - Mtodo Simplificado de Diagnstico de Anomalias SDA (2005); - Mtodo de Avaliao do Estado de Conservao de Imveis MAEC (2006).

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    Enunciadas as principais metodologias, ir de seguida proceder-se sua breve exposio.

    2.2.2. DEFECT ACTION SHEET BRE (1982) Entre 1982 e 1990, o Building Research Establishment (BRE), organizao sediada no Reino Unido especializada na anlise de mtodos de construo de edifcios, divulgou um conjunto de fichas denominadas Defect Action Sheet, cujo objetivo consiste em disponibilizar a informao necessria aos profissionais da construo, de forma a prevenir e corrigir os possveis erros e anomalias dos edifcios, registadas e estudadas pelos especialistas da BRE (Lima,2009). A informao contida nas referidas fichas apresentada nos seguintes campos:

    - Descrio da patologia;

    - Descrio das causas;

    - Medidas de preveno (Princpio e Prtica); - Referncias e leituras complementares.

    Relativamente anlise de patologia na construo, o BRE publicou ainda os Good Repair Guides, guias prticos cujo objetivo, como o prprio nome indica, o de fornecer informao relativa s anomalias mais frequentes verificadas nos edifcios do Reino Unido, atravs da sua identificao, diagnstico e reparao das mesmas (Lima,2009).

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    10 Verso para discusso

    Figura 2.2 Exemplo de uma Defect Action Sheet (Lima,2009).

    2.2.3. FICHAS DE REPARAO DE ANOMALIAS LNEC (1985) No mbito do 1 ENCORE (Encontro sobre Conservao e Reabilitao de Edifcios de Habitao), realizado no LNEC em 1985, foi publicado um livro com um captulo dedicado Patologia na Construo (Abrantes,Silva,2012). De notar, que at data, toda a informao relativa s patologias existentes em edifcios estava desorganizada e dispersa. Assim, esse captulo surgiu como necessidade de agrupar essa informao de forma concisa e estruturada, atravs da apresentao de um conjunto de Fichas de Reparao de Anomalias.

    A listagem de fichas propostas apresenta-se agrupada em trs categorias: Patologia Estrutural, Patologia No Estrutural e Instalaes (Lima,2009). No cabealho de cada ficha, definido o elemento construtivo em anlise, a anomalia associada e a respetiva referncia. A informao da mesma constituda pelos seguintes campos (Abrantes,Silva,2012):

    - Sintomas: descreve os sinais indicativos da ocorrncia da anomalia em questo, de forma a facilitar a sua identificao;

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    - Exame: lista as diferentes tcnicas de verificao de sinais, de forma a confirmar a suspeita de ocorrncia da anomalia;

    - Diagnstico de Causas: expe as possveis razes que esto na origem do fenmeno patolgico em estudo;

    - Reparao: menciona os devidos cuidados a ter em conta e possveis formas de interveno, mediante a situao existente.

    Figura 2.3 Exemplo de uma Ficha de Reparao de Anomalia proposta pelo LNEC (Lima,2009).

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    12 Verso para discusso

    2.2.4. CASES OF FAILURE INFORMATION SHEET CIB (1993) A comisso CIB W086 Building Pathology, organismo internacional responsvel pela investigao, divulgao e estudo da patologia da construo, apresentou, em 1993, um modelo de Fichas de Patologias que se propunha elaborar, designadas por Cases of Failure Information Sheet, que se apresentam estruturadas segundo cinco campos (Sousa,2004):

    - Identificao do componente afetado;

    - Descrio das causas da anomalia;

    - Descrio da patologia com recurso a ilustraes grficas;

    - Identificao dos agentes patolgicos que originaram a anomalia;

    - Indicao dos erros e da fase do processo construtivo em que ocorreram.

    Dos encontros do CIB W086 Building Pathology surgiu a necessidade de se descobrir um modo eficaz para divulgar os conhecimentos relacionados com a construo e suas falhas mais frequentes, com vista sua reduo. Assim, surgiu a necessidade de cada pas criar o seu prprio grupo de estudos relativo patologia de edifcios com o objetivo comum do estudo dos insucessos na construo e a sua preveno onde seria possvel utilizar o W086 como um frum de partilha e troca de conhecimentos.

    2.2.5. METODOLOGIA DE QUANTIFICAO CAUSA-EFEITO QCE (1994) No mbito do 2 ENCORE (Encontro sobre Conservao e Reabilitao de Edifcios de Habitao), Alfredo Soeiro e Rui Taborda apresentaram, em artigo tcnico, um mtodo de anlise de patologias, denominado por Metodologia de Quantificao Causa-Efeito (Abrantes,Silva,2012). O objetivo desta metodologia o de analisar cientificamente um dado fenmeno, obtendo o mximo de informao possvel sobre o nmero de casos relacionados, de modo a que, posteriormente seja possvel determinar um conjunto de relaes causa-efeito que justifique de forma racional, o fenmeno em estudo (Lima,2009). Assim, os autores propuseram a resoluo do problema atravs da formulao de matrizes inter-relacionveis. As matrizes seriam constitudas pelas variveis (parmetros) quantificveis mais relevantes, retiradas de informao de processos de diagnsticos reais (Abrantes,Silva,2012). Os diversos conceitos relativos aos fenmenos patolgicos devem ser tratados tendo em conta (Lima,2009):

    - A descrio e qualificao de cada sintoma patolgico;

    - A localizao da patologia no edifcio;

    - A referenciao do elemento detentor da patologia;

    - A identificao do fenmeno fsico ou qumico que originou a patologia.

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    2.2.6. FICHES PATHOLOGIE DU BTIMENT AQC (1995) A AQC (Agence Qualit Conctruction), organismo francs responsvel pela apreciao e implementao da qualidade na construo, em conjunto com a Fondation Excellence SMA (Grupo SMABTP), da sociedade de seguros mtuos lder no domnio da construo em Frana, criaram, em 1995, as Fiches Pathologie du btiment (Abrantes,Silva,2012). Estas fichas foram elaboradas numa perspetiva de divulgao e de preveno das principais patologias dos edifcios em Frana, com base nos resultados da anlise dos sinistros declarados s companhias seguradoras (Sousa,2004), e encontram-se agrupadas em seis campos:

    - Fundaes e infraestruturas;

    - Estrutura de suporte;

    - Envolvente e revestimentos exteriores;

    - Coberturas e estruturas de suporte;

    - Acabamentos interiores;

    - Equipamentos.

    Cada ficha indica as manifestaes e as causas da patologia, bem como as recomendaes construtivas para evitar a sua ocorrncia, sendo a informao dividida nos seguintes grupos: (Abrantes,Silva,2012)

    - Identificao da patologia;

    - Descrio da patologia;

    - Diagnstico das causas;

    - Pontos sensveis;

    - Conselhos de preveno;

    - Informao adicional.

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    14 Verso para discusso

    Figura 2.4 Exemplo de uma Fiches Pathologie du Btiment proposta pela AQC (http://www.qualiteconstruction.com/outils/fiches-pathologie/assainissement-non-collectif.html 29/10/12).

    2.2.7. METODOLOGIA DE DIAGNSTICO DE PATOLOGIAS EM EDIFCIOS DPE (2001) Rui Calejo apresentou um mtodo de diagnstico de patologias em edifcios na sua Tese de Doutoramento em 2001, denominado por Metodologia de Diagnstico de Patologias em Edifcios (DPE), segundo um conjunto de procedimentos com encadeamento lgico no sentido de convergir na obteno da soluo a adotar (Calejo,2001). O mtodo prope que a atuao possa ser executada segundo duas formas Pontual e Global sendo que, para cada uma delas, sugerido um modelo de elaborao do diagnstico. A interveno pontual diz respeito a uma nica patologia com extenso espacial limitada, enquanto que a interveno global

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    abrange a totalidade de um edifcio (ou grupos de edifcios), onde se manifeste uma situao de mltiplas patologias (Calejo,2001). De notar que, por vezes, estes dois tipos de interveno consideram-se, apesar de incidirem sobre duas formas distintas, semelhantes, pelo que nesses casos a interveno pode ser considerada mista.

    2.2.7.1. Diagnstico de intervenes pontuais A caraterizao da patologia numa interveno pontual composta pelos seguintes procedimentos: (Calejo,2001)

    - Descrio do local: breve identificao do local, elemento ou componente construtivo onde se manifesta a patologia, assim como o registo da data de construo e de eventuais intervenes posteriores no edifcio.

    - Descrio da manifestao: descrio objetiva e sumria, de preferncia acompanhada por fotografia ou desenho esquemtico representando a perspetiva do local.

    - Lista de possveis diagnsticos: listagem de todas as causas possveis para justificar a manifestao. Este procedimento baseia-se em listas-tipo que abrangem os principais diagnsticos associados s principais manifestaes patolgicas.

    - Exame: trata-se de um conjunto de procedimentos com o objetivo de apreender a totalidade do fenmeno e identificar o mecanismo causa-efeito. Nesta fase procede-se reconstituio construtiva, observao visual da envolvente, histria, s manifestaes afins, bem como a ensaios experimentais.

    - Eliminao de diagnsticos: com base na anlise efetuada no exame, procede-se eliminao de diagnsticos, para que fiquem apenas aqueles para os quais seja possvel evidenciar argumentos.

    - Diagnstico: descrio do mecanismo causa-efeito que explica a anomalia observada, identificando claramente a causa sobre a qual se dever atuar. Por vezes no possvel a identificao de apenas uma nica causa, pelo que, segundo o autor, nestas situaes, sempre prefervel assumir a incerteza que afeta a deciso do que fundament-la em suposies.

    - Forma de atuao: esta etapa deve incidir sobre as medidas a tomar para solucionar a manifestao patolgica. Para tal, deve ser feita:

    - Caraterizao geral (acerca do princpio de atuao); - Listagem de tarefas a executar.

    - Medidas preventivas: conjunto de medidas que devem ser acauteladas pelo utilizador, que contribuam para uma melhor eficcia da soluo e eventual preveno de nova ocorrncia.

    Segue-se o fluxograma que sintetiza as vrias etapas do processo relativo ao diagnstico de uma interveno pontual:

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    16 Verso para discusso

    Figura 2.5 Fluxograma do Diagnstico de uma Interveno Pontual (Calejo,2001).

    2.2.7.2. Diagnstico de intervenes globais Esta abordagem deve ter como objetivo final a elaborao de um projeto de correo, e deve obedecer seguinte metodologia: (Calejo,2001) - Caraterizao da situao:

    - Sub-diviso do edifcio (em zonas, elementos, componentes construtivos, ou recorrendo aos Elementos Fonte de Manuteno EFM); - Levantamento de manifestaes (inspeo e/ou inqurito); - Associao de manifestaes patolgicas (pretende-se agrupar todas as manifestaes semelhantes, criando Grupo de Manifestaes Afins GMA); - Exame, Listagem e Eliminao de diagnsticos (estas fases devem ser tratadas de forma anloga interveno pontual); - Matriz de diagnsticos (Figura 2.6).

    - Projeto experimental; - Projeto de execuo.

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    17

    Tal como foi referido, a sistematizao das anomalias verificadas pode ser analisada atravs de um quadro/tabela de dupla entrada, onde se associam o local e a manifestao.

    Figura 2.6 Exemplo de identificao de GMA na anlise de uma fachada (Calejo,2001).

    O agrupamento da informao permite criar uma matriz de diagnstico, cujo objetivo reunir num nico quadro a estrutura patolgica do edifcio, ou seja, para cada grupo de manifestaes afins retirado da fase exame so estabelecidas de uma forma matricial as respetivas causas, sendo ainda indicado, de forma simples, a intensidade/fiabilidade do diagnstico proposto (Calejo,2001).

    2.2.8. SISTEMA PERICIAL DE APOIO AO DIAGNSTICO DE PATOLOGIAS EM EDIFCIOS DIAGNOSTICA (2003) Rui Calejo e Peter Westcot apresentaram, em artigo prprio do livro Patorreb 2003, um sistema de apoio deciso denominado Sistema Pericial de Apoio ao Diagnstico de Patologias em Edifcios.

    O princpio do sistema que a cada manifestao patolgica, possvel associar um conjunto de possveis diagnsticos, e portanto qualquer patologia est relacionada com uma Lista de Possveis Diagnsticos (LPD) (Abrantes,Silva,2012). Com base na teoria da probabilidade, considerou-se que, inicialmente, esta listagem assume que cada diagnstico possui a mesma possibilidade de ocorrncia. No entanto, nas fases posteriores e medida que se desenvolve o processo, prev-se o condicionamento progressivo dos diagnsticos anteriormente definidos, atravs da aplicao da Teoria da Probabilidade Condicionada, resultando no reforo de uns e eliminao de outros (Abrantes,Silva,2012).

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    18 Verso para discusso

    Na fase posterior definio da LPD, considerada uma dada incerteza nas distribuies de probabilidade condicionada, devido considerao de fatores especficos como os desvios de opinio ou as dvidas sobre os fatores que afetam mais o diagnstico. Os autores adotaram uma distribuio de incerteza com o recurso ao Mtodo de Monte Carlo, de forma a permitir a utilizao da Teoria da Probabilidade Condicionada (Abrantes,Silva,2012). De forma resumida, para a obteno do diagnstico, torna-se necessria a recolha de dados sobre a patologia em estudo, incidindo sobre a descrio da manifestao, de uma LPD e o exame luz da metodologia DPE, da autoria de Rui Calejo, j descrita anteriormente (Lima,2009).

    2.2.8.1. PROGRAMA DIAGNOSTICA Com base na metodologia descrita, surge uma ferramenta informtica designada por DIAGNOSTICA. Este software serve de apoio a diagnsticos de patologias, associadas apenas a manifestaes de humidade no interior das habitaes dos edifcios do Reino Unido (Lima,2009). O sistema estabelece uma LPD a partir da descrio da anomalia feita pelo utilizador, sendo estabelecidos os diagnsticos mais provveis, para posteriormente poder inquirir o utilizador nas vrias fases do processo de diagnstico (Lima,2009).

    2.2.9. FICHAS DE DIAGNSTICO E DE INTERVENO FDI (2003) Vtor Abrantes, Rui Calejo e Helena Corvacho, no mbito do Sistema Integrado de Manuteno em Edifcios de Habitao (SIMEH), propuseram as Fichas de Diagnstico e de Interveno, cujo principal objetivo passa pela gesto e manuteno de um extenso parque de habitao social (Abrantes,Silva,2012). O sistema proposto fundamenta-se em procedimentos-tipo e no constante registo de todas as intervenes, sendo apoiado por uma ferramenta informtica.

    Esta metodologia pressupe que, aps a deteo da anomalia, se proceda a um Diagnstico Preliminar (Figura 2.7), que se estrutura da seguinte forma (Abrantes,Silva,2012):

    - Informao geral;

    - Caraterizao do local onde se manifesta a anomalia;

    - Descrio da manifestao/Exame;

    - Observaes;

    - Informao a preencher pelo tcnico.

    Este documento apresenta-se sob a forma de um formulrio, cujo objetivo a recolha de toda a informao relativa patologia.

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    Figura 2.7 Exemplo de uma Ficha de Diagnstico Preliminar (Lima,2009).

    Se a informao recolhida no Diagnstico Preliminar no for suficiente para identificar com exatido a patologia existente, ento ser necessrio fazer uma anlise mais detalhada, nomeadamente, procedendo realizao dos Diagnsticos Especficos. Estas fichas, cujo objetivo o levantamento de nova informao tendo por base as presumveis patologias, so utilizadas individualmente para cada caso de patologia (Abrantes,Silva,2012), tal como se observa na figura seguinte.

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    20 Verso para discusso

    Figura 2.8 Exemplo de uma Ficha de Diagnstico Especfico (Lima,2009).

    Nos casos abrangidos pelo sector da manuteno e que no necessitem de um estudo mais detalhado do que o j executado na fase de Diagnstico Preliminar, possvel proceder-se escolha das Fichas de Interveno a adotar para a reparao da patologia em estudo (Figura 2.9) As Fichas de Interveno so organizadas de forma simples e tipificada, fornecendo indicaes acerca do modo de atuao nas aes de reparao a executar, com o objetivo de impedir a evoluo do fenmeno patolgico em estudo (Lima,2009).

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    21

    Figura 2.9 Exemplo de uma Ficha de Interveno (Lima,2009).

    2.2.10. CONSTRUDOCTOR (2003) A empresa OZ Diagnstico, Levantamento e Controlo de Qualidade em Estruturas e Fundaes, Lda desenvolveu um servio de pr-diagnstico expedito de anomalias em edifcios, designado Construdoctor.

    Trata-se de um servio on-line, onde os utilizadores respondem a um conjunto de perguntas simples acerca da anomalia. Por outro lado, o programa auxilia o utilizador (atravs de um dicionrio) a familiarizar-se com certos termos utilizados na construo, para uma melhor compreenso aquando do preenchimento do formulrio (Lima,2009). As respostas a este formulrio so devidamente analisadas e estudadas por uma equipa de engenheiros qualificados na rea da reabilitao e patologia na construo. Posteriormente, elaborado por estes tcnicos um relatrio on-line, com um diagnstico preliminar com esclarecimentos bsicos sobre as medidas corretivas a efetuar (Lima,2009).

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    22 Verso para discusso

    A apresentao de um Pr-Diagnstico (Figura 2.10) feita mediante os seguintes campos: - Designao da anomalia;

    - Causas possveis;

    - Medidas corretivas;

    - Tcnicas de diagnstico sugeridas para alcanar um diagnstico mais conclusivo;

    - Prognstico;

    - Preveno possvel.

    Figura 2.10 Exemplo de um Pr-Diagnstico de anomalia (Lima,2009).

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    23

    2.2.11. PATORREB (2004) O Grupo de Estudos da Patologia da Construo PATORREB , coordenado pelo Laboratrio de Fsica das Construes (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), cujo responsvel Vasco Freitas, disponibilizou on-line uma srie de Fichas do Catlogo de Patologias, com base na tese de mestrado de Marlia Sousa em 2004.

    Estas fichas surgem agrupadas mediante o elemento construtivo em que se manifestou a anomalia, e cabe ao utilizador selecionar esse elemento construtivo para ter uma lista de fichas existentes relativas ao elemento em questo. De notar que a cada Ficha de Patologia, corresponde uma determinada anomalia que foi estudada (Abrantes,Silva,2012). O principal objetivo deste Grupo de Estudos, e consequentemente do site, o de identificao e difuso das patologias mais frequentes verificadas em edifcios, bem como a divulgao de solues e medidas corretivas a adotar (Sousa,2004). As Fichas de Patologia expostas no site apresentam-se nos seguintes campos:

    - Identificao da Patologia: possui a informao geral sobre a respetiva ficha, em cabealho.

    - Descrio da Patologia: apresentao, de forma sinttica, da patologia em anlise, sendo indicados os principais sinais observados e caracterizando-se sumariamente o elemento em que se manifestou o problema.

    - Sondagens e Medidas: indicao das aes necessrias para um exame detalhado da patologia, tais como a realizao de sondagens e de medidas em laboratrio ou in situ.

    - Causas da Patologia: descrio do fenmeno que esteve na origem da patologia, tendo como base o estudo de diagnstico elaborado.

    - Solues Possveis de Reparao: descrio sinttica das possveis solues de reparao, propostas com base no estudo diagnstico realizado e na definio das causas do problema.

    De notar que as solues-tipo de reparao apresentadas nas fichas podem ser diversas, e portanto as recomendaes sugeridas no devem ser generalizadas, mesmo que se tratem de problemas anlogos.

    Estas fichas apresentam-se num documento nico, juntamente com figuras e/ou esquemas-tipo, numa linguagem clara, o que permite ao utilizador uma leitura simples e fcil.

    Apresenta-se de seguida, a ttulo de exemplo, uma Ficha de Patologia.

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    24 Verso para discusso

    Figura 2.11 Exemplo de uma Ficha de Patologia (PATORREB) (http://www.patorreb.com/pt/default.asp?op=201&ficha=001 30/10/12).

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    25

    2.2.12. SISTEMA DE APOIO INSPEO E DIAGNSTICO DE ANOMALIAS IST (2005) O Instituto Superior Tcnico (IST) tem vindo a investir no estudo de um Sistema de Apoio Inspeo e Diagnstico de Anomalias em edifcios, que assenta em trs pilares essenciais (Silvestre,2005):

    - uma base de dados informatizada que rene a informao necessria;

    - um sistema que faculte a normalizao das atividades e relatrios relacionados com as aes de inspeo Mdulo de Apoio Inspeo (MAI); - um sistema de deliberao sobre a ao a realizar aps a obteno do diagnstico Mdulo de Apoio Deciso (MAD).

    Inicialmente, estes sistemas tm a finalidade de reunir todas as anomalias passveis de ocorrer em cada elemento construtivo, bem como as causas subjacentes. So ainda includos mtodos de diagnstico, com o propsito da caraterizao das anomalias e da identificao da causa. Para complementar esta metodologia, so includas as tcnicas de reparao cuja finalidade a correo das anomalias e a eliminao das respetivas causas (Silvestre,2005). O mtodo tem por base a formao de matrizes de correlao:

    - entre anomalias e causas possveis;

    - entre anomalias;

    - entre anomalias e mtodos de diagnstico;

    - entre anomalias e tcnicas de reparao.

    As matrizes, cujo objetivo o de traduzir o grau de relao entre entidades (auxiliando desta forma o trabalho desenvolvido pelo inspetor, sobretudo na fase de diagnstico), possibilitam a determinao dos ndices de simultaneidade entre as anomalias, averiguando qual a contribuio de cada causa provvel enunciada e certificando quais as tcnicas de reparao mais adequadas a desenvolver (Silvestre,2005). Aps a anlise do sistema, possvel sintetizar toda a informao numa Ficha de Anomalia (Figura 2.12), que se apresenta nos seguintes campos:

    - Descrio;

    - Causas provveis;

    - Consequncias possveis;

    - Aspetos a inspecionar;

    - Ensaios a realizar;

    - Parmetros de classificao;

    - Nvel de gravidade/urgncia de reparao;

    - Solues de reparao.

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    26 Verso para discusso

    Figura 2.12 Exemplo de uma Ficha de Anomalia do IST (Silvestre,2005).

    2.2.13. MTODO SIMPLIFICADO DE DIAGNSTICO DE ANOMALIAS SDA (2005) O mtodo, sugerido por Vtor Abrantes, pressupe uma metodologia especfica e simples, onde a definio da anomalia passa pela seleo progressiva de opes existentes, reunidas em grupos, que se apresentam posicionados do geral para o particular, convergindo desta forma para a obteno do diagnstico (Abrantes,Silva,2012). A informao obtida pelo levantamento das anomalias existentes num edifcio encontra-se reunida de forma simples numa Matriz de Fichas de Reabilitao, que est organizada mediante a zona do edifcio que pode ser exterior, zona comum e interior onde se manifesta a anomalia, e mediante os seguintes grupos (Abrantes,Silva,2012):

    - Elemento reconhecimento do elemento onde se localiza a anomalia;

    - Componente pormenorizao/especificao dos componentes que constituem o elemento em estudo;

    - Anomalia rene o conjunto de anomalias correntemente associadas ao componente em anlise;

    - Causa/Manifestao rene todas as origens possveis da anomalia e/ou respetivas formas de se revelar.

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    27

    A ttulo de exemplo, a Figura 2.13, mostra a referida matriz apenas para o elemento Instalao de guas e Esgotos.

    Figura 2.13 Matriz de Fichas de Reabilitao para o elemento Instalao de guas e Esgotos (Abrantes,Silva,2012).

    O mtodo possui uma base de dados que rene um conjunto de Fichas de Reabilitao em conexo com cada anomalia apresentada. Cada Ficha de Reabilitao rene toda a informao necessria sobre determinada anomalia (Abrantes,Silva,2012). A Ficha de Reabilitao, tal como se pode observar na Figura 2.14, tem um cabealho onde se indicam todos os parmetros mencionados anteriormente, apresentando-se nos seguintes campos (Abrantes,Silva,2012):

    - Descrio sumria da anomalia resumo elucidativo da aparncia e localizao frequente da mesma;

    - Causas possveis sntese dos possveis fatores que originaram a anomalia;

    - Consequncias apresentam-se os efeitos que a anomalia pode causar;

    - Estratgias de reabilitao sugestes de tcnicas eficazes para a correo da anomalia e formas para atenuar a mesma.

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    28 Verso para discusso

    Figura 2.14 Ficha de Reabilitao SDA (Abrantes,Silva,2012).

    2.2.14. MTODO DE AVALIAO DO ESTADO DE CONSERVAO DE IMVEIS MAEC (2006) No enquadramento legal do Regime de Arrendamento Urbano, e no sentido de determinar o coeficiente de conservao de imveis, foi desenvolvido no LNEC o Mtodo de Avaliao do Estado de Conservao de Imveis (MAEC). O mtodo foi publicado pela Portaria n. 1192-B/2006 de 3 de Novembro (Pedro et al.,2009). O Coeficiente de Conservao reflete o Estado de Conservao do locado.

    A avaliao do estado de conservao de um locado tem por base o preenchimento de uma Ficha de Avaliao (Figura 2.15), que se encontra organizada nos seguintes campos:

    - Identificao (geral do locado); - Caraterizao (morfolgica do locado); - Anomalias de elementos funcionais onde registado o nvel de anomalia que afeta um dos

    37 elementos funcionais em que foi subdividida a avaliao do edifcio e do locado. Os elementos funcionais esto divididos em trs grupos, nomeadamente, edifcio (no seu conjunto), outras partes comuns (a preencher apenas em edifcios com mais do que um locado), e unidade;

    - Determinao do ndice de anomalias calculado atravs do quociente entre o total das pontuaes e o total das ponderaes dos elementos funcionais aplicveis;

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    29

    - Descrio de sintomas que motivam a atribuio de nveis de anomalias graves e/ou muito graves descrevem-se as razes que justificam o atribuio desses nveis de anomalia aos elementos funcionais, atravs de fotografias que datem a vistoria efetuada pelo tcnico;

    - Avaliao indicao do estado de conservao do locado, com base no ndice de anomalias calculado anteriormente;

    - Observaes registo das informaes decorrentes da vistoria;

    - Identificao do tcnico;

    - Coeficiente de Conservao esta seco, a ser preenchida pela Comisso Arbitral Municipal (CAM), deve indicar o valor do referido coeficiente e a data em que o mesmo foi determinado.

    Figura 2.15 Ficha de Avaliao do MAEC (Pedro et al.,2009).

    Apesar de as instrues de aplicao inclurem critrios gerais de avaliao e exemplos de sintomas de anomalias frequentes, no existe informao acerca de como interpretar os sinais de anomalia e identificar as causas provveis, bem como proceder sua correo (Pedro et al.,2009).

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    30 Verso para discusso

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    3 REDES PREDIAIS

    EVOLUO E CARATERIZAO

    3.1. GENERALIDADES A gua desempenha um papel de extrema importncia na vida humana e no equilbrio do ecossistema.

    Ao longo dos tempos, as necessidades fsicas e os hbitos de higiene, contriburam para que o abastecimento de gua nos edifcios se tornasse indispensvel. Assim, ao longo dos tempos, o homem encontrou e aperfeioou solues engenhosas para levar gua at aos locais de consumo e aos respetivos consumidores.

    Atualmente, a gua um recurso cada vez mais escasso, porque ameaado, devido ao crescimento acelerado da populao mundial e do parque industrial, que contribuiu para um consumo excessivo deste recurso. Por essa razo que tem vindo a ser demonstrada uma preocupao crescente e generalizada em relao ao consumo e utilizao da gua, no sentido de se alcanar um consumo sustentvel.

    Tal como os sistemas de abastecimento, os sistemas de drenagem de guas residuais so atualmente imprescindveis em qualquer edifcio, nomeadamente por questes de salubridade e de sade pblica. Alis, a preocupao com o saneamento bsico, ao longo da histria, esteve quase sempre relacionada com a transmisso de doenas. Assim, o sistema de esgotos existe para afastar a possibilidade de contato de dejetos humanos com a populao e com as guas de abastecimento. Desde j, interessa referir que o presente captulo ter por base o Decreto Regulamentar n 23/95 de 23 de Agosto Regulamento Geral dos Sistemas Pblicos e Prediais de Distribuio de gua e de Drenagem de guas Residuais (RGSPPDADAR) , cujo principal objetivo visa assegurar o bom funcionamento dos referidos sistemas (pblicos e prediais), preservando a segurana, a sade pblica e o conforto dos utentes. Refira-se que este Regulamento Geral se encontra atualmente em processo de reviso.

    O RGSPPDADAR prev a existncia de entidades gestoras responsveis pela conceo, construo e explorao dos sistemas pblicos. Essa responsabilidade cabe ao Estado, aos municpios e s associaes de municpios, podendo ser atribuda a outras entidades, como as entidades empresariais locais ou a entidades em regime de concesso. Assim sendo, cabe a cada municpio prever regulamentos que se apoiem no Regulamento Geral, com as variantes, que melhor se adequem atividade gestora e s caratersticas prprias de cada sistema, mas no respeito que resulta do enquadramento daquele Regulamento Geral.

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    32 Verso para discusso

    No presente captulo, sero caraterizados os sistemas hidrulicos prediais de abastecimento e de drenagem de guas residuais. Dessa caracterizao fazem parte os seus objetivos e constituio, a instalao e o traado, bem como o funcionamento de cada uma das redes. Sero ainda descritos os principais tipos de materiais que as constituem.

    Contudo, antes, ir fazer-se uma breve descrio da sua evoluo histrica.

    3.2. EVOLUO HISTRICA DOS SISTEMAS HIDRULICOS PREDIAIS O abastecimento de gua e a drenagem de guas residuais esto intrinsecamente ligados ao desenvolvimento da civilizao urbana.

    Os primeiros sistemas comunitrios ou pblicos tiveram origem na antiga civilizao egpcia. A primeira barragem de que se conhece existncia a de Saad-el-Kafara no Egipto (3000 a.C.), com 107m de comprimento (Afonso,2001). Civilizaes posteriores, como o caso da civilizao grega ou a romana realizaram tambm obras da mesma proporo. No auge da civilizao grega, Atenas possua 20 aquedutos, construdos em barro e chumbo, sendo que j havia legislao em vigor sobre o uso da gua (Afonso,2001). Ora, os romanos desenvolveram e aperfeioaram tcnicas de outros povos, tendo dado especial importncia a questes de ordem de sade pblica e saneamento bsico, e por isso mesmo foram os grandes impulsionadores no que refere evoluo dos sistemas de abastecimento de gua e de esgotos.

    Em Roma, no sc. II, a aduo de gua teria o valor de