diretrizes do ensino integral

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Educação Integral

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  • 1

    Diretrizes do Programa

    Ensino Integral

  • 2

    GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO

    Governador

    Geraldo Alckmin

    Vice Governador

    Guilherme Afif Domingos

    Secretrio da Educao

    Herman Jacobus Cornelis Voorwald

    Secretrio-Adjunto

    Cleide Bauab Eid Bochichio

    Chefe de Gabinete

    Fernando Padula Novaes

    Coordenadora de Gesto da Educao Bsica

    Maria Elizabete da Costa

    Programa Ensino Integral

    Valria de Souza

  • 3

    ndice

    APRESENTAO .................................................................................................................. 6

    I. Contexto histrico-social da implantao do Ensino Integral...............................................8

    II. Programa de Ensino Integral na Secretaria de Educao do Estado de So Paulo..............10

    1. Introduo....................................................................................................................10

    2. A concepo do Programa.............................................................................................11

    III. O Modelo Pedaggico do Ensino Integral.........................................................................13

    1. Concepo do Modelo Pedaggico...............................................................................13

    1.1 Protagonismo juvenil................................................................................................15

    1.1.1 Lderes de turma.......................................................................................16

    1.1.2 Clubes juvenis...........................................................................................17

    1.2 Projeto de Vida.........................................................................................................18

    1. 3 Acolhimento............................................................................................................21

    1.4 Avaliao e o Processo de Nivelamento das expectativas de aprendizagem....... 22

    1.4.1 A avaliao da aprendizagem: os princpios e finalidades articulados com

    as prticas..........................................................................................................22

    1.4.2 Avaliao em Processo no Programa Ensino Integral e o Processo

    de Nivelamento.................................................................................................25

    1.5 Disciplinas eletivas....................................................................................................28

    1.6 Orientao de Estudo...............................................................................................30

    1.7 Atividades experimentais e laboratrios..................................................................32

  • 4

    IV. O Modelo de Gesto do Ensino Integral..........................................................................34

    1. Conceitos do Modelo de Ensino Integral.................................................................................34

    2. Instrumentos de gesto...........................................................................................................38

    3. Plano de Ao..........................................................................................................................39

    4. Papis e responsabilidades no Programa de Ensino Integral..................................................46

    5. Programas de Ao..................................................................................................................47

    5.1 Componentes dos Programas de Ao.....................................................................48

    5.2. Execuo, Acompanhamento e Avaliao dos Programas de Ao........................51

    5.3. Relatrio Consolidado dos Programas de Ao.......................................................52

    V. Referncias Bibliogrficas.............................................................................................54

  • 5

    APRESENTAO

    Na direo do aperfeioamento da poltica educacional implantada em So

    Paulo, a Secretaria da Educao estruturou, desde 2011, suas aes e prioridades no

    Programa Educao Compromisso de So Paulo, institudo pelo Decreto n 57.571, de

    2 de dezembro de 2011. Um dos pilares desse Programa foi lanar as bases de um

    novo modelo de escola e de um regime mais atrativo na carreira do magistrio. Com

    o intuito de difundir, na rede de ensino do Estado de So Paulo, modelos de gesto

    escolar voltados para melhoria dos resultados educacionais foram vrias e

    significativas as iniciativas ao longo dos ltimos anos. So exemplos dessas

    experincias: o Progesto; o Prmio Gesto; os Planos de Gesto e Ao quadrienais

    elaborados pelas Diretorias de Ensino e pelas Escolas e ainda, os trabalhos dos Grupos

    de Referncia e o Plano de Ao Participativo das Escolas. Iniciativas estas que

    contriburam para a construo de um processo democrtico, descentralizado e

    sistemtico da gesto pedaggica as escolas da rede pblica.

    Como pode ser constatado nos relatrios desta Secretaria, a melhoria da

    qualidade do ensino e do desempenho dos alunos tem sido o foco central dessas aes

    e programas e so iniciativas que procuram disseminar uma nova cultura de gesto,

    participativa e orientada ao alcance de melhoria na qualidade da aprendizagem dos

    alunos.

    Nesta perspectiva foi implantado o Programa de Ensino Integral, institudo pela

    Lei Complementar n 1.164, de 4 de janeiro de 2012, alterada pela Lei Complementar

    n 1.191, de 28 de dezembro de 2012. Esse Programa foi iniciado em 2012, em 16

    escolas de Ensino Mdio. Teve sua primeira expanso em 2013, quando passa a

    atender tambm o Ensino Fundamental Anos Finais e um nmero maior de escolas -

    22 escolas de Ensino Fundamental Anos Finais, 29 escolas de Ensino Mdio e 2 escolas

    hbridas totalizando 69 escolas. Em 2014, o Programa passa pela segunda expanso

    quantitativa: 39 escolas de Ensino Fundamental Anos Finais, 26 escolas de Ensino

    Mdio e 48 escolas Fundamental e Mdio totalizando 182 unidades. Est em curso a

  • 6

    expanso desse programa, de tal modo que at 2018 esto previstas 1000 escolas

    com o Programa Ensino Integral.

    O Programa Ensino Integral oferece uma alternativa para adolescentes e jovens

    ingressarem numa escola que, ao lado da formao necessria ao pleno

    desenvolvimento de suas potencialidades, amplia as perspectivas de autorrealizao e

    exerccio de uma cidadania autnoma, solidria e competente. E ainda oferece

    tambm aos docentes e equipes tcnicas condies diferenciadas de trabalho para, em

    regime de dedicao plena e integral, consolidar as diretrizes educacionais do

    Programa e sedimentar as possibilidades previstas para sua expanso.

    Este documento apresenta, para os educadores que atuam nessa escola, o os

    fundamentos pedaggicos e de gesto do Programa Ensino Integral de So Paulo que

    devero fundamentar e orientar o desenvolvimento do Plano de Ao da escola e dos

    respectivos Programas de Ao dos educadores. Na Parte I, o documento h uma

    breve contextualizao histrico-social da implantao do ensino integral na

    Secretaria, bem como, as perspectivas para sua expanso. Na Parte II, o documento

    apresenta a concepo do Programa, no mbito do Programa Educao Compromisso

    de So Paulo e suas as prioridades educacionais. Na Parte III, so apresentadas as

    bases conceituais do modelo pedaggico, seus princpios e seus componentes. Na

    Parte IV, o documento apresenta os princpios, conceitos, premissas e instrumentos,

    subsdios para a gesto da escola de Ensino Integral.

  • I. Contexto histrico-social da implantao do Ensino Integral

    A contribuio da educao para o desenvolvimento humano alcanada

    mediante um pressuposto ter como meta a oferta de oportunidades de domnio dos

    recursos que permitam a todas as pessoas usufrurem de uma sociedade educativa, tal

    como preconizada no Relatrio para a UNESCO, da Comisso Internacional sobre

    Educao para o sculo XXI. Por outro lado, a educao brasileira est sendo

    beneficiada pelos avanos firmados, nas ltimas dcadas, desde o compromisso

    assumido na Carta Constitucional de 1988, na Conferncia de Educao para Todos,

    realizada em Jomtien, na Tailndia, em 1990, convocada pela Organizao das Naes

    Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO) e na aprovao da Lei de

    Diretrizes e Bases da Educao Nacional, em 1996.

    Esses compromissos, inovaes e projetos se traduziram ao longo dos ltimos

    anos na definio da poltica educacional da Secretaria de Estado da Educao

    ratificando sua misso de promover o acesso, a permanncia e as melhores condies

    para uma aprendizagem bem sucedida dos alunos da rede pblica estadual.

    O contexto da sociedade contempornea exige, cada vez mais, a

    ampliao de oportunidades educacionais compartilhadas por todos em um mesmo

    espao e possibilitar trocar experincias, confrontar conceitos e discutir temas

    comuns. Essas exigncias mobilizam educadores e pesquisadores da educao a

    desenvolveram estudos sobre a importncia de ampliao desse tempo dedicado ao

    processo de ensino e aprendizagem. Ampliar o tempo de permanncia na escola

    equivale a criar as condies de tempo e de espaos para materializar o conceito de

    formao integral, desenvolvendo as potencialidades humanas em seus diferentes

    aspectos: cognitivos, afetivos e socioculturais. Essa ampliao possibilita a efetivao

    de novas atitudes, tanto no que se referem s habilidades no cognitivas como a

    convivncia social, privilegiando os quatro pilares da Educao adotados pela UNESCO:

    o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser,

    quanto formao acadmica de excelncia.

  • 8

    Com base nesses estudos e arcabouo terico, este Programa representa mais

    uma oportunidade dentre outras que a Secretaria da Educao apresente para

    oferecer uma educao universal de qualidade, que considera o acesso a todos os

    alunos aos recursos culturais, s mais diversificadas metodologias dos processos de

    ensino e de aprendizagem e, tambm utilizao das novas tecnologias.

    Nos ltimos anos, a oferta de educao em So Paulo passou da universalizao

    desse acesso educao pela implantao de programas que visam garantir a

    permanncia dos alunos at o fim da Educao Bsica numa escola de qualidade, em

    que se tornem sujeitos do processo educativo, possam encontrar espao efetivo para o

    desenvolvimento pessoal e coletivo.

    Nessa direo se definem as diretrizes do Programa Ensino Integral na medida

    em que pem em relevo, para alm de contedos acadmicos, contedos e

    habilidades no cognitivas, a possibilidade de vivncias direcionadas qualidade de

    vida, ao exerccio da convivncia solidria, leitura e interpretao do mundo em sua

    constante transformao e o desenvolvimento do protagonismo juvenil.

    Essas diretrizes recuperam o papel da escola, como instituio democrtica,

    inclusiva, com a responsabilidade de promover a permanncia e o sucesso de toda sua

    populao estudantil, enquanto propem novas aes que contribuem para a incluso

    social de adolescentes e jovens que possibilitam sua formao como cidados.

    Com essa perspectiva, a partir do que preconiza a LDB, nos artigos 34 e 87, a

    Secretaria iniciou em 2006 o Projeto Escola de Tempo Integral com o objetivo de

    assegurar o desenvolvimento de novas competncias, habilidades e atitudes

    pertinentes sociedade. A Escola de Tempo Integral (ETI) um passo significativo na

    consolidao dos princpios que sustentam sua poltica educacional, em direo

    educao integral dos educandos.

    E a partir de 2012 teve incio o Programa Ensino Integral reafirmando as

    habilidades e competncias que na sociedade contempornea devam ser asseguradas ,

    tanto na perspectiva quantitativa a da educao para todos, quanto na perspectiva

  • 9

    qualitativa a do desenvolvimento de todas as dimenses na formao integral do

    educando.

    II. O Programa de Ensino Integral na Secretaria de Educao do

    Estado de So Paulo

    1. Introduo

    Nas ltimas duas dcadas ocorreram avanos considerveis no acesso

    educao em todos os nveis de ensino no Brasil. O acesso educao bsica est

    praticamente universalizado, embora o mesmo ainda no ocorra em relao

    permanncia e concluso do ensino mdio.

    Todavia, com a expanso das matrculas no ensino fundamental e a melhoria

    do fluxo, o nmero de alunos que ingressam no ensino mdio passou a crescer de

    forma acelerada. Entre 1991 e 2012 a matrcula no Ensino Mdio no pas mais que

    dobrou, passando de 3,8 milhes para 8,4 milhes. No caso especifico do Estado de

    So Paulo, esse movimento ocorreu de forma ainda mais expressiva: atualmente, a

    taxa lquida de frequncia escola de 67,1%, a maior entre as Unidades da

    Federao e 15,5 pontos percentuais acima da mdia nacional.

    Segundo informaes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (Pnad)

    de 2011, 16,3% dos jovens brasileiros de 15 a 17 anos esto fora da escola. Na faixa

    dos 18 aos 24 anos, esse nmero salta para seis a cada dez (62,2%) dos jovens, e no

    grupo etrio de 15 a 17 anos, s 51% cursam o Ensino Mdio.

    2. A Concepo do Programa

    Considerando-se que o cenrio da sociedade contempornea aponta a

    necessidade premente de repensar o atual modelo de escola e redesenhar o papel que

    essa instituio deve ter para a vida e para o desenvolvimento do jovem do sculo XXI;

    e ainda, que isso implica ajustes e mudanas tanto na abordagem pedaggica quanto

  • 10

    na organizao dos contedos, na ampliao da permanncia dos alunos na escola e

    na dedicao do professor uma unidade escolar. Nesse sentido, algumas experincias

    foram desenvolvidas no Brasil, entre elas a de Pernambuco. A escola de ensino mdio

    em tempo integral de Pernambuco foi concebida pelo Instituto de Co-

    Responsabilidade pela Educao- ICE e implantada no Ginsio Pernambucano em

    2004, sendo posteriormente expandida para outras unidades no estado e para outros

    estados da federao.

    Em So Paulo, o modelo das escolas de Pernambuco sofreu ajustes,

    principalmente no que tange aos critrios de incluso das escolas, composio da

    equipe escolar e avaliao de desempenho da equipe escolar, formao,

    acompanhamento, gesto e finalmente na avaliao diagnstica dos alunos tendo

    como referncia o contido no Currculo do Estado de So Paulo. Ao Programa Ensino

    Integral foram incorporadas as condies de sucesso da experincia de Pernambuco e

    Rio de Janeiro com o Ginsio Carioca.

    O tempo de dedicao dos educadores que atuam no Programa Ensino Integral

    segue como importante fator na medida em que, com melhores condies de trabalho

    ampliam-se as possibilidades da presena educativa dos profissionais e como

    consequncia o desenvolvimento do conhecimento e habilidades dos alunos. Em

    decorrncia desse maior tempo de dedicao ao ensino, a equipe escolar organiza as

    metodologias do Ensino Integral na direo de se oferecerem as melhores condies

    para o cumprimento do currculo, enriquecendo e diversificando a oferta das

    diferentes abordagens pedaggicas. Esse tempo aplicado tambm para o

    aprimoramento da formao dos profissionais, para o desenvolvimento de

    metodologias e estratgias de ensino e de abordagens de avaliao e recuperao da

    aprendizagem dos alunos.

    Portanto, diante da necessidade de consolidar uma educao bsica de

    qualidade necessrio enfrentar esses desafios, entre eles a ampliao da jornada

    escolar dos alunos que tm sido um objetivo perseguido por educadores e diversos

    sistemas de educao no mundo.

  • 11

    Com esse objetivo, o Programa de Ensino Integral propicia aos seus alunos,

    alm das aulas do currculo regular obrigatrio, oportunidades para aprender e

    desenvolver prticas que iro apoi-los para a busca da excelncia acadmica, para a

    solidariedade e ser cada vez mais autnomo no planejamento e execuo do seu

    Projeto de Vida.

    Os educadores, alm das atividades tradicionais do magistrio, tm tambm

    como responsabilidade a orientao aos alunos em seu desenvolvimento pessoal,

    acadmico e profissional e com a dedicao integral unidade escolar, dentro e fora

    da sala de aula, espera-se dos educadores iniciativas que operacionalizam seu apoio

    social, material e simblico elaborao e realizao do projeto pessoal e profissional

    do aluno, aes que o ajudem a superar suas dificuldades e atividades que o

    energizem para buscar o caminho de seus ideais e que ele gradualmente define no seu

    Projeto de Vida.

    O Programa Ensino Integral tem como aspectos: 1) jornada integral de

    alunos, com currculo integralizado, matriz flexvel e diversificada; 2) escola alinhada

    com a realidade do jovem, preparando os alunos para realizar seu Projeto de Vida e ser

    protagonista de sua formao; 3) infraestrutura com salas temticas, sala de leitura,

    laboratrios de cincias e de informtica e; 4) professores e demais educadores em

    Regime de Dedicao Plena e Integral unidade escolar. O regime de dedicao

    integral prev ainda uma avaliao de desempenho visando subsidiar os processos de

    formao continuada dos profissionais e define sua permanncia no Programa.

    III. O modelo pedaggico do ensino integral

    1. Concepo do modelo pedaggico do Programa Ensino integral em So Paulo

    Na construo do modelo pedaggico do Programa Ensino Integral, quatro

    princpios educativos fundamentais foram eleitos para orientar a constituio das suas

  • 12

    metodologias tendo como referncia a busca pela formao de um jovem autnomo,

    solidrio e competente. So estes os quatro princpios: - A Educao Interdimensional,

    A Pedagogia da Presena, Os 4 Pilares da Educao para o Sculo XXI e o Protagonismo

    Juvenil.

    Na operacionalizao desse modelo pedaggico a escola ter: currculo

    integralizado e diversificado, com matriz curricular flexvel e as aulas e atividades

    complementares se desenvolvero com a participao e a presena contnua dos

    estudantes, professores e equipe gestora em todos os espaos e tempos da escola.

    O modelo pedaggico do Ensino Integral consolida inovaes em contedo,

    mtodo e gesto operados por meio do modelo pedaggico e de gesto com suas

    diferentes metodologias conforme detalhamento seguir. As bases para a formulao

    desse modelo encontram-se fundamentalmente ancoradas na viso de ser humano e

    de sociedade que emana Artigo 2 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96) e do

    Artigo 3 da Constituio Federal Brasileira.

    Um grande diferencial desse modelo a oferta das condies para elaborao

    do Projeto de Vida pelos alunos. Trata-se de dar fora e luz premissa do

    Protagonismo Juvenil como um dos princpios educativos que sustenta o modelo e que

    se materializa nas prticas e vivncias propostas pela escola e pelos prprios alunos.

    As aes propostas tm como objetivo principal desenvolver jovens

    autnomos, solidrios e competentes, com oferta de espaos de vivncias durante o

    perodo escolar para que os prprios alunos possam buscar a realizao das suas

    potencialidades pessoais e sociais como se desenham ano a ano nos seus respectivos

    Projetos de Vida.

    Desse modo, diante das oportunidades que surgem no seu cotidiano escolar, os

    jovens sero orientados compreender as exigncias da sociedade contempornea,

    com a aquisio de conhecimentos, competncias e habilidades especficas na

    terminalidade da educao bsica e sistematizadas com a oferta das condies para o

  • 13

    desenho, construo e redirecionamento dos projetos de vida, viabilizados

    gradualmente pela busca da excelncia acadmica, da formao para valores e da

    formao para o mundo do trabalho.

    Para formar esse adolescente e esse jovem importante conceber uma escola

    onde em todos os espaos educativos o aluno seja tratado como sendo fonte de

    iniciativa, liberdade e compromisso. Esse tratamento exige da escola a busca contnua

    de inovaes em contedo e na gesto que se materializam nas prticas educativas,

    na diversificao de metodologias pedaggicas e na introduo de processos de gesto

    e de planejamento, acompanhamento e avaliao das atividades meio e fim da escola,

    respectivamente.

    O Projeto de Vida simultaneamente o foco para onde devem convergir todas

    as aes da escola e a metodologia que apoiar o estudante na sua construo. O

    Protagonismo Juvenil por sua vez um dos princpios educativos que sustentam o a

    construo do Projeto de Vida. As Disciplinas Eletivas representam uma estratgia para

    ampliao do universo cultural do estudante. As atividades que iniciam o ano escolar

    dos alunos e que se denominam Acolhimento renem estratgias para sensibilizao

    do estudante em torno dessa nova escola, da perspectiva dela atender o novo projeto

    escolar de educao integral, bem como, o ponto de partida para materializao de

    seu sonho. As demais metodologias tais como a avaliao, o nivelamento, a

    orientao de estudos e as atividades experimentais em matemtica e cincias so

    estratgias metodolgicas para a realizao da excelncia acadmica.

    1.1. Protagonismo juvenil

    O Ensino Integral tem como principal objetivo a formao de jovens

    autnomos, competentes e solidrios. Tendo em vista a manifesta complexidade desse

    objetivo, o modelo do Ensino Integral dispe de diversos mecanismos para auxiliar na

    sua consecuo, com destaque para o Protagonismo Juvenil. Protagonismo Juvenil

  • 14

    um processo no qual o jovem simultaneamente sujeito e objeto das aes no

    desenvolvimento de suas prprias potencialidades de acordo com Silveira (2012).

    O aluno o ator principal na conduo de aes nas quais ele sujeito e

    simultaneamente objeto das suas vrias aprendizagens. No desenvolvimento dessas

    aes de Protagonismo Juvenil o jovem vai se tornando autnomo medida que

    capaz de avaliar e decidir com base nas suas crenas, valores e interesses; vai se

    tornando solidrio, diante da possibilidade de envolver-se como parte da soluo e

    no do problema em si; e competente para compreender gradualmente as exigncias

    do novo mundo do trabalho e preparado para a aquisio de habilidades especficas

    requeridas para o desenvolvimento do seu Projeto de Vida.

    Para formar o jovem idealizado (autnomo, solidrio e competente) a prtica

    pedaggica dos educadores deve ser modificada de modo que o jovem seja tratado

    como fonte de iniciativa, porque desenvolve capacidade de agir, no sendo passivo no

    processo pedaggico; como fonte de liberdade, porque a ele devem ser oferecidos

    cursos e alternativas para aprender e avaliar e tomar decises e, fonte de

    compromisso, porque dever aprender a responder pelos seus atos, sendo

    consequente nas suas aes.

    Nesse perodo da vida, o jovem procura e experimenta oportunidades de

    criao de espaos, de participar e de ser ouvido dentro e fora da esfera escolar, e

    mais do que importante garantir que tenham acompanhamento e orientao pelos

    educadores. Para que isso ocorra, necessrio que o ambiente escolar seja

    cuidadosamente pensado, de modo permitir ao educando conquistar a autoconfiana,

    autodeterminao, autoestima, autonomia, capacidade de planejamento, altrusmo,

    perseverana, elementos imprescindveis no desenvolvimento de suas habilidades e

    competncias na conquista de sua identidade pessoal e social.

    As prticas e vivncias em Protagonismo Juvenil proporcionam ao jovem agir

    com postura prpria a algum que sabe o que quer e se empenha para realizar seus

    objetivos de modo consequente. E, esse empenho consequente conduz os alunos a

  • 15

    patamares superiores em termos de autonomia, conferindo-lhes melhores condies

    para lidar com as diversas alternativas no enfrentamento e resoluo de problemas

    que os desafiam.

    Dentre as prticas e vivncias de Protagonismo Juvenil merecem relevo os

    clubes juvenis e os lderes de turma, que sero tratados a seguir.

    1.1.1 Lderes de turma

    As prticas e vivncias em Protagonismo Juvenil consistem em oportunidades

    para o aprendizado de habilidades fundamentais de gesto, cogesto e heterogesto

    de si prprio, do conhecimento e do seu projeto de vida. Para que os alunos possam

    exerc-las de forma adequada, para organiz-la institucionalmente, h a indicao dos

    lderes de turma.

    Lder de Turma uma das prticas e vivncias do Protagonismo Juvenil. Nesta

    prtica, os jovens tm a possibilidade de exercer a sua capacidade de liderana a

    servio do desenvolvimento de sua turma, servindo de exemplo e referncia para os

    seus colegas, inspirando-os e contribuindo para a mudana de suas posturas,

    apoiando-os no envolvimento das solues que dizem respeito a tudo aquilo pelo qual

    ele desenvolve, uma atitude de no indiferena seja em relao escola, sua

    comunidade e s pessoas.

    A rotina escolar organizada de modo a comportar reunies peridicas desses

    lderes com a equipe gestora da escola, de modo a viabilizar sua participao sem

    comprometimento das demais atividades. Por meio da atuao dos lderes de turma,

    as escolas de Ensino Integral pretendem, por um lado, ampliar os espaos de

    manifestao do Protagonismo Juvenil e, por outro, aprimorar sua gesto escolar,

    garantindo a participao de seus alunos.

  • 16

    1.1.2 Clubes juvenis

    Os Clubes Juvenis, espaos destinados prtica do Protagonismo Juvenil,

    principalmente quanto autonomia e capacidade de organizao e gesto, so

    concebidos para se constiturem a partir dos interesses dos estudantes, havendo

    porm, a ressalva de que eles devam sempre atender a exigncias de relevncia para a

    formao escolar. Para que um Clube Juvenil possa ser formado preciso que os

    alunos interessados proponham uma forma de organizao para o clube e metas a

    serem atingidas.

    Os Clubes Juvenis so mais do que espaos de criao ou de lazer, pois

    objetivam que os jovens, norteados por planos de ao e prticas prprias de gesto,

    exercitem o convvio e as prticas de organizao. importante observar que os

    Clubes Juvenis podem existir concomitante ao Grmio Escolar que segundo a Lei n

    7.398 de 4 de novembro de 1985 assegura a sua existncia e os define como entidade

    autnoma representativa dos interesses dos estudantes com finalidades educacionais,

    culturais, cvicas, esportivas e sociais.

    A formao de Clubes Juvenis deve ser estimulada e apoiada pelos professores

    e pela equipe gestora. No entanto, o grau de interferncia dos adultos nas aes do

    Clube depende do nvel de maturidade dos alunos e do grau de complexidade que

    possa demandar. Em razo disso, tendo em vista que, nos anos finais do Ensino

    Fundamental os alunos em geral ainda no possuem maturidade suficiente para

    criarem por si ss os Clubes Juvenis, o Programa de Ensino Integral prev, para esse

    segmento de ensino, aulas especficas de Protagonismo Juvenil que tem por finalidade

    principal fornecer aos alunos apoio do professor para a criao e gesto de seus

    clubes.

    1.2. Projeto de Vida

    Uma das principais funes sociais da escola acolher os jovens que nela esto

    ingressando, dando a eles condies de no apenas preservar as realizaes do

    passado e do presente, mas principalmente, partindo do existente, aprimor-lo. H

  • 17

    uma relao necessria entre os sonhos e as realizaes humanas com a

    responsabilidade de se evitar, com as aes educativas, que jovens de toda uma

    gerao percam a capacidade de sonhar.

    H uma tendncia a se pensar a educao com foco muito acentuado nas

    exigncias do mercado de trabalho. compreensvel que as exigncias do cotidiano

    sejam priorizadas. Porm, isso leva a um enfraquecimento da noo de educao

    integral, em face de uma mentalidade utilitria. Nesse contexto, habilidades bsicas

    como a de leitura e raciocnio j no so vistas, por muitos, como atributos humanos

    essenciais, mas sim como exigncias que o mercado de trabalho coloca a alguns

    profissionais especficos.

    Um dos aspectos preocupantes da situao atual da educao est no nvel de

    expectativa que os jovens tm em relao a si mesmos. Muitos deles percebem que

    para ter chances de realizar seus sonhos precisam possuir aptides que dependem de

    uma formao adequada desde o incio da vida escolar.

    O Programa Ensino Integral foi proposto de modo a fazer frente a essa situao.

    O Projeto de Vida um meio de motivar os alunos a fazerem bom uso dessas

    oportunidades educativas. Aos educadores cabe a tarefa de apoiar o projeto de vida

    de seus alunos e garantir a qualidade de suas aes. No entanto, cabe tambm aos

    alunos a corresponsabilidade no seu desenvolvimento, j que so os interessados

    diretos. O Projeto de Vida o foco para o qual devem convergir todas as aes

    educativas do projeto escolar, sendo construdo a partir do provimento da excelncia

    acadmica, da formao para valores e da formao para o mundo do trabalho. O

    Modelo Pedaggico dessa escola constitudo para assegurar a construo do Projeto

    de Vida.

    Desse modo, sendo uma prioridade no Modelo Pedaggico, o Projeto de Vida

    um esforo concentrado para atingir um determinado fim. Esse esforo se desdobra

    em diversas atividades e pressupe a definio de objetivos, de um plano para

    alcan-los e de suas respectivas aes. Cada aluno deve materializar seu projeto de

    vida em um documento escrito a ser constantemente revisado, tendo um professor

  • 18

    responsvel que assume a tarefa de orient-lo, tanto na construo inicial quanto no

    seu constante aprimoramento.

    A aquisio das aprendizagens oferecidas pela escola ao jovem um elemento

    fundamental para a construo e desenvolvimento do Projeto de Vida.

    Parte-se, aqui, da constatao de que no basta que a escola oferea boas

    aulas, igualmente necessrio que haja interesse por parte dos jovens em participar

    ativamente do processo ensino e de sua aprendizagem. Esse interesse recebe um

    importante reforo quando o jovem possui um projeto, um objetivo, um desejo

    direcionado, bem como a conscincia de que a realizao de seus sonhos depende

    daquilo que ele puder aprimorar de si mesmo, com a escola. Assim, cabe escola

    oferecer recursos para que os jovens consigam atingir seu objetivo final. O aluno, ao

    querer o fim (seu projeto de vida, a realizao dos seus sonhos), precisa querer os

    meios (as atividades escolares).

    Ao ingressar no Programa Ensino Integral o aluno passa por uma atividade

    denominada Acolhimento, onde so recepcionados por jovens que j passaram pela

    experincia pedaggica nessas escolas. Durante o Acolhimento, os alunos recebem as

    primeiras orientaes acerca dos fundamentos e princpios do Ensino Integral e, por

    meio de dinmicas de grupo so levados a refletir sobre o que esperam da vida, e ao

    final dessa atividade cada aluno ser capaz de escrever um primeiro rascunho de seu

    Projeto de Vida, isto , colocar no papel quais so seus sonhos, bem como o que

    precisam fazer para que eles se tornem realidade. Isso marca o incio de um processo

    colaborativo entre o aluno e a escola.

    Os educadores que atuam nas Escolas de Ensino Integral incentivam cada aluno

    a sonhar e a fazer o esforo necessrio para realizar seus sonhos. H uma plena cincia

    de que ao lado desse incentivo a escola deve oferecer apoio para que seus alunos

    tenham possibilidades reais de atingir seus anseios. Um dos apoios identificar o nvel

    de conhecimento e as habilidades de seus alunos. Para tanto, a Escola de Ensino

    Integral prev avaliaes diagnsticas, que visam aferir a existncia de lacunas na

    formao pregressa de cada aluno, de forma individualizada e localizada. To logo so

  • 19

    identificadas as habilidades e competncias que cada aluno deveria ter em relao ao

    esperado para o seu ano/srie, inicia-se um processo de recuperao denominado

    nivelamento. Nesse processo a escola ser capaz de apoiar seus alunos na realizao

    de seus sonhos, posto que iniciada elaborao do Projeto de Vida, rapidamente os

    alunos percebem a relao que as atividades escolares tm com os seus sonhos. O

    Projeto de Vida sela uma parceria entre cada aluno e a escola. O anseio de cada aluno

    passa a ser a meta tambm da escola e de cada membro da equipe escolar.

    No intuito de contemplar o mais amplo leque possvel de projetos de vida, o

    Programa do Ensino Integral, dentre outros recursos, prev aulas em espaos

    investigativos, bem como a oferta de disciplinas eletivas, que devem ser elaboradas

    contemplando os projetos de vida dos alunos.

    As orientaes sobre o Projeto de Vida tm por objetivo auxiliar os alunos em

    sua construo. Para tanto, o principal desafio a escolha adequada pelos alunos dos

    seus objetivos. Afinal, pouco adianta que um projeto seja bem executado e obtenha

    xito se o objetivo escolhido e alcanado no for algo realmente desejvel.

    Visando fazer com que os objetivos sejam corretamente definidos pelos alunos,

    uma parte considervel das orientaes para o Projeto de Vida dedicada

    construo de uma viso articulada deles prprios e do mundo, capaz de dar

    sustentao s suas escolhas existenciais e sociais. Alm de auxiliar os alunos na

    escolha de seu projeto de vida, as orientaes ainda se propem a fornecer noes

    suficientes de gerenciamento de projetos para que os mesmos possam organizar

    adequadamente os seus estudos.

    O Modelo Pedaggico do Ensino Integral prev na parte diversificada a

    existncia da atividade complementar Projeto de Vida, contemplada tanto no Ensino

    Fundamental- Anos Finais como no Ensino Mdio. A atividade de criao de um

    projeto de vida propriamente dito, englobando opes pessoais e profissionais

    determinantes do futuro do aluno em sua vida adulta esto concentradas no ensino

    mdio. No Ensino Fundamental Anos Finais a nfase est na constituio de uma

    base slida de conhecimentos e valores que permitam ao jovem a tomada de decises

  • 20

    que garantam a continuidade de seus estudos.

    Em ambos os nveis, observado o grau de profundidade adequado para a faixa

    etria, h a previso de atividades de autoconhecimento, aprendizado de tcnicas de

    gesto de projetos e elaborao de viso de mundo. As aulas de Projeto de Vida

    asseguram as condies para suas decises. No Ensino Mdio, dependendo da opo

    o aluno ter possibilidade de frequentar aulas de Preparao Acadmica, que so

    preparatrias para os exames seletivos de Instituies de Ensino Superior e, para

    atender aqueles que pretendem ingressar imediatamente no mundo do trabalho, h o

    oferecimento de aulas de Introduo ao Mundo do Trabalho.

    1.3 Acolhimento

    O Acolhimento a primeira etapa da construo do projeto de vida dos alunos

    que ingressam no Ensino Integral. Em razo disso, ele a primeira atividade

    pedaggica do ano letivo das escolas de Ensino Integral e um importante diferencial do

    Programa.

    O Acolhimento acontece nos primeiros dias de aula e durante esse perodo os

    alunos so recepcionados na escola, no por adultos, mas por um grupo de jovens que

    j passaram pelo Ensino Integral, e que vivenciaram os princpios educativos dos 4

    Pilares da Educao e os conceitos e metodologias do Protagonismo Juvenil e do

    Projeto de Vida. Durante o Acolhimento os jovens apresentam aos novos estudantes a

    equipe escolar, os ambientes da escola e os fundamentos do modelo. Este um

    importante diferencial posto que os conceitos principais do modelo escolar so

    explicados por jovens para jovens. Porm, a etapa principal do Acolhimento consiste

    de atividades e dinmicas de grupo que objetivam despertar nos novos estudantes os

    valores e as bases para a sua formao como cidado autnomo, competente e

    solidrio.

    As dinmicas devem levar os estudantes a iniciar a construo de seus Projetos

    de Vida por meio da reflexo sobre os seus objetivos e sonhos. O Projeto de Vida

    trabalhado e revisado durante todo o percurso escolar, inclusive com aulas especficas.

  • 21

    Todas as atividades do Acolhimento so coordenadas por jovens alunos ou ex-

    alunos do Ensino Integral. importante reiterar que sendo o acolhimento uma

    atividade de alunos, a equipe gestora, os professores e os funcionrios participam na

    ltima parte dessa atividade, quando todos so convidados a conhecer os produtos

    elaborados pelos estudantes durante os dias de atividades. Todos os materiais

    produzidos pelos alunos so guardados, sendo subsdio para o trabalho subsequente

    dos professores, principalmente o professor de Projeto de Vida.

    1.4 Avaliao e o Processo de Nivelamento das expectativas de aprendizagem

    1.4.1 A avaliao da aprendizagem: os princpios e finalidades articulados com as prticas1

    Entendemos que, refletir sobre a avaliao da aprendizagem na perspectiva do

    Programa da Escola de Ensino Integral pressupe no apenas repensar as concepes

    e princpios avaliativos, mas tambm, e principalmente, pensar a prpria escola, suas

    finalidades e sua funo social. Essa vinculao j foi explicitada por Philippe

    Perrenoud, quando esse educador alertava que mudar a avaliao significa

    provavelmente mudar a escola (PERRENOUD, 1993, p.173). A avaliao, como

    instrumento para melhorar o processo educacional e como elemento qualificador das

    aprendizagens, tem que ser uma das prioridades das polticas educacionais em todos

    os nveis de ensino e em especial, nos programas destinados a ampliar os tempos e

    espaos de permanncia do aluno na escola.

    Para que seja possvel garantir o dilogo sobre o tema da avaliao da

    aprendizagem, entre quem elabora esse registro reflexivo e quem o l importante

    1Texto produzido por Profa. Dra. Elianeth Dias K. Hernandes - Doutora em Educao, docente do Departamento de Adm. e Superviso Escolar - UNESP, Marlia.

  • 22

    pontuarmos alguns princpios e concepes que norteiam o nosso entendimento sobre

    o tema:

    Quem avalia tem decises a tomar no sentido de qualificar o que est

    sendo avaliado. Lembramos que este pressuposto caminha na direo oposta

    do que a avaliao escolar tradicionalmente realiza, quando o professor aplica

    um instrumento de verificao do aprendido e informa o resultado para que o

    aluno tome decises, quando confrontado com o resultado negativo alcanado.

    Na perspectiva da avaliao da aprendizagem assumida aqui, a finalidade do

    avaliador ao utilizar seus instrumentos de avaliao a de buscar referncias

    para qualificar o que se prope a fazer, seja ensinar ou aprender. Nessa

    direo, professores e alunos precisam ocupar a posio de avaliadores para

    tomarem as melhores decises no encaminhamento de seus propsitos

    especficos.

    Se existe certo consenso sobre o papel da escola como um espao

    institucional que tem a finalidade de garantir que os conhecimentos

    construdos pela humanidade sejam transmitidos para as novas geraes,o

    mesmo no ocorre com o papel da avaliao educacional. Responder ao

    questionamento colocado a seguir, pode nos ajudar nessa aproximao:

    Avaliamos para Ensinar ou Ensinamos para Avaliar? A resposta a essa

    indagao deve considerar a funo social da escola, que a de garantir que os

    alunos aprendam contedos de relevncia social, para que desenvolvam

    competncias que garantam o seu desenvolvimento pessoal, preparo para a

    vida cidad e para o mundo do trabalho. Nessa perspectiva a avaliao est a

    servio da formao do educando e no o inverso. Avaliamos porque

    pretendemos ensinar mais e melhor.

    A avaliao deve caminhar para alm da verificao da aprendizagem.

    Temos lido e ouvido com muita insistncia estudiosos do tema avaliao da

    aprendizagem a afirmao de que, a avaliao e verificao no tm o mesmo

  • 23

    sentido e nem o mesmo significado. No entanto, ainda vemos esses dois

    termos sendo utilizados como sinnimos nas prticas avaliativas. Segundo

    Ristoff (2000) se a avaliao parar no momento da verificao ela estar sendo

    usada como um espelho que mostra a realidade, mas no serve para iluminar

    os caminhos/decises a serem tomados. Na direo que nos aponta esse autor,

    a avaliao precisa atuar tambm como lmpada, no pode apenas refletir a

    realidade, mas ilumin-la, na busca de sentidos e significados orientadores das

    decises a serem tomadas.

    A avaliao expressa valores, concepes, crenas e o posicionamento

    poltico-ideolgico do avaliador. Nenhum processo avaliativo neutro.

    Avaliamos a partir de nossas concepes e posicionamentos. A avaliao da

    aprendizagem , com este enfoque, um ato essencialmente poltico. Alm de

    tcnico, claro. Por exemplo, ao organizarmos nossa prtica de ensinar e de

    avaliar tendo como fundamento a crena de que os alunos so capazes de

    aprender, o instrumento de avaliao utilizado ter finalidade diagnstica e

    mediadora. Se ao invs disso, a crena estiver na dificuldade do aluno em

    assimilar os conhecimentos transmitidos, a avaliao ter o carter de prova,

    no sentido de comprovar que o aluno teve dificuldade de aprendizagem. Essa

    segunda possibilidade traz como consequncia a impossibilidade do avaliador

    perceber que para todo problema de aprendizagem diagnosticado existe a

    correspondncia de um problema de ensinagem a ser trabalhado. O

    compromisso poltico e o saber tcnico do professor que daro sustentao

    para uma tomada de deciso a favor de qualificar a sua ao de ensinar, a favor

    do aluno que tem necessidade de aprender.

    O melhor procedimento de avaliao o procedimento de ensino.

    Vasconcellos (1998) j alertava sobre a relao intrnseca entre ensino e

    avaliao na medida em que, no d para ensinar autenticamente sem avaliar.

    A primeira coisa a se fazer no ensino investigar o conhecimento anterior dos

  • 24

    alunos, se acreditamos que o conhecimento novo se d a partir de um nvel de

    desenvolvimento real. Nesse sentido, a avaliao est intimamente relacionada

    com o processo de ensino. Avaliar para implementar o Programa de Ensino

    Integral possibilitar a ampliao e a qualificao dos procedimentos de

    ensino, com vistas melhoria da qualidade das aprendizagens.

    O produto do trabalho do professor no a aula, mas sim a

    aprendizagem do aluno. Quando no acreditamos nisso possvel conceber

    que o professor ensine, sem que o aluno aprenda. Uma avaliao realizada

    de forma articulada a essa concepo, possibilita ao professor redirecionar suas

    estratgias e procedimentos para atender necessidades especficas de seus

    alunos. A prova diagnstica proposta para o incio e trmino do processo de

    nivelamento, com o intuito de recuperar defasagens de aprendizagem dos

    alunos ingressantes na Escola de Ensino Integral, possibilita facilitar que esse

    pressuposto seja garantido, ou seja, as aprendizagens das habilidades e

    competncias, que ainda no foram desenvolvidas pelos alunos nos tempos e

    espaos escolares anteriores, sejam de fato garantidas.

    1.4.2 Avaliao em Processo no Programa Ensino Integral e o Processo de Nivelamento

    O Programa do Ensino Integral tem por objetivo incentivar os alunos a criarem

    seus projetos de vida e prover meios para que eles possam conseguir realiz-los.

    Tendo em vista que, muitos dos projetos de vida dos alunos dependem de um

    adequado rendimento acadmico importantssimo que todos os alunos possuam as

    habilidades e competncias necessrias para acompanhar sem dificuldades o contedo

    lecionado na srie em que est matriculado. Para procurar garantir um ensino efetivo,

    o modelo do Ensino Integral preconiza a aplicao de avaliaes diagnsticas de

    Leitura de, de Lngua Portuguesa e Matemtica bem como o processo do Nivelamento.

  • 25

    A avaliao em processo aplicada no primeiro e no segundo semestres, em

    toda a rede estadual, baseada no Currculo do Estado de So Paulo e afere as

    habilidades dos contedos das sries anteriores cursadas pelos alunos. importante

    garantir a aplicao dessa avaliao em dois momentos, o de entrada e de sada

    daquela srie/ano, construindo, assim, uma srie histrica comparativa dos seus

    resultados. Os resultados obtidos na avaliao de entrada so de grande importncia

    para orientar o planejamento dos professores e, sobretudo, para iniciar o nivelamento

    dos conhecimentos no adquiridos na srie/ano anterior. Esta ao fundamental

    para que os alunos possam interagir e assimilar os conhecimentos definidos para a

    srie que cursam.

    Essa avaliao sistemtica e processual tem por objetivo, a partir da anlise de

    seus resultados, garantir o acompanhamento multidisciplinar permanente e em

    carter individualizado a estudantes, objetivando assegurar a reorientao pedaggica

    s reais necessidades de aprendizagem. Assim, a avaliao tem como finalidade

    verificar a evoluo no domnio de competncias e habilidades pelos educandos, aps

    o perodo de implementao das aes recomendadas para o Processo de Nivelamento

    das Aprendizagens, bem como oferecer informaes que orientem as aes de

    formao dos professores nos contedos necessrios ao apoio do aluno dessas

    escolas.

    O Nivelamento uma estratgia para a aquisio dos conhecimentos

    adequados e prescritos para as respectivas sries/anos escolares.

    O que permite a realizao das aes de nivelamento individualizado o

    resultado da avaliao, que mostra a situao de cada aluno em relao ao rol de

    habilidades e competncias de seu ano/srie.

    O Nivelamento prev o uso de estratgias tais como, a montagem de

    agrupamentos de alunos tendo por base habilidades e competncias a serem

    desenvolvidas. Outras estratgias so o monitoramento dos ganhos de aprendizagem

    e a atribuio de tempo especfico para o nivelamento, tendo em vista que as escolas

    de Ensino Integral contam com aulas de Orientao de Estudo que, em parte, podem

  • 26

    ser destinadas ao trabalho de nivelamento. H ainda possibilidades como: grupos

    produtivos, aluno monitor, agrupamento por dificuldade, monitoria do professor, etc.

    No que tange a definio de atribuies e papis, os professores das disciplinas

    de Lngua Portuguesa e de Matemtica so responsveis pela leitura e anlise dos

    dados, planejamento, execuo, monitoramento e avaliao do processo no tocante

    sua disciplina, sendo os demais professores corresponsveis. Os Professores

    Coordenadores de rea so responsveis pela validao e monitoramento na sua rea

    de atuao e pelo alinhamento entre os professores da rea e o Professor

    Coordenador Geral. O Professor Coordenador Geral responsvel pelo

    monitoramento, validao e alinhamento entre os Professores Coordenadores das

    diversas reas e o Diretor. O Diretor responsvel pelo monitoramento, validao e

    garantia da execuo do Plano de Nivelamento.

    O Plano de Nivelamento um instrumento elaborado para subsidiar e orientar

    as aes do nivelamento da escola, a partir dos relatrios dos resultados apresentados

    na Avaliao de Entrada. Toda a equipe escolar deve se organizar em torno do trabalho

    de Nivelamento.

    A etapa de elaborao do Plano de Nivelamento constitui-se como a mais

    importante do processo. Nessa etapa preciso realizar a anlise dos dados,

    indicadores e informaes apresentados a partir dos resultados da avaliao em

    processo do primeiro semestre, seguido do levantamento de hipteses sobre as

    causas, posicionamento investigativo e proposio de aes reparadoras, para que

    possa ser feita a definio de prioridades, objetivos, metas, indicao de aes,

    definio de instrumentos de acompanhamento e monitoramento, como recurso para

    gesto da aprendizagem, bem como as aes que sero necessrias para atingi-las.

    importante definir aes que estimulem a corresponsabilidade dos alunos e de toda a

    comunidade escolar no processo de aprendizagem.

    No incio do segundo semestre aplicada novamente a avaliao em processo,

    de modo a possibilitar a verificao dos avanos de cada aluno, bem como da eficcia

    do nivelamento que foi realizado. A aplicao dessas avaliaes feita em dois

  • 27

    momentos, possibilitando, assim, a construo de uma srie histrica comparativa dos

    seus resultados.

    O acompanhamento e a avaliao do Nivelamento ocorrem simultaneamente e

    possibilitam verificar se as estratgias esto conduzindo aos resultados pretendidos.

    Implica em monitoramento das aes, avaliando se as estratgias do Plano de Ao do

    Nivelamento esto sendo executadas de acordo com os objetivos, metas e prazos

    planejados.

    Nesta etapa, as informaes obtidas se transformam em indicadores de

    tendncias e de resultados para produzir conhecimento sobre todo o processo de

    aprendizagem. neste momento que a avaliao em processo do segundo semestre se

    configura como indicador de resultado e mtrica para a realizao da anlise das aes

    executadas no referido plano.

    Por fim, chega-se etapa da ao e ajuste do Plano do Nivelamento. Ao final do

    perodo, aps a aplicao da avaliao em processo do segundo semestre,

    imprescindvel proceder a correo do Plano de Nivelamento, ajustando estratgias,

    metas, indicadores e outras variveis em funo da vivncia de cada um e dos

    resultados alcanados. Nessa etapa so identificadas as boas prticas para replic-las e

    identificados os desvios para corrigi-los.

    1.5 Disciplinas eletivas

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, no seu artigo 26, prope ao currculo

    uma Parte Diversificada que fornece diretrizes para a concepo das Disciplinas

    Eletivas no Ensino Integral. Os Parmetros Curriculares Nacionais do Ensino Mdio

    (1999) estabelecem para a escola, em cumprimento ao seu papel primordial, pensar

    num currculo como instrumentao da cidadania democrtica, contemplando

    contedos e estratgias de aprendizagem que capacitem o ser humano em trs

    domnios: a vida em sociedade, a atividade produtiva e a experincia subjetiva,

    sustentados por diretrizes gerais orientadoras pelos quatro pilares da educao da

  • 28

    UNESCO, Aprender a Conhecer, Aprender a Fazer, Aprender a Conviver e Aprender a

    Ser.

    As Disciplinas Eletivas so um dos componentes da Parte Diversificada e, devem

    promover o enriquecimento, a ampliao e a diversificao de contedos, temas ou

    reas do Ncleo Comum. Consideram a interdisciplinaridade enquanto eixo

    metodolgico para buscar a relao entre os temas explorados, respeitando as

    especificidades das distintas reas de conhecimento.

    Dentro do currculo do Ensino Integral as disciplinas eletivas ocupam um lugar

    central no que tange diversificao das experincias escolares, oferecendo um

    espao privilegiado para a experimentao, a interdisciplinaridade e o

    aprofundamento dos estudos. Por meio delas possvel propiciar o desenvolvimento

    das diferentes linguagens: plstica, verbal, matemtica, grfica e corporal, alm de

    proporcionar a expresso e comunicao de ideias e a interpretao e a fruio de

    produes culturais.

    Dessa forma, os alunos participam da construo do seu prprio currculo; da

    ampliao, da diversificao de conceitos, procedimentos ou temticas de uma

    disciplina ou rea de conhecimento que no so garantidas no espao cotidiano

    disciplinar; o desenvolvimento de aes de acordo com os seus interesses relacionado

    aos seus Projetos de Vida e/ou da comunidade a que pertencem; o favorecimento da

    preparao para a futura aquisio de capacidades especficas e de gesto de seus

    conhecimentos para continuidade dos estudos e ingresso no mundo do trabalho.

    As Disciplinas Eletivas, de organizao semestral, so propostas e elaboradas

    por grupos de ao menos dois professores de disciplinas distintas. O tema de livre

    escolha professores, desde que se trate de um assunto relevante e que seja abordado

    de modo a aprofundar os contedos da Base Nacional Comum.

    A cada semestre a escola deve oferecer aos alunos um conjunto de opes de

    disciplinas eletivas. Cabe a cada grupo de professores responsveis por uma eletiva

    fazer um plano de trabalho, a ser explicitado por meio de uma ementa. A publicao

  • 29

    das ementas permite aos alunos escolherem de forma consciente a eletiva que

    desejam cursar.

    As eletivas devem ser planejadas de modo a culminar com a realizao de um

    produto ou evento a ser apresentado para toda a escola.

    Tendo em vista o incentivo convivncia e troca de experincias, as eletivas

    tm por princpio a integrao de alunos dos diversos anos/sries. No ensino

    fundamental podem ser agrupados alunos do 6 e 7 anos e do 8 e 9 anos. No ensino

    mdio podem ser agrupados alunos das trs sries. Para assegurar essa participao

    na organizao do horrio escolar as eletivas devem ser oferecidas todas no mesmo

    horrio.

    1.6. Orientao de Estudo2

    A introduo da Orientao de Estudo na matriz curricular do Ensino Integral

    deve-se, em primeiro lugar, estratgia de que aprender a estudar condio

    primordial para o desenvolvimento da autonomia de nossos estudantes. Parte-se da

    percepo de que, em geral, o que ocorre nas escolas que os procedimentos de

    estudo exigem uma abordagem adequada ao contedo do ensino. Tais procedimentos,

    como a elaborao de resumos, fichamentos, resenhas e esquemas so mais efetivos

    quando utilizados segundo metodologia prpria nas orientaes dos diversos

    professores. Portanto, faz-se necessrio contribuir para que os alunos tenham

    experincias cada vez mais exitosas e significativas, apoiadas em diversos

    instrumentais de trabalho que o acompanhem ao longo de sua trajetria escolar.

    Nessa perspectiva, vale lembrar que tanto a escrita quanto a leitura so o pano

    de fundo para o desenvolvimento de diferentes formas de estudo. No caso da leitura,

    ela sempre determinada por um interesse que pode variar, dependendo da

    2 Texto produzido por Profa.Dra.Walkiria de Oliveira Rigolon Professora de Educao Bsica I na DE Regio Leste 5

    e Maria Jos dos Santos Supervisora de Ensino na DE Regio Bauru.

  • 30

    intencionalidade do leitor. possvel ler para se emocionar, para passar o tempo, para

    se divertir, para se lembrar de algo, para seguir uma instruo ou para estudar, que o

    mote deste texto.

    Ao ler para estudar lana-se mo de vrias estratgias de leitura utilizadas

    tambm em outras situaes, como salienta NEMIROVISKI (2011)3. A prtica da

    leitura une duas pontas de um caminho que pode transitar entre estudar para ler e ler

    para estudar.

    Assim, desenvolver o hbito de estudo pressupe, alm de prticas de leituras

    e escritas diversificadas, boas situaes de aprendizagem que possibilitem aos

    estudantes apropriarem-se de diferentes formas de estudo como, por exemplo:

    localizar informaes em um texto em funo dos objetivos de leitura que se tem;

    diferenciar as informaes relevantes das perifricas e sintetiz-las; criar novos

    registros a partir de vrias leituras realizadas durante uma pesquisa; organizar um

    fichamento; expressar o que se compreendeu de diferentes maneiras; reorganizando

    as informaes para compartilh-las em debates; seminrios etc.

    O ato do estudo envolve diferentes prticas de linguagem, que precisam ser

    desenvolvidas tambm como contedos de ensino e aqui se instaura objetivo central

    da atividade complementar de Orientao de Estudo.

    O trabalho realizado na Orientao de Estudo precisa ser definido a partir de

    suas caractersticas que de assegurar momentos especficos onde aprender a estudar

    ganhe centralidade nas prticas de ensino. Dessa forma, necessrio ter clareza dos

    objetivos dessa atividade complementar e a partir deles planejar previamente quais os

    procedimentos que sero trabalhados em cada bimestre do ano letivo.

    3 Trecho extrado de palestra proferida em 18/11/2011 no evento da Semana da Educao realizadA pela Fundao

    Victor Civita So Paulo.

  • 31

    O incio do ano letivo um bom momento para realizao desse plano de

    trabalho que pode inclusive ser elaborado com a participao dos professores das

    demais reas do conhecimento, haja vista, que as orientaes de estudo desenvolvidas

    nessa atividade complementar repercutiro favoravelmente em todas as disciplinas do

    currculo escolar. Assim, garante-se uma progresso no ensino desses procedimentos

    que podero ser retomados e/ou aprofundados nos anos subsequentes.

    A colaborao dos professores das disciplinas da base nacional comum pode se

    dar tambm na seleo de textos que sero desenvolvidos na aula com estes

    estudantes, lembrando-se que o foco no est no ensino do contedo do texto em si,

    mas no ensino do procedimento trabalhado. Os estudantes, ao terem a oportunidade

    de se apropriar de diferentes estratgias de estudo desenvolvero aos poucos o hbito

    e o gosto pelo ato de estudar.

    importante comear o trabalho priorizando os procedimentos de estudo mais

    comumente utilizados pelos estudantes ao realizarem, por exemplo, uma pesquisa, um

    seminrio, um debate entre outras propostas de trabalho mais comuns no ciclo II do

    ensino fundamental e no ensino mdio.

    Nessa perspectiva, reitera-se a importncia de que o professor sempre

    compartilhe a proposta e o planejamento da atividade com suas turmas antes de

    inici-la.

    1.7 Atividades experimentais e laboratrios

    A importncia das atividades experimentais no currculo, principalmente o de

    cincias, tm sido amplamente reconhecida pelos especialistas e professores. Atestam

    estes, que as aulas experimentais contribuem para a melhoria do desempenho dos

    estudantes proporcionando-lhes a oportunidade de manipular materiais e

    equipamentos especializados no ambiente de laboratrio, comparar, estabelecer

    relao, ler e interpretar grficos, construir tabelas dentre outras habilidades e, desta

    forma, construir seu conhecimento a partir da investigao com prticas eficientes.

  • 32

    O ensino por investigao considerado por diversos pesquisadores como

    central no desenvolvimento da alfabetizao cientfica. No laboratrio, as atividades

    investigativas podem contribuir para o desenvolvimento de competncias e

    habilidades tais como: formular hipteses, elaborar procedimentos, conduzir

    investigaes, formular explicaes, apresentar e defender argumentos cientficos.

    A disponibilizao de ambientes de laboratrio para os estudantes, em que se

    realizam atividades meramente ilustrativas dos fenmenos estudados nas aulas

    tericas, no cumpre os objetivos educacionais do Ensino Integral. preciso que os

    laboratrios sejam ambientes frteis de aprendizado e de construo de

    conhecimentos cientficos, e para tanto h necessidade de uma metodologia

    apropriada.

    Dentre os benefcios que as atividades experimentais podem proporcionar aos

    jovens, destacamos:

    Despertar o interesse pelas cincias, e a motivao para o estudo;

    Aprimorar a capacidade de observao e registro de informaes;

    Aprender a analisar dados e propor hipteses;

    Aprender conceitos cientficos;

    Detectar erros conceituais;

    Compreender a natureza da cincia e o papel do cientista em uma investigao;

    Estabelecer relao entre cincia, tecnologia e sociedade;

    Aprimorar habilidades manipulativas;

    Desenvolver a capacidade de trabalhar em grupos;

    Desenvolver iniciativa pessoal e tomada de deciso;

    Estimular a criatividade.

    Os laboratrios destinados s escolas de ensino mdio e de ensino fundamental

    contemplam os seguintes espaos destinados a atividades experimentais:

    Laboratrio de Fsica, Matemtica e Robtica;

    Laboratrio de Qumica e Biologia;

    Laboratrio de Cincias Fsicas e Biolgicas.

  • 33

    IV. Modelo de Gesto do Ensino Integral

    O Modelo de Gesto do Programa Ensino Integral apresenta premissas que ao

    se integrarem aos princpios educativos do Modelo Pedaggico articulam s aes

    educativas desenvolvidas na escola. Seus instrumentos de gesto permitem

    acompanhar e monitorar o trabalho pedaggico e formular planos de formao

    continuada para a equipe escolar. Isto , a escola diante de suas finalidades

    educacionais organiza-se numa gesto integrada de seus diferentes segmentos e

    contributos de todos, seja individualmente ou coletivamente. A gesto do modelo

    pedaggico ao estabelecer os acordos quanto aos resultados pretendidos e as suas

    estratgias permite, aps a anlise de indicadores, a correo dos caminhos

    perseguidos para a qualidade do processo de ensino e de aprendizagem.

    Esse processo de reviso ocorre de forma peridica e oferece como

    consequncia maior efetividade no atendimento das necessidades de aprendizagem

    dos alunos. Desse modo, o Modelo de Gesto das Escolas de Ensino Integral proposto

    a seguir, considera a TGE- Tecnologia de Gesto Educacional4 e se estrutura em duas

    fases: em primeiro lugar estabelece os princpios e conceitos do Modelo de Gesto

    para a construo dos Planos de Ao das Escolas tendo como perspectiva orientar o

    planejamento, em seguida apresenta a orientao para a elaborao e execuo dos

    Programas de Ao de cada profissional.

    1. Conceitos do Modelo de Ensino Integral

    A inovao na gesto das Escolas de Ensino Integral mais um desafio que o

    Programa enfrenta e destaca-se a integrao entre o Modelo Pedaggico e o Modelo

    de Gesto, instrumentalizados no Plano de Ao, que se desdobram nos Programas de

    Ao de todos os profissionais e demais instrumentos essenciais gesto escolar. A

    formao continuada sistemtica e o acompanhamento das escolas favorece a

    4INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAO - Modelo de Gesto Tecnologia de Gesto Educacional

    (TGE), 2005.

  • 34

    construo de indicadores para o cumprimento das metas educacionais. Tais

    instrumentos sero abordados nas orientaes que se seguem para a realizao das

    etapas de elaborao do Plano de Ao da escola bem como sua execuo e reviso.

    Uma etapa importante para a elaborao do Plano de Ao o reconhecimento

    da identidade da escola pela comunidade escolar5, o que garante a coeso das aes a

    partir da cincia da misso, viso de futuro, valores e premissas, para que se cumpram

    os objetivos educacionais estabelecidos no Plano de Ao da Secretaria. Nesse sentido,

    a misso definida segundo Dornelas (2007) a razo de ser da escola; o seu propsito

    e o que ela faz. Deve ser curta, clara, concisa e interessante, podendo ainda, destacar

    suas atividades e seu raio de abrangncia, enfatizando atividades que ela desempenha

    e que a diferenciam das demais, e tambm, incluir as principais conquistas previstas

    para curto prazo.6

    A identificao da misso e da viso de futuro por parte da comunidade escolar

    serve de base para orientar a escola na tomada de decises e auxilia na compreenso

    dos objetivos, no estabelecimento das prioridades e na escolha das decises

    estratgicas.

    Para tanto, a Secretaria da Educao do Estado de So Paulo prope como

    Misso, para as Escolas de Ensino Integral ser um ncleo formador de jovens

    primando pela excelncia na formao acadmica; no apoio integral aos seus projetos

    de vida; seu aprimoramento como pessoa humana; formao tica; o desenvolvimento

    da autonomia intelectual e do pensamento crtico. 7

    O cumprimento da misso exige como perspectiva a viso de futuro, que

    conforme Galvo e Oliveira (2009, p. 77) indica o rumo, sinaliza o que a escola deseja

    ser, projetando expectativas para determinado horizonte de tempo, apontando a

    5Neste documento entende-se por comunidade escolar os segmentos compostos pelos educadores (professores,

    coordenadores, diretor, vice-diretor e supervisor de ensino), funcionrios administrativos, alunos, pais, representantes da comunidade e parceiros. 6DORNELAS, J. Planejamento Estratgico do Negcio. Disponvel em: http://www.planodenegocios.com.br/.Artigos.

    Acesso em 10/7/2007. 7Secretaria da Educao do Estado de So Paulo Plano de Ao das Escolas de Ensino Integral, 2012.

  • 35

    distncia entre a situao atual e a desejada8. Significa que a escola atue no futuro

    prximo a partir de uma reflexo sobre a situao ideal, de forma a gerar uma

    percepo de desafio que estimule e motive a comunidade escolar na consecuo de

    seus objetivos. A viso de futuro expressa de forma clara, objetiva e desafiadora os

    valores compartilhados pela escola.

    importante que as escolas destaquem em seu Plano de Ao a realidade do

    seu contexto e de sua insero no entorno, no bairro e no municpio, conhecendo as

    principais atividades econmicas, mercado de trabalho, educao e o seu raio de

    abrangncia; a trajetria histrica, razes ou propsitos que levaram sua criao de

    modo a orientar a definio e o desenvolvimento de suas aes.

    Considerando o contexto poltico social da rede estadual, Secretaria de

    Educao do Estado de So Paulo tem como Viso de Futuro ser, em 2030,

    reconhecida internacionalmente como uma rede de ensino integral pblica de

    excelncia posicionada entre as 25 primeiras do mundo.

    A identidade da escola construda conhecendo-se esta misso, reconhecendo-

    se na viso de futuro sem perder de vista os valores educacionais fundamentais que

    contribuem para orientar, dar coerncia e impulsionar o trabalho coletivo.

    A Secretaria da Educao do Estado de So Paulo indica como Valores a oferta

    de um ensino de qualidade; a valorizao dos educadores; a gesto escolar

    democrtica e responsvel; o esprito de equipe e cooperao; a mobilizao,

    engajamento, comprometimento da rede, alunos e sociedade em torno do processo

    ensino-aprendizagem voltado ao esprito pblico e cidadania e a escola como centro

    irradiador da inovao.

    Outra etapa importante do Plano de Ao da SEE como elemento norteador

    para o planejamento da escola so as Premissas, definidas por Galvo e Oliveira (2009,

    8GALVO, M.C.C.P.; OLIVEIRA, L.M. Desenvolvimento Gerencial na Administrao Pblica do Estado de So Paulo.

    So Paulo: Fundap: Secretaria de Gesto Pblica, 2009. INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAO - Modelo de Gesto Tecnologia de Gesto Educacional (TGE), 2005.

  • 36

    p.78) como princpios ou conceitos fundamentados em valores que, expressos na

    forma de afirmaes, devem nortear as polticas e as aes de uma organizao.

    Fornecem parmetros em relao ao que deve ou no ser feito e em relao aos

    modos de fazer. Deste modo, as escolas inspiradas nas premissas tomam as decises

    e estabelecem as estratgias e aes necessrias para cumpri-las em seu Plano de

    Ao.

    Dentre as premissas para estas escolas destaca-se o Protagonismo Juvenil. Para

    o atendimento do Protagonismo, o ambiente e as aes da escola devero ser

    cuidadosamente pensados para dar oportunidades concretas aos alunos de conquistar

    a autoconfiana, autodeterminao, autoestima e autonomia, elementos esses

    imprescindveis ao gerenciamento de suas habilidades e competncias.

    O Protagonismo Juvenil considera o jovem como partcipe em todas as aes

    da escola e construtor do seu Projeto de Vida. Para Costa (2000, p.7) no mbito da

    educao, protagonismo juvenil designa a atuao do jovem como personagem

    principal de uma iniciativa, atividade ou projeto voltado para a soluo de problemas

    reais. O cerne do protagonismo, portanto, a participao ativa e construtiva do

    jovem na vida da escola, da comunidade ou da sociedade mais ampla9.

    Outra premissa importante a considerar a Formao Continuada entendida

    como o educador em processo permanente de aperfeioamento profissional e

    comprometido com seu autodesenvolvimento na carreira. A educao distncia, tem

    se revelado forma eficaz de se adquirir o saber, podendo complementar a sua

    formao, alm de, ser um forte componente na replicabilidade do modelo

    abrangendo novas escolas.

    As novas tecnologias de informao e comunicao vm contribuir com a

    formao dos jovens, contudo, no substituem o professor quando envolvem o

    processo de reflexo e de formao propriamente dita. A grande fora do educador

    reside no exemplo e na capacidade de despertar nos educandos o gosto pelo estudo e

    9COSTA, A.C.G. Protagonismo Juvenil: Adolescncia, Educao e Participao Democrtica. Salvador: Fundao

    Odebrecht, 2000.

  • 37

    por ser um irradiador de referncias - pedagogia da presena. Diante da complexidade

    de seu papel e da velocidade que as inovaes acontecem, os professores necessitam

    familiarizarem-se com os avanos da tecnologia da informao e comunicao, rever o

    que ensinar e como ensinar da a importncia de se garantir as melhores condies

    que o regime de dedicao exclusiva vem oferecer ao trabalho docente.

    Destaca-se que a Escola de Ensino Integral est voltada ao alcance de

    resultados das aprendizagens de seus alunos em suas diversas dimenses, utilizando

    de forma competente as ferramentas de gesto, o que implica em buscar a realizao

    de mais uma premissa, ou seja, a Excelncia em Gesto.

    A escola deve ser formadora de cidados ticos, aptos a administrar suas

    competncias e habilidades; eficiente nos processos, mtodos e tcnicas; eficaz nos

    resultados, superando a expectativa da comunidade, tendo o estudante como

    protagonista da construo de seu projeto de vida e os pais, como educadores

    familiares e parceiros, conscientes de suas responsabilidades na formao de seus

    filhos. A comunidade escolar e os parceiros comprometidos com a melhoria da

    qualidade da educao determina outra premissa importante, a corresponsabilidade

    que mais um fator de sucesso escolar pelo envolvimento e comprometimento de

    todos os agentes para a melhoria dos resultados da escola.

    Tendo em vista a perspectiva fundante da universalizao dos direitos

    educao, a Replicabilidade uma premissa que sustenta a aplicao das inovaes

    que advm das Escolas de Ensino Integral em outras escolas da rede, no sentido de

    transferir tecnologias para a melhoria da qualidade de ensino da rede.

    2. Instrumentos de gesto

    Em consonncia com os valores e premissas deste Programa, o modelo de

    gesto das Escolas de Ensino Integral, promove o alinhamento do planejamento com a

    prtica dos educadores e os resultados educacionais. Para isso, adota-se a

    metodologia do ciclo PDCA, neste modelo, que tem como instrumentos de

    planejamento o Plano de Ao (entregue como anexo ao Plano de Gesto) que

  • 38

    explicita a identidade da escola, sua misso, sua viso de futuro e seus valores, o

    Programa de Ao, o Guia de Aprendizagem, a Agenda Bimestral e a Agenda do

    Profissional, bem como, o Plano de Gesto Quadrienal e a Proposta Pedaggica. Essa

    lgica de gesto escolar oportuniza as condies adequadas para o desenvolvimento

    do Modelo Pedaggico.

    3. Plano de Ao

    O Plano de Ao, instrumento tradicionalmente utilizado pelas unidades

    escolares, estabelece as prioridades, metas, indicadores de aferio de resultados,

    responsveis, prazos e as estratgias para que as escolas alcancem o ensino de

    qualidade. Cada comunidade tem suas caractersticas e o perfil da escola tem as suas

    peculiaridades. Perguntas devem ser respondidas a partir do que a comunidade espera

    e de quais so suas necessidades legtimas. Repensar a escola implica a partir do seu

    diagnstico, dos resultados de aprendizagem dos alunos, das necessidades da

    comunidade, das diretrizes e orientaes da poltica educacional buscar atingir as

    metas e os objetivos propostos. importante descrever o cenrio atual ou real, para

    saber onde a escola pretende chegar, ou seja, o cenrio futuro ou ideal; que caminho

    deve seguir; como deve agir; que instrumentos utilizar, os indicadores, metas, os

    objetivos de longo prazo e responsveis por sua execuo e seus papis. O Plano a

    bssola que nortear a equipe na busca dos resultados comuns sob a liderana do

    gestor, cuja responsabilidade coordenar as diversas atividades, integrar os

    resultados. Sua elaborao, se bem conduzida, oportuniza o processo de formao das

    pessoas para atuarem de forma descentralizada, decidindo e assumindo riscos e sendo

    corresponsveis pelas decises tomadas em conjunto. Elaborar o Plano de Ao

    estruturar caminhos para diminuir o hiato entre a situao atual e a viso futuro.

    Considerando que a educao tem carter processual, o Plano de Ao deve ser

    constantemente ajustado tal qual proposto na metodologia do ciclo PDCA

    (Plan/Do/Check/Act) que visa buscar resultados eficazes e confiveis nas atividades de

    uma organizao. Para as Escolas de Ensino Integral ele descreve o ciclo anual de

    operacionalizao da gesto escolar e seus respectivos planos e programas de ao e

  • 39

    se desenvolve como o proposto na figura 1, de tal modo que ficam explcitas as fases e

    processos de Plan (planejamento), Do(execuo), Check (acompanhamento) e Act

    (ajuste) detalhados a seguir.

    Figura 1 Ciclo PDCA aplicado s Escolas de Ensino Integral.

    Plan(P) PLANEJAR estabelecer misso, viso, objetivos e estratgias que

    permitam atingir as metas. Esta fase um momento de reflexo da comunidade

    escolar. a oportunidade de traar e definir rumos, corrigir falhas, aprimorar mtodos

    e processos. Esse processo consiste na atribuio de objetivos gerais e especficos

    (prioridades) para efetivao das premissas do modelo de gesto das Escolas de Ensino

    Integral, incluindo os seus indicadores e metas. No Plano de Ao das Escolas, dadas as

    premissas do modelo de gesto, so propostos os objetivos, as prioridades para o ano,

    as metas projetadas, indicadores e estratgias de implementao, definindo a

    estrutura administrativa com atribuio de responsabilidades tendo em vista o

    cumprimento da misso (Figura 2).

    Os objetivos gerais estabelecem o cenrio ideal, indicam o caminho para

    chegar ao destino. So os anseios a partir das premissas, definidos de forma a cumprir

  • 40

    a misso em busca da viso de futuro. Na Escola de Ensino Integral, o cenrio ideal

    deve ser analisado, detalhadamente, por toda a comunidade escolar. Os objetivos e

    metas por serem o referencial do planejamento estratgico devem ser descritos de

    forma que possam ser medidos, comparados e avaliados. Na definio de seus

    objetivos a Escola de Ensino Integral dever considerar os valores (gesto democrtica

    e inovao), as necessidades de seu contexto e as premissas do modelo de gesto.

    Estabelecer prioridades significa saber distinguir o que mais importante.

    importante refletir sobre cada um dos objetivos gerais e decomp-los em objetivos

    especficos e, ento, prioriz-los a partir do que, naquele momento, poder trazer

    maior impacto nos resultados ao longo do tempo. Quando no se prioriza corre-se o

    risco de perder foco prejudicando a obteno dos resultados previstos.

    Partes dos resultados previstos ou esperados so passveis de mensurao e

    podem ser identificados nas metas. Os resultados qualitativos previstos para cada ano

    letivo e para o final do processo de formao do aluno devero ser discutidos e

    acordados entre todas as instncias envolvidas na escola, so resultantes de aes

    especficas de cada educador, da interao entre eles e da relao educador -

    educando. Para que os resultados sejam descritos recomendvel que se aponte

    objetivamente, em relao ao conjunto de prioridades, quais podero ser observados

    pelas aes desenvolvidas por cada educador. Sendo assim, os educadores devem

    descrever as prioridades, aes pedaggicas, e resultados esperados de tal modo que,

    possam contribuir para melhoria da formao plena, quer seja nos ganhos de

    aprendizagem e rendimento escolar, quer seja na ampliao da cultura como processo

    de humanizao.

    Os indicadores expressam a preocupao com a mensurao dos resultados ou

    metas. indispensvel que os indicadores sejam claros, objetivos e com foco nos

    resultados esperados a longo/mdio prazo e ao processo.

    As metas so referncias importantes que apontam qual o tamanho do passo

    a ser dado, a cada perodo, para atingir o objetivo no perodo proposto, considerando

    o ponto de partida. Com o intuito de definir uma trajetria de referncia para os

  • 41

    gestores da escola estabelecem-se metas para os indicadores de resultados e de

    processos, metas essas que atuam como marcos desse caminho que a escola deve

    percorrer rumo ao cenrio ideal.

    A estrutura administrativa representa a organizao da escola demonstrando

    claramente o fluxo das decises tomadas. Na execuo do Plano de Ao, tendo em

    vista a gesto por resultados do processo de aprendizagem dos alunos, todos os

    envolvidos so responsveis pela operacionalizao, segundo suas reas do

    conhecimento e atuao. Portanto, todos os segmentos da organizao escolar tm

    parte no resultado obtido pela escola.

    Assim, a definio de papis e responsabilidade importante estratgia para

    se criar um ambiente compromissado e colaborativo para a execuo de tarefas,

    tendendo a aumentar a efetividade das aes desenvolvidas. Todos os integrantes do

    processo de planejamento devero ser incorporados, deixando em evidncia a

    responsabilidade de cada um para com o todo.

    Figura 2 Fase de planejamento do ciclo PDCA aplicado s Escolas de Ensino Integral.

  • 42

    Do (D - executar) EXECUTAR pr em prtica o que foi planejado, as

    estratgias e os programas de ao, conforme a Figura 2.

    O termo estratgia consta do Dicionrio Aurlio como sendo a arte de aplicar

    os meios disponveis com vista consecuo de objetivos especficos.

    No Programa de Ao constam as atividades propostas a serem realizadas e

    registradas, para cada um dos integrantes da equipe escolar, para cumprir os objetivos

    e metas esperados dentro de cada rea de atuao. Nos programas de ao, a maneira

    mais racional por rea de atuao. provvel que cada integrante, alm do seu

    Programa, participe das atividades de outra equipe responsvel por elaborar a

    Proposta Pedaggica, o Plano de Ao, os Guias de Aprendizagem e as Normas de

    Convivncia.

    Figura 3 Fase de execuo do ciclo PDCA aplicado s Escolas de Ensino Integral.

    Check (C - checar) GERENCIAR significa gesto de resultados educacionais do

    ensino e da aprendizagem. Possibilita verificar se as estratgias esto conduzindo aos

    resultados pretendidos. Integram-se, como apresentado na Figura 3, avaliaes do

    processo de aprendizagem dos alunos e de desempenho da equipe escolar e as

  • 43

    reflexes sobre o andamento do que foi definido no Plano de Ao e nos respectivos

    programas de ao.

    Figura 3 Fase de gerenciamento do ciclo PDCA aplicado s Escolas de Ensino Integral.

    Act (A - Ajustar) AJUSTAR significa executar as aes revistas decorrentes da

    gesto de resultados educacionais, procedendo-se correo do Plano de Ao e dos

    programas de ao, revendo estratgias, metas, indicadores e outras variveis em

    funo dos resultados alcanados (Figura 4). Da recomea todo o processo retratado

    pelo cicloPDCA (Plan/Do/Check/Act).

    Figura 4 Fase de ajuste do ciclo PDCA aplicado s Escolas de Ensino Integral.

    Abaixo segue um quadro sntese (Figura 5) que dever orientar o registro da

    elaborao do Plano de Ao, contendo introduo (o cenrio atual, a misso, a viso

    de futuro e os valores da escola), premissas, objetivos, prioridades, metas, indicadores

    e estratgias.

  • 44

    Figura 5 Quadro sntese do Plano de Ao.

    Introduo

    Cenrio Atual:

    Valores:

    Misso:

    Viso de Futuro:

    Estratgia

    Periodicidade ou data da apurao

    Metas

    Indicadores de Processo

    Indicadores Resultados

    Prioridades para 2013

    Objetivo

    Premissa

  • 45

    4. Papis e Responsabilidades no Programa de Ensino Integral

    Desse modo, considerando as fases do planejamento, o seu ciclo tem incio com

    o estabelecimento pelo Gabinete desta Pasta da Viso de Futuro, da Misso e das

    Premissas que orientaro os objetivos gerais e as prioridades a serem alcanados.

    Cabe equipe de implantao do Programa, em conjunto com reas da Secretaria da

    Educao do Estado de So Paulo, Diretorias Regionais de Ensino e Supervisores de

    Ensino orientar a elaborao do Plano de Ao da Escola: definir os resultados

    esperados pela escola com metas e indicadores; definir e orientar sobre a proposta

    pedaggica e orientar sobre as estratgias comuns.

    A partir do reconhecimento das orientaes acima definidas as unidades

    escolares iniciam o processo compartilhado de elaborao do Plano de Ao e dos

    Programas de Ao, sob a liderana do diretor da unidade escolar com a participao

    dos demais integrantes da equipe escolar, e realizam anlise e diagnstico do

    desempenho da escola, das metas definidas; desdobram as estratgias comuns nas

    aes a serem operadas e coordenam a elaborao participativa dos programas de

    ao da sua equipe.

    Na implementao do Plano de Ao cabe direo da escola o

    acompanhamento da execuo das aes previstas nos prazos definidos,

    redesenhando fluxos ou aperfeioando estratgias. Por outro lado, cabe equipe de

    implantao do Programa Ensino Integral: elaborar uma agenda de acompanhamento

    e apoio s escolas no desenvolvimento das aes estabelecidas no plano de ao e

    programas de ao; consolidar relatrios peridicos com os resultados obtidos; apoiar

    a anlise e avaliao da evoluo dos resultados parciais e metas; analisar, avaliar e

    recomendar aes de reviso das estratgias comuns que propiciaro melhorias ao

    longo do ano. Paralelamente Diretoria Regional de Ensino compete acompanhar

    regularmente os resultados da escola e definir em conjunto as aes de melhorias;

    verificar e apoiar as escolas nas tratativas administrativas e no planejamento

    pedaggico e acompanhar a introduo das aes de melhorias acordados durante as

    visitas de acompanhamento.

  • 46

    O ciclo anual se encerra com a anlise completa dos resultados alcanados pela

    unidade, das estratgias utilizadas, das iniciativas que foram bem sucedidas e tambm

    das aes que no propiciaram os benefcios previstos. A concluso dessa anlise

    alimentar a reviso e o ajuste das estratgias para o reincio do ciclo de planejamento

    do ano seguinte.

    5. Programas de Ao

    O Programa de Ao faz parte do conjunto de instrumentos de gesto e um

    registro individual, que socializado com a equipe gestora permite a definio conjunta

    das atribuies de cada profissional, com atividades detalhadas a partir das estratgias

    e aes do Plano de Ao e relacionadas sua atuao. Assim, um dos objetivos da

    construo do Programa de Ao alinhar a atuao do profissional s diretrizes do

    Programa Ensino Integral.

    A coordenao da elaborao e do acompanhamento da execuo dos

    Programas de Ao est orientada por um dilogo, sustentado na confiana mtua

    entre o gestor e o profissional, e este passa a ter acordadas as suas responsabilidades,

    as necessidades de ajustes nas suas atividades e seu plano formativo e de

    autodesenvolvimento.

    O Programa de Ao trata da operacionalizao, dos meios e processos que

    daro corpo s diretrizes traadas para as escolas de Ensino Integral. Ele tem uma

    estrutura bsica que, em alguns casos, poder ser mais elaborada, dependendo da

    amplitude e da complexidade das funes exercidas na unidade escolar e no caso das

    funes de apoio so elaboradas as rotinas. Se houver mais de um professor em

    determinada disciplina, os respectivos Programas podero ser discutidos e at

    construdos conjuntamente. Para os professores que atuam em mais de uma disciplina

    est prevista a elaborao de um programa de ao para cada uma delas.

    O incio do processo d-se com a elaborao do Programa de Ao pelos

    professores a partir de discusses coletivas tendo em vista a perspectiva pedaggica

  • 47

    da escola. Em seguida, cada educador finaliza seu prprio documento. Os professores

    coordenadores de rea, por sua vez, construiro seus programas de ao considerando

    as proposies dos professores. A mesma sistemtica est na construo do programa

    de ao do professor coordenador geral. O diretor e o vice-diretor da escola sero os

    ltimos que integraro, de forma consolidada, todas as reas de atuao da escola de

    Ensino Integral ao fazer o seu Programa de Ao. Os profissionais devem conduzir a

    elaborao de tal forma que o alinhamento e a articulao das aes estejam

    presentes em todos eles. Quanto ao professor, a partir do contedo de cada

    Programa de Ao que ele desenvolver sua atividade docente descrita no Guia de

    Aprendizagem, ao qual o aluno e a famlia tero acesso direto a cada bimestre em local

    pblico e conhecido. O Guia de Aprendizagem tem como objetivo a autorregulao do

    aluno para o seu estudo, o conhecimento dos pais e responsveis sobre os contedos

    trabalhados e a organizao da disciplina pelo professor. Em se tratando de disciplinas

    eletivas, os professores elaboram um plano descrevendo os objetivos, as habilidades

    que sero desenvolvidas, as formas de avaliao e a bibliografia sobre o tema

    proposto.

    5.1. Componentes dos Programas de Ao

    a. Introduo

    A introduo um breve diagnstico da realidade do locus de atuao de cada

    profissional. o momento de olhar para os resultados pretendidos pela escola e

    refletir qual a contribuio dentro de sua rea de atuao para a consecuo dos

    mesmos ou i